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1 PAULO E ESTEVÃO FRANCISCO CÂNDIDO ... - O Consolador

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figurava-se-lhe um crime. Tinha ímpetos de regressar a Antioquia, acusar de<br />

hipócritas e “sepulcros caiados” os irmãos judaizantes. Mas, as cartas de<br />

emancipação que havia prometido aos companheiros da gentilidade? Não seria<br />

mais conveniente recalcar seus melindres feridos por amor aos irmãos de<br />

ideal? Não seria mais justo aguardar deliberações definitivas e hu milhar-se? A<br />

lembrança de que os amigos contavam com as suas promessas acalmou -o.<br />

Fundamente desapontado, o convertido de Damasco acompanhou atento os<br />

primeiros debates. As questões iniciais davam idéia das gran des modificações<br />

que procuravam introduzir no Evangelho do Mestre.<br />

Um dos irmãos presentes chegava a ponderar que os gentios deviam ser<br />

considerados como o “gado” do povo de Deus: bárbaros que importava<br />

submeter àforça, a fim de serem empregados nos trabalhos mais pesados dos<br />

escolhidos. Outro indagava se os pagãos eram semelhantes aos outros<br />

homens convertidos a Moisés ou a Jesus. Um velho de feições rígidas chegava<br />

ao despautério de afiançar que o homem só vingava completar -se depois de<br />

circunciso. À margem da gen tilidade, outros temas fúteis vi nham à balha.<br />

Houve quem lembrasse que a assembléia devia regular os de veres<br />

concernentes aos alimentos impuros, bem como sobre o processo mais<br />

adequado à ablução das mãos. Tiago argumentava e discorria como profundo<br />

conhecedor de todos os preceitos. Ped ro ouvia, com grande serenidade. Nunca<br />

respondia quando a tese assumia o caráter de conversação, e aguardava<br />

momento oportuno para manifestar -se. Somente tomou atitude mais enér gica,<br />

quando um dos componentes do conselho pediu para que o Evangelho de<br />

Jesus fosse incorporado ao livro dos profetas, ficando subordinado à Lei de<br />

Moisés para todos os efeitos. Foi a primeira vez que Paulo de Tarso notou o<br />

ex-pescador intransigente e quase rude, explicando o absurdo de semelhante<br />

sugestão.<br />

Os trabalhos foram paralisados alta noite, em fase de pura preparação.<br />

Tiago recolheu os pergaminhos com anotações, orou de joelhos e a<br />

assembléia dispersou-se para nova reunião no dia imediato.<br />

Simão procurou a companhia de Paulo e Barnabé, para dirigir -se aos<br />

aposentos de repouso.<br />

O tecelão de Tarso estava consternado. A circunci são de Tito surgia-lhe<br />

como derrota dos seus princípios intransigentes. Não se conformava, fazendo<br />

sentir ao ex-pescador a extensão de suas contrariedades.<br />

— Mas que vem a ser tão pequena concessão — interrogava o Apóstolo de<br />

Cafarnaum, sempre afável — em face do que pretendemos realizar?<br />

Precisamos de ambiente pacífico para esclarecer o problema da obrigatorie -<br />

dade da circuncisão. Não firmaste compromisso com o gentilismo de<br />

Antioquia?<br />

Paulo recordou a promessa que fizera aos irmãos e concordou:<br />

— Sim, é verdade.<br />

— Reconheçamos, pois, a necessidade de muita cal ma para chegar às<br />

soluções precisas.<br />

As dificuldades, neste sentido, não prevalecem tão -só para a igreja antioquiana.<br />

As comunidades de Cesar éia, de Jope, bem como de outras regiões,<br />

encontram-se atormentadas por esses casos transcendentes. Bem sabemos<br />

que todas as cerimônias externas são de evidente inutilidade para a alma; mas,<br />

tendo em vista os princípios respeitáveis do judaís mo, não podemos declarar<br />

guerra de morte às suas tradições, de um momento para outro. Será justo lutar

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