1 PAULO E ESTEVÃO FRANCISCO CÂNDIDO ... - O Consolador
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Ninguém se interessou por Jesus e, muito menos, em oferecer -lhe<br />
hospedagem por uma simples questão de simpatia. Era a primeira vez, desde<br />
que iniciara a tarefa missionária, que se retiraria de uma cidade sem fundar<br />
uma igreja. Nas aldeias mais rústicas, sempre aparecia alguém que copiava as<br />
anotações de Levi para começar o labor evángélico no recinto humilde de um<br />
lar. Em Atenas ninguém apareceu inte ressado na leitura dos textos evan -<br />
gélicos. Entretanto, foi tanta a insistência de Paulo junto de algumas<br />
personagens em evidência, que o leva ram ao Areópago, para tomar contacto<br />
com os homens mais sábios e inteligentes da época.<br />
Os componentes do nobre c onclave receberam-lhe a visita com mais<br />
curiosidade que interesse.<br />
O Apóstolo ali penetrara por mercê de Dionisio, homem culto e generoso,<br />
que lhe atendera às solicitações, a fim de observar até onde ia a sua coragem<br />
na apresentação da doutrina desconheci da.<br />
Paulo começou impressionando o auditório aristocrá tico, referindo-se ao<br />
“Deus desconhecido”, homenageado nos altares atenienses. Sua palavra<br />
vibrante apresentava cambiantes singulares; as imagens eram muito mais ricas<br />
e formosas que as registradas pel o autor dos Atos. O próprio Dionisio estava<br />
admirado. O Apóstolo revela va-se-lhe muito diferente de quando o vira na<br />
praça pública. Falava com alta nobreza, com ênfase; as imagens revestiam -se<br />
de extraordinário colorido; mas, quando, co meçou a discorrer sobre a<br />
ressurreição, houve forte e prolongado murmúrio. As galerias riam a bandeiras<br />
despregadas, choviam remoques acerados. A aristocracia Intelectual ateniense<br />
não podia ceder nos seus preconcei tos científicos.<br />
Os mais irônicos deixavam o recinto com gargalhadas sarcásticas,<br />
enquanto os mais comedidos, em consi deração a Dionisio, aproximaram -se do<br />
Apóstolo com sorrisos intraduzíveis, declarando que o ouviriam de bom grado<br />
por outra vez, quando não se desse ao luxo de comentar assuntos de ficção.<br />
Paulo ficou, naturalmente, desolado. No momento, não podia chegar à<br />
conclusão de que a falsa cultura encontrará sempre, na sabedoria verdadeira,<br />
uma expressão de coisas imaginárias e sem sentido. A atitude do Areópago<br />
não lhe permitiu chegar ao fim. Em breve o suntuoso recinto estava quase<br />
silencioso, O Apóstolo, então, lembrou que seria preferível arrostar o tumulto<br />
dos judeus. Onde houvesse luta, haveria sempre frutos a colher. As discussões<br />
e os atritos, em muitos casos, representavam o revolvimento da ter ra espiritual<br />
para a semente divina. Ali, entretanto, encontrara a frieza da pedra. O mármore<br />
das colunas soberbas deu-lhe imediatamente a imagem da situação. A cultura<br />
ateniense era bela e bem cuidada, impressionava pelo exterior magnífico, mas<br />
estava fria, com a rigidez da morte intelectual.<br />
Apenas Dionisio e uma jovem senhora de nome Dâmaris e alguns serviçais<br />
do palácio permaneciam a seu lado, extremamente constrangidos, embora<br />
propensos à causa.<br />
Não obstante o desapontamento, Paulo de Tarso fez o possí vel por evitar a<br />
nuvem de tristeza que pairava sobre todos, a começar por ele próprio. Ensaiou<br />
um sorriso de conformação e tentou algo de bom -humor. Dionisio consolidou,<br />
ainda mais, sua admiração pelas pode rosas qualidades espirituais daquele<br />
homem de aparência franzina, tão enérgico e cioso de suas convicções.<br />
Antes de se retirarem, Paulo falou na possibilidade de fundar uma igreja,<br />
ainda que fosse num humilde santuário doméstico, onde se estudasse e<br />
comentasse o Evangelho. Mas os presentes não regatear am excusativas e