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Encontro<br />

Retorno à Bíblia, permanentemente<br />

No início da década de 1980 havia no Brasil algumas poucas versões da Bíblia, sendo<br />

a mais popular a edição “revista e corrigida” da Imprensa Bíblica Brasileira e da Sociedade<br />

Bíblica do Brasil. Outras começavam a ampliar sua aceitação como a edição “de acordo com<br />

os melhores textos em hebraico e grego” da IBB e a “revista e atualizada” da SBB.<br />

Esse cenário mudou bastante, já a partir do nal dos anos 1980, principalmente com<br />

o vertiginoso crescimento numérico de evangélicos no contexto brasileiro. Em tão pouco<br />

tempo, temos hoje dezenas de versões da Bíblia, muitas delas com ligeiríssimas alterações<br />

que não con guram uma versão, mas muitas outras com comentários e versículos destacados,<br />

formando um contingente enorme de variedades para o mercado: Bíblia da mulher, da<br />

criança, do jovem, da esperança, de estudo pentecostal, de Genebra, Shedd, da pobreza e da<br />

justiça, da graça, NVI. Muitos etecétera completam esse quadro de variedades.<br />

Uma pergunta que, no entanto, não quer calar, é: Tantas possibilidades e acessibilidades<br />

de leitura da Bíblia tem mesmo levado as pessoas a mais e profundo estudo da Palavra de<br />

Deus ou isso é apenas um apelo de mercado, seguido pelos consumidores?!<br />

Acredito que mais que ter muitas edições da bíblia por um número grandes de editoras – as<br />

vezes apenas para deleite consumista – precisamos ler com mais a nco, persistência e assiduidade<br />

a Palavra de Deus. Mais até: que sejamos, além de dedicados leitores, cumpridores efetivos da Bíblia.<br />

Para nosso próprio benefício e a justiça do Senhor em nossa terra. Nisso consiste a diferença<br />

entre ter muitas bíblias nas estantes e pouca bíblia na vida das pessoas e na estrutura da sociedade.<br />

Aqui na COMPROMISSO temos reiterado a necessidade de permanente estudo e prática<br />

da Sagrada Escritura, isso de maneira circular. Ou seja, o currículo que praticamos busca<br />

ler as seções da Bíblia durante 8 anos, quando retornamos ao início da matriz curricular,<br />

para novos estudos, formação e transformação.<br />

Com esta edição, por exemplo, estamos retomando uma parte do currículo que se detém num<br />

conjunto de epístolas paulinas, precisamente Gálatas, Efésios, Filipenses e Colossenses. São textos<br />

reconhecidamente ricos de ensinos, orientações e proposições para nossa vida como indivíduos,<br />

nossas igrejas e para nossas sociedades. E como é bom, necessário e mesmo imperioso voltar à Bíblia,<br />

com o coração e mente aberto, além do intenso desejo de sorver e praticar a Palavra de Deus.<br />

Que essa quantidade fantástica de diferentes edições da Sagrada Escritura conduza nosso<br />

povo a maior envolvimento com o estudo e a vivência testemunhal da mensagem de divina.<br />

Para que tenhamos outro país, mais marcado pelos valores eternos da Bíblia.<br />

Que neste trimestre em que lembramos o dia da EBD (e por toda nossa vida) sejamos<br />

estudantes e praticantes da Palavra, esta mensagem eterna de Deus que orienta nossa vida,<br />

com plenitude de sabedoria para viver sabiamente aqui e eternamente no porvir.<br />

Clemir Fernandes<br />

Redator<br />

<strong>2T12</strong> • COMPROMISSO • 1


COMPROMISSO<br />

Destina-se a adultos (36 a 64 anos), contendo<br />

lições para a Escola Bíblica Dominical. Os adultos<br />

de 65 anos em diante podem, obviamente,<br />

usar esta revista, mas a JUERP destina a eles<br />

a revista REALIZAÇÃO, cuidadosamente<br />

preparada para a faixa etária da terceira idade<br />

Publicação trimestral da JUERP<br />

Junta de Educação Religiosa<br />

e Publicações da Convenção<br />

Batista Brasileira<br />

CGC (MF): 33.531.732/0001-67<br />

Registro nº 816.243.760 no INPI<br />

Endereço<br />

Caixa Postal 320<br />

20001-970 – Rio de Janeiro, RJ<br />

Tel.: (21) 2298-0960 e 2298-0966<br />

Telegráfi co – BATISTAS<br />

Eletrônico – editora@juerp.org.br<br />

Site – www.juerp.org.br<br />

Direção Geral<br />

Almir dos Santos Gonçalves Júnior<br />

QUEM ESCREVEU<br />

O pastor Marcello Ramos Tenório Cavalcanti foi professor no Seminário Teológico Betel<br />

e no IBER, RJ, exercendo o seu pastorado na Igreja Batista do Calvário, na cidade do<br />

Rio de Janeiro, há cerca de 40 anos. Natural de Recife, PE, foi consagrado ao ministério<br />

pastoral em 1965. Ele volta a colaborar conosco depois de já ter contribuído com<br />

lições para a EBD em outros trimestres. Tem cursos de pós-graduação em Ministérios<br />

Globais.<br />

2 • COMPROMISSO• COMPROMISSO <strong>2T12</strong><br />

COMPROMISSO<br />

ISSN 1984-7475<br />

2º trimestre 2012 • Ano CVI – Nº 422<br />

Conselho Editorial<br />

Carrie Lemos Gonçalves, Celso Aloísio<br />

Santos Barbosa, Ebenézer Soares Ferreira,<br />

Francisco Mancebo Reis, João Reinaldo<br />

Purim, José A. S. Bittencourt, Lael d'Almeida,<br />

Gilton Medeiros Vieira, Ivone Boechat de<br />

Oliveira, Margarida Lemos Gonçalves, Pedro<br />

Moura, Roberto Alves de Souza e Silvino<br />

Carlos Figueira Netto<br />

Coordenação Editorial<br />

Solange Cardoso de Abreu d’Almeida (RP/16897)<br />

Redação<br />

Clemir Fernandes Silva<br />

Conselho Geral da CBB<br />

Sócrates Oliveira de Souza<br />

Produção Editorial<br />

Studio Anunciar<br />

(Arte de capa com imagens 1285320_68586877 e 1372604_57661842 de www.sxc.hu)<br />

Distribuição<br />

EBD-1 Marketing e Consultoria Editorial Ltda.<br />

Tels. (21) 2104-0044<br />

DDG para pedidos: 0800 216768<br />

E-mail: distribuidora@ebd-1.com.br<br />

ou pedidos@ebd-1.com.br<br />

Nossa missão: “Viabilizar a cooperação entre as igrejas batistas<br />

no cumprimento de sua missão como comunidade local”


Estudos da Escola Bíblica Dominical<br />

Introdução ao trimestre<br />

EBD 1 – “Deus pelas mãos de Paulo fazia milagres extraordinários” 12<br />

EBD 2 – “Cristo vive em mim”<br />

16<br />

EBD 3 – “O justo vive pela fé”<br />

20<br />

EBD 4 – “Filho e herdeiro por Deus”<br />

24<br />

EBD 5 – “Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito” 28<br />

EBD 6 – “Pela graça sois salvos”<br />

32<br />

EBD 7 – “A Deus seja a glória”<br />

36<br />

EBD 8 – “Há um só corpo e um só Espírito”<br />

40<br />

EBD 9 – “Andeis como sábios”<br />

44<br />

EBD 10 – “O viver é Cristo e o morrer é lucro”<br />

48<br />

EBD 11 – “Prossigo para o alvo”<br />

52<br />

EBD 12 – “Damos sempre graças a Deus”<br />

56<br />

EBD 13 – “Tratai aos empregados com equidade”<br />

60<br />

Variedades<br />

Sumário<br />

Missão e refl exão – Bowen 150, S. Bárbara 140 e Bagby 130<br />

Ênfase do ano – Ser e agir como Cristo no mundo<br />

Hino do trimestre – “Eu quero fazer o que queres, Senhor<br />

Palavra fi nal – Sem semeadura não há frutos<br />

4<br />

7<br />

9<br />

10<br />

64<br />

<strong>2T12</strong> • COMPROMISSO • 3


Introdução ao trimestre<br />

Introdução a Gálatas, Efésios,<br />

Filipenses, Colossenses<br />

A primeira viagem de Paulo é narrada no livro de Atos, a partir do capítulo<br />

13.1, quando a igreja em Antioquia o separa, juntamente com Barnabé, para a<br />

obra missionária, e é contada até o capítulo 14.28, quando retornam à primeira<br />

igreja missionária da história do mundo para contar o que realizaram.<br />

Não citamos as regiões e cidades visitadas conforme narrado no capítulo 13,<br />

pois apenas no capítulo 14 é que o escritor começa a citar aquelas para as quais<br />

mais tarde Paulo escreveria as cartas, que serão objeto de nosso estudo neste<br />

trimestre.<br />

O que vamos veri car nessas regiões às quais vai dirigir suas cartas é que em<br />

todas elas, para prevalecer com a pregação do evangelho, Paulo e seus companheiros<br />

tiveram que demonstrar coragem e ousadia. Somente em Colossos tal<br />

não deve ter ocorrido, pois não se tem registro de sua visita àquela cidade. Será<br />

que nós, hoje, temos este mesmo desprendimento em pregar o evangelho? Será<br />

que temos o mesmo espírito de dedicação e devoção à causa?<br />

O apóstolo dos gentios passou mais de uma vez por aquelas regiões e cidades,<br />

pois, como o texto de hoje nos comprova, Paulo e Barnabé já haviam estado<br />

por aquelas redondezas. Eles faziam viagem de ida e volta, isto é, pregavam<br />

quando iam e quando retornavam também.<br />

Interessante, o livro de Atos nos aponta para isto: que Paulo procurava sempre<br />

deixar os crentes com a missão de darem continuidade à igreja que com o trabalho<br />

dele se iniciava ali. Paulo não cava nela, esperando os resultados ou aguardando<br />

para ver se o trabalho “vingava” mesmo.<br />

Podem observar que o apóstolo con rmava a disposição de espírito dos crentes.<br />

Continuavam fervorosos? Zelosos em seu testemunho? Perseveravam na pregação<br />

do evangelho?... Indo mais longe ainda, veri cava se estavam crescendo na fé. Tinham<br />

entusiasmo pela vida, mesmo diante de problemas? Criam nas promessas de<br />

Deus? Estavam conscientes das bênçãos da graça de Cristo em seu viver?<br />

4 • COMPROMISSO• COMPROMISSO <strong>2T12</strong>


Impressiona-nos mais ainda uma das preocupações de Paulo. A última recomendação<br />

que aparentemente deixava com os crentes. Uma palavra de advertência,<br />

de alerta: A obtenção do reino de Deus vai exigir de cada um deles muita<br />

submissão, entrega, compromisso e sofrimento, até.<br />

Quão diferente é o evangelho que muitos pregam hoje: Prosperidade! Tudo<br />

vai dar certo! Vem prá cá! O apóstolo, tal como Cristo, nos adverte que o reino<br />

de Deus vai exigir muita fé e disposição para que vençamos o mundo.<br />

Uma decisão inovadora<br />

Encerrado o primeiro concílio de igrejas em Jerusalém (At 15), eles foram<br />

designados para levar aos crentes espalhados pelo mundo conhecido as decisões<br />

assumidas. São citadas as cidades de Derbe, Listra, Icônio e Trôade, já na região<br />

da Mísia, próxima a Bitínia. Por onde passavam, anunciavam o evangelho.<br />

Foi isto que aconteceu no início do evangelho; por isso ele chegou até aos<br />

nossos dias. Paulo e Silas foram os precursores desta con rmação necessária,<br />

primeiramente da fé, e depois, secundariamente, do crescimento numérico de<br />

cada igreja. Cada uma das igrejas de Cristo, nos tempos de ontem e de hoje,<br />

precisam crescer assim, desta forma. Duplamente. Em espiritualidade (fé) e em<br />

número de membros.<br />

Uma guinada maravilhosa<br />

O trecho de Atos 16 traz-nos a narrativa de uma guinada maravilhosa na<br />

marcha do evangelho. É quando a revelação bíblica nos aponta para a necessidade<br />

de que o evangelho deixasse a região de sua origem, o meio-oriente onde<br />

surgiu na Palestina, e mesmo a região onde progredia fortemente, na Ásia Menor,<br />

e, atravessando o estreito de Bósforo, chegasse à Europa.<br />

Na estratégia divina isto era necessário, pois, enquanto ele cresceria e se expandiria<br />

na Europa, a ponto de abrir o caminho para o Novo Mundo, mais tarde,<br />

nas regiões de sua origem, ele praticamente se estagnaria por muitos anos,<br />

para depois, com o surgimento do islamismo, praticamente morrer.<br />

Esta travessia marítima que Paulo vai fazer é de parte do mar Egeu, aquele<br />

que, acima do Mediterrâneo, separa a Turquia da Europa Oriental, onde hoje<br />

estão países como a Macedônia e a Bulgária. Mais tarde ele vai chegar ao centro<br />

do mundo europeu, Roma, a capital do Império, e depois mesmo vai ter pretensão<br />

de chegar à Espanha, mas é de fundamental importância ressaltar-se que<br />

<strong>2T12</strong> • COMPROMISSO • 5


isto tenha sido feito pela intervenção divina, que colocou uma visão diante de<br />

Paulo, conclamando-o a “passar à Macedônia e ajudar” o povo daquela região,<br />

que também precisava de Cristo.<br />

A consistência do Evangelho<br />

Precisamos ter sempre consciência da vontade de Deus presente em nossos<br />

projetos. Paulo não tergiversou. Diante da visão recebida, partiu em busca do plano<br />

de Deus para a sua vida. Gosto de ver a objetividade do texto. Num versículo está o<br />

clamor; no seguinte, o propósito imediato de ir em busca de atendê-lo; e no terceiro,<br />

pronto; já estamos lá. No centro da vontade de Deus! Para Paulo, a Macedônia e<br />

toda a Europa que se abria para ele. Será que nós hoje estamos assim tão predispostos<br />

a ouvir o chamado do Senhor? Será que temos a mesma disposição em segui-lo?<br />

Depois de termos passado por textos que falam da presença de Paulo nas<br />

igrejas da Galácia, e de sua entrada na Europa através de Filipos, na Macedônia,<br />

vamos veri car sua estada na cidade que talvez tenha sido aquela que mais<br />

cuidados recebeu do apóstolo. Juntamente com Corinto, foi Éfeso que recebeu<br />

do apóstolo sua permanência mais prolongada (de uma feita, cerca de 3 anos,<br />

segundo Atos 20.31).<br />

Isto aconteceu na terceira viagem missionária, cuja narrativa se dá imediatamente<br />

após o término da segunda viagem. Vai de 18.23 a 21.19, quando já em Jerusalém<br />

faz o relato aos anciãos da igreja, sobre sua última viagem entre os gentios.<br />

Quando ele ali chegou, o evangelho já havia chegado a Éfeso, porém, de forma<br />

incompleta. Havia ali discípulos de Cristo, mas que estavam ainda tateando na vida<br />

cristã, em virtude de não terem recebido informações mais precisas sobre o sentido<br />

e o signi cado da nova vida que pretendiam trilhar.<br />

Nesta cidade de Éfeso, vejam a maravilha que a unção do Espírito de Deus<br />

causa ao ser humano. Até então eles eram crentes racionais. Tinham ouvido<br />

falar do evangelho, da vida de Cristo, conheciam, talvez, o simbolismo do batismo<br />

que João instituira entre os seus discípulos, mas ainda não haviam sido<br />

ungidos pelo Espírito de Deus de tal forma que o conhecimento racional se<br />

tornasse em experiência espiritual. É quando chega o Espírito Santo, no ato da<br />

conversão, que a transformação se dá. Foi isto que aconteceu com eles. Quando<br />

Paulo explicou-lhes, os seus olhos se abriram. Deixaram de ser pessoas racionais<br />

e passaram a ser pessoas espirituais. Deixaram o campo da lógica para invadir a<br />

atmosfera da fé. Passaram a viver e andar pelo Espírito (Gl 5.25).<br />

É isto que o Senhor espera do Evangelho nos dias de hoje.<br />

6 • COMPROMISSO• COMPROMISSO <strong>2T12</strong>


Missão e reflexão<br />

Bowen 150, S. Bárbara 140<br />

e Bagby 130<br />

Três efemérides dos batistas no Brasil<br />

Os batistas no Brasil vivem atualmente<br />

um contexto de tríplice efeméride<br />

em relação à gênese de sua história<br />

que, de maneira sumária, apresento<br />

no presente texto.<br />

1 Em 2010 foram recordados –<br />

embora não necessariamente celebrados<br />

– os 150 anos da chegada do primeiro<br />

missionário, o estadunidense<br />

omas Je erson Bowen, que atuou<br />

no Rio de Janeiro em 1860. Por causa<br />

da falta de saúde e necessitando<br />

tratamento médico, após cerca de 7<br />

meses de trabalho retornou ao seu<br />

país, solicitando, porém, o envio de<br />

missionários para o Brasil, uma terra<br />

onde o evangelho qual “centelha<br />

em restolho seco” haveria de crescer.<br />

Essa curiosa expressão utilizada por<br />

ele veio a ser título do mais importante<br />

livro de história documental dos<br />

primórdios dos batistas no Brasil, de<br />

autoria de Betty Antunes de Oliveira.<br />

Essa “doce-resistente” historiadora foi<br />

recentemente agraciada com o título<br />

de Doutora Honoris Causa, em justa<br />

homenagem cuja cerimônia ocorreu<br />

em culto na Primeira Igreja Batista do<br />

Rio de Janeiro. Portanto, é uma alegria<br />

e um privilégio honrar a memória<br />

de Bowen, louvando a Deus por<br />

sua vida, visão, dedicação e serviço,<br />

150 anos depois. (Neste início de 2012<br />

será lançado um livro biográ co sobre<br />

a vida de omas Bowen, pela Editora<br />

Novos Diálogos. A conferir).<br />

2 A segunda grande celebração<br />

diz respeito à organização da primeira<br />

Igreja Batista em solo brasileiro, em<br />

Santa Bárbara do Oeste, SP, que fez<br />

140 anos em 2011. Contra todas as<br />

objeções de que aquela igreja não tinha<br />

interesse na evangelização de brasileiros<br />

– pois suas celebrações seriam<br />

todas em língua estrangeira –, outros<br />

pesquisadores, como a própria Betty<br />

Antunes e Othon Ávila Amaral, sustentam,<br />

a partir de documentos histó-<br />

<strong>2T12</strong> • COMPROMISSO • 7


icos, que a igreja em Santa Bárbara era<br />

também uma comunidade que buscava<br />

evangelizar os nacionais. Em setembro<br />

passado, na lembrança dos 140 anos do<br />

surgimento da pioneira Igreja Batista<br />

em Santa Bárbara, várias celebrações alusivas<br />

ocorreram na cidade, mobilizando<br />

um signi cativo e representativo grupo de<br />

batistas de várias partes do Brasil.<br />

3 A chegada do missionário enviado<br />

o cialmente pelos batistas do Sul dos<br />

Estados Unidos, William Buck Bagby e<br />

mais sua esposa Anne Luther Bagby, em<br />

1881, completou 130 anos em 2011. A<br />

partir do Rio, onde desembarcaram,<br />

passaram a percorrer algumas partes<br />

do território nacional como Santa Bárbara,<br />

onde participaram daquela igreja<br />

por algum tempo e depois Campinas,<br />

também no Estado de São Paulo, onde<br />

estudaram português para se comunicar<br />

com os brasileiros. Depois escolheram<br />

a Bahia para iniciar formalmente a<br />

missão e lá, em outubro de 1882, organizaram<br />

a Igreja Batista, em Salvador,<br />

juntamente com outro casal de missionários<br />

que havia chegado também dos<br />

EUA, Zacharias e Kate Taylor, e ainda<br />

Antonio Teixeira de Albuquerque,<br />

que veio a ser o primeiro pastor batista<br />

brasileiro. Além da pioneira Igreja<br />

da Bahia – que completa neste 2012<br />

seus 130 anos –, Bagby é diretamente<br />

responsável pela organização de outras<br />

importantes igrejas como a PIB do<br />

Rio de Janeiro (1884), a PIB de Campos–RJ<br />

(1891), a PIB de Niterói–RJ<br />

(1892) e a PIB de Belo Horizonte–<br />

MG (1896).<br />

8 • COMPROMISSO• COMPROMISSO <strong>2T12</strong><br />

"Que estas três efemérides<br />

motivem e mobilizem mais<br />

os batistas no Brasil para o<br />

avanço da ação missionária<br />

tanto aqui, em nossa terra,<br />

como em outras partes do<br />

mundo, para o bem dos povos<br />

por meio do cumprimento<br />

da missão de Deus"<br />

Acaba de ser lançada uma nova<br />

biogra a sobre a vida de William B.<br />

Bagby, escrita pela pesquisadora Elizete<br />

da Silva, que faz uma abordagem<br />

desde seu nascimento no Texas em<br />

1855, formação teológica, sua vinda<br />

ao Brasil, o longo ministério aqui, até<br />

sua morte em Porto Alegre, no ano de<br />

1939. Elizete é doutora em história<br />

social pela Universidade de São Paulo.<br />

O livro chama-se William Buck Bagby<br />

– Um pioneiro batista nas terras<br />

do Cruzeiro do Sul, publicado pela<br />

Novos Diálogos Editora (Para mais<br />

informações: www.novosdialogos.com<br />

E-mail: novosdialogos@novosdialogos.com).<br />

Que estas três efemérides motivem<br />

e mobilizem mais os batistas no Brasil<br />

para o avanço da ação missionária<br />

tanto aqui, em nossa terra, como em<br />

outras partes do mundo, para o bem<br />

dos povos por meio do cumprimento<br />

da missão de Deus.<br />

Clemir Fernandes


Ênfase do ano<br />

Ser e agir como Cristo no mundo<br />

Aprendemos no contexto cristão<br />

que a igreja deve in uenciar a sociedade<br />

cultural e não se tornar omissa ou submissa<br />

ao seu modelo, principalmente<br />

quanto às práticas que divergem ou se<br />

confrontam com a Palavra de Deus.<br />

Embora seja essa uma noção bastante<br />

repetida, não signi ca que o contrário<br />

não ocorra, isto é, a in uência do mundo<br />

pecador sobre a igreja cristã. Isso é fato,<br />

como é sabido, e tem causado más e tristes<br />

conseqüências ao povo de Deus.<br />

Com a ênfase deste ano da Convenção<br />

Batista Brasileira somos novamente desa-<br />

ados a ser e agir no mundo não conforme<br />

o que nos agrada, mas segundo a vontade<br />

do Senhor cujo padrão de crença e experiência<br />

é o próprio Senhor Jesus Cristo.<br />

Ou seja, somos convocados a ter um comportamento,<br />

resultado de nossa re exão e<br />

aprendizado doutrinário, em consonância<br />

à militância do próprio Cristo.<br />

Ser como Cristo e agir como Cristo<br />

é um desejo-desa o ousado e, humanamente,<br />

quase impossível de realizar.<br />

Mas este é nosso padrão, que é alto,<br />

porém não inatingível, portanto, numa<br />

dimensão espiritual, é possível de ser<br />

cumprido.<br />

Ser e agir como Cristo hoje signi ca<br />

acolher todos as pessoas, sobretudo os<br />

diferentes, os discriminados, os injusti-<br />

çados. Ser e agir conforme Cristo equivale<br />

a perdoar e orar por todos quantos<br />

nos fazem o mal ou que nos perseguem.<br />

Seja qual for o problema ou circunstância.<br />

Ser e agir como Cristo hoje diz<br />

respeito a ajudar e abençoar a todas as<br />

pessoas, em especial, aos que estão mais<br />

degradados ou que são mais rejeitados<br />

por essa sociedade.<br />

Sejamos hoje aqui e agora, o que<br />

Cristo foi ontem em seu contexto. Para<br />

manifestar o amor encarnado do Pai,<br />

que produz mudanças geradoras de vida<br />

e muita alegria para todas as pessoas. E,<br />

também, para anteciparmos o amanhã<br />

da plenitude da justiça de Deus com a<br />

volta triunfal de Jesus.<br />

Busquemos o aparentemente inatingível:<br />

Sejamos e ajamos como Cristo hoje.<br />

Tema: “Ser como Cristo praticando<br />

a Bíblia”<br />

Divisa: “Até que Cristo seja formado<br />

em vós” (Gl 4.19b)<br />

Hino do trimestre: “Eu quero fazer<br />

o que queres, Senhor”, número<br />

482, do Hinário para o culto cristão.<br />

Clemir Fernandes<br />

<strong>2T12</strong> • COMPROMISSO • 9


Hino do trimestre<br />

10 • COMPROMISSO• COMPROMISSO <strong>2T12</strong>


<strong>2T12</strong> • COMPROMISSO • 11


EBD 1<br />

“Deus, pelas mãos de Paulo,<br />

fazia milagres extraordinários”<br />

Texto bíblico – Atos 14.1-7; 20-23; 16.1-15; 19.1-22 • Texto áureo – Atos 19.11<br />

Segunda<br />

Atos<br />

14.1-7<br />

Terça<br />

Atos<br />

14.20-23<br />

12 • COMPROMISSO• COMPROMISSO <strong>2T12</strong><br />

O apóstolo lidera a expansão do evangelho<br />

DIA A DIA COM A BÍBLIA<br />

Quarta Quinta Sexta<br />

Atos<br />

16.1-8<br />

Na Era Apostólica, a Igreja de Antioquia<br />

da Síria foi um exemplo de uma<br />

igreja viva e ativa. Era constituída por<br />

gentios convertidos (At 11.19-30). Naquela<br />

cidade, os discípulos de Jesus foram<br />

chamados de cristãos pela primeira vez<br />

(At 11.26). Nela havia excelentes pregadores<br />

e mestres, entre os quais Paulo e<br />

Barnabé, separados pelo Espírito Santo<br />

para a obra missionária (At 13.1-3).<br />

Desde a primeira viagem missionária,<br />

ambos experimentaram o que era<br />

fazer missões sob a direção do Senhor.<br />

Foram aonde ele escolhera, zeram discípulos<br />

e foram perseguidos por amor<br />

ao evangelho.<br />

DEUS ABRE A PORTA DA FÉ<br />

PARA OS GENTIOS<br />

Juntamente com João Marcos, Paulo<br />

e Barnabé estiveram na ilha de Chipre.<br />

Atos<br />

16.9-15<br />

Atos<br />

19.1-7<br />

Sábado<br />

Atos<br />

19.8-16<br />

1 de abril<br />

Domingo<br />

Atos<br />

19.17-22<br />

Depois que Marcos os deixou, foram<br />

para Antioquia da Pisídia, e de lá<br />

para Icônio, Listra e Derbe, cidades<br />

da Galácia romana. Paulo e Barnabé<br />

evangelizavam nas sinagogas e sofriam<br />

oposição. Nisto, entenderam que Deus<br />

queria usá-los para evangelizar os gentios<br />

(At 13.46, 47), e Paulo viu a con-<br />

rmação da sua chamada (At 9.15, 16).<br />

Às vezes, enfrentamos problemas para<br />

os quais não vemos solução, até que o Senhor<br />

age, abrindo portas, para nos levar à<br />

vitória. A rejeição dos judeus se transformou<br />

em bênção para nós, quando Deus<br />

abriu a porta da fé aos gentios (At 14.27).<br />

As ameaças físicas, e mesmo o apedrejamento<br />

sofrido por Paulo em Listra, não<br />

os desanimaram. Foram usados por Deus<br />

para a realização de milagres (At 14.3 e<br />

9), rejeitaram a adoração dos pagãos (At.<br />

14.15) e eram ousados no testemunhar, e<br />

pessoas se converteram.


Ao término da primeira viagem, visitaram<br />

os éis do sul da Galácia. Fortaleceram<br />

a fé dos irmãos e falaram das<br />

tribulações que viriam. Orientaram na<br />

eleição de pastores em cada igreja, mediante<br />

a oração (At 14.20-23). Este foi o<br />

primeiro contato que Paulo teve com os<br />

gálatas, antes de lhes escrever a epístola<br />

que é conhecida como a “Carta magna<br />

da liberdade cristã”, muito usada por<br />

Martinho Lutero e João Bunyan, autor<br />

do famoso livro “O peregrino”.<br />

DEUS LEVA PAULO DE<br />

VOLTA À GALÁCIA<br />

Na ano 45 d.C., ocorreu o Concílio<br />

de Jerusalém para tratar da controvérsia<br />

suscitada pelos judaizantes, que eram<br />

cristãos legalistas. Ensinavam que os<br />

gentios só deveriam ser batizados depois<br />

de circuncidados, pois criam que<br />

este rito judaico era necessário para a<br />

salvação. Pedro, Paulo e Barnabé defenderam<br />

a evangelização dos pagãos, sem<br />

obrigá-los a passar pela circuncisão.<br />

Pela palavra sábia de Tiago, irmão<br />

de Jesus, a discussão foi encerrada (At<br />

15.1-29). Esses judaizantes pretenderam<br />

criar dissensões entre os apóstolos<br />

Pedro e Paulo, fazendo comparações e<br />

exaltando a Pedro. Lucas reagiu, registrando<br />

no livro de Atos todos os<br />

milagres de Paulo, que provavam que<br />

Paulo não era inferior a Pedro. 1<br />

Querendo visitar os irmãos alcançados<br />

na viagem anterior, Paulo propôs<br />

a Barnabé outra jornada missionária.<br />

Não chegaram a um acordo. Barnabé<br />

seguiu com Marcos para a ilha de Chipre,<br />

enquanto Paulo e Silas, apoiados<br />

em oração pela igreja de Antioquia,<br />

rumaram para o norte, fortalecendo<br />

as igrejas locais (At 15.36-41).<br />

Paulo e Silas visitaram as igrejas<br />

do sul da Galácia, transmitindo-lhes<br />

as recomendações do Concílio de<br />

Jerusalém. Na cidade de Listra, o jovem<br />

Timóteo, cujo pai era grego e a<br />

mãe judia, depois de circuncidado por<br />

Paulo, foi incorporado ao grupo (At<br />

16.1-5). O gesto de Paulo não era um<br />

retrocesso nos seus pensamentos (Gl<br />

2.3). Paulo assim agiu para que Timóteo,<br />

sendo meio-judeu, após a circuncisão,<br />

pudesse pregar livremente nas<br />

sinagogas. “Aqui era uma questão de<br />

serviço e ciente, não como essencial à<br />

salvação” 2 . Na terceira viagem, Paulo<br />

voltou à Galácia, fortalecendo as igrejas<br />

(At 18.23).<br />

PAULO NÃO<br />

VISITA COLOSSOS<br />

Paulo e seus companheiros percorriam<br />

a região frígio-gálata, quando o<br />

Espírito Santo os impediu de continuar<br />

a pregar na Ásia (At. 16:6). Na<br />

Frígia estavam as cidades de Colossos<br />

1 Semelhanças nos ministérios de Pedro e Paulo: 1) Cura de um coxo (At 3.1-10; 14.8-10); 2) tentativa<br />

de adoração aos apóstolos (At 10.23-26; 14.13-18); 3) milagres extraordinários (At 5.15-16;<br />

19.11, 12); 4) prisões e libertações miraculosas (At 12.5-11; 16.22-26); fenômenos semelhantes<br />

aos do dia de Pentecostes (At 10.44-48; 19.1-7).<br />

2 ROBERTSON, A.T., Word Pictures In The New Testament Nashville: Broadman Press, 12a. ed.,<br />

vol. III, p.244.<br />

<strong>2T12</strong> • COMPROMISSO • 13


e Laodicéia. O roteiro da viagem foi<br />

mudado duas vezes, pela ação do Espírito<br />

Santo (At. 16:6-7). Por isso, Paulo<br />

não visitou a cidade de Colossos.<br />

Qual o motivo por que o Espírito<br />

Santo “impediu” aquela equipe missionária<br />

de evangelizar o interior da<br />

Ásia Menor? Deus é soberano, e são<br />

justos todos os seus juízos. Não era<br />

ainda o momento em que os colossenses<br />

receberiam a Palavra. O plano<br />

de Deus era que Paulo e seus amigos<br />

fossem logo para a Europa.<br />

A PRESENÇA DE<br />

PAULO EM FILIPOS<br />

Após a visão do varão da Macedônia<br />

na cidade de Trôade, Paulo, Silas e<br />

Timóteo foram para Filipos, levando o<br />

médico Lucas, autor do livro de Atos,<br />

como notamos na narrativa: “procuramos<br />

...” (At. 16.10). Alguns dias permaneceram<br />

ali. Num sábado, saíram<br />

"Os missionários<br />

presos mostraram sua<br />

fé, orando e cantando.<br />

Um terremoto abriu as<br />

portas do cárcere, mas<br />

os presos não fugiram.<br />

Converteram-se o<br />

carcereiro e sua família<br />

e foram batizados na<br />

mesma noite"<br />

14 • COMPROMISSO• COMPROMISSO <strong>2T12</strong><br />

da cidade e evangelizaram mulheres.<br />

Converteu-se Lídia, a vendedora de<br />

púrpura. Depois do batismo de Lídia e<br />

de sua família, ela os hospedou em sua<br />

casa, onde começou a se reunir a igreja<br />

de Filipos (At 16.13-15).<br />

Em outro dia, foram surpreendidos<br />

pela atitude de uma jovem possessa que<br />

os seguia e clamava: “São servos do Deus<br />

Altíssimo estes homens que vos anunciam<br />

um caminho de salvação”. Como<br />

isto perturbava os servos de Deus, Paulo<br />

ordenou a expulsão do demônio, em<br />

nome de Jesus (At 16.16-18).<br />

Enfurecidos, os senhores daquela<br />

jovem agarraram Paulo e Silas, por serem<br />

judeus e líderes do grupo, e os levaram<br />

às autoridades. Ambos foram açoitados<br />

e encarcerados, na última noite<br />

que passaram em Filipos. Os missionários<br />

presos mostraram sua fé, orando e<br />

cantando. Um terremoto abriu as portas<br />

do cárcere, mas os presos não fugiram.<br />

Converteram-se o carcereiro e sua


família e foram batizados na mesma<br />

noite. Tudo isso marcou os cristãos -<br />

lipenses, as primícias da obra missionária<br />

de Paulo na Europa (At 16.19-34).<br />

O MINISTÉRIO DE<br />

PAULO EM ÉFESO<br />

Paulo procurava sempre alcançar<br />

um grande centro urbano com o<br />

evangelho. Na segunda viagem, ele foi<br />

a Atenas, capital da Grécia, e a Corinto,<br />

importante pelo seu comércio. Na<br />

volta, passou pouco tempo em Éfeso,<br />

a capital administrativa da Ásia Menor.<br />

Deixou ali o casal Priscila e Áquila<br />

e prometeu voltar em breve (At<br />

18.18-21).<br />

Na terceira viagem Paulo se deteve<br />

em Éfeso, onde permaneceu 3 anos. Enfrentou<br />

os adoradores da deusa Diana,<br />

cujo templo era uma das 7 maravilhas<br />

do mundo antigo, lugar de romarias<br />

dos pagãos. Foi um ministério marcado<br />

pelo batismo dos 12 varões que foram<br />

discípulos de João (At 19.1-7), pelo ensino<br />

da Palavra na escola de Tirano e por<br />

milagres. Houve muitas conversões. Os<br />

que vieram do paganismo queimaram<br />

em público os seus livros de artes mágicas<br />

avaliados em 50.000 denários, ou<br />

seja, 50.000 vezes a diária de um trabalhador<br />

(At 19.8-20).<br />

No retorno, Paulo foi a Mileto,<br />

onde se despediu dos anciãos de Éfeso,<br />

com um dos seus mais belos sermões,<br />

impregnado de amor, de desprendimento,<br />

da certeza a respeito das a ições<br />

que passaria ao chegar a Jerusalém.<br />

Preocupou-se com a entrada de<br />

"Paulo sempre se preocupava<br />

com as igrejas nas quais<br />

havia trabalhado, ensinando<br />

a Palavra. Visitava-as para ver<br />

como estavam. Um dos seus<br />

alvos era o fortalecimento das<br />

igrejas. Combatia as heresias,<br />

pessoalmente ou por cartas.<br />

Enviava seus discípulos para<br />

servirem nas igrejas visitadas"<br />

falsos cristãos na igreja. Foi alvo do<br />

carinho dos líderes daquela igreja, que<br />

oraram com ele, choraram, abraçaram-<br />

-no e beijaram o apóstolo que partiu<br />

(At. 20.17-38).<br />

CONCLUSÃO<br />

Paulo sempre se preocupava com<br />

as igrejas nas quais havia trabalhado,<br />

ensinando a Palavra. Visitava-as para<br />

ver como estavam. Um dos seus alvos<br />

era o fortalecimento das igrejas. Combatia<br />

as heresias, pessoalmente ou por<br />

cartas. Enviava seus discípulos para<br />

servirem nas igrejas visitadas.<br />

Seu exemplo é um desa o sempre<br />

presente para todos os cristãos, principalmente<br />

líderes, pastores e missionários.<br />

Os problemas pelos quais aquelas<br />

igrejas passaram são semelhantes aos<br />

que enfrentamos. As orientações dadas<br />

pelo apóstolo são muito preciosas<br />

até hoje (Is 40.8).<br />

<strong>2T12</strong> • COMPROMISSO • 15


EBD 2<br />

Segunda<br />

Gálatas<br />

1.1-5<br />

“Cristo vive em mim”<br />

Texto bíblico – Gálatas 1 e 2 • Texto áureo – Gálatas 2.20<br />

Terça<br />

Gálatas<br />

1.6-12<br />

Como parte de seu ministério,<br />

Paulo escreveu a carta aos Gálatas,<br />

de grande valor para a igreja cristã<br />

primitiva. Em nossos dias, é tão atual<br />

como no passado. Crabtree disse que<br />

se trata do “documento mais antigo<br />

que conta os princípios da história da<br />

igreja cristã, porque foi escrito antes<br />

de Atos e dos evangelhos”. 1 Broadus<br />

Hale ensina que a epístola foi destinada<br />

às igrejas da Galácia do Sul, e, assim,<br />

o ano 48 d.C. seria o mais provável<br />

da sua elaboração. 2 Desta maneira, a<br />

epístola aos Gálatas foi a primeira das<br />

cartas paulinas.<br />

Paulo a rmou que o seu apostolado<br />

procedia do Senhor Jesus Cristo e de<br />

Deus, o Pai (Gl 1.1), que não era obra<br />

de homem algum. O seu compromisso<br />

era com Deus, e ele escreveria o que<br />

fosse da vontade do Senhor. O estilo é<br />

16 • COMPROMISSO• COMPROMISSO <strong>2T12</strong><br />

O evangelho para todas as pessoas<br />

DIA A DIA COM A BÍBLIA<br />

Quarta Quinta Sexta<br />

Gálatas Gálatas Gálatas<br />

1.13-19 1.20-24 2.1-5<br />

Sábado<br />

Gálatas<br />

2.6-13<br />

8 de abril<br />

Domingo<br />

Gálatas<br />

2.14-21<br />

diferente das demais cartas, nas quais,<br />

normalmente, inicia fazendo elogios<br />

aos destinatários. O modo pelo qual<br />

escreveu este livro favoreceu a posição<br />

dos adversários de Paulo, que diziam:<br />

“as cartas dele são graves e fortes” (2Co<br />

10.10). Era preciso agir com energia.<br />

O MOTIVO DA CARTA<br />

Os cristãos da Galácia estavam se<br />

afastando dos princípios bíblicos que<br />

Paulo lhes ensinara. Deram ouvidos<br />

aos cristãos judaizantes, que divulgavam<br />

um “outro evangelho”, contrário<br />

ao evangelho de Cristo (Gl 1.6, 7). O<br />

apóstolo se surpreendeu que em tão<br />

pouco tempo os gálatas se desviaram<br />

das boas-novas da graça em Cristo para<br />

voltar aos rudimentos da Lei, que não<br />

poderia salvá-los.<br />

1 CRABTREE, A.R., Introdução Ao Novo Testamento. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista,<br />

1960, ps. 215-216.<br />

2 HALE, B.D., Introdução ao Estudo do Novo Testamento. Rio de Janeiro: <strong>Juerp</strong>, 1989, p.252.


Devemos saber que até então os<br />

discípulos contavam apenas com os<br />

livros do Antigo Testamento e com a<br />

carta de Tiago, irmão de Jesus, escrita<br />

no ano 45 d.C. Tinham acesso a alguns<br />

dos sermões de Jesus registrados por<br />

Mateus no documento conhecido<br />

como “Logia”, mais tarde incluído, parcialmente,<br />

no Evangelho de Mateus. O<br />

ensino dos apóstolos era muito importante.<br />

Paulo a rmou que o evangelho<br />

que pregara não era proveniente de<br />

homens, mas veio mediante revelação<br />

direta do Senhor Jesus (Gl 1.11, 12).<br />

A EXCELÊNCIA DO<br />

EVANGELHO<br />

Paulo falou aos gálatas o que foi a sua<br />

vida antes de encontrar-se com Jesus. Foi<br />

perseguidor da igreja, mostrou um zelo<br />

superior aos de sua época (G. 1.13, 14).<br />

Isto o envergonhava (1Co 15.9), mas<br />

falava sobre o assunto para mostrar a diferença<br />

entre a sua antiga maneira de viver<br />

e a nova vida em Cristo. A tese de Paulo<br />

era que nenhum judeu, por mais zeloso<br />

que fosse, poderia se salvar, a não ser que<br />

a graça de Deus o alcançasse, e, pela fé<br />

em Jesus, se tornasse um novo homem.<br />

Quando Paulo soube, por revelação<br />

divina, da sua missão de evangelizar os gentios,<br />

não consultou nenhum dos seus amigos<br />

ou parentes. Retirou-se para a Arábia<br />

para reformular todo o seu pensamento à<br />

luz dos ensinos de Jesus (Gl 1.15-17).<br />

O MINISTÉRIO AOS<br />

JUDEUS E AOS GENTIOS<br />

Há um paralelo notável entre Atos<br />

15 e Gálatas 2.1-10. Enquanto Paulo<br />

Mapa da europa em 117 A.D. com<br />

área de domínio do Império Romano<br />

em amarelo e destaque para a área<br />

da Galácia em vermelho<br />

<strong>2T12</strong> • COMPROMISSO • 17


falava com os líderes da igreja em<br />

Jerusalém acerca do ministério com os<br />

gentios, os falsos irmãos se insinuaram<br />

no meio do corpo de Cristo, a m de<br />

“espiar a nossa liberdade, que temos em<br />

Jesus Cristo, para nos escravizar” (Gl<br />

2.1-4). É dessa maneira que as heresias<br />

se in ltram em nossos ambientes nos<br />

dias de hoje. Chegam sorrateiramente<br />

e, no momento oportuno, revelam o<br />

seu ensino, imitação barata e falsa do<br />

verdadeiro evangelho.<br />

Finalmente, a liderança apostólica<br />

em Jerusalém reconheceu que o Senhor<br />

Jesus havia comissionado Paulo para o<br />

ministério da evangelização aos gentios.<br />

Pedro e os demais caram com a evangelização<br />

aos judeus, o ministério da<br />

circuncisão. Quando agimos segundo a<br />

vontade divina, sempre temos a resposta<br />

de Deus. Tiago, irmão do Senhor, Pedro<br />

e João, que eram colunas da igreja em<br />

Jerusalém, estenderam suas mãos para<br />

apoiar a Paulo e Barnabé, separados para<br />

a missão entre os gentios.<br />

SINCERIDADE E FIRMEZA<br />

DO SERVO DE DEUS<br />

Um fato lamentável propiciou a<br />

Paulo a oportunidade de usar com<br />

firmeza a sua autoridade apostólica.<br />

Teve que repreender o apóstolo Pedro,<br />

publicamente, porque este se portara<br />

dissimuladamente. Comia com os gentios,<br />

até que Tiago chegou. Por temer os<br />

judaizantes, Pedro se afastou dos gentios.<br />

Sua atitude in uenciou a outros, inclusi-<br />

18 • COMPROMISSO• COMPROMISSO <strong>2T12</strong><br />

ve Barnabé. Ao perceber que não agiam<br />

bem, Paulo corrigiu com autoridade o<br />

ato de hipocrisia (Gl 2.11-14).<br />

Se Pedro estivesse correto em não<br />

comer com os gentios, então ele, juntamente<br />

com Tiago e João, deveriam ter<br />

exigido que Tito fosse circuncidado, o<br />

que não aconteceu (Gl 2.3). O intérprete<br />

Merrill Tenney analisou assim o atrito<br />

entre os dois apóstolos: “A controvérsia<br />

com Cefas revelou dois aspectos do caráter<br />

de Paulo: sua disposição em aceitar liderança<br />

responsável em um período de controvérsia<br />

e incerteza, e sua rejeição gadal<br />

a qualquer transigência em suas ações.” 3<br />

Paulo aceitou a liderança de Pedro no<br />

momento crítico da ação dos judaizantes<br />

em Jerusalém, a m de corrigir o rumo<br />

da igreja, para libertá-la de preconceitos<br />

contra os gentios e preservar a sua unidade,<br />

mas rejeitou a atitude vacilante de<br />

Pedro, que era um retrocesso em tudo o<br />

que se havia conseguido antes.<br />

No falar ou no agir, o servo de Deus<br />

deve mostrar coerência com os princípios<br />

bíblicos. Não podemos exigir de ninguém<br />

o cumprimento de normas que não nos<br />

dispomos a cumprir. De outro modo,<br />

agiríamos como os que dizem: “Faça o<br />

que eu mando, mas não faça o que eu faço”.<br />

DEFESA DA MENSAGEM<br />

DO EVANGELHO<br />

Deus usa situações críticas para nos<br />

trazer preciosas lições. O confronto<br />

com Pedro levou Paulo a pronunciar<br />

uma poderosa mensagem que revela o<br />

3 TENNEY, M.C., Gálatas: Escritura da Liberdade Cristã. São Paulo: Edições Vida Nova, 1978, p. 97.<br />

4 DOCKERY, D.S.(editor geral), Manual Bíblico Vida Nova. São Paulo: Edições Vida Nova, 2001, p. 746.


"Como nos dias de Paulo,<br />

precisamos hoje de servos do<br />

Senhor que tenham fi rmeza<br />

doutrinária e sejam sinceros<br />

no falar e no agir. Que possuam<br />

a capacidade de perceber<br />

as heresias e de refutá-las,<br />

biblicamente, com amor e<br />

sabedoria, para que o joio não<br />

se misture com o trigo e para<br />

que a igreja não se divida"<br />

fundamento da teologia paulina. “A<br />

lógica de Paulo era exata e podia tornar<br />

suas conclusões praticamente irrefutáveis.”<br />

4 Paulo refutou a heresia de que o<br />

homem é justi cado pelas obras da lei,<br />

tais como: circuncisão, restrições alimentares,<br />

guarda do sábado e de festas<br />

do calendário judaico. A justi cação é<br />

pela fé (Gl 2.16).<br />

Os judeus acreditavam que todos<br />

quantos não guardassem a Lei eram pecadores.<br />

Como Paulo pregava a redenção<br />

pela graça, mediante a fé, para ser<br />

justi cado em Cristo, eles o chamaram<br />

de “pecador”. O apóstolo demonstrou<br />

que tal argumento dos judaizantes<br />

levaria ao absurdo de se concluir que<br />

Jesus seria “ministro do pecado”, contra<br />

o que Paulo reage com veemência: “De<br />

modo nenhum!” (Gl. 2.17).<br />

Para Paulo, a experiência cristã não se<br />

baseia na aceitação do fato histórico de<br />

que Jesus morreu por nós, mas, sim, na fé<br />

em Jesus Cristo, que ressuscitou dentre<br />

os mortos. Com ele passamos a ter uma<br />

viva comunhão, pelo Espírito Santo que<br />

em nós habita, a ponto de o Senhor Jesus<br />

viver a sua vida em nós e de vivermos<br />

nele (Gl. 2.20). Pela graça alcançamos a<br />

verdadeira liberdade. Estamos livres da<br />

pena do pecado e da condenação da Lei.<br />

Ao ressuscitar dentre os mortos, Jesus<br />

conquistou a vitória sobre a morte, que<br />

já não tem mais domínio sobre ele. E<br />

porque estamos com Jesus, estamos cruci<br />

cados com Cristo e ressurrectos com<br />

ele (Rm 6.9-11), para viver uma nova<br />

vida, no poder do Senhor.<br />

CONCLUSÃO<br />

Jesus nos advertiu que nos últimos<br />

tempos surgiriam muitos falsos profetas.<br />

Alguns diriam ser o próprio Cristo<br />

(Mt 24.4, 5, 11).<br />

Temos visto o surgimento de muitos<br />

falsi cadores da Palavra. Alguns se<br />

autodenominam “apóstolos” e outros<br />

pretendem ser “donos” de igrejas e donos<br />

da mentira que produziram.<br />

Atualmente, uma das doutrinas mais<br />

atacadas é a da graça. Há muitos enganadores<br />

que deturpam a sua base bíblica.<br />

Precisamos estudar com seriedade a<br />

Palavra de Deus para combater os que barateiam<br />

a graça, levando à permissividade.<br />

Como nos dias de Paulo, precisamos<br />

hoje de servos do Senhor que tenham<br />

rmeza doutrinária e sejam sinceros no<br />

falar e no agir. Que possuam a capacidade<br />

de perceber as heresias e de refutá-las,<br />

biblicamente, com amor e sabedoria, para<br />

que o joio não se misture com o trigo<br />

e para que a igreja não se divida. Dessa<br />

maneira, as igrejas serão fortalecidas no<br />

Senhor, um dos alvos de Paulo.<br />

<strong>2T12</strong> • COMPROMISSO • 19


EBD 3<br />

Segunda<br />

Gálatas<br />

3.1-4<br />

“O justo viverá pela fé”<br />

20 • COMPROMISSO• COMPROMISSO <strong>2T12</strong><br />

Impotência da lei e justi cação pela fé<br />

Texto bíblico – Gálatas 3 • Texto áureo – Gálatas 3.11<br />

Terça<br />

Gálatas<br />

3.5-8<br />

DIA A DIA COM A BÍBLIA<br />

Quarta<br />

Gálatas<br />

3.9-12<br />

Depois de contestar as acusações dos<br />

falsos mestres contra seu apostolado e<br />

sua autoridade apostólica, ao mesmo<br />

tempo em que faz a defesa do evangelho<br />

contra a falsa doutrina dos judaizantes,<br />

Paulo passa a demonstrar aos gálatas,<br />

pelas a rmações do Antigo Testamento<br />

– que eles tanto enfatizavam – que a Lei<br />

não pode justi car ninguém.<br />

Para conseguir seus objetivos,<br />

Paulo usa a técnica de fazer perguntas,<br />

que tem sido reconhecida como um<br />

traço característico da cultura judaica.<br />

Sócrates a utilizava no propósito<br />

de levar seus discípulos, por meio da<br />

indução dos casos particulares, a<br />

formular um conceito geral (o parto<br />

das idéias). Em várias ocasiões, Jesus<br />

também a usou (Mt 16.13-17; 21.23-<br />

27; Lc 20.19-26). Paulo faz sucessivas<br />

perguntas aos gálatas para conduzir o<br />

raciocínio deles a uma re exão sobre<br />

as verdades que queria lhes ensinar,<br />

passando pela experiência pessoal e<br />

pelo estudo do Antigo Testamento.<br />

Quinta<br />

Gálatas<br />

3.13-17<br />

Sexta<br />

Gálatas<br />

3.18-21<br />

Sábado<br />

Gálatas<br />

3.22-24<br />

15 de abril<br />

Domingo<br />

Gálatas<br />

3.25-29<br />

Como doutor da Lei, Paulo sabia<br />

muito bem como era importante a lei<br />

mosaica para o povo judeu. À luz das<br />

revelações do Senhor Jesus, procurou<br />

levá-los ao reconhecimento de que a<br />

Lei é totalmente impotente como um<br />

meio de se alcançar a justi cação.<br />

NA EXPERIÊNCIA<br />

DOS GÁLATAS –<br />

OBRAS DA LEI OU FÉ?<br />

Como no início da carta (Gl 1.6),<br />

Paulo revela seu desapontamento com<br />

os gálatas e tenta trazê-los à razão, chamando-os<br />

duramente de “insensatos”<br />

(Gl 3.1), e pergunta: “Quem vos fascinou?”<br />

Os cristãos da Galácia desviaram<br />

os seus olhos de contemplar o Cristo<br />

cruci cado, como lhes fora transmitido<br />

(literalmente “pintado” ou “retratado”)<br />

por Paulo, e se deixaram seduzir pelas<br />

palavras perversas dos falsos mestres,<br />

como se tivessem sido hipnotizados ou,<br />

como comenta a Bíblia Shedd, estavam


encantados pelo olhar ou pelas palavras<br />

de um feiticeiro. 1<br />

Paulo faz então a segunda e mais<br />

importante pergunta: “Foi por obras<br />

da Lei que recebestes o Espírito, ou pelo<br />

ouvir com fé?” (Gl 3.2) Com esta indagação,<br />

o apóstolo atingiu fortemente a<br />

consciência dos gálatas. A experiência<br />

do recebimento do Espírito Santo é o<br />

bem mais precioso na vida do cristão,<br />

seja judeu ou gentio. Em Samaria, Simão<br />

o Mago, tentou comprar o dom do<br />

Espírito (At 8.18, 19). Aos doze varões<br />

de Éfeso Paulo perguntou: “Recebestes<br />

vós o Espírito Santo quando crestes?”<br />

(At 19.2) A estocada de Paulo penetrou<br />

fundo nos corações dos gálatas.<br />

O apóstolo torna a chamá-los de insensatos<br />

e os questiona pela decadência espiritual.<br />

Haviam começado pelo Espírito e<br />

agora estavam acabando pela carne, por<br />

con arem nas práticas da lei mosaica (Gl<br />

3.3). A circuncisão está associada à idéia<br />

de puri cação. Deus quer que o seu povo<br />

tenha um coração puri cado (Dt 10.16).<br />

E só Jesus pode fazê-lo, pela fé. E as a ições<br />

que os gálatas haviam padecido? Teria sido<br />

em vão? Eles sofreram tribulações por<br />

causa da fé (Gl. 3.4) Por último, indaga a<br />

respeito dos milagres que ocorreram em<br />

Icônio, Listra e Derbe (At 14.3, 8-10).<br />

Teriam ocorrido “pelas obras da Lei ou pelo<br />

ouvir com fé?” (Gl 3.5).<br />

NA EXPERIÊNCIA DE<br />

ABRAÃO – OS FILHOS DA FÉ<br />

Os judaizantes se baseavam no<br />

texto de Gênesis 17.9-14, que registra<br />

o momento em que a circuncisão foi<br />

instituída, como parte de uma aliança<br />

perpétua. No entendimento dos falsos<br />

mestres, somente seria abençoado o que<br />

fosse circuncidado, para que se tornasse<br />

um membro da família de Abraão.<br />

Rapidamente, Paulo passou da experiência<br />

dos gálatas para a de Abraão.<br />

Foi pela sua fé no único Deus que o<br />

Senhor o chamou para abençoá-lo e<br />

fazer dele uma grande nação. Portanto,<br />

“os que são da fé, esses são filhos de<br />

Abraão” (Gl 3.7). Paulo se aprofundou<br />

no tema e demonstrou que Deus tinha<br />

o plano de justi car pela fé os gentios e<br />

queria abençoar todas as nações através<br />

de Abraão, por isso anunciou-lhe a boa<br />

nova (Gl 3.8).<br />

A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ<br />

Voltando-se para a posição dos<br />

legalistas, o apóstolo os alertou para<br />

o fato de que “todos quantos são das<br />

obras da lei estão debaixo da maldição”<br />

(Gl 3.10), conforme a Escritura (Dt<br />

27.26). Com sua lógica irrefutável,<br />

Paulo provou que “é evidente que pela<br />

lei ninguém é justi cado diante de<br />

Deus” (Gl 3.11a) e concluiu com o<br />

seu principal argumento, baseado em<br />

Habacuque 2.4, citando um profeta do<br />

Antigo Testamento cuja mensagem era<br />

aceita pelos judaizantes, para rmar o<br />

princípio de que “o justo viverá da fé”<br />

(Gl 3.11), o texto áureo deste estudo.<br />

Este foi o lema do reformador alemão<br />

Martinho Lutero, no século XVI,<br />

ao descobrir que as obras, indulgências,<br />

1 Bíblia Shedd, ed. ger. Russell P. Shedd. São Paulo: Ed. Vida Nova, 1998, p. 1649.<br />

<strong>2T12</strong> • COMPROMISSO • 21


elíquias, romarias ou penitências do<br />

catolicismo romano não têm nenhum<br />

valor para a salvação. Antes de chegar<br />

a esta conclusão, o monge agostiniano<br />

Lutero foi encontrado muitas vezes<br />

caído em sua cela, depois de se auto agelar,<br />

desfalecendo de fome, em virtude<br />

de prolongados jejuns. Nenhum dos<br />

rituais da religiosidade católica lhe<br />

trouxe paz, perdão e salvação. Esta<br />

nos é concedida como graça (presente<br />

divino), pois não a merecemos e só a<br />

recebemos mediante a fé no Senhor<br />

Jesus (Ef 2.8, 9).<br />

“Cristo nos resgatou” (Gl 3.13).<br />

O verbo resgatar (exagorázô) vem de<br />

outro verbo, que significa “comprar<br />

escravos” (1Co 6.20; 7.23), acrescido<br />

da preposição “ek”, como pre xo, que<br />

indica o movimento “de dentro para<br />

fora”. 2 Cristo nos comprou, quando<br />

éramos escravos do pecado. Tirou-nos<br />

(para fora) da força da maldição da lei e<br />

nos substituiu, recebendo em si mesmo<br />

o castigo da lei. Comprou-nos com seu<br />

precioso sangue (1Pe 1.18, 19) e sofreu<br />

pelos nossos pecados, quando caiu sobre<br />

ele a maldição da lei (Dt 21.23). Seu sofrimento<br />

foi por nos amar e nos querer<br />

salvar e abençoar (Gl 3.14; Ef 1.3).<br />

A LEI E AS<br />

PROMESSAS DE DEUS<br />

A experiência de fé de Abraão é<br />

muito mais antiga do que a lei, que só<br />

22 • COMPROMISSO• COMPROMISSO <strong>2T12</strong><br />

veio 430 anos depois das promessas<br />

feitas ao patriarca. Pode a lei anular<br />

ou modi car a promessa? De modo<br />

nenhum! Paulo nos esclarece que uma<br />

vez con rmado, o testamento é irrevogável.<br />

A promessa foi feita a Abraão,<br />

gratuitamente, e ao seu descendente,<br />

que não é Isaque, mas, sim, Cristo (Gl<br />

3.15-18).<br />

Paulo pergunta: “Logo, para que é<br />

a lei?” (Gl 3.19) Por causa das nossas<br />

transgressões, a lei surgiu, até que viesse<br />

o descendente a quem a promessa se<br />

referiu. Se a lei pudesse dar vida, então<br />

a justiça seria pela lei (Gl 3.:21b). No<br />

entanto, todos caram encerrados sob<br />

o pecado, que a lei revelou. Ficamos<br />

aprisionados pela lei, sob a sua tutela.<br />

A lei nos serviu de aio para nos conduzir<br />

a Cristo. O aio (paidagôgós) era<br />

um escravo que cuidava de meninos para<br />

levá-los à escola. Era um supervisor moral,<br />

com poder para discipliná-los, que<br />

os vigiava; é sempre representado nos<br />

vasos com uma vara na mão, tomando<br />

conta das crianças. A lei tomou conta de<br />

nós. 3 Somente Jesus pode nos perdoar e<br />

nos justi car pela fé (Gl 3.19-24). A lei<br />

teve um mediador humano: Moisés, o<br />

servo, que a recebeu lá no Monte Sinai<br />

(Gl 3.19; Hb 3.5); a graça nos aponta<br />

para o único mediador entre Deus e<br />

os homens: Jesus Cristo, o Filho, que<br />

consumou a obra da redenção, morrendo<br />

em nosso lugar no Monte Calvário<br />

(1Tm 2.5; Hb 3.6).<br />

2 ROBERTSON, A.T., Word Pictures in the New Testament. Nashville: Broadman Press, 12 a. ed.,<br />

vol. IV, p. 294.<br />

3 ALLEN, C.J., ed. ger., Comentário Bíblico Broadman. Rio de Janeiro: <strong>Juerp</strong>, 1985, vol. 11, ps.<br />

130-131.


Todos os que crêem em Jesus Cristo<br />

tornam-se filhos de Deus (Gl 3.26;<br />

Jo 1.12). Os que estão em Cristo se<br />

despojaram do velho homem e foram<br />

revestidos por Jesus (Ef 4.24). O batismo<br />

é o símbolo da transformação que<br />

se operou no interior daquele que crê<br />

(Rm 6.11). Em Cristo somos novas<br />

criaturas (2Co 5.17), e não importa se<br />

somos judeus ou gentios, escravos ou<br />

livres, homens ou mulheres, pobres<br />

ou ricos, cultos ou incultos, porque<br />

somos todos um em Cristo Jesus. Por<br />

pertencermos a Cristo, tornamo-nos<br />

descendência de Abraão e herdeiros<br />

da promessa (Gl 3.25-29).<br />

Abraão tem sua fé testada por<br />

Deus (Gustave Doré)<br />

"A experiência de fé de Abraão é muito mais antiga do que a lei, que só veio 430 anos depois<br />

das promessas feitas ao patriarca. Pode a lei anular ou modifi car a promessa? De modo<br />

nenhum! Paulo nos esclarece que uma vez confi rmado, o testamento é irrevogável. A promessa<br />

foi feita a Abraão, gratuitamente, e ao seu descendente, que não é Isaque, mas, sim, Cristo"<br />

CONCLUSÃO<br />

1 A lei não vivi ca o ser humano,<br />

não o transforma; logo é impotente<br />

para a nossa salvação.<br />

2 O pacto abraâmico foi instituído<br />

430 anos antes da lei, e esta não teve o<br />

poder de revogá-lo.<br />

3 A lei guiou o povo até a chegada<br />

daquele descendente da promessa –<br />

Jesus. Daí a lei tornou-se totalmente<br />

inoperante para nos levar a Deus.<br />

4 Recebemos a promessa mediante<br />

a fé em Cristo (Gl 3.22-26 e 29).<br />

<strong>2T12</strong> • COMPROMISSO • 23

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