1 PAULO E ESTEVÃO FRANCISCO CÂNDIDO ... - O Consolador
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ansiosa expectativa.<br />
Um homem de semblante severo atendeu secamente.<br />
— Podeis informar, por favor — disse com humildade —, se ainda aqui<br />
reside uma senhora chamada Dalila?<br />
— Não —, respondeu o outro, ríspido.<br />
Aquele olhar duro não ensejava novas perguntas, mas, ainda as sim,<br />
aventurou:<br />
— Poderíeis dizer, por obséquio, para onde se mudou?<br />
— Ora esta! — replicou o dono da casa irrita diço — dar-se-á que tenha de<br />
prestar contas a um mendigo? Daqui a pouco o senhor me perguntará se<br />
comprei esta casa; depois me pedirá o preço, exigirá datas, reclamará novas<br />
informações sobre os antigos moradores, tomará meu tempo com mil<br />
interrogações ociosas.<br />
E, fixando em Saulo os olhos impassíveis, rematou de chofre:<br />
— Nada sei, está ouvindo? Ponha -se na rua!...<br />
O fugitivo de Damasco voltou serenamente para a via pública, enquanto o<br />
homenzinho dava expansão aos nervos doentes, batendo a porta com<br />
estrondo.<br />
O ex-discípulo de Gamaliel refletiu na realidade amarga daquela primeira<br />
recepção simbólica. Jerusalém, certamente, nunca mais poderia con hecê-lo.<br />
Não obstante a impressão dolorosa, não se deixaria empolgar pelo desânimo.<br />
Resolveu procurar Alexandre, parente de Cai fás e seu companheiro de<br />
atividades no Sinédrio e no Templo. Cansadíssimo, bateu -lhe à porta, com<br />
minguadas esperanças. Um servo da casa, depois da primeira per gunta, vinha<br />
trazer-lhe a alvissareira notícia de que o amo não se demoraria a atender.<br />
Com efeito, daí a pouco, Alexandre recebia o des conhecido com<br />
indisfarçável surpresa.<br />
Satisfeito por conseguir a atenção de um velho a migo, Saulo adiantou-se,<br />
cumprimentando-o com efusão.<br />
O israelita ilustre não conseguiu ocultar o desa pontamento e sentenciou<br />
com alguma generosidade nas palavras:<br />
— Amigo, a que vindes a esta casa?<br />
— Será possível que me não reconheças? — interrogou bem-humorado,<br />
apesar da imensa fadiga.<br />
— Vossa fisionomia não me é de todo estranha, en tretanto...<br />
— Alexandre! — exclamou por fim, prazenteiro —não te recordas mais de<br />
Saulo?<br />
Um grande abraço foi a resposta do amigo, que per guntava solícito,<br />
modificando o tratamento:<br />
— Muito bem! Até que enfim! Graças a Deus vejo que estás curado! Não<br />
me enganei esperando que vol tasses! Grande é o poder do Deus de Moisés!<br />
Saulo compreendeu de pronto a ambigüidade da quelas expressões.<br />
Sentindo dificuldade em fazer -se entendido, procurava o melhor meio de<br />
explicar-se com êxito, enquanto o amigo prosseguia:<br />
— Mas que aspecto é este? Olha que mais pareces um beduíno do<br />
deserto... Dize-me: quanto tempo durou a enfermidade pertinaz?<br />
Saulo encheu-se de coragem e acentuou:<br />
— Mas, há engano com certeza, ou estarás mal informado, porque nunca<br />
estive doente.<br />
— Impossível! — disse Alexandre visivelmente de sapontado depois de