19.04.2013 Views

recanto, encanto, saudade... um pouco do muito que te dei - WebEduc

recanto, encanto, saudade... um pouco do muito que te dei - WebEduc

recanto, encanto, saudade... um pouco do muito que te dei - WebEduc

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

PRÊMIO PROFESSORES DO BRASIL<br />

3ª EDIÇÃO<br />

Ca<strong>te</strong>goria: Séries/Anos Iniciais <strong>do</strong> Ensino Fundamental<br />

RECANTO, ENCANTO, SAUDADE...<br />

UM POUCO DO MUITO QUE TE DEI<br />

Unidade da Federação: SP


SUMÁRIO<br />

Sín<strong>te</strong>se <strong>do</strong> projeto .................................................................................................... p. 04<br />

Con<strong>te</strong>xtualização ...................................................................................................... p. 05<br />

Justificativa ............................................................................................................... p. 06<br />

Objetivos .................................................................................................................. p. 07<br />

Desenvolvimento ...................................................................................................... p. 08<br />

Resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s ................................................................................................... p. 19<br />

Avaliação .................................................................................................................. p. 20<br />

Anexos ..................................................................................................................... p. 21<br />

Anexo 1: Alunos participan<strong>te</strong>s <strong>do</strong> projeto<br />

Anexo 2: Relato inicial <strong>do</strong>s alunos<br />

Anexo 3: Resulta<strong>do</strong> das pesquisas de opinião<br />

Anexo 4:Impressões <strong>dei</strong>xadas pela música “Couro de boi”<br />

Anexo 5: Entrevista com o dirigen<strong>te</strong> <strong>do</strong> <strong>recanto</strong> “Casa <strong>do</strong> Caminho”<br />

Anexo 6: I<strong>do</strong>sos asila<strong>do</strong>s participan<strong>te</strong>s <strong>do</strong> projeto<br />

Anexo 7: Cartas enviadas aos mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> <strong>recanto</strong><br />

Anexo 8: Carta-resposta enviada pelo i<strong>do</strong>so<br />

Anexo 9: Aula de ginástica com a 3ª idade<br />

Anexo 10: Estatuto <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so – estu<strong>do</strong> da legislação vigen<strong>te</strong><br />

Anexo 11: Texto produzi<strong>do</strong> a partir da reflexão sobre os artigos <strong>do</strong> Estatuto <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so<br />

Anexo 12: Processo de produção de sabão recicla<strong>do</strong><br />

Anexo 13: Situações-problema con<strong>te</strong>xtualizadas<br />

Anexo 14: Texto informativo “A ensaboada história <strong>do</strong> sabão”<br />

Anexo 15: Reestruturação de receita – Queijadinha<br />

Anexo 16: Letras das músicas cantadas no coral pelos alunos<br />

2


Anexo 17: Texto jornalístico “Mães <strong>que</strong>rem apenas a presença <strong>do</strong>s filhos como<br />

presen<strong>te</strong>”<br />

Anexo 18: Apresentação <strong>do</strong> coral composto pelos alunos<br />

Anexo 19: Atividades desenvolvidas pelos avós na escola<br />

Anexo 20: Produção de <strong>te</strong>xto coletivo: resga<strong>te</strong> das antigas tradições juninas<br />

Anexo 21: Produção de <strong>te</strong>xto em quadrinhos<br />

Anexo 22: Confecção de Porta – receitas<br />

Anexo 23: Campanha de arrecadação de agasalhos<br />

Anexo 24: Entrega <strong>do</strong>s agasalhos <strong>do</strong>a<strong>do</strong>s pela comunidade escolar<br />

Anexo 25: Presen<strong>te</strong>an<strong>do</strong> os i<strong>do</strong>sos com <strong>um</strong> porta-retrato<br />

Anexo 26: Dinâmica de grupo “Caixa surpresa” – perguntas e respostas<br />

Anexo 27: Dinâmica “Sentin<strong>do</strong> na pele”<br />

Anexo 28: Produção de <strong>te</strong>xto a partir da música “Utopia”<br />

Anexo 29: Professor, a<strong>do</strong><strong>te</strong> <strong>um</strong> amigo da 3ª idade<br />

Anexo 30: Listagem de livros li<strong>do</strong>s no <strong>recanto</strong><br />

3


SINTESE DO PROJETO<br />

A experiência pedagógica foi iniciada com reflexões individuais <strong>do</strong>s alunos<br />

acerca da velhice, <strong>do</strong> papel <strong>do</strong>s avós em suas vidas e da existência de asilos, casas de<br />

repouso e <strong>recanto</strong>s destina<strong>do</strong>s aos i<strong>do</strong>sos.<br />

A partir desse relato inicial, foram propostas atividades in<strong>te</strong>rdisciplinares<br />

abrangen<strong>do</strong> con<strong>te</strong>ú<strong>do</strong>s relaciona<strong>do</strong>s aos Temas Transversais (Ética, Meio Ambien<strong>te</strong> e<br />

Pluralidade Cultural), Língua Portuguesa, Ma<strong>te</strong>mática, Educação Física, Ar<strong>te</strong> e História.<br />

Para tanto, foram usa<strong>do</strong>s recursos meto<strong>do</strong>lógicos diversos: músicas, entrevistas,<br />

confecção de mosaico, estatuto <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, livros de li<strong>te</strong>ratura, pesquisas, retroprojetor,<br />

dinâmicas em grupo, confecção de porta-retrato, leitura, exploração e produção de<br />

<strong>te</strong>xtos de diferen<strong>te</strong>s tipologias, situações-problema, campanha de arrecadação de<br />

agasalhos, confecção de sabão recicla<strong>do</strong>, visitas, elaboração de gráficos, confecção de<br />

porta-receitas e envolvimento da comunidade local.<br />

Toda a seqüência meto<strong>do</strong>lógica desenvolvida buscou a valorização <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so no<br />

seio familiar e sua inclusão na sociedade atual, evidencian<strong>do</strong> aos alunos <strong>que</strong> o<br />

envelhecimento faz par<strong>te</strong> de nossa vida, <strong>que</strong> é <strong>um</strong> processo natural <strong>que</strong> se inicia no<br />

momento em <strong>que</strong> nascemos e <strong>que</strong> refletir sobre o i<strong>do</strong>so é, sabiamen<strong>te</strong>, pensar sobre o<br />

passa<strong>do</strong>, o presen<strong>te</strong> e o futuro <strong>que</strong> <strong>que</strong>remos para nós e para as futuras gerações.<br />

4


CONTEXTUALIZAÇÃO<br />

As pessoas envelhecem de forma coeren<strong>te</strong> com a história de suas vidas. O<br />

i<strong>do</strong>so é <strong>um</strong> ser cultural, é o resulta<strong>do</strong> de toda <strong>um</strong>a cultura e hábitos de vida de <strong>um</strong> país.<br />

No entanto, o envelhecimento ainda é <strong>muito</strong> contamina<strong>do</strong> por preconceitos e <strong>um</strong> <strong>do</strong>s<br />

motivos é <strong>que</strong>, n<strong>um</strong> sis<strong>te</strong>ma capitalista, a pessoa <strong>dei</strong>xa de ser in<strong>te</strong>ressan<strong>te</strong> à medida<br />

<strong>que</strong> <strong>dei</strong>xa de produzir. Nesse momento, <strong>muito</strong>s nem se lembram <strong>que</strong> se es<strong>te</strong> país<br />

exis<strong>te</strong> é em função das pessoas mais velhas <strong>que</strong> o construíram.<br />

O educa<strong>do</strong>r Paulo Freire já ponderava <strong>que</strong> a sociedade pode tornar o i<strong>do</strong>so <strong>um</strong><br />

encargo ou <strong>um</strong> patrimônio, dependen<strong>do</strong> das condições <strong>que</strong> lhe forem proporcionadas<br />

ao longo da vida, condições essas <strong>que</strong> não se limitam a satisfação das necessidades<br />

ma<strong>te</strong>riais, mas incluem oportunidades de desenvolvimento cultural e espiritual em cada<br />

estágio da vida. Envelhecer é <strong>um</strong> triunfo, mas para gozar a velhice é preciso dispor de<br />

políticas adequadas <strong>que</strong> garantam <strong>um</strong> mínimo de condições de qualidade de vida para<br />

os <strong>que</strong> chegam lá.<br />

O Brasil passou a se preocupar com o envelhecimento da população <strong>muito</strong><br />

tardiamen<strong>te</strong> (a partir da década de 70), em função <strong>do</strong> significativo crescimento da faixa<br />

etária acima de 60 anos (a previsão é de <strong>que</strong> em 2025 o Brasil ocupe o 6º lugar<br />

mundial de população i<strong>do</strong>sa). Dian<strong>te</strong> disso, faz-se necessário estabelecer <strong>que</strong> a<br />

Política Nacional <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so c<strong>um</strong>pra o objetivo de assegurar os direitos sociais das<br />

pessoas i<strong>do</strong>sas, crian<strong>do</strong> condições para promover sua autonomia, in<strong>te</strong>gração e<br />

participação efetiva na sociedade.<br />

Contu<strong>do</strong>, os currículos escolares precisam se adequar a essa nova realidade<br />

brasileira, incluin<strong>do</strong> con<strong>te</strong>ú<strong>do</strong>s volta<strong>do</strong>s ao processo de envelhecimento, valorização <strong>do</strong><br />

i<strong>do</strong>so e o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> Estatuto <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so, transforma<strong>do</strong> em Lei n° 10.741 em 1º de<br />

outubro de 2003. Só assim a formação <strong>do</strong> cidadão será voltada para <strong>um</strong> processo de<br />

mudança <strong>do</strong> comportamento com relação a pessoa i<strong>do</strong>sa, de forma a eliminar os<br />

<strong>muito</strong>s preconceitos exis<strong>te</strong>n<strong>te</strong>s.<br />

O reconhecimento <strong>do</strong>s direitos <strong>do</strong> cidadão quan<strong>do</strong> envelhece é <strong>um</strong> fato novo e<br />

precisa ser amplamen<strong>te</strong> divulga<strong>do</strong>, debati<strong>do</strong> e compreendi<strong>do</strong> dentro <strong>do</strong> espaço escolar,<br />

tornan<strong>do</strong> a sala de aula <strong>um</strong> lugar dinâmico, vivo, de socialização de <strong>muito</strong>s saberes<br />

<strong>que</strong> conduzam a <strong>um</strong>a nova conscientização social e a <strong>um</strong>a nova mentalidade sobre o<br />

envelhecimento.<br />

5


JUSTIFICATIVA<br />

O desenvolvimento desse <strong>te</strong>ma surgiu, inicialmen<strong>te</strong>, <strong>do</strong> in<strong>te</strong>resse <strong>do</strong>s alunos<br />

pela vida <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos asila<strong>do</strong>s. Conhecen<strong>do</strong> <strong>um</strong> <strong>pouco</strong> da realidade vivida por par<strong>te</strong> <strong>do</strong>s<br />

mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> <strong>recanto</strong> “Casa <strong>do</strong> Caminho”, asilo próximo à escola, foi firmada <strong>um</strong>a<br />

parceria entre a escola e a direção dessa instituição, no intuito de colaboração mútua<br />

entre ambas as par<strong>te</strong>s. Os alunos tiveram acesso livre a todas as dependências <strong>do</strong><br />

<strong>recanto</strong> e aos i<strong>do</strong>sos nele asila<strong>do</strong>s, a fim de levar <strong>um</strong> <strong>pouco</strong> de conforto, afeto,<br />

solidariedade e alegria à<strong>que</strong>las pessoas já tão marcadas pela vida.<br />

A seqüência didática desenvolvida foi pautada no <strong>te</strong>ma da inclusão social e da<br />

valorização da figura <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, <strong>te</strong>n<strong>do</strong> como princípio nor<strong>te</strong>a<strong>do</strong>r o resga<strong>te</strong> <strong>do</strong> papel <strong>do</strong><br />

i<strong>do</strong>so dentro da família e na sociedade em <strong>que</strong> está inseri<strong>do</strong>, <strong>que</strong>stão esta amplamen<strong>te</strong><br />

debatida pela sociedade brasileira em virtude <strong>do</strong> crescimento da população com idade<br />

mais avançada.<br />

O Brasil, an<strong>te</strong>s considera<strong>do</strong> o país <strong>do</strong>s jovens, agora precisa aprender a lidar<br />

com a nova condição da sua população e nada mais apropria<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>que</strong> pensar sobre<br />

isso ainda na infância. Cabe a escola oferecer ao aluno <strong>um</strong>a educação transforma<strong>do</strong>ra<br />

e <strong>um</strong>a aprendizagem significativa, oportunizan<strong>do</strong> a ressignicação <strong>do</strong>s seus<br />

conhecimentos, a reconstrução de seus valores e a (trans) formação <strong>do</strong> individuo em<br />

<strong>um</strong> cidadão pleno.<br />

O <strong>que</strong> começou como mera curiosidade <strong>do</strong>s alunos da classe, aos <strong>pouco</strong>s foi<br />

se transforman<strong>do</strong> n<strong>um</strong>a <strong>que</strong>stão <strong>muito</strong> ampla para ser discutida em <strong>um</strong> único dia e, por<br />

esse motivo, a <strong>que</strong>stão <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so passou a fazer par<strong>te</strong> da rotina de aula <strong>do</strong>s alunos da<br />

3ª série A duran<strong>te</strong> <strong>um</strong> bom <strong>te</strong>mpo...<br />

6


OBJETIVOS DO PROJETO<br />

As situações de ensino-aprendizagem desenvolvidas objetivaram tornar o aluno<br />

capaz de:<br />

- refletir, discutir e tomar ações direcionadas a vida digna da pessoa i<strong>do</strong>sa, pautada no<br />

respeito a seus direitos;<br />

- compreender a importância da sociedade atual de agregar novos papéis e<br />

significa<strong>do</strong>s para a vida na idade avançada;<br />

- dignificar as pessoas i<strong>do</strong>sas, asseguran<strong>do</strong>-lhes sua participação na comunidade e<br />

defenden<strong>do</strong> sua liberdade e autonomia;<br />

- respeitar, valorizar e difundir a ri<strong>que</strong>za da experiência ac<strong>um</strong>ulada pelos i<strong>do</strong>sos;<br />

- vivenciar na escola <strong>um</strong> espaço de socialização de saberes, envolven<strong>do</strong> as famílias e<br />

a comunidade local;<br />

- construir a consciência histórica alicerçada na perspectiva da continuidade e da<br />

transformação h<strong>um</strong>ana e social;<br />

- vivenciar as diferen<strong>te</strong>s formas de linguagem como instr<strong>um</strong>ento de educação<br />

transforma<strong>do</strong>ra <strong>que</strong> ajude na formação de <strong>um</strong> indivíduo com liberdade de expressão,<br />

senso crítico, criatividade, solidariedade e ação na sociedade em <strong>que</strong> vive.<br />

7


DESENVOLVIMENTO DO PROJETO<br />

O projeto “Recanto, <strong>encanto</strong>, <strong>saudade</strong>... Um <strong>pouco</strong> <strong>do</strong> <strong>muito</strong> <strong>que</strong> <strong>te</strong> <strong>dei</strong>” foi<br />

desenvolvi<strong>do</strong> no perío<strong>do</strong> de abril a junho de 2.007, <strong>te</strong>n<strong>do</strong> como público alvo os 28<br />

alunos (anexo 1) da 3ª série A da EMEF “Prof. Antônio Ribeiro”, na cidade de Marília<br />

(SP), contan<strong>do</strong> com a participação de suas respectivas famílias, da comunidade<br />

escolar e <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> <strong>recanto</strong> “Casa <strong>do</strong> Caminho”, localiza<strong>do</strong> nas<br />

proximidades da escola, sito a Rua Benedito Mendes Faria, nº 43, bairro Vila Hípica<br />

Paulista.<br />

A rotina diária das pessoas <strong>que</strong> habitavam o <strong>recanto</strong> para i<strong>do</strong>sos começou a<br />

despertar o in<strong>te</strong>resse de alguns alunos da classe <strong>que</strong> moravam nas proximidades e<br />

passavam por lá diariamen<strong>te</strong> para vir à escola. Sensibiliza<strong>do</strong>s com o <strong>que</strong> viam (solidão,<br />

aban<strong>do</strong>no, carência) trouxeram para a sala de aula essa problemática e <strong>que</strong>stionaram<br />

o motivo da<strong>que</strong>las pessoas estarem sujeitas à<strong>que</strong>la tris<strong>te</strong> situação. Dian<strong>te</strong> <strong>do</strong> crescen<strong>te</strong><br />

in<strong>te</strong>resse da classe e <strong>do</strong> r<strong>um</strong>o <strong>que</strong> a discussão tomou, as ações para o projeto foram<br />

traçadas em parceria com o dirigen<strong>te</strong> <strong>do</strong> <strong>recanto</strong> “Casa <strong>do</strong> Caminho”, Salomão Aukar,<br />

envolven<strong>do</strong> atividades gera<strong>do</strong>ras de reflexão <strong>te</strong>órica sobre o assunto e também<br />

atividades práticas, as quais serão descritas a seguir:<br />

1º Relato inicial <strong>do</strong>s alunos<br />

Com o objetivo de conhecer melhor o <strong>que</strong> pensava cada <strong>um</strong> <strong>do</strong>s alunos sobre a<br />

<strong>que</strong>stão <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so na sociedade atual, foram elaboradas perguntas acerca da relação<br />

<strong>que</strong> mantinham com seus avós ou bisavós. Com as respostas prontas (anexo 2) foi<br />

feita a socialização entre o grupo to<strong>do</strong>. O ponto mais marcan<strong>te</strong> da atividade foi em<br />

relação ao alto índice de alunos <strong>que</strong> afirmaram <strong>que</strong> as pessoas deviam morar em <strong>um</strong><br />

asilo quan<strong>do</strong> velhinhas, conforme mostra o gráfico construí<strong>do</strong> por eles (anexo 3).<br />

Questiona<strong>do</strong>s sobre isso, os motivos comuns foram: melhores cuida<strong>do</strong>s médicos e falta<br />

de <strong>te</strong>mpo da família.<br />

Questões apresentadas:<br />

1- Você <strong>te</strong>m avô, avó, bisavô ou bisavó? Você convive com eles com qual freqüência?<br />

Por quê?<br />

2- O <strong>que</strong> você acha deles? Por quê?<br />

3- Seus avós ou bisavós precisam de ajuda para fazer algo, como: ir ao banheiro ou<br />

tomar banho? Por quê?<br />

4- Na sua opinião, seus avós ou bisavós dão trabalho? Por quê?<br />

5- Você conhece alguém <strong>que</strong> more em <strong>um</strong> asilo? Quem? Sabe por <strong>que</strong> esta pessoa<br />

está moran<strong>do</strong> lá?<br />

6- Você acha <strong>que</strong> as pessoas devem ir morar em <strong>um</strong> asilo quan<strong>do</strong> velhinhas? Por quê?<br />

7- Na sua opinião, por <strong>que</strong> têm i<strong>do</strong>sos moran<strong>do</strong> em asilos?<br />

8- Um asilo é como nossa casa? Por quê?<br />

8


9- Qual a sua opinião sobre os i<strong>do</strong>sos?<br />

10- Você gosta de estar perto deles? Por quê?<br />

2º Trabalho com música<br />

Em continuidade ao assunto <strong>do</strong> dia an<strong>te</strong>rior, os alunos receberam cópia da letra<br />

da música “Couro de boi” (in<strong>te</strong>rpretada por Tonico e Tinoco) para fazerem a leitura e<br />

acompanharem sua audição. Depois, foi proposta a discussão sobre o descaso, a<br />

intolerância, o desafeto e o desrespeito contra o i<strong>do</strong>so. Eles ficaram surpresos com o<br />

desfecho da história contada na música (o filho também <strong>que</strong>r mandar o pai embora de<br />

casa assim como esse fez com o avô). Para averiguar o impacto causa<strong>do</strong> em cada<br />

aluno com essa música, foi solicita<strong>do</strong> <strong>um</strong> registro escrito ou desenha<strong>do</strong> da mensagem<br />

<strong>dei</strong>xada (anexo 4) após a reflexão realizada.<br />

COURO Couro de DE BoiBOI<br />

Conheço <strong>um</strong> velho dita<strong>do</strong> desde os <strong>te</strong>mpos <strong>do</strong>s zagais,<br />

Um pai trata <strong>dei</strong>s fio, <strong>dei</strong>s fio n<strong>um</strong> trata <strong>um</strong> pai,<br />

Sentin<strong>do</strong> o peso <strong>do</strong>s anos, sem podê mais trabaiá,<br />

Um veio peão estra<strong>dei</strong>ro, com seu fio foi morá,<br />

O rapaiz era casa<strong>do</strong> e a muié deu de impricá,<br />

Você mande o veio imbora, se não quisé <strong>que</strong> eu vá,<br />

O rapaiz coração duro, com o veinho foi falá:<br />

Para o senhor se mudá<br />

Meu pai eu vim lhe pedi<br />

Hoje aqui da minha casa<br />

O sinhô <strong>te</strong>m <strong>que</strong> saí<br />

Leva esse couro de boi<br />

Que eu acabei de curti<br />

Pra lhe servi de cuberta<br />

Daonde o sinho durmi<br />

O pobre véio cala<strong>do</strong><br />

Pegou o couro e saiu<br />

Seu neto de oito ano<br />

Que a<strong>que</strong>la cena assistiu<br />

Correu atrás <strong>do</strong> avô<br />

Seu palitó sacudiu<br />

Metade da<strong>que</strong>le couro<br />

Choran<strong>do</strong> ele pediu<br />

O véinho comovi<strong>do</strong><br />

Pra não vê o neto choran<strong>do</strong><br />

Cortou o couro no meio<br />

E pro netinho foi dan<strong>do</strong><br />

9


O menino chegou em casa<br />

Seu pai foi lhe perguntan<strong>do</strong><br />

Pra <strong>que</strong> você qué es<strong>te</strong> couro<br />

Que seu avô foi levan<strong>do</strong><br />

Disse o menino ao pai<br />

Um dia vou me casar<br />

O senhor vai ficar véio<br />

E comigo vem morar<br />

Pode ser <strong>que</strong> acon<strong>te</strong>ça<br />

De nóis n<strong>um</strong> se c<strong>um</strong>biná<br />

Essa metade <strong>do</strong> couro<br />

Vou dar pro senhor levar<br />

3º Entrevista com o dirigen<strong>te</strong> <strong>do</strong> <strong>recanto</strong><br />

Sen<strong>do</strong> os i<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> <strong>recanto</strong> “Casa <strong>do</strong> Caminho” o alvo de in<strong>te</strong>resse <strong>do</strong>s alunos,<br />

foi marcada <strong>um</strong>a entrevista com o seu dirigen<strong>te</strong> (Salomão Aukar). Para tanto, o rol de<br />

perguntas foi elabora<strong>do</strong> coletivamen<strong>te</strong> pela classe, engloban<strong>do</strong> as <strong>que</strong>stões <strong>que</strong><br />

gostariam de fazer para en<strong>te</strong>nder <strong>um</strong> <strong>pouco</strong> mais da vida das pessoas <strong>que</strong> moravam<br />

lá. Foram escolhi<strong>do</strong>s três representan<strong>te</strong>s dentre os alunos para irem até lá fazer a<br />

entrevista (anexo 5). De volta a classe, as respostas foram ouvidas com a<strong>te</strong>nção e<br />

grande in<strong>te</strong>resse por to<strong>do</strong>s, mas o entusiasmo logo foi substituí<strong>do</strong> pela tris<strong>te</strong>za no olhar<br />

de cada <strong>um</strong> ao conhecerem <strong>um</strong> <strong>pouco</strong> da realidade <strong>do</strong>s asila<strong>do</strong>s no <strong>recanto</strong>.<br />

Perguntas elaboradas pelos alunos:<br />

1- Quantos i<strong>do</strong>sos estão abriga<strong>do</strong>s aqui atualmen<strong>te</strong>?<br />

2- Quantas são as mulheres e quantos são os homens?<br />

3- Há alguém <strong>que</strong> possa ler ou escrever <strong>um</strong>a carta para a<strong>que</strong>les <strong>que</strong> não são<br />

alfabetiza<strong>do</strong>s ou <strong>que</strong> não possuem condição para isso? Quem?<br />

4- Quantas pessoas trabalham aqui para man<strong>te</strong>r o <strong>recanto</strong> funcionan<strong>do</strong>? O <strong>que</strong> fazem?<br />

5- O <strong>que</strong> os i<strong>do</strong>sos fazem duran<strong>te</strong> o dia?<br />

6- Eles participam de alg<strong>um</strong>a atividade de lazer? Qual?<br />

7- Qual a idade média <strong>do</strong>s abriga<strong>do</strong>s no <strong>recanto</strong>?<br />

8-Quais os motivos mais comuns <strong>que</strong> levaram esses i<strong>do</strong>sos a se abrigarem aqui?<br />

9- Quantos estão aqui por vontade própria?<br />

10- A família deles está sempre presen<strong>te</strong>? Faz visitas a cada quanto <strong>te</strong>mpo?<br />

10


11- Como eles se sen<strong>te</strong>m no dia-a-dia? Por quê?<br />

4ª Trocan<strong>do</strong> correspondência<br />

A atividade seguin<strong>te</strong> consistiu na a<strong>do</strong>ção simbólica de <strong>um</strong> amigo da 3ª idade.<br />

Fren<strong>te</strong> à inquietação <strong>do</strong>s alunos dian<strong>te</strong> da realidade vivida pelos i<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> <strong>recanto</strong>,<br />

foram apresentadas a eles fotos de alguns <strong>do</strong>s asila<strong>do</strong>s (anexo 6) para <strong>que</strong><br />

escolhessem a<strong>que</strong>le <strong>que</strong> mais se identificasse para trocarem correspondências.<br />

To<strong>do</strong>s a<strong>do</strong>raram a proposta e se empenharam <strong>muito</strong> na escrita das cartas<br />

(anexo 7): contaram sobre sua vida, a escola, o <strong>que</strong> mais gostavam de fazer, sua<br />

família, seus avós, os amigos... e também fizeram muitas perguntas ao novo amigo<br />

para se conhecerem melhor. Confecciona<strong>do</strong>s os envelopes, alguns representan<strong>te</strong>s<br />

escolhi<strong>do</strong>s pela classe levaram as cartas em mãos para os destinatários.<br />

As cartas-respostas (anexo 8) começaram a chegar dias depois e os alunos<br />

foram fican<strong>do</strong> mais entusiasma<strong>do</strong>s com essa estreita ligação com os i<strong>do</strong>sos,<br />

demonstran<strong>do</strong> carinho ao se referirem a eles, principalmen<strong>te</strong> por<strong>que</strong> alg<strong>um</strong>as cartas<br />

revelavam fatos tris<strong>te</strong>s de suas vidas, como a ausência <strong>do</strong>s filhos, o aban<strong>do</strong>no<br />

completo da família e debilidades físicas <strong>que</strong> possuíam.<br />

5º Ginástica com a 3ª idade<br />

Para promover <strong>um</strong> maior contato da classe com pessoas de idade mais<br />

avançada, foi programada <strong>um</strong>a aula de ginástica (anexo 9) com os alunos e <strong>um</strong> grupo<br />

de 3ª idade. Em acor<strong>do</strong> com o professor de Educação Física desse grupo <strong>do</strong> bairro, a<br />

aula foi realizada no ginásio de espor<strong>te</strong>s próximo à escola, às 7 horas da manhã,<br />

horário de início da aula.<br />

Esse encontro de gerações foi <strong>muito</strong> gratifican<strong>te</strong> para to<strong>do</strong>s, pois os i<strong>do</strong>sos<br />

puderam mostrar aos alunos <strong>que</strong> ainda têm muita disposição e força de vontade e<br />

auxiliaram <strong>muito</strong> as crianças na realização da ginástica. De volta à sala de aula, ainda<br />

nos foi possível discutir o problema <strong>do</strong> sedentarismo entre as crianças e a falta de<br />

atividades físicas no dia-a-dia delas.<br />

6º Conhecen<strong>do</strong> os direitos <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos<br />

Na seqüência didática planejada, foi apresenta<strong>do</strong> aos alunos o Estatuto <strong>do</strong><br />

I<strong>do</strong>so. Por ser <strong>um</strong>a leitura complexa, foram trabalha<strong>do</strong>s apenas os artigos mais<br />

importan<strong>te</strong>s <strong>do</strong> estatuto: Art. 1º, Art. 3º, Art. 10, Art. 20, Art. 23, Art. 39, Art. 40, Art. 41,<br />

Art. 42, Art. 49, Art. 96 e Art. 105 (anexo 10).<br />

Para dinamizar a aula, os alunos foram separa<strong>do</strong>s em pe<strong>que</strong>nos grupos com a<br />

tarefa de lerem <strong>um</strong> <strong>do</strong>s artigos especifica<strong>do</strong>s pela professora e traçarem comentários<br />

<strong>que</strong> oportunizassem o en<strong>te</strong>ndimento de toda a classe em relação a legislação<br />

estudada.<br />

Várias exemplificações foram feitas por eles, principalmen<strong>te</strong> no <strong>que</strong> tange ao<br />

desc<strong>um</strong>primento da lei. Associaram também a fragilidade <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos asila<strong>do</strong>s no<br />

<strong>recanto</strong> com a vivacidade da<strong>que</strong>les com <strong>que</strong>m fizeram ginástica, observan<strong>do</strong> <strong>que</strong> o<br />

auxílio, a convivência e o afeto da família são de s<strong>um</strong>a importância para a<strong>que</strong>les <strong>que</strong><br />

tanto já fizeram por essa sociedade. Para finalizar a atividade, cada aluno elaborou <strong>um</strong><br />

pe<strong>que</strong>no <strong>te</strong>xto-res<strong>um</strong>o (anexo11) sin<strong>te</strong>tizan<strong>do</strong> o con<strong>te</strong>ú<strong>do</strong> discuti<strong>do</strong> e as principais<br />

informações apreendidas sobre o Estatuto <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so.<br />

11


7º Confecção de sabão recicla<strong>do</strong><br />

Em conversa com funcionários <strong>do</strong> <strong>recanto</strong> “Casa <strong>do</strong> Caminho”, os alunos<br />

souberam <strong>que</strong> a despesa com ma<strong>te</strong>riais de limpeza e higiene pessoal era <strong>muito</strong> grande<br />

e <strong>que</strong> estavam precisan<strong>do</strong> de <strong>do</strong>ações de to<strong>do</strong>s os tipos. A partir daí, foi sugerida por<br />

<strong>um</strong>a das alunas (Adrielly) <strong>que</strong> fosse feito sabão com óleo recicla<strong>do</strong> assim como sua<br />

avó fazia, idéia essa aceita imediatamen<strong>te</strong> pela classe. Sua avó man<strong>do</strong>u a receita e a<br />

classe arreca<strong>do</strong>u os ma<strong>te</strong>riais necessários para a confecção <strong>do</strong> sabão.<br />

Uma semana depois, com tu<strong>do</strong> organiza<strong>do</strong> para a elaboração da receita, to<strong>do</strong>s<br />

“colocaram a mão na massa” (anexo 12). Cada <strong>um</strong> aju<strong>do</strong>u no <strong>que</strong> pôde, medin<strong>do</strong> e<br />

misturan<strong>do</strong> os ingredien<strong>te</strong>s, cortan<strong>do</strong> as caixinhas de lei<strong>te</strong> <strong>que</strong> serviriam de forminhas,<br />

desenforman<strong>do</strong> e embalan<strong>do</strong> as 40 pedras de sabão produzidas por toda a classe.<br />

Aproveitan<strong>do</strong> o <strong>te</strong>ma da aula, foram propostas atividades curriculares<br />

in<strong>te</strong>rdisciplinares. Na disciplina de Ma<strong>te</strong>mática, foi proposta a resolução de situaçãoproblema<br />

(anexo 13) criada a partir da receita trabalhada, envolven<strong>do</strong> noções de<br />

quantidade, medidas e números racionais. Na disciplina de História, foi feito <strong>um</strong> estu<strong>do</strong><br />

sobre a origem <strong>do</strong> sabão basea<strong>do</strong> no <strong>te</strong>xto “A ensaboada história <strong>do</strong> sabão”, extraí<strong>do</strong><br />

da Revista Ciências Hoje das Crianças <strong>do</strong> mês de maio de 2005. Para tanto, o <strong>te</strong>xto foi<br />

entregue com os parágrafos desordena<strong>do</strong>s (anexo 14) para os alunos montarem sua<br />

seqüência lógica a partir <strong>do</strong>s fatos li<strong>do</strong>s. Já na disciplina de Língua Portuguesa, o<br />

enfo<strong>que</strong> da<strong>do</strong> foi na tipologia <strong>te</strong>xtual, exploran<strong>do</strong> as par<strong>te</strong>s de <strong>um</strong>a receita e<br />

reestruturação de <strong>te</strong>xto (anexo 15).<br />

8º A primeira visita aos i<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> <strong>recanto</strong> “Casa <strong>do</strong> Caminho”<br />

Extremamen<strong>te</strong> ansiosos para conhecerem pessoalmen<strong>te</strong> o i<strong>do</strong>so com <strong>que</strong>m se<br />

corresponderam e as dependências <strong>do</strong> <strong>recanto</strong>, os alunos se prepararam para sua<br />

primeira visita. Foi organiza<strong>do</strong> <strong>um</strong> coral e ensaiadas duas músicas (anexo 16) para<br />

serem apresentadas aos i<strong>do</strong>sos: “Criança Esperança” (in<strong>te</strong>rpretada por Sandy &<br />

Júnior) e “Velha infância” (in<strong>te</strong>rpretada pelos Tribalistas).<br />

Em decorrência das comemorações para o Dia das Mães, <strong>que</strong> ocorreria <strong>do</strong>is<br />

dias após a visita <strong>do</strong>s alunos ao <strong>recanto</strong>, foi oportuno o trabalho de sensibilização da<br />

classe a partir <strong>do</strong> <strong>te</strong>xto jornalístico “Mães <strong>que</strong>rem apenas a presença <strong>do</strong>s filhos como<br />

presen<strong>te</strong>” (anexo 17), publica<strong>do</strong> no jornal Comarca de Garça em 11 de maio de 2002.<br />

Eis <strong>que</strong> chega o grande dia, afinal! Tu<strong>do</strong> organiza<strong>do</strong> para a visita, a classe toda<br />

r<strong>um</strong>ou para o <strong>recanto</strong>, à apenas alg<strong>um</strong>as quadras da escola, levan<strong>do</strong> consigo <strong>muito</strong><br />

carinho, alegria, expectativa e, é claro, os presen<strong>te</strong>s (o sabão recicla<strong>do</strong> <strong>que</strong> seria<br />

<strong>do</strong>a<strong>do</strong> ao <strong>recanto</strong>).<br />

A equipe de funcionários recebeu a to<strong>do</strong>s <strong>muito</strong> bem, apresentou cada <strong>um</strong> <strong>do</strong>s<br />

i<strong>do</strong>sos <strong>que</strong> lá residia e todas as dependências <strong>do</strong> <strong>recanto</strong>, <strong>dei</strong>xan<strong>do</strong> os alunos bem à<br />

vontade para circularem e conversarem com <strong>que</strong>m desejassem. A entrega da <strong>do</strong>ação<br />

foi feita ao dirigen<strong>te</strong> da instituição e o coral <strong>do</strong>s alunos foi lindamen<strong>te</strong> apresenta<strong>do</strong><br />

(anexo 18). Alguns i<strong>do</strong>sos se emocionaram com as crianças e foram afaga<strong>do</strong>s por elas.<br />

9º Um dia de aula com os avós<br />

Buscan<strong>do</strong> in<strong>te</strong>grar esse trabalho com a família <strong>do</strong>s alunos, foi proposta a visita<br />

<strong>do</strong>s avós na escola para <strong>te</strong>rem <strong>um</strong> dia de aula ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> seu neto. Os convi<strong>te</strong>s foram<br />

feitos formalmen<strong>te</strong> por cada aluno e, no dia e hora marca<strong>do</strong>s, lá estavam eles<br />

chegan<strong>do</strong> para alegrar nossa manhã.<br />

12


As atividades programadas para o dia foram: conhecer o laboratório de<br />

informática, realizar <strong>um</strong> mosaico das mãos, lanchar com os alunos e visitar a biblio<strong>te</strong>ca<br />

da escola. Não se pode mensurar a satisfação contida no rosto de cada <strong>um</strong>a das<br />

pessoas envolvidas com essas atividades: netinhos, netinhas, vovós, vovôs e até <strong>um</strong>a<br />

bisavó, to<strong>do</strong>s reuni<strong>do</strong>s na realização das atividades propostas (anexo 19), ora<br />

ajudan<strong>do</strong> ora sen<strong>do</strong> auxilia<strong>do</strong>s em suas dificuldades de colagem, de leitura, de<br />

manuseio <strong>do</strong> computa<strong>do</strong>r... cada <strong>um</strong> mostran<strong>do</strong> suas habilidades e exibin<strong>do</strong> suas<br />

dificuldades sem receio.<br />

Duran<strong>te</strong> a Hora <strong>do</strong> Conto, feita na biblio<strong>te</strong>ca, foi apresenta<strong>do</strong> o livro “Bisa Bia,<br />

Bisa Bel”, da autora Ana Maria Macha<strong>do</strong>, o qual <strong>dei</strong>xou os mais velhos encanta<strong>do</strong>s<br />

com a leitura, fazen<strong>do</strong>-os retornarem ao passa<strong>do</strong> e relembrarem seus <strong>te</strong>mpos de<br />

infância, quan<strong>do</strong> ainda ouviam as histórias contadas pelos adultos.<br />

O livro chamou a a<strong>te</strong>nção de to<strong>do</strong>s, pois conta a história da relação de <strong>um</strong>a<br />

menina chamada Isabel com sua bisavó Bia. Sua autora (Ana Maria Macha<strong>do</strong>) conta<br />

<strong>que</strong> escreveu esse livro pela <strong>saudade</strong> <strong>que</strong> sentia das avós e <strong>que</strong>ria falar sobre elas<br />

para os filhos, não imaginan<strong>do</strong> <strong>que</strong> estaria fazen<strong>do</strong> bem a tantas outras pessoas <strong>que</strong>,<br />

inevitavelmen<strong>te</strong>, já perderam seus avós e bisavós pelos caminhos da vida.<br />

10° Valorização <strong>do</strong> conhecimento construí<strong>do</strong> pelo i<strong>do</strong>so<br />

Novas atividades curriculares foram agregadas ao projeto em desenvolvimento.<br />

Em virtude da aproximação das festas juninas, foi proposta <strong>um</strong>a entrevista com<br />

pessoas mais velhas para sabermos como essas festas eram comemoradas<br />

antigamen<strong>te</strong> pelos mora<strong>do</strong>res aqui da cidade de Marília e, para tanto, <strong>um</strong>a entrevista<br />

foi montada pelos alunos, contan<strong>do</strong> com <strong>que</strong>stões relativas ao assunto trabalha<strong>do</strong>.<br />

Tu<strong>do</strong> isso no intuito de construir conhecimentos sobre a História da cidade a partir <strong>do</strong><br />

resga<strong>te</strong> e da valorização <strong>do</strong> conhecimento ac<strong>um</strong>ula<strong>do</strong> pela comunidade, em especial<br />

pela pessoa i<strong>do</strong>sa.<br />

Questões elaboradas pelos alunos<br />

Con<strong>te</strong> como eram as Festas Juninas na sua infância<br />

1. Onde acon<strong>te</strong>ciam as Festas Juninas de antigamen<strong>te</strong>? Quem organizava essas<br />

festas?<br />

2. No passa<strong>do</strong>, as Festas Juninas eram realizadas a noi<strong>te</strong>? Por quê?<br />

3. Quais brinca<strong>dei</strong>ras havia nas Festas Juninas <strong>que</strong> você freqüentava quan<strong>do</strong> criança?<br />

4. Quais as comidas típicas <strong>que</strong> havia? Eram vendidas duran<strong>te</strong> a festa, assim como<br />

são hoje?<br />

5. Descreva, detalhadamen<strong>te</strong>, como eram os trajes usa<strong>do</strong>s na festa.<br />

6. Quais as músicas <strong>que</strong> animavam as Festas Juninas de antigamen<strong>te</strong>? Ci<strong>te</strong> o nome<br />

da<strong>que</strong>las <strong>que</strong> se lembrar.<br />

7. Que tipo de dança tinha nas antigas Festas Juninas <strong>que</strong> freqüentava?<br />

13


8. Do <strong>que</strong> você sen<strong>te</strong> <strong>saudade</strong> das Festas Juninas de antigamen<strong>te</strong>? Por quê?<br />

A partir da socialização das respostas trazidas pelos alunos, foi possível<br />

elaborar <strong>um</strong> <strong>te</strong>xto coletivo resgatan<strong>do</strong> as antigas tradições juninas (anexo 20) e<br />

também criar <strong>um</strong> <strong>te</strong>xto em quadrinhos contan<strong>do</strong> como as festas juninas eram<br />

comemoradas antigamen<strong>te</strong> em nossa cidade (anexo 21), ma<strong>te</strong>rial <strong>que</strong> serviu de estu<strong>do</strong><br />

e consulta para as demais <strong>te</strong>rceiras séries da escola <strong>que</strong> também estudavam a história<br />

local.<br />

Ainda trabalhan<strong>do</strong> com as informações coletadas nessa entrevista realizada, a<br />

classe retornou ao estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>te</strong>ma junino, sen<strong>do</strong> proposta <strong>um</strong>a pesquisa on-line no<br />

laboratório de informática, a fim de encontrarem as receitas típicas das festas juninas,<br />

citadas pelos entrevista<strong>do</strong>s. Com elas, cada <strong>um</strong> elaborou seu porta-receitas (anexo 22)<br />

para presen<strong>te</strong>ar a pessoa i<strong>do</strong>sa entrevistada, como forma de agradecimento.<br />

11° Campanha de arrecadação de agasalhos<br />

Buscan<strong>do</strong> envolvimento da comunidade escolar, os alunos organizaram <strong>um</strong>a<br />

campanha de arrecadação de agasalhos para <strong>do</strong>ação aos i<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> <strong>recanto</strong> “Casa <strong>do</strong><br />

Caminho”. Assim, solicitaram autorização da direção da escola e passaram em todas<br />

as classes pedin<strong>do</strong> a contribuição de to<strong>do</strong>s. Diariamen<strong>te</strong>, reforçavam o reca<strong>do</strong> e<br />

recolhiam as <strong>do</strong>ações feitas (anexo 23). A meta estabelecida por eles (100 peças<br />

arrecadadas) foi conseguida em duas semanas graças ao empenho de toda a<br />

comunidade escolar.<br />

Agendada nova visita ao <strong>recanto</strong>, lá se foi a classe novamen<strong>te</strong>, to<strong>do</strong>s con<strong>te</strong>n<strong>te</strong>s<br />

por estarem entregan<strong>do</strong> as <strong>do</strong>ações conseguidas (anexo 24) e poderem diminuir <strong>um</strong><br />

pouquinho da dificuldade passada pelos asila<strong>do</strong>s <strong>que</strong>ri<strong>do</strong>s por eles.<br />

Oportunamen<strong>te</strong>, os alunos presen<strong>te</strong>aram os i<strong>do</strong>sos também com <strong>um</strong> portaretrato<br />

(anexo 25) confecciona<strong>do</strong> por eles próprios, aproveitan<strong>do</strong> as fotos usadas no<br />

início <strong>do</strong> projeto, quan<strong>do</strong> escolheram <strong>um</strong> i<strong>do</strong>so para trocarem correspondências. O elo<br />

de amizade e de afeto estava cada vez mais for<strong>te</strong> entre as crianças e os i<strong>do</strong>sos e lá no<br />

<strong>recanto</strong>, os alunos já se sentiam como se fossem “de casa”.<br />

12° Novas reflexões sobre a velhice<br />

Prosseguin<strong>do</strong> com o desenvolvimento <strong>do</strong> projeto, foi proposta à classe a<br />

audição da música “Velho pai” (in<strong>te</strong>rpretada por Jaine) com objetivo de despertar a<br />

sensibilidade <strong>do</strong>s alunos e exaltar as diferenças exis<strong>te</strong>n<strong>te</strong>s entre o con<strong>te</strong>ú<strong>do</strong> trazi<strong>do</strong> na<br />

letra dessa música e na letra da outra música já trabalhada “Couro de boi”.<br />

MEU VELHO PAI<br />

Meu velho pai<br />

Pres<strong>te</strong> a<strong>te</strong>nção no <strong>que</strong> eu lhe digo<br />

Meu pobre papai <strong>que</strong>ri<strong>do</strong><br />

Enxugue as lágrimas <strong>do</strong> rosto<br />

Por <strong>que</strong> papai <strong>que</strong> você chora tão sozinho?<br />

Me conta, meu papaizinho,<br />

O <strong>que</strong> lhe causa desgosto?<br />

Estou notan<strong>do</strong> <strong>que</strong> você está cansa<strong>do</strong><br />

14


Meu pobre velho a<strong>do</strong>ra<strong>do</strong><br />

Sua filha está falan<strong>do</strong><br />

Quero saber qual é a tris<strong>te</strong>za <strong>que</strong> exis<strong>te</strong><br />

Não <strong>que</strong>ro ver você tris<strong>te</strong><br />

Por <strong>que</strong> é <strong>que</strong> está choran<strong>do</strong>?<br />

Quan<strong>do</strong> lhe vejo tão tristonho desse jeito<br />

Sinto estremecer meu peito<br />

Ao pulsar meu coração<br />

Meu pobre pai, você sofreu pra me criar<br />

Agora eu vou lhe cuidar<br />

Essa é a minha obrigação<br />

Não <strong>te</strong>nha me<strong>do</strong>, meu velhinho a<strong>do</strong>ra<strong>do</strong><br />

Estarei sempre a seu la<strong>do</strong><br />

Não lhe <strong>dei</strong>xarei jamais<br />

Eu sou o sangue <strong>do</strong> seu sangue, papaizinho<br />

Não vou lhe <strong>dei</strong>xar sozinho<br />

Não <strong>te</strong>nha me<strong>do</strong> meu pai<br />

Você sofreu quan<strong>do</strong> eu era ainda criança<br />

Não me sai mais da lembrança<br />

Seu carinho, seus cuida<strong>do</strong>s<br />

Eu fi<strong>que</strong>i grande, estou seguin<strong>do</strong> meu caminho<br />

E você ficou velhinho<br />

Mas estou sempre a seu la<strong>do</strong><br />

Meu pobre pai, seus passos longos silenciaram<br />

Seus cabelos branquiaram<br />

Seu olhar escureceu<br />

A sua voz quase <strong>que</strong> não se ouve mais<br />

Não <strong>te</strong>nha me<strong>do</strong> meu pai<br />

Quem cuida de você sou eu<br />

Meu papaizinho, não precisa mais chorar<br />

Saiba <strong>que</strong> não vou <strong>dei</strong>xar<br />

Você sozinho, aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong><br />

Eu sou seu guia, sou seu <strong>te</strong>mpo e sou seus passos<br />

Sou sua luz e sou seus braços<br />

Sua filha abençoada!<br />

A partir dessa reflexão, foi realizada <strong>um</strong>a dinâmica de grupo chamada “Caixa<br />

surpresa”. Para tanto, foi solicita<strong>do</strong> aos alunos <strong>que</strong> escrevessem em <strong>um</strong> papel avulso<br />

<strong>um</strong>a pergunta para os colegas de classe <strong>que</strong> estivesse diretamen<strong>te</strong> relacionada aos<br />

problemas enfrenta<strong>do</strong>s pelos i<strong>do</strong>sos na sociedade atual, tal como a convivência<br />

familiar, o respeito, o afeto, o conhecimento, os direitos e a violência. Todas as<br />

<strong>que</strong>stões foram colocadas em <strong>um</strong>a caixa surpresa para serem misturadas e sor<strong>te</strong>adas<br />

entre os alunos, de forma <strong>que</strong> cada <strong>um</strong> ficasse responsável por responder <strong>um</strong>a das<br />

perguntas elaboradas. A caixa surpresa foi passan<strong>do</strong> de mão em mão e trazia<br />

realmen<strong>te</strong> <strong>um</strong>a surpresa a cada resposta vinda <strong>do</strong>s alunos (anexo 26), demonstran<strong>do</strong> o<br />

quanto cresceram em conhecimento, ética e cidadania duran<strong>te</strong> a execução <strong>do</strong> projeto.<br />

15


13° Sentin<strong>do</strong> na pele<br />

Em continuidade às reflexões feitas acima, foi realizada mais <strong>um</strong>a dinâmica no<br />

quios<strong>que</strong> da escola, agora com o intuito de fazer os alunos vivenciarem <strong>um</strong> <strong>pouco</strong> das<br />

dificuldades passadas pelos i<strong>do</strong>sos no dia-a-dia, devi<strong>do</strong> aos problemas causa<strong>do</strong>s por<br />

de<strong>te</strong>rminadas debilidades físicas. Dian<strong>te</strong> disso, alguns alunos se dispuseram a<br />

participar das atividades preparadas (anexo 27): alguns tiveram a visão tapada, outros<br />

tiveram mãos, braços ou pernas imobiliza<strong>do</strong>s e ainda <strong>te</strong>ve a<strong>que</strong>les <strong>que</strong> se<br />

locomoveram usan<strong>do</strong> ca<strong>dei</strong>ra de rodas.<br />

O reulta<strong>do</strong> foi surpreenden<strong>te</strong> entre a classe, pois não imaginavam <strong>que</strong> tais<br />

problemas comprome<strong>te</strong>ssem e causassem tanta insegurança na vida de <strong>um</strong>a pessoa.<br />

O relato <strong>do</strong>s alunos voluntários serviu de reflexão para to<strong>do</strong>s, principalmen<strong>te</strong> em<br />

relação aos ca<strong>dei</strong>ran<strong>te</strong>s, pois <strong>muito</strong>s obstáculos foram encontra<strong>do</strong>s pelo caminho, tais<br />

como pedras, buracos, grama, areia e rampas <strong>que</strong> dificultaram a locomoção,<br />

obstáculos esses <strong>que</strong> nem eram leva<strong>do</strong>s em consideração pela maioria da classe.<br />

14° Trabalho com <strong>te</strong>xto<br />

Objetivan<strong>do</strong> resgatar o senti<strong>do</strong> amplo da palavra “família”, foi apresentada aos<br />

alunos a letra da música “Utopia” (in<strong>te</strong>rpretada por Padre Zezinho). Primeiramen<strong>te</strong>, foi<br />

feita a leitura silenciosa <strong>do</strong> <strong>te</strong>xto pela classe e depois foi solicita<strong>do</strong> <strong>que</strong> recontassem a<br />

história em versos <strong>que</strong> acabaram de ler. Surgiram histórias bem in<strong>te</strong>ressan<strong>te</strong>s,<br />

baseadas nos fatos apresenta<strong>do</strong>s no <strong>te</strong>xto e outros cria<strong>do</strong>s por eles mesmos (alguns<br />

alunos até acrescentaram i<strong>do</strong>sos no seio familiar). A seguir, foi feita a audição da<br />

música e os alunos cantaram juntamen<strong>te</strong> com o intérpre<strong>te</strong>.<br />

Pos<strong>te</strong>riormen<strong>te</strong>, foi lançada a proposta de produção de <strong>um</strong> <strong>te</strong>xto em prosa<br />

(anexo 28), a partir <strong>do</strong> <strong>que</strong> estava sen<strong>do</strong> canta<strong>do</strong> e conta<strong>do</strong> na música em <strong>que</strong>stão. O<br />

resulta<strong>do</strong> foi <strong>muito</strong> bom, pois os alunos a<strong>te</strong>nderam a proposta e elaboraram histórias<br />

de vida <strong>que</strong> anseiam viver hoje em dia, haja vista o alto índice de famílias<br />

desestruturadas <strong>que</strong> nos deparamos diariamen<strong>te</strong>.<br />

UTOPIA<br />

Das muitas coisas <strong>do</strong> meu <strong>te</strong>mpo de criança<br />

Guar<strong>do</strong> vivo na lembrança<br />

O aconchego <strong>do</strong> meu lar<br />

No fim da tarde, quan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s se aquietavam,<br />

A família se ajuntava lá no alpendre a conversar<br />

Meus pais não tinham nem escola e nem dinheiro<br />

To<strong>do</strong> dia, o ano in<strong>te</strong>iro, trabalhavam sem parar<br />

Faltava tu<strong>do</strong>, mas a gen<strong>te</strong> nem ligava<br />

O importan<strong>te</strong> não faltava<br />

Seu sorriso e seu olhar<br />

Eu, tantas vezes, vi meu pai chegar cansa<strong>do</strong><br />

Mas aquilo era sagra<strong>do</strong><br />

Um por <strong>um</strong> ele afagava<br />

E perguntava <strong>que</strong>m fizera estripulia<br />

16


E mamãe nos defendia<br />

E tu<strong>do</strong> aos <strong>pouco</strong>s se ajeitava<br />

15° A<strong>do</strong><strong>te</strong> <strong>um</strong> amigo da 3ª idade<br />

O sol se punha, a viola alguém trazia<br />

To<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> então pedia<br />

Pro papai cantar com a gen<strong>te</strong><br />

Desafina<strong>do</strong>, meio rouco e voz cansada<br />

Ele cantava mil toadas<br />

Seu olhar no sol poen<strong>te</strong><br />

Correu o <strong>te</strong>mpo e hoje eu vejo a maravilha<br />

De se <strong>te</strong>r <strong>um</strong>a família<br />

Quan<strong>do</strong> tantos não a têm<br />

Agora falam <strong>do</strong> desqui<strong>te</strong> ou <strong>do</strong> divórcio<br />

O amor virou consórcio<br />

Compromisso de ninguém<br />

Há tantos filhos <strong>que</strong> bem mais <strong>do</strong> <strong>que</strong> <strong>um</strong> palácio<br />

Gostariam de <strong>um</strong> abraço<br />

E <strong>do</strong> carinho entre seus pais<br />

Se os pais amassem<br />

O divórcio não viria<br />

Chamam a isso de utopia<br />

Eu a isso chamo paz<br />

Assim como os 28 alunos da classe envolvi<strong>do</strong>s nesse projeto, outras pessoas da<br />

comunidade escolar também contribuíram para o bem-estar <strong>do</strong>s abriga<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>recanto</strong>.<br />

Em <strong>um</strong>a das reuniões pedagógicas, três representan<strong>te</strong>s da classe expuseram o<br />

trabalho <strong>que</strong> estava sen<strong>do</strong> feito com a turma e alg<strong>um</strong>as das dificuldades pelas quais os<br />

asila<strong>do</strong>s passavam. Feito isso, os alunos propuseram aos professores a a<strong>do</strong>ção<br />

simbólica <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos. Cada <strong>um</strong> “escolheu” <strong>um</strong>a das pessoas mora<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> <strong>recanto</strong><br />

através de <strong>um</strong> painel de fotos e se preparou para a visita <strong>que</strong> faria na semana<br />

seguin<strong>te</strong>, junto ao grupo de <strong>do</strong>cen<strong>te</strong>s.<br />

Os alunos não puderam acompanhá-los nessa visita, mas as fotos (anexo 29)<br />

revelaram <strong>que</strong> foi <strong>um</strong> acon<strong>te</strong>cimento importan<strong>te</strong> e raro na vida de <strong>muito</strong>s, basta analisar<br />

a expressão de cada pessoa envolvida nessa atividade. Não restam dúvidas <strong>que</strong> essa<br />

foi <strong>um</strong>a lição de vida para to<strong>do</strong>s <strong>que</strong>, embora hoje sejam jovens, independen<strong>te</strong>s e<br />

saudáveis, não estão livres desse processo natural de envelhecimento e,<br />

conseqüen<strong>te</strong>men<strong>te</strong>, das suas mazelas.<br />

16º Reven<strong>do</strong> valores e atitudes<br />

Depois <strong>do</strong> desenvolvimento de toda a seqüência didática planejada, os alunos<br />

foram novamen<strong>te</strong> <strong>que</strong>stiona<strong>do</strong>s acerca da possibilidade de <strong>um</strong>a pessoa morar em <strong>um</strong><br />

asilo quan<strong>do</strong> velhinha. Surpreenden<strong>te</strong>men<strong>te</strong>, mas já espera<strong>do</strong> devi<strong>do</strong> o eleva<strong>do</strong> grau<br />

de envolvimento <strong>do</strong>s alunos duran<strong>te</strong> o projeto, a segunda pesquisa de opinião (anexo<br />

3) revelou a mudança quase <strong>que</strong> hunâmine de postura entre os alunos, os quais<br />

17


falavam com segurança sobre esse problema <strong>que</strong> envolve toda a sociedade, pauta<strong>do</strong>s<br />

n<strong>um</strong> conhecimento adquiri<strong>do</strong> na prática e na <strong>te</strong>oria, dentro e fora da sala de aula.<br />

17° Hora <strong>do</strong> Conto<br />

Partin<strong>do</strong> <strong>do</strong> pressuposto <strong>que</strong> a leitura abre portas para <strong>um</strong> novo mun<strong>do</strong>, foi<br />

organizada com a classe a “Roda da Leitura”, <strong>te</strong>n<strong>do</strong> o objetivo de divulgar as leituras<br />

realizadas dentro da escola e levá-las para além de seus muros, adentran<strong>do</strong> as<br />

dependências <strong>do</strong> <strong>recanto</strong> “Casa <strong>do</strong> Caminho” e na alma de cada <strong>um</strong> <strong>do</strong>s seus<br />

mora<strong>do</strong>res.<br />

Assim, abrin<strong>do</strong> esse círculo de leitura, foi apresenta<strong>do</strong> aos alunos o livro de<br />

li<strong>te</strong>ratura infantil intitula<strong>do</strong> “Guilherme Augusto Araújo Fernandes”, <strong>do</strong> autor Mem Fox.<br />

Os alunos a<strong>do</strong>raram as ilustrações, os personagens (a maioria eram pessoas i<strong>do</strong>sas<br />

ou de idade já avançada <strong>que</strong> moravam em <strong>um</strong> asilo) e o enre<strong>do</strong> da história, <strong>que</strong><br />

tratava da amizade entre <strong>um</strong> jovem menino e <strong>um</strong>a velha senhora.<br />

Após essa leitura, os alunos foram convida<strong>do</strong>s à participação mais ativa nessa<br />

atividade, sen<strong>do</strong> solicita<strong>do</strong> a cada <strong>um</strong> deles <strong>que</strong> selecionasse o livro <strong>que</strong> mais lhe<br />

despertou o in<strong>te</strong>resse duran<strong>te</strong> suas leituras realizadas na biblio<strong>te</strong>ca da escola ou em<br />

casa, no intuito de divulgá-lo entre a classe e lê-lo para as pessoas asiladas.<br />

Excita<strong>do</strong>s com a idéia de nova visita ao <strong>recanto</strong>, to<strong>do</strong>s se dedicaram a leitura<br />

<strong>do</strong>s livros seleciona<strong>do</strong>s (anexo 30) e ensaiaram bem a leitura an<strong>te</strong>s <strong>do</strong> dia combina<strong>do</strong>,<br />

len<strong>do</strong> em voz alta para a classe, para os colegas, para si próprio, para os familiares e<br />

até fren<strong>te</strong> ao espelho.<br />

Novamen<strong>te</strong> os alunos saíram em visita aos i<strong>do</strong>sos no <strong>recanto</strong> e, em cantinhos<br />

improvisa<strong>do</strong>s e espalha<strong>do</strong>s por várias dependências <strong>do</strong> prédio onde os i<strong>do</strong>sos residem,<br />

fizeram a leitura <strong>do</strong>s livros a to<strong>do</strong>s a<strong>que</strong>les <strong>que</strong> se in<strong>te</strong>ressaram por essa atividade.<br />

Muitos i<strong>do</strong>sos resistiram a leitura no início, mas logo foram enreda<strong>do</strong>s por essa força<br />

invisível <strong>que</strong> traz encantamento, alegria e esperança ao mun<strong>do</strong>: a leitura.<br />

De volta a escola, foi lida para os alunos a mensagem para reflexão individual:<br />

18


RESULTADOS OBTIDOS<br />

Duran<strong>te</strong> o desenvolvimento <strong>do</strong> projeto, os alunos demonstraram maior<br />

sensibilidade e respeito com as pessoas mais velhas. Até mesmo dentro da escola,<br />

com os funcionários de idade mais avançada, o relacionamento mu<strong>do</strong>u e surpreendeu<br />

a to<strong>do</strong>s pelo novo comportamento da turma, agora mais calma, pacien<strong>te</strong> e toleran<strong>te</strong><br />

com a fragilidade <strong>do</strong> ser h<strong>um</strong>ano.<br />

A segunda pesquisa de opinião feita já no final <strong>do</strong> projeto também evidencia <strong>que</strong><br />

os alunos passaram a compreender melhor a importância da convivência familiar para<br />

as pessoas i<strong>do</strong>sas, destarcan<strong>do</strong> a possibilidade de abrigarem os i<strong>do</strong>sos em <strong>um</strong> asilo,<br />

<strong>recanto</strong> ou casa de repouso, como acreditavam ser o melhor para essas pessoas logo<br />

no início <strong>do</strong> projeto.<br />

Os alunos aprenderam ainda a se colocar mais no lugar <strong>do</strong> outro, a refletir<br />

melhor sobre as conseqüências de seus atos, a cooperar com a<strong>que</strong>les <strong>que</strong> necessitam,<br />

a respeitar o limi<strong>te</strong> físico de cada <strong>um</strong> e a dar mais importância à saúde e às pe<strong>que</strong>nas<br />

alegrias da vida.<br />

Muitos alunos criaram vínculos afetivos com o i<strong>do</strong>so <strong>que</strong> trocaram<br />

correspondência, como é o caso <strong>do</strong>s alunos Mariane e Lucas, <strong>que</strong> passaram a ser<br />

trata<strong>do</strong>s como netinhos <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos Maria da Conceição e Sebastião, trocan<strong>do</strong> afeto e<br />

confidências.<br />

Também a família <strong>do</strong>s alunos foram envolvidas com o trabalho realiza<strong>do</strong> em sala<br />

de aula e, além da participação <strong>do</strong>s avós, <strong>muito</strong>s pais foram incentiva<strong>do</strong>s por seus<br />

filhos a visitarem os i<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> <strong>recanto</strong> nos finais de semana. Alguns pais<br />

parabenizaram e valorizaram <strong>muito</strong> o trabalho realiza<strong>do</strong> com os alunos, agora mais<br />

conscien<strong>te</strong>s e preocupa<strong>do</strong>s com os problemas enfrenta<strong>do</strong>s pela população i<strong>do</strong>sa de<br />

hoje <strong>que</strong>, se não resolvi<strong>do</strong>s adequadamen<strong>te</strong>, serão grande empecilho também na<br />

velhice de nossa geração.<br />

Esse trabalho desenvolvi<strong>do</strong> com os alunos, a escola e a família também gerou<br />

mais frutos: foi ganha<strong>do</strong>r <strong>do</strong> “Selo Escola Solidária 2007” e se encontra divulga<strong>do</strong> no<br />

si<strong>te</strong> <strong>do</strong> “Instituto Faça Par<strong>te</strong>” (www.facapar<strong>te</strong>.org.br), mais <strong>um</strong>a forma de mostar a<br />

to<strong>do</strong>s <strong>que</strong> é possível mudar a educação e, por conseqüência, a sociedade em <strong>que</strong><br />

vivemos.<br />

19


AVALIAÇÃO<br />

Ainda <strong>que</strong> <strong>muito</strong>s <strong>te</strong>çam comentários e elaborem conclusões pessimistas <strong>que</strong><br />

invalidam o sis<strong>te</strong>ma educacional brasileiro, há a<strong>que</strong>les <strong>que</strong> lutam por sua melhoria e<br />

validação. Ao desl<strong>um</strong>brarmos os fracassos, por vezes nos es<strong>que</strong>cemos de a<strong>te</strong>ntar para<br />

os pe<strong>que</strong>nos gestos e atitudes <strong>que</strong> fazem da escola <strong>um</strong> espaço vivo, dinâmico e<br />

múltiplo.<br />

O projeto descrito aqui atingiu os objetivos propostos e c<strong>um</strong>priu com as ações<br />

planejadas, tornan<strong>do</strong> possível <strong>um</strong> trabalho in<strong>te</strong>rdisciplinar volta<strong>do</strong> para a formação<br />

ética e cidadã <strong>do</strong>s indivíduos, baseada na compreensão da importância da construção<br />

de <strong>um</strong>a sociedade capaz de agregar novos papéis e significa<strong>do</strong>s para a vida na idade<br />

avançada.<br />

O grande envolvimento da comunidade escolar na arrecadação de agasalhos e<br />

na a<strong>do</strong>ção simbólica de <strong>um</strong> <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos mostra <strong>que</strong> a sociedade não está alheia a essa<br />

problemática, mas <strong>que</strong> faltam ações mais concretas de to<strong>do</strong>s para <strong>que</strong> a realidade<br />

mude. Investir no processo de formação e conscientização <strong>do</strong>s alunos é o <strong>que</strong> <strong>te</strong>mos<br />

de mais urgen<strong>te</strong> e pruden<strong>te</strong> a se fazer hoje, objetivan<strong>do</strong> <strong>um</strong>a mudança social a partir<br />

da base da sociedade: as crianças.<br />

O fato de a população estar envelhecen<strong>do</strong> pode significar <strong>um</strong>a possibilidade de<br />

amadurecimento <strong>do</strong>s atos e das relações sociais, econômicas, culturais e espirituais da<br />

h<strong>um</strong>anidade em geral, o <strong>que</strong> pode contribuir em <strong>muito</strong> para paz e o desenvolvimento<br />

globais no século XXI e a escola não pode ficar alheia aos problemas <strong>que</strong> influenciam<br />

a formação <strong>do</strong>s alunos.<br />

Sen<strong>do</strong> a sala de aula <strong>um</strong> espaço complexo, contraditório, cultural, histórico e<br />

múltiplo, é fundamental <strong>que</strong> a nova geração seja engajada em causas sociais como<br />

esta, sen<strong>do</strong> o professor o in<strong>te</strong>rmediário entre o aluno e o processo de apropriaçãoprodução<br />

<strong>do</strong> saber como condição indispensável a <strong>um</strong>a participação organizada e ativa<br />

na sociedade a qual per<strong>te</strong>nce.<br />

20


ANEXOS<br />

21

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!