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1 PAULO E ESTEVÃO FRANCISCO CÂNDIDO ... - O Consolador

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254<br />

Ninguém se interessou por Jesus e, muito menos, em oferecer -lhe<br />

hospedagem por uma simples questão de simpatia. Era a primeira vez, desde<br />

que iniciara a tarefa missionária, que se retiraria de uma cidade sem fundar<br />

uma igreja. Nas aldeias mais rústicas, sempre aparecia alguém que copiava as<br />

anotações de Levi para começar o labor evángélico no recinto humilde de um<br />

lar. Em Atenas ninguém apareceu inte ressado na leitura dos textos evan -<br />

gélicos. Entretanto, foi tanta a insistência de Paulo junto de algumas<br />

personagens em evidência, que o leva ram ao Areópago, para tomar contacto<br />

com os homens mais sábios e inteligentes da época.<br />

Os componentes do nobre c onclave receberam-lhe a visita com mais<br />

curiosidade que interesse.<br />

O Apóstolo ali penetrara por mercê de Dionisio, homem culto e generoso,<br />

que lhe atendera às solicitações, a fim de observar até onde ia a sua coragem<br />

na apresentação da doutrina desconheci da.<br />

Paulo começou impressionando o auditório aristocrá tico, referindo-se ao<br />

“Deus desconhecido”, homenageado nos altares atenienses. Sua palavra<br />

vibrante apresentava cambiantes singulares; as imagens eram muito mais ricas<br />

e formosas que as registradas pel o autor dos Atos. O próprio Dionisio estava<br />

admirado. O Apóstolo revela va-se-lhe muito diferente de quando o vira na<br />

praça pública. Falava com alta nobreza, com ênfase; as imagens revestiam -se<br />

de extraordinário colorido; mas, quando, co meçou a discorrer sobre a<br />

ressurreição, houve forte e prolongado murmúrio. As galerias riam a bandeiras<br />

despregadas, choviam remoques acerados. A aristocracia Intelectual ateniense<br />

não podia ceder nos seus preconcei tos científicos.<br />

Os mais irônicos deixavam o recinto com gargalhadas sarcásticas,<br />

enquanto os mais comedidos, em consi deração a Dionisio, aproximaram -se do<br />

Apóstolo com sorrisos intraduzíveis, declarando que o ouviriam de bom grado<br />

por outra vez, quando não se desse ao luxo de comentar assuntos de ficção.<br />

Paulo ficou, naturalmente, desolado. No momento, não podia chegar à<br />

conclusão de que a falsa cultura encontrará sempre, na sabedoria verdadeira,<br />

uma expressão de coisas imaginárias e sem sentido. A atitude do Areópago<br />

não lhe permitiu chegar ao fim. Em breve o suntuoso recinto estava quase<br />

silencioso, O Apóstolo, então, lembrou que seria preferível arrostar o tumulto<br />

dos judeus. Onde houvesse luta, haveria sempre frutos a colher. As discussões<br />

e os atritos, em muitos casos, representavam o revolvimento da ter ra espiritual<br />

para a semente divina. Ali, entretanto, encontrara a frieza da pedra. O mármore<br />

das colunas soberbas deu-lhe imediatamente a imagem da situação. A cultura<br />

ateniense era bela e bem cuidada, impressionava pelo exterior magnífico, mas<br />

estava fria, com a rigidez da morte intelectual.<br />

Apenas Dionisio e uma jovem senhora de nome Dâmaris e alguns serviçais<br />

do palácio permaneciam a seu lado, extremamente constrangidos, embora<br />

propensos à causa.<br />

Não obstante o desapontamento, Paulo de Tarso fez o possí vel por evitar a<br />

nuvem de tristeza que pairava sobre todos, a começar por ele próprio. Ensaiou<br />

um sorriso de conformação e tentou algo de bom -humor. Dionisio consolidou,<br />

ainda mais, sua admiração pelas pode rosas qualidades espirituais daquele<br />

homem de aparência franzina, tão enérgico e cioso de suas convicções.<br />

Antes de se retirarem, Paulo falou na possibilidade de fundar uma igreja,<br />

ainda que fosse num humilde santuário doméstico, onde se estudasse e<br />

comentasse o Evangelho. Mas os presentes não regatear am excusativas e

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