1 PAULO E ESTEVÃO FRANCISCO CÂNDIDO ... - O Consolador
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desciam-lhe da fronte fraturada.<br />
Em dado momento, a cabeça pendeu e o corpo tombou desamparado. A<br />
multidão parecia tomada de assombro. Prevalecendo -se da situação em que<br />
não se observavam diretrizes prévias, Gaio insinuou -se. Aproximou-se do<br />
Apóstolo inerme, fez um gesto significativo para o povo e bradou:<br />
— O feiticeiro está morto!...<br />
Sua figura gigantesca despertara as simpatias da turba inconsciente.<br />
Estrugiram aplausos.<br />
Os que haviam promovido o nefando atentado desapareceram. Ga io compreendeu<br />
que ninguém ousava assumir a responsabilidade individual. Em<br />
estranhas vibrações, bradavam os mais perversos:<br />
— Fora das portas.. fora das portas!... Feiticei ro ao monturo!... Feiticeiro ao<br />
montu...u...ro!...<br />
O amigo de Paulo, disfarçando a comiseração com gestos de ironia, falou<br />
à multidão satisfeita:<br />
— Levarei os despojos do bruxo!<br />
A turba fez um alarido ensurdecedor e Gaio pro curou arrastar o missionário<br />
com a cautela possível. Atravessaram vielas extensas, em gritos, até que, atin -<br />
gindo um local deserto, um tanto distante dos muros de Listra, deixaram Paulo<br />
semimorto, na montureira do lixo.<br />
O latagão inclinou-se, como a verificar a morte do apedrejado, e<br />
observando, cuidadosamente, que ainda vivia, gritou:<br />
—Deixemo-lo aos cães, que se incumbirão do resto! Ë preciso celebrar o<br />
feito com algum vinho!...<br />
E seguindo o líder daquela tarde, a multidão bateu em retirada, enquanto<br />
Timóteo se aproximava do local, valendo -se das sombras da noite que<br />
começava a fechar-se. Correndo a um poço, não m uito distante, e que se<br />
destinava à serventia pública, o pequeno encheu o gorro impermeável, de água<br />
pura, prestando os primeiros socor ros ao ferido. Banhado em lágrimas, notou<br />
que Paulo respirava com dificuldade, como se houvesse mergulhado em<br />
profundo desmaio, O jovem listrense assentou -se ao seu lado, banhou-lhe a<br />
testa ferida com extremos de carinho. Mais alguns minutos e o Apóstolo voltava<br />
a si para examinar a situação.<br />
Timóteo o informou de tudo. Muito compungido, Paulo agradeceu a Deus,<br />
pois reconhecia que somente a misericórdia do Altíssimo poderia ter operado o<br />
milagre, por seqüestrá-lo aos propósitos criminosos da turba inconsciente.<br />
Decorridas duas horas, três vultos silenciosos apro ximavam-se. Muito aflito,<br />
Barnabé deixara o leito, não obstante o estado febril, para acompanhar Lóide e<br />
Eunice, que, avisadas por Gaio, acorriam com os primeiros socorros.<br />
Todos renderam graças a Jesus, enquanto Paulo tomava pequena dose de<br />
vinho reconfortador. Organi zação espiritual poderosa, apesar das sevícias<br />
físicas, o tecelão de Tarso levantou -se e regressou a casa com os amigos,<br />
levemente amparado por Barnabé, que lhe oferecera o braço amigo.<br />
O resto da noite passou -se em conversações carinho sas. Os dois<br />
emissários da Boa Nova temiam agressão do povo às generosas senhoras que<br />
os haviam hospedado e socorrido. Era preciso partir, para evitar maiores<br />
incômodos e complicações.<br />
Em vão a palavra de Lóide se fez ouvir, procurando dissuadir os pregoeiros<br />
do Cristo; debalde Timóteo beijou as mãos de Paulo e lhe pediu que não<br />
partisse. Receosos de mais tristes conseqüências, depois de coordenarem as