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Missão Belém - Missione Belem

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meus 14 anos. Foi nesse tempo<br />

que conheci o cigarro e álcool,<br />

junto com meus “amigos”.<br />

Assim os anos da adolescência<br />

se passaram entre trabalho,<br />

farra e zoeira. Na oficina,<br />

acabei conhecendo a mãe do<br />

meu filho. Iniciamos a namorar<br />

e a mãe dela nos obrigou a<br />

morar juntos, como acontece<br />

frequentemente no norte...<br />

Depois de um mês e meio,<br />

ela engravidou. Meu pai me<br />

presenteou com um trailer<br />

de lanches e disse que seria<br />

meu “pé de meia” para me<br />

estruturar financeiramente.<br />

9 meses se passaram e meu<br />

filhinho nasceu. A vida começou<br />

a se tornar dura: o salário não<br />

dava nem para comprar fralda<br />

e leite... Quando ele completou<br />

um aninho, fui obrigado a<br />

procurar trabalho no estado<br />

de Santa Catarina. Foi duro e<br />

tive que me afastar da família<br />

e de todas as pessoas que me<br />

amavam. Passei quatro dias<br />

e meio no ônibus e, quando<br />

cheguei em Santa Catarina, fui<br />

bem recebido.<br />

Passei a trabalhar na Camargo<br />

Correia. Sempre trabalhei com<br />

vontade e, logo no primeiro ano,<br />

o patrão me propos um curso<br />

para me tornar soldador. Dessa<br />

forma, o meu salário passou<br />

para R$ 2.200,00. Durante<br />

um ano e meio, trabalhei<br />

com fidelidade, enviando<br />

pontualmente metade do meu<br />

salário para a família.<br />

Infelizmente, os meus “amigos”<br />

vendo que batia em mim a<br />

saudade, me chamaram para<br />

uma boate. Foi o inicio da<br />

loucura. Aceitei, fui, gastei R$<br />

500,00 com uma prostituta,<br />

“travei as rodas”. Meus amigos<br />

foram obrigados a me carregar<br />

para me levar para casa. Tomei<br />

uma ducha, mas no dia seguinte<br />

não fui trabalhar: tive minha<br />

primeira falha!<br />

Minha vida começou a<br />

desabar: dia sim, dia não,<br />

estava na boate, me acabando,<br />

me drogando em sexo,<br />

me endividando, fazendo<br />

empréstimo para ficar com uma<br />

garota até que, certo dia... ela<br />

me apresentou uma tal pedra<br />

de craque! Fui o começo do fim.<br />

Pedi outra garrafa de uísque...<br />

Ela me ensinou a usar o craque<br />

com cigarro. Foi uma mescla de<br />

loucura!<br />

Na firma perceberam meus<br />

problemas. Chegou o dia da<br />

crise do trabalho e estava<br />

tendo “corte”. Propuseramme<br />

ir para Angola ou Manaus,<br />

mas preferi pedir a conta e<br />

vim para São Paulo, na casa<br />

de meus irmãos. De verdade,<br />

eles me deram todo auxilio,<br />

ofereceram-me um dinheiro<br />

para alugar um barraco,<br />

deram-me panelas e tudo o<br />

que precisava para montar uma<br />

casa.<br />

Através de um vizinho, entrei<br />

a trabalho em um Buffe,<br />

carregando e descarregando<br />

caminhões. O patrão viu que o<br />

meu trabalho era bom e, depois<br />

de um tempo, me chamou<br />

para gerenciar a<br />

parte de deposito<br />

do local, sendo que o<br />

coordenador tinha ido<br />

embora.<br />

Não queria aceitar,<br />

porque tenho muita<br />

dificuldade na escrita<br />

e na leitura, mas<br />

ele contratou uma<br />

secretária para<br />

me ajudar. Assim<br />

passei a cuidar<br />

de 8 funcionários.<br />

Cheguei a gerenciar o<br />

Buffe. Tudo parecia<br />

caminhar bem, mas,<br />

na verdade quem não<br />

tem Deus no coração<br />

não fica em pé. O<br />

meu vizinho de casa,<br />

que usava craque,<br />

entrou no trabalho.<br />

Ele me oferecia, mas<br />

eu conseguia recusar.<br />

Porém um dia liguei<br />

para o Piauí e descobri que a<br />

minha esposa tinha saído de<br />

casa, fazia dois dias. Fiquei<br />

muito triste e angustiado.<br />

Fui para casa desse vizinho e,<br />

dessa vez, aceitei a maldita<br />

pedra. Daqui para frente... só<br />

Jesus na minha vida!<br />

Até que, no começo, conseguia<br />

manter a situação sob controle,<br />

mas as minhas mentiras se<br />

multiplicavam sempre mais. Eu<br />

enganava meu patrão dizendo<br />

que o gás tinha acabado, que<br />

a luz tinha sido cortada, que<br />

precisava de um vale... tudo<br />

para manter meu vicio.<br />

Nessa altura, minha esposa<br />

voltou para a mãe dela e eu não<br />

depositei mais dinheiro nenhum<br />

para ela. Meu fim estava<br />

decretado.<br />

Chegou o dia em que, no Buffe<br />

onde trabalhava, tinha uma<br />

grande festa com uma multidão<br />

de pessoas convidadas, mas a<br />

noite anterior me deu vontade<br />

de fumar. Fui comprar droga,<br />

passei a noite usando... Na<br />

manhã seguinte não acordei e<br />

a responsabilidade da festa<br />

era minha! Deixei meu patrão<br />

na mão, ele que tanto tinha<br />

confiado em mim. Desisti do<br />

serviço e não me apresentei<br />

mais.<br />

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