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(níctf/kWwt*rn<br />

| F*c. d« MtdlclM<br />

da<br />

11 Univ. de S. Paulo II<br />

VS?FÊ<br />

^JMVERSIDADE-DESÁO-PAULOÍflL<br />

£ FACULDADE DE MEDICINA<br />

^F-<br />

N.° 3U.J.<br />

DEDALUS - Acervo - FM<br />

10700059115<br />

^<br />

E^J


§QQ, BRA8JLBRA FJTOOUM^<br />

ÜICCIOItfAJElIO<br />

DE<br />

if mim iiâsaisaii


SOC, BKASlkQRA RTÜQUI<br />

DICCIONARIO<br />

DE<br />

BOTÂNICA BRASILEIRA<br />

ou<br />

COMPÊNDIO<br />

DOS YEGETAES DO BRASIL, TANTO INDÍGENAS COMO ACCLIMADOS<br />

REVISTA POR UMA C0MM1SSÀ0 DA SOCIEDADE VELLOSIANA, E APPROVADA PELA FACULDADE<br />

DE MEDICINA DA CORTE.<br />

CONTENDO:<br />

uma descripção seientiflea de cada família a que perterfcem,.<br />

e outra vulgar ao alcance de qualquer intelligencía, seu emprego e<br />

differentes denominações nas diversas províncias do Império,<br />

as propriedades médicas e venenosas,<br />

sua utilidade nas artes, industrias, economia domestica<br />

e na veterinária<br />

COORDENADO E REDIGIDO<br />

em grande parte sobre os manuscriptos do Dr. Arruda Gamara<br />

POR<br />

jh(WfMm de ^éimeeda wümo '<br />

Pharmaceutico pela Escola especial de Pharmacia de Paris.<br />

e mandado imprimir por seu irmão<br />

O BACHAREL ZEFÉRINO D'ALMEIDA PINTO.<br />

RIO 2»<br />

\<br />

N 'URIAW,<br />

RIO DE JANEIRO.<br />

í==í=fypographia — PEESEVEBANÇA — rua do Hospicí^u. 91.<br />

* ** • fr<br />

4873.


it-tJlft


DUAS PALAVRAS AO<br />

•:**<br />

Tomando o encargo de mandar imprimir o DICCIONARIO DE BOTÂNICA<br />

BRASILEIRA, que em manuscripto deixou o seu compendiador, tivemos em vista,<br />

além da consideração de ser elle um irmão que muito prezávamos, prestar ao<br />

paiz um pequeno mas importante serviço, tornando conhecida uma parte dos<br />

trabalhos do fallecido Dr. Arruda Câmara.<br />

É sabido o quanto esse jllustre finado escreveu sobre diversos ramos<br />

da sciencia natural, assim como qual o destino que teve a maior parte de<br />

seus escriptos. Aquella, porém, que tinha relação com a botânica foi, talvez<br />

que reservada pela Providencia, longos annos depois de sua morte, objécto de*<br />

uma transacção effectuada por um de seus herdeiros; e é d'ahi que vem o<br />

DICCIONARIO DE BOTÂNICA BRASILEIRA.<br />

Empregando os maiores esforços para sua impressão, lutando com mui­<br />

tas e sérias difficuldades, que constantemente surgiam por espaço de mais de<br />

um anno, é-nos summamente agradável o dever de declararmos que encontramos<br />

apoio tanto da parte do Governo Imperial, como de vários cidadãos*<br />

e mais ainda d'essa congregação, respeitável pelas illustrações que contém,<br />

conhecida n'esta cidade com a denominação de— Sociedade Vellosiana.<br />

D'ella obtivemos o auxilio mais importante que podiamos esperar. A<br />

revisão d'esse trabalho, que embora procedente de outro de incontestável mérito,<br />

soffrendo alteração na fôrma e no fundo por mãos que não eram de<br />

mestre, tornava-se uma necessidade indeclinável, como foi desde logo reconhecida.<br />

O desempenho de tão árdua, como enfadonha tarefa, com a dedicação<br />

e desinteresse que só o amor á sciencia podia inspirar, encontramos na So­<br />

ciedade Vellosiana. Uma commissão de cinco membros, que a nosso pedido<br />

A


VI<br />

,„a nomeio», tomou a si esse encargo que desempenhou ">^J^*"<br />

tanto mais louvável, quanto 6 certo, que vários e ^ P ^ " * ^ ^<br />

savam sobre cada um de seus membros, sendo para notar-se que dous,<br />

d'entre elles, levaram a sua dedicação ainda além da nossa espectativa,<br />

porquanto obsequiosamente acceitaram a incumbência de rever as provas, e<br />

corrigir os erros typographicos. .<br />

Os Srs. Drs. Agostinho José de Souza Lima e Joaquim Monteiro Ca-<br />

minhoá, este lente da cadeira de botânica da Escola de Medicina d esta<br />

corte, e aquelle lente oppositor da mesma escola, prestaram á sciencia, a cujo<br />

estudo se dedicaram, com as suas luzes e vastos conhecimentos, um serviço<br />

valiosissimo.<br />

Publicando em seguida o attestado que passou a commissão da Socie­<br />

dade Vellosiana, e as cartas que aquelles illustrados lentes da nossa escola de<br />

medicina nos dirigiram, pedimos-lhes para que acceitem os votos sinceros da<br />

nossa profunda gratidão.<br />

Mal traçávamos estas linhas, quando um novo e imprevisto incidente<br />

veio ainda, e por ultimo, augmentar a serie das difficuldades com que lutamos.<br />

Para a commissão que tem de representar o paiz na próxima exposição<br />

internacional de Vienna d'Áustria, foi nomeado o Dr. Joaquim Monteiro Caminhoá,<br />

que, partindo no vapor de 21 do mez passado, não poude por isso<br />

concluir a collecção dos erros typographicos.<br />

No estado adiantado da impressão, não nos permittindo circumstancias<br />

de ordens diversas, o addiamento, por semelhante motivo, de sua conclusão,<br />

tomamos a deliberação de encerral-a com as corrigendas que se notam no fim,<br />

pedindo ao leitor intelligente a necessária desculpa.<br />

Rio dè Janeiro, 2 de Abril de 1873.<br />

fej&imo d'gúlmeida ®Pinlo.


DECLARAÇÃO DA COMMISSÃO DA SOCIEDADE VELLOSIANA.<br />

Nós, abaixo assignados, membros da commissão encarregada<br />

pela Sociedade Vellosiana de corrigir o manuscripto intitulado<br />

Diccionario de Botânica Brasileira, compendiado pelo pharmaceutico<br />

Almeida Pinto, declaramos que se acha quasi terminada a<br />

tarefa que nos foi commettida, e que muito não serão de extranhar<br />

as imperfeições de que se houver por ventura de resentir,<br />

ao sâhir do prelo a obra do Sr. Almeida Pinto, visto ser esta a<br />

sua primeira edicção.<br />

Sala etc, 23 de Novembro de 1872.<br />

LADISLAÜ NETO.<br />

DR. J. J. PIZARRO.<br />

DR. A. J DE SOUZA LIMA.<br />

DR. J. M. CAMINHOÁ.<br />

DR. RAMIZ GALVÃO.


CARTA DO SR. DR. J. M. CAMIIOl.<br />

«>*&<br />

Illm. Sr. Dr. Pinto.— Sendo de ha muito reclamado um diccionario<br />

de plantas brasileiras, que ao mesmo tempo servisse para os<br />

estudantes consultarem, e para esclarecer principalmente os botânicos<br />

sobre a infinidade de nomes communs ou vulgares dos vegetaes do<br />

paiz, coube no Brasil, n'estes últimos tempos, ao incansável e distin,<br />

cto Dr. Nicoláo Moreira a gloria de começar essa patriótica tarela.<br />

Seu — Diccionario das plantas medicinaes brasileiras — que, como<br />

elle faz ver, é apenas um ensaio, ou melhor a publicação de seus<br />

apontamentos particulures, tem prestado valiosissimos serviços; e ainda<br />

mais útil seria, se elle tivesse podido por si próprio verificar tudo,<br />

e expurgal-o de faltas alheias â sua vontade.<br />

O Dr. Peckolt emprehendeu um bello trabalho sobre—as plantas<br />

alimentares brasileiras —, que será de grande valor quando-terminado.<br />

O Diccionario de plantas brasileiras, (que também se occupa das<br />

estrangeiras cultivadas entre nós), e que acaba de ser publicado<br />

por V. S., é, sem duvida, uma obra digna de encomios; porque n'ella<br />

se acham principalmente os trabalhos, que eram julgados perdidos,<br />

do Dr. Arruda Câmara, nome venerado pelos poucos botânicos bra­<br />

sileiros que temos.<br />

Além d'isso vê-se quanto tempo e trabalhos custou ao seu auctor,<br />

para colleccionar tão grande numero de nomes e propriedades de vegetaes<br />

úteis, principalmente das províncias septentrionaes do Império,<br />

além dos citados por Arruda Câmara.


Como sôe succeder nas primeiras edições esta nao ponde ser<br />

pletamente purificada<br />

com<br />

de erros, que entretanto, poderão ser cor<br />

^S L^cientificos que dera aquelle illustre pernambuca­<br />

no nao sao conhecidos pelos clássicos, e, portanto, nao estão acceitos;<br />

o que é devido à falta de publicidade.<br />

Alguns enganos ha também acerca de nomes vulgares e outros,<br />

porém que nao tiram o mérito da obra. , a. A A v^n^ia<br />

Bem avisado andou V. S. quando recorreu á Sociedade Vellosiana,<br />

oriente das sciencias naturaes no Brasil, afim de nomear uma<br />

commissão revisora para este trabalho, porque, elle merece muitissi-<br />

mo do publico.<br />

Para que se podesse conseguir mais do que isso, era mister que<br />

aquella commissão fosse, com tempo bastante, percorrer as diversas<br />

províncias.<br />

Apraza à Deus que, como V- S., outros mais procurem archivar<br />

os poucos e esparsos trabalhos de nossos sábios,' que nao existem<br />

mais.<br />

Seja-me licito aqui render um culto de admiração e respeito em<br />

nome da Botânica brasileira á memória do venerando naturalista<br />

Dr. Custodio Alves Serrao, que acaba de fallecer, e â quem teria<br />

V. S. certamente de ouvir a sentença d'este diccionario, com aquella<br />

singeleza, verdade, independência e profundeza que eram o apanágio<br />

d'aquelle vulto, que morreu<br />

na Gávea.<br />

quasi esquecido em sua pobre cabana<br />

Espero fazer publicar o que for encontrado, e me for confiado,<br />

das producçoes filhas dos estudos seus. Continue V S. á pesquizar,<br />

e poderemos talvez encontrar mais trabalhos do Dr. Arruda Câmara;<br />

com o que, V. S. engrandece também a nossa pátria.<br />

A grandeza de um paiz nao consiste perante a moderna civilisação<br />

na extensa área de que é formado, nem nos milhões de homens<br />

que a povoam; porém no numero de seus sábios nos differentes ramos<br />

de conhecimentos humanos.<br />

Rio de Janeiro, 26 de Marco de 1873.<br />

/. *@â. (gaminkoá.


-oojfcío»<br />

. SOUZA LIMA.<br />

Illm. Sr.— É cheio do maior prazer que tenho occasiao de felicitar-lhe<br />

em publico, pelo louvável empenho, com que V. S., affrontando<br />

tantas diíficuldades, conseguio realizar a publicação do DICCIONARIO<br />

DE BOTÂNICA BRASILEIRA ; obra confeccionada pelo finado pharmaceutico<br />

Joâquxm de Almeida Pinto, de Pernambuco, com o auxilio dos importantes<br />

manuscriptos do illustre phytologista brasileiro Dr. Arruda<br />

Câmara, cujos trabalhos até agora inéditos, e por assim dizer ignorados<br />

ou esquecidos, sao uma verdadeira preciosidade, julgada perdida<br />

para a sciencia. A parte notável que tem os escriptos d'aquelle<br />

venerando naturalista n'este DICCIONARIO, constitue o seu maior titulo<br />

de merecimento, e pelo qual mais se recommenda a sua leitura a<br />

todos quantos prezam e cultivam o estudo de botânica.<br />

A utilidade e importância pois d'esta obra, nao pôde ser posta<br />

em duvida, nem precisa ser demonstrada, bastando para isso dizer-se<br />

que é ella n'este gênero o livro mais completo que ora possuimo s<br />

apezar de algumas ligeiras faltas e lacunas, que ainda ahi se no?<br />

tam, mas que poderão ser correctas e preenchidas em edições ulteriores.<br />

Os esforços por V. S. empregados para levar a effeito a impressão<br />

d'esta obra estão acima de todo o elogio, e o tornam credor da<br />

estima publica.<br />

Acceite portanto V S. os parabéns de quem se assigna,<br />

Seu attento venerador e amigo.<br />

§}


MUI HERÓICA<br />

» « « m [pi raâ<br />

O. D. O.<br />

oaupúm >< SUnmta jpínt».


AOS MEUS COMPROYINCIANOS.<br />

O de3ejo, que sempre tive, e já por mais de uma vez tenho manifestado,<br />

de tornar-me útil á nossa sempre esforçada e bella província, me impellio<br />

a emprehender o difficil e espinhoso trabalho, que hoje tenho a honra de<br />

offerecer-vos.<br />

Aproveitando a idéia e algum material deixado pelo nosso finado com-<br />

provinciano • o muito illustrado Dr. Arruda Gamara, organizei o presente —<br />

DICCIONARIO DE BOTÂNICA BRASILEIRA _ que vos dedico; esperando a coadjuvação, com<br />

que sempre soubestes animar aquelles que se afadigam pelo engrandecimento<br />

da pátria commum.<br />

foaçrim k %húh |)mto.


INTRODUCÇÃO.<br />

Dando á luz o presente DICCIONARIO DE BOTÂNICA BRASILEIRA,<br />

temos por fim vulgarisar quanto for possível o conhecimento das<br />

plantas medicinaes indígenas e acclimadas no Brasil, despertar o<br />

amor pelas cousas pátrias, e commemorar o nome de um dos pernambucanos<br />

que mais trabalharam n'esse sentido — o illustre finado<br />

Dr. Arruda Câmara.<br />

A vegetação no Brasil é das mais admiráveis. Nos campos,<br />

nas montanhas, nas mais elevadas serras, nos areiáes das próprias<br />

costas, nas ilhas, por entre rochedos alcantilados, por toda a parte<br />

emfim ostenta-se ella vigorosa e em quasi constante primavera.<br />

A FLORA BRASILEIRA é talvez a mais rica do mundo pela abundância<br />

e variedade de espécies muito importantes, dás quaes mais<br />

de doze mil jâ são conhecidas.<br />

Para a construcção naval e civil acham-se nas mattas do Brasil<br />

as melhores madeiras; para a marceneria as mais finas e bellas que<br />

conhece a industria.<br />

Para a construcção naval temos : Peroba, (jenipapo, Oiticica,<br />

Cicopira-assú, Páo d'arco, Maçaranduba, Cedro, Louro de cheiro, Páoferro,<br />

Jaqueira, etc, etc.<br />

Para a construcção civil; Guararóba, Gerimum, Genipapinho,<br />

Oiticica, Páo-carga, Páo-pombo, etc.<br />

Para a marceneria: Vinhatico, Páo-setim, Jacarandá, Gonçalo<br />

Alves, Condurú, etc.<br />

Para a tinturaria: Páo-Brasil, Tatajuba, Campéche, Páo terras<br />

grandes, Páo terras pequenos, Anil, Urucú, etc.


IVIII<br />

Quanto aos fios e fibras, que substituam o linho, devemos ao<br />

distinctoDr. Arruda Câmara uma memória, em que mostrou que, com<br />

as folhas dos Ananazeiros manso e bravo, Coroatá, Aninga, Carrapicho,<br />

com as Palmeiras o com a estôpa extrahida da Embira, assim<br />

como com outras plantas, se podia perfeitamente substituir o lmho.<br />

Além d ? isto nascem espontaneamente nas nossas mattas, e em<br />

grande abundância, arvores que distillam precioso leite, por meio de<br />

incisoes feitas nos troncos ou hastes; por exemplo: as seringueiras,<br />

de que se tira a borracha, as mangabeiras, a maçarandubeira, de<br />

que se extrahe a gutta-percha: arvore prodigiosa, que viria a ser<br />

uma das principaes riquezas d'este Império, se o governo a mandasse<br />

desde já cultivar em nossos vastos terrenos.<br />

A Carnaúba é a arvore maravilhosa! A arvore para tudo! Pôde<br />

o homem somente com ella fazer a sua habitação, mobilial-a, illuminal-a;<br />

extrahir delia assucar, álcool e sal; com ella ainda<br />

alimentar seu gado e creações miúdas. Nenhuma outra producçao<br />

vegetal foi dotada pela natureza de tantas e tão apreciáveis qualidades<br />

! A Carnaúba tem já hoje mais de quarenta usos e appli -<br />

cações differentes, e pôde dizer-se que ainda não se acha explorada<br />

e applicada a tudo o que é possível prestar-se. As Myristicas que produzem<br />

sebo vegetal; o cacáo, a baunilha e outros muitos vegeaes, cujos<br />

productos são de reconhecida e vasta utilidade para os usos da vida,<br />

formam objecto de extenso e importante commercio.<br />

O Brasil possue uma immensa e variada riqueza de plantas<br />

medicinaes nas paragens mais remotas dos seus sertões. Não se empregam<br />

geralmente contra os effeitos das dentadas dos reptis senão<br />

vegetaes indígenas.<br />

D'entre os mais estimados e de que o povo faz uso freqüente,<br />

em numerosas applicações, apontaremos os seguintes: Batata, (gomma e<br />

resina), Caferana, Caróba, Fedegoso, Guaraná, Ipecacuanha branca e<br />

preta, Jurubeba, Mata-pasto, Mulungu, Paracary, Salsaparrilha, Vellame<br />

e diversas qualidades de Quina. Os mais preciosos balsamos,<br />

uma grande variedade de plantas resinosas, oleosas e leitosas, como<br />

o Angico, Andiroba, Copahiba, etc.<br />

Ha também nas mattas virgens, nas capoeiras, nos campos e<br />

nas costas abundância de arvores e plantas, que dão variados e saborosos<br />

fructos.<br />

Mas para que tamanhos e tão numerosos thesouros sejam convenientemente<br />

conhecidos e aproveitados, senão arrancados a uma pro.<br />

xima e inevitável destruição, convém quanto antes que se providencie<br />

a respeito do aniquilamento das mattas, onde se consomem tantos ve_<br />

\


III<br />

getaes destinados sem duvida a uma profícua applicação na industria<br />

futura do paiz, assim como não é menos urgente attender desde já<br />

à çreação de escolas agrícolas, nas principaes províncias, devendo<br />

n'essas escolas ensinar-se a agricultura theorica e pratica, afim' de<br />

que os agricultores percam a péssima rotina, a que estão acostumados,<br />

e que se habilitem a tirar maiores vantagens d'esta, tão rica<br />

e prodigiosa vegetação. 4"<br />

E' necessário todo o cuidado na conservação das mattas do<br />

, Páo Brasil, e estender a sua plantação a uma grande escala.<br />

E' mister repetirem-se constantemente os plantios; escolherem-se<br />

sementes de algodão, de canna, chá, café e quina, e de muitas outras<br />

arvores, como se praticava nos tempos em que éramos colonos, e de<br />

que ainda hoje tão bons resultados colhemos. Facilmente se faria hoje<br />

este serviço por meio dos navios de guerra, que nas suas viagens<br />

de instrucção podiam trazer excellentes mudas de sementes; pois<br />

o nosso solo abraça qualquer planta exótica.<br />

Na compilação d'esta obra tivemos de consultar as dos Srs.<br />

Martius, St. Hilaire, Dr. Moreira, Chernoviz, Dr. Ladisláo Netto e outros.<br />

Terminando esta breve e incorrecta introducção, declaramos,<br />

para evitar duvidas, que todo o nosso trabalho consiste simplesmente<br />

na ampliação e, em muitos pontos, correcção da obra inédita, deixada<br />

pelo finado e illustre Dr. Arruda Câmara, na qual trabalhamos ha<br />

bastantes annos.<br />

A obra do Dr. Arruda Câmara precisava de uma melhor redacção,<br />

os seus artigos eram incompletos, deficientes, obscuros e sem<br />

ordem. D'ahi sahio o presente DICCIONARIO; e julgue-se por elle da<br />

diniculdade e esforços da nossa empreza.<br />

Não vai esta obra illustrada com maior numero de desenhos,<br />

representando mais algumas arvores e arbustos, em razão das difiiculdades<br />

que encontramos para photographal-os, sendo devidos os<br />

originaes das poucas estampas, que illustram o DICCIONARIO DE<br />

BOTÂNICA BRASILEIRA, ao talento e actividade do nosso distincto photographo<br />

o Illm. Sr. João Ferreira Villela, bem como ao Illm. Sr Joaquim<br />

Francisco Bastos, que graciosamenta se presto 1 a dar-nos um<br />

grande numero de cópias, habilmente desenhadas a lápis.<br />

A ambos damos publico testemunho de nossa gratidão.


DICCIONARIO<br />

DÁ.<br />

BOTÂNICA BEASILEIÈA.<br />


* ABA<br />

AbHrnrhi roxo.— Var. pyramida'<br />

dc salor doce acidulado, imiiti^imo<br />

agradável, .li' aroma activo e delicioso:<br />

lis riolacia macrocarpa, Dony. — Fam.<br />

idm. — A frueta é mais volumosa, tem<br />

cortada a ca^cu, deixa ver umas vesi-<br />

ás veze3 4 % decimetros de comprimento,<br />

fiiln-.. que «\o 03 fragmentos dos órgãos<br />

c cercada de muitos gamos (olhos) ; o<br />

tlcmic*.<br />

eixo central é tão tenro quanto a parte<br />

Ksta planta é semelhante ao ananaz,<br />

da qual é variedade, differe na fôrma do earnosa da frueta.<br />

fructo e no sabor, que é melhor; quanto<br />

ao mais ha pouca differença. Depois de<br />

Abacachi dc tingir.—Bilbergia<br />

descascado o abacachi, parte-se em rotincloria,<br />

Mart — Fam. idem.— É uma<br />

dellas, e ha quem lhe ajunte vinho.<br />

planta da ordem dos caroatás, que fornece<br />

uma tinta amarella, empregada na<br />

Secundo o botânico Richard, é o abacachi<br />

a melhor frueta conhecida.<br />

tinturaria.<br />

Depois da província do Amazonas, Per­<br />

Abacachi vermelho- Var. pynambuco<br />

é a que mais a cultiva, esperamidalis<br />

rubra, Dony. — Fam. idem.—<br />

cialmente na cidade de Goyanna, o pri­<br />

Esta é outra variedade cujos fruetos temmeiro<br />

lugar que a adquirio, pelos esforços<br />

se modificado. Todos elles são comes­<br />

do nosso fallecido naturalista Dr. Arruda<br />

tíveis, sendo o branco o mais estimado<br />

Câmara.<br />

pela sua doçura e delicadeza da polpa.<br />

Na Europa cultivam quatro variedades<br />

Come-se em talhadas no estado natural<br />

d esta frueta.<br />

com assucar ou com vinho, fazendo-se<br />

também d'elle um doce de muito apreço.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.—As bromeliaceas<br />

são plantas das regiões quentes<br />

Com o sueco faz-se uma limonada agra­<br />

do globo, cujas folhas, muitas vezes reudável,<br />

e que pela fermentação produz<br />

nidas na base do caule, alongadas, es­<br />

um vinho fortificante e agradabilissimo.<br />

treitas, espessas, inteiriçadas, dentiadas As folhas fornecem fios têxteis que no<br />

e espinhosas nas margens, fazem lem­ commercio europau é matéria de algum<br />

brar até certo ponto as Liliaceas. consummo; entre nósjá foi ensaiada essa<br />

industria pelo fallecido naturalista Dr.<br />

As flores formam espigas escamosas,<br />

Arruda Câmara.<br />

cachos ramosos, que terminam em globos<br />

juntos, em cujos cachos ellas se<br />

acham as vezes de tal sorte juntas, que<br />

Abacate.— Laurus persea, Linn.—<br />

acabam por adherir umas ás outras.<br />

Persea gratíssima, Gaertner. — Fam. das<br />

Laurineas.—Planta cultivada de ha muito<br />

O seu cálice é tubuloso, adherente ao<br />

no Pará, Maranhão, e hoje em varias pro­<br />

ovario. repartido em cima em. seis divíncias<br />

do Império. Alguns escriptores<br />

vi>Oes dispostas em duas ordens, três<br />

dão-n'a como oriunda da America Me­<br />

das quaes interiores são maiores e em<br />

ridional ; sua pátria porém, é a Pérsia.<br />

fôrma de pétalas.<br />

É um arbusto de mediana altura, ra-<br />

O ovario tem três lojas, é provido<br />

moso, casca parda, folhas oblongas, al­<br />

de um estylete e de um estigma de três<br />

ternas, luzidias, e um tanto estreitas,<br />

divisões agudas.<br />

de côr verde pallida; suas flores nascem<br />

O fructo é geralmente uma baga tri-<br />

em feixes nas axilhas das folhas : são<br />

locular, coroado pelos lobos do cálice.<br />

amarelladas e quasi sem cheiro; o fructo<br />

A planta mais útil d'esta família é o abacate de 1 a 1% decimetro de compri­<br />

Ananaz, cujas bagas unidas formam um mento mais ou menos, é de figura py-<br />

syncarpo, ovoide-agudo, elegantemente riforme,e de côr verde amarellada, na<br />

imbricado na superfície, cheio de uma maturidade.<br />

substancia earnosa acidula, aromatica<br />

O tegumento externo é membranoso;<br />

e doce, que o colloca no numero dos tenue e luzente; a massa é um pouco<br />

findos de mesa mais estimados.<br />

espessa, macia, aquosa, esverdinhada<br />

ABA


ABA ABA 3<br />

de pouco sabor. Tem uma semente grande<br />

no centro e é coberto por uma membrana<br />

parda, contendo uma amêndoa earnosa e<br />

compacta.<br />

A massa, desfeita com assucar, adquire<br />

um excellente sabor, e o mesmo<br />

suecede quando se lhe ajunta limão ,<br />

vinho ou sal. O lenho é branco e molle.<br />

A casca pôde dar fios próprios para a<br />

cordoaria.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—Pôde ser empregada<br />

com vantagem contra a dysen-<br />

teria em clysteres : %, de um caroço é<br />

suffíciente para dois pequenos clysteres.<br />

A amêndoa diz-se ter propriedades<br />

aphrodisiacas tomada na dose de 4 granimos<br />

três vezes por dia: não é prudente<br />

porém usar-se d'estes meios, que são<br />

prejudiciaes em virtude da grande quantidade<br />

de tanino que contêm.<br />

acompanhada na base pela parte interna<br />

do perianthio que persiste.<br />

A semente é invertida, coberta por um<br />

perisperma, de hilo transversal, de raphe<br />

dirigindo-se obliquamente para o tuberculo<br />

situado na extremidade opposta.<br />

Ella encerra um embryão sem perisperma,<br />

orthotropo; composto de duas<br />

grandes cotyledones carnosas e oleosas;<br />

a radicula é muito curta, retrahida, e<br />

sobreposta ao germe.<br />

A família das Laurineas comprehende<br />

hoje mais de quarenta gêneros, a maior<br />

parte dos quaes foi primitivamente comprehendidás<br />

no gênero laurus: taes são,<br />

por exemplo, os gêneros Sassafras,<br />

Ocolea, Nectandra, Persea, Cinnamomum,<br />

Camphora.<br />

Abagerú. — V Qfuagerú.<br />

Ahareanio-temo. —Mimosa cochlia-<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.— Esta famícarpus, Gomes.—Fam. das Leguminosas.—<br />

lia, posto que pouco avultada, é uma Esta arvore vegeta no Rio de Janeiro, é<br />

das mais interessantes por causa do oriunda do paiz; seu porte é semelhante<br />

grande numero de produetos aromaticos ao de um Ingazeiro, suas propriedades<br />

que fornece á pharmacia, á economia do­ análogas as do Barbatimão. A dose é de 8<br />

mestica e ás artes.<br />

grammas para 450 grammas d'agua fer­<br />

Ella comprehende arvores ou arbustos, vendo.<br />

de folhas alternas, algumas vezes apparentemente<br />

oppostas, de ordinário espes­ CARACTERES DA FAMÍLIA. — Família<br />

sas, firmes, persistentes, aromaticas e muito natural, na qual estão reunidas<br />

pontuadas; estipulas nullas; flores her- plantas herbaceas, arbustos e arvores<br />

maphroditas, monoicas, pertencentes a muitas vezes de dimensões collossaes.<br />

diécia, ou polygamas; periantho cali- Suas folhas são alternas, compostas,<br />

cinal gamosepalo de quatro ou seis divi­ algumas vezes compostas, e n'este caso<br />

sões imbricadas; disco carnoso unido raras vezes os foliolos se mostram, e só<br />

no fundo doperianthio; persistente, aug- fica o peciolo que se dilata, e fôrma uma<br />

mentando muitas vezes com o fructo; espécie de folha simples. Na base de<br />

estames perigynicos, inseridos em varias cada uma d'ellas, existem duas estipulas<br />

ordens na margem do disco, em numero muitas vezes persistentes.<br />

quádruplo, triplo, duplo ou igual as di­ As flores offerecem uma inflorescencia<br />

visões do envoltório; os filetes são livres, muito variada: geralmente são herma-<br />

os interiores providos na base de duas phroditas.<br />

glândulas pedicelladas, que são estames O seu cálice é muitas vezes um pouco<br />

rudimentares; as antheras são unidas, tubuloso, de cinco dentes desiguaes, ou­<br />

de duas a quatro lojas que se abrem tras vezes de cinco divisões mais ou me­<br />

debaixo para cima por meio de válvulas ; nos profundas e desiguaes. No exterior<br />

ovario livre, formado de três foliolos do cálice encontra-se uma ou mais brac-<br />

soldados, unilocular, não contendo mais teas^oü as vezes um invólucro em fôrma<br />

que um óvulo pendente.<br />

de cálice.<br />

O fructo é uma baga monospermica A corolla, que algumas vezes falta, com-


ABI<br />

IRW-B.» de cinco pétalas, geralmente dos- lobo- imbricados, persistentes; algumas<br />

i"iia>-«, das qunes uma superior, maior. vezes acompanhado de eseamas exterio­<br />

que involve ns outras e que se denomina res; corolla hypoginica, gamopetala regu­<br />

estandarte, duas lateraes, chamadas azas, lar, dividida'em tantos lobos quantos<br />

o duas inferiores, mais ou menos solda- tem o cálice<br />

da>, formando a carena; outras vezes Estames de filamentos desiguaes, in­<br />

a corolla é formada de cinco pétalas clusos no tubo da corolla, umas vezes<br />

iguaes.<br />

em numero duplo dos lobos férteis; ou­<br />

Os estames são geralmente em numero tras vezes em numero igual e oppostos<br />

de dez, algumas vezes mais numerosos. aos lobos, porém separados por linguetas<br />

As mais das vezes seus filetes são diadel- alternas que representam outros tantos<br />

plio». raras vezes monadelphos ou inteira­ filetes de estames estéreis.<br />

mente livres, perigynicos ou hypoginicos. O ovario é supero com varias lojas,<br />

O ovario «'• mais ou menos agudo na contendo cada um a um óvulo fixo na<br />

baze: em geral é alongado inequilatero, parte superior ou inferior do angulo<br />

de uma só loja, contendo um ou mais central.<br />

OVUIJS unidos na sutura interna.<br />

As sementes são cobertas de um tegu-<br />

O e.-tylete é um pouco lateral, muitas mento quasi ósseo, excepto no hylo ou<br />

vezes recurvado, terminado por um es­ umbigo que é inferior ou lateral; as vezes<br />

tigma simples.<br />

muito grandes.<br />

O fructo é vagem ou legume.<br />

O perisperma é carnoso ou oleoso, al­<br />

As sementes são geralmente desprovigumas vezes nullo. As Sapotaceas são<br />

das d'endosperma.<br />

arvores ou arbustos de sueco lácteo, cujas<br />

folhas são alternas, inteiras, coriaceas,<br />

Abati-ti 111 bali y —V.Jatahy. penninerviadas, curtamente pecioladàs,<br />

privadas de estipulas.<br />

Abiegita.—Licor oleoso que, segundo Existem e são cultivadas muitas d'ellas<br />

Pi.>on, exsuda de uma Cecropia, perten­ nos paizes intertropicaes, quer pela macente<br />

á tribu das Artocarpeas, (frueta de deira, que em geral é muito dura, quer<br />

pão.) Goza da propriedade de apressar a pelos fruetos suceulentos, que são muito<br />

cicatrisação das feridas.<br />

estimados, ou pelas sementes oleosas, ou<br />

pelo sueco lácteo, que fornece uma es­<br />

Abio» cltrysopliyllum.—Caimipécie<br />

de borracha.<br />

to, Linn.—Acras Cainel,Ruiz.— Fam. das<br />

Sapotaceas.— Arbusto do paiz, das Anti- Abóbora dágua. — Lagenaria.—<br />

lhas e de Cayena, onde recebe este noma; Fam. das Cucurbitaceas. — Planta origi­<br />

o fructo é de 0 centímetros de comprinaria da Azia, cultivada em todo o Brasil,<br />

mento; de ordinário arredondado, oblon- é herbacea e o fructo varia em compri­<br />

gj, amarello e ponteagudo ; a casca fina,<br />

dura e viscosa, contem uma massa viscosa<br />

e branca, e caroços arredondados,<br />

que são escuros e lisos;* come-se a frueta<br />

que é de gosto agradável. Os Abios cultivados<br />

são melhores e maiores do que<br />

os silvestres. Segundo Mart. Lucuma,<br />

Caimito Labatia reticulata.<br />

Os fruetos dizem ser empregados nas<br />

affecções pulmonares<br />

CVRACTERES DA FAMÍLIA.—Cálice in­<br />

ferior, não adherente ao ovario, dividido<br />

superiormente em quatro, cinco ou oito<br />

ABO<br />

mento de f /4 a 1 metro.<br />

É uma planta de caule regoado, pellos<br />

hispidos, folhas quasi redondas, patentes,<br />

de um verde claro, cobertas de pellos<br />

ásperos; flores de pedunculos longos,<br />

sem cheiro, corolla campanulada, com<br />

cinco lobos; monoicas ou dioicas; o<br />

fructo é de côr verde, ainda quando maduro.<br />

Seu tegumento externo é crustáceo,<br />

mas não rigido; tem internamente<br />

uma massa branca, aquosa, insipida e<br />

frouxa, deixando um espaço no centro<br />

do fructo, o qual é oecupado por muitas<br />

sementes mais ou menos brancas.


ABO<br />

ABO 5<br />

i<br />

Este fructo é usado para doce e para<br />

cozinhar-se com a carne, como verdura.<br />

Quanto ás suas propriedades medicinaes,<br />

é refrigerante e antiphlogistica:<br />

applica-se em talhadas a polpa sobre a<br />

parte inflammada.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. — Grandes<br />

plantas herbaceas, muitas vezes volúveis,<br />

cobertas de pellos curtos e muito ásperos.<br />

Suas folhas são alternas, pecioladas,<br />

com divisões mais ou menos em fôrma de<br />

lobos. Suas estipulas que são simplices<br />

ou ramosas, nascem ao lado dos peciolos.<br />

As flores são em geral uni-sexuaes e<br />

monoieas; mui raramente hermaphrodi 1 As sementes no fructo maduro parecem<br />

espalhadas no meio de um tecido<br />

cellular fílamentoso ou carnoso.<br />

O tegumento próprio é assás denso e<br />

cobre immediatamente um grande em*bryão<br />

homotropo desprovido de endosperma.<br />

As propriedades da família das Cucurbetaceas<br />

são alimentares e purgativas.<br />

Abóbora amarella.—V Gerimú.<br />

Abóbora carneira. — V Cabaço<br />

amargoso.<br />

- Abóbora cliila.—Variedade ãa abó­<br />

tas.<br />

bora menina.<br />

O cálice é gamosepalo: as flores fêmeas<br />

offerecem um tubo globuloso adherente Abóbora Gerimú. —V. Gerimú.<br />

ao ovario infero. Sua extremidade, mais<br />

ou menos campanulada e de cinco lobos, Abóbora tio mato.—Nome com<br />

c confundida e intimamente soldada com que geralmente são conhecidas muitas<br />

a corolla, e d'ella só se distingue no Cucurbitaceas, bem como Taiuya, Guar­<br />

ápice dos lobos.<br />

dião, etc.<br />

A corolla é formada de cinco pétalas<br />

reunidas entre si no meio da extremi­ Abóbora •!© mato.— Trianosperdade<br />

calicinal, representando assim uma ma ficifolia, Mart.— Fam. das Cucurbi­<br />

corolla .gamopetala.<br />

taceas. — A raiz é um poderoso drástico<br />

Os estames, em numero de cinco, teem empregado nas hydropesias e derrama­<br />

seus filetes monadelphos ou reunidos em mentos.<br />

três feixes, dous formados cada um de Dá-se em pó na dose de 6 decigrammos<br />

dous estames, e o terceiro de um só. ai /s gramma e em cozimento na de 4<br />

As antheras são uniloculares, lineares, grammas d'água.<br />

atravessadas em fôrma de co collocado Sendo a raiz fresca, duplica-se a dose.<br />

horisontalmente, cujos ramos fossem<br />

muito approximados. Nas flores fêmeas, Abóbora do mato de Goyaz.<br />

a extremidade do ovario, que é supero —Racemosa, Manso.—Fam. idem.—Esta<br />

acha-se coroado por um disco epigynico. planta, pequena e rasteira, tem as pro­<br />

O estylete é espesso, curto, terminado priedades purgativas da Trianosperma.<br />

por três estigmas espessos e muitas ve­ Synon Trianosperma glandulosa (Mart.) e<br />

zes bilobados: este ovario é de uma só Bryonia glandulosa<br />

loja nos dous gêneros Sicyos e Gronovia;<br />

contém um- só óvulo pendente; mas em<br />

geral offerece três trophospermas parietaes,<br />

triangulares, muito densos, contíguos<br />

uns aos outros por seus lados;<br />

preenchendo assim toda a cavidade do<br />

ovario, e dando inversão aos óvulos no<br />

seu ponto de origem sobre as membranas<br />

do ovario.<br />

O fructo carnoso e umbilicado no ápice,<br />

é uma peponide (abóbora).<br />

1 (Pcepig.)<br />

Abóbora do mato de Minas.—<br />

Wilbrandia drástica, Mart.—Fam. idem.<br />

—Esta espécie também goza das mesmas<br />

propriedades.<br />

Abóbora menina. — Cucurbiia<br />

pepo, Linn.— Cucurlita máxima, Duch.—<br />

É o mesmo Gerimú; mas uma variedade<br />

monstruosa. Tem os mesmos usos, porém<br />

é mais insipida.<br />


G AliK<br />

A corolla, que algumas vezes falta,


ACA<br />

suecos próprios, amarellos e resinosos.<br />

Suas folhas, oppostas, são coriaceas e<br />

persistentes.<br />

.Suas flores dispostas em cachos axilares,<br />

ou em paniculos terminaes, são<br />

hermaphroditas ou unisexuaes e polygamicas.<br />

.Seu cálice é persistente, formado de<br />

ACA<br />

comparam-na em rigidez ao Páo-^ferro,<br />

tanto na marcineria como na construcção<br />

; é empregada em vigas para casas e<br />

em outros misteres.<br />

APPLICAÇÕES MEDICINAES.— A casca é<br />

adstringente, segundo informações que<br />

temos.<br />

duas a seis sepalas redondas, muitas vezes<br />

coloridas.<br />

Acariçoba. —Hydrocotyle wmbellata,<br />

A corolla é composta de quatro a dez Linn.—Hydr. bonariensis, Lamark.—<br />

pétalas: os estames muito numerosos, Fam. das Ombelliferas.— O sueco desta<br />

raras vezes em numero definido, livres : planta quando fresco em dose forte é<br />

o ovario é simples terminado por um es- emetico, e em pequena é aperitivo e<br />

tylete. curto, que falta algumas vezes e diuretico.<br />

que traz um estigma discoide e raiado ou O seu cheiro é agradável e o sabor um<br />

de vários lobos.<br />

tanto acre: a raiz é um poderoso desobs-<br />

O fructo é ora capsular, ora carnoso truente das vísceras abdominaes; a água<br />

ou drupaceo, abrindo-se algumas vezes destillada d'esta planta é empregada<br />

em válvulas, cujas extremidades, geralmente<br />

reintrantes, se fixam em uma<br />

contra as sardas.<br />

placenta única, ou em varias placentas Acataya.— V Herva de'bicho.<br />

espessas.<br />

As sementes compõe-se de um embryão Acayá ou Cajá. — Spondias verni-<br />

homotropo sem endosperma.<br />

losas, Mart.—Fam. das Terebinthaceas .—<br />

A casca de seus ramos novos é empre­<br />

Absintlaio.—V- Losna.<br />

gada contra as ulceras da garganta, e<br />

contra as diarrhéas e blenorrhéas ure-<br />

Abutua.—V. Butua.<br />

traes e palpebraes.<br />

Os caroços pisados, na dose de 4 gram­<br />

Acajaiba.—V. Cajueiro.<br />

mas para 450 grammas de água, em cozimento,<br />

são úteis á leucorrhéa.<br />

Acajit-cica.—É aresina do Cajueiro,<br />

empregada no Norte pelos encadern ado­ Açafrão. — Crocus, salims, Linn.—<br />

res, como excellente preservativo contra Fam. das Iredàceas.—Esta planta é natu­<br />

os insectos.<br />

ral das índias Orientaes e do Meio-dia da<br />

Europa. Arbusto de quasi um metro de<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—Emprega-se altura, folhas roixeadas e compridas; a<br />

contra a hemoptysis e mais affecções'que flor e seus tegumentos são amarellos,<br />

reclamam substancias gommosas e leve­ purpurinos, e avermelhados. Quando<br />

mente adstringentes.<br />

secca tem grande consummo na Europa<br />

para a tinturaria; desprende de seus ór­<br />

Acajurama. — Fam. das Legumigãos uma tinta amarella e um óleo vonosas.—<br />

E' uma planta do Pará, por este látil. Pôde cultivar-se no Brasil.<br />

nome conhecida.<br />

Na arte culinária e nas confeitarias<br />

A casca é amarga e de cheiro nau­ costuma-se empregar o açafrão para dar<br />

seante.<br />

uma côr agradável a muitas iguarias e<br />

confeicões.<br />

Acapú.— Andira Aubletii.— É uma<br />

arvore sylvestre do Pará, cujo lenho é PROPRIEDADES MÉDICAS. — O açafrão<br />

negro mas algumas vezes com veios é empregado com muito proveito nas<br />

brancos; essa madeira é muito dura ; epilepsias e ainda como emmenogogo e


8 AÇA<br />

nnti-epa*inodico. A raiz é bom diuretico solúvel tanto n"agua como no álcool;<br />

v dipf-tivo. Em dose forte produz cm- mas solúvel nos alcalis donde o precipiliriague?,<br />

somnolencia e delírio. Dá-se tam os ácidos.<br />

em infu^fio na dose dc uma gramma para A semente é oleosa c violentamente<br />

4.V) grammas d'agua, e em pó de uma a purgativa, convindo notar-se qué não<br />

duas grammas; em tintura de uma a exerce esta acção sobre os papagaios, e<br />

quatro grammas e em xarope de 15 a 30 é esta a razão porque lhe chamam grão<br />

grammas.<br />

de papagaio. Sua pátria é o Oriente e<br />

Meio-dia da Europa.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. — Vegetaes<br />

herbaceos de bulbo carnoso, providos<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA . — Os vege­<br />

de folhas alternas, planas, eusiformes, taes comprehendidos n'esta família apre­<br />

muitas vezes dísticas ; flores envoltas em sentam mui grandes relações com as<br />

r^pnthas; perianthio tubuloso de seis di­ Labiadas. Assim, o caule e os ramos,<br />

visões profundas, dispostas em duas quando são herbaceos, são geralmente<br />

ordens: três estames livres ou monadel- quadrangulares ; suas folhas oppostas,<br />

phos; oppostos ás divisões externas do algumas vezes vertieilladas, raras vezes<br />

perianthio e ligados na base; ovario in- alternas, umas vezes simples e inteiras<br />

fero com três lojas multiovuladas; stylete ou talhadas, outras vezes compostas.<br />

simples terminado por três estigmas em<br />

Suas flores são completas, muitas vezes<br />

fôrma de cometas chatas, de margens<br />

irregulares; o cálice é tubuloso, persis­<br />

franjadas, tomando muitas vezes uma<br />

tente, de divisões iguaes ou desiguaes;<br />

apparencia petaloide; fructo capsular de<br />

a corolla é inserida no receptaculo tu­<br />

três lojas, com três válvulas septiferas.<br />

buloso, de extremidade quadri ou quinquefída,<br />

as mais das vezes bilabiada.<br />

Acafroeira de Pernamhueo.<br />

—Melasanthus tinctorius.—Fam. das Ver-<br />

Os estames acham-se inseridos no tubenaceas.—Arbusto<br />

de tronco esbranquibo<br />

da corolla, as mais das vezes em nuçado,<br />

ramoso e quadrangular nas partes<br />

mero de quatro didynamos.<br />

superiores; folhas oppostas, pequenas, Ovario livre contendo ordinariamente<br />

oyaes e ásperas; flores brancas, laci- quatro óvulos, em uma, duas ou três loniadas<br />

nos bordos da corolla; aromajas; estylete único terminado por um<br />

ticas.<br />

estigma simples ou bifido, oblíquo ou<br />

unilateral de duas lojas uni-ovuladas.<br />

O fructo é uma baga coberta de polpa<br />

suceulenta, contendo um caroço de duas<br />

ou quatro lojas muitas vezes monospermas.<br />

O fructo é uma cápsula com duas sementes<br />

chatas. Seccam-se os tubos das<br />

corollas, e depois de reduzidos a pó,<br />

serve e«te para dar a côr amarella aos<br />

guisados.<br />

Esta planta é exótica, e cultiva.se ha<br />

muito no Brasil.<br />

A semente compõe-se, além do tegumento<br />

próprio, de um endosperma muito<br />

Sobre esta acafroeira havia-se' crido delicado que encobre um embryão recto<br />

f ntre n*'>* que fosse o Carthamus tinctorius, de radicula infera.<br />

que é o açafrão bastardo do Egypto, mas<br />

nem ha semelhança nos caracteres da Acafroeira da índia.— Curcuma<br />

no*sa planta com o gênero Carthamus, longa, Linn. — Fam. das Amomaceas. —<br />

que pertence á família das Compostas,<br />

Planta da Índia, de raiz bolbosa, esse<br />

nem na facies da planta.<br />

bolbo é grande, oblongo palmado, de côr<br />

O Açafrão bastardo é planta herbacea;<br />

alaranjado no interior; folhas longas,<br />

a flor tem com effeito o tubo da corolla<br />

flores brancas com mesclas amarelladas.<br />

avermelhado ou alaranjado. Dous principio*<br />

iminediatos compõe esta cór, o<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. —As Amo­<br />

amarello é soiuve! nagua , e o vermelho<br />

maceas são plantas vivazes, de um as-<br />

AÇA


AÇO AÇO 9<br />

pecto inteiramente particular, que as O fructo lenhoso» redondo, oblongo,<br />

approxima um pouco das Orchidaceas : a compartido em cinco lojas, com sementes<br />

raiz é muitas vezes tuberosa e earnosa ; aladas. *<br />

as folhas simples são terminadas na sua A madeira d'esta arvore é empregada<br />

base por uma bainha inteira ou fendida, no Rio de Janeiro para fazer coronhas<br />

algumas vezes munida de ligula. de espingardas e palmilha para calçado.<br />

As flores raramente solitárias, são Florece em Fevereiro.<br />

acompanhadas de bracteas bastante largas,<br />

e formam em geral espigas espessas PROPRIEDADES MÉDICAS.—É empregada<br />

ou paniculas.<br />

em fricções contra os tumores arthriticos,<br />

O cálice é duplo; o exterior, algumas e em clysteres combate a diarrhéa.<br />

vezes tubuloso e mais curto, é de três<br />

divisões iguaes; o interior tem seu limbo CARACTERES DA FAMÍLIA.—São arvores<br />

duplo, as três divisões externas são em. ou arbustos, um pequeno numero, plan­<br />

geral iguaes; das três internas, uma é tas herbaceas. Tem folhas alternas, sim­<br />

maior e dissemelhante e fôrma uma esples, acompanhadas na base de duas<br />

pécie de labello; as duas lateraes são estipulas frágeis.<br />

mais pequenas, e muitas vezes quasi As flores são axiliares, pedunculadas,<br />

abortadas.<br />

solitárias, ou diversamente grupadas.<br />

Ha um só estame, cujo fílete é muitas O cálice é formado de quatro a cinco<br />

vezes dilatado e como pétaloide. A an- sepalas, approximadas, de preflprescenthera<br />

é de duas lojas, algumas vezes cia valvular; a corolla tem igual nume- -<br />

separadas e distinetas ; o ovario é de três ro de pétalas, que faltam raramente, e<br />

lojas polyspermicas, o estylete simples são muitas vezes glandulosas em sua<br />

terminado por um estigma concavo e em base.<br />

fôrma de taça.<br />

Os estames são em grande numero,<br />

Na base do estylete acha-se um tuber- soltos e com antheras biloculares. Achaculo<br />

bilobado, que pôde ser considerado se muitas vezes em frente de cada pétala<br />

como formado de dois estames abortados. uma glândula pedicellada.<br />

O fructo é uma cápsula de três lojas, O ovario apresenta de duas a dez lojas,<br />

abrindo-se em três válvulas, cada uma contendo cada uma diversos óvulos li­<br />

das quaes traz uma divisão no meio da gados por duas ordens á seu angulo<br />

face interna.<br />

interno.<br />

As sementes algumas vezes acompa­ O estylete é simples, terminado por"<br />

nhadas de um arillo, se compõem de um estigma lobuloso.<br />

um embryão cylindrico situado em um O fructo é uma cápsula de varias lo­<br />

endosperma farinaceo, e tendo a radicula jas, contendo diversas sementes, e al­<br />

voltada para o hilo.<br />

gumas vezes indehiscente, ou um núcleo<br />

carnoso monospermico por aborto.<br />

Acafroeira da terra ou indí­ As sementes contém um embryão vergena.—<br />

V ürucú.— É por aquelle nome tical, ou algum tanto curvo em um en-<br />

conhecida na Bahia.<br />

dosperme carnoso.<br />

Aemite. — V. Caá Tiguá.<br />

Açoita cavaltos. — Luhea paniculata.<br />

Mart. e Zucc—Fam. Idem.— Arvore<br />

Açoita eavallos. — Luhea grandi- silvestre de Minas-Geraes e das margens<br />

flora, Mart. e Zucc.—Fam. das Tiliaceas.— do Rio de S. Francisco. í) de mediana al­<br />

Arvore agreste. É conhecida em Minas tura , com a folhagem aloirada, folhas<br />

Geraes e no Rio de Janeiro por este nome, ovaes; as flores em cachos, menores que<br />

tem grande altura, folhas um tanto gran­ as da precedente, são de côr rosada, ou<br />

des, obovaes e claras: flores grandes, branca.<br />

brancas ou rosadas.<br />

A casca d'esta espécie é empregada<br />

4


IO ACili AGR<br />

nos sertões para cortir couros. Florece<br />

em Fevereiro.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — K adstringente<br />

e empregado nas hemorrhagias em<br />

Imnhos, injecções e em clysteres contra<br />

a dy>enteria.<br />

Açoita cavallos brancos.—V.<br />

h atingi.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. — Planta de<br />

raiz bulbifera ou fíbrosa, de folhas radicaes,<br />

de flores solitárias, as mais das<br />

vezes mui grandes ou dispostas em sertulas,<br />

ou umbrellas simplices envolvidas<br />

antes da anthese em espathas membranosas.<br />

O invólucro é gamosepalo tubuloso,<br />

adherente pela base ao ovario, com seis<br />

divisões iguaes ou desiguaes.<br />

Os estames em numero de seis, tem os<br />

É uma pequena e delicada planta, cujo<br />

caule se estende á flor da terra, as folha3<br />

são serriadas, e na parte superior mais<br />

largas. Tem nas summidadesfloresinhas<br />

brancas, miúdas, que dão em resultado<br />

umas pequenas siliquas; desprende naturalmente<br />

suas sementes miudissimas<br />

de côr castanha. Usa-se em salada.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' estimulante<br />

e aconselhado nas affecções scor-<br />

Arureiin- Amaryllis princeps, Yel. buticas e moléstias de pelle em tisana,<br />

— Fam. das Amarillidaceas.— É uma flor (8 grammas para 450 grammas d'agua,<br />

graciosa, originaria do Brasil. três vezes ao dia), e o xarope é sobretudo<br />

usado pela medicina popular; nas affecções<br />

do fígado e pulmonares chronicas, e<br />

ainda contra a própria phtysica; na dose<br />

de quatro a seis colhéres por dia. Contém<br />

notável proporção de iodo.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. — É uma das<br />

mais naturaes do reino vegetal, composta<br />

de plantas herbaceas ou algumas vezes<br />

subfructescentes, e que pela maior parte<br />

são oriundas da Europa.<br />

filetes soltos ou reunidos por meio de As folhas são alternas, simples ou<br />

uma membrana.<br />

mais ou menos profundamente cortadas.<br />

O ovario é de três lojas; o estylete As flores dispostas em espigas ou ca­<br />

simples, e o estigma de três lobulos. chos simplices ou paniculados.<br />

O fructo é uma cápsula de três lojas O cálice é formado de quatro sepalas<br />

e de três válvulas septiferas; algumas frágeis, duas das quaes são algumas<br />

vezes é uma baga que por aborto só con­ vezes concavas em sua base.<br />

tém de uma a três sementes. Estas, que A corolla se compõe de quatro pétalas<br />

offerecem com bastante freqüência um unguiculadas oppostas em cruz, d'onde<br />

apêndice carnoso ou caruncula cellulosa, lhe vem o nome de Cruciferas.<br />

contém em ura endosperma carnoso um Os estames em numero de seis são<br />

embryão cylindrico e homotropo. tetradynamos, isto é, quatro maiores,<br />

approximados dois a dois, e dois mais<br />

Agoniada . — Plumeria lancifolia, curtos e oppostos. Na base dos estames<br />

Wilhl.—Fam.das Apocynaceas. — É uma existem duas ou quatro glândulas.<br />

arvore importante das províncias do sul, O ovario é mais ou menos alongado,<br />

muito usada, principalmente como em- com duas lojas separadas por uma falsa<br />

menagogo e anti-febril.<br />

divisão. Cada loja contém um ou diversos<br />

óvulos unidos ao bordo da divisão<br />

Agouteguepe. — V. Araruta.<br />

membranosa, que não é mais que um<br />

prolongamento dos dois trophospermas<br />

Agrião. — Sisymbrium. Nasturtium, suturaes.<br />

Linn.— Officinale, Duch.—Fam. das CruO<br />

estylete é curto ou quasi nullo, e<br />

ciferas. — Herva cultivada, natural da parece uma continuação da separação^<br />

Europa, geralmente conhecida por tal elle termina em um estigma bilobado.nome<br />

no Brasil; dá em terrenos humidos. O fructo é uma siliqua ou uma silicula


SOC. BRASILEIRA FITOQUIMICA<br />

AGR AGÜ 11<br />

de fôrma variável, indehiscente, ou que tilete simples nas flores masculinas, di­<br />

se'abre por duas válvulas.<br />

vidido em dous lobulos; nas flores fe­<br />

As sementes estão pegadas em cada mininas e nas hermaphrod itas glândulas<br />

lado da separação. O embryão é imme- estigmaticas (verdadeiros estigmas) sidiatamente<br />

coberto pelo tegumento prótuadas em duas series na parte superior<br />

prio, e é mais ou menos curvo sobre si dos lobulos dos estyletes; pellos collecto-<br />

mesmo. •<br />

res em vários sentidos no alto dó estylete<br />

das flores hermaphroditas.<br />

Agrião do Pará. —Spilanthes ole- O fructo é um akenio terminado pelo<br />

racea, Linn.—Fam. das Compostas.— Esta papus.<br />

planta, indigena do Pará, é cultivada na<br />

Europa de ha muito, debaixo do nome de Aguai. — É uma arvore, da qual se<br />

Agrião do Pará ou do Brasil. Elle é heracredita<br />

provir o balsamo chamado Cabaceo<br />

de folhas oppostas, flores em peboreira, Caboreiba ou Cabureiciba.<br />

quenos capitulos, amarellas e muito<br />

miúdas.<br />

Aguapé. — Villarsia nympkeoides.—<br />

Fam. das Nympkeaceas.— Herva que nada<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. —É excitante, sobre as águas; folhas redondas e o fructo<br />

antiscorbutico, (infusão, 8 grammas para capsular.<br />

450 grammas d'água). No Pará emprega- As flores d'esta planta são brancas e<br />

se como alimento, cozinhado e mesmo aromaticas.<br />

erú. (Fig. 1.)<br />

Os fruetos são comestíveis.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.—Plantas her-<br />

baceas,por excepção, arbóreas; flores em<br />

capitulos; receptaculo plano ou conico,<br />

ou mais ou menos espherico, sempre<br />

carnoso, guarnecido de diverso modo<br />

pela sua parte externa.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Os banhos<br />

feitos cóm o cosimento d'esta planta são<br />

anti-hemorrhoidarios. E' também anaphrodisiaca.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.—Hervas com<br />

Cálice gamosepalo, adherente: o limbo folhas oppostas, inteiras e sem estipulas;<br />

do cálice, chamado papus, umas vezes corolla regular, ordinariamente com cin­<br />

nullo ou reduzido a um bordo marginal, co divisões como o cálice: prefloração im-<br />

outras vezes escarioso, dentiado ou loba-' bricada; estames cinco, alternos com as<br />

do, outras, e muito mais freqüentemente, divisões da corolla; ovario livre, estilete<br />

transformado em sedas ou pellos quer inteiro ou fendido em dois; estigma sim­<br />

simples quer ramosos, ou plumosos, ples ou bilobado; fructo capsular, unilo-<br />

dispostos n'uma ou mais series. cular, parecendo algumas vezes bilocular<br />

Corolla inserida na parte superior do pela approximação dos bordos das válvu­<br />

tubo do cálice, gamopetala, dividida em las que se dobram.<br />

cinco e menos vezes em três, quatro ou<br />

dois lobulos ; mas cada lobulo com duas Aguapé. —Nymphea Nelumbo, Spl.<br />

nervuras quasi marginaes que parecem —Nelumbium speciosum, Willd. — Fam.<br />

augmentar o numero das divisões da das Nympkeaceas.— É uma espécie aquá­<br />

corolla: cinco estames, raras vezes abortica, vegeta em Santa Cruz e nos pântados<br />

nas flores femeninas; filetes altertanos de seus arrabaldes ; suas flores<br />

nando com os lobos da corolla, soldados brancas, seu fructo é uma noz.<br />

com ella na base, ordinariamente livres<br />

entre si, articulados comtudo na parte PROPRIEDADES MÉDICAS.—As folhas são<br />

superior por uma espécie de connectivo; mui empregadas nas erysipelas e no<br />

antheras soldadas entre si fazendo uma chamado formigueiro.<br />

espécie de tubo dentro do qual passa o<br />

estigma, ovario com um só óvulo, es­ CARACTERES DA FAMÍLIA. —Grandes e


I* AGI' AHO<br />

»cllns plantas que flmtuain á superfície<br />

.!ns águas, o cuja haste fôrma uma raiz<br />

rastejante subterrânea.<br />

As folhas alternas inteiras são cordiformes<br />

ou orbiculares, sustentadas por<br />

mui compridos peciolos.<br />

As flores sSo muito grandes, solitárias<br />

e sustentadas por compridissiraos pedunculos<br />

oylindricos.<br />

O cálice é formado de um numero variável,<br />

e algumas vezes grandíssimo de<br />

sepalas dispostas em varias ordens, de<br />

maneira a representar de algum modo<br />

um cálice e uma corolla polypetalos.<br />

Os estames são numerosíssimos, insertos<br />

em diversas ordens abaixo do<br />

ovario, ou sobre a membrana externa,<br />

que se acha assim coberta pelos estames<br />

e pelas sepalas interiores, que não são<br />

provavelmente mais que estames transformados,<br />

o que prova a dilatação gradual<br />

dos filamentos, á medida que se<br />

observam mais exteriormente.<br />

As antheras são introrsas e de duas<br />

lojas lineares.<br />

O ovario é livre e sessil, dividido interiormente<br />

em varias lojas por separações<br />

membranosas, sobre as pelliculas<br />

das quaes estão inseridos numerosos<br />

óvulos pendentes. O ápice do ovario é<br />

cercado de tantos estigmas radiados<br />

quantas lojas tem o ovario. A reunião<br />

d estes estigmas fôrma uma espécie de<br />

disco que circumda o ovario.<br />

O fructo é indehiscente e carnoso in­<br />

teriormente, com varias lojas polyspermicas.<br />

As sementes tem um tegumento espesso<br />

algumas vezes desenvolvido em fôrma<br />

de reticulo, contendo um grosso endosperma<br />

farinaceo; embryão irregularmente<br />

globuloso ou napiforme, cuja radicula<br />

está voltada para o hilo.<br />

abstergente e modiflcativodas ulceras;<br />

também é applicada nas queimaduras.<br />

Aguaraponda. — V. Gervão ou<br />

Orgevão.<br />

Agura quta.—Solanum oleraceim,<br />

Dunal.— Fam. das Solanaceas.— Também<br />

é conhecida esta planta por Jequirioba.<br />

Podemos confrontar, mais ou menos,<br />

esta planta com a Jurubeba.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—E' calmante,<br />

applicada sobre as feridas das pernas<br />

e as rachas do bico do seio.<br />

Aguar» quiya-açu, — Solanum<br />

fterocaulum, Dun.— Fam. Idem.— Planta<br />

congênere da precedente.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—E' emoliente,<br />

anodyna e diuretica, applicada emvcataplasmas<br />

é útil nas retenções de urinas<br />

; os fruetos são úteis contra as dores<br />

de dentes.<br />

Aguaxima.— V. Periparoba.<br />

Agulha do matto.—Clitoria linea*<br />

ris.—Fam. das Leguminosas.—E' conhecida<br />

por este nome nas Alagoas, uma<br />

planta herbacea, trepadeira que alastra<br />

; vegeta pelas capoeiras; tem o caule<br />

cylindrico, delgado, as folhas em trinos,<br />

ovaes; as flores brancas, com macula<br />

roixa, imitando uma borboleta ; dá uma<br />

vagem estreita e recta, de côr escura,<br />

e que termina em ponta aguçada<br />

Agutiguepo obi.—Thalía genievr<br />

tala, Linn.— Fam. dos Amomaceas.—Esto<br />

planta é do porte do Merú e outras de<br />

igual gênero. A raiz come-se assada.<br />

Aguarasiunha-açú.— Tiaridium PROPRIEDADES MÉDICAS.—Pisada em­<br />

medicum^ Pisou.— Heleotropium indicumt prega-se em emplastro, como moâifica-<br />

Linn. — Fam. das Borragineas. — Esta tiva das ulceras.<br />

herva, do porte da Crista de gallo, é natural<br />

da índia e congênere do Fedegoso<br />

Ah ouai. —Cerbera A houai, Linn.-—,<br />

de Pernambuco.<br />

Fam. das Apocynaceas.—Arvore do Brasil,<br />

de folhas leitosas, fruetos redondos ou<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—E' um bom<br />

trigonos : as nozes d'esta planta servem


AHO ALC 13<br />

de ornar os cinturões que os nossos indígenas<br />

trazem, e agitadas fazem grande<br />

ruido.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—O sueco leitoso<br />

d'esta planta é um forte veneno,<br />

Aâ sementes, unidas a um trophosperma<br />

sutural, são nuas ou cercadas<br />

de um penacho sedoso; ellas contém em<br />

um endosperma carnoso ou corneo um<br />

embryão recto.<br />

como também o de sua congênere Cer- Aipim.—V. Machaxera.<br />

bera Tàevetia {Linn.) Em dose pequena<br />

produz vômitos ; deitando-se no rio Ajubatipita.— V. Jabetapitâ.<br />

envenena os peixes.<br />

Albara. — Canna angustifolia, Linn.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.—As Apocy- — Fam. dos Amomaceas. — Planta que<br />

naceas apresentam um aspecto muito tem rhysoma; seu caule se eleva a uns<br />

variado. São plantas herbaceas, arbusti- 2 metros, as folhas largas, como as da<br />

vas ou arvores muito altas, e geral­ bananeiras são amplexi-caules, flores em<br />

mente leitosas.<br />

cachos grandes e bonitas; o fructo de<br />

As folhas são simples, oppostas, e três gomos, eriçaão de pontas ásperas;<br />

inteiras; as flores axilares ou termi- sementes pretas esphericas.<br />

naes, solitárias ou diversamente reu­ As folhas são empregadas como vulnidas.<br />

Em cada uma acha-se um cálice nerarias, d'onde lhe vem o nome de<br />

gamosepalo, de cinco divisões; uma co­ Herva dos feridos, pelo qual é vulgarrolla<br />

gamopetala, regular, de uma fôrma mente conhecida.<br />

-muito variada, offerecendo ás vezes cinco Os pretos comem a raiz d'esta planta,<br />

appendices petaloides, concavos, que diz-se ser maturativa que faz suppurar<br />

nascem da garganta da corolla, e se tumores. Segundo Pison o nome de<br />

unem em parte com os estames.<br />

Estes, em numero de cinco, são ora<br />

Albara pertence ao Jmberi.<br />

livres, ora reunidos pelos filetes e pelas Alcaçuz bravo. —V. Boi gordo.<br />

antheras, e formam uma espécie de tubo<br />

que cobre o pistillo e se pega muitas Alcaçuz ela Europa. — Glycir-<br />

vezes no ápice com o estigma. rhiza glabra, Linn. e Spl. — Fam. das Le-<br />

As antheras são de duas lojas e o guminosas — E' um arbusto europeo,<br />

pollen que encerram é pulverulento cujas folhas são dispostas em palmas<br />

n'aquellas cujos estames são livres, e ovaes, dá flores que são côr de rosa<br />

de massas sólidas n'aquellas em que os roixeada, em cachos; seu fructo é uma<br />

estames são unidos; cada massa pollinica baga oblonga comprimida, contendo três<br />

é terminada em sua extremidade,por uma ou seis sementes: deita uma raiz cylin-<br />

glândula, que se liga com a da massa drica, ennegrecida e amarella por den­<br />

pollinica ao lado da qual está collocada. tro, tem sabor adocicado.<br />

Dois ovarios livres, applicados sobre<br />

um disco hypogynico, presos pelo lado inPROPRIEDADES<br />

MÉDICAS.—E' emolliente<br />

terno ou somente pelo cimo ; cada um e diuretico, empregado nas moléstias<br />

offerece uma loja que contém um grande inflammatorias. Internamente em in­<br />

numero de óvulos situados em sua sufusão, (10 grammas para 1000 ditas<br />

tura interna.<br />

d'água.<br />

Os dois estyletes se soldam ás vezes<br />

em um só, e terminam em um estigma Alcaçuz de S. Paulo e Mi­<br />

mais ou menos descoide, outras vezes nas.— Piriondria dulsis, Mart.—Fam.<br />

'cylindrico e truncado.<br />

idem. — Tem as virtudes do Alcaçuz<br />

O fructo é um folliculo simples ou vulgar.<br />

duplo; raramente é carnoso e indeshiscente.<br />

Alcaçuz da terra. — GlycirrMza


1-1 ALE ALE<br />

CARACTERES HA FAMÍLIA.<br />

am'rica*a.—F


ALE ALE 1S<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—E' excitante,<br />

aromatico e applicado em fricções; o<br />

seu óleo é empregado em varias preparações<br />

pharmaceuticas: entra na composição<br />

do vinagre dos sete ladrões,<br />

as flores em uma espiga densa e branca'<br />

seus fruetos são pequeas caryopses. Florece<br />

no verão e conserva-se sempre viçoso.<br />

da água da Rainha da Hungria e da PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' recom-<br />

Água de Colônia, etc.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.—As Labiaãas<br />

mendada a infusão em banhos contra<br />

as affeccões rheumaticas.<br />

formam uma das famílias mais na- CARACTERES DA FAMÍLIA.— Vegetaes<br />

turaes do reino vegetal; são plantas herbaceos crescendo em geral nos lu­<br />

herbaceas ou arbustivas, cujo caule é gares humidos, e á margem das águas.<br />

quadrangular, com folhas simples e op­ O caule é ordinariamente triangular,<br />

postas.<br />

com alguns nós ou sem elles.<br />

As flores são grupadas nas axillas das As folhas são invaginantes, e a bainha<br />

folhas, em espigas ou cachos ramosos. é inteira e não fendida, as mais das<br />

O cálice é gamosépalo, tubuloso, de vezes guarnecidas no orifício de uma<br />

cinco dentes desiguaes.<br />

orlazinha membranosa chamada ligula.<br />

A corolla gamopetala, tubulosa e ir­ As flores formam espiguetas escamoregular,<br />

é bilabiada.<br />

sas, compostas de um numero variável<br />

Os estames são em numero de quatro de flores; cada flor consta de uma<br />

e didynamos; ás vezes os dois mais só escama, na axilla da qual geral­<br />

curtos abortam.<br />

mente se acham três estames, um pis-<br />

O ovario, applicado sobre um disco tillo formado de um ovario unilocular<br />

hypogynico, é profundamente quadrilo- e monospermico, terminado por um esbado,<br />

muito deprimido no centro, d'onde tylete simples em sua base, trazendo<br />

nasce um estylete simples ao qual se so­ em geral três estigmas filiformes e<br />

brepõe um estigma bifído; cortado trans­ felpudos.<br />

versalmente, o ovario offerece quatro Os estames tem o filete capillar; a<br />

lojas contendo cada uma d'ellas um anthera é terminada em ponta no ápice<br />

óvulo erecto.<br />

cume, bifido somente na base.<br />

O fructo se compõe de quatro akenios O fructo é um akenio globuloso com­<br />

monospermicos encerrados no interior primido ou triangular.<br />

do cálice que é persistente.<br />

O embryão é pequeno, collocado em<br />

A semente contém um endosperma direcção á base d'um endosperma fari-<br />

carnoso, algumas vezes muito delgado. naceo que o cobre por uma membrana<br />

muito delgada.<br />

Alecrim do matto. —Baccharis<br />

sylvestris. — Fam. das Compostas. Alecrim da praia ( de Sa/nta Catharina).<br />

— Polygala. — Fam. das Poly-<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—Esta planta galaceas. — Esta planta differe da de<br />

é aromatica e uzada em banhos como Pernambuco, é porém a mesma do Rio<br />

excitante, nos rheumatismos, e nos de Janeiro.<br />

catarrhos, em infusão.<br />

Herva de 3 a 6 decimetros de altura,<br />

folhas estreitas, carnosas, de côr verde<br />

Alecrim da praia de Pernam­ azulado; a inflorescencia se faz no fasbuco.<br />

— Schinus arenaria. —Fam. das tigio do caule.<br />

Cyperaceas. Pequena planta que vegeta Vegeta á beira mar; -o fructo tem a<br />

nas areias da praia, eleva seu caule fôrma de um coração.<br />

a 2 'A decimetros: é muito ornada de<br />

folhas estreitas, luzentes, em cujas PROPRIEDADES MÉDICAS. — Raízes e fo­<br />

pontas tem um aculeo picante; dá lhas amargas, tônicas e adstringentes.


16 ALE<br />

CAKWTKRK*. DA FAMÍLIA. — Plantas S. José da Coroa (irando de Pernam­<br />

herbáeeas, ou arbustivas, de folhas albuco, d'onde se origina seu nome segunternas,<br />

simples e inteiras, de flores solido a voz popular.<br />

tarias, axillares ou em espigas. Cada<br />

uma se compõe de um cálice de qua­ CARACTERES DA FAMÍLIA.—Plantas hertro<br />

a cinco sepalas, imbricadas lateralbaceas, raras vezes arbustivas , tendo<br />

mente antes do desabrochar da flor, e folhas oppostas, algumas vezes alter­<br />

duas das quaes, algumas vezes mais nas, espessas e carnosas, sem estipulas;<br />

internas, .são petaloides e coloridas. flores geralmente terminaes.<br />

A corolla é formada de duas a cinco O cálice é em geral formado de duas<br />

pétalas, umas vezes distinctas outras sepalas mais ou menos soldadas tor­<br />

vezes reunidas por meio dos filetes est-inando-se elle por isso tubulado na base.<br />

minaes, que formam um tubo fendido A corolla se compõe de cinco pétalas<br />

de um lado.<br />

livres, ou ligeiramente unidas entre si.<br />

Os estamos, geralme-nte em numero de •Os estames são do mesmo numero que<br />

oito, são monadelphos ; seu androphoro as pétalas inseridos em sua base, e lhes<br />

é dividido superiormente em duas pha- são oppostos; raramente são mais nulanges,<br />

cada uma com quatro antheras merosos.<br />

uniloculares, e abrindo-se em geral pelo O ovario é livre ou quasi semi-in-<br />

ápice. Mui raras vezes os estames são fero, com uma só loja, contendo um<br />

em numero de dois a quatro, e livres. numero variável de óvulos, nascendo<br />

O ovario é as vezes acompanhado em immediatamente do fundo da loja, ou<br />

sua base de um disca hypogynico e uni­ presos a um trophosperma central.<br />

lateral, ou formado de dois appendices O estylete é simples terminado por<br />

lateraes e laminosos; offerece dois, mui três ou cinco estigmas filiformes.<br />

raramente um só óvulo.<br />

O fructo é uma cápsula unilocular,<br />

O estylete é comprido, ordinariamente encerrando três ou varias sementes, e<br />

curvo, com estigma concavo, bilobado abrindo-se quer em três, quer em duas<br />

ou unilateral.<br />

válvulas sobrepostas.<br />

O fructo é uma cápsula ou uma drupa. As sementes debaixo de seu tegu-<br />

No primeiro caso, é de duas lojas mento próprio, incluem um embryão<br />

monospermicas, e se abre em duas vál­ cylindrico que é enrolado em um envulas<br />

septiféras; no segundo caso, é dosperma farinaceo.<br />

unilocular,monospermico e indehiscente.<br />

As sementes são pendentes, geral- Alecrim da serra ou de Ta-<br />

•mente acompanhadas de uma espécie de boleiv&.—Dichiptera aromatica.—Fam.<br />

caruncula ou de arillo de fôrma variada. das Acanthaceas.—E' um arbustosinho<br />

O embryão é ora collocado em um que vegeta nos taboleiros e nas Ca-<br />

endosperma carnoso, e ora desprovido tingas.<br />

de endosperma.<br />

E' de pouca elevação, tem o caule<br />

delgado, cylindrico; folhas pequenas,<br />

Alecrim de S. José. — Porlulaca crespas, aromaticas, ovaes, em feixes e<br />

lanuginosa.— Fam. das Portulacaceas. pelludas; — flores axillares; folhas, pe­<br />

Herva pequena, conhecida por este nome quenas á semelhança das do alecrim<br />

em Alagoas.<br />

de jardim; o fructo é uma pequena<br />

E' rasteira, com folhas miúdas, earno­ cápsula.<br />

sa^. dispostas em cruz; as flores são<br />

rôixa-. pjqu


ALF ALF 17<br />

ou arbustos, de folhas oppostas, dè<br />

flores dispostas em espigas, acompanhadas<br />

de bracteas em sua base.<br />

0 cálice é gamosépalo, de quatro ou<br />

cinco divisões, regulares ou irregulares.<br />

A corolla é gamopetala, irregular,<br />

ordinariamente bilabiada, os estames<br />

em numero de dois ou quatro, são didynamos.<br />

O ovario é de duas lojas que contem<br />

dois ou maior numero de óvulos; elle<br />

é applicado sobre um disco hypogynico<br />

annullar.<br />

O estylete é simples, terminado em<br />

estigma bilobado.<br />

O fructo é uma cápsula de duas<br />

lojas, algumas vezes monospermicos,<br />

abrindo-se com elasticidade em duas<br />

válvulas, que levam comsigo cada uma<br />

metade do septo.<br />

As sementes são em garal sustentadas<br />

por um podosperma filiforme e<br />

seu embryão, collocado immediatamente<br />

debaixo do tegumento próprio, é desprovido<br />

de endosperma e tem geralmente<br />

a radicula voltada para o lado<br />

do hilo.<br />

Alface.—Lactuca sativa , Linn.—<br />

Fam. das Compostas. —Planta herbacea, Alfavaca de cobra. — Monnieria<br />

annual, cuja caule ergue-se com folhas trifolia Aubl.—Fam. das Butaceas.—<br />

grandes de verde claro obovaes e oblon- Esta herva em Pernambuco é conhecida<br />

gas ; as flores são amarelladas e em<br />

por este nome, mas em outras partes do<br />

cachos, e formão um capitulo de pel­<br />

Brasil por Jaborandi.<br />

los macios e brancos, que voão com o Pequena herva ramosa, suas folhas<br />

vento.<br />

trifolioladas, florinhas brancas, miúdas,<br />

Esta planta, cuja pátria ignoro, é cul­<br />

formam um froco de folhinhas no cimo,<br />

tivada em todas as hortas, sendo do<br />

um tanto pelludas, etem aroma, quando<br />

mais trivial conhecimento entre nós.<br />

submettidas a compressão.<br />

O fructo é uma capsulasinha palheosa.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. —A água da<br />

alface é freqüentemente usada na medicina<br />

como antispasmodico.<br />

Alface de cordeiro. — Eerva<br />

Benta.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—E' sudorifíca,<br />

aromatica e empregada nos mesrftos ca­<br />

sos do Jaborandi. Faz-se com ella um<br />

xarope bom para o tratamento da coqueluche<br />

na dose de 30 a 40 grammas por<br />

dia.<br />

As folhas fritas em óleo e postas nas<br />

verilhas e sobre o púbis, são úteis na ischuria.<br />

(Fig. 3.)<br />

Alfavaca de cheiro. — Occimun<br />

incanum. Occimuu fluminense. Vell.—Fam.<br />

das Labiadas. — Esta planta é por este<br />

nome conhecida em Pernambuco, e na<br />

Bahia por Santa Maria. Sua altura regula<br />

de 6 a 8 decimetros; folhas oppostas<br />

ovaes e serriadas; flores em espigas<br />

densas, pequenas, brancas, tocadas de<br />

roixo; o fructo é uma pequena cápsula<br />

preta.<br />

Applicam-n'a raramente como adubo.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' aromatica,<br />

emprega-se em banhos nos rheumatismos.<br />

As sementes applicadas aos olhos, que<br />

tem argueiros, attrahem-nos a si, e facilitam<br />

a extraccão.<br />

PROPRIEDAEES MÉDICAS.— A raiz além<br />

de outros prestimos é muito útil, na diabetis;<br />

emprega-se o decocto como sudorifico<br />

e diuretico. Também aproveita<br />

nas inflamações de olhos.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. — Grande<br />

Alfa vaca brava.—W a Jaboranãi família composta de arvores, de ar­<br />

no Pará.<br />

bustos ou de plantas herbaceas tendo<br />

folhas oppostas ou alternas commum-<br />

Alfa vaca do campo.— Occimun mente cheias de pontos translúcidos,<br />

incannecens, Mart.—Fam. das Labiadas. com ou sem estipulas: flores geral-<br />

5


!H ALF AL(i<br />

mente hermaphroditas; mui raras vezes PROPRIEDADES MÉDICAS.—Com o sueco<br />

unisexuars; um cálice de três a cinco d'ella curam-se belidas da cornea; a de-<br />

sepalas. unidas pela base: corolla de coção das folhas serve para modificar as<br />

cinco pétalas, algumas vezes soldadas, dores de dentes.<br />

raramente nulla.<br />

Cinco ou dez estames, alguns dos Alfazema da Europa. — Lavan-<br />

quaes abortam ás vezes e offerecem fôrdulaspicaia. Linn.—Fam. idem.—Planta<br />

mas variadas.<br />

cultivada no Brasil, natural do Meio Dia<br />

O ovario compõe-se de três a cinco da Europa, mas conhecida geralmente<br />

carpellas, e formando outras tantas ares­ entre nós.<br />

tas mais ou menos salientes.<br />

E' uma herva de caule estriado, mui<br />

Cada loja contém quasi sempre dois, esgalhado ; as flores arrumadas em cír­<br />

raramente um só, ou grande numero de culos, e violaceas amarellas; toda a plan­<br />

óvulos inseridos em seu angulo interta é aromatica; a folhagem miúda e os<br />

no, e n'elle formando duas ordens. frutinhos são a semelhança do cuminho<br />

Os estyletes são livres ou soldados. com o qual tem affinidade familiar.<br />

Essas carpellas acham-se em geral ap- Ella contém um óleo volátil, muito<br />

pliçadas sobre um disco hypoginico usado nas perfumárias.<br />

mais ou menos saliente, e algumas<br />

vezes formam por sua reunião, um PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' excitan­<br />

ovario gynobasico, cujo estylete parece te, empregada principalmente em ba­<br />

nascer de uma depressão muito profunda<br />

e central.<br />

nhos.<br />

O fructo é ora simples, formando Alfazema da terra ou do<br />

uma cápsula, que se abre em tantas matto.— Hoslumdia Alfazema. — Fam.<br />

válvulas septiferas, quantas lojas tem, das Labiadas. — E' um sub arbustosinho<br />

ora, e as mais das vezes, separa-se esgalhado, de caule quadrado; vegeta<br />

em outras tantas cocas ou carpellas, não só nos mattos, como também nos ta-<br />

quasi constantemente monospermicas , boleiros e nas vargeas; folhas aromati-<br />

indehiscentes e as vezes ligeiramente cas, miúdas e oppostas; flores em ca­<br />

carnosas ou seccas, e abrindo-se em chos formando uma espiga pyramidal,<br />

duas válvulas incompletas.<br />

abastecida de pevides palheosas e miu-<br />

As sementes cujo tegumento próprio dissimas, de côr roixo violeta; o fructo é<br />

é muitas vezes crustáceo, se compõem excessivamente pequeno.<br />

de um endosperma carnoso ou de consistência<br />

cornea, contando um embryão PROPRIEDADES MÉDICAS. — Serve para<br />

de radicula superior, raras vezes virada banhos aromaticos.<br />

para o hilo que é lateral; em alguns<br />

casos o embryão<br />

endosperma.<br />

é desprovido de Alga.—Alga.—Fam. das ffyârophytas.<br />

I — As algas são plantas que crescem<br />

ordinariamente nos lugares humidos,<br />

Alfavaca sylveslre. — Occimum sobre tudo nas águas doce e salgada.<br />

syhestre.—Fam. das Labiadas.—V. Al­ Algumas são compostas de vesiculas<br />

favaca de cheiro.<br />

isoladas, constituindo cada uma um indivíduo<br />

isolado e completo. Outras apre­<br />

Alfazema de caboclo. — Hyssentam-se debaixo da fôrma de utriculos<br />

sopus cryspapylla.—Fam. das Labiadas.— reunidos, enfiados como as contas de um<br />

E' um dos nomes porque no norte das rosário, e encerradas n"uma espécie de<br />

Alagoas esta planta é conhecida. Tam­ membrana gelatiniforme amorpha.<br />

bém a chamam Sambaitè.<br />

Outras ainda são filamentos simples<br />

E' um arbusto que cresce até 2 metros, ou ramosos, contínuos ou articulados,<br />

pouco mais ou menos.<br />

lategos variados na fôrma, consistência


ALG ALG 1»<br />

e côr ou expansões membranosas já<br />

simples, jálobadas.<br />

Algumas têm na base uma espécie de<br />

pé ramificado como uma raiz, outras<br />

apresentam órgãos repartidos por um<br />

caule simples ou ramificado, com folhas<br />

alternas. Todas as algas são formadas<br />

de utriculos.<br />

Os órgãos da reproducção são variados<br />

; ora são pouco distinetos e constituídos<br />

por corpusculos reproduetores,<br />

ora os esporulos são contidos nos esporidios,<br />

espécies de utriculos reunidos em<br />

grande numero em conceptaculos ocos ou<br />

salientes.<br />

Os esporulos de certas algas quando<br />

sahem dos esporidios, executam movimentos<br />

rápidos e variados ; é a transição<br />

da serie animal que acaba nos infusorios,<br />

em que se observam movimentos<br />

análogos, para a serie vegetal, que<br />

começa com estas plantas.<br />

A ordem das algas era antigamente<br />

dividida em duas tribus ; uma d'ellas<br />

formada pelas algas, que crescem na<br />

água salgada e que se denominam fu-<br />

nerviadas, tri ou quinquelobadas, sendo<br />

os lobos agudos.<br />

As flores são grandes, vistosas em<br />

forma de taça de cinco lobulos, e notáveis<br />

por sua corolla de bella côr<br />

amarella ou avermelhada.<br />

Os fruetos que vulgarmente são chamados<br />

maçãs, tem a fôrma de uma<br />

cápsula ovoide de vértice ponteagúdo,<br />

abrindo-se ao termo de seu amadurecimento<br />

em 3 ou 4 valvas (depis-<br />

cencia loculicida) ; cada fructo é dividido<br />

interiormente em 3 ou 4 compartimentos<br />

(lojas) por outras tantas folhetas<br />

(septos), e cada compartimento<br />

ou loja contem 3 a 7 sementes pretas,<br />

ovoides, envolvidas por um froco de<br />

filamentos, mais ou menos longos, mui<br />

finos, de côr branca ou arruivascada.<br />

Estes frocos de filamentos têm por<br />

origem uma formação de pellos, emanados<br />

do episperma ou tegumento próprio<br />

da semente, e constituem a substancia<br />

têxtil conhecida pelo nome de<br />

algodão.<br />

O algodão é esta porção filamentosa<br />

- eus, ou varechs : a outra formada pelas da semente do algodoeiro ; de todas as<br />

que vegetam n'agua doce e chamadas substancias vegetaes de utilidade para<br />

confervas.<br />

a industria, o algodão é incontesta-<br />

A alga vesiculosa, bodelha, sargaço ou velmente o que oceupa primeiro lugar.<br />

botilhão vesiculoso ou carvalinho do Se o trigo faz a base da alimen­<br />

mar {Fucus vesiculosus.) Esta planta taçãoadhe- dos animaes, o algodão faz a<br />

re aos rochedos por um curto pediculo, base do trajar.<br />

que se alarga em uma fronde plana, for- O algodoeiro é cultivado em todo o<br />

quilhosa com nervuras dorsaes, provida Brasil; o de Pernambuco era o mais<br />

de vesiculas distribuídas por par. estimado nas fabricas de Inglaterra, e<br />

Todas as algas contem em seus tecidos mais paizes manufactureiros. não só<br />

soda e iodo; aproveitam-se por isso para pela sua qualidade, fínura e tenaci­<br />

d'ellas extrahir estas substancias. As dade dos fios, como principalmente pelo<br />

que o mar arroja em abundância sobre<br />

a terra, empregam-se em adubar<br />

-as terras.<br />

Algumas espécies são vermifugas, outras<br />

são applicadas nas escrophulas, outras<br />

em que existe um principio nutritivo,<br />

servem de alimento. As confervas<br />

que vegetam n'agua doce não têm<br />

applicação conhecida.<br />

Algodão. — Gossypium, Linn.— Fam.<br />

das Malvaceas. — Às folhas são alternas,<br />

pecioladas, cordiformes, palmati-<br />

;<br />

lustre e brilho que possuía.<br />

Estes predicados lhe davam muito<br />

merecimento, e valor superior a todos<br />

os algodões importados.<br />

Concorreram para o descrédito d'este<br />

nosso produeto os agricultores, pois só<br />

attenderam á quantidade na producção<br />

e desprezaram a principal condição: a<br />

qualidade. D'isto resultou o deixar de<br />

ser procurado nos mercados de seu consumo<br />

e ser vendido por inferior preço.<br />

Outras oceurrencias se deram para<br />

que o algodão do Brasil degenerasse:


«o AI.O ALG<br />

a exportação annual dos Estados Unidos<br />

que foi enorme em conseqüência<br />

de vender-se alli o algodão por preço<br />

muito mais baixo do que o do Brasil,<br />

$Oí)0 16<br />

kilgr.<br />

()- últimos acontecimentos dos Estados<br />

Unidos paralysaram por alguns<br />

annos as consideráveis remessas que<br />

d'alli se faziam de algodão para os<br />

mercados d'Europa; o do Brasil encontrou,<br />

pois, novamente um preço extraordinário,<br />

visto como chegou a venderse<br />

por 32$()00 16 kilgr.<br />

O algodão de Pernambuco tem sido<br />

apreciado por sua boa qualidade e é<br />

de esperar que brevemente tenhamos de<br />

concorrer sem desvantagem de espécie<br />

alguma nos mercados d'Europa, e isto<br />

porque os nossos agricultores tratam<br />

de aperfeiçoar todos os dias a cultura e<br />

os processos de preparação e o acondicionamento<br />

de seu produeto.<br />

Cumpre ao nosso governo concorrer<br />

quanto estiver a seu alcance para a<br />

abertura de boas estradas que facilitem<br />

os transportes d'este produeto, porque<br />

os terrenos apropriados ao plantn do<br />

algodão de Pernambuco distam muitas<br />

dezenas de léguas da cidade do Recife.<br />

Os algodoeiros são geralmente arbustos<br />

mais ou menos altos e podem<br />

distinguir-se em duas classes extremas<br />

quanto á altura, isto é em algodoeiros<br />

arborescentes e em algodoeiros herbaceos.<br />

A historia botânica dos algodoeiros<br />

apezar dos excellentes trabalhos de Parlatore<br />

ainda não é completamente conhecida,<br />

podendo fazer-se em geral a<br />

mesma observação relativamente aos<br />

outros vegetaes úteis submettidos a uma<br />

longa e cuidadosa cultura.<br />

Não se conhecem com toda a precisão<br />

as differentes espécies de algodoeiros<br />

actualmente cultivados em muitos paizes,<br />

nem tão pouco de modo exacto o<br />

paiz natal de cada espécie ou varie­<br />

dade; póde-se dizer em geral que este<br />

vegetal cresce naturalmente nos paizes<br />

quentes: mas conseguiram acclima-lo<br />

em muitos paizes temperados, de modo<br />

que a distribuição geographiea do algodoeiro<br />

é hoje muito extensa.<br />

Não somente elle cresce nos paizes<br />

tropicaes de ambos os heinispherios,<br />

como também em regiões onde a temperatura<br />

desce abaixo de 13 a 14°. Reaumur<br />

ou 60 a 84" Falir.<br />

Todavia ha certos paizes onde as circumstancias<br />

climáticas temperando os<br />

rigores do inverno, permittem a cultura<br />

do algodoeiro, como acontece na Criméa.<br />

O limite da vegetação do algodoeiro<br />

na Europa é o 45° de latitude norte,<br />

e como se sabe, elle é cultivado em<br />

alguns pontos da Hespanha, e da Sicilia,<br />

etc.<br />

Na Ásia cultivam-no até Astracam,<br />

na China, e no Japão até 41° de latitude<br />

norte; na America do Norte<br />

até uma latitude norte igual, e na<br />

parte meridional do continente americano<br />

até 30° de latitude sul' no litoral<br />

oriental, e até 33° nas costas<br />

oceidentaes.<br />

As diversas espécies de algodoeiros<br />

estão distribuídas em toda a Ásia, no<br />

Cabo da Boa-Esperança no Senegal,<br />

nas costas de Guiné, na Abyssinia, nas<br />

margens do Niger, do Gâmbia e do<br />

Zembere, em Serra Leoa e nas Ilhas<br />

do Cabo Verde, na Syria, no Egypto,<br />

em torno do Mediterrâneo, na Hespanha,<br />

na Sicilia, no Brasil, na Columbia,<br />

nas Guyannas, Antilhas, em muitos<br />

Estados da União Norte Americana,<br />

taes como Virgínia, Luisiana, Geórgia,<br />

as Carolinas, Alabama, Mariland,<br />

Delaware, e finalmente nas ilhas do<br />

Oceano Indico.<br />

O continçnte e as ilhas da Ásia<br />

podem ser considerados como a pátria<br />

do maior numero de espécies e variedades<br />

do gênero Gossypium.<br />

A China, as Grandes JIndias, o império<br />

do Mogol, os reinos de Siam e<br />

Pegu, Bengala, etc., ainda produzem<br />

hoje immensas quantidades de algodão.<br />

O algodoeiro cresce igualmente na<br />

Pérsia, Arábia, Syria, Palestina , Ásia<br />

menor, Anatolia, Alepo, Smyrna, etc.<br />

Sabe-se com toda a certeza que o<br />

algodoeiro foi cultivado desde tempos


ALG<br />

ALG SI<br />

immemoriaes na Pérsia, na Arábia e melho; que Baygara (hoje Baroche) era<br />

no Egypto.<br />

o centro desse commercio.<br />

Herodoto diz que os habitantes da Masalia (Masulipatum) possuía então,<br />

índia já de muitos séculos faziam uso segundo esse autor, as mais afamadas<br />

dos tecidos de algodão.<br />

fabricas e as casas de Bengala goza­<br />

Arriano confirma a narração do pae vam então da mesma reputação que hoje.<br />

da historia e menciona o nome indico Foi somente no principio da éra<br />

do algodoeiro, que é Taka.<br />

christã que o commercio dos tecidos de<br />

No. tempo de Strabão, isto é, quatro algodão se estendeu do Oriente para a<br />

séculos e meio depois de Herodoto, o Grécia e o Império Romano.<br />

algodoeiro já era cultivado na entrada No décimo terceiro século o Turkes-<br />

do Golpho Pérsico.<br />

tan, fazia com a Criméa e a Rússia um<br />

Meio século mais tarde, Plínio nos commercio activo em tecidos d'algodão,<br />

diz que esta planta, denominada gossy- e na Armênia se fabricaram esses tepion<br />

ou xylon, era conhecida no alto cidos , cuja matéria prima vinha da<br />

Egypto e na Arábia; Theophrasto Pérsia.<br />

citava entre as producções da ilha de O algodoeiro foi introduzido na China<br />

Taylor, no Golpho Pérsico, uma planta pouco mais ou menos em 1368, epocha<br />

que pela sua descripção é o próprio da invasão tartara, não obstante a viva<br />

algodoeiro.<br />

opposição dos operários da lã e da seda.<br />

Se os gregos e os romanos não se Deve-se á invasão musulmana a cul­<br />

apropriaram de uma planta preciosa tura do algodoeiro na África, e a fa­<br />

que encontraram nos paizes conquisbricação dos tecidos de algodão.<br />

tados pelas suas armas, isso foi de­ Sabe-se que no décimo terceiro século<br />

vido a que esses povos pouco indus- existiam florescentes fabricas de tecidos<br />

triosos e pouco versados nas sciencias de algodão em Fez e Marrocos, e que<br />

naturaes, desdenharam enriquecer os no fim do décimo sexto se importaram<br />

seus respectivos paizes com uma pro- em Londres vários artefactos de algoducção<br />

que lhes offerecia a via do dão fabricados em Benin.<br />

commercio, ou por pensarem que o Finalmente as fazendas de algodão<br />

algodoeiro sendo uma planta exótica, que servem para vestir as nações da<br />

não era susceptível de ser cultivado África central são fabricadas alli mesmo.<br />

em climas menos quentes do que aque­ Não obstante as asserções contrarias,<br />

les onde o acharam.<br />

se dermos credito ao historiador Solis,<br />

Os árabes, pelo contrario, com menos os habitantes da America já usavam de<br />

gosto da litteratura e das bellas artes, fazendas de algodão antes da conquista,<br />

excederam aos gregos na arte agrícola, e elle cita os presentes enviados ao Rei<br />

e pelo menos, igualaram aos romanos. de Hespanha, mantos, lenços, tape­<br />

Como quer que seja, os monumentos tes, etc, de algodão.<br />

da historia, os factos e as provas ainda Parece que em alguns pontos do Brasil,<br />

existentes attestam que esses povos, essa industria já era conhecida muito<br />

hoje tão atrazados, melhoraram a cul­ anteriormente á descoberta.<br />

tura na Europa, e introduziram em toda A introducção do algodoeiro na Eu­<br />

a parte, aonde chegaram, muitas proropa remonta ao nono século , e sua<br />

ducções exóticas até então desconhe­ cultura foi devida á invasão dos sarracidas.cenos<br />

na Hespanha. Os primeiros al­<br />

O commercio dos tecidos de algodão godoeiros que se viram na Europa, fo­<br />

remonta igualmente a epocha mui anram cultivados nas planícies de Valentiga.cia.<br />

Cordova, Sevilha e Granada foram<br />

Arriano no seu périplo do mar de Ery- celebres pelas suas fabricas de algodão<br />

thréa, refere que os árabes traziam al­ no décimo quarto século, e Barcelona<br />

godão da índia até Adulea no mar Ver- já era conhecida no commercio como


•ü Al.fi<br />

exportadora de fazendas de algodão de cinco milhões, subio em 1833 a quasi<br />

500 milhões e occupava os braços<br />

desde o décimo terceiro.<br />

()> mouros nao somente introduzi­ de perto de dois milhões de indivíram<br />

a cultura d'essa útil planta, como duos.<br />

ensinaram os meios de fabricar os Em 1786 os Estados Unidos recebe­<br />

seus diversos productos entre osquaes ram pela primeira vez e cultivaram<br />

o do papel de algodão, cuja fabrica­ na Geórgia o algodoeiro de Bahama<br />

ção elles haviam aprendido em Samar- de longas sedas, a que deram o nome<br />

canda na sétimo século.<br />

de algodoeiro de ilhas {Sea Island.)<br />

No décimo quarto já se fabricavam A nova planta prosperou de tal modo<br />

tecidos de algodão na Itália, e pen­ em diversos estados da União Americana<br />

sa-se que foi na mesma epocha que que de 170,600 libras exportadas para<br />

os turcos importaram essa arte na Inglaterra em 1791, se elevou em 1839<br />

Albânia e na Macedonia.<br />

a 300 milhões de libras. Os tecidos de<br />

Veneza e Milão exerceram essa in­ algodão fabricados nos Estados da União<br />

dustria e foram celebres pela fabrica­ produziram em 1833 mais de doze mição<br />

de fazendas mui sólidas com o lhões de cruzados.<br />

algodão importado da Syria e da Ásia Tem-se feito muitos ensaios na Eu­<br />

Menor.<br />

ropa para introduzir a cultura do al­<br />

Um pouco mais tarde a industria godão, mas, si exceptuarmos a Hespanha<br />

da fabricação dos tecidos do algodão se e a Sicilia, esses ensaios não surtiram<br />

introduzio na Bélgica, que em breve se effeito, pelo menos em ponto grande.<br />

tornou o empório d'essa industria e Não aconteceu o mesmo com a fabrica­<br />

manteve durante quasi três séculos a ção dos tecidos de algodão, porque essa<br />

supremacia commercial.<br />

industria é commum, e mais ou menos<br />

No começo do décimo quarto século prospera em todas as nações do velho<br />

os venezianos e os genovezes levaram mundo.<br />

para Inglaterra alguns fardos de algo­<br />

A França é o segundo paiz da Europa<br />

dão, cujo único emprego no principio<br />

na ordem da producção do algodão.<br />

foi o de fazer tecidos. Em 1430 alguns<br />

tecelões do| condados de Chester e de Em 1668 Marseille importou do Le­<br />

Lancaster começaram a fabricar fusvante 400,000 libras de algodão em rama,<br />

tões á imitação dos de Flandres e de e 1,400,000 libras de algodão fiado. Em<br />

Bristol e começaram a importar algo­ 1750 a importação foi sete vezes maior.<br />

dão do Levante.<br />

Muitas cidades são manufactureiras de<br />

Henrique VIII e Eduardo VI favore­ tecidos de algodão; suas fabricas occeram<br />

essa industria, e no meado do cupam de 800 a 900,000 pessoas, subindo<br />

décimo sétimo século havia em todas o seu valor a mais de 170,000 milhões<br />

as parochias teares de algodão afim de de francos.<br />

occuparem os agricultores durante o A industria do algodão hoje se pra­<br />

inverno.<br />

tica em todas as nações européas, prin­<br />

No reinado de George III, a induscipalmente na Bélgica, Suissa Allemanha<br />

tria do algodão já occupava quarenta e Inglaterra.<br />

mil pessoas e produzia quinze milhões Os botânicos consideram os diversos<br />

de crusados.<br />

algodoeiros, cultivados ou silvestres,<br />

A fabricação dos tecidos de algodão como simples variedades de pequeno<br />

sempre altamente favorecida pelo go­ numero de espécies; nem todos estão*<br />

verno, e sempre em progressivo aper­ porém de accordo quanto ao numero<br />

feiçoamento, e que apresentava em 1101 certo das espécies.<br />

uma exportação de fazendas apena3 no Assim Linneo menciona 5 espécies.<br />

valor de pouco mais ou menos milhão Lamarck 8; de Candolle 13; ao passo<br />

e meio, três annos depois elevada a mais que Rohr admitte 29, e o Dr. Royle só-<br />

ALG


ALG ALG S3<br />

mente 4. Citaremos aqui, unicamente, O homem tem apropriado ás suas ne­<br />

as espécies mais importantes:<br />

cessidades um grande numero de arvo­<br />

1.° o algodoeiro herbaceo ou de Malta res, de arbustos, de plantas alimentícias<br />

(Gossypium herbaceum).<br />

ou de ornamento; existe porém um nu­<br />

2.° o algodoeiro arbóreo ou arborescente mero mui limitado de vegetaes que lhe<br />

(Gossypium arboreum).<br />

forneçam matérias para cobrir a sua<br />

3.° o algodoeiro da Índia (Gossypium nudez. in- Entre estes, o algodoeiro é sem<br />

dicum).<br />

contestação, o primeiro.<br />

4.° o algodoeiro fèlpudo (Gossypium Mr- O Canhamo, o linho e outras plantas<br />

sutum).<br />

têxteis lhe fornecem na verdade grandes<br />

5.° o algodoeiro religioso ou de três recursos pon­ para vestir-se e para o exercítas<br />

(Gossypium religiosum). cio de muitas artes. Mas a casca gom-<br />

6.° o algodoeiro folha de videira (Gosmosa d'estas plantas exige, para se transsypium<br />

bitifolium).<br />

formar em fios teciveis, muitas e diversas<br />

preparações longas e penosas.<br />

ALGODÃO MANUFACTURADO. —Seria pa­ A cultura da seda reclama grandes<br />

ra desejar que se encontrassem em cuidados, e muitas manipulações, para<br />

nossa província fabricas de tecidos de se converter o seu produeto em matéria<br />

algodão, de todos os estabelecimentos tecivel. Entretanto o algodão offerece<br />

fabris os de maior utilidade e vanta­ ao homem uma matéria já preparada<br />

gem para o commercio e agricultura. pelas mãos da natureza e prompta a<br />

Já houve aqui uma que infelizmente suc- transformar-se em tecidos finíssimos ou<br />

cumbio por ter fallecido o seu proprie­ grosseiros,á vontade.<br />

tário ; tentou-se ainda levar a effeito É quasi ocioso enumerar a variedade<br />

outra fabrica de tecidos, mas aterraram de tecidos que se fabricam com o algo­<br />

por tal fôrma os poucos espíritos emdão, porque todos sabem o que são<br />

prehendores, que não teve lugar a asso­ cassas, fiiós, morins, panninhos, chiciação<br />

nem de um seitil, de sorte que tas, madapolões, fustões, veludos, bel-<br />

nenhuma fabrica temos de fiação; consbutinas, pannos - ordinários ou grosta,"<br />

porém, que nos sertões da província seiros , linhas, rendas, meias, bonés,<br />

existem alguns pequenos teares que fa­ etc, etc.<br />

bricam diminuta quantidade de tecidos, Misturando-o com eánhamo, linho,<br />

os quaes alli mesmo são consumidos, pois lã e mesmo pellos dos animaes, fabri­<br />

que só exportam d'essas localidades redes ca-se uma grande variedade de teci­<br />

lisas e lavradas.<br />

dos . Os fabricantes de vellas de sebo,<br />

Em Alagoas e Bahia fabricam o tecido cera, spermacete, stearina, etc, empre­<br />

do algodão, que exportam para as de gam-no em fôrma de pavio.<br />

mais províncias do Império.<br />

Nas lâmpadas domesticas o algodão é<br />

O Caroço do algodão é excessivamente empregado tecido de um modo particular<br />

oleoso, e a industria tem-se aproveitado e sem costuras; os alfaiates usam d'elle<br />

d'elle para obter um óleo muito próprio em fôrma de pastas, etc. Admira-se a<br />

para luz, fabrico de sabões e uso de ma- finura e a belleza dos pannos e tecidos de<br />

chinas, e que também é empregado na algodão que o commercio traz da índia.<br />

medicina. O processo de extracção d'este Todos conhecem as soberbas chitas,<br />

óleo é análogo ao que se pratica com a com as quaes as da Europa não podem<br />

mamona.<br />

competir. A excellencia d'esses tecidos<br />

attesta a excellencia das preparações,<br />

PROPRIEDADES E USOS DO ALGODÃO. —<br />

quaesquer que ellas sejam, que os fa­<br />

Nas immensas producções do reino vebricantes indianos dão ao algodão, e que<br />

getal, talvez não se encontre uma só que ainda não poderam ser imitados pelos<br />

se possa comparar com o algodoeiro fabricantes dos paizes os mais indus-<br />

quanto á utilidade.<br />

triosos.


e-i ALG ALG<br />

As fam


ALG ALG 25<br />

theras reniformes e constantemente<br />

uniloculares.<br />

O pistillo se compõe de varias carpellas,<br />

ora verticilladas á roda d'um<br />

Algodão dos Baixos.— Suas sementes<br />

têm um lado plano, e outro<br />

Algodão de Carthagena. —<br />

Distinguem-se duas espécies, de pequenos<br />

frocos, e de grandes ou grossos frocos.<br />

eixo central e mais ou menos soldadas, Algodão de coração.— A semen­<br />

ora reunidas n'uma espécie de capite é pequena, coberta de pello curto; a<br />

tulo ; essas carpellas são uniloculares, lã é muito fina e muito alva.<br />

contendo um, dois ou maior numero<br />

das sementes presas ao seu angulo Algodão felpudo.—Gossypium hir-<br />

interno.<br />

sutum, Linn. e Cavan.—Fam. das Mal-<br />

Os estyletes são distinetos ou mais vaceas. — Este algodão procede de uma<br />

ou menos unidos, terminados cada um planta herbacea de % a 1 metro, oriunda<br />

por um estigma simples.<br />

da America Meridional.<br />

O fructo apresenta as mesmas mo­ Esta espécie se distingue das outras<br />

dificações que os órgãos elementares, por seu caule herbaceo annuo ou bisan-<br />

quero dizer, que estes estão ora reuninuo; é ramoso, semelhante ao do outro;<br />

dos circularmente á roda de um eixo as flores amarellas e o fructo dá um<br />

material, ora agrupados em capitulo, capulho que sahe fora da cápsula pen­<br />

ora formando por sua solda uma dendo com um comprimento de 24 cen-<br />

cápsula pluriloeular, que se abre em timetros.<br />

tantas valvas quantas lojas mono ou<br />

polyspermicas encerra; outras vezes as<br />

Algodão de folha vermelha.<br />

carpellas se abrem somente pelo seu<br />

— As sementes são bem cobertas de lã,<br />

lado interno.<br />

tem as folhas, os peciolos e as nervuras<br />

Os grãos cujo tegumento próprio é<br />

das folhas de um vivo vermelho; a lã<br />

algumas vezes coberto de pellos fel-<br />

é muitíssimo fina.<br />

pudos, compõem-se de um embryão<br />

Algodão indiano. — Sementes<br />

recto geralmente sem endosperma, ten­<br />

pretas lisas e venosas.<br />

do os cotyledones membranosos do­<br />

É muito fina a lã d'esta espécie, mais<br />

brados sobre si mesmos.<br />

ainda que a da Guyana; é também muito<br />

alva.<br />

Algodão da ülartinica. — É co­<br />

convexo, e são pretas; a lã é de bôa<br />

roado de verde. Dá o pello, que se acha<br />

qualidade, fina e de fio comprido.<br />

sobre a ponta do grão, fresco e verde; o<br />

fio é fino, alvo e estimado.<br />

Algodão nravo.— Eibiscus bifurcatus,<br />

Will. e Cavan.—Fam. das Malva-<br />

Algodão do mato. — Cochlosperceas.—<br />

Planta brasileira, do Pará, com mum strigosum.— Fam. das. Ternstremia-<br />

o aspecto de quiabeiro, de folhas alceas. — Éum arbusto agrèstee indígena,<br />

ternas recortadas; tem espinhos e<br />

conhecido por este nome'em Pernam­<br />

flores um tanto grandes, o fructo é<br />

buco.<br />

uma cápsula polyspermica.<br />

É de 2 a 4 % metros de alto, e no porte<br />

assemelha-se ao algodoeiro manso.<br />

Algodão do Brasil. — Differe do Seu caule é pouco ramoso e mui ver­<br />

algodão felpudo por formarem as setical ; é nodoso e castanho.<br />

mentes uma pyramide mais curta e As folhas longamente pecioladas são<br />

mais larga.<br />

palmadas, recortadas em cinco pontas,<br />

Esta espécie cultivada no Brasil, não de verde paleaceo e duras.<br />

ha nem na Guiana, e nem nas Anti- Asflôres em pequenos feixes, são granlhas.des,<br />

de um bonito amarello côr degemma


Sü ALG<br />

Algodão mussulina da Trin­<br />

dovo com fôrma circular, com um feixe<br />

dade. — O tio ó extramente fino, e<br />

de ületes amarellos no meio, sem cheiro.<br />

de grande alvura.<br />

O fructo é uma eapsula ovoide, palcacea,<br />

dividida por dentro, e contendo<br />

Algodão de Porlo Rico. — A<br />

uma porção de sementes envoltas em<br />

semente é disposta em pyramide,<br />

uma lã loura, macia, imitando a seda.<br />

alongada e estreita, como a da Guya-<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.—Arvores ou na, tendo demais ser toda coberta de<br />

arbustos de folhas alternas, sem estipu­ pello.<br />

las, muitas vezes coriaceas e persistentes;<br />

de flores algumas vezes grandíssimas, Algodão de S. Domingos, Co­<br />

axillares ou terminaes, tendo um cálice roado. — A semente é oblonga, pouco<br />

formado dc cinco sepalas concavas densa de pello, lá muito fina e muito<br />

desiguaes e imbricadas ; uma corolla alva.<br />

composta de cinco pétalas ás vezes<br />

soldadas em sua base, e formando uma Algodão de S. Thontaz.—Tem a<br />

corolla gamopetala; estames numero­ semente semelhante aos precedentes; é<br />

sos muitas vezes reunidos pela base muito estimado, porque sua lã é muito<br />

dc seus filetes e ligados com a co­ fina, alva e mui compridos os fios.<br />

rolla.<br />

Dá uma só colheita no anno e cerca de<br />

O ovario é livre, sessil, muito ge­ 90 a 105 grammas de lã.<br />

ralmente applicado em um disco hypogynico;<br />

elle é dividido em duas Algodão de Siam hranco.—Se­<br />

a cinco lojas, contendo cada uma dois mente lisa, preta, quasi globosa. Reúne<br />

ou maior numero de óvulos pendentes de mais as seguintes qualidades: alvu­<br />

no angulo interno de cada septo. ra brilhante, finura, comprimento de fio<br />

O numero dos estyletes é o mesmo e elasticidade. É extremamente procu­<br />

que o das lojas ; termina cada um por rado.<br />

um estigma simples.<br />

Dá duas colheitas por anno, e cerca de<br />

O fructo offerece de duas a cinco 180 grammas de lã em cada colheita.<br />

lojas; elle é ora coriáceo, indehiscente,<br />

um tanto carnoso interiormente, Algodão de Siam escuro e co­<br />

outras vezes é capsular, abrindo-se por roado. — É de côr de nankim pallida,<br />

meio de outras tantas valvas. seu fio é fino e elástico; a cultura não é<br />

As sementes, muitas vezes em nu­ extensa, porque fornece apenas por anno<br />

mero de duas somente em cada loja, 90 grammas de lã por colheita.<br />

tem seu embryão nú ou coberto de Ha outro d'esta mesma espécie, cuja<br />

um endosperma carnoso freqüentes lã é amarellada, fina, forte e elástica.<br />

vezes muito delgado.<br />

Algodão de Siam liso, tri­<br />

Algodão mussulina. — Ha quagueiro. — A lã é muito fina, de côr de<br />

tro variedades.<br />

nankin. Dá por colheita, de lã limpa,<br />

Algodão mussulina de Re­<br />

cerca de 90 grammas.<br />

mi re. — A lã é grossa e de branco<br />

Algodão Sorel verde.— O grão é<br />

sujo ou trigueiro.<br />

duro, preto e áspero, a lã tem partes<br />

Algodão mussulina de semen­ verdes, e alguns fios claros semeados se<br />

tes grossas ou grandes; o fio é duro prolongam do casulo. É boa variedade.<br />

e branco.<br />

Dá por colheita, de lã limpa, cerca de<br />

120 grammas.<br />

Algodão mussulina vermelho.<br />

— O fio é fino e encarnado. Algodão Sorel vermelho. —<br />

ALG


ALH ALH S7<br />

Confundem-no nas Antilhas como outro; As folhas algumas vezes todas ra-<br />

mas elle distingue-se do precedente pela diosas, são- lisas, ou cylindricas e con-<br />

côr do caule e por serem as folhas vermecavas,<br />

ou espessas e carnosas. O caule<br />

lhas.<br />

é em geral nú; raras vezes tem fo­<br />

Dá duas colheitas por anno; a lã é lhas.<br />

fina e alva, produz em terreno secco e As flores são ora solitárias e termi-<br />

saibronoso cerca de 210 a 240 grammas. naes, ora em fôrma de espigas simples<br />

ou cachos ramosos ou sertulas;<br />

AUio. — Attium sativum, Linn. —Fam. são as vezes acompanhadas de uma<br />

das Liliaceas. — Herva cultivada natural espatha que as envolve antes do seu<br />

do meio dia da Europa; cresce natural­ desabotoamento.<br />

mente na Itália e na Sicilià; conhecida O cálice é colorido e petalóide, cons­<br />

por todo o Brasil, e talvez por todo o tituído por seis sepalas distinctas ou<br />

Orbe; é de pequeno porte, suas folhas unidas pela sua base, e formando ás<br />

estreitas e planas arrumam-se em molho vezes um cálice tubuloso.<br />

na face da terra, deita um caule, na Estas seis sepalas são dispostas em<br />

summidade da qual brotam as flòrinhas duas ordens, sendo três interiores e<br />

brancas quasi sem cheiro, reunidas em três exteriores.<br />

umbrella; tem no centro o rudimento de Os estames em numero de seis, in­<br />

casulosinhos em que se contém as seseridos na base das sepalas quando<br />

mentinhas pretas; a raiz d'essa planta estas são distinctas, ou no alto do<br />

é um bulbo, isto é, um corpo ovoide tubo quando ellas são soldadas.<br />

composto de partes, (gòmos) cuja reu­ O ovario é de três lojas, e offerece<br />

nião compõe a esphera dita; cada parte três lados salientes; cada uma d'ellas<br />

é dividida naturalmente por uma túnica contém um numero variável de óvulos<br />

peliculosa e roixa, e a massa do centro apegados ao angulo interno e dis­<br />

compacta, aquosa, de um cheiro actipostos em duas séries.<br />

vissimo; revestem-lhe geralmente o ex­ O estylete é simples ou nullo, terterior<br />

uma ou duas membranas delgadas, minado em um estigma trilobado.<br />

finas e brancas.<br />

O fructo é uma cápsula de três lojas<br />

O alho na economia domestica tem que se abre em três valvas septi-<br />

emprego commum como adubo. feras no meio de sua face interna.<br />

As sementes são cobertas de um te-<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Applicado<br />

gumento ora preto e crustáceo, ora<br />

externamente produz uma inflammação<br />

simplesmente membranoso.<br />

na pelle seguida de ampolas e ulce-<br />

O endosperma é carnoso, e encerra<br />

rações; mistura-se ás vezes com cata-<br />

um embryão cylindrico, cuja radicula<br />

plasmas maturitivas e com sinapismos<br />

está-voltada para o hilo; raramente<br />

para tornal-os mais fortes.<br />

este embryão é curvo sobre si mesmo.<br />

Internamente é empregado como vermifugo,<br />

é recommendado na febre in- Alho grosso de Hespanha.—<br />

termittente, arêas e pedras na bexiga, Allium Scorodoprasum , Linn. — Fam.<br />

escorbuto, cholera e hydropisias. idem.— Planta de Hespanha, cultivada<br />

Dá-se internamente em dose de duas no paiz; parece-se com o alho maior ;<br />

a. oito grammas em chá, caldos ou as folhas planas, o bulbo maior tam­<br />

comido cru com pão, etc. Externabém. mente administra-se em clysteres co­<br />

sido com leite ou só com água, contra<br />

as ascarides.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. — Plantas de<br />

raiz bulbifera ou fibrosa.<br />

Alho do mato do campo.—<br />

Maricá pahãosa,' Wild. — Cipura paludosa,<br />

Aubl. — Familia das Iridaceas. —<br />

Também chamam Coqueiririho ou alho de<br />

Campina em Pernambuco e Alagoas.


ZH A LM ALM<br />

K agreste ; nas-ce com mais freqüência<br />

nos lugarrs chareosos e humidos.<br />

Herva de 2 ', decimetros de altura<br />

pouco mais ou menos ; sahe da terra<br />

*m molho de três ou quatro folhas ascendentes,<br />

sulcadas longitudinalmente<br />

c estreitas; do meio d'essas folhas<br />

sabem uns pequenos caules ou pedunculos,<br />

dos quaes brota uma flor<br />

azul, em fôrma de globos, com três<br />

azas, tendo no fundo um casulo folliaceo<br />

contendo grãos pardos ou pretos ;<br />

não tem aroma; a raiz é como uma<br />

cebolinha, de casca parda, e o miolo<br />

compacto, aromatico, amarello.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— Esta planta<br />

é empregada contra as escrophulas interna<br />

e externamente e também contra<br />

as gonorrhéas.<br />

Alleluia.—Mikania drástica.— Fam.<br />

das Compostas.— Herva agreste conhecida<br />

em Pernambuco por este nome e<br />

nas Alagoas por Camará.<br />

É herbacea, cresce de % a 1 me­<br />

cia resinosa, liquida, transparente,<br />

acre, amarellada, a qual quando se<br />

expõe ao ar, se solidifica sob a fôrma<br />

de stalactites de uma côr branco-amarellada,<br />

a que dão o nome de Incenso<br />

brasileiro.<br />

Esta preciosa resina, diz o professor<br />

Martius, é muitas vezes empregada nas<br />

igrejas, em lugar de incenso.<br />

Também costumam servir-se d'ella na<br />

preparação de emplastros, como acontece<br />

na Europa com o elemi.<br />

Damos a esta resina o nome de Incenso<br />

brasileiro, por ter ella as mesmas<br />

applicações, que o verdadeiro incenso ou<br />

olibano, o qual pôde ser por ella substituído<br />

em relação ao Brasil.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—Emprega-se<br />

interiormente, em emulsão ou pílulas,<br />

no tractamento das moléstias dos órgãos<br />

da respiração, em que o uso dos<br />

medicamentos balsamicos pôde aproveitar.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. — Arvores<br />

tro mais ou menos ; suas folhas oppos­ ou arbustos muitas vezes lactescentes<br />

tas, ovaes, crespas, bonitas e aromati- ou resinosos, tendo folhas alternas gecas<br />

; as flores em cachos nas pontas ralmente compostas, sem estipulas;<br />

dos ramos são como pequenas belotas flores hermaphroditas ou unisexuaes,<br />

de roixo lyrio; são muitas florinhas pequenas , e em geral dispostas em<br />

reunidas em um receptaculo commum. cachos ; cada uma d'ellas apresenta um<br />

O fructo é uma pequena baga có-, cálice de três a cinco sepalas, algu­<br />

berta de pellos palheosos.<br />

mas vezes soldadas pela base, e com o<br />

ovario, que é infero.<br />

PTOPRIEDADES MÉDICAS.— É purgativa A corolla, que falta ás vezes, com­<br />

e emmenagoga : sua acção sobre o utero põe-se de um numero de pétalas igual<br />

é muito violenta,,na dose de 16 gram­ aos lobos do cálice, é regular.<br />

mas para 500 grammas d'agua.<br />

Os estames são commummente de<br />

Almecegão.— É a resina da Ici-<br />

numero igual, rarissimas vezes duplo<br />

ou quádruplo do das pétalas; no pricariba.meiro<br />

caso, elles alternam com as pétalas.<br />

Almecegueiro.— Hedwigea balsa- O pistillo se compõe de três a cinco<br />

mifera , Srcartz — Bursera gumifera carpellas, , ora distinctas, ora mais ou<br />

Linn.— Fam. das Terebinthaceas.— Esta menos unidas entre si, cercadas em sua<br />

arvore cresce até a altura de 10 a 14 base de um disco perigynico e annular;<br />

metros; vegeta no interior das provín­ algumas vezes varias carpellas abortam,<br />

cias de Minas Geraes, Bahia, Pernam­ e d'ellas só resta uma, da qual nascem<br />

buco, Pará e Amazonas.<br />

diversos estyletes- cada carpella é de<br />

Pelas incisões que se praticam na uma só loja contendo ora um óvulo<br />

sua casca deixa emanar uma substan­ situado no ápice d'um podosperma fi-


ALM<br />

AMA 29<br />

liforme, que nasce no fundo da loja, Althea do Brasil. — Y. Malvaisco<br />

ora um óvulo deitado, ora dois óvulos das Malvaceas.<br />

deitados ou collateraes.<br />

Os fruetos são seccos ou drupaeeos, Alvacana. — Planta herbacea de<br />

contendo ordinariamente uma só se­ caule roxeado, de pouca altura, até K<br />

mente : esta encerra um embryão des­ metro, formando um circulo ; as folhas<br />

provido de endosperma.<br />

cordiformes, quasi de 24 centímetros,<br />

repicadas, sem lustre, e de peciolos ma­<br />

Almecegueiro da heira do culados, alternas; as flores são em feixes<br />

rio, — É uma planta que tem virtudes quasi sesseis; semelham bogaris, na<br />

anti-rheumaticas, e é applicada contra fôrma e no cheiro, porém são menores<br />

as ulceras.<br />

e de aroma desagradável.<br />

A corolla é de lobos redondos e im-<br />

Almecegueiro bravo. —Amyris bricados; tem um pequeno tubo, é branca<br />

silvaticus. — Fam. das Terebinthaceas. com — matizes de côr de carne, e zonas<br />

Arvore resinosa; folhas alternas, pin- rosadas ; nunca vimos os fruetos.<br />

nadas, impares ; differe essa espécie da<br />

subsequente, em serem menores as fo­ Amansa-hesta. — Eucalyptus ferlhas,<br />

e o fructo não ser vermelho. ruginosa.—Fam. das Myrtaceas.—Arbusto<br />

agreste por este nome conhecido nas<br />

Alagoas.<br />

Almecegueiro manso das Ala­<br />

• É um vegetal ramoso desde a base,<br />

goas. — Elaphrium Alagoense. —Fam.<br />

de folhagem densa, e altura mediana;<br />

idem. —Arvore selvática do Brasil e co­<br />

suas folhas são quasi redondas, espesnhecida<br />

nas Alagoas pelo nome acima.<br />

sas, oppostas e cobertas de uma lanugem<br />

É ramosa, folhas distribuídas em pal­<br />

vermelha no extremo dos ramos, as flomas<br />

oppostas elustrosas, de verde fixo,<br />

res brancas, pequenas como ro^nhas, e<br />

flores miúdas de cor verde esbranquiça-<br />

em cachos, com algum cheiro; seus<br />

da; a flor estrellada, o fructo pequeno,<br />

fruetos abortam quasi todos.<br />

roliço subtriangular, com dois caroços<br />

Este arbusto à primeira vista parece<br />

dentro, envoltos em uma massa que se<br />

coberto de ferrugem.<br />

come.<br />

Esta arvore verte de todas as suas CARACTERES DA FAMÍLIA. — Arvores ou<br />

partes um sueco resinoso, de cheiro arbustos com folhas pontuadas ou glan-<br />

activo; o sueco do lenho coagula-se e dulosas; flores amarellas ou brancas.<br />

torna-se resina aromatica.<br />

Cálice tubuloso com quadro ou cinco<br />

lobulos; pétalas em numero igual ás di­<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—É empregada visões do cálice, raras vezes nullas.<br />

no curativo das ulceras, js applicada em Estames em numero duplo, ou múl­<br />

pachos ás fontes contra a cephalalgia. tiplo do das pétalas, inseridos na parte<br />

superior do tubo.<br />

Almecegueiro manso de Per­ Filetes livres, ou monadelphos, recurnambuco<br />

— Amyris ambrosyaca, vados para o centro: carpellas cinco,<br />

Will. —Amyris pernambucensü', Arr. C. raras — vezes seis ou quatro, ou menos<br />

Fam.. Idem. — É uiu® arvore muito se­ ainda, soldadas entre si e com o cálice :<br />

melhante á precedente; suas folhas em estyletes e estigmas soldados: fructo va­<br />

palmas ovaes e pequenas, tem pouco riável.<br />

brilho; as flores em cachos e esverdinhâdas;<br />

o fructo é uma cápsula oval, Amapá. — Fam. das Apocynaceas.—<br />

vermelha, com uma só semente. Planta do paiz e que das incisões do<br />

Nas Alagoas é chamada Almecegueiro Caule e ramos exsuda um suecô leitoso<br />

vermelho.<br />

e branco; a casca é levemente amarga,.


30 AMA AME<br />

as folhas causam prurido no corpo, quan­ amarello Amar. áurea, etc. O fructo é<br />

do -e lhes toca.<br />

uma cápsula.<br />

A m a re 11 o. — Ompha lobium lutuosum. Ambauva mansa.— Pourouma re-<br />

— Fam. das Leguminosas. — Arvore das cropia folia, Mart. — Fam. das Urti-<br />

mais importantes do Império, e natural caceas. — É uma arvore que vegeta no<br />

das províncias do Norte, especialmente Amazonas. O seu fructo é ácido, doce<br />

do Pará até Alagoas.<br />

e mucilaginoso, de sabor apreciável.<br />

li um vegetal bonito, colossal, folha­ Ha d'ella duas espécies: Pourouma acugem<br />

miúda disposta em palmas; flores minata, Mart. e Pourouma bicolor.<br />

aromaticas, em grandes cachos verticillados,<br />

são como pequenos jasmins de um Ambauva de vinho.— V. Am-<br />

branco amarellado; dá um fructo que é hauva mansa.<br />

uma vagem pequena, roliça, parda, com<br />

dois ou três grãos vermelhos de côr viva. Ambé. — É uma parasita do Pará<br />

Esta arvore é uma das mais ricas pro- e supponho que é o mesmo Imbé de<br />

duccões do solo brasileiro.<br />

Pernambuco.<br />

Como madeira de construcção naval, Diz-se que essa planta dá as cordas<br />

é pelo governo do Brasil prohibido o com que se amarram os feixes de sal-<br />

seu corte sem prévia licença da authorisaparrilha; suas folhas e o cipó prodade<br />

competente; e também é madeira duzem um prurido extraordinário nos<br />

de construcção urbana, e optima para lábios, quando se põe em contacto com<br />

marceneria.<br />

elles.<br />

É de muita duração, não soffre com a<br />

acção do ar; perde a côr amarella com Ambira — V. Pindahiba ou Embira.<br />

o tempo, mas aplainada revive; a madeira<br />

dp, raiz é ainda mais bella que Ambú.— V. Imbuseiro ou Imbú.<br />

a do tronco, porque offerece o traçado<br />

dos mais bonitos veios, e substitue Ambuia-embo. — Aristolochia la-<br />

completamente o mogno.<br />

biosa, Mart.—Fam. das AristolocMaceas.—<br />

Planta do aspecto do milhomens. Três<br />

Amarello flor de algodão.— espécies d'ella encontrou Martius : Aris-<br />

Fam. idem. — É outra espécie de amatolochea rumecifolia, Arist. theriaca e<br />

rello, cuja madeira é de uma côr clara, Arist. antihyslerica.<br />

mas que facilmente desbota, é conhecido<br />

dos marceneiros por este nome. Ameixa preta. — Prunus paranaerir<br />

sis.— Fam. das Rosaceas.— É uma plan­<br />

Amarello ou vinhatico.— V ta semelhante á Ameixeira da Europa.<br />

Viatico.<br />

Prunus domestica. O fructo é preto,<br />

ácido e refrigerante.<br />

Amaryllis. — Amaryllis formosíssima,<br />

Linn.— Fam. das Amaryllidaceas.— Ameixeira da terra. —Ximenia<br />

Esta planta é natural da America Aus­ americana, Linn.—Fam. das Olacineas.<br />

tral, mas cultiva-se no Brasil. — Esta planta é indígena, mas cresce<br />

Herva de bulbo na raiz, folhas ras­ também nas Antilhas ; nas províncias<br />

teiras planas; a flor é labiada, de côr do Sul é conhecida por este mesmo<br />

vermelha purpurina aveludada.<br />

nome. O fructo é de um aroma muito<br />

Chamam na Europa Lis ou Croix de agradável.<br />

Saint Jacgues, Lyrio ou Cruz de S. Ja-<br />

Arbusto espinhoso de folhas pequenas,<br />

eome.<br />

quasi redondas, com espinhos na base ;<br />

Ha o Lyrio de Guernesey Amaryllis as flores em fôrma de roseta, pelludas<br />

sarmiensü, Linn. e o Lyrio da China e amarelladas ; seu fructo, quando ma-


AME AME 31<br />

duro é de 3 a 6 centímetros de com­ ternas lanceoladas com flores solitárias<br />

primento, mais ou menos redondo e ou oppostas, seu fructo é uma noz<br />

cylindrico ; o exterior pelliculoso, ama­ oval earnosa por fora ; dentro ha outra<br />

rello, lustroso, e dentro a massa é nóz porosa, deprimida, com uma amên­<br />

molle e tem um só caroço.<br />

doa de côr loura, de casca pellicu-<br />

A de Minas Geraes differe um pouco losa; é branca, oleosa, saborosa, e as<br />

nas folhas e na floração. Come-se a suas amêndoas vão ás nossas mesas<br />

amêndoa do caroço.<br />

como boa frueta.<br />

Ellas tem um gosto agradável, doce,<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. — Esta pe­ mas não tem cheiro.<br />

quena família, é formada a custa das O óleo contido n'ellas extrahe-se por<br />

Auranciaeeas.<br />

meio de expressão.<br />

Compõe-se de vegetaes lenhosos de<br />

folhas simples, alternas, pecioladas, PROPRIEDADES MÉDICAS.—São nutrien­<br />

e sem estipulas ; flores pequeninas, tes, emollientes e calmantes, empre­<br />

axillares ou terminaes.<br />

gadas nas affecções do tubo digestivo,<br />

Estas offerecem um cálice pequeno, vias urinarias e órgãos respiratórios, nas<br />

gamosépalo, persistente, inteiro ou inflammações, espasmos, hemoptyses ,<br />

denteado, tendo muitas vezes muito gonorrhéas, pedras, e catarrhos da<br />

crescimento e tornando-se carnoso. bexiga, etc.<br />

A corolla é formada de três a cinco Ordinariamente como amendoada ou<br />

pétalas coriaceas, sesseis, valvulares, emulsão, serve de vehiculo a outros<br />

soltas ou soldadas pela base. remédios.<br />

Estas pétalas são reunidas muitas vezes<br />

duas a duas, só separadas no ápice. Amêndoa (da índia). — Termi-<br />

Os estames geralmente em numero nalia (catappa?) Linn.—Fam. das Com-<br />

de dez, alguns dos quaes abortam ás bretaceas. — A amendoeira é uma ar­<br />

vezes e tem a fôrma de filamentos vore oriunda das índias Orientaes,<br />

estéreis.<br />

elevada e elegante; troncp vertical,<br />

Estes estames são immediatamente hy- ramos ou galhos dispostos em vários<br />

pogynicos ou sustentados pelas pétalas. verticillos em umbrella de distancia<br />

O ovario é livre, unilocular, con­ em distancia; as folhas ovaes, ás vetendo<br />

em geral trez óvulos pendentes zes obvaes, reflexas, coriaceas, e um<br />

do ápice de um trophospherma cen­ tanto grandes ; as flores • em espigas<br />

tral e levantado.<br />

longas, são miúdas, á maneira de es­<br />

O estylete é simples, terminado em trelinhas; o fructo é uma noz, no in­<br />

um estigma pequeno e tribolado. terior de 3 a 6 centímetros, em fôrma<br />

O fructo é drupáceo, indehiscente, de coração por fora • tem um tegu-<br />

freqüentes vezes coberto pelo cálice carmento carnoso, roixo, e um pouco<br />

noso, e contendo uma só semente. molle; dentro é quasi lenhosa, divi­<br />

Esta se compõe de um grosso endindo-se em quatro ou cinco loculos<br />

dosperma, carnoso, nó qual está con­ ou lojas, aonde encerra as sementes.<br />

tido um embryãosinho bazilar e homo- Não é boa ao paladar.<br />

tropo. ;i<br />

Pernambuco talvez fosse a primeira<br />

província que a adquirio. Na capital<br />

Amêndoa (daEuropa). —Amy-<br />

serve de ornamento nas praças e ruas<br />

gãalus communis, Linn. — Fam. das Ro-<br />

da cidade.<br />

saceas. — A frueta que o Brasil importa<br />

com o nome de Amêndoa da Europa, CARACTERES DA FAMÍLIA.— São arvo­<br />

é originada de Argel, Mauritânia, e do res , arbustos ou fruetices, de folhas<br />

meio-dia da Europa.<br />

oppostas ou alternas, inteiras e sem<br />

A planta é uma arvore de folhas ai- J estipulas, e com flores hermaphroditas


3*<br />

AMO<br />

ou puhgamas, diversamente dispostas<br />

em espigas :i\illares ou terminaes.<br />

O cálice é adherente pela base com<br />

o ovario, que é infero. Seu limbo,<br />

muitas vezes tubuloso, é de quatro ou<br />

cinco divisões, e articulado com o ápice<br />

do ovario.<br />

A corolla falta em vários gêneros,<br />

ou se compõe de quatro a cinco pétalas<br />

inseridas entre os dentes do cálice.<br />

O numero dos estames é em geral<br />

duplo das divisões calicinaes : entretanto<br />

este numero não é rigorosamente<br />

determinado.<br />

O ovario é de uma só loja contendo<br />

de dois a quatro óvulos pendentes de<br />

seu ápice.<br />

O estylete é mais ou menos comprido,<br />

terminado em estigma simples.<br />

O fructo é constantemente unilocular,<br />

monospermico (por aborto) e indehiscente.<br />

A semente, que é pendente, se compõe<br />

de um episperma que cobre immediatamente<br />

o embryão, e é de ordinário<br />

uma samara.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—É emoliente<br />

útil contra dores e tenesmos. É empregada<br />

em banhos, e em decocto internamente.<br />

AMO<br />

Amor do» homens. — BTibiscus<br />

mutabilis, Linn.— Fam. das Malvaceas.<br />

— É originaria da índia esta planta,<br />

cultivada no Brasil como ornamento.<br />

É um arbustosinho, cujo caule sobe<br />

até 2 ou 3 centímetros ; esgalha pouco,<br />

é nodoso, e o tronco é esbranquiçado;<br />

folhas alternas, sub-cordiformes, angulosas<br />

e de um verde desmaiado ;<br />

flores grandes, sem cheiro, de corolla<br />

rosacea simples, com os estames for­<br />

mando uma columna no centro.<br />

Depois de meio dia esta flor de côr<br />

de rosa passa a ficar vermelha, sendo<br />

de manhã branca; ao meio dia torna<br />

a côr de rosa, e a tarde vermelha;<br />

d'esta volubilidade é que lhe deram o<br />

nome que tem; mas não sabe-se de<br />

que sexo foi quem a baptisoú.<br />

Amor perfeito.— Viola tricolor.<br />

Linn.— Fam. das Violariaceas. — É uma<br />

planta das mais elegantes da Europa,<br />

em cujo solo nasce espontaneamente; 6<br />

também cultivada nos jardins, apezar<br />

de ser própria d'aquella região ; alguma<br />

espécie entre ellas oecupa um distineto<br />

Amendoim. —V. Mendobi ou Man- lugar nos nossos jardins pela belleza<br />

ãobi.<br />

da flor.<br />

São flores um tanto grandes de côr<br />

Amimiiu.— V. Algodoeiro.<br />

violeta, (purpurina) roixa e no centro<br />

amarella e bordada de branco ; tem por<br />

Amongeaba. —Panicum spicatum, fructo uma cápsula pequena.<br />

Linn.—Farrudas Graminapeas.—Esta plan­ A principio as folhas são redondas<br />

ta é das chamadas Capins e congênere e depois crescendo ficam compridas,<br />

do Capim de planta.—Panicum maximum. com as bordas repicadas.<br />

Esta planta é conhecida por violeta<br />

de três cores ou Herva da Trindade.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — É usado<br />

Amor crescido.— Portulacca pi-<br />

como depurativo; a raiz é emetica na dose<br />

de duas grammas para 180 grammas de<br />

água. E' peitoral.<br />

losa, Linn.— Fam. das Portulacacceas.—<br />

É uma plantasinha do Pará, de caule CARACTERES DA FAMÍLIA. — Hervas ou<br />

molle e torta; as folhas alternas e fruetices de folhas alternas, mui raras<br />

finas: flores purpurinas e pequenas. vezes oppostas, munidas de duas es­<br />

O fructo é uma cápsula pequena. tipulas persistentes.<br />

As flores são axillares, pedunculadas.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— O sueco é<br />

O cálice compõe-se de cinco sepalas<br />

empregado nas inflammações erysipe- livres, ou ligeiramente unidas entre si<br />

lato^a*. Contem muita mucilagem. na base, que se prolonga algumas vezes


AMO AMO 33<br />

abaixo do ponto de união, e que são<br />

iguaes ou desiguaes.<br />

A corolla se compõe de cinco pétalas<br />

desiguaes, das quaes a inferior se prolonga<br />

na base em um esporão mais ou<br />

menos alongado; mui raramente a corolla<br />

é formada de cinco pétalas regulares.<br />

Os estames, em numero de cinco, são<br />

quasi sesseis, approximados ou contíguos<br />

lateralmente entre si, de dois<br />

loculos, introrsos; os dois que são collocados<br />

em direcção da pétala inferior<br />

' offerecem bem freqüentes vezes um appendice<br />

curvo que nasce de sua parte<br />

dorsal, e se prolonga pelo esporão.<br />

Esta arvore é uma das que alimentam<br />

o bicho da seda.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.—Plantas herbaceás,<br />

arbustos ou grandes arvores algumas<br />

vezes lactescentes, de folhas alternas,<br />

em geral munidas de estipulas,<br />

tendo flores unisexuaes, mui raras vezes<br />

hermaphroditas, solitárias ou diversamente<br />

grupadas, e formando amentilhos<br />

ou reunidas em um invólucro carnoso,<br />

plano ou pyriforme e fechado.<br />

Nas flores masculinas acha-se um cá­<br />

lice formado de quatro a cinco sepalas,<br />

ou uma simples escama, no fundo da<br />

qual ellas estão collocadas.<br />

O ovario é livre, de uma só loja, com<br />

O ovario é globuloso, unilocular, contendo<br />

grande numero de óvulos ligados um só óvulo pendente, e tendo por cima<br />

a três trophospermas parietaes. quer dois longos estigmas sesseis, quer<br />

O estylete é simples, um tanto ge- um só estigma sustentado por um estylete<br />

niculado na base, entumecido para a mais ou menos longo.<br />

parte superior, que se termina em um O fructo se compõe sempre de um aké-<br />

estigma um pouco lateral, e offerecennio crustáceo envolvido pelo cálice que<br />

do uma pequena depressão semi-cir- algumas vezes to* na-se carnoso ; outras<br />

cular.<br />

tezes, o invólucro que encerrava as flores<br />

O fructo é uma cápsula unilocular, fêmeas, cresce e se desenvolve como na<br />

abrindo-se em três valvas, das quaes figueira, na dorstenia, etc<br />

cada uma tem um tiophosperma no<br />

meio da face interna.<br />

A semente além de seu tegumento<br />

próprio, consta de um embryão geral­<br />

As sementes contém um embryão erecto mente curvo, muitas vezes encerrado no<br />

em um endosperma carnoso.<br />

interior de um endosperma carnoso,mais<br />

ou menos delgado.<br />

Amor a. — Morus rubra, Linn. —<br />

Amoreira da silva. — Rubus bra-<br />

Fam. das ürticaceas. — Fructo agreste<br />

siliensis, Mart. — Fam. das Rosaceas. —<br />

indígena do paiz , proveniente da amo-<br />

Os fruetos gozam das mesmas propriereira<br />

; arvore media, copada , folhas<br />

dades que as amoras.<br />

oblongas, escuras nas extremidades dos<br />

ramos, reunidas e cótonosas; flores de PROPRIEDADER MÉDICAS. — Tomado em<br />

aspecto irregular, em cachos ou em es­ jejum diz-se que aproveita nas dysentepigas,<br />

que se""compoem de muitas floririas.nhas,<br />

com visos de sementes, e d'ahi<br />

desenvolve-se o fructo; sendo cada um Amores. — Smifhia dormiens; Smi-<br />

composto de uma pellicula roixa (exterthia sensitiva, Ait.—Fam. das Leguminamente)<br />

e fina; dentro uma massa nosas. — Sub-arbustosinho, ou mesmo<br />

aquosa, com um ou mais grãos; sua herva agreste, indígena, e por este<br />

: peripheria apresenta algumas proemi- nome conhecida nas Alagoas.<br />

nencias escamosas, cada uma corres­ Tem o caule fraco, e tão fraco que<br />

pondente a uma semente que envolve ordinariamente se deita sobre outras<br />

um carocinho (fructo aggregado) cuja plantas; folhas compostas de pequenos<br />

superfície exterior é roixa.<br />

foliolos.<br />

Ha outra branca, por conseqüência duas Flores pequenas quasi solitárias, e<br />

espécies. Seu sabor é acre-doce. amarellas, de corolla papilionacea.<br />

7


34 ANA AM)<br />

() fructo é uma vagem pequena, esco; pôde promover o aborto; segundo<br />

treita, de bordas onduladas; as semen­ Labat o sueco do Ananaz, unido ao óleo<br />

tes siío como as de feijão; é escura de amêndoas doces, é um bom car-<br />

a vagem, o pega-se á roupa como carrapielio.minativo.<br />

Auda-assú.—Anda Gomcsii, Anda<br />

Anabi. — Potalea resinifera, Mart. brasiliensis, —<br />

Joahnnesia princeps, Vell.—<br />

Fam. das Gcntianaceas.—E' oriunda Alenturites brasiliensis. {?)—Fam. das Eu-<br />

do Pará e Rio Negro ; planta resinosa<br />

phorbiaceas. — A esta arvore também<br />

e amargosa.<br />

chamam Purga do Gcntio.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—0 cosimento<br />

das folhas é um anti-ophtalmico e resolutivo.<br />

E' arvore agreste, alta, de folhas em<br />

palmas reunidas na ponta dos ramos;<br />

flores em cachos, umas quasi roixas e<br />

outras amarelladas.<br />

Ananaz de agulha. — Bromelia O fructo é uma cápsula de 9 a 12 cen­<br />

muricata, Arr. Cam.—Bromelia Karatas, tímetros de diâmetro, redonda, muito<br />

Linn.—Fam. das Bromeliaceas.—Esta dura, com duas fossetas no ápice e uma<br />

planta indígena é semelhante ao Ananaz. na base; offerece duas cavidades, dentro<br />

Differe porém; em lugar das bracteas de cada uma das quaes se aloja uma<br />

em fôrma de escamas, que tem o semente ovoide, de 3 centímetros ou<br />

Ananaz manso e o fructo dividido em mais: a amêndoa é oleosa; tem um te-<br />

bagas distinctas como aquelle, este gumento pouco espesso semi-corneo; a<br />

tem espinhos pungentes de 6 a 12 cen­ casca é venenosa.<br />

tímetros de comprimento, de fôrma que Os pescadores índios embebedam com<br />

é preciso muito geito para pegal-o.<br />

Ananaz manso. — Ananassa sa­<br />

este fructo os peixes dos rios e tanques.liva,<br />

Mart. — Bromelia, Ananaz, Linn.— PROPRIEDADES MÉDICAS . —Internamen­<br />

Fam. idem. — Planta indígena do Brasil te se emprega como purgante; para isto<br />

e também dos paizes quentes da Ásia, dão-se duas a três amêndoas, ou com<br />

segundo alguns naturalistas.<br />

ellas se prepara uma amendoada: do<br />

Os caracteres d'esta bella planta, mui óleo, oito a vinte e quatro gottas.<br />

semelhante ao AbacacM, que acima ficou<br />

descripto vulgar e botani cam ente, CARACTERES DA FAMÍLIA.— AS Euphor-<br />

não necessitam ser apresentados aqui. biaceas são hervas, fruetices ou arvores<br />

Mostraremos somente as differenças grandíssimas que crescem em geral em<br />

mais sensíveis que por ventura exis­ todas as regiões do globo; a maior<br />

tam entre as duas plantas.<br />

parte contém um sueco lácteo e muito<br />

O Ananaz differe do AbacacM em ser irritante.<br />

um pouco cylindrico, de extremidades As folhas commummente alternas, al­<br />

iguaes, sem fôrma conica; a côr varia gumas vezes são oppostas, acompanhadas<br />

nas espécies; a parte earnosa da de estipulas ou não.<br />

frueta mais áspera, menos doce, e no A.s flores são unisexuaes, geralmente<br />

centro o eixo é fibroso; produz menos mui pequenas, e offerecem uma inflores-<br />

renovos que o AbacacM.<br />

cencia muito variada.<br />

Na Europa cultiva-se em grande O cálice é gamosepalo, de três, quatro,<br />

escala nas estufas.<br />

cinco ou seis divisões profundas, muni­<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — O Ananaz<br />

quando maduro é empregado como<br />

diuretico e emmenagogo; e quando<br />

verde como desobstruente e epispastidas<br />

interiormente de appendices escamosos<br />

e glandulosos.<br />

A corolla falta no maior numero dos<br />

gêneros, ou se compõe de pétalas ora<br />

distinctas, ora reunidas; mas esta corolla


AND AND 35<br />

não parece formada senão de estames ganisação interior de suas diversas par<br />

abortados e estéreis.<br />

tes<br />

Nas flores masculinas conta-se um nu­ As palmeiras são de ordinário grandes<br />

mero bastante grande de estames. arvores de estipite (èspique) cylindrico e<br />

Mais raramente este numero é limi­ nú, coroado em seu ápice de um penatado,<br />

ou mesmo cada estame por ser concho de folhas.grandíssimas, pecioladas,<br />

siderado como uma flor masculina (como persistentes, pinnadas ou compostas de<br />

se admitte para o gênero Éuphorbia) ; um numero mais ou menos considerável<br />

estes estames são livres ou monadelphos. de foliolos de fôrma variada. As flores<br />

As flores femininas se compõem de um são hermaphroditas ou freqüentíssimas<br />

ovario livre, sessil ou estipitado, ás vezes vezes unisexuaes, dioicas ou polygamas,<br />

acompanhado de um disco hypoginico. formando amentilho, ou um grande ca­<br />

O ovario é em geral de três lojas, cada cho, envolvido antes do seu desabrochar<br />

uma contendo um ou dois óvulos sus­ em uma espatha coriacea e ás vezes lepensos.nhosa.<br />

Do ápice do ovario nascem três estyg- 0 periantho é de seis divisões, três<br />

mas, ás vezes sesseis è alongados. das quaes internas e três externas, de<br />

O fructo é secco ou ligeiramente car­ maneira a simular cálice e corolla.<br />

noso; compõe-se de tantas coccas con­ Os estames são em numero de seis,<br />

tendo uma ou duas sementes, quantas raramente de três.<br />

lojas ha no fructo : estas coccas que são O pistillo é simples ou formado pela<br />

ósseas interiormente, se abrem pelo seu reunião de três carpellas distinctas ou<br />

angulo interno e são elásticas; ellas se unidas.<br />

apoiam por seu angulo interno sobre uma Cada carpella offerece uma só semente.<br />

columella central, que muitas vezes per­ Tem um estylete terminado por um<br />

siste depois da dispersão das sementes. estigma mais ou menos alongado.<br />

Estas que são crustáceas exteriormen­ O fructo é as mais das vezes uma<br />

te, e apresentam uma pequena caruncula drupa earnosa ou fíbrosa, contendo um<br />

earnosa na visinhança do ponto de in­ caroço ósseo muito duro, de uma ou<br />

serção, offerecem um endosperma car­ três lojas monospermicas.<br />

noso no qual está encerrado um embryão A semente, além do seu tegumento<br />

axil e homotropo.<br />

próprio, se compõe de um endosperma<br />

carnoso ou cartilaginoso, offerecendo<br />

- Andara. — V. Capim andaca. algumas vezes uma cavidade central<br />

.ou lateral.<br />

Audaya-assú ou Indayá-assú. O embryão pequenino, é cylindrico,<br />

—Aitalea compacta, Mart., Humb.,e Bomp. posto horisontalmente em uma pequena<br />

—Fam das Palmeiras.—PaJmeira do Norte depressão lateral do endosperma.<br />

do Brasil, conhecida dos habitantes das<br />

regiões Amasonicas por Palma almendron, Andira aibaiariba. — V. Umari.<br />

que quer dizer Amendoeira.<br />

É uma palmeira pequena, de folhas seAndirababajari.<br />

— V. Angelim.<br />

melhantes ás de mais suas congêneres.<br />

O fructo, que dá em cachos, é fíbroso, Andiroba. — Carapa guyanensis,<br />

com três núcleos dentro.<br />

Aubl. — Persoonia guaréoides, Willd. —<br />

Dizem ser semelhante ao Dendê; os Fam. das Meliaceas. — Arvores silves­<br />

indígenas fazem muito uso também' do tres do Brasil, especialmente do Pará,<br />

caroço, e até o comem.<br />

hoje cultivadas em todo o Império.<br />

Seu porte é elevado e gracioso ; a<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. — Grande e madeira é molle.<br />

bella família, tão notável pelo porte dos Folhas compostas de preciolo longo.<br />

vegetaes que a compõem, como pela or- As flores são terminaes nos ramos,


30 AND AN G<br />

(>ete ou dez) engastadas em um pcdunculo<br />

commum: são como angélicas<br />

amarellas; de máo cheiro; outras<br />

sSo vermelhas e algumas esverdinha-<br />

da>.<br />

O fructo dá em caixos pequenos; é<br />

uma nóz de 15 a 18 centímetros, roliça,<br />

reniforme, no ápice aguda, e tendo<br />

uma sutura de metade de seu tamanho<br />

na parte convexa; o tegumento componente<br />

é espesso, corneo, de côr rubra<br />

viva quando o fructo está maduro,<br />

dentro de uma pellicula purpurina e<br />

rugosa ; dá quatro a cinco sementes<br />

ellipticas quasi roliças cinzentas, presas<br />

a essa sutura ; ellas tèm um corpo<br />

esbranquiçado e frouxo, e após uma<br />

massa dura, e castanha; no centro<br />

esta a amêndoa, branca, e muito oleosa;<br />

esta amêndoa comem-n'a mas é purjMtiva<br />

quando se excede a conta.<br />

No Pará fazem azeite d'esta amêndoa,<br />

que passa por um dos melhores<br />

combustíveis, e lhe dão muito uso.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Sua casca<br />

é muito amarga, e emprega-se em cozimento<br />

como febrifugo e anthelmintieo,<br />

(oito grammas para duzentas<br />

grammas d'agua).<br />

Externamente o mesmo cosimento<br />

-.erve para loções nas ulceras.<br />

() óleo é muito usado quando fresco<br />

em fricções contra as inchaçSes causadas<br />

pelas ervsipelas.<br />

traz as antheras ora no ápice, ora na<br />

face interna.<br />

O ovario insere-se n'um disco hypogynico<br />

e annular; offerece quatro a cinco<br />

lojas, contendo geralmente dois óvulos<br />

collateraes e sobrepostos.<br />

O estylete é simples, terminado em um<br />

estigma mais ou menos profundamente<br />

dividido em quatro a cinco lobos.<br />

O fructo é, ora secco, ora capsular, o<br />

abre-se em quatro a cinco valvas septiferas<br />

; umas vezes é carnoso e polposo,<br />

e outras vezes unilocular por aborto.<br />

A semente contém um embryão, algumas<br />

vezes envolvido por um endosperma<br />

delgado ou carnoso, que falta em<br />

outros gêneros.<br />

Andorinha.—V- Tonga Tonga.<br />

Andrequicé.—V. Camaráde cavallo<br />

ou Malmequer grande.<br />

Angélica {de jardim).—Angélica Archangelica,<br />

Linn. e Spl. —Fam. das Umbelliferas.—Bella<br />

planta da Europa acclimada<br />

no nosso solo desde tempos immemoriaes;<br />

é herbacea, folhas compridas,<br />

decompostas e estreitas.<br />

As flores desabrocham em um caule<br />

tubuloso, d'onde saem em grupos, as<br />

flores são brancas, corpulentas, de bordos<br />

lancinados e cheiro agradabilissimo.<br />

O seu fructo é uma cápsula ordinária.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. —À raiz é de<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. —Arvores ou sabor amargo e acre; é usada como tô­<br />

arbustos de folhas alternassem estipunico, sudorifico. estomachico; é também<br />

las, -impliees ou compostas ; de flores anti-scorbutica e anti-scrophulosa.<br />

quer solitárias e axillares. quer diver- Como excitante, se administra em in­<br />

-t:n>mte grupadas em espigas ou em fusão na dose de 16 grammas para 500<br />

i 'nos. t'iido um cálice gamosépalo, de grammas d'agua.<br />

quatro ou cinco divisões mais ou menos<br />

profundas<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. —Uma das<br />

Uma corolla de quatro a cinco pétalas familias mais naturaes do reino vegetal.<br />

valvares.<br />

As Umbelliferas são vegetaes herba­<br />

F.stames geralmente em numero duceos, raias vezes subfructescentes, cujo<br />

n!o do das pétala-, raras vezes do mes­ caule é freqüentemente ôco.<br />

mo numero ou de numero mais consi­ As folhas alternas, invaginantos n?t<br />

derável.<br />

base. geralmente compostas, de um<br />

Est'js «'-Umes são sempre monadel­ :-rr;mdissirao numero de segmentos ou<br />

phos. •• -eu- tiM"> formam um tubo que de foliolos.


ANG ANG 3*9<br />

As flores, sempre pequeníssimas, bran­ CARACTERES DA FAMÍLIA.— Acham-se<br />

cas ou amarellas, são dispostas em um- n'esta família plantas herbaceas arbusbrellas;<br />

ás vezes acham-se na base da tos e arvores de grandíssima altura.<br />

umbrella foliolósinhos cuja reunião, cons- As folhas são oppostas ou verticiltitue<br />

o invólucro, e chamam-se involadas; no primeiro caso, ellas offerelucellos<br />

quando são collocados na base cem de cada dado uma estypula intra-<br />

das umbellulas.<br />

peciolar, que muitas vezes se une com<br />

Cada flor se compõe de um cálice os lados do peciolo, e fôrma uma<br />

adherente ao ovario, que é infero, e espécie de bainha.<br />

cujo limbo é inteiro ou apenas den- As flores são axillares ou terminaes,<br />

teado; de uma corolla formada de cinco algumas reunidas em capitulo.<br />

pétalas mais ou menos patentes; de O cálice adherente pela base com o<br />

cinco estames epigynicos alternos com ovario infero, tem o limbo inteiro ou<br />

as pétalas; de um ovario de duas lojas dividido em quatro ou cinco lobos<br />

contendo cada uma um óvulto deitado, mais ou menos profundos e persisten­<br />

coroado no ápice por um disco epygites.nico e bilobado; de dois estyletes, ter­ A corolla é gamopétala, regular, e<br />

minado cada um d'elles em um es- pigynica, de quatro ou cinco lobos.<br />

tigmasinho simples.<br />

Os estames são em numero igual ao<br />

O fructo é um diakenio de fôrma va- dos lobos da corolla e alternos com<br />

riadissima, separando-se quando ama- elles.<br />

duresce em dois akenios monospermicos O ovario é infero, terminado por um<br />

reunidos entre si por uma columella- estylete simples ou bifido.<br />

sinha fíliforme.<br />

Este ovario apresenta duas, quatro,<br />

A semente é deitada e contém dentro cinco ou maior numero de lojas, cada<br />

de um endosperma bastante grosso um uma das quaes contém um ou vários<br />

pequeníssimo embryão axil.<br />

óvulos erectos ou presos<br />

interno das lojas.<br />

ao angulo<br />

Angélica mansa. — Guettarda<br />

O fructo é muito variável. Ora com­<br />

Angélica, Mart.—CantMum febrifugum.— põe-se de duas pequenas cápsulas mo-<br />

Fam. das Rubiaceas.— Arbusto agreste, nospermicas e indehiscentes; ora é<br />

indígena ,do paiz, habitante do litoral. carnoso, e encerra dois núcleos mo­<br />

É de mediana altura, ramoso, páo duro, nospermicos ; em certos gêneros, é uma<br />

casca escura, folhas oppostas ovaes e cápsula de duas, ou mais lojas que<br />

duras.<br />

se abrem por outras tantas valvas, ou<br />

Flores em cachos, como angélicas pe­ um fructo carnoso e indehiscente. Este<br />

quenas, amarellas, com algum cheiro. fructo é sempre coroado no ápice pelo<br />

O fructo é uma drupa globosa, pe­ limbo calicinal.<br />

quena, coroada por uma cristasinha cir­ As sementes algumas vezes aladas e<br />

cular no ápice, e branca quando madura; membranosas na beira, contém em um<br />

dentro tem duas sementes; o corpo do endosperma duro e carnoso, um em­<br />

fructo é molle, doce, aquoso, e comebryão axil e recto, ou ás vezes collose.<br />

A raiz é muito dura e acastanhada.<br />

cado de través relativamente do hilo.<br />

Angélica do mato. —' Gentiana<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—A raiz é um rubra.— Fam. das Gentianaceas. — Esta<br />

dos melhores tônicos e febrifugos da planta é natural do paiz, conhecida<br />

nossa matéria medica; por occasiões da em Minas Geraes por este nome.<br />

epidemia da febre amarella, a medicina A raiz é mui amarga e um tanto<br />

popular lançou mão d'ella com muita aromatica.<br />

vantagem, na dose de 16 grammas para No Brasil pôde substituir a Genciana<br />

500 grammas d'agua.<br />

da Europa.


3*4 ANti ANG<br />

Angélico.— Aristolockia glandulosa. mero de sementes, encerrando um pe­<br />

Aristdockia (rüobata, Willd. — Fam. queno das embryão coliocado cm um endos­<br />

Aristolockiacras.— V.*U\ planta tem permarece­ carnoso.<br />

bido diversos nomes botânicos, e é conhecida<br />

em Pernambuco pelo nome Angelim amargoso. — Geoffrma<br />

dndo acima.<br />

vermifuga, St. Hil.— Andira anthetmin-<br />

É uma planta silvestre e trepadeira. tica, Mart. — Fam. das Leguminosas.—.,<br />

Tem o caule roliço e escuro. Arvore oriunda do paiz; vegeta nas pro­<br />

Folhas trilobadas, também escuras. ximidades do litoral.<br />

A- flores exquisitas, parecem um É copada, de folhagem bonita e lus-<br />

jarrinho.<br />

trosa.<br />

O fructo é uma cápsula que tem seis As flores em densos cachos, são roi-<br />

faces ou ângulos, (Vulgo gommosj e xas, de quasi nenhum aroma ; parecem<br />

dentro muitas sementes.<br />

borboletinhas.<br />

A rai/ é tuberosa, rugosa, escura e O fructo que é um legume drupaceo<br />

de cheiro um tanto activo.<br />

verde, ainda quando maduro, asseme­<br />

Quasi todas as plantas deste gêlha-se a uma manguinha; tem um canero<br />

têm mais ou menos as mesmas roço grande relativamente ao fructo ;<br />

propriedades.<br />

a amêndoa branca e amarga: o caroço<br />

é viscoso.<br />

A madeira d'esta arvore ó procurada<br />

para as obras internas de construcção<br />

urbana e especialmente para assoalhos<br />

e portas; é bastante porosa, amarga,<br />

e absorve muita tinta. (Sald. da Gama).<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — A raiz é<br />

um poderoso antídoto contra as mordeduras<br />

das cobras, e muito empregada<br />

pela medicina popular contras as<br />

febres intermittentes e perniciosas, na<br />

dose de 16 grammas para 500 grammas<br />

d'agua.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— O pó do Angelim<br />

tomado na dose de 5 decigrammas<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. — Família a 1 % gramma com leite é considerado<br />

composta dos dois gêneros: Aristolocomo<br />

um excellente vermifugo, em maior<br />

rhia e Azarum.<br />

dose obra como drástico enérgico.<br />

São plantas herbaceas ou fruetescentes<br />

volúveis de folhas alternas e in­ Angelim coco.—V. ürarema.<br />

teiras, flores axillares.<br />

O cálice é regular, de três divisões Angelim doce.— Sholemora per-<br />

valvares. ou irregular, tubuloso, e fornambucensis, Arr. C.— Andira vermifuga,<br />

mando uma linguèta ou lábio de fôr­ Mart.—Fam. das Leguminosas.— Arvore<br />

mas muito variadas.<br />

indígena do paiz, a qual não é fácil<br />

Os estames são, em numero de dez achar-se nas proximidades do litoral<br />

ou doze, inseridos no ovario, ora livres como a outra, que até se encontra nas ca­<br />

e distinetos, ora unidos intimamente poeiras. Esta espécie só se encontra<br />

com o estylete e o estigma, e for­ nas mattas virgens.<br />

mando assim uma espécie de mamillo O tronco d'esta arvore é inerme, ra­<br />

posto no ápice do ovario.<br />

mos com casca grossa, folhas oppostas.<br />

Na> partes lateraes, este mamillo foliolos ellipticos ; glabros por cima.<br />

traz as seis antheras que são bilocu- As nervuras da face inferior dos folares.<br />

e no cimo termina em seis loliolos são côr de ferrugem e avelludadas.<br />

bulos que podem ser considerados como As flores paniculadas, e os cálices roi-<br />

estigmas.<br />

xos escuros e lanuginosos.<br />

O fructo é uma cápsula, ou uma O fructo é uma drupa oval com uma<br />

ba_ra de três ou seis lojas, contendo amêndoa quasi de 3 centímetros de com­<br />

cada uma d'ellas um grandíssimo nuprimento, branco quando fresco^ e ama-


ANG ANG 39<br />

rellado quando sêcco, de sabor amargo e<br />

acre.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—As sementes<br />

são anthelminticas, e úteis no curativo<br />

das ulceras; mas devem ser empregadas<br />

com cautela e com muita prudência, por<br />

que dadas em alta dose podem causar a<br />

morte,<br />

Internamente 3 dècigrammas a 1 %<br />

gramma do pó para os menores de três<br />

a dez annos, em meia chicara de leite,<br />

adoçado com assucar.<br />

obras externas e em todas as internas.<br />

(Fig. 4).<br />

Angelim Rosa. — Pèraltea Erythryno<br />

folia — Sald. — Fam. idem. —<br />

Esta arvore habita nas províncias do<br />

sul do Império: é conhecida nos municípios<br />

de Campos e S. Fidelis por<br />

Folha larga, no município neutro por<br />

Mangoló e Angelim rosa, e na Parahyba<br />

do Sul por Catagoá.<br />

Eleva-se a prumo, depois decresce<br />

Angelin pedra. — Andira specta-<br />

tôrnando-se um pouco curvo.<br />

As folhas são compostas, trifolioladas<br />

e imparipennadas, os foliolos em nubilis,<br />

Sald. — Fam. idem. — Arvore mero do de três cada folha, são vistosos;<br />

paiz, vegeta nas províncias do sul do dois oppostos e um terminal, de fôrma<br />

Império.<br />

oval e côr verde pouco intensa, são<br />

As folhas são compostas, imparipe- esbranquiçados no dorso onde as nervunadas,<br />

o peciolo commum é um tanto ras são mais salientes, e póde-se observar<br />

convexo, expesso, flexível, coberto de a disposição regular das nervuras<br />

pellos de pouco mais de 15 centíme­ principaes.<br />

tros de comprimento,, poucas vezes As flores são arroxeadas, em paniculâ<br />

glabro e canaliculado.<br />

pouco regular.<br />

Os peciolos parciaes são rígidos e Cálice escuro, amarellado, irregular,<br />

extremamente curtos.<br />

um pouco bojüdo na base com cinco<br />

Os foliolos em numero de onze ou divisões desiguaes ; dois dentes são re­<br />

treze para cada folha são sempre opflexos e correspondem á maior pétala<br />

postos com um terminal no maior nu­ da corolla.<br />

mero de casos.<br />

Corolla arroxeada e papilionacea, o<br />

A fôrma dominante é a elliptica, estandarte é reflexo, ligeiramente un-<br />

raras vezes são obovaes, mas sempre guiculado, dobrado transversalmente,<br />

coriaceos, lustrosos e ásperos no dorso ; emarginado, inteiro, branco do meio<br />

pelludos e de um verde menos intenso ; para a base, esverdinhado no centro,<br />

a manifesta saliência das nervuras na e violaceo em dois terços, da sua su­<br />

pagina inferior de cada Miolo contriperfície ; o angulo reintrante do ápice<br />

bue efficazmente para que esta super­ tem o seu vértice no ponto em que<br />

fície seja rude aò tacto.<br />

começa a mancha esverdinhada do<br />

Flores rosadas, de cinco dentes, dos limbo da pétala.<br />

quaes três são iguaes e mais distinetos, As duas azas são igualmente colo­<br />

e dois menores agudos e apenas perridas, obovaes e sustentadas por um<br />

ceptíveis ; a superfície externa d'este pequeno unguiculo, de alguma consis­<br />

órgão é semeada de pellos inclinados tência, curvo e lateral.<br />

e deitados longitudinalmente, que com- Pistyllo simples, ovario livre, deprimunicam-lhe<br />

um brilho assetinado. mido um tanto luzidio; estyllete curvo<br />

O fructo é uma vagem ou drupa, e em estigma linear; uma loja e qua­<br />

indehiscente emeonospérmica; encerra tro óvulos.<br />

uma polpa branca não comestível. O fructo é um legume de 24 centí­<br />

No interior d'esta massa existe uma metros de comprimento, e de 4 centí­<br />

semente (amêndoa) que é luzidia e metros de largura.<br />

earnosa.<br />

As sementes são em numero de três,<br />

A madeira emprega-se em algumas unidas á placenta, cada uma por um


IO ANC. ANI<br />

curto podosperma, são curvas, anatropas,<br />

e a mieropyla corresponde ao lado<br />

eoncavo.<br />

A amêndoa é earnosa, adocicada e<br />

comestível; e encerra um embryão epispermico,<br />

cujas cotyledones são planas<br />

v feculentas.<br />

A madeira é vermelha, leve, visivelmente<br />

porosa, de tecido pouco consistente<br />

e de um aroma agradável. É<br />

Anguay. — Mirospermum, guarani-<br />

empregada nas obras internas. (Fig. 5.) cicum. — Fam. idem.— V- Caboreiba.<br />

A gomma é muito usada e applica-se<br />

nos casos em que costuma-se empregar<br />

a gomma arábica, já fazendo-se<br />

soluções analepticas, e já trazendo-se<br />

na boca, nas moléstias de peito e em<br />

geral contra todos os soffrimentos das<br />

vias respiratórias. (Fig. 6.)<br />

Angico dc Minas.—Pithecollobium<br />

gummiferum. — Fam. idem.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — As mesmas<br />

acima mencionadas.<br />

Angiroba. — V. Andiroba ou Gendiroba.<br />

Angico. — Piptadenia colubrina, Bth. Anguria. — V. Melancia.<br />

— Acácia virginalis, Pohl. — Acácia Angico,<br />

Mart, — Fam. idem. — Arvore syl- Angustura.—Evodia febrifuga.—É<br />

vestre, originaria do paiz, e habitante a Larangeira do mato da Bahia e de Ser­<br />

das proximidades das catingas. gipe.<br />

Indubitavelmente éuma dasbellas arvores<br />

que ornam as selvas brasileiras ;<br />

Anhangapa.—V. Aninga-pari.<br />

seu porte é elevado, tem uma casca par­<br />

Anil trepador. — Cissus tinetoria.<br />

da, e folhagem miúda, em palminhas ;<br />

Mart.—Fam. das Ampelidaceas.—É usado<br />

ramagem bem disposta, com innume-<br />

na tinturaria; resiste á acção dos alras<br />

flores brancas, globosas, pequenas,<br />

calis.<br />

e com algum cheiro.<br />

Acha-se nas montanhas e planícies :<br />

Seus fruetos são pequenas vagens<br />

dos sertões.<br />

chatas, pardas, de sementes pequeninas.<br />

O Angico é do numero das arvores<br />

Anileira da Índia. — Indigofera<br />

que perdem as folhas, quasi sempre<br />

Anil, Linn., Sp. e Lamck.—Fam. dasLegu-<br />

entre o outono e o inverno; os ramos<br />

minosas. — Planta originaria das índias<br />

ficam em completa nudez.<br />

Orientaes, naturalisada nas Antilhas e<br />

E considerada como uma das ma­<br />

no Brasil.<br />

deiras melhores de construcção, em­<br />

É uma planta herbacea sublenhosa,<br />

prega-se ordinariamente para esteios<br />

ramosa, de côr verde esbranquiçada e<br />

não só nas obras expostas ao ar, mas<br />

pelluda.<br />

também nas internas, na confecção de<br />

As folhas são em palmas, de figura<br />

navios, e moveis, etc, etc<br />

elliptica e compridas.<br />

As flores em cachinhos, miúdas, ver­<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — A casca do<br />

melhas, misturadas de verde.<br />

Angico é amarga e adstringente, o<br />

Os fruetos são vagens um tanto cylin-<br />

seu cosimento é empregado em banhos<br />

dricas, curvadas; acabam por uma ponta<br />

contra as leucorrhéas, inchações das<br />

pernas, ulceras, etc<br />

aguda ; semente como a do feijão.<br />

A tintura feita com as folhas é um re­<br />

Esta planta tem o principio corante<br />

azul, do qual se extrahe o anil do commédio<br />

enérgico nas contusões, talhos, e<br />

mercio.<br />

dizem que nas commoções cerebraes.<br />

Anileira de Pernambuco.—<br />

Indigofera pernambucensis.—Fam. idem.—<br />

Contam-se 27 espécies de arbustos que<br />

dão uma substancia vulgarmente conhecida<br />

com o nome de Anil.<br />

A maior parte é indígena e própria dos<br />

climas intertropicaes.


ANI ANI 41<br />

A situação topographica do Brasil é<br />

tal que o Anil dá natural e espontaneamente.<br />

Foi o Anil já um ramo importante de<br />

exportação no Brasil; a plantação e fabrico<br />

d'esta substancia corante fez grandíssimos<br />

progressos em varias províncias,<br />

e com especialidade na de Pernambuco,<br />

no lugar de Beberibe, e na do Rio<br />

de Janeiro, e nas visinhanças de Cabo-<br />

Nove estames em duas phalanges,<br />

antheras com duas lojas, de 1 a 8.<br />

Estylete recto, e estigma subcapitado.<br />

Estas plantas tem o principio corante<br />

azul, nos seus tecidos, que desenvolve<br />

na maceração com ou sem trituração.<br />

Anil dos pobres.— V. Arruda do<br />

matto.<br />

Frio; e se este ramo de industria tão proveitoso<br />

e útil veio a decair, não deu a Anima membeca.—Maranta aquá­<br />

isso occasião nem a má qualidade das tica.— Fam. das Marantaceas.— É uma<br />

anileiras indígenas do Brasil, nem a des- planta paraense, do porte das pequepeza<br />

proveniente da colheita das folhas nas bananeiras, quasi sempre de flores<br />

e fabrico do Anil em pasta; mas sim a brilhantes.<br />

desgraçada e mal entendida cobiçados<br />

lavradores e fabricantes, que, para lhe Aninga. — Arum Leniferum, Arr.<br />

augmentarem o pezo lhe juntavam subs­ Cam. — Fam. das Araceas. — Arbusto<br />

tancias estranhas diversas, falsificação de 2 a 3 metros de comprimento de 6<br />

que redundou em detrimento d'elles e em a 9 centímetros de diâmetro, direito<br />

menoscabo do Anil do Brasil.<br />

cylindrico, de côr verde acinzentado,<br />

Conhecem-se em Pernambuco duas es­ marcado de cicatrizes deixadas pelas<br />

pécies d'esta planta que passamos a des­ folhas que tem cahido, a substancia<br />

crever.<br />

esponjosa, sumarenta, molle.<br />

Subarbustosinho de 1 % & 2 % metros, Nesta substancia se acham nume­<br />

no máximo; folhas em palmas de um rosas fibras longitudinaes, compridas,<br />

verde desbotado e embaciado; flores dis­ grossas como a crina da cauda dos<br />

postas em cachinhos pyramidaes, pe­ cavallos brancos.<br />

quenas, de côr amarella ou encarnada. As folhas tem um pouco mais de 36<br />

Os fruetos pegados em feixes peque­ centímetros de comprimento, e a mesma<br />

nos, são vagens de 3 centímetros, ro- largura na base.<br />

liças citrvadas, ponteagudas, com se­ Peciolos amplexicaules de % metro<br />

mentes como o feijão.<br />

de comprimento, accumulados desde a<br />

Eis-aqui a primeira espécie; porém<br />

base até o meio onde o canal acaba<br />

na segunda dá-se o seguinte : é baixa,<br />

em um appendice de 6 a 9 centíme­<br />

os ramos são angulosos em sua sumtros;<br />

o resto é cylindrico.<br />

midade.<br />

Flores axillares e solitárias.<br />

Cálice e a espatha mais longa, que o<br />

As Colhas alternas pinnadas de qua­<br />

espadiee, tem quasi 36 centímetros de<br />

tro a seis pares, impares, subovaes,<br />

comprimento.<br />

mucronadas.<br />

Estames numerosos.<br />

Estipulas na base dos pedunculos Pericarpo, vários bagos na base do<br />

communs.<br />

espadiee.<br />

Flores de cálice campanulado, de Esta planta encontra-se em Pernam­<br />

cinco dentes pouco pelludos, estanbuco abundantemente nos pântanos ,<br />

darte revirado para cima, oval, oblongo, dos quaes muitos estão quasi cobertos<br />

estirado, de côr encarnada do ápice d'ella.<br />

para o centro, azas oblongas auricu- A substancia do caule da planta é<br />

ladas, vermelhas, earinas de duas pé­ esponjosa e cheia de um tecido ácido<br />

talas na base, fendidas no ápice, uni­ que reage sobre os metaes; os camdas<br />

em capuz, de bordas vermelhas. ponezes se servem d'elle para limpar<br />

8


49 ANI APK<br />

facas, canos de espingardas, e qualquer até de onze nervuras basilares, donde<br />

metal em estado de oxidação. parte um grandíssimo numero de outras<br />

O nosso illustrado comprovinciano , nervuras transversaes e parallelas muito<br />

Dr. Arruda Câmara, extrahio d'elle bom approximadas.<br />

curdame que é dotado de uma grandíssima<br />

força: as fibras teciveis estão<br />

postas longitudinalmente na polpa, e<br />

n ella não estão fortementes pegadas ;<br />

separam-se com facilidade pelas operações<br />

do debulho e da lavagem.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—Osuccod'esta<br />

planta é acre e empregado como mondific<br />

ativo das ulceras atônicas.<br />

Usa-se em cataplasmas machucandose<br />

as folhas.<br />

O cosimento feito com 30 grammas<br />

de tolhas para 500 grammas d'agua em<br />

banhos ou fomentações é útil nas dores<br />

rbeumaticas; 3 decigrammas a 1 1/2<br />

gramma de raiz de Aninga secca tem<br />

dado bons resultados no hydrothorax.<br />

Aninga d'agua.—Caladium Spinescens.—Fam.<br />

idem. — Planta de aspecto<br />

semelhante ao Tinhorão, ou Taioba.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— As folhas<br />

dVsta planta são com proveito applicadas<br />

nas ulceras grangrenosas; as<br />

sementes cosidas ou assadas, comem-se.<br />

Auinga-iba. — V. Aninga.<br />

Aninga-pari.—Melastoma parviflora.<br />

Limck.—Coucinea. {?)—Fam.das Melastomaceas.—Arbustosinho<br />

de folhas oppostas,<br />

ellipticas, flores côr de rosa e<br />

que tem por fructo uma cápsula de<br />

muitas sementes miúdas.<br />

k<br />

As flores, algumas vezes mui grandes,<br />

offerecem de alguma maneira todos os<br />

modos de inflorescencia.<br />

O cálice é gamosepalo, mais ou menos<br />

adherente ao ovario, que é infero ou<br />

semi-infero.<br />

Seu limbo as vezes é inteiro ou denteado,<br />

ou emfim de quatro ou cinco divisões<br />

mais ou menos profundas; rarissimas<br />

vezes elle fôrma uma espécie de<br />

cápsula ou operculo.<br />

A corolla se compõe de quatro a cinco<br />

pétalas.<br />

Os estames são em numero duplo das<br />

pétalas.<br />

Suas antheras apresentam as formai<br />

mais variadas e mais singulares, e se<br />

abrem no ápice por um orifício ou poro<br />

commum ás duas lojas.<br />

O ovario é algumas vezes livre, freqüentíssimas<br />

vezes adherente ao cálice;<br />

elle offerece de três a oito lojas cada<br />

uma contendo um grandíssimo numero<br />

de ovulas.<br />

O ápice do ovario é muitas vezes coberto<br />

de um disco epigynico.<br />

O estylete e o estigma são simples.<br />

O fructo é ora secco, ora carn&so, offerecendo<br />

o mesmo numero de lojas que<br />

o ovario; fica indehiscente, ou se abre<br />

em outras tantas valvas septiferas no<br />

meio da face interna.<br />

As sementes são reniformes e contêm<br />

um embryão levantado ou ligeiramente<br />

curvo; mas sem endosperma.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— AS folhas<br />

seccas e pulverisadas são úteis no curativo<br />

das ulceras; também frescas e<br />

pisadas applicam-se para o mesmo<br />

fim.<br />

Aninga-uva. — PMlodendron arborecens.—<br />

Fam. das Araceas.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — As mesmas<br />

que as da Aninga.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. —AS Melas- Anua Pinta.— Cayaponea globoza.<br />

tomaceas são grandes arvores, arbus­ — E em Minas a purga de Carijó.<br />

tos , fructices ou plantas herbaceas,<br />

tmdo folhas oppostas, simples, muni­<br />

Aperta Ruão. — Piper admcum,<br />

das oralmente de três a cinco, e mesmo Vell.—Fam. das Piperaceas.


ARA ARA 43<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— Como ads­<br />

tringente é muito empregado em banhos.<br />

Internamente obra também como<br />

desobstruente.<br />

e como uma rosap equenasingela com<br />

um feixe de filetes, brancos no centro<br />

no pé da flor ha um engrossamento:<br />

verde com o cimo dividido em cinco<br />

lâminas ; abi se desenvolve o fructo<br />

Apogitagoara. — EsembecMa in­ que é oval, amarello quando maduro,<br />

termedia, Mart. — Fam. das Rutaceas. coroado — de cinco palhetinhas, contendo<br />

S. Paulo.<br />

muitos grãos reniformes, envoltos em<br />

uma polpa acre-doee.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — A casca O Araçá é útil nas artes, onde os<br />

d'esta planta é anti-febril.<br />

grêlos servem para a preparação de<br />

tintas. Com elle faz-se geléa, doce,<br />

Apostemeira.— Furnera fostida.— aguardente e licores.<br />

Fam. das Turneraceas. — Esta espécie é<br />

do Maranhão.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— Na medicina<br />

i<br />

popular empregam-se as cascas, as<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — É empre­ summidades e também as folhas como<br />

gada para apressar a suppuração dos poderoso adstringente na dose de 16<br />

tumores.<br />

grammas para 500 grammas d'agua.<br />

Apotiacoraoa —Fam. das Euphor- Araçá bravo. — Angofora pseudobiaceas.—<br />

É uma planta do Pará. carpa.— Fam. idem.— É um arbusto de<br />

Ha duas espécies.<br />

nosso paiz, de caule liso esbranquiçado,<br />

folhas oppostas; flores em espigas ;<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— Uma é em­ corolla branca de quatro pétalas ; espregada<br />

na tosse secca, outra nas intames numerosos; antheras de duas<br />

fíammações de olhos.<br />

lojas redondas; estyletes simplices.<br />

O fructo, baga ovoide trilocular, mo-<br />

Apoya ?— É a Psychotria emetica no nospermica, contém muitos grãos re­<br />

Espirito Santo.<br />

niformes com polpa doce.<br />

A madeira d'esse arbusto é procurada<br />

Apuy.— Ficus.— Fam. das Urticaceas. para encaibramento de nossas casas, e<br />

— Planta do Pará.<br />

para estacas de cercas; ellas são dotadas<br />

de uma duração enorme.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— O sueco lei- As variedades de Araçás produzem<br />

toso e as folhas são empregadas como fruetos comestíveis, insignes pela sua<br />

calmante.<br />

matéria saecharina e pela união da<br />

mucilagem com .o principio adstrin­<br />

Araçá.—Psidium Araçá, Psydium pogente,<br />

o que os torna nutritivos e<br />

miferum, Linn.—Fam. das Myrtaceas.—<br />

corroborantes dos intestinos.<br />

Na Bahia este araçá é chamado Araçámirim.<br />

Araçá do campo. — Psydium me-<br />

É em todo o Império conhecida esta diterraneum. — Fam. idem.— É um ara-<br />

frueta, e existe em todo o seu terreno çaseiro que em Sergipe tem este nome,<br />

com este mesmo nome.<br />

e nas Alagoas o de Araçá do mato e tam­<br />

Provém de um arbusto médio, de bém Cumati, designação porque também<br />

casca liza, esbranquiçada, folhas oppos­ o conhecem em Pernambuco. Para o<br />

tas ovaes, quasi redondas, grossas, um sul de Sergipe dão-lhe o mesmo no­<br />

tanto pelludas, com cheiro quando comme.primidas .<br />

O arbusto é mais elevado que o Araçá<br />

As flores são reunidas em pequeno mirim; no mais é o mesmo excepto a<br />

numero brancas, com algum cheiro; frueta, que é menor, mais doce e de côr


SOC. BRASILEIRA fiTOQUIMICA Ltda.<br />

44<br />

ARA<br />

[idlida; verde amarellada; suas flores É esfoutra espécie do mesmo lugar<br />

sào brancas e cheirosas ; folhas miúdas. — S. João d'El-Rei.<br />

É um arbusto de folhas oppostas<br />

Araçá cagão. — Psydium. — Fam. como as outras, ovaes, reviradas, quasi<br />

tdem. — Fructo agreste e também culti­ sem peciolo.<br />

vado na Bahia por tal nome, e em Per­ O fructo quando novo é obovoide.<br />

nambuco comprehendido na espécie de Flores não vimos.<br />

Araçá assú, porque elle é semelhante a<br />

este, differindo somente em ter a base Araçá de Minas Geraes.—Psy­<br />

mais despontada e ser menor. dium microcarpum, St. EU.—Fam. idem.—<br />

Todos os Araçás possuem a propriedade Esfoutra espécie do mesmo lugar<br />

de ser mais ou menos adstringentes. acima dito, é um arbusto mui semelhante<br />

ao precedente.<br />

Araçá das Catlngas. — Psydium, O fructo globoso, de gosto agradá­<br />

— Fam. idem.— Esta espécie, indígena, vel ; de côr verde, ainda quando ma­<br />

também é semelhante á precedente, mas duro.<br />

distingue-se porque o fructo quando ma­ Segundo St. Hilaire é maior que os<br />

duro, torna-se amarello côr de gemma outros.<br />

d'ovo; as folhas miúdas e lanceoladas,<br />

o fructo muito doce.<br />

Araçá de Minas Geraes. —<br />

dium cuneatum, St. EU.—Fam. idem.—<br />

Araçá Congonha do campo.— Este Araçá é do mesmo lugar que 08<br />

Psydium suaveolens, St. ffil.—Fam. idem. outros, e d'elles pouco differe; suas<br />

— É outra espécie de Araçá que dá nas folhas porém são mais oblongas, e o<br />

mattas de Minas Geraes, com o nome de fructo pyriforme, liso e de gosto agra­<br />

Congonha do campo (?); differença-se em dável.<br />

ter as folhas mais longas que o ordinário.<br />

As flores são solitárias e cheirosas. Araçá de pedra.—Psydium oli-<br />

O fructo é pequeno, como o do Araçá gospermum, Mart. — Fam. idem. — Este<br />

mirim, até menor.<br />

Araçá, assim chamado na Bahia, é<br />

Tem unicamente três sementes dentro. semelhantissimo no arbusto do Araçá-<br />

A côr do fructo é amarella. mirim ou ordinário; mas o fructo ordinariamente<br />

é mais redondo, e com a<br />

Araçá guaçú — V Goiaba.<br />

superfície ondulada, muitas vezes com<br />

um ponto lateral preto, indicando putre-<br />

Araçá do matto.— V- Araçá do facção ; tem um caroço grande, ondu­<br />

Campo.<br />

Araçá mirim.— V. Araçá.<br />

lado ; offerece pouca polpa, mas essa<br />

mais doce que a do ordinário.<br />

Araçá de Minas Geraes. —<br />

Araçá da praia. — Psydium littorale,<br />

Raddi. — Fam. idem. — Arbusto de<br />

Psydium albidum, St. EU. — Fam. idem. Minas.<br />

— C. idem. — Esta espécie nasce em Este Araçá é muito semelhante ao<br />

S. João d'El-Rei, em Minas ; tem as Araçá ordinário.<br />

folhas mais pelludas, ellipticas ovaes, Vegeta na cidade de Mariana, em<br />

e reviradas.<br />

Minas Geraes, e S. Paulo.<br />

As flores são solitárias, e os fruetos<br />

ovaes, esbranquiçados, pelludos.<br />

Fructifica em Março e Junho.<br />

Araçá de S. Paulo.—Psydium<br />

multiflorum, St. EU. — Fam. idem. —<br />

Esta espécie cresce na província de<br />

Araçá de Minas Geraes.—Psy­ S. Paulo.<br />

dium incanescens, Mart.—Fam. idem.—<br />

É um arbusto de folhas ellipticas,<br />

ARA


ARA ARA 45<br />

pubescentes ; flores em cachos; fructo Suas folhas são simples e alternas,<br />

não examinado.<br />

vistosas e de forma variável ou indeterminada,<br />

oblongas, algumas obovaes<br />

Araçá-rama.— É arvore que nasce oblongas, e um tanto coriaceas.<br />

pelas margens dos rios, no Pará; suas As flores de grandeza regular.<br />

raizes servem de alimento ás tarta­ O fructo é uma pequena cápsula corugas.riacea,<br />

com cinco depressões e cinco<br />

lojas.<br />

Araçázinho do mato.—Davia A madeira é branca, com um ligeiro<br />

fragrans. — Fam. das Melastomaceas. brilho — assetinado, e o tecido é frouxo,<br />

É um arbusto elegante, e indígena do o seu emprego é muito limitado;<br />

paiz, conhecido nas Alagoas por este apenas é procurado como elemento as-<br />

nome.<br />

sás secundário em algumas obras in­<br />

É ramoso, casca fina, folhas ovaes, ternas, que não exigem maior solidez.<br />

lisas e oppostas.<br />

ou que são creadas para satisfazer ne­<br />

Flores em feixes, por todas as parcessidades de momento. (Fig. 1.)<br />

tes da planta, as quaes são brancas e<br />

mui cheirosas.<br />

Arariba. — V. Raivinha.<br />

O fructo é uma baga globosa, coberta<br />

Araroba. — Fam. das Leguminosas.<br />

de uma pellicula e contém dentro<br />

— O pó d'esta planta é muito usado<br />

uma polpa aquosa, com muitos grãosi-<br />

na arte de tinturaria, e o mesmo pó<br />

nhos na parte central.<br />

é empregado nas moléstias herpeticas,<br />

Come-se esta polpa, que é boa.<br />

friccionando-se a pelle.<br />

* Quando está florida, esta planta<br />

derrama pelas suas visinhanças<br />

bello aroma.<br />

um<br />

Araruta.— Mar anta arundinacea,<br />

Linn. e Willd.—Fam. das Marantaceas.—<br />

É uma herva oriunda do paiz, conhecida<br />

Araçázinho ou Araçá do mato.<br />

em todo o Império por tal nome.<br />

— Psydium. — Fam. idem. — É um ar­<br />

A Araruta (farinha) é uma fecula extrabusto,<br />

ou arvoreta, conhecida em Perhida<br />

das raizes d'esta planta.<br />

nambuco por tal nome.<br />

As folhas da planta são estreitas,<br />

A sua casca cinzenta é lisa, a fo­<br />

oblongas, engastadas n'um pequeno<br />

lhagem miúda, as flores pequenas e<br />

caule.<br />

brancas.<br />

As flores brancas, á semelhança de<br />

A madeira é dura, excellente para<br />

borboletinhas.<br />

estacas, esteios, carvão, e lenha.<br />

O fructo é uma cápsula com alguns<br />

Aracui. — V Arari. — E o nome<br />

que se dá ao Angelim em varias províncias.<br />

grãos.<br />

É, como já dissemos, da raiz, que.se<br />

extrahe a fecula, a Araruta do commercio<br />

própria para uso dos doentes, conva-<br />

Araranin. — V. Curatatina.<br />

lescentes, etc.<br />

Também presta-se para engommar a<br />

roupa.<br />

Arapabaca. — V- Lombrigueira.<br />

Arapiraca. — É uma arvore dé<br />

Araticum apé ou do mato. —<br />

Anona silvatica, St. EU. —Fam. das Ano-<br />

Sergipe, dé lenho indestructivel. naceas. — Arvoreta silvestre; seu nome é<br />

quasi geral.<br />

Arapoca amarella ou Gura- Tem o páo branco e a casca escura,<br />

taiapoea. — Galipea dictoma. — Fam. folhas alternas grandes e ellipticas.<br />

das Rutaceas. — Arvore que vegeta nas Flores carnosas, desmaiadas, como a<br />

províncias do sul do Império. flÔF do Araticum panan e outros.


Kl<br />

ARA<br />

O fructo é uma lwga globulosn, cuja<br />

pequeno embryão recto, collocado na<br />

superfície •'• composta de eseamas acha­ base do perisperma.<br />

tadas, molles, de cõr verde, amarellado<br />

Araticum d'arèa. — Anona are-<br />

maturidade ; dentro ó composto de<br />

na<br />

naria.—Fam. idcm. — M uma espécie<br />

hngos de massa branca, com um caroço semelhante ás outras ; arbusto ramo­<br />

cada uma; é muito boa ao paladar. so ; casca lisa, esbranquiçada, folhas<br />

A casca dá cxcellcnte corda, cuja du­ grossas oblongas : dá flores caulinares<br />

ração é admirável.<br />

como as das outras espécies já des-<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — As folhas e<br />

criptas.<br />

O fructo tem as proeminencias da<br />

fruetos do Araticum são bechicos: 2gram-<br />

casca, pouco sensíveis.<br />

mas do fructo fervido em 250 grammas<br />

As sementes são pretas, o eixo cen­<br />

d'airua tomado ás chicaras, é um exceltral<br />

ôecupa grande espaço.<br />

lente remédio na diarrhéa e dysenteria.<br />

Do páo fazem-se arcos de barril, e<br />

Usam-se também em clysteres, e ap-<br />

da casca cordas.<br />

plicam-se as folhas sobre o ventre.<br />

As folhas pisadas e misturadas com<br />

Araticum do brejo — V. Araóleo<br />

são maturativas.<br />

ticum panan ou do rio.<br />

Dos fruetos se pôde extrahir vinho.<br />

AraticuEta do campo.—.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.— As Anona-<br />

comi folia, St. EU.—Fam. idem. — Esta<br />

ceas são arvores ou arbustos de folhas espécie vegeta nos sertões do Rio de<br />

alternas simples, desprovidas de esti­ S. Francisco, S. Paulo, Minas Gepulas,<br />

caracter que as distingue sobre raes, etc.<br />

tudo das Magnoliaceas.<br />

Semelhante ás suas congêneres, tem<br />

As flores ordinariamente axillares, são comtudo, as flores um tanto pelludas.<br />

algumas vezes terminaes.<br />

O fructo é escamoso, globoso ou<br />

O cálice é persistente de três divisões<br />

oval.<br />

profundas. A corolla é formada de seis<br />

Também é conhecida esta espécie por<br />

pétalas dispostas em duas ordens.<br />

Araticum das Caatingas.<br />

Os estames são muito numerosos, formando<br />

varias fileiras.<br />

Araticum cagão.— Anona furfu-<br />

Os filetes curtos, e as antheras quasi racea, St. EU.— Fam. idem.— O tronco<br />

sesseis.<br />

d'esta espécie esgalha quasi sempre,<br />

As carpellas, em geral, em grande nu­ desde a base formando uma touceira.<br />

mero reunidas no centro da flor, são ora As folhas oblongas, cobrem-se mui­<br />

distinctas, ora soldadas entre si; cada tas vezes de uma poeira esbranquiçada<br />

uma d'ellas offerece somente uma loja e tem máo cheiro.<br />

que contem um, ou diversos óvulos li­ A flor e o fucto nas mesmas congados<br />

á sua sutura interna e formando dições ; mas as sementes são amarel­<br />

muitas vezes duas fileiras longitudilas.naes. A amêndoa, pisada com aguardente,<br />

Estas carpellas constituem outros mata os piolhos da cabeça; o cheiro<br />

tantos fruetos distinetos (raras vezes da frueta é bom.<br />

um só em conseqüência de abortarem<br />

Também dá corda e madeira para<br />

os outros; ás vezes elles se pegam arcos de barril.<br />

todos entre si, e formam uma espécie<br />

de cone carnoso e escamoso.<br />

Araticum panan.— Anona palus'<br />

As sementes têm seu tegumento for­ tris, Linn. —Fam. Idem. — Esta espémado<br />

de duas lâminas.<br />

cie cresce nos paúes e brejos. E' ra-<br />

O endosperma, em forma de chifre mosa; as folhas menores do que as já<br />

é profundamente sulcado, contendo um citadas ; e as flores também.<br />

ARA


ARC ARG 4?<br />

O fructo é uma baga ; tem sementes res, arbustos, ou rarissimas vezes plan­<br />

de um vermelho escuro, e não se come. tas herbaceas, cujo caule é muitas<br />

A raiz tem o lenho frouxo, serve de \ezes sarmentoso; é guarnecido de ga-<br />

cortiça, é muito porosa, optima para vinhas.<br />

afiadores de navalhas, para rolhas, etc As folhas ordinariamente oppostas<br />

ou ternadas, são raramente alternas,<br />

Araticum ponhé.— Anona Marc- as mais das vezes compostas.<br />

gravii, Mart.— Fam. Idem.— Este Arati­ As flores, que são terminaes ou axilcum<br />

tem as mesmas qualidades do lares, diversamente grupadas.<br />

Araticum do mato, cultivado.<br />

Tem um cálice gamosepalo, freqüentes<br />

vezes persistente e de cinco lobos.<br />

Araticum do rio.— Anona spi- Uma corolla gamopetala, mais ou<br />

nescens, Mart- — Fam. Idem.— Tem as menos irregular e de cinco divisões.<br />

mesmas propriedades dos outros; mas Freqüentíssimas vezes quatro esta­<br />

seu fructo é mais empregado em catames didynamos, acompanhados de um<br />

plasmas para limpar as ulceras, e ama­ fílete estéril, que é o indicio de um<br />

durecer os abscessos.<br />

quinto estame abortado; em alguns gê­<br />

As sementes em pó, combatem a neros, os cinco estames são iguaes ou<br />

ptiriasis infantilis, isto é, o bicho su­ dois somente são férteis.<br />

perficial, polvilhando-se a parte affec- O ovario sustentado por um disco<br />

tada.<br />

hypoginico apresenta uma ou duas lojas<br />

contendo ordinariamente vários óvu­<br />

Araticum de Santa Catharilos.na.—<br />

Rollinia salicifolia.— Fam. ldsm. O estylete -simples termina por um<br />

— Tem os característicos das outras estigma bifido.<br />

espécies.<br />

O fructo é uma cápsula de uma á<br />

duas lojas, que se abre por duas val-<br />

Arcunan.—Bignonia echinata, Jacq. vas oppostas ou parallelas ao caule;<br />

e Swart — Fam. das Bignoniaceas.— Ar- raras vezes o fructo é carnoso, ou duro<br />

'bueto natural do paiz, por este nome e indehiscente.<br />

nas Alagoas conhecido, e também por As sementes, muitas vezes cercadas<br />

Arraia do mato.<br />

de uma aza membranosa em todo o<br />

É uma planta trepadeira, que sobe seu contorno, encerram debaixo do te-<br />

galgando as mais altas arvores. gumento próprio um embryão erecto,<br />

Os caules são lenhosos ; seus ramos desprovido de endosperma.<br />

são cruzados ; folhas brilhantes e ovaes.<br />

" As flores de côr rosea viva. Argemonia.— Argemone mexicana.<br />

O fructo é uma cápsula lenhosa de Linn.— Fam. das Papaveraceas.— É uma<br />

quasi 2í centímetros de comprimento, planta herbacea, natural do México e<br />

e 10 centímetros de largura, de côr do Brasil, cujo porte é semelhantissimo<br />

parda, óssea; a sua superfície eriçada, ao nosso Carão-Santo de Pernambuco.<br />

de protuberancias conicas agudas ; dentro<br />

forma uma pellicula branca asse- PROPRIEDADES MÉDICAS.— OS nossos<br />

tinada, com uma divisão no centro e indígenas, empregam as folhas da Ar­<br />

cheia de muitas sementes cercadas de gemonia no curativo das ulceras, sobre­<br />

azas membranosas.<br />

tudo syphiliticas.<br />

É uma das bellezas do campo este O óleo é considerado purgativo como<br />

arbusto; porque do alto dos cimos das o de ricino, bastando trinta gottas<br />

arvores pendem seus festões de flores para o effeito cathartico, que se ma­<br />

côr de rosa com seus exquisitos fruetos. nifesta cinco horas depois da ingestão<br />

do remédio.<br />

O sueco é antiherpetico, e o cosi-<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.—São arvo


43 ARG ARO<br />

mento das sementes é empregado contra<br />

a queda dos cabellos.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.— Plantas herbaceas<br />

ou ainda raras vezes subarbustos,<br />

de folhas alternas, simples, mais<br />

ou menos profundamente recortadas,<br />

cheias em geral de um sueco lácteo<br />

branco ou amarellado.<br />

As flores são solitárias ou dispostas<br />

em cimas, ou em cachos ramosos.<br />

O cálice é formado de duas, rarissimas<br />

vezes de três, sepalas concavas<br />

e fragilissimas.<br />

A corolla, que falta algumas vezes,<br />

se compõe de quatro, mui raramente<br />

de seis pétalas singelas, comprimidas<br />

e enrugadas antes do seu desabrochar.<br />

Os estames, em grandíssimo numero,<br />

são livres.<br />

O ovario é ovoide ou globuloso, ou<br />

estreito e também linear, d'uma só<br />

loja, contendo grandíssimo numero de<br />

óvulos unidos á trophospermos salientes<br />

sobre a fôrma de pétalas ou falsas<br />

divisões.<br />

O estylete, curtíssimo ou pouco distineto,<br />

termina em tantos estigmas<br />

quantos trophospermas.<br />

O fructo é uma cápsula ovoide coroada<br />

pelo estigma, ou abrindo-se em<br />

poros simples abaixo do estigma; ás<br />

vezes é alongada em fôrma de siliqua<br />

abrindo-se por duas valvas, ou rasgando-se<br />

transversalmente por articulações.<br />

As sementes, ordinariamente pequeníssimas,<br />

se compõem de um tegumento<br />

próprio, trazendo ás vezes uma espécie<br />

de carunculasinha earnosa, de endosperma<br />

igualmente carnoso, no qual está<br />

colloeado um pequenino embryão cvlindrico.<br />

Argueiro. — Arvore da altura de<br />

uma oliveira, c é uma das mais lindas<br />

Io Brasil.<br />

E espinhosa : seu fructo é uma vagem<br />

'•ontimio uma- sementes escarlates, ou<br />

manchadas, empregados pelos indígenas<br />

emobje i- de ornato como braceletes<br />

Aricorí ou coqueiro dieori<br />

—Cocos coronala, Mart.—Fam. das Palmeiras.—<br />

É uma palmeira indígena do<br />

paiz, muito freqüente nas províncias<br />

da Bahia e Alagoas : tem também o<br />

nome de Dieori e Nicori.<br />

E' de porte médio, o tronco eriçado<br />

de fragmentos das velhas folhas, no<br />

alto com o molho de folhas de eixo<br />

comprido, e os foliolos dispostos em<br />

dois sentidos e azulados; as flores em<br />

cachos, como o geral das palmeiras;<br />

os fruetos são de 3 a 6 centímetros,<br />

ovoides, com escamas na base, côr<br />

amarella, quando maduro ; no centro<br />

um caroço duro; a polpa é saborosa,<br />

e sua amêndoa dá bom azeite.<br />

Arnacan.— V. Junta de cabr.a.<br />

Arnolta.— V Urucú.<br />

Aroeira. — Schinus aroeira, Vell. —<br />

Fam. das Terebentaceas.—<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS — A casca<br />

d'esta arvore é adstringente e empregada<br />

pelos pescadores para fortalecer<br />

os fios das redes.<br />

O estracto pode supprir o cato.<br />

Dá-se o extracto em pílulas, e a<br />

casca em cosimento (4 grammas para<br />

500 grammas d'agua.)<br />

De suas folhas frescas se pôde preparar<br />

uma água distillada própria para<br />

o toucador.<br />

Também é tida esta planta por antifebril.<br />

Aroeira do campo. — Astronium<br />

graveolens, Jacq. — Fam. das Terebenthaceas.—<br />

É uma arvore resinosa, de folhas<br />

compostas: vegeta no Alto-Amazonas:<br />

suas flores encarnadas e seus<br />

fruetos redondos, formando uma estrella.<br />

Derrama um sueco glutinoso, incolor,<br />

análogo ao da Terebenthina.<br />

A madeira é pesadíssima e industructivel.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—Tem as mesmas<br />

virtude da Aroeira acima descripta.


ARO ARR 49<br />

Aroeira da Capoeira. — Schinus PROPRIEDADES MÉDICAS.— O cosimento<br />

meleoides, Vell.—Fam. das Terébinthaceas. das folhas também serve para usos do­<br />

— A casca serve para tingir.<br />

mésticos medicinaes, e da entrecasca<br />

Os fruetos e folhas são muito aroma- faz-se applicação nas hérnias inguiticos.naes,<br />

com proveito, mormente se são<br />

Aroeira da mata.— Schinus Ar-<br />

recentes.<br />

oira, Linn.— Fam. das Terébinthaceas.— Aroeira do Rio de Janeiro.—<br />

Arvore colossal e importantíssima, na­<br />

Schinus terebenthifolius, Raddi.— Fam.<br />

tural do paiz; seu tronco resinoso e<br />

Idem.— Dicecia Decandria, Linn.—Arvore<br />

aromatico, engrossa e cresce muito; mediana, do Rio, semelhante ás já<br />

folhas distribuídas em palmas; as flô- deseriptas, e provavelmente com as<br />

lhas em cachos miúdos, de sexos se­ mesmas propriedades.<br />

parados.<br />

O fructo é pequeno, glohoso e mo- Arraia do mato. — V Arcunan,<br />

nospermico.<br />

O lenho d'esta arvore é de uma ri­ Arrebenta cavallo.— V. Melangidez<br />

férrea; enterrada tem uma duracia<br />

da praia.<br />

ção admirável, é empregada nas construcções<br />

e edificações campestres; tem-se Arrependido.—Fam. das Bham-<br />

achado em edifícios seculares a Aroeira naceas.— Por este nome é conhecido<br />

ainda perfeitíssima.<br />

em Alagoas um arbusto agreste, na­<br />

PROPRIEDADES MEDIDAS.—A entrecasca<br />

é empregada nas diarrhéas.<br />

tural do paiz; inclinam-se uns sobre<br />

outros e são flexíveis.<br />

O lenho é esbranquiçado e sulcado<br />

Aroeira de Minas.—Schinus mu.<br />

longitudinalmente ; tem o uso do sipó-<br />

cronulatus. Mart.— Fam. Idem.— Esta<br />

páo, e é muito semelhante a este.<br />

planta de Minas Geraes está nas condições<br />

das mencionadas.<br />

Arringa-iba. — Caladium arborescens,<br />

Linn.— Fam. das Aroideas.— Esta<br />

Aroeira da praia.— Pistacia Len- planta é semelhante ao Tinhorão, porém<br />

ticus, Linn.—Fam. das Terébinthaceas. mais elevada.<br />

Esta arvore, tão aclimada entre nós, é to­ É natural da índia.<br />

davia natural da Barbaria e das proxi­<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS . — Arbusto<br />

midades do Mediterrâneo.<br />

muito acre. Suas folhas são emprega­<br />

É uma arvore de porte pequeno, semdas<br />

em cataplasmas resolutivas.<br />

pre verde e revestida de sua folhagem,<br />

Sua raiz fornece uma substancia amyg-<br />

que é disposta em palmetas.<br />

lacea.<br />

Todas as suas partes são resinosas,<br />

O cosimento d'este vegatal feito em<br />

principalmente a casca; flores em ca­<br />

ourina é empregado nas dores articuchos,<br />

miudinhas, esverdinhadas.<br />

lares.<br />

Os fruetos são como grãos de chumbo<br />

grosso, vermelhos e como machucados: Arroz.— Oryza saliva, Linn.— Fam.<br />

dentro tem uma semente.<br />

das Gramineas.— O gênero Oryza com­<br />

Habita no litoral do Brasil.<br />

prehende só quatro espécies, mas sub­<br />

Á resina, que escorre do tronco, entre divididas em grande numero de varie­<br />

nós nenhum uso damos, pelo pequeno dades.<br />

apreço que se dá em nosso paiz ás ri­ D'estas quatro espécies somente uma<br />

quezas naturaes d'este abençoado solo ; e que se cultiva para alimentação do<br />

mas na Europa o produeto de suas con­ homem; mas que comprehende muitas<br />

gêneres é o mastique, o terebintho do variedades.<br />

commercio, muito empregado.<br />

Desvaux classifica o Arroz, cultivado


.o ARK ARR<br />

em diferentes regiões do globo, em<br />

M-ÍS variedades botânicas, que podem<br />

ser consideradas como outras tantas raças,<br />

nas quaes se incluem naturalmente<br />

todas as subvariedades distinctas<br />

na cultura, c cujo numero é tal, que<br />

dia são as denominadas benapeli e yundali.<br />

O Arroz imperial, cultivado na China,<br />

parece ser o mais temporão de todos,<br />

porque exige para amadurecer menos a<br />

terça parte do tempo do que as outras<br />

Lechenault de Latourt menciona trinta variedades de Arroz.<br />

cultivadas nas visinhanças de Pondi- No Japão existe uma variedade de grão<br />

chery; eHcinr, cita vinte e uma, cul­ mui pequeno e mui branco, que dizem<br />

tivadas em Mysore.<br />

ser a melhor espécie conhecida.<br />

As variedades, por struetura externa, O trigo por excellencia, o trigo Sarra-<br />

podem dividir-se em duas classes : ceno, o centeio, a aveia, o milho, a man­<br />

Arroz barbado {oryza saliva), e Arroz sem dioca, o Arroz, e póde-se acerescentar, as<br />

barba (oryza MU tira).<br />

batatas, são as principaes plantas ali-<br />

Kntre as variedades barbadas Desmentares: o pão do gênero humano.'<br />

vaux menciona como mais notáveis : a O Arroz sustenta talvez mais das duas<br />

Oryza sativa pubescens, cultivada na terças partes das raça humana üisse-<br />

Itália, a Oryza rubribarbis, cultivada na minadas em todos os pontos do globo, e<br />

America Septentrional; a Oryza S. Mar- povos ha que quasi exclusivamente se<br />

ginata, cultivada na índia , e a Oryza nutrem com Arroz, ou pelo menos que<br />

elongata, cultivada no Brasil.<br />

com elle formam a base principal da<br />

Entre as não barbadas distinguem-se alimentação, taes como os Chins, a maior<br />

a Oryza mutica denudata, cultivada na parte dos habitantes da índia, do Ja­<br />

Itália e a Oryza sarghoidea, cultivada pão, etc<br />

na índia.<br />

Durante muito tempo considerou-se o<br />

Quanto ás cores, em ambas as classes Arroz como planta originaria da índia ou<br />

se encontram o Arroz branco, amarello, da China, mas sabe-se agora que em di­<br />

côr de rosa, vermelho, trigueiro, etc. versos pontos da • America e da África<br />

O celebre Poivre introduzio na Ilha de existem variedades de Arroz indígena, no<br />

França a cultura de uma variedade de estado selvagem, susceptível de melho­<br />

Arroz branco da Cochinchina, cultivavel rar muito pela cultura.<br />

nos terrenos seccos, a que se deu o nome Pouco a pouco a cultura d'este cereal<br />

de Arroz perenneoude Arroz da montanha. se propagou não somente nas regiões<br />

Mas esta espécie, que requer, como as tropicaes, como também em muitos paizes<br />

outras, um terreno humido, não exige temperados, na Hespanha, na Itália, em<br />

todavia a submersão, como as espécies França e ultimamente em Portugal e até<br />

geralmente conhecidas; basta que na em algumas partes da Allemanha; póde-<br />

localidade as chuvas sejam regulares, ou se dizer que ella prospera nas regiões<br />

que se possam irrigar artificialmente os do Sul das quatro partes do mundo.<br />

arrozaes, não exigindo a sua cultura senão Sabe-se que a cultura do Arroz na Ame­<br />

terrenos análogos aos dos outros cereaes. rica Septentrional, que apenas começou<br />

Esta espécie divide-se em duas varie­ no fim do décimo sétimo século, tomou<br />

dades: uma longa e outra redonda. um immenso desenvolvimento.<br />

A primeira tem uma pellicula verme­ Os estados da Carolina do Sul e do<br />

lha, que communica uma parte de sua Norte, da União Americana cultivam par­<br />

côr ao grão, sem todavia communicar-lhe ticularmente uma variedade considerada<br />

máo gosto.<br />

como de qualidade superior a todas as<br />

A segunda produz sobre as montanhas outras, excepto a do Japão que acima<br />

e collinas, mas somente nos paizes onde mencionamos.<br />

as chuvas são regulares e abundantes O Arroz é uma planta annual, cujo<br />

Fallaremos adiante d'esta variedade. caule é uma vergontea fina, de quatro<br />

As variedades mais estimaveis da ín­ decimetros a um metro, revestidas de fo-


ARR A RR 51<br />

lhas longas abarcantes e estreitinhas, As flores são dispostas em espigas<br />

de verde mui lindo ; na epocha própria ou em paniculas mais* ou menos ra-<br />

sahe um cacho, com flores nas summidamosas. Estas flores são ml solitárias,<br />

des,que parecem umas pevides; formam- ou reunidas, varias juntamente, forse<br />

os fruetos que são cariopses, cobertos mando gruposinhos que tem o nome<br />

de um envoltório paleaceo, de fôrma ellyp- de espiguetas.<br />

tica, sulcado longitudinalmente ; dentro Na base das espiguetas ou das flores<br />

ha uma semente branca, rica de uma solitárias, acham-se duas escamas : uma<br />

substancia amylacea, que é a parte usada externa, outra interna formando a le-<br />

como comestível em todo o mundo. picena; raramente a escama interna<br />

No Império do Brasil, nos terrenos falta e a lepicena é univalvular.<br />

baixos, nas margens dos seus rios, e na Cada flor se compõe de duas outras<br />

costa marítima e sobretudo nas provín­ escamas formando a gluma, de estacias<br />

do Maranhão e Amazonas, cultivam mes geralmente em numero de três,<br />

o Arroz, e exportam em grande quanti­ ás vezes menos, raras vezes mais.<br />

dade.<br />

Os filetes são capillares.<br />

O Arroz cada dia se torna mais impor­ As antheras bifidas em suas duas<br />

tante como artigo de consumo, tanto por extremidades.<br />

seu uso alimentício, como por empregar- Pistillo formado por um ovario uniflose<br />

na producção da gomma, usado ou cular, monospermico, marcado por um<br />

para alimento ou outros fins domésticos. sulco longitudinal em um dos seus<br />

Usa-se na Europa o Arroz para d'elle se lados, por dois estyletes, e dois es­<br />

extrahir o amido. A gomma é muiio usatigmas pillosos e glandulosos; rarisda<br />

para imbuir fazendas de linho e de simas vezes o estylete é simples ou<br />

algodão, e preparal-as para servir depois bifurcado na parte superior.<br />

de lavadas.<br />

Fora do ovario na face opposta ao<br />

Para este fim se faz immenso consumo sulco observa-se em um grande nu­<br />

de amido, e o Arroz é uma das substanmero de gêneros duas pequenas pacias<br />

mais extensamente empregadas para lhetas de fôrma -variada que consti­<br />

d'elle se extrahir este principio. tuem a glumella.<br />

O fructo é uma cariopse, mui pou­<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—Éemolliente, cas vezes um akenio liso ou envol­<br />

freqüentemente empregado nas infiamvido nas valvas da gluma, que se desmações<br />

do tubo digestivo, e em cataprende e cahe com elle.<br />

plasmas, contra as inflammações, abees- O embryão tem uma fôrma discoide,<br />

sos, etc<br />

e é applicado na parte inferior d'um<br />

endosperma farinaceo.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.—Plantas herbaceas,<br />

annuaes ou vivazes, raras vezes<br />

subfructescentes, de apparencia toda<br />

particular e muito característica, tendo<br />

um caule geralmente fistuloso, offerecendo<br />

de distancia em distancia nós<br />

cheios, d'onde partem folhas alternas<br />

e invaginantes.<br />

Esta bainha que pôde ser conside­<br />

rada como um peciolo alargado, é fendida<br />

em todo o seu comprimento, e<br />

apresenta em seu ponto de juneção<br />

com a folha uma espécie de collo membranoso,<br />

ou formado de pellos, que se<br />

chama collura ou ligula.<br />

Arroz do mato.— Oryza subulata,<br />

Mart.— Fam. idem.— É uma espécie de<br />

Arroz, que vegeta expontaneamente no<br />

Pará e nas Alagoas; dá um grão mais »<br />

graúdo e menos saboroso, porém tem as<br />

mesmas propriedades, do Arroz commum.<br />

Arroz do mato tias Alagoas.<br />

— V Taquari de cavallo.<br />

Arroz Sylvestre. — V. Arroz do<br />

matto.<br />

Arruda de Campina. —índigo-


5% ARH ART<br />

fero campinarii.— Fam. das Leguminosas. 1 metro e 12 centímetros de altura,<br />

— I-Ma espécie indígena, que nasce no pouco mais, ramoso, suas folhas dis­<br />

solo pernambucano e em outras provínpostas em palmas, miúdas; todas as<br />

cias, é a que tem o nome em Pernam- suas partes são de um verde azulado.<br />

bue> de Arruda da Campina; pois ha As flores que se reúnem em cachos,<br />

uma confusão n'este nome: a de S. Paulo são amarellas e pequenas; todas as<br />

nao é esta; a do Rio de Janeiro, tam­ partes da planta derramam um cheiro<br />

bém não, segundo a classificação da mui activo mas pouco agradável.<br />

Flora do Brasil.<br />

Os fruetos são pequenas bagas de<br />

Quanto á de Pernambuco é uma herva cinco cocas ou lojas.<br />

rasteira: ergue as pontas dos ramos,<br />

vestidas de folhas dispostas em palmi- PROPRIEDADES MÉDICAS. — É estimunhas,<br />

iguaes ás da Arruda da Europa, lante, anthelmintico, emmenagogo, em­<br />

de côr verde-azulada, e cobertas de lapregado na amenhorrea , chloro3e, e<br />

nugem, flòrinhas rouxas em cachos abas­ hysterismo.<br />

tecidos ; dá fruetos em cachinhos; são Internamente 4 grammas para 400<br />

vagens roliças, pequeninas, com duas grammas d'agua, para infusão.<br />

valvas e com duas ou três sementes á<br />

semelhança do feijão.<br />

Arruda do mato. — Pelocarpus<br />

officinalis, Abi. — Fam. idem. — É uma<br />

planta que recebe este nome no Maranhão.<br />

.PROPRIEDADES MÉDICAS.—É muito uzada<br />

na dose de 30 grammas para 500<br />

grammas d'agua três vezes ao dia nas<br />

gonorrheas e retenções de ourinas, e em<br />

banhos nos ataques hemorrhoidaes e<br />

nas inflammações das vias urinarias.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—É empregada<br />

como excitante em banhos.<br />

Arruda «Io mato ou Anil dos<br />

Arruda de Campina do Rio pobres. —Indigofera similerula.— Fam.<br />

de Janeiro. — V Carrapicho de beiço das Leguminosas. — É um arbusto peque­<br />

de boi.<br />

no de Pernambuco; seu comprimento<br />

é de 1 % a 2 metros, esgalha pouco;<br />

Arruda do Campo, ou de de côr acinzentada; folhas dispostas em<br />

S. Paulo.— Eypericum teretiusculum, palmas, miúdas, de verde azulado, mui<br />

St. EU. — Fam. das Eypericaceas. — Esta semelhantes á primeira vista com a<br />

planta herbacea nasce naturalmente no Arruda exótica; as flores em cachos miu­<br />

Brasil e recebe o nome acima em dinhos.<br />

S. Paulo.<br />

O fructo é uma pequena vagem de<br />

É de ramos ascendentes; nas partes poucos centímetros de extensão, roliça,<br />

superiores de quatro gommos ou faces, curva, com poucas sementes, á seme­<br />

folhas pequenas, compridas ; flores em lhança do feijão.<br />

cachos.<br />

O principio corante d'esta é em maior<br />

O fructo é uma cápsula de fôrma allongada.<br />

proporção.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—O cosimento<br />

Arruda da Europa — Ruta gra- feito do sueco d'esta planta é empreveolens,<br />

Linn. e Sp.—Fam. das Rutaceas. gado contra o veneno das cobras, e<br />

—Vegetal cultivado no Brasil. É natural aproveita nas dores de dentes.<br />

da Europa; se bem que acelimada ha<br />

muitos annos esta planta entre nós, Arthemisa. — Arlemizia vulgaris.<br />

com tudo nos nega a sua florescência, Linn. e Lamch. — Fam. das Compostas. —<br />

que raras vezes se observa.<br />

Herva natural da Europa e acelimada<br />

É nm subarbustosinho elegante, até nos nossos jardins; é uma planta quasi


ARV ARV 53<br />

rasteira entre nós, pois não eleva seus<br />

ramos a mais de 12 ou 24 centímetros<br />

do chão.<br />

Ornada de folhas recortadas, e elegantes<br />

; a parte inferior é esbranquiçada<br />

e pubescente.<br />

As flores em cachos, que ás vezes<br />

cheiro mui agradável durante a com»<br />

bustão.<br />

Arvore da lã. — V. Barriguda.<br />

Arvore de Paina. — Ckoriziaspe-<br />

são grandes ; botõesinhos amarellos, cocíosa,<br />

St. EU.—Fam. das Bombaceas.<br />

roados de palhetinhasfoliaceas, brancas,<br />

— É uma arvore agreste, conhecida no<br />

com cheiro activo.<br />

Rio de Janeiro, Minas Geraes e suas<br />

Os fruetos são pequenas bagas pretas. visinhanças,<br />

Esta planta serve de ornamento de<br />

É de porte alto; folhas digitadas.<br />

jardins, e como tal a apreciam.<br />

Suas flores são um tanto grandes,<br />

brancas, com muitos filetes no centro.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — É emmena-<br />

O fructo é uma cápsula, cujas segogo<br />

e anti-hysterico.<br />

mentes são envoltas em uma espécie de<br />

Internamente 10 grammas para 1000<br />

lã, da qual se usa para encher col­<br />

grammas d'agua, em infusão.<br />

chões e travesseiros.<br />

Arvore do Allto. — Cerdana al- CARACTERES DA FAMÍLIA. — São arvoliodora,<br />

R. — Fam. das Borragineas. res — ou arbustos, originários dos paizes<br />

É uma arvore alta, oriunda do Peru, intertropicaes, de folhas alternas, sim­<br />

Chile e do Brasil; suas folhas alterples ou digitadas, munidas na base<br />

nas oblongas -e ovaes ; as flores em de duas estipulas persistentes.<br />

cachos.<br />

O cálice algumas vezes acompanhado<br />

Esta planta exhala um cheiro de exteriormente de algumas bracteas, é<br />

alho mui pronunciado; as ^ formigas gamosepalo, de cinco divisões imbri-<br />

gostam de comer suas folhas, princicadas antes do seu desabrochar, outras<br />

palmente uma certa espécie de formiga vezes inteiro.<br />

miúda.<br />

A corolla, que falta ás vezes, se<br />

compõe de cinco pétalas regulares.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — É usada<br />

Os estames, em numero de cinco,<br />

em banhos como estimulantes. dez, quinze ou mais, são monadelphos<br />

e formam superiormente cinco feixes,<br />

Arvore de Cera. — Myrica ceri- que trazem, cada um d'elles, uma ou<br />

fera, Linn. — Fam, das Marantaceas. varias — antheras, uniloculares.<br />

Esta arvore vegeta nos Estados Unidos O ovario é formado de cinco carpel­<br />

da America em abundância.<br />

las, ora distinctas, ora ligadas entre<br />

É de pequena altura, tem a casca si, e terminadas cada uma em um es­<br />

acinzentada, as folhas alternas e lantylete e um estigma ; algumas vezes<br />

ceoladas.<br />

se soldam em um só.<br />

As flores em espigas cobertas de Os fruetos são em geral cápsulas de<br />

escamas, são de sexos separados. cinco cocas polyspermicas, abrindo-se<br />

O fructo é redondo, do tamanho de em cinco valvas, ou são coriaceas,<br />

uma pimenta do reino (pimenta da carnosas interiormente, e ficam inde-<br />

índia).<br />

hiscentes.<br />

Fervem em água os fruetos, e com As sementes, muitas vezes cercadas<br />

uma espumadeira tiram a cera da de pellos ou de penugem, tem algu­<br />

água; coagula-se essa cera que fica mas vezes um endosperma carnoso,<br />

de côr esverdeada, depois torna-se cobrindo um embryão cujos lobulos são<br />

consistente e amarella, e com ella lisos ou com asperesas.<br />

fabricam-se vellas, que exhalam um O endosperma falta ás vezes.


54 ASS A VA<br />

Arvore do papel.— V Páo papel. Fam. das Palmeiras.— Eexandria 7Vígynia,<br />

Linn.— Monadelphia.— Esta pai-1<br />

Arvore de pão. — T'. Frueta pão.<br />

meira, a que no Maranhão chamão Jussara,<br />

é natural do paiz especialmente<br />

Arvore da pureza.— Yucca glo­<br />

das províncias do Norte.<br />

É de mediana altura; seu tronco (stipej<br />

riosa. Linn.— Fam. das Liliaceas.— Ar­<br />

fino e erecto sustenta no ápice o leque<br />

busto exótico, acchmado no Brasil. E das<br />

Américas Meridional e Septentrional.<br />

de suas folhas como as demais palmeiras.<br />

Cresce no Canadá e no Peru. Assim<br />

Deita para os lados uns cachos, dos<br />

y chamam em Pernambuco.<br />

quaes pendem pequenos fruetos, á ma­<br />

E' ornamento de jardins, tem o aspecto neira de azeitonas.<br />

do nosso Coroatá, folhas radicaes grossas<br />

São de 3 centímetros ou pouco mais;<br />

e grandes, em forma de espadas agudas ;<br />

ovaes ou redondos, de côr roixa escura<br />

eleva-se no centro um caule escamoso<br />

quando maduros, com uma pellicula fina<br />

e verde, lançando do meio d'essa tou- exterior ligada a uma massa pouco esceira,<br />

uma haste que termina em ponta, pessa da mesma côr, e um caroço no<br />

e dá inflorescencia em forma de espiga, centro, duro; logo depois da polpa ha<br />

sendo as flores de côr branca e ele­ um tegumento fibroso antes do caroço.<br />

gantes.<br />

No Pará os Caboclos fazem um vinho<br />

d'este fructo e reputam-no bom.<br />

Arvore triste.— V. Acafroeira, Havia esta palmeira no Jardim Botânico<br />

de Olinda.<br />

Assacú. — Eura crepitans, Linn. e<br />

Lamh. — Eura brasiliensis. — Fam. das Assa-peixe —Bohemeria caudata.—<br />

Euphorbiaceas. — Esta planta é natural Fam. das Urticaceas.— É uma herva de<br />

do paiz ; vegeta espontaneamente pelas folhas oppostas e ovaes.<br />

Cayennas, México e Antilhas, no Pará Flores em longas espigas.<br />

e Amazonas.<br />

É oriunda da America Meridional.<br />

É uma arvore collossal, de folhas<br />

subcordiformes, ovaes, igual e miuda- PROPRIEDADES MÉDICAS.— É empregamente<br />

d enteadas.<br />

da em banhos contra as hemorrhoidas,<br />

Flores masculinas, dispostas em e como diuretica na dose de 2 grammas<br />

amento oblongo, femininas e solitárias. para 500 grammas d'agua, em cozimento.<br />

O fructo é uma cápsula, lenhosa,<br />

multicocca, com uma só semente em<br />

Assa-peixe.— V- Pitiá café.<br />

cada loja.<br />

Assucena. — V. Açucena.<br />

Do tronco d'esta arvore escorre por<br />

inci-ões um sueco leitoso, branco e Atcliá. —Begonia, Eynes. — Arum,<br />

acre.<br />

St. EU—Fam. das Begoniaceas.—D'esta<br />

É este leite que se acredita ser um planta os Botocudos apreciam muito as<br />

remédio efllcaz, para a cura da ele-<br />

raizes assadas, porque tem o gosto da<br />

phantiasis dos gregos ; mas das expe­ Machaxera.<br />

riências e observações feitas tanto no<br />

Pará como nas demais províncias, e Avaramo. — Mimosa unguiscati,<br />

ainda na Europa, o leite do Assacú per­ Linn. e Pison.— Fam. das Leguminosas.<br />

deu esta reputação ; oxalá que assim<br />

não acontecesse.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— A casca é<br />

Os indios empregam este leite como amarga e dessecativa; empregam-na<br />

vermifugo, e também serve para em­ contra as ulceras antigas, cancro, e<br />

briagar os peixes. 'Fig. 8.)<br />

internamente nas affecções febris, na<br />

dose de 8 grammas para 500 grammas<br />

Assabr. — Euterpe edulis, Mart. — d'água, em infusão.


AVE AYA 5S<br />

Avaty.— V. Milho grosso.<br />

Em certos gêneros, são isoladas; em<br />

outros, grupam-se e formam linhas<br />

A vença brasiliense.—Adianthum mais ou menos allongadas.<br />

risophorum, Willd.—Fam, dos Fetos, tribú Os soros começam a desenvolver-se.<br />

das Polypodeaceas.— Este vegetal é do debaixo da epiderme, a.qual levantam<br />

Rio de Janeiro; tem as mesmas vir­ de maneira a ficarem cobertas por ella.<br />

tudes da Capillaria.<br />

Chama-se induzio á porção de epider­<br />

Ha^ d'elle muitas espécies. Na Bahia me que serve assim de invólucro aos<br />

se empregam as espécies dos gêneros soros.-<br />

Acrosticum. Acros. Calomelanus, Acros, Em alguns fetos .como as Osmondeas,<br />

aureum; hoje chamadas pelos botan- e as Ophioglcsseas, etc, os órgãos da frunieos<br />

— Gynogramum calomelanos, e Gyctificação<br />

são dispostos em cachos ou em<br />

nogramum sulfurea.<br />

espigas.<br />

• CARACTERES DA FAMÍLIA.—Plantas herbaceas<br />

e vivazes, tornando-se algumas<br />

vezes arborescentes nas regiões tropicaes,<br />

e elevando-se então á maneira<br />

das palmeiras.<br />

As folhas (frondes) são ora simples,<br />

ora mais ou menos profundamente recortadas,<br />

pinnatifidas ou recompostas.<br />

Estas frondes offerecem um caracter<br />

commum; o de serem enroladas ou<br />

envolutadas, no momento em que começam<br />

a desenvolver-se.<br />

Os órgãos da fructificação estão ordinariamente<br />

situados na pagina inferior<br />

das folhas, ao longo das nervuras<br />

ou na sua extremidade.<br />

Os esporulos são contidos em espécies<br />

de capsulasinhas ovoides ou deprimidas,<br />

sesseis ou estipitadas, cercadas<br />

algumas vezes de um burlete em fôrma<br />

de annel elástico; outras vezes, ellas<br />

se abrem por uma fenda longitudinal,<br />

ou se despedaçando irregularmente.<br />

Estas cápsulas, grupando-se, formam<br />

montesinhos que se chamam soros, e<br />

que são cobertos ou de escamas, cuja<br />

fôrma é muito variada, ou pela mesma<br />

beira da fronde, diversamente enroscada<br />

em fôrma de escamas orbiculares,<br />

reniformes, sesseis ou estipuladas.<br />

A vença da terra. — Polypodium<br />

aureum, Willd. — Fam. idem. — Dão este<br />

nome em Alagoas e em Pernambuco a<br />

uma planta trepadeira, cujo caule é<br />

coberto de pellos densos, macios, castanhos<br />

ou louros esbranquiçados.<br />

Avenquinba. —Achrosticum calomelanus.<br />

— Fam. idem. — É peitoral esta<br />

planta.<br />

Ayapana. — Eupatorium. Ayapana.<br />

Vent. e Linn.—Fam. das Compostas.—<br />

Planta do Brasil de caule ascendente,<br />

quasi lenhosa na base, ramos roliços, folhas<br />

oppostas, quasi rentes, lanceoladas,<br />

trinerviadas e accuminadas, quasi inteiras<br />

e glabras; flores em capitulos, formando<br />

corymbos.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — A planta é<br />

amarga, aromatica e diaphoretica; é considerada<br />

na medicina popular como bom<br />

remédio contra a mordedura de cobra.<br />

Na índia, para onde foi levada, é empregada<br />

contra a cholera-morbus.<br />

Internamente, o sueco expresso recente<br />

da planta, é tomado ás colheres, como<br />

sudorifico; usa-se a infusão na dose de 8<br />

a 16 grammas para 500 grammas d'agua,<br />

No gênero Pteris, as cápsulas estão e bebe-se ás chicaras.<br />

postas debaixo da beira retorcida das Externamente a planta contuza põe-se<br />

folhas, a qual fôrma uma linha não sobre a mordedura da cobra; o sueco ex­<br />

interrompida.<br />

presso é empregado para limpar feridas<br />

Nas espécies de Adianto ellas cons­ antigas.<br />

tituem placasinhas salientes e isoladas,<br />

por causa da extremidade dobrada das Ayapana cotonosa. —Euphorbia<br />

folhas.<br />

cotinifolea, Linn. — Fam. das Euphorbia-


se AZA AZE<br />

ceas.— Subarbusto do Brasil; suas folhas Azeda. — Rumes acetoza, Linn. —<br />

são oppostas.<br />

Fatn. das Polygonaceas. — V^t& herva é<br />

cultivada nas províncias do Sul.<br />

Suas folhas são umas radicaes outras<br />

caulinares e abarcantes.<br />

Flores pequenas.<br />

As folhas comem-se.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. —É usada em<br />

cataplasmas contra os condylomas syphiliticos.<br />

O sueco é um forte veneno com que os<br />

indios do Rio Negro embebem as settas.<br />

Também serve para embriagar os<br />

peixes.<br />

Ayplm.— V. Mandioca.<br />

Ayri ou Coqueiro. — Ayri, Astro-<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — As folhas<br />

empregam-se em medicina para facilitar<br />

a acção dos medicamentos purgativos;<br />

neutralisa o effeito das substan»<br />

cias acres.<br />

caryum Ayri, Mart. e Mayer. — Fam. das CARACTERES DA FAMÍLIA. — Plantas<br />

Palmeiras. — É uma palmeira do norte herbaceas, raras vezes subfructescentes,<br />

do Brasil, cujo tronco é eriçado de de folhas alternas, invaginantes na base,<br />

muitos espinhos.<br />

ou adherentes a uma bainha membra-<br />

Dá fruetos que são bagas orbiculares nosa e estipular, enroladas pela parte<br />

carnosas, com o coco (vulgarmente cha­ inferior sobre a sua nervura mediana<br />

mado) ósseo, como o de quasi todas as quando novas.<br />

palmeiras<br />

Flores algumas vezes unisexuaes, dis­<br />

Os indígenas usam dos espinhos d'essa postas em espigas cylindricas ou em<br />

palmeira como de pregos.<br />

cachos terminaes.<br />

Cálice gamosepalo, offerecendo de qua­<br />

Aza de morcego, de tolha tro a seis segmentos, ás vezes dispostos<br />

grande.— Bossiaca unijugata. —Fam. em duas ordens e imbricados antes de<br />

das Leguminosas. — Monadelphia. Decan- sua evolução.<br />

âria, Linn. — Arbusto agreste por este Estames de quatro a nove, livres e com<br />

nome conhecido nas Alagoas.<br />

antheras abrindo-se longitudinalmente.<br />

Suas vergonteas frágeis inclinam-se Ovario livre, unilocular, offerecendo '<<br />

sobre os outros vegetaes.<br />

um só óvulo erecto.<br />

Flores em cachos, pequenas.<br />

O fructo freqüentes vezes triangular,<br />

O fructo é uma vagem de quasi 24 é secco e indehiscente, algumas vezes<br />

centímetros de comprimento, lisa, po- coberto pelo cálice que persiste.<br />

lyspermica.<br />

A semente contém, em um endosperma<br />

As sementes acham-se unidas a um farinaceo, ás vezes mui delgado, um em­<br />

corpo glanduloso.<br />

bryão deitado e outras vezes unilateral.<br />

Aza de morcego, de folha Azc«tiiiha do brejo. — Bigxonia<br />

miúda. — Fam. das Rubiaceas. — E' ácida, yeU--^B^^^&/-ulmefolia, Linn.-~<br />

um arbusto do paiz, (trepadeira ou por Fam das Stgmmaems.— Esta planta é<br />

outra cipó).<br />

da família e do mesmo gênero da Caroba<br />

O caule é quadrangular , as folhas e Carobinha de Pernambuco. e<br />

oppostas, ellipticas, luzidias, pequenas Ha ainda as espécies seguintes: Big-re<br />

coriaceas.<br />

"^toniabidentiida, Raddi. — Beg. sangüínea,<br />

As flores são reunidas em feixes es- idem.—Btg. cucullata, Willd. —Big. Mrphericos<br />

ou hemisphericos, com um pé<br />

tella,Link.—Big. undulata, Otto. — Blg.<br />

tubuloso campanulado.<br />

platanifolia.<br />

O fructo é uma baga vermelha, oval,<br />

coroada de fragmentos da flor.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS —O sueco é<br />

Sementes achatadas.<br />

acidulo refrigerante e antiscorbutico; e


AZE AZO 57<br />

empregado nos catarrhos da bexiga e nas duplo do das pétalas, rarissimas vezes<br />

dysenterias.<br />

em numero indefinido.<br />

Também a planta fresca cozida é co­ O ovario é livre, simples, de varias<br />

mestível.<br />

lojas, contendo cada uma d'ellas grande<br />

numero de óvulos.<br />

O estylete é simples, terminado em um<br />

Azeitona da terra. — Cuphea ní­<br />

estigma ordinariamente capitoso.<br />

tida.— Fam. das Lythrareas.— Esta es­<br />

O fructo é uma cápsula, coberta pelo<br />

pécie vegeta no nosso solo, d'onde é<br />

cálice, que é persistente, de uma ou va­<br />

indígena; conhecem-na em Pernambuco<br />

rias lojas, contendo sementes unidas ao<br />

e Alagoas por este nome.<br />

angulo interno.<br />

É um pequeno arbusto que cresce até<br />

Estas sementes se compõem de um em­<br />

2 metros, pouco ramoso; ramos erectos,<br />

bryão desprovido de endosperma.<br />

casca parda-escura.<br />

Folhas alternas, ovaes, um tanto alon­ Azougue dos pobres. — Panax<br />

gadas e coriaceas.<br />

quinquefolium, Linn.—Fam.das Araliaceas.<br />

Flores em espigas, quasi sem cheiro,<br />

—Esta planta é também do território do<br />

de côr de rosa viva, são como rosinhas<br />

Brasil, bem como da America do Norte.<br />

simples, com um pé tubuloso; do meio<br />

É de caule herbaceo com cinco folhas<br />

d'ellas sahem seis filetes longos.<br />

em palmas, inseridas nas pontas de pe-<br />

O fructo parece-se com uma azeitona;<br />

ciolos communs.<br />

é uma baga de 3 centímetros, oval, cuja<br />

Suas flores pequenas, em cachos um-<br />

pellicula externa é fina; liga-se a uma<br />

bellados, são de sexos diversos.<br />

massa aquosa, roixa-escura como a pel­<br />

O fructo é redondo e achatado, com dois<br />

licula, é no centro tem um caroço unido<br />

caroços dentro.<br />

a esta massa, a qual se come, posto que<br />

não seja muito saborosa.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. — As Aralia­<br />

Ha outra espécie a que chamam brava;<br />

ceas constituem um grupo pouco dis-<br />

differe apenas pela frueta que é mais<br />

tineto das Umbelliferas.<br />

oval, oblonga; e por ter coberta a sua pe­<br />

São vegetaes herbaceos, ou algumas<br />

riferia de pello curto e áspero, que ao<br />

vezes arvores elevadíssimas.<br />

menor contacto solta-se; também se<br />

As flores, igualmente pequeninas, são<br />

come.<br />

dispostas em umbrellas simplices ou em<br />

Ambas tingem os lábios de roixo; seu<br />

umbrellas paniculadas.<br />

sabor é acidulo e pouco doce.<br />

O cálice é do mesmo modo adherente e<br />

denteado.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. — Hervas ou A corolla, formada de cinco a seis pé­<br />

arbustos de folhas oppostas ou alternas, talas.<br />

de fiôres axillares ou terminaes.<br />

O ovario apresenta de duas a seis lojas<br />

Um cálice gamosepalo, tubuloso ou monospermicas, e tem outros tantos es­<br />

urceolado, denteado no ápice.<br />

tyletes, que terminam em estigmas sim­<br />

A corolla de quatro a seis pétalas, alterplices.nas com as divisões do cálice, e inseridas O fructo é ora carnoso e indehiscente,<br />

na parte superior do tubo.<br />

ora secco, e separando-se em tantas<br />

A corolla falta em alguns gêneros. cocas ou lojas monospermicas quantas<br />

Os estames são em numero igual ou lojas ha no ovario.<br />

10


SH BAB BAC<br />

Babá.— T, Coquinho.<br />

Seu caule é coberto de espinhos, e<br />

a madeira é negra.<br />

Baba de boi de Campina. — Os fruetos são bagas, de polpa doce,<br />

Acharia babata, —Fam. das Malvaceas. de muito bom sabor, e passa por<br />

— Herva agreste que vegeta pelas cam­ um dos melhores cocos ; mesmo seccos<br />

pinas, reptante, de caule fino, roixo, são mui apreciados.<br />

pelludo.<br />

Folhas alternas, obliquamente cor- Bacaba.— Oenocarpus bacaba, Mart.<br />

diformes, pubescentes, nos bordos re­ — Fam. das Palmeiras. — Esta palmeira<br />

cortadas .<br />

é do Pará, é elegante; seu tronco ele­<br />

Flores solitárias, amarellas, grandes va-se a vinte e tantos metros.<br />

como rosas simples, com o centro As folhas reunidas em um feixe<br />

purpurino escuro, e sem cheiro. terminal.<br />

O fructo é uma cápsula conica e As palmas são rectas.<br />

coberta de pellos, que se divide em Os fruetos são em cachos, de três<br />

cinco compartimentos, cada um com centímetros de grandeza, ellipticos,<br />

uma semente.<br />

roixos quando maduros, e listrados de<br />

Esta planta tem este nome em Ala­ branco.<br />

goas ; também dão-lhe em Pernambuco A massa é também roixa, e adhere<br />

o de Coraçãosinho.<br />

aos veios brancos.<br />

O caroço coberto de fibras lisas,<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — É muitís­ flexíveis, come-se, e os indígenas fazem<br />

simo mucilaginosa, e empregada nas com elle uma bebida.<br />

diarrhéas de sangue e hemorrhoidas. O fructo da Bacaba é mucilaginoso,<br />

e, quando maduro, os indios usam<br />

Baba de boi (coquinho). — Cocos d'elle como seu único alimento.<br />

gommosa, Mart. —Fam. das Palmeiras-Quando<br />

se cosinha este fructo elle<br />

— E uma palmeira baixa, do paiz. deixa um sedimento que secco ao sol<br />

Seu espique é pequeno e cheio de torna-se duríssimo.<br />

cicatrizes que indicam o ponto de­ Este sedimento serve de recurso aos<br />

serção das folhas.<br />

indios para o tempo de fome, porque<br />

O fructo—Baba de boi—ê uma baga amollecido com água, fôrma um ali­<br />

de seis centímetros, oval, com escamento nutritivo.<br />

mas na base, de côr amarella, coberta Ha duas espécies d'esta palmeira.<br />

de uma granulação preta; a polpa é<br />

amarella, mucüaginosa; tem bom sabor. Bacamarte.— É uma planta ape-<br />

A amêndoa do caroço come-se.<br />

mucilaginosa e gommosa.<br />

É ritiva, desobstruente; também<br />

ca-se externamente.<br />

appli-<br />

Babo ré. — V. Bamboré.<br />

Baeate.— V. Abacate.<br />

Baceharida ou Baccliauta —<br />

Babosa. — r. Serva babosa.<br />

Baccharís brasiliana, Linn e Spl. — Fam.<br />

das Compostas.— Falíamos de uma das<br />

Babunha ou Coqueiro Bahunn<br />

espécies do Brasil.<br />

»- — Guilielma insignü, Mart. —<br />

Planta herbacea, de caule quadrado,<br />

Fam. das Palmeiras. — É uma palmeira<br />

da Bahia.<br />

folhas ovaes, obtusas, um pouco ve-<br />

Inenosas, ásperas e sesseis.


BAC BAC 59<br />

Flores em cachos, alternas, grandes<br />

e de dois sexos.<br />

A fructinha é coroada por uma espécie<br />

de penacho simples.<br />

Baccharisgaudichaudiana.—<br />

Tem as mesmas propriedades da antecedente.<br />

O estylete é simples terminado em<br />

um ou três estigmas.<br />

O fructo é ora capsular de três ângulos<br />

membranosos, ora carnoso.<br />

Cada loja contém commumente quatro<br />

sementes.<br />

Estas têm um embryão erecto, desprovido<br />

de endosperma.<br />

Baccharis articulata. — Baccharis<br />

articulado.—Baccharis articutata.— Bacopari de Capoeira.—Fam.<br />

Fam. das Compostas.— É uma erva amar- das Guttiferas. — Arbusto romano ; vegosa,<br />

resinosa e aromatica: ella é sucgeta nas Alagoas, onde lhe dão este<br />

eedanea da Losna.<br />

nome.<br />

Folhas oppostas, oblongas.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — É empre­ Flores de côr branca.<br />

gada contra a dyspepsia, debilidade Dá um fructo á semelhança de um<br />

intestinal, ou mesmo geral, e anemia ovo de galinha; uma parte é coroada<br />

consecutiva á perda de sangue. pelos restos do antigo tegumento floral,<br />

Administra-se em pílulas com o amarello<br />

da casca de laranja.<br />

tornando-se a outra parte baça, de côr<br />

amarella barrenta.<br />

O pericarpo é áspero, grosso, coriaceo,<br />

Bacopari do Campo. — Calypso de espessura de H centímetro; dentro é<br />

campestris, St. Eil.— Gynandria. monan- branco e com duas lojas contendo uma<br />

dria, Linn. — Fam. das Eippocraticeas. porção de sementes redondas, com uma<br />

— Arbusto que vegeta nas plagas de parte convexa e outra plana, de subs­<br />

S. Paulo e Goyaz.<br />

tancia cornea semi-transparente pare­<br />

É ramoso, de casca lisa, folhas mécendo cera branca; ellas são envoltas<br />

dias e oblongas.<br />

em polpa amarella, doce e comestível,<br />

Flores em cachos.<br />

porém um pouco enjoativa.<br />

Fructo carnoso, globoso, com um caroço<br />

dentro; raramente dois ou três.<br />

Floresce em Agosto, e dá as fructas Bacopari da matta. — Fam.<br />

em Setembro e Fevereiro.<br />

idem.— Frueta agreste conhecida nas<br />

províncias de S. Paulo, Rio de Ja­<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.— Fructices neiro, Minas, Pernambuco, Pará e Ala­<br />

ou arbustos geralmente glabros e sargoas.mentosos, trazendo folhas oppostas, É proveniente de uma arvore Baco-<br />

simplices coriaceas, inteiras ou denpariseiro; tem folhas regulares, e flores<br />

teadas.<br />

brancas.<br />

Flores pequenas, axillares, fascicu- O fructo do tamanho de 3 a 12<br />

ladas, ou em fôrma de corymbos. centímetros, de fôrma oblonga arredon­<br />

O cálice é persistente, de cinco didada, côr amarella de gemma d'ovo na<br />

visões.<br />

maturidade, compõe-se de um corpo car­<br />

A corolla se compõe de cinco pétanoso no interior, esbranquiçado, com<br />

las iguaes.<br />

três caroços pretos, cobertos de uma<br />

Os estames são- em geral em numero substancia albuminosa e doce.<br />

de três, raramente de quatro ou cinco, Come-se uma e outra cousa.<br />

tendo os filetes reunidos pela base; e Tem um sueco leitoso, que queima os<br />

formando um androphoro tubuloso. lábios.<br />

O ovario é trigono de três lojas, Os de Capoeira differem pouco, so­<br />

contendo cada uma quatro óvulos inmente em ser menores, e menos abunseridos<br />

no seu angulo interno. dante de sueco leitoso.


BAM BAN 61<br />

É de um porte arbóreo, e pôde chamar-se<br />

o Gigante das Gramineas.<br />

Seu caule toma as proporções de um<br />

tronco de altura immensa, com um diâ­<br />

metro de mais de 12 centímetros, apresentando<br />

nós de distancia em distan­<br />

as de todas as Gramineas, em que confundem-se<br />

as flores com os fruetos.<br />

Na Ásia, pátria por excellencia dos<br />

Bambus, vêem-se grandes extensões de<br />

terrenos cobertos de Bambus, que com<br />

os ventos se agitam uns sobre outros<br />

cia, á maneira de taboca; é ôco ou tu -de<br />

tal maneira, e cujo estrepito é tão<br />

buloso e ramoso.<br />

forte, que muitas vezes assusta aos vian-<br />

As folhas, grandes em proporção, dantes; até asseveram pessoas de cri­<br />

são palmas.<br />

tério que já tem pegado fogo pelo des­<br />

As flores em cachos grandes, cujos envolvimento do calor, quando a fricção<br />

fruetos são carnosos segundo a orga- chega a certo gráo.<br />

nisação das Gramineas.<br />

E' d'estes caules que os chins e<br />

Dos nós que existem.no tronco d'estas outros asiáticos fabricam tantos objectos<br />

Gramineas se extrae um licor gommoso d'arte, curiosos e de valor.<br />

e doce, que se acha concretado na cavi­ Da pellicula da casca fabrica-se o<br />

dade do tubo e que é conhecido pelo papel da China.<br />

nome de Tabaxir.<br />

As folhas envolvem as caixas que nos<br />

Mas é só na Ásia aonde este licor conduz o chá da índia.<br />

é celebre por lhe attribuirem maravi­ Os gommos servem de vasos, bengalhosas<br />

propriedades.<br />

.las, conduetores, lanças, flechas, pennas<br />

Os nossos indígenas no Pará servem- de escrever e para construcção de casas<br />

se dos gommos do Bambu para guardar e moveis.<br />

líquidos, pondo-lhes uma tampa, servln- Entre os chinezes as venezianas são<br />

do-lhes de. potes para água e outros mis­ feitas de Bambus.<br />

teres.<br />

Os caçadores apoderam-se de um pe­<br />

No Rio de Janeiro as escadas de mão daço que tenha o nó no centro, de um<br />

para as armações dos templos são feitas lado introduzem a pólvora, e do outro o<br />

do Bambu porque ficam muito altas e chumbo.<br />

pesam menos do que as de outra qual­ Finalmente presta-se a ser fendida em<br />

quer madeira.<br />

tiras para fazer-se esteiras, balaios, cestos,<br />

etc, e nos navios utilisa-se para<br />

Bambu da Índia.—Bambusa arun- vergas, cabos, etc.<br />

dinacea, Rhecd. e Rump.— Fam. idem.— Com as fibras fazem-se mechas para<br />

Ha Bambus cultivados entre nós que são vellas.<br />

adquiridos da índia, sua origem, d'onde •A dureza do Bambu é tal que os indios<br />

passaram ao nosso paiz.<br />

quando querem fogo, batem dois peda­<br />

E' um arbusto de caules em touceira ços de bambus um no outro, immediata-<br />

com o porte do Taquari; mas sua fomente produz innumeras faíscas, e approlhagem<br />

não é de um verde claro como ximando-se um pedaço de papel este<br />

o d'este, sim de um verde escuro não incendeia-se immediatamente.<br />

embaciado, porém com a superfície Do nó de seu caule tira-se um assucar<br />

lisa.<br />

branco chamado tabaxir; pela fermenta­<br />

Cada planta de per si fôrma um grupo ção dá um licor conhecido por Arah.<br />

tal, que parece uma reunião de muitas<br />

plantadas no mesmo lugar.<br />

Bananeira anã.—Eexandria mo-<br />

O caule é como está descripto no uoecia, Linn. — Musa {Nana).—Fam. das<br />

Guada.<br />

Musaceas. — D'esta espécie de végetaes<br />

As folhas oblongas e lanceoladas, abra­ alguns são originários da índia, e creçam<br />

o caule.<br />

mos que outros são do Equador, e por<br />

As flores dispostas em ramos esga- conseqüência do Pará.<br />

lhados, parecem sementinhas, como são São plantas reconhecidas pelos natu-


«5 BAN BAN<br />

rali-tas como os gigantes das plantas<br />

herbaceas ; com effeito, ellas tem um<br />

lu.ltio maior ou menor, como raiz ; vê-se<br />

elevar-se d'elle um caule de dois a quatro<br />

inrtros pouco mais ou menos de altura,<br />

e ile diâmetro proporcional; seu tecido é<br />

dc fibras de malhas largas, composto de<br />

cellulas, e todo aquoso; no ápice abre-se<br />

um feixe de folhas longas, de dois<br />

metros pouco mais ou menos, ellipticas,<br />

oblongas, no centro percorridas<br />

por um corpo da natureza do caule,<br />

que a elle se prende, e que é a nervura<br />

mediana, continuação do peciolo ;<br />

o limbo da folha é membranoso; rompe-se<br />

em tiras pelos ventos, e é de um<br />

verde bonito; sua parte inferior revestida<br />

de um pó cinzento esbranquiçado.<br />

No tempo da fructificação, deita uma<br />

vergontea do centro das folhas, da qual<br />

sabe um.cacho com os rudimentos das<br />

fructinhas em grupos distinetos; na<br />

parte superior cada fruetinha tem no<br />

seu ápice uma flor, que fecundada pelas<br />

outras, vai-se desenvolvendo progressivamente;<br />

o mesmo acontece a<br />

todas as fruetas do cacho.<br />

Na parte superior do cacho prolonga-se<br />

o eixo nú, formando um aggregado<br />

de membranas carnosas, roixas,<br />

compondo um corpo conico, liso.<br />

Cada dia levanta-se um envoltório<br />

d'esses, e deixa ver um grupo de flores<br />

a que chamam favos, e que vão<br />

operando as importantes funeções da<br />

fecundação.<br />

Estas flores têm um nectario, que<br />

produz uma substancia liquida, albuminosa,<br />

doce e agradável.<br />

Acabada a serie d'essa funeção, estão<br />

os fruetos desenvolvidos com vários<br />

tamanhos, como havemos de notar.<br />

Este de que falíamos tem de comprimento<br />

24 centímetros, e é de fôrma<br />

subtriangular; apresenta um pequeno<br />

umbigo no ápice, e uma côr amarella<br />

na maturidade ; é aromatica.<br />

No centro d'essa existem três divisões<br />

distinctas, mas adherentes á mesma<br />

massa, na qual se divisa sementes miudissimas,<br />

inseridas nos ângulos dYssa<br />

cruzeta.<br />

Esta espécie de bananeira, porém, 6<br />

a de estatura mais pequena, que cresce<br />

até dois metros de alto. As folhas<br />

novas arroixadas, e as fruetas quasi<br />

vermelhas quando novas, são depois<br />

avermelhadas; o sabor não 6 dos melhores.<br />

As bananeiras são espécies ou exemplos<br />

gigantes das plantas herbaceas,<br />

de um porte elegante, inteiramente<br />

particular, que lhes dão as largas folhas<br />

de um bello verde-claro.<br />

Todas as bananeiras habitam os paizes<br />

tropicaes dos dois mundos, ellas<br />

gostam dos lugares baixos e humidos<br />

e das margens dos regatos; também<br />

é ordinariamente em semelhantes localidades<br />

que se plantam bananeiras.<br />

A importância das bananeiras as tem<br />

feito notar em todas as idades, e ellas<br />

p"arecem ter sido cultivadas desde a<br />

origem das sociedades.<br />

Assim nós as vemos dar lugar a<br />

uma serie de fábulas e de conjecturas.<br />

Certos escriptores professaram que era<br />

a bananeira um d'esses vegetaes que formava<br />

a arvore com a qual o primeiro<br />

homem se cobrio de sua nudez, e que<br />

A casca um<br />

esse enorme cacho (de uvas) trazido a<br />

Moysés, da terra promettida, não era<br />

outra cousa mais que o cacho de uma<br />

bananeira.<br />

O Olaus e Celsius designam os fruetos<br />

d'este vegetal como sendo a famosa Doudaim<br />

da Escriptura Santa.<br />

Theophrasto e Plinio faliam das bananeiras.<br />

Avicense, Seripião e Phages fazem d'ella<br />

um grande elogio; singulares superstições<br />

reinaram e existem ainda a respeito<br />

do seu fructo.<br />

tanto grossa, flexível, Bernardin de St. Pièrre diz: que os<br />

internamente cheia de fibras longitu- portuguezes que chegaram primeiro ás<br />

dinaes, que desprendem-se; une-se a índias Orientaes, não a cortavam jamais<br />

uma massa compacta, tenra, doce e pelo meio, porque julgavam vêr no in­<br />

agradável.<br />

terior uma espécie de cruz, no lugar que


BAN BAN 63<br />

occupam os restos das cavidades ovaricas.<br />

Refere-se que na Grécia o povo supersticioso<br />

está persuadido de que a bana­<br />

Este ultimo calculou que um terreno<br />

de 100 metros quadrados pôde fornecer<br />

mais de 4,000 bananeiras, e que<br />

a producção da bananeira está para a<br />

neira sè abate sobre aquelle que lhe ar­ 'do trigo' como 133 está para 1, e para<br />

rebatar o fructo antes da maturidade. a da batata como 44 está para 1.<br />

As bananeiras são cultivadas em abun­ Na Europa um meio hectare de terdância<br />

nas três partes do globo, por onde reno não basta para alimentação de<br />

passam as linhas tropicaes; e no Brasil dois indivíduos, ao passo que esse<br />

póde-se dizer que não ha lugar nenhum mesmo terreno sustenta cincoenta, sendo<br />

que não as produza, e com muita abundância,<br />

as differentes qualidades.<br />

plantado de bananeiras.<br />

Os seus caules encerram mucilagem PROPRIEDADES MÉDICAS.— A seiva das<br />

e amido.<br />

baneiras é empregada como adstrin-*<br />

Os egypcios dão-nas aos elephantes gente.<br />

nas índias, assim como aos carneiros e O seu. fructo, quando maduro, é pei­<br />

ás vaccas.<br />

toral, emolliente e nutritivo.<br />

As fibras que ellas contém servem Misturado com azeite de dendê é<br />

para fazer tecidos ou cordagem.<br />

Os naturaes de certas ilhas, princi­<br />

supurativo para os tumores.<br />

palmente das Philippinas, e os habi­ CARACTERES DA FAMÍLIA. — Plantas<br />

tantes das índias Orientaes, d'ella fazem herbaceas ou vivaces, desprovidas de<br />

diversos estojos que elles tem debaixo caules, ou algumas vezes munidas de<br />

d'agua.<br />

um bulbo em fôrma de caule.<br />

As folhas das bananeiras são empre­ Folhas longamente pecioladas, abargadas<br />

para cobrir as cabanas ; alguns cantes pela base, muito inteiras.<br />

selvagens se vestem d'ellas, outros se Flores grandíssimas, muitas vezes<br />

servem d'ellas como espécie de esteiras matizadas das cores mais vivas , reu­<br />

para descançarem.<br />

nidas em grande numero, e encerradas<br />

Suas nervuras fornecem também fios em espathas.<br />

de que se fazem tecidos, assim como O cálice é irregular, colorido, peta-<br />

cordagem e redes.<br />

loide, adherente pela base com o ovario.<br />

Os fruetos da bananeira come-se de O limbo é de seis divisões, três das<br />

mil maneiras ; na America, na África quaes exteriores e três interiores. (No<br />

e nas índias elles alimentam certas gênero Musa, cinco das divisões são<br />

classes da população.<br />

externas e formam de alguma sorte um<br />

Em algumas Antílhas os habitantes lábio superior; uma só é interna e<br />

nutrem-se com elles, e realmente por constitue o lábio inferior).<br />

todo o Brasil é a frueta da sobremesa'. Os estames, em numero de seis, são<br />

Pisando-as obtem-se uma espécie de inseridos na parte interna das divisões<br />

pão muito nutritivo, e que se conserva calicinaes.<br />

por muito tempo.<br />

As antheras são lineares, introrsas,<br />

Na Granada reduz-se esses fruetas a de duas lojas, e sobrepostas em geral<br />

farinha, que se embarca como provisão á um appendice membranoso, colorido,<br />

nos navios; póde-se obter d'ellas uma petaloide, que é a terminação do filete.<br />

bebida agradável.<br />

O ovario infero é de três lojas, con­<br />

Em summa, as bananeiras prestam tendo cada uma d'ellas um grande nu­<br />

immensos serviços ao homem. mero de óvulos - inseridos no angulo<br />

Eumberio, sábio agricultor de Mas- interno.<br />

careigne, e Eumboldt apreciaram as No gênero Eeliconia, não ha mais<br />

vantagens que pode offerecer a cultura que um só óvulo em cada loja.<br />

d'estas plantas.<br />

O estylete simples se termina em um


64 BAN BAN<br />

estigma algumas vezes concavo , mas<br />

rarissimas vezes de três lobos.<br />

O fructo é uma cápsula de três lojas<br />

polyspermicas, de três valvas, trazendo<br />

cada uma um septo no meio da sua<br />

face interna; ou um fructo carnoso e indehiscente.<br />

As sementes, algumas vezes collocadas<br />

em um podosperma, e cercadas d e<br />

pellos dispostos circularmente, se compõem<br />

de um tegumento ás vezes crustá­<br />

ceo, e de um endosperma farinaceo, contendo<br />

um embryão axillo, allongado e<br />

direito.<br />

fastidiosa, de côr amarella alaranjado<br />

forte.<br />

Cumpre dizer que no caule das bananeiras,<br />

os tegumentos mais exteriores<br />

seccam e rompem-se longitudinalmente,<br />

e servem de corda; bem como<br />

as folhas seccas servem de enchimento<br />

de cochins, almofadas, etc, e para<br />

calçar vidros e impedir de se quebrarem<br />

no transporte, etc.<br />

Bananeira comprida.— V. Bananeira<br />

da terra.<br />

Bananeira curta.— V. Bananeira,<br />

Bananeira de bico verde.— de S. Thomé.<br />

Musa bicolor. —Fam. idem. — Esta qualidade<br />

de bananeira só differe da prece­ Bananeira maçã.—Musa.—Fam.<br />

dente no cacho ser menor, e os fruetos Idem.— É esta bananeira semelhantis­<br />

também menores: mas o arbusto é como sima a de S. Thomé, mas o fructo é<br />

o ordinário d'ellas; é semelhantissima a mais roliço, de 24 centímetros de com­<br />

de S. Thomé, com a differenca de ser primento; não mostra quasi as ares­<br />

menor 8 centímetros, e ter o umbigo tas dos três ângulos.<br />

verde, e o corpo do fructo amarello; A casca mais fina e lisa, e a massa<br />

o que lhe dá um realce encantador. mais macia e de bello paladar; é mesmo<br />

O gosto é como o da de S. Thomé. mais saudável e agradável que as do-<br />

A estruetura e descripção botânica das mais.<br />

differentes espécies de bananeiras são<br />

como as já feitas da bananeira anãa, Bananeira de Madagascar —<br />

com as differenças que as narrações Urania Ravenalia. Madagascarienses. —<br />

vulgares exprimem.<br />

Poir. — Musacea U. Urania. — A copiosa<br />

seiva que escorre, quando se corta as<br />

nervuras das folhas d'esta bella bana­<br />

Bananeira brava. — Eeliconia<br />

neira, fornece aos viajantes uma ex-<br />

br avia.— Fam. Idem.— É uma bananeicellente<br />

bebida; por isso tem-se-lhe<br />

rinha indígena, chamada assim nas<br />

Alagoas e Pernambuco.<br />

dado o nome — ARVORE DOS VIAJANTES.<br />

Esta espécie, semelhante á bananeira<br />

As sementes são nutritivas c farinaceas.<br />

do matto, differe em suas folhas serem<br />

mais agglomeradas nas divisões, no<br />

O invólucro (massa) da semente dá<br />

fructo ser em fôrma de pera ou oval, um excellente sebo vegetal.<br />

e ter mais sementes.<br />

A planta cresce muito bem no<br />

Brasil, e merece ser cultivada em<br />

grande escala, por causa de sua utili­<br />

Bananeira de Cayenna.— Musa<br />

dade. Chamamos para isso a attenção<br />

— Fam. Idem.—Nas mesmas condições<br />

dos nossos agricultores.<br />

das outras plantas acha-se esta; o "vegetal<br />

é mui semelhante ao da bana­<br />

Bananeira do Maranhão. -<br />

neira comprida, em virtude dos pecio-<br />

Musa. — Fam. Idem. — O fructo d'esta<br />

los e folhas serem mais luzidas, o ca­<br />

bananeira é de casca roxa, e grande.<br />

cho grande, os fruetos do tamanho de<br />

24 centímetros, ora mais ora menos.<br />

Bananeira do mato.— Eelicmia<br />

A polpa da frueta mais dura e mais<br />

sylveslris. —Fam. Idem.—Esta bananeira


BAN BAN 65<br />

brava é indígena, conhecida em Alagoas l Os morcegos gostão muito d'essa fruta<br />

e Pernambuco por este nome.<br />

é d'onde lhe vem o nome.<br />

Tem um caule quasi rente, com<br />

folhas semelhantes á das espécies acima Bananeira de oiro.—Musa.—<br />

mencionadas, porém menores que todo Fam. Idem. — Cls. Idem. — E' uma ba­<br />

o vegetal.<br />

naneira que cresce muito como a bana­<br />

Terá de um a dois metros de alto; do neira prata; o fructo é liso e cheio, de<br />

centro das folhas sahe uma haste ou pe- 21 centímetros de comprimento.<br />

dunculo,composto de escamas vermelhas, A casca por fora é roixa com man­<br />

chatas, de figura elliptica, abrindo nas chas rosadas.<br />

bordas, successivamente, flores quasi da A massa ou polpa por dentro é de<br />

mesma estructura.<br />

um amarello côr de gemma d'ôvo ; solta<br />

O fructo é uma bagasinha earnosa, os filamentos no descascar.<br />

oval, trigona com três grãos dentro. Não O sabor assemelha-se ao da banana<br />

se come.<br />

da terra ou comprida.<br />

Bananeira do mato. — Canna Bananeira de papagaio. — Ca-<br />

brasiliensis, Linn. — Fam. das Amomameraria Jasminiflora. — Fam. das Apocyceas.—<br />

Planta que é indigena, com bulbo neas.—Arvore agreste, natural do paiz,<br />

na raiz, folhas grandes, flores em ca­ chamada assim em Alagoas.<br />

chos amarellos e vermelhos; parece uma E' de bello porte ; tronco esbranquiça-<br />

bananeirinha.<br />

do, leitoso e de grandes dimensões.<br />

Esta planta dá tinta vermelha; das Suas folhas obovaes, oblongas, gros­<br />

sementes fazem-se contas para rosários. sas, grandes e lustrosas.<br />

Suas flores são brancas, em cachos nas<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — A raiz é diu- pontas dos ramos, tendo cheiro activo,<br />

retica e antiblennorhagica.<br />

e suave ; seus frutos, de 1 a 2 deci­<br />

Das folhas pisadas e cozinhadas faz-se metros, são em forma de fuso capsular,<br />

uma cataplasma emolliente.<br />

cheios de sementes dentro, envoltas em<br />

uma camada de fios sedosos, brilhantes;<br />

Bananeira meia pataca. — tudo isto lhe dá realce.<br />

Musa. — Fam. idem. — E' uma bana­ É leitosa em todas as suas partes.<br />

neira rara hoje em Pernambuco, onde Do peciolo da folha exsuda um leite<br />

lhe'dão este nome.<br />

copioso.<br />

E' alta, e seu cacho tem 1 metro e 12<br />

centímetros de comprido; é preciso o Bananeira prata. — Musa ar~<br />

esforço de dois homens para o carre­ gentea.—Fam. Idem.—Esta bananeira<br />

gar.<br />

tem o porte da bananeira da terra, ou<br />

O fructo é grande.<br />

comprida, mas o fructo é muito mais pequeno<br />

que a da terra; regula com a de<br />

Bananeira de morcego.—In­ S. Thomé.<br />

digena e silvestre; conhecida no Rio de A sua polpa è alva, d'onde parece vir-<br />

Janeiro e S. Paulo por este nome. lhe o nome que recebeu; o seu formato<br />

E' produeto de um arbusto, que dá é triangular e bem distineto.<br />

uma espiga estreita, mas de 18 centí­ O seu sabor é agradável; tem a casca<br />

metros de comprimento; é amarellada, grossa.<br />

com "um eixo no centro, e tem periferia É mui susceptível de degenerar,<br />

cheia de fruetinhas â semelhança de junto eom outras espécies de seu gê­<br />

grãosinhos, que estando maduros, innero.cham. Produz um* espécie de gelatina, que Bananeira samburá. — Musa<br />

é boa de chupar-se.<br />

Angulosa, — Fam. Idem. — Esta espe-<br />

11


66 BAN BAR<br />

ei. de, bananeira é semelhante a Anã,<br />

• . h Io mais elevada.<br />

Seus frutos são de 24 centímetros o<br />

O cacho é grande, o fructo cresce até<br />

36 centímetros, tem os ângulos salientes;<br />

curva-se mais o mancha-se muito<br />

mais; é a mais grossa das de seu gênero, de preto, na maturidade.<br />

"tendo os ângulos mui salientas.<br />

A casca é a mais grossa; a massa »í<br />

A còr da polpa é de um amarello es­ mais compacta que na de S. Thomé, mais<br />

curo ; não é muito saborosa.<br />

resistente ao tacto, e a que melhor se<br />

torna quando assada ou cozida : tem<br />

Bananeira de S. Thomé ou todos os mais usos das outras.<br />

curta.—Musa paradisíaca, Linn.—Fam. Esta é a espécie que os povos antigos<br />

idem. — Esta banana ha tempos passa­ julgavam ser o pomo do Paraizo, que<br />

dos, assim como a comprida ou da terra Adão comeu.<br />

era uma das mais communs, ou para<br />

melhor dizer, a mais conhecida e vulgar Barabú. — Arvore do Brasil, cuja<br />

em Pernambuco, porque a de Cayenna madeira é cstimavcl, para construcção e<br />

pouco apparecia no mercado; entretanto vários prestimos.<br />

hoje está um pouco escassa, tomando o<br />

seu antigo lugar a banana prata. Ella é Barahuna ou Guarauna — Me-<br />

quasi lisa, um pouco grossa, cheirosa e lanoxilon Brauna.—Fam. das Legumino­<br />

saborosa; tem as folhas mais agudas, e sas.—-É uma das arvores que ennobrecem<br />

o fructo mais macio que a da terra ou a vegetação do Brasil; a Barahuna é co-<br />

comprida.<br />

nhesidanas diversas províncias do Im­<br />

Esta banana, como todas, nem só se pério como tal ou Guarauna.<br />

come crua, como cozida, verde ou de vez, Nas Alagoas é mais conhecida por<br />

isto é, quasi madura, com peixe salgado, Maria Preta da Malta.<br />

com mel, em doce secco, ou de calda, ou E' arvore colossal, muito copada, sua<br />

mesmo secca ao sol.<br />

folhagem é miúda e lusida, destribui-<br />

Ella contribue muito como alimento da por palmas.<br />

nas fabricas ou engenhos de assucar e Suas flores, em cachos, são amarel­<br />

outras fazendas ruraes.<br />

las, e dá uma vagem comprida como a<br />

O cacho d'esta bananeira só dá três de feijão.<br />

pencas de bananas.<br />

Esta arvore tem,o interior (cerne) roxo<br />

escuro, e duríssimo, e tanto serve para<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS . — As folhas utensílios de marceneria , como para<br />

são empregadas em banhos na urticaria, quaesquer outras obras de machinas de<br />

nos engorgitamentos dos testículos e in- engenho, vehiculos e construcção urchaeões<br />

chronicas das pernas.<br />

bana.<br />

A seiva misturada com água é útil nas A importância da Barahuna é notável<br />

aphtas das crianças.<br />

pela duração secular que tem, mesmo<br />

embebida na humidade da terra.<br />

Bananeira do Taiti.— Fam. das Fornece uma tinta rubra-fusca.<br />

Musaceas, Linn.— Esta bananeira tem o<br />

dorso das folhas côr de violeta, e a casca Barba de botle. — Cactaria pallens.<br />

da frueta quasi preta.<br />

—Fam. das Gramineas. —E' uma espécie<br />

de capim cujas hastes são sulcadas<br />

Bananeira da terra ou com­ longitudinalmente , as folhas mui esprida.—<br />

Musa sapientium, Linn.—Fam. treitas em feixes, e as flores em grupos.<br />

idem.— Esta é a que se chama na Bahia<br />

— bananeira da terra—impropriamente. PROPRIEDADES MÉDICAS.—E' aperiente<br />

Tem os caracteres da precedente, ele­ e diluente; usa-se tanto interna como<br />

vando porém o seu porte a maior altura. externamente, e neste caso applica-se<br />

Rompem-se muito as suas folhas. em cataplasmas sobre a região do fígado.


BAR BAR 67<br />

Barba de bode de Pernam­ contra as anginas tonsillares, e dores<br />

buco. —Fam. das Cyperaceas. —E' uma de dentes.<br />

espécie de capim indígena, cuja vergon- A infusão das flores é purgativa.<br />

tea recta, sem nós e sem folhas, é cheia A raiz é anti-febril, própria para<br />

de uma matéria esponjosa.<br />

combater as febres terças.<br />

E' muito elástica; tem no ápice do<br />

caule um feixe de folhas, onde ha um Barbasco. — Buddleja brasiliensis,<br />

aggregado de palhetinhas que envolvem Swart.— Buddleia australis, Vell.— Fam.<br />

as flores.<br />

das Escrophulareas.— É um arbusto da<br />

E' mui procurada para gaiolas de America Meridional ou somente do<br />

pássaros.<br />

Brasil; de caules erectos, folhas peque­<br />

Nas Alagoas a Barba de Bode é outra nas, ovaes, .oppostas, flores em cachos,<br />

espécie; não cresce tanto e serve de amarellas, em fôrma de angelicasinhas,<br />

pasto.<br />

Barba de Boi. — Remirea maríti­<br />

tendo por fructo uma cápsula, com varias<br />

sementes dentro.<br />

ma, Aubl. — Fam. das Cyperaceas. — PROPRIEDADES E'<br />

MÉDICAS — Mucilagi­<br />

uma espécie de capim de caule rasnosateiro, nodoso, com ramos que elevamse,<br />

nos quaes tem feixes de folhas mui<br />

estreitinhas e duras.<br />

As flores tem a estructura da dos<br />

capins; vegeta nas praias.<br />

Ella foi achada pela primeira vez na<br />

Guyenna por Aublet.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. • E' sudorifica<br />

e diuretica.<br />

Barba de "Velho.— Tillandsia usneoides,<br />

Linn. — Fam. das Bromeliaceas.—<br />

E' uma planta do paiz, parasita.<br />

Cresce sobre troncos, e dá,filamentos.<br />

E' mui aproveitada para ninhos de<br />

aves, e pôde servir para confecção de<br />

cordas.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. —Esta planta<br />

i. pisada e misturada com um pouco de<br />

banha fresca, constitue um bom unguento<br />

anti-hemorrhoidal, topicamente<br />

applicado.<br />

Como adstringente o povo emprega a<br />

planta em saquinhos nas hérnias, collocando-os<br />

e mantendo-os sobre o annel<br />

inguinal.<br />

1 e levemente amarga, esta planta<br />

é empregada nas affecções peitoraes.<br />

Os clysteres de Barbasco ou os banhos<br />

feitos de seu cosimento são anti-hemorrhoidaes.<br />

Raiz ou folhas, 4 grammas para 500<br />

grammas, de infusão.<br />

Barbatimão. — Mimosa virginalis,<br />

Arr. Cam. — Stryphnodendron. Barbatimão,<br />

Mart'.—Acácia virginalis, Phol.—<br />

Fam. das Leguminosas. — É uma das<br />

mais bellas arvores indígenas.<br />

É elevada, de casca áspera, folhagem<br />

em palminhas miúdas ; as flores dispersas<br />

pelos ramos, nas axillas e pontos<br />

terminaes, são reuniões de florinhas<br />

delicadas, formando frocos que parecem<br />

bolotas; o fructo é uma vagem<br />

deprimida; sementes á semelhança de<br />

grãos de feijão. (Fig. 9.)<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— Esta planta<br />

gosa de uma grande reputação.<br />

É freqüentemente usada nos casos<br />

que exigem os tônicos ou adstringentes;<br />

taes como gonorrhéas, hemoptisis, atonia,<br />

ophtalmias chronicas, e affecções<br />

scorbuticas.<br />

Barbas de barata.— (No Rio de Barriguda . — Bombax ventricosa,<br />

Janeiro CHAGAS.) I Arr. Cam. — Fam. das Bombaceas. —<br />

Arvore agreste do paiz, vegeta no cen­<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— No Norte se tro, raramente no littoral; hoje porem<br />

faz uso d'esta planta em cosimento é raro encontrar-se em qualquer matta.


6H BAT<br />

B\T<br />

A arvore é grande ; seu tronco tem Batata. —Convolru/us Batata, Linn.<br />

no meio um bojo similhante ao da — Fam. das Convolvulaceas.— Y.^w serve<br />

Maraibeira.<br />

como tvpo das batatas.<br />

Suti- folhas cm forma de palmas, são Planta indígena da America Meridio­<br />

cinco a sete folhetas dispo 4as no ápice nal, e da índia, vivaz ; isto é,


BAT BAT 6»<br />

ou abre-se em duas valvas sobre­ PROPRIEDADES MÉDICAS.— As folhas»<br />

postas.<br />

as flores, e as bagas são sedativas,<br />

O embryão, cujos cotyledones ou lo­ narcóticas, úteis nas nevralgias e rheubulos<br />

são machucados, é enrolado sobre matismos.<br />

si mesmo, e -eollocado no centro de Emprega-se também nos catarrhos<br />

um endosperma molle e como que chronicos.<br />

mucilaginoso.<br />

O tuberculo é emolliente e analeptico;<br />

raspado ou triturado serve para<br />

Batata amarella ou Gerimú. cataplasma, que se applica sobre as<br />

— Convolvulus. — Fam. das Convolvula­ queimaduras.<br />

ceas. — Espécie semelhante á preceden­ O pó bem secco applica-se sobre as<br />

te; porém seu tecido ou substancia é ligeiras escoriações, e no intertrigo das<br />

amarello, com as mesmas propriedades. crianças.<br />

Também a chamam Batata Gerimum. A batata é um poderoso antiscorbutico,<br />

quer crua quer cosinhada; sendo<br />

Batata coração magoado. — crua, melhor.<br />

Convolvulus.— Fam. Idem.— É semelhante<br />

á outra, mas a pellicula exte­ Batata de purga. — Convolvulus<br />

rior é roixa, a massa é branca, e no operculatus, Gom. — Piptostegia Gomesii<br />

centro fôrma uma substancia roixa. Mart.—Fam. das Convolvulaceas.—Planta<br />

Por este nome é conhecida nas Ala­ herbacea do Brasil, caule trepador sem<br />

goas.<br />

gavinhas, quadrangular, de ângulos<br />

membranosos.<br />

Batata ingleza.— Solanum tubero- Folhas ovaes, um pouco angulosas,<br />

sum, Linn.— Fam. das Solanaceas.— Esta inteiras, um pouco acuminadas, obtu­<br />

planta, originaria da America Septensas, mucronadas, molles, quintipennitrional,<br />

é o vegetal mais precioso que nerveas, na base formando um angulo re-<br />

a Europa tem tirado do novo mundo; intrante, verde escuras na face superior,<br />

e é lá muito cultivado.<br />

e esbranquiçadas na inferior.<br />

É o produeto de uma erva, de porte Flores solitárias, pedunculadas, de<br />

pequeno, esgalhada, ramos erectos, fo­ pedunculos axillares.<br />

lhas lobadas, e flores esbranquiçadas. Corolla infundibuliforme e amarel­<br />

Na raiz formam-se fibras, que se torla.nam em tuberas redondas, de côr aloi- Fructo capsular, raiz tuberosa fusirada,<br />

pellicula fina e superfície lisa, forme, de 36 centímetros mais ou me­<br />

contendo algumas depressões redondas ; nos de comprimento, lactescente, con­<br />

a massa é loira e de bom sabor. tendo na raiz uma resina que é bastante<br />

Os pontos deprimidos ou cicatrizes purgativa, conhecida<br />

da superfície, são os pontos por onde Resina de Batata.<br />

pelo nome de<br />

rebentam os grelos.<br />

A fecula, que contém a raiz conhe­<br />

Suas tuberas, extremamente ricas de cida pelo nome de Gomma de Batata,<br />

amido, são o alimento do rico e do tem a côr branca acinzentada.<br />

pobre; ella é também cultivada em É ordinariamente um medicamento<br />

todo o Brasil.<br />

incerto, pelo que sempre convém usar-se<br />

O amido extrahido das batatas, a da resina purificada.<br />

que dão o nome de fecula, é misturado<br />

em grande escala com a farinha PROPRIEDADES MEDICAR. — Essa batata<br />

de trigo.<br />

conhecida no Rio de Janeiro pelo nome<br />

de Raiz de Jeticucú, é usada como<br />

Batata do mar.— lpomoza marí­ purgativa.<br />

tima.— Fam. das Convolvulaceas.— É o Internamente a gomma, de2decigram-<br />

mesmo que a Salsa da praia. mas a 1 grammae7 decigrammas,e a re-


HO BAT BAT<br />

sina de 1 gramma a 2 grammas e 2 deci- lente para doce, mas muito rara, e diz-se<br />

grammas.<br />

que é a que mais flatulencia produz.<br />

Batatinha.— V. Contra-herva.<br />

Batata bainha.— Convolvulus edulis,<br />

Linn e Tumb. — Fam. das Convol­ Bate-testa.— V Camapú.<br />

vulaceas. — Esta planta, introduzida ha<br />

poucos annos no Brasil, é natural do Batinga. — Eugenia duríssima. —<br />

Japão.<br />

Fam. das Myrtaceas.— Arbusto de me­<br />

É uma herva de K metro de altura, diana proporção; tronco liso e madeira<br />

estendendo o seu caule com folhas mui dura; é do paiz, conhecido em<br />

divididas em três lobos ou lacinias, Pernambuco e Alagoas por este nome.<br />

e peciolos compridos.<br />

As folhas são miúdas, oppostas.<br />

As flores são roixas, como as das As flores de côr branca e com cheiro.<br />

outras batatas.<br />

O fructo pequeno, ovoide de côr<br />

O fructo é uma pequena cápsula, a roixa na maturidade, coroado por qua­<br />

tubera tem semelhança com a da batro palhetinhas foliaceas no ápice.<br />

tata propriamente dita ; a casca porém Depois da pellicula externa tem uma<br />

é mais amarellada, e a massa mais en­ polpa aquosa, acredoce, agradável, da<br />

xuta e saborosa. É alimentícia. mesma côr do fructo; e um caroço, no<br />

centro, esbranquiçado.<br />

Batata de rama ou Inhame A madeira d'este arbusto é presti-<br />

farinha. — Fam. Dioscoraceas. — mosa, Nas muito dura e avermelhada, muito<br />

Alagoas é conhecida esta batata por apropriada para esteios e outras obras<br />

este nome.<br />

d'esta natureza.<br />

É uma planta trepadeira de folhas Os fruetos são temperantes, segundo<br />

ovaes, coriaceas, de três lobos. affirmam.<br />

As flores não observadas; offerece<br />

Batiputá bravo.— Gomphia ca­<br />

pelos ramos uns tuberculos escuros, de<br />

duca.— Fam. das Ochnaceas.— Arbusto<br />

12 centímetros de comprimento, de<br />

médio, de porte bonito, mormente na<br />

fôrma angulosa, com a superfície um<br />

epocha da floração; vegeta no littoral.<br />

pouco cheia de protuberancias.<br />

E ramoso, de folhas meio compri­<br />

Se bem que a casca seja lisa, offedas,<br />

luzentes.<br />

rece também na raiz umas tuberas de<br />

As flores são, em cachos grandíls,<br />

casca grossa, cheia de radiculas ca-<br />

amarellas e fragrantes.<br />

pillares, que tem chegado a 4 % kilo-<br />

Os fruetos são uma espécie de tugrammos<br />

de peso ; acha-se uma massa<br />

berculos vermelhos, reunidos por gru­<br />

branca, e farinacea; depois de cosipos,<br />

de cinco óvulos, erectos, como<br />

da , é enxuta, doce e muito boa para<br />

encravados em um disco, cujo corpo é<br />

comer-se.<br />

também vermelho e suculento.<br />

Dá esses tuberculos acima referidos,<br />

Dentro de cada coca d'estas ha uma<br />

que representam bolbos reniformes,<br />

semente que é muito oleosa.<br />

de côr parda-acinzentada, verrugosos, e<br />

Este óleo tem usos medicinaes, assim<br />

que reproduzem a espécie.<br />

como tem o Batiputá manso.<br />

Batata roixa. — Convolvulus. —<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. — Vegetaes<br />

Fam. das Convolvulaceas. —Esta espécie<br />

ligneos, mui glabros em todas as suas<br />

« como a primeira batata, a branca.<br />

partes, tendo folhas alternas, munidas<br />

A differença consiste em não crescer<br />

de duas estipulas na base; flores pe-<br />

muito ou tanto, e em que a casca e a<br />

dunculadas, rarissimas vezes solitá­<br />

massa são roixas.<br />

rias, as mais das vezes dispostas em<br />

É das melhores ao paladar, e excel.<br />

| cachos ramosos.


BAU BAU ?1<br />

Os pedunculos são articulados no<br />

meio de sua extensão.<br />

Ellas tem um cálice de cinco divisões<br />

profundas, imbricadas lateralmente<br />

antes de seu desenvolvimento.<br />

Uma corolla de cinco a dez pétalas<br />

patentes, e imbricadas na epocha da<br />

prefloração.<br />

Os estames variam de cinco a dez e<br />

mesjno mais, tendo os filetes livres,<br />

Ella é sarmentosa e trepadeira, tem os<br />

caules verdes, cylindrícos, nodosos, da<br />

grossura de um dedo, munidos de gavinhas<br />

ou antes raizes adventiçias, que<br />

se implantam na casca das arvores visinhas,<br />

e servem tanto para alimental-a<br />

como para sustental-a, visto que a planta<br />

continua a vegetar depois de separada<br />

da terra.<br />

Folhas rentes , alternas , distantes ,<br />

inseridos, assim como as pétalas, abaixo ovaes-oblongas, agudas, lisas, um pouco<br />

de um disco hypogynico salientissimo, espessas, com nervuras longitudinaes.<br />

onde está implantado o ovario.<br />

Flores dispostas, no ápice dos ramos,<br />

Este é deprimido no centro, e pa­ em cachos axillares pedunculados; o perece<br />

formado de vários pistillos disriantho ou envoltório dos órgãos sexuaes,<br />

tihctojs, collocados em redor de um é de um verde amarellado por fora, bran­<br />

estylete central, que parece nascer imco interiormente, formado de seis semediatamente<br />

do disco. O estylete é palas.<br />

simples, e sustenta no ápice um nu­ O fructo é uma cápsula earnosa, verde%<br />

mero variável de lobos stigmatiferos. a principio e depois de côr roixa escura,<br />

O fructo se compõe das lojas do ovario, comprida e siliquosa.<br />

que se separam umas das outras e que Sementes numerosas, pretas, globu-1<br />

formam outras tantas carpellas dru- losas, repletas de um sueco roixó, espespaceas,<br />

sustentadas pelo disco ou gyso e balsamico.<br />

nobasio, que cresceu.<br />

Colhe-se o fructo antes de estar ma­<br />

Estas carpellas, algumas das quaes duro, para evitar que se rache, e deixe<br />

abortam ás vezes, são unilocullares, mo­ escorrer o sueco que contém; faz-se secnospermicas<br />

e indehiscentes; ellas parecar á sombra, cobre-se com uma camada .<br />

cem, de algum modo, articuladas sobre de azeite; emflm fazem-se molhos cóm<br />

. o gynobasio do qual se separam facil­ 50 ou 100 cápsulas, e mettem-se em caimente.xinhas<br />

de folhas.<br />

A semente encerra um grosso embryão No commercio ha três espécies:<br />

erecto desprovido de endosperma. l.<br />

Batiputá manso. —Gomphia jdbotapitá,<br />

Linn. e Will. — Fam. idem. — É<br />

um arbusto semelhante ao precedente, e<br />

com o qual quasi se confunde.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— O seu óleo<br />

é applicado nas dores rheumaticas, erysipelas,<br />

feridas do utero e outras ulceras.<br />

É usado também na arte-culinária.<br />

Baunilha — Vanilla aromatica,<br />

Svoart.— Fam. das Orchidaceas. — Epidendron<br />

vanilla, Linn.— Planta herbacea<br />

das índias Orientaes.<br />

Cresce também no México, no Peru, na<br />

Colômbia, na Guyenna e nas províncias<br />

do Norte do Brasil; mas no Pará é onde<br />

mais abunda.<br />

a Baunilha legitima, é do comprimento<br />

de 16 a 20 centímetros, da grossura<br />

de 7 a 9 milimetros, enrugada e<br />

sulcada no sentido do seu comprimento,<br />

mais estreita nas extremidades, e curvada<br />

na base; um pouco molle e viscosa,<br />

de côr roixa escura; cheiro forte, agradável.<br />

Conservada n'um lugar secco, e n'um<br />

vaso que não seja hermeticamente fechada,<br />

esta baunilha se cobre de cristaes<br />

de ácido benzoico; é a mais estimada.<br />

2. a Baunilha bastarda, é mais curta,<br />

mais delgada, mais secca, de côr menos<br />

carregada ; é menos aromatica e<br />

não efnorece.<br />

A 3. a espécie, chamada Baunilhão, tem<br />

vagens de 14 a 19 centímetros de comprimento,<br />

ede 14 a21 millimetros de lar-


?t BAC BAX<br />

gura ; é mui escura, quasi preta, molle, rior uma depressão glandulosa que é o<br />

viseosa, de cheiro forte e menos agra­ estigma, e no ápice uma anthera de duas<br />

dável que a das duas primeiras espé­ lojas, abrindo-se quer por uma sutura<br />

cies, o parece ter ultrapassado o seu longitudinal, quer por um operculo que<br />

ponto de maduresa; julgam alguns que fôrma toda a parte superior dYlla.<br />

não «• fornecida pelo mesmo vegetal. O pollen contido em cada loja está<br />

reunido em uma ou varias massas, tendo<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— É um dos<br />

a mesma fôrma que a cavidade que as en­<br />

excitantes mais agradáveis da matéria cerra.<br />

medica.<br />

No ápice do gymnostemio sobre as<br />

É aphrodisiaca, emmenagoga, e diu- partes lateraes da anthera, acham-se dois<br />

retica.<br />

tuberculosinhos, que são dois estames<br />

É muito usada, sobre tudo pelo seu abortados, e que se chamam estami-<br />

aroma na composição do chocolate. nodios. /<br />

Internamente dá-se o pó na dose de Estes dois estames são pelo contrario^<br />

1ÍS grãos até 1 oitava.<br />

desenvolvidos no gênero Cypripedium;<br />

Tintura de 1 a 8 grammas, em uma ao passo que o do meio aborta.<br />

poção.<br />

Xarope, 16 a 32 grammas.<br />

O fructo é uma cápsula unilocular, contendo<br />

grande numero de sementes pequeninas,<br />

inseridas em trez trophosper-<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.—Plantas vimas parietaes, salientes e bifurcados do<br />

vazes, algumas vezes parasitas, tendo lado interno.<br />

uma raiz composta de fibras simples e cy- Estas sementes tem o tegumento exlindricas,<br />

muitas vezes acompanhada de terior formado de uma redezinha ligeira,<br />

um ou de dois tuberculos carnosos, ovoi- e se compõem de um endosperma, no qual<br />

desou globulosos, inteiros ou digitados. existe um pequenino embryão axillar e<br />

As folhas são sempre simples, alternas, homotropo.<br />

invaginantes<br />

As flores muitas vezes grandíssimas e Baunilha da Bahia.— Vanilla<br />

de uma fôrma particular, são solitárias, palmarnm.—Fam. idem.<br />

fasciculadas, á maneira de espigas ou panicula.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Applica-se<br />

O cálice é de seis divisões profundas, nas febres adynamicas e nas nevrozes.<br />

três das quaes interiores e três exteriores.<br />

Estas, freqüentíssimas vezes seme­ Baunilha brava.—Gymbidium Valhantes<br />

entre si, estão á vista ou aproxinilla. — Fam. idem. — Herva ou pequeno<br />

madas umas das outras na parte supe­ subarbusto, parasita, volúvel, de caule<br />

rior da flor, onde formam uma espécie de cylindrico; vegeta exclusivamente sobre<br />

capacete (calix galeatus).<br />

as palmeiras de Aricory.<br />

Das três divisões internas duas são la- É uma planta verde sempre, de foteraes,<br />

superiores, e semelhantes entre si: lhas carnosas, duras e lanceoladas.<br />

uma é inferior, d'uma figura toda parti­ As flores amarellas e grandes, sem<br />

cular, e traz o nome de labello ou aven­ cheiro, em pencas.<br />

tal.<br />

O fructo é uma espécie de vagem,<br />

Elle apresenta ás vezes em sua base um tendo dentro uma substancia branca,<br />

prolongamento concavo chamado esporão esponjosa; contendo muitas sementes<br />

(labellum calcaratum).<br />

pequenas e pretas, cuja substancia in­<br />

Do centro da flor se eleva no ápice do terna se emprega contra os pannos ou<br />

ovario uma espécie de columella deno­ ephelides da cutis, com feliz resultado.<br />

minada gymnostemio, que é formada pelo<br />

estylete e pelos filetes estaminaes soldaBaxiuba<br />

ou Coqueiro Bados,<br />

e que traz na face anterior e supexiuba. — Sriartea ventricosa, Mart. —


BEI BEI 73<br />

Fam. das Palmaceês. — O fructo é co­ Suas folhas são alternas, ovaes, cheimestível.rosas,<br />

como também a madeira.<br />

• Ha mais três espécies : Iriartea exorFlores<br />

amarellas.<br />

rheza, Iriartea deltoidea, Iriartea Os seli- fruetos são bagas vermelhas, que<br />

pera.<br />

se tornam escuras com o tempo; o<br />

Bayueurú. — E uma .planta her­<br />

sueco resinoso e balsamico corre por<br />

incisões, que praticam n'arvore.<br />

bacea do Rio Grande do Sul, que tem Este sueco é branco, mas pelo con-<br />

um bulbo, que passa por especifico tacto do ar se solidifica e se torna es­<br />

centra as hydropesias.<br />

curo.<br />

O Beijoim que nos trazem os serta­<br />

Beijo do mato .—rPhaseolus rubrus. nejos é muito mal preparado, e por<br />

essa razão se vende por preço muito<br />

inferior ao que nos fornece o estran- r<br />

geiro.<br />

O Beijoim queima-se nas igrejas, lançado<br />

nas brasas, misturado com o in-.<br />

censo,<br />

— Fam. das Leguminosas.— Herva indígena,<br />

conhecida por este nome nas<br />

Alagoas.<br />

E uma trepadeira, de caule fino,<br />

folhas ternadas, de figura elliptica e<br />

estreitas.<br />

Flores como a do feijão, porém de<br />

côr vermelho-rubra.<br />

O fructo é uma vagem estreitíssima,<br />

cujas sementes assemelham-se ás do<br />

, feijão; são rajadas de cinzento.<br />

Beijo de moça. — Cosmos bipina-<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— Emprega-se^<br />

como estimulante nas bronchites, asthma,<br />

atonia de órgãos digestivos.<br />

O Beijoim entra na composição do<br />

Balsamo catholico muito usado nas contuzões,<br />

quedas e cortaduras.<br />

lus, Gav.—Fam. das Compostas. — Flor Na preparação *do leite virginal, é em­<br />

de jardim, exótica, natural do México. pregado como objecto de toucádor.<br />

Herva que chega até 1 % metro de Em loções nas manchas da pellé.<br />

altura.<br />

sardas, etc<br />

Folhas em fôrma de palmas, com<br />

as flores no cimo dos ramos; formam CARACTERES DA FAMÍLIA.—Esta fa­<br />

um circulo de laminazinhas rosadas, mília encerra arvores ou arbustos de<br />

que tem no centro o aggregado de folhas alternas, sem estipulas, de flores<br />

florinhas amarellas.<br />

axillares, algumas vezes tèrminaes.<br />

Dá um fructo preto, de figura pyri- O cálice é livre ou adherente ao ova^<br />

forme, tendo por cima dois aguilhõesi- rio infero.<br />

nhos.<br />

O limbo é inteiro ou dividido.<br />

A corolla é gamopelata, regular. Os<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Usado con­ estames, cujo numero varia de 6 a 10,<br />

tra a ictericia, e affecções biliosas. são livres, ou monadelphos pela base.<br />

i<br />

O ovario, ora supero, ora infero, tem<br />

Beijo de palma.— V. Velludo. ordinariamente quatro lojas, separadas<br />

por divisões membranosas e delgadis-<br />

Beijoeíro. — V. Estoraque.<br />

simas; cada uma d'estas lojas contém<br />

commuménte quatro óvulos inseridos<br />

Beijoim. — Laurus Benzoin, Linn. — no angulo interno da loja, dois erectos<br />

Styrax Benzoin, Rich. — Fam. das Styra- e dois deitados.<br />

caceas. — E uma arvore que dá com O estylete é simples, terminado em<br />

abundância na parte Meridional de um estygma pequeno e singelo.<br />

Sumatra, de Java e no reino de Syão ; O fructo é ligeiramente carnoso; con­<br />

também se encontra nos sertões do tém d'um a quatro caroços ósseos, e<br />

Brasil.<br />

mais ou menos irregulares.<br />

12


74 BEL BEQ<br />

A semente ó formada, além do tegumento<br />

próprio, d'um endosperma carnoso.<br />


BER BER 75<br />

pos^semelhantes ao sabugo do milho, Bertalha. — Bazelta rubra. — Fam.<br />

roliços e esbranquiçados.<br />

das Atripliceas.— Esta planta é origi­<br />

A planta é aromatica.<br />

naria de Malabar, introduzida em nosso<br />

paiz, e conhecida por este nome até<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— É sedativa, as províncias do Sul.<br />

e por isso sua decocção é empregada em É um vegetal herbaceo, trepador,<br />

banhos contra o rheumatismo.<br />

enlaça-se nas cercas e latadas; seus<br />

ramos são molles succullentos ; as fo­<br />

Bergamota. — Citrus Limetta. — lhas ovaes.<br />

Fam. das Auranciaceas.— A arvore tem Suas flores parecem antes botões.<br />

os ramos espinhosos, folhas grandes, As fruetinhas são esphericas, roixas,<br />

ovaes, arredondadas, sustentadas por pe- molles ao tacto, com uma pellicula fina,<br />

ciolos longos e alados.<br />

cheias de um sueco aquoso, colorido em<br />

Os fruetos são pequenos, arredonda­ roixo forte.<br />

dos, um tanto mamillosos no ápice; a Este sueco combinado com o ácido de<br />

casca dos fruetos é delgada, de um ama­ limão fica rubro, mas a côr não perrello<br />

dourado, lisa, cheia de um óleo siste.<br />

essencial suave e picante, que é muito É comestível; ha duas espécies, branca<br />

procurado na arte da perfumaria. e amarella.<br />

Applica-se como emollíente e refri­<br />

Bergamota de jardim. — Ligerante.metta vulgaris.—Fam. das Aurantiaceas.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA<br />

— Chama-se assim em Pernambuco a<br />

— Plantas<br />

uma herva exótica, cultivada em jardins,<br />

herbaceas ou ligneas, de folhas alter­<br />

delicada, quasi rasteira, de folhas opnas<br />

ou oppostas, sem estipulas.<br />

postas, pequenas, semi-redondas, leve­<br />

Suas flores são pequenas, algumas<br />

mente serreadas; de cheiro activo e agra­<br />

vezes unisexuaes, dispostas quer em<br />

dável ; nunca floresce em Pernambuco.<br />

cachos ramosos, quer grupados no<br />

Serve de ornamento de jardins.<br />

fundo das folhas.<br />

O cálice gamosépalo, ás vezes tubuloso<br />

na base, é de três, quatro ou cinco<br />

Beringela. — Solanum melongena ,<br />

lobos mais ou menos profundos, per­<br />

Linn. — Solan. macrocarpum, Maeg.—<br />

sistentes ,<br />

Fam. das Solanaceas. — Esta planta é<br />

Os estames variam de um a cinco;<br />

originaria da America Meridional. É<br />

são inseridos, ou na base do cálice,<br />

herbacea, sobe ai ou 1 % metro de al­<br />

ou debaixo do ovario; estes estames são<br />

tura ; é suceulenta, de folhas alternas<br />

oppostos aos lobulos do cálice.<br />

roxeadas, oblongas e pendentes.<br />

O ovario é livre, unilocular, monos -<br />

Flores esverdinhadas á maneira de es- permico, contem um só óvulo erecto e<br />

trellas.<br />

sustentado algumas vezes por um po-<br />

O fructo è oblongo, arroixeado, de sudosperma mais ou menos comprido e<br />

perfície lisa e brilhante.<br />

tênue.<br />

A substancia interna é aquosa, com O estylete, que é raramente simples, é<br />

quatro repartições cheias de sementes de duas, três ou quatro divisões, termi­<br />

chatas; são pouco distinetos os septos. nadas cada uma em um estigma sovelado.<br />

A Beringela come-se preparada de toda O fructo é um akenio ou umabagasi-<br />

a maneira.<br />

nha.<br />

Também faz activar a secreção uri­ A semente se compõe, além do tegunaria,<br />

e é útil contra as arêas da bemento próprio, d'um embryão cylindrico,<br />

xiga.<br />

tênue e curvo sobre um endosperma farinaceo<br />

ou enrolado em espiral, e varias<br />

Beririçô. — V. Maririçô.<br />

vezes sem endosperma.


76 BIC BIC<br />

Betonica. — Betonica brasiliensis — ceoladas, oblongas e inseridas com toda<br />

Farm. das Labiadas.—Pequeno subarbusto a regularidade nas duas faces oppostas<br />

conhecido nosertAo por este nome, donde dos ramos.<br />

sem duvida, parece ser natural.<br />

As flores são unisexunes, dioicas.<br />

E' -nmelhante, com pouca differença, A organisação do fructo é tão cu­<br />

ao gênero Betonica da Europa, (Betonica riosa, que merece uma descripção mi­<br />

officinalis, Linn).<br />

nuciosa.<br />

Seu caule traz de ordinário poucas fo­ Assemelha-se a uma drupa, indehislhas,<br />

e estas ovaes, dentcadas,com cheiro; cente, bivalve, e de forma ellyptica ; o<br />

munidas de peciolos longos e finos. pericarpo torna-se coriaceo, e encerra<br />

As flores reunidas em capitulo globu- na sua única cavidade uma semente<br />

loso. sustentado por um pedunculo com­ envolvida por um arillo, (massa earprido,<br />

são tubulosas, abrem-se em dois nosa contendo uma substancia oleosa<br />

lábios recortados, de côr purpurea, roixa. conhecida por óleo de Bicuiba), e cuja<br />

Ofrueto éhispido, e n*elle acham-se as superfície acha-se revestida de -uma<br />

^ementinbas pardas, lusidias, pyrifor- membrana vermelha assetinada, toda<br />

mes.<br />

recortada, e, em alguns fruetos, dividida<br />

em lacinias.<br />

Betre. — V Betys.<br />

O episperma é mais coriaceo do que<br />

Bety s. —Piper encahjptifolium.—Fam.<br />

membranoso, e o embryão endospermico.<br />

das Piperaceas. — Arbustinho de ramos Segundo o sábio botânico Mariius,<br />

nodosos e folhas lanceoladas, largas. se a Myristica officinalis, que faz objecto<br />

Flores em espécies de espigas, como o d'esta descripção, fosse cultivada con­<br />

Mahaisco.<br />

venientemente, o seu fructo poderia ser<br />

Vegeta no Amazonas.<br />

equiparado ao da Myristica moschata ou<br />

aromatica, originaria das Molucas.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— O cosimento<br />

A madeira da Bicuiba é branca, em­<br />

d esta planta, isto é das suas folhas e da pregada em vigamentos e assoalhos;<br />

raiz, é um excellente calmante contra as a frouxidão do seu tecido torna-a im­<br />

eólicas flatulentas.<br />

própria para certas obras.<br />

Dando-se golpes sobre seu tronco,<br />

Bico de Papagaio.—Euphorbiaín-<br />

escorre um liquido extremamente fluido,<br />

camata.—Fam. das Euphorbiaceas.—Plan­ côr de sangue.<br />

ta exótica, conhecida em Pernambuco e A trasformação da côr vermelha que<br />

Bahia por este nome.<br />

se observa logo que se expõe ao con-<br />

Este arbusto é de uma elegância notátacto do ar, pôde ser explicada pela<br />

vel pelo brilho de suas bracteas purpurinas.<br />

acção oxidante do mesmo ar. (Fig. 10.)<br />

Serve de ornamento de jardim.<br />

Bieoropiá—Fructo agreste do Pará,<br />

de 6 centímetros de diâmetro, redondo,<br />

de côr alaranjada; casca tênue e frágil.<br />

Dentro encerra uma massa branca,<br />

aquosa, muito doce, na qual existem<br />

muitos caroços redondos e vermelhos.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— É applicada<br />

contra as dores rheumaticas, e os tumores<br />

arthriticos, e considerado como<br />

efficaz nas eólicas e dyspepsias.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.— Arvores todas<br />

exóticas e crescendo debaixo dos<br />

trópicos, tendo folhas alternas, não<br />

ponetuadas, inteiras.<br />

Bicuiba. — Myristica officinalis. — Flores dioicas, axillares ou terminaes,<br />

Fam. das Myristicaceas.—Arvore que ve- diversamente dispostas.<br />

peta nas províncias do Sul do Império. O cálice, gamosépalo, é de trez divi­<br />

Suas folhas são simples, alternas, lansões valvares.


BIC BOA 77<br />

Nas flores machos, se acham de três Bilimbi. — Averrhoa Bilimbi, Linn.<br />

a doze estames monadelphos, cujas — Fam. das Oxalidaceas. — Bonito ar­<br />

antheras approximadas, e muitas vezes busto originário da índia.<br />

soldadas, se abrem por um sulco lon­ Seu tronco tem a grossura de 12 cengitudinal.tímetros<br />

'de diâmetro.<br />

Nas flores fêmeas, o ovario é livre, Suas folhas, de verde gaio, dispos­<br />

de uma só loja, contendo um só óvulo tas em palmas.<br />

erecto, e anatropo ; mui poucas vezes As flores em cachos ou feixes dis­<br />

ha duas.<br />

tribuídas, são côr de rosa; nascem<br />

O eâtylete é curtíssimo, terminado nas axiRas e continuidade dos ramos.<br />

em um estigma lobado.<br />

Tem por fructo uma baga de 9 a<br />

O fructo é uma espécie de baga cap­ 12 centímetros, de figura oval-oblonga,<br />

sular, abrindo-S3 por duas valvas. afinando para as extremidades, de côr<br />

A semente é coberta por um falso verde pallida, mesmo na maturidade,<br />

arillo carnoso*, dividido em grande nu­ e coberta por uma pellicula fina; o<br />

mero de filamentos.<br />

interior é occupado por uma polpa<br />

O endosperma é corneo e duríssimo, aquosa, bastante ácida, quasi trans­<br />

marmóreo, contendo na sua base um parente; contem duas sementes elly-<br />

pequenino embryão erecto.<br />

pticas, deprimidas e esbranquiçadas.<br />

Esta família tem por typo a Mosca- O fructo é ácido agradável, refrideira<br />

(Myristica).<br />

gerante e usado em limonadas.<br />

É distincta das Lauraceas pelo cálice E também applicada para tirar no-<br />

de três divisões; pelos estames modoas de fazendas, nas tinturarias.<br />

nadelphos, abrindo-se por um sulco<br />

longitudinal; pela semente erecta, ari- Bilros.— Cartoleta speciota, Arr. C.<br />

lhada, pelo embryão pequenino, encer­ — Fam. das Liliaceas.— É uma planta<br />

rado n'um endosperma duro e mar­ do sertão, classificada pelo Dr. Arruda<br />

móreo.<br />

Câmara.<br />

Alguns authores approximam esta Tem um bolbo que se come no<br />

família das Anonaceas, entre as Polysertão.<br />

petaleas. Mas é uma afnnidade que Suas flores são vermelhas e mui<br />

parece pouco real; só existe a se­ bellas.<br />

mente que offerece, com effeito, alguma<br />

analogia entre estas duas famílias, no<br />

Ha outras differentes espécies.<br />

mais tão differentes.<br />

Biribá.— Anona.— Fam. das Anonaceas.—<br />

Fructo do Pará e do Mara­<br />

Bicuiba ou Bequiba. — Myrisnhão onde tem este nome.<br />

tica sebifera, Lamck. — Fam. das Lau­ É uma espécie de Pinha ; provém de<br />

raceas. — E uma arvore alta natural um arbusto; que pela structura de seu<br />

dos terrenos do Equador; também dá fructo se assemelha muito ás Anonas.<br />

na Bahia.<br />

Esse fructo é de 12 centímetros mais<br />

Suas folhas são alternas, oblongas e ou menos, figura conica, superfície com­<br />

cobertas inferiormente de um pello posta de escamas bem como a Pinha.<br />

avermelhado.<br />

Internamente a massa é branca, re­<br />

As flores em cachos, miudissimas e sultado da reunião de muitos bagos,<br />

avermelhadas.<br />

cada qual com um caroço preto, el-<br />

O fructo globuloso, de 4 a 6 centílyptico, luzidio.<br />

metros, quasi seeco, de duas valvas Diz-se que não tem máo gosto; e é<br />

com uma ou duas sementes, que são bsm análoga à Pinha ou a frueta da<br />

envoltas em uma matéria sebacea.<br />

Serve para fazer velas esta matéria,<br />

Condeça.<br />

que se colhe do tronco por incisões.<br />

Boas noites.— Vinca rosea, Linn.—


BON BOR 79<br />

As folhas quasi redondas, suceulentas. Seu cálice é gamosepahv, .eolorido?<br />

. As flores em cachinhos, não só brotam muitas vezes tubuloso, intumescido na<br />

nos lugares ordinários, como nas expan­ parte 4 inferior, que freqüentes vezes é<br />

sões dos ramos; são como estrellinhas mais espessa, e persistente depois da<br />

amarellas.<br />

queda da parte superior.<br />

O fructo é uma cápsula em fôrma de O limbo é mais ou menos dividido<br />

pião, tendo um núcleo no centro, coberto em lobulos enrugados.<br />

de polpa branca.<br />

Os estames variam de 5 a 10, e são<br />

A madeira d'esta arvore é applicada inseridos na borda superior d'uma es­<br />

em diversos usos.<br />

pécie de disco hypogynico, muitas vezes<br />

em fôrma de cúpula.<br />

„, Bonina. — Nyctago hortensis, Juss. O ovario é de uma só loja, contendo<br />

, —fMirabilis, dichotoma, Linn. — Fam. um das óvulo erecto.<br />

Nyctagaceas.— E' planta natura.l do Peru, O estylete^; e; o estigma são simples.<br />

, do México e da índia.<br />

O fructo é%ima cariopse, coberta em<br />

Tem diversos nomes pelas províncias parte pelo disco e base do cálice, que<br />

4o Império.<br />

são crustáceos, e formam uma espécie<br />

, Em Pernambuco e Bahia tem o nome de pericarpo accessorio.<br />

de Bonina; no Pará e no Maranhão o de O verdadeiro pericarpo é delgado<br />

Boas noites, em S. Paulo, Rio de Janeiro adherente ao tegumento próprio da se­<br />

e Minas o de Maravilha.<br />

mente ; esta se compõe de um embryão<br />

E' uma planta herbacea, seu caule apre -inclinado<br />

sobre si mesmo, tendo a ra-<br />

, senta nós de distancia em distancia. dicula curva sobre a face de um dos<br />

Folhas oppostas, lanceoladas, molles. cotyledones, e abraçando assim o en­<br />

Flores associadas em recéptaculo fodosperma que fica central.<br />

liaceo, tendo no centro uma semente oval<br />

angulosá, e no apicé uma flor de tubo Borboleta. — É uma flor a que em<br />

. longo, que abre como um funil; sahem Pernambuco se dá este nome.<br />

do tubo filetes. Esta flor abre-se de noite, Ha branca e amarella, e produeto de<br />

e fecha-se pela manhã.<br />

uma planta, cujo caule cresce de 46<br />

Raiz de 24 a 30 centímetros de compri­ centímetros a 1 metro, contendo as<br />

mento, e 6 de diâmetro, irregularmente folhas em ordem symetrica, alternada-<br />

arredondada, fuziforme, roixa escura por mente.<br />

fora, branca por dentro; gosto acre, sem Os peciólos d'essas folhas são como<br />

.cheiro.<br />

bainhas, que abraçam o caule; ellas<br />

O fructo torna-se preto, rugoso, angu- são de 2 % deeimetros, lanceoladas,<br />

loso; dentro a amêndoa é farinacea.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS — Adminis­<br />

oblongas, membranosas, de côr verde<br />

pallida.<br />

trada internamente a raiz é purgativa Bordão de velha.—Mimosa vaga<br />

na dose de 2 a 4 grammas em pó; em Linn.— Fam. das Leguminosas.— Arvo­<br />

^xtracto bastam 30 a 60 centigrammas. reta do paiz; seu tronco tem uma espécie<br />

de casca, que é um corpo espon-<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. —As Nyctajoso, branco e rugoso, que se desprende<br />

gaceas são plantas herbaceas, arbustos ou em certo tempo.<br />

mesmo arvores, cujas' folhas são simples, As folhas são em palmas distribuídas<br />

as mais das vezes oppostas, ás vezes al^ nos ramos.<br />

ternas.<br />

As flores em pequenos feixes ou ca­<br />

As flores axillares ou terminaes, muichos, que parecem molhos de retróz<br />

tas vezes reunidas em certo numero em formando bolotas, cujos fios são em<br />

um invólucro çommum, ou tendo cada parte brancos e em partes roixos.<br />

uma um invólucro próprio e caliciforme. O fructo é uma vagem chata de 12


HO BOR BOR<br />

centímetros e mais, com poucas sementes, O sal e o assucar são tomados como<br />

e essas como as do feijão.<br />

únicos, posto (jun fracos, antídotos do<br />

O lenho d'esta arvore é fraco e branco. Bororé.<br />

Ha outra espécie, e é a que se segue.<br />

Borracha. — Gomma elástica , ou<br />

Bordão de velha.—Mimosa, Linn.<br />

seringa em rama. — Siphonia elástica.—<br />

— Polygamia monoecia, Linn.— Fam. das<br />

Fam. das Euphorbiaceas.—Os vegetaes<br />

Leguminosas.— Arvore indígena do paiz ;<br />

que produzem a Borracha sAo bastante<br />

de altura mediana, tronco pardo, sem<br />

numerosos, e pertencem ás famílias das<br />

cortiçe.<br />

Euphorbiaceas, Artocarpaceas, Apocyna-<br />

Folhas alternas.<br />

ceas, e Lobeliaceas.<br />

Flores grandes, porém em pequenos<br />

De todos os vegetaes o que fornece<br />

cachos, formando um tubo pequeno, com<br />

maior quantidade de Borracha é a Se­<br />

um molho de filetes aloirados ou esverdinhados.ringueira<br />

, que cresce abundantemente<br />

O fructo é uma vagem de % deci-<br />

em estado silvestre nas províncias do<br />

metro de comprimento, larga, mem-<br />

Amazonas e Pará.<br />

branosa, com os lugares das sementes<br />

Encontra-se em menor escala no Ma­<br />

salientes; estas são ellipticas e alvaranhão,<br />

e apparece em pequena quantidias.<br />

A vagem parece pergaminho.<br />

dade no Ceará e Rio Grande do Norte.<br />

Chega a ter n'essas províncias 9 a 18<br />

Bordãosinho.— Fam. das Apocy- metros de altura, de 2 a 2 % de grossura;<br />

naceas.— É um sipó que em Sergipe acha-se com preferencia nos lugares ala-<br />

tem este nome, e em Pernambuco é gadiços.<br />

conhecido por Sumauma.<br />

As outras arvores da mesma família,<br />

Planta trepadeira, lactifera; seu caule que fornecem a borracha são: Siphonia<br />

é coberto de uma substancia, esponjosa, rhytidocarpa, Mart.— Siphonia brasilien­<br />

branca, e os ramos de pellos curtos. sis, Willd.— Siphonia lulea, Spruce. —<br />

As folhas cordiformes, grossas, pellu­ Siphonia brevifolia, Spruce.<br />

das, pecioladas e oppostas.<br />

Todas habitam nas províncias do Ama­<br />

As flores, reunidas em feixe nas axilzonas e Pará.<br />

las das folhas, são á maneira de es- Na família das Artocarpaceas acham-se :<br />

trellas, resinosas ao tacto.<br />

Ficus anthelmintica, Mar.; vulgo Coa-<br />

O fructo é germinado, irriçado de jinguva (Rio Negro do Brasil); Ficut<br />

aculeos molles herbaceos, e muito lei­ doliaria, Mart. ; vulgo Gamelleira ou<br />

toso ; dentro existem muitas sementes Figueira branca ou brava (Rio, S. Paulo,<br />

cobertas de pello branco, macio e alvo. Minas.)<br />

este pello serve para encher colchões, Na família das Apocynaceas encon­<br />

travesseiros, etc.<br />

tra-se a Sébiuva, Plumeria phagedenica,<br />

Bordãosiuho nas Alagoas.—<br />

Oiticica de Pernambneo.<br />

Mart. (Amazonas) ; a Tiborna Plumeria<br />

drástica, Mart. (Minas, Bahia Pernambuco)<br />

; a Sorveira, Collophora utilis,<br />

Mart. (Pará, Rio Negro); a Mangabeira,<br />

Bororé.— Veneno com que os indí­<br />

Eancornia speciosa, (Pernambuco, Rio<br />

genas do Brasil hsrvam suas frechas. É<br />

Grande do Norte).<br />

extrahido de raizes de certas plantas,que<br />

nascem em lagos e pântanos.<br />

Na família das Lobeliaceas a Lobelia,<br />

Sua preparação é mui perigosa, e por<br />

Kunt.— Nova Granada. (V- Seringueira).<br />

este motivo é sempre uma velha quem<br />

d'ella se encarrega.<br />

Borragem chimarona.— Echi-<br />

Alguns authores acreditam ser o Bororé um plantagíneum.—Fam. das Borragaceas.<br />

o Curare hoje conhecido, e que Eumboldt — Planta do Rio Grande do Sul e de<br />

suppôz ser um Strjchnos.<br />

Montevidéo.


BOT BRE SI<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — As folhas Suas pétalas, sobre o receptaculo<br />

são emollientes; sua infusão emprega-se verde, formam na parte superior um<br />

internamente ou em banhos, 8 grammas circulo de palhetas, amarellas, tendo<br />

para 500 grammas d'água fervendo, no centro como um acolchoado de flo-<br />

em certos casos.<br />

rinhas, também<br />

cheiro.<br />

amarellas; não tem<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.—As Borraga- É planta de 24 a 48 centímetros de<br />

ceas são em geral hervas, arbustos ou altura, de folhas ovaes, e própria dos<br />

mesmo algumas vezes arvores elevadas, jardins.<br />

de folhas alternas, geminadas, cobertas,<br />

assim como o caule, de pellos mui Botão de prata.— Fam. das Com­<br />

ásperos.<br />

postas.— É outra planta igual ao botão<br />

As flores formam espigas unilateraes, de oiro; mas a flor d'esta é branca.<br />

voltadas ou curvas em fôrma de cajado,<br />

muitas vezes reunidas e formando uma Braço de Preguiça.— Solanum<br />

espécie de panicula.<br />

cemuum, Vell.— Fam. das Solanaceas.—<br />

O cálice é gamosepalo, regular, per­ É uma planta do Sul que vegeta no<br />

sistente e de cinco lobos.<br />

Rio de Janeiro, na Parahyba e em Mi-<br />

A corolla é gamopétala, regular, de nas-Geraes.<br />

cinco lobos, ella offerece, em certo numero<br />

de gêneros, perto da fauce, cinco PROPRIEDADES MÉDICAS. — É empre­<br />

áppendices salientes, que são ocos no gada como sudorifica e diuretica nas<br />

interior, e que se abrem exteriormente sarnas, syphilis, gonorrhéas, etc ; em­<br />

em sua base.<br />

prega-se para isso o cosimento das fo­<br />

• Os cinco estames são inseridos no alto lhas e flores.<br />

do tubo da corolla, e alternam com os Externamente se applica em- banhos<br />

appendices, quando elles existem.<br />

O ovario, assentado sobre um disco<br />

contra as ulceras.<br />

hypogynico, annular e sinuoso, é pro­ Brasileto.—V. Páo Brasil.<br />

fundamente quadrilobado, de quatro lojas<br />

monospermicas, muito deprimidas no Brêdo carurú.—V. Bredo ver­<br />

centro.<br />

O estylete nasce d'esta depressão, e<br />

melho.<br />

termina em um estigma de dois lobos. Brêdo macho ou rabaça. —<br />

O fructo se compõe de quatro carpellas Amaranthus viridis, Willd. e Sp. — Fam.<br />

monospermicas; mui raramente estas das Amaranthaceas.—Herva do paiz, que<br />

Carpellas se soldam, e formam um fructo é conhecida em Pernambuco por este<br />

carnoso ou secco,deduas ou quatro lojas; nome.<br />

ás vezes é ósseo, ou unilocular, por É de pouca altura, caule herbaceo,<br />

Í aborto.<br />

folhas ovaes, embaçadas, offerecendo no<br />

As sementes tem o embryão voltado, ápice dos ramos, um prolongamento fo-<br />

em um endosperma carnoso mui delliaceo á semelhança de pluma, que são<br />

gado, e que mesmo algumas vezes não as florinhas imperceptíveis, ahi encra­<br />

existe.<br />

vadas, com sementinhas lusidias e pretas.<br />

Bo£*uSe®. — Fam. das Urticeas. — Este Brêdo tem o uso dos demais Bré-<br />

É uma planta, cujo fructo é'vermelho. dos, mas não é tão estimado como os<br />

outros.<br />

Botão de oiro.— Fam. das Com­ Também o chamam Carurú e Brêdo<br />

postas.— É uma flor amarella, á imi•<br />

rabaça.<br />

tação de um malmequer, porém muito<br />

menor e mais regular.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. —É empregado<br />

13


HZ BRE BRI<br />

contra a anazarca, internamente, e em Herva que alastra e ergue os ramos<br />

banhos.<br />

bifurcados, cheios de nós.<br />

Serve de alimento.<br />

Folhas oppostas, quasi redondas e<br />

succullentas.<br />

Brèdo majórgomcs. — Talinum As florinhas, umas roixas, outras<br />

Jam, Gomes.— Talinum crenatum, Ruiz brancas, em fôrma de coifa.<br />

etPav. —Fam. das Porlulacaceas. —Herva A raiz tem uma tuberasinha, que é<br />

natural da America Austral, recebe di­ antídoto do veneno das cobras.<br />

versos nomes, segundo as províncias.<br />

No Pará é Carurú; ha Bahia, Sergipe PROPRIEDADES MÉDICAS.—É empregada<br />

e no norte do Espirito-Santo, Lingua de como diuretica e desobstruente nas mo­<br />

Vacca; no Rio de Janeiro, Maria Gomes léstias ; do fígado.<br />

e Benção de Deus no Maranhão, S. Paulo Internamente 8 grammas para 300<br />

e Minas-Geraes.<br />

grammas d'agoa, em cosimento.<br />

É uma herva de 'A a 1 metro de altura;<br />

ramos succulentos, e folhas carnosas, Brèdo vermelho. — Phytolacca<br />

oppostas.<br />

carurú.— Fam. das Phytolaceas. — Her­<br />

Flores em pequenos cachos, de um va silvestre que se acha nas mattas<br />

vivo e elegante roixo, como uma peque­ e nas capoeiras.<br />

na rosa.<br />

É também chamada Brêdo carurú nas<br />

Seu fructo é como uma pequena cá­ Alagoas e em Pernambuco.<br />

psula, cheia de grãosinhos pretos, lus- Cresce de 1 a 1 % metro e esgalha;<br />

trosos.<br />

vergonteas roixas, elegantes; folhas<br />

Come-se esta herva de diversas ma­ também roixeadas e despontadas.<br />

neiras..<br />

Flores em espigas, semelhantes á ro-<br />

E' refrigerante e mucilaginosa. sinhas, com um corpo arredondado, no<br />

centro achatado.<br />

Brèdo de muro. —V. Lingua de<br />

N'este órgão central estão as sementes.<br />

Sapo.<br />

Esta herva come-se de diversas ma­<br />

Brèdo namorado. —V. Veludo.<br />

neiras.<br />

Brèdo tle veado. — V. Bucho de<br />

Brèdo pirrivi. — Fam. das Amaveado.<br />

.ranthaceas. — E' em Alagoas que lhe dão<br />

este nome; em Pernambuco chamam<br />

Mandah.<br />

Brincos de Sahoim.— Pitheco-<br />

E' uma herva do paiz, rasteira; caule<br />

lobium avaremotemo, Mart.— Fam. das<br />

verde, manchado de roixo, succulento,<br />

Leguminosas.— Tem esta arvore do Bra­<br />

com folhas oppostas, quasi redondas.<br />

sil os mesmos prestimos do Angico.<br />

Flores pequenas, e reunidas em fôrma<br />

de cone paleaceo; sementinhas pre­<br />

Brinco de viuva. — V. Tangètas.tange.<br />

E' refrigerante, e serve de pasto ao<br />

gado vaccum.<br />

Bríjaúba ou Coqueiro Brijaúba.<br />

— Astrocarium Ayri, Mart. —<br />

Brèdo de porco ou herva tos­ Fam. das Palmaceas.— É uma palmeira<br />

tão.— Boerhavia hirsuta, Linn. — da Fam. Bahia, conhecida pelo nome de<br />

das Nyctagaceas.— Esta planta é. a Eerva Ayri.<br />

tostão do Rio de Janeiro ; também a Os fruetos apodrecem aos milhares<br />

chamam nas Alagoas e Bahia Pega no matto, e poderiam ser aproveitados<br />

pinto, em Sergipe Papo de peru, e assim para a preparação] de um excellente<br />

por diante.<br />

sebo vegetal.


BRO BUC 83<br />

Brio de estudante.— V. Barbas O estylete é simples, terminado em<br />

de Barata. (Robinia).<br />

um estigma bilobado.<br />

O fructo é uma cápsula bilocular,<br />

Uroeo».— Brassica Botrytis cymosa, cujo modo de dehiseencia é muito<br />

Dony.—Fam. das Cruciferas.— Espécie variável.<br />

de couve flor da Europa.<br />

Ora ella se abre por meio de orifí­<br />

Cultiva-se no Rio de Janeiro, em S. cios no ápice, ora por meio de placas<br />

Paulo e mais províncias do Sul, onde irregulares, ora por meio de duas ou<br />

quasi toda a hortaliça europea dá quatro valvas, cada uma das quaes<br />

abundantemente.<br />

traz comsigo metade do septo no meio<br />

É uma couve como a que todos co­ da face interna, ora por valvas opposnhecem.tas<br />

ao septo que fica inteiro.<br />

Differe porém nas folhas, que são As sementes contem sob o tegumento<br />

maiores e crespas, isto é, como machu­ próprio uma amêndoa composta de um<br />

cadas ; e mesmo nas cores, pois que endosperma carnoso, que encerra um<br />

d'estas conhecem-se muitas variedades ; embryão erecto cylindrico, tendo a<br />

ha brancas, roixas, de côr mais ou radicula voltada para o hilo, ou op-<br />

menos carregada, avermelhadas, amaposta á este ponto de inserção.<br />

relladas e verdes, etc.<br />

Além do uso que se faz d'esta hortaliça,<br />

ella presta-se a conservas, o<br />

Broma roixa.—Verbascum.—Fam.<br />

das Serophulariaceas. — É outra espécie<br />

que lhe dá ainda mais apreço.<br />

que habita nas Alagoas e em Pernambuco.<br />

Broma branca ou Mata can-<br />

Sua differença não é sensível aos<br />

na.— Verbascum.— Fam. das Serophula-<br />

olhos vulgares ; differe por ter as folhas<br />

riaceas.— Herva pequena delicada que<br />

cordiformes, as flores roixas e caule<br />

chamam em Pernambuco Mata canna<br />

percorrido nos quatro lados por uma<br />

e nas Alagoas Broma.<br />

espécie de babado; o fructo abre-se<br />

É um pouco rasteira; de caule qua-<br />

em quatro cocas recortadas.<br />

drangular.<br />

Folhas quasi redondas e pequeninas.<br />

Flor branca, abrindo-se em dois lá­ Bucha. — V. Cabaeinho.<br />

bios.<br />

1&ucU.a,.—Luffapurgans, Mart.—Fam.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — É um eme-<br />

das Curcubitaceas.— Esta planta é uma<br />

tico e drástico forte; e também serve espécie de Cabaeinho ; seu extracto pôde<br />

como emmenagogo.<br />

substitutir ao da Coloquintida.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. — Hervas ou PROPRIEDADES MÉDICAS. — É empre­<br />

arbustos, de folhas muitas vezes op- gada nas hydropisias, e ophtalmias.<br />

":postas, algumas vezes alternas, simples, Na dose de 12 grammas é cathar-<br />

de flores dispostas em espigas ou em tica; em dose mais elevada é eme-<br />

cachos terminaes.<br />

tica.<br />

O cálice é gamosépalo, persistente,<br />

de quatro ou cinco divisões desiguaes :<br />

Ha ainda a Mormodica Luffa, Vell.<br />

a, corolla é gamopétala, irregular, de Bucha dos paulistas, Bucha<br />

dois lábios e muitas vezes personada. de caçador.— Momordica operculata,<br />

Os estames, em numero de dois a Linn.— Fam. das Curcubitaceas.— É esta,<br />

quatro, são didynamos.<br />

que pelo seu nome mostra ser de<br />

O ovario, applicado sobre um disco S. Paulo ; é uma espécie de Melão de<br />

hypogynico, é de duas lojas polys­ S. Caetano mas differe d'elle em algupermicas.mas<br />

cousas.


84 BUG BUR<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — O fructo é Burarema. — Arvoro do paiz,<br />

empregado contra a anazarca, chlo- própria para construcção.<br />

rose, amenorrhéa, e affecções hepaticas.<br />

Submette-se o fructo a decocção por Buranhem ou Guaranhem<br />

espaço de doze horas, e agita-se até monesia.— Chrysophyllum Buranhem,<br />

fazer espuma.<br />

Riedel. —Fam. das Sapotaceas. — É uma<br />

A dose é de uma colher, de meia arvore alta, indigena do Brasil, de casca<br />

em meia hora, até fazer vomitar ou lisa, de folhas oblongas, e tamanho re­<br />

evacuar.<br />

gular.<br />

O extracto dá-se na dose de 15 O fructo é pequeno, á semelhança de<br />

centigrammas.<br />

uma azeitona.<br />

Sua madeira dá boas traves e outros<br />

Bueliinlia. — Momordica purgans, objectos d'arte.<br />

Mart.— Fam. das Cucurbitaces. — Esta A casca é de côr vermelha escura ; tem<br />

planta é congênere da Bucha dos pau­ sabor doce a principio, e depois amargo<br />

listas.<br />

e um pouco adstringente ; quando fresca<br />

Tem o fructo muito menor que ella; contém um sueco leitoso.<br />

tem mais acrimonia, e obra em menor O extracto se offerece em pedaços de<br />

dose ; lõ centigrammas do extracto já tamanho variável, de côr roixa escura<br />

é uma forte dose.<br />

quasi preta, e fractura luzente ; é solúvel<br />

em água, de sabor adocicado a prin­<br />

Bucho de veado.— Amaioua crypcípio, e depois amargo e algum tanto<br />

iocarpa.— Fam. das Rubiaceas.— Arvore acre. (Fig. 11.)<br />

silvestre, conhecida nas Alagoas por<br />

este nome.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—É aconse­<br />

É de porte mediano, folhas um tanto lhado como adstringente e tônico: in­<br />

compridas, oppostas, e lustrosas. ternamente, nos catarrhos chronicos, he-<br />

Flores á semelhança de Angelicasimoptyse, diarrhéa e blenorrhagias; e<br />

nhas amarellas.<br />

externamente nas ulceras cutâneas, ra­<br />

O fructo tem sido pouco estudado. chas do ânus, ophtalmias purulentas,<br />

etc.<br />

Bugio ou Rabo de Bugio.—<br />

A decocção se prepara com 32 gram­<br />

Combretum Bugio, St. EU.— Fam. das mas da casca e 500 grammas d'água.<br />

Combretaceas.— Arbusto conhecido nas É empregada em banhos, e pôde ser­<br />

Alagoas por este nome.<br />

vir com vantagem contra as inchações<br />

É agreste, trepador, vegeta próximo consecutivas ás erisypellas.<br />

ás margens do rio, é mui frondoso.<br />

Suas folhas são ovaes um pouco Buriti. — Mauritia vinifera, Mart.—<br />

grandes e lustrosas.<br />

Fam. das Palmaceas.—É natural do paiz<br />

As flores dão em grandes cachos, esta insigne palmeira, conhecida nas<br />

miudinhas, brancas e mui cheirosas. províncias do Norte por Buriti, e na<br />

O fructo parece uma azeitona pe­ Bahia também por Bury.<br />

quena; é mui abortiva.<br />

É a mais alta das palmeiras do paiz.<br />

A pellicula externa, que é a casca, O tronco é sem espinhos, tem um<br />

é um pouco áspera ; e a polpa, que é bello leque de folhas no ápice.<br />

aeinzentada, é acidula e não tem bom O cacho do fructo tem a fôrma de<br />

sabor.<br />

um cone escamoso, como o do pinheiro<br />

da Europa.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — É um poderoso<br />

anti-syphilitico, mas é princi­<br />

O fructo mede até 12 centímetros de<br />

comprimento, de fôrma redonda, côr<br />

palmente usado para as sarnas, e affec­ amarella de gemma d'ovo, tegumento<br />

ções cutâneas chronicas.<br />

membranoso com a superfície ouricada


BUR BUT 83<br />

como que de escamas unidas umas ás Durante o verão, e antes de sua má­<br />

outras.<br />

xima intensidade, esta arvore despe-se<br />

Depois d'esta parte externa ha uma inteiramente, e só por oceasião das<br />

polpa amarella, oleosa e doce; depois primeiras águas do inverno começa<br />

d'esta um corpo mais duro, pouco es­ sua rebentação, tornando-se novamente<br />

pesso, amarello; e, unido á este, um verde e viçosa como d'antes.<br />

caroço que no seu seio contém uma Esta arvore destingue-se particular­<br />

amêndoa comestível.<br />

mente por sua originalidade.<br />

Esta palmeira é abundante no Pará, A passagem de um viandante a sota-<br />

Maranhão, Ceará e Bahia.<br />

vento, diz-se, ainda que com poucos<br />

Em tempos de calamidade o povo visos de verdade, é sufficiente para<br />

erra pelas mattas á procura destes produzir nelle assaduras nos ante-braços<br />

fruetos para mitigar a fome; mas o e pernas, ainda mesmos cobertos.<br />

uso quotidiano e muito prolongado Os pobres animaes que se approxi-<br />

d'elles, determina uma amarellidão na mam da dita arvore, queimam-se a<br />

cutis.<br />

tal ponto, que as partes atacadas ja­<br />

O grelo come-se como o do Palmito mais criam cabello.<br />

(Areca oleracea.)<br />

Uma gota de sua seiva basta para<br />

Ha entretanto mais duas palmeiras nas determinar uma ferida semelhante á<br />

Guyanas e no Amazonas : uma, Mauritia que produziria o fogo.<br />

flexuosa,Linn., queda um sueco extra- A madeira nem para lenha serve,<br />

hido dos seus tecidos, que embebeda, e visto que seu fumo ataca a vista d'a-<br />

de que faz-se vinho.<br />

quelles, que a empregam como com­<br />

Uma segunda espécie d'este gênero bustível.<br />

de que falia Eumboldt, {Mauritia aculeata),<br />

Kunt, differe por ter espinhos, sendo na­ Burreteira. — V Páo de leite ou<br />

tural do mesmo paiz.<br />

Tiú.<br />

As folhas do Buriti têm muitas appli-<br />

cacões.<br />

^ Butua. -r-*lCocculus cineracens, St.<br />

O fructo é comestível; e o tronco EU. — Fam. das Menispermaceas. —: Ar­<br />

fornece pela incisão um sueco vinhoso busto natural do paiz; sua pátria é<br />

excellente.<br />

porém S. Paulo e Minas Geraes.<br />

É ramoso ; as folhas abrem-se como<br />

Buriti bravo.—Mauritia armata.— palmas, e os peciolos são compridos.<br />

Cocos aculeata, Willd.— Fam. das Palmaceas.—<br />

Esta palmeira, semelhante á PROPRIEDADES MÉDICAS. — A raiz é<br />

antecedente, differe d'ella em que seu desobstruente, diuretica, emmenagogae<br />

tronco e as folhas são armadas de febrifuga.<br />

"j espinhos.<br />

Emprega-se principalmente nas hy-<br />

Também a chamam Coqueiro Buriti dropisias, suppressão de lochios, mens-<br />

bravo.<br />

truação difncil e acompanhada de dores,<br />

eólicas uterinas depois do parto, e febres<br />

-. Burra leiteira.—Fam. das Eu- intermitentes.<br />

fphorbiaceas. Arbusto que vegeta na Ilha<br />

de Fernando de Noronha, em todas CARACTERES DA FAMÍLIA.— Esta famí­<br />

>as localidades d'ella. É de porte relia se compõe de arbustos sarmentosos<br />

gular.<br />

e trepadores, cujas folhas, alternas, são.<br />

Seus ramos tem um desenvolvimento geralmente simples, raras vezes com­<br />

extraordinário.<br />

postas.<br />

As folhas são verde-escuras, lustro­ As flores são pequenas, unisexuaes e<br />

sas, alternas, com peciolos purpurinos, as mais das vezes dioicas.<br />

estreitos e suceulentos.<br />

O cálice compõe-se de varias sepalas


80 CAA CA A<br />

dispostas em três, e formando diversas<br />

ordens.<br />

-Succede o mesmo com a corolla, que<br />

falta algumas vezes.<br />

Os estames são monadelphos ou livres,<br />

do mesmo numero, duplo, ou triplo.<br />

O ovario é de uma só loja, contendo<br />

um ou mais óvulos ; muitas vezes estes<br />

são em grande numero, soltos ou soldados<br />

pelo lado interno.<br />

Os fruetos são espécies de drupas monospermicas,<br />

oblíquas, e como que reniformes,<br />

e compridas.<br />

A semente que elles contém se compõe<br />

de um embryão curvo sobre si mesmo,<br />

e geralmente desprovido de endosperma.<br />

te, natural de Minas-Geraes, cujas flores<br />

são coriaceas, em fôrma de palma, e<br />

alternas.<br />

Suas flores em cachos são grandes,<br />

e amarellas; e o fructo capsular.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — A raiz d'esta<br />

arvore é applicada em cosimento contra<br />

as dores internas, com especialidade as<br />

que são resultantes de quedas e outros<br />

accidentes.<br />

Também é útil contra os abeessos já<br />

formados.<br />

Butua miúda. — Cocculus filipendula,<br />

Mart.—Fam. das Menispermaceas.<br />

— Vegeta como a precedente congênere;<br />

Butua. — Cocculus platiphylla . St. tem as mesmas propriedades d'ella.<br />

EU.—Fam. das Menispermaceas.—Esta Ha duas qualidades de Butua; uma<br />

outra espécie vegeta no paiz , e cresce tem a raiz grossa na base e dura; é<br />

nas mesmas províncias acima ditas. a que acabamos de indicar; a outra é<br />

Differe nas folhas, què são grandes e delgada, lisa e branda, conhecida em<br />

cordiformes, e tem as mesmas virtudes Minas-Geraes e no Espirito-Santo por<br />

medicinaes da antecedente.<br />

Ciparobo e Parreira brava.<br />

Butua do curvo. —Maximiliana PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' empre­<br />

regia, Mart. e Willd. —Bacchia insignis, gada a raiz contra as mordeduras de<br />

Mart. e Luce. — Fam. Idem. — Cochloscobras,<br />

na dose de 3 grammas para 500<br />

permum insigne, St. EU. — Arvore agres- grammas d'agua.<br />

G.<br />

Caa. — Palavra que na lingua de Caa-apia. — V. Contra-herva.<br />

nossos indígenas significa Eerva, mas<br />

que se applica particularmente ao Matte Caa-assú. — Malpighia rosea, La-<br />


CAA CAA 87<br />

ga, e empregada como purgativo, e<br />

diuretico. É útil nas febres intermittentes,<br />

e inflammações chronicas do<br />

fígado.<br />

Caa-canna, Caa-cua ou Yquetaya.—É<br />

uma planta brasileira, que<br />

mereceu a attenção das academias européas,<br />

por se achar n'ella a propriedade<br />

de, misturada com o senne em<br />

partes iguaes, tirar-lhe o máo gosto,<br />

sem destruir a sua acção purgativa.<br />

Reinou essa idéia por muito tempo<br />

desde o principio ou fins do século<br />

XVIII, mas depois acharam a mesma<br />

propriedade em uma planta européa.<br />

ferida da mordedura não só suavisa<br />

as dores, como, diz-se, neutralisa o<br />

veneno.<br />

Internamente se dá em pó, suspenso<br />

em qualquer liquido.<br />

Caa-co.—V Sensitiva.<br />

Caa*cua. — V Yquetaya.<br />

Caa-cuis — É a folha do Matte<br />

ainda na prefoliação.<br />

Caa-etimay — É uma Syngenesia<br />

cujas folhas cosinhadas são empregadas<br />

contra as sarnas.<br />

Scrophularia aquática, que substituio a<br />

Caa-cua.<br />

Caa-ghuara.— São as folhas per­<br />

Perdeu portanto o Brasil um bom feitamente abertas do chá do Paraguay<br />

ramo de commercio.<br />

(Matte).<br />

Caa-chira. — Oldenlandia corym- Caa-guiguye.—V Aninga pari.<br />

bôsa, Linn.—Fam. das Rubiaceas.—Esta<br />

planta é conhecida nas provincias do Caaguiyuyo-to.— É uma Melas-<br />

Sul, como oriunda do paiz.<br />

toma ou Rhexia da qual se come o<br />

O caule é herbaceo e quadrangular. fructo.<br />

As folhas oppostas, lanceoladas, duras<br />

e ; esbranquiçadas por baixo.<br />

Suas flores éin feixes, são como pe­<br />

Caa-jandiwap. —V., Loco.<br />

quenas Angélicas, tendo por fructo uma Caa-membeca. —Polygata paraen-<br />

cápsula pequena, que se assemelha com sis, Castro. — Fam. das Polygalaceas.—<br />

a da Vassourinha.<br />

E planta de tinturaria.<br />

Planta oriunda do Pará.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS . — E' refrige­<br />

Caa-chira. — Indigofera domingenrante e anti-hemorrhoidal. Dá-se em insis,<br />

Spreng.—Indig, brasiliensis. — fusão Fam. na dose de 8 grammas para 500<br />

das Leguminosas. — Planta herbacea, grammas d'água.<br />

semelhante á Anileira já descripta, com<br />

quatro pares de foliolos nas folhas. Caa-mena e Caa-meni. — E' a<br />

Vegeta em S. Domingos e no Brasil. mesma planta em botão.<br />

Caa-cica ou Caa tia. — Eu­<br />

Caa-opia.—Vismia gujanensis, Pers.<br />

phorbia capitata, Lamach. — Euphorbia —Eypericum gujanense, Aubl.— Fam. das<br />

pilulifera, Linn. — Fam. das Euphor­ Eypericaceas.—Esta arvore sem duvida<br />

biaceas.—Planta herbacea de calix erecto. é a mesma descripta, n'este dicciona­<br />

Folhas serreadas, ovaes, oblongas, e rio sob o nome de Lacre.<br />

flores agglomeradas.<br />

E' um arbusto elegante, de folhas<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS . —É muito pre-<br />

oppostas, ovaes, aloiradas.<br />

Flores em cachos de côr branca amaconisada<br />

como antídoto do veneno das rellado.<br />

cobras, e das viboras sobre tudo. O fructo é espherico, e abandona por<br />

Pisada e applicada fresca sobre a incisões n'elle praticadas, um sueco


:0C. BRASILEIRA FITOQUIMIC A Ltd 2L.<br />

88<br />

CAA<br />

avermelhado, gommoso ; é drástico na<br />

dose de 1 a 2 decigrammas.<br />

Dá-se em uma emulsáo de amêndoas.<br />

Ha diversas espécies.<br />

Caa-peba.— V. também Malvaisco<br />

de Pernambuco.<br />

CAB<br />

designam duas plantas: uma d'ellaa<br />

semelhante na apparencia a nossa Arruda<br />

de campina; a outra é ainda indeterminada.<br />

Caa-peba— Ha três ou quatro es­ Caa-ponga.— Debaixo d'estc nome<br />

pécies que recebem o nome Caa peba, e existem três plantas do paiz, que se<br />

que entretanto são plantas bem diffe­ come á maneira da Beldroega.<br />

rentes entre si.<br />

Uma parece a Gomphrena vermicu-<br />

Uma d'ellas é a Parreira do matto; lata as outras, variedades de uma es­<br />

outra é o Malvaisco; outra é uma espécie de Mimosa.<br />

pécie do gênero Angélica, e outra finalmente<br />

é um sipó semelhante ao Rabo Caa-ponga. — Philoxerus vermicu-<br />

de Rato. Vejam-se estas plantas. latus, Sroart.— (Cremos).— É a mesma<br />

Goniphrena, Fam. das Amaranthaceas.<br />

Caa-roboa.— V. Jatobá.<br />

Caa-peba, «Io Norte.— Cissam-<br />

Caa-taia.— V. Eerva de bicho.<br />

pelos Caapeba, Linn.— Fam. das Menis­<br />

Caa-tingua.— V. Catigua.<br />

permaceas.— Planta que vegeta nas regiões<br />

do Norte, como em S. Domingos Caa-vourana. — Solanum arbores-<br />

e nas regiões Amazônicas.<br />

cens, Vell.— Fam. das Solanaceas.— Esta<br />

É uma trepadeira, de folhas alter­ planta vegeta no Cabo-Frio e em Piauhy.<br />

nas suborbiculares, cordiformes, meio Produz uma qualidade de anil supe­<br />

pelludas, com os peciolos dispostos<br />

rior.<br />

em sete linhas ou divisões longitudinaes.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — É empre­<br />

As flores femininas são longamente gada em banhos, na morphéa.<br />

pedunculadas.<br />

O fructo e a flor como os da pre­ Cabaeinho.— Momordica bucha.?—<br />

cedente.<br />

Dermophylla pendallina.—Mans. e S. Paio.<br />

— Fam. das Cucurbitaceas.— Esta planta<br />

Caa-peba, do Sul ou Herva de indigena tem o nome de Cabaeinho,<br />

Nossa Senhora, ou Cipó de co­ nas províncias do Ceará e Pernambuco;<br />

bra.— Cissampelos glaberrima, St. EU. na das Alagoas chama-se Cabaço de<br />

—Fam. das Menispermaceas.—Esta planta bucha, e na de Sergipe e Minas-Geraes<br />

é do Rio de Janeiro, Minas-Geraes, e é conhecida por Bucha.<br />

de outras províncias do Império. Raiz ramosa e fibrosa.<br />

É uma trepadeira, de folhas redon­ Caule herbaceo, prostrado e fistuloso,<br />

das, quasi sesseis.<br />

de comprimento variável, e grossura<br />

As flores em cachos são á maneira de uma penna.<br />

de campana, recortadas na margem. Folhas cordiformes, guarnecidas de<br />

ásperos pellos.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— Ella é sudo- Flores pequenas, de côr amarella.<br />

rifica, aromatica e estomactica.<br />

Fructo ovoide ou oblongo, secco,<br />

A infusão da raiz bebida pela ma­ envolvido em uma só peça ou carnhã<br />

é antiasthmatica.<br />

pella, formada pelo tubo que na madureza<br />

passa do verde ao amarello<br />

Caa-pomanga.— V. Loco ou Quei- escuro, guarnecido de grossos espimadeira.nhos;<br />

é esta parte que constitue o<br />

Também com este nome os indios epicarpo.


CAB CAB 89<br />

O mesocarpo, immediato a este, é<br />

composto de um tecido fibroso, retiforme,<br />

que se estende até o interior,<br />

onde termina por uma camada mais<br />

compacta (endocarpo), que fôrma as<br />

paredes de três cavidades, contendo<br />

cada uma no seu centro um trophos-<br />

Usa-se também da infusão da polpa,<br />

feita com a metade de um fructo.<br />

Cabaço ou Cabaço de eollo.—<br />

Cucwbíta lagenaria, Linn.— Cucurb. leucanthes,<br />

Duch.— Fam. Idem. — Espécie<br />

originaria do páiz, bem conhecida de<br />

perma, e sendo o centro dos três tro- todos.<br />

phospermas occupadp pelas sementes. O Cabaço é proveniente de uma planta,<br />

que se estende ao nivel do chão, e<br />

PROPRIEDADAS MÉDICAS.— O fructo do agarra-se aos corpos visinhos, ou na<br />

cabaeinho é aconselhado nas hydro- falta alastra pelo chão.<br />

pisias.<br />

O caule é cylindrico, coberto.de pellos<br />

Applica-se vulgarmente esta planta duros, que ferem a mão de quem os toca.<br />

em fôrma de clysteres; para isso faz-se As folhas, de peciolos longos e tu-<br />

um macerado da quarta parte de um bulosos, são quasi redondas, ou for­<br />

fructo, em agúa, por espaço de dez mam chanfraduras, e dividem-se em<br />

horas, coa-se,, e depois bate-se com um três ou cinco lobos; são quasi sempre<br />

rodízio até fazer espuma, separa-se de um verde esbranquiçado, manchadas<br />

esta, e repete-se a mesma operação e baças.<br />

por mais- çuas vezes; esta dose é para As flores são ordinariamente brancas<br />

adulto.<br />

sem cheiro e grandes; são de sexos<br />

Para uso interno prepara-se um licor separados; umas como simplesmente<br />

com quatro fruetos privados de se­ uma campana, outras na base d'essa<br />

mentes J e lançados em uma garrafa campana.<br />

de aguardente de 21°.<br />

Tem o fructo em estado rudimental,<br />

Pôe-sp em digestão por espaço de 24 espherico, de grandeza variável; na<br />

á 48 i horas, e depois faz-se o doente parte inferior do bojo offerece um<br />

tomar, na dose de 90 á 120 grammas collo pelo qual é sustentado.<br />

por dia.<br />

O exterior do fructo é verde claro,<br />

O clyster obra como violento drás­ espesso e de natureza crustácea; dentico,<br />

cujo effeito é acompanhado de tro encontra-se uma massa aquosa,<br />

muitas dores.<br />

quasi frouxa, mui amarga e branca,<br />

0 licor oceasiona as mesmas dores, cheia de grãos chatos, ellipticos e in­<br />

ctím vômitos e dejecções alvinas. seridos em filamentos.<br />

fÉ um medicamento que exige muita Os habitantes do centro exeavam o<br />

ciutela em sua applicacão.<br />

interior d'este fructo, para fazer uso<br />

] Cabaeinho do Pará.— Colocyn- d'elle como vaso de guardar líquidos,<br />

his paraensis.— Fam. das Cucurbitaceas. farinha ou grãos (cuias).<br />

— Semelhante em quasi tudo aos ou- Nas Alagoas chamam Cabaço marimba.<br />

ros e com as mesmas propriedades. Elle muitas vezes não apresenta<br />

collo, e tem uma fôrma arredondada á<br />

/ Coloqulnthídas das ilhas do semelhança de uma abóbora; é justa­<br />

Archipelago do Oriente.—ÉoCumente este que cultivam.<br />

cumis colocynthis, Linn.<br />

Também tem virtudes médicas, e<br />

quasi todas as espécies tem um cheiro<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— 0 Cabaeinho enjoativo, e um pouco almiscarado.<br />

é depurativo, empregado contra os dar- Cabaço grogojó.— Cucurbita ovoithros.de-<br />

— Fam- idem. — E do paiz e agreste.<br />

As doses são, da raiz secca 4 gram­ Tem este nome nas Alagoas e em<br />

mas; das sementes de duas até quatro. Pernambuco.<br />

14


9U CAB CAB<br />

E uma planta como os outros Cabaceiros.<br />

As folhas são quasi redondas.<br />

As flores amarellas.<br />

O fructo, porém, é de 6 a 12 centímetros<br />

; sua configuração é exactamente<br />

ovoide, e no seu interior é como<br />

se observam nas congêneres.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — A medicina<br />

vulgar emprega o fructo e as folhas nas<br />

hydropisias, em clysteres. E* um pur­<br />

gante violento.<br />

Cabeça dc Frade.— Villarsianym-<br />

phcBoides, Broto e D. C —Fam. das Gencianaceas.—E'<br />

uma planta bonita quo<br />

fluctua nas águas.<br />

Suas folhas são redondas, de peciolos<br />

compridos.<br />

As flores, de um bello amarello côr<br />

de enxofre.<br />

O fructo d'esta planta, que é comes­<br />

tível, é amylaceo.<br />

Ella é uma espécie da que chamam<br />

Golpho ou Gigoga.<br />

Cabeça de negro, ou de mole­<br />

Cabaço marimba. — V. Cabaço que.—Fam. das Cucurbitaceas.—E'uma<br />

de collo.<br />

planta trepadeira agreste do Brasil,<br />

conhecida como tal em Pernambuco e<br />

Cabaço de pólvora. — Cucurbita Parahyba.<br />

pulvis.—Fam. Idem.— Semelhante á Ella abunda no sertão.<br />

espécie precedente; mas a flor é branca, E' um arbusto trepador, de folhas<br />

e o fructo é análogo ao do Cabaço e flores tricortadas.<br />

grogojó.<br />

Na extremidade da raiz brota um bolbo<br />

O d'este porém apresenta um collo mais ou menos desenvolvido, de aspecto<br />

estreitado abaixo do bojo ou engrossa- rugoso, pardo claro, de fôrma variável.<br />

mento, e muitas vezes esse collo faz Quando partido vê-se que compõe-se<br />

outro menor que fica sobreposto. de uma substancia compacta, rígida,<br />

Costumam extrahir-lhe o miolo para humida, da qual se extrahe uma fe­<br />

servirem-se d'elle como polvarinho. cula mui amargosa.<br />

Esta batata é desconhecida na me­<br />

Cabaço do sertão. — Cucurbita. dicina; apenas alguns curiosos conhe­<br />

Fam. Idem. — Vegeta nos nossos sercem as virtudes médicas que ella possue,<br />

tões uma espécie de Cabaço monstro, e fazem uso internamente e em clysteres.<br />

cujos caracteres são os mesmos que Seu effeito é vomitivo e purgativo am<br />

os dos precedentes, tendo porém um certa dose.<br />

fructo monstruoso, cuja casca é for­ Podemos asseverar que é um impoip<br />

mada de um tecido corneo, espesso, tante vegetal, que o paiz possue.<br />

quasi ósseo.<br />

Também lhe dão o nome de Tejuco<br />

Quando preparado serve de vaso para e CabeÇa de moleque.<br />

diversos misteres domésticos.<br />

Ha duas espécies, uma preta e outra,<br />

Os caçadores costumam fazer uns bu­ branca; a preta distingue-se pelo cault,<br />

racos n'estes cabaços, e usam d'elles á escuro.<br />

maneira de mascara para observarem<br />

as caças do rio; mas para isso deitam- PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' um po-t<br />

nos sobre a água por muito tempo até deroso anti-syphilitico, anti-scrophu-<br />

ellas se acostumarem primeiro, e alcanloso, anti-dyarrheico, e anti-febril.<br />

çado isto, entram então no rio, enfiam No tempo da afflictiva epidemia do<br />

n'ellas a cabeça, vão-se chegando a ellas cholera morbus, raro foi o doente tra­<br />

e agarram-nas pelos pés. Apanham-as tado com este remédio que succumbisse.<br />

assim vivas, e sem emprego de arma A dose do pó é uma colher de sopa<br />

de fogo.<br />

todas as manhãs.<br />

Os vasos chamados combucas podem IA tinctura é também muito usada<br />

conter muitas vezes 12 a 15 litros d'agua. nos casos da menstruação difficil.


CAB CAB 91<br />

Cabeçudo ou Coqueiro cabedente ; ou então elle é de três lojas, das<br />

çudo. — Cocos capitata. —Fam. das Pal- quaes duas são vazias.<br />

maceas. — E' uma palmeira de Minas- Do ovario nascem três estyletes, ora<br />

Geraes.<br />

distinetos, ora unidos quasi até ao<br />

ápice.<br />

Cabeça de Cutia. — Myriaspora O fructo é uma drupa monosper-<br />

pubescens.—Fam. das Melastomaceas.— mica, indehiscente, ou dehiscénte.<br />

Arvore mediana do paiz que nas Ala­ A semente em um endosperma duro<br />

goas tem este nome.<br />

e corneo, encerra um embryão axillar<br />

A casca é esbranquiçada.<br />

As folhas oppostas, grandes, ellypti-<br />

e homotropo.<br />

cas, pelludas na face inferior, e aver­ Cabelluda. —Eugenia tomentosa.—<br />

melhadas ou. roixeadas, bem como as Fam. das Myrtaceas. — Arbusto cujos<br />

pontas dos ramos.<br />

As flores, em cachos cruzados, são pel­<br />

fruetos são assucarados e refrigerantes.<br />

ludas.<br />

Os frnctos são redondinhos, de 1 %<br />

Cabiúna.— V. Jacarandá cabiuna.<br />

centímetros, coroados de pellos sedosos Cabo de facão. — Myricaria bra­<br />

e roixos.<br />

siliensis. — Fam. das Tamaricineas. —<br />

Quando maduros, o tegumento ex­ Esta arvore, conhecida nas Alagoas por<br />

terno é membranoso; interiormente a este nome, é de um lenho muito duro ;<br />

massa é aquosa, trigueira, e cheia de ramosa, de casca parda, e folhagem<br />

miudissimos grãos,<br />

miúda, como a dos espinheiros.<br />

O lenho não é dos melhores, porém As flores, em espigas ramosas, são<br />

1<br />

serve para estacas, e combustível. de estruetura ordinária, esverdinhadas<br />

e não grandes.<br />

Cabèllo de negro.— Eritroxylon O fructo é como uma pequena vagem.<br />

campeslre, St. EM.— Fam. das ErytroA<br />

madeira é empregada na marcinexyleasi—É<br />

um arbusto de Minas Geria,- por ser de longa duração ; preferaes.rem-na<br />

para cabos de instrumentos<br />

Suas flores, em feixes ou em cachos, agrícolas.<br />

acham-se agglomeradas nas axillas das<br />

folhas e dos ramos.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.— Sub arbus­<br />

O seu lenho e a casca da raiz, fertos ou arbustos, tendo folhas em geral<br />

vidos em água, constituem um pur­ pequeninas, e invaginantes.<br />

gante.<br />

Flores igualmente pequenas, munidas<br />

de bracteas, e dispostas em espigas<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.— Arvores ou simples, cuja reunião constitue algumas<br />

arbustos de folhas alternas, ou oppos­ vezes uma panicula.<br />

tas, geralmente glabras, munidas de O cálice é de quatro ou cinco di­<br />

estipulas axillares.<br />

visões profundas, raramente fôrma um<br />

I As flores são pequenas, pediculladas, tubo ná parte inferior; suas divisões<br />

jtendo um cálice persistente de 5 divi­ são imbricadas lateralmente.<br />

sões profundas.<br />

A corolla se compõe de 4 ou 5 pé­<br />

Uma corolla de cinco pétalas sesseis, talas persistentes.<br />

e munidas interiormente de uma esca- Os estames em numero de 5 a 10,<br />

i masinha.<br />

raras vezes de 4, são monadelphos pela<br />

Os estames em numero de dez, tem base.<br />

os filetes dilatados na base, unidos O ovario é triangnlar, algumas vezes<br />

entre si e monadelphos interiormente, cercado na base de um disco perigy-<br />

de ordinário persistentes. O ovario é nico.<br />

unilocular, contendo um só óvulo pen­ Elle é unilocular, offerecendo três tro-


92 CAB CAB<br />

phospermas parietaes, com grande nu­ Os estames, em numero duplo do das<br />

mero de óvulos ascendentes.<br />

pétalas, são livres o applicados sobro<br />

O estylete é simples ou tripartido. um disco hypogynico, plano, lobulado,<br />

O fructo é uma cápsula triangular, que guarnece todo o fundo da flor.<br />

de uma só loja, contendo um grande O ovario, algumas vezes excêntrico, é<br />

numero de sementes, inseridas no meio ae três lojas, contendo em geral dois<br />

da face interna das três valvas, que for­ óvulos sobre postos, e inseridos no anmam<br />

a cápsula.<br />

gulo interno de cada loja.<br />

O embryão é erecto, orthotropo, des­ O estylete, simples na base, é triprovido<br />

de endosperma.<br />

fido no ápice, e termina em três estigmas.<br />

Cabo de machado. —É uma ar­ O fructo é uma cápsula, ás vezes<br />

vore agreste que recebe este nome em vesiculosa de 1, 2 ou 3 lojas, contendo<br />

Pernambuco, e que parece ser o Cabo de cada uma d'ellas uma só semente, e<br />

facão das Alagoas.<br />

abrindo-se em três valvas.<br />

As sementes se compõe de um grande<br />

Cahoatan de capoeira. — Cupa- embryão, tendo a radicula curva sobre<br />

nia vernalis, St. EU. — Fam. das Saos<br />

cotyledones; é desprovido de endospindaceas.—hxhviSto<br />

indígena, que cresce perma, e ás vezes enrolado em fôrma<br />

nas capoeiras.<br />

Seu caule é reguado, e quadrangular.<br />

de helice.<br />

As folhas impares, compostas, alter­ Cahoatan de leite.— Mauria lacnas,<br />

oblongas, grandes, ovaes, brilhanlifera.— Fam. das Terébinthaceas.— Artes,<br />

e revestidas de pello macio infevore ou arbusto leitoso, conhecido nas<br />

riormente.<br />

Alagoas por este nome: é natural do<br />

As flores em pequenos cachos, de fôr­ paiz.<br />

ma ordinária e de côr branca escura. Bello arbusto de aspecto aloirado;<br />

O fructo é uma noz coriacea, em fôrma casca parda-, acastanhada.<br />

de pião, que abre em três valvas.. Folhas dispostas em palmas, ovaes,<br />

Contém três sementes pretas, envoltas oblongas e aloiradas.<br />

em uma substancia, que cobre metade Flores, em cachos pyramidaes, miú­<br />

do seu corpo.<br />

das, brancas, tintas de amarello.<br />

Floresce em Setembro.<br />

Fructo pequeno, de 3 centímetros, e<br />

ovoide.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— A casca em­ Sua parte extrema é coriacea, e parda;<br />

prega-se na asthma e na tosse convulsa. a interna, viscosa e contendo uma semente<br />

parda.<br />

Não é comestível.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. — Família<br />

composta de grandes arvores ou ar­<br />

bustos, algumas vezes de plantas herbaceas<br />

e volúveis.<br />

Folhas alternas e geralmente imparipinnuladas,<br />

munidas as vezes de gavinhas<br />

e de estipulas frágeis.<br />

O cálice, de 4 a 5 sepalas livres ou<br />

ligeiramente soldadas pela base, é um<br />

pouco oblíquo e desigual na base.<br />

A corolla, que falta algumas vezes,<br />

é formada em geral de 4 a 5 pétalas,<br />

ora lisas, ora glandulosas, para a parte<br />

média, onde ellas offerecem varias vezes<br />

uma lamina petaloide.<br />

Cangerana cabralea.— Cange-<br />

rana.— Fam. das Meliaceas.— Foi em<br />

memória de Pedro Alves Cabral que<br />

se deu tal nome a esta arvore.<br />

A madeira é notável pela sua belleza,<br />

de côr vermelha arroxeada, e adquada<br />

ás obras internas e ao ar.<br />

Cabujá.— É o Caroatá de rede em<br />

alguns lugares da America Meridional.<br />

Caburaia.— V. Caburaia cabureiba.


CAC CAC 9»<br />

Cabureiba.— Myrocarpus fastigiamente nas bronchites, e externamente<br />

tus, Fr. Aliem. — Fam. das Legumipara<br />

curar as rachas dos beiços, e do<br />

nosas.— É uma das nossas importantes bico dos peitos e do ânus. (Fig. 12.)<br />

arvores..<br />

É excellente madeira de construcção ; CARACTERES DA FAMÍLIA. —Arvores ou<br />

exsuda uma resina, de activissimo arbustos, de folhas alternas, simples,<br />

aroma, mui empregada, e conhecida pelo munidas de duas estipulas oppostas.<br />

nome de Cabureicica.<br />

Flores dispostas em cachos mais ou<br />

menos ramosos, axillares, ou oppostos<br />

Cabureicica.—É a resina forne­ ás folhas.<br />

cida pela madeira acima.<br />

O cálice nú, ou acompanhado de um<br />

caliculo, e formado de 5 sepalas mais<br />

Cacáo ou Cacáoseiro. — Theo- ou menos ligadas pela base, e valvulares.<br />

broma cacáo, Linn. — Fam. das ByttneA<br />

corolla de 5 pétalas lisas, enrolariaceas.<br />

— Arvore indígena das prodas<br />

em /espiral antes de seu desabrovíncias<br />

do norte do Brasil, sobretudo char, mais ou menos concavas e irre­<br />

do Pará e Amazonas, e também da gulares; estas pétalas faltam algumas<br />

Nova Granada.<br />

vezes.<br />

Tronco erecto, de 3 % metros de al­ Os estames, do mesmo numero, de<br />

tura.<br />

numero duplo ou múltiplo do das pé­<br />

Flores alternas, grandes, oblongas, talas, são em geral monadelphos, e o<br />

com a base cordiforme e ligeiramente tubo que elles formam por sua reunião<br />

obliqua; tendo a face superior de uma apresenta muitas vezes appendices pe-<br />

bella côr verde, e a inferior esbrantaloides, collocados entre os estames anquiçada,<br />

apresentando sete nervuras, theriferos; estes appendices são outros<br />

partindo todas da base.<br />

tantos estames abortados.<br />

Flores, em pedunculos solitários, si­ As antheras são constantemente de 2<br />

tuados um pouco acima da axilla das lojas.<br />

folhas, formando cachos.<br />

As carpellas em numero de 3 á 5 são<br />

Còrollas de 5 pétalas de côr verme­ mais ou menos completamente unidas.<br />

lha escura.<br />

Cada loja encerra dois ou três óvulos<br />

Fructo, noz oval, de 18 a 24 centí­ ascendentes, ou um maior numero, inmetros<br />

de comprimento, com 5 sulcos, seridos no angulo interno da loja.<br />

'superfície desigual, sericea, e 5 lojas Os estyletes ficam livres, ou são mais<br />

contendo grande numero de sementes. ou menos adherentes entre si.<br />

Além d'estas espécies de cacáoseiros, O fructo é em geral uma cápsula<br />

ha' outros que mais ou menos se asse­ globulosa, acompanhada pelo cálice, de<br />

melham, e cujas sementes tem o mes­ 3 ou 5 lojas, abrindo-se em outras<br />

mo emprego.<br />

tantas valvas, que freqüentes vezes apre­<br />

O cacáo' serve especialmente para o sentam o septo no meio de sua face<br />

'fabrico do chocolate, que sendo, um bom interna.<br />

alimento, ajuntando-se certas substan­ As sementes offerecem, em um encias<br />

medicinaes, toma o nome de chodosperma carnoso, um embryão erecto.<br />

colate de musgo, de ferro, de salepo,<br />

de araruta, etc.<br />

Cacáoseiro bravo. — Theobroma<br />

Também entra na composição de pre­ guianensis, Wild. — Fam. Idem. — Este<br />

parados analepticos, como são o Raca- arbusto habita nos lugares charcosos da<br />

hout, Palamud, Thebroma.<br />

Guyana.<br />

Também se extrahe d'elle uma maté­ Differe do precedente em ter a folha<br />

ria, a que dão o nome de manteiga derecortada<br />

em de redor, e em ser o fructo<br />

cacáo.<br />

aloirado e pilosó. Segundo Aubl. Cacáo<br />

É emolliente; emprega-se interna­ silvestris.


94 CAF CAF<br />

Cachabú.—É uma espécie de Cardo mispherios; este caroço é corneo, o<br />

que alguns tomam por Jaracatiá. tem um 3ulco na parte plana.<br />

E' esta semente que dá toda a im­<br />

Cachibou.— E' a resina fornecida portância ao Cafezeiro.<br />

pelo Páo de porco.<br />

O gênero Coffea encerra mais de 23<br />

variedades ou espécies, das quaes uma<br />

Cachim.— Também em alguns lu­ faz hoje a base da riqueza do Brasil,<br />

gares significa Borracha.<br />

que é o Cafezeiro arábico.<br />

As primeiras províncias que o cul­<br />

Cachim.—Sapium ilicifolium, Willd. tivaram, foram o Maranhão e Pará;<br />

— Fam. das Euphorbiaceas.— E' uma passou ar­ ao depois á ser cultivado no<br />

vore leitosa da America, com fruetos Rio de Janeiro, d'onde exportam-o em<br />

pequenos.<br />

grande escala para os mercados da<br />

Três amêndoas bastam para um pur­ Europa e Estados-Unidos da America<br />

gante.<br />

do Norte.<br />

O nosso café oecupa um dos pri­<br />

Cachinibo.—Trichophorum, Cachimmeiros lugares em muitos d'esses merbo.—<br />

Fam. das Cyperaceas.— Esta planta cados, porém • se se empregasse no<br />

tem o aspecto de um capim. Brasil maior cuidado, na sua prepa­<br />

E' natural do paiz, e conhecida por ração e cultura, o consumo do café<br />

este nome nas províncias das Alagoas seria muito maior.<br />

e Pernambuco.<br />

O mais bem tratado é muito procu­<br />

Ella fôrma uma touceira como o rado, e vende-se por maior preço como<br />

capim, de folhas estreitas, dispostas acontece com os cafés dos outros pai­<br />

na superfície da terra.<br />

zes, por exemplo o de Moka e o de<br />

Do centro ergue-se um pendão trian­ Bourbon.<br />

gular, e nasce um aggregado de flores<br />

brancas, cheirosas, pequenas, verticil- PROPRIEDADES MÉDICAS.— E' útil conladas.tra<br />

a debilidabe do estômago, dando-<br />

Esta espécie cresce á beira dos calhe força e augmentando a energia<br />

minhos.<br />

própria; ajuda a digestão, accelera a<br />

circulação do sangue, faz alliviar ou<br />

Caeulage.— V. Quitoco.<br />

desapparecer as eólicas flatulentas.<br />

E' um poderoso .tônico e febrifugoJ<br />

Café ou Cafezeiro.— Coffea ará­ O uso do café dissipa a preguiça e<br />

bica, Linn.— Fam. das Rubiaceas.— a Arhjinguidez,<br />

proveniente do excesso de<br />

busto originário da Arábia, cultivado trabalho, ou do abuso de prazeres ve-<br />

em todo o Brasil, e em outros paizes nereos e de bebidas alcoólicas.<br />

intertropicaes.<br />

A medicina popular o emprega con­<br />

Elle é de 2 a 3 metros de altura, tra as dores violentas de cabeça.<br />

frondoso.<br />

A medicina official o emprega na<br />

Folhas verde-escuras, oppostas, lus­ asthma, na coqueluche, catarrhos chrotrosas,<br />

de fôrma ellyptica, e ponnicos, gotta, amenorrhéa, tosse contudas.vulsa.<br />

Flores em feixes nas axillas das fo­ E' tido como um poderoso remédio<br />

lhas, e pelos ramos, brancas como o para combater os effeitos do envene-»<br />

jasmim, e com cheiro.<br />

namento pelo ópio e pelos outros nar­<br />

O fructo de 1 % centímetro, oval, cóticos.<br />

vermelho, com uma casca coriacea, Internamente: Infusão de café tor­<br />

tendo na parte interior uma substanrado, 30 grammas para 250 grammas<br />

cia albuminosa branca e doce; envolve d'agua fervendo.<br />

um caroço, que se divide em dois he- Café verde não torrado [em pó, uma


CAG CAI 93<br />

á duas grammas, de hora em hora,<br />

durante a apyrexia.<br />

Decocção: 30 grammas em 375 grammas<br />

d'agua. Meio calix de meia em<br />

meia hora.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Os fruetos<br />

são assucarados, adstringentes, e applicados<br />

como anti-dysentericos.<br />

Cahatinga.—V. Piassava.<br />

Café do matto. — Gunnera simi- Caiaria.—V. Caacica.<br />

lia coffea.-?- Fam. das Araliaceas.— Arbusto<br />

agreste e indígena, por este Caiané ou Coqueiro caiané.<br />

nome conhecido nas Alagoas. —Elaiis melanococca, Gcetr. — Fam. das<br />

E' pouco esgalhado ; o tronco esbran- Palmaceas. — E' uma palmeira do Pará<br />

quiçado.<br />

e do Rio Negro, que mais ou menos<br />

As folhas pallidas e oblongas. apresenta o typo do Dendeseiro,<br />

As flores, reunidas em feixes espi­ Ella fornece bom óleo.<br />

gados, parecem pevides brancas.<br />

O fructo é vermelho e dá pelo caule; é Caíuana. — V- Cainca do Brasil.<br />

oval obconico.<br />

Cai «ca do Brasil. — Chiococca an-<br />

Caferana — Jacarè-arú, Jacaruarú. guifuga , Mart. — Chiococca racemosa,<br />

— Quassiá do Pará. — Tachia guyanensis, Eumb., Bomp. e Kunt. — Fam. das Ru-<br />

Aubl.—Fam. das Gencianaceas.—Arbusto biaceas. — Esta planta, conhecida em<br />

do Brasil (Amazonas), de 2 metros de alguns pontos do Império por Cainca,<br />

altura, caule quadrangular.<br />

é indígena, e muita semelhança tem com<br />

•" Folhas oppostas, oblongas, acumina- a de Raiz preta.<br />

das na base, e flores amarellas. Tem suas folhas oppostas e as flores<br />

Raiz lenhosa, coberta de uma casca em cachos.<br />

delgada e branca, semelhante no exte­ O fructo é uma cápsula um tanto<br />

rior a da quassia.<br />

comprida, com um núcleo ósseo for­<br />

O lenho é tenro, esbranquiçado e mado por dois caroços (F. 13.)<br />

radiado, de sabor muito amargo.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—Esta planta<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—A raiz e o goza da virtude de ser muito diure-<br />

lenho são muito empregados como tônicos tica; emprega-se a sua raiz.<br />

e febrifugos nas febres intermittentes. A casca é amarga, um tanto adstrin-<br />

Pó, 130 centigrammas.<br />

, gente; o impulso da raiz tem um cheiro<br />

Infusão, 4 grammas para 250 grammas nauseante; é diuretico e purgativo, e<br />

d'água.<br />

dá-se em doses pequenas; em doses<br />

Tintura, 4 a 8 grammas.<br />

maiores produz vômitos contínuos.<br />

E' empregada nas hydropisias, apo-<br />

Cagaiteira. —Eugenia dysenterica, plexias, demência, rheumatismo, sy-<br />

D. C.—Fam. das Myrtaceas.—Myrtus philis, e também contra amenorrhéa*<br />

dysenterica, Mart. —Planta conhecida em<br />

Minas-Geraes por este nome. Cairussú.—Eydrocotyle triflora.—<br />

E' um arbusto de ramos tortuosos; Fam. das Umbelliferas.— Planta herba­<br />

casca lisa; folhas ovaes e lustrosas. cea (da família á que pertence o Coentro).<br />

Flores um pouco grandes e brancas, Ella é aperitiva.<br />

como as flores da goiabeira.<br />

Fructo globoso, coroado dos restos Cai té.—Canna aurantiaca, Rose.—<br />

floraes, e amarello quando maduro. Fam. das Amomaceas.— Planta do Bra­<br />

A substancia externa é uma massa sil semelhante ao Merú.<br />

compacta, espessa e aquosa, envolvendo<br />

um caroço pardo no centro. PROPRIEDADES MÉDICAS.— O cosimento


96 CAI<br />

da raiz é calmante e empregado nas sissimas, encerram n'um endosperma<br />

gonorrheas ; pisada a raiz, serve para carnoso um embrião axillo c erecto.<br />

cataplasma sobre os abcessos.<br />

Ha varias espécies d'este gênero. Calula brava — Centronia crispaphylla.<br />

— Fam. das Melaslomaceas. —<br />

Caiula-açu. — Lobelia viscosa. — Esta planta é conhecida na Bahia pelo<br />

Fam. das Lobeliaceas. — Herva conhe­ nome de Cayuia.<br />

cida por este nome nas Alagoas. É de porte elegante, pequena, e de<br />

É agreste e de altura media. caule pilloso, assim como as folhas;<br />

Seu caule apresenta nós de distan­ porém estas são macias.<br />

cia em distancia, e pellos no ápice Os pellos são roixos, e cobrem a<br />

dos ramos.<br />

planta de tal maneira, que ella toma<br />

É viscosa, de folhas oblongas e um aspecto arroixeado.<br />

grandes.<br />

As folhas um pouco grandes, e as<br />

A flor é conica com dois lábios, de flores brancas.<br />

côr encarnada carmesim.<br />

O fructo oval, e roixo de 1 % cen­<br />

O fructo é uma cápsula comprimida. tímetros ; contendo no interior uma<br />

polpa aquosa, acre, e pequenos grãos.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.— As Lobeliaceas<br />

são ordinariamente plantas herCaiuia<br />

mansa. — Centronia tincbaceas<br />

eu subfructescentes, cheias cm toria. — Fam. das Melatomaceas. — E um<br />

geral de um sueco branco e amargo. arbusto elegante, natural do paiz, que, v<br />

As folhas são alternas, raras vezes tanto em Alagoas como em Pernambuco,<br />

oppostas.<br />

é conhecido por este nome; á primeira<br />

As flores formam espigas, (thyrsos,) vista representa a ortiga.<br />

ou são approximadas em fôrma de ca­ Apresenta caules, folhas, e os órgãos<br />

pitulos.<br />

da fruetificação cobertas de pellos; es9es<br />

Ellas offerecem um cálice gamosé- pellos são alguma cousa arroxeados.<br />

palo, de 4, 5 ou 8 divisões persisten­ As folhas ovaes, meio grandes.<br />

tes, e uma corolla gamopetala regular As florinhas em cachos, brancas e como<br />

ou irregular, tendo o limbo dividido que postas sobre umas jarrinhas, que são<br />

em tantos lobulos quantas divisões os cálices.<br />

existem no cálice, algumas vezes como O fructo é de 1 V% centímetros, redon­<br />

que bilabiada, de prefloração valvar. do, roixo, com uma casca fina: contem<br />

Os estames, em numero de cinco, uma pequena polpa aquosa, escura, e<br />

são alternos com os lobos da corol­ semeada de sementinhas; chupa-se esta<br />

la.<br />

polpa, que é acre-doce.<br />

Suas antheras são livres ou appro­ Esta planta é empregada na tinturaria,<br />

ximadas á semelhança de um tubo. porque produz uma tinta roixa ou preta.<br />

O ovario é infero ou semi-infero, de<br />

duas ou mais lojas polyspermicas.<br />

Caiuia da matta.—Graffenriedia<br />

O estylete é simples, terminado em<br />

macrophylla. — Fam. das Melaslomaceas.<br />

estigma lobulado, ás vezes revestido de<br />

— Também é agreste esta espécie, e só<br />

pellos.<br />

se acha nas mattas; dão-lhe este nome<br />

O fructo é uma cápsula coroada<br />

nas Alagoas.<br />

pelo limbo do cálice, de duas ou mais<br />

É um arbusto de casca parda clara.<br />

lojas, abrindo-se ou por meio de ori­<br />

Folhas grandes, não brilhantes, com<br />

fícios que se formam na parte supe­<br />

as divisões parallelas.<br />

rior ; ou por meio de valvas incom­<br />

Flores em cachos pequenos e brancas.<br />

pletas, e que trazem comsigo uma<br />

Todos os órgãos da fruetificação são<br />

parte dos septos.<br />

cobertos de pellos e arroxeados.<br />

As sementes, pequeninis e numero-<br />

O fructo é globoso, com a dimensão de<br />

CAI


CAI CAI 97<br />

3 centímetros, semelhante ao precedente, Os estames em numero de seis, rara­<br />

de massa aquosa.<br />

mente menos, são livres e hypogynicos.<br />

A anthera tem suas duas lojas apar­<br />

Caiuia vermelha ou grande. tadas por um connectivo muito desen­<br />

Calycogonium punctatum. — Fam. das Mevolvido. *<br />

lastomaceas.— É uma arvore semi-lenho- O ovario offerece três lojas oppostas<br />

sa, que em Pernambuco tem este nome. ás três sepalas externas, cada uma con­<br />

Seu caule é cylindrico, e pelludo. tendo pequeno numero de óvulos ortho-<br />

As folhas oppostas, muito cobertas tropos, inseridos no angulo interno; elle<br />

de pellos vermelhos e macios. tem por cima um estylete que termina<br />

Flores em cachos, brancas, com todos em um estigma simples.<br />

os seus órgãos pelludos.<br />

O fructo é uma cápsula globulosa,<br />

O fructo é uma pequena baga, de menos de três ângulos, comprimida, e de três<br />

de 1 % centímetros, globosa, com muitas lojas, abrindo-se por três valvas, que<br />

sementes.<br />

trazem cada uma um septo no meio da<br />

Esta planta, indígena do Brasil, de face interna.<br />

porte elegante, parece a Caiuia brava das As sementes raras vezes são mais de<br />

Alagoas, mas notam-se-lhe algumas dif- duas em cada loja.<br />

ferenças.<br />

O embryão, em fôrma de pião, é op-<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— É um poderoso<br />

anti-syphilitico, applicado nas ulceras<br />

e cancros venereos.<br />

posto ao hilo, por conseqüência antitropo,<br />

e situado em uma cavidadesinha,<br />

de um endosperma duro e carnoso.<br />

As plantas que compõem esta família<br />

Caiuinha. — Dichorisandra elegans. são herbaceas, annuaes ou vivazes.<br />

Fam. das Commelinaceas —Planta agres­ A raiz é fibrosa ou formada de tuberte,<br />

natural do paiz, assim chamada nas culos carnosos.<br />

Alagoas.<br />

As folhas alternas, simples ou invagi-<br />

É um arbusto elegante que merece ser nantes.<br />

cultivado nos jardins.<br />

As flores lisas ou envolvidas em uma<br />

Seu porte é de 1 a 2 metros.<br />

espatha foliacea.<br />

O caule e ramos são herbaceos; as fo­ Esta família se distingue: 1.°, das<br />

lhas carnosas, em figura de espátula, e Juncaceas pelo porte, pelo cálice, cujas<br />

abarcantes.<br />

três-sepalas interiores são coloridas; pela<br />

As flores em cachos são de um roixo fôrma do embryão; 2.°, das Restiaceas,<br />

purpurino vivo, formando três azas azues igualmente pelo cálice, pela structura<br />

de côr intensa.<br />

da cápsula de lojas dispermicas, e sobre­<br />

O fructo é uma cápsula trigona, com tudo pelo porte que é bem differente.<br />

alguns caroços pretos, redondos, dispostos<br />

em duas ordens em cada comparti- Caixa cobrir ou caixa cobre.<br />

mento, e por conseqüência formando seis — Cactus. — Fam. das Nopaleas oa Cac-<br />

ordens.<br />

taceas. — Arbusto de sertão do Brasil.<br />

E uma arvore mediana de 2 a 3 me­<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. — Família tros de altura pouco mais ou menos,<br />

formada dos gêneros Commelina e Tradesesgalhada<br />

na summidade dos ramos,<br />

cantia, antes collocadas nas Juncaceas, formando e -umbrellas de distancia em<br />

de alguns outros novos que lhes foram distancia ; sem folhas.<br />

reunidos.<br />

As flores são brancas, á semelhança<br />

As flores têm um cálice de seis divi­ de Angélicas.<br />

sões profundas, dispostas em duas or­ O fructo mede 9 centímetros pouco<br />

dens : três exteriores que são verdes e mais ou menos, globuloso, achatado,<br />

ealicinaes, três interiores coloridas e pe- de côr roixa, casca grossa, por dentro<br />

taloides.<br />

escarnada, contendo uma massa mólle<br />

15


98 CAJ CA.1<br />

e doce, cheia de sementinhas pretas.<br />

Come-se essa massa, que passa por<br />

boa.<br />

planta e congênere da Jurubeba. Passa<br />

por desobstruente e depurativa.<br />

Cajaeiro ou Cajaseiro.— Spon-<br />

Cajaty. — É um arbusto de casca<br />

grossa, com as folhas semelhantes ás<br />

dias lutea, Linn. — Fam. das Anacar do Louro.<br />

diaceas. — Em Pernambuco e varias pro­ Dá um fructo amarello, de sabor e<br />

víncias do Brasil é conhecida por este cheiro agradáveis, e que é preso á<br />

nome, no Pará por Tapiriba, e por extremidade do ramo por um pedun-<br />

Acajá em outras províncias.<br />

culo comprido.<br />

O Cajaeiro é uma arvore oriunda do<br />

paiz, elegante por seu porte gigan­ Cajerana.—Cabralia cajerana, Mart.<br />

tesco e sua folhagem disposta syme- — Trichilia cajerana, Vell.— Fam. das<br />

tricamente»<br />

Meliaceas.— Arvore indígena e vegeta<br />

Precede á epiderme do seu tronco no littoral.<br />

uma casca de um tecido fibroso, ru­ É conhecida no Rio Grande do Norte<br />

goso, saliente, de natureza meio cor- por Cajerana, de casca parda, e ramos<br />

tiçosa, que é mui procurada para pelludos nas pontas.<br />

pequenas obras de esculptura.<br />

As folhas dispostas em palmas, são<br />

Suas flores, em cachos, são pequenas duras e sem brilho, e parecem-se á pri­<br />

e brancas, e nada têm de notável. meira vista com as da Aroeira da praia.<br />

O fructo é uma baga amarella de Suas flores em cachos são como pe­<br />

6 centímetros de comprimento, arrequenas Angélicas, esverdinhadas, codondada,<br />

achatada na base ; tem uma bertas de lanugem, e de agradável<br />

pellicula externa fina e lisa, uma polpa cheiro.<br />

pouco espessa, molle, ácida e pouco A frueta muda depois que cresce, e<br />

doce, e interiormente um caroço que parece uma jacasinha de 6 á 9 centí­<br />

é grande, branco, suberoso, e enrumetros; é oval; a superfície é cheia de<br />

gado.<br />

proeminencias, como na jaca, emquanto<br />

•Come-se essa massa, que não é tão verde; dentro ha uma massa amarella<br />

boa ao paladár como ao olfacto, pelo pegajosa, e varias sementes achatadas e<br />

aroma que tem.<br />

angulosas dispostas transversalmente.<br />

Costumam fazer do cajá um xarope Come-se, mas não é de sabor delicado.<br />

próprio para limonadas, geléas e doce.<br />

Poucos annos ha que foram desco­ Caju ou'Cajueiro. — Anacardium<br />

bertas nas raizes d'essa bella arvore occidentale, Linn.— Cassuvium pommife-<br />

tuberas de vários tamanhos, cuja subsrum, Lamck. —Fam. das Anacardiaceas. —<br />

tancia é comestível, porém ainda não É uma arvore importante das Antilhas e<br />

se tem feito experiências a respeito. do Brasil, que vegeta no littoral.<br />

É copada, não se eleva muito, mas<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — O caroço do estende bem seus ramos; a folhagem<br />

cajá é um enérgico diuretico, e deve é pouco densa.<br />

ser tomado em doses moderadas. Suas folhas são simples, ovaes, co­<br />

A casca é adstringente.<br />

riaceas, de côr verde amarellada.<br />

O fructo ácido e refrigerante é muito As flores em cachos pyramidaes.<br />

empregado na hypertrophia do cora-1 Cálice campanulado, com cinco di­<br />

ção, contra as diarrhéas, blenorrhéas, visões.<br />

anginas atônicas, e ulceras do collo Corolla de cinco pétalas, grandes;<br />

do utero e vagina.<br />

5 ou 6 estames, antheras oblongas, ou<br />

arredondadas.<br />

Cajamurú. — Solanum saponaceum, Tem cheiro; umas são côr de rosa,<br />

Dun. — Fam. das Solanaceas. — É uma outras amarelladas.


O fructo é uma noz, reniforme, que o<br />

vulgo chama castanha; é coberta por dois<br />

invólucros, de consistência crustácea,<br />

de côr acinzentada; dá um sueco oleoso,<br />

muito cáustico, que se usa na medi­<br />

cina popular, em applicações externas,<br />

para abrir fontes.<br />

A amêndoa assada é saborosa; e «oberta<br />

com assucar se prepara em confeitos,<br />

que tem melhor sabor do que<br />

as amêndoas doces.<br />

Attribue-se-lhe a singular propriedade<br />

de exaltar as faculdades intel-<br />

CAJ CAJ 99<br />

As flores são pequenas.<br />

O fructo é uma cápsula com a fôrma<br />

de um figo, carnoso, com 4 sementes<br />

côr de rosa, apresentando manchas<br />

mais escuras, e quatro lojas, contendo<br />

cada loja uma d'estas sementes; "ás<br />

veze^ aborta.<br />

A semente é coberta de um corpo<br />

cartilaginoso amarellado.<br />

E' drástica, e até venenosa quando<br />

se administra em alta dose.<br />

Ci»Sú banana. — Anacardium oceilectuaes,<br />

e de desenvolver a memória ; dentale. — Fam. das Anacardiaceas.—E'.<br />

é aphrodisiaca.<br />

uma espécie que se assemelha muito'<br />

O receptaculo é carnoso, e não é outra á precedente.<br />

cousa senão o desenvolvimento do pe- Seus fruetos regulam a dimensão de<br />

dunculo floral, ao que o vulgo chama 24 centímetros; encontram-se em pe­<br />

caju.<br />

queno numero, e são em geral muito<br />

É oval ou redondo, de côr branca. doces.<br />

amarella ou vermelha; de consistência Em Pernambuco estes fruetos são<br />

molle, formado por um tecido carnoso bons, mas em algumas províncias são<br />

e fibroso, cheio de um sueco adstrin­ de má qualidade, como na do Rio<br />

gente, que é saboreado com praser na Grande do Norte.<br />

estação calmosa, em limonadas refri­ O fructo do Cajueiro, na primeira<br />

gerantes.<br />

phase de seu desenvolvimento, recebe<br />

Do sueco prepara-se vinho e vinagre, vulgarmente o nome de Maturi, e com<br />

e do tecido excellente doce.<br />

elle preparam um guizado mui agra­<br />

A madeira é usada na arte de marcinaria.dável.<br />

Fructifica. uma só vez no anno, no Cajueiro bravo.— Trichospermum<br />

verão.<br />

lichen. — Fam. das Flacurtianeas. —Arvore<br />

media, oriunda dos lugares agres­<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— O sueco do tes, isto é, vegeta nos taboleiros e<br />

caju é excitante, adstringente e diu- terras áridas do Brasil.<br />

retico, usado como anti-syphilitico. E' uma pequena arvore, de ramos mui<br />

A mesma arvore dá uma resina muito tortuosos, casca escura fendida, esta-<br />

abundante, que se pôde empregar em ladiça, áspera, mui parecida com a do<br />

vez da gomma arábica.<br />

Cajueiro manso; porém tão áspera que<br />

A casca do tronco é adstringente, e serve de lixa aos marcineiros e tarta-<br />

usa-se em banhos nas inchações das rugueiros.<br />

pernas.<br />

As folhas são seccas, onduladas e<br />

bacas.<br />

Caju de Angola.—Fam. das Eu­ As flores em cachos, são cheirosas.<br />

phorbiaceas.—É unia arvore cultivada Os fruetos são capsulasinhas ásperas,<br />

no Brasil, e assim chamada em Per­ de fôrma navicular, contendo 4 semennambuco".tes<br />

cobertas por um arillo branco na<br />

Com effeito, á primeira vista sup- sua metade, e envoltas em uma subspõe-se<br />

um Cajueiro.<br />

tancia vermelha, um pouco viscosa.<br />

Ella é copada, de folhas ovaes, a Na Bahia e em Sergipe é conhecida<br />

semelhança das do nosso cajueiro, e por Sambaia; em Pernambuco e Ala­<br />

também coriaceas.<br />

goas por Cajueiro bravo.


IOO CAJ CAL<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.—São plantas<br />

de folhas alternas, simplices, inteiras,<br />

algumas vezes coriaceas, persistentes e<br />

desprovidas de estipulas, muitas vezes<br />

marcadas de pontos ou linhas transparentes.<br />

Sins flores são pedunculadas e axillares,<br />

freqüentemente unixesuaes e dioicas,<br />

outras ,vezes hermaphroditas.<br />

O cálice é formado de 3 a 7 sepalas<br />

distinctas, ou ligeiramente soldadas<br />

pela base.<br />

A corolla, que falta ás vezes, se<br />

compõe de 5 ou 7 pétalas, alternando<br />

com as sepalas.<br />

Os estames, em numero definido ou<br />

indefinido, tem os filetes livres ; as antheras<br />

são de 2 lojas.<br />

Estes estames são, assim como a corolla,<br />

inseridos no âmbito de um disco<br />

annullar, que falta raramente.<br />

O ovario é sessil ou estipitado, globuloso,<br />

ora de uma só loja, encerrando<br />

grande numero de óvulos, inseridos em<br />

trophospermas parietaes, cujo numero<br />

é o mesmo que o dos estigmas, ou<br />

dos lobos de estigma, ora de numero<br />

variável de lojas, pelo prolongamento<br />

dos trophospermas e sua reunião no<br />

centro do ovario.<br />

O fructo é unilocular ou plurilocular,<br />

indehiscente ou dehiscente.<br />

As valvas trazem cada uma d'ellas<br />

um trophosperma, ou um septo no meio<br />

da face interna.<br />

Em geral o tegumento exterior da<br />

semente é carnoso e arilhiforme.<br />

O embryão, homotropo e erecto, está<br />

collocado no centro de um endosperma<br />

carnoso.<br />

Os veados comem-a muito.<br />

Cremos que pertence propriamente<br />

ao gênero Cassucium e não ao mesmo<br />

gênero Anacardium.<br />

Cajuhi.— Anacardium humile, Mart.<br />

—Fam.das Anacardiaceas.—Kste cajueiro<br />

natural do paiz é agreste e vegeta em<br />

algumas províncias, especialmente em<br />

Sergipe, aonde abunda nas mattas e<br />

pelas catingas; não é arvore nem propriamente<br />

arbusto ; é subarbusto de 3 á<br />

4 metros de altura, no mais semelhante<br />

ao cajueiro ordinário.<br />

Dá, porém, um caju muito pequeno,<br />

de 3 a é centímetros, que raramente<br />

se come, por ter um azedume intolerável.<br />

Cajuhy ou Cajuim ou Caju<br />

do matto.—E' um cajueiro pequeno,<br />

como pequeno arbusto agreste que vegeta<br />

no Maranhão e no Pará, onde o<br />

chamam Caju do matto.<br />

E' semelhante ao outro Cajuhy; differe,<br />

porém, em ter a frueta mais redonda<br />

e pequena, com a castanha<br />

encravada no ápice.<br />

E' muito doce.<br />

Calamo arosnatico. — E' em<br />

S. Paulo o Junco de cobra.<br />

Calças de velha. — V. Verbasco.<br />

Calumba brasileira. — Simaba<br />

columba, Ried. — Fam. das Rutaceas. —<br />

Esta planta é um arbusto que vegeta nos<br />

nossos sertões e no Amazonas até o Paraguay.<br />

Ella apresenta folhas alternas, pin-<br />

Caju do campo.— V. Cajubi ou nadas ou digitadas, e até simplices.<br />

Cajuim.<br />

Suas flores são brancas, em cachos.<br />

Seus ramos esverdinhados, amarellos<br />

Caju da mata.—Fam. Idem.—É<br />

ou rosados, exhalam algum cheiro.<br />

uma frueta agreste, de 3 a 6 centíme­ Ha mais uma espécie, Simaba humitros<br />

: redonda, oval, tendo exteriormente lis, Ried.<br />

na parte inferior um envoltório carnoso,<br />

da fôrma de um copo.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— É tônica e<br />

Ella é uma noz parda, ovoide, que febrifuga.<br />

issemelha-se a um vaso com tampa;<br />

tem cheiro nauseante.<br />

Calumbi ou Malícia de lio-


CAM CAM «OI<br />

mera.—Mimosa.— Fam. das Legumino­ produz boa luz. Esta resina, esfregada<br />

sas. — E' subarbusto indígena que tem nos pés, preserva dos bichos chamados<br />

a mesma propriedade da Sensitiva ou de pé.<br />

Malícia âe mulher: de contrahir suas fo­ Ha outra espécie que é o Camaçari<br />

lhas pelo contacto dos corpos estranhos. branco.<br />

Em Pernarmbuco dão-lhe o nome de<br />

Malícia de homem, e nas Alagoas de CaCamapú.—Physallis<br />

edulis.— Fam.<br />

lumbi.<br />

das Polanaceas. — Esta planta também<br />

Cresce pelas várzeas, e eleva-se á al­ em Pernambuco é conhecida por Batura<br />

de 1 % metro pouco mais ou metetesta.nos ; tem o caule cylindrico, com espi­ E' indígena, e dá em quasi todas as<br />

nhos.<br />

províncias do Império.<br />

Folhas em palmas e miudinhas como E' esgalhada, de côr verde palha,<br />

na outra; as flores também, mas a fruta folhas ovaes, arredondadas e de mar­<br />

é uma vagem recta, e não enroscada gens sinuosas.<br />

como na Sensitiva ou Malícia de mulher. As flores cinzentas,, franzidas.<br />

O fructo , depois de desenvolvido,<br />

Calunga. — Simaba ferruginosa, St. offerece o envoltório da base da antiga<br />

EU. Fam. das Leguminosas. — E' uma flor, que fôrma como que um casulo'<br />

arvore de folhas imparipinnadas, e fo­ conico anguloso, onde aquelle se acha<br />

liolos ellypticos.<br />

encerrado.<br />

Flores em panicula composta, sub- Os meninos brincam com essa frucsesseis,<br />

com bracteas curtas.<br />

tinha, batendo, depois de sopral-a, na<br />

A casca e a raiz d'esta planta contem testa; dá um estalo, se arrebentar o<br />

principio extractivo amargo.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' empre­<br />

envoltório que está cheio de ar.<br />

Come-se, mas é insipida.<br />

gada em pó ou em cosimento interna­ PROPRIEDADES MÉDICAS.—E' diuretico<br />

mente nas dyspepsias, febres terças, hy- e calmante, empregado na dysuria; seu<br />

dropisias; e também contra o prolapso cosimento é útil nos catarrhos, seus<br />

do recto, em clysteres.<br />

caules são depurativos, e os fruetos<br />

desobstruentes.<br />

Camaçari vermelho ou de ca- O cosimento applicado internamente<br />

runcho.— Caraipa pyramidata. — Fam. é também útil nos rheumatismos ehro-<br />

das Ternstroemiaceas.—0 Camaçari é uma nicos e nas affecções da pelle, assim<br />

madeira conhecida em Pernambuco e como empingens etc.<br />

outras províncias por este nome.<br />

O sueco applica-se na dose de 60 a<br />

E' uma das mais bellas arvores do 90 grammas.<br />

paiz.<br />

O extracto na de 50 a 100 centi­<br />

E' alta, de fôrma pyramidal, folhagem<br />

densa, folhas ovaes e regulares.<br />

grammas e o pó na de 4 grammas..<br />

As flores em cachos são como jasmins,<br />

brancas, e com as pontas tor­<br />

Câmara.—V. Camará de chumbo.<br />

cidas.<br />

Cantar á-apeha.— V Mentrasto.<br />

O fructo é uma cápsula de três<br />

valvas, com algumas sementes. Camará-bilro.— V. Páo Pereira.<br />

O Camaçari vermelho é uma madeira<br />

de construcção; seu cerne é pardo ou Cantará de boi.—Chrysocoma pa-<br />

castanho, mas muda de côr.<br />

rallelinervia.—Fam. das Compostas. — E'<br />

Emprega-se em traves, frexaes, por- um arbusto semi-herbaceo, e por tal<br />

taes, e serve para taboado.<br />

nome conhecido em Alagoas.<br />

Dá uma resina combustível,- que] Suas folhas lanceoladas, oppostas e


to* CAM CAM<br />

de ^erde desmaiado ; esmagadas desen­ Tem uma pellicula fina, que cobre uma<br />

volvem cheiro; são baças, tem flores massa molle quasi liquida côr de chumbo,<br />

brancas, em cachinhos.<br />

com uma semente no centro, que tem<br />

Os fruetos são pequenos, contendo toda a analogia com p chumbo bastardo.<br />

sementes coroadas de um feixe de Esta planta, segundo um autor euro-<br />

penugem branca.<br />

pêo, tem as propriedades da Eerva ci­<br />

O gado vaceum gosta muito d'este dreira.<br />

vegetal.<br />

Entre nós é uma das plantas que gosão<br />

de virtudes therapeuticas, e presta-<br />

Cantará branco. — V. Cravinho se á varias applicações médicas.<br />

de campina.<br />

Martius apresentou sete espécies de<br />

Lantana — Câmara aculeata, involucrata,<br />

Cantará de Capoeira.— Verbena Linn. — Brasiliensis, Sellomiana , Link.<br />

quadrialata.—Fam. das Compostas.—Tam­ — Pseudothea, St. EU. — Microphyla<br />

bém chamam a esta planta nas Ala­<br />

Mart.<br />

goas Mitcamba.<br />

É um arbustosinho agreste e natural Camará tio Rio Grande do<br />

do paiz, cujo caule é alado nos quatro Sul. —Lantana zellovoiana, Link. — Di-<br />

ângulos, como um babadinho foliaceo.<br />

dynamia Angyospermia, Linn. — Fam. das<br />

As folhas, o caule e os ramos são<br />

Verbenaceas. — E' planta congênere do<br />

de côr verde azulada ou esbranquiçada.<br />

Camará de chumbo.<br />

As flores são brancas e miúdas.<br />

Mais ou menos suas virtudes são<br />

Dá um fructo, cujas sementinhas são<br />

iguaes ás do precedente.<br />

pretas e ornadas de duas pontas.<br />

Cantará-tinga. —Lantana iuvolu-<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Usa-se seu<br />

crata,Linn.—Fam. das Verbenaceas.—K'<br />

cosimento, internamente e em clysteres,<br />

uma planta mais ou menos igual ao<br />

, em pequenas doses, na cura dos catarrhos<br />

' com tendência a asthma.<br />

Camará de chumbo.<br />

Tem, porem, as folhasternadas,e é aromatica.<br />

Cantará de Cavallo. —V Malmequer<br />

grande.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Sua infusão<br />

Cantará de chumbo.— Lantana é proveitosa nos catarrhos. O sueco<br />

spinosa, Linn —Fam. das Verbenaceas.— das folhas misturado com assucar branco<br />

Pelo nome de Camará é esta planta co­ é empregado mui freqüentemente em<br />

nhecida em todas as províncias, e por Pernambuco nas moléstias dos pulmões.<br />

Camará de chumbo no sertão.<br />

. i<br />

E' um arbustosinho engraçado, a que Cam ar am baia. — Jussiaa scabra,<br />

não se dá a importância devida, por­ Wi lld. — Fam. das Onagrariaceas. — É<br />

que é muito commum.<br />

u ma planta herbacea, muito coberta<br />

Seu caule ramifica-se desde a raiz, de pellos.<br />

formando muitos galhos cruzados, que Usa-se na tinturaria.<br />

formam mouta; tem pequenos espinhos<br />

nos ramos.<br />

Cantarasi nho.—Lantana camará,<br />

Suas folhas ovaes, recortadas em roda Linn. — Fam. das Ve rbenaceas. — É um<br />

são baças, ásperas, e com cheiro aná­ subarbusto, conhecido por este nome em<br />

logo ao da Eerva cidreira.<br />

Pernambuco.<br />

As flores, dispostas em capitulo, ora Seus caules formam soqueira, e as ver-<br />

vermelhas, ora amarelladas.<br />

gonteas cruzadas inclinam-se sobre os<br />

Dá um fructo globuloso, do tamanho e outros vegetaes.<br />

da côr de um bago ou grão de chumbo No mais é semelhantissima ao Camará<br />

de espingarda.<br />

de chumbo, com excepção das flores que


CAM CAM 103<br />

são de côr de lyrio ou violeta; não tem Caule fraco, côr de castanha.<br />

espinhos.<br />

Folhas alternas, de côr verde pal-<br />

Goza das mesmas propriedades do lida, fuscas e ovaes.<br />

outro.<br />

Flores em cachos, nas extremidades<br />

Também o chamam Camará branco. dos ramos, de linda côr de rosa.<br />

O fructo é redondo, e contem seis<br />

Camarinhas. — Eupathorium ál­ sementes, dispostas circularmente.<br />

bum, Willd e Linn. — Fam. das Compostas. Não tem cheiro esta flor.<br />

— É üma planta da America Meridional,<br />

de caule erecto, folhas lanceola, dás floCambucá.<br />

— Eugenia eãulis — Camres<br />

alvas em cachos.<br />

bucá. — Fam. das Myrtaceas. —Frueta<br />

As sementes são febrifugas.<br />

dos sertões de Pernambuco, do Rio de<br />

Janeiro e de Minas Geraes.<br />

Cantbui.—Schinus rhoifolius, Mart. O Cambucá é o fructo do Cambucaseiro.<br />

—Fam. das Terébinthaceas. —É uma espéTem<br />

seis a nove centímetros mais ou<br />

cie de Aroeira, e tem os mesmos usos menos, é de fôrma redonda, e amarello<br />

que ella.<br />

côr degemma de ovo.<br />

Cantboim ou Cambui. — Euge­<br />

Tem a superfície lisa e lustrosa, casca<br />

fina, ligada a üma massa gelatinosa, esnia<br />

tenella, D. C. — Myrtus tenella, pessa Mart. e molle, encerrando um núcleo ou<br />

— Fam. das Myrtaceas. — Fruetinha do semente redonda, oblonga de côr roixa,<br />

paiz, conhecida por este nome em Per­ um pouco oleosa.<br />

nambuco, Bahia, Alagoas, S. Paulo e O cambucá é doce e agradável.<br />

Minas Geraes.<br />

O caroço que encerra é adstringente,<br />

Provem de um arbusto, de tronco ra­ e a polpa é tão salutar e innocehte, que<br />

moso e liso, ramos Terticaes, folhas pe­ se dá aos enfermos.<br />

quenas, estreitas e lustrosas.<br />

Usa-se como refrigerante.<br />

As flores, em feixes, abundantíssimas,<br />

•<br />

occupam todos os pontos da axilla das Cantbuhy. — Eugenia crenata. —<br />

folhas e ramos ; são brancas e chei­ Fam. das Myrtaceas.— Não será á Eurosas.genia<br />

crenulata de Willd e o Myrtus<br />

O fructo é globuloso, de 1 1/2 á 3<br />

crenulatus de Swart ?<br />

centímetros de diâmetro, coroado pelos<br />

fragmentos do cálice, de côr roixa, ou<br />

vermelha escura, quando maduro.<br />

Camelão.—- V. Capim coco.<br />

Seu tegumento externo é membranoso,<br />

lusente, unido á uma polpa escura, Campainhas.—Convallariamajalis,<br />

aquosa com pouco tecido flbroso. Linn.—Fam. das Asparagaceas ouBorra-<br />

È' doce, com um resaibo adstringente. gaceas.— Planta da Europa aclimada em<br />

Tem no centro uma semente esphe- nosso solo para jardins.<br />

rica, dividida em duas partes.<br />

Herva vivaz, e que tem raiz bulbi-<br />

Floresce no Sul, em Janeiro e Fevefera.reiro, e em Pernambuco, em Abril e Suas folhas são radicaes, á seme­<br />

Maio.<br />

lhança do Ananazeiro e dos Capins-açús.<br />

Nasce do centro das folhas um pe-<br />

Cambraia ou Melpires.— Maldunculo nú, onde se desenvolvem as<br />

pighia ilicifolia, MU.— Fam. das Mal- flores de côr branca, reunidas em uma<br />

pighiaceas.—Arbusto da America Meri­ espiga; oecupando um só lado da indional,<br />

que serve de ornamento de serção, são brancas ou rosadas, e com<br />

jardim.<br />

cheiro.<br />

Sua altura regula de 2 metros e 64 Ha três espécies que florescem em<br />

centímetros á 4 metros e 40 centímetros. Maio, e são mui cultivadas nos jardins


10 1 CAM CAN<br />

Cantpanilla.—Coutaria,campanilla, atravessado por cordões de palha dc<br />

D. C.—Fam. das Rubiaceas.—Arvore que arroz.<br />

vegeta no Amazonas.<br />

A Camphora adhere á palha do arroz,<br />

Tem as folhas ovaes, as flores brancas, abi se deposita com uma côr cin­<br />

e um fructo oval, comprimido. zenta, e assim é transportada para<br />

a Europa com o nome de Camphora<br />

Cantpechelro.—Eematoxylum,cam- bruta.<br />

pechianum, Linn.—Fam. das Leguminosas. Para a purificar, sublima-se á banho<br />

Esta arvore é do México, mas tratamos d'areia em um matraz, cuja abobada<br />

d'ella aqui, por ser crivei que também tem uma abertura; é porisso que a<br />

exista nas regiões do norte do Brasil. Camphora se apresenta com a fôrma<br />

O Campecheiro é uma arvore de boa de pães concavo-convexos, furados no<br />

altura.<br />

centro.<br />

Sua folhagem brilhante é disposta<br />

em palminhas symetricas dispostas. PROPRIEDADES MÉDICAS.— A Camphora<br />

Suas flores, em cachos, são amarellas, goza de acção excitante, e anti-pas-<br />

e fragrantes.<br />

modica.<br />

O fructo é uma vagem comprimida, E' aconselhada internamente em<br />

contendo dois ou três grãos.<br />

grande numero de moléstias, taes como<br />

A madeira do Campecheiro é ama­ o typho, as erysipelas, a febre puerrella<br />

externamente, e no âmago é roixa peral, a pneumonia, a bronchite, as<br />

ou escura.<br />

affecções rheumaticas, gotosas, e ner­<br />

Todos sabemos que o Campeche é vosas, as convulsões, etc.<br />

empregado na tinturaria, para tingir Externamente nas torceduras, con­<br />

de- preto os tecidos ; mas elle também tusões, etc. ; finalmente a Camphora é<br />

é usado na medicina, como adstringente, empregada contra os envenenamentos<br />

contra as diarrhéas chronicas, e he- pelos narcóticos.<br />

morrhagias.<br />

E' reputada anti-septica. Serve para<br />

preservar os objectos da economia do­<br />

Cantphoreira.—Laurus camphora, mestica, taes como roupas, moveis,<br />

Linn. e Rich. — Fam. das Lauraceas.— etc, da accão destruidora dos insectos<br />

Arvore indígena da China e do Japão. damninhos; é em virtude de sua pro­<br />

Aclimada no Brasil, no extincto Jarpriedade anti-septica que usa-se nas<br />

dim Botânico da cidade de Olinda, e febres pútridas, etc.<br />

também nos jardins do Rio de Janeiro.<br />

Arvore bastante alta, tronco recto, Canambaya.— Cactus phyllanthus,<br />

dividido na parte superior.<br />

Vetl. — Fam. das Cactaceas. — Arbusto<br />

Ramos glabros, de um verde amarel- congênere dos Mandacarus, cujo fructo<br />

lado, e freqüentemente avermelhados. tem o sueco doce, mucilaginoso e re­<br />

Folhas alternas, com peciolo curto, frigerante.<br />

ellypticas ou ovaes, .acuminadas, inteiras,<br />

glabras, um pouco luzentes por PROPRIEDADES MÉDICAS. — Emprega.se<br />

cima, e coriaceas.<br />

Flores em corymbos longamente pe-<br />

nas febres gástricas e biliosas.<br />

dunculados.<br />

Fructo do tamanho de uma hervi-<br />

Canaponga. — V. Mangue branco.<br />

lha, ovoide, luzente, de côr purpurea Candeia.— Vernonia norceboracensis,<br />

denegrida quando maduro.<br />

Wild.—Fam. das Compostas.—Planta<br />

Extracção da camphora. — Dividem-se da America do Norte, cultivada nos<br />

em achas o tronco, a raiz e os ramos jardins do Brasil.<br />

da Camphoreira, e distillam-se a brando É herbacea, de 1 a 2 metros; de<br />

calor num alambique, cujo capitei é altura.


CAN CAN' «o:<br />

Suas folhas são lanceoladas e com­ Lauraceas. — E' uma arvore do Ceylão,<br />

pridas.<br />

porém acelimada nas Antilhas, na Guy-<br />

As flores, em cachos, purpurinas e boanna, no Brasil (sobretudo nas provínnitas.cias<br />

do Norte), de 6 a 7 metros de al­<br />

Ha muitas espécies.<br />

tura, medindo o tronco 30 a 40 centímetros<br />

de diâmetro.<br />

Candeia. — Lychonophora, Mart. — Folhas irregularmente oppostas, cur-<br />

Fam. Idem. —Arbusto natural do paiz, tamente pecioladas, ellypticas ou ovaes,<br />

de caule tortuoso.<br />

lanceoladas, inteiras, pontudas, lisas,<br />

Seu lenho, quando secco, queimando- verdes por cima, acinzentadas por baixo,<br />

se dá uma luz clara, sem fumaça, e coriaceas, com três nervuras, raras ve­<br />

dispensa o azeite no sertão.<br />

zes cinco, longitudinaes, bem marcadas<br />

Um tição de fogo d'esta madeira, preso com um grande numero de veios trans-<br />

á parede, allumia como um archote. versaes.<br />

Flores amarelladas, pequenas, dispos^-<br />

Candeia das Alagoas. — Chrysotas em paniculas terminaes.<br />

bolanus ardentis. —Fam. das Chrysobola- A Canella de Ceylão apresenta-se em<br />

neas.— Arvore conhecida nas Alagoas, e cascas delgadas papyraceas, enroladas<br />

indígena do paiz.<br />

em tubos da grossura de um dedo, e do<br />

Suas folhas ovaes são quasi redondas comprimento de 50 centímetros ; ás<br />

no ápice, e coriaceas.<br />

vezes estes tubos são mais pequenos, li­<br />

As flores, excessivamente miúdas em sos, de cor amarella avermelhada ou<br />

cachos diffuzos, e de cor branca. fulva..<br />

0 fructo mui pequeno.<br />

Sua fractura é irregular.<br />

Esta arvore dá também nas regiões do A Canella tem cheiro e sabor agradá­<br />

Sul.<br />

veis ; é a principio doce, depois acre e<br />

O lenho quando queimado arde como urente.<br />

um facho sem se apagar:<br />

Extrahe-se a Canella das arvores que<br />

tenham pelo menos cinco annos.<br />

Candieiro.—V. Candeia.<br />

Cortam-se os ramos, tira-se a epiderme,separa-se<br />

a cascado ramo, epõe-se á<br />

Candeia.—Cladonia sangüínea, Mart. seccar; • é então que as cascas se enro­<br />

— Fam. das Lichenaceas.—E' uma planta lam sobre si mesmas como apparecem no<br />

das mais importantes do reino vegetal. commercio.<br />

Umas arrojadas pelo mar vêm dar ás O óleo essencial de Canella ordinaria­<br />

costas marítimas ; outras desenvolvemmente nos vem da índia. (Fig. 14.)<br />

se em terra com differentes caracteres,<br />

e, quasi sempre parasitas, tem coíes vi­ PROPRIEDADES MÉDICAS.—Estimulante<br />

vas e brilhantes.<br />

e tônica, é empregada nas digestões len­<br />

O Candeia triturado com água ,e assutas, vômitos nervosos, febres adynamicar<br />

é optimo contra as aphtas das creancas, escorbuto, escrophulas e leucorrhea.<br />

cas.<br />

Internamente: Pó, 6 á 12decigrammas<br />

Em S. Paulo e Minas .tingem-se os 4 grammas para 400 grammas d'agua<br />

cestos e as esteiras como sueco d'esta fervendo.<br />

planta.<br />

Agoa distillada, 30 á 60 grammas em<br />

Ha varias espécies.<br />

uma poção.,<br />

Nos lugares arenosos e nas restingas Tintura, 2 á 4 grammas.<br />

do Rio de Janeiro encontram-se as espé­ Óleo essencial, 3 á 6 gottas.<br />

cies Cladonia pixidata e Clad. perfoliata.<br />

Canella batalha. —Grande arvore<br />

Canella ou Canelleira. — Lau- que vegeta nas províncias do sul do Imrus<br />

cinnamomum, Linn. e Spl-—Fam. das pério.<br />

16


flOtt CAN<br />

O sen tronco é de grossura maior do<br />

(jue o de qualquer das outras Canellas.<br />

Os falqueijadores lutam com grande<br />

difficuldade para derribal-a.<br />

A madeira é de inferior qualidade, de<br />

aspecto ligeiramente assetinado, e côr<br />

branca suja,<br />

v<br />

Jaueiro.— Barbacenia.—Fam. Idem —<br />

Este gênero é muito próximo do Vellosia.<br />

Seus caracteres são os seguintes :<br />

Cálice gamosépalo, quinquelobado,<br />

inchado, coberto de pellos glandulosos.<br />

Seis pétalas e seis estames ; de filetes<br />

largos, superiormente denteados, e<br />

Canella branca. — Wintheriana apoiando as antheras lateralmente.<br />

canella, Linn.— Canella alba, Svcart.— O ovario com um estylete e um es­<br />

Fam. das Meliaceas. — Arvore que cresce tigma.<br />

no Amasonas e nas Antilhas.<br />

O fructo uma cápsula alongada trival-<br />

Suas folhas são obovaes e coriaceas. ve, e polysmermica.<br />

Suas flores azues.<br />

É pouco conhecida ainda esta planta.<br />

O fructo é uma baga.<br />

Sua madeira, com quanto seja própria Canella dc ema do sertão.—<br />

para construcção, éde qualidade inferior. Coslus.—Fam. das Amomoceas.—Arbusto<br />

agreste, natural do paiz, vegeta nos<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—Pode ser ap­ terrenos áridos, pedregulhosos, etc.<br />

plicada como tônica e tebrifuga.<br />

Sua altura regula de 110 a 132 centímetros.<br />

Canella de cheiro. — Oreodaphne O caule pouco esgalhado, com arti­<br />

opifera, Mart. —Fam. das Lauraceas.— culações.<br />

Planta qne cresce no Rio Negro, As folhas grandes, reunidas na sumidade<br />

dos ramos.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. —Distilla esta As flores em espigas, de escamas<br />

arvore um óleo aromatico, que se em­ imbricadas, e vermelhas.<br />

prega nas contracturas dos membros,nos O fructo é uma bagasinha.<br />

rheumatismos, etc,em fricções ou em fôr­ O caule desta planta é semi-herbaceo<br />

ma de unguento.<br />

e fibroso.<br />

Os sertanejos preparam e fazem d'ella<br />

Canella de ema.— Vellosia marí­ esteiras, e coxins próprios para cantima.<br />

— Fam. das Eoemodoraceas, Polyagalhas.delphia icosandria,- Linn. — Esta planta<br />

serve para tapamento das paredes das Canella limão.—Bella arvore; o<br />

casas, nos lugares aonde não se encontra lenho é de um amarello pallido, um<br />

barro para tijolo, e também serve para tanto ondeado, assetinado, e de um<br />

combustível em razão de ser muito oleosa tecido frouxo.<br />

ou resinosa.<br />

E' aproveitado, se bem que em algu­<br />

E' do porte mais ou menos de algumas mas obras internas.<br />

Yuccas, como também a Arvore ou Vella Na medicina domestica cosinha-se a<br />

de pureza, etc<br />

casca, dá-se a beber para combater<br />

Suas folhas são longas e largas.<br />

O caule é elevado.<br />

dores de peito.<br />

As flores, no ápice dos ramos, são soli­ Canella do matto.—Linaria arotárias,<br />

bonitas, grandes, brancas, amamatica, Arr. Cam.—Fam. das Scropkularellas<br />

e côr de lyrio.<br />

riaceas.—Esta planta é oriunda de Per­<br />

O fructo é escamoso ou coberto de asnambuco.peresas. Vegeta no paiz.<br />

É aromatica, e dá boa madeira.<br />

Canella do matto. — Croton macu-<br />

Canella de ema do Rio de | latum.— Fam. das Euphorbiaceas.— Esta<br />

CAN


CAN CAN 1®7<br />

arvore agreste é conhecida no sertão<br />

das Alagoas por este nome.<br />

Tem um aspecto particular e. engraçado.<br />

A casca é maculada de branco.<br />

Os ramos são frágeis, as pontas<br />

louras.<br />

As folhas tem a pagina inferior coberta<br />

de uma penugem esbranquiçada;<br />

são ovaes.<br />

As flores são em cachos, e pubescentes.<br />

O fructo é uma cápsula de seis coccas<br />

orbicular, coriacea, tomentosa, contendo<br />

três sementes; é de três valvas que<br />

se abrem, apresentando as três sementes<br />

ovoides, envoltas no arillo; a amêndoa<br />

é oleosa.<br />

O lenho d'esta arvore é branco e<br />

fraco.<br />

Floresce uma só vez no anno: em<br />

Fevereiro e Marco.<br />

*<br />

As extremidades dos ramos correspondem<br />

á metade da altura da arvore.<br />

Folhas terminaes, agglomeradas nas<br />

partes extremas dos seus peciolos.<br />

As flores são unisexuaes, monoicas,<br />

imperfeitas, e pequenas.<br />

As flores masculinas occupam as partes<br />

mais elevadas, e maior extensão<br />

dos pedunculos.<br />

As do sexo feminino são constantemente<br />

em numero de três, e estão situadas<br />

inferiormente.<br />

O fructo é uma cápsula tricoca, resultante<br />

da união feita na terça parte<br />

do dorso das folhas carpellares, de<br />

Canella preta. — Agathophyllum<br />

sorte que a sua superfície apresenta<br />

três ângulos fortemente reintrantes.<br />

As linhas que representam as suturas<br />

dorsaes, que são as nervuras principaes<br />

das primitivas folhas, são bem<br />

visíveis; estas são triloculares.<br />

Cada loja contém uma semente, cujo<br />

episperma é membranoso, e de aspecto<br />

vitreo.<br />

aromaticum, Linn. — Fam. das Laura- A amêndoa, cujo embryão está enceas.<br />

— Arvore cuja madeira serve para volvido por um endosperma, é branca.<br />

construcção.<br />

*<br />

Canella de veado brava ou<br />

Canella preta.— Nectanãramollis, Pitiá café.— Casearia similia,coffea.—<br />

Nies.—Laurus atra, Vell.—Fam. das Fam. das Samidaceas.<br />

Lauraceas.<br />

Arbusto agreste e natural do paiz,<br />

que vegeta no littoral, e é conhecido em<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — As folhas Pernambuco por esses nomes.<br />

d'esta planta passam por diuréticas, car- É baixo e bem esgalhado.<br />

minativas e emmenagògas.<br />

Folhas ovaes, lanceoladas, oblongas<br />

e lustrosas.<br />

Canella fedorenta ou fétida.<br />

Flores brancas, miúdas, em feixes,<br />

— È uma bella arvore, que seria muito nas axillas das folhas, e na extensão<br />

estimada se não exhalasse um cheiro do caule.<br />

tão desagradável e repugnante.<br />

O fructo é uma bagasinha, como<br />

Todavia este inconveniente desappa- uma azeitona, que abre-se por si, mosrece<br />

ou diminue com o tempo, e a matrando três sementes vermelhas ; é roixo<br />

deira pôde ser empregada em taboas de por fora.<br />

forro e soalho.<br />

Algumas pessoas comem-n'o.<br />

Sua côr é mais clara, e não possue Esta planta floresce em Janeiro e<br />

o brilho particular das outras canellas. Fevereiro.<br />

É em geral imprópria para as obras Também chamam-n<br />

expostas ao ar.<br />

v a Assa-peixe, em<br />

Sergipe.<br />

Canella de veado. — Fam. das Canella de veatlo mansa das<br />

Euphorbiaceas — Arvore pouco elevada, Alagoas.—Eugenia multícàuliSi—Fam.<br />

copada, pouco espessa.<br />

das Myrtaceas.—Este arbusto, que ve-


108 CAN CAN<br />

geta pelas capoeiras do Brasil, é co­ dos nós, formando uma bainha, que ennhecido<br />

nas Alagoas e em Pernamvolve ou todo ou parte do merithalo subuco<br />

por este nome.<br />

perior.<br />

Cresce mais ou menos até 4 metros. As flores se agrupam cm uma florescên­<br />

Seus caules se multiplicam da base cia composta sobre um caule, a que cha­<br />

da planta, formando touceiras. mamos flexa, da qual procedem gradu­<br />

A casca é fina, lisa e desprende-se almente outros caules, em roda dos quues<br />

naturalmente em lâminas. E' de côr de ficam dispostas em paniculas, simulando<br />

canella avermelhada.<br />

uma espiga.<br />

As folhas são oppostas, ovaes, pe­ O fructo contem uma semente oblonga,<br />

quenas e lustrosas.<br />

envolta pelas valvas, ou invólucros flo­<br />

As flores brancas, em cachos, com raes.<br />

algum cheiro.<br />

Da raiz fibrosa so elevam os caules ar­<br />

O fructo é uma baga oval, arredondada. ticulados, guarnecidos de 40 ou 50 nós,<br />

de 2 centímetros de diâmetro 0 com<br />

fragmentos dos envoltórios floraes no<br />

mais ou menos approximados, conforme<br />

o desenvolvimento da planta.<br />

ápice, tendo quando maduro a côr Folhas abarcantes na sua base, com o<br />

roixa avermelhada, e a casca mem- comprimento de 1 % metro e largura de<br />

branosa, unida a uma polpa trigueira, de 3 a 6 centímetros, com suas nervu­<br />

aquosa e acre-doce.<br />

ras longitudinaes.<br />

Tem um e algumas vezes dois ca­ Esta planta é importante, pois d'ella<br />

roços no centro, e da mesma côr. se extrahe a substancia tão conhecida<br />

O lenho d'este arbusto tem muita com o nome de assucar, hoje matéria<br />

flexibilidade ; porisso os meninos tiram de primeira necessidade para quasi<br />

d'elle vergonteas para apanhar pássaros. todos os povos da terra.<br />

A canna de assucar passa p*or ser<br />

Canellinha. — V. Casca preciosa. originaria das índias Orientaes ; pelo<br />

menos até agora não se tem provado<br />

Caitinana de Minas.— Chiococca de modo evidente que esta planta se<br />

densifolia, Mart. — Fam. das Rubiaceas. tenha encontrado ab origene em outros<br />

— Planta oriunda de Minas Geraes. pontos do globo.<br />

É iima trepadeira, de folhas ovaes Os antigos conheciam o assucar?<br />

e flores brancas e aromaticas. Esta questão pôde ser resolvida facilmente,<br />

consultando-se os auetores gre­<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — A raiz d'esta gos e latinos, onde se acharão consi­<br />

planta é drástica, e diuretica; é empregnados os nomes de Mel de canna, Sal<br />

gada nas hydropisias e opilações. de canna e também algumas vezes de<br />

Dá-se na dose de 1 a 2 grammas do Saccharum.<br />

extracto, e de 4 grammas do pó.<br />

Mas, pela maneira porque estes aue­<br />

Sua infusão é feita na proporção de tores se exprimem, vê-se que conheceram<br />

15 a 20 grammas para 225 grammas d'a- o assucar, não crystalisado nem refigua.nado,<br />

mas em xarope ou nó estado a<br />

que entre nós se dá o nome de rapa­<br />

Canna de assucar.— Saccharum dura.<br />

officinarum, Liun. —Arundo saccharifera, O illustre Humboldt presume que<br />

Pison.— Fam. das Graminaceas. A Canna desde mui remota antigüidade, os Chins<br />

de assucar, Saccharum officinarum cultivavam de a Canna, e conheciam o<br />

Linnêo, Saccharopharum de Necker, permodo<br />

de purificar o seu sueco, e de<br />

tence á familia das Graminaceas de crystalisal-o.<br />

Kunt, e a Triandra digynea de Linn. Os etymologistas querem que a pa­<br />

O seu caule é cylindrico e articulado. lavra Saccharum ou assucar venha do<br />

As folhas nascem da circumferencia termo Sanscrito Scharkara, cousa doce.


CAN CAN 109<br />

Os persas chamam ao assucar Sckaka, Os árabes deram o nome de Zuccar athes-<br />

e os indios Suchur.<br />

ser ao sueco concreto de uma nova planta<br />

Os egypcios, em eras remotas, se­ da familia das Apocynaceas, cujas qualinhores<br />

do commercio da índia, foram dades eram análogas ás do Sal indiano.<br />

substituídos pelos habitantes de Tyro e Avicennes faz menção de três quali­<br />

de Sidon; mas depois da conquista dades de assucar: o Zucar arundineum<br />

de Alexandre, e da creacão da cidade ou sal indiano; o Zuccar mambú ou assu­<br />

que tem seu nome (Alexandria), que car da Pérsia; o Zucar athesser ou assu­<br />

abrio nova via de commercio pelo mar car arábico.<br />

Vermelho e pelo Nilo, os egypcios e Marco Paulo, que em 1250 percorreu a<br />

gregos se apoderaram de novo do com­ Tartaria, a parte meridional da China<br />

mercio do Oriente.<br />

e a península do Ganges, menciona o<br />

O Egypto continuou a ser o empório do assucar entre os produetos de Bengala.<br />

commercio do Oriente, durante o impé­ Ormuz era, n'aquella época empório<br />

rio grego deBysancio, assim como depois do commercio do assucar, e parece ter<br />

que Constantinopla se converteu em ca­ sido d'essa cidade que partiram as planpital<br />

do Império musulmano; é esta a tas de Canna, que em breve tempo se<br />

razão porque o mar Vermelho continuou propagaram na Arábia, no Egypto, na<br />

a ser o caminho ordinário d'esse com­ Nubia e na Ethiopia.<br />

mercio.<br />

Em 1497, Vasco da Gama faz menção<br />

Sabe-se que durante muitos séculos, do grande commercio de assucar e de do­<br />

os italianos, principalmentie os veneziaces, que então se fazia no reino de Calinos<br />

fizeram o commercio quasi exclusivo cut.<br />

de Alexandria, e erão os monopolistas Pedro Alves Cabral nota a mesma cou-<br />

dos gêneros da Índia, consumidos [em sa em Cambaya em 1590.<br />

toda a Europa.<br />

Eduardo Barbosa, que escreveu em 1515,<br />

Este estado de cousas durou até a diz que em Bathecala, na costa de Co-<br />

descoberta da passagem pelo Cabo da romandel, se fabricava muito assucar,<br />

Boa Esperança.<br />

branco e bom,imãs em pó, porque os ha­<br />

Esta resenha era necessária para inbitantes o não sabiam reduzir a pães.<br />

dicar o modo porque se fazia o com­ Sabe-se com certeza que em 1805 as cimercio<br />

do assucar com a Europa, como dades de Danar e de Zibir, na Arábia Fe­<br />

também a maneira pela qual a culliz, faziam considerável commercio de<br />

tura da Canna foi conhecida, e mais assucar, e que Dangola, cidade impor­<br />

tarde transportada para outros lugares. tante da Nubia, servia igualmente de<br />

O primeiro nome que teve o assucar. empório a todo o commercio de assu­<br />

foi o de Sal indiano, entretanto esse car do paiz.<br />

nome dá uma falsa idéa de sua origem N'aquella época Thebas fabricava muito<br />

porque não era a índia, propriamente assucar, assim como Marrocos.<br />

tal, que o produzia n'aquella epocha, Giovani Lioni diz ter examinado em<br />

mas sim o Archipelago indico, isto é, Darotte, no Egypto, uma immensa fa­<br />

o que hoje se chama Indo-China. brica de assucar, semelhante a um cas-<br />

Foi somente no fim do XIII século tello, onde haviam prensas, grandes cal­<br />

que a Canna passou para a Arábia. deiras e numeroso pessoal de traba­<br />

Os próprios habitantes d'além Ganlhadores.ges não a conheciam, mas sabendo Nos ultimou annos do XII século os<br />

que o assucar se extrahia de uma es­ cruzados encontraram cannaviaes nas<br />

pécie de junco, procuraram extrahil-o planicies da Phenicía, e foram elles os<br />

de uma espécie de bambu, chamado primeiros que introduziram a Canna<br />

Mambú, e denominaram ao sueco d'esse na Europa, porém o assucar já era<br />

bambu Sacchar-mambú, e mais tarde desde muito tempo antes ahi usado<br />

Tabaxir.<br />

nas casas dos príncipes, e dos ricos.


HO CAN CAN<br />

Entre os manuscriptos da bibliotheca<br />

imperial de Paris, existem: uma conta<br />

datada de 1333, onde figura uma parcella<br />

do custo de certa porção de assucar<br />

branco para uso do Delphim<br />

Umbert; um Decreto real de 1353, regularisando<br />

o commercio do assucar ;<br />

e finalmente poesias de Ku>taquio<br />

Deschamps, morto em 1428, em que o<br />

poeta menciona o assucar como um dos<br />

mais caros artigos de despezas das<br />

famílias.<br />

Legrand dAssissi, diz que no XV<br />

século, a cultura da Canna tornou-se<br />

uma espécie de mania geral.<br />

Beaujeu, que escreveu em 1550, diz<br />

que ella era mui cultivada na Provença<br />

e no Languedoc.<br />

Alguns auctores querem que a Canna<br />

fosse introduzida na Syria, em Chipre,<br />

e na Sicilia no XIV século; mas o<br />

Sr. Dr. Freire Allemão apoiando-se em<br />

um diploma ou acto de doação feito<br />

por Guilherme II rei da Sicilia a um<br />

mosteiro de Benedictinos, diz que, no<br />

ultimo quartel do XII século, já existiam<br />

engenhos de moer Canna na Sicilia<br />

.<br />

Como quer que seja parece certo,<br />

como conclue o mesmo Dr. Freire Allemão,<br />

que ao fechar do XIV século<br />

era conhecida esta planta em todo o<br />

âmbito do Mediterrâneo, desde as praias<br />

da Ásia até Tanger na África, e Granada<br />

na Europa.<br />

Descoberta a ilha da Madeira em<br />

1420, o celebre infante D- Henrique<br />

promoveu de todos os modos a cultura<br />

da Canna, que ahi prosperou, assim<br />

como nas Canárias.<br />

A opinião geralmente adoptada é<br />

que esse príncipe mandara vir da Sicilia<br />

as primeiras mudas de Canna<br />

que se plantaram na ilha da Madeira,<br />

assim como mestres e apparelhos de<br />

fabricar assucar.<br />

Esta opinião é unicamente fundada<br />

no que escreveu o historiador João de<br />

Barros. O Sr. Dr. Freire Allemão hesita<br />

em adoptal-a.<br />

Que o infante mandou buscar á Si­<br />

cilia mestres de moendas e de assucar<br />

nada mais natural, diz elle, por ser<br />

um dos lugares onde, n'nquelle tempo,<br />

melhor se entendia d'aquellc mister;<br />

as cannas, porém, elle tinha quasi em<br />

casa, visto que, até o estreito de (libraltar<br />

(e quem sabe se fora d'elle) já<br />

eram conhecidas e cultivadas.<br />

A Hespanha seguio o exemplo.de<br />

Portugal, introduzindo essa preciosa<br />

cultura nas Canárias, e depois na própria<br />

Hespanha.<br />

A Canna de assucar naturalisou-sc<br />

nos reinos de Andaluzia, de Valença,<br />

de Granada, Murcia, etc, e a Hespanha<br />

é hoje o único paiz da Europa,<br />

onde se cultiva a Canna de assucar.<br />

No XVII século, Alexandria, Chypre,<br />

Rhodes, etc, já não forneciam assucar<br />

ao commercio ; porém, em 1815 ainda<br />

estes paizes abasteciam a vários mercados<br />

da Europa, c a respeito da<br />

Franca escrevia n v este mesma anno<br />

Charles Etienne :<br />

«Os assucares mais estimados são<br />

os que nos fornecem a Hespanha,<br />

Alexandria, as ilhas de Malta, de<br />

Rhodes, de Chypre e de Candia.<br />

« Elles nos chegam d'esses diversos<br />

paizes molhados em fôrma de pães grandes,<br />

mas os que nos vem de Valença<br />

são menores.<br />

« O assucar de Malta é mais duro,<br />

porém não é tão branco, ainda que elle<br />

seja brilhante e transparente.<br />

« Finalmente o assucar não é outra<br />

cousa mais do que o sueco de um canniço,<br />

que se espreme por meio de uma<br />

pedra ou de um moinho, que depois<br />

se embranquece fazendo-o cosinhar por<br />

três ou quatro vezes, e se deita em<br />

moldes onde elle endurece. »<br />

Parece que em 1520 os portuguezes<br />

introduziram a cultura da Canna nas<br />

ilhas do Cabo Verde.<br />

A pequena ilha de S. Thomé poucos<br />

annos depois já contava sessenta engenhos,<br />

e os auctores contemporâneos<br />

avaliavam a sua producção em quatro<br />

milhões de libras.<br />

Em 1506 Pedro de Etiença ou de<br />

Atiença levou plantas de Canna para<br />

|Hespaniola (depois S. Domingos, hoje


CAN CAN fllf<br />

Haiti) que Christovão Colombo acabava<br />

de descobrir.<br />

Miguel Balestro foi o primeiro que<br />

conseguio inventar um apparelho para<br />

espremer-lhe p sueco por meio de moen •<br />

das, e Goncalo de Vellosa também foi<br />

o primeiro qne conseguio fabricar assucar.<br />

A industria da fabricação do assucar<br />

prosperou de modo, que os palácios de<br />

Madrid e Toledo, fundados por Carlos V,<br />

foram construídos com o produeto dos<br />

direitos de entrada do assucar de S. Domingos.<br />

Esta cultura, propagada em differentes<br />

pontos do continente americano,<br />

adquirio muita importância no Brasil.<br />

Foi em conseqüência d'essa importância,<br />

que os portuguezes exerceram<br />

uma espécie de monopólio no abastecimento<br />

da Europa, durante o fim do<br />

XVI século.<br />

Lisboa deveu a esse trafico, reunido<br />

ao commercio da índia, a epocha de<br />

seu maior explendor.<br />

Diversas causas concorreram para<br />

remover este manancial de riqueza.<br />

Portugal cahio sob o domínio da<br />

Hespanha, e os estabelecimentos das<br />

outras nações da Europ§, faltando-lhes<br />

consumidores para o tabaco e outros<br />

produetos, começaram a fabricar assucar<br />

em grande escala, e fizeram tão<br />

terrível concurrencia, que o preço baixou<br />

de modo a diminuir consideravelmente<br />

a producção.<br />

Até então na verdade a cultnra da<br />

Canna se tinha conservado nas grandes<br />

Antilhas sujeita aos hespaníioes, porém<br />

com tão pouca importância que, quando<br />

em 1656 os inglezes se assenhorearam<br />

da Jamaica, não encontraram alli mais<br />

de três engenhos.<br />

Em Barbadas principiou-se a exportar<br />

assucar em 1646, e os habitantes<br />

se mostraram tão activos, que trinta<br />

annos depois elles exportaram perto<br />

de sessenta mil toneladas.<br />

A exportação da Jamaica cresceu<br />

proporcionalmente.<br />

Entretanto em ambas estas ilhas,<br />

até 1641, apenas se cultivava tabaco,<br />

gengibre e algodão.<br />

Algumas plantas de Canna, que seus<br />

habitantes mandaram buscar ao Brasil<br />

n'esse anno, foram cultivadas com tão felizes<br />

resultados, que o assucar exportado<br />

excedia em 1770 ás necessidades do consumo<br />

da Grã Bretanha.<br />

O commercio das Antilhas foi nos primeiros<br />

tempos franco para todas as nações.<br />

Essas paragens erão principalmente<br />

visitadas pelos hollandezes, cuja maravilhosa<br />

actividade os faz' correr para<br />

qualquer parte, onde ha algum lucro á<br />

aproveitar.<br />

Em conseqüência da barateza de seus<br />

fretes, de sua probidade e pontualidade,<br />

os hollandezes obtinham a preferencia<br />

dos transportes, mesmo dos negociantes<br />

inglezes.<br />

O commercio passava insensivelmente<br />

para as suas mãos, com exclusão das outras<br />

potências marítimas.<br />

A declinação da sua navegação e commercio,<br />

e certas questões políticas irritantes,<br />

deram origem na Inglaterra ao<br />

famosoacto de navegação, posto em vigor<br />

no 1.° de dezembro de 1651, cujas estipu-<br />

1 ações geraes erão inteiramente dirigidas<br />

contra a nação hollandeza.<br />

Em 1654 Cromwel terminou os actos<br />

de hostilidade, a que deu origem o acto<br />

de navegação, por meio de um tratado,<br />

sem todavia o derogar.<br />

Em 1660 esse acto foi renovado e confirmado<br />

por Carlos II. Muitos publicistas<br />

o consideraram como a causa principal<br />

do augmento do poderio inglez, política<br />

e commercialmente.<br />

Não é aqui lugar de discutir essa questão,<br />

que aliás parece decidida pela moderna<br />

derogação d'esse famoso acto de<br />

navegação, e da promulgação do trafico<br />

livre.<br />

Esse systema prohibitivo, que durou<br />

por tão longos annos, foi imitado<br />

por todas as nações da Europa ; porém<br />

não obstante uma legislação severa,<br />

que assegurava a cada metrópole o<br />

commercio de suas colônias, a pro-


lis CAN CAN<br />

ducção do assucar so desenvolveu<br />

cada vez mais.<br />

As colônias seguiram a fortuna de<br />

3uas respectivas mães pátrias, e foram<br />

successivamente chamadas a tomar<br />

uma parte mais ou menos considerável<br />

no abastecimento geral.<br />

Faltam documentos a respeito do estado<br />

do commercio em diversas epochas.<br />

Sabe-se em geral que a producção<br />

da ilha da Madeira, das Canárias e<br />

de S. Thomé fez affrouxar o da Sicilia,<br />

do Egypto e da Arábia.<br />

Mais tarde a cultura das colônias<br />

hespanholas, das ilhas, e da terra firme,<br />

reduzio a da Andaluzia.<br />

O Brasil, finalmente, tornou-se o<br />

centro principal da producção do assucar,<br />

e até ao meado do XVII século,<br />

esteve de posse do abastecimento, por<br />

intermédio de Lisboa, de todos os<br />

mercados da Europa, até que a concurrencia<br />

das outras colônias productoras<br />

conseguisse rivalisar com elle<br />

nos paizes consumidores.<br />

Porem, por meio de suas diversas<br />

fortunas o Brasil ficou sempre sendo<br />

um dos pontos mais importantes de<br />

producção.<br />

O preço do assucar do Brasil em<br />

1650 era muito alto, e regulava de 240<br />

a 280 rs. a libra, o que eqüivale hoje<br />

a 640 ou 700 rs., a sua exportação<br />

orçava n k De 1~26 a 1727 S Domingos começou<br />

a fazer peso nos mercados do<br />

mundo, exportando, por exemplo, em<br />

1767, 114 milhões de libras tanto<br />

branco como mascavo, quantidade que<br />

se elevou em 1790, anno em que teve<br />

lugar a desastrosa revolução, que poz<br />

essa ilha debaixo da dominação da<br />

raça negra, a 164 milhões de libras.<br />

Era 1775, a Martinica, Bourbon, Guadelupe<br />

e Cayenna elevaram a sua producção<br />

a 44 milhões de libras. As três<br />

ilhas augmentaram constantemente em<br />

producção, mesmo á custa do café.<br />

A cultura nas Barbadas e na Jamaica<br />

augmentou consideravelmente depois<br />

da introducção dos escravos africanos,<br />

que começou em 1641.<br />

A importância crescente da producção<br />

do assucar foi tal que, em 1685, primeiro<br />

anno do reinado de Jacque3 II,<br />

o parlamento estabeleceu um imposto<br />

especial sobre o assucar e o tabaco<br />

d'essas ilhas, e esse imposto rendeu<br />

mais de 200 milhões de cruzados.<br />

Foi somente no anno de 1760 que<br />

as colônias de Cuba e de Porto Rico<br />

deram grande extensão á cultura e<br />

fabricação do assucar.<br />

Até então as colônias hespanholas<br />

não forneciam assucar, senão o necessário<br />

para o consummo dos paizes sujeitos<br />

ao mesmo domínio na Europa<br />

essa epocha entre 120 a 150 e America.<br />

milhões de libras.<br />

No triennio de 1775 a 1778 calcu­<br />

A concurrencia das Antilhas produlava-se o movimento commercial em<br />

zio uma baixa gradual nos preços. 590 milhões de libras de assucar, não<br />

Em 1728 a prosperidade das colônias fallando no consumo local, nem no com­<br />

inglezas havia reduzido a 32 ou 33 mercio estabelecido entre as colônias<br />

schillings o preço do quintal do as­ da mesma nação.<br />

sucar, quando anteriormente os mer­ Na epocha da revolução franceza este<br />

cados inglezes só o obtinham dos estado de cousas experimentou- algumas<br />

portuguezes a 4 ou 5 libras esterlinas. mudanças.<br />

Não obstante esta concurrencia o A guerra da independência dos Es­<br />

Brasil ainda exportou, em 1736, 80 mitados Unidos perturbou no principio a<br />

lhões de libras, contra 170 milhões de producção em diversos pontos; mas os<br />

libras de todas as outras possessões annos de paz decorridos depois dos<br />

européas, nas ilhas e no continente da tratados de 1783 deram novo impulso<br />

America.<br />

á producção, principalmente nas pos­<br />

Nessa epocha as colônias hollandesessões francezas, de sorte que em<br />

zas eram as rivaes do Brasil, na pro­ 1789 a França se achava em attitude<br />

ducção do assucar.<br />

de dominar os mercados da Europa;


CAN CAN f l?i<br />

calcula-se em 240 milhões de libras o<br />

assucar branco e mascavo introduzido<br />

nos diversos mercados pelas colônias<br />

francezas.<br />

Durante o longo período de guerra<br />

entre as nações européas, de 1792 á<br />

1815, a producção, o consumo e o commercio<br />

do assucar soffreram alternativas<br />

extraordinárias.<br />

A sorte da guerra fez cahir em poder<br />

dos inglezes uma grande parte das<br />

colônias francezas productoras de assucar,<br />

e em razão da situação e estado<br />

do continente europeu, as outras colônias<br />

não tinham senão os seus próprios<br />

mercados para consumirem a sua<br />

producção.<br />

A única nação que então podia commerciar<br />

livremente eram os Estados-<br />

Unidos; de 1801 á 1802 os seus negociantes<br />

importaram 108 milhões de libras<br />

de assucar, dos quaes 46 milhões<br />

ficaram para consumo e ., 62 milhões<br />

foram exportados.<br />

Mas este commercio quasi que se<br />

limitava ás colônias francezas fora do<br />

jugo da Inglaterra, e aecidentalmente<br />

era prohibido aos americanos exportarem<br />

em troca de suas madeiras e<br />

peixes salgados mais de 6,000 barricas<br />

dç assucar, pouco mais ou menos 7<br />

milhões de libras.<br />

Essa concessão tão restricta e tão favorável<br />

para os próprios colonos foi<br />

uerogada em 1806, e desde então todos<br />

os assucares foram mandados directamente<br />

para a Inglaterra.<br />

Em 1807 o abarrotamento dos mercados<br />

inglezes deu origem a uma terrível<br />

crise ; os preços do assucar desceram<br />

muito, e isso no meio de uma guerra<br />

que encarecia os fretes, os seguros, e<br />

diminuía muito o numero dos mercados.<br />

Entre 1813 e 1814 a subida dos preços<br />

se manifestou em conseqüência, das victorias<br />

dos alliados, e da esperança de<br />

uma paz próxima.<br />

Na paz de 1815 a restituição de uma<br />

parte das colônias conquistadas, a baixa<br />

dos fretes e seguros, causaram novas<br />

reducções nos preços dos assucares;<br />

reducções que se elevaram ao máximo<br />

de 1830 á 1831.<br />

Dessa epocha em diante os preços<br />

tem soffrido diversas oscillações dependentes<br />

das circumstancias ordinárias.<br />

As ultimas guerras da Criméa e Itália<br />

pouco influíram sobre o commercio d'este<br />

gênero; todavia nota-se um augmento<br />

de preços, que certamente é devido á<br />

escassez de producção ou a um grande<br />

augmento no consumo, não obstante o<br />

augmento da cultura da beterraba.<br />

Os primeiros que refinaram o assucar<br />

na Europa foram os venezianos.<br />

Primeiramente elles empregaram o<br />

methodo chinez, e venderam o assucar<br />

no estado de Candi; mais tarde elles<br />

adoptaram o methodo dos árabes, que<br />

foram os descobridores do processo de<br />

clarificar, por meio de cal e de potassa,<br />

e os inventores das fôrmas conicas.<br />

Desde então se estabeleceram refinarias<br />

em toda a Europa, e a arte de refinar<br />

assucar foi em progressão crescente<br />

em quanto que os preços diminuíram.<br />

O assucar começou a ser um artigo de<br />

geral consumo.<br />

A profissão de refinador foi ennobrecida<br />

em muitos pontos da Europa, principalmente<br />

em França ; e as fabricas se<br />

constituíram e se substituíram como espécies<br />

de feudos.<br />

A opinião mais geral e a que parece<br />

melhor motivada, é, como já se disse,<br />

de que a Canna é indígena das regiões<br />

d'além Ganges, d'onde sahio e se espalhou<br />

por todos os lugares onde é hoje<br />

cultivada.<br />

Todavia alguns auctores pretendem<br />

que ella foi encontrada indígena no<br />

Haiti, em* Madagascar, nas costas do<br />

Coromandel e do Malabar, em Ceylão,<br />

em Bengala, no Peru, em Sião, em Manilha,<br />

Japão, Java, , Costa Oriental da<br />

África e mesmo em vários pontos do<br />

Continente americano.<br />

Sabe-se que Cook encontrou grandes<br />

cannaviaes em Otahiti ou Taiti na epocha<br />

de sua primeira viagem.<br />

D'onde veio a Canna para essa ilha?<br />

Pôde perguntar-se. Mas d'onde veio a<br />

raça humana que a povoa?<br />

17


114 CAN CAN<br />

Sc por emigração da Vsia, como se Bahia em 1810,


CAN CAN 11S<br />

ricia, a degeneração da Canna de Otahiti<br />

seguio a mesma marcha que aqui,<br />

e o governo colonial, logo que a pre-<br />

le, que representa um colmo, como nas<br />

outras Graminaceas; o caule tem de<br />

altura três a quatro metros, e não são<br />

sentío, mandou buscar plantas á vários igualmente doces em toda sua extensão;<br />

lugares da Ásia e da Oceania. a parte culminante o é muito menos<br />

Hermann Herbot, intelligente jardi- que o resto, e é por esta razão que o<br />

neiro allemão, foi o encarregado da costumam cortar antes da colheita, para<br />

missão de ir buscar as novas plantas servir de estaca.<br />

á Bourbon.<br />

Espiguetas bifloraes, pelludas até a<br />

Elle partio do porto do Rio de Ja­ base.<br />

neiro em Setembro de 1857, e voltou em A flor inferior é unicamente uma pa-<br />

Maio de 1858, trazendo, alem de varias lheta; a superior hermaphrodita.<br />

outras plantas, inclusive mudas e se­ Três estames ; ovario sessil, liso ; dois<br />

mentes do excellente café de Bourbon, estyletes terminaes, compridos; estigmas<br />

três variedades de Canna, á saber : uma plumosos.<br />

Verde de Penang; uma côr de rosa É a planta mais bella dafamiliadas<br />

com o nome de. Canna Diard ou de Graminaceas.<br />

Batavia, e finalmente uma vermelha Até nos últimos tempos forneceu o<br />

arroxeada.<br />

assucar consumido no mundo inteiro,<br />

Tendo vindo essas mudas no porão bem que hoje esta producção seja par­<br />

de um navio, como lastro, chegaram tilhada com a da Beterraba.<br />

em tal estado-, depois de um embarque Até a epocha da revolução franceza<br />

de mais de setenta dias, que foi ne­ o assucar de Canna não tinha rivaes<br />

cessário plantal-as immediatamente; o nos mercados consumidores.<br />

que se fez na chácara da rua da Lapa A guerra marítima, os bloqueios, a<br />

n. 88, e no supradito Jardim Botânico alça enorme de todas as mercadorias<br />

afim de se distribuírem quando tives­ coloniaes, a perda para a França de<br />

sem tomado o devido crescimento. quasi todas as suas colônias fizeram pro­<br />

A primeira foi feita em 1859 no mez curar os meios de supprir a falta quasi<br />

de Abril, e a segunda em Março de 1860. absoluta de um gênero de consumo geral<br />

A degeneração das duas espécies de como o assucar.<br />

Canna de assucar até agora cultivadas Fizeram-se então muitas tentativas e<br />

no Brasil demonstra ainda uma vez a ensaios sobre todas as matérias capazes<br />

necessidade de renovar em certos pe­ de dar assucar abundante e barato.<br />

ríodos as sementes das plantas exóticas: Tentou-se de novo a cultura da Canna<br />

porque parece provado que da cultura na Provença, porém nunca se pôde obter<br />

prolongada da mesma espécie nascem assucar cristallizado; recorreu-se então<br />

as degenerações e as moléstias que ata­ á uva, ao grão de milho e ao seu caule,<br />

cam os vegetaes.<br />

ao shorgo, á castanha, á cenoura, etc,<br />

Todo o systema agrícola nacional deve porém debalde.<br />

ter em vista colher tudo quanto existe Em 1747 Margraff, chimico de Ber­<br />

de melhor em todas as partes do mundo, lim, tinha feito conhecer a possibili­<br />

tanto do que é novo como do que é dade de obter verdadeiro assucar do<br />

vulgar.<br />

sueco da beterraba; mas elle se con­<br />

No primeiro caso augmentar-se-ha a tentou em demonstrar que se podia<br />

riqueza vegetal do paiz e talvez a ri­ ajuntar um novo produeto á, analyse<br />

queza publica; no segundo, póde-se obter vegetal, e que o assucar não<br />

variedades, que melhor prosperem no<br />

paiz ou ao menos em certas localidades.<br />

CARACTERES DA ESPÉCIE.—É uma planta<br />

que prostra pelo solo parte de seu cau­<br />

- pertencia<br />

exclusivamente á Canna.<br />

Em 1797 Achard, outro chimico prussiano,<br />

annunciou ter descoberto processos,<br />

por meio.dos quaes se podia<br />

tirar da beterraba branca uma quan-


11« CAN CAN<br />

tidadi* de assucar bastante considerável,<br />

para pagar as despezas da cultura<br />

e do fabrico, vendendo-se o novo<br />

assucar por preço módico.<br />

K>t ibeleceram-se então algumas fabrica*,<br />

mas que não poderam sustentar-se<br />

; e como o preço do assucar ia<br />

augmentando consideravelmente á ponto<br />

de vender-se por três francos ou 1$200<br />

réis cada libra, considerou-se então a<br />

beterraba como incapaz de produzir<br />

nenhum r isultado útil, e a attenção<br />

se dirigio para o assucar da uva.<br />

O governo de Napoleão, em luta contra<br />

quasi toda a Europa, por assim<br />

dizer, bloqueado pelas esquadras inglezas,<br />

multiplicou as promessas e as<br />

recompensas, afim de crear a industria<br />

saccharina.<br />

Os chimicos Proust e Fugues foram<br />

largamente premiados por haverem descoberto<br />

o assucar da uva; mas esse<br />

assucar não tendo apresentado as vantagens<br />

que se esperavam, por decreto<br />

de 15 de Janeiro de 1812, foram estabelecidas<br />

cinco escolas de chimica, para<br />

ensinarem a fabricação do assucar de<br />

beterraba, além de quatro fabricas normaes<br />

d'esse assucar.<br />

Chaptal, a quem a industria deve<br />

tanto, conseguio melhorar um pouco<br />

os processos de fabricação, e, á força<br />

de favores de todo o gênero, a cultura<br />

da beterraba e a extracção do<br />

seu assucar tomaram em breve notável<br />

desenvolvimento.<br />

Porém os desastres da Rússia, a invasão<br />

dos alliados, e a suspensão do<br />

bloqueio continental, não obstante os<br />

favores anteriormente concedidos e em<br />

concurrencia com os assucares das colônias,<br />

que então innundaram os mercados<br />

francezes, fizeram o de beterraba<br />

não sustentar-se, e quasi todas as<br />

fabricas succumbiram.<br />

Em 1822 esta industria pareceu reanimar-se,<br />

mas a difnculdade de reunir<br />

os conhecimentos do agricultor e do<br />

fabricante, que igualmente é o grande<br />

embaraço da industria do assucar de<br />

Canna, causou a ruina de grande parte<br />

dos novos estabelecimentos.<br />

Em 182.» opernram-se grandes mudanças<br />

nos diversos methodos de fabricação<br />

; o modo de cristalisação lentii<br />

e regular foi quasi geralmente abandonado<br />

pelo processo de crista lisaçíh<br />

confusa e rápida, e o uso do vapor<br />

foi adoptado pela evaporação e o cosimento.<br />

Os filtros Taylor e Dumont foram<br />

inventados, assim como o emprego d ><br />

carvão animal.<br />

Desde então o desenvolvimento foi<br />

tão rápido que em 1836 já se contavam<br />

em Franca trezentas e setenta e uniu<br />

fabricas, e o governo julgando a industria<br />

bem firmada tratou de imporlhe<br />

um tributo, alliviando ao mesmo<br />

tempo o do assucar colonial.<br />

Em 1837 existiam seiscentas fabricas<br />

em actividade, que extrahiam mais dc<br />

noventa milhões de libras de assucar.<br />

Na Allemanha, a primeira fabrica<br />

de assucar de beterraba foi estabelecida<br />

pelo chimico Achard, de que acinut<br />

falíamos, debaixo da protecção do rei<br />

da Prússia.<br />

Esta fabrica não apresentou resultados<br />

notáveis, porque os apparelhos<br />

eram tão imperfeitos, e a purificação<br />

do assucar tão incompleta que apenas<br />

se obtinha de 2 a 3 por cento de<br />

assucar cristalysavel.<br />

Mais tarde, por meio dos aperfeiçoamentos<br />

já mencionados conseguio-s*'<br />

elevar essa porcentagem de quatro até<br />

cinco, o que, junto aos favores de que<br />

os governos allemães foram pródigos,<br />

como os de França, fez com que essa<br />

industria começasse a prosperar e a<br />

vulgarisar-se em toda a Allemanha.<br />

Os aperfeiçoamentos introduzidos por<br />

Weinreich, Kodneios e sobretudo por<br />

Zier, a possibilidade de extrahir-se de<br />

seis a oito por cento de assucar, isto<br />

é, de obter-se, de cem quintaes de<br />

beterrabas seis a oito quintaes de assucar,<br />

ainda mais concorreu para isso.<br />

Se a beterraba contem, como se pretende,<br />

de dez a doze por cento de<br />

assucar, e conseguir-se extrahir toda<br />

esta quantidade, segundo o calculo do<br />

Dr. Schmidt, bastará uma superfície


CAN CAN 11*7<br />

quadrada de uma légua de lado para<br />

fornecer beterrabas em quantidade<br />

sufficierite para dar todo o assucar, que<br />

requer o consumo da Allemanha.<br />

A cultura da beterraba ganha terreno<br />

todos os dias, e se propaga por<br />

toda parte.<br />

A França, a Allemanha, a Rússia,<br />

a Itália, e os Estados Unidos fazem<br />

os maiores esforços para fixar esta<br />

industria.<br />

N'estes últimos annos têm-se inventado<br />

numerosas machinas, descoberto<br />

novos processosj e até novas matérias<br />

saccharinas.<br />

O assucar de Canna tem a temer um<br />

movo rival, assim como o da própria<br />

beterraba. Referimo-nos ao assucar de<br />

fecula, descoberta devida ao chimico<br />

-Kirchoff, e que já se explora em grande<br />

escala nas fabricas de Mr. Mollerat.<br />

Não. entraríamos n"estes pormenores<br />

•sobre a beterraba se, em primeiro lugar,'<br />

não quizessemos chamar a atteneão<br />

dos agricultores e da administração<br />

para esse terrível rival de uma<br />

das nossas mais importantes industrias<br />

e fontes de riqueza; e, em segundo<br />

lugar, para fazer sentir a necessidade<br />

urgentíssima de adoptar-se quanto antes'<br />

methodos mais racionaes de cultura,<br />

e todos os apparelhos e processos<br />

usados na fabricação do assucar de<br />

«beterraba.<br />

? Quando pensamos que a beterraba.<br />

que se acha em condições menos favoráveis<br />

do que a Canna, e que contem<br />

quasi metade do assucar encerrado<br />

n'esta, dá, pelos melhoramentos introduzidos<br />

na Europa n*esta industria,<br />

mais assucar (quasi o dobro) do que<br />

a Canna, estamos certos que tudo que<br />

concorrer para augmento final d'esta<br />

industria entre nós, merecerá a pena<br />

ser tida em consideração.<br />

A província de Pernambuco possue<br />

mais de mil fazendas de assucar ou<br />

fábricas de fazer assucar. A industria<br />

assucareira devia achar-se em estado<br />

de prosperidade; mas infelizmente assim<br />

não acontece.<br />

No Brasil inteiro, e sobre tudo em<br />

Pernambuco, a agricultura sente um<br />

grande embaraço em seu desenvolvimento,<br />

que é a falta de yiação e de<br />

boas estradas.<br />

Ha poucos annos a linha férrea de<br />

S. Francisco atravessava mattas virgens,<br />

hoje esses lugares estão occupados<br />

por excellentes engenhos, e 08<br />

habitantes vão lucrando os benéficos<br />

effeitos d'esta grandiosa obra do progresso.<br />

Ordinariamente os nossos lavradores<br />

luctam com os maiores embaraços financeiros,<br />

e muitas vezes para evital-os<br />

lançam mão de sacrifícios muito pesados,<br />

e dos quaes difncilmente conseguem<br />

o resultado que desejam; visto<br />

como só encontram capitães com a<br />

usura de 18 a 24 °/0, e esses capitalisados.<br />

Parece-nos que o nosso governo devia<br />

compenetrar-se d'estas verdades, e<br />

tratar de melhorar a sorte dos nossos<br />

agricultores e sobre tudo dos fabricantes<br />

de assucar; porque esses concorrem<br />

muito para a riqueza do paiz.<br />

Com a creação de estabelecimentos<br />

de credito se remediariam muitos males,<br />

que presentemente afnigem a agricultura.<br />

D'este modo muitos dos nossos agricultores<br />

deixariam de esgotar suas forças<br />

vitaes, de ver aniquilar todos os<br />

seus recursos absorvidos pelos fabulosos<br />

juros capitalisados de três em<br />

três mezes.<br />

Estamos vendo constantemente os effeitos<br />

desastrosos d'essa negligencia dos<br />

nossos governos, que, embebidos napolitica<br />

official, vêem com indifferenca o<br />

numero de fabricantes de assucar que<br />

todos os dias desapparecem, que perdem<br />

seus escravos, as suas terras, os<br />

seus utensílios, tudo vendendo emfim em<br />

praça publica; e isso não basta para pagar<br />

ao usurario desoito á vinte e quatro<br />

por cento dos juros capitalizados de três<br />

em três mezes, do empréstimo feito ao<br />

pobre agricultor.<br />

De todos os agricultores do Brasil os<br />

que se entregam a industria assucareira<br />

são os que mais soffrem estes males.


118 CAN CAN<br />

Nesta província, e em todas as mais Isto explica a pequena porção de as­<br />

do Império, o fabrico do assucar está sucar de primeira qualidade que ex­<br />

geralmente em atrazo.<br />

porta esta província.<br />

Desde o plantio da Canna até a ela- É de admirar que, sendo o Brasil<br />

rificação do assucar os processos são im­ todo agricola, não exista ainda em todo<br />

perfeitos.<br />

o império uma só escola de agricul­<br />

Existe nas províncias uma ou outra tura que ensine e habilite os agricul­<br />

fazenda de assucar, a que chamamos tores á influencia do nosso clima, em<br />

engenho, c que apresenta alguns me­ relação ás leis da vegetação e aos prinlhoramentos,<br />

quer quanto á construcção cípios da theoria c pratica da agri­<br />

de suas moendas mais aperfeiçoadas, cultura.<br />

quer quanto ao fabrico do assucar, parte A creação de uma escola seria de im-<br />

essencial; mas são ainda em numero mensa utilidade.<br />

tão insignificante e tão limitado que Os conhecimentos da veterinária tam­<br />

não exercem influencia alguma sobre a bém seriam de grande vantagem para o<br />

grande massa da producção.<br />

engrandecimento da agricultura do<br />

A mecânica agricola entre nós não nosso paiz.<br />

passa de uma novidade; é preciso vul- Por tradicção histórica, por gratidão<br />

garisar-se os seus apparelhos na cul­ nacional, tanto como por interesse, detura<br />

da Canna e nas plantações. vemos empregar todos os esforços para<br />

A força motriz do vapor é apenas salvar uma industria em que se acham<br />

conhecida em algumas fazendas de empregados tão consideráveis capitães.<br />

assucar ; devem ser destribuidos esses A cultura da Canna é o mais antigo<br />

aparelhos pelos agricultores, afim de ramo da agricultura do paiz, e a ella é<br />

realizarem-se os prodígios de sua que devemos os primeiros elementos de<br />

applieação.<br />

prosperidade material e de civilização.<br />

A sciencia da engenharia, que entre Os senhores de engenho constituíram<br />

nós não actua nos limites das obras sempre o corpo da nobreza, a verdadeira<br />

publicas sob o mando official, deve ser aristocracia do Brasil; e até ha poucos<br />

convertida em poderoso instrumento annos elles eram os únicos que procu­<br />

de dessecação de pântanos, abrimento raram dar boa educação a seus descen­<br />

de vallas, encanamento de rios, collodentes.cação de apparelhos etc.<br />

A esse illustrado procedimento, apoia­<br />

Devem crear-se estabelecimentos de do por suas riquezas é que devemos todas<br />

instrucção agricola pelas provincias, as notabilidades que temos tido na ad­<br />

e ser abandonadas as enxadas e os anministração, na magistratura, nas artigos<br />

arados, para darem lugar á charmas e nas letras.<br />

rua typica do immortal Dombasle e Nossas cidades foram fundadas com<br />

e suas congêneres ; introduzam-se nas os lucros do assucar, em uma palavra,<br />

nossas fazendas outros instrumentos tudo quanto possuimos de melhor é de­<br />

prestadios, como são o rolo do Hoosvido á cultura da Canna, a esse doce<br />

kill, as grades de Valcour, os sacha- principio que para nós tem sido tão madores<br />

á cavallo etc. Alargar-se-hão as ravilhoso como a lâmpada de Aladino.<br />

plantações e melhorarão os processos Lance o nosso governo vistas patrió­<br />

da cultura.<br />

ticas para a classe agricola, que entre<br />

Não admira que sem os melhora­ nós definha de dia para dia, e terá uma<br />

mentos reclamados, a producção do gloriosa parte no futuro engrandecimen­<br />

assucar na província não seja em quanto d'estas abençoadas plagas brasileiras.<br />

tidade correspondente ao elemento Não exigimos para nós desde já os<br />

saccharino de que dispõe no fabrico e immensos melhoramentos que n'este<br />

a sua qualidade seja inferior a que se mais importante ramo da riqueza dos<br />

devia esperar.<br />

Estados têm alcançado a velha Europa.


CAN CAN 119<br />

Não se passa, n'um dia, do mais<br />

completo atrazo ao mais elevado gráo<br />

de perfeição; mas, ao menos, que se<br />

não dê lugar a que nos possam dizer,<br />

que fechamos systematicamente os olhos<br />

do espirito ás grandiosas idéas de<br />

progresso, que lá por fora circulam.<br />

Depois das breves reflexões que acabamos<br />

de fazer, não deixaremos de<br />

tocar na grande, na magna questão,<br />

que actualmente se agita em nosso<br />

paiz.<br />

Queremos fallar da substituição do<br />

escravo pelo trabalhador livre; da substituição<br />

d'aquelle, que, sem gosto e só<br />

obrigado pelo agitar do latego, revolve<br />

VARIEDADES DA CANNA DE ASSUCAR : —<br />

A palavra Canna dá-se vulgarmente<br />

a todas as plantas, cujo caule é nodoso,<br />

com intervallos chamados gommos,<br />

cujas folhas gramineadas formão uma<br />

espécie de bainha na sua base, como<br />

a Canna de Cayenna. E' a mesma descripta<br />

anteriormente.<br />

A Canna creoula não cresce nem engrossa<br />

tanto como a de Cayenna, mas<br />

é mais doce ; seu principio saccharino<br />

é mais abundante, isto é, de sabor<br />

mais franco; a côr externa é mais<br />

verde; cobre-se de um pó acinzentado<br />

ao redor dos nós, donde nascem raizes<br />

muitas vezes.<br />

a terra, que amaldiçoa, pelo colono<br />

feliz, que vê das bagas do suor, que PRODUCTOS DO sueco DA CANNA DE<br />

cihem no solo, brotar a sua felicidade ASSUCAR. — De todos os vegetaes, ne­<br />

nç futuro.<br />

nhum ha, que seja tão rico em pro­<br />

•V emanciparão da escravatura, sem ductos, os quaes tenham maior numero<br />

o desenvolvimento agricola, sem grande de usos e mais vasto consumo, do que<br />

augnento de colonisação, é uma ver­ a Canna de assucar.<br />

dadeira calamidade.<br />

Produz o assucar branco e masca­<br />

.0 ?scravo hoje, livre amanhã, julvado ; esta substancia tempera muitas<br />

ga-se dispensado do trabalho, que das nossas bebidas, e tem grande im­<br />

elle hivia-se acostumado a considerar portância na confeitaria; o próprio sue­<br />

como um mal resultante do seu penoso co da Canna (caldo) é uma bebida deli­<br />

estado.<br />

ciosa.<br />

D'ahi a perturbação da ordem social, Produz melaços de um gosto agra­<br />

o latrocínio, o assassinato etc., como dável.<br />

não ha muito tempo se observou nos O sueco da Canna, e o residuo da fa­<br />

Estados j Unidos, assombrosa nacionalibricação do assucar, fermentado e subdade<br />

que, graças á enorme affluencia mettidp á distillação, produz aguarden­<br />

do estrangeiro ás suas plagas, pôde te, cachaça, álcool, rhum, vinho e vina­<br />

resistir ao tremendo abalo de uma megre, productos que tem grande emprego<br />

dida tão violenta, como a de alforriar no uso doméstico e na industria.<br />

de uma só vez doze milhões de escravos!<br />

Attenda pois o governo á colonisação, PROPRIEDADES MÉDICAS. — O assucar<br />

concedendo amplas garantias ao estran­ crystaliza em prismas de 6 faces, com<br />

geiro que entre nós vier domiciliar-se, fa- as extremidades diedricas; n'este estado<br />

cultando-lhe o livre e desembaraçado chamam-lhe assucar candi, e é usado<br />

desenvolvimento de sua actividade, como peitoral.<br />

protegendo a industria, animando todas Em pó usa-se como collyrio secco,<br />

as tentativas do engenho inspirado no só ou unido a outros corpos<br />

orogresso humano.<br />

O assucar é uma substancia de uso<br />

Feito isto, não duvidamos augurar ao muito vulgar na medicina contra as<br />

n>sso Brasil um futuro, não mui re­ irritações, sobretudo do apparelho resmoto,<br />

de grandeza e explendor. piratório; é um emolliente agradável,<br />

..ieformem-se as instituições, que de de que nos servimos todos os dias.<br />

reftrma necessitam, e seremos um povo Com o assucar prepara-se um grande<br />

soberano.<br />

numero de medicamentos; taes são as


ISO CAN CAN<br />

conservas, geleas, pastilhas e os xaropes.<br />

O bagaço da canna é considerado como<br />

ura poderoso desinfectante : basta para<br />

isso collocar-se em diversos pontos, viciados<br />

por miasmas, uma porção d'este<br />

bagaço; dentro de poucas horas neutraliza-se<br />

o principio mórbido, e torna-se o<br />

lugar saudável, exhalando o cheiro par­<br />

Canna do brejo.— Costus spicatus*<br />

Stoart.— Alpinia spicata, Jacq.—Fam.<br />

das Amomaceas. — Planta herbacea do<br />

paiz e da índia.<br />

Tem a raiz tuberosa, e, nos paizes<br />

estrangeiros, é cultivada nos jardins.<br />

O seu caule é herbaceo.<br />

As folhas alternas oblongas.<br />

As flores são em espigas terminaes<br />

ticular do bagaço.<br />

O assucar exportado no anno finan­ PROPRIEDADES MÉDICAS.— A raiz da<br />

ceiro de 1869 a 1870 foi 743,969 saccos e Canna do brejo é empregada em cosi­<br />

223,051 barricas, pesando tudo ~9.010,903 mento nas gonorrhéas e lcucorrhéas;<br />

kilogrammas, e tendo pago de direitos a mastigando-se passa por bom anti-sv-<br />

quantia de 483,54()$130.<br />

philitico; dá-se uma á duas colheres<br />

do sueco por dia, ou o cosimento das<br />

Catttta Itrava. — Anthoxanthium folhas, ás chicaras.<br />

gigans.— Fam. das Graminaceas.— É uma<br />

planta indigena mui parecida com a Cattita do Itrejo roixa.— Costvt<br />

Canna de assucar; mas esta estende ou spiralis ou Alpinia spiralis. — Fam. dis<br />

prostra uma parte de seu caule para er­ Amomaceas.—É outra espécie do mesno<br />

guer-se depois; e aquella é toda vertical, gênero.<br />

pouco mais ou menos de 2 metros e 64<br />

centímetros.'<br />

Catitta fistula do Itrejo.—Ctssia<br />

Não fôrma touceira como a outra; tem nana. — Fam. das Leguminosas. — F um<br />

o colmo cheio de nós, de distancia em arbusto ramoso, e de fôrma achapada.<br />

distancia, mais fino e menos compri­ Tem as folhas em palmas, com quasi<br />

do.<br />

24 centimetros de extensão, semiovaes,<br />

A casca é mais dura e verde, e o te­ sem brilho.<br />

cido interior mais compacto e sêcco. As flores formam como uma espiga<br />

As folhas são semelhantes ás da Canna pyramidal; são amarellas, reunidas em<br />

ie assucar.<br />

grande numero, e sem cheiro.<br />

Brota da sumidade uma vergontea da O fructo é uma vagem, de mais de<br />

mesma natureza do caule, mas sem nós, 24 centimetros, chata, parda, foleacea,<br />

e que traz em cima um cacho pendente, dividida em muitas lojas ou loculos<br />

de muitos ramos cheios de florinhas, á transversae3, contendo sementes.<br />

maneira de palhetinhas; umas são es­ Vegeta nos brejos ou nas suas visibranquiçadas,<br />

e outras de um cinzento nhanças. (Fig. 15.)<br />

rouxeado, parecendo-se com uma coma<br />

pendente.<br />

Catttta fistula, da malta.—Cás­<br />

Cortam esta parte da planta, levam-na sia falcata brasiliana.—Fam. Idem. —Ar­<br />

em feixes ao mercado, onde é vendida vore alta.<br />

para differentes usos, sendo mui pro­ As folhas são compostas, paripennacurada<br />

pelos meninos, que enfeitam das; o peciolo primário é longo, del­<br />

esses filamentos com fitas , deitam-lhe gado, curvo, pubescente e canaliculado.<br />

rédeas, e chamam-lhe cavallo de flexa. Os peciolos secundários são rudimen<br />

Cavalgam e brincam, montando sobre tarios ; os foliolos numerosos, dispostos<br />

a parte nua da flexa.<br />

por pares e membranosos.<br />

Esta flexa serve de regua aos pin­ Inflorescencia em racimo, flores comtores<br />

; é mui usada no Rio de Janeiro pletas, vistosas, acompanhadas na ma<br />

para esse fim; serve para bater lã, e base de tre3 ou quatro pequenas b lác­<br />

tem outros misteres.<br />

teas.


CAN CAP 1S1<br />

vO fructo é uma enorme vagem. ou compartimento, contendo alguns<br />

As sementes são pequenas, e acham- óvulos inseridos na sua parede inferior,<br />

se envolvidas por uma massa polposa ou então três lojas.<br />

cuja acção é purgativa.<br />

O estigma é algumas vezes sèssil<br />

A sua madeira é pouco usada em mas raramente sustentado por um es­<br />

conseqüência de sua manifesta porotylete curto.<br />

sidade, e da frouxidão do tecido. O fructo é uma baga ou mais raramente<br />

uma cápsula, que algumas ve­<br />

Cattna de macaco.— Costus Pizes é monospermica por aborto das<br />

sonis, Lynd.— Fam. das Amomaceas, Linn. outras sementes.<br />

—"O sueco do seu caule é mucilagi- Estas se compõem além de um tenoso,<br />

acidulo e refrigerante.<br />

gumento próprio, d'um endosperma<br />

É empregado nas dores nephriticas, carnoso, no qual está collocado um<br />

e nas gonorrhéas.<br />

embryão cylindrico e erecto.<br />

Os indígenas comem as folhas novas.<br />

Canopy — {Arvore do Canopy.) —<br />

Canna ntarona. — Caladium segui- Mellicocca bijuga, Jacq. — Fam. das Sanem,<br />

Linn.— Fam. das Aroideas.— Planta pindaceas.—Arvore cujo fructo é re-<br />

doy. gênero da «Aninga.<br />

commendavel pelo bom sabor ácido e<br />

O sueco d'esta espécie é tão cáus­ vinhoso, e por sua amêndoa agradável.<br />

tico, que 8 grammas bastam para envenenar.<br />

Canudo amargoso.—V Páo Pe­<br />

Fôrma sobre a roupa manchas indeléveis.reira.<br />

Canudo de caeftímho.— V. Pao<br />

de cachimbo.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.— Plantas vivazes,<br />

de raiz ordinariamente tuberosa.<br />

•<br />

Folhas quasi sempre radicaes, e<br />

alternas.<br />

As flores dispostas em espadices,<br />

cercadas em geral de uma espatha de<br />

Canudo de purga. — Rauwolvia<br />

canescens. — Fam. das Apocynaceas. —Arbusto<br />

de folhas oppostas e flores em<br />

cachos.<br />

E' emetico.<br />

fôrma variável ; unisexuaes, monoicas,<br />

desprovidas de invólucros floraes, ou Canzcnze. — V Vassoureiro.<br />

hermaphroditas e rodeadas de um cálice<br />

de quatro, cinco ou seis divi­ Caaopunga. — E a Coerana da<br />

sões.<br />

No primeiro caso os pistillos oceu-<br />

Bahia.<br />

pam geralmente a parte inferior do Caouin. — E uma bebida feita de<br />

espadiee; deve ser considerado cada milho cozido, posto na água, deixando<br />

um como uma flor fêmea, e os estames<br />

como outras tantas flores mascu­<br />

fermentar por três ou mais dias.<br />

linas; raras vezes os estames e os Caparosa. — Jussievia caparosa, St.<br />

pistillos são misturados.<br />

EU. — Fam. das Onagrariaceas.—Esta<br />

No segundo caso as flores, em vez planta, oriunda do paiz, é conhecida nas<br />

de serem consideradas como flores her­ províncias do Sul e no Rio de S. Franmaphroditas,<br />

podem ser descriptas como cisco por Caparosa.<br />

uma reunião de flores unisexuaes; É um arbusto elegante, de folhas al-<br />

assim cada estame e sua escama conslongadas e flores de mediano tamanho,<br />

tituem uma flor masculina, e o pistillo corolla cruciforme, amarella, sem chei­<br />

central uma flor fêmea.<br />

ro, cálice pyriforme.<br />

O ovario tem em geral uma só loja O fructo é uma espécie de cápsula em<br />

18


CAP CAI»<br />

fôrma de peão, com uma coroasinha no<br />

ápice, e quasi angulosa; contém muitas<br />

sementinhns.<br />

Os habitantes do interior do paiz fazem<br />

tinta de escrever d'esta fructinha.<br />

Floresce em Maio<br />

piguinha roliea, similhante a uma pequena<br />

espiga de milho, ou um pequeno<br />

sabugo; parece-se muito com o Malvaisco<br />

de Pernambuco, differiudo nu<br />

grandeza das folhas, e em ter consistência<br />

mais branda.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. — Vegetaes PROPRIEDADES MÉDICAS.—O decocto<br />

herbaceos, raramente fructescentes, tra­ da raiz d'esta planta é empregado em<br />

zendo folhas simples, oppostas ou dis­ banhos contra opilações, hydropisias, e<br />

persas, e flores terminaes ou axillares. moléstias uterinas; as folhas são deso-<br />

O cálice é adherente ao ovario infero. bstruentes, e a casca peitoral.<br />

O limbo de quatro ou cinco lobulos,<br />

de prefloração valvar.<br />

CaperiçoSta branca.— Chamopo-<br />

A corolla formada de quatro a cinco dium hircinum.—Fam. das Chenopodiaceas.<br />

pétalas incumbentes lateralmente, e tor­ — Esta planta é usada como um ancidas<br />

em espiral antes do completo thelmintico.<br />

desabroehar; esta corolla falta raras<br />

vezes.<br />

Capicltinsui.— Croton. — Fam. das<br />

Os estames são em numero igual ou Euphorbiaceas.— Planta de S. Paulo. É<br />

duplo, algumas vezes menor do das cathartica.<br />

pétalas; e inseridos no tubo do cálice.<br />

O ovario infero offerece de quatro a Capiçona.— V. Pimenta d'água.<br />

cinco lojas , contendo grande numero<br />

de óvulos inseridos no angulo interno. Capim açu (das Alagoas). — Cyrto-<br />

O estylete é simples, e o estigma é pogon alperrimum.—Fam. das Gramineas.<br />

ora simples, ora de quatro a cinco lo­ —Esta espécie de Capim-açu é conhebulos.cida<br />

nas Alagoas por este nome ; fôrma<br />

O fructo é uma baga indehiscente, touceira, tem folhas radicaes, em fôrma<br />

ou uma cápsula de quatro ou cinco de espadas, estreitas, bordas enrosca-<br />

lojas, não contendo cada uma d'ellas das e armadas de serrilhas escariosas.<br />

muitas vezes senão um pequeno numero O caule que parte do centro é fino,<br />

de sementes, e abrindo-se por outras alto, meio achatado, sem nós; flores<br />

tantas valvas, cada uma das quaes traz em cachos nas extremidades d'este.<br />

um dos septos no meio da face interna. É como as demais Gramineas, mas<br />

torna-se bem visível por sua3 sementes<br />

As sementes offerecem um tegumento<br />

ou seus fruetos.<br />

próprio, em geral formado de duas fo­<br />

Os cavallos não o comem, havendo<br />

lhinhas, e cobrindo immediatamente um<br />

embryão homotropo, e desprovido de<br />

outros capins.<br />

Floresce em Março e Abril.<br />

endosperma.<br />

Capim açu (de Pernambnco).—Ca-<br />

Capèba.—Píper macrophyllum, Swartz.<br />

ladium brasiliense.—Fam. das Cyperaceas.<br />

— Fam. das Piperaceas. — E uma planta<br />

— Em Pernambuco dão este nome a<br />

do paiz, conhecida por tal em Alagoas,<br />

uma espécie de capim de folhas estrei­<br />

Pernambuco e Bahia.<br />

tas e radicaes, com serrilha em redor<br />

É um arbusto semi-lenhoso, cujo caule formando bainha.<br />

apresenta nós de distancia em distan­<br />

Suas folhas são de côr verde azulacia.da;<br />

deita uma vergontea trigona, a qual<br />

As folhas são cordiformes, grandes, floresce no ápice, formando um aggre-<br />

e cheirosas quando são comprimidas. gado de bracteas bastante foleaceas,<br />

As flores são encravadas numa es- que encerram as florinhas tão peque-


CAP CAP 1S3<br />

nas que quasi não se observam; são<br />

de côr amarella esverdinhada.<br />

. As vergonteas, batidas e preparadas,<br />

.dão um fio, de que os caiadores fazem<br />

brochas para caiar.<br />

Estes caules parecem junco, e crescem<br />

em todo o terreno.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—A raiz é empregada<br />

contra a tosse e o catarrho pulmonar.<br />

summidade fornece espigas de 9 á 12<br />

centimetros de comprimento, mui rectas<br />

e verticaes; não se curvam, e ahi<br />

se encontram as espiguetas encaixadas.<br />

O gado gosta d'elle.<br />

Capim andacá.— É uma espécie<br />

de capim.<br />

Capint de Angola. — Panicum<br />

spectabile, Nec.—Panicum guineense, Mart.<br />

Capim dágua ou Taquary<br />

— Fam. das Gramineas.— Este capim é<br />

d'agua.— Panicum acuum.— Fam. das natural de Angola, e foi transportado<br />

Gramineas. — E' um capim aquático, para o Brasil ha muito tempo ; hoje<br />

conhecido nas Alagoas por este nome ; já é tão raro, que em poucos lugares<br />

vegeta nas bordas dos rios e brejos. é visto.<br />

Eleva pouco suas vergonteas,. que, Cresce de 1 metro e 22 centimetros<br />

semelhantes ás dos capins, são finas até 1 metro e 62 centimetros.<br />

e nodosas.<br />

O caule é nodoso, liso e mesmo lus-<br />

As folhas são como as das outroso, e maculado.<br />

tras Gramineas, perém menores e lan­ As flores são em cachos que se curceoladas,<br />

de 12 centimetros de comvam no cimo do caule com graça.<br />

primento, macias, escuras, sem pellos, As sementinhas luzentes parecem<br />

excepto na bainha da folha, (parte que grãos de arroz, e são manchadas de<br />

abraça o caule).<br />

vermelho na côr amarellada de seus<br />

As flores são em cachinhos, não tecidos.<br />

muito densos, com raminhos articula­ Dá em pequenas touceiras.<br />

dos, erectos, ascendentes.<br />

Os cavallos não o comem pelo amar-<br />

G-rãosinhos redondos, de amarello gor.<br />

côr de gemma d'ovo, com<br />

roixo no ápice.<br />

um ponto Em Sergipe chamam-no Marabára.<br />

E bom alimento para os cavallos, Capint atana.— Gastridium verti-<br />

porem mui prejudicial ao sangue, cillatum.— Fam. das Gramineas.— É um<br />

quando fazem uso quotidiano d'elle. capim cujos caules crescem alguma<br />

Chamam-no também Capim d'agua cousa, com as folhas semelhantes as do<br />

em Pernambuco.<br />

Capim de planta, lisas, e com pellos nos<br />

Ha um capim que alastra nos lugares peciolos.<br />

em que se queima ou se limpa. A floração em espigas verticilladas,<br />

Dá também uma espécie de folhas isto é, circulando o eixo da floração ;<br />

em touceira, estreitas, de verde bonito, ellas são como as demais de seu genpro,<br />

luzente, e as flores sulcadas longitudi­ tanto nos fruetos como nas sementes.<br />

nalmente.<br />

É este o nome porque este capim<br />

é conhecido nas Alagoas.<br />

Capint atnargoso. — Pappophorum<br />

amargosum.— Fam. das Gramineas. Capint balsa. — Paspalum aquati-<br />

— Por este nome conhece-se nas Alacum. — Fam. das Gramineas. — É um<br />

goas um capim de vergonteas, como o capim que vegeta na superfície das<br />

Capim de planta, porém sendo ellas águas doces e misturadas, e que em<br />

mais lisas e finas, e tendo as folhas tam­ Alagoas tem este nome.<br />

bém mais lisas e um pouco sulcadas. Tem o aspecto do Capim de planta;<br />

A floração se faz em um caule cuja mas seus caules são reptantes, deitam


124 CAP CAP<br />

raizes dos nôs, que existem em toda Capim cantellão.— V Lòro.<br />

»ua extensão.<br />

As bainhas das folhas são roixas e<br />

Capint canella de ema.—Saccha­<br />

ventricosas,miúdas, espontadas, macias.<br />

rum dissusum. — Fam. das Gramineas. —<br />

As flores são miúdas e em eachinhos<br />

Este capim, que recebe este nome nas<br />

pouco salientes nas axillas das folhas;<br />

Alagoas, tem seu caule nodoso, com­<br />

são achatadas e esverdinhadas.<br />

pacto, liso, e maculado de roixo.<br />

O gado gosta muito d'esta planta,<br />

As folhas são como no geral das Gramineas;<br />

tem dentilações.<br />

que é mui nutriente.<br />

As flores são como um fróco de pello<br />

Capint bengala. — Eordeum bra-<br />

macio em redor do caule, branco e<br />

siliense. — Fam. das Gramineas,. —<br />

longo.<br />

Co­<br />

E' excellente para enchimento de tranhecem<br />

nas Alagoas por este nome<br />

um capim mui semelhante ao de planta,<br />

vesseiros, colchões, etc<br />

porém mais pilloso nas bainhas das fo­<br />

Capint catinga. — Gramen odoralhas<br />

; apezar d'isso é macio.<br />

tum.—Fam. das Gramineas.—E' uma es­<br />

Vegeta formando soqueira pouco<br />

pécie de capim que vegeta no Rio de<br />

densa; as folhas são lanceoladas e<br />

Janeiro e Rio de S. Francisco.<br />

molles.<br />

As flores no caule, que é articulado Capint tle citeiro. — Perotis fra-<br />

e nodoso.<br />

gans.—Fam. das Gramineas.—Este capim<br />

As flores, em espigas caudadas,em ver- é mui parecido com o de planta, porém<br />

ticillo, compostas de pevides redondas, mais amarellado, e com o caule me­<br />

com longos prolongamentos, que se penor.gam á roupa pela aspereza que tem. A floração é em cacho, de côr roixa.<br />

Os cavallos não o comem.<br />

E' conhecido nas Alagoas por este<br />

nome; e com effeito, passando-se pelo<br />

Capim de buclta (verdadeiro).— lugar em que houver algumadeira d'elle,<br />

Avena sponjosa.—Fam. das Gramineas.— sente-se logo o seu aroma, que é um<br />

E' uma espécie que fôrma moita pouco pouco agradável.<br />

densa, conhecida em Alagoas por tal O gado come-o, mas só quando não<br />

nome; os caules são um pouco grossos, encontra outro.<br />

succulentos e articulados.<br />

Na summidade dá um pendão roixo Capint de coco ou cantellão.—<br />

acinzentado, cheio de ramificações co­ Anthoxanthnm palmeira.—Fam. das Grabertas<br />

de pevidinhas redondas, armadas mineas. — E' este o nome pelo qual é<br />

de espinhos, porém macios; como são conhecido nas Alagoas ; tem o porte de<br />

todas as partes d'esta planta.<br />

uma palmeira pequena, de um talhe en­<br />

No interior do caule acha-se um corpo graçado.<br />

esponjoso desenvolvido e branco,que ser­ Apresenta suas folhas (com peciolos<br />

ve de bucha de espingarda aos caçadores. roixos) em feixes; e, de certa distan­<br />

O gado gosta d'este capim.<br />

cia para cima, a lamina das folhas são<br />

Ha outra espécie maior e esbranqui­ ovaes, oblongas, de pregas longitudiçada.naes.<br />

A floração é no ápice do caule; ha, em Sahem do centro pendões, nos quaes<br />

um eixo, um froco circular composto de brotam as flores, com muitas pevides.<br />

botõesinhos, armados de finas agulhas Os animaes não comem este capim.<br />

macias, de côr verde esbranquiçada.<br />

Também serve de alimento ao gado. Capint estreita.—Melacranis strellatum.—<br />

Fam. das Cyperaceas.— É por<br />

Capint eabelludo. — V. Capim de tal nome conhecido nas Alagoas e Per­<br />

pico.<br />

nambuco ; é rasteiro.


CAP CAP 19 k»<br />

O caule pequenino eleva-se apenas<br />

a 24 centimetros mais ou menos, tendo<br />

na superfície da terra um feixe de folhas<br />

cruzadas e estreitas, e no vértice<br />

um pendão.<br />

As folhas brotam feixes em diverros<br />

pontos; o nome que aqui lhe damos<br />

é o mesmo pelo qual é conhecido nas<br />

Alagoas.<br />

Tem umas folhetas cruzadas, em cuja Capint gengibre rasteiro. —<br />

base existe uma pinta branca que fôrma Paspalum pastum.— Fam. das Gramineas.<br />

uma estrella perfeita ; no centro d'esta — Este capim, que é o pasto mais geral<br />

estrella estão as flores em uma es­ dos animaes herbívoros, é conhecido nas<br />

piga, formando um cone de côr parda- Alagoas e Pernambuco por este nome.<br />

Esta plantinha que só tem vida no Alastra seus caules pelo chão, os<br />

litoral, e nunca nos sertões, crê-se que quaes ás vezes estão enterrados, èmit-<br />

mata o gado, que de lá vem. tindo, de distancia em distancia, rajninhos<br />

revestidos de folhas, como as<br />

Capint flexa.— Saccharum glarum. demais Gramineas.<br />

— Fam. das Gramineas.— Esta espécie, As d'este são lanceoladas, de um<br />

; de porte pequeno, meio lisa, tem este verde gaio, com suas flores em cachi-<br />

nome nas Alagoas.<br />

nhos pequenos e agglomerados.<br />

Suas folhas são em touceiras pe­ E' estimado como um dos melhores<br />

quenas.<br />

Os caules, articulados e compactos,<br />

pastos.<br />

e os eixos das flores são finos. Capim gr a mm a.—Paspalum com-<br />

As flores estão no ápice dispostas em pressum, Linn. — Fam. das Gramineas.<br />

cachos, são cobertas de pellos macios, — E' conhecido este capim em toda a<br />

• brancos e louros, e entremeadas de se- parte como o mais geral; invade todos<br />

í mentinhas; curvam-se para aterra como os terrenos, não deixando vegetar quasi<br />

' pendão.<br />

outra espécie.<br />

Este capim é excellente para enchi­ Elle acha-se nas ruas, mesmo das<br />

mento de colchões, travesseiros, etc. cidades populosas ; é rasteiro e alastra<br />

com seus caules deitados.<br />

Capim de fogo. — Cinna castanea.<br />

Tem as floresinhas em cachos cruza­<br />

— Fam. das Gramineas. — E' uma espécie<br />

dos, e as folhas á semelhança do Ale­<br />

que vegeta mais pelas catingas, conhecrim.cida<br />

nas Alagoas por este nome.<br />

E' difficil extinguil-o. O gado come-o.<br />

O caule é fino, e de juntas nodosas.<br />

As folhas são macias, e sem armas.<br />

Capim mão de sapo. — Paspa­<br />

Deita do caule um penacho delgado,<br />

lum cruciflorum. — Fam. das Gramineas.<br />

com pequenas varetinhas um pouco<br />

Este capimzinho é assim denominado<br />

vermelhas e articuladas, á semelhança<br />

em Pernambuco.<br />

de um pincel louro nas pontas.<br />

Sua altura é de 22 centimetros pouco<br />

As flôrihhas são engastadas em uns<br />

mais ou menos, vegeta em touceiri-<br />

estojos occultos.<br />

nhas; suas folhas estreitinhas, e á<br />

Capim de Fr. Luiz. — V. Capim<br />

mellado.<br />

semelhança das dos outros capins ; lança<br />

um caule* fino até 22 centimetros ; no<br />

ápice fôrma uma cruzeta, e de um<br />

Capim gengibre de burro. — só lado é agglomerada de florinhas,<br />

Paspalum faciculatum. — Fam. das dispostas 'Gra­ em duas ou mais ordens.<br />

mineas. — E' uma espécie semelhante á Torna-se mui distincto por esta par­<br />

abaixo descripta.<br />

ticularidade.<br />

As raizes são embastecidas á seme­ E' um dos bons alimentos dos herlhança<br />

de tuberas.<br />

bívoros .


• Stt CAP CAP<br />

Capint milltan branco.— Pa­ que sendo agitado abandona um liquinicum<br />

mticillatum, Linn. — Fam. das do, que ás vezes molha um homem.<br />

Gramineas.— Este capim é conhecido O gado não lhe dá importância.<br />

em Alagoas e Pernambuco por este<br />

nome.<br />

Capi in papuan. —Oropetium trans-<br />

E' composto de folhas largas, relativersale.—Fam. idem.—Fuma grammaou<br />

vamente aos outros capins.<br />

capim, conhecido por tal nome nas Ala­<br />

Tem as vergonteas finas, articuladas; goas.<br />

deita um cachinho á semelhança do Tem vergonteas pequenas e esgalha-<br />

arroz, em ponto diminuto; as flòrinhas das; folhas ordinárias, como as das suas<br />

são só de um lado.<br />

congêneres, as quaes são lisas e macias.<br />

E' um dos melhores pastos.<br />

O caule é mais delgado, e chato no<br />

Ha outra espécie semelhantissima, que ápice, e ahi offerece duas espigas hori-<br />

differe por ter o caule e os cachos arroisontalmente dispostas, cheias de semenxeados;<br />

chamam-se milhaü vermelha. tinhas redondas e chatas.<br />

Ambos estes capins fazem dar o san­ O gado de "todas as classes o come.<br />

gue nos cavallos, porém o segundo<br />

na opinião dos sertanejos, é mais effi- Capim peba. — É segundo uns o<br />

caz.<br />

Sapé e segundo outros é um Andropogon.<br />

Em Sergipe é conhecido por Capitinga.<br />

Capint pé de gallinlta.—Senele-<br />

Capim mimoso.— Fam. Idem.— ria gallinacea. —Fam. Idem.—Este capim<br />

E" uma espécie de capim que vegeta parece geral no Brasil.<br />

nos sertões ; é elle que fôrma a base Fôrma pequena soqueira; e tem caule<br />

da alimentação dos animaes de todas fino, nodoso e lustroso.<br />

as classes no centro, mormente do As folhas são estreitinhas; o pendão<br />

Norte.<br />

das flores divide-se no ápice em quatro<br />

Elle é como as outras Gramineas, tendo ramos.<br />

muita semelhança com o Arroz. Um pouco abaixo apresentam elle3<br />

Deita porém um cacho delgado e as flòrinhas, que são dispostas de um<br />

menor; cresce até quasi a altura de só lado.<br />

um e meio metro.<br />

Com effeito tem grande semelhança<br />

Suas folhas são estreitas e articu­ com o pé de gallinha.<br />

ladas, e o caule fino, quasi formando Este capim não é um bom pasto; só<br />

zig-zag.<br />

tem virtudes médicas: elle é diuretico, e<br />

empregado contra os catarrhos; suspende<br />

os fluxos de sangue, e das ourinas.<br />

Capint orvailto. —Panicum rosalinum.—Fam.<br />

idem.— Este capim é conhecido<br />

em Alagoas e Pernambuco por<br />

este nome, e em Sergipe por Guardasereno.<br />

Elle fôrma touceira pouco densa; tem<br />

o caule cheio de pellos.<br />

As folhas lanceoladas, estreitas e um<br />

pouco ásperas.<br />

A vergontea da floração fôrma como<br />

uma pyramide, cuja ramificação é cheia<br />

de botões verdes e ovoides, que lhe dão<br />

muita graça.<br />

Este capim recebe o orvalho da noite,<br />

e pela manhã seus órgãos estão gottejando<br />

água (ou cheios d'água), de sorte<br />

Capim de pico ou cabelludo.<br />

—Tuaria pungens.—Fam. Idem.—Esta espécie<br />

de capim fôrma moita ou touceira.<br />

É conhecido nas Alagoas por tal nome.<br />

Dá poucas vergonteas, e estas articuladas.<br />

As folhas são lisas, e as bainhas eri •<br />

çadas de pellos duros e horisontaes, que<br />

espetam.<br />

As flores se acham nas summidades<br />

do caule ; este é uma vergontea de dois<br />

palmos, intermeiado de folhas raiadas,<br />

de vergontinhas, e de pevides foleaeeas


CAP CAP 1S7<br />

que lhe dão um engraçado aspecto, formando<br />

como uma cauda grossa.<br />

Capim res.— V. Maririço.<br />

E' regeitado dos herbívoros, talvez Capim de roça.— Spartina hos-<br />

pela aspereza.<br />

tensis.— Fam. idem.— Este capim conhecido<br />

nas Alagoas e em Pernam­<br />

Capim de planta.— Panicum mabuco, é, pelo interior ou sertão, o que<br />

ximum, Jacq.— Fam. Idem.—Esta espécie abastece as estribarias.<br />

de capim, a que chamam Capim de planta, Seus caules são finos e delgados.<br />

entre nós, é natural de Guiné ; passa As folhas estreitas, pelludas e um<br />

pela forragem melhor, por que a sua tanto ásperas.<br />

propagação é a mais abundante. A vergontea das flores mui delgada<br />

Elle é cultivado em toda a America. e rolica.<br />

Na Europa procuraram todos os meios As flores agglomeradas em cachi-<br />

de cultival-o, e o conseguiram; entre nós nhos.<br />

também é elle objecto de grande cultura, Este capim nasce com abundância<br />

e quasi que fôrma a base do sustento dos pelas roçadas : é muito procurado, não<br />

nossos cavallos, mormente os de estri- só para não desfalcar nas estrebarias<br />

baria.<br />

o de planta, como porque é do que<br />

E' um capim de caule nodoso, de 1 a 2 se servem mais os almocreves<br />

metros de altura; deita parte do caule seus animaes.<br />

no chão.<br />

As folhas são lanceoladas, estreitas e Capint taquarisinlto.— Anathe-<br />

para<br />

macias, com pellos brandos.<br />

rum ivmbrale.— Fam. idem.—Esta Gra-<br />

Dá cachos de flòrinhas arroxeadas no minacea, assim conhecida nas Alagoas,<br />

ápice".<br />

tem o caule também nodoso, lisa e<br />

Planta-se de estaca, e cresce admira- fino.<br />

velmente.<br />

Folhas pequenas, lanceoladas e horisontaes.<br />

PROPRIEDADES' MÉDICAS . — E' empre­ Os peciolos em bainhas.<br />

gado como antispasmodico, na dose de 8 As flores em cachos pyramidaes, mui<br />

grammas para 250 grammas d'agua fer­ pequenas.<br />

vendo.<br />

Os ramos delgadissimos.<br />

Ha<br />

esta.<br />

outras espécies parecidas com<br />

Vegeta nas mattas e capoeiras debaixo<br />

de arvores, sempre á sombra.<br />

O gado come-o.<br />

Capim puba. —Saccharum plumosum.—<br />

Fam. idem.— E' conhecido por<br />

este nome nas Alagoas e Pernambuco.<br />

E' um capim de folhas estreitinhas,<br />

em feixes, sobre o rez do chão, emittindo<br />

umas vergonteas finas, das quaes<br />

sáe um cacho de flores em frocos, de<br />

pellos macios, á maneira de lã, entre os<br />

quaes se notam as sementinhas.<br />

Capitão. —Eydrocotyle umbellata ,<br />

Linn.— Fam. das Umbelliferas. — Também<br />

é conhecida esta planta por Capitão<br />

de cavallo comer, porque serve de<br />

Este capim é mui susceptível de seccar. pasto aos animaes.'<br />

Fazem grande uso de seu pello como , E' uma herva rasteira com raizes de<br />

lã para enchimento de travesseiros, col­ distancia em distancia, peciolos succhões,<br />

etc<br />

culentos e compridos, sendo as folhas<br />

redondas, fendidas na base, e molles.<br />

Capim puba (de Pernambuco).— As flores tem um pedunculo com­<br />

E' outra espécie.<br />

prido, e formam no ápice um cacho<br />

Capim puba (do Sul).— V. Pé de<br />

como umbrella, de flòrinhas miúdas,<br />

de côr roxa pallida, com sementinhas<br />

gallinha.<br />

verdes, achatadas e redondas.


1S8 CAP CAK<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— E' um excellente.<br />

remédio contra a elephantiasis<br />

dos Árabes, erysipellas, elephantiasis<br />

dos Gregos, aneceòes tuberculosas da<br />

pelle, affecções sylphiliticas, e escrofulosas;<br />

rheumatismos etc<br />

Capitão do matto.— Cayaponia<br />

tros vegetaes, porque seus galhos são<br />

finos.<br />

Sua casca é esbranquiçada, com<br />

folhas oppostas, ellipticas e pequenas;<br />

tem prolongamentos no tronco em cruzeta,<br />

formando espinhos.<br />

As flores tem pedunculo curto, e representam<br />

uma espécie de capitulo; sao<br />

miudinhas e esverdinhadas.<br />

globoza.— Fam. idem.— Esta planta em<br />

O fructo é ovoide, e menor que uma<br />

Minas Geraes e no districto dos dia­<br />

azeitona; contem uma semente.<br />

mantes é denominada —Chá de pedestre.<br />

Esta planta foi uma das que fizeram<br />

Acha-se nos rochedos quartzozos da<br />

parte da medicina domestica no tracta-<br />

serra de Cadonga.<br />

mento do cholera em 1856, em Per­<br />

E' um arbusto muito uzado, em lunambuco.gar<br />

do verdadeiro chá.<br />

As folhas dYste arbusto exhalam um<br />

Capitinga.— V- Capim milham.<br />

cheiro agradável, e, postas de infusão,<br />

formam uma bebida ligeiramente esti­<br />

Ca pi v ara. — Arislolochia fastidiosa.<br />

mulante, mas de sabor muito agra­<br />

—Fam. das Arislolochias. — Pequeno ardável.busto<br />

trepador, conhecido nas Alagoas<br />

É pois um vegetal sobre que"o nosso<br />

por este nome.<br />

governo devia dirigir sua attenção, a<br />

E' uma planta que alastra com o as­<br />

fim de ser melhor conhecido.<br />

pecto do maracujá, de folhas ellipticas,<br />

lustrosas e coriaceas.<br />

Capitão de Pernambuco. — As flores, em cachos e irregulares,<br />

Eydrocotyle pernambucensis.—Fam. idem. tem um aspecto estranho; são carno-<br />

— Esta herva, conhecida em Pernamsas, de côr amarella barrenta, ou de<br />

buco por tal nome, vegeta ao pé das gemma de ovo, e cheiro nauseabundo;<br />

águas.<br />

são semi-glaudulosas.<br />

Seu caule, que é subterrâneo, apre­ Dá este pequeno arbusto um fructo<br />

senta peciolos longos, que vem acima com três azas; este fructo é capsular,<br />

da superficie d'agua ou da terra. e encerra em si algumas sementes.<br />

Tem as folhas em figura de rim,<br />

redondas e lisas.<br />

Capoeira branca. — V. Braço de<br />

As flores em cachos, como armação Preguiça.<br />

de chapéo de sol, brancas amarelladas.<br />

O fructo é uma pequena cápsula Capreuva.— V. Cabureiba.<br />

achatada, com dois carocinhos também<br />

chatos.<br />

Cará.—Dioscorea brasiliensis, Willd.<br />

— Fam. das Dioscoraceas.— O Cará é<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Usa-se in­ uma tubera geral no paiz, natural do<br />

ternamente no rheumatismo chronico, Pará.<br />

8 grammas para 503 grammas d'água, , Ella provem de uma planta trepa-<br />

e externamente em banhos, feitos com i deira, cujas folhas são cordiformes,<br />

este cosimento.<br />

lizas, de um verde roixeado.<br />

Suas flores são em cachos, miúdas<br />

Capitãosinlto. — Ximenia pentau- . e esverdinhadas.<br />

dra. — Fam. das Olacineas. — Arbusto > O fructo é uma cápsula.<br />

conhecido por este nome em Pernam­ A raiz produz uma batata, ora maior<br />

buco ; vegeta nas mattas ou capoeiras. . ora menor, dc fôrma oblonga, arre-<br />

Dá em mouta, e cabe sobre os ou­ - dondada e rolica.


Caraguata.— V. Gravata.<br />

CAR CAR 1S#<br />

Sua casca é membranosa, parda, ás­ Caraipé ou Caripé-caraipa.—<br />

pera, com pequenos prolongamentos dis­ Fam. das Leguminosas. — Arvore silvestre<br />

seminados.<br />

do Pará.<br />

A massa é compacta, branca, aquosa, E' de porte grande.<br />

de sabor um tanto acre-adocicado, e Sua madeira presta-se ás obras de<br />

macia.<br />

carpintaria.<br />

Come-se o cará cozido, mas presta-se A cinza d'esta arvore é indispensável<br />

a outros misteres, bem como á extrac- haquella província para o fabrico dos<br />

ção de fecula; pôde substituir a fari­ objectos ou utensis de barro.<br />

nha ou o pão.<br />

Misturam-n'a com o barro, porque dá<br />

Também chama-se Inhame da terra a este a necessária consistência para<br />

Ha outra espécie. Dioscorea triloba, não rachar no fogo.<br />

Vell.<br />

Carajurú do Pará.— Alstroemeriq.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.—As Diosco- peregrina, Willd.—Fam. das Liliaceas.—<br />

raceas quasi sempre são plantas sar­ Planta herbacea de caule recto, e foro<br />

entosas e trepadeiras.<br />

lhas deitadas.<br />

Suas folhas são alternas ou algumas Suas flores são muito elegantes.<br />

vezes oppostas, de nervuras irregular­ Vegeta no Peru; e seu nome significa<br />

mente ramificadas.<br />

soberba pela sua formosura.<br />

As flores são hermaphroditas ou uni­<br />

Carambola.— Averrhoa Carambola,<br />

sexuaes.<br />

Linn. — Fam. das Terébinthaceas. — Este<br />

Tem ovario infero, e adherente a um<br />

arbusto, natural da índia, não é muito<br />

cálice, cujo limbo é dividido em seis<br />

vulgar no paiz.<br />

lobulos.<br />

Uma das primeiras províncias que o<br />

Qs estames, em numero de seis, são<br />

adquerio foi a de Pernambuco, que o<br />

livres ou raras vezes monadelphos, de<br />

teve no extincto Jardim Botânico de<br />

antheras introrsas.<br />

Olinda.<br />

O ovario é de três lojas, contendo cada<br />

E' uma elegante planta, ramalhuda,<br />

uma dois ou mais óvulos, ora ascenden­<br />

de folhagem em palmas.<br />

tes, ora voltados.<br />

As folhas de forma oval oblonga.<br />

O fructo é uma cápsula delgada e com­<br />

Suas flores, em cachos de um elegante<br />

primida, ou uma baga globulosa, al­<br />

colorido purpurino, são em fôrma de<br />

gumas vezes alongada, coroada pelo<br />

Angélica, e miúdas.<br />

limbo calicinal, e apresentando de uma<br />

O fructo é de 9 a 12 centimetros,<br />

a três lojas.<br />

de figura oval, terminado, em ponta<br />

As sementes contêm um embryão col-<br />

em ambas as extremidades.<br />

locado perto do hilo, no centro de um<br />

Sua superfície é angulosa, tendo as<br />

endosperma, quasi corneo.<br />

arestas dos ângulos salientes; o seu<br />

Esta pequena familia foi estabelecida<br />

exterior é coberto de uma pellicula<br />

pelo Sr. Roberto Brown para collocar os<br />

fina e diaphana, encerrando uma polpa<br />

gêneros da familia das Asparagaceas de<br />

aquosa, esverdinhada, ácida, com se­<br />

Jussieu, que tem ovario infero. Taes são<br />

mentes ellipticas, de cheiro activo.<br />

as Dioscoraceas: Tqmus, Rajania, Flug-<br />

O fructo é da côr da polpa; as segea,<br />

etc, etc.<br />

mentes são esbranquiçadas, e não ex­<br />

Caraclticltú.—V. Eerva Moura.<br />

cedem de três.<br />

Caraltiba.— É um arbusto de Sergipe.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— É excellente<br />

refrigerante, calmante e febrifugo. Serve<br />

para xaropes, limonadas, etc.<br />

Carana.— Amyris Carana, Eumb.—<br />

19


130 CAR CAR<br />

Fam. idem.— É uma arvore do porte<br />

mais ou menos da Almecegueira.<br />

Ê das regiões Amazônicas, e do México.<br />

planta é semelhante a Contra-herca, e<br />

tem os mesmoR uzos que ella.<br />

Ca r a pi ta 1 a. — A Istroemeria pulchella,<br />

Linn.— Carlotea, formosíssima, Arr.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—A resina, que Cam. — Fam. das Liliaceas.— E' uma<br />

é negra, leve e luzida, é empregada planta herbacea do paiz, quo nasce no<br />

nos catarrhos pulmonares, e substitue Piancó na serra do Jabre ; é semelhante<br />

perfeitamente ao Elemi.<br />

ao pé d'Açucena.<br />

Suas flores são em pendões como<br />

Carandalty, ou Coqueiro ca- Angélicas vermelhas ; dá espécies de<br />

randaliy.— Cnprrnica cerifera, Mart. tuberas na raiz, que se comem, e<br />

— Fam. das Palmaceas.— Palmeira do passam por boas.<br />

paiz, que só cresce nos lugares pantanosos,<br />

e tem um lenho muito duro. Cardamonto.— Amomum Cardamomum,<br />

Linn.— Fam. das Amomaceas.—<br />

Carap't.—Xylocarpus Carapá, Sch- Planta da índia Oriental cultivada era<br />

reb. — Fam. das Meliaccas.—E' uma arnossos<br />

jardins, conhecida em Pernamvore<br />

que vegeta no Amazonas e na buco pelo nome de Água de Colônia,<br />

Guyanna.<br />

pela analogia do cheiro.<br />

Tem a casca amarella e muito amar- E' um arbusto herbaceo, cujos caugosa.les<br />

são nodosos, cobertos dfs bainhas<br />

As folhas dispostas em palmas ; fo­ das folhas, que os abraçam, e formam<br />

liolos lanceolados.<br />

como touceira.<br />

As flores em cachos, e de sexos se­ Lança um talo que floresce, apreparados.sentando<br />

uma espiga pyramidal, com­<br />

O fructo é grande, globuloso como posta de botões ovaes, sobrepostos a<br />

um coco descascado, offerecendo quatro um tecido brilhante, rosado, rubro nas<br />

resaltos que devidem-se em quatro extremidades ; cada um d'esses botões,<br />

valvas.<br />

é uma futura flor que, abrindo se, é<br />

Seu tegumento externo é coriaceo ; de uma só peça, amarella, riscada e<br />

depois d'elle ha um corpo lenhoso, em bonita, com um prolongamento no<br />

cujo seio se encontra uma porção de centro.<br />

caroços semi-ósseos, angulosos e uni­ Estas flores abrem-se successivados<br />

uns aos outros, tendo a amêndoa mente.<br />

muito oleosa, da qual se extrahe um O fructo é uma vagem de três lojas.<br />

quinto de óleo.<br />

Todas as partes d'csta. planta são<br />

E' empregado em diversos usos domésticos,<br />

e tem a preciosa qualidade<br />

cheirosas.<br />

de afugentar os insectos.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Excitante<br />

A casca do Carapá é empregada pelos empregado nas eólicas flatulentas, em<br />

índios para combater as febres, com pó, na dose de 3 decigrammas até 1<br />

bom resultado.<br />

gramma.<br />

Carapeirana. — Licania tunisia. — Cardo.—Cactus triangularis, Linn.<br />

Fam. das Chrysobalaneas ou Rosaceas. — — Fam. das Cactaceas, — Recebem o<br />

E' uma planta dos territórios do Ama­ nome de Cardo muitas plantas; e-ta<br />

zonas e da Guyana. Tem os mesmos vegeta á beira-mar, quasi rasteira.<br />

usos do Gajerú.<br />

Sua ramificação esgalhada até 48 centimetros<br />

de altura; é de um porte<br />

Cara pi a . — Dorstenia arilifolia particular.<br />

,<br />

Lamk. — Fam. das ürticaceas. — Esta É verde, suceulenta, e guarnecida


CAR CAR 131<br />

de espinhos, que fazem as vezes de Dez annos depois, e só então, é que<br />

folhas.<br />

outro distineto e celefrre botânico Mr.<br />

Seu caule é herbaceo e de fôrma Martius também creou um nome para<br />

angulosa.<br />

a Carnaubeira, a que chamou Copernica<br />

As flores, que brotam pelo caule, cerifera.<br />

são grandes como rosas de muitas Tendo sido o Dr. Arruda Câmara o<br />

pétalas estreitas, e de cores muito primeiro que descreveu essa palmeira.<br />

lindas.<br />

deve-se-lhe conservar o nome de Arrudaria.<br />

Cardo santo. — Argemone mexi­ *E' natural do norte do Brasil, e princana,<br />

Linn. — Fam. das Papaveraceas. cipalmente — das províncias do Rio Grande<br />

Este vegetal, que parece ser natural do Norte e Ceará.<br />

do paiz, é indígena do México; não Flores monoicas, numerosíssimas, ex­<br />

obstante acclima-se em nosso solo. tremamente pequenas, «hermaphroditas,<br />

É uma planta de % a 1 metro de sustentadas por um appendice collo-<br />

altura.<br />

cado nas axillas das folhas, e envol­<br />

As folhas são rentes, com o limbo revido uuma espatha delgada.<br />

cortado, todas cheias de espinhos agudos, Espadiee de 1 metro e 30 centíme­<br />

e maculados de branco.<br />

tros a 1 metro e 50 centimetros de<br />

.Suas flores são amarellas como uma comprimento, repartindo-se em 3 rami­<br />

rosa simples, sem cheiro, tendo no cenficações, das quaes cada divisão e subtro<br />

uma columna verde, foliacea, coroada divisão é munida d'uma espatha par­<br />

por uma glândula avermelhada, e cercial cylindrica, que as encerra.<br />

cada de filetes.<br />

Espatha da forma de um cartucho,<br />

O seu fructo é uma cápsula que se secca e membranosa, d'onde partem as<br />

rompe superiormente, e lança uma por­ divisões para formar uma panicula.<br />

ção de sementinhas pretas e redondas, A terceira subdivisão se ramifica em<br />

que parecem grãos de pólvora.<br />

varias espigas flexíveis, alternas, e com­<br />

As mais partes d'esta planta exsudam posta de diversos ramalhetes de quatro<br />

um sueco amarello e nauseabundo. flores cada um.<br />

A flor consta de dois cálices: um<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — O decocto exterior, verde, formado por três fo­<br />

d'esta planta é empregado com proveito liolos de pouca extensão; outro inte­<br />

nas dores de dentes, fluxões de rosto, e rior, de côr variável, em fôrma de co­<br />

pleurisias; as sementes, mui oleosas, rolla, contendo um tubo curto infundi-<br />

teem propriedade emetica; são applicabuliforme (em fôrma de funil), com três<br />

das aos asthrnaticos, com bom resultado. divisões na extremidade, e alternando<br />

Seu sueco, amarello e nauseante, é nar­ com as do cálice exterior.<br />

cótico, e usado sobre os bubões e ulceras A corolla, membranosa e secca, des-<br />

syphiliticas para acalmar as dores. Tamviando-se facilmente do cálice exterior,<br />

bém é sedativo,e útil nas obstruções das traz os órgãos da reproducção, que<br />

vísceras abdominaes.<br />

contém seis estames muito frágeis e<br />

As flores são somniferas, e as sementes curtíssimos, ligados dois a dois.<br />

anti-asthmaticas.<br />

No fundo d'este tubo ha um ovario redondo,<br />

terminado por um estylete tenuis-<br />

Carnaubeira.—Arrudaria cerifera. simo e muito curto, e acaba em um es­<br />

—Fam. das Palmaceas.— O primeiro natigma único e ligeiramente entumecido.<br />

turalista que fez a descripção da Car­ O fructo d'esta palmeira é redondo<br />

naubeira foi o distineto e celebre botâ­ e do tamanho de uma avelã. È côr de<br />

nico Dr. Arruda Câmara, e por esta razão azeitona no começo de sua maturidade,<br />

tem sido dado a essa palmeira o nome e azul violeta, quasi preto, quando está<br />

de Arrudaria Cerifera.<br />

maduro.


ia* CAR CAU<br />

É rodea-!o d'uma polpa doce pouco coriico central que será por sua \>v<br />

abundante, c coberto de um epicarpio alargado por terceiro grupo e assim por<br />

vitreo muito lustroso.<br />

diante.<br />

O caroço contém no interior uma Estes grupos de folhas abrindo-se<br />

amêndoa, que lhe é adherente. formam ao redor da palmeira uma serie<br />

O caroço assim como a polpa for­ continuada de leques, dos quaes os mais<br />

nece um alimento muito sadio, procu­ velhos se abatem em direcção ao tronco.<br />

rado pelos naturaes do paiz.<br />

O interior dos novos grupos de folhas<br />

Quando os fruetos chegam a certo é amarello claro, neste ponto de seu<br />

gráo de maturidade, torram-se e pi­ desenvolvimento.<br />

sam-se, ; o pó que assim se obtém é DVstas folhas retira-se uma matéria<br />

da côr do café, tem um cheiro agra­ secca, pulverulcnta, cor de cinza, qmdável,<br />

e lembra o da fava do cafeseiro. cobre sua pagina interior, e exhala uni<br />

Veste estado, o caroço da Carnaúba cheiro particidar, delicado e agradável.<br />

produz uma bebida que, misturada Esta matéria é a cera vegetal. Klla<br />

com o leite, é saudável c nutritiva, se destaca das folhas ao menor abalo,<br />

sem ser muito agradável ao paladar. quando estas começam a abrir; mas<br />

O espique, completamente cylindrico logo que o leque está estendido, o mesmo<br />

e direito, attinge até 16 metros de movimento produzido pelo vento é suf-<br />

altura, e á uma grossura que varia ficiente para fazer desapparecer este pó.<br />

entre 30 a 50 centimetros de circum- As folhas que tem atingido todo- o<br />

ferencia.<br />

seu desenvolvimento pendem em roda<br />

Elle finaliza por uma touça de folhas do caule em fôrma de chapéo de sol;<br />

dispostas de maneira que formam uma ellas são então de um verde claro, e<br />

figura oval perfeita, o que torna esta seccam antes de cahir: depois são côr<br />

palmeira uma das mais bellas arvores de palha.<br />

de sua espécie.<br />

Os peciolos, ordinariamente de 1 me­<br />

Os restos dos peciolos das folhas tro e 30 centimetros, soffrem as mesmas<br />

que cahem, guarnecem o terço infe­ mudanças de côr que as folhas; mas<br />

rior do caule, no qual formam seis ou a parte que se liga ao tronco é de côr<br />

oito esporões regulares.<br />

vermelha, e apresenta o aspecto pouco<br />

O resto do tronco, desembaraçado mais ou menos da extremidade larga<br />

de todo o peciolo, é naturalmente liso, de um antigo taco de bilhar; na ex­<br />

conservando apenas as marcas de intremidade livre, a partir dos 2 terços<br />

serção dos peciolos.<br />

de sua altura, elles são guarnecidos<br />

A parte superior do espique contem de duas ordens de espinhos negros,<br />

uma substancia medular, parenchyma- fortíssimos, achatados, e encurvados a<br />

tosa d'onde nascem as folhas.<br />

maneira de arpéo afiado, semelhante<br />

Esta parte terminal (palmito, ou couve a essa espécie de lança chata, guar-<br />

palmito) produz um alimento delicado necida de pontas de ambos os lados,<br />

e muito substancial.<br />

que se estende além da bocea do peixe<br />

Ao destacarem-se da extremidade do chamado serra.<br />

espique as folhas, em numero de seis Como todas as palmeiras, a Car­<br />

a oito, crescem perpendicularmente naubeira não tem raiz mestra para fi­<br />

unidas todas por uma resina, que as xar-se na terra; prende-se a esta por<br />

conserva apertadissima.<br />

meio de raizes numerosissimas, dis­<br />

Os peciolos ficam separados, mas as postas horisontalmeute em roda da ex­<br />

folhas reunem-se no alto , e formam tremidade inferior do tronco.<br />

assim um corpo oblongo delicado, em Estas raizes se estendem a grandes<br />

seguimento ao caule.<br />

distancias, porém penetram pouco pro­<br />

Estas folhas abrem e se expandem fundamente na terra; tem a côr e<br />

debaixo da pressão de um novo grupo grossura da raiz da salsaparrilha.


CAR CAR 133<br />

Esta palmeira cresce algumas vezes j<br />

nos terrenos areientos; mais geralmente<br />

nos terrenos salinos denegridos, de sedimento,<br />

completamente nivelados pela<br />

occupação das águas, em epocha mais<br />

ou menos afastada.<br />

Os valles, as margens dos rios e das<br />

lagoas são. os lugares que lhe con-,<br />

vém.<br />

Nunca se encontra a Carnaubeira nas<br />

alturas, nem ainda nas ondulações ca-<br />

•suaes de terrenos.<br />

Ella evita igualmente a visinhança de<br />

outros vegetaes de grande altura; pelo<br />

que não se vê, em planices de Carnau­<br />

beira, além d'esta palmeira, mais do que<br />

grupos de arbustos dispostos em declives<br />

naturaes.<br />

As agúas- da chuva, em conseqüência<br />

da disposição do terreno em superfície<br />

plana, amontoam camadas de caroços de<br />

carnaúba de distancia em distancia, e<br />

com elles cobrem ás vezes grandes extensões<br />

de terreno.<br />

As tenras plantas brotam assim tão<br />

juntas que formam um bosque impenetrável.<br />

Assim, esta maneira de crescer em<br />

phalange, como os- dardos de que os<br />

• peciolos são guarnecidos, parecem ter<br />

por fim a protecção mutua das plantas<br />

novas contra os ataques das numerosas<br />

espécies de animaes tão ávidos do palmito,<br />

e que as destruiriam ihfallivelmente<br />

sem esta solicitude da natureza.<br />

Este modo de crescimento das tenras<br />

Carnaubeira tem comtudo o inconveniente<br />

de impedir o prompto desenvolvimento<br />

da planta.<br />

Esta palmeira gosta dos lugares seccos<br />

ou ao menos dos terrenos que ficam em<br />

secco na maior parte do anno, posto<br />

que sugeitos a serem regados por inundações<br />

periódicas; ella resiste perfeitamente<br />

ás invasões prolongadas das<br />

águas, com tanto que não cubram inteiramente<br />

a parte inferior do tronco.<br />

Então forma-se em roda do pé uma<br />

espécie de orla produzida pelas raizes,<br />

e destinada a elevar o terreno, e a garantir<br />

assim o caule d'unaa demasiada<br />

infiltração da humidade.<br />

E' o que se observa nos lugares que<br />

experimentam grandes inundações, taes<br />

como certas partes do lugar chamado<br />

Carité, da comarca dô Crato no Ceará,<br />

e principalmente nas margens do lago<br />

Parnaguá, no Piauhy.<br />

Este lago, d'uma extensão de 25<br />

kilometros pouco mais ou menos, foi<br />

formado por uma depressão de terreno<br />

em fins do ultimo século.<br />

Antes do abalo que deu nascimento<br />

a esta collecção d'aguas, o valle de<br />

Parnaguá estava coberto de uma floresta<br />

de Carnaubeiras.<br />

Via-se ainda, ha alguns annos, cm<br />

certas partes pouco profundas, alguns<br />

troncos do mesmo vegetal cercados de<br />

raizes.<br />

As palmeiras, cujo tronco não foi<br />

totalmente coberto pelas águas, puderam<br />

resistir com o soccorro da orla<br />

de que acabo de fallar.<br />

A Carnaubeira apresenta outro phenomeno<br />

ainda mais digno d'observação :<br />

é que a secca a mais prolongada, convém<br />

perfeitamente ao seu crescimento,<br />

e desenvolvimento no Ceará, e lugares<br />

circumvisinhos, onde não chove nunca<br />

durante seis mezes no anno, isto é<br />

durante a estação chamada verão pelos<br />

naturaes do paiz : a Carnaubeira exhibe<br />

um poder vegetativo dos mais vigorosos,<br />

justamente n'esta estação quente<br />

e privada d'agua.<br />

No tempo da secca a maior parte das<br />

arvores, arbustos e sub-arbustos despojam-se<br />

das folhas ; as Gramineas seccão<br />

e são levadas pelo vento; a terra das<br />

planícies argilosas, perdendo a humidade,<br />

abre fendas de perto de 20 centímetros<br />

de profundidade.<br />

No meio d'esta scena tristonha, semelhante<br />

á que offerecem os invernos nas<br />

zonas temperadas, vêm-se florestas immensas<br />

de Carnaubeiras em prospera vegetação.<br />

A extracção da cera da Carnaúba está<br />

calculada, nas duas províncias, em<br />

3.560,000 kilogrammas; parte d'esta cera<br />

consome-se na fabricação das vellas, e<br />

outra parte é exportada para as demais<br />

províncias do Império.


134 CAR CAR<br />

Não nos consta que esta cera tenha<br />

grande extraeçáo na Europa; porem no<br />

Império é geralmente usada na illuminacão<br />

domestica.<br />

Depois da extracção da cera aproveitam-se<br />

as palhas para fabricação de chapéos,<br />

esteiras, vassouras, capachos, e<br />

cordas, conhecidas pelos indígenas por<br />

ticum ou tucum de Carnaúba.<br />

As mesmas folhas prestam-se ao fabrico<br />

do papel, e seria uma grande fonte<br />

de riqueza se se aproveitassem esses<br />

montes de folhas, que ordinarimente<br />

são queimadas depois da extracção<br />

da cera.<br />

A madeira conservando-se á sombra,<br />

ou empregada em esteios, é duradoura<br />

e incorruptível.<br />

Na maior parte das construcções do<br />

Rio Grande do Norte e Ceará, não se<br />

emprega outra madeira senão a da<br />

dc castanha, e tão eriçada de espinho».<br />

que custa pegar-se n'ella; abre-se naturalmente<br />

em duas valvas coriaceas.<br />

contendo duas sementes lisas, arredondadas,<br />

ovaes, um tanto deprimidas, de<br />

côr cinzenta esverdinhada e muito<br />

duras.<br />

São empregadas como desobstruentes<br />

das vísceras abdominaes.<br />

Esta espécie vegeta no littoral, ?.<br />

gosta da beira-mar.<br />

Caroá ou Caroatá. — Bromelia<br />

vartegata, Arr. Cam. — Fam. das Bromeliaceas.—<br />

É planta herbacea, habitante<br />

dos sertões das províncias do<br />

Norte, e por esse nome conhecida.<br />

Não tem caule; é um molho de fo­<br />

Carnaubeira. Também<br />

lhas ensiformes, de 1 a 2 metros de<br />

comprimento, bordas reviradas, ciliadas,<br />

lançando do centro uma vergon­<br />

se presta para tea de 66 a 88 centimetros, da qual<br />

certas obras de marceneria, para ben­ brotam flores em cachos, de um azul<br />

galas, etc, etc.<br />

purpurino; tendo por fructo uma baga<br />

É muito dura, e d'um amarello ver­ oval, medindo 27 e % millimetros, a<br />

melho, com veios pretos, susceptível qual encerra algumas sementes.<br />

d'um bello polido ; offerece manchas A pátria d'esta planta é o valle de<br />

pretas, que produzem bello effeito. S. Francisco até o Ceará, onde especialmente<br />

floresce.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — As raizes Fornece bom linho, segundo o Dr. Ar­<br />

»ão usadas nas affecções cutâneas, e ruda Câmara.<br />

nos accidentes syphiliticos, na dose de Caroba.—Bignonia brasiliana, Lamk.<br />

30 grammas para 500 grammas d'agua, — Jacarandá brasiliana, Personn. — Eor-<br />

em cosimento.<br />

delestris syphilitica, Arr. Cam. — Bignonia<br />

Copaia, Aublet — Fam. das Bigno-<br />

Carniucula. — Guilandina spinoniaceas. — Arbusto trepador , de folhas<br />

sissima. — Fam. das Leguminosas. — ou É galhos oppostos.<br />

um arbusto do paiz, que não tem mais As folhas são em palmas oblongas.<br />

de I metro de elevação, conhecido em As flores em cachos, amarellas, e cam-<br />

Pernambuco por este nome.<br />

panuladas, simulando cometas.<br />

Seus caules formam touceira.<br />

O fructo é uma vagem pequena, con­<br />

Todas as suas partes são eriçadas tendo grãos achatados.<br />

de espinhos cerrados, tornando quasi A casca d'este vegetal, e de outros<br />

impenetrável a entrada na sua tou­ da mesma familia, coutem um principio<br />

ceira.<br />

As folhas são ellipticas, dispostas em<br />

amargo, e adstringente.<br />

palmas, e cheias de espinhos.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — As folhas<br />

As flores, em cachos pequenos, tam­ da Caroba empregam-se contra as boubém<br />

com espinhos, são amarellas, com bas, a syphilis, as escrophulas, quer se<br />

cheiro suave, e de côr desbotada. manifestem por hereditariedade, quer<br />

O fructo é uma vagem quasi re­ sejam adquiridas, especialmente contra<br />

donda, um pouco deprimida, de côr as affecções cutâneas chronicas.


CAR CAR 135<br />

Faz parte da celebre massa antiboubatica<br />

de João Alves Carneiro.<br />

Internamente 8 grammas para 875<br />

grammas d'agua, em decocção.<br />

Caroba branca. — Sparratosperma<br />

Uthontripticum, Mart. — Bignonia leucanta,<br />

Vell. — Fam. idem. — Esta planta,<br />

congênere das carobas, tem a mesma<br />

virtude depurativa, diuretica e lithontriptica.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS . — E' um re- !<br />

Caroba paulistana.— Jacarandá<br />

exiphylla.— Fam. idem.— Tem os mesmos<br />

usos do Jacarandá procera; todas<br />

estas Carobas tem mais ou menos as<br />

mesmas virtudes, e são, além de antisyphiliticás,<br />

diureticas e purgativas.<br />

Carolina. — Andenanlhera pavonia^<br />

Linn.— Fam. das Leguminosas.— Arvore<br />

da índia cultivada no Brasil.<br />

É uma frondosa arvore, de folhas em<br />

palmas miúdas.<br />

Flores brancas e pequeninas.<br />

médio prodigioso, usado desde remotas O fructo é uma vagem comprida,<br />

eras pelos índios do Brasil como o ver­ contendo sementes redondas e vermedadeiro<br />

purificador do sangue, nas aflhas, que parecem vidradas.<br />

fecções diathesicas.<br />

As folhas são antirheumaticas, e as<br />

sementes comem-se cosidas.<br />

Caroba de flor verde. — Cy-<br />

Os chins ou os índios das Mololucas<br />

bistax anti-syphilipica, Mart. — Bignonia fazem com elles enfeites e ornamentos<br />

quinquefolia, Vell. — Fam. idem.<br />

de pescoço.<br />

Esta planta também tem o nome de<br />

Condorís.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— Esta Caroba<br />

é um anti-syphilitíco; mas é empregada<br />

também na retenção das ourinas,<br />

e nas hydropisias.<br />

Fazem-se loções, nas ulceras syphiliticas,<br />

com o cosimento de suas folhas.<br />

Ò infuso se prepara na proporção de<br />

4 grammas para 500 grammas d'água.<br />

Carqueja amargosa.—Baccharis<br />

triptera, D. C.—Cacalia amara, e G. decurrens,<br />

Vell.— Fam. das Compostas.— Esta<br />

espécie de planta vegeta no Rio de Janeiro,<br />

em h. Paulo, no Rio-Grande do<br />

Sul, e em Minas.<br />

Caroba guyra. — Bignonia pur-<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— É um tônico<br />

gans. — Fam. idem. — Esta espécie de<br />

e anti-febril muito empregado; dá-se<br />

Caroba, segundo Ridel, tem a raiz<br />

nas dyspepsias e diarrhéas, em cosi­<br />

purgativa, e é muito usada no alto<br />

mento adoçado com o xarope de casca<br />

Amazonas.<br />

de laranja.<br />

Caroba da miúda.—Eordelestris<br />

O infuso se prepara com 12 grammas<br />

undulata, Arr. Cam. — Fam. idem. —<br />

da planta para 459 grammas d'água.<br />

A este arbusto também chamam Caro-<br />

O extracto dá-se na dose de 2 grammas.<br />

binha, oa Casco de cavallo.<br />

E' também útil nas obstrucções do<br />

fígado.<br />

Caroba (outra espécie).— Jacarandá<br />

procera, Spreng. — Fam. idem. Carqueja doce. — Baccharis Gaudichaudiana,<br />

D. C. — Cacalia, sessilis,<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Esfoutra Vell.— Fam. idem.— Esta espécie é vi-<br />

espécie de Caroba é também antisinha da outra, e torna-se recommehsyphilitica.davel<br />

pelas suas propriedades tônicas<br />

Suas folhas são empregadas contra e anti-febris.<br />

a syphilis, em cosimento.<br />

E' muito usada na arte veterinária<br />

Applica-se também sobre as ulceras contra as moléstias chronicas.<br />

syphiliticás, polvilhando-as com o seu<br />

pó.<br />

Carrapato, Carrapateiro , ou


136 CAR CAR<br />

Mamoiia— Ricinus communis, Linn. e É conhecido em Pernambuco por esse<br />

Spl. —Fam. das Euphorbiaceas. —E' um mesmo nome.<br />

arbusto agreste, originário da índia e<br />

da África, segundo dizem os autores. Carraplcltlnlto. — Urena sinuata,<br />

Cultivam-no no Brasil, onde é co­ Linn.— Fam. das Malvaceas.— Monadelnhecido<br />

por um e outro nome, dos quaes phia Polyandria, Linn.— Esta espécie<br />

o primeiro é o de um insecto do paiz, oriunda do paiz é um arbustinho que<br />

que se agarra aos animaes e aos ho­ vegeta francamente pelas bordas dos<br />

mens, causando grande incommodo. caminhos, ruas mais desertas e quin­<br />

O Carrapalo cresce até 4, 5 metros e taes.<br />

mais; é esgalhado, seu tronco é no­ É esgalhado, cresce pouco, até 1 a 2<br />

doso e oco.<br />

metros, ou pouco mais.<br />

O lenho brando e alvo.<br />

As folhas são meio lobadas,e mui ba­<br />

As folhas em fôrma de palmas, ou ças.<br />

circulo dividido em lacinéas, e com pe- As flores são de côr de rosa viva, e bociolo<br />

fistuloso.<br />

nitas, mas sem cheiro.<br />

As flores, em cachos roliços, são ou O fructo é secco, quasi como o quiabo,<br />

parecem feixes de filetes reunidos. porém menor, e abre-se da mesma fôrma;<br />

O fructo é uma noz redonda achatada, tem sementes verdes, redondas, acha­<br />

de gommos, apresentando um tegumento tadas.<br />

herbaceo exterior, e três lojas conicas, Também o chamam Quiabo bravo, e nas<br />

em cada uma das quaes se aloja uma Alagoas Carrapicho.<br />

semente quasi oval, brilhante, cinzenta É uma das espécies que dão matéria<br />

e coroada por um corpo carnoso. prima para cordoaria.<br />

A amêndoa d'esta semente é mui oleosa. As folhas usam-se contra tosse, em<br />

Os fruetos estalam quando maduros, e infusão.<br />

lançam as sementes por terra.<br />

É donde se extrahe o óleo de ricino Carrapielto.— Urena sinuata, Arr.<br />

da Pharmacia.<br />

Cam.— Fam. das Malvaceas.— E' conhe­<br />

Ha quatro espécies de sementes de cida em Pernambuco por este nome; no<br />

ricino, a saber: pequena, grande, ver­ Rio de Janeiro, Minas e S. Paulo, pelo<br />

melha e branca; da pequena é que se de Guaxima.<br />

extrahe maior quantidade de óleo. A casca dessa planta separa-se facilmente,<br />

deixando-a macerar durante quin­<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—As folhas do ze dias.<br />

Carrapaleiro são tidas como emollientes,. D'ella se faz corda, que emprega-se<br />

e seu cozimento empregado contra os em diversos uzos.<br />

tumores, em banhos. O óleo, que d'elle<br />

se extrahe, é o óleo de ricino, muito usado Carrapielto dagulha.— Coreo-<br />

internamente na dose de 30 a 60 grampsis tricornea.— Fam das Compostas.—<br />

mas, como purgativo.<br />

Esta espécie, conhecida por este nome<br />

em Pernambuco, no Pará, e talvez nas<br />

Carrapateiro molle.— Ricinus. mais províncias do Norte, é uma ele­<br />

— Fam. idem — É uma espécie semegante herva que cresce nos quintaes e<br />

lhante ao Carrapateiro grande, tendo só matos adjacentes.<br />

a differença de ser o tecido exterior da Sua altura chega até 83 centimetros<br />

semente tênue, de sorte que facilmente pouco mais ou menos.<br />

com um palito se atravessa a sua amên­ Seu caule, ora esverdinhado, ora rodoa;<br />

por isso é que a população pobre xeado, é esgalhado, com folhas recor­<br />

do sertão enfia uma porção de sementes tadas em fôrma de pequenas palmas.<br />

suecessivamente em um ponteiro, e ac- As flores, amarellas e miúdas, tem<br />

cendendo-o serve-se d'elle como vella. um pequeno cálice verde, bordado de


CAR CAR 139<br />

folhinas amarellas em redor, com um Carrasco. — Cambesseãeria wmbeli-<br />

aggregado de outras folhinhas no centro. cata. — Fam. das Melaslomaceas. — Ar­<br />

Tem pouco cheiro.<br />

busto agreste, que abunda nas provin-<br />

O fructo é uma pequena cápsula cias do norte do Brasil, e borda as<br />

comprimida e preta, tendo no ápice estradas.<br />

três aguilhões, que se apegam á roupa. É por este nome conhecido nas Ala­<br />

E' dolorosa a sua picada.<br />

goas, e no interior.<br />

É uma planta de porte mediano,<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS— Esta planta ramosa.<br />

passa por um infallivel remédio para a Caule coberto de pennugem esbran­<br />

ictericia; usa-se interna e externamente. quiçada .<br />

Folhas ovaes, lustrosas, de verde es­<br />

Carrapielto beiço de boi. — curo por cima, e esbranquiçadas na<br />

Desmodium diureticum.— Fam. das Leguparte<br />

inferior.<br />

minosas: — Herva agreste oriunda do Os pedunculos regulares.<br />

paiz, e conhecida em Pernambuco por Flores brancas e pequenas.<br />

tal nome.<br />

Os fruetos como pequenos glóbulos<br />

Alastra levantando a parte superior arroxeados, com uma polpa, envol­<br />

dos ramos, que são castanhos ; com fovendo sementes miúdas.<br />

lhas compostas de 3 foliolos ovaes. Toda a planta cobre-se de um péllo<br />

As flores são roixas, e em caixinhos, macio e louro, que esconde ás vezes<br />

que parecem pequenas borboletas.<br />

O fructo é uma vagem pequena com­<br />

os órgãos da fruetificação.<br />

prida, recta d'um lado, e d'outro for­ Carurú.— V. Bredo Carurú, e tammando<br />

saliências e depressões. bém Bredo macho.<br />

Em cada divisão encerram-se uns<br />

grãosinhos,<br />

Carurú azetlo. — V. Vinagreirá.<br />

Toda a planta tem um pello mui<br />

eurto.<br />

Carurú da matta ou verme­<br />

O fructo adhere á roupa, e mesmo lho. — Amaranthus melancholicus, Linn.<br />

ao corpo dos animaes; agarra-se por — Fam. das Amaranthaceas. — Herva<br />

exemplo, aos bois, mormente nos beiços, conhecida nas Alagoas por este nome.<br />

quando aquelles pastam.<br />

É agreste, de folhas oblongas, inse­<br />

Esta herva é applicada domesticaridas em um caule pequeno, suecumente<br />

nas gonorrhéas.<br />

'lenta, com os peciolos longos, e in­<br />

* Na Bahia é conhecida- por Papo de feriormente roxos<br />

Peru.<br />

Brota sobre o pedunculo um botão<br />

herbaceo quadrangular, alado, que tem<br />

Carrapielto de calçada.—Tri­ no centro uma reunião de muitas floumfeta<br />

semitriloba.— Fam. das Tiliaceas. res miudissimas, como também" são as<br />

— Planta do paiz de folhas alternas, de sementinhas.<br />

base oval, trilobada, e flores amarellas.<br />

O fructo é uma cápsula redonda, es­ Caruto. — Genipa caruto, Kunth. —<br />

quinada, com espécies de espinhos. Fam. das Rúbiaceas. — O Caruto é como<br />

O decoto é empregado em injecções um Jenipapeiro ordinário, que dá no ter­<br />

contra as gonorrhéas.<br />

ritório de Cayenna e no Rio Negro.<br />

Dos ramos tira-se uma filaça, de que É indígena do paiz; suas folhas são<br />

se fazem cestinhas, etc.<br />

grandes, ovaes, obtusas, lusidias por<br />

Ha ainda: Triumfeta eriocarpa, cima, St. um tanto ásperas por baixo.<br />

Hil:-- Triumfeta lapputa, Vill — Trium­ O fructo dá uma tinta, com que os<br />

feta sepium, St. Hil. — Triumfeta hete- índios tingem o corpo, principalmente<br />

rophylla, Lámk.<br />

o rosto.<br />

20


13N CAS CAS<br />

O povo de Carthagena chama-lhe<br />

Xaguà.<br />

Casca atnargosa do Maranhão.<br />

— V Guereroba de remo.<br />

tentadas por um trophosperma sutural<br />

e filiforme, que pende para fora quando<br />

o fructo se abre.<br />

Estas sementes teem o embryão erecto<br />

em um endosperma carnoso.<br />

Casca doce.— Andradea dulcis.—<br />

Fam. idem.— Planta do Pará.<br />

Casca d'Anta.— Drymis Winteri.—<br />

Casca de larangeiru da terra.<br />

Fam. das Magnoliaceas. — Arvore silves­<br />

— Evodia febrifuga.—Fam. das Rutaceas.<br />

tre de Minas Geraes, e S. Paulo.<br />

—Esta arvore é natural de Minas-Geraes.<br />

Suas folhas são grandes, ovaes, suc-<br />

E' amarga, tônica, febrifuga.<br />

culentas, e aggregadas nos ramos.<br />

Aconselha-se como suecedanea da<br />

As flores são igualmente grandes.<br />

Quina.<br />

Ella floresce em Fevereiro e Setembro.<br />

Os habitantes d'aquellas províncias<br />

Casca para tudo. — Cinamoden-<br />

empregam a sua casca como estimudron<br />

axillare, Mart. — Fam. das Lawalante<br />

e tônico.<br />

ceas.— A casca d'esta planta, amarga, é<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. —Esta fa­ natural do Brasil, onde existem duas<br />

milia é composta de grandes e bellas espécies, que passamos a descrever.<br />

arvores, ou de arbustos elegantes, ador­ A 1." espécie do Para-tudo tem a casca<br />

nados de lindas folhas alternas, quasi larga pouco arqueada, da grossura de f><br />

sempre coriaceas e persistentes, pro­ millimetros, não comprehendendo a cavidas<br />

na base de estipulas foliaceas. mada cortiçosa.<br />

As flores espalham um suave perfu­ Ella é leve, quebradiça e granulosa,<br />

me; são quasi sempre muito grandes de um amarello côr de laranja; a parte<br />

e geralmente axillares.<br />

interior é coberta de uma pellicula fina<br />

O cálice se compõe de três a seis e esbranquiçada.<br />

sepalas frágeis.<br />

A camada cortiçosa é da grossura de<br />

As pétalas variam de três a vinte e 2 a 3 millimetros, profundamente gre-<br />

sete, formando alguns verticillos. tada, e facilmente se separa do liber,<br />

Os estames, mui numerosos e livres, exteriormente é cinzenta, e interiormente<br />

são dispostos em diversas ordens e li­ é de côr verde amarellada ; parece forgados<br />

ao receptaculo, que sustem as mada de camadas concentricas, nume­<br />

pétalas.<br />

rosas e mui ligadas.<br />

Os pistillos numerosos, ora reunidos A casca é de um sabor amargo.<br />

circularmente, e sobre uma única ordem A segunda espécie do Para-tudo tem<br />

no centro da flor, ora formando um a casca larga, mais composta que a<br />

capitulo mais ou menos dilatado. da precedente, da grossura de 1 mil­<br />

Esses pistillos são compostos de um limetros quando muito, quebradiça; é<br />

ovario unilocular, contendo um ou mais um pouco avermelhada e granulosa,<br />

óvulos, de um estylete apenas distineto excepto a parte interna que é formada<br />

e de um estigma simples.<br />

de algumas lâminas finas, muito fibro-<br />

Os fruetos são carpellas seccas ou sas e de uma côr cinzenta escura.<br />

carnosas, reunidas circularmente sob a A camada cortiçosa é da grossura<br />

forma de uma estrella, ou dispostas em de 2 millimetros, adherente ao liber,<br />

capitulos, e algumas vezes todas ligadas rugosa e gretada, de textura seme­<br />

entre si.<br />

lhante á da cortica, e tendo como ella<br />

Cada carpella é indehiscente, ou se as fibras perpendiculares ás do liber.<br />

abre por uma sutura longitudinal; e Esta casca é de sabor extremamente<br />

as sementes são algumas vezes sus­ amargo.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' empregado<br />

o Para-tudo contra o fastio, de-


CAS<br />

CAS 139<br />

bilidade geral,(diarrhéa, febres inter- Cassatinga de espinlto. — V.<br />

mittentes, mordeduras de cobras, etc. Catota de espinho.<br />

Internamente, 8 grammas para 90<br />

grammas d'agua, em cosimento. Cassatinga mansa. — Solanum<br />

aniíatum. — Fam. das Solanaceas. — Ar­<br />

Casca preciosa. — Mespilodaplike busto silvestre conhecido nas Alagoas<br />

pretiosa, Mart.— Cryptocarea pretiosa.— por este nome.<br />

Fam. das Lauraceas.— Esta planta é Suas folhas são em fôrma de mouta,<br />

abundantíssima no Rio-Negro. e cahem umas sobre as outras; ellas<br />

Sua casca é aromatica e excitante. são cobertas de um pello macio e branco<br />

de côr verde azulada, estreitas e miúdas.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— E' empre­<br />

As flores em cachinhos e de côr<br />

gada na asthenia nervosa por abuso roxa clara.<br />

dos prazeres venereos, nas dores sy- Dá um fructo de 27 a 28 millimephiliticas<br />

das articulações, e nos catros de comprimento, redondo, esvertarrhos<br />

chronicos.<br />

dinhado, coberto de pello, e que con­<br />

Dá-se em infusão, e cosimento, intertem muitas sementes pequenas envoltas<br />

namente e em banhos.<br />

em uma massa aquosa.<br />

Não se come.<br />

Cascarrillta. — Croton Cascarrilla,<br />

Linn.— Fam. das Euphorbiaceas.— E' um Castanha do Pará ou do ma­<br />

arbusto oriundo do Peru, do Paraguay<br />

ranhão. — Bertholletia excelsa, Eumb.<br />

e do Brasil; tem pequeno porte, é<br />

e Bomp. — Fam. das Myrtaceas.— Arvore<br />

muito esgalhado e esbranquiçado.<br />

gigantesca e habitante do Pará e dô<br />

Seus ramos e folhas são cobertos de<br />

Maranhão, de tronco erecto, cylindrico,<br />

pello macio e estrellado, sendo as folhas<br />

elevando-se a mais de 32 metros de al­<br />

lanceoladas e pequenas.<br />

tura, alcançando um diâmetro de %. a 1<br />

As flores, em espigas, miúdas é es­<br />

metro e mais.<br />

verdinhadas. O fructo é de três quinas,<br />

Ramos muito compridos, com as ex­<br />

e -trez caroços.<br />

tremidades vergadas para baixo, muito<br />

A casca d'este vegetal é objecto de<br />

foliosos.<br />

commercio para a Europa : ella tem<br />

Folhas alternas, grandes, curtamente<br />

cheiro activo e é resinosa : d'ella se<br />

pecioladas, oblongas e quasi coriaceas,<br />

extrahe um óleo volátil de cheiro suave.<br />

inteiras; face superior de bella côr ver­<br />

Suas propriedades são comparadas ás<br />

de, e inferior esbranquiçada, e apresen­<br />

da Quina ; é tônica e obra como estitando<br />

nervuras ou veios transversaes.<br />

mulante enérgico. jT<br />

O fructo é uma noz espherica, do tamanho<br />

da cabeça de uma criança, e ainda<br />

Cascarrillta falsa.—V. Quina do<br />

maior; verde, lisa e quadril o cular, con­<br />

Rio de Janeiro.<br />

tendo muitas sementes.<br />

Casco de cavallo — Barbarier<br />

Sarcocarpo fino; pericarpo muito so­<br />

ondulatus.— Planta de Pernambuco emlido cheio de sulcos ram osos, e com seis<br />

pregada contra as bobas.<br />

linhas de espessura.<br />

Sementes fixas a um trophosperma<br />

Casquinlto. — É uma planta in­ central pela extremida de inferior, sendo<br />

dígena, que dá uma frueta redonda de cada uma envolvida por dois perisper-<br />

55 millimetros de comprimento, de côr mas: um exterior rugoso, côr de ca­<br />

amarella, quando madura, e semeada nella clara, formado de duas lâminas<br />

de pontinhos translúcidos.<br />

de consistência lenhosa, e outro inte­<br />

É tenaz, tem cheiro activo, e contem rior, mais fino que o precedente, e tam­<br />

dentro uma massa amarella, esponjosa bém formado de duas lâminas transpa­<br />

e aquosa, com um caroço oval no centro. rentes, estreitamente unidas.


I IO CAT CAT<br />

Amêndoa oblonga, triangular, de ân­ Caule delgado ; folhas trifolioladah,<br />

gulos obtusos; é branca tendo muita e semi-angulosas na fôrma, cobertas<br />

analogia com as amêndoas da Europa. de uma espécie de cotão.<br />

Estas amêndoas são excellents.s para Flores, reunidas em espigas, são quasi<br />

comer-se, e de sabor exquisito; podem azues, miúdas, e tôm algum aroma.<br />

perfeitamente substituir as amêndoas O fructo é uma vagem chata, de 6tí<br />

doces.<br />

a 88 centimetros de comprimento, estreita<br />

e vinculosa ; as bordas são semi-<br />

Casca da ntatta.—Arvore do paiz. recortadas, de côr parda, e as sementes<br />

são castanhas como as do feijão.<br />

Catinga de macaco brava.— Esta planta trepa pelas outras ; o<br />

Stizolobium pungens.—Fam. das Legumi­ cosimento d'ella é applicado em banosas.—<br />

Arbusto tre^ador, aggreste, conhos aos animaes atacados de piolhos.<br />

nhecido por este nome em Alagoas e Pernambuco.<br />

Catinga de mulata. — Leucaa<br />

Seus caules trepam sobre outras plan­ martinicensis, Benth.—Stachys flnminensis,<br />

tas.<br />

Vell.—Stachys recta.—Fam. das Labiadas.<br />

As folhas tiifolioladas, subangulosas e —E' um arbusto de folhas cordiformes, e<br />

pillosas.<br />

As flores em feixes, de roxo escuro azu­<br />

flores amarellas.<br />

lado, como a flor do feijão, e sem cheiro. PROPRIEDADES MÉDICAS.— Elle é em­<br />

O fructo é uma vagem roliça, e achatapregado como anti-hysterico, e nas dores<br />

da de um lado, coberta de pellos longos, arthriticas.<br />

bastos e picantes, que produzem dôr O cozimento applica-se em banhos<br />

como a de queimadura, na pelle; encerra como anti-rheumatico.<br />

sementes como grãos do feijão, mas com As flores são carminativas ; dá-se em<br />

o ponto de inserção mais dilatado. infusão.<br />

Catinga branca. —Senharia tin- Catinga de paca. — Eloeagnus cactorium,<br />

Arr. Cam. —Fam. das Legumitinga.—Fam. das Thymeleaceas.—Arvore<br />

nosas.— Arbusto que abunda em Per­ silvestre conhecida por este nome nas<br />

nambuco, na Parahyba e no Ceará. Alagoas.<br />

As folhas e a casca têm um cheiro Suas folhas são oppostas no ponto de<br />

agradável, que se assemelha ao do Cravo inserção; tem um aroma enjoativo.<br />

da índia.<br />

Suas flores são semelhantes a pequenos<br />

Ella se acha com abundância nos ser­ botões, cujo fructo é menor que um araçá<br />

tões.<br />

ordinário, encerrando 2 ou 3 sementes<br />

Produz pela ebullição uma tinta de de tamanho regular.<br />

côr amarella, muito usada na arte da<br />

tinturaria.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA . — Arbustos,<br />

raramente plantas herbaceas, de folhas<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — O decocto alternas ou oppostas, inteiras, tendo as<br />

empregam-no para curar as sarnas, em flores terminaes ou axillares em fôrma<br />

loções.<br />

de sertulas, de espigas solitárias, ou reunidas<br />

no centro das folhas.<br />

Catinga de macaco mansa. O cálice é geralmente colorido e peta-<br />

Dyphisa fiava. — Fam. idem. — Arbusto loide, mais ou menos tubuloso, de quatro<br />

trepador natural do paiz, que em qual­ ou cinco sepalas embricadas antes de<br />

quer matto se encontra.<br />

desabrochar.<br />

E' conhecido em Alagoas, Pernam­ Os estames geralmente em numero de<br />

buco e Sergipe por este nome; tam­ oito, dispostos em duas ordens, ou de<br />

bém o chamam Fava brava.<br />

quatro, ou simplesmente de dois, são in-


CAT CAT 141<br />

se ridos, e em geral sesseis, na parede centimetros de diâmetro, mais fino na<br />

interna do cálice.<br />

base e mais grosso no alto.<br />

O ovario é unilocular, e contém um O ramalhete das folhas toma direc-<br />

só óvulo pendente.<br />

cão vertical, e estas são de côr azu-<br />

O estylete é simples, terminado em lada.<br />

um estigma igualmente simples.<br />

Dá cachos de flores, compridos, as<br />

O fructo é uma espécie de noz ligeira­ vezes de mais de um metro.<br />

mente earnosa por fora.<br />

E' como grande numero de palmei­<br />

O embryão, que é voltado como a seras, de côr amarella barrenta, com<br />

mente, está contido em um endosperma aspecto de flor de cera.<br />

carnoso e delgado, e tem a radicula su­ O fructo é de 60 millimetros de<br />

perior.<br />

diâmetro, ovoide, de casca parda, tendo<br />

Ós gêneros principaes d'esta familia no ápice um ponto agudo.<br />

são Daphne, Stellera, Passerina, Pimelea, Na base ha uma roseta de escamas.<br />

etc. As Daphnaceas formam um pequeno Essa casca do fructo é de côr ama­<br />

grupo muito natural, que differe das rella no interior, e encerra uma massa<br />

Eleagneas pelo óvulo pendente, e não da mesma côr, polposa, um tanto<br />

erecto, e, das Santalaceas, pelo ovario aquosa e oleosa ; é a parte que se<br />

livre e uniovulado.<br />

come.<br />

Encontra-se dentro um caroço ósseo,<br />

Catinga fie porco.— V. Cipó ca­ contendo uma amêndoa branca, muito<br />

tinga de porco.<br />

oleosa e de gosto agradável.<br />

O óleo d'esta amêndoa não só é ex-<br />

Catingua ou Catigua. — Tricellente para usos culinários como<br />

chília catigua, St. EU.— Fam. das para Me- luz.<br />

liaceas. — E' uma arvore silvestre que Na província das Alagoas, onde mais<br />

cresce em Minas Geraes.<br />

abunda esta palmeira, a pobreza no<br />

E' de grande altura.<br />

tempo da frueta faz excursões nas mattas<br />

Suas folhas são dispostas em palmas. para colhel-a.<br />

As flores, amarellas, em cachos.<br />

O fructo capsular.<br />

Catota.— Solanum calota.—Fam. das<br />

O lenho d'esta arvore é avermelha­ Solanaceas.—Esta planta sylvestre é codo.nhecida<br />

nas Alagoas e em Pernambuco<br />

Ha três espécies: florescem em Abril. por este nome.<br />

É um arbusto baixo, de 2 a 2 %. me­<br />

Catinguei r a.—Ccesalpinia. — Fam. tros de altura pouco mais ou menos,<br />

das Leguminosas.—E' uma planta do de poucas folhas, marchetadas no seu<br />

paiz, da qual se extrahe uma bella tinta limbo, aloiradas, e com a orla cavada.<br />

amarella.<br />

As, flores, á semelhança das da Jurubeba,<br />

porém mais escuras e maiores.<br />

Catingueira brava. — Croton. — O fructo, também como o da Jurubebd,<br />

Fam. das Euphorbiaceas.—r, Esta espécie mas do tamanho de um limão grande.<br />

também dá uma tinta amarella, digna<br />

de ser utilisada na tinturaria. Catota de espinho.— Solanum pi-<br />

Catojé.— V. Eerva de Santa Maria<br />

ou Caapeba.<br />

per.—Fam. Idem.—Esta outra espécie é<br />

muito semelhante á precedente, differindo<br />

apenas em que esta se enrola sobre<br />

Catolé —Rhapisparamidata.— Fam. os outros vegetaes, e todas as partes da<br />

das Palmaceas.— E' uma palmeira, de planta estão cobertas de pellos hispi-<br />

altura mediana, de 31 a 33 metros dos, longos e loiros, pelo que custa a<br />

pouco mais ou menos.<br />

pegar-se n'ellà; produz na pelle sensa­<br />

Seu caule é quasi lizo, de 2 a 3 ção de queimadura.


ti* CEB CEB<br />

Cauassú. — Threkeldia bracleata.— Apresenta-se I<br />

como um feixe de folhas<br />

Fam. das Chenopodeaceas. — Esta arvore estreitas, I compridas, fistulosas, na su­<br />

oriunda do paiz é de porte pequeno. perfície da terra.<br />

Seus ramos, como formados de arti­ Dá um pendão, em que se notam floculações<br />

nas pontas, são acinzentados res brancas e pequenas.<br />

e fistulosos.<br />

O fructo é muito pequeno.<br />

As folhas em figura de lança, e al­ Na base da reunião das folhas existe<br />

ternas.<br />

um bolbo, que é a cebola, de que fa­<br />

As flores dão em espigas intermeadas zemos uso.<br />

de escamas membranosas.<br />

Este bolbo redondo compõe-se de<br />

O fructo é uma pequena noz, com duas membranas de côr dc castanha<br />

nma ou outra semente dentro. avermelhada, delgadissimas e friaveis,<br />

seguindo-se depois uma substancia<br />

Caxaporra do gentio. — Termi- branca, aquosa, espessa e transparente,<br />

nalia argentea, Mart. — Fam. das Combre- disposta em varias camadas concentaceas.<br />

— Arvore do Brasil: vegeta em tricas, que se separam com facilidade.<br />

Minas-Geraes.<br />

Tem um porte muito bonito, e flores<br />

É de sabor ácido, doce e picante.<br />

em pequeninos cachos.<br />

Cebola recém. —Amaryllis bella-<br />

Dá um fructo á semelhança de uma dona, Linn.'—Fam. das Amaryllidaceas.—<br />

noz.<br />

Esta planta, indigena do Brasil agreste<br />

Esta arvore produz também uma gom­ e cultivada, é conhecida nas Alagoas<br />

ma resina, semelhante a gomma gutta ; por Cebola do matto.<br />

é purgativa na dose de 6 decigrammas, É herbacea; suas folhas, nascidas da<br />

dada em emulsão ou em pílulas. superfície da terra, são de um verde<br />

desmaiado, em figura de lamina de es­<br />

Caxim. —Sapium ilicifolium, Willd. pada, porém longas e reviradas.<br />

— Fam. das Euphorbiaceas. — O Caxim é Deita um pendão do. centro, que dá<br />

uma arvore do paiz, que tem espinhos flores grandes, em fôrma de funil, com<br />

e folhas ovaes.<br />

seis recortes ou pontas, de côr vermelha<br />

Suas flores, em cachos, ou em espi­ pallida, sem cheiro.<br />

gas, são de sexos separados, e miúdas. No centro existem seis estames longos.<br />

A frueta é uma cápsula de 3 gom- O fructo é uma cápsula com três<br />

mos^ e 3 lojas com sementes redondas. compartimentos, nos quaes se acha<br />

uma porção de sementinhas.<br />

Cayaponia.—V Purga do gentio.<br />

Esta planta é como a Açucena na<br />

Cebipira branca. — V. Secupira.<br />

fôrma da flor e porte; tem na base uma<br />

raiz semelhante á cebola, porém mais<br />

allongada; a túnica é esbranquiçada,<br />

Çebipira do campo. — V- Secupira.<br />

o sabor pouco picante. (Fig. 16.)<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Usa-se o<br />

Cebipira da ntatta.—V. Secupira. bulbo em xarope nas affecções pulmonares,<br />

na bronchite, e sobretudo na<br />

Cebola. —Allium cepa, Linn.—Fam. asthma.<br />

das LiUaceas. — Esta planta, cuja verda­ É vomitiva e expectorante.<br />

deira pátria se ignora, é muito cultivada,<br />

e usada em toda parte.<br />

CARACTERES DE FAMÍLIA.— Plantas de<br />

Veio-nos da Europa e é um dos pri­ raiz bulbifera ou fibrosa, de folhas rameiros<br />

ingredientes da arte culinária. dicaes, de flores muitas vezes gran­<br />

Tambam no Brasil se cultiva, nas prodíssimas, solitárias, ou dispostas em<br />

víncias do Sul.<br />

jsertulas ou umbrellas simples, envol-


CEB CEG 143<br />

Vidas, antes do seu desabrochar, em<br />

éspathas scariosas.<br />

O calise é gamosepalo, tubuloso,<br />

adherente pela base ao ovario, de seis<br />

divisões iguaes ou desiguaes.<br />

Os estames, em numero de seis, têm<br />

seus filetes livres, ou reunidos por<br />

meio de uma membrana.<br />

O ovario é de três lojas, contendo<br />

cada uma grande , numero de óvulos<br />

anatropos.<br />

Ò estylete é simples, e o estigma<br />

trilobado.<br />

Cebolinho do Campo.— V. Alho<br />

O fructo é uma cápsula de três lojas, de campina.<br />

e de três valvas septiferas; algumas<br />

vezes é uma baga que, por aborto, só Cedro.— Cedrela brasiliensis. — Adr.<br />

encerra uma ou três sementes. Jus. e St. EU.— Fam. das Meliaceas.—<br />

Estas, que offerecem freqüentes vezes Entra na ordem das plantas impor­<br />

uma caruncula cellulosa , apresentam tantes do Brasil.<br />

em um endosperma carnoso um embryão Esta arvore, muito aromatica, foi<br />

cylindrico e homotropo, mais curto que observada por St. Hil. e Adr. Jus.<br />

a semente.<br />

E' de folhas distribuídas em palmas,<br />

Roberto Brown dividiu a familia das oblongas, com flores em cachos pyra-<br />

Narciseas de Jussieu em duas ordens midaes, brancas o grandes.<br />

naturaes: as Eemerocallideas, onde elle Os fruetos parecem á primeira vista<br />

collocou os gêneros de ovario livre, e pitombas.<br />

as Amaryllideas, que são as verdadei­ O lenho do Cedro exhala muito cheiro,<br />

ras Narcisseas de ovario infero. e quando se corta uma d'estas arvores,<br />

O mesmo celebre botânico também o aroma se espalha a alguma distan­<br />

retirou das Narcisseas de Jussieu os gêcia.neros<br />

Hypoxis e Curculigo, dos quaes fez A madeira é parda, não offerece veios,<br />

um grupo sob o nome de Eypoxiãeas, e é porosa.<br />

que nos parece pouco differente, das Ella presta-se á marcenaria, á escul-<br />

verdadeiras Amaryllideas.<br />

ptura, á construcção naval, etc, etc.<br />

A. Riehard reunio ás Eemerocallideas E' uma das madeiras de corte prohi-<br />

á familia das Liliaceas.<br />

bido pelo governo.<br />

Cebola do matto.—Veja-se Cebol<br />

cecem.<br />

brancas reunidas; d'estas geram-se as<br />

fructinhas, que contém sementes pretas<br />

muito miúdas.<br />

O bolbo é como o da Cebola, em<br />

ponto pequeno; as túnicas que o revestem<br />

são brancas, ou roixas em<br />

outra variedade da mesma espécie;<br />

as camadas que o compõe são formadas<br />

de membranas finas.<br />

Ambas as qualidades são desobstruentes,<br />

porém prefere-se a branca.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — A casca é<br />

adstringente e em ética.<br />

Cebolinho ou Cebolinlta. — Cega olho. — Asclepias umbellata .<br />

Állium schoenoprasum, Linn,— Fam. das Flor. Flum. — Fam. das Asclepíadaceas.—<br />

Liliaceas.— Esta planta é oriunda da Esta herva é conhecida nas Alagoas<br />

Ásia na Sibéria, cultivada desde mui- por este nome, e por Saudade ou Caos<br />

annos em nossas hortas, e de usos mará bravo em Pernambuco.<br />

geral.<br />

E' uma herva elegante, de altura até<br />

Cresce de 4 a 6 e % decimetros. 1 metro pouco mais ou menos, leitosa<br />

Tem um bolbo na base das folhas, em todas as suas partes.<br />

pequeno como o do Alho; d'ahi sahem As folhas são lanceoladas, agudas e<br />

as folhas estreitas, fistulosas, dirigidas molles,.<br />

verticalmente; formam um pendão seme­ As flores reunidas, formando como<br />

lhante ao Alho, onde se notam flòrinhas uma umbrella ou chapéo de sol: umas


144 CEN CEV<br />

vermelha* outras amarellas, e sem<br />

cheiro.<br />

Seu fructo é uma cápsula fusiforme,<br />

paliacea e geminada, contendo muitas<br />

sementes involtas em um feixe de pellos<br />

macios e brilhantes, como seda, ou<br />

sementes coroadas de plumas; d'esta<br />

maneira , estas sementes voam com<br />

muita facilidade, logo que o fructo se<br />

abre.<br />

O leite é empregado contra as dores<br />

de dentes.<br />

E' venenosa.<br />

Cereja de tolhas de pecego.<br />

Centaurea brasileira. — Callo- — Cerasus persicifolia, Loisel.—Fam. das<br />

pisma perfolialum, Mart. — Fam. das Gen- Rosaceas.— Arvore pequena da America,<br />

cianaceas.—Esta planta vegeta em Minas de ; folhas oblongas; flores em cachos c<br />

é herbacea.<br />

brancas.<br />

A raiz é amarga, e é empregada como Cultiva-se no paiz.<br />

tônica e estomacbica.<br />

Seu fructo é globuloso, vermelho, liso,<br />

Ha outra espécie: Callopisma amplexicom<br />

um caroço dentro (espécie de noz),<br />

folium, com as mesmas propriedades. carnoso e ácido.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — A cataplasma<br />

da farinha de centeio é emolliente<br />

e resolutiva.<br />

mais poderosos hemo.staticos vegetaes<br />

que se conhecem; usado interna ou<br />

externamente.<br />

D'elle se extrahe uma substancia, que<br />

se emprega muitas vezes de preferencia<br />

nos mesmos casos : é a ergotina.<br />

Cereiba.— V. Mangue branco.<br />

Cereibuna.—V Mangue amarello.<br />

Cereitiuga.—V Mangue amarello.<br />

Centeio. — Secale cereale, Linn. e Cerejeira dc purga.— Melothria<br />

Richr.—Fam. das Graminaceas.—Planta, pêndula, Linn.—Fam. das Cucurbitaceas.—<br />

herbacea, que cresce naturalmente na Planta herbacea, trepadeira e de folhas<br />

Ásia Menor, cultivada na Europa, e já recortadas.<br />

hoje no Brasil.<br />

As flores são solitárias.<br />

E' uma espécie de capim, cujas es­ Os fruetos pequenos, são bagas alonpigas<br />

são densas, com uns esporões nas gadas com muitas sementes.<br />

espiguetas.<br />

Do grão faz-se farinha, porém que PROPRIEDADES MÉDICAS.— Esseâ frue­<br />

é um pouco pesada, e por isso só prótos são purgativos; a dose para um adulto<br />

pria para estômagos robustos. é a metade de um d'elles; e para animaes,<br />

como cavallos, etc, dão-se três a<br />

quatro fruetos.<br />

Ceri.—Avicennia servida. — Fam. das<br />

Verbenaceas.—E' uma arvore ou arbusto<br />

que vegeta nos pântanos e á beira mar.<br />

Centeio esporado. — Secale cor-<br />

As folhas são oppostas, com flores fornutum,<br />

Linn.—Fam. idem.—Esta espécie<br />

mando uma espécie de cometa.<br />

é da Europa, e chama-se assim porque<br />

O fructo é uma cápsula.<br />

é atacada de cravagem, de uma subs­<br />

As folhas são adstringentes, e empretancia<br />

que se desenvolve entre as valvas,<br />

gadas para tingir e curtir couros.<br />

no lugar da semente.<br />

E' um corpo comprido e arqueado, cy­ Cevada. — Eordeum vulgare, Linn. t<br />

lindrico e bojudo, violaceo, de sabor ar­ Richr. — Fam. das Graminaceas.— Esta<br />

dente e cheiro particular desagradável. espécie é a mais abundantemente cultivada.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — O centeio Até hoje não se sabe positivamente a<br />

e>porado é um agente poderoso para pro­ pátria da Cevada.<br />

mover a- contracções uterinas, e um dos<br />

A farinha é nutritiva como todos sa-


CHA CHA 145<br />

bem, o cozimento dos grãos refrigerante;<br />

é ella que constitue a base da cerveja.<br />

Os estames são em numero igual,<br />

duplo, triplo ou quádruplo do das divisões<br />

calicinaes, na base das quaes<br />

Cevada Santa.— Eordeum dixti- são inseridos; são monadelphos, com<br />

chon, Nees.—Fam idem.—Tem as mes­ quanto alguns d'entre elles sejam as<br />

mas propriedades da precedente. vezes estéreis e reduzidos a seu filete,<br />

que se torna plano e felpudo.<br />

Chá de frade. — Lantana pseudo- O ovario é livre, de uma só loja,<br />

thea, St. EU.— Fam- das Verbenaceas. contendo um grande numero de óvulos,<br />

— Esta espécie vegeta em Minas Geraes. inseridos em três ou cinco trophos­<br />

Póde-se fazer uma idéa d'esta planta permas parietaes.<br />

pouco mais ou menos pela planta Ca­ O estylete é simples, terminado por<br />

mará.<br />

estigma capitulado ou lobulado.<br />

O fructo é uma cápsula unilocular,<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—É empregada abrindo-se em três ou cinco valvas, que<br />

como excitante nas affecções catarrhaes, trazem no meio de sua face interna,<br />

e nos rheumatismos.<br />

as sementes, envolvidas em uma polpa<br />

mais ou menos abundante, e colorida.<br />

Chá de frade ou liasgua de<br />

Estas sementes offerecem um endos-*<br />

fiú.— Casearea lingua, St. EU.— Fam. perma carnoso, no qual existe um em­<br />

das Samydaceas.— Arbusto do Brasil, bryão mui pequeno heterotfopo; isto é,<br />

conhecido por este nome na província tendo sua, radicula opposta ao hilo, ou<br />

de S. Paulo e por Lingua de fiú, na dé ponto de inserção da semente.<br />

Minas Geraes.<br />

Têm folhas lanceoladas.<br />

Chá da Inãia.—Thea sinensis, Nob.<br />

Flores pequenas em feixes nas axillas —Fam. das Temstrcemiaceas.—E' oriunda<br />

das folhas.'<br />

da China esta excellente planta, cujo<br />

0 fructo pequeno, carnoso com um apreço e importância é geral nos paizes<br />

caroço.<br />

cultos, onde o Chá da índia tem-se tor­<br />

Floresce em Agosto e Setembro. nado uma bebida quasi commum.<br />

Elle é um pequeno arbusto, esgalha­<br />

.•..PROPRIEDADES MÉDICAS.—É empregada do,- de caule escuro.<br />

em cosimento contra as febres malignas, Folhas oblongas, de verde escuro, e<br />

e moléstias inflammatorias.<br />

alternas.<br />

As flores são brancas, á semelhança<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.— Arbustos de rosas e com leve cheiro, sendo dis­<br />

todos exóticos, que crescem nas re- postas em trinos, ou binadas.<br />

-. giões mais quentes do globo, apresen­ O fructo é uma cápsula de três cocas<br />

tando folhas alternas, dísticas, simples, redondas, cada uma com um caroço.<br />

* presistentes, o mais das vezes com duas O Chá, na sua terra natal, cresce até<br />

estipulas na base.<br />

a altura de 9 metros, entretanto entre<br />

As flores são axillares, solitárias ou nós é um arbustinho de 1 % a 2 metros<br />

em grupos.<br />

quando muito.<br />

Tem um calix formado por cinco, e,<br />

mais raras vezes, três a sete sepalas, PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' excitante<br />

reunidas todas em sua base, e formando poderoso, sudorifico, diuretico, adstrin­<br />

algumas vezes um tubo mais ou menos gente e estomachico; activa as faculda­<br />

-longo.<br />

des intellectuaes.<br />

O limbo offerece divisões mais ou<br />

Chá mate. — Ilex. thesana, Mart. —<br />

menos profundas e coloridas em sua<br />

Fam. das Celastrineas.—Arbusto das pro­<br />

face interna.<br />

víncias do Sul, como Rio Grande e seus<br />

A corolla falta constantemente. arredores.<br />

21


n« CHA CHA<br />

As folhas usam-se como o Chá da — Fam. das Papayaceas.— lista arvore,<br />

Índia; são um tanto excitantes e dia- que tem pouco mais ou menos o porte<br />

phoreticas.<br />

do Mamoeiro, vegeta<br />

Amazonas.<br />

ás bordas do<br />

Chá dc pedestre—V. Chá de frade Consta que suas emanações são tao<br />

em Minas.<br />

morta es como d'aquella arvore da America<br />

Equinoxial, conhecida por Man-<br />

Chá da terra. — Fam. das Portulacenilla javanesis ?<br />

caceas.— Esta planta nasce nó Maranhão.<br />

E' uma espécie de Beldroega mais ou Chanana ou XOVP Horas.—<br />

menos.<br />

Drosera tuberosa.— Fam. das Droseraceas.—<br />

E' uma erva agreste do Brasil,<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' emprega­ que invade todos os terrenos, geralda<br />

nas moléstias nervosas, debilidade mente conhecida por Chanana em Per­<br />

de estômago e dysmenorrhéa.<br />

nambuco, Parahyba e Ceará.<br />

E' de 22 centimetros de altura pouco<br />

Chá da terra ou do ntatto.— mais ou menos.<br />

Buddleja quinquenaria. —Fam. das Scro- Esgalha quasi rasteiramente, tendo<br />

phulariaceas.—Esta espécie é conhecida umas tuberasinhas na raiz.<br />

nas Alagoas e em Pernambuco por este As flores grandes, amareiladas, apre­<br />

nome, persuadido o povo que é o versentando umas manchas roixas na<br />

dadeiro Chá da índia; por isso tanto base e meio das pétalas, em cujo cen­<br />

n'aquella província como n'esta, fazem tro se vê um froco de filetes.<br />

uso das folhas como chá, achando-o O fructo é uma cápsula pequena, co-<br />

bom ao paladar.<br />

nica, contendo muitos grãos em fónna<br />

E' uma herva que fôrma moutas, de de pequenas castanhas.<br />

caule herbaceo, e de côr de purpura. PROPRIDADES MEDICA.—A Chanana é<br />

As folhas estreitas lustrosas, recor­ muito medicinal ; sua batata se applica<br />

tadas, de côr escura.<br />

As flores pequenas, brancas, á seme­<br />

contra a dysenteria.<br />

lhança da flor do Cafezeiro.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. — Plantas<br />

O fructo é uma cápsula oval, oblonga, herbaceas, annuaes ou vivaces, rara­<br />

contendo grãosinhos, que por si- mesmo mente subfructescentes, tendo folhas<br />

se espalham na terra.<br />

alternas, muitas vezes munidas de pel­<br />

Resiste todo o verão sempre em verlos glandulosos, pedicellados, dispostas<br />

dura.<br />

em cruz antes de seu desenvolvimento.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Faz-se uso O cálice é gamosepalo, de cinco di­<br />

em medicina como anodyno (calmante). visões profundas, ou de cinco sepalas<br />

distinctas, e de estivacão imbricada.<br />

Chagas miúdas. —Tropoeolum pen-<br />

A corolla de cinco pétalas planas e<br />

taphyllum, Lamk. — Fam. das Tropceola- regulares.<br />

ceas.— E' uma planta trepadeira: cresce<br />

Os estames, em numero de cinco<br />

em Montevidéo, e no Rio-Grande do<br />

algumas vezes de dez ou de vinte, al­<br />

Sul.<br />

ternam com as pétalas, quando ellas<br />

E' planta própria para jardim.<br />

são do mesmo numero que estes úl­<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Esta bella<br />

timos.<br />

trepadeira gosa de virtudes anti-scorbu-<br />

Antheras extrorsas, e livres; ás veticas.zes<br />

se acham, em face de cada pétala,<br />

Chagueira. — V Barbas de ba­ appendices de fôrma variada.<br />

rata.<br />

Estes estames são geralmente perigynicos<br />

e não hypogynieos, como se tem<br />

Chamburú.—Carica digilata, Aubl. dito até o presente.


CHI CHU 14*<br />

O ovarip é de uma só loja, raras vezes<br />

de duas ou três; no primeiro caso contem<br />

grande numero de # óvulos anatropos<br />

ou orthotropos, unidos a três<br />

ou cinco trophospermas parietaes, simplices<br />

ou bifidos; no segundo caso, os<br />

septos parecem formados pelos trophospermas<br />

salientes em fôrma de lâminas,<br />

e que si encontram e se unem<br />

no centro do ovario.<br />

Os estigmas, geralmente do mesmo<br />

numero dos trophospermas ou das lojas,<br />

são sesseis e radiosos, ou sustentados<br />

por estyletes muitas vezes bipartidos.<br />

O fructo é uma cápsula de uma ou<br />

varias lojas abrindo-se somente pela<br />

metade superior em três, quatro ou<br />

cinco válvulas no meio da face interna<br />

de um dos trophospermas.<br />

As sementes, muitas vezes cobertas<br />

de um tecido cellular frouxo, contem<br />

um embryão erecto, quasi cylindrico,<br />

no interior de um endosperma delgado/"que<br />

falta algumas vezes.<br />

E' uma herva cujas folhas nascem<br />

do collo da raiz, imitando a couve, e as<br />

quaes fecham as folhas no centro á semelhança<br />

do repolho.<br />

Essas folhas, que se fecham são esbranquiçadas.<br />

As flores amarellas.<br />

Fornece um sueco leitoso toda a planta.<br />

Come-se cosida com carne de vacca<br />

as folhas e as raizes.<br />

No Pará ha uma herva aromatica que<br />

tem este nome.<br />

Como medicinal é aperitiva; mas hoje<br />

está desusada.<br />

Chicória brava.—V Serralha.<br />

Chicória do Pará.— E' uma herva<br />

aromatica.<br />

Cltida.—E' uma bebida de caboclos,<br />

extrahida da mandioca.<br />

Chilense ou Coqueiro Chilesasis.—Jubea<br />

spectabilis, Kunt.— Fam.<br />

Cheiro. —V. Salsa.<br />

das Palmaceas. — E' uma palmeira do<br />

Amazonas ê do Chile.<br />

Chichá.—Sterculia chichá, St. EU.<br />

Os fruetos são drupas ; e com elles fa­<br />

— Monetia curiosa, Vell. — Fam. das zem aguardente.<br />

Byttneriaceas. — Arbusto indígena, conhecido<br />

por este nome no Rio de Ja­<br />

Chiquexique.—Cactus peruvianus,<br />

neiro e Goyaz.<br />

Linn. —Fam. das Nopaleas. — E' um ar­<br />

, Suas folhas são cordiformes.<br />

busto natural da America Meridional,<br />

As flores em cachos, e arruivadas.<br />

cujo tronco é verde, herbaceo, anguloso<br />

O fructo dá uma amêndoa, que os<br />

de alto a abaixo, suceulento, e cheio' de<br />

habitantes d'estes lugares comem, e<br />

espinhos que parecem ser as folhas;<br />

passa por boa.<br />

estas são fasciculadas.<br />

As folhas são resolventes de tumo­<br />

Nascem as flores pelo tronco; sãc granres,<br />

etc.<br />

des, brancas, misturadas de roseo, com<br />

uma coma no centro, amarella.<br />

Chiehá do Norte. — Sterculia O fructo é oval ou redondo, de côr ru­<br />

laseantha, Mart.—Fam. idem. — E'uma<br />

bra, suceulento, tendo dentro uma massa<br />

planta que se assemelha ao Chichá do<br />

da mesma côr, suceulenta, ácida, cheia<br />

Sul; habita o Piauhy e Maranhão. de sementes pretas e miúdas.<br />

O sueco extrahido de seu tronco en-<br />

Chicória. —Sonchus oleraceus, Linn. rouquece a quem o bebe, e é mui diu-<br />

— Fam. das Compostas. — Herva cultiretico.vada na Europa, d'onde é oriunda; é<br />

também cultivada no Brasil,<br />

Chupa. — Gustavia speciosa. — Pin­<br />

Sua cultura é antiquissima, porém<br />

gara spiciosa, Eumb. eBomp.—Fam. das<br />

pouco conhecida, principalmente nas Myrtaceas.—Arbusto das regiões ama­<br />

províncias do Norte.<br />

zônicas, onde lhe dão este nome.


148 CID CIN<br />

Sua> folhas são oblongas, lanceoladas, hypogynico, sobre que está collocado j<br />

membranosas e coriaceas.<br />

ovario.<br />

As flores grandes.<br />

Este é globuloso, de varias lojas,<br />

O fructo d'este arbusto, quem o come, contendo um só óvulo suspenso, ou<br />

• fica com a pelle alourada; mas, sem maior numero, ligados ao angulo in­<br />

nenhum remédio, depois de 24 ou 28 terno da loja.<br />

horas, torna ao seu natural.<br />

O estylete, algumas vezes muito curto<br />

e muito espesso, é sempre 3imples,<br />

Cidreira ou Cidra. — Citrus li- terminado por um estigma, simples ou<br />

m-hiium citratum, Riss. —Fam. das lobulado. Aurantiaceas.<br />

— Arbusto indigeno da Ásia, O fructo é em geral carnoso, inte­<br />

cultivado no Brasil.<br />

riormente separado em diversas lojas<br />

A Cidra é a frueta da Cidreira, que no por divisões muito delgadas, contendo<br />

Maranhão chamam Turanja.<br />

uma ou mais sementes inseridas em<br />

E' um arbusto do porte de uma limeira, seu angulo interno, e geralmente pen­<br />

com espinhos nos galhos, folhas ellypdentes.ticas, com pouco aroma.<br />

Exteriormente o pericarpo é espesso ;<br />

As flores são brancas, e com cheiro as- é indehiscente, cheio de vesiculas, consemelhando-se<br />

ao da flor da Larangeira. tendo óleo volátil.<br />

O fructo é um pomo de grandeza de õ As sementes encerram um ou algu­<br />

a 10 millimetros de diâmetro, redondo mas vezes mais embryões sem endos­<br />

com a configuração de uma laranja, mas perma.<br />

com uma superfície tuberculosa, e as vesiculas<br />

grossas.<br />

Cidfilia.— Verbena triphylla.—Fam.<br />

Dentro acha-se uma substancia branca, das verbenaceas.— Pequeno arbusto na­<br />

vesiculosa, compacta, contendo sementural do Rio de Janeiro.<br />

tes como os da laranja; a massa é muito Folhas verticilladas, ternas ou qua-<br />

secca.<br />

ternas, lanceoladas, agudas nas duas<br />

Da frueta preparam-se bellos doces, extremidades, exhalando cheiro de li­<br />

empregados como peitoral, refrigerante mão quando esfregada.<br />

e tônico.<br />

Flores dispostas em espigas axillares,<br />

ou em pannicula terminal.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. — Arvores ou<br />

arbustos muito glabros, algumas vezes PROPRIEDADES MÉDICAS.— E' estimu­<br />

espinhosos, com folhas alternas e artilante, empregado em infusão contra<br />

culadas, simplices, ou mais freqüente­ as indigestões, 3 a 4 folhas para uma<br />

mente pinnuladas, munidas de glândulas chicara d'água fervendo.<br />

vesiculosas, cheias de um óleo volátil Cinantouo.— V. Jasmineiro de Ca-<br />

transparente.<br />

yanna.<br />

Flores odoriferas, geralmente terminaes.<br />

Cinco folhas.—Dá-se este nome<br />

Seu cálice é gamosepalo, persistente,<br />

também ao Taruman.<br />

de três ou cinco divisões mais ou menos<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—As folhas são<br />

profundas.<br />

diureticas, e empregadas em cozimento<br />

Sua corolla, de três a cinco pétalas<br />

ou em infusão, em banhos, nas dores<br />

sesseis, livres ou ligeiramente soldadas<br />

rheumatícas e osteocopas.<br />

entre si.<br />

Os estames, algumas vezes em numero Cindy capeto.—Vallesia tinctorial,<br />

igual ao das pétalas, outras vezes duplo Brnnet. — Fam. das Apocynaceas. — Esta<br />

ou múltiplo d'este, são livres, ou di­ planta é da serra do Araripe; dá<br />

versamente reunidos entre si por seus uma tinta côr de rosa mui bella se­<br />

filetes, e reunidos abaixo de um disco gundo Mr. Brunet.


CIP CIP 149<br />

Das sementes se extrahe sofrível sa­ Flores miúdas, amarelladas, em cabão.chos.<br />

Ciparabo ;—E' uma espécie de Bu­<br />

O fructo é redondo, de 1 millimetro,<br />

tua de raiz delgada, lisa e branda, que<br />

amarello na maturidade, adherente ao<br />

se encontra nas províncias do Espiritocálice,<br />

internamente ósseo, dividido em<br />

Santo e Minas Geraes.<br />

quatro compartimentos, e em cada um<br />

uma semente.<br />

Cipó «Calho. — Bignonia alliacea, Este cipó em perfeita maturidade é<br />

Swart. — Fam. das Bignoneaceas—E' um muito forte para amarrar.<br />

arbusto indígena do paiz, conhecido<br />

Cipó arco d'urupema ou uni-<br />

por este nome nas Alagoas e em Perpemba.<br />

— Galphimia officinalis. —Fam.<br />

nambuco.<br />

das Malpighiaceas. — Este arbusto é sil­<br />

E' uma planta trepadeira, de folhas<br />

vestre, e conhecem-no por este nome mas<br />

oppostas, unidas entre si,e luzidias.<br />

Alagoas.<br />

O caule da planta é quebradiço.<br />

Seu caule é um pouco flexível.<br />

As flores, em pequenos grupos, são<br />

E' uma trepadeira de folhas oppostas,<br />

como trombetas, côr de rosa roxeada.<br />

lustrosas, ovaês e pequenas.<br />

O fructo é uma vagem.<br />

Flores em densos cachos, amarellas,<br />

Cipó dalho.—Seguiera alliacea,<br />

sem cheiro.<br />

Mart. —Fam. das Phytolacaceas. —Tem as<br />

Fructo de 1 millimetro, redondo, com<br />

mesmas propriedades do Ibirarema.<br />

três caroços dentro; come-se, e é con­<br />

Cipó amarra de gigante. — Dosiderado como bom.<br />

lichos oãoriferus.—Fam. das Legumino­ Do caule d'esta planta fazem arco das<br />

sas.—Nãs províncias de Pernambuco e urupemas, donde lhe vem o nome.<br />

Alagoas também é conhecido por Ca­ Cipó branco d'arco.— Colletia<br />

nella de Urubu.<br />

sarmentosa alba.— Fam. das Rhamnaceas.<br />

E' um arbusto trepador, mui freqüente — Arbustinho trepador, agreste e do<br />

nas bordas dos caminhos e das várzeas. paiz; vegeta e tem este nome nas<br />

E' um pouco elegante pelas suas flores Alagoas.<br />

em cachos, de um roixo vivo, que torna Seus ramos tem os espinhos oppos-<br />

os campos de aspecto agradável tos.<br />

Elle estende-se sobre os arbustos as­ As folhas são lanceoladas e opposcendentes,<br />

e relvas.<br />

tas.<br />

Suas folhas são ternadas (á seme­ A casca esbranquiçada.<br />

lhança das do feijão).<br />

As flores reunidas em pequenos gru­<br />

As flores, em cachos, roixas, e com pos e brancas.<br />

suave cheiro.<br />

Os fruetos não se desenvolvem na<br />

O fructo é uma vagem de 1 a 2 mil­ maior parte.<br />

limetros de largura, com bordas le­ Cip» branco de cerca.—Colletia<br />

vantadas, grãos poucos redondos, com­ sarmentosa lutea.—Fam. das Rhamnaceas.<br />

pridos, e acinzentados.<br />

— Esta espécie é semelhantissima á pre­<br />

Cipó amarra dc giq?ii.—Aegicedente<br />

; differe d'ella pelo caule pardophila<br />

corymbosa.—Fam. das Verbenaceas. castanho, e pelas flores amarellas.<br />

—Arbusto silvestre, conhecido nas Ala­ Cipó branco de Pernambuco.<br />

goas por este nome; em Pernambuco — Coccoloba littoralis.— Fam. das Poly-<br />

tem o de Mofunbo de Capoeira.<br />

gonaceas.— É agreste e indígena; ve­<br />

Planta trepadeira de caule esbranquigeta nas proximidades da beira-mar,<br />

çado, folhas ovaes, grossas, oppostas e e recebe este nome em Pernambuco.<br />

luzidias.


150 CIP (IP<br />

É uma trepadeira de folhas regulares,<br />

ovaes, chanfradas na base.<br />

Flores grandes em cachos, como espigas<br />

esbranquiçadas, não regulares.<br />

Os fruetos são glóbulos pequenos, que<br />

encerram sementes.<br />

Cipó branco de rego. — Bignonia<br />

vulgaris.— Fam. das Bignoneaceas. — Arbusto<br />

do paiz, que se encontra em<br />

qualquer parte do matto, conhecido por<br />

este nome nas Alagoas e também em<br />

Pernambuco.<br />

É trepador ; tem o caule um pouco<br />

esbranquiçado, com regos bem distinetos,<br />

que lhe dão muito' realce.<br />

As folhas se cruzam, e .são oppostas,<br />

ovaes e luzidias.<br />

As flores, como-cometas, com as<br />

bordas recortadas, são roxas, claras ou<br />

rosadas.<br />

O fructo é uma vagem de 2 l mas vezes unilateraes ou dispostos cm<br />

diversos feixes.<br />

As carpellas variam de duas a doze,<br />

geralmente distinctas; são ás vezes<br />

soldadas em uma só.<br />

O ovario é unilocular, contendo dois<br />

ou vários óvulos anatropos, unidos á<br />

parte inferior do angulo interno, e<br />

erectos.<br />

Os estyletes são simplices, e terminados<br />

cada um em um estigma igualmente<br />

simples.<br />

Os fruetos são distinetos e soldados,<br />

carnosos ou seccos, e indehiscentes.<br />

As sementes, muitíssimas vezes acompanhadas<br />

de um arilho carnoso e cupuliforme,<br />

tem um tegumento crustáceo,<br />

cobrindo um endosperma carnoso,<br />

no qual está um embryão pequenino,<br />

erecto, homotropo, collocado na base.<br />

A de­ Cipó de caboclo branco ou<br />

cimetros, larga, com sementes dispostas de rego, de caboclo. —Bignonia<br />

symetricamente e aladas.<br />

prolixa.— Fam. das Bignoniaceas.—Esta<br />

Do caule fazem-se chibatas e até espécie é mui análoga á Bignonia allia­<br />

bengalas.<br />

cea, differindo apenas mui pouco na<br />

Tem o uso dos cipós.<br />

forma das folhas; porem tem as lâminas<br />

salpicadas nos dois lados.<br />

Cyp» de caboclo.— Telracera vo- Tem os mesmos uzos.<br />

lubilis, Linn.— Fam. das Dilleniaceas. —<br />

Planta conhecida por este nome no Cip:i Cantiella de «Jacú.— Sala­<br />

Rio de Janeiro e em Minas Geraes. da corymbosa—Fam. — das Eippocrati-<br />

É uma trepadeira.<br />

ceas.—Arbusto silvestre, que nas Alagoas<br />

tem este nome.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— Suas folhas E trepador ; seu caule é avermelhado<br />

>ão purgativas, tomadas em infuzão ; e áspero.<br />

e resolutivas, empregadas em banhos. As folhas são oppostas, ásperas, es­<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.— Arvores ou<br />

curas e ovaes.<br />

As flores, em cachos mui grandes, são<br />

arbustos todos exóticos, sarmentosos, esverdinhadas, sem cheiro.<br />

tendo folhas alternas, rarissimas vezes O fructo é minimo, trigono, e com se­<br />

oppostas, sem estipulas, muitas vezes mentes.<br />

abarcantes na base.<br />

Este cipó é muito frágil, e porisso<br />

Flores solitárias ou em cachos, algumas<br />

vezes oppostas ás folhas.<br />

não fazem uzo delle.<br />

O cálice é gamosepalo, persistente, Cipó de Capoeira. —Fam. das<br />

de cinco divisões profundas, e imbri­ Bignoniaceas. —lista cipó é assim cocadas<br />

lateralmente.<br />

nhecido nas Alagoas.<br />

A corolla ordinariamente<br />

pétalas.<br />

de cinco Tem a propriedade de enrolar-se sobre<br />

as outras plantas de sua classe.<br />

Os estames, numerosíssimos, dispostos<br />

em varias orden-. são livres, algu­<br />

Seucauleé cylindrico, e tem gavinhas.<br />

Os peciolos das folhas se cruzam, e


15* CIP CIP<br />

É um arbusto que forma touceiras, de Elle tem prolongamentos, com que se<br />

caule flexível.<br />

agarra ás outras plantas.<br />

As folhas, são grandes, oblongas, ver- O fructo é uma cápsula obconica,sub«<br />

de-escuras.<br />

trigona, vermelha rubra, com três val­<br />

As flores, brancas, miudinhas, á semelhança<br />

de pequenos botões<br />

O fructo é pequeno, e com duas pontas<br />

no ápice; é achatado de um lado,<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Esta planta<br />

parasita é applicada secca e pulverisada<br />

sobre as feridas para abreviar a cicatrisação,<br />

o sueco é appreciado como<br />

anti-catarrhal e anti-hemoptoico; também<br />

se dá em gargarejos nas anginas.<br />

vas, que se abrem e deixam apparocer<br />

três sementes ovaes, metade cobertas de<br />

um corpo branco e fofo.<br />

Algumas pessoas comem este fructo.<br />

branco, e com uma semente.<br />

Cipó chumbo. — Cuscuta ameri­<br />

Cipó cruapè vermelho.— Paulliniapinnata,<br />

Linn —Fam. idem.— Este<br />

cana. Linn.—Cuscuta umbellata, Kunt cipó, — é conhecido nas Alagoas e em<br />

Fam. das Convolvulaceas. — Herva Pernambuco.<br />

do<br />

Brasil descripta por Linnêo, e até en­ E' um cipó como o precedente.<br />

tão desconhecida.<br />

Encontra-se em qualquer capoeira<br />

Mais tarde outros naturalistas acha­ perto das cidades.<br />

ram outras espécies: Cuscuta odorata, As folhas são em cachos, brancas e<br />

Raiz e Pavon: Cusc. corymbosa, etc. miúdas.<br />

Todas são oriundas do Brasil.<br />

Tem a mesma organisação do pre­<br />

É uma planta que vive a custa de oucedente.tra. Seus caules finos e volúveis ganham<br />

Serve para amarrar cercas.<br />

qualquer vegetal visinho, separam-se da Cipó cruz. — Chiococca anguicida,<br />

raiz e ficam vivendo á custa d'aquelle Mart.—Fam. das Rubiaceas.—Esta planta<br />

de que se apoderaram.<br />

é oriunda de S. Paulo, é trepadeira e<br />

Compõe-se de vergonteas lisas, finas, tem as mesmas propriedades da Raiz<br />

esverdinhadas ou amarellas, sem fo­ preta.<br />

lhas, com feixes de flores pequenas e<br />

arredondadas, brancas ou trigueiras. PROPRIEDADES MÉDICAS . — Maceram-se<br />

O fructo é uma pequena cápsula. dois pugillos em uma medida de aguardente,<br />

adoça-se, e dá-se uma chicara<br />

três vezes por dia, nos envenenamentos<br />

por mordeduras de cobras.<br />

Cipó de eunamam.— Euphorbia<br />

phosphorea, Mart.—Fam. das Euphorbiaceas.—Este<br />

interessante arbusto vegeta<br />

na Bahia.<br />

E' mui espinhoso, e por isso serve<br />

Cipó de cobra.— V. Caapeba.<br />

para cercas.<br />

Seus ramos entrelaçados não deixam<br />

Cipó tle cobra.—V. de N. Sekhora.<br />

penetrar animaes nas plantações.<br />

Cortando-se um galho exsuda um<br />

Cipó correllta.—V.Flor de Veada.<br />

sueco branco, que na obscuridade reluz<br />

como fogo ; sacodindo-se com elle faz<br />

Cip » cruapé branco. — Paulli-<br />

rastilho luminoso. Este sueco sobre a<br />

nia cururú, Linn.—Fam. das Sapindaceas.<br />

pelle causa grande prurido.<br />

—Arbustinho trepador, de caule esverdi-<br />

A picada dos espinhos produz botões<br />

nhado, conhecido nas Alagoas e em<br />

vesiculosos na pelle dos animass.<br />

Pernambuco por tal nome.<br />

As folhas são em palmas.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— Seus ramos<br />

As flores, em cachos, pequenas e novos são applicalos m.s ulceras e<br />

brancas.<br />

carbúnculos.


CIP CIP 153<br />

Cipó curtirú.—Echites, Mart.— decocção do caule e das folhas é ap­<br />

Fam. das Apocynaceas.— Esta planta é plicada no rheumatismo c na orchite,<br />

do Pará.<br />

Differe da de Pernambuco, que é de<br />

outra familia;<br />

Uns a chamam Curuapè, mas o de<br />

Pernambuco Cruapè.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— É excellente<br />

aperitivo, usado nas obstrucções das<br />

vísceras abdominaes.<br />

O sueco leitoso é empregado topicamente<br />

sobre os tumores.<br />

Cipó em.— Smilax papyracea, Roiz.<br />

— Fam. das Smilaceas.— Esta planta é<br />

congênere da Salsaparrilha, e tem as<br />

mesmas virtudes d'ella.<br />

4<br />

em banhos.<br />

Da raiz se tiram fios teciveis,<br />

Cipó de impigem. — Stadinania<br />

depressa. — Fam. dás Sapináaceas. —<br />

Arbusto silvestre, que por este nome é<br />

conhecido nas Alagoas.<br />

Tem o caule flexível, que se enlaça<br />

sobre os outros vegetaes.<br />

Suas folhas são ovaes oblongas.<br />

As flores em cachos, brancas trigueiras.<br />

O fructo é obconico, cor de barro,<br />

em forma de pião, de consistência cornea<br />

; o pericapo tem um caroço pardo<br />

centro, envolto em uma substancia espessa<br />

e branca.<br />

Cipó de escada.— Caulotretus ma- PROPRIEDADES MÉDICAS. — Este frucrostachyus,<br />

Raddi. — Bauhinia »raãiatâ°. cto é empregado na cura de impigens;<br />

Vell. — Fam. das Leguminosas. — Esta para isto pisam-n'a e a applicam sobre<br />

planta trepadeira, possue propriedades a parte doente; também empregam a<br />

adstringentes e mucilaginosas.<br />

decocção nos mesmos casos.<br />

Ha outra espécie, Bauhinia miçrostachyus,<br />

Raddi, e Bauhinia tomentosa, Cipó Vell. de Jabotá.— E' a Fava de<br />

do Rio de Janeiro.<br />

Santo Ignacio do Pará e da Bahia.<br />

Cipó de gota.— Cissus pulcherrima, Cipó japicanga de cerca.—<br />

Vell.— Fam. das Ampelideas.— Também Fam. das Sapindaceas, — E um arbusto<br />

esta planta é trepadeira, e cresce no indigena e trepador, com filetes que<br />

Rio de Janeiro.<br />

se agarram ás plantas próximas.<br />

E' anti-rheumatica.<br />

As folhas são lustrosas, á semelhança<br />

de palmas recortadas.<br />

Cipó guyra. — Bignonia gúyra, As flores brancas, em cachos.<br />

Ried.— Fam. das Bignoniaceas.— Esta Os fruetos vermelhos na maturidade,<br />

planta é quasi como as Carobas,- etc. abrem-se e deixam apparecer uma [se-<br />

D'ella porém é freqüentemente applisemente envolta em substancia branca,<br />

cada a raiz como purgativa.<br />

mas que despida d'esse envoltório, é<br />

verde.<br />

Cipó leica.— Cacalia quadriflora,<br />

Vell.— Fam. das Compostas.— Herva mais Cipó de junta.— Dá uma frueta<br />

ou menos do aspecto do Mentrusto. que faz ângulos de um e outro lado,<br />

Vegeta no Rio de Janeiro, onde re­ como contas de rosário.<br />

cebe este nome.<br />

E' aromatica.<br />

Cipó de mainibú.— Esta planta<br />

é rasteira; vegeta nas praias.<br />

Cipó de imbé.— PMlodendron Imbê, Tem as mesmas propriedades da Ca­<br />

Mart.— Fam. das Aroideas.<br />

roba.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— As folhas<br />

frescas são empregadas nas ulceras; a<br />

Cipó Manoel Alves. — Axantes<br />

fasciculala.— Fam. das Rubiaceas.— Esta


154 CIP CIP<br />

planta é indígena; dão-lhe este nome torno; elle olterece constantemente duas<br />

nas Alagoas.<br />

lojas, contendo cada uma dois óvulos<br />

É um arbustinho trepador, de caule erectos e anatropos.<br />

delgado, com as summidades revesti­ O estylete, que é espesso e curtísdas<br />

de pellos.<br />

simo, termina em um estigma apenas<br />

Folhas ovaes, oppostas, esbranquiça­ bilobulado.<br />

das na parte inferior e macias. O fructo é uma baga globulosa, en­<br />

Flores nas axillas das folhas, que cerrando d'uma a quatro sementes erc-<br />

são como estrellas brancas, com seus ctas, tendo seu episperma espesso, o<br />

pequenos tubos.<br />

endosperma comeo, mais ou menos pro­<br />

O fructo é uma baga conica, pefundamente sulcado, e contendo na sua<br />

quena e coberta, de pellos macios e base um embryãosinho erecto e ortho-<br />

brancos.<br />

tropo.<br />

Esta pequena familia composta dos<br />

Cipó mão de Sapo.— Cissus co- gêneros Viteq, Cissus, Ampelopsis e Leca,<br />

ralinus. — Fam. das Ampelidaceas. é — muito distineta por suas folhas mu­<br />

Planta trepadeira que tem este nome nidas d'estipulas, pelas gavinhas oppos­<br />

nas Alagoas.<br />

tas ás folhas, pelos estames oppostos<br />

Ella é elegante e própria para jar­ ás pétalas, e pela estruetura do fructo<br />

dim.<br />

e da semente.<br />

Seu caule é herbaceo e molle. A opposição dos estames ás pétalas<br />

Suas folhas são como palmas, lu- é um dos seus caracteres mais salientes.<br />

zentes.<br />

No gênero Leca estes estames são<br />

As flores, reunidas em fôrma de pal­ monadelphos, e entre cada um d'elles<br />

mas, inseridas de um só lado, de côr se acha um appendice representando<br />

rubra brilhante.<br />

um estame abortado. Ha pois nas Am­<br />

Todos os órgãos da fruetificação dãopelidaceas dez estames, cinco dos quaes<br />

lhe um bello realce.<br />

normaes; isto é, os que são alternos<br />

Os fruetos são bagas redondas, roixas com as pétalas, abortam, sendo so­<br />

com um ou dois caroços no centro; mente representados pelo disco, etc,<br />

assemelham-se á uvas.<br />

subsistem apenas os que são oppostos ás<br />

pétalas.<br />

CABACTERES DA FAMÍLIA.— Sub-arbustos<br />

ou arbustos enroscantes, sarmen-<br />

Cipó ntulatinlto. — Tetraceraaspetosos,<br />

e munidos de gavinhas oppostas rosa.— Fam. das Dilleniaceas. — Esta<br />

ás folhas.<br />

planta, de Alagoas e Pernambuco, é<br />

Estas são alternas, pecioladas, sim­ trepadeira.<br />

ples ou digitadas, munidas na base Tem o caule castanho, e com articu­<br />

de duas estipulas.<br />

lações.<br />

As flores são dispostas em cachos, As folhas são um tanto grandes, lu­<br />

oppostos ás folhas.<br />

zidias e um pouco ásperas.<br />

O cálice curtíssimo, muitas vezes in­ As flores brancas e quasi sem cheiro;<br />

teiro, é quasi plano.<br />

umas deitam fruetos, outras não.<br />

A corolla de cinco pétalas valvula- Os fruetos são cápsulas reunidas<br />

res, algumas vezes coherentes entre si em rosetas, contendo uma semente ver­<br />

pela parte superior, e erguendo-se tomelha cada uma.<br />

das unidas em fôrma de coma. Tem o mesmo uso dos cipós, em<br />

Os estames, em numero de cinco, geral*<br />

são direitos, livres e oppostos ás pétalas.<br />

Cipó páo.— Fam. das Sapindaceas.<br />

O ovario é applicado sobre um disco —Arbusto indígena do paiz, conhecido<br />

hypogynico, annular e lobulado no con­ nas províncias do Norte por este nome.


CIP CIP 155<br />

E' trepador.<br />

jj&As folhas são um tanto grandes.<br />

As flores não observadas.<br />

O fructo, em forma de pião, de pericarpo<br />

corneo.<br />

O fructo é também rubro, sem a<br />

membrana, que forma azas, com sementes<br />

também adherentes á substancia<br />

branca.<br />

Cipó de cesto. — Argylia pulchra.<br />

Cip» rabo tle Titnbú.—Cardios- Fam. das Bignoniaceas.— Arbusto trepermium<br />

fragile.—Fam. idem.—Este pador, cipó, conhecido por este nome nas<br />

conhecido nas Alagoas por tal nome, Alagoas.<br />

tem caule trepador, como os outros. Suas vergonteas são finas; com fo­<br />

As folhas formam palmas.<br />

lhas ovaes, oblongas, oppostas e co­<br />

As flores são em feixes, brancas, com riaceas.<br />

suave cheiro.<br />

As flores agrupadas são como cor-<br />

Os fruetos representam três cocas, com netinhas, de côr vermelha brilhante.<br />

azas, isto é, tendo em cada loja uma O fructo é uma vagem comprida, com<br />

aza.<br />

sementes symetricamente dispostas e<br />

As sementes são três, envoltas em um aladas.<br />

corpo branco.<br />

Ha outra espécie bem análoga á esta,<br />

Este cipó é fraco, e por isto não fa­ e também chamada em Pernambuco<br />

zem uso d'elle.<br />

Cipó de cesto; suas folhas porém são<br />

O fructo é vermelho de cor viva. ternadas.<br />

Cipó de rego (do Rio de Janeiro). Cipó de cesto grande.— Pole-<br />

— Bignonia rego, Vell.—Fam. idem.— rium sarmentosum.— Fam. das Rosaceas.<br />

Tem os mesmos usos da Caroba. Este cipó é arbóreo, e tem nas Alagoas<br />

este nome.<br />

\. Cipó dc rego vermelho. — Ar- E' alto, de tronco escuro.<br />

gylia applicata. —Fam. das Bignonia­ As folhas são oppostas ellipticas.<br />

ceas.— Esta espécie é também trepa­ As flores em grandes cachos, porém<br />

deira.<br />

pequenas, umas como bolotas e outras<br />

Seu nome confunde-se com o de como penachos, em cuja base estão<br />

outras espécies bem semelhantes, mas umas drupas ou bagas, que são as<br />

das quaes se distinguem por caracte­ fruetas, com sementes.<br />

res pouco sensíveis.<br />

Estas estão agglomeradas em grupos<br />

Esta cruza os seus ramos, e tem de dezoito a vinte.<br />

duas folhas em, cada extremidade, D'este cipó fazem cestos e cassuaes.<br />

quasi unidas.<br />

Suas flores são reunidas em grupos, Cipó suma. — Anchietea salutaris.<br />

de côr rubra, o que faz um bello St. EU.— Fam. das Juncaceas. — Subar-<br />

effeito ; tem a forma de Angélicas. busto volúvel, de folhas alternas, flores<br />

Os fruetos.são vagens, contendo se­ solitárias, e fruetos grandes.<br />

mentes membranosas, que ás mais das<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—<br />

vezes não se acham.<br />

Sua raiz é'<br />

emetica, purgativa, e applica-se nas<br />

Cipó sangue.— Paulinia sangüínea. moléstias exanthematicas.<br />

— Fam. das Sapindaceas.— É conhecido E' útil também nas tosses convulsas<br />

nas Alagoas este cipó, que tem seme­ das crianças, em dose pequena.<br />

lhança mui estreita com o precedente : A raiz dá-se na dose de 4 a 8<br />

— Rabo de Timbú.<br />

grammas, como purgante ; em pó, ou<br />

O caule é regoado, e côr de castanha. melhor em infusão.<br />

Suas flores muito semelhantes ás Esta planta vegeta em S. Paulo e<br />

d'aquelle.<br />

Minas Geraes.


15» CIP<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. — Plantas<br />

herbaceas vivazes, raramente annuaes,<br />

tendo o caule cylindrico, nú ou foliado,<br />

e simples<br />

Suas folhas, invaginantes na baze ;<br />

com uma bainha ora inteira, ora fendida<br />

em todo o seu comprimento.<br />

As flores são hermaphroditas, terminaes,<br />

dispostas em panicula ou em<br />

cimeira, encerradas, antes de seu desabrochar,<br />

na bainha da ultima folha,<br />

que lhes forma uma espécie de espatha.<br />

O cálice é formado de seis sepalas<br />

glumaceas, dispostas em duas ordens.<br />

Os estames, em numero de seis ou<br />

somente de três, estão inseridos na<br />

baze das sepalas internas.<br />

Quando não ha mais que três estames,<br />

elles correspondem ás sepalas exteriores.<br />

O ovario é uni ou trilocular, mais<br />

ou menos triangular, contendo ás vezes<br />

três óvulos anatropos, erectos, ou<br />

vários óvulos ligados ao angulo interno<br />

de cada loja.<br />

O estylete é simples, terminado por<br />

três estigmas.<br />

O fructo é uma cápsula, de uma ou<br />

três lojas incompletas, contendo três<br />

ou maior numero de sementes, e<br />

abrindo-se em três valvas, trazendo<br />

cada uma um septo no meio da sua<br />

face interna.<br />

As sementes são ascendentes; seu<br />

tegumento é duplo, o endosperma duro<br />

e farinaceo, comprehendendo para sua<br />

baze um embryãosinho arredondado e<br />

homotropo.<br />

CIF<br />

Os fruetos são cápsulas dispostas<br />

em cruzetas, e que encerram em cada<br />

alojamento uma semente.<br />

Não é usado como corda pela sua<br />

fragilidade.<br />

Cipreste americano. — Pinus<br />

abies, Lamh.—Fam. das Coniferas.— Ksta<br />

planta admirável, e cujo tronco chega<br />

a medir 35 e 36 metros de circumferencia,<br />

é pouco empregada em medicina.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.— Esta familia<br />

se compõe de todos esses arbustos<br />

e grandes arvores, que tem semelhança<br />

com o Pinheiro, e que se designam.<br />

commummente sob o nome<br />

res verdes e resinosas.<br />

de arvo­<br />

As folhas coriaceas e rijas, persistem<br />

em todas as espécies, excepto no<br />

Mèleze e Gingxo. (fr) :<br />

Estas folhas são umas vezes largas,<br />

outras vezes lineares, solitárias ou reunidas<br />

em feixes em numero de duas<br />

a cinco, acompanhadas na base de<br />

uma pequena bainha escariosa; ou<br />

então são em fôrma de escamas imbricadas,<br />

ou lanceoladas, etc.<br />

As flores são constantemente unisexuaes,<br />

e em geral dispostas em cones<br />

ou casulos.<br />

As flores masculinas consistem essencialmente<br />

cada uma em um es-<br />

Cipó de tayuyá.— V. Tayuyá ou<br />

Tayoyá<br />

tame, ora nú, ora acompanhado de<br />

uma escama, na axilla ou na face interna<br />

da qual elle está collocado.<br />

Muitas vezes vários estames se entrelaçam<br />

pelos filetes e pelas antheras,<br />

os quaes são uni ou biloculares, ficam<br />

distinctas ou se soldam.<br />

Cipó tripa de gallinha. — V<br />

Urtiga de cipó.<br />

Cipó vermelho do fraco. —<br />

A inflorescencia das flores femininas<br />

é variadissima, posto que geralmente<br />

formem cones ou casulos escamosos.<br />

Assim, ellas são ás vezes solitárias,<br />

Candollea fragilis.—Fam. das Dilleniaceas. terminaes ou axillares , ou então va­<br />

— Nas Alagoas e em Pernambuco dãoriadas em um invólucro carnoso ou<br />

lhe este nome.<br />

secco.<br />

E uma trepadeira de folhas obconi- Cada uma d'estas flores apresenta um<br />

cas, lustrosas e coriaceas.<br />

cálice gamosepalo, adherente ao ovario,<br />

As flores são brancas, cheirosas e em que é em parte ou totalmente infero.<br />

Ci:ChOS.<br />

Seu limbo, algumas vezes tubuloso,


COA COC 151<br />

é ora inteiro, ora de dois lobulos divaricados,<br />

glandulosos na face interna,<br />

e que geralmente se consideram como<br />

dois estigmas.<br />

O ovario é de uma só loja, e contém<br />

um só óvulo.<br />

Em seu ápice elle apresenta commummente<br />

uma pequena cicatriz, que é<br />

o verdadeiro estigma.<br />

Ora estas flores femininas estão em<br />

pé no fundo das escamas, ou no invólucro<br />

em que se acham collocadas, ora<br />

estão deitadas e unidas duas á duas<br />

por um de seus lados á face interna, na<br />

base das escamas que formam o cone.<br />

O fructo é geralmente um cone es­<br />

Cobió do Pará.— Solanum sessileflorum.<br />

— Fam. das Solanaceas. — As<br />

bagas d'esta planta são polposas, e servem<br />

para doces e conservas.<br />

Coca.— V Ipadú,<br />

Cocallera.— V- Camphoreira.<br />

Cocão amarello. — Arbusto indígena,<br />

que em Pernambuco é por tal<br />

nome conhecido.<br />

E' empregado na construcção civil,<br />

etc<br />

Seu lenho é amarello claro e bonito,<br />

e por isso torna-se uma madeira mui<br />

camoso, ou então um galbulo, cujas es­ procurada; porém perde facilmente a côr.<br />

camas, ás vezes carnosas , se soldam, Elle resiste á accão do caruncho, e<br />

e representam uma espécie de baga, por isso é mui procurado para caibros.<br />

como nos Zimbros, por exemplo. As flores são também amarellas.<br />

Cada fructo' em particular, isto é, Ha outra espécie, a que chamam Cocão<br />

cada pistillo fecundado tem um peri­ branco; mas a madeira d'este não tem<br />

carpo muitas vezes crustáceo, ósseo ou os predicados da do amarello.<br />

membranoso; outras vezes munido de<br />

uma aza membranosa e marginal, de Cocão branco.— V. Cocão ama­<br />

uma só loja, contendo só uma semente, rello.<br />

e ficando perfeitamente .dehiscente.<br />

O tegumento t próprio da semente é Coco da Bahia.— V- Coco da<br />

adherente ao pericarpo, e cobre uma<br />

amêndoa composta de um endosperma<br />

índia.<br />

carnoso, encerrando um embrião axil- Coco de catharro. — V. Macalar<br />

e cylindrico, cuja radicula acaba Mba.<br />

por soldar-se com o endosperma, e<br />

cuja extremidade cotyledonar se divide Coco ou Coqueiro da índia.—<br />

em dois, três, quatro até dez cotyle- Cocos nucifera, Linn e Spl. — Fam. das<br />

dones.<br />

Palmaceas.— Esta excellente palmeira é<br />

oriunda dos paizes intertropicaes, da<br />

Coajinguva.— Ficus anthelmintica, Azia, da Austrália, da America e da<br />

Mart. — Fam. das Artocarpeas. — Esta África.<br />

planta cresce no Amasonas e no Rio- E' conhecido este vegetal na Bahia<br />

Negro.<br />

por Coco da Bahia, e em Pernambuco<br />

É cougenere das Gamelleiras. simplesmente por Coco.<br />

Acclimado no Novo Mundo, desde<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— Esta arvore- epochas remotas, vegeta no littoral sodá<br />

um sueco leitoso, que é enérgico bre as ardentes arêas, aonde a mór<br />

remédio contra a tenia (solitária), na parte dos vegetaes perecem.<br />

dose de 1 a 2 grammas, e continuada O coqueiro, elegante e distineto em<br />

por alguns dias.<br />

seu porte, eleva-se á altura de 25 a<br />

A amêndoa que ella produz é alva 26 metros pouco mais ou menos.<br />

e doce ; come-se assada.<br />

Seu tronco, fino em proporção a sua<br />

Goza de virtudes aphrodisiacas, e altura, é de 20 a 40 mellimetros de dia<br />

julga-se que activa a memória. metro, com um feixe de raizes curtas


158 coc coc<br />

c bastas, formando um corpo volumoso<br />

e conico na base.<br />

A cor da casca é cinzenta clara, tendo<br />

;i superfície marcada de cicatrizes circulares,<br />

signaes das folhas que cahiram,<br />

durante o crescimento da planta.<br />

As folhas formam um bello ramalhete<br />

na summidade do tronco, que se agita<br />

com as lufadas do vento.<br />

Ellas são dispostas em verticillo,<br />

como palmas, que offerecem um eixo<br />

amarello e fibroso, chamado vulgarmente,<br />

palha de coqueiro, cuja baze é<br />

de 10 millimetros, e muito progressivamente<br />

se estreita para a ponta, tendo<br />

nos lados inseridas as folhas estreitas<br />

luzentes.<br />

Cada folha d'essas tem seu peciolo<br />

próprio, fibroso e amarello, a que chamam<br />

ponteiro de coqueiro.<br />

E' mui flexível; fazem com elle gaiolas<br />

de pássaros, e também d'elles se<br />

servem para enfiar peixe, etc.<br />

Ao gommo novo que brota do centro<br />

das folhas chamam olho ou pal­<br />

mito ; no estado rudimentar é como uma<br />

massa fllamentosa, esbranquiçada, a<br />

qual adubada, é um dos apreciáveis<br />

pratos nas cosinhas.<br />

As flores são de sexos separados;<br />

inseridas em um grande numero de<br />

varetinhas fibrosas; são como rosetas,<br />

carnosas, que parecem feitas de cera<br />

branca.<br />

As fecundas (que são as flores fêmeas)<br />

vem com o rudimento do fructo.<br />

A' este cacho filamentoso chamam<br />

Vassoura de coqueiro.<br />

Elle offerece um órgão, que lhe servio<br />

de capa ou de estojo, contendo as<br />

flores; assim permanece até a maturidade<br />

dos fruetos, e é conhecido por<br />

Canoa de Coqueiro.<br />

O fructo cresce, e toma dimensões<br />

diversas, isto é attinge ás dimensões<br />

de uma cabeça humana, e contém<br />

n'um invólucro exteriormente liso, interiormente<br />

esponjoso, quasi inteiramente<br />

composto de fibras, uma noz lenhosa,<br />

dura, de côr parda, ao principio<br />

cheia de um liquido lácteo, mais<br />

tarde de um miolo oleaginoso, branco<br />

e bastante consistente, de (pie se extrahe<br />

um óleo mui tino e saboroso.<br />

Elle tem a fôrma oval e semitrigonu<br />

para a ponta, de côr verde ou aeastanhada,<br />

e tem na base umas escamas coriaceas,<br />

sobrepostas, (fragmentos dos<br />

órgãos floraes).<br />

O esterior do fructo é um espesso<br />

tecido de fibras cerradas, de côr escura;<br />

sob essa camada ha um corpo<br />

espherico, muito duro, com uma cavidade<br />

no centro, oecupada por um licor<br />

branco, doce, emulsivo e refrigerante;<br />

sendo a parte interior d'este órgão forrada<br />

de uma substancia branca, espessa<br />

de 2 a 4 millimetros, doce e oleosa.<br />

Ao corpo ósseo, chamam vulgarmente<br />

quenga, ao liquido água de Coco.<br />

Este corpo duro tem na sua base três<br />

cicatrizes (pontos pretos), a que chamam<br />

olhos: uma d'ellas encerra o germem<br />

de uma futura planta.<br />

Este corpo que forra as paredes do<br />

Coco por dentro quando verde ou para<br />

melhor dizer, inchado. (*), é cartilaginoso<br />

e muito bom, v n'este estado é<br />

semi-transparente, meio oleoso e agradável.<br />

Não foi sem razão que Mr. Richard<br />

distineto naturalista chamou ao Coqueiro<br />

da índia, Rei dos vegetaes.<br />

Com effeito, é notável esta planta nao<br />

só pelo seu bello porte, como por suas<br />

extensas applicações e sua grande utilidade.<br />

Ha vegetaes que se prestam a diversos<br />

misteres, mas sempre dentro<br />

de uma esphera limitada; ao passo que<br />

o Coqueiro se presta<br />

simos.<br />

a usos variadis-<br />

Assim o seu tronco serve de rolo<br />

para sobre elle se rodar as jangadas;<br />

serve de mourões de cerca; dá por<br />

distiilação uma água, com a qual se<br />

prepara uma bebida ; também serve de<br />

lenha.<br />

Com as palhas se cobrem casas e<br />

choupanas<br />

etc. etc.<br />

dos mattos e do littoral,<br />

(*) Termo vulgar que quer dizer — quasi<br />

maduro, de vez.


coc COE 159<br />

Do peciolo principal das folhas tiram-se<br />

palhetinhas para balaios.<br />

O gommo terminal, quando novo, é<br />

o palmito, que constitue uma excellente<br />

iguaria.<br />

As palhas também servem para se<br />

fazer vassouras.<br />

O pericarpo secco do fructo é excellente<br />

para esfregar o assoalho.<br />

Em outros paizes fazem-se boas e<br />

durabilissimas amarras, e certos utensílios<br />

de navios, das fibras. (<br />

Da quenga fazem-se vasos, como coco<br />

para beber água, uma espécie de tijella<br />

(cuia), e differentes objectos.<br />

A água serve de refresco: é agradável<br />

e de muito valor.<br />

A amêndoa é a parte mais importante,<br />

porque tem innumeras applica-<br />

cões.<br />

O leite que se extrahe d'essa amêndoa<br />

é medicinal, e muito agradável ao<br />

paladar; usa-se adubar com elle certas<br />

iguarias.<br />

Na arte da confeitaria serve para<br />

diversos doces.<br />

emprega do mesmo modo que o do<br />

Coco.<br />

Ella é coberta de uma polpa faiinacea<br />

e muito nutritiva, que tem sido<br />

de grande utilidade em tempos de fome.<br />

D'esta fecula faz-se uma sopa ou<br />

angu, como se chama no lugar.<br />

O miolo do ápice do caule desta palmeira<br />

he uma substancia branca, tenra,<br />

um pouco doce, e de gosto agradável;<br />

ella não faz mal, inda mesmo quando<br />

se come crua.<br />

Cozida com a carne, o gosto não dif­<br />

fere muito do da couve.<br />

Depois de se lhe ter tirado o principio<br />

saecharino, cozinhando-a, ella torna-se<br />

própria para ser adubada, e assim<br />

fazem d'ella excellentes pratos, (iguarias.)<br />

Coco coca.—Aulomyrcea lauruetania.<br />

Fam. das Myrcineas. — E uma planta<br />

aromatica.<br />

Coco de purga.—V: Anda-açú.<br />

Da amêndoa faz-se delicioso doce, e Coeonthro.—V Cabaceiro amargoso.<br />

afinal o bagaço é optimo alimento para<br />

ás aves gallinaceas, e para os porcos. Coentrilho.—Xanthoxylum hyemale,<br />

E' a mais importante de todas as pal­ St. EU. —Fam. das Rutaceas. — E' uma<br />

meiras.<br />

arvore das provincias do Sul, aonde é<br />

Já aos seis annos principia a dar conhecida por tal nome.<br />

fruetos, que ammadureCem em todas Cresce nas mattas de Santa Cathari-<br />

as estações.<br />

na, Rio Grande do Sul e Estado Orien­<br />

Segundo o seu gráo de madureza tal.<br />

proporcionam uma bebida agradável Tem as folhas miúdas, em fôrma de<br />

diuretica e refrigerante.<br />

palmas.<br />

Externamente applicam a água de Flores em cachos, e um fruetosinho<br />

coco nas sardas e espinhas do rosto. redondo solitário ou duplo.<br />

O miolo utilisa-se como alimento sa­ E' uma excellente madeira de consboroso<br />

e nutritivo, e d'elle se extrahe trucção.<br />

também óleo muito fino e saboroso, Sua casca, reduzida a pó, é empregada<br />

usado nas artes para o fabrico de sabão; pelos habitantes d'esses lugares contra<br />

sua seiva dá vinho, vinagre, e rack ou<br />

arah, liquido alcoólico fermentado.<br />

as moléstias do ouvido.<br />

Coentro-—Coriandrum sativum, Linn.<br />

Coco ou coqueiro.— Naiá-cocos. — Fam. das Umbelliferas.— Esta herva<br />

—Fam. idem. Arr. — Cam. —Grande pal­ aromatica é natural dos paizes do Le,<br />

meira que se acha em muita abun­ vante, acelimada ha muitos annos no<br />

dância em Cariris-novos e no Piauhy, Brasil, especialmente em Pernambuco,<br />

A nóz contem três ou quatro semen­ onde se faz quotidiano uso d'elle como<br />

tes, das quaes se extrahe óleo, que se indispensável tempero.


ItiO COE COE<br />

Tem o caule articulado e roliço.<br />

Folhas em palmas recortadas.<br />

Flores em cachos, formando umbrella,<br />

como chapéo de sol, brancas e miúdas.<br />

O fructo é um globosinho que se divide<br />

em duas partes; é coroado por<br />

duas pontas, e encerra dois carocinhos<br />

dentro.<br />

Todas as partes são aromaticas.<br />

Gosa de propriedades carminativas<br />

(anti-flatulentas) e estomachicas.<br />

Não empregam no Rio de Janeiro<br />

está planta como adubo.<br />

Ha duas espécies: roixa e branca ; a<br />

primeira é a medicinal preferida.<br />

Os fructinhos applicam-se para resolver<br />

tumores.<br />

Coentro da Colônia. — Eryngium<br />

fatidum, Swart.— Fam. idem.—<br />

Esta planta é da mesma familia do<br />

coentro.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— E' sedativa,<br />

febrifuga e antihysterica.<br />

E" também útil nas mordeduras de<br />

cobras.<br />

— Arbusto de 2 % a 3 metros de «1tura,<br />

natural do Chile e da Jamaica.<br />

Suas folhas são ovaes snbcordiformes,<br />

alternas, lisas, pecioladas e de cheiro<br />

nauzeante.<br />

Flores amarellas-e s v e r d i n h ad a a<br />

abrem-se de noite, e tôm a fôrma de jasmim.<br />

O fructo é uma baga oval com uma<br />

polpa dentro e muitas sementes.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' empre­<br />

gada como emolliente; e útil contra as<br />

febres intermittentes.<br />

Coerana das Alagoas. — Camenaria<br />

cauliflora. — Fam. das Apocynaceas.<br />

— Arbusto conhecido nas Alagoas por<br />

este nome.<br />

- E' de mediana altura.<br />

Suas folhas são alternas, lanceoladas,<br />

e coriaceas.<br />

As flores fasciculadas, apegadas aos<br />

ramos e ao caule.<br />

São brancas, á semelhança de jasmins.<br />

Os fruetos são invisíveis.<br />

Coentro do Maranhão ou<br />

Coentrão. — Eryngium campinarum.—<br />

Fam. idem.— Esta herva é indígena, e<br />

vegeta pelas campinas.<br />

E' conhecida nas Alagoas, aonde lhe<br />

dão este nome; mas o Coentro do Maranhão,<br />

em Pernambuco, é uma espécie<br />

de outro gênero.<br />

Também nas Alagoas chamam-n v Coerana da Bahia, S. Paulo,<br />

e Rio de Janeiro. — Ceslrum laevigatum,<br />

Schlechtendal.—Fam. das Solanaceas.<br />

— Planta que pertence á familia<br />

da Eerva Moura.<br />

Esta espécie vegeta nas províncias<br />

acima citadas.<br />

Coerana de Mistas e do Rio<br />

de Janeiro. — Ceslrum Corymbosum,<br />

o En-<br />

Schlechtudit. —Fam. idem. —Os mesmos<br />

dro do Maranhão.<br />

attributos das congêneres.<br />

O que queremos descrever é quasi sem<br />

caule, e semi-rasteiro.<br />

Coerana de Pernambuco. —<br />

As folhas espatuladas, com as bordas Cotyledon brasilica, Vell. —Fam. das Cras-<br />

recortadas, são luzentes.<br />

sulaceas.— A. herva que recebe este nome<br />

As flores formam uma espiga, que em Pernambuco, varia nas outras pro­<br />

sabe do centro, são brancas, deprimivíncias.das, contendo no interior o fructo. Ella é ramosa, seu caule não cresce<br />

Tem cheiro análogo ao do ooentro muito.<br />

exótico; porém é mais enjoativo. As folhas são grossas, cheias de sueco<br />

Algumas pessoas temperam com elle amarello aquoso.<br />

as comidas só no inverno.<br />

As flores formam uma espiga na extremidade<br />

livre de uma longa haste ; são<br />

Coerana ou Cameunsi. —Cestrum de côr amarella carregada, á semelhança<br />

mcturvum, Linn.—Fam. das Solanaceas. de Angélicas, pendentes, e sem cheiro.


COE COI 161<br />

Os fruetos são cápsulas pequenas, contendo<br />

muitas sementinhas.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Applicam as<br />

folhas sobre as partes queimadas, tiran-do-lhes<br />

uma pellicula delgada que ha<br />

no limbo, e passando depois lentamente<br />

sobre fogo para aquecel-as e amollecel-as.<br />

(Fig. 17.)<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.—Esta familia<br />

se compõe de plantas herbaceas<br />

ou de arbustos, cujas folhas, caule,<br />

ramos e em geral todas as partes herbaceas,<br />

são espessas e carnosas; estas<br />

folhas são alternas ou oppostas.<br />

As flores, que apresentam algumas<br />

vezes cores vivíssimas, offerecem differentes<br />

modos de inflorescencia.<br />

O cálice é profundamente dividido em<br />

um grande numero de segmentos.<br />

A corolla se compõe de um numero<br />

variadissimo de pétalas regulares, de<br />

estivacão imbricada, distinctas ou soldadas<br />

em uma corolla gamopetala.<br />

O numero dos estames é o mesmo,<br />

ou ainda raramente duplo do das pétalas,<br />

ou do dos lobulos da corolla gamopetala.<br />

Estes estames são entremeados de escamas<br />

de fôrma diversa, que não são<br />

evidentemente outra cousa mais que<br />

estames abortados.<br />

No fundo da flor acham-se constantemente<br />

varias carpellas distinctas, e<br />

cujo numero varia de três a dose, e até<br />

mais; cada uma d'ellas se compõe de um<br />

ovario mais ou menos alongado, de uma<br />

só loja, contendo muitos óvulos, ligados<br />

a um trophosperma sutural e interno.<br />

Rarissimas vezes.estas carpellas se<br />

soldam em um ovario plurilocular.<br />

O estylete e o estigma são simplices.<br />

Os fruetos são folliculos uniloculares,<br />

polyspermicos, abrindo-se por uma sutura<br />

longitudinal e interna ; ou ás vezes<br />

o fructo é uma cápsula plurilocular e<br />

plurivalve.<br />

As sementes offerecem um embryão<br />

cylindrico, orthotropo, collocado em um<br />

endosperma carnoso e delgado, faltando<br />

algumas vezes.<br />

Coerana do Rio Grande do<br />

Sul. — Cestrum parqui, Willd. — Fam.<br />

das Solanaceas.— Todas estas espécies<br />

de Coerana, são ernollientes, anodynas,<br />

e diureticas.<br />

Em banhos são antihemorrhoidaes.<br />

As suas folhas servem para clarear<br />

a roupa.<br />

Os fruetos dão uma matéria corante,<br />

roxa azulada, empregada na tineturaria.<br />

Coité.—Crescentia cujete, Liun.—Fam.<br />

das Bignoniaceas.— Arbusto oriundo de<br />

Novo Continente, e mui commum nas<br />

Antilhas.<br />

E' uma arvore media, de casca esbranquiçada,<br />

(espécie de cortiça.)<br />

As folhas, em verticillos de três, são<br />

estreitas ; a flor dá pelo tronco e ramos.<br />

Não é pequena, é de aspecto de um<br />

búzio ou cometa, esverdinhada e sem<br />

cheiro.<br />

O fructo, porém, é uma espécie de<br />

cabaça de 10 millimetros pouco mais ou<br />

menos, oval e espherica; pericarpo esverdinhado,<br />

corneo semi-lenhoso; dentro<br />

ha uma polpa, branca suceulenta,<br />

cheia de sementes chatas aloiradas.<br />

Do fructo d'esta planta fazem-se cuias,<br />

para o que elle é cortado em dois hémispherios<br />

; torna-se ôco depois de ter<br />

sido passado pelo fogo; a cuia serve<br />

de vaso para diversos misteres.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — O sueco da<br />

polpa da frueta é empregado nos tetanos,<br />

e nos spasmos, na dose de 16 grammas.<br />

Coité da mata. — Gonolobus macrocarpa.<br />

— Fam. das Apocynaceas — E'<br />

uma planta indígena, que recebe este<br />

nome nas Alagoas.<br />

E' uma trepadeira, ou por outra um<br />

cipó, que entrelaça-se' sobre as outras<br />

plantas.<br />

E' uma planta lactiféra, de folhas<br />

cordiformes e grossas.<br />

As flores não são pequenas, e têm a<br />

fôrma de estrellas esverdinhadas.<br />

O fructo parece o do Coité perfeitamente<br />

no exterior, porém maior, de<br />

23


16S COM CON<br />

do 10a 15 millimetros de comprimento, Flores em cachos, brancas e tintas<br />

e muito elástico.<br />

Seu tegumento externo é verde e co­ de vermelho.<br />

riaceo.<br />

Os fruetos são obconicos, pardos, com<br />

cheiro activissimo.<br />

Dentro é occupado por uma substan­<br />

Ninguém ignora o uso do Cominh»<br />

cia filamentosa e branca, formando<br />

na arte culinária.<br />

como dois tubos, os quaes estam cheios<br />

É além disto medicinal por possuir<br />

defc caroços dispostos symetricamente ; virtudes carminativas, estimulantes e<br />

são amarellos pallidos, chatos com um emmenagogas.<br />

froco de pellos.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Quasi todos<br />

as reconhecem como um irritante de<br />

acçâo drástica mui enérgica, e também<br />

emetica.<br />

I<br />

Todas estas partes são cheias de abun­ Cattabi ou Conanu. — Phyllandante<br />

sueco viscoso e lácteo.<br />

tusconami,Vell,e Swart.—Ph.Brazüiensis,<br />

Lamk, — Fam. das Euphorbiaceas. — Ha­<br />

Coloquintida. — Cucumis. Colocynbitante do Rio Negro e do Pará, tem<br />

tkis, Linn. — Fam. das Cucurbitaceas. esse — arbustínho folhas ovaes, alternas,<br />

Planta trepadeira do Cabo da Boa Es­ e é muito ramoso.<br />

perança.<br />

As folhas são em feixes pelas axil-<br />

Suas folhas cordiformes, recortadas las das folhas, e o fructo semelhante<br />

em sua base.<br />

ao Pinhão.<br />

As flores solitárias, de dois sexos, de Os caboclos entorpecem os peixes.<br />

côr amarella.<br />

nos rios com esta planta.<br />

O fructo globuloso e amarello na ma­ E' considerada diuretica no Rio Negro<br />

turidade, com uma polpa dentro, e varias<br />

sementes.<br />

Conami. — V- Conabi.<br />

Conami.— V. Conami brasiliensis.<br />

Conde. —Ê a planta que em Pernambuco<br />

chamam Gordião ou Guardião.<br />

Comandahyba : — Sophora -acci-<br />

Condeça ou frueta do Conde.<br />

— Anona obtusiflor a, Mart.—Fam. das<br />

dentalis, Swart. — Fam. das Leguminosas. Anonaceas. — Tem recebido a Condessa<br />

— Planta natural da America Meridional. o nome de Frueta do Conde em Per<br />

Suas folhas são palmadas.<br />

nambuco.<br />

As flores amarellas, em cachos. É oriuuda dos paizes intertropicaes.<br />

O fructo é um legume moniliforme. Esta espécie é um arbusto esgalhado;<br />

E um veneno para a raça canina ; tronco escuro, folhas oblongas e ramos<br />

comtudo pôde ser empregado com cri­ flexíveis.<br />

tério contra as febres intermittentes. Flores carnosas, como estreHas de<br />

Esta planta tem muita analogia com três pontas, e esverdinhadas.<br />

o Feijão de Boi de Pernambuco. O fructo é conico ; tendo na sua superfície<br />

externa, que é liza e lustroza,<br />

Continho. — Cuminum cyminum, — pontos salientes.<br />

Fam. das Umbelliferas. — Herva muito Dentro a substancia é branca, um<br />

cultivada na Europa e pouco cultivada pouco filamentosa, aquosa e doce, for­<br />

no Brazil; natural, do Oriente, e oriunmando bagos, nos quaes contém um<br />

da do Egypto e da Ethiopia.<br />

caroço preto lustroso no meio, de fôrma<br />

Ella é herbacea; seu caule chega até elliptica, e com leve aroma.<br />

á altura de 1 1/2 metro, é lizo e ligei­ A semente d'essas espécies passa por<br />

ramente pubescente na summidade.<br />

As folhas muito estreitas, e cortadas<br />

venenosa.<br />

cm palminhas.<br />

Congonha do campo ou mate


CON CON 163<br />

do campo. —Luxemburgia polyanãria, Estas, no centro de um endosperma<br />

St.-EU.Fam. — das Frankeniaceas. —E' carnoso, contém um embryão axillar,<br />

um subarbusto que vegeta nos campos cylindrico e homotropo.<br />

de Minas Geraes.<br />

Suas folhas são oblongas; ellipticas, e Conyza. — Alopecuroiães, Lamk, —<br />

suas flores em cachos.<br />

Fam. das Compostas. — E' uma planta<br />

O fructo é uma cápsula trivalve. quasi herbacea.<br />

Esta planta, que é também o mate do Suas raizes são diureticas e lithon-<br />

campo, não é comtudo tão generatripticas.lisado como o de Coritiba, que tem<br />

a mesma importância e consumo que Constituinte. — Betonia orientalis,<br />

o Chá da índia.<br />

Linn. —Fam. das Labiadas.— Flor cultivada,<br />

de um subarbustinho a que dão<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. — As Fran­ este nome em Pernambuco ; sua pátria<br />

keniaceas são herbaceas ou fructescen- é o Oriente.<br />

tes.<br />

Attinge á altura de 1 metro, pouco<br />

As folhas são alternas ou verticilla- mais ou menos.<br />

das, inteiras ou denteadas e serriadas, Tem os ramos novos, nodosos e<br />

tendo nervuras lateraes muito appro- brancos.<br />

ximadas, e, na base, duas estipulas, As folhas irregulares na côr; são<br />

que faltam somente no gênero Fran- tinctas de amarello umas, e de branco<br />

henia.<br />

outras.<br />

As flores são axillares, dispostas em As flores são em cachos, axillares,<br />

cachos simplices, ou compostos, ou em pequenas e membranosas, offerecendo<br />

paniculas : estas flores são hermaphro- na parte superior dous lábios.<br />

ditas.<br />

O cálice é formado de cinco sepalas,<br />

É ornamento de jardim.<br />

ligeiramente soldadas na base. Conta de cabra. —Dorsternia ophi-<br />

A corolla de cinco pétalas, iguaes ou diana. — Fam. das Urticaceas. — Esta<br />

desiguaes.<br />

planta herbacea é conhecida nas Ala­<br />

No gênero Sauvagesia, observa-se de goas por este nome..<br />

mais um verticillio de filamentos intu- É quasi rasteira; suas folhas, com<br />

mescidos, e uma corolla que existe tam­ peciolos compridos, são ovaes, agudas,<br />

bém no gênero Luxemburgia. de côr verde roxeada, sendo também<br />

Os estames, em numero de cinco, de da mesma côr o limbo das folhas.<br />

oito, ou indefinido, são livres.<br />

As flores esquisitas, representam um<br />

As antheras são de duas loj as extrór- vaso ou uma taça, sustentada por um<br />

sas, que se abrem por uma fenda lon­ pedunculo que sae do centro da planta,<br />

gitudinal ou por um poro.<br />

encerrando muitas flòrinhas de sexos<br />

O ovario é ovoide, alongado, outri- separados ; estas, engastadas n'uma esgono,<br />

muitas vezes collocado sobre um pécie de polpa, não tem aspecto de<br />

disco hypogynico; elle offerece uma só flores : são miudinhas e de côr parda.<br />

loja, contendo três trophospermas pa- Esta planta é empregada nas morrietaes,<br />

trazendo cada um d'elles um deduras das cobras : também dão-lhe<br />

grande numero de óvulos.<br />

o nome de Chupa-chupa.<br />

O estylete é frágil, terminado em um<br />

estigma extremamente pequeno. Contra-herva.—Dorstenia contra-<br />

O fructo é uma cápsula, coberta pelo herva, Linn.—Dorstenia brasiliensis, Mart.<br />

cálice ou pela corolla, de uma só loja — Fam. idem. — É uma herva indigena<br />

que se abre em três valvas, trazendo quasi rasteira ; suas raizes são flbrosas,<br />

sementes unidas a podospermas assaz rugosas, nodosas, cylindricas, e de gosto<br />

compridos no meio da face interna. adstringente e acre-.


K;I COP COQ<br />

AN folhas, quasi sobre a superiicie Copaltibeira dc Cuiabá c de<br />

da terra, são ovaes-oblongas, baças, asUlinas.—Copaifera<br />

nitida, Mart. — Parperrimas.tindo-se<br />

da Copaifera oficinalis póde-se<br />

Peciolos longos e carnosos. fazer idéa das mais esp*ecies.<br />

A flor fôrma um pendão como na<br />

planta acima, sua congênere; sendo Copaltibeira do maranhão •<br />

porém o envoltório da flor acinzentado. do Pará.— Copaifera, Mart. e Eayne.<br />

Nas províncias limitrophes do Sul, — Fam. idem.<br />

esta planta é chamada pelos indígenas<br />

Caa-Apia.<br />

Copaltibeira do Rio de Janeiro.—<br />

Copaifera beyrichu ou ofici­<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—Applicam-na nalis, Well.—Fam. idem.<br />

contra as febres de qualquer gênero ;<br />

é summamente diaphoretica, anodyna, Copaltibeira de S. Paulo e<br />

anti-catarrhal, peitoral e finalmente an- minas. — Copaifera Langsáorfü, Desf.<br />

ti-herpetica.<br />

— Fam. idem. — Esta espécie tem os fo­<br />

Passa por especifica contra a mordeliolos em cinco pares, e ellipticos, obdura<br />

das cobras.<br />

tusos, diminutos, luzentes, ponctuados<br />

O povo tanto reconhece suas virtu­ e glabros; os peciolos pubescentes.<br />

des, que para qualquer affecção ella é<br />

aconselhada.<br />

Copaltibeira do Rio Negro e<br />

Existem differentes espécies, a saber : do Pará.— Copaifera Guyanensis, Desf.<br />

Dorstenia bryonifolia.— Dorstenia — opifera, Fam. idem.— Esta planta tem três e<br />

Mart. — A Dorstenia pernambucana quatro e a pares de foliolos, ovaes, ellip­<br />

Dorstenia rotundifolia, Arr. Cam.—São ticos, glabros, ponctuados, agudos e<br />

próprias de Pernambuco.<br />

mucronados.<br />

Segundo o professor Serpa esta planta<br />

é a que o Tijuassú come quando é mor­ Copa uva.— V Copahibeira.<br />

dido das cobras.<br />

Na Bahia se conhece a Contrayerba Coqueiro. — Segundo os auctores<br />

pelo nome de Tiú, derivado de Tijuassú. 65 gêneros e 273 espécies tem-se co­<br />

Segundo Moreira, é drástica, adstrinnhecido de palmeiras, das quaes apregente,<br />

e applicada na chlorose e nas senta o Brasil 24 gêneros e 112 espé­<br />

leucorrheas.<br />

cies até hoje.<br />

Em pó dá-se de 1 a 4 grammas; e Apontaremos aquellas de que temos<br />

em infusão, feita com 15 grammas para conhecimento; fazendo ver que todas<br />

1009 d'agua, dá-se aos cálices. ellas gozam mais ou menos de propriedades<br />

muito importantes.<br />

Contraherva de folha comprida.—É<br />

outra espécie.<br />

Coqueiro Amargaso. — V. Gnarioba.<br />

Copaltibeira ou Páo d'oleo.—<br />

Copaifera officinalis, Linn —Fam.<br />

Coqueiro<br />

das<br />

Arieury. —V. Aricuri.<br />

Leguminosas.<br />

Coqueiro Assahy.— V. Assahy.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — A copahiba<br />

é applicada nos catarrhos chronicos, na<br />

dose de 6 decigrammas, que vai-se<br />

depois augmentando progressivamente.<br />

Externamente uza-se nas dores uterinas<br />

em fomentações, e como detersivo<br />

nas ulceras.<br />

Coqueiro Ayri. — V. Ayri.<br />

Coqueiro baba de Boi. — V.<br />

Baba de Boi.<br />

Coqueiro Babunha. — V. Babunha.


COQ<br />

Coqueiro Bacaba. — V. Bacaba. Coqueiro Indaya-assú. — V.<br />

Inãaya-assú.<br />

Coqueiro da Bahia. V. Coco<br />

da Índia.<br />

Coqueiro Indaya-guacú-íba.<br />

— V. Coco da índia.<br />

Coqueiro de Batuá.— V. Bataná.<br />

Coqueiro Jaraiuva.— V. Jara-<br />

Coqueiro Baxiuba.—V.Baxiuba. iuva.<br />

Coqueiro Brijauva. — V. Bri-<br />

Coqueiro Caiané. — V. Caiané.<br />

V, Coqueiro Ca- Carandalty<br />

randahy.<br />

Coqueire Carnaúba. -<br />

naúba.<br />

Coqueiro de Catarrho. — V.<br />

Macaiba.<br />

Coqueiro de Catolé. — V Catolé.<br />

Coqueiro Dendê. — V. Dendê.<br />

Coqueiro Guaguaçú. — V. Guaguaçú.<br />

Coqueiro Guaviroba.— V. Guaviroba.<br />

COQ<br />

Coqueiro murumurú.—V. Murumurú.<br />

V. Car-<br />

Coqueiro Oauassú.— V Oauasiu.<br />

Coqueiro Gurery. — V, Gurery Coqueiro da Quaresma — V<br />

o mesmo.<br />

Coqueiro Gury.— V. Gury.<br />

Coqueiro Tacumba-iva. — V-<br />

Coqueiro Imbury. — V. Imbury. Tacumba-iva.<br />

1«<br />

Coqueiro Jatauba.— V. Jatauba.<br />

Coqueiro Jissara. — V. Jissara.<br />

Coqueiro Buriti. — V. Buriti.<br />

Coqueiro «Fauari.— V. Jauari.<br />

Coqueiro Buriti bravo. — V.<br />

Buriti bravo.<br />

Coqueiro Macajuba. — V. Ma­<br />

Coqueiro Cabeçudo. — V Cacaiba.beçudo.<br />

Coqueiro marajá. — V. Marajá.<br />

Coqueiro morphis.— V. Marfim<br />

vulgar.<br />

Coqueiro Patioba.— V. Patioba.<br />

Coqueiro Piassaba. — V. Piassaba.<br />

Coqueiro Pindá — V Pindoba.<br />

Coquei r o CIi i lensc— V. Chilense.<br />

Coqueiro Pindoba. — V Pin­<br />

Coqhciro Curuá.— V. Cuauassú. doba.<br />

Coqueiro Pissandó. — V Coqueiro<br />

da Praia.<br />

Coqueiro Popunheiro. — V<br />

Popunheiro.<br />

Coqueiro da Praia. V. o mesmo.


i«; COQ COR<br />

Coqueiro Taraiupabo. — V. Ta­ Estas são como as das demais palra<br />

mpabo.<br />

meiras, em fôrma de rosetinhns cornoas,<br />

de côr amarella barrenta.<br />

Coqueiro Tucuin.— V Tucum. O fructo é redondo, de 1"> millimetros<br />

de diâmetro, com escamas sobre­<br />

Coqueiro Tucuntay.— V Tucupostas na base.<br />

may.<br />

Tem pouca aspereza na superfície;<br />

compõe-se de um corpo polposo, molle,<br />

Coqueiro Uvaoçú. — T" Uvaoçú. amarello, que cobre um caroço , cm<br />

Coqueiro LImbantba. — V. Um-<br />

cujo centro ha uma amêndoa branca,<br />

dura e amarga.<br />

bamba.<br />

Come-se a massa amarella, ficando a<br />

parte fibrosa, que envolve o caroço.<br />

Coqueiro Uricana brava. — A massa não é de sabor desagra­<br />

V. Uricana brava.<br />

dável.<br />

Coqueiro Urucuri-iba. — T" Coração da índia ou Curasol.<br />

Urucuri-iba.<br />

— Anona. — Fam. das Anonaceas.— Esta<br />

espécie, que tem sua pátria na America<br />

Coqueiro Urueari.— V.Urucari. do Norte, é cultivada no Brasil.<br />

E' um arbusto do porte dos Arali-<br />

Coqueiro Vi na. — V Vina. cuns, na estatura, na apparencia das<br />

folhas, flores e fructo ; sendo entretan­<br />

Coqueiro Yatay. — V. Yatay. to o fructo d'este de fôrma oblonga,<br />

conica, de cores mescladas, e pe­<br />

Coquinho.— Phyllanthus pendulus.— queno .<br />

Fam. das Euphorbiaceas. —Pequena plan­ O pericarpo é luzente; o fructo dentro<br />

ta herbacea, de caule delicado não pouco mais filamentoso que. o das congêne­<br />

ramosa.<br />

res.<br />

As folhas palmadas accumuladas nas E' ácido e doce, mas um tanto en-<br />

partes superiores da planta, miudinhas joativo ; a semente é preta.<br />

e ellipticas.<br />

As flores ao longo dos peciolos das fo­ Coração de Jesus. — Mikania oflhas,<br />

de dois sexos separados, pendenficinalis, Mart.— Fam. das Compostas.—<br />

tes.<br />

Cresce esta planta em S. Paulo e era<br />

0 fructinho é uma cápsula trigona, Minas-Geraes.<br />

com três sementes, e angulosa. Ella é herbacea, ou lenhosa, e volúvel.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS — Esta planta Folhas oppostas.<br />

tem virtudes hemostaticas ; suspende Flores brancas ou roxas, dispostas<br />

a> hemorrhagias promptamente. em corymbo ; invólucro composto de<br />

poucos foliolos iguaes.<br />

Coquinho bab.i. — Desmononcus Receptaculo nú.<br />

radicantis. — Fam. das Palmaceas. —Pal- Calathide de poucos flosculos tubumeirinha<br />

agreste, e por conseguinte nalosos, hermaphroditos.<br />

tural do paiz, conhecida por este mes­ Antheras salientes.<br />

mo nome em Pernambuco e Alagoas. Stigma comprido, bifido, divaricado.<br />

E' do porte das demais palmeiras. Fructo akenio de cinco ângulos com<br />

Suas folhas têm de comprimento ape­ arilho pilloso.<br />

nas 1 % a 2 metros.<br />

Seu cacho de flores é regular, na pro­ PROPRIEDADES MÉDICAS. — Esta planta<br />

porção do tamanho da planta. é succedanea da Quina, e possue prin-


COR COR 16?<br />

cipios amargos e aromaticos; é emlhante á do Cravo de defunto; mas o<br />

pregada na febre intermittente, e na tubo verde, que faz a base, é composto<br />

dyspepsia.<br />

de escamas sobrepostas.<br />

As folhetas em cima, que o circulam,<br />

Coração de negro.—Fam. das Le­ são de côr verde, e vermelha.<br />

guminosas. — Arvore elevada, que em No centro as flòrinhas amarellas e em<br />

Pernambuco é conhecida por tal nome. grupos; não tem cheiro.<br />

E' importante madeira de construcção<br />

urbana e náutica.<br />

Cordão de Frade. — V. Mucunã<br />

&#Seu lenho é duro, e o âmago roxo ou Olho de Boi.<br />

côr de vinho tinto, etamben\ duro.<br />

Cordão de Frade ou de S.<br />

Coraes. — Chamam assim em Per­ Francisco.—Phlomis nepetifolia. Linn.<br />

nambuco á uma flor exótica, prove­ — Leonotis nepetifolia. Benth.—Fam. das<br />

niente de um arbustinho de 20 a 40 Labiadas. — Alguns chamam esta planta<br />

centimetros de elevação, porém lenhoso. Cordão de Frade.<br />

Tem o caule muito duro.<br />

É natural do paiz, e exquisita.<br />

• As folhas oppostas, redondas peque- Ella tem o caule quadrangular.<br />

las, e unidas umas ás outras. As folhas oppostas, lanceoladas, mol­<br />

O caule tem espinhos aguçados e les, e de uma côr verde-escura.<br />

grandes em proporção.<br />

As flores são reunidas em um grande<br />

Produz uma flor pequena, que consta capitulo que abraça o caule, quasi sem­<br />

de duas pétalas rubras, redondas, applipre<br />

em três pontos quasi equidistantes<br />

cadas na base uma á outra; não tem de sua altura, e por conseguinte ha três<br />

cheiro.<br />

capitulos floraes.<br />

E' objecto de ornamento de jardins. O cálice é mui espinhoso, e por isso<br />

torna-se difficil de se agarrar.<br />

Coral. — Jatropha multifiãa, Linn. Cada — flor é formada como de dois<br />

Fam.*das Euphorbiaceas. — Esta planta lábios avermelhados, encerrando no<br />

da America Meridional, serve de orna­ fundo um nectar doce, agradável ao<br />

mento de jardins.<br />

paladar.<br />

E' com effeito bonita, de 2 e % a 3 me­ Os fruetos são como quatro grãos ém<br />

tros de altura.<br />

figura de trapesio, e pretos.<br />

Caule verde e nodoso, folhas recor­<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.<br />

tadas com symetria, e de côr verde<br />

— Emprega-se<br />

escuro, em forma de palmas bem dese­<br />

em banhos nas crianças débeis, como<br />

nhadas, apresentando um todo elegante.<br />

tônico e excitante. Também se applica<br />

As flores miúdas e rubras.<br />

contra a dysuria e o rheumatismo.<br />

O fructo é uma nóz como o fructo<br />

Cordão de S. Francisco— V<br />

do Pinhão.<br />

Cordão de Frade.<br />

Tem propriedades catharticas.<br />

Cordão de S. Bencdicto.—Fam. Conteiba. — V Aroeira.<br />

das Compostas. — E' uma flor exótica,<br />

que em Pernambuco recebeu este nome, Coroa de Frade do Sertão.—<br />

sem grande razão de ser.<br />

Cactus Melocactus, Swartz. — Fam. das<br />

E' proveniente de uma herva de 1 Nopaleas. — Esta exquisita planta mais<br />

metro de altura, pouco esgalhada. parece uma frueta, que um inteiro ve­<br />

Caule fistuloso. , getal.<br />

Folhas oppostas, rentes (sesseis), lan­ E' arredondado um tanto oval, anceoladas<br />

e baças.<br />

guloso (formando gomos) de côr verde,<br />

A flor, em capitulos pequenos, é seme­ cheio de espinhos, em fôrma de estrellas.


168 COR COR<br />

No ápice fôrma um collo, onde está<br />

semeada uma porção de flòrinhas miúdas,<br />

de côr rosea, mui bonitinhas, com<br />

fructosinhos, como uns pequenos mamillos.<br />

O corpo d'esta planta é composto de<br />

um tecido esponjoso e branco.<br />

Ella vegeta no sertão, sobre os terrenos<br />

áridos, e também em outros<br />

lugares.<br />

e encerram um embryão erecto ou curvado,<br />

commummente desprovido de endosperma.<br />

CorottachrIs. —Mimosa famesiana<br />

Linn. —Fam. das Leguminosas. — Em<br />

muitas províncias do Império tanto do<br />

Sul como do Norte chamam<br />

planta Esponjeira.<br />

a esta<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.—Esta fa­<br />

Ella é oriunda da índia, onde a chamam<br />

Cássia do Levante.<br />

E' um arbusto mediano, de tronco<br />

milia se compõe essencialmente do gê­ escuro, espinhoso, e de folhas miudinero<br />

Cactus de Linneo, e das divisões nhas eni palmas.<br />

que n'ella se estabeleceram, e que se As flores são amarellas, e dispostas<br />

consideram muitas vezes como gêneros. pelas axillas dos ramos, á semelhança<br />

São plantas vivazes, muitas vezes de um froco redondo, como feito de re-<br />

arborescentes, de uma apparencia introz amarello, com um cheiro agrateiramente<br />

particular, que só tem anadável.logia com algumas Euphorbiaceas. Tem por fructo uma vagem parda,<br />

O caule é ou cylindrico, ramoso, ca- chata, contendo grãos escuros, como os<br />

nellado, anguloso, ou composto de peças de feijão.<br />

articuladas, espessas, comprimidas; tem A fava é de cheiro activo e côr de cas­<br />

sido considerado sem razão como folha. tanha.<br />

As folhas faltam quasi constante­ A raiz, pisada e misturada com água,<br />

mente, e são substituídas por espinhos é antídoto das mordeduras das co­<br />

reunidos em feixes.<br />

bras.<br />

As flores, que são algumas vezes<br />

muito grandes e brilham vivamente, são PROPRIEDADES MÉDICAS . — As folhas<br />

em geral solitárias, e collocadas no são antipasmodicas e excitantes ; a de­<br />

fundo d'estes feixes de espinhos. cocção da casca é antiarthritica, em-<br />

O cálice é gamosepalo, adherente ao pregado em banhos, e a das folhas<br />

ovario infero, as vezes escamoso exte­ contra as dores de dentes.<br />

riormente, terminado no ápice, em um<br />

grande numero de lobulos desiguaes, Correio da tarde. — lpomcta. —<br />

que se confundem com as pétalas. Fam. das Convolvulaceas. — Chamam em<br />

Estas ordinariamente são numerosís­ Pernambuco assim a uma flor de jarsimas,<br />

e dispostas em varias ordens. dim, introduzida recentemente, produeto<br />

Os estames, igualmente numerosíssi­ de uma trepadeira de caule fino.<br />

mos, têm os filetes delgados e capil- Folhas cordiformes, e grandes.<br />

lares.<br />

Flor de pouco cheiro, afunilada e<br />

O ovario é infero, de uma só loja, branca, com o tubo mui delgado e de<br />

contendo um grande numero de óvulos cinco divisões, que se expandem como<br />

unidos á trophospermas parietaes, cujo estrellas, e com um feixe de filetes no<br />

numero é variável, e ordinariamente em centro.<br />

relação com o dos stigmas.<br />

O fructo é uma cápsula, que se abre<br />

O estylete é simples, terminado em em tres valvas, deixando sahir três<br />

três, ou maior numero de estigmas raia­ sementes.<br />

dos.<br />

Em Alagoas cresce nas margens dc<br />

O fructo é carnoso, umbilieado no rio Camaragibe; abre pelas quatro áí<br />

ápice.<br />

cinco horas da tarde, e fecha-se ás oití<br />

As sementes têm um duplo tegumento para ás nove horas da manhã.


coc COU 169<br />

Corrente.— Achyrantes.—Fam. das O fructo, roliço, unido a um recep-<br />

Amaranthaceas. — E' uma planta das taeulo de muitas divisões, é seme­<br />

províncias do Norte.<br />

lhante ao das precedentes.<br />

Cortiça brasileira. — Bignonia Coto cot».—Palicurea ãensifolia,<br />

uliginosa, Gom.—Fam. das Bignoneaceas. Mart.—Fam. das Rubiaceas.— Planta do<br />

— Planta do Brasil, que tem a pro­ Rio de Janeiro, S. Paulo e Minas.<br />

priedade da cortiça verdadeira.<br />

Arbusto, cujo porte é semelhante ao<br />

da Eerva de rato, com pequena diffe-<br />

Coça-Coça brava. — Solanum<br />

rença.<br />

urens.— Fam. das Solanaceas.— Sub arbusto<br />

agreste, conhecido nas Alagoas PROPRIEDADES MÉDICAS.— Suas folhas<br />

por este nome, em Pernambuco por são empregadas contra as dores rheu-<br />

Jussara, e em Sergipe por Quiri de camaticas.poeira. Sua infusão dá-se em pequena dose,<br />

Esta planta é de altura de 2 metros nas dyspepsias, e na asthenia geral.<br />

pouco mais ou menos.<br />

Em dose elevada é vomitiva e ca-<br />

Tem o caule coberto de uma substhartica.tancia pulverulenta.<br />

Emprega-se também na tineturaria.<br />

As folhas estreitas, lanceoladas, também<br />

cobertas de um indueto pulverulento,<br />

e esbranquiçadas por baixo.<br />

Couguerreou. — V. Ibira.<br />

As flores são em cachos, brancas, Coumarourana. — Dipterix oppo-<br />

mesmo como as da Jurubeba, sendo sitifolia. D. C — Paralea oppositifolia.<br />

porém menores.<br />

Aubl. — Fam. das Leguminosas. — Ar­<br />

O fructo também é semelhante ao da vore da Goyana e de alguns lugares<br />

Jurubeba, mas é redondo, e não fôrma do Brazil.<br />

o quadrilátero perfeito, como o da Ju­ Suas folhas são cheirosas, e seus<br />

rubeba, e não tem o marchetado que frustos tem as mesmas virtudes do<br />

aquella tem; dentro é do mesmo modo Cumaru.<br />

que esta.<br />

Esfregada esta planta na pelle produz Couve. — Brassica oleracea, Linn.<br />

prurido, donde o nome porque é co­ — Fam. das Cruciferas. — Ninguém ha,<br />

nhecida .<br />

que deixe de conhecer, o que seja a<br />

Couve; não porque ella seja oriunda<br />

Coça-coça liza.— Solanum leviga- do paiz, mas pelo antigo uso que d'ella<br />

tum.—Fam. idem.— Esta espécie é muito se faz em nossas mesas, e pela tradi­<br />

análoga á precedente.<br />

ção de todos os tempos.<br />

É menos revestida pela camada branca E' uma herva, que não eleva seu<br />

pulverulenta; e não oceasiona tanto caule senão de 70 a 90 centimetros.<br />

prurido.<br />

Suas folhas são grandes, de verde<br />

A flor tem um traço verde no centro azulado, coberto de um pó cinzento,<br />

dos lobos.<br />

quasi arredondadas onduladas, grossas<br />

Quanto ao mais é o mesmo que a e approximadas.<br />

precedente.<br />

Formam por sua reunião um circulo<br />

imbricado; de seu centro brota uma<br />

Coça-coça mansa. — Solanum<br />

vergontea, que no ápice se cobre de<br />

coca. — Fam. idem.— Arbustinho como flòrinhas amarellas, em espigas; e<br />

os seus congêneres acima.<br />

d'ahi apparece o fructo, que é uma<br />

Este, entretanto, é trepador. silicula delicada, pequena e estreita.<br />

As folhas são impares e alternas. E' tão sabido o prestimo doméstico<br />

As flores o mesmo.<br />

da Couve, que escusado é dizel-o.<br />

24


170 CRA CRA<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— É anti-scorbutica.<br />

A sua mucilagem, em cosimento ou<br />

xarope, emprega-se nas inflammações<br />

chronicas dos órgãos respiratórios e<br />

na phtisica pulmonar.<br />

Todas possuem um principio acre,<br />

oleoso e estimulante, e tem acção antelminthica.<br />

O sueco é útil contra os vermes intestinaes,<br />

o cosimento das folhas é bom<br />

para os membros paralysados e para<br />

a surdez.<br />

Comida crua, serve para favorecer a<br />

secreção do leite.<br />

Ha varias espécies de Couve, mas<br />

apontaremos somente as seguintes:<br />

Couve branca. —Brassica.—Fam.<br />

idem. — Uma espécie, de côr mais desbotada.<br />

Couve flor. — Brassica bobrytis,<br />

O caule nodoso.<br />

A flor como um cravo, mas com um<br />

só circulo de pétalas, de côr ordinariamente<br />

roixa avelludada, ás vezes<br />

com listras brancas.<br />

Ha de differentes qualidades.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.— As Caryophyliadas<br />

são herbaceas, raramente subfruetescentes<br />

na base.<br />

Os caules muitas vezes nodosos, e<br />

articulados.<br />

As folhas, oppostas ou verticilladas,<br />

são simplices.<br />

As flores geralmente hermaphroditas,<br />

terminaes ou axillares.<br />

O cálice compõe-se de quatro a cinco<br />

sepalas, distinctas ou soldadas entre<br />

si, e formando um tubo cylindrico ou<br />

vesiculoso, simplesmente dentiado no<br />

ápice, de prefloração imbricada.<br />

A corolla, de Cinco pétalas, ordinaria­<br />

mente unguladas na base, falta mui<br />

Linn. — Fam. idem. — Apresenta-se com raras vezes.<br />

uma inflorescencia excessivamente de­ O numero dos estames é, em geral,<br />

senvolvida; cultiva-se nas províncias igual ou duplo 'do das pétalas, e cinco<br />

do Sul.<br />

lhes são oppostos, e algumas vezes se<br />

A couve flor é de uma côr verde soldam inferiormente com os unguiculos;<br />

amarellada ; é muito macia e depressa a corolla e os estames são inseridos<br />

se cozinha.<br />

em um disco hypogynico, que sustenta<br />

Ha crespa e vermelha.<br />

o ovario.<br />

Este apresenta depois uma até cinco<br />

Couve flor. — Brassiea cauliflora.<br />

lojas.<br />

— Couve batrytis. Brassica oleracea<br />

Os óvulos, que são numerosos, estão<br />

batrytis. — Couve de Milão ou Bulles.<br />

unidos a um trophosperma central;<br />

— Brass. oleracea bullata. — Couve re-<br />

quando elle é plurilocular, os óvulos<br />

polhuda. — Brass. oleracea capilata.<br />

são ligados ao angulo interno de cada<br />

Couve repolhuda. -iframea. — loja.<br />

Fam. idem.— Na que tem este nome, as fo­ Os estyletes variam de dois á cinco,<br />

lhas do centro adherem umas ás outras e terminam cada um em um estygma<br />

formando um bolbo, quasi como o re­ subulado.<br />

polho ; é muito saborosa esta couve. O fructo é uma cápsula, rarissimas<br />

vezes uma baga, tendo de uma a cinco<br />

Cravina. — Dianthus prolifer, Linn. lojas polyspermicas ; esta cápsula abre-<br />

— Fam. das Caryophyliadas.— Os cravos se, quer no ápice por meio de dente-<br />

são oriundos da America e da África, sinhos que se desviam uns dos outros,<br />

e as cravinas são da Europa.<br />

quer por meio de valvas completas.<br />

Flor cultivada em Pernambuco nos As sementes são ora planas e mem-<br />

jardins.<br />

branosas, ora arredondadas; ellas contém<br />

E' de 50 centimetros.<br />

um embryão curvo, ou como que en­<br />

Folhas estreitinhas, de côr verde esrolado ao redor de um endosperma<br />

cura, acinzentada.<br />

farinaceo..


CRA CRA 191<br />

Cravinho de campina. — Pyc- Tageles erecta. — Fam idem. — Esta<br />

nanthunum alternum. — Fam. das Labia­ planta é natural do México.<br />

das.— Esta planta indígena, e conhecida E' herbacea de 1 metro e pouco mais ;<br />

por este nomen as Alagoas, vegeta pelas esgalhado.<br />

campinas.<br />

O caule é anguloso.<br />

Seu caule é roxo escuro e quadran- As folhas palmadas, recortadas, e<br />

gular; é trepador e estende-se pelo bonitas.<br />

chão.<br />

A flor é grande, na ponta dos ra­<br />

As folhas são oppostas, crespas, lusmos; forma um tubo sulcado, verde, e<br />

trosas e ovaes.<br />

no cimo muitas camadas de lâminas<br />

As flores em grupos, de fôrma arre­ amarellas, sobrepostas, formando um<br />

dondada, em um pedunculo que se corpo hemispherico.<br />

insere nas axillas; ellas são brancas Não tem cheiro activo.<br />

e de dois lábios.<br />

Dentro d'esse tubo estão as semen­<br />

Os fruetos são pequenos, arredondates, que são como pevides pretas, oblondos<br />

e se acham dentro de uma cápsula, gas de 5 millimetros.<br />

com quatro sementes pretas.<br />

Também é chamada Roza de Defun­<br />

Chamam-lhe também Camará branco. to.<br />

É applicado em decocção nas tosses. Cultivam-na nos jardins, e é de muitos<br />

annos acelimada no paiz.<br />

Cravinho de lagartixa. —Jussioea<br />

linifolia. — Fam. das Onagrarias. PROPRIEDADES MÉDICAS. —Applica-se-<br />

— É uma planta herbacea, agreste, de com grande proveito no rheumatismo;<br />

porte bonito e freqüente nos lugares em banhos; é em forma de emplastro<br />

frescos e humidos.<br />

com mostarda e vinagre.<br />

Seu caule é roxo, e quadrangular. Emprega-se em xarope nos casos de<br />

As folhas oppostas, estreitinhas e ro- defluxo.<br />

xeadas.<br />

As flores amarellas, com as pétalas Cravo de Defuncto singello.<br />

em forma de cruz, tem o seu pedun­ — Tagetes patula, Wild.— Tagetes glanculo<br />

também quadrangular ;<br />

ãuhfera — Fam. idem. — E' uma flor na­<br />

Ovario infero.<br />

tural do México, cultivada e conheci­<br />

Curam-se feridas com suas folhas. da em Pernambuco por este nome.<br />

Chamam-lhe Pimenta d'agua. A planta é pequena e herbacea.<br />

O caule sulcado esverdinhado.<br />

Cravinho do ntato. — É no As folhas palmadas e escuras.<br />

Maranhão a Eerva de Santa Maria. As flores em um pedunculo ôco, d'onde<br />

nasce um cálice tubuloso e gommilloso,<br />

Cravo de S. Bcnedieto. — Fam. de dentro do qual sahem as palhetas<br />

das Compostas. — E' uma flor exótica, floridas, que formam um circulo.<br />

conhecida por este nome em Pernam­ Ellas são de uma côr amarella um<br />

buco.<br />

pouco vermelha e avelludada; no centro<br />

Herbacea, cresce de 80 a 100 centi­ das quaes ha um feixe de pequenas<br />

metros, com folhas lanceoladas, sesseis. angélicas amarellas.<br />

A flor é como a do Cravo de Defunto, O cheiro desta flor não é máo. Serve<br />

porém maior, e as. pétalas de uma de ornamento de jardim.<br />

cor vermelha alaranjada, e no centro<br />

do mesmo modo que o Cravo de De­ PROPRIEDADES MÉDICAS . — E' emprefunto,<br />

mas não tem cheiro.<br />

gada nas fluxões, tosses, etc, emcpsí-<br />

Serve de ornamento de jardim. mentô.<br />

Este cravo é aromatico, estimulante,<br />

Cravo de defunto dobrado.— e sudorifico, empregado na hysteria e


1*2 CRA CHA<br />

em algumas affecções uterinas, e contra Essas folhetinhas (pétalas) denteadas<br />

os vermes intestinaes.<br />

no bordo livre da lamina, são dc um<br />

Cravo girofe ou da Índia.—<br />

aroma delicado, que rivalisa com os<br />

melhores cheiros conhecidos, si é qoe<br />

Caryophillus aromaticus, Linn. — não Fam. tem a primazia entre os demais<br />

das Myrtaceas.— E' natural da índia esta aromas deliciosos.<br />

planta, cujas fructinhas todos conhe­ As espécies cultivadas no paiz, são:<br />

cem.<br />

o cravo branco, o côr de carne, o côr<br />

E' uma arvore cultivada no Brasil, de roza, o vermelho, o roixo e um côr<br />

mas pouco generalisada, de porte me­ de purpura avelludado.<br />

diano, e aspecto elegante; se bem que Sua cultura exige cuidado; o Cravo<br />

sua folhagem não seja densa, tem um branco é d'entre todos o mais aroma­<br />

tronco elevado e um tanto fino em tico.<br />

toda a extensão.<br />

O cravo é a principal flor nos actos<br />

Suas folhas lanceoladas e oppostas; mais notáveis da sociedade.<br />

são roseas as das extremidades. Serve de offerenda para o altar; é a<br />

As flores miúdas, sobre um pedun­ flor muitas vezes exclusiva do ramaculo<br />

prismático, quadrangular de 5 millhete (bouquet) nas nupeias; elle é o<br />

limetros de comprimento, tendo no symbolo da união conjugai, nos salões,<br />

ápice quatro saliências ou pontas dis­ nas grandes reuniões, nos festins mais<br />

postas em cruz, no centro das quaes sumptuosos.<br />

estão as flores, representando como A cultura do Cravo, que nas pro­<br />

uma bolinha.<br />

víncias do Sul é de tão fácil realisa-<br />

Os pequenos fruetos são o cravo, de ção, é nas províncias do Norte muito<br />

que se faz uso no Brasil, na arte difficil.<br />

culinária, perfumarias e mais misteres. A chuva demasiada o mata, o sol<br />

Seu cheiro é agradável, activo e demasiado o prejudica, a terra muito<br />

picante; elle é poderoso estimulante e humida ou muito secca, portanto, sãô<br />

tônico.<br />

O Cravo da índia veio pela primeira<br />

causas de destruição.<br />

vez de Cayena para o Pará, aonde foi Cravo madre. — V. Madre cravo.<br />

acclimado; é hoje cultivado em muitas<br />

províncias do Brasil.<br />

Cravo ou craveiro tio maranhão.<br />

— Laurus Borbonia, Linn. —<br />

Cravo da índia. — V. Cravo Persea Caryophyllata, Mart.— Fam. das<br />

girofe.<br />

Lauraceas.—Arvore á semelhança da<br />

Canelleira.<br />

Cravo de jardim. — Dianthus A raiz é de côr violeta, mui bonita ;<br />

caryophyllus, Linn. e Well. — Fam. a das casca, fina e liza, exhala um agradável<br />

Caryophylladas.— Esta flor mimosa, do cheiro, e é de sabor quente.<br />

maior apreço entre nós, é oriunda da<br />

África e Itália.<br />

Extrahe-se d'ella um óleo essencial.<br />

E' o produeto de uma herva delicada, Cravo do maranhão. — V. Páo<br />

de caule delgado, nodoso de espaço a<br />

espaço.<br />

Cravo.<br />

Folhas estreitinhas, corpulentas, de Cravo mu lambo. — Fam. das<br />

um verde azulado, compridas. Compostas.— E' uma flor exótica, que<br />

Flores na sumidade dos ramos; cada em Pernambuco recebe este nome.<br />

uma representa um tubo verde, de cujo E' herbacea, cresce de 50 a 'ÍO cen­<br />

centro sahem muitas lâminas pequetimetros, semelhante ao Cord&o de S.<br />

nas, que se espalham ficando imbrica­ Benedicto, porém de côr mais viva, e<br />

das.<br />

tem duas ordens de pétalas.


CRI<br />

. ' ) •<br />

CRI 193<br />

Não tem aroma.<br />

expansão membranosa, compacta de<br />

É ornamento de jardim.<br />

densas escaminhas, entre tecidos de<br />

flòrinhas nimiamente pequenas ; o que<br />

Cravo ou craveiro da terra parece um acolchoado de velludo, de<br />

de minas.— Eugeniapseudocaryophylcôr<br />

purpurina viva; dobra-se sobre si<br />

lus.— Fam. das Myrtaceas.<br />

mesma, fazendo pregas, toda a palma<br />

das flores, que estão engastadas n'esse<br />

Cravo da terra do Rio de froco como rosetinhas.<br />

Janeiro, minas e S. Paulo.— D'ellas sahe um grãosinho redondo,<br />

Myrtus caryophyllata, Swart. — Myrtus preto e luzente ; não tem cheiro.<br />

pseudo caryophyllus, Mart.—Fam. idem. Ha outra espécie de côr amarella,<br />

— Esta arvore cresce nos mattos das mas não tem a belleza d'esta.<br />

províncias de S. Paulo, Minas e Rio de Na Europa cultivam desenove espé­<br />

Janeiro.<br />

cies-<br />

Cultiva-se pelos arredores d'este. Nas Alagoas chamam-na Velludo e<br />

E' uma arvore de folhas ovaes re­ também Beijo de Palma. Em Pernamviradas,<br />

e flores em cachos, como as buco é Bredo namorado.<br />

suas congêneres.<br />

O fructo é uma baga.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. — As Amaranthaceas<br />

são plantas herbaceas ou<br />

Cravo ou Craveiro da terra<br />

subfructescentes, trazendo folhas al­<br />

do Rio de Janeiro. — Calyptranternas ou oppostas, algumas vezes muthus<br />

aromatica. St. EU. — Fam. idem. nidas de estipulas escariosas.<br />

— E' uma arvore ou arbusto do Rio de As flores são pequenas, muitas vezes<br />

Janeiro.<br />

hermaphroditas, as vezes unisexuaes,<br />

Seu lenho é lizo.<br />

dispostas em espigas, em paniculas ou<br />

As folhas grandes, oppostas e oblon­ em capitulos, e providas d'escamas que<br />

gas.<br />

as separam.<br />

As flores em cachos á maneira de O cálice é gamosepalo, freqüentes ve­<br />

botões, mui aromatica; estas flores ou zes persistente, de quatro ou cinco di­<br />

botões substituem ao Cravo da índia. visões profundíssimas.<br />

. Tem as mesmas propriedades que o Os estames variam de três a cinco.<br />

referido cravo, aromatico, excitante; é Os filetes ora soltos e ora monadel­<br />

antispasmodico.<br />

phos, formando as vezes um tubo menbranoso,<br />

lobulado no ápice, e trazendo<br />

Crista de galSo. — V Fedegoso as antheras na face interna.<br />

de Pernambuco.<br />

O ovario é solto, unilocular, encerrando<br />

um só óvulo erecto, e susten­<br />

Crista de gallo —flor. — Gelotado algumas vezes por um podospersia<br />

cristata, Linn. — Fam. das Amaranma compridissimo, curvo, no ápice do<br />

thaceas. — Flor de jardim, natural da qual elle está pendente.<br />

índia, acelimada de ha muito no Bra­ O estylete é simples ou nullo, termisil,<br />

onde se cultivamos jardins. nado em dois ou três estigmas.<br />

Cresce até á altura de 1 metro e 50 O fructo, em geral cercado pelo cá­<br />

centimetros pouco mais ou menos é é lice, é um akenio ou um pyxidio.<br />

esgalhado.<br />

O embryão é cylindrico , alongado,<br />

O caule, listrado de roxo, assim como curvo ao redor de um endosperma fa-<br />

também as folhas que são ovaes e oprinaceo.postas ; dá a sua inflôrescencia nas<br />

pontas dos ramos, que é exquisita. Crista de Negra. — Clitoria line-<br />

Forma um eixo, que da parte media aris.—Fam das Leguminosas. —Esta<br />

para cima se dilata, apresentando uma planta , que nas Alagoas assim cha-


194 CRU CRU<br />

mam. no Pará é(conhecido por Mucurá ; Cucurbita odorata, Vell. —Cucurbita ce-<br />

ella é indígena do paizf e trepadeira; ratoereas. — Fam. das Cucurbitaceas.—<br />

alastra-se pelo chão :<br />

Esta fruta, bella na fôrma e no cheiro,<br />

Seu caule é fino, ^delgado, com folhas conhecida em Pernambuco por este<br />

ternadas e despontadas ; dá uma flor nome, é produeto de uma planta oriunda<br />

roxa, cuja structura é esquisita por ter do paiz, mas que apezar d'isso é pouco<br />

semelhança com os órgãos sexuaes fe- commum.<br />

meninos.<br />

E' uma planta análoga ás suas con­<br />

E' roxa, com uma lamina elliptica gêneres, como a melancia, a abóbora, etc.<br />

estendida, que tem uma mancha ama­ O caule é o mesmo como o das que<br />

rella, tendo dois órgãos no centro, e apontamos.<br />

por fora outras duas membranas tam­ As folhas palmadas, todas de pellos<br />

bém roxas lateralmente.<br />

ásperos.<br />

O fructo é uma vagem, de quasi 20 As flores são brancas ou amarelladas,<br />

centimetros, mui fina com quatro la­ e rosetadas.<br />

dos, terminando em ponta fina, com O fructo, do comprimento de 50 cen­<br />

muitas sementes lizas e quadradas. tímetros pouco mais ou menos, roliço<br />

Esta planta envenena as cabras. formando eólio, de côr de almagre ou<br />

preto lustroso.<br />

Crista de Peru das Alagoas . Dentro a massa é amarella, com a<br />

— Acalypha alagoana.. — Fam. das Eustructura<br />

do Gerimum, de um cheiro<br />

phorbiaceas, Linn. — E' um arbustinho mui activo.<br />

agreste, natural do paiz, que nas Ala­ A massa é de um acredoce um pouco<br />

goas recebe este nome.<br />

enjoativo, semeada de sementes ellip­<br />

Tem um tronco pardo e poroso. ticas, amarellas.<br />

As folhas são alternas, ovaes e ser- O gosto acompanha o cheiro.<br />

rilhadas em redor.<br />

Ha duas espécies: de casca cabocla,<br />

As flores são dispostas em pequenas e de casca preta.<br />

espigas, formando um feixe esverdi- As sementes são emmenagogas enérnhado<br />

com as femininas, que apregicas; também são antifebris.<br />

sentam um fructo trigono, e com três<br />

caroços, semelhando-se ao fructo do Cruanha.—Arvore agreste do paiz,<br />

Pinhão.<br />

conhecida nas Alagoas por tal nome.<br />

E' arvore grande.<br />

Criuva. — Clusia Criuva, St. EU. — Suas folhas também o são.<br />

Fam. das Gutltiferas. — Arvore indígena As flores invisíveis.<br />

do Brazil, agreste, e conhecida em Mi­ O fructo é de 5 millimetros de grannas<br />

e S. Paulo por este nome, aonde deza, redondos uns, e outros oblongos,<br />

cresce expontaneamente.<br />

de côr parda escura, cobertos de mui­<br />

E' arbórea, um pouco molle, com to pello, encerrando uma massa ama­<br />

folhas oppostas, ovaes, grossas e rerella espessa, doce e agradável, com<br />

viradas.<br />

duas a três sementes redondas, chatas<br />

As flores, em cachos, são em fôrma e brancas.<br />

de rosas singellas e bonitas.<br />

O fructo é uma baga ovoide, cujas Cruapé. — V, Cipó Cruapè ou Cu-<br />

sementes na tenra idade são oceultas. rurú.<br />

Floresce em Janeiro e Fevereiro.<br />

Esta planta parece ser uma espécie Cruciama. —Espécie de Bambu cujo<br />

como a Orelha de burro de Pernambuco, caule não é fistuloso.<br />

e provincias adjacentes.<br />

Crumatou. — V. Xiqueque do Ser­<br />

Crua ou melão de caboclo. — tão.


CUI CUM l?í<br />

CruzeirtBtha. — V Cainca.<br />

Cuambú.— Bidens adherescens, Vell.<br />

— Fam. das Compostas.— Planta herbacea<br />

do paiz, e tem os mesmos uzos do<br />

Crrapicho.<br />

Segundo Linnêo os caracteres d'este<br />

Cubyo. — Fam. das Sapotaceas.— E'<br />

uma frueta natural do Pará, produzida<br />

por um arbusto.<br />

O fructo tem 20 millimetros de comprimento<br />

e 10 millimetros de diâmetro ;<br />

é de fôrma oval, achatada; e tem na<br />

base uma chapeletinha unida ao ponto<br />

de inserção do fructo.<br />

Sua côr é amarella na maturidade,<br />

e o tegumento externo é membranoso.<br />

Offerece no seu interior uma polpa<br />

branca e espessa; apresenta uma cavidade<br />

central na qual alojam-se muitas<br />

sementes ellipticas, chatas e brancas,<br />

envoltas n'aquella mesma polpa, do que<br />

se faz doce.<br />

Cuca. — V Ypadú Passa Cubyo.<br />

Cujumary. — Ayãenãron cujumary,<br />

Nces. — Ocotea cujumary, Mart. — Fam.<br />

Cuehery. — V. Cujumary.<br />

das Lauraceas. — E' uma arvore do Rio<br />

Negro, uma espécie de Cannelleira.<br />

Cucuru. — Echites Cucurú, Mart.—<br />

A amêndoa da semente d'esta planta<br />

Fam. das Apocynaceas. — E' uma planta,<br />

é não menos apreciada, do que a da<br />

que pertence a mesma familia que a<br />

fava Pixurim, contra a^atonia do tubo<br />

Mangabeira.<br />

digestivo, e' moléstias intestinaes, pró­<br />

Sua raiz é emetica.<br />

prias das regiões calidas.<br />

Cnguaçurentiu. — V. Aypim.<br />

Cuipana. — Myrcia tingens.— Fam.<br />

das Myrtaceas. — Arvore do paiz, seu<br />

sueco misturado com água é empregado<br />

para lavar ulceras.<br />

Serve também para a tineturaria.<br />

Cuipana.—Leptospermum tinetorium.<br />

gênero Bidens são : receptaculo paleaceo — Fam. idem. — E'um arbusto de altura<br />

plano, cálice subigual, com caliculo. mediana, conhecido nas Alagoas e em<br />

A corolla, raramente flosculosa, é la­ Pernambuco por este nome.<br />

teralmente radiada, e a semente tetra- E' silvestre, de tronco esgalhado,<br />

gona.<br />

castanho, liso, e casca fina.<br />

Folhas oppostas, quasi redondas e<br />

Cuarurú guassú. — V. Tinctu- lustrosas.<br />

reira vulgar. ,<br />

As flores são brancas, miudissimas,<br />

em cachos esbranquiçados.<br />

Os fruetos miúdos, redondos, com<br />

muitas sementinhas dentro, aonde se<br />

acha uma substancia molle.<br />

A casca d'este arbusto, pizada com<br />

água, dá excellente tinta preta.<br />

Cuité-assú. —Alpinia aromatica,<br />

Jacq. e Vell.—Alpinia racemosa. — Fam.<br />

das Amomaceas. — Raiz aromatica, empregada<br />

como carminativa, na dose de<br />

10 a 20 grãos.<br />

E' um suecedaneo do cardamomo.<br />

Também se tira vantagem d'ella contra<br />

as ulceras.<br />

Cujaanarioba. — V. Fedegoso.<br />

Cumamery. — V. Sorveira.<br />

Cuntandalia.— Labbab vulgaris. —<br />

Culturaquam. — V. Páo Brasil. Fam. das Leguminosas.—Planta trepa-"<br />

deira.<br />

Cuieté. Coité.<br />

Seus fruetos são comestíveis ; pro-.<br />

Cuietezeira. — E' o Cabaceiro<br />

movem os menstruos e a diurese,<br />

Applicam-se também nas affecções dos<br />

amargoso.<br />

bronchios e pulmões.


176 CUM CUM<br />

Cumandauassú.—O fructo desta<br />

arvore é empregado e tido por efficaz<br />

contra as empigens; o cosimento do<br />

fructo para as de data recente, e a infusão<br />

das sementes raladas para as que<br />

forem antigas.<br />

O Barú, Cumaru o Cnmbarú são em<br />

nossa opinião uma única espécie do<br />

gênero Dipterix.<br />

Cumaty ou araçá do matto.—<br />

Psidym albidum, S. EU — Fam das Myrtaceas.<br />

— Esta frueta é conhecida no<br />

Cumaru.— Dipterix odorata, D. C"<br />

Rio Grande do Norte e em Pernambuco<br />

— Fam. das Leguminosas.— Este vegetal<br />

por este nome.<br />

é em todo o Império conhecido por<br />

E' proveniente de um pequeno ar­<br />

este mesmo nome.<br />

busto de folhagem miúda.<br />

E' uma da3 bellas arvores do Brasil;<br />

As flores são brancas, e o fructo é<br />

produz nas mattas das províncias do<br />

de 5 millimetros de diâmetro, menor<br />

Norte oomo Pará e Amazonas, e com<br />

que um Araçá mirim, verde por fora,<br />

especialidade no Amazonas.<br />

na mtauriuade branco.<br />

E' uma árvore elevada e copada.<br />

Suas folhas, grandes, dispostas em<br />

O Cumaty tem a massa interior molle,<br />

palmas, com as flores em cachos de côr<br />

cheia de carocinhôs, e forma uma pol­<br />

escarlate.<br />

pa doce e saborosa.<br />

Seu fructo, quasi redondo, é uma va­<br />

Esta espécie de Araça sempre está<br />

gem, por fora meio molle, um tanto<br />

doce.<br />

pubescente.<br />

Nas Alagoas é Araçá do Matto.<br />

Dentro ha uma massa trigueira, e<br />

Em Sergipe é Araçá do campo. Em<br />

no centro uma semente como uma fava<br />

Minas Geraes, simplesmente Araçá; e<br />

cinzenta mesclada.<br />

ahi floresce em Março.<br />

Esta arvore é importante pelo aroma<br />

de suas favas, e mesmo da casca;<br />

Citmbeba. — Cereus variabilis. —<br />

quando está florida, e bastante alta,<br />

Fam. das Nopaleas. — E' planta da mes­<br />

sente**se á distancia este aroma; perma<br />

familia dos Cardos.<br />

fuma os ares, é suave e agradável.<br />

O fructo d'esta é comestível, acidulo,<br />

Esta fava constitue objecto de um<br />

doce, e mucilaginoso<br />

ramo de commercio do paiz, hoje em<br />

F' empregado como refrigerante nas<br />

pequena escala; é empregada na Eu­<br />

febres inflammatorias; tinge a ourina<br />

ropa nas perfumarias, e para aroma-<br />

de vermelho.<br />

tisar o rape (como entre nós), conhe­<br />

O fructo verde é applicado ás ulcecida<br />

lá por Féve de Tonha, os nossos<br />

ras sordías.j<br />

indígenas fazem d'ella collares, e da<br />

madeira o mesmo uso que fazem do<br />

Cumbira.—Fam. das Myrtaceas.—<br />

•Gfuayaco.<br />

E' um arbusto agreste, de pouca ele­<br />

Serve também para afugentar traça<br />

vação.<br />

No Ceará chamam a uma espécie,<br />

E' lactifero, conhecido nas Alagoas<br />

que tem alguma semelhança com esta<br />

por este nome.<br />

Emburana brava, na Parahiba Embu-<br />

Suas folhas são alternas, lanceoladas.<br />

rana de cheiro. Emburana da Bahia e<br />

Suas flores são brancas.<br />

de Minas é outra espécie, que suppo-<br />

O fructo é de 10 millimetros de commos<br />

ser Páo Cumaru.<br />

primento, redondo, amarello barrento,<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Tem virtu­ de pericarpo espesso; separa-se em<br />

des diaphoreticas e emmenagogas. duas partes.<br />

Dentro ha uma espécie de massa<br />

Cumbarú. —Dipterex pterocarpus, doce, e agradável, na qual acham-se<br />

Mart.—Fâm. idem. — Planta do Rio um ou dous caroços.<br />

Negro e do Pará.<br />

Chupa-se essa massa.


CUN CUP líí<br />

Í Ella tem alguma semelhança com a tadas no eixo globuloso, nas quaes estão<br />

ameixa da terra.<br />

os sexos separados.<br />

O fructo é este corpo florifero, que<br />

Cuntichá ou Cuntuchá das desenvolvendo-se apresenta um todo<br />

Alagoas. — Erythroxylon miliporum. comestível, —<br />

e que se diz agradável.<br />

Fam. das Erythroxyleas. — Nas Alagoas São leitosas todas as partes d'esta<br />

é conhecido por Cumichá ou Cnmuchá. arvore.<br />

E' um arbusto ramoso, de caule pardo- O lenho tem o cerne vermelho, bonito,<br />

escuro, e abastecido de pontos brancos muito duro, e bom de polir-se.<br />

no tronco.<br />

E' empregado na marceneria para<br />

Tem a casca escamosa.<br />

mobílias, e é de muita duração, porém<br />

As folhas ovaes, molles, de côr verde- perde o. merecimento ou belleza com<br />

amarellada.<br />

o tempo, porque escurece muito.<br />

As flores amarellas, pequenas, de Nas províncias do Norte é onde mais<br />

cheiro quasi imperceptível.<br />

vegeta, entretanto já tem cahido em<br />

O fructo oval, de cinco millimetros, desuso.<br />

vermelho na maturidade, e carnoso.<br />

Abre-se por si, deixando ver as se­ Cupay.— V. Copahibeira.<br />

mentes.<br />

Come-se, porém é insipido.<br />

Cupiúba. — Spondia nigra.—Fam.<br />

das Terébinthaceas. — Arvore a que nas<br />

Alagoas dão este nome.<br />

Cumichá de Pernambuco.—<br />

E' de mediana altura, isto é, de 15<br />

Psonia coralina. —Fam das Nyctagineas.<br />

a 30 metros, pouco mais ou menos.<br />

— E' um arbusto que dá um fructi-<br />

Tem folhas dispostas em palmas, e é<br />

nho vermelho, a que em Pernambuco<br />

copada.<br />

dão este nome.<br />

As flores são em cachos, brancas-<br />

No aspecto exterior esta planta parecetrigueiras,<br />

e de pouco aroma.<br />

se com o Mangue.<br />

O fructo é á semelhança de uma<br />

Tem seus ramos cruzados.<br />

azeitona, mede 5 millimetros de.com­<br />

,: As folhas oppostas, ovaes, carnosas,<br />

quebradiças, ás vezes lizas.<br />

prido, oval, lustroso, com um pello rente<br />

que cobre sua superfície exterior, de<br />

As flores em cachos, e cujos pedunculos<br />

cor roxa quasi preta.<br />

são vermelhos.<br />

Dentro ha uma substancia cartila-<br />

Dão um fructinho oval, vermelho, do<br />

tamanho de um grão de milho, com<br />

ginosa trigueira, de sabor acre-doce,<br />

que envolve um caroço.<br />

uma semente dentro.<br />

Não se come.<br />

A madeira tem o cerne vermelho, e<br />

é empregada para coronhas de espin­<br />

O das Alagoas é outra planta: Jumuchá.gardas<br />

; é duríssima para as obras immersas<br />

como para esteios, etc.<br />

Cundurú. —Brosimum condurú.— Cupualty. — Fam. das Leguminosas.<br />

Fam. das Urticaceas. — Arvore copada — E' uma arvore agreste do Pará, do<br />

agreste, que vegeta nas mattas do comprimento de 25 centimetros pouco<br />

Brasil.<br />

mais ou menos, oval, afinando-se para<br />

Seu tronco tem a casca escura. ambas as extremidades.<br />

Sua folhagem é densa e escura. A casca amarella, quebradiça, dura<br />

As folhas ovaes, e embaciadas. e grossa.<br />

As flores são em cachos redondos, Dentro encontra-se uma massa branca<br />

pequeninos, de 5 millimetros dè diâ­ succulenta, ligada a muitos caroços<br />

metro, nas axillas das folhas nas su­ redondos, achatados, dé 5 millimetros<br />

midades dos ramos; compõe-se de de diâmetro, de cor castanha, com.o<br />

quasi imperceptíveis flòrinhas engas­ perisperma memhranoso.<br />

25


178 CUR CTR<br />

Separando-se os caroços, sahe cada quantidade pelos indigonas, conforme<br />

um com uma porção de massa, que o desejo de matar, ou somente de en­<br />

se come.<br />

torpecer o animal.<br />

Esta frueta tem muita semelhança I"ma flexa impregnada d'este veneno<br />

com o Cupuassú, mas é menor, sua depois mesmo de quinze annos mata.<br />

cor de fora é amarella, e sua massa O effeito nocivo só tem lugar quan­<br />

não se pôde beber como aquella. do sfi- introduz o veneno na circulação,<br />

pois que se pôde ingerir o Curare som<br />

Cupu-assú. — Deltonea luctea. — inconveniente, e segundo Humboldt, os<br />

Fam. das Malvaceas. — Fructo oriundo selvagens o tem por muito estomachico.<br />

do paiz análogo ao procedente do Pará. O Curare obra somente sobre o sys-<br />

E' cultivado.<br />

tema nervoso motor, e sobre os nervos<br />

Elle tem de comprimento 25 a 50 sensitivos; sobre os músculos indepen­<br />

centimetros, é redondo, adelgaçandodentes da vontade elle não aetüa.<br />

se para as pontas, de cor castanha Nos casos de envenenamento pelo<br />

externamente; o pericarpo é duro, que- Curare as túnicas intestinaes e o corabradiço,<br />

grosso e branco internamente. ção continuam a mover-se ; basta uma<br />

Occupa a cavidade' interna uma quantidade equivalente a três cabeças<br />

massa branca, aquosa, e acre-doce, de alfinete para matar um homem.<br />

ligada a muitas sementes chatas, arre­ Acaba-se de tentar sua applicação nos<br />

dondadas, de 50 millimetros de diâme­ casos de tetanos, no tratamento da<br />

tro e de cor castanha clara.<br />

epilepsia, e como antídoto da Slrych-<br />

Seu tegumento é membranoso; senina; mas em nenhum d'estes casou<br />

param-se as sementes trazendo parte sua applicação tem dado por emquanto<br />

da massa comsigo.<br />

Esta massa é comestível e boa.<br />

resultados satisfactorios.<br />

Fazem da polpa uma bebida refri­ Curatella SambaybaonSaingerante.bauva.—<br />

Curatella sambayba.— Arvore<br />

que vegeta nas províncias do Sul da<br />

Cupuini.—V. Tingui de Peixe. Império.<br />

Folhas ovaes, oblongas.<br />

Curadeira. — V Velame em S.<br />

Flores em paniculos.<br />

* Paulo.<br />

A segunda casca d'esta arvore tem<br />

um sabor fortemente adstringente.<br />

Curairi.—Fam. das Sápindaceas. Os habitantes d'essas províncias tem<br />

Arvore do Brazil, cujo fructo é uma o costume de lavar com sua decocção<br />

baga umbilicada, amarella, contendo as ulceras chronicas, ameaçadas dfl<br />

uma ou duas sementes, de sabor ads­ atonia; também é empregada para o<br />

tringente, porém agradável ao paladar. cortume.<br />

Suppõe-se ser a Pitombeira de Pernambuco<br />

e da Bahia, Marcgravü. Curiuva. — V. Pinheiro do Brasil.<br />

Na Bahia antigamente não havia a<br />

Pitombeira; foi somente depois que os Curi-y.— V Pinheiro do Brasil.<br />

estudantes do curso jurídico levaram<br />

as sementes de Pernambuco, que ali Curralleira.— V. a Alcamphora em<br />

foi conhecida.<br />

S. Paulo.<br />

Curare. — Veneno vegetal terrível,<br />

preparado pelos caboclos, que se suppõe<br />

extrahido de uma planta do gêne­<br />

Curua ou Coqueiro Curai. —<br />

V. Ouaou-assú.<br />

ro Strychnos, da familia das Loganiaceas. Curúba. — E' um arhustinho mui<br />

E* empregada em maior ou menor esgalhado.


DAM<br />

Curubai-mirina. — V Sebipwa.<br />

Curucú. —F' uma arvore do paiz,<br />

cujo sueco é anti-hemoptoico, isto é,<br />

contra os escarros de sangue.<br />

Cururú.—V. Cipó Cururú*<br />

DED 1*9<br />

rello, unido a uma massa amarella,<br />

compacta e pegajosa nos dentes; tendo<br />

um caroço no centro pouco menor do<br />

que o fructo, duro, de côr parda, lustroso<br />

de um só lado.<br />

Esta espécie bem parece ser o Tuturúbá<br />

de Pernambuco.<br />

Cururuapé.— V. Cipó Cururuapè. Cutubea.—Coutoudea densiflora, Mart<br />

—Fam. das Gencianaceas. — Plantadas<br />

Cutipiribá. — Fam. das Guttiferás. regiões amazônicas.<br />

— Arvore indígena- do paiz e freqüente Tem as virtudes da Genciana.<br />

no Pará, aonde recebeu este nome. Eis aqui os caracteres genéricos d'essas<br />

Seu fructo é de grandeza de 25 mil­ plantas, a saber : Cutubea, Coutubea denlimetros,<br />

e 'globoso.<br />

siflora, Mart. — Fam. das Gencianaceas.<br />

O pericarpo membranoso, liso, ama- — Triandna Monogynia, Linn.<br />

TD.<br />

Daltlia. —Georgina variabilis, Eunt um arbusto cultivado nas províncias<br />

— Georg. supérflua, D C. — Dahlia do sul do Império.<br />

pmpw-en, Poiret.— Fam. das compostas. É oriundo da Syria, de pamasco.<br />

— Syngenesia frustrata, . Linn. — Her- É uma arvore de mediano "porte e<br />

vas, raras vezes arbustos, de folhas op-folhas<br />

alternas.<br />

* postas' e decompostas.<br />

Suas flores são brancas, e desabro-<br />

Capitulos mui grandes, sustentados cham antes de tomar folhas.<br />

por um pedunculo muito comprido, e *0 fructo é arredondado, com polpa<br />

compostos no typo, de flores tubulosas um tanto fibrosa, assucarada, aroma­<br />

hérmaphroditas no centro.<br />

tica, não ácida.<br />

De uma a três ordens de flores ligu- Come-se crú ou em doces.<br />

ladas. e fêmeas ou neutras, na circum- É uma das boas fruetas.<br />

ferencia,<br />

O caroço contém uma amêndoa de<br />

Nas variedades cultivadas, estas flo­ gosto amargo, devido á presença do<br />

res liguladas dão muitas vezes ao ca­ ácido prussico; e seria imprudência<br />

pitulo a apparencia de uma flor com­ comer-se-a.<br />

pleta. ' --<br />

Ha varias espécies.<br />

Invólucro, duplo, composto ordinariamente,<br />

no exterior, de cinco escamas Dedaes dc Dama. Allamandaca-<br />

foleaceás descobertas, tendo o interior thartica, Linn. —Fam. das Apocynaceas.<br />

formado de duas ordens de longas — Arbusto cultivado, natural do México<br />

escamas, membranosás no ápice. e da Guyana, de porte de 1 a 2 metros<br />

Receptaculò plano, carregado de pa- e mais, em verticillos de 3.<br />

lhetas escamosas.<br />

Folhas lanceoladas, e de côr verde<br />

Raizes tuberosas.<br />

escuro.<br />

Flores em cachos, são como cam­<br />

Damasco. — Prunus armênia, Linn. painhas, de um amarello dourado e bo­<br />

— Fam. das Rosaceas. — O Damasco é nito, com cheiro muito leve.


180 DEN DID<br />

Tem o limbo dividido em cinco lacinea^<br />

redondas; na base um tubo estrellado.<br />

A frueta é uma cápsula.<br />

É ornamento de jardim.<br />

Tem propriedades purgativas ; em doses<br />

elevadas é tóxica.<br />

Da palha se fabricam balaios, muito<br />

conhecidos em Pernambuco por Panacuns<br />

Dettdè dc papagaio.—Fam. Idem.<br />

— Este tem a summidade verde e preta.<br />

È como o antecedente, com a differença<br />

de ser mais pequeno.<br />

Deatdè. — Elais guineensis, Linn. —<br />

Fam. dasPalmaceas. —Grande palmeira Dente de Gato. — V. Unha de gato.<br />

originaria[daGuyana eda África, e cultivada<br />

nas províncias do norte doBrazil. Dente de Leão. —Fam. das Dios-<br />

É de porte alto, á semelhança dos cocoreas. — Arbusto agreste, conhecido em<br />

queiros.<br />

Alagoas por este nome.<br />

Seu tronco é todo eriçado dos frag­ E' uma espécie de Japecanga, esbranmentos<br />

das velhas folhas.<br />

quiçada, mais grossa que as outrau<br />

Estas folhas são pinnadas, com pe­ trepadeiras.<br />

ciolos espinhosos; o cacho das flores é Suas folhas são luzidas e ovaes, e é<br />

menor que o do coqueiro da índia. armada de espinhos maiores.<br />

As flores machos e fêmeas são sepa­ A frueta é uma baga amarella, em<br />

radas debaixo de ordem.<br />

pequenos cachos de dois centimetros<br />

O cálice e a corolla são de três di­ de tamanho, e redonda.<br />

visões.<br />

Dentro contem uma substancia amarel­<br />

Os estames em numero de seis; o la aquosa, e duas sementes hemispheri-<br />

ovario de três estigmas, e.de três lojas, cas.<br />

duas das quaes são obliteradas.<br />

O fructo é uma drupa do tamanho<br />

Não se come.<br />

de uma noz, e quando maduro é de um Derbata cascudo. — E' uma ar­<br />

amarello dourado e lustroso, de 2 a 5 vore que recebe este nome em Pernam­<br />

centimetros de comprimento, de fôrma buco.<br />

oblonga, formando vários planos na Dá madeira de construcção. — V<br />

superfície, tendo sempre o ápice de Cega machado.<br />

côr preta.<br />

O fructo contém dois óleos differen­ Diconroque ou feijão dos Cates,<br />

que se extrahem separadamente. boclos. — Trophis. —Fam. das Ar­<br />

O óleo tirado do sarcocarpo é amatocarpaceas.— Esta arvore importante<br />

rello, cheira á violeta, e é sempre li­ das florestas virgens fornece aos índios<br />

quido na Guyana, na África e no Bra­ Puris um meio de nutrição sem trabasil.lho.<br />

O que se tira da amêndoa é branco, Quando o fructo está maduro, elles<br />

solido, e serve para substituir a man­ se reúnem junto das arvores para proteiga.ceder<br />

a sua colheta, e saboreal-o.<br />

Este é raro no commercio, porém<br />

o que é conhecido por azeite de palma<br />

Cosinham-n'o como feijão preto.<br />

é importado em quantidade conside­ Dicury em Sergipe. — V. Arirável<br />

na Inglaterra e França, onde cory.<br />

serve sobretudo para a fabricação de<br />

sabão.<br />

Didy da porteira. — Tradescan-<br />

No Brasil é uzado para adubar lelia epiphyta. —Fam. das Commelyneas.<br />

gumes, carurús, etc.<br />

— Esta planta engraçada é digna de<br />

Emprega-se em medicina, contra o jardim ; é selvática, é do Paiz.<br />

rheumatismo, em fricções.<br />

| Dão-lhe este nome em Pernambuco.


EBA EBA 181<br />

E, semelhante á um pé de ananaz,<br />

mas sem armadura de espinho nas<br />

folhas, e muito mais pequeno.<br />

Suas folhas, de côr roixa por baixo<br />

e na base, dão-lhe um bonito aspecto.<br />

As flores são brancas; saem do centro<br />

da folhagem em uns pendõesinhos.<br />

Dá uma cápsula, por fructo, contendo<br />

um carocinho envolto em uma<br />

espécie de cartillagem branca.<br />

Vegeta sobre muros e porteiras,<br />

na contra moléstias de peito; ella é<br />

mucilaginosa.<br />

Usa-se contra a tosse (4 grammas<br />

para 275 grammas d'água).<br />

Douradinha do campo. — Palicourea<br />

rigida. Eunt e Remf. — Fam.<br />

das Rubiaceas. — Arbusto que vegeta em<br />

S. Paulo, Minas e Matto Grosso; de<br />

folhas ellipticas, um pouco agudas,<br />

Dom Bernardo.—Palicourea te-<br />

grandes, coriaceas e quasi rentes.<br />

Flores em paniculas longamente pedunculadas.traphylla.<br />

— Fam. das Rubiaceas. — ArCorolla<br />

gamopetala, tubulosa, um<br />

bustinho de Minas, aonde tem este pouco curva com a base gibosa.<br />

nome.<br />

Fructo uma baga roxa-negra um<br />

E' de ramas quadradas no cimo. pouco comprimida, contendo dois nú­<br />

As folhas ovaes, lanceoladas, emparelhadas<br />

em quatro, com flores em cachos<br />

cleos.<br />

pyramidaes e grandes.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — As folhas<br />

e as cascas dos ramos são excellen-<br />

Douradinha. — Waltheria Dourates diureticos; é usada em infusão nos<br />

dinha, St. Hil — Fam. das Bythnerina- rheumatismos, na proporção de 2 gramceas.<br />

— A DOURADINHA é uma planta mas para 190 grammas d'agua fer­<br />

quasi arbusto, que vegeta no Rio Grande<br />

do Sul, S. Paulo, Minus e Estado<br />

vendo.<br />

Oriental.<br />

Dragão Fedorento. — Monstera.<br />

E' ramosa, com folhas cordiformes e Adansonü, Schots. — Fam. das Aroideas.<br />

ovaes, quasi redondas, e um tanto — E' uma planta trepadeira da ordem<br />

pelludas no peciolo.<br />

dos Imbés etc.<br />

Flores reunidas em capitulos nas<br />

pontas dos ramos.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— Esta planta<br />

O pedunculo da flor é pelludo. contusa, applicada á face, é útil nas<br />

Floresce em Dezembro e Fevereiro. inflammacões de ouvido. Sua raiz acre,<br />

é empregada como cauterio nas feridas<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. —Empregam- produsidas por mordeduras de cobras<br />

Ebano. — Tecoma leucoxylon, Esta madeira exhala, quando se<br />

Mar. — Fam. das Bignoniaceas.— Arvore raspa, um cheiro agradável porém<br />

do Brazil, da Guyana e das Antilhas;' fraco; ella deixa n'agua um pouco de<br />

cujo tronco é formado de um alburno matéria corante amarella; é de uma<br />

branco, espessissimo, e de uma me- textura finissima e muito liza, e pôde<br />

dulla amarella esverdeada, pouco densa, adquirir um bello polido.<br />

formada de fibras embaraçadas umas E' incorruptível ao tempo, e usada<br />

nas outras.<br />

nas obras de marceneria.


fSS EMB EMH<br />

Egrio. — Narturlinm pnmilum, St. Emitira branca.—V Jangadeiru<br />

EU. — Fam. das Cruciferas. —Tetradtjna- ou páo de jangada •<br />

mia Monogynia, Linn. — E' uma herva<br />

silvestre do Rio de Janeiro e demais Emitira branca.—Temifera utilü.<br />

províncias, quasi sem caule, que parece<br />

ser o Agrião de Pernambuco.<br />

As folhas rebentam da superfície da<br />

Entblra jangar.—V Jangadeira.<br />

terra, e são como uma lamina sinuosa, Embira de caçador. — Gualthe-<br />

isto é offerecendo lateralmente, recorria villosissima, St. EU. —Fam. das<br />

tes irregulares; deita uns caules nos Anonaceas.— Polyanãria Polygynia, Linn.<br />

quaes se notam miudissimas flores — Arbusto oriundo do paiz, conhecido<br />

brancas, d'onde resultam pequenas sili- em Alagoas e Pernambuco por tal nome,<br />

culas, de 3 centimetros, roliças e palea_ e por Pindahyba em<br />

ceas, com grãosinhos castanhos d'entro. Minas.<br />

S. Paulo e em<br />

As raizes são logo na base das fo­ E' de casca escura, tendo umas eslhas.camas<br />

pela superfície do tronco; são<br />

Usam d'ella como salada, e em me­ flexiveis seus ramos.<br />

dicina é usado como antiphologistico. As folhas grandes, oblongas.<br />

As flores não observadas.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—Segundo Mr.<br />

O fructo capsular, oval e chato, dá<br />

St. Hilaire esta planta tem grande re­ pelo tronco em feixes, e tem uma seputação<br />

em Corytiba contra os catarmente dentro.<br />

rhos pulmonares, e como antispasmo- A casca d'este arbusto dá um exceldico,<br />

na dose de 8 grammas para 3~5 lente fio branco, de que se fazem ex-<br />

grammas d'agua fervendo.<br />

cellentes cordas; é a melhor bucha de<br />

espingarda.<br />

Elenti.— Amirys, hecleophilla.—Amirys<br />

Etemifera. — Fam. das Terébintha­ Entblra da matta branca. —<br />

ceas.— E' uma rezina produzida pela Eelicteres baruensis, Linn. e Arr. C —<br />

Icica icicariba familia das Terébinthaceas Fam. das Bombaceas.— Arvore do paiz<br />

e também pela Amirys elemifera, famique<br />

vegeta no centro das grandes mattas,<br />

lia idem.<br />

de folhas ovaes e cordiformes.<br />

Estas arvores habitam no Brasil. Flores brancas.<br />

Fazendo-se incisões na sua casca es­ Fructo capsular, com cinco valvas em<br />

corre uma rezina, que á principio é espiral, (em fôrma de sacca-rolhas)<br />

molle, mas toma-se secca e quebra­ contendo muitas sementes.<br />

diça com o tempo.<br />

A casca dá boa embira branca.<br />

E' semi-transparente, de um branco Esta arvore foi achada pelos primei­<br />

amarellado, com pontas esverdeadas e ros naturalistas no Paraná.<br />

sem cheiro agradável.<br />

Entra na composição de algumas pre­ Embira em Pernambuco.parações<br />

externas, taes como o Bal- V. Pindahyba.<br />

samo de Arceus, Balsamo Fioravanti, e<br />

de muitos emplastros.<br />

Embeguaea.—Planta do Brasil<br />

Embira vermelha.— V. Sêmen<br />

te de Embira ou Pindahyba.<br />

de numerosas raizes longas, e de casca Embiratanha. — V. Pindahyba.<br />

dura, que serve para cordas.<br />

Diz-se que a fumaça produzida por Embiratanha. — V Barriguda d<br />

esta planta, quando queimada, é boa Sertão.<br />

para fazer desappar^cer os fluxos de<br />

cangue, ^obre tudo os das mulheres. Embira branca. — Couralaria ar


EMB EMB 183<br />

dentis albo. — Fam. das Myrtaceas —Iço- PROPRIEDADES MÉDICAS. — A casca<br />

sandrya Monogynia, Linn. — Arvore sepassa<br />

pelo melhor dos remédios para<br />

melhantissima á subsequente.<br />

feridas, golpes ou cortaduras, etc.<br />

As folhas são mais lisas, e um pouco<br />

lustrosas.<br />

Emburana brava. — Dipterix<br />

O fructo tem de duas a três sementes. peteropa. — Fam. da Leguminosas. — Arvore<br />

do paiz, que no Ceará é conhecida<br />

Embiriba vermelha ou preta. por este nome, apezar de ser conhecida<br />

—Courataria arãentis. — Fam. das Myrem<br />

outras partes por Cumbarú, Cumaru e<br />

taceas. — E' uma arvore do paiz, agresBarú.<br />

te e utilissima, conhecida por este É como a Fava de cheiro ou Cumurú.<br />

nome em Pernambuco e Alagoas. Cremos mesmo que a Emburma é o<br />

Tem porte médio; é esgalhada, ra- páo Cumaru.<br />

mosa e vertical.<br />

Folhas um pouco coriaceas, ellipti­ Emburana do Ceará. — V Cucas<br />

e bacas.<br />

maru, Cumbarú.<br />

Flores de um amarello desbotado, de<br />

bom cheiro, e de uma estructura par­ Emburana de cheiro e Caticular.martí.<br />

— Conhecida por tal nome na<br />

Tem um cálice campanulado, e com Parahyba do Norte.<br />

seis lacinias no ápice.<br />

Floresce em Janeiro e Agosto.<br />

Apresenta uma corolla, de seis divisões,<br />

circulares com uma lamina con- Emburana de cheiro da Pacava,<br />

que lhe serve de cápsula. rahyba. — V. Cumaru.<br />

. O fructo é uma nóz trapeziforme,<br />

quasi lenhosa, no ápice convexa, com Emburana mansa do Ceará.<br />

uma pequena proeminencia no meio e<br />

circulado em a metade superior pelos<br />

— V. Imbú.<br />

fragmentos do cálice.<br />

Emburerembo. — Convolvulus foi<br />

Abre por uma tampa quasi natural tida. —Fam. das Convolvulaceas. — E'<br />

deixando apparecer dentro algumas se­ uma planta do Pará, a qual é emprementes<br />

roliças e grandes.<br />

Os caroços do fructo d'esta planta,<br />

gada contra as mordeduras de cobras.<br />

são chamarizes dos quadrúpedes, no Embury ou Imbury. — Fam.<br />

tempo da fruetificação (pelo verão). das Palmaceas. — E' uma palmeira indí­<br />

O seu lenho, lascado em tiras, é o gena e especial de Sergipe e seus arre­<br />

que se emprega em Pernambuco para dores.<br />

ripas de tecer as cobertas dos edifícios Não fôrma tronco.<br />

urbanos.<br />

Suas folhas em palmas, como as demais<br />

Essas achas finas preparadas formam palmeiras, formam aquelle verticillo,<br />

feixes, que no campo são o archpte na­ que é commum em todas ellas.<br />

tural d'aquelle povo.<br />

Logo embaixo, na superfície da terra,<br />

Na verdade, essa arvore é o maior estende suas folhas para cima.<br />

combustível que se pôde imaginar : Seus cachos de flores são de sexos<br />

ganha fogo sem jamais apagar-se, e distinetos: um de flores masculinas,<br />

quando se apaga, agitando-se o facho e outro de flores fêmeas, em que se<br />

torna a incendiar-se.<br />

desenvolvem os fruetos.<br />

É o melhor esteio para o chão ; é Este cacho, mettido nas axillas das<br />

indestructivel. Nos terrenos movediços palmas, fôrma um capitulo ovoide, com­<br />

costuma-se fazer com esta madeira a posto de órgãos escamosos, circulares,<br />

base dos alicerces, porque os solidifi­ em cuja escama alojam um fructo, que<br />

ca.<br />

é de duas pollegadas de comprimento.


184 ENF<br />

roliços, ovoides que tem, como o do um grupo de lâminas petaloides, colo­<br />

Dendê, a superfície angulosa.<br />

ridas, umas em fôrma de Angélicas,*<br />

Depois da casca exterior existe outra outras tendo uma protuberancia e es-<br />

interior, fina, esbranquiçada, adherente porões, dando nascimento a um fructo<br />

a uma massa muito secca, de uma a á semelhança de uma vagem, que 6<br />

duas linhas de espessura.<br />

roliça ou triangular, pouco mais ou<br />

Segue-se um caroço no centro, duro, menos de 3 decimetros, contendo se­<br />

com três fossetas na base, semelhante mentes mui miúdas.<br />

ao do Dendê, porém maior.<br />

Para comer-se esta frueta, rala-se em<br />

E' parasita.<br />

um pedaço de telha, para tirar a pel­ Enxerto tle passarinho. — Lolicula,<br />

que envolve a massa; porque ranthus brasiliensis, Lamk. — Loranthus<br />

do contrario ninguém supporta o amar­ divaricatus.—Fam. das Loranthaeeas —<br />

go da pellicula, que é excessivo, mes­ O Enxerto de Passarinho, cremos que<br />

mo com assucar.<br />

invade todos os lugares do Brasil; por<br />

O sabor da massa não é bom ; ella de­ conseguinte é natural do paiz, sendo<br />

termina uma nodoa, indelével sobre as por este nome conhecido em Pernam­<br />

roupas.<br />

buco.<br />

E' um arbustinho que nasce sobre<br />

Embyayendo.— V. Pipi.<br />

as arvores, tecendo-as de tal fôrma que<br />

as mata, ou as inguica; e fôrma uma<br />

Estearia. —Arvore cuja casca é espécie de moita, trançando seus ga­<br />

mui grossa, e um pouco amarga e adslhos delgados.<br />

tringente.<br />

Tem as folhas carnosas, sem filamentos<br />

fibrosos pelo meio, como é ge­<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' empreral; são estaladiças.<br />

gada como antídoto do veneno dos Suas flores, em feixes, são como tu­<br />

animaes ophidianos, (cobras).<br />

bos fendidos d'alto a baixo, brancas e<br />

oppostas.<br />

Endro. — Anethum graveolens, Linn e O fructo que é rudimentar, é um<br />

Sp.—Fam. das Umbelliferas.— Esta herva bota ovoide, pequeno, com caroço den­<br />

cultivada é oriunda dos paizes do meio tro, sendo viscosas todas as suas<br />

dia da Europa.<br />

partes.<br />

E' mui delicada, seus caules são Os pássaros comem muito essa fruc-<br />

finos, com folhas recortadas e estreititinha.nhas, como fios de retroz.<br />

Não floresce entre nós como algumas CARACTERES Í)A FAMÍLIA.—As Loran­<br />

outras.<br />

thaeeas são pela maior parte sub-arbus-<br />

Serve de ornamento dc jardim. tos, commummente parasitas.<br />

Como planta medicinal é poueo uzada O caule é lenhoso e ramificado.<br />

nó paiz.<br />

As folhas simples e oppostas, inteiras<br />

ou denteadas, coriaceas, persisten­<br />

Enfor cadinho.—Epidendrum divates, sem estipulas.<br />

rigatum.— Fam. das Orchidaceas. —Planta As flores são diversamente dispostas,<br />

silvestre, a que<br />

nome.<br />

nas Alagoas dão este quer solitárias, quer em espigas, em<br />

cachos ou em paniculos axillares ou<br />

Ella tem os caules suceulentos for­ terminaes.<br />

mando touceira.<br />

Ellas são ordinariamente hermaphro-<br />

As folhas também suceulentas, sem ditas, as vezes dioicas.<br />

os filamentos que as demais tem ; são<br />

lanceoladas e alternas.<br />

O cálice é adherente ao ovario infero.<br />

O limbo é inteiro ou ligeiramente<br />

As flores são exquisitas, formando denteado.<br />

ENX


ENX ESF 185<br />

Este cálice é acompanhado exteriormente<br />

de duas bracteas, ou d'um se­<br />

gundo cálice cupuliforme, envolvendo ás<br />

vezes inteiramente o verdadeiro caÜce.<br />

A corolla se compõe de quatro a oito<br />

pétalas, inseridas ao redor d'um disco<br />

epigynico, queoccupa o ápice do ovario.<br />

Estas pétalas, cuja estivação é valvar,<br />

são algumas vezes soldadas, e representam<br />

uma corolla gamopetala.<br />

Os estames são do mesmo numero<br />

das pétalas, e lhes são oppostos, sesseis,<br />

ou sobre filamentos mais ou menos'<br />

compridos.<br />

Suas antheras são introrsas.<br />

A medicina popular usa-o nas doenças<br />

chronicas do peito, tomado internamente<br />

em cosimentos.<br />

Eoaratc-seu. — PROPRIEDADES MÉ­<br />

DICAS.— E' uma planta cuja raiz, fer­<br />

vida em vinagre, serve em fricções na<br />

região lombar e nas extremidades contra<br />

as febres intermitentes. A raiz raspada,<br />

pela expressão dá um sueco que,<br />

misturado com vinho branco é antifebril.<br />

Eseadinha. — Erythroxylum oliveum.<br />

— Fam. das Erythroxyleas. Nas<br />

O ovario é de uma*só loja, que con­ Alagoas é por este nome conhecida<br />

tém um óvulo anatropo, voltado ; este uma arvore de porte pequeno e agreste,<br />

é cercado de um disco epigynico e em cujo tronco e galhos se nota umas<br />

annullar.<br />

escamas foliaceas.<br />

O estylete é freqüentes vezes' com­ As folhas são alternadas, grandes e<br />

prido e delgado, as vezes faltando com­ lanceoladas.<br />

pletamente.<br />

As flores brancas, tinetas de amarello,<br />

O estigma é muitas vezes simples. em feixes inseridos no tronco.<br />

O fructo é em geral carnoso, com- A frutinha é pequena, ovoide, e fica<br />

prehendendo uma só semente voltada, amarella na maturidade.<br />

adherente á polpa do pericarpo, que é Não se come.<br />

espessa e viscosa.<br />

Parece-se com azeitona, excepto na<br />

Esta semente encerra um endosperma<br />

carnoso, em que está collocado um<br />

côr.<br />

embryão cylindrico, tendo a radicula Esconde-fogo.—Chaenophevra erypv<br />

voltada para o hilo.<br />

tofocus. — Fam. das Melaslomaceas. —<br />

Enxerto de passarinho de<br />

Chamam nas Alagoas Escondc-fogo a<br />

uma arvore de pequeno porte e silves­<br />

Pernambuco. — Loranthus—L. ametre, que tem casca esbranquiçada, folhas<br />

ricanus, Swart.— Tematus. — Fam. idem. ovaes, lustrosas concavas, oppostas.<br />

— E' outra espécie de parasita que ve­ As flores são brancas, em cachos,<br />

geta sobre as arvores.<br />

pequenas, e de pouco cheiro.<br />

Fôrma grupos, mas não se estende O fructo pequeno, redondo, unido ao<br />

tanto como a precedente, que fôrma cálice, de que traz os fragmentos.<br />

capa como um caramanchão.<br />

Dentro contem muitos carocinhos miu-<br />

Esta apresenta na base tuberculos, e dos, distribuídos em quatro alojamen­<br />

as folhas são em verticillos de três, tos.<br />

ovaes, reviradas, carnosas; ,as flores, Ignoramos que se coma.<br />

emcachos, são avermelhadas e compridas O lenho d'esta planta oculta o fogo<br />

como tubo.<br />

de tal maneira, que não se diz que ha<br />

Por fructo tem uma baga oval, verde, signaes d'elle, mas soprando-se appa-<br />

curvada, çom uma cicatriz no ápice, rece promptamente.<br />

e uma semente d'entro; é viscoso.<br />

Os pássaros gostam de comel-o. Esfola bainha ou Paehinhos.<br />

— Xilopia aromatica. — Fam, das Anona-<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — O sueco ceas. — Este arbusto de caule escuro<br />

recente d'esta parasita é resolutivo. e folhas oblongas e um tanto grandes,<br />

26


18» ESP MSP<br />

é conhecida nas Alagoas por este nome, PROPRIEDADES MÉDICAS. —Tanto a flor<br />

e tambepi em Pernambuco.<br />

como a batata tem acção adstringen­<br />

Dá suas flores em feixes pelo tronco ; te, e uza-se contra as hemorrhagias e<br />

edas são muito cheirosas; são carno- diarrhéas.<br />

sas, representando como estrellas, de<br />

côr amarella barrenta.<br />

Espinha de Carneiro. — Xan-<br />

O fructo toma a fôrma de um bilro thium macrocarpum. — Fam. das Com­<br />

curvado; de maneira que acham-se postas. — Herva do Rio Grande do Sul.<br />

aquelles feixes de bilros, dentro com E' uma planta herbacea.<br />

duas sementes pretas, lustrosas, con- Acha-se uma espécie d'este gênero no<br />

vexas de um lado e planas de outros. Peru, nas visinhanças de Quito, que<br />

Esta planta produz fibras para cor­ talvez seja esta mesma espécie do Rio<br />

da, porém fraca.<br />

Grande do Sul.<br />

Espellina —Perianthopodus tomba. PROPRIEDADES DEDICAS. — Ella e suas<br />

— Fam. das Cucurbitaceas. —Planta congêneres de são resolutivas, applicadas<br />

S. Paulo.<br />

em banhos contra os tumores frios.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Seu emprego<br />

é como drástico, na dose de uma<br />

gramma para 500 grammas de água,<br />

tomado ás chicaras.<br />

Espia caminho.—V Eerva mijona.<br />

Espinheiro de Ameixa. — V<br />

Ameixa da terra.<br />

Espinheiro das bordas ilo<br />

Também se emprega em clysteres, nos caminho. — (de Pernambuco.) — Mi­<br />

casos de envenenamento (segundo Manmosa strata. — Fam. das Leguminosas.—<br />

soj.<br />

E' oriunda do paiz; esgalha, e tem es­<br />

Esta planta é um antídoto contra os pinhos, mas poucos.<br />

venenos, de qualquer natureza que Folhas muito miúdas, dispostas em<br />

sejam.<br />

palmas.<br />

As flores são em cachos, como globos<br />

Espera pelas outras. — Asler. de frocos brancos; dão um pó.<br />

—Fam. das Compostas.— Flor de jardim, O fructo de 9 centimetros de compri­<br />

exótica, conhecida em Pernambuco por mento, muito chato; e as sementes do<br />

tal nome.<br />

mesmo modo. Abre-se pelas juntas das<br />

E' uma herva quasi rasteira, com divisões das sementes.<br />

folhas recortadas, cujas flores são com­ A madeira é rosada.<br />

postas de muitas palhetinhas, como As folhas tem a mesma propriedade<br />

Saudades, com um botão no meio ; é da Sensitiva, de contrahirem-se, porém<br />

roxa.<br />

brandamente, pelo contacto de um corpo<br />

Aquellas flores abertas não murcham, estranho.<br />

emquanto não abre alguma das outras<br />

ainda em botão.<br />

Espinheiro branco.— V. Tatajuba.<br />

Espinheiro bravo. —V. Tatajuba.<br />

Espiga dc sangue. —Eelosis brasiliensis.<br />

— Esta parasita do fel da Espinheiro ter­ de Cayena. — Mira,<br />

acha-se nos lugares sombrios do mosa cerca. — Fam. das Leguminosas.—<br />

matto virgem; apparece em forma de Este arbusto, de espinhos conicos, é<br />

espiga côr de srngue, e sustenta-se de indígena, e superabunda nas beiras das<br />

preferencia sobre as raizes da urtiga estradas de Pernambuco, principalbranca.<br />

| I mente nas cercas.


ESP EST 18?<br />

Elle regula a altura de uma arvore<br />

de 4 a 5 metros.<br />

Folhagem miudissima.<br />

A casca parda, o tronco cheio de<br />

espinhos até os ramos.<br />

Flores em pequeno numero, em cachos,<br />

formando espigas grandes; ellas<br />

parecem um froco de retroz amarellado<br />

ou branco, e outras vezes formam<br />

penachos.<br />

Os fruetos são bagens pardas, pequenas,<br />

chatas e membranosas, contendo<br />

poucas sementes, porém articuladas.<br />

E' uma excellente lenha.<br />

Espinheiro corno de bode ou<br />

veado. —Mimosa. — Fam. das Leguminosas.<br />

— E' um espinheiro que recebe<br />

este nome em Pernambuco porque mesmo<br />

tem a catinga de bode, quando se move<br />

ou se agita sua folhagem.<br />

Espinheiro ou Espinho de<br />

Santo Antônio.—{Sergipe.)—Fam.<br />

das Leguminosas.—Espinheiro ou Espinho<br />

de Jacu; é um arbusto indígena, a que<br />

dão este tome em Sergipe.<br />

Vegeta nos taboleiros.<br />

-Seus caules formam moitas.<br />

Pouco engrossam, e são armadas de<br />

espinhos, que se crusam em direcções<br />

oppostas.<br />

Tem as folhas ovaes.<br />

Os caules cahem sobre as outras<br />

plantas, e vão apodrecendo logo.<br />

As flores são em cachos.<br />

Os fruetos, legumes amarellos.<br />

Espirradeira. —Nerium Oleander,<br />

Linn, e Sp. — Fam das Apocynaceas.—<br />

A Espirradeira é uma flor já bem conhecida<br />

em nossos jardins.<br />

Ella é oriunda - rolla á maneira de funil, fendida em<br />

cinco ou mais divisões, que se vão dobrando<br />

por camadas concentricas.<br />

Do centro sae um pequeno feixe de<br />

filetes, como frocos de lã, com cheiro<br />

que é suave, mas pouco activo; é de<br />

uma linda côr de rosa.<br />

Os fruetos, nunca vingam ; d'ahi vem<br />

ser ella reproduzida por meio dos galhos.<br />

Ha de côr de rosa, amarellas, brancas,<br />

e côr de purpura viva; porém esta ultima<br />

variedade é rara entre nós; a de<br />

côr rosada tem umas listras brancas.<br />

Este arbusto sempre se conserva<br />

verde.<br />

Espoleta. (Nas Alagoas) — V. Jenipapo<br />

bravo.<br />

Espoleta. — V. Jenipapo bravo.<br />

Esponja. — V Corona-Cris. (contracção<br />

de Christi, porque dizem que a<br />

coroa ds espinhos foi feita de seus ramos.)<br />

Esporão. — V Maravilha (em Pernambuco),<br />

Beijo (no Rio de Janeiro.)<br />

Estaca eavallo.-^- Gratiola.—Fam.<br />

das Scrophulariaceas. —Planta herbacea<br />

da maior parte das regiões norte<br />

americanas.<br />

E' purgativa.<br />

E' a mesma Gratiola officinal, que gosa<br />

de propriedades deletérias.<br />

Estalado**. — Murraya Stloppa. —<br />

Fam. das Auranciaceas.—Nas Alagoas<br />

dão este nome a uma arvore silvestre,<br />

cujas folhas são dispostas em palmas.<br />

Suas flores, miúdas, brancas, triguei­<br />

do Oriente.<br />

ras, cahem com muita facilidade.<br />

E' um arbusto que esgalha dçsde à O fructo é redondo, encerrando uma<br />

base; suas folhas são lanceoladas, estreitas<br />

e dispostas nos ramos em ver-<br />

a quatro sementes.<br />

licillos de 3.<br />

Estanca sangue. — Chrysocoma<br />

As flores são em cachos, formando san'guinea. — Fam. das Compostas. — Por<br />

um pedunculo cheio de articulações, e este nome é conhecido um arbustinho,<br />

triangular.<br />

ou antes um cipó nas Alagoas.<br />

O cálice pequeno e colorido. A co­ Descança sobre outras plantas.


188 EST ERV<br />

Os caules, em touceiras fracas ou uzar-se sem muita cautella. O cheiro<br />

flexíveis.<br />

é fastidioso.<br />

Folhas ásperas, medianas,lanceoladas.<br />

As flores em cachos, nas pontas dos<br />

ramos, enroscados e de um só lado,<br />

são reunidas em feixes sobre um receptaculo<br />

commum, composto de palhetinhas.<br />

As flores são brancas, pintadas de<br />

roixo, com algum cheiro.<br />

Os fruetos são como agulhetas pretas,<br />

com um feixe de pellos, que os faz<br />

voar com muita facilidade, pela acção<br />

do vento, por mais brando que seja.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' empregado<br />

nas hemorrhagias internamente,<br />

e externamente, nos ferimentos e golpes.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Empregamna<br />

contra as affecções asthmaticas, e<br />

nos rheumatismos, apenas 3 á 1 fumacinhas<br />

das folhas murcha3 e seccas<br />

em fôrma de cigarro.<br />

Administrada em alta dose, produz<br />

vertigens, somnolencia, vista turva, dilatação<br />

das pupilas, ardor na garganta,<br />

agitação, vômitos e delírio; internamente<br />

na dose de 5 centigrammas<br />

a 3 decigrammas e progressivamente<br />

até 10 decigrammas, em xarope ou pílulas.<br />

( Fig. 18. )<br />

Estoraque. — Styrax ferrugineum;<br />

Ervaca. — Fam. das Leguminosas. —<br />

E' um arbusto mediano e silvestre, habitante<br />

dos terrenos paludosos e char-<br />

Mart. — Fam. das Styraeeas. — Esta casos, ou brejos.<br />

planta habita as Províncias da Bahia e Cresce até 3 metros, pouco mais ou<br />

Minas Geraes.<br />

menos.<br />

Folhas miudissimas, dispostas em<br />

PRRPRIEDADES MÉDICAS. — E' estimu­ palmas.<br />

lante, aromatico ; o] balsamo, que se Flores amarellas, pequenas, á seme­<br />

extrahe d'esta planta, emprega-se no lhança da flor do feijão.<br />

curativo das ulceras chronicas, e in­ O fructo é uma pequena vagem, chata<br />

ternamente , nas leucorrheas e gonor­ e articulada, isto é, como recortada:<br />

rhéas, em pílulas, na dose diária de tem grãos como os de feijão.<br />

2 a 4 grammas. Este balsamo entra na N'esta planta, quando adquire mais<br />

composição de diversos emplastos por desenvolvimento, o tecido da casca<br />

ser muito cheiroso ; costumão queima- offerece uma textura semelhante á da<br />

lo nas Igrejas, em lugar de incenso. cortiça verdadeira.<br />

Fazem d'ella optimos afiadores para<br />

Estramonio. — D atura Stramonium, navalhas e mais<br />

Lim. e Sp. — Fam. das Solanaceas. — macia.<br />

Esta planta é natural da America e<br />

objectos ; é muito<br />

do Egypto.<br />

Ervilha. — Pisum sativum, Linn.—<br />

E' de pouca altura e esgalhada. Fam. das Leguminosas. — Arbustinho na­<br />

Sua côr verde é desmaiada. tural do Meio-Dia da Europa; culti­<br />

As folhas alternas, formando, sinuva-se no Brazil.<br />

osidades nas pontas agudas, isto é ter­ E' uma espécie de feijão, redondo prominando<br />

por um aculeo.<br />

duzido por uma planta de ramos es-<br />

As flores são um pouco grandes, afugalhados, de porte pequeno.<br />

niladas, simples, ou dobradas, brancas Folhas unijugadas, e um tanto baças.<br />

e quasi sem cheiro.<br />

Flores esbranquiçadas, ou de um ver-<br />

O fructo ovoide, á semelhança de lho arroxeado, assemelhando-se a uma<br />

Maxixe, eriçado de espinhos molles ; borboletinha.<br />

dentro existem muitas sementes par­ O fructo é uma vagem de D a 12<br />

das.<br />

centimetros, que no seu interior con­<br />

Esta planta é narcótica, perigosa de tém 3 a 4 grãos redondos, esbranqui-


FAV FAV 189<br />

çados, com um pequeno umbigo, por<br />

onde elles se inserem no fructo.<br />

Seu uso é conhecido em nossas mezas,<br />

F<br />

porque a ervilha constitue um legume<br />

com que se preparam diversos pratos.<br />

Ha muitas variedades.<br />

Fachiata. — Cauthium elongatum. — Da immensidade de favas ou feijões<br />

Fam. das Rubiaceas.— Arbusto agreste cultivados no paiz, tem-se perdido o<br />

a que dão este nome em Pernambuco. typo original, isto é, não existe um<br />

Seus caules ramificam formando tou- documento, que precisamente nos mostre<br />

ceira, armada d£ espinhos em cruz. qual a fava ou feijão primitivo que<br />

As folhas são oppostas, ovaes, lus­ appareceu no Brasil; e por isso achatrosas<br />

e pequenas.<br />

mos conveniente trazer a descripção<br />

As flores são como uns Jasmins, del­ botânica da Fava principal, para os<br />

gados, com o tubo fino, de um ama­ nossos botânicos se guiarem, ou mesmo<br />

rello côr [de palha; estão em grupos conhecerem melhor este gênero de<br />

nas axillas das folhas, em pequeno Fava.<br />

numero.<br />

Entre essa profusão de variedades<br />

O fructo é uma vagem achatada e nota-se a Fava de África—Fivenaine :<br />

um pouco comprida; é negro quando esta espécie é de pouca altura, ramo-<br />

maduro, branco por dentro, e contém sa e mui productiva.<br />

uma massa branca, aquosa, um pouco<br />

ácida.<br />

Fava de Angola:—Fam. das Le­<br />

Empregam os caules d'este vegetal guminosas. — Arbusto trepador e exó­<br />

para fazer os tapumes (*) e cercas; d'onde tico, que pelo nome indica sua pátria.<br />

vem chamarem-no Fachina.<br />

Suas fruetas são vagens de 3 % decimetros,<br />

pardas, grossas, com três su-<br />

Fava.— Vicia sativa, Linn.—Fam. turas de lado, contendo grãos brancos<br />

das Leguminosas.—A Fava, que foi assim lisos de 3 centimetros de compri­<br />

classificada por Linnêo, é um vegetal mento ; o ponto que se pega a vagem<br />

oriundo da Europa, dos arredores do é pardo, e não pequeno.<br />

mar Cáspio.<br />

Diz-se que serve contra as morde­<br />

E' a única espécie d'este gênero. duras de cobras.<br />

Seu caule é de um metro pouco mais Também se come, porém, fervidas<br />

ou menos.<br />

em muitas águas; pois que são vene­<br />

As folhas, em palmas, são de 4 a 6, nosas<br />

dispostas de 2 em 2, oblongas, e com Também chamam Fava de cobra.<br />

uma membrana que lhes adhere (asas),<br />

um tanto espessas.<br />

Fava bico de papagaio.—Pka-<br />

E' de verde desbotado; não tem gaseolus.—Fam. Idem. — Esta fava, que se<br />

vinhas.<br />

cultiva aqui e nas Alagoas, tem este<br />

Suas flores são cheirosas, e brancas, nome.<br />

e sua vagem dá uma semente, que E' trepadeira.<br />

suppomos ser branca.<br />

Suas folhas são tçrnadas, em peciolos<br />

communs, de fôrma rhomboidal.<br />

(*) Tapagsns.<br />

As flores são brancas.


190 FAV FAV<br />

Dá uma vagem em figura de casco<br />

de navio, de 13 centimetros de comprimento,<br />

no ápice revirada, contendo<br />

trez sementes grandes, brancas e rajadas.<br />

Come-se.<br />

A primeira vista parece agreste, mas<br />

é boa de comer-se.<br />

Cultivam-na.<br />

Ha outra espécie, cuja fava é preta.<br />

Fava boca de moça.—Phaseo-<br />

Fava de cobra. — Bignonia Ophidiana.<br />

— Fam. das Bignonaceas. — lista<br />

planta, que tem este nome em Alagoas,<br />

lus saponaceus, Savi.—Fam. Idem.— parece indígena.<br />

E' uma fava cultivada no Brasil, á E' um arbusto trepador, semelhante<br />

qual dão este nome em Alagoas. ao Cipó de cesto.<br />

Seu porte é como o das demais con­ Tem o tronco, nas partes inferiores,<br />

gêneres ; mas suas folhas sendo como anguloso ou sulcado.<br />

das outras, são unidas, de 4 % centi­ As folhas em verticillos de 2, e os<br />

metros.<br />

ramos cruzados.<br />

A vagem é de 1 pollegada de com­ As flores são brancas como tromprimento,<br />

achatada, tendo o dorso roixo betas, com a parte tübulosa amarella.<br />

circularmente até 2/3 de sua largura. A frueta é uma cápsula um pouco<br />

Come-se também.<br />

grande, de 2 % decimetros, chata, com<br />

Esta espécie parece a de D. C. Prodr. muitas sementes dentro.<br />

— T. 2, p. 393. — Phaseolus saponaceus,<br />

Savi.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. —Empregamna<br />

nas mordeduras de cobra.<br />

Fava branca. — Phas. compressus,<br />

D. C — Fam. Idem. — Esta fava se culFava<br />

fígado tle gaEliitba, ou<br />

tiva geralmente, e é conhecida em feijão ligado de gallinha. —<br />

Alagoas e Pernambuco por tal nome. Phaseolus. —Fam. das Leguminosas. —<br />

E' proveniente de um arbustinho Esta fava, que também nas Alagoas<br />

trepador, de caules que se enrolam nos recebe este nome, tem o pé como as<br />

corpos vizinhos.<br />

outras.<br />

Suas folhas são rhomboidaes, tor­ O grão, porém, é meio redondo, de<br />

nadas.<br />

côr amarella de óca, e lustrosa.<br />

Suas flores, em espigas pequenas, são Come-se, mas é glutinosa.<br />

brancas, tendo a mesma estructura que Em Pernambuco é Feijão figado de<br />

a do feijão.<br />

gallinha.<br />

Sua vagem é de fôrma navicular, os<br />

grãos, que são de 2 a 3, são brancos e Fava olho de peixe. —Phaseo­<br />

muitos maiores que os do feijão. lus. — Fam. das Leguminosas. — Esta<br />

Come-se esta fava, e é boa. planta é semelhante ás precedentes.<br />

Fructifica em pouco tempo.<br />

Tem as folhas compostas trifoliola-<br />

Differe da — Fava de sete semanas das, — e é trepadeira.<br />

na cor, que aquella tem roixa. As flores são brancas amarelladas,<br />

A vagem como das outras, tendo os<br />

Fava cabrocuço. — Cajanus. — grãos redondos, com o hilo roxo.<br />

Fam. Idem. — E' uma fava que nas Cultivam-na nas Alagoas, onde lhe<br />

Alagoas chamam assim.<br />

dão este nome.<br />

Ella tem o mesmo porte das outras, Serve para comer-se.<br />

tendo as folhas maiores.<br />

As flores iguaes, também, são bran­ Fava rajada ou pintada.—<br />

cas como que tinctas de amarello. A Phaseolus.—Fam, idem.— È semelhante á<br />

vagem é maior, mais lisa, com uma precedente nas suas partes vegetativas,<br />

espécie de umbigo comprido na semente. | conheccida nas Alagoas por este nome.


FAV FED 191<br />

Ella é branca pintada de roxo. seolus.'— Fam. Idem. —Esta é mais ge­<br />

Come-se, e tem os mesmos usos. ralmente espalhada, porque por todo o<br />

paiz se encontra.<br />

Fava de rape. — V. Cumaru. E' como as de mais congêneres; tem<br />

as flores brancas, as vagens da mes­<br />

Fava rim de paca. — Phaseolus- ma forma, as sementes roixas, bonitas.<br />

— Fam. idem. Esta fava é da condição Esta planta é igual á — Fava Bran­<br />

de suas congêneres, e conhecida em Alaca— difierindo só na côr.<br />

goas por este nome.<br />

Ella germina ou fructifica em sete<br />

E' menos cultivada que a Boca de semanas, por isto tem este nome.<br />

moça. E' menor que ella; a côr é de E' mui bôa de comer-se.<br />

um roxo escuro, e verde; e no lugar do<br />

hilo tem uma orla circular rosada, que Fava de louco. —V Cumaru.<br />

guarnece o ponto da inserção do grão.<br />

Come-se, e tem a mesma applicação. Favinha.—Fam. das Leguminosas.<br />

— E' um arbusto vergònteado, que pou­<br />

Fava riscada.— Phaseolus.—Fam. co esgalha, conhecido em Pernambuco<br />

idem. — Esta outra espécie, a que nas por este nome.<br />

Alagoas dão este nome, é quasi a Suas folhas são dispostas em palmas,<br />

mesma cousa que as outras, excepto e miudinhas.<br />

na fava, que é um tanto grande, As flores lisas.<br />

branca, riscada de roxo, e circulada Os fruetos são vagens.<br />

no hilo de uma zona rosada.<br />

O lenho d'esa planta é mui leve e<br />

Come-se, e é cultivada.<br />

branco; não dá má lenha.<br />

Fava sangue de Boi. — Phaseo­ Faz-ehorar- —V Caha-xio<br />

lus. — Fam. Idem. — Conhecida nas Alagoas,<br />

e cultivada.<br />

Fedegoso bravo ou Cirsta<br />

Suas condições vegetativas são seme­ de gallo bravo.—Eeliotropium horlhantes<br />

ás precedentes; porém a fava tense.—Fam. das Borragineas. —Este<br />

é côr de carne viva, com veios rosados herva, que abunda em Pernambuco, re­<br />

em redor do hilo.<br />

cebe o nome de—Crista de gallo — em<br />

Come-se.<br />

outras províncias.<br />

Vegeta pelas hortas e qualquer lugar.<br />

Fava de S. Ignacio. — FavíUea E' de caules ascendentes, mas um<br />

trilobata. — Fam. das Euphorbiaceas. pouco — rasteiras, formando pequenas<br />

E' também chamada Nhandiroba. moutas.<br />

O óleo expresso das sementes é amar­ Suas folhas são um tanto estreitas,<br />

go, e empregado nas dores prevenientes crespas, porém pouco ásperas: tem<br />

da impressão do frio.<br />

alguns pellos ; é de um verde commum,<br />

Guapeva em S. Paulo é a Fava de S.. com algum brilho.<br />

Ignacio, — em Minas Eypanthera gua­ As flores dão nas extremidades dos<br />

peva.<br />

ramos somente; formam espigas enrascada<br />

na ponta, com as fleres engas­<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — As sem entadas de um só lado, e não tem pellos.<br />

tes d'este arbusto trepador são amar- Estas flores são como pequenos fugo-oleosas,<br />

e de grande proveito na— niszinhos, roxas, manchadas de branco,<br />

Ictericia —, em dose de uma a duas offerecendo nodoas amarellas no tubo.<br />

sementes; ás vezes repetidas tornam-se O fructo é uma nóz pequena, redonda,<br />

um purgante violento.<br />

cingidapelo cálice,terminando em ponta,<br />

contendo quatro sementes pardas, quasi<br />

Fava de sete Semanas. —Pha­ redondas. *


193 FED FED<br />

Chamam-n"a também — Chá de Bra­ As folhas, quasi rhomboidaes, e enrugança.<br />

—<br />

gadas, são dispersas nos caules ou ra­<br />

Esta planta pela denominação do mos.<br />

geral das províncias deve ser — Crista As flores n'uma espiga que se enrosca<br />

de gallo bravo. —<br />

no ápice, são tubulosas; engastada»<br />

em duas fileiras de um só lado do eixo,<br />

Fedegôso. (I) (outro, bravo)—Eeliotro- e são côr de lirio ou de violeta.<br />

pium reranicum, Fam. idem. — E, uma O fructo é uma espécie de noz, tendo<br />

espécie também brava, agreste, que se semelhança com uma pequena mitra da<br />

distingue em ter todos os seus órgãos côr verde, contendo quatro caroços re­<br />

mais pequenos; a sua côr é verde e dondos.<br />

muito azulada.<br />

Vigora e floresce no verão.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' consi­<br />

Tratamos d'esta espécie, posto que derada na therapentica pernambucana<br />

não saibamos o verdadeiro nome po­ como uma das plantas mais rocommenpular,<br />

para mais esclarecer a questão daveis por suas virtudes curativas, e<br />

da distincção do — Fedegôso e Crista é applicada, interna e externamente,<br />

de gallo ; — por quanto implica confu­ como calmante do systema nervoso, na<br />

são a diversidades de nomes arbitrá­ paralysia, asthma, tosse convulsa eu<br />

rios, para uma mesma planta, nas dif­ coqueluche, tosses recentes e antigas,<br />

ferentes províncias.<br />

suffocação, catarrhos pulmonares, etc;<br />

Convém, dizer que do verdadeiro mes­ e em geral contra todos os soffrimenmo,<br />

ha duas espécies, como aqui adiante tos da vias respiratórias; sendo um<br />

mostraremos.<br />

excellente lenitivo para aquelles que<br />

padecem de tísica pulmonar.<br />

Fedegôso do Pará. — Eeliotro-<br />

Sua efficacia contra o tétano ou espaspium<br />

indicum, Mille, e Swatz. — Fam. mo é assegurado por grande numero<br />

daz Borragineas. — Planta herbacea do de pessoas.<br />

Pará.<br />

Não ignorando nós o que acabamos<br />

Suas folhas são cordiformes e ásperas. de dizer e esforçando-nos por ser útil<br />

As flores em cachos, pequeninas, á humanidade soffredora preparamos<br />

azuladas e unilateraes.<br />

com essa planta—pílulas, tintura xarope<br />

e vinho ; achando-se pois os refe­<br />

Fedegôso verdadeiro, ou<br />

ridos medicamentos promptos para sa­<br />

Crista de gallo. — Tiaridium utitisfazer as precripções dos Srs. facullissimnm:<br />

— Tiaridium elongatum, — tativos, e acudir ás necessidades de to­<br />

Fam. idem. — A planta conhecida em dos os emfermos.<br />

Pernambuco sob a denominação de Todos os dias se nos apresentam no­<br />

— Fedegôso,— é nas Alagoas sob a de vos testemunhos da efficacia d'esta im­<br />

— Crista de peru, — e no Rie de Japortante planta.<br />

neiro e províncias do Sul do Império Doses — as pílulas são applicadas de<br />

pela de — Crista de gallo. —<br />

trez a quatro por dia, aos doentes de<br />

E' o Tiaridium utilissimum ou Tiaridium<br />

elongatum de Swatz, e o Eelioiropium<br />

carossodium de Mart.<br />

Herva oriunda do paiz; tem seus<br />

caules cylindricos, ramosos e ascendentes.<br />

Pellos ásperos em seus órgãos.<br />

(1) Fedegôso na Bahia, Espirito Santo,<br />

Rio «e Janeiro etc, é a Cássia Occidenlalii.<br />

7 a 15 annos ; e uma a duas, aos meni­<br />

nos de 2 a 5 annos de idade.<br />

A tintura, internamente é applicada<br />

na dose de vinta a trinta gotas, em<br />

um copo d'agua, dando-se d'essa agoa<br />

duas colheres das grandes, de 2 em 2<br />

horas aos adultos, uma aos adolecentes,<br />

e uma das pequenas aos meni­<br />

nos.<br />

Internamente é applicada em fri.ções


FED FEI 193<br />

por todo o corpo, contra o tétano, ou sementes pardas, de figura oheonica,<br />

espasmos e convulsões, trez vezes por com dois espinhos no ápice; em tudo<br />

dia, por meio de escovas ou de flanella o mais é armado de espinhos.<br />

emhebida d'essa substancia.<br />

Esses espinhos são agudos, e agar­<br />

O Xarope é applicado na dose de uma ram-se á roupa.<br />

colher de sopa, trez ou quatro vezes Também o chamam — Amor dos ve­<br />

por dia aos adultos; duas a trez por lhos — nas Alagoas ; — Federal — no<br />

dia aos adolescentes, e duas a trez co- Ceará; e em Pernambuco —Espinho gualheres<br />

de chá aos meninos.<br />

birú. —<br />

Este Xarope é tomado puro, ou diluído<br />

na quarta parte de um copo PROPRIEDADES MÉDICAS. — Empregam-<br />

d'agua, ou em alguma tisana apropriano em cosimento para dores de dentes<br />

da, como infusão de tilia ou de althea. acompanhadas de inflammação do rosto.<br />

O vinho é applicado do mesmo modo E' de proveito nas diarrheas, mesmo<br />

que o xarope, com preferencia no té­ chronicas, segundo afiirma pessoa<br />

tano ou espamo. (Fig. 19.)<br />

fidedigna.<br />

Fedegôso verdadeiro (outro),ou Feijão. — Phaseolus vulgaris, Linneo,<br />

Crista de gallo. — Tiaridium ani- Fam, das Leguminosas, — E' planta lelatum<br />

— Fam. idem. — O vulgo não tem nhosa ou herbacea, que mui freqüen­<br />

distinguido entre o Fedegôso verdadeiro temente trepa e se enrosca ao redor<br />

e o falso, qual a que pertence esta das outras arvores.<br />

espécie ; porque ella realmente se con­ Folhas pinnuladas, tendo três foliolos.<br />

funde com a antecedente.<br />

Flores brancas, amarellas ou ver­<br />

Cresce menos, alastrando mais. melhas.<br />

Suas folhas são mais ovaes, e me­ O fructo é sempre uma vagem oblonga,<br />

nos pelludas.<br />

bivalve, encerrando grande numero de<br />

As flores são em espigas semelhan­ sementes reniformes, e farinaceas, que<br />

tes, porém mais curtas; não tem man­ offerecem um alimento simples, agracha<br />

amarella nas flòrinhas, e são mais dável e nutriente.<br />

estreitas.<br />

O feijão contem muitos princípios<br />

O fruetinho ,é igual.<br />

nutrientes.<br />

Por não conhecerem essa differença, Convém principalmente aos estôma­<br />

applicam-nas sem distineção uma da gos robustos; as espécies de feijão são<br />

outra; e talvez d'isto nasça a impro- muito numerosas.<br />

ficuidade no remédio muitas vezes, Ha 1,016 variedades ; os mais usuaes<br />

attribuindo-se á volúbilidade do me­ no Brasil são feijão branco, fradínho,<br />

dicamento.<br />

mulatinho e preto.<br />

Federal ou Amor dos velhos. Feijão anão.—Phaseolus nanus,<br />

— Silphium anti-dysenterica. — Fam. Linn. das —Fam. Idem. — W nm feijão in­<br />

Compostas. — Herva silvestre conhecida troduzido na Europa desde remota anti­<br />

em Alagoas por este nome.<br />

güidade, como o de que falíamos acima.<br />

E' de 4 a 6 centimetros de altura, Foi levado das índias Orientaes.<br />

com pellos brancos em todas as partes. Este é de pouca altura, e não se es­<br />

Folhas molles, de verde amarellado, tende; é o chamado Feijão mulatinhq.<br />

oppostas e desmaiadas.<br />

Os demais d'esta qualidade, de que<br />

Flòrinhas amarellas, em um feixe de ha de todas as cores, mesmo na Eu­<br />

folhetinhas verdes, com pequenas lâropa, fazem nm grande ramo de comminas<br />

amarellas em redor, e tubosinhos mercio .<br />

no centro.<br />

D'esses feijões do commercio notam-se<br />

Os fruetos, de 4 a 5 linhas, são como os seguintes.


191 FEI FEI<br />

Feijão bacamarte. — V Feijão<br />

Gruguiuba.<br />

Feijão enxofre. — E' como o cas­<br />

tanho na fôrma, mas a côr amarella<br />

bonita.<br />

Feijão de boi de capoeira.— Feijão ligado de gallinha. —<br />

Capparis olindensis. — Fam. das Cappa- Semelhante ao feijão enxofre, mas a cor<br />

ridaceas. — Esta planta, que é agreste, é de um amarello barrento.<br />

engrossa seu tronco até quasi um pal­ Depois de cosinhado fica glutinoso<br />

mo de diâmetro.<br />

Com casca escura, que forma o in-<br />

e escorregadiço.<br />

voltorio de seus ramos, densos, e tre- Feijão lradinlto. — Dolychos mopadores.nackalis,<br />

Brot.— Fam. idem.—Caule her-<br />

Folhas, que são disposta^em palmas baceo semi-rasteiro.<br />

alternadamente.<br />

As folhas ovaes agudas e lisas.<br />

São ellipticas, um pouco carnosas e Flores em pequenos cachos; legume<br />

duras.<br />

meio roliço.<br />

As flores, em cachos, são brancas com Semente branca, côm uma mancha<br />

partes rosadas.<br />

negra no hilo.<br />

Sae do seu centro um feixe de file­ E' natural da Lusitânia.<br />

tes torcidos e longos.<br />

Feijão gitirana.— Zornia crypto-<br />

Tem o fructo como vagem roliça e semina. — Fam. das Leguminosas. —V,'<br />

pendente, demonstrando os lugares das conhecida esta planta por este nome<br />

sementes, envoltas em polpa branca, na província das Alagoas.<br />

sondo estas pardas e reniformes. E' agreste, trepadeira e tem os caules<br />

finos.<br />

Feijão de boi, (outra). —V. Fei­ Suas folhas são bifoliadas.<br />

jão da Praia.<br />

As flores amarellas.<br />

A vagem é deprimida, chata; sendo<br />

Feijão bravo. — V. Matla-paslo.<br />

Feijão Caboclo.—E' como o bran­<br />

notável que nunca se acham as sementes.co,<br />

porém menor e de cor vermelha. Feijão grugutuba.—Fam. idem.<br />

—E' uma espécie de feijão, cujo grão<br />

Feijão carrapato. —Phaseolus é de quasi trez centimetros de com­<br />

lumidus e Sphacricus. — Fam. Idem. primento, — roliço e vermelho, deixando<br />

Planta, rasteira volúvel e glabra. ver-se um marchetado da mesma côr,<br />

Folhas ovaes, acuminadas.<br />

mas escuro, quasi invisível.<br />

Flores brancas, em pequenos cachos. E' bom de comer-se ; porém, dizem<br />

O fructo recto, mucronado, de 9 a que é mais indigesto que as outras es­<br />

12 centimetros, semi-cylindrico. pécies.<br />

Semente espherica ou oval, inchada, Ha outra espécie que tem a côr<br />

e toda alva.<br />

Ignora-se sua pátria.<br />

amarella.<br />

Feijão da índia.—Dolichos si-<br />

Feijão castanho. —E' de côr nensis. —Linn. —Fam. idem. —Caules<br />

cinzenta; na fôrma se parece com o alastrados, herbaceos e lisos.<br />

feijão mulatinho, mas marchetado de Folhas ovaes agudas.<br />

branco, que o torna lindo.<br />

Pedunculo com duas flores pallidas.<br />

Feijão coco. — V. Barú.<br />

O legume roliço pendente.<br />

O grão alvo ou rubro.<br />

Feijão de corda. — V. Macassa. E' natural da índia ou China.<br />

Feijão macassar ou dc corda.


FEI FEL 195<br />

— Cajamis. — Fam. idem. — Este feijão, Feijão mija em pé. — Fam.<br />

que suppomos ser conhecido de todo idem. — E' um feijão semelhante ao<br />

o paiz por um d'estes nomes, é o pro­ precedente; mas sua vagem cresce<br />

dueto de uma planta alastrada. mais, e é mais larga alguma cousa.<br />

Folhas compostas, trifolioladas, meio O grão é também maior e branco,<br />

triangulares.<br />

reniforme, e o hilo preto.<br />

As flores são pouco juntas, e ás vezes E' bom de comer-se.<br />

solitárias, e de côr amarella descorada Ha outra côr de rosa.<br />

e roxa; dá então a vagem estreita e Em Sergype chamam-no Sete se­<br />

rolica, formando ondulações.<br />

Dentro acham-se de 8 a 10 sementes<br />

manas.<br />

brancas, trigueiras, reniformes. Feijão" mulatinho. — O grão é<br />

Este, com quanto usado nas mezas, reniforme, côr de ganga; sendo muito<br />

não goza do apreço dos outros ; mas novo é côr de canna.<br />

comtudo tem os seus affeicoados.<br />

Esta planta possue virtudes enérgi­ Feijão da praia ou de boi.<br />

cas, como antiscorbutica. Ella é mui — Sophora littoralis. — Fam. idem. Esta<br />

produetiva, e prematura na frutificação. planta conhecida em Pernambuco por<br />

esses nomes, é agreste, e vegeta pelas<br />

Feijão manteiga. — Cajanus. — praias.<br />

Fam. idem.—Herva cultivada ; de caules E' um arbustinho de 1 metro.<br />

em touceira, sem alastrar.<br />

Seus caules esverdinhados quasi sem­<br />

Folhas em palmas trifolioladas. pre em touceira.<br />

Flores um tanto grandes e arroxeadas; As folhas de um verde azulado, em<br />

a vagem se confunde com a do Feijão palmas symetricas.<br />

macassar ; mas é mais roliça e pequena, As flores, em espigas, são amarellas,<br />

o feijão é roxo amarellado, com ponto não offerecendo nada de notável.<br />

branco, um tanto mais redondo que o A vagem é parda, articulada, isto<br />

macassar.<br />

é, moniliforme (a semelhança de rosá­<br />

Este feijão é mui saboroso ; dá de rio) ; os grãos de côr de castanha,<br />

dois mezes, e sempre tem matéria para<br />

colheita.<br />

ovoides, e duros.<br />

Feijão preto. —Phaseolus Derasus.<br />

Feijão do matto. — Cássia hep- Schran. — Fam. idem. — Os grãos tem<br />

fandra. —Fam. idem. —Nas Alagoas a forma dos do precedente, mas são de<br />

dão o nome de Feijão do matto a este côr preta, com o hilo branco.<br />

arbustinho, de pequeno porte, esga­ Dizem ser o menos flatulento, e por<br />

lhado, com folhas dispostas em palmas isso procurado para alimento dos con-<br />

de sete.<br />

valescentes.<br />

As flores amarellas,em grandes cachos,<br />

dispostas á maneira de rosa singella, Feijão vermelho.— V. Macassar»<br />

sem cheiro e com os filetes no centro.<br />

O fructo é uma vagem longa de 24 Fel da terra. — Lophophytum mi-<br />

á 48 centimetros, e roliça; mas a surabile, Mart. — Esta parasita singular<br />

perfície sulcada, de 3 centímetros de poderia considerar-se como a primo­<br />

largura, e meio chata, verde, pendengênita de um vegetal fungoso e phate,<br />

contendo no seu interior muitas neroganico.<br />

sementes pardas claras; donde exsuda A tubera contem substancias seme­<br />

um sueco leitoso, que applicam contra lhantes ao cogumelo.<br />

empigens, com proveito.<br />

A planta, em vez de folhas, está<br />

As folhas são empregadas pelas la- revestida de escamas, e offerece vervadeiras.dadeiros<br />

estames e pistillos.


190 FIA FIG<br />

As tuberas em geral são pequenas, Figo.— Ficus carica, Linn. —Fam.<br />

porém podem chegar ás vezes a um das Urticaceas. — Sendo a figueira in­<br />

tamanho gigantesco ; crescem de pretroduzida no Brasil desde epocha iinferencia<br />

sobre as raize3 das Legumimemorial, apenas contamos quatro<br />

nosas, principalmente sobre as da ar­ ou seis espécies, ao passo que na Euvore<br />

lngá miúdo: mimosa semialata. ropa existem muitas.<br />

A figueira é originaria do Oriente<br />

Feto grande. — Pteris caudatum, e da África.<br />

Will. — Fam. dos Fetos.—Cryptogamia, Cultivam-na nos paizes da Europa<br />

Linn. — E' uma planta da ordem dos em profusão, pois que ella faz um ramo<br />

vegetaes imperfeitos.<br />

de commercio.<br />

E' de um arbusto leitoso, de caule<br />

Feto macho do Brasil. —Sa-<br />

acinzentado, apresentando nós ou artimambaya.<br />

Polypodium incomem?—Fam.<br />

culações.<br />

idem. — Planta do Brasil.<br />

Folhas palmatinerviadas com cinco<br />

Tem as folhas pennadas, de lacineas<br />

lobos; são ásperas e sem brilho.<br />

oppostas, lineares, e obtusas, convexas<br />

As flores são dentro de uma espécie<br />

na face inferior.<br />

de casulo pyriforme, tendo na parte<br />

Caule e face inferior das folhas co­<br />

superior uma pequena abertura, cercada<br />

bertas de uma camada de pequenas<br />

de escaminhas rubras.<br />

escamas.<br />

Dentro estão as paredes d'este órgão,<br />

Ha outras espécies, segundo Martius.<br />

ornadas de flòrinhas, que são como<br />

Polypodium percussum (Cavanilles), Poly­<br />

que um aggregado de pevides, horipodium<br />

sepultum, Eoulf; todas estas essontalmente<br />

situadas.<br />

pécies contém um óleo acre, e gosam<br />

Vingando, esse casulo verde toma a<br />

de propriedades vermifugas.<br />

côr de sua espécie, fica molle, doce,<br />

Fiandeiro.—StalagmUes officinale. saboroso.<br />

—Fam. das Guttiferas. —Nas Alagoas Come-se é então todo este órgão, que<br />

esta arvore assim conhecida.<br />

constitue o que chamam fructo da Fi­<br />

Tem a casca côr de castanha. gueira ou figo.<br />

Folhas dispostas em pares exsudam As espécies que temos visto no paiz<br />

um sueco leitoso.<br />

são :<br />

Suas flores são brancas, constituídas<br />

O Figo roxo.— Uma espécie cuja<br />

por quatro palhetas obovaes, dispostas<br />

frueta cresce pouco.<br />

em cruz, tendo grande numero de fi­<br />

E' de um roxo escuro, muito doce,<br />

lamentos no centro<br />

e dentro vermelho.<br />

O fructo é carnoso, redondo, com<br />

quatro ou trez grãos dentro.<br />

O Figo branco.—Cresce bastante<br />

Não se come.<br />

e engrossa; sua côr é verde amarel-<br />

Esta arvore dá traves para construclada<br />

por fora e dentro branco.<br />

ção urbana, e bons esteios.<br />

Fiandeiro falso.—Mappa semina- O Figo rajado. —Na sua forma<br />

rosa.—Fam. das Euphorbiaceas. — Esta e volume é semelhante ao branco.<br />

arvore conhecida em AJagôas por tal<br />

nome, é de porte elegante, e copada. O Figo roxo grande. — Que é<br />

Suas foUias dispostas alternadamente como o primeiro, porém maior.<br />

são ellipticas.<br />

Não é só estimado como excellente<br />

Dá um fructo semelhante ao car- frucUa, também possue qualidades mérapato,<br />

(ricino).<br />

dicas.<br />

Cápsula com trez gomos, e trez se­ Os grelos da figueira pisadoã serve m<br />

mentes dentro.<br />

de remédio contra bronchites, em xa-


FLO FLO 197<br />

rope, e para curar feridas; não falhando<br />

de outras propriedades da planta<br />

porque com o figo secco, por exemplo,<br />

preparam nas pharmacias tisanas, muito<br />

usadas como emollientes e peitoraes.<br />

Figueira branca. — V Gamelleira<br />

de purga. — Dá no norte de Minas<br />

Geraes. Bahia e Sergipe.<br />

Figueira da índia.—V. Jamacarâ.<br />

Figueira do inferno V- Estramonio.<br />

As flores em um estojo, como cortina,<br />

encerram uns grãosinhos<br />

Ella fluetua nas águas de todo o<br />

paiz.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Contusa, é<br />

Figo de Gamelleira. —V Ga­ mucilaginosa e acre; serve por isso<br />

me tleir a.<br />

para curar postemas, ou abeessos ; e<br />

antigamente era usada internamente<br />

Figo do matto. —V- Gamelleira. de infusão contra as urinas sangüíneas,<br />

diabetis insipida, tumores dos<br />

Figueira da Barbaria. — Cactus membros, erysipelas, moléstias herpe-<br />

opuntia, Enighi. — Fam. das Cactaceas. ticas e hemoptysis.<br />

— E' um arbusto do paiz.<br />

Contam os pretos que as fontes que<br />

Seu caule é ramificado, moniliforme, as tem ficam empregnadas de matérias<br />

i.é, offerecendo constricções de distancia acres, o que produz como uma espé­<br />

em distancia.<br />

cie de envenenamento eólicas e dysen-<br />

Suas flores são roseas, inseridas no terias. Isso não está averiguado.<br />

caule, que é cheio de espinhos longos<br />

em feixes.<br />

Flor de babado ou de Ba-<br />

O fructo é uma baga rubra, cheia beiro. —Echites longiflora, Déf.—Fám.<br />

de muitos grãosinhos pretos, mergu­ das Apocynaceas. — Este arbusto é colhados<br />

em uma polpa.<br />

nhecido por este nome. em S. Paulo,<br />

Rio de Janeiro e Minas Geraes.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— O fructo é<br />

E' um arbusto cujas raizes são na-<br />

antiscorcutico, e tinge de vermelho as piformes; colhidas de fresco contem<br />

ourinas; emprega-se como refrigerante um sueco lácteo, e quando sêcCas dão<br />

nas febres gástricas, biliosas. Verde e muitas rezinas, cuja acção é drástica.<br />

pisada é útil nas ulceras sórdidas. Os tropeiros (1) a empregam, em infusão<br />

ou em cosimento, contra as febres<br />

pútridas dos cavallos e mullas, como<br />

remédio de summa efficacia.<br />

Flor de casamento. — Echites.<br />

— Fam. idem. — Esta planta é congênere<br />

da precedente, seu sueco lácteo<br />

é rèsolutivo.<br />

Com esta flor os indígenas do norte<br />

se adornam.<br />

Flor dágua ou Lentilha de Flor de janeiro. — V. Cebola<br />

água.—Pistia occidentalis, P. S. sesem. —<br />

Tratiotes, Linn. —Fam. das Araceas. — Flor de macaco. — V. Corona-<br />

Planta que vegeta no Brasil, nas An­ Chris.<br />

tilhas, e índias Òrientaes.<br />

E' aquática; é uma pequena herva Flor do paraiso. — F, Flor de<br />

fmetuante sobre as águas, formando um Pavão.<br />

feixe de folhas ovaes, em cujas bases<br />

ha um feixe de raigotas, que inseridas<br />

Flor de pavão. — V. Brio de<br />

á um caulesinho deitado, de distan­<br />

estudante.<br />

cia em distancia brota novas folhas e (1) Conductores da tropas ou caravanas,<br />

raizes.<br />

cavallos, etc.


198 FOL FOI.<br />

Flor de Quaresma. — V Maperfiomm.—Fam. das Acanthaceas.—<br />

nacan, ou Santa Maria de Pernambuco. Herva natural do paiz, que recebe este<br />

nome em Alagoas.<br />

Flor de Quaresma, (do Sul) — E' uma plantasinha do quatro deci­<br />

Lasiandra maaimiliana, D. C — Fam. metros de altura, de caule quadran­<br />

das Melaslomaceas. — Arbusto das progular inferiormente lanceolado<br />

víncias do Sul, conhecido por tal nome. zo.<br />

e li-<br />

É esgalhado.<br />

As folhas são sempre poucas.<br />

Suas folhas são ovaes, com pellos As flores, de 1 a 3, afuniladas e de<br />

ásperos em uma parte de seus ór­ um roxo azulado, grandes em proporgãos.ção<br />

da planta, e quasi sem cheiro.<br />

As flores roxas.<br />

Corolla recortada em cinco dentes.<br />

A frueta é uma cápsula secca. O fructo é uma capsulasinha em fôrma<br />

A casca d'esta planta serve para de pião, allongada, de meia pollegada<br />

tingir de negro.<br />

de comprimento ; abre por si e lança<br />

Ha mais outras congêneres, que tèm quatro sementes, onde existem umas<br />

os mesmos usos.<br />

espécies de dentes.<br />

Esta herva applica-se nas affecções<br />

Flor de 8. Miguel. — Pétrea. de fígado.<br />

Fam. das Verbenaceas. — Planta do Rio Ella sempre está florida, tanto pelo<br />

de Janeiro e de Minas.<br />

verão como pelo inverno ; vegeta em<br />

Esta planta tem o uso geral das Pernambuco.<br />

Verbenaceas.<br />

Folha de fonte ou Fonte. —<br />

Flor de veado. — Cryptolepis e- Arum. — Fam. das Araceas. —Por este<br />

duliflora. — Fam. das Apocynaceas. nome — é conhecida em Pernambuco uma<br />

Planta conhecida em Alagoas por este trepadeira, ou para melhor dizer,,um.<br />

nome, e em Pernambuco por Cipó cipó parasita.<br />

correia.<br />

Seu caule, como cipó, entrança-se<br />

E* um arbustinho trepador, nas arvores das mattas e capoeiras,<br />

E' arroxeado; deita um sueco leitoso ainda junto ás cidades, e muito gosta<br />

de todas as suas partes.<br />

das palmeiras; emitte prolongamentos,<br />

Suas folhas, inseridas por pares, pelos quaes se agarra.<br />

são ovaes, com veios roxos.<br />

As folhas são lisas e lustrosas, de<br />

As flores são em cachos, amarellas, 3 a 4 decimetros de comprimento, e<br />

afuniladas, com manchas roseas no em fôrma de coração alongado.<br />

centro, divididas em cinco lâminas As flores são em espiga, de 1 a 2<br />

oblíquas, e com o tubo vermelho. decimetros, aonde estão inseridos os<br />

As fruetas são duas cápsulas gemi- órgãos floraes dos dois sexos, separanadas;<br />

porque cada flor produz um dos em um estojo membranoso e ven-<br />

fructo gêmeo, que é pardo, de 2 % detricoso, que os guarnece na base.<br />

cimetros de comprimento, e muito es­ Os fruetos desenvolvem-se n'esta estreito<br />

; a semente é coroada por um piga; são bagas, que não se come.<br />

feixe de pellos louros, que parecem Esta planta applicam os alveitares<br />

seda.<br />

do interior na cura de moléstias cu­<br />

O decocto d'esta planta applica-se tâneas dos cavallos; ella é um pode­<br />

contra as dores de dentes; e as flores roso abstergente.<br />

servem de alimento para os veados. As pretas vendedeiras de mangabaa<br />

Cipó correlhas é outro nome vulgar forram os taboleiros com as folhas d'esta<br />

pelo qual se conhece esta planta. planta.<br />

Folha de fígado.—Blechum sem-<br />

Folha da fortuna. — Verea in-


FOL FOL 199<br />

volucrata. —Fam. das Crassulaceas. nada — nas Alagoas e também em Per­<br />

Em Pernambuco chamam assim a uma nambuco.<br />

herva de caule ascendente, e mancha­ Seu tronco é alourado.<br />

da de roixo, esgalhada ; formando for- As folhas de verde amarellado^, ásquilhas,<br />

com os ramos oppostos. peras, de pellos louros, da grandeza<br />

As folhas ovaes, grossas, carnosas, de 3 a 5 decimetros, em<br />

denticuladas, com as bordas roxeadas. coração ablongado.<br />

fôrma de<br />

Sua floração em cachos oppostos, As flores, em cachos, são brancas,<br />

ternados.<br />

mui cheias de filetes.<br />

As flores são tubulozas, divididas O fructo é uma baga redonda roxa<br />

inferiormente em quatro lobos; são de escura; seu tegumento externo é mem-<br />

côr verde.<br />

branoso.<br />

Seu tegumento com quatro carpellas Ha internamente uma massa ama-<br />

trigonas no centro.<br />

rellada, aquosa, envolvendo um caroço.<br />

Estas folhas brotam nas extremidades O lenho d'esta arvore é usado na<br />

rebentos, que são novos vegetaes, logo carpintaria, é duradouro; se bem que<br />

que são tiradas e postas em casa, esbranquiçado resiste á acção dos in-<br />

penduradas na parede.<br />

sectos destruidores.<br />

Empregam-o em construcção de ca­<br />

Folha grossa. — V. Sayão.<br />

sas.<br />

Folha de lança. — Eelíconia lan- Folha santa, de Pernambuceolatifolia<br />

— Fam. das Musaceas. co. — É — Arum maculatum — Fam. das Ara-<br />

uma planta selvática, assim chamada ceas. — E' natural do paiz conhecida<br />

em Pernambuco; também recebe o em Pernambuco por este nome, e se­<br />

nome de Pacavira<br />

melhante âo Tinhorao, bem conhecido.<br />

E' herbacea, do aspecto de uma ba- Suas raizes são bulbosas.<br />

naneirinha, e cujas folhas têm peciolos Suas folhas, nascidas do alto da raiz<br />

compridos e roliços.<br />

na superfície da terra, tem peciolos lon­<br />

As folhas tem cerca de 4 1/2 decigos, e são compridas, em forma de corametros<br />

a mais; são lanceoladas e lisas, ção ; tem uma mancha rubra no cen­<br />

As flores nascem de um caule,,que tro.<br />

se prolonga do centro ; são formadas As flores são como um estojo, em<br />

por um involtorio commum, vermelho, cujo meio existe uma espiga engas­<br />

em cujo centro se acha um cacho de tada de flores, que parecem pequenas<br />

flores, dividido em grupos alternados, granulaçoes esbranquiçadas<br />

os quaes envolvem outras interna­ Empregam as flores contra feridas.<br />

mente, tudo • com involtorios parciaes<br />

e vermelhos, com as^ extremidades su­ Folha de urubu.—Pothos quaperiores<br />

verdes.<br />

drangularis — Fam. das Araceas. —Cha­<br />

Cada flor tem seu tegumento diaphamam em Pernambuco a esta folha ou<br />

no, vermelho.<br />

planta — Folha de urubu. —<br />

Tem os filetes á maneira de peque­ E' rasteira.<br />

nas fitas, e um fructo triangular com Suas folhas são reunidas em feixes<br />

três sementes, cada uma em seu com- ao rez do chão, de 1 metro entre a<br />

partimento.<br />

limbo da folha e seu peciolo ; tem os<br />

O fructo é á semelhança da banana pés quasi que angulosos, roliços e verdes.<br />

pequena, com um umbigo verde. As folhas oblongas; lisas e lanceoladas.<br />

Folha larga. — Elaeococea macro- As flores são como as da — Folha<br />

phylla.—Fam. das Euphorbiaceas.—É santa, — pouco mais ou menos com<br />

uma arvore silvestre, assim denomi­ um fructo igual.


SOO FRU FRU<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—Esta herva<br />

é empregada pelo povo em cosimento,<br />

como excellente remédio contra<br />

os rheumatismos em banhos ; passa por<br />

efflcaz.<br />

r Folha de cravo do matto. —<br />

fora pintada dc pontos vermelhos 4<br />

semelhança de uma pequena mangaba.<br />

Frueta tle macaco. — V. Murta<br />

Frueta tle macaco. —V. Murta<br />

Pseudo-caryophillus. — Arvore impor­ maior.<br />

tante da serra dos Órgãos.<br />

A cultura d'esta arvore seria de mui­ Frueta pão de caroço. — Arta<br />

importância para o paiz.<br />

tocarpus, Linn.—Fam. das Urlicaceas.—<br />

E' de um aroma muito agradável, Bella e elegante arvore da índia o do<br />

igual ao do Cravo da índia.<br />

Costa de Malabar.<br />

E' ^empregada como condimento, e é E' alta, de 10 metros, e de casca cin­<br />

carminativa: as folhas são aromatica s. zenta.<br />

Deita sueco rezinoso de todas as suas<br />

Frei Jorge. — V. Quiri.<br />

partes, e é revestida de bonitas folhas<br />

de dois palmos pouco mais ou menos,<br />

Frueta d* Arar a. — V. Andáaçú. como palmas e lustrosas.<br />

(Minas ).<br />

Nas flores estão os sexos distinetos;<br />

uma espiga semelhante á do milho,<br />

Frueta tle cachorro.—V Mamma menor e mais fina, compõe-se das flores<br />

de cachorro, de S. Paulo e Minas. masculinas, e uma, globulosa, compõese<br />

das femininas.<br />

Frueta do Conde.— V. Condessa. Estas, ganhando desenvolvimento, tornam-se<br />

do tamanho da cabeça de um<br />

Frueta de gentio. — E' agreste menino; sua superfície verde, amarella,<br />

esta planta de S. Paulo e Minas, ond e áspera, sem lustro, formando figuras<br />

por este nome é conhecida.<br />

pentágonas ou hexágonas.<br />

E' arbusto trepador, de folhas re­ Sua casca é fina, e tem um pequeno<br />

gulares e despontadas.<br />

ponto proeminente; encontra-se dentro<br />

Flores como as das Cucurbitaceas. uma massa branca amarellada, e um<br />

Fruetos em cachos encarnados na tanto viscosa, dividida em<br />

maturidade ; são redondos, de, 3 centimetros<br />

de diâmetro, com casca fina, e<br />

o interior esbranquiçado; a semente é redonda<br />

e chata.<br />

E' um drástico, que se emprega em<br />

gente e nos animaes.<br />

E' pouco commum.<br />

Frueta de Jaeú. — Spinacia Jacumina.<br />

— Fam. das Chenopodiaceas. —<br />

Este arbusto, que tem este nome nas<br />

Alagoas, é agreste, de porte médio,<br />

foUias grandes, isto é, maiores que de<br />

ordinário, tendo quasi 2% decimetros<br />

de comprimento, e lustrosas.<br />

Flores em cachos, com os sexos separados;<br />

são esbranquiçadas.<br />

Dá uma fruetinha de menos de 3<br />

centimetros, meio ovoide, amarella, por<br />

T alojamcntos,<br />

que oecupam o interior da frueta.<br />

Cada um d'esses alojamentos tem um<br />

caroço ovoide, esbranquiçado, de 3 centimetros.<br />

Um caule penetra em seguimento ao<br />

pedunculo até o interior da frueta.<br />

Este caroço come-se, e serve de sustento<br />

ao povo entre nós; assa-se, cozinha-se,<br />

piza-se e faz-se uma espécie<br />

de feijão; mas não é tão apreciável<br />

esta frueta, como a de massa.<br />

Frueta pão.—O fructo encerra<br />

uma grande quantidad e de amido.<br />

As sementes também se comem assadas<br />

ou cozidas.<br />

A casca da arvore batida, e; preparada,<br />

serve para fazer tecidos.<br />

Faz-se das amêndoas uma emulsão,


FRU FRU SOI<br />

que se adoça, e é empregada nas gonorrhéas-<br />

code á procura d'esta frueta no tempo<br />

de sua colheita.<br />

Frueta pão de massa. — Ar- Frueta dc pomba (de Minas).<br />

tocarpus incisa, Linn. — Fam. idem. — Erythroxylum —<br />

Pelleterianum, St. EU.<br />

Esta outra é em tudo semelhante á — Fam. das Erythroxylaceas.—Esta<br />

precedente, differindo em que o fructo planta vegeta em Minas Geraes.<br />

cresce quasi sempre mais alguma cousa, E* um arbusto de folhas oblongas,<br />

e chega ás vezes a 2 % decimetros de que parecem enferrujadas, isto é, alou-<br />

diâmetro; mas a principal differença radas.<br />

está em não ter esses caroços dentro. Floresce pelo caule e ramos.<br />

compõe-se de massa espessa, tenaz, O fructo pequeno, um pouco longo,<br />

um tanto secca, doce e mui agradá­ trigono, sulcado, e crustáceo; é um<br />

vel.<br />

tanto vermelho.<br />

Entre ella alojam-se umas sementi­ Pelo sen nome dá logo a entender<br />

nhas pardas, como umas pevides, de que serve de alimento ás pombas.<br />

duas a três linhas de comprido ; essas<br />

fruetas assam-se, cozinham-se, e fazem Frueta de pomba(de Cuyabá).<br />

as vezes do pão; tem muito bom sabor, — Erythroxytnm Unguifugum.— Fam. das<br />

melhormente assada e comida com Erythroxylaceas. — E' um arbusto, que<br />

manteiga.<br />

em Cuyabá vegeta e recebe este nome.<br />

E' mui substancial, e na arte culinária<br />

é muito estimada; d'ella se PROPRIEDADES MÉDICAS. — A casca da<br />

fazem excellentes podins, etc. raiz d'este arbusto é preconisadacomo<br />

Tem virtudes medicinaes; goza de efficaz remédio para as mordeduras de<br />

propriedades laxantes, e suas folhas cobras.<br />

são empregadas como remédio contra Frueta de pomba (do Rio de<br />

rheumatismo.<br />

Janeiro).—Erythroxylum subrotundum,<br />

Esta só se planta de estaca. St. EU.—Fam. idem.—E' um arbusto<br />

Foi no extineto Jardim Botânico de que vegeta do Rio de Janeiro para o<br />

Olinda que se plantaram viveiros d'esta Cabo-Frio.<br />

arvore, e d'ali se espalhou por todas Suas folhas são quasi redondas.<br />

as províncias do Império, principal­ As flores solitárias e poucas.<br />

mente dé Pernambuco para o sul. O fructo é ovoide, pequeno e molle,<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—A decocção que depois se torna coriaceo.<br />

das folhas é usuda em banhos nas dores Floresce esta planta em Setembro, e<br />

rheumaticas.<br />

cremos ser pasto das pombas.<br />

Frueta de seringa. — V. Quiabo<br />

Frueta de pavão. — Schmidelio de Cayenna.<br />

edulis, St. EU.— Fam. das Sapindaceas.<br />

— Esta frueta de S. Paulo e Minas Ge­ Frueta de tucano do campo.<br />

raes passa por muito boa.<br />

— Erythroxylum cotinifolium, St. EU.—<br />

E' de uma arvore do paiz, cujas Fam. idem.—E' um arbustinho que<br />

folhas são compostas, trifolioladas, cresce em S. Paulo e Minas Geraes, e<br />

oblongas e lanceoladas.<br />

que tem os caracteristicos seguintes :<br />

As flores são brancas, e de sexos se­ Folhas obovaes.<br />

parados.<br />

Flores algum tanto reunidas, com<br />

O fructo é uma drupa de três gomos, escamas nos ramos, e caule ramoso.<br />

com três sementes, cobertas de subs­ Deita uma frutinha insignificante,<br />

tancia doce.<br />

que pelo nome indica o prestimo que<br />

Floresce em Outubro, e o povo ac- tem.<br />

28


SOS FUM<br />

Floresce em Abril na província do Ordinariamente nas espécies brasi­<br />

S. Paulo.<br />

leiras adquire menos<br />

nas outras.<br />

altura do que<br />

Fructeira de arara. —V. Anda- Os primeiros que conheceram o Tabaaçu.co<br />

foram os Hespanhóes da Ilha do Tabago,<br />

que por este nome o designaram.<br />

Fructeira de burro.—Uvaria fe­ Esta planta, já propalada em Portubrifuga.<br />

— Fam. das Anonaceas. E' uma gal, dizem que então foi trazida pelo<br />

planta anti-febril.<br />

embaixador Nicot, o qual em sua volta<br />

á França o offereceu á Catharina<br />

Fructeira do conde. — V. Con- de Medicis.<br />

dessa. — Foi importada na Bahia pelo D'ahi vêm os nomes de Nicotiana ou<br />

Conde Diogo Luiz de Oliveira em 1626. — Eerva da Rainha, — que se deu a<br />

E' frueta doce, mucilaginosa e própria esta Solanacea; mas só no reinado de<br />

para os eonvalescentes.<br />

Luiz XIII, durante o*ministério do Duque<br />

de Richelieu, foi que o Tabaco se<br />

Fructeira de lobo. — Solanum<br />

espalhou geralmente, e o seu uso se<br />

Lycocarpum, ou Solanum auriculalum,<br />

desenvolveu.<br />

Fam. — das Solanaceas. — Planta do<br />

Esta planta estava destinada aexperi-<br />

Ouro Preto e do Rio de Janeiro.<br />

mentar toda espécie de vicissitudes.<br />

Fructeira do pavão. — V. Fruta Ora eram suas qualidades altamente<br />

do Pavão.<br />

gabadas, e não duvidaram chamal-a —<br />

Eerva Santa, — Eerva Sagrada — Pa-<br />

Fructeira de perdiz. — V Murici.nacèa<br />

aromatica, prestando já as milagrosas<br />

propriedades que lhe attribuiam<br />

Fructeira de pomba.—V. Frueta<br />

de pomba.<br />

os habitantes da Florida e os braziluiros.<br />

Um jesuita chegou a escrever um<br />

poema elogiando o Tabaco.<br />

Fumo. — Tabaco.— Nicotiana taba- Outras vezes o ridículo c as persecum,<br />

Linn. e Will, — Fam. das Solanaguições<br />

procuraram restringir ou aboceas.<br />

— Planta herbacea ou sub arbuslir seu uzo, e os Reis pareceram ligar-se<br />

tiva, de caule recto e cylindrico. para aniquila-la inteiramente.<br />

Folhas muito amplas, molles, de Jacques I declarou á Inglaterra que<br />

um verde escuro.<br />

o Tabaco devia ser abolido como herva<br />

Flores roseas, ou purpurinas, de uma suspeita, escrevendo esse mesmo Rei<br />

só peça, em forma de funil, de cinco lo­ uma satyra contra os fumantes.<br />

bos e cinco rugas.<br />

Os Papas Urbano VIII e Clemente XI<br />

Sementes muito pequenas e nume­ não trepidaram em lançar bullas, e fulrosas.minar<br />

com a excommunhão aquelles<br />

Conta-se cerca de 24 espécies de que tomassem Tabaco nas Igrejas.<br />

Nicolianas; o maior numero d'estas existe Izabel de Inglaterra mandou alem<br />

n'America Meridional.<br />

disto que as authoridades confiscassem<br />

Na Nova Hollanda ha somente uma as caixas de tabaco.<br />

espécie.<br />

Uma ordenação de Transylvania ame­<br />

As flores d'estas são quasi sempre açou com a perda de bens os que cul­<br />

esverdinhadas, com tudo apparecem tivassem esta planta.<br />

algumas brancas ou de uma bella côr A crueldade foi ainda mais longe<br />

de rosa.<br />

na Pérsia, na Turquia e na Rússia,<br />

Seus estames apresentam muitas onde Amaret IV e o grão Duque de<br />

variedades.<br />

Moscovia prohibiram o uso do Tabaco<br />

Um de seus filetes offerece sempre sob pena da perda do nariz; e na re­<br />

algumas anomalias.<br />

incidência da perda da vida; entretan-<br />

FIM


FUM FUM S03<br />

to nem o ridículo nem os decretos dos As sementes são oblongas.<br />

Reis rigorosos poderam oppôr óbices a Este é o Fumo do matto das Alagoas.<br />

sua propagação.<br />

O de Pernambuco é o seguinte:<br />

O Fumo é um veneno narcótico, acre ;<br />

produz vertigens e tremores continua­ Fumo bravo.— Achyranthes corymdos,<br />

acompanhados de dejecções excesbosa, Wild.—Fam, das Amaranthaceas.—<br />

sivas, e contracção da pupilla. Planta herbacea, natural da índia.<br />

O Fumo é cultivado em todas as pro­ O cosimento da planta, temperado com<br />

víncias do Norte e Sul do Império do sal, é empregado internamente, ou em<br />

Brasil, e promette tornar-se este gê­ clysteres, contra sezões.<br />

nero um dos mais valiosos productos<br />

de exportação nacional.<br />

Fumo bravo.— Solanum tabacifor-<br />

E' offerecido ao mercado debaixo de me, Vell.— Fam das Solanaceas. E' uma<br />

diversas formas, como em folhas, pasta, espécie assim baptisada. (Velloso)<br />

rolo, picado e preparado em charutos e<br />

cigarros.<br />

Fumo bravo de Minas. — E' a<br />

Eerva collegio, no Rio de Janeiro.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—E' um narcótico<br />

acre, é empregado nas ne-<br />

Fumo do matto, de Pernamvralgias,<br />

epilepsia, coqueluche, tétano, buco.—<br />

asthma, e também na hydropisia nos<br />

catarrhos chronicos, paralysia da bexiga,<br />

etc.<br />

O pó do Fumo aspirado pelo nariz,<br />

produz um agradável prurido; o uso<br />

moderado de rape é útil ás pessoas<br />

estudiosas.<br />

Internamente 2 grammas de folhas<br />

para infusão em 250 grammas d'agua<br />

fervendo.<br />

Externamente 60 grammas de folhas<br />

para ,750 grammas d'agua fervendo.<br />

Fumo bravo ou do matto<br />

(das A lagoas) — Coronilla stipuladissima.—<br />

Fam. das Leguminosas.—E' um<br />

arbustinho mui elegante na epocha da<br />

floração, natural de Alagoas.<br />

E' esguio, de 1 a 1 1/2 metro de ai-'<br />

tura; quasi não esgalha.<br />

O caule avermelhado, e coberto de<br />

prolongamentos foliaceos, transversalmente<br />

situados.<br />

No ápice é que tem as folhas compostas<br />

trifolioladas ; os foliolos obtusangulos.<br />

As flores são em cachos, de uma cor<br />

de rosa bonita e viva; o que lhe dá<br />

muita graça.<br />

Os fruetos são vagens em fôrma de<br />

contas de rezar, divididas por articulações<br />

; são de côr de castanha.<br />

s Elephantopus, Mart. — E. scaber,<br />

Linn.— Fam. das Compostas.—Esta<br />

planta indígena do Brasil tem recebido<br />

diversos nomes nas differentes províncias,<br />

como mostraremos.<br />

E' um subarbustinho que cresce em<br />

nossos campos, e quasi nunca dá nas<br />

cidades, a não ser cultivado.<br />

Cresce seu caule até 1 metro e 2 centimetros<br />

pouco mais.<br />

São obovaes e agudas as suas folhas,<br />

cuja côr é acinzentada ; ellas são<br />

ásperas, por causa dos pellos curtos<br />

que tem e abraçam o caule.<br />

As flores, no ápice dos ramos, em<br />

cachos, compõem-se de um invólucro<br />

foliaceo, no qual apresentam-se poucas<br />

flòrinhas, como jasminsinhos.<br />

O fructo é como que uma pevide que<br />

nunca attrahe a curiosidade do observador<br />

pela sua insignifleancia.<br />

Chamam-na também Lingua de vacca,<br />

apezar de ser & Lingua de vacca outra<br />

espécie do gênero.<br />

Dá-se • em cosimento nas febres asthenicas,<br />

quando vem com grande abatimento.<br />

A raiz abunda em extracto amargo<br />

e princípios adstringentes; precipita<br />

o ferro em verde, contém uma rezina<br />

balsamica, e alcalina.<br />

Fumo do matto em lingua tupinica é<br />

Sucuaya.


SO-1 GAL GAM<br />

Gr.<br />

Gafanhoto. — E* a Raiz de cobra,<br />

chamada assim no Maranhão e no Pará.<br />

Gajerii ou Guajerú. — Multi-<br />

caulis icaco, Linn. — Fam. das Rosaceas.<br />

Elle floresce em Maio e Setembro.<br />

E' adstringente e corroborante.<br />

— E' um arbusto que cresce espon­ Gamelleira brava.—Ficus gla»<br />

taneamente no littoral do Brasil; elle bra.—Fam. das Urticaceas. — E' também<br />

fôrma moita, chegando seus caules até chamada Figo do matto.<br />

de 1 a 2 metros de altura.<br />

Esta arvore é do paiz, e • recebe este<br />

As folhas são quasi redondas, de côr nome por todo lugar.<br />

verde, lustrosas, grossas e estaladiças. Afasta-se pouco do aspecto da outra<br />

As flores em cachos são brancas e Gamelleira.<br />

com cheiro suave.<br />

E' uma arvore lactifera, collossal,<br />

O fructo é uma espécie de perasi- freqüente no littoral, copada e de folhanha<br />

espherica, de 3 centimetros pouco gem densa.<br />

mais ou menos de diâmetro, com umas O tronco algumas vezes forma grandes<br />

saliências na superfície.<br />

cavidades angulosas de alto a baixo,<br />

Quando maduro é liso, de pello fino, com capacidade sufficiente muitas vezes<br />

e côr escura-viva.<br />

para oceultar um homem.<br />

No seu interior encontra-se uma Seus caules e ramos finos tem umas<br />

massa branca, de duas a três linhas excrescencias foliaceas ; as folhas são<br />

de espessura, elástica e doce, com um obovaes, quasi redondas,lustrosas, gros­<br />

resaibo adstringente, a qual envolve sas e grandes.<br />

um caroço que occupa o centro; ella As flores e fruetos, como os da fi­<br />

agarra nos dentes, quando se come ; gueira mansa ou cultivada, porém com<br />

não é má, mas não é frueta de estima. a differença que são menores, e ama-<br />

Dá no verão.<br />

rellados, mesmo quando verdes ; são<br />

Nas Alagoas chamam-na Guagirú, no brancos por dentro, e pouco rosados.<br />

Maranhão e no Pará Guajuri.<br />

Os pássaros os comem.<br />

O leite que escorre das incisões, que<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—A raiz, a se fazem no seu tronco, é em maior<br />

casca e as folhas são applicadas nas abundância que o leite da Figueira<br />

diarrhéas chronicas, fluxo da urethra, branca, mas o d'aquella conserva-ae<br />

leucorrhéa e nas caimbras de sangue. liquido e muito viscoso, e serve para<br />

apanhar pássaros ; este coagula-se de<br />

Gallinha choca, ou Mercúrio maneira que não se presta bem para<br />

do.campo.—Erythroxylum suberosum, esse fim.<br />

St. EU.—Fam. das Erythroxyleas.— Este A arvore dá boa sombra.<br />

arbustinho, que cresce no solo de Minas No Rio de Janeiro chamam a frueta<br />

Geraes, tem as folhas ellipticas, co­ Figo do matto.<br />

riaceas.<br />

Ha outra espécie, cujas folhas são<br />

As flores em feixes.<br />

menores.<br />

O fructo redondo e pouco observado. O fructo da Gamelle ra é semelhante<br />

A casca fornece uma tinta côr de ao figo, porém mais redondo na base,<br />

rosa empregada na tinturaria. e não é tão perfeitamente piriforme.


GAM GAR SOS<br />

Tem dua3 escamas grandes e duas<br />

pequenas na base.<br />

No ápice tem duas aspas levantadas.<br />

A côr da frueta é parda clara; mas<br />

no interior é como no figo.<br />

Tem um cheiro semelhante ao dos<br />

morcegos.<br />

Não se come, e só estes animaes lhe<br />

fazem festa.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — O sueco é<br />

acre e tido por anthelmintico, usado<br />

contra as hydrapisias.<br />

O Dr. Lino Coutinho professor da<br />

faculdade de medicina da Bahia, o empregava<br />

nas opilações.<br />

E- um bom remédio para as boubas<br />

arbóreas, enrola-se sobre outras arvores,<br />

até as matar.<br />

Tem o seu tronco de 2 54 decimetros,<br />

pouco mais ou menos, de diâmetro.<br />

As folhas são alternas, grandes, de<br />

um verde vivo, ovaes, grossas, e lustrosas.<br />

Gangoncú.—Attalea speciosa, Mart. ^<br />

Gamelleira branca das es­ — Fam. das Palmaceas. — Palmeira da<br />

tima veis, ou de purga. —r Ficus America Meridional e do Brasil, cujos<br />

doliaria, Mart. — Fam. idem. — E' uma fruetos são comestíveis.<br />

arvore do Brasil, que pelo seu pres- As folhas são de 3 á 6 metros de<br />

timo medicinal, é da estima do povo. comprimento, e servem para cobrir<br />

E' ramalhuda e lactifera.<br />

As folhas tem os peciolos um tanto<br />

casas.<br />

compridos, e são ovaes, lisas e mesmo Ganha-saia. — Lubelia edulis. —<br />

lustrosas.<br />

Fam. das Lobeliaceas. — E' também co­<br />

As flores estão encerradas em uma nhecida esta planta por Crista de Peru,<br />

espécie de casulo obconico e pequeno. e tem ambos estes nomes nas Alagoas.<br />

Seu fructo é igual ao da Figueira, E' uma herva cujos caules são ver­<br />

com a differença de ter 1 % centímetro de des e angulosos, com uma espécie de<br />

comprimento, e não prestar para co­ babadinho em todo seu comprimento.<br />

mer-se .<br />

Folhas lanceoladas na base, em<br />

Fazendo-se incisões no tronco escor­ forma de coração, um tanto ásperas e<br />

re um sueco leitoso (leite de gamel­ de verde desmaiado.<br />

leira), que applicam aos doentes de Flores rubras, com o tubo que,<br />

hydropisia e opilação, com uma dieta abrindo dois lábios, deixa vêr dentro<br />

rigorosíssima, prescrevendo-se-lhes um uns filetes reunidos em um corpo<br />

anno de privações de certos alimentos. allongado.<br />

Do abuso d'esta dieta podem resul­ O fructo é uma cápsula com muitas<br />

tar ao doente graves inconvenientes,.e sementes; deita um sueco de todos os<br />

até a morte.<br />

seus órgãos.<br />

Applicam-na contra as dores de dentes<br />

: também se comem as folhas depois<br />

de bem cosidas em duas ou três<br />

águas.<br />

Garabú ou Guarabú ou Garabú<br />

preto. — Astronium cocieneum.<br />

A. fraxinifolium.—Fam. das Terébin­<br />

dos pés, vulgarmente chamadas cravos . thaceas. — E' uma arvore do paiz, muito<br />

A madeira serve para gamellas. conhecida em Pernambuco e mais •províncias<br />

do Norte, da qual transuda,<br />

Gamelleira trepadeira, ou por incisões na casca, um sueco resi-<br />

trepadeira gamelleira. — Synoso, que é um excellente balsamo,<br />

phonia volubilis. — Fam. das Guttiferas. de cheiro terebintaceo, de que os mé­<br />

— Esta arvore indígena cresce natudicos usam como da mesma terehentina.<br />

ralmente nas Alagoas, onde recebe este A madeira serve para construcção<br />

nome.<br />

civil e naval.<br />

E' celebre, porque, com proporções E' reputada entre as melhores.


soo GEN C.EN<br />

Garapirôca.— E' uma arvore do<br />

paiz.<br />

Gararóba.— E' também uma arvore<br />

indígena.<br />

Garauna.— V. Barauna.—Omesmo<br />

que — Maria-preta.<br />

Arvore do Rio de Janeiro, cuja madeira<br />

c preta.<br />

Garfuana.— Cilorus tinctoria.— E'<br />

uma planta de tinturaria.<br />

Gaviróba.— E' uma palmeira de S.<br />

Paulo que descobrio-se ha poucos annos<br />

Diz-se que com o seu palmito se<br />

cura a diabetis.<br />

A cavidade central è dividida oni<br />

trez compartimentos por uma membrana<br />

branca, onde se encontram trez a quatro<br />

sementes redondas, de 3 centímetros<br />

chatas, cujo epispcrma é rugoso com<br />

pequenas protuberancias e de cor parda<br />

clara; esta semente é dura c quebradiça<br />

; contem uma amêndoa branca<br />

d'onde se extrahe, por expressão, um<br />

óleo excellente para illuminacão,<br />

Não é commum seu fabrico.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—Este óleo<br />

é uzado externamente na cura das erysipelas,<br />

impigens e mordeduras de cobras,<br />

segundo asseguram alguns.<br />

Genciana brasileira.— Lisian-<br />

Gengibre, ou genglvrc. — Zinziber<br />

officínale, Rose. e Linn.—Amomum<br />

Zimgiber, Linn. —Fam. das Amomaceas.<br />

thuspendulus, Mart.— Fam. das Genciana- — O Gengibre é natural das Goyannas,<br />

ceas.—Os Lisianthus são plantas herbadas<br />

Antilhas, e também do Brasil;<br />

ceas, raramente subarbustos.<br />

foi também chamado Mangaratiá por<br />

São todas naturaes da America M e- Pison.<br />

ridional, com poucas excepções.<br />

E' uma planta herbacea, cujos cau­<br />

A raiz é amarga, tônica, e estomachica. les se elevam pouco.<br />

Ha diversas espécies. Lisianthus ala- As folhas lanceoladas, de côr verde<br />

tus,—Lis. purpurascens—Lis. graudiflo- gaio, invaginantes.<br />

rus, etc.<br />

As flores, em espigas escamosas,<br />

Tem lis mesmas propriedades. abrem-se suecessivamente ; são amarellas,<br />

com um labello manchado de rubro.<br />

Gendiroba ou Gindiroba e O fructo é uma cápsula com trez<br />

IVItandiroba.— Feuillea nhandiroba, lojas, e sementes em cada uma d'ellas.<br />

Linn. — Fam. da cucurbitaceas — Juss. O — rhisoma d'esta planta constitue<br />

E' uma fruta que nasce spontanea- um gênero de commercio; appresenta<br />

mente, e também se cultiva.<br />

a configuração de dedos reunidos, ru-<br />

E' do Pará, e conhecida em Pernamgosos, articulados, cobertos de uma<br />

buco, Maranhão e Alagoas por este casca tênue, parda, amarella, cuja subs­<br />

nome.<br />

tancia interna é compacta, aquosa,<br />

Provem de um arbustinho trepador, picante fortemente, de cheiro activo,<br />

de caule esverdinhado.<br />

e agradável.<br />

Folhas cordiformes e lustrosas. E' extremamente quente, na lingua­<br />

Dá flores muito pequenas e amareigem vulgar ; tem muito óleo volátil, e<br />

ladas, em cachos grandes.<br />

amido; irrita fortemente a membrana-<br />

O fructo, de 1 a 2 decimetros de diâmucosa.metro, redondo, achatado, tendo na O povo se serve muito d'esta raiz<br />

parte superior um circulo formado por como carminativo, e também como<br />

uma sutura.<br />

Só quando maduro è quasi amarella.<br />

adubo.<br />

O pericarpo ê fino e unido a um corpo PROPRIEDADES MÉDICAS.—E' um ex­<br />

interior, branco, carnoso, tenaz e um citante útil administrado nas dyspe-<br />

pouco molle, de côr parda clara.<br />

psias, por atonia do estômago, nas


GEO GES SO?<br />

eólicas flatulentas, e no cholera mor- Bacharel José de Saldanha da Gama<br />

bus; mas cumpre haver discernimento Filho.<br />

no seu emprego, e mormente na dose. A vegetação do Brasil é extremamente<br />

variada, porque a situação, e<br />

Gengibre dourado. —Amomum sobre tudo a altura das províncias<br />

zingiber chrysanthum, Rose. v Sperg.— d'este vasto paiz, offerece por si mesma<br />

Fam. Idem. —E' outra espécie que disposições excessivamente notáveis.<br />

varia de nome conforme as províncias; Altas cadeias de montanhas estabe­<br />

em Pernambuco e Alagoas é Gengibre lecem muitas vezes mudanças consi­<br />

dowrado, em Sergipe e na Bahia Assaderáveis<br />

nos paizes que ellas percorrem.<br />

frão.<br />

Formam também vastas chapadas,<br />

A planta tem os mesmos caracterís­ freqüentes vezes elevadíssimas, e que<br />

ticos que o outro Gengibre<br />

offerecem uma vegetação inteiramente<br />

A raiz é semelhante a do Gengibre differente da das regiões menos ele­<br />

ordinário, com a differenea de não ter vadas, situadas nas margens do oceano,<br />

o seu aroma, nem ser tão rugosa. sob o mesmo nível.<br />

O cheiro é desagradável, a côr amarella<br />

alaranjada, ou côr de ouro. Gequitibá rosa ou vermelha.<br />

Empregam-na em tinturaria. — Couratari legahs. — Fam. das Legu­<br />

Em alguns lugares serve para dar minosas.— Grande arvore, de vasta copa.<br />

côr á comida, assim como em Sergipe, E' ella um verdadeiro typo de ele­<br />

onde tem o nome de Assafrão. gância e magestade de nossas florestas.<br />

E' usada na tinturaria.<br />

A sua madeira é vermelha rosada,<br />

e empregada em obras internas, principalmente<br />

em assoalho e forros.<br />

Geographia botânica brasileira—Dos<br />

paizes do Globo, o<br />

Brasil é aquelle cuja vegetação se<br />

apresenta mais rica e mais variada.<br />

E' a região das bellas florestas vir­<br />

gens, tão bem descriptas pelos viajantes<br />

que a tem percorrido, particularmente<br />

pelos Srs. Saint-Hilaire e<br />

Martius.<br />

O Brasil é de algum modo a terra<br />

promettida dos naturalistas, ainda que<br />

todas as partes d'este vasto Império<br />

só estejam imperfeitamente conhecidas,<br />

e não tenham sido exploradas,<br />

senão de corrida, por pequeno numero<br />

de naturalistas; entretanto pensamos<br />

que não menos de dezeseis mil é o<br />

numero das espécies de plantas, que<br />

tem ido para a Europa.<br />

E, talvez mais para diante, este numero<br />

possa ser quasi duplo, se os<br />

homens de sciencia estabelecidos nas<br />

diversas províncias d'este paiz, tão<br />

digno de interesse, procurarem com<br />

cuidado estudar as producções naturaes<br />

d'elle.<br />

Bem bons serviços já nos vai pres­<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— E' um ads­<br />

tringente muito usado em gargarejos<br />

contra as anginas.<br />

Gergelim.—Sesamum indicum, Will.<br />

— Sesamum orientale, Linn. — Fam. das<br />

Bignoniaceas.— Herva natural da índia,<br />

cultivada em Pernambuco e nas Alagoas.<br />

Também é conhecida por Gingilim.<br />

Tem 1 metro de altura, caule simples.<br />

Folhas medianas e molles.<br />

Flores em espigas longas, em fôrma<br />

de cometas, de côr branca roxeada.<br />

O fructo é uma cápsula pelluda, da<br />

qual se extrahe uma fecula, proveitosa<br />

contra as hydropisias, segundo affirmam<br />

alguns.<br />

*<br />

Gericô.—Planta que vegeta sobre<br />

as pedras junto dos rios.<br />

Uza-se contra a asthma e em geral<br />

qualquer tosse, em infusão que se prepara<br />

com 8 grammas para 500 grammas<br />

d'agua.<br />

tando o distineto naturalista o Sr. { (;(>ssiara, Jussara.—V. Assahy.


SOS GIN GIN<br />

Gleão. — Serposa Cearensis. — Fam. ra do Brasil. — Cham. Prunus.<br />

das Cruciferas. —Herva delicada do sphcerocarpa, Sivartz.— Fam. das Rosa-<br />

Ceará e Pará.<br />

ceas. — Arvore que vegeta cm S. Paulo,<br />

E' uma planta que se cultiva, pouco Minas e Matto Grosso, e que de al­<br />

vulgar em Pernambuco.<br />

gum modo representa as Cerejeiras de<br />

Parece-se com o Coentro, com as folhas Europa, caracterisadas como estas pelo<br />

mais profundamente divididas. cheiro de ácido hydrocyanico.<br />

As flores saem de um pendão ver­ E' conhecida em lingua tupinica por<br />

tical ramificado e espigado ; ellas são Juá-açú, Juá-uva.<br />

tão pequenas, que parecem estar sempre Tem as mesmas propriedades do Louro<br />

em estado de botões; exhalam aroma Cereja da Europa.<br />

sendo esfregadas entre os dedos; são Ha outras espécies.<br />

inseridas nas espigas alternadamente.<br />

A sua tintura é cheirosa; passa por<br />

Gingeira brava. — V. Cerejeira<br />

ser optimo medicamento, nas affecções<br />

brava.<br />

do thorax, nas fluxões, etc.<br />

Gingeira da terra.—Solanum<br />

O fructo é uma silicula comprimida, psenão-capsicum, Linn. —Fam. das So-<br />

de duas lojas ; as lojas são monoslanaceaes. — E' um arbustinho natural<br />

permicas.<br />

da Madeira, que entre nós se chama<br />

As sementes, inseridas no septo, são Ginja da terra; cresce até um e meio<br />

louras, chanfradas de um lado no hilo ; metro, mais ou menos.<br />

tem os cotilydones curvados sobre si Suas folhas são lanceoladas e persis­<br />

mesmo ; a radicula conica desenvolve tentes.<br />

na semente uma espécie de mucilagem. As flores brancas.<br />

Gilbardelra.—Ruscus aculeatus.<br />

O fructo é uma baga semelhante á<br />

Linn.— Fam. das Asparagaceas.—E' um<br />

da pequena Cereja amarella ou vermelha.<br />

arbusto exótico.<br />

Floresce em Junho e Setembro.<br />

Sua raiz é diuretica, empregada nas<br />

Sem duvida esta espécie é cultivada<br />

hydropisias, e affecções das vísceras<br />

nas províncias do sul do Império.<br />

urinarias.<br />

Ginja ou Cereja.— PrunusCera-<br />

As sementes torrefactas são consisus, Linn. — Cerasus vulgaris, Mill. —<br />

deradas como succedaneas do café. Fam. das Rosaceas. — Arvore originaria<br />

Chamam-no Eoux azeâinho.<br />

da Ásia Menor, e que se cultiva de<br />

ha muito na Europa.<br />

Gilô. — Solanum melongena.— S. ovi- Também desde muitos annos no Bragervm.—<br />

Solauum racemiflorum, Dun.— sil, nas províncias do sul do Império;<br />

Fam. das Solanaeeas. — Esta planta é e cremos que também no Pará.<br />

amarga, e é por isso tônica.<br />

E' uma arvore de porte mediano.<br />

O fructo é usado como condimento, Seu fructo é vermelho e amarello,<br />

ou antes alimento.<br />

em fôrma de coração, tendo uma pol-<br />

E' das Antilhas, e cultivada no Brasil. legada de diâmetro; seu tegumento é<br />

memhranoso.<br />

Ginjcira da Jamaica.— Malpi-<br />

A massa é aquosa, ácida, doce e<br />

ghia glabra, Will—Fam. das Malpighia-<br />

agradável.<br />

ceas. — Planta herbacea do Brasil e de<br />

Alem da espécie d'Azia ha mais duas<br />

outros lugares d'America.<br />

espécies cultivadas.<br />

E' elegante, e seus fruetos são co­<br />

A casca da Ginja ou Cereja tem sido<br />

mestíveis.<br />

apregoada como suecedaneao da Quina.<br />

Vegeta no Pará.<br />

O fructo sendo bom de comer-se, é<br />

Gingeira brava ou Cerejei­<br />

ao mesmo tempo ligeiramente laxativo,<br />

diuretico.


GIR GIR S99<br />

Ginsão. — Panax quinquefolium. bom para luz; o bagaço que provem<br />

Linn. —Aureliana Canadensis.—Fam. das sementes, depois da expressão do<br />

das Auraliaceas. — Planta originaria do óleo, serve de alimentação para o gado.<br />

Norte da America e da China.<br />

Arbusto de raiz fusiforme, verme­ Gira-sol de batatas ou Topilha<br />

por fora, amarella por dentro. nambor.— Eelianthus tuberosus, Linn<br />

As folhas são em verticillos. e Spt.—Fam. Idem.—Esta planta é outra<br />

As flores em cachos, pequenas. espécie de Gira-sol oriunda do paiz, se­<br />

O fructo uma baga redonda e vermelhante a outra, mas tendo a flor<br />

melha.<br />

muito menor.<br />

Passa por aphrodisiaca.<br />

E' cultivada na Europa pela utilidade<br />

de sua batata, que faz a base da sus­<br />

Gicfue. — V Imbuzeiro.<br />

tentação dos animaes.<br />

Chamam-n'o em Europa Topinambour.<br />

Giqairili.— Abrusprecatorins, Linn. E' mui apreciado, porque] suas tuberas<br />

— Fam. das Leguminosas. — Planta, cuse<br />

conservam em bom estado debaixo<br />

jas sementes pulverisadas e postas em da terra, tirando-se a porção que se<br />

infusão n'agua fria, são usadas como precisa;<br />

collyrio nas ophtalmias.<br />

A flor não acompanha o giro do sol<br />

Passa por tóxica.<br />

como a outra.<br />

A batata do Topinambor é oblonga,<br />

Gira-sol. — Eelianthus annuus, Linn. earnosa, avermelhada por fora; cosida<br />

—Fam. das Compostas. — E' natural do é também alimento do homem, pois é<br />

Peru, cultivado ha muitos annos no semelhante, na massa, ás outras ba­<br />

Brasil( em nossos j,ardins.<br />

E' herbacea, de 1 a 2 meèros de<br />

tatas.<br />

altura-<br />

Giricó ou Gericó, —Em Pernam­<br />

Caule verde, pouco esgalhado ; folhas buco recebe este nome um arbustinho<br />

verdes esbranquiçadas, cordiformes, lan­ que se enrosca sobre outras plantas por<br />

ceoladas, ásperas, alternas.<br />

meio de gavinhas.<br />

Flores vistosas, sobre um largo disco, Folhas cordiformes ou sagittadas.<br />

e de côr amarella; ellas acompanham Suas flores em cachos, e palmadas,<br />

o sol em seu gyro, e d'ahi é que lhe são ;miudas, esverdinhadas e estrelladas.<br />

vem o nome que tem de Gira-sol. Os fruetos são menores do que uvas,<br />

Cada flor é um aggregado de pe­ e raras vezes apparentes.<br />

quenas flores (fiosculós), inseridas sobre A raiz d'esta planta é applicada nos<br />

um disco amplo.<br />

E' uma planta que tem certas qua­<br />

estupores ; tem forte amargo.<br />

lidades que podem ser aproveitadas com Geri mato. — Vitex gardneriana. —<br />

muita vantagem,<br />

Fam. das Verbenaceas. — Planta que ve­<br />

Os caules e os discos, que formam geta no Rio de Janeiro, e que talvez<br />

os capitulos floraes, fornecem boa ma­ seja a Maria Preta de campina das Alatéria<br />

combustível.<br />

goas, ou Pào Cavallo de Pernambuco.<br />

As cinzas, provenientes* da combustão — Vitex campinaria.<br />

d'aquelles órgãos, encerram grande E' desobstruente, aperitivo, e exci­<br />

quantidade de potassa, e podem servir tante.<br />

para a preparação d'essa substancia,<br />

que é a base de varias industrias e Girimú. — Cucurbita major rotunda.<br />

sobretudo da fabricação do sabão. Dalech.—Fam. das Cucurbitaceas.—Es­<br />

Finalmente das sementes, que servem te estimado fructo é bem commum em<br />

directamente para a nutrição' das aves nossa meza.<br />

domesticas, pode extráhir-se um óleo Nem todas as províncias do Império<br />

29


SIO GIR GIR<br />

dão-lhe este nome, na Bahia e Rio de A casca é lisa, lustrosa o branca, de<br />

Janeiro o chamam Abóbora amarella, ou gommos; dentro a massa ó côr dc<br />

simplesmente Abóbora; é originário da rosa, e de muito bom gosto.<br />

índia, mas pôde ser que algumas das<br />

espécies que gyram entre nós sejam ori­<br />

São raras.<br />

ginárias do paiz.<br />

Girimú de Feruando —Cu­<br />

O Girimú ordinário é fructo de uma curbita. — Fam. idem. —F/ uma espécie<br />

planta rasteira e trepadeira, de pellos muito semelhante á precedente.<br />

hispidos.<br />

A massa, porém, é amarella clara,<br />

Folhas de longos peciolos, quasi re­ muito enxuta e saborosa; é também<br />

dondas, grandes, ásperas.<br />

branca por fora e por dentro.<br />

As flores grandes, como campanas, Parece-nos ser originaria da Hes­<br />

de um amarello alaranjado, de dois panha.<br />

sexos ; a masculina é estéril, a outra Nas Alagoas ha um Girimú cylindrico,<br />

traz o rudimento do futuro fructo, que de casca branca, com a côr por dentro<br />

é uma peponide de vários tamanhos, amarella mais ou menos carregada,<br />

de figura ou redonda ou oblonga ; é porém no mais é o mesmo que a pre­<br />

lactifera, liza ou com ângulos : de uma cedente.<br />

só côr, ou marchetada de verde e amarello,<br />

etc.<br />

Girimú de gomo. — É o mesmo<br />

E' de casca coriacea, tendo dentro<br />

um espaço vasio ou cavidade ; as pa­<br />

de Fernando de Noronha.<br />

redes do fructo são espessas, de seis Girimú jacaré. — Cucurbita. —<br />

a nove centimetros, de côr amarellaavermelhada.<br />

Fam. idem.<br />

No centro da cavidade existem muitas Girimú de Lisboa. — Cucurbita.<br />

sementes ellipsoides, chatas, crustáceas, — Fam. idem,<br />

entremeadas de filamentos da mesma côr.<br />

O Girimú é bom alimento ; come-se Girimú páo ou páo Girimú<br />

com carne, e é substancial; mistura-se ile Pernambuco. — Elacodendrm<br />

muitas vezes com leite no sertão ; faz-se girimú. — Fam. das Rhamnaceas. — A<br />

d'elle doce.<br />

arvore a que em Pernambuco se dá<br />

este nome é silvestre.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—As flores, Nas Alagoas também ha uma ar­<br />

em fricções sobre as partes erysipelavore d'este nome, porém differe até<br />

tosas, passam por ser de muito pro­ na familia, como se vê pelos nomes<br />

veito, e dissipam a inchação, devendo- botânicos.<br />

se repetir esta pratica por alguns dias. Esta é alta, de mais de 13 metros;<br />

As folhas, sendo antes passadas nas casca grossa, um pouco rugosa; por<br />

brasas, e assim amollecidas, são tam­ dentro é de um amarello côr de gemma<br />

bém applicadas com algum proveito. d'ovo.<br />

As folhas são ellipticas regulares,<br />

Girimú de caboclo.— Cucurbita.<br />

grossas.<br />

— Fam. idem.— Este Girimú parece a<br />

As flores, que são miúdas, reunidas<br />

mesma espécie de Fernando de Noronha.<br />

em feixes nas axillas das folhas e dos<br />

E' de casca esbranquiçada, lustrosa e<br />

ramos, são amarelladas.<br />

cheia de gommos ; a massa é muito<br />

O fructo é como uma azeitona pe­<br />

boa e enxuta.<br />

quena ; tem um caroço, e ás vezes ne­<br />

Ha de casca verde nas mesmas connhum.dições,<br />

mas são redondos e achatados.<br />

Girimú côr de rosa.— E' uma<br />

espécie que diz ser de Fernando.<br />

Girimú de pescoço.— Cucurbita—Fam.<br />

Idem.


GIT GIT Sll<br />

Girimú do sertão.— Cucurbita —<br />

Fam. Idem—Semelhante no porte.<br />

0 fructo chega apesar arrobas, muitas<br />

vezes.<br />

A casca é tão dura e espessa que d'ella<br />

se fazem cuias.<br />

A raiz e a casca d'essa arvore são<br />

enérgicos drásticos.<br />

Ha uma espécie em que o cacho das<br />

flores é muito grande.<br />

Gitahy amarello falso.— Tho-<br />

Gitó utuaba. —Guarea trichilioides,<br />

Lamarck. — Fam. idem.<br />

Ha também Marinheiro de folha larga,<br />

mazia pseudo-lutea—Fam. das Byttne- —Turiassú utuapoca.—Guarea spiece flora,.<br />

riaceas.—Arvore das mattas do Brasil, cujas flores são em fôrma de espigas.<br />

conhecida nas Alagoas e em Pernam­ Este é o nome por que é chamado<br />

buco por este nome.<br />

em Minas, Bahia e Pernambuco pelo<br />

Suas folhas são um tanto grandes, sertão.— Moschoxylon catharticum.<br />

dispostas em palmas.<br />

As flores, em pequenos cachos, brancas PROPRIEDADES MÉDICAS. — A casca<br />

como angélicas, e miúdas.<br />

amarga, um tanto acre, adstringente,<br />

O fructo não examinado.<br />

purgativa, abstergente, e anthelmintica<br />

usa-se em banhos contra os tumores<br />

Gitalti verdadeiro. — E' huma arthriticos dos membros. O extracto<br />

arvore de Alagoas e de Pernambuco. em pequenas doses é recommendado<br />

em clysteres contra as ascarides.<br />

Gitirana de flor branca pe­<br />

Tem accão violenta sobre o utero;<br />

quena— Argyreia alagoana.—Fam.<br />

em dose maior produz aborto.<br />

das Convolvulaceas.—E' uma planta que<br />

Do Gitó, a casca e raiz dá-se em<br />

é conhecida por este nome, ainda que<br />

decocção internamente, e em clysteres<br />

em geral as plantas trepadeiras cha­<br />

nas hydropisias, e nas febres terças;<br />

mam-se indistinctamente — Gitiranas.<br />

é amargo e tônico.<br />

Tem o caule e folhas mui pelludas.<br />

As flores são como campainhas bran­<br />

Gitó de Pernambuco. —Guarea<br />

cas, e sem cheiro.<br />

purgans, St. EU. — Fam. idem. —Arvore<br />

O fructo é uma cápsula conica, com<br />

do Brasil, revestida de folhas em palmas,<br />

quatro caroços redondos.<br />

oblongas, agudas e lustrosas.<br />

Gitirana de leite ou Sauda­ Suas flores em cachos, nas axillas<br />

das folhas e no cimo dos ramos; são<br />

des de Pernambuco. — Cynanchum<br />

ganglinosum. Vell. — Fam, das Apo-<br />

brancas-trigueiras, com o aspecto de<br />

cynaceas.—E' um arbusto a que cha­ angélicas.<br />

mam em Sergipe—Bordão de Velha—•<br />

Seu tubo é duplicado, tem um aro­<br />

V Bordão de Velha, cipó, o qual tem<br />

ma suave.<br />

recebido muitos nomes.<br />

Os fruetos são em cachos, e á primeira<br />

vista assemelham-se á pitombas.<br />

Gitó. — Guarea purgans. Fam. das Elles tem a fôrma obconica, e o pe­<br />

Meliaceas. —Arvore do paiz, freqüente ricarpo bronzeado ; contém trez caroços<br />

no littoral.<br />

e trez valvas.<br />

Folhas alternas, pinnadas, de trez ou O caroço, que é preto e lustroso, é<br />

quatro pares; de foliolos um tanto coberto de uma substancia branca, pouco<br />

grandes.<br />

espessa, e um tanto furfuracea, (aril-<br />

Flores em cachos, pequenas, brancas lo).<br />

trigueiras; tem pouco cheiro.<br />

O fructo parece uma pitomba, porém PROPRIEDADES MÉDICAS. — O Gitó tem<br />

com fôrma de pião, e tendo o peri­ a casca amarga, acre e adstringente ;<br />

carpo fendido; contém duas ou três é purgativa e anthelmentica, empregada<br />

sementes pretas, luzentes.<br />

nas arthrites chronicas.


»l » GOI GOI<br />

Km doses elevadas promove o abort >, Goiaba de cittla ou Madipu-<br />

e purga violentamente.<br />

ei ra.— Myrtus quadrilocularis.Fam. das<br />

Também applicam-no em clysteres, Myrtaceas.— E' uma arvore mediana co­<br />

que são de bastante utilidade no caso nhecida nas Alagoas por este nome,<br />

de ascarides, (oxyurus vermicularis). e pelo de Madipueira.<br />

Além d'isso quasi sempre aproveita E' uma arvore ramosa, de casca lisa.<br />

nas moléstias svphiliticas, etc.<br />

Folhas oppostas, oblongas, coriaceas<br />

e grandes.<br />

Guajurú. — V. Gajirú.<br />

Flores em feixes, e inseridas nos<br />

ramos e pelo tronco, são grandes, bran­<br />

Goiaba ou Guaiaba. — Psidium cas ou côr de rosa, e simples.<br />

pommiferum, Linn.— Fam. das Myrtaceas. Ficam com o cálice adherente ao<br />

— Fruto cultivado, e silvestre do Brasil. fructo ; este é como uma maçã redon­<br />

É produeto de um arbusto de tronco da, de côr parda clara; amarellada,<br />

mui liso, côr um pouco avermelhada, epicarpo fino, coroado pelos fragmen­<br />

e esgalhado.<br />

tos calicinaes; dentro acha-se uma<br />

Folhas oppostas, rosadas, ellipticas, polpa aquosa e doce, com muitos ca­<br />

coriaceas, um tanto ásperas.<br />

roços pequenos.<br />

As flores são como pequenas rosas Come-se ; e as cutias dão-lhe grande<br />

brancas, e um pouco cheirosas. apreço.<br />

O fructo é de figura pyriforme ou Commummente estes fruetos caem da<br />

oval, e ás vezes redondo, tendo no arvore, por si mesmos.<br />

cimo umas escamas herbaceas dispostas<br />

em circulo ou coroa ; o pericarpo Goiaba de macaco.— Fam. das<br />

na maturidade é rugoso e lusidio; Gultiferas.—Frueta sylvestre de uma<br />

dentro está adherente a uma substan­ arvore das Alagoas, que tem este nome;<br />

cia de menos de 1 % centímetro de seus ramos são oppostos.<br />

espessura, que forma a parede do fructo; As folhas sempre mui verdes, e de<br />

é vermelha e compacta.<br />

fôrma oblonga.<br />

O interior do fructo é oecupado por As flores brancas.<br />

uma polpa, tenra, da mesma côr, cri­ O fructo de 6 a 9 centimetros de<br />

vada em toda a extensão de sementes diâmetro ; amarello na maturidade, pe­<br />

reniformes, lisas, e muito duras: esta ricarpo espesso ; elle é redondo e apre­<br />

polpa tem sabor agradável.<br />

senta no ápice os restos dos.involto-<br />

A Goiaba é frueta de muita estima. rios floraes; dentro é dividido em 4<br />

Ella não só por si é boa ao paladar, compartimentos, tendo em cada nm<br />

como também serve para fazer-se um duas sementes sobrepostas e grandes;<br />

dos melhores doces até hoje conhe­ a substancia é cornea, e semi-transcidos.parente<br />

; fôrma uma pellicula que en­<br />

D'ella se faz a celebre goiabada, tão volve as sementes.<br />

estimada tanto nas sumptuosas mesas Esta substancia é doce, e muitos gos­<br />

como nas enfermarias, como doce de tam de chupal-a.<br />

dieta para os enfermos.<br />

Tem-se observado que as Goiabas sel­ Goiaba do matto.— Myrtus silvagens<br />

são de ordinário mais doces que vestris.—Fam. das Myrtaceas.—Arvore<br />

as cultivadas.<br />

agreste elevada, conhecida por este<br />

Na Bahia, e norte de Minas chamam- nome nas Alagoas.<br />

na — Araçá-goiaba.<br />

A casca é lisa, e vermelha.<br />

Ha entre nós trez variedades : a Goiaba As folhas miúdas.<br />

encarnada, a mais vulgar, a branca, um O pedunculo com duas escamas.<br />

pouco escassa, e a amarella que é As flores cremos que brancas.<br />

muito abundante.<br />

O fructo redondo, de 1 % centime-


GOI GOL S13<br />

tro de diâmetro, com pericarpo áspero, pessa, côm dois ou três caroços ver­<br />

de cor parda, e espesso, offerecendo melhos, de sabor adstringente.<br />

quatro compartimentos e, em cada um Em tempos de carestia o povo come<br />

d'elles, um caroço, lizo, oval e grande. esta frueta, ralando a massa que ella<br />

tem dentro.<br />

Goiaba ile paca. — Myrtus alagoensis.<br />

—Fam. idem.—E' um fructo Golfo (de Alagoas).— Menyan­<br />

proveniente da arvore que tem este nome tes brasiliensis.—Fam. das Gencianeas.—<br />

nas Alagoas.<br />

Herva que habita ou sobre as agoas<br />

Esta arvore tem a casca lisa e es­ doces ou nas suas bordas, e por tal<br />

branquiçada.<br />

nome conhecida nas Alagoas.<br />

Folhas oppostas, um tanto redondas. E' de menos de palmo, com as folhas<br />

As flores são brancas, como as da reniformes.<br />

goiabeira.<br />

Os caules aonde florece são de 2 e<br />

O fructo é como um Araçá. lp2 decimetros, mais ou menos.<br />

Comem-na, principalmente as pacas. As flores brancas, afuniladas.<br />

O fructo é uma cápsula ovoide ; con­<br />

Goiaba de Pernambuco. — tem muitas sementes.<br />

Psydium pubescens, Mart. —Fam. Idem.<br />

—-E' uma planta sylvestre.<br />

Golfo maior.—NyMphcea alba, Linn<br />

—Fam. das Nympheaceas.— Em Pernam­<br />

Goiaba ( de !S. Paulo ). —Psybuco<br />

também o chamam Pasta.<br />

dium incanescens, Mart. — Fam. Idem. Planta natural de ambos os hemis-<br />

— Arbusto que vegeta nos campos de pherios; que fluetua nas águas doces<br />

S Paulo.<br />

dos rios, riachos, até pântanos, e lagoas,<br />

etc.<br />

Goiabeirana.—Psydium acutan- Seus caules estão submergidos na<br />

gulum. D. C. e Mart.—Fam. Idem.— água.<br />

E' semelhante qúasi á precedente, As folhas vêem á superfície, susten­<br />

Folhas ovaes ou ellipticas, oblongas. tadas por um peciolo longo; ellas são<br />

Flores solitárias, de peciolos meio redondas, com uma fenda na base,<br />

engrossados.<br />

de côr verde bronzeada.<br />

O cálice, antes da estivação, é oblon-' O pedunculo traz também a flor á<br />

go e recurvado.<br />

superfície, e ahi ella se abre; mas, terminada<br />

a funeção da geração, reco­<br />

GoiaMulta. —Fam. Idem. — Arvolhe-se, e vai desenvolver o fruto den*<br />

re semelhante ao Araçazeiro, de folhas tro d'agua.<br />

mais miúdas e de porte arbóreo A flor é bonita e branca, e o fructo<br />

Sua madeira é muito procurada para é uma cápsula.<br />

c<br />

estacas.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — As folhas<br />

Goititurubá. — Arvore do Brazil são empregadas contra as fluxões do<br />

conhecida por este nome no Rio Gran- rosto, acompanhadas de inchação, condo<br />

do Norte.<br />

tra elephantiasis dos gregos, contra<br />

Tronco elevado.<br />

dores de dentes, e dizem que também<br />

Folhas estreitas e regulares. contra os* formigueiros.<br />

Flores amarellas.<br />

No Pará chamam-no —Mururé; —<br />

Fructo redondo, de 12 centimetros de Em Sergipe — Orelha de burro; — nas<br />

diâmetro, cheiroso, e amarello na ma­ Alagoas o povo conhece por — Golfo. —<br />

turidade.<br />

Cremos que para o Sul dão-lhe o<br />

O tegumento externo é uma casca nome de Gigoga.<br />

fina, encerrando uma massa branca, es­ É calmante; seu cosimento, interna


S14 GON­ GO N<br />

e externamente usado, é útil na Ele­ de duas partes: uma inferior inteira,<br />

phantiasis dos gregos, como ficou dicto. outra superior, dividida em um numero<br />

mais ou menos considerável de lâmi­<br />

Golfo menor. — Nynphcea lutea. nas ; raras vezes falta a corolla.<br />

Linn. — Fam. idem. — Esta outra es­ Os estames são commummentc em<br />

pécie de Golfo ou Golfão, que também numero indeterminado (de 14 á 20).<br />

vegeta nos dois continentes, é menor ; Seus filamentos são livres e hvpo»<br />

isto é, suas folhas e flores são menores. gynicos.<br />

As folhas reniformes.<br />

Suas antheras de duas lojas, abrin­<br />

As flores de amarello côr de enxodo-se cada uma por um sulco longifre,<br />

com lacinias dispostas em uma só tudinal.<br />

ordem em circulo.<br />

No exterior dos estames, isto é, entre<br />

Os demais caracteres são os mesmos as pétalas e os filetes, acha-se um pe­<br />

sendo porem o fructo d'esta, conico, e queno corpo annular, glanduloso, mais<br />

o cálice com cinco lobulos.<br />

elevado do lado superior, e formando<br />

assim um disco hypogynico d'uma na­<br />

Gonçalo Alves.—Astronium fraxitureza particular.<br />

nifolium. — Fam. das Anacardiaceas.— O pistillo, ligeiramente estipitado na<br />

E' uma arvore de tronco elevado, e base, parece formado da reunião de<br />

de uma Copa notável por suas dimen­ três carpellas, soldadas pelas extremisões<br />

avultadas ; de casca lisa, resinosa dades nos dois terços de sua altura,<br />

e com aspecto ferruginoso.<br />

e termina superiormente em trez pontas,<br />

O cerne é mui pesado, com veios trazendo cada uma d'ellas um estigma<br />

uns claros, outros escuros e averme­ no ápice.<br />

lhados.<br />

Este ovario tem uma só loja aberta<br />

E' muito usado para a confecção de no cimo, entre as três pontas estigma-<br />

moveis, não só pela sua belleza, como tiferas, de que acabamos de fallar, con­<br />

também por conservar bem o brilho tendo grande numero de óvulos amphi-<br />

do verniz.<br />

tropos ou campylotropos, unidos a três<br />

Emprega-se em taboado, portas, etc. trophospermas parietaes.<br />

Abunda nas províncias do Sul, e na O fructo, mui raras vezes carnoso, é<br />

Bahia: é rara em Pernambuco. ordinariamente uma cápsula mais ou<br />

menos allongada, aberta naturalmente<br />

Gonda. —Resedá tuteola.— Fam. das nas extremidades, que finalisa em três<br />

Resedaceas.—Planta da Europa, que tem ângulos, de uma só loja, e cujas se­<br />

raiz bulbosa e as flores amarellas. mentes estão sustentadas por três tro­<br />

Serve na tinturaria, e é cultivada no phospermas parietaes.<br />

Brasil.<br />

Estas sementes, pouquíssimas vezes<br />

reniformes, são compostas de um tegu­<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. — Plantas mento assaz espesso, de um endosper­<br />

geralmente herbaceas, raramente subma carnoso delgadissimo, e de um<br />

frutescentes, de folhas alternas, sem es­ embryão curvo, á maneira<br />

tipulas, muitas vezes munidas de duas dura.<br />

de ferra­<br />

glândulas na base.<br />

Esta familia se compõe dos gêneros:<br />

As flores formam espigas simples e Resedá, Oehradeno, Oligomeris, Astro-<br />

terminaes.<br />

carpo, e Caylusea. O gênero Resedá tinha<br />

O cálice apresenta de quatro a seis sido collocado por Jussieu na familia<br />

sepalas, ás vezes persistentes.<br />

das Capparidaceas, e deve-se concordar<br />

A corolla se compõe d'um igual nu­ com effeito, que elle tem muitos ponmero<br />

de pétalas, alternas com os setjs de contacto com esta familia, e<br />

palas do cálice.<br />

particularmente com o gênero Cleome.<br />

Estas pétalas são em geral formadas 1 M. de Tristan formou d'ella o typo


GRA GRÃ S15<br />

de uma familia distincta, adoptada por<br />

de Candolle, e classificada pelo primeiro<br />

d'estes botânicos entre as Pas-<br />

Gramnta da terra. — V Taboquinha. <br />

sifloreas e as Cistèas, porém, comtudo Grantondé grande.—Astronia<br />

mais perto d'estas ultimas.<br />

purpurina.— Fam. das Melaslomaceas.—<br />

Em sua Collectanea botânica, tab. Arvore XII, oriunda do paiz, que recebeu este<br />

M. J. Lindley deu uma explicação in­ nome nas Alagoas e em Pernambuco.<br />

teiramente diversa da flor do Resedá. Ê de porte ordinário.<br />

Para este botânico notável, o cálice Folhas oppostas, um tanto pequenas,<br />

é um invólucro vulgar; cada pétala é de cor verde-escura, luzidias e ovaes ;<br />

uma flor estéril, e o nectario ou disco ellas são ornadas de pellos rubros.<br />

é um cálice próprio que cerca uma As flores são brancas, pequenas e<br />

flor hermaphrodita, composta dos esta­ em cachos; e as fructinhas, de meio<br />

mes e do pistillo.<br />

centímetro, roxas quando ma'duras, tem<br />

Segundo este modo de ver M. Lin­ uma polpa cheia de grãos pequeninos.<br />

dley approxima as Resedaceas das Eu­ Esta planta tem o lenho branco e<br />

phorbiaceas, que offerecem uma dispoum<br />

pouco molle, e, exposto ao sol, fensição<br />

pouco mais ou menos análoga; de-se muito ; porém n'agua tem muita<br />

mas todavia julgamos que esta fami­ duração.<br />

lia não poderia estar afastada das Capparidaceas<br />

e das Cistèas.<br />

É bom combustível.<br />

Gramoatde pequeno. — Astronia<br />

Gonú. — É a Tatajuba de quiabo em menicarpa. —Fam. Idem. —É uma outra<br />

Minas.<br />

arvore do paiz, cujo nome é este nas<br />

Alagoas.<br />

Gramma do Maranhão. — V. Tem as folhas menos lustrosas que<br />

Taboquinha.<br />

as do precedente; as divisões nervosas<br />

são parallelas.<br />

Gramma da praia. — Trüicum As flores também brancas, em gran­<br />

repens, Linn. — Fam. das Gramineas. des — cachos pyramidaes.<br />

Planta do Brasil e da Europa , conhe­ As fructinhas mui miúdas, á semecida<br />

por este nome em Pernambuco. lhança de glóbulos roxos e molles.<br />

Vegeta nas areias das praias; seus Dentro acha-se uma massa aquosa,<br />

caules são subterrâneos fazendo de dis­ com muitas sementes, nimiamente petancia<br />

em distancia raigotas na terra, quenas.<br />

tendo também raminhos verticaes de<br />

folhas estreitas em feixes.<br />

Dá madeira própria para marcenaria.<br />

Ella é ôca, apresentando nós ; é de Grão de bico. —Fam. das Legu­<br />

côr branca amarellada, e lustrosa, e minosas. — E' uma planta do Melo­<br />

tem alguma semelhança com o cadia da Europa; dá um legume semepim..lhante<br />

á ervilha; mas o grão tem um<br />

Estes caules subterrâneos são pro­ pequeno prolongamento agudo de um<br />

curados para o mesmo uso da Gramma lado; é redondo, com as proporções de<br />

que nos vem da Europa.<br />

ervilha e tem a mesma cor esverdi-<br />

Como diuretica, aperiente, o povo nhada.<br />

applica-a nas inchações (hydropisia). Tem os mesmos usos.<br />

Gramnta da praia, da Bahia. Grão de gallo. — Cordea pubes-<br />

— Stenotaphium glabrum. — Fam. Idem. cens. — Fam. das Borragmeas.—E' uma<br />

— Planta vivaz a que na Bahia dão este fructinha que ha nas províncias das<br />

nome, e talvez seja a mesma *de Per­ Alagoas de Pernambuco e de Maranhão.<br />

nambuco.<br />

A planta é um subarbustinho de 1


S1G GRA GRA<br />

a 2 metros se tanto, dc poucos ga­ E' uma planta que vegeta por toda<br />

lhos<br />

parte.<br />

Folhas ellipticas e oblongas, sempre Suas folhas são á raiz da terra, cm<br />

sobertas de pellos louros, achatados e feixes grandes, do 1 metro e mais d*<br />

ásperos.<br />

comprimento, grossas, lanceoladas, o-<br />

As folhas são situadas nas pontas blongas, com um nguilhão na ponta.<br />

dos ramos; estes apresentam ahi um Brota um alto pedunculo verde, dc<br />

engrossamento.<br />

5 a 6 metros de altura, no qual nas­<br />

As flores são como jasmins brancos. cem as flores formando uma espiga.<br />

O fructo c uma baga de 1% centímetro Estas são de um branco amarellado,<br />

ao mais, oval, toda eriçada de pellos e são caducas, mas deixam um bolbo-<br />

compridos, assim como as flores. sínho, que reproduz a espécie.<br />

O fructo ^em uma pellicula transpa­ O fructo é uma cápsula triangular<br />

rente, amarella, e dentro uma polpa oblonga, contendo muitíssimas semen­<br />

assucarada de muito bom paladar, qne tes em duas ordens, e em três grupos.<br />

envolve um grão redondo.<br />

Só floresce de anno em anno.<br />

Não é muito commum esta frutinha. •Os Hollandezes apreciavam mais as<br />

Grão de gallo. (do Pará. ) Cin-<br />

nossas producções, do que os Portuguezes,<br />

e, durante o tempo em que estichona<br />

caprifolia, Lacer. — Fam das vemosRu­ debaixo do seu domínio, elles<br />

biaceas. — E' outra planta de familia preparavam das folhas d'esta planta<br />

diversa com o mesmo nome de Grão um optimo tecido, que excedia ao<br />

de gallo.<br />

panno de linho.<br />

São três as citadas n'este Diccio­ Das mesmas folhas faziam estôpa,<br />

nario, todos de famílias differentes. e filaças, com que os pescadores te­<br />

Esta do Pará é tônica*<br />

ciam suas redes.<br />

Essa planta tem a propriedade de<br />

Grão de gallo. —Rhamnus igua- arder continua e suavemente, sem se<br />

neus. Will. —Fam. das Rhamnaceas. apagar; — he por isso que os habitantes<br />

E' uma arvore do Brazil, cujos fruetos do interior servem-se d'ella para o<br />

são pequenas bagas adocicadas e cos- fogo.<br />

mestiveis.<br />

O modo de extrahir-se a fibra é<br />

Parece que é esta planta o Joá de muito simples: primeiramente se ma­<br />

Pernambuco e Bahia.<br />

Grau 11 a — V- Brauna.<br />

chucam as folhas, e depois humedecem-se.<br />

Gravata bravo.—Bromelia mu-<br />

Gravata ou Ananaz tle agucilaginea. — Fam. idem. — E' um Gralha<br />

— Bromelia muricata, Arr C. vata — que abunda nas mattas, e recebe<br />

Fam. das Bromeliaceas.—Este Gravata este nome nas Alagoas.<br />

tem o fructo do feitio do do Ananaz E' como o Ananaz na conformação<br />

manso, com differença, porém, de sêr de suas folhas ; mas estas são macu­<br />

eriçado, de aculeos longos, de 1 deciladas de vermelho.<br />

metro de comprimento ; de maneira que Um caule de 4 a G decimetros er­<br />

não se pôde pegar se não com muito gue-se do centro d'esse feixe de fo­<br />

geito.<br />

lhas, formando um funil no cimo do<br />

caule, de folhetas sobrepostas e coria­<br />

Gravata assú ou Caroatá nssú ceas ; compõe-se de escamas vermelhas<br />

ou Pileira. —Agrave vivipara Linn. e amarellas, tendo as camadas mais<br />

— Fam. Idem.—Arbusto herbaceo, ori­ internas diaphanas, e esbranquiçadas.<br />

undo dos paizes quentes dos dois con­ O fructo, que d'ahi resulta, tem metinentes.nos<br />

de 3 centimetros, e contem muitas


GRA GRA S17<br />

sementinhas em três ordens, todas menos succulentas, e tem um gosto<br />

ellas envoltas n'uma substancia muci­ desagradável.<br />

laginosa.<br />

As bracteas, que têm 9 centimetros<br />

Esta planta é parasita, e freqüen­ de comprimento são direitas e dispostem<br />

ente se acha vegetando sobre trontas uma sobre as outras, como telhas,,<br />

cos e arvores.<br />

de modo que cobrem toda a superfície<br />

do fructo.<br />

Gravata da índia. —Ophrys múl- A fibra da planta varia em compriticantis.<br />

— Fam. das Orchidaceas. mento, — É de 3 a 8 pés, conforme a maior<br />

uma herva, que nas Alagoas é assim ou menor fertilidade da terra.<br />

conhecida.<br />

Nos terrenos seccos ella é curta, fina<br />

Seus caules são carnosos, com folhas e branda; nas boas terras, é mais<br />

oblongas e duas bainhas.<br />

comprida, porém mais espessa e muito<br />

Tem um pedunculo, aonde se vê as mais forte.<br />

flo res.<br />

Na pequena industria e manufactura<br />

Estas são amarelladas, e sua estru- que temos, as suas fibras são usadas<br />

ctura se afasta da do ordinário das pelos pescadores, que a preferem para<br />

flores.<br />

as redes, e linhas de pescar por causa<br />

O fructo é de um prisma pentago- da sua tenacidade.<br />

nal com 3 repartições, cheio de se­ O nosso illustrado Dr. Arruda Câmentinhas<br />

pretas mui miúdas ; exhalam mara, mostrou possibilidade de fazer-<br />

cheiro estas flores.<br />

se não só cabos, cordames e mesmo<br />

vellas para os navios, como também<br />

Gravata medicinal. —Bromelia pannos mais finos, se se empregar<br />

medicinalis, Lamk. —Fam. Idem.—Brom. melhores processos para preparar o te­<br />

haratas, Linn. —Outra espécie de anacido<br />

; mas até esta data nada se tem<br />

nazeiro, porém quasi sempre muitíssi­ feito.<br />

mo maior na agglomeração de suas Modo de extrahir-se as fibras. —As<br />

folhas, que se faz em dois feixes reu­ folhas d'esta planta são compostas de<br />

nidos.<br />

2 placas ligneas : uma convexa, e outra<br />

Na sua parte concava ajunta-se em concava, e entre ellas uma quantidade<br />

algumas espécies bastante água, com de fibras longitudinaes, unidas por<br />

que os viandantes saciam a sede mui­ algum principio mucilaginôso, e bastas<br />

vezes.<br />

tante apertadas umas ás outras, para não<br />

Quasi todos dão matérias prima se poder separar só com a mão ; por<br />

para tecidos ; mas esta espécie foi a isso não se consegue este resultado se<br />

que o Dr. Arruda Câmara achou de não pela maceração.<br />

qualidaae inferior.<br />

Arranca-se a planta, e destacam-se ôs<br />

espinhos, o que se faz cortando as bor­<br />

Gravata dc rede ou Caroatá das nas quaes elles existem, as folhas<br />

de rede. —Bromelia lagenaria. Arr. assim preparadas são abandonadas<br />

Cam.—Fam. Idem. —Esta planta se acha n'agua quasi por quinze dias<br />

nas costas de Pernambuco, Parahyba e Percebe-se que a maceração é com-,<br />

Rio Grande do Norte ; não se estende pleta quando a pellicula e a epiderme<br />

pelo interior mais de 10 a 12 léguas ; lignea das folhas são assaz molles para'<br />

chàma-se vulgarmente Crautá ou Crauata se deixarem romper pela unha ; então<br />

de rede ou Crautá dé filetes, porque tiram-se os as folhas d'água uma a uma,<br />

pescadores dos lugares onde elle cresce e ábrem-se ellas pela base, até que as<br />

fazem redes de suas fibras.<br />

fibras appareçam.<br />

Floresce em Julho e Agosto.<br />

É preciso sustentar a casca de cada<br />

O fructo é igual ao dos Ananazes ; lado com uma das mãos, afim de se<br />

é porém um pouco menor, as bagas poderem tirar as fibras d'agua, e, ape-<br />

30


S18 GRO GRO<br />

zar d'esta precaução, ellas arrastam Groselha.— Ribes grossulária,Linn.<br />

comsigo outras substancias que lhes — Fam. das llibesiaceas. — A Grose-<br />

ficam unidas.<br />

lheira é uma planta natural dos dois<br />

Para limpal-as é necessário entran- mundos.<br />

çal-as, e tornal-as a macerar n*agua Em Pernambuco cultiva-se a especio<br />

durante um dia inteiro ; depois se de que vamos fallar, que foi espalhada<br />

põe num banco e batem-se com um do extineto Jardim Botânico de Olinda.<br />

malho ; é preciso repetir a maceração E' um arbusto de 3 a 4 metros de<br />

e contusão, até que as fibras fiquem altura ; casca de côr parda, ramosa.<br />

limpas e claras.<br />

Suas folhas, de côr verde gaio, sao<br />

regularmente dispostas em palmas.<br />

Gravata ou Ahacaehi dc tin­ As flores, nascidas directamente em<br />

gir. — Bilbergia tinctoria. —Fam. toda das a extensão dos ramos em feixes,<br />

Bromeliaceas. —Planta como o Ananaz, são brancas, com listras ou manchas<br />

differindo em ter o fructo coberto de rosadas.<br />

aculeos.<br />

O fructo é tal qual uma pitanga<br />

D'ella se extrahe uma tinta roxa, pró­ branca; tem quasi de 3 a 4 centimepria'<br />

para tincturaria.<br />

tros de diâmetro ; é redonda, achatada,<br />

apresentando gommos; tem a côr de<br />

Gritadeira do campo. —Pali- cera branca: dentro encerra um caroço,<br />

curea strepens, St. EU. Fam. das Ruque<br />

também é anguloso.<br />

biaceas. — Esta é a Eerva de rato de Este fructo encontra-se nas pharma-<br />

Pernambuco, e Minas.<br />

cias, porque a therapeutica o emprega;<br />

preparam com elle xaropes, que ser­<br />

Gritadeira ou Douradinha vem para limonadas, muito agradáveis<br />

do campo. —Palicurearigida, Eumb.<br />

e úteis no tempo de calor.<br />

e Bomp. —Fam. Idem. — Em S. Paulo,<br />

O povo cbama-a Pitanga branca.<br />

Minas, Goyaz e Matto Grosso.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.— Arbustos<br />

Grogojó. — Cucurbita ovoides. —<br />

Fam. das Cucurbitaceas. — E' um ca­ ás vezes espinhosos, tendo folhas albaeinho,<br />

por este nome conhecido nas ternas, sem estipulas.<br />

Alagoas e também em Pernambuco. Flores axillares, solitárias, dispostas<br />

Planta herbacea, volúvel e agreste, em espigas ou em cachos simples.<br />

que estende seus ramos pelo chão. O cálice é gamosepalo, tubuloso in­<br />

Tem as vergonteas ásperas. feriormente, onde adhere ao ovario,<br />

As folhas meio redondas, e todas as tendo o limbo aberto, e como que<br />

partes ásperas, como nas plantas d'este campanuliforme, de cinco divisões di­<br />

gênero quasi sempre se vê.<br />

reitas ou inclinadas.<br />

As flores solitárias, como a floração A corolla é formada de cinco pé­<br />

do Gerimú, e amarellas.<br />

talas, ás vezes pequeníssimas.<br />

Os fruetos são peponides com a forma Estames, do mesmo numero das pé­<br />

e volume de um ovo de Ema; porém talas e alternos com ellas, são inseri­<br />

alguns menores parecem antes um ovo dos no meio do limbo calicinal.<br />

de gallinha.<br />

O ovario é infero, de uma só loja<br />

D'entro são como os outros fruetos contendo grande numero d'ovulos ana-<br />

da mesma familia.<br />

tropos, ligados em diversas series á<br />

dois trophospermas parietaes.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — O Grogojó Os dois estyletes são mais ou menos<br />

gosa de propriedades abstergentes, e reunidos entre si, e Analisam cada<br />

ao mesmo tempo drásticas; no sertão um em um estigma simples.<br />

é empregada contra a hydropisia, com O fructo é uma baga globulosa<br />

bom resultado.<br />

umbilicada, polyspermica, e as se-


GUA GUA S19<br />

mentes se compõem d'um endosperma<br />

carnoso, assás denso, encerrando um<br />

embryãosinho, collocado no interior da<br />

extremidade inferior.<br />

cheia de um sueco aquoso, e de sementinhas.<br />

E' saborosa.<br />

Gruntuchama—Eugenia brasili­<br />

Guabiraba, de Pcrnambueo.<br />

— Campomanesia guabiraba. — Fam. das<br />

ensis, Lamk.— Fam. das Myrtaceas.— Myrtaceas. —O vegetal, que dá este<br />

Fructo silvestre, e Cultivado nas pro­ fructo, adquire proporções arbóreas.<br />

víncias do sul do Império.<br />

A casca é lisa, e com manchas esbran­<br />

E' um dos melhores fruetos agrestes quiçadas e avermelhadas.<br />

do paiz.<br />

As folhas são oppostas ou mesmo<br />

A planta é um arbusto, de ramos dispersas, ellipticas, enrugadas, e aro­<br />

erectos desde a base.<br />

maticas.<br />

A casca é escamosa e parda. As flores brancas, um tanto grandes,<br />

As folhas oppostas e obovaes. e aromaticas.<br />

As flores brancas, como as do Ara- O fructo é uma baga um tanto grande,<br />

çaseiro, com algum aroma.<br />

regulando o tamanho de uma goiaba,<br />

A frueta é redonda, com 3 1/2 cen­ porém achatado, coroado no api.ee do<br />

timetros de tamanho ou menos al­ mesmo modo que n^sta ultima.<br />

guma cousa.<br />

Interiormente a massa é branco-tri-<br />

A casca é lisa e brilhante, de um gueira com as sementes maiores do que<br />

roxo escuro com manchas averme­ as da goiaba e quasi da mesma côr,<br />

lhadas.<br />

O sabor é doce e ácido, na varie­<br />

Tem algum pello, e é curvado de dade roixa.<br />

quatro aspasinhas verdes no ápice. Existe outra variedade de côr ama­<br />

A massa dentro é uma polpa aquosa rella, que é adstringente.<br />

acinzentada, e de muito bom sabor,<br />

levemente acidulo; encerra duas se­ Gsaabàrôba, de Minas Geraes.<br />

mentes escuras.<br />

—Psiãium multiflorum. — Fam. idem.—<br />

Cultiva-se no extineto Jardim Bo­ Arbustinho de folhas oppostas, oblontânico<br />

de Olinda, vinda do Rio de gas, mucronadas, pubescentes, e dé<br />

Janeiro.<br />

peciolos òurtos.<br />

Flores em cachos semelhantes, e com<br />

Guabijú.— V. Guabira-guaçú. a mesma organisação das congêneres,<br />

com pouca differença.<br />

Guabiraba. —Cordia rotundifolia,<br />

Ruiz.— Fam. das Borragineas.— Quasi Guabiroba, de Minas Geraes.<br />

sempre esta planta fôrma arbusto e —Psidium corymbosum, St. EU. —Fam.<br />

subarbusto.<br />

idem. — E' outra espécie de Guabiraba,<br />

Suas flores distilladas são optimas que nas províncias do sul chamam<br />

contra as ophtalmias.<br />

Guabiroba.<br />

Seus fruetos são excellentes.<br />

Esta é proveniente de um arbusto<br />

As folhas, que são aromaticas, ser­ de casca lisa, folhas oblongas, de côr<br />

vem para banhos; o pó do carvão de verde-amareLiada buscando cinzento, è<br />

sua madeira se applica contra beli- pillosas.<br />

des.<br />

Flores em cachos.<br />

Fructo redondo e amarello, quando<br />

Guabiraba do Maranhão.— maduro.<br />

Fam. Idem. — E' uma frutinha de Tem bom cheiro.<br />

menos de 3 centimetros de diâmetro,<br />

coroada pelos restos do cálice.<br />

Floresce em Abril.<br />

E' amarella côr de gemma d'ovo, Guabiroba, do Pará. —Euge-


sso GUA GUA<br />

nia myrobalana, D. C. — Myrtus myroSeus<br />

fruetos são doces; elle é adsbalana,<br />

Mart.—Fam. idem— Esta espétringente.cie, conhecida no Pará e no Alto Amazonas,<br />

é um arbusto de folhas ovaes Guaco. — Mikania guaco, Eumb.—<br />

oppostas.<br />

Fam. das Compostas. —Planta que ha­<br />

As flores são brancas.<br />

bita na Nova Granada e no Brasil.<br />

O fructo oblongo, afinando para am­ Seu caule é trepador e ramoso.<br />

bas as extremidades, coroado pelo cá­ Folhas pecioladas, oppostas, ovaes<br />

lice, e contendo um só caroço. agudas, com pellos ásperos na face superior-<br />

Gualtiroba, do Rio Grande Sabor amargo, cheiro forte e desa­<br />

do Sul. —Myrtus mucronatus, St. EU. gradável.<br />

—Fam. idem.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' sudori-<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — As folhas fico enérgico, peitoral, e antysiphilico;<br />

d'esta são empregadas contra diarrhéas da-se em infusão, que se prepara com<br />

mucosas, o catarrho vesical, e leucor- 8 grammas da planta para 375 gramrheas.<br />

Usa-se exteriormente em loccões. mas d'agua.<br />

fomentações e em clysteres.<br />

Atribuem-lhe propriedades específicos<br />

nas mordeduras de cobras, e no<br />

Guabiraba, do Rio da Prata. rheumatismo.<br />

-Myrtus mucronata, St. EU.—Fam. idem.<br />

— Esta Guabiroba vegeta nas margens Guaiaba. —V Goiaba.<br />

do Rio da Prata e Uruguay.<br />

E' um arbusto ou pequena arvore Guaaibe-ambe. — Psidium aroma-<br />

ramosa, de tronco liso.<br />

ticum, Aubl —Fam. das Myrtaceas, Juss.<br />

Folhas lanceoladas.<br />

— Planta do Pará.<br />

As flores são em cachos, mesmo como E' um arbusto do Pará e do Ama­<br />

as congêneres.<br />

zonas.<br />

0 fructo é do tamanho de um Araçá<br />

grande, de cor amarella.<br />

E' adstringente.<br />

A semente oval, e comprimida. Guaimbé.—Caladiumacerum, Willd.<br />

E' de sabor agradável.<br />

— Fam. das Araceas, Juss. — Esta planta<br />

Floresce em Dezembro e Janeiro.<br />

Guabiroba, de S. Paulo. —<br />

suppomos sêr uma das especi es do<br />

lmbè.<br />

Psidium guasumifolium, Stl EU.—Fam. PROPRIEDADES MÉDICAS.—A raiz se<br />

idem. — Esta arvore é conhecida por dá, na dose de 5 á 20 grãos, nas hy-<br />

este nome em S. Paulo.<br />

dropesias ; externamente usam as folhas<br />

E' de porte mediano, e ramosa.<br />

A casca é fina e lisa.<br />

em banhos nas affecções rheumaticas.<br />

As folhas oblongas.<br />

Guaimbé ou Imbé ou Cipó<br />

As flores são brancas, aromaticas e de Imbé. — Philodendron lmbè. —A rum<br />

solitárias.<br />

arborescens. — Fam. idem. —Esta arvo-<br />

, O fructo globuloso, um pouco pelresinha certamente não é o lmbè de<br />

ludo, e de côr amarella de gemma d'ovo; Pernambuco, e nem o das Alagoas.<br />

contem muitas sementes, e é saboroso. E' um arbusto de 4 a 5 metros, de<br />

Floresce em Novembro.<br />

folhas oppostas, ovaes, luzentes e de<br />

côr escura.<br />

Guabiraguasú. — Eugenia gua-<br />

As flores com os dois sexos divididos.<br />

bijú, Mart. — Fam. Idem. — E' um ar­ O fructo é uma baga um tanto rebusto<br />

semelhante ao Araçazeiro. donda, com um caroço.


GUA GUA SS1<br />

Em lingua tupinica é Tracuans.<br />

E' das regiões amazônicas.<br />

Guajará timbó. — V Anileira<br />

Caachira do Norte.<br />

Guajará timbó.— V Anil.<br />

Guajará. —Vicentia acuminata. Fr.<br />

Ali.— Fam das Combretaceas.<br />

Guajerú. — V. Goajurú.<br />

Guanaitdy — No Maranhão é o<br />

Anani, no Pará Planta.<br />

A cinza do lenho dá uma decoada, (*)<br />

que limpa as ulceras, e é anti-bleunorrhagica.<br />

Guaparaiba. — V- Mangue vermelho,<br />

verdadeiro ou amarello — em tupinico<br />

— de S. Paulo.<br />

Guaparonga. — Marliera tomentosa,<br />

St. EU. — Fam. das Myrtaceas. —<br />

É o fructo dc um arbusto fraco, de<br />

folhas oppostas, ellipticas, aloiradas.<br />

Elle é oval, com a pellicula externa<br />

roxa, escura e de sabor agradável.<br />

Guapéba. — Fam. das Leguminosas.<br />

Guando.—Cajanus flavus, D. C — E' uma arvore conhecida nas Ala­<br />

—Cytisus.— Cajanus, Linn, e Spll.—Fam. goas por este nome.<br />

das Leguminosas.— Assim se chama um E' uma das mais elevadas.<br />

legume cultivado no Brasil, originário Sua casca é muito grossa e esbran­<br />

dos orientaes.<br />

quiçada.<br />

E' um arbusto de pouca elevação, As folhas um tanto pequenas.<br />

quando muito até 1 e %. a 2 metros; As flores brancas, à semelhança de<br />

suas folhas trifolioladas sãode côr verde jarrinhos.<br />

acinzentada, pubescentes e ellipticas. O fructo ainda não observado.<br />

As flores são em cachos, e de côr A madeira d'esta arvore é branca<br />

amarella, parecendo umas pequenas côr de palha; não tem cerne distin­<br />

borboletas.<br />

eto ou differente; dá boas taboas que<br />

O fructo é uma vagem roliça de 3 se prestam para diversas obras.<br />

a 9 centimetros, fazendo algumas saliências<br />

nos pontos onde existem sementes, Guapebeira. — Guapeba laurifolia,<br />

que são de fôrma redonda e cor de Gom. Fam. idem. — Planta do paiz cu­<br />

carne.<br />

jos fruetos tem a fôrma e sabor da<br />

Estas sementes constituem a bèm co­ maçã, e são comestíveis.<br />

nhecida e muito estimada hervilha<br />

Guapeva de S. Paulo. — Eypan.<br />

do commercio e do uso das cosinhas.<br />

(hera guapeoa, Mans. —\Fam dasNhan-<br />

Em Pernambuco não é abundante<br />

ãirobeas. — Esta planta em Minas cha­<br />

este legume, nem se cultiva em grande<br />

mada— Fava de S. Ignacio.<br />

escala a planta.<br />

E' um arbusto trepador, com os ca­<br />

Nas províncias do Sul, especialmente<br />

racteres pouco mais ou menos da An­<br />

no Rio de Janeiro, é que dão valor ao<br />

diroba.<br />

seu merecimento.<br />

No Rio chamam-lhe Guandos, e em PROPRIEDADES MÉDICAS. — Suas se­<br />

Pernambuco Guandus, em outras parmentes são amargas e oleosas.<br />

tes Ervilha de Angolla.<br />

E' de um grande effeito na ictericia,<br />

Diz-se que as flores mais próximas na dose de uma a duas sementes,<br />

dos ramos são úteis contra as mo­ cinco a seis vezes repetidas; sendo<br />

léstias do peito, e também contra as maior a dose, torna-se um purgante<br />

dores de dentes.<br />

drástico.<br />

As folhas em cosimento curam as<br />

(*) Phrase vulgar que significa a solução<br />

chagas; e as pontas dos ramos pisa­<br />

da potassa, e outros principios contidos<br />

das são boas para sustar hemorrhagias.<br />

nas cinzas.


«n o GUA GUA<br />

Guapicobalba. — Cássia brasilitamento presumível dc um dos óvulos,<br />

ensis. — Fam. das Leguminosas. Lamk. e com — três azas longitudinnes e esfri­<br />

Arvore do Brasil, com folhas dispostas adas.<br />

em palmas compostus.<br />

A semente está suspensa por hum<br />

As flores em cachos.<br />

longo podosperma ; o episperma ó mem-<br />

Os fruetos são vagens compridas e branoso; não existe o endosperma, e o<br />

achatadas.<br />

embryão tem os seus cotvledcncs foli-<br />

Ella é synonima de Cássia mollis de aceos, e enrolados em espiral.<br />

"Wild. — Cássia grandis de Linn. A sua madeira c procurada para canos<br />

Tem as mesmas virtudes da Cássia de conduzir água para os engenhos de<br />

ordin.<br />

Guapicóbaiba. — Cássia brasili­<br />

café e assucar, ou para os moinhos ;<br />

é também applicada nas obras internas.<br />

ana.—Cássia mollis. eVahl. Linn. —Fam. Guaraná.—Paidlinia sorbilis, Mart.<br />

idem. — Arvore ou arbusto de folhas — Fam. das Sapindaceas. — O Guarani<br />

alternas, compostas de 10 a 20 pares» é um produeto brasileiro, extrahidode<br />

com foliolos oblongos.<br />

um arbusto do mesmo nome, que ha-^<br />

Ápice semimueronado, na face supe­ bita nas províncias do Pará e Amazonas.<br />

rior pubescente, um tanto molle. Os fruetos que ella produz apresen­<br />

Peciolos longos.<br />

tam-se em cachos, como os da parreira,<br />

Flores em cachos axillares, peque­ e, quando estão maduros, tem uma bella<br />

nos, como as do mesmo gênero. cor vermelha rutilante; as amêndoas<br />

Legume achatado, rugoso,e comprido. são escuras, quasi do tamanho de<br />

Para Linnêo. —Cássia grandis. avelãs.<br />

No seu fabrico seguem os indígenas<br />

Guapironga. — V. Guaporonga. da província do Amazonas o seguinte<br />

processo, que entretanto não tem sido<br />

Guaporonga. — Marliera tomen- averiguado com precisão.<br />

losa. — Fam. das leguminosas. — Planta Colhem os fruetos ainda não bem<br />

de S. Paulo, cujos fruetos são comes­ maduros, e os tratam com água para<br />

tíveis e saborosos.<br />

tirar-lhes a parte earnosa.<br />

Torram as sementes, tritüram-nas<br />

Guapuy ou Guapulty. —Lon- em pilões até reduzil-as a pó; por<br />

gisiliculo. — Fam. das Bignoniaceas. meio — d'agua transformam este pó em<br />

Planta do paiz, empregada em diversas uma massa sufficientemente consistente<br />

moléstias syphiliticas; a raiz cosida para ser moldada, sendo finalmente<br />

n'agua é boa contra as moléstias de esta cosida em fornos próprios.<br />

olhos.<br />

Alguns asseguram, que além d'isso<br />

levam um pouco da substancia do arroz<br />

Guará juba.—Fam. das Combrc- e farinha de mandioca peneirada.<br />

taceas. — Arvore que vegeta nas pro­ Assim preparado, o Guaraná se aprevíncias<br />

do sul do Império.<br />

senta no commercio em massas cylin-<br />

As folhas são simples e alternas. dricas, ellipticos, ou ovaes, muito<br />

Os merithallos são desiguaes: alguns compactas difliceis de se reduzir a pó,<br />

de forma elhptica, outros ovaes ou de côr roixa ou vermelha escura, de<br />

regulares.<br />

cheiro suave e particular, sabor amargo<br />

As flores são pequenas, e dispostas agradável, e mui pouco adstringente;<br />

em racimo; o pedunculo primário é del­ pesa cada pão 8 onças mais ou menos.<br />

gado, anguloso e pubescente ; cada flor<br />

é acompanhada por uma bractea linear. PROPRIEDADES MÉDICAS.—E' um ex-<br />

O fructo é uma samara coriacece, cellente remédio para a cura das ble-<br />

indehiscente, monospermica pelo abornorrhagias recentes e chronicas; em


GUA<br />

GUA SS3<br />

limonadas toma-se para saciar a sede; pies, e, algumas vezes compostas, com<br />

é também muito usada com proveito ou sem estipulas.<br />

nas diarrhéas e dysenterias.<br />

As flores ora solitárias, ora diver­<br />

Internamente 8 grammas do pó para samente agrupadas em espigas, em<br />

375 grammas d'água.<br />

cachos, etc. ; offerecem um cálice ga-<br />

Os índios de Mauhe, das margens mosepalo, plano ou tubuloso inferior­<br />

do Madeira inferior, são os que mais mente, onde elle se une ás vezes com<br />

se applicam á preparação do Guaraná, o ovario, terminado superiormente em<br />

que fazem da semente da planta, for­ trez ou cinco divisões.<br />

mando massa cylindricá ou redonda, A corolla, que falta rarissimas vezes<br />

D'ali é levada ao commercio de muitos é formada de quatro ou cinco pétalas<br />

paizes, e se considera como panacéa ás vezes soldadas pela base.<br />

dos pobres.<br />

Os estames são commumente em nu­<br />

Martius foi o primeiro que em 1826 mero duplo do das pétalas, algumas<br />

estudou chimicamente este remédio ; vezes em numero indefinido.<br />

e achou diflerentes princípios ele­ O pistillo se compõe de duas carpelmentares.las,<br />

em parte soldadas todas, e adhe-<br />

A massa do Guaraná rala-se, e, com rindo mais ou menos intimamente ao<br />

água e assucar, passa por grande re­ tubo calicinal ; rarissimas vezes achafrigerante,<br />

estomacal, antifebril, aphrose três ou cinco carpellas.<br />

disiaca.<br />

O ovario, cercado de um disco peri-<br />

Excita o systema nervoso gastro-ingynico mais ou menos saliente, contém<br />

testinal, impede a evacuação supera- ordinariamente muitos e mui raras vezes<br />

bundante de muco, desperta o movi­ um só óvulo ; estes óvulos estam insemento<br />

do coração e das artérias, e ridos em um trophosperma collocadó<br />

augmenta a diaphorese (transpiração). ao longo do septo.<br />

E', por conseguinte, excellente remédio. . O fructo, que é raramente carnoso,<br />

Serve para combater as affecções é em geral uma cápsula terminada pela<br />

febris, as eólicas flatulentas, as enxa­ parte superior em duas pontas mais<br />

quecas, engurgitamento das viceras ou menos alongadas, abrindos-se muitas<br />

abdominaes, predisposições de conges­ vezes por duas válvulas septiferas.<br />

tão para a cabeça, etc, excita o appe- As sementes offerecem sob o tegutite<br />

carnal, diminuindo as funeções mento próprio um endosperma carno­<br />

espermaticas.<br />

Guaraná uva. — V. Guaraná.<br />

Guaraparé da miúda. — Wcimso<br />

que encerra um embryão axillo, homotropo<br />

algumas vezes um pouco curvo.<br />

Guaraquim. — V. Eerva Moura.<br />

nannia Mrta, Mart. — Fam. dus Saxi-, Guaraquymia. — E' um arbusto<br />

fragaceas. — Arvore media, de ramos do paiz, que é vermifugo, e semelhante<br />

eriçados de pellos hirtos.<br />

ao Myrto.<br />

Folhas oppostas, oblongas, sobre<br />

peciolos alados.<br />

Guararema. — V. Iberarema.<br />

As flores em cachos abundantes. Guarda sereno. — V. Capim<br />

Os fruetos são cápsulas oblongas ou guarda sereno.<br />

globulosas, terminando em pontas aloiradas.<br />

Contem duas sementes. Guardião. — Melothria officinalis.<br />

Fam. das Cucurbitaceas. — Herva volú­<br />

CARACTERS DA FAMÍLIA. — As Saxivel, indígena de Pernambuco.<br />

fragaceas são plantas herbaceas, rara­ Vegeta só nas mattas e ganha as<br />

mente arbustos ou arvores, cujas fo­ maiores alturas, acompanhando as arlhas<br />

são alternas ou oppostas, sim-1 vores mais elevadas.


SS4 GUA GUI<br />

E' de caule pardo claro.<br />

Folhas recortadas.<br />

Flores amarellas, com dois sexos.<br />

O fructo é uma baga allongada e<br />

pequena.<br />

Esta planta, da medicina domestica<br />

em Pernambuco, é empregada em clysteres<br />

em differentes enfermidades.<br />

Guary. —Fam. das Palmeiras. —<br />

E' uma palmeira da America Meridional,<br />

até estes últimos tempos desconhecida. <br />

so é antelmintico na dose do 2 á 4 colhéres.<br />

Guaxuma do mangue- — Hibiscus<br />

pernambucensis. Fam. idem. —<br />

Esta planta cresce em Pernambuco nos<br />

lugares vizinhos ao mar, e principalmente<br />

nas margens dos rios Goianna<br />

e Parahyba.<br />

Guarè. — Guarea trichilioides9 Linn,<br />

Do liber poder-se-hia fazer boa cor­<br />

— Fam. das Meliaceas. — E' uma planta dagem para o uso ordinário.<br />

semelhante ao Gitó.<br />

O sueco leitoso que possue, é eme- Guaxunta. — Guazuma ulmifolia.—<br />

tico, e cathartico poderoso.<br />

Fam. das Bylhneriaceas. — Os fruetos<br />

A infusão da planta é menos enér­ d'este arbusto tem uma substancia mugica.cilaginosa,<br />

doce e agradável, que se<br />

come.<br />

Guela de pato. — V Rabo de<br />

porco.<br />

Guercroba de remo. — Aspidos-<br />

Guarubú ou líoxiitho. — Peipermum muricalum. — Fam. das Apocyto<br />

ginea-guarubú. Fam. dvs Leguminosas. naceas. — E' uma planta do Maranhão.<br />

— Arvore do Brasil; sua madeira de<br />

côr roxa, não se confunde com a de Guiabava. — V Braga da Praia.<br />

nenhuma outra arvore.<br />

E' muito procurado para os raios das Gui tina. —Portlandia hexandra, Jacq.<br />

rodas dos carros.<br />

— Coutarea speciosa, Aublet. — Fam. das<br />

E' excellente madeira de construcção. Rubiaceas. — Arvore que vegeta na Guyanna<br />

e nos Amasonas.<br />

Guaxima. —V- Carrapichimho. — Suas flores são lindas, e bastante<br />

Corresponde ao malvaisco do Sul. aromaticas.<br />

Em lingua tupinica Guaxima.<br />

Seus fruetos são cápsulas.<br />

Guaxima branca. — Eelicteres<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—A casca é<br />

pernambucensis, Arr. C. —Fam. dvs Mal­ de um sabor amargo e desagradável,<br />

vaceas. — E' emoliente, suecedanea da tendo também a propriedade de ser<br />

malva.<br />

um pouco adstringente.<br />

Guaxima branca.—V. Sacarro-<br />

Iha.<br />

Guira.— Slruthanthus cilricola.—<br />

Fam. das Loranlhaceas.— Este vegetal<br />

também é commummente conhecido na<br />

Guaxima do mangue. —Eibis- lingua tupinica por telypote-iba,<br />

cns pernambucensis, Arr C. —Fam. das<br />

vera repoty.<br />

Malvaceas. — Tem as propriedades da<br />

E' uma planta, espécie de encherto<br />

Meira labata das outras Guaximas.<br />

ou herva de passarinhos.<br />

ou<br />

Guaxima da malta. —V. Gua­ Com esta herva contusa e fervida<br />

xima b.anca de Pernambuco. com azeite faz-se um unguento útil<br />

Guaximba preta. — Ficus radile.<br />

contra os tumores provenientes de frio.<br />

Os grelos são amargos como a chi­<br />

— Fam. das Urlicaceas. — O sueco leitocória,<br />

e constituem um bom palmito.


GUR GUT SS5<br />

Guiry ou Coqueiro guribuco dão t este nome a uma arvore,<br />

wy.— V. Guriry.<br />

a que pelo sertão chamam Piriquiteira.<br />

Ella tem a casca parda.<br />

Guiti.— V. Oiti.<br />

As folhas á maneira de ferro de<br />

lança.<br />

Guiti-guaçú—V.oiti-coróia,oiti-coró. As flores, em cachos pequenos, esbranquiçadas<br />

e miudissimas.<br />

Guiti-iba.— oiti-coróia, oiti-coró. Os fruetos pequeninos, globulosos, e<br />

com um carocinho dentro.<br />

Guiti-toroba—Pison.<br />

Guiti-mirim.— V. Oiti da Praia.<br />

O liber d'esta arvore dá bôa matéria<br />

para cordas.<br />

Gutta percha. — Isonandra gutta<br />

Guity.— V. Sabonete.<br />

ou Isonandra percheira. — E' uma arvore<br />

do Amazonas e dos lugares adjacen­<br />

Guitytoroba.— Lucuma rivicoas, tes, que fornece um sueco leitoso, igual­<br />

Pison,— Fam. das Sapotaceas.— Arvore mente 'como o da Maçarandubeira.<br />

mui semelhante ao Sapoti, até mesmo Este sueco solidifica-se com o tempo<br />

nos seus fruetos; estes são gommosos, pela acçâo do ar; serve para o fabrico<br />

saecharinos, empregados nos fluxos de vários instrumentos de cirurgia.<br />

do ventre, e catarrhos pulmonares. Suas applicações nas artes são in-<br />

E' uma espécie de Abio.<br />

numeraveis.<br />

A Gutta-percha não é tão elástica<br />

como a Gomma elástica, mas adquire<br />

Gulandim.— Moronobia coecinea<br />

maior rigidez e resistência do que esta.<br />

Aubl.— Fam. das Guttiferas.— Arvore do<br />

E' uma substancia que se prçsta ao<br />

paiz, elegante,, lactifera, de folhas op­<br />

fabrico de talas para fracturas, pespostas,<br />

oblongas, coriaceas, ovaes e glasarios,<br />

suppositorios, sondas e algabras<br />

e pontudas.<br />

lias.<br />

Flores em cachos nas extremidades<br />

Para dar-lhe a configuração que se<br />

dos ramos.<br />

quer, basta immergil-a em água quente,<br />

Pedunculos vermelhos.<br />

e trabalhal-a com os dedos.<br />

Cálice de cinco sepalas.<br />

Quando torna á temperatura ordiná­<br />

Flores rubras e pequenas.<br />

ria recupera sua consistência primitiva,<br />

Fructo, baga espessa, de uma dois<br />

que é a do couro.<br />

caroços.<br />

Exposta ao fogo inflamma-se como<br />

A madeira d'esta arvore é um tanto<br />

todas ás resinas, e arde desenvolvendo<br />

fraca, porém boa para estivas de es-<br />

uma fumaça muito expessa. Electrisa-se<br />

tribarias.<br />

facilmente.<br />

A frueta come-se: é acre-doce ; mas<br />

O tecido electro-magnetico, empre­<br />

só os animaes lhe dão apreço.<br />

gado contra as dores, não é outra cousa<br />

senão umas lâminas muito delgadas<br />

Gulandim.—Moronobia grandiflora, de Gutta percha.<br />

Chvi.— Fam. Idem.— E' uma arvore<br />

do Amasonas,<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — O Dr. Sim-<br />

Suas folhas são ellipticas e maiores psom servia-se da dissolução d»-Gutta<br />

que \ as da precedente. Notável pela percha em chloroformio para fazer ci-<br />

sua [grande flor em cacho.<br />

catrisar as ulceras, o chloroformio volatilisa-se,<br />

e a Gutta-percha fica con­<br />

Guriaadâba ouPeriquiíeria.— stituindo uma capa resistente sobre a<br />

Traganum scariosus.—\Fam. das Chenopo- ulcera, o que favorece a sua cicatridiaceas.<br />

— Nas Ãlagó~ã"sj ê èm| Pernamsação.<br />

31


SS6 HER HER<br />

Heliotropio. — Eeliotropinm co- Todas as suas congêneres, que são nurymbosum,<br />

Bomp. — Eel. grandiflorum. merosas, são oriundas dos paizes do<br />

Jamme, Don. — Fam. das Borragineas, Trópico.<br />

Linn. — E' uma flor, natural do Peru, A Eerva babosa é dAfrica e d'Ame-<br />

importada, e que se cultiva em nossos rica; ella assemelha-se em estruetura<br />

jardins; é de tamanho regular, de 1 ao Ananaz; porém é menor, tendo us<br />

metro.<br />

folhas quasi triangulares, grossas, cheias<br />

E' ramosa, e um tanto pelluda ; é de de um sueco amarello, de cheiro acti­<br />

uma côr verde desmaiada.<br />

vo e enfadonho, bordadas de espinhos<br />

As folhas são ovaes, e crespas. em serrilha.<br />

As flores, de suave cheiro, apresentam- Emitte do centro uma vergontea, a<br />

se em cachos, nas pontas dos ramos, e qual se cobre na parte superior de<br />

são inseridas em um só lado, enroscan- flores amarellas, como angélicas; dondo-se<br />

na ponta.<br />

de resultam uns fruetos ovoides, cheios<br />

Sua côr é de lirio misturada com o de sementinhas.<br />

branco; ellas são afuniladas.<br />

A raiz fôrma um grande numero de<br />

O fructo é uma pequena baga verde, fibras fortes, e que sahem além da su­<br />

contendo um carocinho.<br />

perfície da terra.<br />

O sueco expresso das folhas, depois<br />

Herva andorinha. — Euphorbia de seccas, fôrma o medicamento cha­<br />

coecorum, Mart.—Euphorb. linearis, mado Retz. Alôes, que se apresenta como<br />

— Fam, das Euphorbiaceas.<br />

uma massa dura, parda escura, quasi<br />

ne*gra, reluzente, frágil, de sabor ex­<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. —Esta herva tremamente amargo desagradável, so­<br />

contundida é applicada com proveito lúvel em água quente, e no alchool.<br />

nas ulceras syphiliticas inveteradas. Este remédio faz parte- do grande<br />

Em Pernambuco o seu cosimento é numero de formulas pharmaceuticas,<br />

também applicado em clysteres; é ntil e que são applicadas com vantagem<br />

nas diarrheas, nas dysenterias, hemor- internamente como purgativas na dose<br />

rhoidas e pleurizes.<br />

de 1 a 3 decigrammas ; dá-se mesmo<br />

em pó ou melhor em pílulas.<br />

Herva Anil.—V. Anil.—Indigofera<br />

tinctoria.<br />

Herva dos Barítonos. — V.<br />

Barba de velho.<br />

Herva de Anil. —Indigofera donniguensis<br />

; Spreng. —Fam. das Legumi­ Herva benta. — Geum urbamm,<br />

nosas. — Em lingua indígena, Caachira; Linn. — Fam. das Rosaceas. — Esta<br />

Esta planta é como o Anil de Per­ planta é natural da Europa.<br />

nambuco, já acima descripto.<br />

Suas folhas, frescas, podem ser usadas<br />

como salada.<br />

Herva do amor. — V Trevo. E' considerada como anti-febril;<br />

Herva babosa.—Aloes humilis.<br />

usa-se em infusão, que se prepara com<br />

2 a 4 grammas para 375 d'água.<br />

Flumb. —Aloes perfoliata. Linn. e Spl.<br />

— Fam. das Liliaceas. — Esta planta Herva do bicho. — Polygonum<br />

pelo seu uso familiar ê bem conhecida. anli-hemorrhoidale, Mart. — Fam. dasPo-


HER HER SS?<br />

lygonaceas.— E' diuretica e temperante,<br />

usada, quer interna quer externamente,<br />

em banhos e clysteres, nas gonorrhéas,<br />

retenções de urinas, e hemorrhoides.<br />

Também empregam-na contra a gotta.<br />

Seu sueco serve para clarificar os<br />

xaropes na fabricação do assucar.<br />

Ha ainda duas espécies, Polygonum<br />

acre, Hunt. Polygonnm stipticum, Cham.,<br />

empregadas nos mesmos casos.<br />

Estas são congêneres da Pimenta<br />

d'agua de Pernambuco. — Polygonum<br />

hydropiper.<br />

Herva do bicho.—Nome dado<br />

em alguns lugares á Eerva moura.<br />

Herva do bicho. — V. Pimenta<br />

d'agua.<br />

Herva do bicho. —No Rio de<br />

Janeiro, S. Paulo, e Minas. — V. Pimenta<br />

d'agua.<br />

Herva de cabra. — Euphorbia<br />

bicolor. — Fam. das Euphorbiaceas. —<br />

Esta espécie é semelhantissima á<br />

Eerva de S- Luzia, apenas com a differença<br />

de que cresce muito mais.<br />

As flores, porém, umas são rubras,<br />

outras brancas.<br />

O fruetinho é semelhante.<br />

Os Alagoanos dão-lhe este nome porque<br />

as cabras gostam muito d'ellas.<br />

Applicam-n v doenças dos olhos dos animaes, mesmo<br />

dos que acarretam alteração ou destruição<br />

dos tecidos d'estes órgãos. Vimos<br />

applicarem-n'0 ás galinhas.<br />

E' esta talvez a principal Eerva de<br />

S. Luzia das províncias do Sul.<br />

Herva dos cachos. —V- Tintureira<br />

vulgar.<br />

Herva dos cachos da índia.<br />

— Phytolacca decandra. Linn.—Fam.<br />

das Chenopodiaceas. —E' uma planta de<br />

raiz espessa e earnosa, què dá nas<br />

cercas; tem um caule ramoso, e cylindrico,<br />

espesso e de côr purpurea,<br />

de 1 a 2 metros de altura.<br />

As folhas são de peciolos curtos,<br />

ováes, e oblongas.<br />

As flores são vermelhas.<br />

Dizem sêr originaria da America Septentrional;<br />

conhecida pelos diversos<br />

nomes de Raisin ães tropiques, Epinard<br />

des Indes. Eerbe á Ia laque, Mor elle en<br />

grappes. etc. * **,„,• -.<br />

As folhas novas são insipidas.; entretanto<br />

comem-n*as na America, como<br />

salada.<br />

Do fructo d'esta planta estrahe-se uma<br />

tinta vermelha; mas que não é firme.<br />

Herva canudo. — V Alfavaca<br />

silvestre.<br />

a para destruir bellidas.<br />

Herva do Capitão. — Eydroco-<br />

Herva de cabra ou S. Luzia. tyle bonariensis. Lamh. —Fam. das Um-<br />

— Euphorbia unicolor. — Fam. Idem. belliferas. —<br />

—Planta rasteira, que vegeta<br />

Hervinha agreste delicada, que em nas proximidades das águas; é origi­<br />

Pernambuco é também conhecida por naria de Buenos-Ayres, mas tambem<br />

Maria Leite, nas Alagoas por Eerva existe no Brasil.<br />

de cabra.<br />

Suas folhas são em fôrma de rim,<br />

E' de 24 a 48 centimetros, de caule arredondadas.<br />

fino, leitoza, colorida de verde e ver­ As flores, em cachos pequenos, são'<br />

melho .<br />

esbranquiçadas.<br />

Folhas oppostas, ellipticas, e lacti- Seus fruetos são pequeninos, formando<br />

feras.<br />

cápsula chata, com duas sementes<br />

Flores em cachinhos, roixeadas, e dentro.<br />

brancas.<br />

Cremos que esta planta é a mesma<br />

O fructo é um caroço roliço, de trez espécie da de Pernambuco.<br />

cocasinhas, como o do pinhão.<br />

A rama e o caule são acres e aro-<br />

Applicam o sueco d'esta planta nas maticos.


SS8 HER<br />

pana (Herva anta); pôde ser útil nas<br />

febres advnaniicas, e substituir a serpentaria.<br />

e, como ella, diuretioa ; em doses grandes<br />

é emetica.<br />

Herva collegio. — Elephantopus<br />

Ella é applicada nas obstrucções do tomentosus, Mart. — Fam. idem. — lista<br />

fígado e outras vísceras abdominaes. planta é empregada como tônico e sudorifico<br />

nos catarrhos pulmonares.<br />

Herva carpinteiro.— V" Mil em O sueco fresco d'esta espécie, e prin­<br />

rama.<br />

cipalmente da variedade chamada Fumo<br />

bravo, é lithontriptico (contra as pe­<br />

Herva chumbo.—Avicennia aldras das urinas).<br />

veolala, Lacer. Fam. das Leguminosas.<br />

— Planta do Pará<br />

Herva da cruz. — V- Eerva lom-<br />

A casca tem um sabor salgado, e é brigueira.<br />

applicada contra as dores de dentes.<br />

Herva do diabo. — V Eerva<br />

collegio.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Quanto ás<br />

suas virtudes e acção sobre a economia,<br />

é semelhante á salsa cultivada,<br />

Herva chumbo. — V Cipó de<br />

chumbo.<br />

Herva doce. — Anisum vulgares,,<br />

Herva cidreira. — Melissa offi­ Linn. — Fam. das Umbelliferas. — A<br />

cinalis, Linn. — Fam. das Labiadas. herva — doce é natural do meio-dia da<br />

E' uma planta acelimada no Brasil, Europa; mas d'esde muito tempo se<br />

de Vt a 1 metro de altura.<br />

cultiva no Brasil.<br />

Caules em moita.<br />

Entre nós porém é escassa, é rara<br />

Folhas oppostas, pecioladas, bastante mesmo de encontrar-se em Pernam­<br />

grandes, ovaes, um tanto cordiformes buco, onde já foi cultivada.<br />

na base, de côr verde clara, acinzen- J|' uma herva delicada, que chega a<br />

tada, e superfície áspera, nas margens. rmetro de altura,<br />

Flores brancas, com cheiro seme­ Seus caules e toda a planta sao<br />

lhante ao do limão, e de sabor aro- aromaticos.<br />

matico.<br />

As folhas estreitinhas.<br />

As flores amarellas, pequeninas, em<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Excitante, cachos á maneira de umbrella, cuja<br />

antispasmodico ; emprega-se nas diges­ fruetinha tem apenas três linhas de<br />

tões laboriosas, affecções nervosas, e extensão, de forma conica, e côr parda.<br />

como emmenagogo. Dá-se em infusão, E' angulosa, terminada na parte su­<br />

e se prepara com 8 grammas da herva perior por um esporãosinho; dentro<br />

para 500 d'agua fervendo,<br />

existem as sementes.<br />

Estas são empregadas nos misteres<br />

Herva das cobras.— Euphorbia de cosinha especialmente em certas<br />

capiata, Lamk. — Fam. das Euphor­ comidas.<br />

biaceas. — Passa por um grande antí­ São usadas também na pharmacia,<br />

doto do veneno das cobras. Na lingua como medicinal; gosa de propriedades<br />

dos indígenas Caa-cica ou Caa-tia. carminativas.<br />

Herva de cobra. — Mihánia opi- Herva doce brava. — Erytroxyfera,<br />

Mart. — Eupatorium crenatum, lon stipulosum. — Fam. das Erytroxileas.<br />

Gom. — Fam. das Compostas. — Esta — Também a chamam Páo herva doce<br />

planta vegeta no Rio de Janeiro, S. brava.<br />

Paulo e Minas.<br />

Por ambos os nomes é conhecida<br />

Ella é diuretica e substitue a Aya- esta planta.<br />

HER


HER HER SS9<br />

E' um arbusto de pouca elevação, Herva de golfa.— Cephalanthus<br />

pouco mais ou menos de 4 metros. strigosus — Fam. das Rubiaceas— Assim<br />

Os ramos, nas pontas, apresentam chamam em Pernambuco a um sub-<br />

como que pequenos nós, cheios de esarbusto de 1 metro para menos de<br />

camas paleaceas.<br />

altura.<br />

As folhas são ovaes, e allongadas; O caule meio nodoso, côr de cas­<br />

as flores amarelladas ou esbranquiçatanha, é escamoso, e quadrangular.<br />

das, com cheiro agradável.<br />

O ápice formado como que de pe­<br />

O fructo é pequeno, oval, com um quenos nós.<br />

carocinho dentro.<br />

As folhas oppostas e estretinhas.<br />

As flores abraçam o caule circular-<br />

Herva dóee mansa. — Erythromente, formando capitulos de distancia<br />

xylon. — Fam. idem. E' um arbusto silem<br />

distancia; são brancas, como anvestre,<br />

conhecido nas Alagoas por este gélicas, e mui pequenas.<br />

nome.<br />

Cada fructo é uma pequena cápsula<br />

Seus caules são de muita flexibilidade. molle; elles. se acham reunidos for­<br />

Suas folhas oppostas, lanceoladas, mando aggregados.<br />

pequenas.<br />

Esta planta é semelhante á Vas­<br />

As flores são brancas e cheirosas; sourinha de botão; sua congênere dif­<br />

dão mesmo pelo tronco.<br />

fere em ser de porte grande.<br />

O fructo é de 3 contimetros de diâ­ Diz-se que tem virtudes, pelas qüaes<br />

metro, redondo, semelhante ao da é applicada contra a gotta.<br />

murta, com um ou dois caroços dentro.<br />

Vegeta muito no littoral.<br />

Herva lombrigueira.— V. Lom-<br />

Come-se, e as vergonteas servem para brigueira.<br />

açoitar cavallos.<br />

Herva ntijona ou espia ca­<br />

Herva dutra.— Mikania martiuminho.— Clitoria urinaria—Fam. das<br />

siana.—Fam. das Melaslomaceas.— Ar­ Leguminosas,—Herva alastrada, de caule<br />

busto do Brasil, muito commum na roixo.<br />

província de S. Paulo, de 3 a 4 Folhas compostas de três foliolos, e<br />

metros de altura.<br />

ellipticas.<br />

Ramos cylindricos, erectos, de côr As flores, em cachos pequenos, são-<br />

parda acinzentada na parte inferior. brancas, com manchas roixas.<br />

Folhas erectas, oppostas, cruzadas, O fructo é um legume, estreito, de<br />

com a face superior de côr verde menos de 24 centimetros; os grãos<br />

clara.<br />

são como os de feijão.<br />

As folhas tem sabor um pouco ads­ Esta planta é muito diuretica.<br />

tringente e adocicado.<br />

Encontra-se freqüentemente nas beiras<br />

das estradas, donde lhe vem o<br />

nome de Espia caminho, pelo qual é<br />

conhecido na Parahyba do Norte.<br />

PROPRIDADES MÉDICAS.— E' empregada<br />

contra as diarrheas chronicas, em clysteres,<br />

que devem ser repetidos por alguns<br />

dias.<br />

Herva feiticeira.— V. Icicariba.<br />

Herva das feridas.— V. Albara<br />

e Imberi.<br />

Herva do fígado.— V- Lingua de<br />

vacca.<br />

Herva minuano. — Oenothera<br />

affinis, St. EU e Mart.—Fam. das GEnothoreas.<br />

— E' planta vulneraria.<br />

Herva moura.—Solanum nigrumr<br />

Linn. — Fam. das Solanaceas. —Esta<br />

planta vegeta no Brasil.<br />

Suas folhas são ovaes, sinuosas ou<br />

denteadas.


SSO HER<br />

As flores são brancas, em umbrella<br />

pequena.<br />

Os fruetos, em fôrma de bagas, á<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Uma cataplasma<br />

feita com as folhas frescas, e<br />

applicada sobre o hypogastro ( baixo<br />

ventre) são de grande utilidade nas<br />

retenções espasmodicas da urina.<br />

Sua decocção usa-se como emolliente<br />

no eezema, em banhos, e internamente.<br />

Os fruetos (bagas) são venenosos.<br />

Herva moura do sertão. — V.<br />

Paratudo do Sertão.<br />

HER<br />

Herva de Nossa Senhora. —<br />

V Capeba ou Cipó de cobra.<br />

principio verdes, depois vermelhas, e em Herva «Io pântano.— Sagittaria<br />

fim quasi negras quando maduras. brasiliensis, Mart. — Sagittaria sagiltafolia,<br />

Well. — Fam. das Alismaceas. —<br />

Planta de raiz subterrânea.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. —Sua raiz<br />

"preparada como cataplasma, e misturada<br />

com outras substancias adstrin­<br />

gente e aromaticas, é empregada contra<br />

as hérnias.<br />

Esta raiz dá uma espécie de fecula<br />

semelhante á de araruta.<br />

Ha mais três espécies.<br />

Herva molle falsa. —Achyran- CARACTERES DA FAMÍLIA. — Plantas<br />

tes pratensis. — Fam das Amaranthaceas. herbaceas annuas ou vivaces, crescendo<br />

Esta herva tem este nome nas Alagoas. principalmente nos lugares humidos,<br />

E* planta que alastra pelo chão, e á margem das lagoas ou do3 regatos.<br />

com caules apresentando nós.<br />

As folhas são pecioladas, invagi-<br />

As folhas oppostas, ovaes, e molles. nantes na base.<br />

As flores em pequenos aggregados As flores, hermaphroditas, raras vezes<br />

nas axillas das folhas, parecendo uns unisexuaes, são dispostas em espigas,<br />

carrapichos ; ellas são formadas por pe­ em paniculas ou em sertula.<br />

quenos tubosinhos paleaceos, brancos. O cálice que falta no único gênero<br />

Resulta d'ellas um fruetinho preto. Lieea, é formado de seis sepalos, de<br />

Serve de pasto dos animaes. prefloração imbricada; as três mais<br />

internas são geralmente coloridas e pe-<br />

Herva molle verdadeira. — taloides-<br />

Cissus mollis.—Fam. das Ampelidaceas. Os estames variam em numero de<br />

— Em Alagoas dão este nome a uma seis a trinta, de inserção hypogynica.<br />

trepadeira.<br />

As carpellas são reunidas, algumas<br />

Herva que também alastra; de caule juntamente em cada flor, e se conser­<br />

sulcado, nodoso, molle, com apêndices vam distinctas, ou se soldam mais ou<br />

para se agarrar as outras.<br />

menos entre si.<br />

Folhas ovaes, lustrosas.<br />

O ovario, que é unilocular, contém<br />

Flores umbelladas, de um amarello um, dois, ou maior numero d'ovulos<br />

esverdinhado.<br />

erectos, pendentes, fixos ao lado in­<br />

Fructo redondo, pequeno, com dois terno, ou espalhados de algum modo<br />

•caroços dentro.<br />

por toda a face interna do ovario<br />

E' procurada pelo gado.<br />

Os fruetos são pequenas cápsulas<br />

geralmente indehiscentes, ou abrindó-<br />

Herva mullar — V Alcamphôr<br />

se por uma sutuia longitudinal e<br />

de S. Paulo ou Alcamphoreira. inferior.<br />

As sementes ascendentes ou voltadas<br />

Herva dos muros.—V Puçá. se compõem de um tegumento próprio,<br />

que cobre immediatamente um grosso<br />

Herva dos namorados. —V I embryão recto ou curvo, em fôrma de<br />

Puçá.<br />

ferradura de cavallo.


HER HER S31<br />

Herva do pai Caetano.— Ver- Herva de rato da amarella e<br />

bena littoralis.—Fam. das Verbenaceas.— verdadeira. — Palicourea sirepens%<br />

E' uma espécie que é empregada em Mart. —Fam. das Rubiaceas. —Arbus­<br />

banhos como excitante, e em cositinho do paiz, de caules verdes, escumento,<br />

internamente, nas affecções caros.tarrhaes. Ramos com folhas oppostas, ovaes,<br />

compridas e duras.<br />

Herva de parida. —Declieuxia Flores em cachos, amarellas côr de<br />

aristotochia, Mart. — Asperula cyanea, gemma d'ovo; todo o cacho é amarello<br />

Well. — Fam. das Rubiaceas. — E' uma bem como o caule e a -flor.<br />

planta de Minas, onde ella recebe este Esta é como um tubo,abrindo em cima<br />

nome.<br />

em lacinias.<br />

Sua raiz é acre, e um pouco amarga; O fructo é uma baga reniforme, de­<br />

emprega-se na suppressão dos lochios. primida, preta, do tamanho de 1 e meio<br />

centímetro, com dois caroços dentro.<br />

Herva de passarinho.— V. En­ Esta é a herva que mata os ratos;<br />

xerto da passarinho.<br />

dizem que só mata os animaes que<br />

nascem de olhos fechados, mas já foi<br />

Herva de Paulo.—Em tupinico feita uma experiência em um porco,<br />

Caa-mirim vem a ser a Congonha vere<br />

ede morreu.<br />

dadeira ou Matte.<br />

As folhas tem a-mesma propriedade<br />

Veja-se os artigos Matte e Congonha. das flores.<br />

Ha uma variedade de flor branca,<br />

Herva pipi ou raiz de Guiné. outra de flor roxa, e outra de flor quasi<br />

— V. Pipi.<br />

vermelha; mas cremos que não encerram<br />

ellas o principio deletério em tão<br />

forte proporção como a amarella.<br />

(Fig. 20.)<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — No Rio de<br />

Janeiro a raiz d'esta planta, pizada e<br />

em fôrma de cataplasma, é applicada<br />

com proveito contra o enfraquecimento<br />

dos membros e contra as paralysias.<br />

Herva de rato de Goyaz. —<br />

Palicurea noxia, Mart. — Fam. Idem,<br />

— Planta semelhante as outras Pali-<br />

Herva pombinha. — Phyllanthus cureas; porém, das quatro espécies que<br />

nirurí, Linn. — Fam. das Euphorbiaceas. são venenosas, sô esta pôde envenenar<br />

— E' uma herva que vegeta na Azia, o homem.<br />

África, e no Brasil.<br />

Ella dá uma tinta vermelha.<br />

Caule, de meio metro no máximo, muito<br />

fino.<br />

Herva de rato de Minas. —<br />

Folhas ovaes, alternas, mui pequenas. Palicurea nicotiancefolia, Cham. etc. Schle.<br />

Flores amarellas esverdinhadas. — Fam. Idem. — Arbustinho que vegeta<br />

Fructo com três lojas, e duas se­ em Minas.<br />

mentes em cada loja.<br />

Tem. as folhas oppostas, ovaes, com­<br />

Raiz fusca por fora, esverdinhada por pridas.<br />

dentro.<br />

As flores em cachos, e as fructinhas<br />

Toda a planta é diuretica.<br />

como a das outras.<br />

Dizem que todas estas espécies de<br />

Herva preiá — Chrysocoma repanda plantas (Palicureas) são diureticas, po­<br />

Vell. —Fam. das Compostas. —São planrém perigosas, em virtude de sua acção<br />

tas quasi sempre trepadeiras. Esta es­ tóxica.<br />

pécie vegeta no Rio de Janeiro, é em­ São consideradas pelos indígenas<br />

pregada em banhos nas erysipelas bran­ como verdadeiros venenos; empregados<br />

cas, e rheumatismo.<br />

na medicina veterinária, em cosimento


S3S HER HER<br />

ou em infusão, contra a retenção de Na sua base o caule é prostrado, mas<br />

urina dos cavallos e mullas.<br />

depois levanta-se<br />

Applicam-se também os fruetos, pi­ E' aromatica e excitante.<br />

sados e incorporados á banha, para<br />

matar ratos. Esta espécie encontra-se Herva de S. «foão da Bahia —<br />

no Rio de Janeiro.<br />

Planta de raiz filiforme, de 1 metro<br />

de comprimento.<br />

Herva de rato de S. Paulo. Folhas cordiformes, verde-escuras<br />

— Palicurea Marcgravii, Stt EU. por — cima, e claras por baixo; cobertas<br />

Fam. Idem. — Arbustinho que nasce de pellos por ambos os lados, e com<br />

em S. Paulo e Rio de Janeiro, e por aroma.<br />

este nome conhecido.<br />

A flor é azul clara.<br />

Seus ramos são meio quadrangulares. E' usada como excitante.<br />

As folhas oppostas, oblongas. Em Pernambuco chama-se Fedegôso.<br />

As flores em cachos, de côr assafroada<br />

e vermelha.<br />

Herva de S. João cm S. Paulo.<br />

— V. Mentrasto.<br />

Herva sangue.— V. Lingua de<br />

vacca.<br />

Herva santa — V. Fumo do matto,<br />

em alguns lugares do Brasil.<br />

Herva de S. João cm minas.<br />

— V. o mesmo acima.<br />

Herva de S. João no Pará.<br />

— V. Fedegôso de Pernambuco.<br />

Herva santa.— V. Ayapana. Herva de S. Luzia.— V. Maria<br />

Leite.<br />

Herva santa.— Bacharis ochnacea,<br />

Mart—Fam. das Compostas.— Planta do Herva de Santa Maria.— Cheno-<br />

Rio grande do Sul.<br />

poãium ambrosioides. Linn.—Fam. dasChe-<br />

E' herbacea, de sabor amargo, e nopodiaceas.— Planta originaria do Mé­<br />

reputada vulneraria.<br />

xico, e que expontaneamente habita<br />

E' empregada nos mesmos casos da no Brasil e Portugal.<br />

Carqueja.<br />

. Vulgarmente chamam-na Eerva formigueira<br />

em Lisboa, e nas ilhas dos<br />

Herva de Santa Anita.— Kuh- Açores.<br />

nia arguta, Eumb. e Bomp — Fam. das Uzam d'ella nas Alagoas e na Bahia,<br />

Compostas.— Planta natural d'America onde chamam Matruz ou Menlruz.<br />

meridional.<br />

No México chamam-na Chá do México.<br />

E' muito empregada nas mordeduras Suas folhas alternas, um tanto com­<br />

de cobras.<br />

pridas, agudas, fortemente denteadas.<br />

Caule de 1 a 2 metros de altura,<br />

Herva de S. Caetano. — V-<br />

da grossura de uma caneta de es­<br />

Melão de S. Caeteno.<br />

crever.<br />

Raiz oblonga, amarellada por fora,<br />

Herva de Santa Helena. — E'<br />

branca por dentro.<br />

uma planta, que se applica em banhos<br />

Flor miúda, esverdinhada.<br />

contra os resfriamentos fconstipaçã o no<br />

Fructo inteiramente envolto pelo cá­<br />

vulgo), como sudorifico.<br />

lice.<br />

Herva de S. João. — Glecoma<br />

Sementes muito pequenas, cobertas<br />

kederacea, Linn. —Fam das Labiadas.<br />

de um episperma amarello escuro.<br />

—Planta européa.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — A planta


HER HER S33<br />

toda- é aromatica, e empregada como<br />

vermifugo. Internamente dá-se em infusão,<br />

que se prepara com 4 a 8 grammas<br />

da planta em 250 d'agua.<br />

Herva de S. Pedro. — Eiptis<br />

melepoefolia.— Fam. das Labiadas. Esta<br />

planta cresce no Pará, e é aromatica.<br />

Herva do Sapo ou Azedinha<br />

do brejo.— Eerva saracura (Rio).—<br />

Begonia ácida.— Fam. das Bcgoniaceas.—<br />

E' uma planta de caule suceulento e<br />

herbaeeo.<br />

As folhas alternas ovaes.<br />

O fructo é uma cápsula triangular,<br />

com três azas, abrindo- se por três<br />

fendas, contendo muitas sementes.<br />

Existem muitas variedades d'esta<br />

herva, conhecida por Âzediuha do Brejo<br />

ou Eerva do Sapo nas províncias do<br />

sul, e que possuem as mesmas propriedades<br />

.<br />

O sueco expresso d'esta herva encerra<br />

ácido oxalico ; ella porisso é<br />

diluente, e costuma-se empregar nos<br />

catarrhos vesicaes.<br />

No uso doméstico serve para tirar<br />

as nodoas de tinta de escrever, das<br />

roupas.<br />

Herva secca.— Parmellía rocella—<br />

Fam. das Lichenaeeas.— E' uma planta<br />

uzada na tinturaria.<br />

Herva sereno. — Conyza lanuginea,.—<br />

Fam, das Compostas.— Esta exquisita<br />

hervinha tem este nome nas<br />

Alagoas.<br />

v<br />

Herva tostão. — Boerhavia hirsuta,<br />

Will.—Boerh. pelluda, Linn,—Fam.<br />

das Nyctagaceas. — Esta herva, que em<br />

Pernambuco chamam Brêdo de porco,<br />

encontra-se pelas -ruas, muros, calçadas<br />

e quintaes; é bem prestimosa.<br />

E' uma herva que parece alastrada<br />

pelo chão, mas levanta seus ramos,<br />

que sobem até 72 centimetros.<br />

Elles são articulados, com folhas<br />

quasi redondas, um tanto suceulentas ;<br />

são oppostas.<br />

As flores, dispostas em pequenos cachos,<br />

são rubras e brancas, á maneira<br />

de campainhas.<br />

Os fruetinhos, (que se parecem com<br />

os da Eerva doce), são pequenas bagas<br />

pyriformes, angulosas, verdes, pegajosas,<br />

do tamanho de 1 centímetro.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Esta herva,<br />

além das virtudes peitoraes que se lhe<br />

attribuem, ha poucos annos reconheceu-se<br />

também ser contra veneno das<br />

serpentes, comendo-se um ou mais<br />

dos tuberculos, que se encontram nas<br />

suas raizes.<br />

E' empregada como diuretica e desobstruente<br />

nas moléstias do figado;<br />

internamente dá-se em cosimento, que<br />

se prepara com 8 grammas para 375<br />

d'água fervendo.<br />

Herva trombeta. (variedade roxa.)<br />

— Datura fastuosa, MUI. — Fam. das<br />

Solanacaas.— Designam em Pernambuco<br />

por este nome uma flor, que é oriunda<br />

do Egypto, e procedente de uma planta<br />

herbacea, esgalhada, de folhas oblongas,<br />

siunosas, manchadas de roxo.<br />

Ella não passa de 24 a 26 centime­ Suas flores são grandes como tromtros<br />

de altura; é de um verde esbranbetas simples ou duplas, e triplas,<br />

quiçado.<br />

mescladas de roxo e branco, com cheiro,<br />

i Seus órgãos são envolvidos por uma para alguns, suave ?<br />

espécie de têa branca, que torna pál­ O fructo é semelhante á um grande<br />

ida a planta.<br />

maxixe, oval, eriçado de aculeos.<br />

As folhas são alternas e espatuladas. Dentro ha uma polpa aquosa,'branca,<br />

As flòrinhas são quasi microscopeas. crivada de sementes reniformes.<br />

Os fruetos como pequenas pevides. Ella é venenosa comendo-se o fructo<br />

E' applicada internamente contra as ou as folhas.<br />

[aphtas das crianças; também usam<br />

pendura-la no pescoço, para o mes­ Herva trombeta branca — Damo<br />

fim.<br />

tura arbórea.<br />

32


S:M IBA 1BI<br />

Herva venenosa. —Echites vene­ E' uma planta epiphyta que se ennosa,<br />

Mart. — Fam. das Apocynaceas. contra — ás vezes nos rochedos.<br />

E' uma herva conhecida no interior São plantas que se compõem de caules<br />

das províncias por tal nome. ou filamentos laciniados, de cores<br />

Ella mata o gado, assim como as muitas vezes brilhantes.<br />

suas congêneres: por exemplo a Cerrera D'ella se prepara a lacca musci, ou<br />

Thevetia, Linn., Thevetia Ahovai lacca Will. mucsica: matéria corante do commercio.<br />

Herva de vidro. — V Lingua<br />

de sapo.<br />

Herva de vintém. —Planta do<br />

Maranhão.<br />

E' de sabor amargo, e applicada como<br />

tônico contra os catarrhos.<br />

Humiri. —Eumirium floribmdum,<br />

Herviuha. — Roccella tinctoria. Mart.—Fam. D.<br />

das Euphorbiaceas. — E'<br />

C. — Fam. das Lichenaceas, — Também uma arvore do paiz, cuja casca é ads­<br />

a chamam hervinha secca. tringente.<br />

lapan, ou Hiapant.—V. Eerva<br />

Santa.<br />

larivá.—Fam. das Palmeiras.— E' Iba puringa. — Fam. das Rham-<br />

uma palmeira de S. Paulo, descoberta neas, Marcg. —Arvore, cujos fruetos<br />

a poucos annos, cujo palmito é re­ contém três amêndoas brancas, comesmédio<br />

para os diabéticos.<br />

tíveis.<br />

Ia ruma.— V. Ambaitinga.<br />

X<br />

lliva-hai. —Grande arvore, ainda<br />

não determinada, que cresce nas margens<br />

do Paraná.<br />

E' uma espécie de Angelim ; tem as<br />

mesmas propriedades.<br />

Ibipitanga. — V. Pitangueira.<br />

Ibabiraba. —Myrtus arborescens, Ibira. —Xylopia frutescens, Aub.—<br />

Briloa trifolia, Marcg. —Fam- das Fam. Myrdas<br />

Anonaceas,— E' um arbusto<br />

taceas.— Arvore do Pará; seu porte é do aspecto dos Araticuns.<br />

semelhante ao dos Araçaseiros. Seus fruetos cheirosos sãoestomacaes,<br />

As folhas e as flores, fervidas com e aperitivos: e, segundo Pison, se appli-<br />

o Camará, constituem um bom revulcam contra as mordeduras de cobras.<br />

sivo applicado em pediluvios.<br />

O fructo come-se.<br />

Ibiraeen. — Liquiritis silvestris. —<br />

Fam. das Solanaceas.—Arbusto, que os<br />

Ibaeurú pari, ou Bacopary. nossos índios empregam nos mesmos<br />

— V Bacori ou Pacory.<br />

casos que o Alcaçus.<br />

Ibaiariba. — Andira rosea, Mart.— Ibira-obi. —E' uma espécie de<br />

Fam. das Leguminosas.— Arvore do Pará \páo ferro, Marcg.


ICO IMB S3í<br />

Ibirapitanga.—Cesalpinia echinata, Nasce em lugares baixos.<br />

Lamk.— Fam. das Leguminosas.—E' E' produzida por um arbusto de pouca<br />

esta arvore o Páo Brasil de Pernam­ elevação, mas que esgalha muito, e<br />

buco.— V. Páo Brasil.<br />

forma touceiras.<br />

Tem a casca escura, e as folhas com­<br />

Ibirarema. — Seguíera americana, pridas e estreitas.<br />

Linn. e Vell. —Seg.floribunda. — Cer- As flores são brancas, de tamanho<br />

donia, llãef. — Fam. das Phytolaceas. regular, — e aromaticas.<br />

E' empregado este arbusto nas moléstias O fructo, de 24 a 30 centimetros, é<br />

rheumaticas, herpeticas (empigensj etc, de fôrma oval, comprido, roliço, pon-<br />

e também nas hydropisias.<br />

tudo, e de côr verde mesmo na ma­<br />

A sua cinza e lixivia serve para a turidade.<br />

purificação do assucar, e para o fabrico O pericarpo é grosso, lenhoso, lus-<br />

do sabão.<br />

troso, e amarello por dentro ; contém<br />

uma massa amarella molle, polposa,<br />

Ibiripitanguassú. —V Ibirapi­ com 4 a 6 caroços, ligados uns aos<br />

tanga .<br />

outros longitudinalmente, e envoltos<br />

na polpa : abre-se em duas conchas.<br />

Ibirubá. —V Pitangueira domatto. As sementes são amarelladas, oblongas<br />

e comprimidas, de mais de 3 cen­<br />

Ibirube. — V Jaracatiá.<br />

timetros.<br />

As folhas do Icó produzem , nos ca­<br />

Ibixuma.—V Mutambo segundo<br />

vallos e mulas, eólicas, retenções de<br />

Pison.<br />

ourina, tympanites, e até inflammações<br />

dos intestinos e dos rins, que accar-<br />

Ieica-heptaphilla. — Aubl.<br />

retam a morte d'esses animaes.<br />

Já se tem empregado, contra o en­<br />

Icica guyanensis. — Idem.<br />

venenamento por estas sementes, o sal<br />

de cozinha com óleo de ricino.<br />

Ieica altíssima. — Idem.<br />

Os tropeiros costumam dar aos animaes<br />

n'estes casos porção grande de<br />

Icicariba. — Icica icicariba, D. C-milho,<br />

para neutralizar a acção do ve­<br />

— Amyris ambrosiaca, Linn. — Fam. Teneno.rébinthaceas — Arvore do Paiz.<br />

Em lingua tupinica Almecegueiro, Ighucami.—Nome de um vege­<br />

Ubirasiquá e Icicariba, e emguarany tal Tey. ainda não classificado, cujo fructo,<br />

No Alto Amazonas também chamam- semelhante ao marmello, é um optimo<br />

na Resina Icica.<br />

Escorre d'esta arvore o Elemi Occi­<br />

remédio contra as dysenterias.<br />

dental, que, entre as resinas do Brasil, Imbamitara. V Imbuseiro (de<br />

leva a palma ás outras.<br />

Vell.)<br />

Icipó. — Tetracera oblongata, Marcg. Imbé.<br />

— Fam. das Dilleniaceas. —E' planta<br />

V Cipó de Imbé.<br />

congênere do Cipó mulatinho de Per­ Imbé ( de amarrar) Arumusun. —Fam<br />

nambuco.<br />

das Araceas. — Esta espécie é semelhante<br />

á seguinte, porém seu caule<br />

Icó ou Incó. — Colicoãenãron Icó. não é leitoso, e o fructo não se come,<br />

— Fam. das Capparidaceas. — Frueta porque não adquire o desenvolvimento<br />

agreste das catingas, conhecida no da segunda.<br />

centro de Pernambuco, Minas Geraes As vergonteas têm o mesmo uso dos<br />

e Bahia, por este nome.<br />

cipós em geral.


S3« IMB 1MB<br />

Imbé dc comer ou frueta de Esta espécie cremos sôr conhecida<br />

Imbé. —Arum edulc. —Fam. idem. no Rio de Janeiro por este nome de<br />

— Planta indígena, que cresce nas Imberi, do qual fez acqnisíçim a Ho-<br />

mattas de Alagoas e de Pernambuco, moeopathia.<br />

semelhante ao lmbè bravo.<br />

Imbiri ou Eerva dos feridos, ou Al­<br />

E' trepadeira, leitosa, e parasita. bara parece-nos ser a mesma planta.<br />

Apresenta seus caules entranhados O parenchyma amylaceo da raiz de<br />

sobre o vegetal onde cresce; elles são todas estas espécies tem partes ethero-<br />

escamosos.<br />

As folhas grandes, tendo mais de 4<br />

anilaceas e resinosas.<br />

centimetros, cordiformes, oblongas, lisas PROPRIEDADES MÉDICAS.—O cosimento<br />

e coriaceas<br />

das raizes, frescas e contundidas, us-i-<br />

As flores nascem nas axillas das das em banhos, augmentam a diurese<br />

folhas, sobre pedunculos mais ou menos e a diaphorese.<br />

longos<br />

Applicam-se contra as dores rheu««<br />

O fructo de 12 a 15 centimetros, co- maticas, e o torpor dos membros.<br />

nico e encerrando uma reunião de grão- Diz-se que o mesmo sueco é útil<br />

zinhos redondos, amarellos, e adhe- contra o mercurialismo, e contra as<br />

rentes entre si, envoltos em uma substancia,<br />

que não deixa que elles se des-<br />

dores de ouvido.<br />

prendão; são todos inseridos em um eixo lmbirussú. — Bombax hexaphyllw%<br />

commum.<br />

Vell. — Fam. das Bombaceas — E' uma<br />

Esse receptaçulo, que forma o eixo arvore do Rio de Janeiro; espécie de<br />

da frueta, é cylindrico, de natureza Barriguda de Pernambuco.<br />

frouxa e de côr branca ; muito boa de<br />

Imbuint. — E' um fructo 'do Rio<br />

comer-se; a calda parece um xarope,<br />

de Janeiro, agreste, proveniente de uma<br />

quando éconcontrada pelo calor.<br />

arvore (Imbuinseiro).<br />

Fazem cestas dos caules.<br />

Este fructo é de 3 centimetros mais<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS . — As raizes<br />

ou menos de diâmetro, redondo.<br />

são drásticas, e aconselhadas contra as<br />

O pericarpo membranoso, fino e roxo,<br />

hydropisias, na dose de 25 centigram­<br />

com polpa cartilaginosa; cremos que<br />

mas a 1 gramma.<br />

com um caroço dentro.<br />

Serve de alimento aos pássaros.<br />

Inibira. — V Pindahiba.<br />

Imbtk. — Ambú, Umbu, Umbu. —<br />

Spondias tuberosa — Fam. das Teré­<br />

Imbiri. — Canna angustifolia, Will. binthaceas. — O Imbú é o fructo do<br />

—Canna glauca, Linn. —Fam das AmomaImbuzeiro,<br />

arvore indígena, e habiceas.<br />

— Esta planta,que se diz originaria tante exclusiva dos sertões ; é co­<br />

dos Estados-Unidos, parece também nhecida em quasi todo o Império.<br />

sel-o do Amazonas.<br />

E' uma arvore propriamente dita.<br />

E uma herva de caule delgado. Suas raizes são tuberosas.<br />

Folhas estreitas.<br />

As folhas dispostas em palmas.<br />

As flores, com duas cores, são ver­ Flores miúdas, em cachos.<br />

melhas em parte, e em parte amarel- O fructo é do tamanho de 12 a 15<br />

ladas.<br />

centimetros, redondo, oblongo, tendo<br />

Esta planta é semelhante ao nosso na base três a quatro aculeos molles ;<br />

Pirithi ou Piriquiti.<br />

é amarellado quando maduro.<br />

Seus fruetos são cápsulas trigonas, Seu pericarpo membranoso ; por den­<br />

ásperas, de protuberancias no pericartro ha uma massa branca esverdipo<br />

; e cheios de sementes redondas, nhada e aquosa ; e um caroço grande<br />

pardas, com a figura de contas de rozario. no centro, com os mesmos aculeos.


IMY 1NG S3*<br />

Çhupa-se esta massa, que faz passar<br />

a frueta por. uma das melhores do<br />

sertão. " .'*"<br />

O sueco do fructo espremido, e misturado<br />

com assucar e leite (imbuzada),<br />

constitue as sobremesas nos sertões<br />

da Bahia e mais províncias.<br />

As batatas, que dão nas raizes, em<br />

tempo de "carestia e fome nos sertões<br />

do Norte, o povo as procura e come ;<br />

ellas sãoi ácidas, assim como a frueta.<br />

Também* se -applica* este sueco nas<br />

febres.<br />

-< Elía serve de alimentação a «certos<br />

animaes, e principalmente aos< reptis.<br />

Imbú.—V Imbuseiro.<br />

Imbú. — Cajá. Spondias. —Fam.<br />

Idem.—E' |um Imbuseiro semelhante<br />

ao outro, mas a frueta é como Cajá<br />

de côr desbotada, e o gosto é differente<br />

Negro Páo de rosa, em Cayenna Lecarihanali,<br />

em lingôa caraiba Craveiro da<br />

terrp.<br />

Inajá-guasú iba.— V. o Coco da<br />

índia.— Este nome nos parece dos indigenas<br />

ou da índia.<br />

Indaiá-assú.—Attalea compta,Mart<br />

— Fam das Palmeiras.— E' uma bella<br />

arvore, a qual fornece uma gomma<br />

(bassorina), e pode eomo tal ser aproveitada<br />

para differentes fins.<br />

lEtdaja ou coqueiro Indajá.—<br />

Attalea compta, enfeitada — Fam. idem.—<br />

E' uma palmeira da America Meridional,<br />

que recebeu dé Eumb e Bomp., o<br />

nome genérico de Attalea, vulgarmente*<br />

— Pindova ou Pindoba.<br />

Independência.—Fam. das Eu­<br />

do do outro Imbú': tem mais travo. phorbiaceas.— E' um arbusto de % a l<br />

metro; cultiva-se em todos os jardins<br />

Imburana. — Bussera leptophlocos. do Império do Brasil.<br />

— Fam. Idem.—E'.uma arvore do Suas folhas são lanceoladas, de côr<br />

Brasil, e mesmo de quasi toda a Ame- verde e amarella, ponetuadas e lusfcrica<br />

Meridional, conhecida por tal nome trosas.<br />

na Bahia, em Minas, etc.<br />

Elias serviram de symbolo na epocha<br />

Fornece, por incisões, um balsamo da nossa independência, e ainda hoje<br />

verde alourado, parecido com a Tere- a sua presença é uma lembrança d'esse<br />

benthina, que preenche os mesmos fins. facto em todas as festas nacionaes ;<br />

Também ha nos sertões de Pernam­ por isto todos a cultivam.<br />

buco, Parahyba, Ceará, etc.<br />

índigo do Brasil. — Solanum<br />

Imburi ou -Coqueiro. — Cocos indigoferum, St. EU. — Fam. das So-<br />

caudensis. — Fam. das Palmeiras. — lanaceas.—V. Os<br />

A nileira.<br />

fruetos são comestíveis.<br />

Ingá das areias. — E' uma es­<br />

Imbuseiro ou Acaya.—Spondias pécie, que vegeta sobre os terrenos<br />

venulosa Arr. Cam.—Spondias myroboarenosos.<br />

lanus, Jacq.—Spondias purpurea, Linn.— A vagem é menor; a côr verde mais<br />

E' uma arvore do Brasil, que vegeta<br />

no Amazonas.<br />

pallida.<br />

Seu fructo é vermelho, conhecido Ingá bravo, ou Cangalha mi­<br />

n'aquella região por Mombin e por mosa.—Fam. das Leguminosai. — Ar­<br />

Ameixa d'Espanha.<br />

vore agreste, Conhecida nas Alagoas e<br />

E' semelhante ao Cajá.<br />

em Pernambuco por este nome.<br />

São freqüentes as arvores d'este gê­<br />

lmyra(|Uiynho ou Kiynja.—<br />

nero nas margens dos rios.<br />

Isto é Páo de Capsico, ou Pimenteira Esta — é uma arvore esgalhada, fazen­<br />

Em lingua tupinica no Pará e no Rio do muitas bifurcações.


S3S ING INC.<br />

Suas folhas oppostas são angulosas. ludado, com pellos macios; por dentro<br />

As flores, reunidas em grande numero branca,com unn caroços semelhantes aos<br />

pelos ramos, são como tubosinhos, dos das outras espécies, cobertos também do<br />

quaes sae um feixe de delgados fila­ uma substancia comestível: cada caroço<br />

mentos, côr de purpura, que parecem está em uma loja.<br />

uma coma ou borla.<br />

A vagem é um tanto curva.<br />

O fructo ê uma vagem, de quasi 24<br />

centimetros de comprimento e 5 de Ingá cangalha. — V Ingá bravo.<br />

largura, chata, liza, esverdinhada; den­<br />

tro existe uma substancia branca e<br />

secca.<br />

As sementes chatas se acham envoltas<br />

n'esta substancia, que não presta<br />

para comer-se.<br />

A razão por que esta planta se chama<br />

Cangalha é porque costumam aproveitar<br />

a sua madeira para fazerem cangalhas,<br />

em razão de offerecer ella os seus ramos<br />

naturalmente em forma de ganchos.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Utilisam-se<br />

as cascas d'essa planta nos cazos que<br />

reclamam uso de tônicos e de astringentes,<br />

para combater as diarrhéas,<br />

gonorrhéas, hemoptises, relachamento<br />

geral nos tecidos, etc.<br />

Seu pó é preconisado como antiseptico.<br />

Usa-se também em xarope, tomado as<br />

colheres, nos mesmos casos.<br />

Ingá cabelludo. — Mimosa. —<br />

Fam. Idem.—E' uma arvore pouco<br />

mais ou menos como a que fica descripta<br />

; chamam assim em Pernambuco<br />

esta espécie.<br />

Também cultivam-a, mas não é muito<br />

commum.<br />

Dá uma baga quadrangular, achatada<br />

e estreita, coberta na superfície<br />

de pellos macios, luzidos e erverdinhados,<br />

de 12 centimetros de comprimento.<br />

Offerece dentro a mesma estructura<br />

da outra espécie"; mas não tem secca<br />

a massa; que é doce e agradável.<br />

Ingá caixão. — Mimosa — Fam.<br />

idem. — Esta espécie é chamada assim<br />

em Pernambuco.<br />

Seu fructo tem 24 centimetros.<br />

E' espesso, de côr verde canna avel-<br />

Ingá cipó. — Mimosa^.— Fam. idem...,<br />

— Esta espécie também recebe e-àte<br />

nome no Pará, e em Pernambuco.<br />

Ella é freqüente nas margens dos<br />

rios.<br />

Seu fructo chega a ter até 36 centime­<br />

tros de comprimento, no Pará ainda<br />

mais, e menos de 3 centimetros de<br />

largura.<br />

Apresenta sulcos e resaltos ao longo<br />

do pericarpo.<br />

Este é de côr verde pallida, membranoso,<br />

porém tenaz, coberto de lanugem.<br />

Contém no seu interior muitos caroços,<br />

envoltos em uma substancia esponjosa,<br />

branca, á semelhança de algodão,<br />

escorregadia, porém humida, doce<br />

e agradável.<br />

Os caroços, quando nús, são erverdinhados.<br />

As folhas d'esta arvore são dispostas<br />

em um peciolo, por pares, com as espansões<br />

aladas.<br />

Ingá cordistipula. — Mimosa<br />

plana. — Fam. idem. — Este é dos terrenos<br />

Amazônicos; tem os fruetos em<br />

fôrma de coração.<br />

Ingá doce. — Ingá dulcís. — Fam.<br />

idem.—Também se chama Ingá opeapiiba*<br />

Ingá fava ou fahoa. — Mimosa<br />

Fam. idem. — Parece geral em todo o<br />

Brasil este Ingá, conhecido em Pernambuco<br />

por este nome.<br />

O comprimento do fructo é de 24<br />

centimetros, e de 5 centímetros a gros­<br />

sura.<br />

Tem a fôrma de vagem chata, de côr<br />

parda, coberta de um pello muito curto,<br />

que cahe.<br />

O pericarpo é grosso, esbranquiçado.


INH INH S39<br />

Dentro é dividido por lojas memhra- • dade, é que esta não tem o sabor e<br />

nosas, transversaes, contendo em fiada i mais propriedades d'aquelle.<br />

divisão um caroço, coberto de massa, E' uma herva trepadeira, de vergon­<br />

como na precedente.<br />

tea fina.<br />

Folhas alternas, lustrosas, e cordi-<br />

Ingá-hi. — Mimosa. — Fam. Idem. — • formes, oblongas, de côr verde e<br />

Esta espécie tem este nome também amarella.<br />

na Bahia, Alagoas e Pernambuco. As flores são mui pequenas.<br />

O fructo é de 5 a 9 centimetros de i Os fruetos insignificantes.<br />

«comprimento, cylindrico, offerecendo > O seu merecimento está na tubera<br />

constricções de distancia em distancia ; que se encontra, pelo que tem recebido<br />

ó achatado irregularmente, de côr ama-<br />

uma cultura mui cuidadosa.<br />

rella^esverdinhada, superfície lisa sem L E' uma batata, que chega ás vezes<br />

brilho.<br />

á mais de 48 centimetros de diâmetro ;<br />

Pericarpo grosso internamente como » é coberta de uma casca delgada, la-<br />

dos precedentes.<br />

minosa, de côr parda clara, crivada<br />

E' agradável o seu saboí*.<br />

de poros na parte inferior, e pelos<br />

seus contornos, lança traigotas delga-<br />

Ingá mimoso.—Ingá tetraphflla. . das.<br />

— Fam. idem.— O fructo é bom, porém Dentro acha-se uma substancia com­<br />

é melhor o do Ingá cabelludo. pacta, humida, macia, de uma textura<br />

pulverulenta, doce, suceulenta e um<br />

Ingá, opeopiiba. —Ingá dulcis, ( tanto resinosa.<br />

Will.—Fam. idem.—O mesmo que os i Come-se cosinhada, e constitue um<br />

precedentes'.<br />

alimento sadio, saboroso, nutriente e<br />

"Seus fruetos são comestíveis. de fácil digestão; d'ella se fazem podins,<br />

bollos, etc.<br />

Ingá de quatro folhas.—Mi­ . Da tubera extrahe-se .uma fecula,<br />

mosa tetraphylla. — E' o Ingá-hi de que Per­ serve de nutrição ao povo.<br />

nambuco e Alagoas.<br />

Nas Alagoas chamam Inhame de S.<br />

Elle é de sabor agradável.<br />

Thomé, Cará.<br />

Tem o peso de 2 a 3 kilogrammos.<br />

Ingá do rio.—Mimosa.—Fam.<br />

idem.—E' conhecido em Pernambuco<br />

(Fig. 21.)<br />

por tal,,<br />

Inh ame b ravo.— Dioscorea —Fam<br />

Seu nome indica sua condição de idem.— E' uma planta trepadeira, co­<br />

existência, por ser própria das bordas nhecida por este nome nas Alagoas;<br />

dos rios, riachos, etc.<br />

tem as folhas redondas.<br />

E' semelhante ao Ingá-hi, e differe por A batata tem a massa branca.<br />

ter vagem menor, e a parte comestí­ Depois que deita vergonteas e folhas,<br />

vel mais desenvolvida.<br />

a tubera torna-se amarga.<br />

Ingá de Suia. — V Ingá do rio. Inhame cigarra. — Dioscorea.<br />

Fam. idem.— Por tal nome nas Alagoas<br />

Inliame, ou Inhame daeosta é conhecida uma planta selvática, de<br />

ou de S. Thomé.—Dioscoreasativa, caule com espinhos, e folhas ovaes.<br />

Linn.—Fam. das Dioscoraceas.—O Inhame A tubera tem a massa branca, e a<br />

é uma tubera natural d África, conhe­ pellicula da mesma côr.<br />

cida no Brasil, mormente em Pernambuco,<br />

por Inhame da costa; na Bahia, Inhame de mandioca.—Dioscorea.<br />

S. Thomé, para distinguir da espécie — Fam. idem. — Trepadeira conhecida<br />

da terra, isto é, natural do paiz; ver- por este nome nas Alagoas.


S40 IPE IPE<br />

Tem as folhas pequenas ; a massa<br />

da tubera é branca, e a casca esbranquiçada.<br />

Também é natural do paiz.<br />

Inhame nambú. — Dioscorea. —<br />

Fam. idem. — Herva conhecida nas<br />

Alagoas por este nome ; e em Pernambuco<br />

simplesmente por Nambú.<br />

E' uma trepadeira, de folhas com três<br />

divisões, cuja tubera é de côr acinzentada,<br />

«roixeada, de casca fina, massa<br />

branca, semi-transparente, doce e mais<br />

alva de todas.<br />

Inhame roixo. — Dioscorea. —<br />

Fam. idem.— E' por tal nome conhecido<br />

nas Alagoas esta tubera, de uma<br />

trepadeira, de folhas trilobadas e resistentes<br />

.<br />

Ella é roixa por fora e por dentro.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— Elle é adstringente<br />

; da-se o cosimento da casca,<br />

que tem muita mucilagem, em gargarejos,<br />

para as ulceras syphiliticas<br />

da garganta ; também applica-se contra<br />

as empigens em fomentação; podese<br />

uzar para estes fins das folhas,<br />

porém são de menos efficacia.<br />

Passa por útil na ophtalmia blennorrhagica<br />

; unta-se o sueco, recentemente<br />

expresso, nas palpebras no caso<br />

de certas affecções.<br />

Ipé branco do Rio Grande<br />

do Sul.— Palagonula vulneraria.—<br />

Fam. das Borragitieas.— As folhas desta<br />

arvore são apreciadas pelos habitantes<br />

das regiões centraes, principalmente<br />

por serem reputadas efficazes contra<br />

os bubôes syphiliticos.<br />

Ipê contra santa, doPlauby.<br />

— Tecoma impetiginosa. — Fam. idem.<br />

— E* do Piauhy esta planta ; contém na<br />

casca também um principio amargo<br />

mucilaginoso, adstringente.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Uza-se o<br />

seu cosimento em banho3 contra as<br />

empingens, inflammações arthriticas,<br />

acompanhadas de debilidadOj leucorrhéa,<br />

e catarrhos da uretra.<br />

Ittliapecanga.— V. Japecanga.<br />

Inimboja,ou Silva da praia.—<br />

Ipé Ipeuva. — Piúva.—Tecoma speciosa.—<br />

P. Bignonia longiflora, Vell. —<br />

A entrecasca d'esta arvore é amarga e<br />

acre.<br />

Guilandina bonduc, Ait.— Fam. das PROPRIEDADES Le­<br />

MÉDICAS. — Em infuguminosas.—<br />

Esta planta é sem duvida são e cosimento, receita-se como diu-<br />

a Carnicula de Pernambuco.— V- Carretico e catarthico, na dose de 4<br />

nicula.<br />

A raiz d'esta planta contem na en­<br />

grammas.<br />

trecasca uma resina amarga, unida ao Ipê ipreto ou Ipê roixo.— Te­<br />

stryphno.<br />

coma curialis,— Fam. das Bignoniaceas.<br />

Em doses grandes produz vômitos; —Arvore de grande elevação, elegante e<br />

o pó da semente é confortativo. vistos a pela ramificação de seus galhos.<br />

A madeira escurece consideravel­<br />

Ipé, — Tecoma Ipé.— Fam. das Bimente com o tempo.<br />

gnoneaceas.— O Ipé no Rio Grande do As folhas são de um verde esbran­<br />

Sul é o nosso Páo d'arco de Pernamquiçado, e a casca é um pouco falhada.<br />

buco.<br />

A madeira dura muito em esteios,<br />

e é muito procurada para construcção<br />

civil e naval.<br />

Ipé tabaco. — Tecoma sp. — Fam<br />

idem. — Arvore das províncias do Su<br />

das mais importantes, assim chamads<br />

pelo pó, côr de rape, que dá, quandt<br />

serrado.<br />

E' de pouca elevação, de grand<<br />

ramagem formando uma copa vistosa<br />

No inverno despe-se completamente<br />

das suas folhas; estas são digitadas<br />

e destituídas de estipulas.


IPE IPE S41<br />

Os foliolos são pouco mais ou menos<br />

em numero de cinco e desiguaes, membranosos,<br />

pela maior parte obovaes;<br />

agudos no ápice, e redondos na base,<br />

onde o diâmetro de cada foliolo é pequeníssimo.<br />

As folhas avelludadas, de um verde<br />

escuro, penni-nervias.<br />

A casca é um pouco falhada.<br />

A madeira escurece consideravelmente<br />

com o tempo, e é empregada com<br />

grande vantagem nas construcções civis<br />

e navaes.<br />

Na dose de 8 grammas para 375<br />

grammas d'agua fervendo, se prepara<br />

sua infusão.<br />

E' vomitiva n'esta dose, e dá-se<br />

nos casos de dysenterias, no sertão<br />

das Alagoas.<br />

Ipecacuanha branca da<br />

praia. — Yiolá littoralis. —Fam. das;<br />

Violaceas — Esta espécie é muito espa-,<br />

lhada nas costas e lugares arenosos" do<br />

Brasil.<br />

E' de menos de 12 centimetros de altura.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—O cosimento Suas folhas são ovaes, e desbotadas.<br />

das cascas é applicado contra as an­ A herva é pillosa.<br />

ginas, dartros, e algumas moléstias dos As flores são brancas, com manchas,<br />

olhos ; o seu sueco applica-se contra a estendendo uma lamina, que se entorta<br />

paralysia das palpebras.<br />

revirando.<br />

O fructo é uma cápsula que contém<br />

Ipecacuanha branca ou do muitas sementes pretas, inseridas nas<br />

campo.— Solea campestres.— Fam. paredes internas do fructo.<br />

idem.— Esta espécie de Ipecacuanha A raiz, da grossura pouco mais ou<br />

acha-se pelo matto, mesmo á borda menos de uma penna de escrever, e<br />

dos caminhos, e em todos os lugares um pouco tortuosa, é mui ligeiramente^<br />

incultos.<br />

estriada ou enrugada, por effeito da<br />

E' uma herva um tanto pelluda, de 24 secca, de côr branca suja no exterior,<br />

centímetros ou pouco mais de altura. offerecendo sobretudo nas extremidades<br />

Folhas lanceoladas e denteadas, al- grande numero de fibras assaz grossas.<br />

ternadamente dispostas.<br />

Foi esta espécie que mencionou Pison<br />

As flores são brancas, e nas axillas<br />

sob o nome de Ipecacuanha branca, e que<br />

das folhas; ellas trazem uma membrana o povo chama Poaia branca.<br />

pendente, que parece uma bandeirola.<br />

A frueta é uma cápsula trigona, PROPRIEDADE MÉDICAS . — A medicina<br />

foliacea, contendo muitas sementes. popular encara esta raiz como o melhor<br />

A raiz, da grossura de uma penna de<br />

remédio que se pôde applicar á dysen-<br />

escrever, ora cylindroide, ora pouco teria; nos ataques epilépticos, nos ca-<br />

irregular, e sinuosa, offerecendo marcas t arrhos da bexiga, e nos casos de dia­<br />

annulares; raizes mais espessas que betes tem-se dito que é vantajosa :<br />

as da Ipecacuanha preta, e annelladas. Em infusão na dose de 8 grammas<br />

Sua côr exterior é parda suja, mas<br />

para 395 grammas d'água fervendo, que<br />

pouco intensa.<br />

se toma três vezes no dia.<br />

O interior é quasi branco, composto<br />

igualmente de um eixo ligneo, Ipecacuanha preta, ou Po-<br />

e de uma parte cortical mui pouco aya.— Cephcelis Ipecacuanha, Rich. —<br />

resinosa.<br />

Fam, das Rubiaceas.— E' um arbusto<br />

Esta raiz' é um pouco enjoativa, que vegeta nas mattas, principalmente<br />

de cheiro quasi nullo; é amylacea. nas províncias de Matto Grosso, Amazonas<br />

e Goyaz.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— E' purga­ Tem 36 centimetros de elevação.<br />

tiva e depurativa, usada sobre tudo Folhas oppostas, ovaes, ou lanceo­<br />

nos casos de menstruacões difnceis. ladas, e verdes.<br />

33


JAB JAB<br />

As flores são brancas.<br />

O fructo ovoide, annegrado.<br />

A raiz fibrosi, flexuosa, offerecendo<br />

depressões circulares muito approximadas.<br />

A planta habita á sombra dos<br />

grandes arvoredos, e nos lugares vizinhos<br />

dos pântanos.<br />

A raiz é de 24 centimetros de comprimento<br />

pouco mais ou menos, retorcida,<br />

tendo a grossura de uma<br />

pequena penna de ganço, simples ou<br />

ramosa, formada de uma serie de pequenos<br />

anneis salientes, separados por<br />

fendas circulares, externamente cinzenta<br />

escura, cheiro fraco, mas desagradável,<br />

sabor amargo e nauseabundo.<br />

E' formada de uma parte cortical,<br />

cuja fractura é esbranquiçada<br />

ou cinzenta, resinosa; e de uma parte<br />

mediana, fibrosa, amarellada. Do Brasil<br />

exportam-se para Europa centenares de<br />

kilogrammas annualmente; e lá se<br />

vende por preços elevados.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— Vomitiva,<br />

tônica e expectorante em pequena dose<br />

é uzado com vantagem nas dysenterias,<br />

febres de mau caracter, garrotilho.<br />

coqueluche, e bronchite.<br />

E' um dos medicamentos mais recomendáveis<br />

da therapeutica brasileira.<br />

Internamente como vomitorio, 1<br />

gramma á 2, em 183 d'agua fervendo.<br />

(para infusão) (Fig. 22.)<br />

J<br />

Ipeuva— V Ipé c Pinta, cinco<br />

folhas.<br />

Ipú-botata de purga ou «Ia-.<br />

lapa.— Piptostcgia Pisonis. — Em S.<br />

Paulo e em Minas ehamam-n'a Purga<br />

de Amaro Leite.<br />

Irucuraua.— V. Coqueiro Iry ou<br />

Ayri.<br />

Itauba do Pará.— Madeira de<br />

construcção naval, cuja venda ou eórto<br />

é prohibida pelo governo.<br />

Arvore do Paiz.<br />

Itú.— V. Páo Ferro.<br />

Ivantingi.— lvatingi ou Açoita ca­<br />

vallos branco,— Luhea divaricala, St.<br />

EU e Mart. e zuce — Fam. das Tcliaceas.—<br />

E' uma arvore de Minas (ícraes<br />

frondosa, de altura mediana.<br />

Folhas ovaes.<br />

Flores em cachos, e brancas.<br />

Fructo em estado rudimentario, oblongo,<br />

ovoide, com muitas lojas.<br />

Floresce em Janeiro.<br />

Iva-umbú, Marcg.— E' um vegetal,<br />

comestível.<br />

Seus fruetos contem uma amêndoa,<br />

á semelhança da amêndoa doce.<br />

Jaborandi bravo.—Piper jabo­ As folhas ovaes, escuras, e oprandi,<br />

Well.—Ottonia. — Piper etectripostas.cum. — Fam. das Piperaceas. — Esta As flores nuas, muito pequenas, e<br />

planta é conhecida nas Alagoas por verdes, são em pequenas espigas, do<br />

tal nome.<br />

comprimento de 3 centimetros, e acham-<br />

E' um arbusto de % a 1 metro, hase reunidas em grande numero, umas de<br />

bitante das mattas.<br />

um sexo e outras de outro.<br />

Seu caule é verde, apresentando nós- Pela vista mal se distinguem as


JAB JAB S43<br />

flores, mas apenas uma superfície<br />

áspera.<br />

O fructo é redondo, e em tudo semelhante<br />

ao de sua congênere, diferindo<br />

pela organisação.<br />

Esta planta possue a propriedade de<br />

produzir tremor na lingua, quando sobre<br />

ella se colloca o caule contuso do<br />

Jaborandi,<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' um dos<br />

maiores aphrodisiacos, e um sudorifico<br />

dos mais enérgicos.<br />

A tintura é estimulante, e emprega-se<br />

em fricções sobre os membros paralysados.<br />

E' poderoso anti-odontalgico.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — A tintura é<br />

estimulante, uzada^ em fricções sobre<br />

as dores rheumaticas, e os membros<br />

paralysados.<br />

Jaborandi, do Pará.— V. Alfavaca<br />

de cobra.<br />

As sementes de Jabotá do bugre —<br />

Fava de S. Ignacio, contém um óleo<br />

amargo, e uma matéria suave e resinosa,<br />

que se reputa como o, mais po-r,<br />

deroso .dos antídotos, e também estomachico.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— Administrase<br />

na dose de 4 a 8 grammas contra as<br />

indigestões e as flatulencias, constipações<br />

do ventre, e espasmos intestinaes.<br />

E' purgativa em dose maior.<br />

A outra planta do mesmo gênero,<br />

Feuilla monospermica, tem os mesmos<br />

uzos.<br />

Jabotá pi tá.— Ochna jabotapitá, Vell<br />

— Fam. das Ochnaceas. — Arvore do<br />

Jaborandi manso.—Ottonia ani- Brasil, cujo porte tem muita analogia<br />

sum, Spl.—Ottonia jaborandi.—Fam idem. com a Cerejeira da Europa.<br />

—E' uma planta^ de folhas alternas, Suas folhas, alternadas, inteiras, e<br />

oblongas, lanceoladas.<br />

ás vezes denteadas, são muito incons­<br />

As flores em espiga, como as da tantes, porque cahem muito.<br />

precedente.<br />

As folhas em cachos, sobre os ramos<br />

O fructo é uma nosinha quadran­ do anno antecedente.<br />

gular.<br />

Os fruetos compõe-se de diversas<br />

Esta planta exhala cheiro de Aniz. carpellas.<br />

Jabotapitá de Minas. — Gomphia<br />

hexasperma, St. EU, — Fam. idem.<br />

— Esta é também parecida com o<br />

Batiputá de Pernambuco.<br />

Emprega-se o cosimento de sua casca<br />

no curativo de picadas de insectos.<br />

Jabotá.—Anisosperma passiflora,<br />

Jaboticaba de campina. —<br />

Myrtus jaboticaba. — Myrt. cauliflora ,<br />

Mans.—Fevillea passiflora, Vell.—Fam. Mart.— Engenia cauliflora, D. C.—Fam.<br />

das Nhanãirobeas ou Cucurbitaceas. das — Myrtaceas. —Esta fruetinha é de<br />

As sementes, d'esta planta, ou castanha uma bella arvore do Brasil que nasce<br />

de Jabotá, dá um óleo graxo amargoso, nos bosques; é muito conhecida no<br />

resinoso, tido como estomachico. Rio de Janeiro, Alagoas, Pernambuco,<br />

A dose é 3 ou 4 sementes.<br />

Bahia e Rio Grande do Norte.<br />

Ha ainda a espécie Feuill. monos- E' um arbusto, ás vezes arvore, de<br />

perma, Vell.<br />

casca côr de castanha e lisa.<br />

Esta espécie parece a Nhandiroba ou Suas folhas são oppostas.<br />

Gendiroba de Pernambuco.<br />

As flores são brancas e cheirosas, e<br />

Esta planta é conhecida no Rio de nascem do tronco e ramos, em feixes.<br />

Janeiro, e em Minas Geraes pel o mesmo O fructo é de 2 a 3 centimetros,<br />

nome ; e não é a Fava de S. Iguacio— redondo, de côr roxa escura, e averme­<br />

Ignatia amara, mas uma espécie perlhada, tendo na parte superior vestítencente<br />

á outra familia de plantas. gios da flor.


S41 JAB JAC<br />

ll>e\i pericarpo é flno, coriaceo ; e A planta é adstringente.<br />

dentro encerra uma massa aquosa,<br />

branca acinsentada, de sabor doce e Jaca.— Arlocarpus integrifolia. Linn<br />

acidulo, mui agradável, com dois caro­ — Silodium cauliflorum, Goertn.— Fam.<br />

ços, de 3 centímetros, alvadios, acha­ das Urticaceas.— Fructo proveniente de<br />

tados.<br />

uma arvore originaria das índias<br />

Este fructo só se come no mesmo Orientaes.<br />

dia, em que se colhe, porque corrom­ Cultiva-se em diversos lugares d.»<br />

pe-se muito facilmente.<br />

globo.<br />

E' uma arvore elevada e copada,<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — A entre­ cujo tronco tem a casca grossa e<br />

casca em cosimento, applicada inter­ fendida; transuda um sueco leitoso,<br />

namente, é bôa para asthma.<br />

viscoso.<br />

Na dose de 8 grammas para 500 gram­ As folhas são ovaes de 12 centimas<br />

d água fervendo, prepara-se a inmetros e mais, grossas, duras de um<br />

fusão.<br />

verde-negro lustroso.<br />

As flores são nascidas directamente<br />

Jaboticaba da matta. —Eugenia do tronco e ramos, e de dois .sexos.<br />

— Fam. idem. —E uma jaboticabeira As masculinas estam em um eixo<br />

arbórea, que tem os fruetos como os commum, á maneira de uma pequena<br />

da campina.<br />

espiga, em fôrma de massa; as fêmeas<br />

Tem dimensões arbóreas.<br />

em outro eixo cobertas de protube-<br />

A casca é lisa, de côr castanha. rancias, que crescem e desenvolvem<br />

As folhas são miúdas, oppostas, ovaes um fructo (a Jaca), tendo de extensão<br />

oblongas.<br />

mais de 48 centimetros, ovoide ou<br />

As flores são brancas, iguaes á supra- redondo.<br />

dita.<br />

Sua suqerficie é composta de sali­<br />

O fructo, o mesmo; desenvolve-se por ências conicas, de côr verde-amarel-<br />

todo tronco até'o cimo da arvore. lada; interiormente compõe-se de um<br />

Seu sabor é semelhante ao da outra. corpo filamentoso, amarellado, viscoso,<br />

molle, que se divide em eonparti-<br />

Jaboticaba pelluda ou cabelmentos, em cada um dos quaes alojaluda.<br />

— Eugenia tomentosa. —Fam. se uma baga de 6 centimetros, de<br />

idem. — Esta outra espécie, rara, nunca natureza gelatinosa, viscosa, e de sa­<br />

apparece no mercado, e passa pela mebor doce e agradável; tendo no<br />

lhor das jaboticabas.<br />

centro um caroço, que é oval, alvacento.<br />

Ella parece ser especialmente natu­ Come-se a massa, assim como o<br />

ral de Pernambuco.<br />

caroço assado ; uzam até d'elle como<br />

E' semelhante a arbórea, porém a feijão ; mas presta-se a outras diversas<br />

frueta é coberta de pallos macios. applicações.<br />

No sabor é a melhor das três espécies. O seu sueco leitoso serve para luz,<br />

e é muito viscoso.<br />

Jaboticabeira. — V. Jaboticaba A madeira emprega-se nas COIH-<br />

de campina.<br />

trucções navaes e eiveis.<br />

Na província das Alagoas, princi­<br />

Jabotimata.— Dellilea grandiflora. palmente na antiga Capital, cidades<br />

— Fam. das Leguminosas.— E' esta das Alagoas, com tal profusão existe<br />

planta do Norte.<br />

esta frueta, que até da-se ao gado, e<br />

compra-se cada uma por dois vinténs.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— Suas folhas Conhece-se entre nós três variedades :<br />

em cosimento são de proveito nas a Jaca dura, a Jaca molle, e a Jaca<br />

queimaduras.<br />

manteiga.


JAC JAC S4 «»<br />

A primeira tem maior acceitação;<br />

a segunda conta também alguns apaixonados;<br />

a terceira rivaliza com a<br />

primeira, porém passa por mais indigesta.<br />

*<br />

Jacapé. — V Sapê.<br />

Jacapucaio.—V. Sapucaia.<br />

um ou dois carocinhos redondos, envoltos<br />

n'essa massa, que dizem ser doce<br />

e de bom paladar ; ella tinge os lábios<br />

de roxo.<br />

Uma excellente propriedade tem-se Jacarandá. —Bignonia ceerulea. —<br />

ultimamente reconhecido n'ella, que Will. — Bignonia , Jacarandá, Linn. —<br />

é combater a tosse, de qualquer na­ Fam. das Bignoneaceas.— E' do Brasil<br />

tureza, e mesmo dissipar uma fluxão e das Antilhas.<br />

para o peito.<br />

Esta é uma das arvores importantes<br />

do paiz; cresce com abundância no<br />

Jaca manteiga. — Artocarpus. — Pará, Alagoas, e Bahia.<br />

Fam idem. — Esta espécie é uma das E' arvore commum e ramosa.<br />

madeiras que servem na construcção Suas folhas são compostas.<br />

naval, e por isso é prohibido pelo go­ As flores, em pequenos grupos, são<br />

verno o seu corte.<br />

como trombetas meio curvadas, roixas,<br />

O fructo tem 12 centimetros e mais O fructo é uma vagem allongada,<br />

de comprimento, contendo sementes fa- comprimida e de consistência lenhosa.<br />

rinaceas, cobertas de polpa doce, melí­ As sementes são estriadas, isto é,<br />

flua, agradável, e de cheiro muito activo. riscadas, ecom expansões (aliadas.)<br />

A madeira d'esta bella arvore é côr<br />

Jacamincaa. — Commelina serra- de castanha no cerne, com veias mais<br />

ta. — Fam. das Commelinaceas. — Planta escuras, ou mais claras, conforme a<br />

herbacea do Paráe do Amazonas. qualidade.<br />

Tem propriedades anthelminticas. E' mui compacta; presta-se bem ao<br />

N'este gênero de plantas ha algumas polimento, e é de muita duração.<br />

que têm o aspecto do ananazeiro. E' uma das principaes madeiras empregadas<br />

nas construcções civis e na-<br />

Jacapé ou capint de cheiro<br />

vaes, e na marcenaria.<br />

ou Caa-piitt cheiroso.— Fam. das As obras antigas de marcenaria e<br />

Cyperaceas. — E' uma planta herbacea, de tornearia dos Templos são todas<br />

de caules pequenos.<br />

d'esta madeira ; ella exhala um cheiro<br />

Folhas em feixes.<br />

agradável.<br />

Flores em capitulos e escamosas, no Ha diversas espécies de Jacarandá,<br />

ápice do caule triangular, com um feixe peculiares á certas províncias, entre<br />

de folhas na base.<br />

ellas acha-se o Machcerium schororislum.<br />

E' mui aromatica. Esta planta é de<br />

Pison e não de Marcgrave.<br />

Jacarandá branco. — V- Jacarandá<br />

campina.<br />

Jacarandá. cabiuna.— V- Balsamo.<br />

Jacaratinga. —Fam. das Myrta­ Jacarandá de campina ou<br />

ceas. — Fructo agreste, conhecido no branco.—Swartzia jacarandá.— Swar-<br />

Maranhão por este nome.<br />

tzia grandifiora. Redd. — Fam. das Le­<br />

E' provenientet de um arbusto de boguminosas. — Arvore pequena do paiz,<br />

nito porte.<br />

que nas Alagoas recebe este nome.<br />

Tem 1 %. centímetro de diâmetro; é Sua casca é alva.<br />

de cor roxa-escura, quasi preta, e re­ As folhas, oppostas e dispostas em<br />

donda.<br />

palmas, são ovaes, ásperas e de côr<br />

Compõe-se de uma massa molle, com j verde.


s n; JAC JAL<br />

As flores em espigas pequenas, bran­ Jacé. — í". Melancia.<br />

cas, tendo um stygma em fôrma de<br />

lamina, rodeado de feixes de filetes Jacintho. — Eyacinthus orientalü.<br />

amarellos.<br />

Linn. — Fam das Liliaceas. — Esta flor,<br />

O fructo é uma vagem, presa por natural do Oriente, é cultivada em<br />

um pedunculo, que a suspende. abundância na Europa, onde ha mais<br />

As sementes são como os grãos de de mil variedades.<br />

feijão.<br />

E' planta de raizes bolbosas.<br />

Chamam-na t.xmbem Rabo decavallo. As folhas nascem ao rez do chão;<br />

íísta planta cremos ser o Jacarandá são mais ou menos allongadas e es­<br />

branco de Redd.: Swartzia grandifiora. treitas.<br />

Suas flores também variam em cores.<br />

Jacarandá Tãa. — Dalbergia. — Esta espécie, de que falíamos, offerecc<br />

Fam. das Leguminosas.<br />

do seu centro uma espiga de flores em<br />

fôrma de campana, de côr azul, e<br />

Jacarandá pardo.— Nissolia.— branca ; são cheirosas.<br />

Fam. idem.— E' uma arvore de folhas O Brasil, que de poucos annos para<br />

em palmas, não em cachos.<br />

cá tem adquirido immensidade de es­<br />

O fructo, vagem em fôrma navicupécies de flores estrangeiras, ha-de sem<br />

lar, com expansões membranosas na duvida ter, nos jardins, de suas gran­<br />

base, á semelhança de azas.<br />

des cidades, esta flor; e é por isso que<br />

Contém poucas sementes.<br />

a indicamos aqui.<br />

Jacarandá paulistano. — Ja­ Jacitara. — V." Titara.<br />

carandá oxyphilla.—Fam. das Bignoniaceas.—<br />

Esta arvore tem suas folhas Jacua-acanga ou Aguaraelu-<br />

muito fortes.<br />

nha-açú.— Tiaridium indicum. —Fam,<br />

Com esta e com outras espécies das Borragineas. — Planta das provín­<br />

fazem-se as mesmas obras, que com o cias limitrophes do Império.<br />

Jacarandá grandi.<br />

Dá-se á maneira de chá o seu co­ PROPRIEDADES MÉDICAS. — Reputa-se<br />

simento ; o extracto dá-se em pílulas, desobstruente.<br />

e com o pó polvilha-se as feridas. E' empregada nas ulceras, e pro­<br />

Jacarearú. — V. Caferana.<br />

veitosa nas affecções inflamm ato rias do<br />

ânus.<br />

Jacaré-uva. — V. Lantim.<br />

Jagoirana ou Jii«(uaratia.—<br />

Acácia—Fam. das Leguminosas.— Tam­<br />

Jacarey-ataua. — Gonania apenbém é chamada Juerana, e conhecida<br />

diculata—Fam. das Rhamnaceas.—E' em Pernambuco por estes nomes.<br />

planta trepadeira, com o aspecto da E' indígena.<br />

Parreira brava, Mata-fome, etc. Arvore de folhas miúdas, distri­<br />

O seu cosimento em banhos é applibuídas em palmas.<br />

cado contra a caspa da cabeça.<br />

Dá um fructo pequeno.<br />

O lenho d'esta arvore é frouxo e<br />

Jaeatupé. —Pachyrrhizos angulata. amarellado.<br />

— Fam. das Leguminosas. — E' uma<br />

planta muito útil, que dá uma batata<br />

deliciosa, a qual poderia servir para<br />

sustento dos animaes.<br />

Emprega-se a fecula que d'ahi se tira<br />


JAL JAM S47<br />

Pellet.— Convolvulus Jalappa, Linn.— Mans. — Fam. Idem.— Os mesmos at-<br />

Fam. das Convolvulaceas.— A Jalappa tributos ê da Batata de purga.<br />

uma planta trepadeira do México.<br />

Tem as folhas cordiformes, e as Jamacarú. — Cereus geometricans,<br />

flores como trombetas cor de rosa. Mart.—Cereus jamacarú, D. C. — Fám.<br />

O fructo é capsular.<br />

das Cactaceas. — Este vegetal é um dos<br />

A raiz é tuberosa, arredondada, mais cardos, sem duvida, um dos mandacarus,<br />

ou menos irregular, branca, earnosa; que vegetam em Pernambuco e espe­<br />

impregnada de um suceo lactescénte cialmente pelos sertões.<br />

e resinoso.<br />

Tem as virtudes da Jumbeba e do<br />

Apparece no commercio em pedaços seguinte:<br />

irregularmente arredondados, ou em<br />

rodellas, cuja superfície é cinzenta-es- Jamacarú ou figueira da<br />

cura; o interior mais branco, com li­ índia. —Cereus triangularis.—Fam.<br />

nhas concentricas escuras ; sua fractura das Cactaceas. — Arbusto do Brasil.<br />

apresenta alguns pontos brilhantes;<br />

e seu pó é amarello acinzentado. PROPRIEDADES MÉDICAS. —Toda planta<br />

é anti-scorbutica, refrigerante, e peitoral.<br />

Exteriormente applica-se, em cataplasmas,<br />

nas ulceras e tumores glandulosos.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— A Jalapa é<br />

um drástico forte, que obra com<br />

promptidão,<br />

E' empregada* nas obstrucções das<br />

vísceras abdominaes, contra vermes de<br />

toda qualidade, hydropisias, affecções<br />

cerebraes etc.<br />

A dose em pó é de 1 á4 grammas<br />

para os adultos.<br />

E' quasi sempre preferível empregar<br />

a resina, que se dá em dose de 5 a<br />

9 decigrammas.<br />

Jamaracaú.— E' uma espécie de<br />

Mandacaru, cuja frueta é comestível, e<br />

suppõe-se ser dos Jamacarús.<br />

Jalapa, de Matto Grosso.—<br />

Jantbo da índia. — Eugenia malaccensis,<br />

Linn. e Well.—Fam. das Myrtaceas.—<br />

Este fructo originário de Malaca,<br />

na Ásia, é proveniente de uma<br />

arvore que se cultiva no Brasil, e ha­<br />

Convolvulus puniceus, Mans.—Fam. idem. via no extineto jardim botânico de<br />

— Em Matto Grosso existem outras Olinda.<br />

espécies, como Convolv. polyrrhizus. Esta • arvore tem as folhas oppostas,<br />

Convolv. giganteus, e com as mesmas lizas e lanceoladas.<br />

propriedades da Batata de purga. As flores são brancas, um<br />

grandes.<br />

tanto<br />

Jalappa de S. Paulo.— Piptos- O fructo dá em cachos mais ou metegia<br />

Pisonis, Mart.— Fam. idem.— Venos grandes ; é de 3 centimetros e %<br />

geta está planta em S. Paulo. de diâmetro, redondo com uma cham-<br />

Ella mais ou menos deve ser como fradura no ápice, cercada de quatro<br />

a Jalappa do México. Suas virtudes folhetinhas do mesmo fructo.<br />

médicas ;são as mesmas das da Batata de A sua parte externa é uma delica­<br />

purga, devendo ser applicada nas díssima e lustrosa pellicula, uniaa a<br />

mesmas doses.<br />

uma massa aquosa, frouxa, de % ou 1<br />

Ha ainda a espécie seguinte : Con­ centímetro de espessura, de côr branvolvulus<br />

paulistanus, Mans. ca, quasi<br />

esmalte.<br />

transparente, que parece<br />

Jalapão.— V Tiú.<br />

No centro acha-se um<br />

roços redondos e pardos.<br />

ou dois ca­<br />

Jalapinha. — Convolvulus pendulus, O fructo é insipido, ácido e sem


SIS JAN JAP<br />

quasi principio doce algum, todavia E' indígena, elevada, por tal nome<br />

tem seus apaixonados.<br />

conhecida n'essas províncias.<br />

Ella tem mais de formosa que de Seu tronco sobe a grande altura<br />

boa ao paladar<br />

sem ramificar-se senão no topo.<br />

Também chamam-na Jambo branco. A casca é escura.<br />

As folhas são grandes, fazendo copa<br />

Jambo da terra.—Eugeniajam- no cimo, e ásperas.<br />

bosa, Linn. — Fam. Idem.—O jambo é As flores, amarellas, grandes o com<br />

uma frueta mui aromatica, tanto oriunda pellos.<br />

da índia como do Brasil.<br />

Os fruetos são globulosos, tem o ta­<br />

E' proveniente de uma arvore de manho d'uma pequena laranja, cheia<br />

tronco lizo.<br />

de espinhos; são de côr parda, por<br />

Folhas oppostas, lanceoladas agudas, dentro repartido em eompartimentos,<br />

escuras, parecendo-se bem com as de nos quaes contém as sementes, que<br />

sua congênere.<br />

são pequenas e pardas.<br />

As flores em cachos são brancas como A madeira d'esta arvore é de uma<br />

as da precedente.<br />

textura tão frouxa, que sustenta-se<br />

O fructo porém é redondo e oval, sobre as águas, comportando grande<br />

coroado por quatro palhetas esverdi­ peso sobre si.<br />

nhadas.<br />

Por esta razão, faz-se com (dia a<br />

Elle é amarello na maturidade e mui singular embarcação, de que os pesca­<br />

cheiroso, contendo dentro um caroço, dores se servem em Pernambuco para<br />

raramente dois, que desprende-se dos pescarias; e que se chama jangada<br />

tecidos, e chocalhaagitando-se o fructo. com a qual elles transpõem o oceano,<br />

As folhas do Jambeiro tem proprie­ á distancias bem longínquas.<br />

dades venenosas ; porém seu antídoto Fazem outras maiores, que servem<br />

está na raiz da mesma, segundo se diz. de paquetes.<br />

Comtudo, fazem d'estas folhas um Estas tem uma casinhola no seu las­<br />

xarope, levemente laxativo.<br />

tro, que acommoda famílias; navegando<br />

beira mar na costa, vão de Pernam­<br />

Jambo vermelho.—Eugenia.— buco até á Bahia, e até o Ceará.<br />

Fam. idem. — Arvore mediana ou ar­ As canoas, a que chamam barcaça,<br />

busto, natural da índia; semelhante ao e que navegam pela costa de Pernam­<br />

jambeiro vulgar no tronco.<br />

buco e das províncias adjacentes do<br />

Entretanto, suas folhas são menos Sul e Norte, tem dois páos d'esta ar­<br />

lustrosas, e mais largas.<br />

vore, para formarem equilíbrio; cha­<br />

As flores são mui parecidas. mam-os embonos.<br />

O fructo dá pelos galhos, tronco, e Ainda da casca d'esta arvore tiram-<br />

axillas das folhas, em cachos. se excellentes cordas, que fazem um<br />

Elle tem a mesma estruetura do ramo de commercio.<br />

Jambo branco; é de côr de rosa bo­ Ha uma espécie de jangadeira, chanita,<br />

mas, quanto ao sabor, é insipido. mada Grujaú, que é a primeira madeira<br />

e a mais estimavel para o mesmo fim.<br />

Janapticá. — V. Puçá.<br />

Janiparandiba. —V. Janiparan-<br />

Jandiparana.— V. Janiparandiba. duba.<br />

Jangadeira ou embira<br />

Japarandúba.—Janiparandiba, ja»<br />

branca.—Apeiba cimbalanea, Ar. Cam. poarandiba e jandiparana.—São as mes­<br />

— Fam. das Tiliaceas. — Arvore que vemas<br />

plantas.<br />

geta nas mattas das províncias do<br />

Norte do Império.<br />

Japarandúba.— Guslavia brasili-


JAP JAR S49<br />

ensis, D. C. —Fam. das Myrtaceas. mas — completamente vasio no interior,<br />

Arbusto silvestre, conhecido quasi em de modo que este medithulio deve<br />

todo o Brasil por este nome. formar umi verdadeiro tubo de uma<br />

Apresenta-se em fôrma de touceira. extremidade á outra da raiz.<br />

Seus ramos mui flexives^ de casca Esta toda apresenta um sabor um<br />

escura.<br />

pouco salgado e muçilaginoso, e um<br />

Folhas alternas, grandes , obovaes, tanto amargo depois.<br />

oblongas, semelhantes ás do Jenipapeiro.<br />

Flores, em grupos de 3 a 4, são PROPRIEDADES MÉDICAS. —E' empre­<br />

grandes, maiores do que uma rosa gada nas moléstias syphiliticas, cutâ­<br />

ámelia, mas com uma só ordem de neas, rheumaticas, e gotosas.<br />

pétalas.<br />

Na dose de 30 a 60 grammas para<br />

Estas são de côr de carne, com li­ 1000 d'água prepara-se o cosimento, que<br />

geiras manchas rosadas, cheias de fi­ se toma três vezes ao dia.<br />

letes no meio, tendo máo cheiro. (*)<br />

O fructo é uma cápsula semi-lenhosa, Japoarandiba.—V. Janiporandiba.<br />

obconica, tendo interiormente algumas<br />

sementes (não pequenas), collocadas Jaqueira. —V Jaca.<br />

horisontalmente.<br />

Estas sementes matam os cães. Jaracatiá ou Mamão do<br />

A folhagem, mergulhada nos tanques matto.— Carica spinosa, Will.—Carica<br />

e rios, desenvolvem um cheiro insup- dodecaphylla, Vell.— Fam. das Papayaportavel.ceas.<br />

— Esta arvore também recebe o<br />

A madeira é mui flexível, por isso nome de Mamola.<br />

fazem cestos, arcos e outros utensílios. E' natural do paiz, e só vegeta nas<br />

mattas.<br />

Japecanga. —Smilax japecanga. E' alta, apresenta o tronco cheio de<br />

—Fam. das Asparagaceas.— Esta planta espinhos, reeto, ramificando-se supe­<br />

é conhecida por este nome em Pernamriormente, estendendo os ramos hobuco,<br />

Alagoas, Rio, etc.<br />

risontalmente, com sua folhagem miúda<br />

Em algumas províncias é conhecida e lactifera.<br />

por Salsaparrilha.<br />

Tem a apparencia do Mamoeiro, e<br />

E' uma trepadeira, que vegeta nas sua fruetificação é semelhante ; isto<br />

margens dos rios e em lugares frescos. é, tem aggrupados os fruetos no cimo<br />

As raizes se compõem de um ou de<br />

da arvore, e pendentes.<br />

vários tuberculos arredondados, assás A Mamota é da mesma fôrma do<br />

volumosos, brancos no interior, com Mamão, sendo menor e mais esguia ;<br />

vestígios de um principio corante ver­ no mais é igual, e internamente tem<br />

melho na epiderme.<br />

também a mesma structura; é muito<br />

O caule é perfeitamente cylindrico, leitosa.<br />

da grossura dé uma penna, offerecendo A massa é semelhante, e também<br />

em sua superfície alguns


S5Ü JAR JAS<br />

O fructo come-se crú, assado, ou cosinhado<br />

; é comparado ao Melão.<br />

Cura as feridas e ulceras usado em<br />

fôrma de cataplasma.<br />

O sueco leitoso concreto, que corre<br />

naturalmente das incisões feitas na<br />

Mamota, nós conservamos sob a fôrma<br />

de pílulas, e d'este modo temos conseguido<br />

ter sempre á mão, para uso<br />

dos doentes, o leite de Jaracatiá<br />

Modo de uzar. — Dá-se pela manhã<br />

cedo. em jejum, 4 a 6 pílulas aos<br />

adultos, para os menores bastam 3<br />

pílulas; e immediatamente por cima<br />

uma chicara de chá da índia.<br />

Três dias depois repete-se outra dose,<br />

até conseguir o resultado desejado.<br />

As flores são como us do Arum,<br />

contidas em um estojo, e com a mesma<br />

estruetura; mas são muito maiores,<br />

de um roixo purpureo interiormente,<br />

e verdes por fora; exhalando nuío<br />

cheiro.<br />

O fructo é uma baga encarnada.<br />

A raiz é tuberosa.<br />

Esta espécie, e a subsequente, parecem<br />

ser a mesma planta.<br />

Jararaca. — Dracontium poliphyl.<br />

lum.— Fam. idem.— E' um vegetal do<br />

Pará.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— Suas raizes<br />

são amylaceas; contundidas, e applicadas<br />

sobre as ulceras, as modificam.<br />

Jaracatiá.—Dá-se também o nome Empregada internamente, é útil con­<br />

de Jaracatiá a uma espécie de Cacto, tra a asthma, chlorose, amenorrhea, e<br />

cujos fruetos, segundo Pison, são co­ mordeduras de cobras.<br />

mestíveis, e mui empregados nas febres<br />

intermittentes.<br />

Jarbão ou Urge vão. — Aguaraponda<br />

— Gerebão, gervão.— V. Orgevão —<br />

Jaraiuva ou coqueiro Jaraiuva.—<br />

Leopoldina pulchra.— Fam. Jareré ou Alanduplíit.— R'<br />

das Palmeiras. — E' uma elegante paluma<br />

planta, cuja semente 6 oleosa, e<br />

meira do Brasil.<br />

farinacea, com virtudes medicinaes.<br />

Jaramataia. — Fam. das Legumi­ Jaroba.— Tancecium jaroba, Sivartz.<br />

nosas. — E' uma arvore que tem este e Marcg.— Fam. das Solanaceas.—<br />

nome no Rio Grande.<br />

Planta das regiões Amazônicas, tre­<br />

Vegeta pelas margens dos rios padeira, em forma de touceira.<br />

Dá um fructo redondo, com um ca­ Seus fruetos são bagas cascudas,<br />

roço no centro.<br />

com polpa dentro, e varias sementes.<br />

Os animaes inferiores o comem. O fructo é emolliente e peitoral.<br />

J a r a r á c a.— Arum dracunculum, Jarrinho. — V. Angélico.<br />

Linn,e, Will.— Fam. das Araceas.—Esta<br />

planta é natural da Europa, mas cul­ Jarro manchado.— V. Jararaca.<br />

tiva-se no Brasil, onde tem recebido<br />

este nome.<br />

Jasmim amarello. — Jasminum<br />

Julgam muitos mesmo ser ella in­ fruticans, Linn.—Fam. das Jasminaceas.<br />

dígena do paiz.<br />

— Este jasmim, a que dão este nome<br />

Ella tem na Europa o nome vulgar em Pernambuco, é natural da Itália.<br />

de Serpentaria.<br />

E' de uma planta semelhante ao do<br />

E' quasi rasteira, isto é, sem caule; Jasmim da Índia, mas as folhas são<br />

fôrma um bolbo sobre a terra, das trifolioladas, e não quinquefolioladas,<br />

bainhas das folhas, que se abraçam. como as do outro.<br />

Das folhas, que tem 50 e mais A flor, em seu contorno, é igual, po­<br />

centimetros de comprimento, pendem rém é muito menor, e é de côr ama-<br />

dois lobos grandes na parte inferior. rella-viva, e de quasi nenhum cheiro.


JAS JAS SS1<br />

O friicto é uma baga redonda, roixa, Folhas oppostasj/ovaes, lanceoladas<br />

com um caroço dentro, mas que nunca e lustrosas.<br />

se vê.<br />

As flores são" brancas, com. o tecido<br />

Cultivam este jasmim nos jardins. quasi transparente.<br />

O Jasmim da Itália é que ha de servir As bordas das pétalas dobram-se<br />

de typo ao gênero.<br />

umas sobre as outras.<br />

Exhalam um excellente cheiro.<br />

Jasmim anão.—Amsonia lati folia, Toda a planta contém um sueco<br />

Mich.—Fam. das Apocyneas.—E' oriunda leitoso.<br />

da America esta flor, e provém de um E' uma planta de jardim muito es­<br />

pequeno arbusto, de 1 metro e pouco timada e rara.<br />

mais de altura.<br />

As folhas, oppostas, ovaes, e meio Jasmim cambraia. — Nerium<br />

crespas.<br />

ochroleucum, Eorteil. — Fam. das Apocy­<br />

As flores em cachos, pequenas, como neas. — Recebe este nome em Pernam­<br />

jasmins propriamente ditos ; são branbuco, e é oriundo da índia.<br />

cas, de um tecido espesso, e um annel E' um arbustinho pouco esgalhado,<br />

amarello na face do tubo.<br />

com as folhas compridas, lusidas e<br />

pequenas.<br />

Jasmim bogari.— Jasminum vo- A flor, em pequenos pedunculos, como<br />

lubile.—Fam. das Jasmineas.—Este fios oblongos, amarellados.<br />

jasmim, natural do Cabo da Boa Espe­ Um grupo de pétalas brancas, subrança,<br />

recebe este nome em Pernamtransparente, circula a face do tubo,<br />

buco.<br />

e um annel amarello.<br />

E' resultado de um subarbustinho, que Tem cheiro suave.<br />

trepa sobre outros corpos.<br />

Seus ramos e folhas são oppostos; Jasmim dc Cayenna. — (*) Melia<br />

estas são ovaes, onduladas, e lustrosas. azedarach, Linn, — Fam. das Meliaceas.<br />

As flores são brancas, como jasmins — Esta planta, a que em Pernambuco<br />

communs, mas de um tecido suceulento; dão este nome, no Rio Grande do Sul<br />

e cheiro parecendo-se com o da flor chamam Cinamomo.<br />

Bogari.<br />

E' natural da Índia e da Cicilia,<br />

E' ornamento de jardim.<br />

conhecida na Europa por Jasmim azul.<br />

Ella no seu paiz natal é grande ar­<br />

Jasmim branco.—Fam. Idem.— vore ; mas entre nós é uma arvore pe­<br />

Em Pernambuco dão este nome a um quena, ou um arbusto.<br />

jasmim branco, produzido por uma Suas folhas são encrenadas.<br />

planta.<br />

As flores em cachos grandes, fazendo<br />

As folhas oppostas, ovaes, e molles, pyramide.<br />

de cheiro agradável, não tem as zonas São formadas por um tubo purpureo,<br />

rosadas como o Jasmim commum. e a lamina em cima dividida em cinco<br />

O seu tecido não é tão carnoso como lobos revirados, com cheiro um tanto<br />

o d'aquelle.<br />

activo, mas um pouco fastidioso.<br />

E' ornato de jardim.<br />

O fructo, que parece uma azeitona,<br />

é também rôixo escuro, e tem uma<br />

Jasmim do Cabo.—Gardênia semente dentro.<br />

florida, Linn.—Fam. das Rubiaceas.— Não se come.<br />

A flor que chamam Jasmim do Cabo Acredita-se que suas folhas, fruetos<br />

em Pernambuco, e mesmo na Europa, e flores são venenosas.<br />

é oriunda d'essa parte do globo.<br />

(*) Na Bahia é est? o nome do Jasmin<br />

E' um subarbustinho ramoso, de 1 a<br />

manga; e a Metia qzedarack chama-se<br />

2 metros de altura.<br />

Jasmin ãe soldado.


• •*••» JA><br />

Alguns auctores contestam essa idéa; Suas folhas, em palmas, de cinco a<br />

mas sem bastante prova para garantira sete foliolos, são brancas, dispostas cm<br />

innocuidade da planta.<br />

pequenos grupos.<br />

Formam um tubo, (pie na parte su­<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' empreperior abre em cinco lâminas, como<br />

gada, externamente, para apressar o estrellas brancas," e com uma capa ro­<br />

amadurecimento dos bubões. Internasada de um lado, e um tubo verde<br />

mente, é estimulante, aperiente, e an- na sua base.<br />

thelmintica; em dose alta é abortiva. O fructo quasi nunca se desenvolve.<br />

Todos sabem que os Jasmins servem<br />

Jasmim de cerca ou do<br />

para aromatizar banhos, formar ra-<br />

matto. — Jasminum fluminense, Vell. malhetes e preparar cheiros (essências),<br />

— Fam. das Jasmineas — Arbusto tre­ para uso de toucador.<br />

pador, que cresce em touceiras, e que Sua água distillada é applicada aos<br />

faz grande entrelaçamento sobre as olhos, e pôde ser dada internamente<br />

arvores adjacentes.<br />

E' conhecida em Pernambuco por este<br />

como antispasmodica.<br />

nome, e também impropriamente por Jasmim lacre —Fam. das La­<br />

Jasmim da índia.<br />

biadas. — Esta flor exótica, a que dão<br />

Suas folhas são compostas, e de uma este nome em Pernambuco, é prove­<br />

eòr verde azulada.<br />

niente de um arbustosinho, de folhas<br />

As flores, como o jasmin dos jar­ ovaes.<br />

dins, porém muito menores e de seis Flores vermelhas, em espigas, como<br />

divisões estreitas; têm cheiro agra­ cometinhas oblongas, com a borda<br />

dável e dão em pequenos cachos. livre dividida em cinco lacinias, for­<br />

O fructo é uma baga redonda, do mando como dois lábios.<br />

tamanho de uma ervilha; é roixo de­ O cálice é verde, e pequeno; sabem<br />

negrido ; encerra uma polpa aquosa, de de dentro os filetes. A flor não dá<br />

côr roixa viva, porém que desmerece cheiro.<br />

em pouco tempo.<br />

Contém uma semente dentro. Jasmim laranja.—Murraya exó­<br />

As vergonteas são lisas, mui flexíveis. tica, Linn. — Fam. das Aurantiaceas. —<br />

Fazem-se d'ellas cestas, balaios etc. Planta natural das índias Orientaes,<br />

Esta planta é digna de ser intro­ por este nome conhecida em Pernamduzida<br />

nos jardins, para caramanchões. buco.<br />

Das flores póde-se obter por distillação O arbusto é uma planta parecida.<br />

uma essência, de cheiro agradável. com uma larangeira pequena; porém<br />

com as folhas compostas, miúdas e es­<br />

Jasmim vontmnm.—Jasminum pessas, glandulosas e sempreverdes.<br />

ufficinale, Linn e Will.—Fam. das JasAs<br />

flores apresentam-se em cachos,<br />

mineas.— Em todo o Brasil é conhe­ da mesma estruetura das da larancida<br />

esta flor por Jasmim ; alguns a geira, sendo porém pequenas, e com<br />

chamam Jasmim da Itália, mas ella não algum cheiro.<br />

é oriunda da Itália, e sim da índia. O fructo que produz é ovoide, e<br />

E' sem duvida uma flor dos nossos quasi confunde-se com um limão pe­<br />

jardins, acelimada entre nós d'esde queno ; quando maduro torna-se ver­<br />

epocha desconhecida.<br />

melho.<br />

Sua fragrancia suavíssima, disputa a Dentro ha dois compartimentos,<br />

primasia entre as mais flores aroma­ cada um contendo uma semente,<br />

ticas.<br />

E' conhecida na Europa esta planta<br />

Ella é proveniente de um arbusto es­ por Bois de Ia Chine (madeira da<br />

galhado, em touceira.<br />

China).<br />

JAS


JAS JAT S53<br />

Come-se a fructinha, e faz-se d'ella Estames, geralmente em numero de<br />

limonadas refrigerantes.<br />

cinco, e oppostos ás divisões da corolla,<br />

são eppetalios, quando esta é poly-<br />

Jasmim manga.— Cerbera manpetala.gas, Linn. e Wíll.— Fam. das Apo- São immediatamente hypogynicos,<br />

cyneas.— Arvore leitosa da índia, cujo quando a corolla é gamopetala (o que<br />

sueco leitoso é emetico, e venenoso. è contrario á disposição geral).<br />

O ovario é livre,, muitas vezes de<br />

Jasmim do matto.— V. Jasmim cinco ângulos, de uma só loja, con­<br />

de cerca.<br />

tendo um óvulo pendente do alto por<br />

meio de um podospermafiliforme basilar.<br />

Jasmim do matto do Pará.— Os estyletes são em numero de três<br />

Taberncemontana citrifolia, Linn.— a Fam. cinco, e terminam por outros tantos<br />

das Apocyneas.— E'um arbusto, que ve­ estigmas agudos,<br />

geta no Pará e nas Antilhas.<br />

O fructo é um akenio envolvido pelo<br />

E' lactifero, e o seu sueco leitoso é cálice.<br />

empregado como anti-gastralgico. A semente se compõe, além de seu<br />

tegumento próprio, de um endosperma<br />

Jasmim das nuvens.— Plum- farinaceo, no centro do qual existe um<br />

bago auriculata, Linn, — Plumb. carulea, embryão, que tem a mesma direcção<br />

Eortut.— Fam. das Plumbagineas.— Em da semente.<br />

Pernambuco é conhecida esta flor por<br />

tal nome.<br />

Jasmim vapor ou de S. José.<br />

. Ella é d'America, proveniente de —Plumeria rubra, Linn.—Fam. das Apo-<br />

uma herva quasi rasteira; de folhas cynaceas. — Este arbusto é natural do<br />

pequenas, lanceoladas, lisas, dispostas continente americano, chamam-lhe assim<br />

em feixes.<br />

em Pernambuco, e também alguns o<br />

, As flores, em pequenos cachos, são chamam Vapor.<br />

azues, e em fôrma de uma angélica ou E' uma flor procedente de um arbusto<br />

jasmim.<br />

de 2 a 3 metros de altura, de tronco<br />

O pedunculo tem pellos pegajosos. liso, cinzento, lactifero em todas as<br />

Não tem cheiro.<br />

suas partes.<br />

O fructo é uma capsulasinha insi­ As folhas aggrupadas nas extremignificante.dades<br />

dos ramos, são ovaes e grossas.<br />

As flores, reunidas em cachos, são<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.— Familia como jasmins grandes; apresentam três<br />

natural, por uns collocada entre as cores, isto é, sobre um fundo côr de<br />

Apetalias, e por outros entre as Monope- carne, zonas vermelhas, e amarellas,<br />

talias.<br />

formando um todo engraçado; tem cheiro<br />

São vegetaes herbaceos ou subfru- suave.<br />

ctescentes, de folhas alternas, algumas O fructo, que raramente se vê, é como<br />

vezes unidas na base do caule, e inva- uma vagem comprida.<br />

ginantes.<br />

Esta planta despe-se de sua folha­<br />

As flores são dispostas em espigas, gem em certo tempo do anno, conser­<br />

ou cachos ramosos, e terminaes. vando unicamente as flores.<br />

Seu cálice é gamosepalo, .tubuloso,<br />

crespo, e persistente, ordinariamente<br />

E' ornamento de jardins.<br />

de cinco divisões.<br />

A corolla é ora gamopetala, ora for­<br />

Jassalti.—V- Jatobá.<br />

mada de cinco pétalas iguaes, que Jataiba.—V Tatajuba.<br />

quasi sempre são ligeiramente ligadas<br />

entre si pela base.<br />

Jatauba ou coqueiro Jatau-


S.V1 JAU JEN<br />

ba.—Sgagncs cocoides. —Fam. das das Solanaceas. — K' planta do Pará,<br />

Palmeiras.—Palmeira do paiz. que tem virtudes diureticas, P antiscorbuticas.<br />

Jatay. — V. Jetay.<br />

«lanará ou roqueiro Jauari.<br />

Jatobá. — Eymencea courbaril, Linn. — Astrocarium jauari — Fam. das Pal­<br />

— Fam. das Leguminosas. — Arvore do meiras.— Arvore do Pará o Amazonas.<br />

Brasil, Minas, Bahia, e Pernambuco. E' uma palmeira alta, de tronco cy­<br />

E' copada, revestida de folhas alterlindrico, cheio de espinhos.<br />

nas, pecioladas, compostas de dois fo­ Os fruetos são drupaceos, como coliolos<br />

approximados, ovaes lanceolaquinhos, carnosos por fora, e ósseos<br />

dos, e luzentes.<br />

por dentro, como são em geral todos.<br />

lnflôrescencia em paniculas.<br />

Flores pequeninas.<br />

Jenipapo ou Jenipabo.— Ge-<br />

O fructo é uma vagem lenhosa, de nipa americana. Linn.— Fam. das Ru­<br />

24 centimetros de comprimento, e de biaceas.— O Jenipapo é um fructo<br />

6 a 9 centimetros de largura, contendo agreste do paiz, proveniente do Jeni-<br />

quatro ou cinco sementes, envoltas papeiro, que é uma arvore elevada,<br />

n'uma polpa amarellada, e doce. de 16 a 20 metros, de casca cinzenta<br />

Come-se a polpa, mas é enjoativa. e liza.<br />

Do tronco e dos ramos d'esta arvore Folhas oppostas, espatuladas, oblon­<br />

exsuda uma resina conhecida pelo nome gas, e luzidias,<br />

de Resina animada.<br />

Flores amarellas, um tanto grandes,<br />

Nas províncias do Maranhão e Pará formando um tubo, cuja parte superior<br />

chamam-lhe Jatahi; também lhe dão é dividida em lacinias, que são re­<br />

o nome de Resina ou gomma copai. torcidas.<br />

E' em pedaços de côr amarellada, Abaixo da flor está o fructo rudi-<br />

fractura luzente, e cheiro aromatico. mentario, que, depois de desenvolvido,<br />

Emprega-se para fazer verniz. tem 12 a 15 centimetros de diâmetro,<br />

A madeira é muito forte, e procurada redondo, com um rudimento de tubo<br />

para moendas de engenho, arados e no cimo.<br />

eixos de carros, e outras muitas appli- Tem o pericarpo fino, côr dc barro,<br />

cações.<br />

que se desprende facilmente ; é coberto<br />

de uma substancia pulverulenta, que<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — A resina é também se desprende facilmente.<br />

remédio popular contra a hemoptysis, Compõe-se de uma massa, de 1 e %<br />

na dose de 10 centigrammas, mistu­ centimetros de espessura, muito elásrada<br />

n'uma gemma d'ovos, três vezes tica, côr de oca; é clara e aquosa,<br />

ao dia.<br />

de sabor acre e doce; e a cavidade<br />

As sementes são usadas contra a central é cheia de uma polpa muito<br />

asthma, na dose de 4 grammas para aquosa, côr de barro, envolvendo<br />

200 grammas d'agua, em infusão, que muitas sementes chatas, de mais de<br />

se dá três vezes ao dia.<br />

3 centimetros, quasi redondas.<br />

O fructo, quando maduro, cahe da<br />

Jatobá. — Eymencea stilbocarpa, arvore; então esborracha-se quasi sem­<br />

Eayne, e Mart. — Fam. das Leguminopre.sas — Esta espécie tem as mesmas Não passa este fructo por bom de<br />

applicações da precedente, e das seguin­ comer-se; sendo porém partido e mistes.<br />

Jatahy é também o nome do Jaturado com assucar, torna-se agradável;<br />

tobá nas províncias do Sul.<br />

possue um principio excitante forte,<br />

que estimula o estômago.<br />

Jauna. — Solanum jauna. — Fam. A madeira do Jenipapeiro é branca,


JEN JER S55<br />

muito solida, com os poros mui unidos ;<br />

é ; susceptível de polir-se ; tem tanta<br />

elasticidade, que não se pôde quebrar<br />

um ramo.<br />

E' delia, que quasi exclusivamente<br />

fazem-se formas de sapatos, e outros<br />

utensílios, como coronhas de espingarda,<br />

etc.<br />

O sueco da frueta, quando verde, dá<br />

uma matéria adstringente, applica-se<br />

em banhos nas ulceras syphiliticas.<br />

Possue uma matéria corante roixa<br />

azulada, de que se faz tinta.<br />

A raiz é purgativa.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS . — A planta<br />

é empregada contra as diarrhéas, e<br />

em loções nas ulceras syphiliticas.<br />

Os grêlos, pisados com azeite; são<br />

desobstruentes, segundo muitos mesinheiros,<br />

e até alguns práticos.<br />

E' de pequeno porte, mui parecido<br />

com o Jenipapo ; estende seus ramos<br />

quasi horisontalmente em derredor do<br />

tronco, formando de distancia em distancia<br />

uma umbrella.<br />

As folhas tem quasi a mesma fôrma,<br />

assim como a flor.<br />

O fructo é de 6 a 9 centimetros de<br />

diâmetro, com a mesma fôrma do<br />

antecedente ; é amarello na maturidade,<br />

e lustroso; tegumento corneo ; dentro<br />

é como o precedente : a substancia interna<br />

aquosa e doce.<br />

Come-se esta frueta chupando-se por<br />

uma abertura que se faz.<br />

A madeira é como a do que ficou<br />

descripto, e serve para os utensílios<br />

agrícolas.<br />

Jcquirioba. — Solanum jequirioba.<br />

— Fam. das Solanaceas. — Esta planta<br />

é um excellente remédio contra as<br />

Jenipapo bravo.— Genipa agres- anginas.<br />

tis — Fam. das Rubiaceas.— Este ar-* E' pelo Dr. Silva empregada contra<br />

busto agreste, em Pernambuco, tam­ a morphéa. Julga-se que é o Aguarabém<br />

é impropriamente<br />

Laranginha.<br />

conhecido por quiá — Solanum oleraceum.<br />

Tem 4 a 6 metros de altura. Jerataca,llanacá.—Manacã, Ge-<br />

Esgalha pouco; seu tronco e suas ratacaca.—Cangambá. Franciscea uuiflora.<br />

folhas são parecidas com as" do Jeni- —Fam. das Scrophulariaceas.—As planpapeiro<br />

manso.<br />

tas que recebem tantos nomes pelas<br />

, As flores, porém, tem o tubo mais demais províncias, não. são todas o<br />

longo, e são de côr amarella mais Manacá de Pernambuco.<br />

viva.<br />

Ha varias plantas de differentes fa­<br />

O fructo differe na côr e consismílias, segundo creio, com este nome.<br />

tência, mas na fôrma é semelhante. Dizem que esta planta Jerataca, em<br />

Seu diâmetro é de 6 a 8 centime­ todas as suas partes, especialmente a<br />

tros.<br />

raiz, é um excitante enérgico do sys-<br />

A casca é dura, e mui adherente ; é tema lymphatico; expelle os virus<br />

de côr verde, e lustrosa.<br />

pelo suor e pela ourina; é muito útil<br />

Eis aqui as differenças mais notáveis contra a syphilis, d'onde vem chama­<br />

entre um e outro.<br />

rem Mercúrio vegetal.<br />

Não se come.<br />

A entrecasca é bastante amarga e<br />

A madeira tem a mesma flexibilidade, enjoativa ; estimula a garganta.<br />

e também é empregada.<br />

Em dose pequena é resolutiva, e em<br />

Nas Alagoas o chamam Espoletas, dose grande laxa o ventre, desafia as<br />

e em Sergipe Jenipapinho.<br />

ourinas, e promove mesmo o aborto.<br />

E' antídoto do veneno das cobras, e<br />

Jení papinho. — Genipa verticulan- em dose muito elevada produz o effeito<br />

tis.—Fam. idem.— Esta espécie é dif- de um veneno acre (consulte-se a<br />

ferente da precedente, ainda que se Martius em Buchner).<br />

pareça muito com ella.<br />

Os indios do Pará envenenam suas


S5« JIQ JOÁ<br />

settas com estas plantas, segundo Bahia e outras províncias, cujo lenho<br />

consta.<br />

é mui rígido e de boa qualidade.<br />

E' própria para os misteres da car-<br />

Jetalty.—Eymencea martiana, Eayne. pintaria; fazem-se com<br />

— Fam. das Leguminosas. — Vegeta em objectos ruraes, etc.<br />

Minas, Bahia e Pernambuco.<br />

ella muitos<br />

Jissara ou coqueiro «fissura.<br />

Jetalty. — Eym olfersiana, Eayne. — Euterpe oleracea, Mart. — Fam. das<br />

— Fam. idem. — Nas mesmas províncias. Palmeiras. — Palmeira


JÜÁ JUM SS*<br />

Cremos que todas as províncias do<br />

Império conhecem esta arvore pelo nome<br />

Jubai.— V. Tamanneiro.<br />

de Joá; porém no ."Pará dão este nome Jubeba.— V. Juripeba.<br />

á uma outra espécie.<br />

Dizem que o fructo tem a mesma ap­ Jucá.— Fam das Leguminosas.—Veplicação<br />

da Jujuba.><br />

geta nos sertões das províncias do<br />

Joá ou Juá.—Juripeba ou Jure-<br />

Norte, e principalmente nos de Pernambuco<br />

e Ceará.<br />

peba. — Solanum paniculatum. — A raiz E' uma arvore elevada, de uma<br />

da Jurubeba que é por demais amarga madejbra duríssima, optima para<br />

juntamente com as folhas, e os fruetos obras de construcção civil.<br />

as<br />

mucilaginosos; obra com propriedades Suas folhas, dispostas em palmas e<br />

resolutivas nos enfartes das vísceras de côr verde, são ovaes.<br />

abdominaes; externamente applica-se As flores são em cachos pyramidaes.<br />

também nas ulceras, e feridas.<br />

O lenho é roixo, ou castanho.<br />

João Gomes. —V Bredo Major<br />

Gomes.<br />

João do Puçá. —E' um|fuctinho<br />

agreste do Maranhão, produzido» por<br />

um arbusto.<br />

Seu tamanho é de menos de 3 centímetros,<br />

de fôrma redonda e oblonga,<br />

com sighal de uma coroa no ápice,<br />

Juá peca.— V Camapú.<br />

Juá do Sul.— Frueta do Joaseiro,<br />

e<br />

Juá uva.— Gengibre branco.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— As cascas<br />

d'essa arvore, postas de infusão, na<br />

dose de 4 grammas para 500 grammas<br />

d'água, empregam-se nas affecções<br />

dos pulmões, isto é, contra asthma,<br />

tosse convulsa, e em geral qualquer<br />

tosse antiga ou recente.<br />

e de côr amarella.<br />

A casca é tenaz, unida á uma<br />

massa pouco compacta, amarella, acredoce<br />

e um pouco 'pegajosa, que produz<br />

sequidão na bocca. v<br />

E' remédio uzado nos sertões pelo<br />

povo nas contusões.<br />

Conhecendo nós essas virtudes temos<br />

í preparado o xarope, e atinetura de Jucá.<br />

Jucapé.—V. Sapé.<br />

Jussara ou coqueiro Jus­<br />

Tem dois ou três caroços, ou apenas<br />

sara. — Euterpe linicaulea. -*-Fam. das<br />

um, comprido e branco.<br />

' Palmeiras.—Esta planta, que tem este<br />

nome nas Alagoas, é indígena.<br />

Joapitanga. — Planta rasteira; estende-se<br />

em vergonteas.<br />

Seu caule, extremamente fino, é lizo<br />

E' muito empregada em cosimento,<br />

na extremidade superior, nú e glabro.<br />

como sudorifica e anti-venerea.<br />

E' „de côr amarellada.<br />

O ramalhete das flores é pouco denso.<br />

Joaseãro.— V. Joá.<br />

As folhas, pinnadas, são proporcionalmente<br />

pequenas ; deitam um cacho<br />

Joanesia.— V. Anda-assú.<br />

pendente, como em muitas palmeiras;<br />

o cacho é muito ramificado.<br />

Juá-assú ou Jua uva. — E'<br />

em Tupinico a Cerejeira.<br />

.» Os fruetinhos são de 3 centímetros,<br />

ovoides e roixos, quando maduros; a<br />

massa dentro é amarellada, com um<br />

Juá do IVorte. — V. Melancia da<br />

Praia.<br />

caroço no centro, que se torna roixo.<br />

Esta palmeira tem o nome de Assahy<br />

em outros lugares.<br />

Jujubeira.—V. Maçã de Anafega.<br />

Jumbéba. — Cactus opuntia, Linn<br />

— Fam. das Cactaceas.<br />

35


S58 JIN JIN<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— Esta planta<br />

acalma as dores sciaticas, applicada<br />

em eataplasmas ; misturada com extracto<br />

de saturno é útil na elephantiasis<br />

dos Árabes.<br />

O xarope dos fruetos e folhas é em­<br />

pregado na phtysica, e julga-se proveitoso<br />

também na lepra.<br />

Seu sueco, misturado com leite, é<br />

vantajoso nas ophthalmias simples.<br />

O uso d'este fructo torna a urina<br />

vermelha.<br />

N ápice vè-se umas espiguinhas paleaceas,<br />

(pie sim as flores.<br />

Seccam estas vergonteas, e fabricam<br />

as taes esteiras, que são muito procuradas.<br />

•IIMIPO de cobra. — Hypopurum<br />

nutans, Nees.— Fam. das Urttecas.—Esta<br />

espécie nasce em S. Paulo.<br />

A infusão de suas raizes é diaphoretica<br />

e diuretica, segundo Martius.<br />

Jundià ou mcladiatha flalna.<br />

Juitça. — Cypems csculenlus, Linn. — Fam. das Labiadas. — E' uma herva<br />

—Fam. das Cyperaceas. — Herva que a que dão este nome nas Alagoas.<br />

vegeta nas proximidades dos rios e Os caules e folhas, cobertos de pellos,<br />

mesmo n'elles, e que tem este nome e regulares, são pegajosos.<br />

nas Alagoas e Pernambuco.<br />

As flores são em rosetas de cor azul-<br />

E' uma espécie de capim.<br />

escura.<br />

Compõe-se de uma vergontea verde, O fructo é uma baga transparente,<br />

cylindrica, elevando-se verticalmente contendo muitas sementes, mergulha­<br />

sobre o solo, lustrosa, flstulosa, tendo das em substancia aquosa.<br />

até 1 metro de alto, e na raiz pequenas Vegeta ás bordas de regatos, e em<br />

tuberas, (batatinhas), de cheiro activo, e terrenos paludosos.<br />

que não é desagradável ; tem uma cor<br />

escura.<br />

Junqueira. — Cressa anli-syphili-<br />

E' rugosa, e contém um principio tica. — Fam. das Convolvulaceas. — E'<br />

rezinoso ; dentro é amarellada e escura.<br />

conhecida por este nome em Pernambuco<br />

uma herva delicada, de caule<br />

No ápice vè-se uma reunião de esca- muito fino, e pilloso.<br />

minhas sobrepostas, formando uma pe­ Alastra-se pelo chão, lançando pequena<br />

espiga, nas axillas das quaes quenas raigotas de distancia em dis­<br />

estão umas flòrinhas quasi invisíveis. tancia, nas vergontinhas rasteiras e<br />

Esta Jiuiça é empregada pelos cu- prostradas.<br />

randeiros para muitos misteres. As flores são brancas, e infundibuli-<br />

Ella tem propriedade carminativa formes.<br />

bem enérgica, e é anodyna. , O fructo é uma cápsula ovoide, con­<br />

O cheiro é muito agradável, e por tendo quatro pequenas sementes.<br />

isso empregado na perfumaria.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Esta planta<br />

Jititeo de cangalha. — Lepldos- é empregada, em cosimento, contra as<br />

perma officinalis. —Fam. Idem.—Tanto gonorrhéas e outras affecções vene­<br />

em Pernambuco como em Alagoas core as.<br />

nhece se esta espécie de capim, que<br />

empregam para fazer esteiras, que ser­ Junquilho. — Narcisus junquilla,<br />

vem para cobrir cangalhas.<br />

Linn. — Fam. das Narciseas. — E' uma<br />

E' uma herva aquática, e só d'agua flor de jardim, cultivada no paiz, e na­<br />

doce, semelhante a uma, chibata e do tural da Europa.<br />

mesmo tamanho.<br />

O Junquilho não tem caule.<br />

Os caules são verdes, foliaceos, lus- Suas folhas são em grupos circulatrosos,<br />

ocos, com uma só folhinha abrares, á maneira do junco, e lisas.<br />

çada na base.<br />

Sae do centro um pendão, no qual


JUP JUR S59<br />

brotam flores amarellas, como peque­ Jupaty. — V Jetáhy.<br />

nas açueenas, de bella fragrancia.<br />

A raiz é bulbosa.<br />

Jupiede.—Xiris indica, Linn.—<br />

Fam- das Resedaceas.—Planta da índia<br />

Jnuta de Calangro.—Blechum<br />

Orientalarticulatum.<br />

— Fam. das Acanthaceas. —<br />

E' um arbustosinho, a que nas Alagoas PROPRIEDADES MÉDICAS.—Seu sueco<br />

dão este nome.<br />

applica-se contra os dartros, e outras<br />

Vegeta nas mattas.<br />

moléstias de pelle.<br />

Seu porte é pequeno, de caules del­ As folhas e a raiz, fervidas em óleo<br />

gados, e pouco ramosos.<br />

e associadas ao cosimento do Phaseeolus<br />

Folhas verde-escuras, ovaes, oblongas mungo, Linn. (planta do Oriente,), é em­<br />

e oppostas.<br />

pregada contra a elephantiasis dos<br />

As flores, como cometas, são brancas, Gregos.<br />

rajadas de roixo.<br />

O fructinho oval, de 1 e % deci-<br />

Juqueira-assú. — Adenanthera<br />

metro, fuziforme, contendo quatro se­<br />

thyrsosa.—Fam. das Leguminosas. — E'<br />

mentes chatas e longas.<br />

uma arvore, de folhas compostas de<br />

pequenos foliolos.<br />

Junta de cobra ou ar na cam. Seus fruetos são vagens compridas.<br />

— Rúellia nodosa. — Fam. idem.— Sub<br />

Vegeta no Pará, e é empregada nos<br />

arbusto de 1 metro de elevação.<br />

corrimentos.<br />

Seu caule bem esgalhado, offerecendo<br />

Juquiri. — Mimosa brasiliensis, Spl.<br />

nós ; é pilloso e um pouco pegajoso.<br />

— Fam. idem. — Arbusto semelhante á<br />

As folhas oppostas, oblongas, ovaes.<br />

Esponjeira.<br />

As flores miúdas, em fôrma de cor-<br />

Nasce junto aos rios, e alagadiços.<br />

netas, e cor de lyrio.<br />

Sua folhagem é miúda.<br />

O fructinho é uma cápsula de duas<br />

As folhas, pisadas e applicadas so­<br />

válvulas, contendo sementes pequenas. bre as hérnias, as resolvem, dizem.<br />

Junta molle. — Amaranthus sar- Juquirionano. — Guilandina Boumentosus.—<br />

Fam. das Amaranthaceas.— duc, Linn. — Fam. idem. — Arvore que<br />

Chamam nas Alagoas á uma herva tre­ cresce nas províncias marítimas, no<br />

padeira por este nome.<br />

archipelago indiano.<br />

E' de caule fino.<br />

Tem o nome de (EU de Bourique.<br />

Folhas pequenas.<br />

Ella é empregada como tônica, e<br />

Flores, em cachos pyramidaes, mui febrifuga.<br />

pequenas e esbranquiçadas ; a semente<br />

é como a da perpetua.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Em cataplasmas,<br />

feitas com as folhas frescas<br />

Junteira. — Cartonema anômala. —<br />

e contusas, é usada nas orchites.<br />

Fam. das Commelinaceas.—Dão em Ala­<br />

O cosimento da raiz é antídoto do<br />

goas este nome a uma herva, de caule veneno das cobras, segundo affirmam<br />

alastrado, e que ao mesmo tempo er­<br />

alguns.<br />

gue as pontas dos ramos.<br />

E' cheia de articulações.<br />

Jurati. — V. Pepepena.<br />

As folhas, ovaes, oblongas, ponteagu- Jurema branca. — Mimosa judas<br />

em ambas as extremidades. rema alba. — Fam. idem. — Arbusto de<br />

As flores são em cachos, na base do porte mediano.<br />

caule, e azuladas.<br />

Cresce nas visinhanças do litoral, co­<br />

O fructo é uma cápsula, com três nhecido por tal nome, talvez, em todo<br />

caroços.<br />

o paiz.


soo JUK JUK<br />

Tem os caules escuros, armados de Liun.—Fam. das Solanaceas. —'Planta qun<br />

rígidos espinhos.<br />

habita os lugares arenosos do norte d<br />

As folhas, são compostas de foliolos Brasil, e outras partes dAmerica me­<br />

miúdos.<br />

ridional.<br />

As flores são brancas, agglomeradas Caule espinhoso.<br />

em capitulo globoso.<br />

Folhas cordiformes, sinuosas e an-<br />

O- fruetos são empencados; elles gulosas, glabras na face superior, to<br />

representam vagens, formando espiral, mentosas na inferior.<br />

como sacarrolha.<br />

Flores terminaes, dispostas em pa-<br />

As sementes são poucas.<br />

niculas.<br />

E' também conhecida n*esses luga­ Fructo, baga espherica, de côr verde<br />

res do Sul por Jerema-Jerema. clara.<br />

A madeira é empregada na> cons- As raizes tem de comprimento 10 a<br />

truccòes civis e navaes.<br />

50 centimetros; as mais grossas nüo<br />

attingem a 12 centimetros de circum-<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. —As cascas ferencia, e são guamecidas de pequenas<br />

extrahidas d'esta arvore são amargas raizes, mais ou menos delgadas, e em<br />

e adstringentes, e applica-se como grande numero.<br />

narcótico.<br />

Sua textura é muito dura, e nervosa;<br />

as suas fibras são tão miúdas, que,<br />

Jurema margluada. —Mimosa<br />

cortadas transversalmente ,offerecem um a<br />

burgonia, Aubel.—Fam. idem. — Arvore superfície lisa, e como impenetrável,<br />

do Norte, cuja casca é acre e adstrin­ de côr análoga á da Canna de Provença.<br />

gente; emprega-se o seu sueco, mis­ A casca que a cobre é um tanto<br />

turado com fuligem ou pieumam da escura, e tem espessura variável, se­<br />

chaminé, para marcar roupa e tingir gundo a idade da planta.<br />

madeira.<br />

Ella é rugosa, cavada em alguns lugares;<br />

separa-se em lâminas, e reduz-se<br />

Jurema preta.—Acácia jurema, facilmente a pó; tem pouco cheiro,<br />

Mart.—Fam. idem.— Esta Jurema é só mesmo por meio da fricção.<br />

das catingas ou dos sertões.<br />

Toda a planta contem um principi••<br />

Ella é semelhante á espécie descripta. amargo, e uma mucilagem; ha di­<br />

E' esta a grande planta, de que os versas variedades de Jurubeba.<br />

caboclos faziam a beberagem, com que, Pison, e Marcgrave distinguiram a<br />

dizem elles, se encantam e se trans­ Jurubeba em macho, e fêmea; ambas<br />

portam ao céo.<br />

crescem nos mesmos terrenos, e pro­<br />

Entretanto é bem medicinal; asseduzem os mesmos fruetos.<br />

verou-nos um sertanejo a sua efficacia, A Jurubeba macho é pouco menor<br />

para extirpar os cancros, só com a que a fêmea; tem as folhas menores,<br />

entre-casca, usada em emplastro. não muito sinuosas.<br />

Nada podemos assegurar.<br />

A fêmea é mais alta, bastante espinhosa;<br />

tem as folhas maiores, co­<br />

Juricuára.—E' uma planta cujas bertas de pello, pela parte inferior; as<br />

folhas, pisadas e postas sobre as ulce­ flores são<br />

ras malignas ou venereas,são de grande tidas.<br />

proveito.<br />

iguaes, porém mais ní­<br />

Suas raizes, seccas contundidas e in­ PROPRIEDADES MÉDICAS.— A Jurubeba<br />

fundidas no sueco da Jurubeba, e em leite é talvez superior a todos os tônicos<br />

-de coco, curam a blenorrhagia (Pison). até hoje conhecidos; é empregada contra<br />

a anemia, chlorose, febres inter­<br />

Jurubeba, Juribeda ou Jumitentes, hydropisias, obstrucção d<br />

peba uill. — Solanum paniculatmn, fígado e baço; é também empregada nos


JUR JÜT Stil<br />

casos de menstruacão difficil, nos catarrhos<br />

da bexiga.<br />

O cosimento de suas folhas frescas<br />

tomadas uma de três em três horas.<br />

(Fig. 23.)<br />

é uzado, em locções, nos ferimentos e Jurubeba do Pará. — Solanum<br />

ulceras, para a cicatrisação das mes­ mammosum, Linn.—Fam. idem. —Armas.bustinho<br />

do Pará, semelhante á Juru­<br />

Parecendo-nos conveniente facilitar beba ordinária, porém tendo mais es­<br />

o uso d'essa planta, proposemos e conpinhos, e esses mais compridos, e<br />

seguimos preparar não só o extracto, mais espalhados nas folhas, do que pe­<br />

como pílulas, xarope e vinho, para los peciolos.<br />

uzar-se internamente.<br />

Estas folhas são as vezes palmadas.<br />

Para o uso externo, preparamos em- As flores semelhantemente também.<br />

plastro, óleo,'tintura; persuadido que O fructo é com effeito curioso ; é uma<br />

prestamos assim um serviço á hu­ cabacinha, como de pólvora, menor, cermanidade,<br />

fazendo conhecidas as vircada na base de cinco mamillos como<br />

tudes d'esta planta.<br />

bicos de peito, de um amarello vivo,<br />

Modo de empregar-se. — O extracto exteriormente coriaceo.<br />

alcoólico de Jurubeba, como febrifugo, Dentro, ha uma massa espessa,,* der<br />

na dose de 6 a 8 decigrammas, quasi 3 centimetros, branc.a,=de cheiro<br />

como desobstruente, 4 decigrammas ácido, com muitas sementes pardas, re­<br />

por dia.<br />

dondas e achatadas.<br />

Tintura alcoólica de Jurubeba, ins­ E' o Solanum corniculatum de Glaziou.<br />

tem amente de 10 a 30 gottas em<br />

192 grammas d'água, para tomar ás coJurupetittga<br />

ou Jurubeba<br />

lheres.<br />

brava. —Solanum br&via.— Fam:idem.<br />

Externamente em fricções : — Em Pernambuco conhece-se por Ju­<br />

Emplastro de Jurubeba. — Estendido rubeba brava esta espécie, que nas Ala­<br />

em encerados ou pedaços de pellica ; goas chamam Jurubetinga.<br />

emprega-se contra os engorgitamentos E' um arbusto bem semelhante a<br />

do fígado e báço.<br />

Jurubeba, com a differença de ter as<br />

Óleo de Jurubeba.— Externamente em folhas de côr verde amarellado, e com<br />

I fricções nos engorgitamentos do fígado manchas.<br />

e baço<br />

Pílulas de Jurubeba. — Toma-se uma A flor maior, bem estrellada, de côr<br />

pílula de três em três horas. roixa viva.<br />

Pomada de Jurubeba.— Para fricções<br />

- O fructo maior, e os espinhos curvos<br />

como anzoes, e maiores.<br />

nõs engorgitamentos do fígado e do<br />

baço. f J u t a h y. — V. Tamarineiro.<br />

X arope de Jurubeba.— A dose para<br />

os adultos é de "duas á quatro colheres Jutay — V Jitahy.<br />

por dia, as quaes devem ser tomadas<br />

uma de três em três horas.<br />

Jutua-uba. — Guarea pêndula. —<br />

Vinho de Jurubeba.— A dose é, para Fam. das Meliaceas. —E' uma arvore<br />

adultos, de duas a quatro colheres congênere do Gito.<br />

de sopa por dia, as quaes devem ser Também purga como elle.


S«S LAC T.AC<br />

— Fam. du<br />

digena, cuji<br />

(, m vertícillo.<br />

Suas flores i<br />

As folhas dos<br />


LAN LAR S63<br />

jeriores são cobertas de pellos rentes,<br />

avermelhados.<br />

As folhas ovaes, alouradas, com a<br />

parte inferior avermelhada.<br />

As flores, em cachos, são bonitas, e<br />

todas as suas dependências revestidas<br />

de uma espécie de cotão vermelho, imperceptível<br />

; são de um branco amarellado,<br />

com cinco feixes de filetes reunidos<br />

no centro, dando desenvolvimento<br />

a um fructo redondo, de 1 % centimetros<br />

de diâmetro, um pouco anguloso.-<br />

Todas as partes d'esta planta, e prin-<br />

palmente a frueta, vertem um sueco<br />

resinoso, vermelho, ou amarello avermelhado.<br />

Este fructo é liso, internamente di­<br />

Landy.— V. Lanlim.<br />

Lantim. —Collophyllum brasiliensis,<br />

St. EU. e Mart.— Fam. das Guttiferas.<br />

— E' uma arvore elevada, que vegeta<br />

na província do Espinto-Santo.<br />

Tem folhas oppostas è ellipticas.<br />

As flores, em cachos abundantes,<br />

são brancas.<br />

Seus fruetos não são apreciados.<br />

E' resinosa.<br />

Também vegeta em Manáos.<br />

A resina é empregada em emplas-<br />

tros abstergentes, e nas moléstias da<br />

raça cavallar.<br />

Laranja do matto.— O fructo,<br />

vidido em cinco lojas, cheias de mui­ que assim denominam em Pernambuco,<br />

tas sementinhas immersas no sueco. é de 12 centimetros de grandeza, de<br />

O povo usa do fructo d'esta planta, fôrma redonda e achatada, côr ama­<br />

depois de secca, como a Assafrôa, para rella, e superfície desigual, protube-<br />

dar côr ás comidas.<br />

rante, e espessa.<br />

Ella, entretanto, goza de excellente Contem internamente uma substancia<br />

virtude contra as escrophulas, o que esbranquiçada, que no centro acolhe<br />

podemos asseverar.<br />

um carôco grande, avermelhado, quando<br />

Pôde também ser empregada na tin- já não se encontra uma substancia<br />

cturafia.<br />

gelatinosa, branca, doce e enjoativa.<br />

Ha tempos em que não verte o sueco. Não pertence ao gênero da Laranja;<br />

O tronco e a casca contém gomma- dão-lhe este nome em allusão á fôrma<br />

lacca fina, que ainda não se extrahe da Laranja verdadeira.<br />

na província.<br />

Laranja sècea.— Citruz.— Fam.<br />

Lagrimas de Mossa Senhora. das Aurantiaceas.— E' mui semelhante<br />

— Coix lacrima. — Fam. das Gramineas. á Larauja de umbigo, e até as , vezes<br />

— E' uma planta cuja acção medici­ encontram-se algumas com elle; no<br />

nal é excitante.<br />

entanto estas crescem as vezes tanto<br />

Applica-se em banhos.<br />

que se tornam do tamanho duplo das<br />

verdadeiras de umbigo, e os bagos,<br />

Lagrimas de Venais. — Lacrima em vez de cheios de liquido, são con­<br />

Veneris. — Fam. das Narciseas. — Planta cretos, de maneira que<br />

de cebola na raiz, e cuja flor tem este insipidos.<br />

nome em Pernambuco.<br />

se tomam<br />

E' semelhante á Açucena; porém toda Laranja selecta.— Citrus.— Fam.<br />

branca, com as lacineas ligadas entre idem.— Esta laranja é conhecida em<br />

si, na parte próxima do tubo, por uma todo o Brasil; sobretudo as do Rio<br />

membrana. i de Janeiro são recommendaveis, por<br />

E' planta de jardim.<br />

serem as mais bellas e as mais agradáveis.<br />

Lanceta. — Solidago vulneraria, São globulosás, um pouco achatadas;<br />

Mart.— Fam. das Compostas.— Planta tem a côr afogueiada amarella e ver­<br />

herbacea do Rio Grande do Sul. melha; o sabor é muito doce, e agra­<br />

Passa poí ter virtudes vulnerarias. dável ; e, quando estão maduras, quasi


S«4 l.AR LAR<br />

que se não sente o ácido ; n'este esta­ PROPRIEDADES MÉDICAS. — As folias<br />

do a côr da frueta é amarella dourada. e a casca são estimulantes, o tônicas, * as<br />

E' o resultado de enchertia. flores nntispasmodicas.<br />

As folhas e as flores da larangeira Empregam-se nas digestões lentts, c<br />

servem para fazer água distillada. moléstias nervosas : como na hysterit,<br />

Das cascas extrahe-se o óleo essen­ convulsões, palpitaeões do coração, et*.<br />

cial de laranjas.<br />

Internamente 4 grammas de folhas<br />

ou de cascas para 225 gammas d'agui<br />

Laranja tangerina ou de fervendo, como tônico excitante.<br />

Tanger. — Citrus. — Fam. idem. —<br />

Esta espécie de Laranja é bòa ; a Laranja turanja.— V Cidra.<br />

arvore é semelhante ás outras, com<br />

differença pouco sensível, mas o fructo Laranja de umbigo. — Citrtu<br />

é do tamanho de uma laranja grande, (decumana). — Fam. idem.—Esta é i<br />

de casca grossa e mais porosa. espécie que prima na Bahia, onde sS)<br />

Não amarellece perfeitamente, fica melhores.<br />

de uma côr amarella esverdinhada, e, E' sem resultado de enxertia.<br />

n'este estado, está muito madura. E' redonda ou oblonga, tem na par­<br />

E' achatada em ambas as extremite inferior uma proeminencia verrucow.<br />

dades.<br />

Üe ordinário é maior (pie a da China,<br />

A parte branca do pericarpo, por d'entro e a côr não é amarella intenso.<br />

é muita desenvolvida, mais frouxa, O pericarpo é mais grosso que na da<br />

e a membrana, que divide os gômos China.<br />

ou compartimentos, é amarga, de ma­ Apresenta dentro uma proeminencia,<br />

neira que, sendo os bagos muito doces que é o rudimento de uma outra laran-<br />

e saborosos, mas ligando-se á memjinha, engastada ahi.<br />

brana, esta modifica o paladar. Não criam sementes, e são mui do­<br />

Sua origem (pátria) não está bem ces e boas.<br />

conhecida; não se sabe se é da Ásia,<br />

da África ou mesmo da America. Larangeira brava. —Zanlhoxilum<br />

monogynum, St. EU. — Fam. das<br />

Laranja da terra. — Citrus vul- Rutaceas. — Esta espécie, que nada tem<br />

garis, Risso.—Fam. idem.— Esta laranja, de semelhante com as laranjeiras ver­<br />

que dizem ser indigena, tem as fodadeiras, é conhecida por este nome na<br />

lhas e espinhos quasi sempre maiores província do Espirito Santo.<br />

que as das outras.<br />

E' um arbusto, de folhas distribuí­<br />

O fructo é semelhante ao precedente, das em palmas, e trinadas.<br />

porém menos poroso.<br />

As flores, em cachos nas pontas dos<br />

O pericarpo é a parte que se presta ramos.<br />

á fabricação de um doce, que é optimo. Os fruetos, como nozes, ovoides e<br />

O sueco ou caldo é azedo e amargo, pequenos.<br />

e serve para limonadas.<br />

Floresce em Setembro.<br />

Encontram-se comtudo algumas la­ Não parece ser a mesma Larangeira<br />

ranjas da terra doces.<br />

brava de Penedo, que se descobrio ser<br />

A semente é mais rugosa.<br />

grande remédio para as diarrhéas cho-<br />

Do sueco, misturado com agoa e asleriformes.sucar, se fazem bebidas refrigerantes ;<br />

e da casca, alem do doce, de que aci­ Larangeira da China.—Citrus<br />

ma se trata, faz-se também um licor auranlium, Linn.—Fam. das Auranliaceas.<br />

de mesa muito estimado, chamado cu- — Arvore originaria da Ásia, d'onde<br />

raçáo, % um liquido espirituoso cha­ passou para a África, Europa e America.<br />

mado— Genebra de laranja.<br />

F/ cultivada em todo o Brasil e cons-


LAR LAR S65<br />

titue uma das maiores riquezas agrí­ Laranjínha (em Pernambuco). —<br />

colas das ilhas dos Açores.<br />

V- Jenipapo bravo.<br />

A Larangeira da China é uma arvore<br />

média no território brasileiro, excepto Laranjitas de Quito.—Solanum<br />

na província do Ceará, onde toma pro­ quitoense, Lamh.—Fam. das Solanaceas.—<br />

porções taes, que chega a crescer tanto Planta do Alto Amazonas.<br />

como uma mangueira, sendo apenas<br />

menos copada.<br />

E' comestível.<br />

Tem espinhos duros nos galhos, prin­ Laseadinho.—Arvore do paiz, que<br />

cipalmente nos mais novos.<br />

dá madeira para obras internas e ex­<br />

Folhas ellipticas, de 9 centimetros,<br />

ternas.<br />

e no peciolo como que outras folhinhas<br />

ou azas, alternadamente distribuí­<br />

Lava-prato.—Cássia medica, Vell.<br />

das nos ramos.<br />

—Fam, das Leguminosas. — Conhece-se<br />

Essas folhinhas são lizas, e semeadas<br />

em Pernambuco e em Sergipe este ar­<br />

de pontinhos translúcidos.<br />

bustinho, com o nome de Lava-pra-<br />

As flores, em cachos, são brancas no<br />

ápice dos ramos e axilla das folhas;<br />

to.<br />

E' de^ 1 ale % metro de altura, com<br />

são mui caducas.<br />

folhaso|blongas,ponteagudas, e tem um<br />

Seu cheiro é agradável, têm a fôrma<br />

de pequenas Angélicas, de tecido es­<br />

cheiro desagradável.<br />

O caule é esverdinhado, e semi-lecamoso,<br />

com pontas iguaes.<br />

As folhas no centro formam um cirnhoso.<br />

As flores, em cachos, são amarellas<br />

culo de filetes, de pontas amarellas.<br />

douradas, e dispostas em rosas, com<br />

O fructo tem, quando maduro, o<br />

prolongamentos no centro.<br />

tamanho de 6, 9, 12 e 15 centimetros<br />

Os fruetos são vagens compridas, de<br />

de diâmetro ; é espherico.<br />

24 á 36 centimetros, angulosas, finas, e<br />

Tem o pericarpo exterior amarello,<br />

na maturidade, crivado de pontos ve-<br />

de cor verde.<br />

Contém muitas sementes angulosas,<br />

siculares, que contém óleo volátil.<br />

e de côr parda.<br />

O interior é formado de 8 á 10 alojamentos,<br />

que se separam uns dos outros.<br />

Contém um sueco amarellado, doce, PROPRIEDADES MÉDICAS.—Esta planta<br />

um tanto acidulo e de sabor muito é medicinal, e empregada em cosimento<br />

agradave 1; no centro tem uma columna como calmante nas dores.<br />

de substancia frouxa e branca, e, nos O sueco applica-se nas mordeduras<br />

ângulos de cada uma cavidade, três ou de cobras.<br />

quatro sementes ovoides,brancas, reves­ Emprega-se também como emmetidas<br />

de uma membrana coriacea e fina. nagogo.<br />

Existem numerosas variedades, de que O Lava-prato das províncias do Sul é<br />

trataremos especialmente.<br />

a Mangerioba de Pernambuco, e Fedegôso<br />

do Rio de Janeiro e Bahia.<br />

Larangeira do matto.—Mundia As folhas d'esta planta, collocadas<br />

spinosa, Kunth.—Polygala, Linn.— Fam. sobre as ulceras esponjosas, destroem<br />

das Polygalaceas.—E' um arbusto mui a carnosidade.<br />

ramoso, e de espinhos.<br />

Para o rheumatismo, applica-se em<br />

Folhas regulares e coriaceas. banhos e cosimento, feito com toda a<br />

Flores nas axillas, das folhas, e re­ planta, e que abandona-se por três<br />

viradas ; ellas são um tanto esquisitas. dias, até experimentar<br />

O fructo é uma baga elliptica, con­ fermentação.<br />

alteração, ou<br />

tendo um ou dois caroços.<br />

Serve-se, porém, do cosimento da raiz<br />

Chamam-na também Limãosinho. para uso interno.


s«« LIC I.IM<br />

Lava-prato do Sul. — V Man- Ligadeira. —Planta de Minas (iegerioba.<br />

Lcchetrez.— V. Maleiteira.<br />

raes, «iiiegoza da propriedade preciosa<br />

de curar as feridas recentes.<br />

Llga-Ilga. — V Liga-osso.<br />

Lee y t h i s. —Sapucaia. — Planta d a<br />

familia das Myrtaceas, que fornece um Liga-osso ou Liga-llga.—Dorste­<br />

óleo aphrodisiaco.<br />

nia aculeata. —Fam. das Urlicaceas. —<br />

Emprega-se em emulsão noscatarrhos. Herva agreste, conhecida cm Pernambuco<br />

por este nome.<br />

Lcitariga. — V Maleiteira.<br />

E' quasi rasteira, o caule curtíssimo<br />

cheio de saliências,como espinhos molles.<br />

Leite ira. — T" Maleiteira.<br />

Folhas ovaes, um tanto oblongas, de<br />

peciolos compridos, c eor verde roi-<br />

Leiteiro grão de gallo.—Wilxeada.lughbeia geminala.—Fam. das Apocyna- Flores em um pendão, que se erguieeas.<br />

— Nas Alagoas chamam por este do centro, e no qual, como na Contra-<br />

nome um arbusto leitoso, de ramos delherva, existem as flores dentro de um<br />

gados, finos.<br />

corpo semelhante a coifa ; ellas sao de<br />

Folhas oppostas, em quatro, ao redor dois sexos, e de cor parda.<br />

do caule.<br />

Flores em cachos,em fórmade jasmins PROPRIEDADES MÉDICAS—Esta planta<br />

com o limbo branco ; o annel amarel­ é empregada nas fracturas, como tendo<br />

lo.<br />

a propriedade de accelerar a consoli­<br />

0 fructo é uma baga de 2 centidação dos ossos, d'onde lhe vem seu<br />

metros, amarella dourada, e oval. nome.<br />

O pericarpo tênue, contendo uma polpa Applicam-na também nas affecções<br />

aquosa, esbranquiçada, com um caroço do peito recentes.<br />

no centro.<br />

Onde ha com mais abundância d'esta<br />

Esta substancia é nauseabunda, e planta é na villa do Cabo em Per­<br />

capaz de provocar vômitos.<br />

nambuco .<br />

A madeira é usada em traves para<br />

soalhos, e portadas de edifícios. Lima ou Limeira da Pérsia.<br />

— Citrus limetta auraria, Riss. —Fam.<br />

Lentilha d'agua, ou flor d'a- das Aurantiaceas. —Se bem que o nome<br />

gua.—Pistia occidentalis.—Pislia stra- da Pérsia nos indique a pátria d'esta<br />

liotes, Linn.— Fam. das Aroideas. — planta, E' que não duvidamos sêr a Ásia,<br />

mucilaginosa.<br />

todavia ella está muito acelimada nas<br />

regiões littoraes do Mediterrâneo ; de­<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Contusa baixo d'este nome é que a co nhecemos,<br />

serve para se appicar sobre postemas. e que cultiva-se em Pernamhuco e mais<br />

Applicavam-na antigamente para uso províncias.<br />

interno contra as ourinas sangüíneas, e E' um arbusto- como a Laranjeiray<br />

contra a diabetes insipida, os tumores com espinhos.<br />

erysipelatosos, as moléstias herpeticas e As folhas, porém, são menores,<br />

hemoptyses.<br />

mais pallidas, e- enrolam--se.<br />

Dizem os pretos, que a água das As flores são maiores.<br />

fontes onde ella existe, envenena, occa- O fructo é do tamanho de uma pesionando<br />

eólicas e dysenterias. quena Laranja da Chiwa, com o pericarpo<br />

lustroso, de um verde amarel-<br />

Licari kauali.—V Páo cravo ou lado.<br />

Imyra qv.iynha.<br />

E' Tedondc tendo, apf -nas no apico


LIM LIM S67<br />

-um pontosinho mais elevado; os te­ espinhoso, de folhas pequenas, e com<br />

cidos dentro são menos espessos. as mais apparencias de uma larangeira,<br />

No mais é como o limão-doce; porém com folhas menores.<br />

elle é doce, porém pouco saboroso, e a Flores também menos aromaticas, e<br />

parte interna do pericarpo branea- o porte mais acanhado.<br />

amarga.<br />

O fructo é globuloso, de 3 á 6 cen­<br />

Pelo cheiro parece que encerra um tímetros de diâmetro, mais ou menos,<br />

principio almiscaroso.<br />

oblongo.<br />

Do pericarpo se extrahe um óleo Pericarpo fino, de côr amarella clara<br />

volátil.<br />

com a mesma estructura interna da<br />

laranja, sendo porém o sueco branco<br />

Lima ou Limeira de um­<br />

esverdinhado e muito' azedo; mas<br />

bigo.— Citrus limetta vulgaris, Risso.— communiea ás preparações, em que<br />

Fam. idem.— VJ fructo bem conhecido elle entra, um excellente sabor.<br />

e estimado.<br />

Tem muitas applicações nos labora­<br />

E' também do mesmo paiz que a tórios chimicos.<br />

precedente, e está debaixo das mesmas Extrahe-se d'elle o ácido cítrico,<br />

condições territoriaes.<br />

em grande quantidade, o qual é em­<br />

Cultiva-se no Brasil.<br />

pregado em medicina para a prepa­<br />

Hoje tem infelizmente escasseado ração de limonadas.<br />

sua cultura, propagando-se mais a da Nas artes, como a tineturaría e ou­<br />

precedente.<br />

tros muitos ramos de industria, o utili-<br />

Esta espécie cresce mais, toma sam como matéria prima.<br />

proporções arbóreas, de mediano porte. Na confeitaria serve para doces ; dos<br />

Suas folhas são maiores, e de côr pericarpos extrahe-se um óleo' essen­<br />

mais escura; tem também espinhos, cial volátil.<br />

e suas partes todas são mais aroma- Com o limoeiro fazem-se cercas dos<br />

^ticas.<br />

sitios e quintaes, formando pitorescas<br />

A flor é igual a da precedente.<br />

0 fructo é menor que uma Laranja<br />

muralhas.<br />

da China, menor mesmo do que a Lima Limão doce. — Citrus bergamina<br />

da Pérsia; é globuloso, e achatado vulgaris, Riss e Et Poit.—Fam. idem.<br />

no ápice, onde se eleva um umbigo — E' uma das bellas fruetas cultiva­<br />

conico.<br />

das rio Brasil, conhecida por este nome<br />

O pericarpo é rugoso e mais chei­ em Pernambuco, e talvez em todo o<br />

roso, de um verde amarellado. Império.<br />

Ó tecido é semelhante ao da prece­ Infelizmente já é raro vêr-se no merdente,<br />

porém mais espesso.<br />

cado um limão-doce, o que é devido á<br />

incúria da nossa horticultura.<br />

Limão azedo.— Citrus limonum<br />

E' o resultado de um arbusto con­<br />

vulgaris.— Fam. idem.— Este fructo tão gênere da limeira.<br />

^necessário ao h.or4tím em todos os Tem o tronco mais fino.<br />

paizes, é natural da Ásia, alem do As folhas maiores e mais claras.<br />

J J<br />

-- ~ * /-*vasão dos Califas, As flores também maiores e cheirosas.<br />

uanges ; e uesue a .n meridional, O fructo, porém, é de fôrma oblonga<br />

segundo Risso, na Ásia ^ ^ ^ ou oval, tevndo uma saliência conica<br />

data a sua primeira appai.0 no ápice, como a lima d'úmbigo.<br />

Europa, sendo mais tarde levado Sua côr é mais clara do que a d^esta,<br />

outras partes do globo.<br />

e os gommos interiores mais volumo­<br />

0 limoeiro não cresce entre nos sos e. de um sabor doce, agra/davel.<br />

como em seu paiz natal, onde toma<br />

1 Não amarellece como a Limti, pois 6<br />

dimensões arbóreas; entretanto, entre<br />

raro que algum tome esta cA>r.<br />

nós é um arbusto-esgalhado, frondoso


SG8 LIM<br />

Applica-se nas febres inflammatorias. St. Hil. — Fam. das Polygafaaas.— Ksta<br />

planta, conhecida em SAo Paulo, 6 sil­<br />

Limão francez. — Citrus limovestre.num. — Fam. idem. — Esta espécie de E* um arbusto espinhoso, de ramos<br />

limão, cultivada também no paiz, é estendidos nas pontas superiores.<br />

oriunda da Ásia, como os outros. Folhas lanceoladas.<br />

Confunde-se muito com o limão doce, Flores solitárias nas axillas das fo­<br />

ao qual é muito semelhante, havendo lhas, que são á semelhança de umn<br />

apenas differenças insignificantes. borboleta.<br />

O fructo é igual, differindo somente O fructo é redondo.<br />

no gosto, porque o d'esta planta tem Floresce em Outubro.<br />

quasi tanto ácido como o limão azedo.<br />

Limo.—Debaixo d'esta palavra com­<br />

Limão do matto das Alagoas. prehende o povo todos esses corpos<br />

— Citrus viscosum.— Fam. idem.— E' um de natureza e aspecto diversos, que<br />

fructo agreste, á que nas Alagoas dão se acham sobre rochedos, muros e<br />

este nome.<br />

outros quaesquer corpos, agarrados<br />

E' de uma arvore elevada; de casca formando uma expansão verde.<br />

escura.<br />

Muitos d'elles macios ao tacto, e es-<br />

Folhas oblongas.<br />

corregadiços, são aquclles que, formando<br />

Flores não observadas.<br />

crostas redondas e irregulares, inva­<br />

O fructo é semelhante ao limão doce, dem os telhados, os corpos vegetantes<br />

porém sem o umbigo que este tem ; disformes, etc.<br />

ao contrario é achatado n'esta parte. Outros porém de fôrmas mais bizar­<br />

Dentro é dividido em cinco lojas, ras, e cores mais brilhantes, bordejam<br />

com um caroço liso, mesmo como o do as fontes, rios, e fluetuam sobre a<br />

Limão, e cheio de bagos, que contém superfície das águas.<br />

um sueco esverdinhado.<br />

E' um pouco viscoso.<br />

Falíamos de uma d'estas espécies.<br />

Limo do rio.—Fucus communis.<br />

Limãosinho francez. — Limo- — Fam das Eydrophytas (Algas).—Este<br />

nia trifoliala, Linn. — Fam. idem. limo — é uma herva, que se encontra pe­<br />

Arbusto originário da índia, cultivado, gada ás bordas dos rios, riachos c<br />

e por este nome conhecido em Per­ tanques.<br />

nambuco.<br />

E' um caule delgadissimo, ou uma<br />

E' de porte pequeno, caules verdes, ramificação filamentosa, orlada de fo-<br />

e trepadeiros; deitam-se sobre outras lhinhas delicadas membranosas, mi­<br />

plantas.<br />

croscópicas, que representam uma coma<br />

As folhas, com um ou dois espinhos de cabellos verdes, reunidos por um<br />

na base dos peciolos, de côr verde es­ ponto fixo.<br />

cura, são ovaes, crivadas de pontinhos Algumas vezes essa cabelleira desliga-<br />

transparentes, como as da laranjeira. se d'esse ponto de inserção, por qualquer<br />

As flores também brancas, como as d'es- acção physica, e segue por conseqüênta,<br />

porém menores, e com cheiro suave. cia o movimento do cursd das águas,<br />

O fructo é uma baga oval, de l'% cen­ quando não fluetua no mesmo lugar.<br />

tímetros, vermelha na maturidade, com Esta herva é estimada por que é a<br />

três caroços dentro e uma polpa vis­ melhor matéria para encher colchões;<br />

cosa, ácida, que<br />

refrigerantes.<br />

serve para bebidas alem de ser fresca, é muito macia.<br />

E' também ornamento de jardim. Linda flor.— Fam. das Compostas.<br />

— Esta floresta, ha muito,naturalisada<br />

Limãosinho.—Mundia brasiliensis, no Brasil<br />

LIN


LIN LIN SG9<br />

O nome indica a estima em que é tida.<br />

E' uma planta rasteira.<br />

Lingua de íiú.— V Chá de frade<br />

As folhas um tanto carnosas, em Lingua de sapo. —Piper trans-<br />

figura de palmas, lisas e sem lustro. parens.—Fam. das Urticaceas.—Pequena<br />

A flor assemelha-se a um Mal-me-quer, herva, quasi rasteira, que eleva seus<br />

porém com as pétalas, que a formam raminhos á 12 centimetros.<br />

na, circumferencia., em uma só ordem O caule é suceulento, e transparente.<br />

e de cor avelludada, com uma mancha As folhas,também transparentes,teem<br />

roixa na base; o que, pela reunião a fôrma de um coração.<br />

das folhetas, faz um circulo roixo no Dá flores em uma espiga, crivada<br />

centro, e lhe dá muita graça. de corpüsculos nimiamente pequenos,<br />

Tem o pedunculo longo.<br />

que não parecem ser as flores.<br />

Esta planta vegeta pelos telhados,<br />

Lingua de boi. — V. Cipó de es­ muros, e em todo o terreno.<br />

cada.<br />

E' empregada contra as fluxões, tosses<br />

e catarrhos.<br />

Lingua de coelho.—Elephantopus Come-se como brêdo, em salada.<br />

lütoralis. —Fam. das Compostas. — Herva Recebe também o nome de Brêdo de<br />

que cresce até % metro de altura, for­ muro, e de Eerva de vidro.<br />

mando soqueirinhas.<br />

As folhas são compridas, de cor verde Lingua de tucano. —Eryngium<br />

clara suja.<br />

lingua tucani, Mart. —Fam. das Ombel-<br />

E' conhecida por tal nome em Perliferas.— Planta mucilaginosa, ligeiranambuco,<br />

e vegeta pelas areias da mente amarga, aconselhada como diu-<br />

praia.<br />

retica, e empregada também nas ulceras<br />

E' mui pillosa e macia.<br />

de garganta.<br />

As flores são como jasmins brancos,<br />

delicados.<br />

Lingua de vacca, no Sul.—<br />

Deita uma sementinha volante, que é Tussilago nutans, Linn. e Well. — Fam.<br />

a frueta.<br />

das Compostas.—Esta herva mesinheira,<br />

Tem applicações medicinaes. natural do paiz, tèm diversos nomes,<br />

o que pausa algum embaraço para co­<br />

Lingua de cutia. —Sida lingui nhecei-a.<br />

cotia. —Fam. das Malvaceas.— Tem nas Chamam-na também Fumo do matto ;<br />

Alagoas este nome.<br />

mas o Fumo do matto é outra espécie.<br />

E' uma herva espigada, e quasi sem Esta é uma herva quasi rasteira,<br />

ramos.<br />

cujos ramos ou caules pouco se erguem.<br />

O caule tem a casca roixa escura. As folhas são grandes, ovaes, oblon­<br />

As folhas alternadas, estreitas e langas, ásperas, azuladas, e um tanto<br />

ceoladas, de pellos.<br />

pillosas.<br />

As flores, com pedunculos longos, Lança uma espiga, na qual nascem<br />

em cachos, são de cor de ganga, com as flores que são brancas, como pequenos<br />

manchas roixas no centro, .em fôrma jasmins.<br />

simples de rosa.<br />

A fruetinha é uma cápsula, que di­<br />

Os fruetos são insignificantes.<br />

vide-se em cinco lojas, contendo as PROPRIEDADES MÉDICAS. —E' empre­<br />

sementes.<br />

gada nas moléstias de pelle,' syphili­<br />

E' applicada como suppurante de ticas de qualquer espécie, nas fortes<br />

tumores.<br />

fluxões, rias constipações, como anti-<br />

Em Sergipe chamam-na Sacca-estrepe. febril, e na cura das blenorrhéas.<br />

Em Pernambuco Sacca-estrepe é outra A raiz tem um principio acre, aro-<br />

planta.<br />

matico.


s-so LIR 1.1T<br />

Mm Sergipe chamam-na Sanguineira Lirio ou Turayra.— Tukyra ama­<br />

e Rabasse, em outros lugares Eerva de ryllis.—Fam.das Amaryllidaceas.—V.' na<br />

sangue.<br />

lingua tupinica Lirio.<br />

Applica-se na dose de 8 grammas<br />

para 500 grammas d'agua, três vezes 'Lirio amarello do campo —<br />

ao dia.<br />

Moreas.—Fam. idem.—Planta que vegeta<br />

nos campos de Minas, Matto-Grosso e<br />

Linho.—Linum usitaiissimum, Linn. Goyaz.<br />

—Fam. das Caryophylladas.—Planta herbacea,<br />

originaria dos campos da alta Lirio cardino.—Irfc xiphum, Linn.<br />

Ásia, cultivada desde remota antigüi­ — Fam das Iridaceas. — lista espécie de<br />

dade na Europa e no Brasil, e, ha Lirioé natural da America, o também da<br />

poucos annos, nas províncias do Sul.<br />

Para as províncias do Norte ensaiou-<br />

Europa.<br />

*e sua cultura, mas não prosperou. Lirio do matto.— Pardanihus tricolor.—<br />

Fam. idem.— E' uma bella flor<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—As sementes<br />

própria para jardim, que vegeta nas<br />

de linhaça são empregadas pelos me<br />

mattas de Alagoas, onde lhe dão este<br />

dicos, em infusão, para uso interno, e<br />

nome.<br />

externamente em cataplasmas.<br />

E' uma planta, de folhas á seme­<br />

São empregadas contra as gonorrhéas,<br />

lhança da precedente.<br />

e outras inflammações das membranas<br />

Sahe do centro um caule foliaceo<br />

mucosas.<br />

e membranoso, o qual apresenta flores<br />

Os seus cauliulos fornecem fios, que<br />

meio bojudas, estendendo três lami-<br />

servem para tecer os pannos de linho.<br />

nasinhas; são brancas com as pontas i<br />

Li rio.—Lilium candidum, Linn. e Red<br />

amarellas.<br />

—Fam. das Liliaceas.— E' uma flor de A fruetinha é uma cápsula hexa-<br />

estima, originaria do Levante da Europa, gonal, contendo muitas sementes re­<br />

e de outras partes.<br />

dondas,<br />

Cultiva-se no Brasil, nos jardins.<br />

E' planta herbacea, de raiz, como Lirio roixo.— Morea northiana,<br />

bulbosa.<br />

Audr. e Person.— Moreaspicata, Eer.—<br />

As folhas, na superfície da terra, mui Fam. idem.— Planta que também cresce<br />

longas e estreitas.<br />

na America meridional,<br />

Do seu centro nasce um , pendão de E' curiosa, porque as flores sahcm<br />

5j a 100 centimetros, que se apresenta de uma bainha, que as folhas formam.<br />

cheio de folhinhas.<br />

Diz-se ser purgativa.<br />

As flores formam uma espiga ; são<br />

brancas e grandes, pendentes e fra- Litchi.— Euphoria litchi, Desf.—<br />

grantes.<br />

Fam. das Sapindaceas.— Este fructo é<br />

Florescem em Junho e Julho. oriundo da China e da índia; passa por<br />

Não sabemos informar as espécies muito bom, e é cultivado da Europa.<br />

que o Brasil cultiva.<br />

Elle é proveniente de uma arvore,<br />

Com o nome de Lirio tem alguns de folhas dispostas em palmas.<br />

jardins uma flor bojuda, alada, de cor Flores pequenas, em cachos.<br />

roixo-violeta, com manchas amarellas, Fructo do tamanho da Longana, ou<br />

e marchetada de purpura.<br />

um tanto maior.<br />

Tem bulbo na raiz.<br />

E' verrucoso por fora, e contém dois<br />

Ha uma espécie da familia das Iri- caroços adherentes a uma substancia<br />

daceas, a que chamam Lirio. apreciada.<br />

Cultiva-se na ilha de França, d'onde<br />

Lirio.—F Cebola sem-sem.<br />

passou á America.


LAN LOU Stfl<br />

Litolty.— V. Litchi.<br />

Losnaou Absy ntbio.—Artemisia<br />

absynthium. — Fam. das Synanlhereas.—<br />

Loboloba.— Conohoria loboloba, St. Planta que habita em toda a Europa.<br />

Hil.—Fam. das Violaceas.— Arbusto E' muito cultivada no Brasil.<br />

das províncias do Sul.<br />

E' de 1 metro e 12 centimetros de<br />

Suas folhas cruas tem sabor her- altura.<br />

baceo, mas cosinhadas são mucilagi- Folhas esbranquiçadas de ambos os<br />

nosas e comestíveis.<br />

lados, que parecem prateadas, são também<br />

pinnadas em ambos os lados.<br />

Lombrigueira.— Spigelia anthel- Flores compostas, mucosas, de côr<br />

mintica, Linn.—Fam. das Spigeliaceas.— amarella.<br />

Esta herva, a que também chamam Fructo akenio, com cheiro forte, desa­<br />

Herva de Santa Maria e Herva Cruz, gradável, e sabor muito amargo.<br />

julgamos ser conhecida em muitas<br />

províncias.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—E' tônico,<br />

Ella é indígena; cresce até'50 cen­ excitante, e usado como vermifugo,<br />

tímetros.<br />

estomachico efebrifugo, é também em-<br />

O caule é nodoso e liso.<br />

menagogo.<br />

As folhas, se cruzam no topo do Na dose de 16 grammas para 500<br />

caule; são ovaes.<br />

grammas de água, prepara-se a sua<br />

As flores, em uma espiga inserida infusão.<br />

de um só lado, são de um roixo desbotado<br />

ou côr de rosa sujo, de fôrma Losna do Maranhão.—Artemisia<br />

de um funil.<br />

ambrosiaca.—Fam. idem.—E' uma plan-<br />

O fructo é como duas bolas unidas, tinha mais ou menos como a Macella<br />

de côr verde, contendo uma ou mais e a Artimisia.<br />

sementes.<br />

E' excitante, e gosa das mesmas<br />

propriedades que a precedente.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—E' um especifico<br />

contra os vermes intestinaes. Emprega-se<br />

a planta toda, porém de prefe­<br />

Loco.— V Queimaãeira.<br />

rencia as folhas.<br />

Louro abacate.— Fam. das Lau-<br />

Administra-se em pó, em cosimento, rineas.— Vegeta nas províncias do Pará<br />

em xarope e em geléa; mas é neces­ e Amazonas.<br />

sário alguma cautela na applicação.<br />

Longana.—Euphoria longana, Linn.<br />

E' empregado na construcção naval,.<br />

civil, e na marcineiria.<br />

—Fam. das Sapindaceas.—E' um fructo Louro amarello.—Cryptocarya<br />

natural da China, mui estimado e cul­ luteola. — Fam. idem. — Esta espécie<br />

tivado no seu paiz natal, na ilha de abunda nas províncias do norte do<br />

França e no Brasil.<br />

Império, principalmente em Alagoas,<br />

E' proveniente de uma arvore, de Pernambuco e Pará.<br />

folhas distribuídas em palmas.,<br />

Parece ser escassa em outras pro­<br />

Flores pequenas, em cachos. víncias do paiz; pelo menos não offe-<br />

O fructo é uma baga alguma cousa rece tantas espécies como nas Alagoas.<br />

pequena, com um caroço, que é envol­ Esta arvore e suas congêneres são<br />

vido por uma polpa que se come ; é altas; sendo esta de casca grossa e<br />

mui agradável e de sabor especial. áspera.<br />

Este fructo é congênere do Litchi, Folhas alternas, regulares, esbran­<br />

ambas patrícias, congêneres e apreciáquiçadas por baixo.<br />

veis, sendo, porém, o fructo d'esta menos As flores, em cachos, parecem sempre<br />

saboroso que o d^aquclla.<br />

em botões.


S9S LOU i.or<br />

O fructo é escuro e parecido com o E' uma arvore ramosa, do folhaN re­<br />

do Louro de tempero, já descripto. gulares, ovaes, oblongas, que, submet-<br />

Tem o pé vermelho.<br />

tidas á pressão, deitam cheiro.<br />

A madeira d'esta arvore dá muito As flores são mui pequenas, o ama-<br />

bom taboado; é amarella clara, polerelladas.se muito bem, e tem diversas appli- O fructo é como o dos outros loucacões.ros<br />

mais ou menos.<br />

Em Pernambuco dão-lhe o nome de Esta madeira serve para soalho,<br />

Louro bahiano ou da malta. portas e caixilhos de edifícios.<br />

Emprega-se na construcção civil, na­ Emprega-se também na marcineria<br />

val, e na marcineria.<br />

para mezas, bancos, etc.<br />

Louro amarello de cheiro. — Louro branco ou canga dc<br />

Persea fragrans. —Fam. tám. — Esta porco. — Persea laurea. — Fam. idem.<br />

outra espécie, conhecida nas Alagoas — Cias. idem.— Esta espécie de Louro,<br />

por este nome, passa por uma das a que nas Alagoas chamam « Louro<br />

melhores, e chamam-na Louro de cheiro. canga de porco, é o mais fácil de se<br />

Com effeito, quando se derruba a ar­ achar, porque em qualquer capoeira, se<br />

vore, emana d'ella activissimo cheiro. o está encontrando.<br />

Estas arvores são mui parecidas umas E' arvore esgalhada, formando mui­<br />

com outras; os caracteres d'esta são tas forquilhas.<br />

os seguintes:<br />

As folhas são ovaes, regulares e<br />

Folhas ellipticas. um pouco maiores, lustrosas.<br />

cobertas de pello branco aloirado por As flores, em cachos pequenos, são<br />

cima.<br />

amarelladas.<br />

As flores são brancas, em cachos, e O fructo, como o das outras, ficando<br />

cheirosas.<br />

com o pedunculo agarrado á semente.<br />

O fructo é uma baga parecida com A madeira d'este louro é de pouco<br />

uma pimenta de cheiro roixa, com um valor; é mais porosa, e branca, e de<br />

caroço; é sustentado por um pedun­ quasi nenhum cheiro.<br />

culo grosso na parte superior.<br />

Suppomos ser a espécie que em Per­<br />

A madeira é amarella mui cheirosa. nambuco chamam Louro branco.<br />

Suppomos ser o Louro verdadeiro de Presta-se á muitos usos; fazem<br />

Pernambuco.<br />

d'ella caixõesinhos para doce, bem<br />

Dá bellas taboas de soalho; serve como taboado.<br />

para construcção civil e naval, e sobre<br />

tudo para todas as obras de edifícios,<br />

Louro canella.— Fam. idem.—<br />

por ser incorruptível ao cupim.<br />

Esta espécie, dizem, é semelhante ás<br />

outras conhecidas; tem este nome em<br />

Louro amargoso. — V. Louro Pernambuco.<br />

besuntão.<br />

A madeira é pardae também cheirosa.<br />

Presta-se a certos usos nas artes.<br />

Louro bahiano. — V. Louro amarello.<br />

Louro besuntão ou amargoso.—Cryptocarya<br />

amara.—Fam. idem.<br />

— Este Louro é conhecido nas Alagoas<br />

e Pernambuco.<br />

Chamam-no também Louro cagão.<br />

Com effeito quando se trabalha n"elle<br />

ou quando se descasca, exhala um cheiro<br />

Louro canga de porco.—<br />

Fam. das Lauriaceas. — Este arbusto,<br />

assim denominado nas Alagoas, tem<br />

os ramos fl exiveis, que se inclinam<br />

sobre outros vegetaes.<br />

Tem a casca roixa escura.<br />

As folhas medianas.<br />

As flores, em cachos, pequenas, amarelladas,<br />

com cheiro, e mui infruetisemelhante<br />

ao do eseremento humano. | feras.


LOU LUZ SS3<br />

O fructo é como uma azeitona; e E' um outro louro, á que nas Alagoas<br />

quando secca fica branco, parecendo dão este nome.<br />

ter sido pintado de alvaiade.<br />

É arvore alta.<br />

E' empregado nas obras internas. Quando se lhe levanta a casca, ou<br />

Este Louro tem toda analogia com mesmo se derruba, a arvore derrama<br />

a planta de Pernambuco Abraça-mundo uma tal frescura que se sente, mesmo<br />

ou Maçongo (Thesium fructualbum). — sem o seu contacto.<br />

Fam. das Szntalaceas.<br />

Ê também útil para todas as obras<br />

de edifícios.<br />

Louro cereja.— Prunus lauro cerasus,<br />

Linn.— Fam. das Rosaceas.— Arvore Louro thi. — Cryptocarya thi. —<br />

originaria das margens do Mar Negro. Fam. idem. — Esta espécie, que tem este<br />

Tem as folhas grandes, ovaes, al- nome nas Alagoas, é também conhecida<br />

longadas, agudas, denticuladas nas em Pernambuco.<br />

margens, duras e mui luzidias.<br />

Tem a casca parda.<br />

As flores brancas, ás quaes sucee- As folhas ellipticas, grandes e sem<br />

dem fruetos arredondados, denegridos, pellos.<br />

• que contêm um caroço; dentro do As flores, de um branco esverdi-<br />

qual se acha uma amêndoa muito amarnhado, dispostas em cachos.<br />

ga, com cheiro de amêndoas amargas, O fructo, como os do seu gênero, é<br />

ou de ácido prussico.<br />

cheio de pontos> vesiculosos, e mais<br />

A água destillada e o óleo essencial cheiroso que o de outro qualquer louro.<br />

das folhas contém ácido prussico. A madeira é de tanta importância<br />

como as melhores; a côr do lenho é<br />

amarella clara, assemelhando-se á côr<br />

da ganga amarella.<br />

É usada em todas as obras de marceneria.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— E' empregado<br />

como calmante nas tosses nervosas,<br />

asthma e na phtisica; na dose<br />

de 8 grammas até 30 em 250 grammas<br />

d'agua distillada em 21 horas.<br />

Externamente usa-se em loções con­ Lupulo. — Humulus lupulus, Linn.<br />

tra dores rheumaticas.<br />

— Fam. das Urlicaceas. — Esta planta eu-<br />

I<br />

ropea cultiva-se no Brasil.<br />

Louro de cheiro.— V. Amarel­ E' de caules herbaceos e trepalo<br />

de cheiro.<br />

deira.<br />

Louro, ou Louro continuei!.<br />

As folhas assemelham-se ás da parreira,<br />

e são duras.<br />

— Laurus nobilis.—Fam. das Lauraceas. As flores, se separam em sexos, e<br />

— Arvore da Europa meridional; ha­ formam capitulos.<br />

bita espontaneamente em Portugal, e Cultivam-n'a em grande escala, por<br />

cultiva-se em Pernambuco e no Rio ser objecto de grande commercio.<br />

de Janeiro.<br />

O emprego das flores d'esta planta<br />

Tronco liso.<br />

é mais geral na industria do fabrico<br />

Folhas pecioladas, sempre verdes, da cerveja, do que nas applicações da<br />

ovoides, lanceoladas, agudas, glabras, medicina.<br />

um tanto luzidias, de textura sêcca, dé Hoje, com o fabrico e consumo da<br />

cheiro agradável e sabor acre-aroma- cerveja nacional, a colônia de S. Leotico.poldo,<br />

da província do Rio Grande do<br />

Estas folhas são estimulantes, e em­ Sul, iniciou o cultivo d'essa planta,<br />

pregam-se como tempero nas comidas. que pelo clima e qualidades agronô­<br />

Os fruetos ovoides contêm dois óleos. micas das terras, muito promette.<br />

Louro fresco. — Fam. idem —<br />

Luzetro.— V. Maleiteira.


S74 MAC MAC<br />

Lycopodio indígena.— Lvcopo- PROPRIEDADKS MÉDICAS.— NUS Antiâium<br />

ca-nuum, Swart.— Fam. das Lycopodiaceas.—E'<br />

uma bonita planta mui<br />

lhas se emprega esta espécie como<br />

ramificada.<br />

Seu pó é semelhante ao do Lyco­<br />

diuretica; é útil nos tumores arthriticos<br />

podio da Europa.<br />

em fomentações.<br />

XJL.<br />

ülahouiá. — Morisonia americana, Dá dois cachos, um do flores femininas<br />

Linn.—Fam. das Capparidaceas.—E' uma outro de masculinas, são pendentes , o<br />

arvore da America meridional. primeiro é de 50 centimetros para cima.<br />

Na Martinica chamam-na Arvore do O fructo é redondo, de 5 centíme­<br />

diabo.<br />

tros de diâmetro, tem na base peque­<br />

Tem as virtudes da Parreira brava. nas escamas sobrepostas; o pericarpo<br />

é de côr parda escura e manchado,<br />

.llacaiaúbú.—Fam. das Legumi­ formado por uma substancia cornea,<br />

nosas. — E' uma arvore agreste das quebradiça de 2 millimetros de es­<br />

mattas do Pará.<br />

pessura.<br />

Sua madeira, vermelha, com veios Elle é separado da outra parte in­<br />

largos e marchetados de côr mais escura, terna, quando maduro ; e esta parte é<br />

assemelha-se á tartaruga.<br />

um corpo amarello-esverdinhado, com­<br />

E' muito estimada na marceneria, e pacto, mucillaginoso, viscoso, e doce,<br />

applica-se para construcção naval e unido a um caroço grande.<br />

civil.<br />

Este corpo é a parte comestível, alguns<br />

o assam para comer.<br />

Macaiba ou coco de catarrho. O caroço, que é duro e ósseo, porque<br />

— Cocos ventricosa, Arr. Cam.—Acro- o envoltório é um pouco grosso, tem<br />

comia sclero-carpa, Mart. — Fam. das uma amêndoa gostosa.<br />

Palmeiras. — A Macaiba é o fructo de Dos peciolos e mais partes d'esta<br />

uma palmeira Macaibeira, que é em palmeira faz-se balaios, e fabrica-se<br />

lingua tupinica Macaiba.<br />

um excellente fio, que é mui procu­<br />

Cresce expontaneamente de Pernamrado pela sua tenacidade; é empregado<br />

buco para o Norte.<br />

na confecção de redes de pescar.<br />

Já nas Alagoas dizem que é raro en­ O lugar em que o costumam fiar em<br />

contrar-se algum indivíduo d'esta es­ maior quantidade é em Pernambuco,<br />

pécie.<br />

na praia denominada Itapissima.<br />

A palmeira é de 6 á 8 metros de Fazem da Macaiba uma beberagem<br />

altura, e ás vezes mais.<br />

no Pará; ahi chamam a este coco<br />

O tronco é cinzento da côr do co­ Mucajá, no Maranhão Macajúba, nas<br />

queiro, tem um bojo no meio e é eri- Alagoas e Pernambuco Macaiba e no<br />

çado de espinhos longos, finos e acha­ Rio de Janeiro Caco de catarrho.<br />

tados, cujo ponto de inserção é fraco.<br />

O ápice é coroado de umramalhete Maeajera.— V. Machaxera.<br />

de palmas foliaceas, como nas demais<br />

palmeiras cujas folhas são dispostas de Macajúba.— V. Macaiba ou Co­<br />

maneira que parecem crespas. queiro macajúba ou de catarrho.


MAC<br />

MAC S?5<br />

o<br />

Macambira de banco.— Fam.<br />

das Cactaceas.— Vegetal dos nossos sertões,<br />

que cresce nas catingas.<br />

E' de porte herbaceo de 1 a 1 %<br />

metros pouco mais ou menos de<br />

elevação.<br />

Tem as folhas sobre a superfície da<br />

terra; ellas são grossas, succülentas<br />

e largas, como geralmente os Cardos,<br />

terminando em esporão agudo, orlado<br />

de espinhos curvos.<br />

Deita um caule de pouca altura,<br />

com flores vermelhas<br />

em cachos.<br />

aroixeadas, e<br />

Os fruetos são bagas, espécies de<br />

bananas de 6 centimetros de comprimento,<br />

angulosas e sem cheiro ; certos<br />

bichos as comem.<br />

Nas grandes sêccas o povo do sertões<br />

come a polpa da base das folhas.<br />

Macambira de cachorro.—<br />

Fam. idem.— E f formando um umbigo emeima e outro<br />

embaixo ;^ isto é, duas cavidades circulares<br />

; a casca de fora é fina, lisa e<br />

lustrosa, de côr amarella esverdinhada<br />

com uma zona purpurina.<br />

Dentro acha-se uma substancia compacta,<br />

branca, semi-transparente, granulosa,<br />

de um sabor doce e ácido<br />

muito agradável, contendo dois caroços.<br />

*'<br />

Ha na Europa umas dez variedades<br />

d'esta espécie pelo menos.<br />

Maçã de Anafega ou Jujubeira.<br />

—Rhamnus zizyphus. Zysiphus<br />

Jujuba, Lamh.—Fam. das Rhamnaceas.—<br />

A jujubeira é uma arvore mediana e<br />

bonita.<br />

Seu tronco não engrossa, e tem de<br />

diâmetro cerca de 36 centimetros.<br />

E' ramosa, com espinhos nos ramos.<br />

Tem as folhas pequenas, lustrosas,<br />

igual á precedente, com as divisões medianas em três<br />

pouco mais ou menos; espalha-se pontas longitudinaes.<br />

mais, formando touceiras, offerecendo As flores, em pequenos grupos, são<br />

aculeos.<br />

amarelladas e pequeninas; parecem estrellinhas.<br />

Macambira de ílexas.— Fam. O fructo é uma semelhança da Maçã<br />

idem.— Esta espécie cresce nos pe- porém de 3 á 4 e meio centimetros de<br />

dregulhos e nas pedreiras.<br />

tamanho, oval, achatado, com dois ca­<br />

E' semelhante ás primeiras, com as roços dentro.<br />

folhas menores e a côr aeinzentada. A massa polposa, é doce e bôa.<br />

As flores e os fruetos são seme­ O fructo é amarello esverdinhado.<br />

lhantes.<br />

E' d'elle que os pharmaceuticos prepa­<br />

Os espinhos d'esta planta são tão ram a pasta de jujuba que se usa<br />

agudos, que não ha animal que penetre como peitoral.<br />

por entre elles.<br />

Maçã. — Pyrus malus, Linn. — Ma-<br />

A planta existio no Jardim botânico<br />

de Olinda.<br />

lus communis, D. C.— Fam. das Rosa- Maçã do matto.—Sorbus brasilienceas.—<br />

A maçã é uma frueta natural sis.—Fam das Rosaceas. — Toda a arvore,<br />

da Europa, cultivada entre nós. tanto o fructo como a casca e folhas<br />

Da Bahia para o Sul dá excellen- abundam em ácido prussico, mas as<br />

temente, e em particular em S. Paulo sementes não contem .o referido ácido.<br />

e na província do Rio Grande do Sul. A casca tem acção tônica, e usa-se<br />

E' produeto de uma arvore de mediano<br />

porte de folhas luzentes.<br />

como antifebril.<br />

Flores rosaceas em cachos. Maçaranduba branca. — Mi-<br />

Os fruetos são iguaes aos que aqui musops.—Fam. das Sapotaceas. —E um<br />

apparecem importadas da Europa. fructo do norte do Brasil, proveniente<br />

São do tamanho de uma laranja pe­ de uma arvore elevada, que sem duquena,<br />

com as extremidades achatadas, vida pertence a este gênero.


S-5tf MAC MAC<br />

(. orta-se a arvore pari so colhereui Tem a casca rugosa, lactifera e man­<br />

os fruetos. ,'./<br />

chada, de ramos copados.<br />

I lies são de 9 á ]2 centimetros de Folhas oblongas.<br />

comprimento, relondos, ovaes. de côr Flores naturalmente brancas.<br />

amarella.<br />

O fructo é a Maçaranduba, como n*<br />

Contém no interior uma massa mui demais doscriptas.<br />

leitosa branca e doce, com dois caroços Segundo um relatório apresentado nu<br />

pretos fusiformes e chatos no centro. Pará em !S(>Õ, a madeira dVsta arvo­<br />

Come-se, mas é tão acre esta substanre é uma das mais procuradas para a<br />

cia, que não se pode comer mais de construcção civil e naval ; resiste mais<br />

dois fruetos sem que se fique com a que as outras á acção do tempo e da<br />

lingua ferida.<br />

água; é dura c presta-se muito ao<br />

Destroe-se. porém, esta propriedade polimento.<br />

cozinhando os fruetos e pondo-os >o- Fazendo-se uma ineisfio na madeira,<br />

bre uma urupema ou peneira grossa, cxsuda grande quantidade de sueco lei­<br />

para resfriarem e deixarem correr a toso, (pie tem diversas applicações.<br />

água.<br />

Uns o empregam na preparação de<br />

Então converte-se toda a massa lei­ mingáos, outros usam mistural-o no<br />

tosa n um licor doce e mui agradável, chá ou no café, no que substitue per­<br />

de gosto semelhante ao do Sapoti. feitamente o leite de vacca.<br />

Ha indivíduos gulosos que o bebem<br />

Maçarnnd:aba de leiíe ou lei­ simples; mas d'esta imprudência têm<br />

tosa. — Mimusops floribunda. — Fam. resultado accidentes fataes, pela coa-<br />

idem. — K' um fructinho conhecido em gulação do leite no estômago.<br />

Pernambuco, Alagoas, Bahia e Pará por Este sueco tem um importante uso,<br />

este nome.<br />

que é servir para fazer a colla pró­<br />

Provém de uma arvore copada e lactipria para grudar qualquer vasilha de<br />

fera em todas as suas partes.<br />

barro, louca ou utensílio de madeira<br />

7 a<br />

As folhas dispostas em grupos, nas<br />

que se quebra.<br />

extremidades dos ramos.<br />

Solda-se com este adhesivo, ficando<br />

As flores, em feixes nas axillas dos mais solido do que era d'antes.<br />

ramos, são brancas esverdinhadas. Podem os marceneiros empregal-o com<br />

Os fruetos, semelhantes aos da pre­ preferencia á outra qualquer colla, na<br />

cedente, apresenta por fora três cores união das peças de mobílias.<br />

em zonas-amarellá, vermelha e esver- As canoas e barcos que são caladinhada.fetados<br />

com elle embebido em algodão<br />

São de 3 centimetros de diâmetro, e ou em súma-úma são os mais bem<br />

saborosas ; mas o sueco leitoso e vis­ calafetados.<br />

coso que tem faz desmerecer o seu E' também empregado nos pannos<br />

sabor agradável; deixa os lábios tão que forram os toldos de canoas e esca-<br />

pegajosos, que é preciso, para desemleres, os quaes, sendo pintados com elle,<br />

baraçal-os, untal-os com azeite doce. tornam-se perfeitamente impermeáveis<br />

A madeira d'esta arvore é empregada á água, dispensando breu, oleoi e ou­<br />

em certas obras : como esteios, fretras preparações.<br />

chaes, etc.<br />

O leite da Maçaranduba é o melhor<br />

Apanhando fumaça torna-se durável. suecedaneo da gutta-percha, na construcção<br />

de cabos e em outras applica­<br />

Maçaranduba ou Maçaranções em que substitue a esse produbeira<br />

do Par»'*. —Mimusops exdueto, e á borracha.<br />

celsa. Fr. Aliem.—Fam. Idem.— E' uma Para mostrar de quanto valor e quão<br />

arvore elevada do Pará, de 20 a 24 metros precioso é o sueco de que se trata,<br />

de altura.<br />

basta dizer que combinado com a bor-


MAC MAC «99<br />

racha presta-se ao fabrico de cadeias<br />

de relógios anneis, pulseiras, brincos e<br />

outros omatos de luto, bocetas, pentes,<br />

tinteiros, canetas, chicaras, copos<br />

para água, bengalas, frascos, garfos,<br />

colheres, facas para cortar papel, potes,<br />

canecos, porta - relógios, caixinhas de<br />

jóias, e de costuras, armaduras de binóculos<br />

e outros muitos instrumentos.<br />

O leite da Maçaranduba exposto ao<br />

ar livre converte-se por coagulação<br />

lenta em uma substancia de côr branca,<br />

um pouco acinzentada, muito solida,<br />

compacta e quasi perfeitamente idêntica<br />

á gutta percha, tendo sobre este<br />

produeto a vantagem de ser mais<br />

elástica.<br />

Depois de perfeitamente coagulado é<br />

impermeável á água, onde torna-se<br />

cada vez mais endurecido; mas, immerso<br />

em água quente, amollece e torna-se<br />

elástico tomando todas as fôrmas<br />

que se queira dar-lhe.<br />

Está hoje evidentemente provado que<br />

o leite da Maçaranduba da verdadeira<br />

gutta-percha.<br />

A Maçaranduba abunda no Pará, nas<br />

províncias do Norte, e sobretudo em<br />

Pernambuco e até em Minas-Geraes e<br />

Matto-Grosso; convém por tanto exploral-a.<br />

Modernamente descobriram-se outras<br />

excellentes propriedades do leite da<br />

Maçaranduba.<br />

Segundo um relatório apresentado no<br />

Pará em 1865 inserido no Diário de<br />

Pernambuco n. 33 do mesmo anno em<br />

10 de fevereiro, elle presta-se a tomar-se<br />

misturado ao café, como o<br />

leite de vacca, e coagula-se sendo útil<br />

a outros misteres.<br />

Macclla do campo, de S.<br />

Paulo. — E' uma planta mediana que<br />

cresce nos campos, cujas flores* são<br />

amarellas, entretecidas de pellos macios,<br />

que se colhe para encher travesseiros<br />

e colchões.<br />

Talvez seja a Macella de Alagoas.<br />

Macclla de S. Paulo. — V Macella<br />

do campo.<br />

Macella de taholeiro, das<br />

Alagoas. — Conyza árida. — Fam..das<br />

Compostas. — Nas Alagoas chamam Macella<br />

dos taboleiros a uma herva delicada<br />

que nasce nos terrenos duros e<br />

seccos, elevando-se até 50 centimetros<br />

de altura; encontram-se em canteiros.<br />

Seus caules e folhas estreitinhas<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— Possue este<br />

são tão cobertos de pello macio e branco,<br />

que tornam-se esbranquiçados.<br />

As flores, são como uns botõesinhos<br />

leite propriedades médicas ; é peitoral amarellos ; contendo os fruetinhos co­<br />

analeptico, usado internamente, e reroados por um feixe de pellos macios.<br />

solvente externamente. Produz consti- Com estas flores e seu involtorio,<br />

pação do ventre. (Fig. 24.)<br />

que também é macio, enche-se colchões<br />

è travesseiros ; é porém má essa<br />

Maçaranduba -vermelho.—Mi­ pratica, porque ellas tem um cheiro,<br />

musops brasiliensis.— Fam. idem.— Esta se bem que suave, todavia nocivo para<br />

espécie, que suppomos ser a mesma quem o respirar.<br />

Maçaranduba do Pará, é semelhante a<br />

precedente, e é a verdadeira de Pernam­ Macella da terra. — Matricaria<br />

buco ; differe por caracteres especiaes. americana. — Fam. idem. — Herva indí­<br />

E' mais gigantesca que a precedente, gena, ramosa e aromatica. Esfregando-<br />

fornece também muito sueco leitoso do se nos dedos qualquer de suas partes<br />

tronco e de todas as outras partes. exhala o mesmo cheiro da Macella das<br />

Os fruetos são semelhantes.<br />

boticas.<br />

A madeira é empregada como boa. E' de 25 a 50 centimetros de altu­<br />

Aproveitam o leite do tronco para ra.<br />

visgo, e a madeira para obras de con­ Folhas pequenas e estreitas, forstrucção,<br />

e de marceneria.<br />

mando orelhasinhas em derredor.


S-J8 MAC MAC<br />

Flores isoladas ou em pequenos riacea de 1 ai e y, milímetro de<br />

cachos.<br />

espessuru.<br />

Todas as partes da planta, caule, Faz-se uso da Macaxera eosinhadu<br />

folhas e flores, são cobertas de pellos ou assada, para comer-se ; assim ella<br />

glandulosos.<br />

constitue um bello pão para o almoço;<br />

A flor é espherica na base. dá, sendo ralada, uma boa fecula de<br />

O involtorio formado por folhetas que se faz a melhor farinha, muito<br />

verdes, sobrepostas, e a parte superior usual no Rio de Janeiro e Bahia, aonde<br />

radiada de linguetas estreitinhas bran­ é conhecido pelo nome de Aipim ou<br />

cas e filiformes; no centro existem Aipi este vegetal.<br />

muitas sementinhas oblongas.<br />

Da fecula fazem-se bolos, podins,<br />

Empregam-na quasi nos mesmos filhos, etc.<br />

casos da Macella, como emmenagoga Ha duas espécies em Pernambuco e<br />

e anodyna.<br />

Alagoas.<br />

Abunda nas margens do Rio de S. A Macaxera branca tem o caule acinzen-<br />

Francisco.<br />

tado, os peciolos das folhas são brancos<br />

esverdinhados, e nas extremidades<br />

Macaxera ou Aipim. — Manihot roixas.<br />

aipi. — Fam. das Euphorbiaceas. — As A raizes tem as cascas finas «•<br />

Macaxera ou Aipim, em tupinico — Cer- a massa branca.<br />

guaçuremicó é uma raiz tuberosa se­ A Macaxera preta tem o caule pardo<br />

melhante a Mandioca, a ponto de se os peciolos vermelhos e o gommo ter­<br />

confundirem.<br />

minal branco; dá boa farinha e é<br />

E' um arbustosinho que é muito cul­ d'esta que nas províncias do Sul se<br />

tivado, sendo indígena do paiz; é de faz uso.<br />

1 a 2 metros de altura, e esgalha A casca é parda e a massa branca.<br />

muito pouco.<br />

Estabelecem como regra os nossos<br />

O troncosinho castanho ou cinzento camponezes, que toda a maniva que<br />

é cheio de DÓS.<br />

tem o olho branco póde-se comer.<br />

Tem as folhas direitas, longas, brancas<br />

ou vermelhas ; o limbo recortado em Machixe.— Cucumis anguria, Linn.<br />

lacineas, formando uma palma redonda, — Fam. das Cucurbitaceas.— O Machixe<br />

tem muitas vezes uns corposinhos glan­ é uma das nossas verduras quotidianas<br />

dulosos sobre as folhas, em diversos E' oriundo da Ásia.<br />

pontos.<br />

O vegetal que o produz é uma herva<br />

Offerece, cachos de flores que são como reptante,que alastra-se com seus caules<br />

rosinhas esverdinhadas, as quaes dão verdes, e revestidos de pellos hispidos<br />

por fructo uma espécie de nóz roliça como as folhas, que tem peciolos com­<br />

de três gommos, tendo dentro três pridos e são em fôrma de palmas;<br />

caroços oleosos.<br />

todas estas partes espinham.<br />

A parte importante d'esta planta é As flores são de dois sexos, mas­<br />

a raiz, que toma ordinariamente diculinas e femininas, formando como<br />

versas dimensões, de 21 a 36 centi­ rosinhas amarellas, e tendo o fecundo<br />

metros.<br />

fructinho na base.<br />

E' roliça afinando para a extremi­ Desenvolve-se este, apresentando 3<br />

dade inferior.<br />

a 6 centimetros de comprimento ; ovoide<br />

A casca é fina, parda, e áspera; é verde marchetado, eriçado de sa­<br />

encerra uma substancia compacta , liências longas como espinhos molles.<br />

branca, aquosa e adocicada, tendo no Dentro ha uma polpa aquosa esver-<br />

centro um eixo fibroso.<br />

dinhada com sementes ellipticas, pe­<br />

Antes d'este corpo, logo depois da quenas, brancas, comprimidas em três<br />

ea«ea fina. ha uma camada branca co­ pontos e distribuídas em duas ordens.


MAD MAL S*9<br />

O Maehixe é uma boa verdura; também As folhas ""são recortadas em lâmi­<br />

servem-se d'elle como medicinal; pornas estreitas.<br />

que empregam o fructo ainda tenro em As flores em botões semi-espherícos<br />

talhadas no ânus, contra os ataques tão ""pequenos ' que mal se percebem ;<br />

hemorrhoidaes.<br />

são brancas.<br />

Elle não cresce na forca do inver- E' um dos bons ingredientes das<br />

no, nem tão pouco no rigor do verão. varrellas das lavadeiras, não só por<br />

Torna-se amarello esbranquiçado quan­ aromatizar, eomo por clarear a roupa.<br />

do maduro mas n'este estado não presta Em Sergipe Bahia e Rio de Janeiro<br />

para comer-se ; porque torna-se asedo. chamam-no Quitoco nome tupinico.<br />

Serve para salada.<br />

N'outros lugares do Brasil, por exemplo<br />

ém Minas, tem o nome de Ca-<br />

Macoliim caba.—Hysmeniaglauca. cuhucage. (?)<br />

(?) —Fam. idem.— E' uma planta de virtude<br />

adstringente.<br />

Madre-silva. — Alstrcemcria pelegrina,<br />

Liun,—Fam. das Amaryllidaceas.<br />

Macucú. —Ilex macoucoua, Aubl. — E' uma planta da America meri­<br />

—Fam. dás Celástrineas.—O fructo d'esta dional.<br />

planta, que vegeta no Pará e Amazonas, Tem tubera na raiz.<br />

dá uma bella tinta preta com a qual Flores bonitas e um tanto aromaticas.<br />

os caboclos tingem o algodão.<br />

Ha differentes outras no Brasil, Chile,<br />

O lenho serve para archotes — Mace México, etc.<br />

de fogo.<br />

O sueco, que é côr de vinho, é ads­ Maffahu.—Espécie de Cajueiro do<br />

tringente e doce.<br />

Norte.<br />

Madepueira verdadeira.—Graf Mainibú.—Herva rasteira que nasce<br />

fenriedia cryptocarpa. —Fam. das nas Me- praias do mar, e que<br />

lastomaceas. — Arbusto de 3 a 4 metros propriedades da Caroba.<br />

de altura e agreste.<br />

gosa das<br />

E' conhecido nas Alagoas por este Maiorano. — V. Algodão bravo.<br />

nome.<br />

Seu tronco tem casca parda sem as- Mãi de sapateiro. — Palicourea<br />

peresa.<br />

árgentea.— Fam. das Rubiaceas. — Nas<br />

As folhas grandes, louras pela parte Alagoas chamam por este nome uma<br />

de baixo e nas pontas dos ramos, co­ arvore mediana, agreste, de folhas opbertas<br />

de cotão louro, assim como as postas.<br />

flores, que são brancas e em cachos- Os renovos parecem flores; são bran­<br />

O fructo é globuloso, de semente cos com o ápice rosado.<br />

miúda, o ovario ovoide, adherente ao Estas, são em cachos com os pedun-<br />

cálice, de cinco lojas, e de sementes cuíos tão brancos .que parecem pra­<br />

miúdas.<br />

teados, assemelham-se a jasmins brancos.<br />

O fructinho é redondo de um cen­<br />

Madrc-cravo.— Sphceranthus anotímetro, e apresentando no ápice uma<br />

dinus. —Pluchia quitoc, D. C. — Fam. coroasinha.<br />

das Compostas.—Esta herva é conhecida O pericarpo é fino e vermelho.<br />

por este nome em Pernambuco e por A massa interna é aquosa, da mesma<br />

Cravo-maãre nas Alagoas.<br />

côr e com dois caroços chatos de um<br />

E' aromatica, de 50 a 70 centimetros lado e convexos de outro.<br />

de altura com o caule offerecendo de<br />

alto a baixo, nos ângulos, uma mem­ Malaleuca.—Malaleuca leucodenbrana<br />

foliacea.<br />

dron.—Fam. das Myrtaceas.—E' um


sso MAL MAL<br />

arbusto adstringente, que tem usos O ovario é livre, elevadr n'uma OB-<br />

médicos


MAL MAL S81<br />

Tira nodoas da roupa ; para o que Sida decurrentifolia, Linn e Sp.— Fam.<br />

basta esfregal-a na parte nodoada, e idem.— Esta planta é conhecida por<br />

em seguida lavar essa mesma parte este nome nas Alagoas.<br />

com água e sabão.<br />

E' um arbustosinho que quasi não<br />

esgalha.<br />

Mal-nte-quea* grande.— Eelio- Tem o caule e.sbranquiçado<br />

psis seabra. — Fam. idem — Esta planta Folhas cordiformes e pendentes,<br />

tem este nome em Pernambuco. aecummuladas na summidade do caule.<br />

Nas Alagoas chamam-n'a Camará de As flores são brancas e com a<br />

cavallo, Malmequerzinho, e também Mal- fôrma de uma rosa, sem cheiro.<br />

me-quer.<br />

Os fruetos, são, á semelhança de<br />

Em Sergipe tem também estes nozes, dispostos em circulo e prezos<br />

três últimos nomes.<br />

á um eixo central, que abrindo-se em<br />

E' um arbustinho bem esgalhado, duas porções, deixa sahir três sementes<br />

de casca esbranquiçada, folhas op­ ae cada uma.<br />

postas ovaes e ásperas.<br />

E' empregada como emolliente.<br />

As flores como as do outro Mal-me- Malva em lingua tupitcha e em tuquer<br />

, porém maiores, e de roda mais pinico.<br />

frouxas.<br />

No Rio Grande do Sul temos a Vas­<br />

A frueta encerra uma semente parda soura, Sidaa carpini'folia.<br />

quadrangular.<br />

A terra onde cresce esta herva Malva branca macia. — Sida<br />

denota ser bôa para a plantação da velluta. — Fam. idem. — Esta outra<br />

canna, e mesmo para toda lavoura. planta, que nas Alagoas recebe este<br />

nome é herbacea.<br />

MaEtnequersinho de campi­ Suas folhas são da figura da outra,<br />

na.—Epipactis campinariat—Fam. das porém macias.<br />

Orchidaceas.—E' uma plantinha parasita.-Em<br />

todas as suas partes é coberta<br />

Vegeta sobre outras plantas, com de pellos brancos flexíveis que<br />

raizes bulbiferas que se agarram aos tornam macia.<br />

a<br />

corpos visinhos.<br />

As flores são amarellas, pallidas.<br />

Tem- as folhas dispostas symetricamen- O fructo é semelhante ao precedente;<br />

te alternas sobre seu caule herbaceo, mas em vez de cinco dentes circula­<br />

Suas flores, de côr de palha, forres, tem dez ou onze, encerrando uma<br />

mam um labello e 25 sepalas peta- semente em cada dente.<br />

loides.<br />

O fructo é uma cápsula curva di­ / Malva brava. —Sida ãivaricata.—<br />

vidida em dois gommos, e contendo Fam. idem. — E' uma planta mui co­<br />

muitas sementes.<br />

nhecida que encontra-se em toda a<br />

parte.<br />

Malva. — Malva rotundifolia , Linn. E' uma espécie de Relógio<br />

— Fam. das Malvaceas.— Esta planta é O caule e os ramos são muito di­<br />

da Europa.<br />

reitos, formando forquilhas ou dicho-<br />

Vegeta nos campos em abundância; tomias.<br />

do que pôde fazer-se idéia, pela quan­ As folhas, se bem que pillosas, são<br />

tidade que vem ás boticas.<br />

macias, ovaes e com os bordos recortadas.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— As folhas<br />

As flores são sempre em espigas<br />

são emollientes e mucilaginosas. densas unidas umas ás outras, como<br />

As flores são peitoraes.<br />

as do Relógio, amarellas e pequenas,<br />

sem' cheiro.<br />

Malva branca de campina.— O fructo é c mesmo ; uma cápsula<br />

38


Sãs MAL MAL<br />

uniforme que divide-se em quatro dentes.<br />

Esta planta abre ás três horas da<br />

tarde as suas folhas, e fecha ás<br />

seis.<br />

Só tem três horas de vida ou vigor,<br />

e só uma abre em cada cacho por sua<br />

PRoeKiEDADES MÉDICAS. —Empregamn'a<br />

contra as dysurias em cosimento<br />

adoçado com mel. As folhas consinhadas<br />

são applicadas como emollientes.<br />

Ella pega os insectos depostos im<br />

peripheria, pelo visgo que tom.<br />

Malva da folha larga. — ,SV<br />

pimia pêndulas. (?) —Fam. idem.— Nas<br />

Alagoas chamão-n'a por esto nome.<br />

E' semelhante á precedente, porém o<br />

caule d'aquella é castanho na parte<br />

vez ; tem quinze carpellas filiformes<br />

inferior.<br />

quasi em circulo.<br />

As flores são côr de rosa, roixeadas.<br />

Malva do rantpo, Folha san­ A frueta é que é mui semelhante á<br />

precedente, pillosa e com viscosidado.<br />

ta ou Pinhão.— Kielmeyeria speciosa.<br />

Serve para fazer-se cordas da casca.<br />

St. EU. — Fam. das Ternstrcemiaceas.<br />

— E' uma arvore de Minas Geraes, onde<br />

Malva grande. — Eibiscus ala-<br />

lhe d.ão estes três nomes.<br />

goensis.—Fam. idem.—Esta malva, í co­<br />

E' ramosa com folhas oblongas, ellipnhecida<br />

por este nome nas Alagoas.<br />

ticas.<br />

E' um elegante vegetal, e próprio<br />

Flores em cachos.<br />

para jardim pela belleza de sua flor;<br />

Fruetos que são cocas capsulares.<br />

se bem que não tenha cheiro.<br />

Vegeta nos taboleiros, e floresce em<br />

Cresce de 150 a 200 centimetros quasi<br />

Abril.<br />

sem esgalhar.<br />

O povo emprega em banhos o cosi­<br />

Tem folhas cordiformes, de côr desmento<br />

das folhas, como emolientes.<br />

maiada.<br />

As flores são como rosas e da côr<br />

Malva diuretica. — Pavonia diu-<br />

das folhas, com uma mancha escura<br />

rética, St. EU. — Fam. idem — E' uma<br />

e um prolongamento no centro.<br />

planta da apparencia do Algodoeiro.<br />

O fructo é como um quiabo secco.<br />

Dá boa fibra para cordoaria.<br />

Malva da folha grande. — Pa­<br />

Malva rosa. —Herva exótica de<br />

caule roixeado recto, e semi-transparente.<br />

E' pillosa em todas as suas partes.<br />

Tem folhas alternas, duas estipulas<br />

vonia viscosa, St. EU — Fam. idem. palmadas, — peciolos desenvolvidos, ca-<br />

E' um arbusto de tamanho regular, naliculados, palmados pillosos na face.<br />

conhecido por este nome nas Ala­ E' viscosa em todas as suas partes, e<br />

goas.<br />

nunca floresce no clima de Pernambuco.<br />

Tem os ramos inferiores castanhos<br />

e os superiores esverdinhados, cobertos Malva da terra. — Sida susiti-<br />

de pellos macios e compridos, com vandro. (?) — Fam. idem. — Herva semi-<br />

glândulas melífluas nas pontas, alterlenhosa que se acha em quasi todo o<br />

nadas, cordiformes, redondas e pega­ continente brasileiro.<br />

josas, flores rosadas, esparsas nas ra­ E' chamada da terra como distineção<br />

mas, não pequenas, cinco pétalas dis­ da da Europa: chega até 112 centimepostas<br />

em fôrma de rosa, e esta em tros de altura, esgalha, e as vezes não<br />

um cálice verde.<br />

E' esbranquiçada.<br />

O fructo é uma cápsula, globulosa, As folhas são cordiformes, macias<br />

denteada, preta e viscosa, tendo em cada cobertas de pellos, assim como as pon­<br />

uma semente.<br />

tas dos ramos.<br />

Esta malva tem a propriedade das<br />

outras ; é mucilaginosa.<br />

As flores tem a estruetura das espécies<br />

descriptas, porém menores de 3


MAL MAM S83<br />

centimetros de diâmetro, é côr de ganga<br />

amarella.<br />

O fructinho é semelhante ao das suas<br />

congêneres.<br />

Á esta Malva é que o povo recorre<br />

incessantemente, já para clysteres, banhos<br />

emollientes, calmantes de dores,<br />

já para lavar ulceras, e até ás<br />

vezes sem indicações de suas verdadeiras<br />

propriedades.<br />

Ella possue em pequeno gráo o principio<br />

mucilaginoso.<br />

Folhas como que ovaes mas dividindo-se<br />

em três lobos.<br />

Flores em cachos.<br />

Floresce em Dezembro.<br />

Empregam-na em cosimento contra<br />

as affecções do peito e mesmo do<br />

pulmão.<br />

Malvaisco.—E' conhecido impro­<br />

Malvaisco ou Malvalisco de<br />

S. Sebastião. — Urena lobata. Carv.<br />

St.Eil. — Fam. idem. E' um arbustosinho<br />

silvestre e abundante no sul do<br />

paiz.<br />

De folhas ovaes, com lobos e um<br />

priamente por este nome uma Piperacea. pouco ásperas.<br />

Esta planta, conhecida em Pernam­ Floresce em Maio.<br />

buco por Malvaisco é um sub-arbusti- O povo do lugar onde elle vegeta<br />

nho que cresce até 2 metros. emprega-o nas tosses fazendo cosi­<br />

Seu caule, que raramente esgalha, é mento da planta e da raiz.<br />

pouco ramoso, apresenta nós de distancia<br />

em distancia, tem cheiro activo<br />

É a Guaxima.<br />

quando se quebram os galhos ou es­ Malvalistro. — Sida micrantha, St.<br />

fregam.<br />

EU. — Fam. idem. — Esta espécie de<br />

As folhas são aromaticas, ellas são Malva, conhecida por tal nome em Mi­<br />

cordiformes, arredondadas, de 22 cennas Geraes, é um arbusto que se eleva<br />

timetros, membranosas, com peciolos. um pouco.<br />

Offerecem nas axillas e no ápice uma Tem folhas quasi cordiformes, e um<br />

reunião, maior ou menor, de espigas» pouco pillosas.<br />

semelhantes a uma espiguinha de 9 a Flores grandes, reunidas densamente.<br />

12 centimetros de comprimento e 1 a Fructo á semelhança de dentes d'alho,<br />

9 milímetros de diâmetro; sendo côr reunidos em um eixo offerecendo pontas.<br />

de palha e pulverulenta; é a espiga Dos caules d'esta planta fazem-se<br />

das flores; ahi desenvolvem-se umas bastões, bengalas e fuzos de fiar al­<br />

sementinhas pardas.<br />

godão.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Esta planta Mama de cachorra. —Eugenia<br />

é empregada, pelo vulgo, em banhos, formosa.—Fam. das Myrtaceas.—E'um<br />

como ânodyna e emolliente.<br />

fructinho agreste que em Minas Geraes<br />

Segundo afnrmam alguns facultati­ tem este nome.<br />

vos, práticos têm empregado a raiz eomo E' proveniente de um arbusto esga­<br />

emolliente e díuretica com bom prolhado, com os ramos novos escuros e<br />

veito.<br />

pubescentes.<br />

Tem as propriedades da Althéa. As flores lustrosas, ovaes, alongadas<br />

e oppostas, são brancas, reunidas ou<br />

Malvaisco ou Malvalisco do<br />

sós.<br />

Rio Grande do Sul. —Sphoeralcea O fructo é uma bagasinha pequena<br />

cisplatina.,St. EU.—Fam. das Malva­ de 2 centimetros, oval, oblonga, de peceas.<br />

— E' um arbusto conhecido na ricarpo fino, roixo-escuro com dois ca­<br />

província do Rio Grande do Sul, por roços dentro, contendo uma substan­<br />

este nome.<br />

cia aquosa, doce e adstringente.<br />

Tem os caules longos, de poucos Em Pernambuco também chamam-na<br />

ramos.<br />

Maminha de cachorra.


SS4 MAM MAM<br />

Mamaugá, ou lava-prato dos<br />

autores.—E* o Fedegôso do Rio dc<br />

Janeiro, Bahia e Maranhão, e que parece<br />

ser a Mangerioba de Pernambuco.<br />

As folhas são -elogiadas por Pison,<br />

por suas qualidades abstergentes c<br />

muitas vezes são applicadas nas ulceras<br />

e feridas.<br />

Possue ao mesmo tempo acção purgativa<br />

; applica-se em decocto.<br />

Mamangã. — Cássia medicar Vell.<br />

— Fam. das Leguminosas.— Julgamos ser<br />

esta planta a Mangerioba de Pernambuco.<br />

Ella tem os mesmos usos do Fedegôso.<br />

Em alguns lugares applicam suas<br />

folhas sobre as ulceras para cicatrizal-as<br />

; e das vagens se extrahe um<br />

óleo, que, posto sobre os tumores,<br />

apressa a suppuração.<br />

Se não é a mesma Mangerioba, confunde-se<br />

com ella.<br />

Mamão ou Mamoeiro. —Carica<br />

papaya, Linn.—Fam. das Papayaceas.<br />

O Mamoeiro é hoje quasi geralmente<br />

cultivado.<br />

Sua pátria não é bem conhecida;<br />

julga-se todavia que é originário das<br />

índias orientaes.<br />

Assim como seus congêneres da America,<br />

o Mamoeiro não cultivado eleva-se<br />

de 26 á 30 metros e o cultivado de<br />

8 á 12.<br />

Tem flores dioicas, raramente monoicas.<br />

Cálice de cinco dentes.<br />

As flores masculinas tem a corolla<br />

hypoginica de limbo quinquepartido.<br />

Tem dez estames, cinco dos quaes<br />

alternos com os lobulos da corolla<br />

mais compridos, e os outros cinco<br />

subsesseis.<br />

O ovario rudimentario.<br />

As flores fêmeas têm a corolla de<br />

cinco pétalas livres, ovario com placentas<br />

parietaes multiovuladas.<br />

Estigma subsessil, de cinco lobulos<br />

raiados e franjados.<br />

Fructo carnoso, polposo, ovoide. distineto<br />

com cinco faces.<br />

Sementes numerosas.<br />

Os Mamoeiros silo arvores cujo porte<br />

recorda o das palmeiras polo tronco<br />

simples cercado por um penacho de<br />

folhas no ápice.<br />

Eleva-se muito em poucos annos.<br />

A raiz exhala um cheiro d", couve<br />

podre.<br />

O tronco é cylindrico, coberto de<br />

uma casca cinzenta, e lisa ; é terminado<br />

por folhas largas, partidas em sete<br />

lobulos oblongos, sinuosos ou laciniados,<br />

e glabros.<br />

As flores fêmeas, sao dc côr amarella,<br />

entretanto que as masculinas sflo<br />

brancas, cahem pouco a pouco, á<br />

medida que o ovario engrossa e se.<br />

desenvolve; de modo que na maturidade<br />

o fructo é pendente n'uma parte<br />

do tronco liso.<br />

Este fructo é assucarado e agradável<br />

do gosto. Come-se como melão.<br />

O sueco lácteo, dissolvido n'agua<br />

tem a propriedade de amollecer a<br />

carne que se immerge n'esta mistura<br />

e até decompõe em pouco tempo, si<br />

se descuidam de retiral-a depois de<br />

alguns minutos.<br />

Hoje applica-se, muitíssimas vezes<br />

este processo na economia domestica.<br />

O Mamoeiro é cultivado em todo o<br />

Brasil.<br />

Os indígenas chamam-n^o Chamburú.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— O sueco<br />

lácteo extrahido dos fruetos é antihelmintico<br />

; e applicado sobre a pelle,<br />

dizem ser excellente para tornal-a<br />

ma^ia, e aconselhada contra as sardas<br />

ou manchas do rosto.<br />

As sementes também passam por um<br />

bom vermifugo.<br />

O fructo é refrigerante, peitoral e ligeiramente<br />

laxativo.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. — São arvores<br />

exóticas ; de folhas oppostas, simples,<br />

com estipulas interpeciolares, como<br />

nas Rubiaceas.<br />

í^eu cálice, adherente ao ovario, offerece<br />

quatro ou cinco divisões vai vares.<br />

O limbo é persistente.


MAM MAM S85<br />

A corolla compõe-se de 4 ou 5 pétalas.<br />

Os estames variam de 8 á 15.<br />

O ovario, que algumas vezes é semiinfero,<br />

offereee sempre duas lojas, cada<br />

uma das quaes contem dois ou grande<br />

numero de óvulos pendentes.<br />

O estylete é simples e o estigma bipartido.<br />

O fructo, coroado pelo cálice, é unilocular<br />

polyspermico e indishesente.<br />

As sementes que elle encerra compõese'<br />

de um grosso embryão privado de<br />

endosperma.<br />

Este embryão germina e desenvolve-se<br />

algumas vezes no interior do fructo, que<br />

elle perfura no ápice.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— Emprega-se<br />

vulgarmente na província de S. Paulo<br />

como sedativo e expectorante, em xarope,<br />

na dose de uma colher de sopa<br />

de 2 em 2 horas.<br />

Mamoeiro da índia. — V Mamoeiro<br />

de Cayenna.<br />

Mamoeiro macho. — Caricamicrocarpa,<br />

Linn.—Fam. idem.—Este<br />

Mamoeiro de Cayenna ou da<br />

Mamoeiro assim chamado em Pernambuco<br />

é semelhante ao precedente, mas<br />

suas flores nascem em uns pedunculos<br />

de 50 a 100 centimetros que ramificam-se<br />

e ahi produzem a fructo.<br />

Estes pedunculos longos e lisos, da<br />

grossura de um dedo minimo, estão<br />

índia. —Carica papaya.— Var. Fam. situados entre peciolos das folhas ho-<br />

idem.—Esta qualidade de Mamoeiro vive risontalmente ; com o desenvolvimento<br />

na America meridional e nas Antilhas. o fructo abaixa-se e torna-se pendente.<br />

A sua seiva é mais abundante e Elle q de ordinário mais pequeno<br />

láctea, que a do antecedente.<br />

que o precedente, mais esguio, e não<br />

As folhas são pecioladas, alternas é tão bom.<br />

e lobadas.<br />

Ha duas qualidades, roixa e branca ;<br />

As flores dispostas em cachos axil­ a primeira tem os peciolos das folhas<br />

lares.<br />

roixos (talo roixo) a segunda tem-n'os<br />

Os fruetos são peponides.<br />

O Mamoeiro é cultivado em quasi to­<br />

verdes (talo verde).<br />

dos os paizes tropicaes ; seu tronco é Mamoeiro tio anatto. —V. Jara­<br />

simples nú, e coberto de cicatrizes das catiá.<br />

folhas cahidas.<br />

No interior é inteiramente oco e divi­ Mamão príncipe.—Carica. Var.—<br />

dido por uma espécie de paredes lateraes Fam. idem. —Não sabemos qual é a<br />

em muitos compartimentos ; raras ve­ pátria d'este Mamão recentemente frazes<br />

offereee'na extremidade um ou, dois zido ao Brazil, mas asseveramos, que<br />

ramos; no Brasil porém ramifica-se é a melhor espécie que temos.<br />

mais.<br />

E', na forma, semelhante ao ordiná­<br />

As flores são esbranquiçadas, odori-, rio ; porém com os ângulos em vez<br />

feras e desenvolvem-se nas axillas de de salientes na parte superior, como<br />

todas as folhas, as masculinas têm pe- de ordinário são ao contrario na pajte<br />

dunculos de 12 centimetros á 1 metro inferior.<br />

de comprimento, e formam Um oacho Não tem a côr amarella na matu­<br />

composto de maneira que parecem sesridade, apenas apresenta cinco manseis<br />

sobre o tronco.<br />

chas nos ângulos.<br />

Come-se o fruto crú ou cosido, ma­ Dentro é todo ôco.<br />

duro ou verde.<br />

Tem de ordinário um só caroço, ra­<br />

As folhas servem para clarear a roupa. ramente dois ou três, a massa é ama-<br />

O leite misturado com água tem a rella-alaranjada, compacta, macia<br />

virtude extraordinária de tornar tenra mui saborosa.<br />

a carne: basta mesmo envolvêl-a nas<br />

e<br />

folhas por alguns minutos.<br />

Mamminlta d® cachorra. —


S8tt MAN MAN<br />

Eugenia mamiflora. (?) —Fam. das Myrta­ côr roixa purpurina; tem as pontas<br />

ceas. — Fructo que em Pernambuco, redondas e parecem jasmins.<br />

Alagoas e Sergipe tem este nome; Tem no centro da fauce do tubo um<br />

assim como a planta o de Mulato. annel; e Bão grupadas em pequena<br />

E' um arbusto de caule castanho quantidade.<br />

e liso.<br />

O fructo é uma baga pequena dc 2 a<br />

Folhas palmadas, ovaes e lisas. 3 centimetros, redonda envolvida polo<br />

As flores são brancas e pequeninas. calix que se lhe adhere: tem dentro<br />

O fructo oval de 2 centimetros com uma noz óssea com 4 caroços.<br />

quatro folhinhas no ápice, de cor roixa- Pela belleza das flores de duas coescura,<br />

lustrosa, de casca fina e coriacea. res no mesmo pé, pelo cheiro suave<br />

Une-se á uma massa branca, trigueira, que ellas derramam e pelas virtudes<br />

aquosa, doce, com principio adstringente, medicinaes que possue, podia esta<br />

contendo no centro um caroço grande, planta ser ornato de nossos jardins,<br />

esbranquiçado.<br />

como o é de alguns nas Alagoas e outros<br />

A madeira é boa para estacas. logares.<br />

Esta planta differe da Mamma<br />

cachorra de Minas Geraes.<br />

de<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— O cosimento<br />

de suas raizes serve para as dores<br />

Maittona. — V. Carrapalo.<br />

rheumaticas; é anti-syphilitica, útil<br />

nas gonorrhéas.<br />

Applica-se em pó na dose de uma<br />

colher como purgativa, e também nas<br />

moléstias uterinas.<br />

Denomina-se<br />

quaresma.<br />

nas Alagoas Flor de<br />

Em Pernambuco Flor de Natal, Manacá<br />

e Santa Maria.<br />

E' conhecida nos nossos sertões por<br />

este ultimo nome.<br />

Mantona do Rio Grande do<br />

i\orte. — E' um fructo que tem este<br />

nome na província do Rio Grande do<br />

Norte.<br />

Provém de uma arvore regular e<br />

agreste, de folhas miúdas e flores<br />

brancas.<br />

O fructo é amarello na maturidade<br />

com o tegumento externo rugoso, espesso,<br />

ligado á uma substancia aquosa<br />

avermelhada com um caroço grande,<br />

preto e lustroso no centro.<br />

Come-se a massa que é doce, sem<br />

nenhum principio ácido.<br />

Manacá ou Manaeau do<br />

matto.—Admosma supérflua. — Fam.<br />

das Acanthaceas.— Esta planta habita<br />

nos mattos das Alagoas, onde assim<br />

a denominam.<br />

Mamota. — V. Jaracatiá.<br />

Tem o caule vertical e no alto as<br />

folhas que são ovaes e allongadas.<br />

Manacá Anacon, ou Flor de As flores nas axillas das folhas e<br />

quaresma ou Santa Maria. (*) nas pontas dos ramos tem a fôrma<br />

— Duranta bicolor. — Fam. das Verbe de na- trombetas roixas rajadas de branco<br />

ceas. — Este arbustosinho silvestre co­ e sem cheiro.<br />

nhecido por estes nomes e pelo de Por fructo dá uma cápsula quasi<br />

Flor de Natal em Pernanbuco, fôrma redonda, contendo duas sementes de­<br />

touceira.<br />

primidas.<br />

Tem os caules verticaes e duros. A raiz é usada como forte diuretico.<br />

As folhas ellipticas, sem lustro e<br />

um pouco molles.<br />

Manacá Manacan. —Gerata-<br />

As flores de duas cores, brancas caca, Jerataeaea, Canganb».<br />

puras ou tintas de roixo, ou todas de Franciscea uni/lora. Besleria, Cr. e Vell.<br />

— Fam. das Serophularinaceas. — Esta<br />

CJ Na Bahia e em todo o Sul do Império<br />

Manacá é aFranciscea uníflora, e<br />

planta<br />

F.<br />

confunde-se com o Manacá de<br />

acumxnata.<br />

Pernambuco.


MAN MAN S87<br />

E' um arbustosinho de folhas ovaes<br />

oppostas.<br />

Flores avermelhadas no primeiro envoltório<br />

e com as lâminas amarelladas.<br />

Tem por fructo uma cápsula molle<br />

com duas válvulas e muitas sementes<br />

dentro.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. —Toda ella,<br />

especialmente a raiz, excita, energicamente<br />

o systema lymphatico, elimina<br />

o principio morbifico pelo suor e ourinas.<br />

E' antisyphilitica; a casca interior<br />

muito amarga, enjoativa, estimula a<br />

garganta. .<br />

Em pequena dose é resolutiva, em<br />

maior desenvolve as evacuações e a<br />

ourina ; promove o aborto ; passa por<br />

antídoto do veneno das cobras e em<br />

•grande dose é um veneno acre.<br />

trada que tem o caule reptante e arroixeado.<br />

As folhas um tanto suceulentas ovaes<br />

são oppostas.<br />

As flores, como formadas por um pequeno<br />

grupo paleaeeo, a semelhança de<br />

uma pejpetua branca.<br />

O fructo é como uma sementinha<br />

preta.<br />

O uso d'esta planta é servir de pasto<br />

do gado.<br />

Mandakcapim.— V. Capim mandak.<br />

Ma n d i b i. —A rum usum. —Fam. das<br />

Araceas. — E' um arbusto trepador , e<br />

mesmo parasito,<br />

Seu caule é fibroso, tendo folhas grandes,<br />

lanceoladas alternas e lisas.<br />

As flores em um estojo foliaceo<br />

, bojudo na ponta, cupulado e<br />

branco.<br />

Tem uma espiga em que estão en­<br />

Mancenilha. — Eippomane mancigastadas<br />

as flores de dois sexos, que<br />

nella, Linn. — Fam. das Euphorbiaceas.<br />

não são outra cousa mais do que pe­<br />

—E' uma arvore das Antilhas e do<br />

quenas excrescencias angulares, das<br />

.Brasil.<br />

quaes as inferiores desenvolvem as<br />

.*-. Suas folhas são denteadas, com longos<br />

fruetas.<br />

peciolos, luzentes e cheias de veios.<br />

Estas são bagas não comestíveis com<br />

As flores são exquisitas, de dois<br />

uma ou mais sementes.<br />

. sexos.<br />

Esta planta é conhecida por este<br />

O fructo é uma nóz, de superfície esca­<br />

nome nas Alagoas.<br />

brosa com uma polpa fofa, e interior­<br />

É applicada no fabrico de balaios.<br />

mente dividida em vários compartimentos,<br />

cada um com uma semente<br />

Mandibi de juntas. — Arum ar-<br />

que transuda um sueco leitoso que é<br />

ticulatum.— P'am. idem.—Planta agreste<br />

venenoso, e que, dizem estar Uum<br />

parasita e trepadeira, cujo caule verde<br />

' principio volátil que possue.<br />

apresenta nós.<br />

• Com o sueco d'esta planta os ca­<br />

Tem as folhas grandes, ovaes, lisas<br />

boclos envenenam suas settas.<br />

e lanceoladas.<br />

Serve entre elles para o curativo dos<br />

As flores como as da precedente; sendo<br />

cancros.<br />

o estojo menor.<br />

Lavam com água fria a ferida cobrem<br />

O fructo ainda não foi observado.<br />

a circumferencia com uma massa de<br />

Urucú e barro, deitam sobre a ferida Mandioca. — Oxalis mandioecana<br />

algumas gottas do sueco que faz des- Raddi, Nees et Mart. — Fam. das Oxalipegar-se<br />

a parte enferma; esta fica nedeas. — Pequçna planta do Rio de Jagra<br />

e destaca-se da parte sã. neiro conhecida por Mandioca (?)<br />

Raiz lenhosa e volumosa.<br />

Mandak. — Achyranthes campestris. Folhas ovaes..<br />

—Fam. das Amaranthaceas. — Chamam Flores amarellas, em cachos.<br />

assim nas Alagoas uma herva alas­ Fructo com cinco gommos pequenos.


S8S MAN MAN<br />

Cresce nos montes, e floresce nos<br />

mezes de Março e Outubro.<br />

Mandioca ou .Haitiva. —Jatropha<br />

manihot. — Fam. das Euphorbiaceas.<br />

—Tocamos á planta indígena que constitue<br />

a principal alimentação dos brasileiros.<br />

Ella para nós é o mesmo que o<br />

trigo para<br />

ricanos.<br />

os europeos e norte-ame­<br />

Sua cultura se faz em grande escala,<br />

mas não é ainda como deveria ser;<br />

porque os agricultores, fascinados pelo<br />

alto preço a que tem chegado o assucar,<br />

entregam-se inteiramente á cultura<br />

da canna, desprezando a da mandioca;<br />

acerescendo ainda a irregularidade que<br />

de annos para cá tem aôéctado o nosso<br />

clima ; o que tudo tem contribuído para<br />

a escassez da nossa farinha.<br />

São arbustos çaracterisados pela presença<br />

de um sueco lácteo abundante<br />

em todas as suas partes ; de folhas<br />

alternas e palmadas.<br />

Flores quasi sempre de uma cor verde<br />

amarellenta, em cachos panniculados,<br />

axillares ou terminaes, monoicas,<br />

perianthio companulado.<br />

de<br />

As masculinas tem dez estames inseridos<br />

n'um disco carnoso festonado.<br />

Filetes livres, distinetos, cinco dos<br />

quaes alternadamente mais compridos.<br />

Nas flores fêmeas estylete curto, três<br />

estigmas multilobulados<br />

três coccas bivalvas.<br />

e cápsula de<br />

A mandioca é a raiz ou a parte tuberosa<br />

das raizes d'esta planta.<br />

E' um arbustinho que cresce quando<br />

em boas condições de 150 á 200 centimetros,<br />

e muito mais em certas<br />

espécies.<br />

Esgalha, e seu caule e ramos são<br />

nodosos, de um pardo castanho avermelhado<br />

ou esbranquiçado ; deixa cicatrises<br />

salientes, vestígios das antigas<br />

folhas.<br />

Estas são em fôrma de palmas circulares<br />

com digitações, cujos peciolos<br />

são finos, tubulosos, de côr verde<br />

ou vermelha roixeados; essas partes,<br />

que são leitosas, acham-se reunida*<br />

nas partes superiores dos ramos.<br />

As flores são em cachos esverdinhados<br />

com a disposição dc uma rosa,<br />

com filetes no centro.<br />

São de dois sexos, trazendo as fêmeas<br />

o germera do fructo futuro, que<br />

é uma noz. de três gômos, verde, com<br />

raios no ápice, tendo dentro troa caroços<br />

bem semelhantes aos da mamona.<br />

Na raiz da planta .encontra-se lo^o<br />

em derredor da base no caule subterrâneo,<br />

umas tuberas oblongas, de<br />

diversos tamanhos, lisas, de casca tina<br />

membranosa, de côr parda mais ou<br />

menos carregada, destacando-se por<br />

esdamas membranosas.<br />

Sob esta casca ha outra coriacea,<br />

brancacenta amarellada, de pouca espessura.<br />

Segue-se então um corpo solido,<br />

branco, compacto e doce, tendo no<br />

centro um prolongamento fibroso qu


MAN MAN S89<br />

A maniva apresenta algumas variedades<br />

das quaès apontamos algumas.<br />

Ellas se distinguem não só pela<br />

qualidade da raiz, como mesmo por<br />

certos caracteres orgânicos.<br />

O nome de mandioca ê dado á raiz,<br />

e o de maniva em geral ao vegetal ; trataremos<br />

depois da maniva.<br />

e em fôrma de rosinhas ou estrellás<br />

de cor esverdinhada e vermelha, tendo<br />

algumas o botãosinho, rudimento do<br />

futuro fructo.<br />

E', finalmente, uma arvore bonita;<br />

nenhuma outra do paiz offereee a sombra<br />

agradável que ella dá.<br />

O fructo é de variados tamanhos,^<br />

A fecula da mandioca, que se obtém du­ d'onde resulta grande variedade de<br />

rante a lavagem sob a fôrma de sedi­ espécies ou grande numero de variemento<br />

esbranquiçado é afamada por dades.<br />

suas qualidades nutritivas; secca em cha­ Oscilla de 6 á 12 centimetros ; tem<br />

pas quentes, constitue a farinha de tapioca a fôrma de coração, sendo a base a<br />

do Maranhão, alimento muito sadio que o parte mais larga e tendo n'ella a ci-<br />

estômago digere com muita facilidade, catriz do pedunculo qué verte sueco<br />

e da qual a província do Maranhão resinoso.<br />

exporta milhões de kilogrammas. Uns são exteriormente de côr verde,<br />

inda mesmo quando maduros, outros<br />

Mandiocaba. —E' a mondioca que de côr amarella pallida, amarella côr<br />

serve para o fabrico do Cauím. de gemma d'ovo, outros amarellos com<br />

uma parte vermelha, e finalmente al­<br />

Mandobi. — V. Mendobi.<br />

guns com<br />

vermelha.<br />

uma parte verde o outra<br />

Mandobi gúaçú. — V- Pinhão de E' um fructo não só bonito na<br />

purga.<br />

fôrma, como excellente no gosto,<br />

M »si ei u p iti n.—V Jareré.<br />

quando de boa qualidade.<br />

O pericarpo é coriaceo, e tem cheiro<br />

Manga ou Mangueira.— Man-<br />

muito agradável.<br />

E' de cinco millimetros de espesgifera<br />

indica, Linn.—Fam. das Terebinsura, e liga-se a uma massa tenra<br />

taceas. \<br />

entremeada de fibras espessas que<br />

Fructo e arvore que todo o Brasil no centro encerra um caroço reni-<br />

conhece.<br />

forme, mais espesso no meio, acha­<br />

E' uma arvore originaria da índia, tado, maior ou menor, coberto de<br />

transportada ao Brasil em epocha bem fibras, que são as que se ramificam<br />

remota.<br />

na polpa do fructo.<br />

Hoje, porém, está acelimada de tal Esta massa é doce, suceulenta com<br />

modo, que bem parece ser natural do um principio resinoso.<br />

paiz.<br />

As boas mangas têm o pericarpo<br />

E' a mangueira uma arvore, que ne­ fino, a massa pouco fibrosa, macia,<br />

nhuma outra se lhe assemelha. com um sabor doce, particular e aro-<br />

Ella cresce de 8 á 10 metros de almatico'.tura. O caroço, pequeno e quasi chato,<br />

Seu tronco é de 1 á 2 metros de tem um principio resinoso quasi im­<br />

diâmetro, de casca regoada: adquire perceptível.<br />

uma circumferencia de 16 á 25 metros. As Mangas pendem das arvores por<br />

A copa é convexa e de folhagem densa. pedunculos um tanto longos; e as<br />

As folhas são lanceoladas e coriaceas, que são boas quando cahem, batendo<br />

e têm em todas as suas partes um sueco em corpo solido, criam uma espécie de<br />

Tesinoso.<br />

calosidadade que aséda a polpa, e á<br />

As flores, em cachos pyramidaes, são que denominam coração.<br />

de sexos distinetos; isto é, separados, As que são ruins, independente d'esta<br />

39


suo MAN MAN<br />

circumstancia sempre apresentam esta mer o fructo de vez, (quasi maduro),<br />

parte dura.<br />

para que o sueco tique preso aos lá­<br />

Fructitícam no verão nos mezes de bios, a ponto de sei preciso um grande<br />

Novembro, Dezembro, Janeiro, Fevereiro trai)alho para desgrudal-os.<br />

e Março, e no inverno em Abril,Maio A mangaba ó um fructo delicado ;<br />

e Junho no Norte.<br />

quando cabe da planta não deve üear su­<br />

A manga é uma excellente frueta, jeito á acção do sol; porque corrompe-<br />

talvez a melhor que existe ; passa por se; apanha-se num dia para ser comido<br />

nociva a saúde; no emtanto exageram no outro ; é estomacal, substancial, o<br />

muito esta qualidade; porque, depois não faz mal aos doentes; do fôrma quo<br />

de sasonada, torna-se ella livre do prin­ em Sergipe chamam-n'a fructo de docipio<br />

prejudicial que contém.<br />

ente; entretanto convém cautela.<br />

Faz-se com elle bom doce.<br />

Mangaba. — Apoicynum hancornia No tecido cortical da arvore encon­<br />

Linn.—Eancornia speciosa , Mart.— tra-se um leite viscoso, que em medi­<br />

Fam. das Apocynaceas. — Este estimacina emprega-se nas phtisicas pulmovel<br />

fructo está no numero das bellas nares : pela coagulação d'esta seiva ob-<br />

fruetas do Brasil, d'onde é indígena. tem-se uma borracha de superior quali­<br />

Nasce nos lugares incultos e nos dade, mas que não é quasi explorada.<br />

taboleirós.<br />

A madeira é empregada no fabrico<br />

E* proveniente de um arbusto deli­ de diversos artefactos de marceneria.<br />

cado que se eleva até 4 % metros. (Fig. 25.)<br />

Esgalha logo de pouca altura do<br />

tronco e tem os ramos finos. Mangaba brava ou Manga-<br />

As folhas, oppostas, são lanceoladas binha das catingas. — Eancornia<br />

estreitas, pequenas e não fazem densa pubescens, Mart. — Fam. idem. — E' uma<br />

a folhagem (copa).<br />

frueta agreste proveniente de um ar­<br />

Tem um porte agradável; fornece busto das catingas dos nossos sertões<br />

um sueco leitoso do tronco, folhas, do Norte, especialmente de Pernambuco<br />

flores e fruetos.<br />

e Bahia.<br />

As flores são como jasmins brancos E' um arbusto mui frondoso e copado,<br />

quasi sem cheiro.<br />

de tronco esbranquiçado, de folhas re­<br />

O fructo aromatico de 1 % á 3 cengulares e grossas.<br />

timetros e mais, é redondo, ou oval for­ Flores não observadas por nós.<br />

mando um bico quasi insensível ; na O fructo é de 6 centimetros, cylin­<br />

maturidade é verde amarellado ou mes - drico, amarello quando maduro, com<br />

mo amarello, sendo todo salpicado de pouco cheiro.<br />

nodoas vermelhas que oecupam tod a O pericarpo encerra uma polpa molle,<br />

a superfície externa ou um só lado. elástica e branca, com um caroço re­<br />

O pericarpo é uma membrana deldondo no centro, branco e de pequeno<br />

gada. *<br />

tamanho.<br />

O fructo é molle quando maduro, e Este fructo é alimento dos veados e<br />

esmaga-se á menor pressão; compõe-se outros animaes, e por isto os caçador<br />

de uma polpa branca, ligada ao peri­ res os esperam nas mangabeiras bravas.<br />

carpo, um tanto fibrosa, cheia de sue­ A entrecasca e a raiz são empregaco<br />

leitoso que se converte em licor das pelo vulgo, como purgantes, nas<br />

doca, ácido de excellente gosto. moléstias uterinas, e para provocar o<br />

Este fructo é cheio de sementes reni­ fluxo menstrual.<br />

formes e chatas.<br />

Assemelha-se á Mangaba mansa, mas<br />

O sueco leitoso, quando o fructo está com as differenças indicadas.<br />

verde, é venenoso ; produz embriaguez Ha outra Mangaba agreste, com a<br />

que pôde produzir a morte; basta co-<br />

massa em tudo semelhante á precedente,


MAN MAN S91<br />

sendo porém o fructo mais pequeno;<br />

o qual, por asêdo, não se pôde comer.<br />

Existe n'alguns lugares das Alagoas,<br />

Sergipe, etc.<br />

O' extracto da casca é amargo e empregado<br />

em pequenas doses na obstrucção<br />

do figado, na ictericia e nas<br />

moléstias cutâneas chronicas.<br />

O sueco leitoso tem os uzos da gomma<br />

elástica.<br />

Mangaíba.—V- Mangaba.<br />

Mangará-mirim.—V. Mangarito.<br />

Mangará petina. — V. Mmgaraz.<br />

—Caladium violaceum, Desf.<br />

Mangarataia.—V. Gengibre.<br />

Comem-se cosidas.<br />

A raiz exuda


S9S MAN MAN<br />

Differe das antecedentes por ter a mum ó tomada diariamente contra<br />

folha mais miúda, e crescer menos. as edemacias.<br />

Tem os mesmos usos.<br />

O café feito das sementes ó útil<br />

Mangericão das moças. — T"<br />

contra o flato.<br />

Na primeira invasão do cholera no<br />

Mathias.<br />

Brasil, 1856, no Brejo dAreia foi<br />

Mangericão ordinário.— Ocy­<br />

empregada a raiz d'esta planta raspada,<br />

em infusão, misturada com um<br />

mum basilium, Linn. Var. ? — Leucas pouco mar- de aguardente: era um espetinicensis,<br />

Barth. — Stachyorecta, Linn. cifico — contra as diarrhéas cholerica><br />

Fam. idem. — Este mangericão commum Também<br />

em nossos jardins é natural do Ceylão, e<br />

chamam-na Paja-mariôba.<br />

muito cheiroso.<br />

Maugerona.—Origanum majorana,<br />

Esgalha bastante; e o caule é quasi Linn.—Majoranoidis (?) Willd.—Fam. das<br />

quadrado.<br />

Labiadas.— E' uma planta herbacea,<br />

As folhas oppostas, ovaes e bem aromatica, natural da Europa.<br />

verdes.<br />

E' delicada na cultura.<br />

As flores, em espigas, são brancas Seu caule fôrma touceira, e esten­<br />

e roixas; e os fruetas iguaes aos da de-se elevando as pontas dos ramos,<br />

precedente ; tendo o mesmo prestimo. que são finos.<br />

E' empregado nos espasmos hyste- Tem as folhas oppostas, pequenas,<br />

ricos, e dores articulares.<br />

ovaes, e esbranquiçadas, por causa dos<br />

muitos pellos macios, que as tornam<br />

Mangerioba. — Cássia oceidentalis, também macias.<br />

Linn. — Cássia sericea, Swart. — Fam. As flores são brancas e pequeninas.<br />

das Leguminosas. — E' uma das plantas O fructo como o do Mangericão.<br />

úteis do Brasil; nasce em todos os Empregam-n"a como tempero nas<br />

terrenos<br />

cosinhas, e tem as propriedades esti­<br />

Seu nome popular é geralmente Femulante e tônica.<br />

degôso: parece que só varia em Pernambuco,<br />

pois no Rio de Janeiro e Maugerona do campo.— Gle-<br />

Bahia, é chamada Fedegôso. chon spalulatus.— Fam. idem.— Planta<br />

O caule é um tanto lenhoso; cresce do paiz conhecida por este nome no<br />

de 100 a 150 centimetros ; é esgalhado, Rio Grande do Sul.<br />

de folhas lanceoladas, não pequenas, Esta herva, tomada em infusão, é<br />

dispostas em pares por palmas. um excellente diaphoretico para as<br />

Flores em cachos pequenos, amarellas affecções catarrhaes.<br />

e dispostas como rosas.<br />

O fructo é uma vagem de 12 cen­ Mangue amarello.— Avicencia.<br />

timetros, estreita, parda, comprimida, nitida, Linn.— Fam. das Myoporaceas.—<br />

com ondulações, mostrando os lugares E' uma arvore pequena e indígena<br />

das sementes, as quaes existem em que habita nos pântanos.<br />

lojas divididas, de fôrma ovoide, e cor<br />

de castanha.<br />

Tem folhas bonitas, lanceoladas.<br />

As flores são brancas.<br />

O fructo capsular e oblongo.<br />

Com a casca d'esta planta se curte<br />

couros ; é adstringente.<br />

E' também conhecido por Cerubuna<br />

e Cerutinga.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— Esta planta<br />

tem muitas applicações médicas; o<br />

cosimento das folhas e caules, feito<br />

com cevada, é excellente contra as<br />

tosses antigas e recentes, dores rheumaticas,<br />

erysipelas, e eólicas.<br />

A infusão do lenho em água com­<br />

Maugae branco ou Ce rei b»<br />

Laguncularia racemosa, Gaertn.—Fam.


MAN MAN S93<br />

das Combretaceas.— A este mangue tam­<br />

bém chamam em Pernambuco Mangue<br />

branco e rasteiro.<br />

E' um arbusto que vegeta nas águas<br />

salgadas, muito ramoso, sendo os<br />

ramos oppostos ; tem as sumidades e<br />

o peciolo das folhas vermelhos.<br />

Estas são oppostas quasi redondas,<br />

carnosas, quebradiças. Satura-se do<br />

sal das águas marinhas.<br />

As flores em cachos são pequeninas<br />

e brancas.<br />

O fructo é uma cápsula conica, sulcada.<br />

A semente germina dentro do fructo,<br />

que depois torna-se escuro.<br />

Este arbusto fqrnece boa lenha.<br />

As folhas são applicadas, em cosimento,<br />

nas dores de dentes.<br />

Tem a casca escura.<br />

As folhas miúdas, oppostas, lanceoladas<br />

e lisas.<br />

As flores são brancas, em cachos,<br />

pequenas e um pouco resinosas.<br />

O fructo é rudimentario, ovoide e internamente<br />

dividido em quatro alojamentos.<br />

Mangue do Pará. — Cassipourea<br />

guianensis, Aubl. — Lignotis, elliptica,<br />

Swart. — Fam. das SaUcariaeeas. — Ê<br />

um mangue que vegeta era terrenos<br />

paludosos no Pará e seus contornos.<br />

E' arvore mediana, de folhas oppostas<br />

e ovaes.<br />

As flores são braneas em cachos.<br />

O fructo semelhante á uma baga espherica<br />

com três válvulas e três lojas,<br />

contém uma ou três sementes.<br />

Mangue do brejo. — Eugenia Mangue do Pará. — Cassipourea<br />

nitida. — Eugenia nitens, D. C. macrophylla, —<br />

D. C. e Mart. — Lignotis<br />

Fam, das Myrtaceas.—Arbusto de tron­ macrophylla.— Fam. das Risophoraceas.<br />

co liso.<br />

—Esta espécie differe pouco da outra.<br />

De folhas oppostas, ellipticas e lus­ As folhas são maiores, assim como<br />

trosas.<br />

as flores.<br />

Flores e fructo iguaes aos de suas congêneres.<br />

Mangue de pendão. — Rhizophora<br />

mangle, Linn. —Fam. idem.—<br />

Mangue canoé ou de botão.— Este mangue nasce e vegeta nas bordas<br />

Terminalia aggregata.— Fam. das Com­ e mesmo dentro dos pântanos salôbros<br />

bretaceas. — Arbusto em mouta. e salgados.<br />

Cresce de 150 a 200 centimetros. Tem em Pernambuco este nome e o<br />

Vegeta nas areias da praia.<br />

de Mangue verdadeiro.<br />

Suas folhas são lanceoladas, lisas, E' um arbusto frondoso, de tronco<br />

carnosas, quebradiças, e com o peciolo liso e escuro; de ramos quasi hori-<br />

curto, tendo duas glândulas umbelisontaes, avermelhados nas pontas e no<br />

cadas na base que, e se apresentam como peciolo das folhas.<br />

glóbulos esverdinhados e sub-escamosos, Estas são arredondadas, carnosas e<br />

contendo muitos feixes de pequenos quebradiças.<br />

filetes.<br />

Flores em cachinhos brancos.<br />

O fructo é um aggregado de fructi- O fructo é uma cápsula pyriforme,<br />

nhos globulosos, oblongos, com eixo cen­ deprimida, coroada por um pequeno<br />

tral, cuja superfície offereee ângulos em tubo, cuja superfície verde é reguada<br />

alto relevo com pequenas escaminhás. longitudinalmente, e contém uma se­<br />

Do. tronco d'este mangue tiram-se mente foliacea.<br />

cavernas para canoas.<br />

A lenha que fornece é boa; e conserva<br />

o fogo.<br />

Mangue de espeto. — Stalagmites Pôde dar-se na dose de 8. grammas<br />

mini folia. — Fam. das Guttiferas. como — É anti-febril a casca.<br />

uma arvore do paiz de porte mediano O pó dá-se nas picadas dos insectõs<br />

conhecida por este nome em Alagoas. e mordeduras de peixes.


S94 MAN MAN<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. — Plantas — Arbustosinho conhecido por este<br />

herbaceas ou arbustos de caules sar- nome em Cabo-Frio.<br />

mentosos, de folhas alternas, simplices E' esgalhado, com folhas alternas


MAN MAN S95<br />

O fructo é uma cápsula foliacea, em<br />

fôrma de fuso, com duas válvulas e<br />

algumas sementes compridas dentro.<br />

Empregam seu cosimento contra as<br />

fluxões de peito, tosses, etc.<br />

Ilaniçoba brava. —Jatropha. —<br />

Fam. das Euphorbiaceas. — Arbusto que<br />

cresce de 2 a 4 metros, quando favorece<br />

o terreno.<br />

E' lactifero, de caule nodoso em virtude<br />

das cicatrises das folhas velhas.<br />

Estas são palmadas, de peciolos longos,<br />

de cinco lobos ovaes oblongos,<br />

agudos, lisos e quasi lustrosos.<br />

Flores, em pequenos cachos, nas<br />

pontas dos ramos.<br />

São de dois sexos, e como pequenas<br />

angélicas de cinco pontas esverdinhadas,<br />

e na base manchadas de côr de purpura..<br />

A flor fêmea produz uma nóz oval,<br />

de 3 centimetros, dividida em oito<br />

septos por meio de. secções e quatro<br />

válvulas; offereee quatro lojas contendo<br />

quatro sementes.<br />

Esta planta é uma Maniva brava que<br />

não se come.<br />

Dá raizes tuberosas, que, em vez da<br />

fôrma comprida que tem as que se comem,<br />

são redondas, e seu interior não<br />

é, formado por substancia compacta,.<br />

como n v cabulo Maniva significa a planta inteira<br />

que produz as tuberas, donde se<br />

extrahe a farinha usada como alimento<br />

entre os brasileiros, que também se<br />

chama Farinha de páo.<br />

O nome, porém, de Mandioca applica-se<br />

em particular a raiz tuberoza.<br />

Eis aqui as espécies que se cultivam<br />

em Pernambuco.<br />

Maniva aipim. — Jatropha pseudo<br />

aipi.Çl) —Fam. das Euphorbiaceas.—O<br />

caule d'esta é branco, os peciolos das<br />

folhas esverdinhados no ápice e arroixeados<br />

na base junto ao caule.<br />

As folhas são de cinco ou sete divisões.<br />

Parece-se com a Machaxêra branca.<br />

Maniva aipim.—Jatropha. —Fam.<br />

idem.—Machaxêra.<br />

Maniva amarella.— Jatropha.—<br />

Fam. idem.—Conhece-se em Pernambuco<br />

e Alagoas por este nome a Maniva de<br />

tronco esbranquiçado.<br />

A estruetura da planta está descripta<br />

na Mandioca Jatropha.<br />

A raiz é de tamanho ordinário, de<br />

cerca de 36 centimetros, casca fina e<br />

branca em relação ás outras.<br />

aquellas; porém mais frouxa, e A massa não é compacta; tem a côr<br />

aquosa; não dá fecula.<br />

amarella e dá boa farinha.<br />

Entretanto todo o gado gosta d'esta<br />

planta.<br />

Maniva atan do calado. — Ja­<br />

A Maniva do sertão é uma espécie tropha. — Fam. idem. — É conhecida em<br />

semelhante á esta^ porém apresenta Pernambuco e Alagoas por este nome<br />

na raiz um prolongamento, as vezes uma Maniva de caule branco e gom­<br />

de 150 centimetros, na extremidade do mos arroixeados.<br />

qual forma-se uma tubera, cuja massa Tem a raiz curta, grossa e cascuda;<br />

é mais venenosa.<br />

sua massa é enxuta.<br />

Em tempos de carestia e fome o Dá farinha de boa qualidade, e em<br />

povo d'esses lugares serve-se d'ella abundância.<br />

para fazer farinha; mas é preciso extrahir<br />

bem a parte aquosa, e prolongar Maniva Barroso.—Jatropha.—<br />

ou demorar por mais tempo a torre- Fam. idem. — É de Alagoas esta espécie,<br />

facção, isto é a acção do calor. de Maniva.<br />

Tem os gommos e os talos roixos.<br />

Manimbú.—Espécie de Junça que O lenho é acinzentado.<br />

nasce nos paues da Parahyba.<br />

A raiz cresce muito, tem a casca<br />

Maniva.—Já mostramos queovo-|<br />

grossa.<br />

Dá boa farinha.


S96 MAN<br />

Maniva branqulnha.—Jatro­ Os peciolos das folhas são vermelhos<br />

pha. — Fam.idem. — Esta espécie , que inferiormente e brancos por cima.<br />

existe em Pernambuco e Alagoas, tem o As raizes pouco crescem; mas engros­<br />

caule e os peciolos esbranquiçados. sam e são muito suceulentas.<br />

A mandioca tem a casca parda.<br />

A massa é grossa e compacta.<br />

Dão uma farinha regular.<br />

Dá boa farinha.<br />

Maniva cruvellinha.—Jatropha.<br />

Ha outra do mesmo nome que differe — Fam. idem. — E' uma espécie conhe­<br />

por esgalhar muito e produzir uma cida nas Alagoas.<br />

raiz tuberosa de casca grossa.<br />

O peciolo das folhas é branco.<br />

Também dá boa farinha.<br />

As flores amarellas riscadas de côr de<br />

Maniva caboc'linha.—Jatropha. rosa.<br />

— Fam. idem.—Esta vegeta também Abunda em raizes, que engrossam<br />

em ambas as províncias acima men­ muito.<br />

cionadas, onde recebe este nome. Dá bem em quasi todos os terrenos, e<br />

O caule e os peciolos aproximam-se produz boa farinha.<br />

á côr de castanha.<br />

A Mandioca é curta e grossa, de Maniva engana-ladrão. — Ja­<br />

massa enxuta.<br />

tropha. —Fam. idem. — E' conhecida em<br />

Dá boa farinha.<br />

Alagoas e Pernambuco.<br />

Tem peciolos vermelhos.<br />

Maniva caboelinlia.— Jatropha. Caule azinzentado e gomos brancos.<br />

— Fam. idem. É também de Pernam­ A Mandioca engrossa, é compacta, dá<br />

buco e Alagoas<br />

boa farinha; e estando em terra en­<br />

O caule e os peciolos são avermexuta conserva-se por muito tempo.<br />

lhados.<br />

A raiz cresce bastante , e dá boa Maniva freira. — V. Maniva mi-<br />

farinha; mas como d'ella se usa de lagrona.<br />

preferencia para comer cosida, depois<br />

de lavada em duas águas, pouca fa­ Maniva fria, da matta. —Jarinha<br />

se faz d'esta espécie.<br />

tropha. — Fam idem. Em Alagoas e Pernambuco<br />

se conhece esta Maniva que é<br />

Maniva canella de urubu.— esgalhada, e de peciolos brancos.<br />

Jatropha. — Fam. idem. — Esta espécie Raizes pequenas, grossas, quasi esphe-<br />

tem o caule com manchas côr de ricas e suceulentas.<br />

purpura.<br />

Os peciolos das folhas são purpureos;<br />

Dá excellente farinha.<br />

e estas de cinco divisões.<br />

Maniva fria,da matta. Jatropha.<br />

As flores e fruetos como<br />

Mandioca.<br />

os da — Fam. idem. —Subarbusto que esgalha<br />

muito, com caule esbranquiçado.<br />

Maniva carriryde fogo.— Ja­<br />

Peciolos brancos, com manchas rosadas<br />

ou rubras.<br />

tropha. — Fam. idem — Esta espécie tem Folhas de cinco lobulos, sendo as<br />

o caule branco, manchado de rubro. dos gommos, ou olhos arroixeadas.<br />

Os peciolos das folhas rubros, e Flores amarelladas, com veios côr de<br />

estas de sete divisões.<br />

ro3a ; e as glândulas amarellas.<br />

Os gommos são purpurinos.<br />

O fructo e as estipulas iguaes aos<br />

da precedente.<br />

Maniva rruvella. Mamão.— A raiz, pequena quasi redonda, é<br />

Jatropha. —Fam. idem.— Assim chamam suceulenta.<br />

em Pernambuco a esta espécie que cresce I<br />

muito sem e3galhar.<br />

Maniva humana. — Jatropha. —<br />

MAN


MAN MAN S9?<br />

Fam. idem. — Também estaé conhecida<br />

nas mesmas duas províncias,<br />

O caule é escuro, o peciolo roixo ;<br />

esgalha abundantemente.<br />

A raiz é grande, succulenta e<br />

muito enxuta.<br />

Dá boa farinha, e em grande quantidade.<br />

Esta raiz'não tem o principio vene­<br />

noso das outras, e até come-se crua.<br />

sem que' produza nenhum accidente.<br />

É usada como a Machaxêra.<br />

Maniva humana branca..—<br />

Maniva lattdin,— Jatropha.—Fam.<br />

idem. — Conhecida em Pernambuco e<br />

Alagoas.<br />

E' um tanto esgalhada, tem o caule<br />

pardo, eo peciolo esverdinhado.<br />

Jatropha. — Fam. idem. — Está Maniva A raiz tem a casca parda e grossa, e<br />

tem o caule branco, a Mandioca esbran­ a massa enxuta.<br />

quiçada.<br />

Dá boa farinha, mas também co-<br />

A casca fina.<br />

mem-n"a ; não sendo porém boa para<br />

As folhas com três divisões, o peciolo<br />

branco.<br />

este fim.<br />

A flor esverdinhada.<br />

Maniva manipeba. —Jatropha.—<br />

O fructo como o da outra.<br />

Fam- idem.—De Pernambuco e Alagoas.<br />

E' do caule acinzentado, de peciolo<br />

Maniva humana fria. — Jatrop. esverdinhado, esgalha tão rasteiramente<br />

Fam. idem. — Esta é também conhecida que os galhos se introduzem na terra.<br />

em Pernambuco e Alagoas, onde tem A Mandioca cresce muito, tem a<br />

este nome.<br />

casca fina, a massa muito enxuta, e<br />

É^um pouco esgalhada.<br />

entranha-se tanto na terra, que a mão<br />

Tem o caule acinzentado, o peciolo desarmada de instrumento não a pôde<br />

branco.<br />

arrancar.<br />

A. Mandioca cresce e engrossa. Ei a que, n'este estado, mais tempo<br />

É compacta, e dá excellente e abun­ dura, pois chega a dois annos sem cordante<br />

farinha.<br />

romper-se.<br />

Também chamam-n'a Eumana fria da Dá uma farinha, tão venenosa, que<br />

nem as formigas a comem.<br />

Maniva humana vermelha.— Maniva manipeba.—É uma qua­<br />

Jatropha.—Fam. idem.— .Esta espécie é lidade, cujas raizes são bulbiferas no<br />

conhecida por este nome em Pernam­ seu prolongamento.<br />

buco.<br />

Nasce de distancia em distancia uma<br />

Tem o caule manchado de côr de batata, e por este modo se encrava<br />

rosa.<br />

muito pela terra, dando muito traba­<br />

Quasi todos os peciolos das folhas lho para colher-se.<br />

sáo vermelhos.<br />

D'esta batata estrahe-se farinha e é<br />

Estas têm cinco divisões.<br />

tão venenosa que nenhum animal d'ella<br />

As flores são amarelladas.<br />

come.<br />

O fructo igual aos precedentes. Póde-se conservar o tempo que se<br />

As raizes grandes e suceulentas. quizer; visto que o vegetal chega á<br />

grandes alturas acompanhando o matto,<br />

Maniva Isabel de Souza. — se não for arrancado.<br />

Jatropha.—Fam. idem.—Esta espécie, assim<br />

denominada em Sergipe, não cresce Maniva maitivinha. Jatropha—<br />

muito.<br />

Fam. idem. — Tem o caule branco, e<br />

Dá raizes que madurecem em seis fende-se na parte inferior em lâminas<br />

mezes n'aquella provincia,mas em todas As folhas de cinco lobos,têm peciolos,<br />

as outras só no fim de u*n anno e mais. brancos no meio e purpurinos em cima.<br />

40


£98 MAN MAN<br />

Esta Mandioca é desconhecida por<br />

nós.<br />

Maniva ntilagrona. —Jatropha.<br />

Fam. — idem. — Esta Maniva, conhecida<br />

nas Alagoas por tal nome, é em Pernambuco<br />

chamada Maniva freira.<br />

Não esgalha.<br />

Tem o caule castanho e o peciolo<br />

branco.<br />

As raizes tuberosas engrossam e se<br />

alongam.<br />

São muito compactas.<br />

Dão bôa farinha em quantidade.<br />

Come-se.<br />

por este nome Mandioca de caule acinzentada<br />

peciolo e gommo branco.<br />

A raiz é de casca parda, e a massa<br />

produz excellente e abundante farinha.<br />

Maniva do gommo roixo. —<br />

Jatropha.—Fam. idem.—O povo das<br />

Alagoas conhece esta espécie por tal<br />

nome.<br />

Tem ella um nó roixo junto ao olho,<br />

e o peciolo arroixeado na inserção das<br />

folhas.<br />

A raiz cresse e engrossa.<br />

E' muito cascuda e redonda.<br />

Não dá má farinha.<br />

Maniva pacoré. — Jatropha. —<br />

Fam. idem.—E' de Pernambuce esta<br />

espécie, e tem o caule e o peciolo es-<br />

branquiçados.<br />

A raiz é parda escura.<br />

A massa amarella.<br />

Quasi se não faz d'ella farinha, por<br />

usarem muito 'comel-a de preferencia.<br />

Maniva Parahyba.— Jatropha.—<br />

Fam. idem. — Esta espécie tem o caule<br />

e os peciolos das folhas brancos.<br />

As folhas de cinco divisões.<br />

As flores como as congêneres.<br />

O fructo com arestas verdes.<br />

A raiz é desconhecida para nós.<br />

Maniva pé de pombo. —V.<br />

Maniva cabocolinha.<br />

Maniva periquito.— Jatropha.—<br />

Fam. idem.—E' assim denominada esta<br />

espécie nas Alagoas.<br />

O caule é branco e não esgalha.<br />

O peciolo é incamado.<br />

Maniva mulatinha. —Jatropha.<br />

A raiz é bastante grossa, apresenta<br />

— Fam. idem. — Em Pernambuco e Ala­ boa massa, que produz excellente fagoas<br />

conhecem por este nome a Marinha.niva de caule castanho com peciolo<br />

quasi da mesma côr.<br />

Maniva pipáca.—Jatropha.— Fam.<br />

A raiz é curta e grossa.<br />

idem. — Esta Maniva é conhecida nas<br />

A massa é enxuta.<br />

Alagoas.<br />

Produz boa farinha.<br />

Tem o caule acinzentado.<br />

O peciolo branco com os pontos de<br />

Maniva de goinnto branco. inserção avermelhados.<br />

— Jatropha. — Fam. idem. — Também A raiz tem a casca preta.<br />

em Pernambuco e Alagoas conhecem Come-se, dá também boa farinha.<br />

Maniva retroz.—Jatropha.—Fam.<br />

idem.—Esta espécie de Maniva conhecida<br />

nas Alagoas esgalha e desenvolve-se<br />

muito.<br />

Tem o caule castanho e o peciolo<br />

vermelho.<br />

As raizes longas e grossas.<br />

A massa muito compacta.<br />

A farinha que dá é um pouco fibrosa,<br />

sendo porém velha, não 6 má.<br />

Maniva do Rio Grande.—Esta<br />

Maniva tem o tronco branco.<br />

Os peciolos das folhas mui compridos<br />

e brancos e as extremidades rosadas.<br />

As folhas de sete divisões.<br />

Maniva tapicima.—Jatropha.—<br />

Fam. idem.—Em Pernambuco e Alagoas<br />

conhecem esta variedade.<br />

Tem o caule pardo.<br />

Cresce sem esgalhar.


MAP MAP S9ç5<br />

O peciolo é esverdinhado.<br />

A raiz é parda ou castanha, de massa<br />

enxuta, e se come.<br />

Dá boa farinha.<br />

Maniva tio Pedro.—Jatropha. —<br />

Fam. idem.—Esta é conhecida em Pernambuco<br />

.<br />

Tem o caule e peciolo arroixeados<br />

A raiz grossa.<br />

Dá boa farinha.*<br />

E' desconhecida no norte das Alagoas*<br />

Quando chega a certo gráo de idade<br />

esta planta perde os espinhos.<br />

Mapareyba. —V Mangue de pendão<br />

ou Mangue vermelho. r<br />

Mapichi.— Myrcia lanceolata.—Fam.<br />

das Myrtaceas.—E' um arbusto conhecido<br />

por este nome em Minas Geraes.<br />

Esgalha.<br />

Tem folhas oppostas e lanceoladas.<br />

As flores são brancas, em cachos<br />

pequenos.<br />

O fructo não foi ainda observado.<br />

Tem cheiro terebinthaceo.<br />

Mapirunga ouPirunga.—Fam.<br />

das Myrtaceas. — E' um fructinho silvestre,<br />

de pouco apreço, conhecido em<br />

Maniva vermelha.—Jatropha.— Pernambuco por Mapirunga e em Ser­<br />

Fam. idem.—E' de Pernambuco e Ala gipe por Pirunga.<br />

gôas.<br />

Nasce de um arbusto pequeno esgá -<br />

Tem o caule escuro e não esgalha. lhado.<br />

O peciolo é vermelho arroixeado. De folhas pequenas oppostas.<br />

A raiz comprida e earnosa.<br />

De flores em cachinhos, ou feixes<br />

Sendo nova, dá boa farinha.<br />

nos ramos.<br />

Manobi.—V. Mundubi.<br />

Os fruetos são pequenos, globulosos,<br />

de cerca de 1 a 2 centimetros offe­<br />

Mantimento de araponga. — recendo umas palhetinhas verdes no<br />

Eugenia adstringens.—St. Hil.—Fam. ápice. das<br />

Myrtaceas.—Arbusto, oriundo do paiz, O tegumento externo é uma pelli­<br />

conhecido no Rio de Janeiro por este cula fina semi-transparenté, de cô<br />

nome.<br />

Cresce nas capoeiras d'essa provincia.<br />

Tem o tronco e os ramos lisos.<br />

As folhas são oppostas e ellipticas<br />

As flores ou solitárias ou em pares<br />

são brancas e distinctas.<br />

O fructo é oval, liso, bonito, coroado<br />

pelas sepalas da flor, de um roixo escuro,<br />

de sabor adstringente, com um<br />

caroço dentro.<br />

Fructifica em setembro.<br />

O nome indica o uso que tem.<br />

Má© visinlto.—Mimosa malvasinha.<br />

(?)—Fam. das Leguminosas.—Tem<br />

este nome nas Alagoas um espinheiro<br />

esgalhado e alto, de folhas palmadas<br />

ou compostas e muito miúdas.<br />

Flores em capitulos, como frocos de<br />

retroz.<br />

São vagens os fruetos.<br />

r<br />

roixa avermelhada, brilhante, contendo<br />

uma polpa aquosa; roixa, doce, ácida e<br />

com um principio adstringente.<br />

Encerra duas sementes pardas, esverdinhadas,<br />

ou uma espherica.<br />

Comendo-se porção d'esta frueta ficase<br />

com os dentes embotados.<br />

Passa por ser bom adstringente.<br />

Mapirunga brava. — Eugenia<br />

tinetoria.—Fam. idem.—Este fructinho,<br />

que vegeta nas Alagoas, é semelhantissimo<br />

ao precedente.<br />

A planta que o produz tem os caules<br />

esbranquiçadas.<br />

As folhas lanceoladas e oblongas.<br />

As flores, são brancas, pequenas e<br />

em feixes.<br />

O fructinho só differe do da precedente,<br />

pela maior adstringencia e por dar<br />

muita matéria corante.<br />

Mappam.—Eippõmane brasiliensis. (?)<br />

— Fam. das Euphorbiaceas. —Segundo<br />

Emilio Germon, os indígenas curam os<br />

cancros, cercando-os de uma massa


300 MAR MAR<br />

feita de Urucú, e derramando sobre a As flores grandes, solitárias de cálice<br />

chaga o sueco d'aquella planta. verde por fora, estrellado, branco pot<br />

Este sueco se coagula e faz o doente dentro e sobre elle um circulo de pé­<br />

transpirar e urinar copiosamente; e talas lanceoladas, contendo em cima<br />

quando a escára cahe, a ferida está uma orla de fimbrias circulares.<br />

cicatrizada.<br />

Do centro ergue-se uma columna com<br />

Quando applicam este tratamento tèm cinco appendices, nos qnaes tem cada<br />

cuidado que o sueco do Mappam só um sua anthera, e mais acima três fi­<br />

caia em cima dos tecidos ulcerados ou letes em fôrma de massa.<br />

alterados; pois, do contrario, haveria O povo chama a isto as cinco cha­<br />

absorpção e ficaria em risco a vida do gas com os três cravos.<br />

doente, attenta a propriedade venenosa O fructo é um grande pomo oval,<br />

d'esta espécie de Mancenilha. de 12 contimetros pouco mais ou<br />

E' também útil nas boubas seccas. menos.<br />

Esta arvore brasileira é lactifera e O pericarpo amarello pallido, fino e<br />

venenosa.<br />

mui delgado envolvendo o corpo com­<br />

Suas flores são de sexos differentes, e<br />

dão por fructo uma baga que tem dentro<br />

uma noz leitosa, contendo muitos caroços. <br />

ponente da frueta, que é branco, cor-<br />

neo, e ao mesmo tempo suceulento tem<br />

três membranas ásperas na parede interna<br />

da cavidade.<br />

A' essa parede se prende uma grande<br />

Maracujá. — Passiflora maliformis, quantidade de sementes reniformes,<br />

Linn. e Will. — Fam. das Passífloraceas. acinzentadas, cobertas de uma carti-<br />

— E' um fructo indígena, cujas folhas lagem cinzenta, doce, levemente áci­<br />

ovaes são como que cordiformes, lusda e mui saborosa, além de uma<br />

trosas com duas glândulas no peciolo polpa igualmente diffundida em todo<br />

das folhas.<br />

o espaço.<br />

As flores são muito conhecidas.<br />

O fructo ácido e doce é refrigerante.<br />

E' uma da3 boas fruetas do Brasil.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— Applicam-se<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—Uma só folha<br />

do Maracujá assú cosinhada e<br />

as folhas externamente contra as affec­ bebida é efficaz nas tosses convulsas,<br />

ções da pelle, o cosimento do pericarpo conforme somos informados.<br />

do fructo contra as inflammações dos<br />

olhos, e o de toda a planta passa por ter Maracujá de cobra.— Passiflora.<br />

as mesmas virtudes da Salsaparrilha. — Fam. idem.— E' um Maracujá não<br />

cultivado que nas Alagoas tem este<br />

Maracujá-assú. —Passiflora qua- nome.<br />

drangularis, Linn. — Passiflora alata, E' procedente de uma planta tre­<br />

Art. e Eorl.—Fam. idem. —No Pará padeira de caule fino com palhetinhas.<br />

chamam-no Maracujá de Cayenna. Folhas delicadas, offerecendo três<br />

E' oriunda do Brasil e das Antilhas, divisões.<br />

cultivam-se, e encontram-se também A flor é toda branca, e do tamanho<br />

nas mattas.<br />

de metade da precedente.<br />

E' um arbusto trepador que esten­ O fructo, de 3 á 4 % centimetros,<br />

de-se sobre outras plantas, e faz la- é redondo; sua estruetura externa, é<br />

tada.<br />

semelhante aos outros.<br />

Seus caules são na parte inferior A substancia interna igual a do<br />

cobertos de escamas brancas e corti- Maracujá-assú e com a mesma côr.<br />

centas.<br />

Come-se.<br />

Suas folhas ellipticas, coriaceas e alternas.<br />

Maracujá de coruja.—Passi-


MAR MAR 301<br />

flora.—Fam. idem.— E' um Maracujá rim.—Passiflora edulis, (Sabia, e Eer.?)<br />

conhecido por este nome nas Alagoas. — Passiflora incarata, Linn. — Fam.<br />

E' resultado de um arbustinho sil­ idem. — Esta espécie de Maracujá é<br />

vestre e trepador.<br />

indígena do paiz e geralmente conhe­<br />

As folhas representam dois procida por este nome, na Bahia, porém<br />

longamentos com um dente no meio. chamam-no, segundo sou informado,<br />

- As flores, como as das outras espé­ Maracujá de ires pernas.<br />

cies, são pequenas e brancas.<br />

Foi a primeira espécie d'este gênero<br />

O fructo é como uma cabacinha de frueta que appareceu na Europa,<br />

fuziforme, tendo os gomos ou ângulos onde é cultivada.<br />

pouco salientes; é roixo.<br />

E' proveniente de um arbustinho<br />

A semente e a polpa são cinzen­ trepador, cujo caule tem de distancia<br />

tas.<br />

em distancia gavinhas.<br />

Esta come-se, é bôa e de sabor Folhas em três lacinias, lisas e<br />

doce.<br />

lustrosas.<br />

As corujas comem-^a muito. As flores, um tanto grandes como<br />

Esta deve ser a Passiflora bicornis as precedentes, são brancas, tendo in­<br />

provalvemente.<br />

teriormente coroas purpurinas e arroixeadas.<br />

Maracujá de estallo, ou nm- O fructo é muito aromatico, redondo<br />

xila.— Passiflora involucrata.— Fam. ou oval, de 6 á 9 centimetros de diâme­<br />

idem.— Esta espécie de Maracujá agreste tro, amarello-claro ; enruga-se quando<br />

é conhecida na Bahia, Alagoas, Per­ muito maduro.<br />

nambuco e talvez em todas as Internamente a polpa é amarella-aver­<br />

províncias do Brasil por este nome. melhada, bastante ácida.<br />

'1 E' herbaceo, delgado e trepador. Fazem-se d'elle limonadas, e doce.<br />

O caule e os ramos são arroixeados, Ha nas Alagoas uma espécie seme­<br />

assim como as divisões das folhas, lhante denominada Maracujá peroba.<br />

que formam duas pontas na base.<br />

Todas as partes do vegetal são vi­ Maracujá mamão. —V. Maraçosas<br />

e cobertas de pellos; tem umas cujá-assú.<br />

glandulasinhas nas pontas; e gavinhas<br />

para agarrar-se aos outros. Maracujá da matta.—Passiflora.<br />

As flores são brancas como as dos —Fam. idem.—E' uma espécie a que<br />

Maracujás descriptos; mas tem um in­ nas Alagoas dão este nome.<br />

vólucro em que estão contidas.<br />

E' arbusto trepador.<br />

O fructinho é de 3 á 6 centímetros, De caule enrugado.<br />

ovoide, quasi conico, verde, com três Fructo de 9 centimetros de diâmetro,<br />

saliências suturaes.<br />

com o pericarpo fino, e a substancia in­<br />

Dentro é branco, tendo: muitas 'seterna cinzenta, como a do Maracujá-assú.<br />

mentes apegadas^ás paredes, e de fôrma Come-se.<br />

de trapesio ; são alouradas, cobertas de<br />

Maracujá nierint. — V. Mara­<br />

uma substancia branca, transparente<br />

e ácida.<br />

cujá de garapa.<br />

Este fructo está envolto em três fo­ Maracujá perluclto. (?) — Esta<br />

lhetas, que são filamentos ramificados, espécie dá uma früctinha, de que fazem<br />

cobertos de pellos viscosos.<br />

em Pernambuco um bello doce.<br />

Fazem poucas vezes doce d'este Ma­<br />

Vegeta nas mattas.<br />

racujá; porque prefere-se para este mister<br />

outros mais succulentos. Marajá ou Coqueiro Marajá.<br />

— Fam. das Palmeiras.— E' do Pará.<br />

Maracujá de garapa ou me- Os fruetos não se comem.


aos MAR MAR<br />

Marajá ou Tucum de Per­ chamam a esta flor Beijos ou Beijos de<br />

nambuco. — Bactris marajá, Mart. frade, excepto em Pernambuco onde é<br />

— Fam. das Palmeiras. — Palmeira co­ conhecida por Mararilha.<br />

nhecida por este nome no Pará, Ma­ V. uma planta de jardim, cujas floranhão<br />

e Alagoas.<br />

res são mui elegantes, de cores mui<br />

E' baixa; seu ramalhete nasce logo vivas e brilhantes.<br />

acima da raiz, com as folhas espar­ Parece que o Auctor da natureza<br />

sas.<br />

reservou para a Ásia a primasia na<br />

Tem espinhos, porém molles e fle­ producção das cores mais bellas do<br />

xíveis.<br />

mundo, quer naturaes quer artificiaòs.<br />

O cacho é pequeno, e os fruetos Está ha muitos annos acelimada en­<br />

são dispostos verticalmente.<br />

tre nós.<br />

Cada um tem 1 54 centimetros, E' uma herva de 50 a 100 centi­<br />

e fôrma oval; apresenta escamas em metros de altura.<br />

fôrma, de roseta na base, e um ponto Tem o caule herbaceo e suceulento.<br />

saliente no ápice.<br />

As folhas lanceoladas, molles o den-<br />

A côr externa é roixa, quasi preta, teadas; enchem-se de flores suas axil-<br />

na maturidade; o pericarpo um tanto filas.broso.<br />

Internamente élisoe tenaz, unido Estas tem um pedunculo á maneira<br />

a uma substancia mucilaginosa entre- de uma viseira, com um pequeno protecida<br />

de fibras molles que cobrem longamento; e mais interiormente uma<br />

um caroço redondo, chato de um lado corolla em fôrma de cartucho, que ora<br />

e convexo de outro, cujo tegumento é simples e ora é dobrada, isto é, tem<br />

é duro e contém uma amêndoa branca uma ordem de pétalas iguaes e sobre<br />

e duríssima.<br />

postas á outra.<br />

O gosto da frueta é acre doce. São de differentes cores, conforme a<br />

espécie ; brancas, roixas, encarnadas e<br />

Marangaba. — V. Yatoy.<br />

côr de rosa, ou cada flor matisada de<br />

varias cores; finalmente é uma flor<br />

Marangaba. — Psidium pigmeum, linda, mas de fraco aroma.<br />

Arr. Cam. -*- Fam. das Myrtaceas. — Tem por fructo uma cápsula foliacea,<br />

E' uma planta de Pernambuco. ovoide, cheia de sementes castanhas ;<br />

á menor pressão abrem-se as válvulas<br />

Maranha grande. — V. Mara­ da cápsula, torcendo-se sobre si mescujá-assú.mas<br />

e derramam cs sementes.<br />

Cultivam na Europa vinte e três espécies.<br />

Marapenima. — É uma arvore do<br />

Pará, onde tem este nome.<br />

E' colossal.<br />

Seu lenho é duríssimo, amarellado<br />

marchetado de veias pardas, que o<br />

tornam muito bonito.<br />

Ella é excellente para marceneria,<br />

e mui estimada por fingir tartaruga.<br />

Marapuama. — V. Muirapuama.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. — Plantas<br />

herbaceas ou subfructescentes, de folhas<br />

simplices ou compostas, alternas<br />

ou algumas vezes oppostas, munidas<br />

de estipulas na base.<br />

As flores são axillares ou terminaes.<br />

O cálice é formado de cinco sepa­<br />

Maravaia. — V- Capim coco.<br />

las, muitas vezes desiguaes, e soldadas<br />

juntamente pela base, as vezes pro­<br />

Maravilha. — Impatiens balsamina, longadas em fôrma de esporas.<br />

Linn. — Fam. das Balsaminaceas. — É A corolla se compõe de cinco pétalas<br />

originaria da índia.<br />

iguaes ou desiguaes, livres ou ligeira­<br />

Em todas as províncias do Brasil mente coherentes entre si pela base.


MAR MAR 303<br />

Estas pétalas são em geral torcidas peoladas lhe parecem poder ser reuni­<br />

em espiral antes de seu desabrochar. das aqui como simples tribu, distineta<br />

Os estames são em numero de cinco pelas carpellas em numero de três,<br />

a dez, raramente sete, são livres ou contendo cada uma um só óvulo.<br />

as mais das vezes monadelphos pela<br />

base de seus filetes.<br />

Mar ei na. — E' uma flor a que na<br />

As antheras são de duas lojas. Bahia dão este nome.<br />

As carpellas em numero de tíes á O arbusto é de 100 á 150 centimetros<br />

cinco mais ou .menos intimamente de altura.<br />

unidas entre si; cada uma d'ellas of­ Tem as folhas lanceoladas, oppostas e<br />

fereee uma só loja, contendo um ou apegadas ao caule.<br />

dois óvulos inseridos no angulo interno. A flor fôrma tubo esverdinhado, cir­<br />

Os estyletes que nascem do ápice culado de palhetas côr de velludo ver­<br />

de cada ovario se soldam entre si ; melho, com o centro amarello côr de<br />

e cada um d'elles termina em um es­ gemma d'ovo, sem tegumento foliatigma<br />

simples.<br />

ceo.<br />

O fructo se compõe de cinco cocas, E' ornamento de jardim.<br />

contendo uma ou duas sementes, fi­ Nas Alagoas chamam-na Mal-me-quer<br />

cando indehiscente e separando-se da de Cayenna.<br />

base para o ápice do eixo que as sustenta,<br />

arrastando cada uma comsigo Marfim falso. —Melochia nilida.<br />

o estylete que se torce em espiral e — Fam. das Bythneriaceas. — E' um ar­<br />

fica adherente ao eixo pelo ápice. bustinho agreste e bonito conhecido nas<br />

As sementes se compõem de um em­ Alagoas por este nome.<br />

bryão mais ou menos curvo, imme- Seu caule é verde, de folhas alternas<br />

diatamente coberto pelo tegumento cordiformes e allongadas.<br />

próprio.<br />

Flores roixas em pequeninos grupos.<br />

Esta familia constitue um grupo Os fruetos são cápsulas, abrindo-se<br />

assaz natural para se reconhecer fa­ em valvas, e contendo uma semente<br />

cilmente as plantas que lhe pertencem. cada um.<br />

Alguns auctores, Mr. Aug. de Sainte<br />

»<br />

Hilaire entre outros, tinham restabele­ Maríim da folha grande. —<br />

cido a familia das Geraniaceas tal, Melochia umbelata.—Fam. idem. — Ar­<br />

pouco mais ou menos, como ella tinha busto silvestre do Brasil, e que vegeta<br />

sido a principio fundada por Jussieu, á sombra das outras arvores.<br />

reunindo os differentes grupos que d'ella Tem a casca rugosa e escura.<br />

tinham sido retirados, as Oxalideas e As folhas, grandes, espatuladas e<br />

as Balsamineas.<br />

duras.<br />

Ach. Richard tinha partilhado esta As flores são brancas, com fraco<br />

opinião. Comtudo um exame mais at- aroma, e^em espigas, como pequenas<br />

tento levou aquelle botânico a separar angélicas.<br />

de novo estes grupos; indicando a res­ O fructo é redondo contendo, semenpeito<br />

de cada uma d'estas famílias os tes dispostas em circulo.<br />

caracteres que as distinguem entre si. A madeira é branca e duríssima ; pelo<br />

Os gêneros principaes que compõem que fazem d'ella. cabo de instrumentos<br />

esta familia são : Erodio, Geranio, Monagrários,<br />

e presta-se á outros fins.<br />

sonia, e Pelargonio.<br />

Conhem-n'a por este nome nas Ala­<br />

Será preciso reunir as Geraniaceas o goas.<br />

gênero Tropcelum, ou .fazer d'elle o typo<br />

de uma familia distineta ?<br />

Marfim vegetal.—Phytelephas ma-<br />

Foi elle antes levado a admittir a crocarpa, Ruiz e Pav.\—Fam. das Pal-<br />

primeira d'estas opiniões , e as Tromeizas. — Arvore elegantejj do Peru e


304 MAÇ MAÇ<br />

do Brasil; porque habita os limites do —Cordtalichem (?)—Fam. das Cordiaceas.<br />

Império com aquella Republica. —Este arbustinho, de caule pardo o es­<br />

Tem o porte elegante.<br />

branquiçado, fôrma moita, o é conheci­<br />

As flores são de dois sexos distinetos. da por Maria preta de capoeira, ou Rompe<br />

O fructo, grande, encerra uma subs­ gibão nas Alagoas, e Língua de sapo<br />

tancia liquida e transparente, porém em Sergipe.<br />

insipida ; é próprio para estancar a sede Suas folhas são pequenas, ovaes,<br />

dos viandantes.<br />

pallidas, mui ásperas, e crespas.<br />

Este liquido torna-se branco como As flores em cachos, como espigas<br />

o leite, e é doce ; adquire pouco a pouco densas são pequenas e brancas.<br />

uma consistência tal, que se compara O fructinho é redondo, como bago de<br />

com a do marfim,<br />

chumbo gro3so; vermelho, com um ou<br />

Sendo extrahido da frueta apenas mais caroços dentro.<br />

de vez (quasi madura), e guardado por O pericarpo é fino membranoso lu-<br />

muito tempo, azeda, e endurece facilzente; tem um liquido avermelhado<br />

mente .<br />

dentro.<br />

N'este estado fazem d'elle vários ar_<br />

tefactos no Peru.<br />

São procurados pelos pássaros.<br />

Mari. — V Umari.<br />

Marianna. (Ancotinus (?) cauliflorus.<br />

—Fam. das Solanaceas (?) —Esta planta do<br />

paiz é suecedanea da Saponaria, tanto<br />

Mari-mari. — Cathartocarpus bra-, no uso medicinal como no industrial.<br />

silianus, Pers.—Fam. das Leguminosas<br />

— E' uma arvore indígena, alta, conhecida<br />

na Bahia pelo nome de Joa- Marianniitha, ou olho de St.<br />

sjeiro segundo nos informaram. Luzia. — Commelina deficiens. — Fam.<br />

E' uma semelhança da Cássia fistula. das Commelinaceas.—Esta herva graciosa<br />

Tem folhas grandes, amarellas, e por é conhecida por Marianninha em Ser­<br />

fructo uma vagem lenhosa com polpa gipe, na Bahia e no Maranhão por<br />

semelhante á do Tamarindo.<br />

Trapoêrabo-rana, em Minas e também na<br />

E' levemente purgativa.<br />

Bahia (?) por Olho de Santa Luzia, na Parahyba,<br />

Alagoas e sertões do Norte por<br />

Maria Gomes.—V. João Gomes.—<br />

E* Lingua de vacca na Bahia.<br />

Taquarasinha d'água.<br />

E' uma planta rasteira, de caule nodoso<br />

que se ergue, com folhas lanceo­<br />

Maria Leite. —V. Eerva de cobra,<br />

ou Eerva de Santa Luzia.<br />

ladas amplexicaules.<br />

Tem as flores azues parecendo umas<br />

borboletinhas, e por fructo uma cáp­<br />

Maria Pires. — V Rabo de timbú. sula de três coccas e três sementes.<br />

Maria preta. — Conoclinium (pra- PROPRIEDADES MÉDICAS. —Tem no pesyfoliumt)D.<br />

C.—Fam. das Compostas. ricarpo um liquido albuminoso, que no<br />

— Esta planta conhecida na Bahia sertão é applicado contra as inflamma-<br />

por este nome, é aromatica e empreções dos olhos com feliz resultado segada<br />

como excitante.<br />

gundo consta. Applicam-n<br />

Maria preta, da campina,<br />

das Alagoas.— V. Páo cavallo,<br />

Maria preta da matta. — V.<br />

Baraúna.<br />

y o também na<br />

bronchite asthmatica , e em clysteres,<br />

constipações do ventre; em banhos contra<br />

o rheumatismo, e finalmente nas retenções<br />

espasmodicas de urinas , em injecções.<br />

Maria preta de Pernambuco.<br />

Marinheiro.—V. Gitó.


MAR MAR 305<br />

Marinheiro de folha larga. gas e Pernambuco conhecida por este<br />

i—Guarea spicaflora, St. EU.—Fam. das nome.<br />

Meliaceas.—Esta arvore vegeta nas mat­ È colossal, copada, de folhagem<br />

tas do Rio de Janeiro; é mui semelhante miúda, flores invisíveis.<br />

ao nosso Gitó.<br />

Fructifica no inverno.<br />

Tem a casca, e principalmente a raiz, Seus fruetos são nozes pequenas, de<br />

amargosa.<br />

15 millimetros de comprimento, ovoides,<br />

verdes pallidas exteriormente.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— Obra espe­ Seu tegumento é espesso e amarello^<br />

cialmente sobre o systema lymphatico; por dentro ; contem no interior um<br />

é empregada nas hydropisias , e obs- caroço, envolto em uma polpa vermelha ;<br />

trucções das vísceras abdominaes. abre-se esse fructo em duas valvas.<br />

Deve usar-se d'ella com precaução. A madeira d'esta arvore dá taboas<br />

Marinheiro de folha miúda.<br />

para obras de pouca importância, como<br />

caixões, portas para tugurios, etc.<br />

— Moschoxilon catharticum, Mart.— Fam. E' branca por fora, e fraca.<br />

idem. — É uma espécie semelhante á<br />

precedente, conhecida por este nome Marmellada de Sergipe. — Dão<br />

na Bahia e Minas Geraes.<br />

este nome em Sergipe ao fructo de<br />

um arbusto agreste, que é redondo,<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Applicam de 30 millimetros de diâmetro, pare-<br />

a decocção d'esta planta, em clysteres, cendo-se com um Jenipapo, de côr roixa<br />

nas febres terças, - na dose de 15 escura.<br />

grammas da raiz fresca.<br />

E' comestível.<br />

Parece ser uma espécie do Marmello<br />

Mari riço. — Sisyrinchium galaxioi-, das Alagoas.<br />

des, Gom. — Fam. das Irideaceas.— É<br />

uma herva semelhante a um capim, Marmelleiro da China. — Cy-<br />

com bulbo na raiz, e flores em pendão. donia sinensis, Thonim. — Fam. d as Rosaceas.<br />

— Como da Bahia para o Rio de<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — A raiz é Janeiro já existe este fructo, convém<br />

doce e sem cheiro; reduzida a pó, é dar noticia d'elle.<br />

um brando laxante, muitas vezes em­ Este Marmelleiro é natural da China,<br />

pregado, e útil nas moléstias dartrosas. e cultivado nos jardins da Europa.<br />

Em clysteres é mui usado nas crianças,<br />

e como anti-hemorrhoidal nos E' uma bella planta, que sobe a 9<br />

adultos.<br />

metros de altura pouco mais ou menos,<br />

revestida de folhas ovaes, ob­<br />

Marmajuda brava. — Bixa alalongas, de cor verde clara, e lisas.<br />

goana. — Fam. dás Bixaceas. — E' uma As flores são grandes e bellas; nas­<br />

arvore indígena colossal, que nas Alacem na extremidade dos ramos, com<br />

goas tem este nome.<br />

o aspecto de rosas ; são brancas,<br />

Seu fructo é uma cápsula de 15 mil­ rajadas de côr de rosa; tem por fora<br />

limetros, subcordiforme, eriçado de um cálice bojudo, e no centro um feixe<br />

pontas molles e flexíveis, de côr de de filetes.<br />

castanha, vermelha por ''fora, e por O fructo, em fôrma de pião, é<br />

dentro côr de velludo encarnado; con­ amarello na maturidade, e offereee dentem<br />

algumas sementes avermelhadas ; tro cinco alojamentos, nos quaes contem<br />

abre-se em valvas.<br />

varias sementes mui pequenas, e uma<br />

substancia mucilaginosa, da qual se<br />

Marmajuda mansa. — Bixa. — faz um xarope adstringente, applicado<br />

Fam. idem. — Arvore silvestre, nas Ala- nas diarrhéas.<br />

41


30« MAR MAR<br />

A polpa do fructo é compacta, e<br />

mui áspera; este é do tamanho pouco<br />

mais ou menos de uma laranja pequena.<br />

E' aromatico, e precisa estar bem<br />

maduro para se poder apreciar.<br />

do-se que o Marmelleiro, que cresço no<br />

litoral, nfio é tão aromatico como o<br />

que cresce no centro, talvez por influencia<br />

do clima.<br />

Marmellciro do matto.Casea—<br />

Marntcllo das Alagoas.— Chamam<br />

assim nas Alagoas a uma frueta<br />

redonda, á semelhança de um Gcnipapo,<br />

rea ulmifolia, Vahl. -Fam. das Samy- porém menor.<br />

deas.— YMe Marmelleiro, oriundo do E' proveniente de uma arvore de fo­<br />

Brasil, é um arbusto que em Minas lhas grandes, de casca parda, e que<br />

Geraes tem este nome.<br />

dá bons caibros.<br />

Tem as folhas oblongas.<br />

Tem este fructo o pericarpo pardo,<br />

As flores pequenas, em cachos, e esponjoso, e dentro muitas sementes,<br />

parece-nos que brancas.<br />

envoltas em uma espécie de mel.<br />

Os fruetos pequenos, ovaes, abremse<br />

em três valvas, com muitas semen­ Marntcllo commum.—Cydonia<br />

tinhas dentro.<br />

vulgaris, Lamk. ; e Pyrus cydonia, Linn.<br />

—Fam. das Rosaceas.—Esta espécie, ori­<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— Esta planta ginaria da Ásia menor, é muito aceli­<br />

é poderoso antídoto contra a mormada em Portugal e em todo o Meiodedura<br />

das cobras' as mais venenosas. Dia da Europa.<br />

O seu emprego consiste em beber o E' cultivada nas províncias do Sul,<br />

sueco das folhas pisadas, e collocar como S. Paulo, Santa Catharina, Rio<br />

a folha sobre a ferida; o que, dizem, Grande do Sul, e no sertão da Bahia.<br />

produz resultados favoráveis, e um E' uma arvore regular, de cinco me­<br />

effeito seguro.<br />

tros de altura, pouco mais ou menos.<br />

Floresce em Janeiro.<br />

Esgalhada, com folhas alternas, ovaes<br />

e cobertas de pellos, principalmente na<br />

Marmelleiro do sertão.—Elaco- parte inferior, e macias ao tacto.<br />

coca aromatica.— Fam. das Euphorbia­ As flores são mui grandes, brancas<br />

ceas.— Este arbustinho é conhecido no e rajadas de côr de rosa; nascem nos<br />

littoral de Pernambuco e seus sertões, extremos dos ramos novos.<br />

nas margens do Rio de S. Francisco, O fructo é pyriforme, do volume de<br />

na Parahyba, Alagoas, Sergipe e Cea­ um limão doce, tem a polpa dura e<br />

rá, e tratado por Marmelleiro. áspera, mesmo na sua completa matu­<br />

Tem três metros de altura.<br />

ridade, e um cheiro activissimo.<br />

Caule esbranquiçado.<br />

Amadurece em Outubro.<br />

Folhas um tanto pequenas, com os Este marmello tem-se espalhado por<br />

peciolos louros, ovaes, allongados, de toda a Europa.<br />

verde claro e molles.<br />

Ha muitas espécies em Portugal, e<br />

As flores, em espigas, formando ca­ principalmente em Gárona, onde ha<br />

chos brancos, donde ellas cahem com muitas fabricas de marmellada Cotignac<br />

muita facilidade.<br />

ou Codognac : esse bello doce, que tanto<br />

São de dois sexos; as férteis de­ se encontra nos banquetes, como, para<br />

senvolvem um fructinho, oval, trigono uso de doentes, nos hospitaes.<br />

com 3 corocinhos dentro.<br />

O fructo é doce, ligeiramente ácido<br />

E' este o Marmelleiro, com que os e adstringente.<br />

nossos sertanejos, no charqueamento Assado , com assucar em seu interior,<br />

das carnes, cobrem as mantas de é peitoral.<br />

carne, e com cujos ramos lhes im­ As sementes são mucilaginosas, de<br />

primem um aroma agradável; notan- um uso medico freqüente.


MAS MAT 307<br />

Marroio do Brasil.—Marrubium naceus, Mart. — Fam. das Gramineas. —<br />

americanum- — Fam. das Labiadas. — E' uma espécie de capim, cuja virtude<br />

uma planta herbacea, de porte pequeno , medicinal é ser diuretico.<br />

aromatica, como uma espécie de Mangericão.<br />

Massarandiba. — Eugenia, Pison.<br />

Empregam-na como desobstruente. — Fam. das Myrtaceas. — E' uma arvore<br />

indígena, cujos frnctos são agradáveis<br />

Martello.— V. Rasteiro.<br />

e assucarados.<br />

Bebe-se o sueco como emolliente, nas<br />

Maruaruna.—V Algodoeiro bravo. affeções da garganta e do peito.<br />

Marubá. — Simaruba officinalis. — Mastruço.—Lepidium sativum, Linn.<br />

Fam. das Rutaceas.—Esta planta vegeta — Fam\ das Cruaferas. — As descripções<br />

no Pará e Amazonas.<br />

vulgares e botânicas esclarecerão bem a<br />

E' bastante amarga.<br />

confusão que existe entre as duas<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— Empregada<br />

plantas Mastruço e Mentruz.<br />

Na Europa cultiva-se uma planta, cujo<br />

como tônica, anti-febril, e aconselhada nome em Portugal é Mastruço, Lepidi­<br />

nas dysenterias e leucorrhéas. um . sativ um, Linn.<br />

Fazem muito uso d'ella, porque goza<br />

Mary ou Mari.—Geoffroya.—Fam. da propriedade acre e picante; serve<br />

das Leguminosas. — Fructo agreste, de de adubo nas saladas, e mesmo come-<br />

uma arvore, a que em Pernambuco dão se independente d'isso.<br />

este nome.<br />

Possue virtudes antiscorbuticas.<br />

Esta arvore é copada, mediana, de No norte do Brasil, porém, chama-se<br />

folhas miúdas, compostas.<br />

Mastruço. a Eerva de Santa Maria do<br />

Flores, em cachos, brancas e chei­ Rio de Janeiro (Chenopodim ambrosirosas.oides).<br />

O fructo tem o aspecto de uma pequena<br />

manga, pendente de um pedunculo Mastruço da America. — Sene-<br />

longo, e fíliforme.<br />

biera pinnátifida, D. C. —Lepidium ame­<br />

Tem dez millimetros de diâmetro, é ricanum, Vell. —Fam. idem.—Esta plan­<br />

ovoide, ou em cone oblíquo, de côr ta herbacea, de nome Mastruço, é da Eu­<br />

verde amarellada.<br />

ropa, mas também vegeta na America.<br />

Pericarpo grosso, unido á parte in­ E' uma planta de folhas recortadas.<br />

terna, que é branca, viscosa e compacta, Flores brancas, pequenas, tendo por<br />

com uma semente oval, muito agarrada fructo uma vagem pequenina e acha­<br />

no centro; a superfície externa é pubestada.cente. Este caroço, e mesmo o fructo, passa Mastruço do Brasil.—Senebi-<br />

por adstringente.<br />

era incisa, Wild. — Fam. idem. — Tem<br />

Em tempo de fome o povo do sertão as folhas repartidas em três e quatro<br />

come esses fruetos cosidos; algumas lacineas.<br />

pessoas comem mesmo crus.<br />

Confunde-se quasi com o fructo do Mastruço de Buenos Ayres.<br />

Angelim..<br />

—Lepidium bonariense, Linn.—Fam. idem.<br />

Nas grandes sêceas, quando esta ar­ — Tem as folhas multífidas, primadas<br />

vore começa a transpirar pela casca a e ciliadas, de pontos mui diminutos.<br />

ponto de verter gottas de liquido, é O caule glabro.<br />

signal de chuva próxima.<br />

Silicula orbicular.<br />

Massambará. — Trachypayon ave- Mata-canna.— V- Caa-ataya.


308 MAT MAT<br />

Mala fonte.—Espécie de mandioca. lenhosa, achatada, oval, com quatro<br />

Tem a raiz quasi toda fora da terra, lojas dentro ; contendo as sementes.<br />

e o caule roixo.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—AcaseadVsta<br />

Mata fome brava. — Paulinia trepadeira é empregada nu phtysica pul­<br />

communis.—Fam. das Sapindaceas.—Esta monar e na asthma, na dose de 11!<br />

planta trepadeira vegeta em qualquer grammas para 500 grammas d'agua,<br />

lugar : nos quintaes, beiras de estradas três vezes por dia.<br />

e capoeiras; é semelhante a de Pernambuco,<br />

mas as folhas differem, em Mata páo. —Clusia insignis—Fam.<br />

que não tem uma espécie de expan­ das Clusiaceas. —E' uma planta trepasão<br />

membranosa, que no peciolo une deira do Brasil, e um sipó que se en-<br />

uma á outra; e o fructo é menor. rosca nas arvores das mattas.<br />

Não é tão desenvolvido ; a semente é<br />

a parte comestível entre nós. Mata-pasto de Pernambuco.<br />

As vergonteas são frágeis, não se — Cássia sericea, Swart. —Cássia dormi-<br />

prestam para amarrar.<br />

cus, Linn. — Fam. das Leguminosas. —<br />

Floresce em Março, Abril e Maio. Esta planta indígena tem este nome em<br />

Pernambuco e Alagoas.<br />

Mata fome, de Pernambuco. E' herbacea, de folhas compostas de<br />

— Paulinia edulis.— Fam. idem. —Dão côr verde clara, obovaes e sem brilho.<br />

este nome em Pernambuco a uma planta As flores amarellas, em cachinhoa<br />

trepadeira, que tem as vergonteas re- como as do Fedegôso, do geral das proguadas.víncias<br />

; tem aroma agradável.<br />

As folhas compostas, de côr verde Apresenta por^ fruetos umas vagens<br />

viva, lustrosas, ovaes e oblongas. estreitas, lisas, semi-quadradas, par­<br />

Tem gavinhas.<br />

das, curvas, de quasi 25 centimetros<br />

As flores, em espigas, são brancas, de comprimento.<br />

pequenas, e tem algum aroma.<br />

As folhas murcham ao pôr do sol, e<br />

O fructo, em cacho, é pyriforme abate-se o seu vigor, para activar-se no<br />

e vermelho rubro, sem brilho e trigono;<br />

abre-se em três valvas ; a parte<br />

dia seguinte ao nascer do sol.<br />

vermelha interessa o pericarpo da frueta PROPRIEDADES MÉDICAS. —Esta planta<br />

por dentro, que é coriaceo.<br />

possue muitas virtudes.<br />

Tem três lojas, nas quaes encerra O cosimento das folhas, ou mesmo o<br />

cada um, um caroço oval, compri­ sueco, é empregado contra as febres<br />

mido, com dois terços cobertos de uma malignas, pleurizes, etc.<br />

substancia furfuracea, branca, que co­ O cosimento da raiz, para combater<br />

mem, ficando nú um terço do caroço, as dores em qualquer parte do corpo<br />

que é preto, e um tanto viscoso den­ e as de dentes.<br />

tro.<br />

A tintura e o vinagre d'esta planta<br />

Presta-se, como Cipó, para amarrar fazem desapparecer os dartros, mas é<br />

se com elle as cercas; é de alguma sempre preciso algum outro remédio<br />

consistência.<br />

interno (Fig. 26.)<br />

Mata-Mata. — Lecythis idatimon , Mata pasto vermelho. — Cw-<br />

Aubl. — Fam. das Myrtaceas.—Planta sia stipulata — Fam. das Leguminosas. —<br />

do Pará, de casca lisa.<br />

Esta espécie de Mata pasto, conhecida<br />

Folhas miúdas.<br />

nas Alagoas por este epitheto de ver­<br />

Flores, em cachos, e grandes, são melho, é tão bem chamada Feijão bra­<br />

amarellas.<br />

vo.<br />

O fructo como uma cápsula, semi- E' mui semelhante ao precedente;


MAT MAT 309<br />

differe, porém, por ter o caule coberto O cálice, ligeiramente tubuloso na<br />

de pellos; por ter as flores como que base, offereee um limbo de 4 ou 5<br />

unidas" por pares de um modo particu­ divisões estendidas, imbricadas depois<br />

lar, e pela vagem chata, com as se­ de sua prefloração.<br />

mentes quasi redondas.<br />

A corolla se compõe de 4 a 5 péta­<br />

Não se conhece prestimo d'elle senão las planas, ligeiramente carnosas, sem<br />

o de prejudicar as lavouras.<br />

unguiculos inseridos sob o disco.<br />

Os estames, alternos com as pétalas,<br />

Matarana ou Matatarana. — são inseridos na borda do disco, ou na<br />

Kcempferia longifolia Red. eSil. —Fam. sua face superior.<br />

das Amomaceas. — E' uma herva inte­ O disco é perigynico e parietal, cirressante,<br />

originaria da America e da cumdando o ovario.<br />

índia, a qual, tendo este nome em Per­ Este é livre; tem 3 ou 4 lojas, connambuco,<br />

é nas Alagoas conhecida por tendo cada d'ellas um ou mais 'óvulos,<br />

Matatarana.<br />

ligados por um podosperma filiforme,<br />

Tem folhas ovaes, oblongas, verdes no angulo interno de cada loja, e as­<br />

por cima e roixeadas por baixo, um cendente.<br />

pouco enroladas sobre si.<br />

O fructo, que algumas vezes é uma<br />

As flores dão em um pendão erecto, drupa secca, é mais geralmente uma<br />

envoltas em umas bracteas , raiadas cápsula de 3 ou 4 lojas, abrindo-se em<br />

de vermelho.<br />

3 ou 4 valvas, das quaes cada uma<br />

Ellas são brancas, e tem pétalas es­ traz um septo no meio da face interna.<br />

treitas e purpurinas.<br />

As sementes, algumas vezes cobertas<br />

O fructo é uma cápsula.<br />

por um arillo carnoso, contém um en­<br />

A raiz é composta de uma quantidosperma carnoso, nó qual existe um<br />

dade de tuberculos roliços, oblongos, embryão axilo e homotropo.<br />

de 10 á 15 milímetros de comprimento.<br />

Tem um pericarpo foliaceo, branco, sec- Mate ou Congonha do camco<br />

e fino, formando anneis sobrepospo. — Luxemburgia polyandria, St. EU.<br />

tos.<br />

— Fam. ds Tranheniaceas. —Esta planta<br />

O corpo da raiz é uma massa branca, é de Minas.<br />

dura, succulenta e doce; extrahe-se E' um arbustosinho de folhas alter­<br />

d'ella uma fecula excellente, que tem nas, estreitas, oblongas.<br />

muito emprego.<br />

Flores em cachos, um tanto grandes,<br />

Come-se de toda a maneira. amarellas.<br />

A planta floresce em Maio e Junho. Tem por fructo uma cápsula de três<br />

ângulos , contendo muitas sementinhas<br />

Matstaúba. —V- Sambacuim.<br />

membranosas dentro.<br />

E' usada como chá, e também reco­<br />

Mate. — llex paraguayensis , Lamnhecida por Mate.<br />

bert. — Fam. das llicineas. — Herva<br />

oriunda do Paraguay e do Brasil. Mate-me embora. —E'uma gra-<br />

Tem as folhas allongadas e denteadas. minea empregada no Norte.<br />

Flores miúdas, em cachos.<br />

Esta planta constitue o grande com­ Mathias.—Cacalia óptica.—Fam. das<br />

mercio do chámale do Paraguay. Compostas.—E' um arbusto que tem este<br />

nome em Pernambuco ; em Alagoas o<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. — Esta fa­ de Cipó Mathias e Estanca sangue, e em<br />

milia é composta de arbustos de folhas Sergipe o de Assa peixe.<br />

alternas, ou algumas vezes oppostas. E' indígena, e cresce até a altura de<br />

De flores axillares, dispostas em ci­ 3 a quatro metros.<br />

mos.<br />

Tem o caule alongado, anguloso e


310 MEC MEI<br />

fraco nas pontas dos ramos; fôrma cana, Linn.—Fam. das Convolvulaceas.—<br />

soqueira.<br />

O meehoação é uma planta da America<br />

As folhas, ovaes, são meio ásperas, e meridional.<br />

as flores, em cachos, de côr roixa, com E' trepadeira, de caules flexíveis e<br />

aroma suave.<br />

angulosos.<br />

Os fructinhos são como pequenas pe­ As folhas, cordiformes, e alternas.<br />

vides pardas.<br />

As flores brancas ou roixas, com pe­<br />

Esta planta é conhecida em muitos dunculos longos.<br />

lugares do interior por Mangericão das A raiz é uma tubera earnosa, que<br />

mocas.<br />

tem um sueco leitoso, que já foi muito<br />

Torna-se muito importante pelas vir­ empregado em medicina debaixo do<br />

tudes médicas que tem.<br />

O sueco de suas folhas e flores, di­<br />

nome de Mechoacan.<br />

zem que tira belides ; o cosimento d'el- Medicineiro. —Jatropha officinalis.<br />

las é utilissimo nas grandes fluxões, — Fam. dos Euphorbiaceas. —E' um ar­<br />

mesmo n'aquellas que têm affectado os busto leitoso semelhante aos nossos<br />

pulmões, nas tosses, etc.<br />

Pinhãoeiros, especialmente na structura<br />

E' applicada a beberagem da raiz para da flor e do fructo.<br />

estancar as hemorrhagias, d'onde lhe E' muito empregado e elogiado nas<br />

vem o nome que nas Alagoas lhe dão<br />

de Tramanhem : estanca sangue.<br />

moléstias syphiliticas.<br />

Matombo.— V. Mutamba.<br />

Melmendro negro.—Eyosciamus<br />

niger, Linn. — Fam. das Solaneas. — Esta<br />

planta exótica, natural da Europa, cul­<br />

Maturi. —E' a frueta do Cajueiro tiva-se no Brasil.<br />

no estado primitivo.<br />

Tem o caule grosso, com folhas largas,<br />

compridas, fendidas e lanuginosas.<br />

ülaxixeiiho. — Arvore agreste do As flores são semelhantes ás da Ro­<br />

Brasil, conhecida por este nome em meira, afuniladas, amarellas, raiadas de<br />

Alagoas e Pernambuco.<br />

vermelho, com as sementes parecidas<br />

Suas folhas são miúdas.<br />

com as da Papoula.<br />

Dá poucos fruetos, que são ovoides, Ha três espécies :<br />

cheios de protuberancias á semelhança A primeira, de semente negra é em­<br />

do Maxixe, e divididos por dentro em pregada em medicina ; é venenosa.<br />

duas cavidades, com uma semente cada A segunda, de semente vermelha e de<br />

uma.<br />

flores amarellas.<br />

A terceira, finalmente, de flores e se­<br />

Mayacá. —Xiris americana Aubl.— mentes brancas e oleosas.<br />

Fam. das Restiaceas.—E' uma herva que<br />

vegeta na Cayenna e em terrenos do PROPRIEDADES MÉDICAS. —A raiz é<br />

Brasil.<br />

empregada em grande numero de mo­<br />

Tem caule allongado, em que florece. léstias : nas tosses, coqueluche, asthma<br />

Folhas estreitinhas e longas. etc.<br />

Flores em grupos redondos no caule, Internamente, na dose de 5 centigram­<br />

e fructo em cápsula.<br />

mas a 3 decigrammas.<br />

Esta planta, em infusão no vinagre Externamente, em fomentações, cata-<br />

ou óleo, é bom remédio para certas afplasmas, pommada, etc.<br />

fecções da pelle.<br />

Meirú de preto.—Guatteria sca-<br />

Mechoacana.— V. Jaticucú, Jetucú. riosa.—Fam. das Anonaceas.—E' um<br />

( arbusto, que nas Alagoas tem este nome,<br />

Meehoação. — Convovulos mechoa-<br />

de ramos que pouco engrossam.


MEL MEL 311<br />

Casca escura.<br />

Folhas oblongas, ovaes, escuras e<br />

ásperas.<br />

Flores grandes, apegadas ao caule»<br />

côr de barro amarello esverdinhado,<br />

com as pétalas carnosas, como estrellas<br />

bordadas, e um cone no centro.<br />

Dá fruetos reunidos em grande nu­<br />

Algumas pessoas espalham os ramos<br />

d'esta planta pela casa, ou a varrem<br />

com elles, para afugentar as pulgas-<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — É muito<br />

usada contra mordeduras de cobras, e<br />

picadas de insectos.<br />

Applica-se externamente a tinetura,<br />

mero, á maneira de bilros ; são cápsulas em algodão ou fios embebidos, sobre a<br />

ovoides, pediceladas, com um caroço ferida ou picada, e internamente di­<br />

preto e lustroso interiormente. luída em água fria ou mesmo pura-<br />

Para as crianças bastará uma co-<br />

Meladinha falsa. — Ruellia verlherinha, das de chá, misturada com<br />

ticiflora. —Fam. das Labiadas. —Esta igual quantidade d'água, de quinze em<br />

espécie cresce pelas bordas das estra­ quinze minutos; e para os adultos, dardas,<br />

quintaes, etc.<br />

se-ha uma colher, das de sopa, da<br />

E' assim conhecida em Pernambuco. mesma fôrma e com o mesmo espaço<br />

Cresce até a altura de 1 metro pouco de tempo. .<br />

mais ou menos.<br />

Também sua applicação tem sido<br />

E' esgalhada, de caule e ramos qua­ coroada de felizes suecessos no tradrangular<br />

es.<br />

tamento da asthma, catarrhos asthma-<br />

Folhas pequenas, crespas e oppostas, ticos e tosses nervosas rebeldes, nas<br />

com pellos, que na extremidade tem<br />

uma glândula viscosa, como gotta de<br />

mesmas doses.<br />

orvalho.<br />

Melambo. — Drymis Winteri. Mart.<br />

As flores são como pequenas angé­ — Fam. das Magnolíaceas. — Bonita arlicas,<br />

curvadas, e de cor roixa. vore da America, com folhas alternas,<br />

O fructinho é uma cápsula diminuta, ovaes e obtusas.<br />

que se abre em quatro secções, espa­ Flores sobre pedunculos compridos,<br />

lhando muitas sementes miudissimas. solitárias ou reunidas em pencas, e<br />

pequeninas.<br />

Meladinha verdadeira. — Ste- O fructo é uma baga globulosa, pemodia<br />

viscosa. —Fam. das Labiadas.— quena, glabra, e do tamanho de uma<br />

Planta conhecida em Pernambuco por ervilha.<br />

este nome, no Pará e Maranhão por Paracary,<br />

São Pedro cáo e Eortelã brava, PROPRIEDADES e MÉDICAS. — A casca do<br />

na lingua tupy por Boia-caá; alastra forMelambo<br />

é applicada contra as febres,<br />

mando touceira, mas ergue seus ramos e útil nas dysenterias e atonia in­<br />

até a altura de 50 centimetros pouco testinal.<br />

mais ou menos.<br />

Andonard a aconselha na febre ama­<br />

O caule é quadrangular.<br />

rella.<br />

As folhas oppostas, dispostas em É contra-indicado quando ha irri­<br />

cruz, estreitas, com as bordas recortação franca.<br />

tadas, approximadas ao caule e de côr A dose é de 15 grammas em infusão.<br />

verde amarellada, dotadas de certa<br />

viscosidade, por meio da qual podem Melancia.—Cucurbita citrullus, Linn.<br />

prender pequenos insectos.<br />

— Cucurbita ánguria, Duches. — Fam.<br />

As flores são isoladas e pequenas, das Cucurbitaceas. — É um fructo tão<br />

de côr roixa purpurea.<br />

geralmente conhecido e estimado, que<br />

O fructo é uma capsulasinha oval, que em quasi todo o mundo o cultivam.<br />

se abre em duas valvas, deixando Seu nome entre nós é Melancia, e<br />

sahir muitas sementinhas de dentro. na Europa Melão d'agua ou Pasteque.<br />

*


31S MEL MEL<br />

Sua pátria não está bem determinada,<br />

mas julga-se ser a índia.<br />

No meio dia da Europa cultiva-se<br />

em abundância, com muito trabalho,<br />

bem como nós o temos ; pois ella exige<br />

algum cuidado, maxime na Europa<br />

por lhe ser extranho o clima.<br />

A Melancia é um fructo proveniente<br />

de uma planta herbacea, rasteira, cujos<br />

ramos se alastram, e são sulcados<br />

de regos.<br />

As folhas, alternas, com peciolos um<br />

tanto longos, são palmadas, e divididas<br />

em diversos lobos; e todas estas<br />

partes são cobertas de pellos ásperos,<br />

que espinham.<br />

As flores são pequenas, amarellas,<br />

como rosinhas, umas estéreis, outras<br />

trazendo o rudimento do futuro<br />

fructo.<br />

Este cresce até diversos tamanhos<br />

de 25 a 75 centimetros; é liso, de<br />

fôrma oblonga ou redonda, apresentando<br />

ás vezes um pequeno collo.<br />

O pericarpo é liso, e mesmo lustroso,<br />

de verde e branco, de verde<br />

marchetado, e de verde puro ; é fino<br />

e coriaceo.<br />

Liga-se internamente a uma substancia<br />

branca esverdinhada, aquosa,<br />

frouxa e espessa; esta continua-se<br />

com a verdadeira polpa do fructo,<br />

que enche todo o seu interior.<br />

E' uma substancia análoga, porém<br />

mais desenvolvida e aquosa, doce,<br />

vermelha ou côr de rosa, alojando,<br />

em muitos pontos, sementes ovaes,<br />

comprimidas, pretas, e, em outra<br />

espécies, vermelhas, em lojas especiaes<br />

(pevides).<br />

Esta semente é revestida por um<br />

perisperma corneo, encerrando uma<br />

amêndoa com a mesma fôrma, branca,<br />

e da qual se faz orchata nas pharmacias<br />

e confeitarias.<br />

A melanciaé refrigerante, agradável,<br />

e estando sazonada nada tem de maliciosa<br />

; mas é preciso não comel-a<br />

estando-se cansado, e o corpo muito<br />

quente, suado, visto como o resfriamento<br />

que ella produz pode trazer graves<br />

conseqüências.<br />

Ha uma espécie á que em Pernambuco<br />

chamam Melancia da Índia ; tem<br />

a polpa branca, e ás vezes a semente<br />

também.<br />

No Brasil, e principalmente nos sertões,<br />

é onde apparecem as melhores<br />

melancias.<br />

Também se desenvolvem muito era<br />

certas localidades das províncias; em<br />

Pernambuco, nas Curcuranas e na ilha<br />

de Itamaracá, onde quasi todos os<br />

fruetos são bons.<br />

No Ceará crescem muito, mas não<br />

se come porque amargam.<br />

Melancia de cobra.— Cucumis<br />

chelonianus.— Fam. das Cucurbitaceas.—<br />

Herva agreste, que tem este nome nas<br />

Alagoas.<br />

E' uma plantinha delicada, que alastra,<br />

e se enrosca sobre as outras<br />

plantas, com órgãos próprios para<br />

esse fim, de caule finíssimo.<br />

Folhas pequenas, e de cinco pontas.<br />

Tem as flòrinhas amarellas, e os<br />

fruetinhos á semelhança de pequenos<br />

pepinos.<br />

São de 10 a 15 milímetros de comprimento,<br />

cylindricos, com três lojas<br />

cheias de sementes, brancas e chatas,<br />

sendo a massa interna esverdinhada<br />

e aquosa.<br />

Dão-se clysteres do cozimento das<br />

folhas d'esta herva nos ataques hemorrhoidaes,<br />

e nos catarrhos intestinaes.<br />

Melancia da praia. — Solanum<br />

arrebenta, Vell.—Solanum agrarium, Fl.<br />

Flum.—Fam. das Solanaceas. —E' um<br />

fructinho, que tem este nome em Pernambuco<br />

; na Bahia chamam-n'a Baba,<br />

no Rio de Janeiro, S. Paulo e Minas<br />

Arrebenta cavallo, e em Alagoas Min-<br />

golla.<br />

Provem de uma herva, que ergue seus<br />

ramos até 50 centimetros.<br />

O caule e folhas eriçadas de espinhos.<br />

As folhas são grandes, em proporção,<br />

apresentando lobos, com os peciolos<br />

cheios de espinhos.<br />

As flores, que são reunidas em pe-


MEL MEL 313<br />

quenos grupos, formam estrellas de côr<br />

verde amarellada.<br />

O cálice é também estrellado e cheio<br />

de espinhos.<br />

O fructo é bonito; é redondo, meio<br />

achatado na base, que é adherente a<br />

esse cálice; vermelho liso, marchetado<br />

de mais escuro ou de mais claro.<br />

O pericarpo é uma pellicula, que encerra<br />

uma massa branca, frouxa, prateada,<br />

semi-esponjosa, doce e com um<br />

principio ácido; é' cheia de muitas sementes<br />

reniformes, chatas.<br />

Come-se esta massa, mas não é das<br />

boas fruetas.<br />

Diz-se que ella faz desvanecer o que<br />

se chama pannos na pelle, (manchas.)<br />

mundo civilisado, onde, por meio de<br />

artifícios e trabalho, se os adquire como<br />

na Europa, que possue d'este fructo<br />

grande quantidade de variedades.<br />

Não nos é possível apontar essas variedades,<br />

por isso damos somente três<br />

das principaes, a saber:<br />

Primeira- Melão jardineiro.—É redondo;<br />

sua polpa é espessa, e abunda em sueco<br />

aquoso.<br />

Este melão, e os outros d'esta quali­<br />

dade, passam por mais nocivos, e mes­<br />

mo capazes de produzir febre.<br />

Segunda : Melãosinho laranja de Florença.<br />

— Este é pequeno, redondo, apre­<br />

Melão.—Cucumis melo, Linn.—Fam.<br />

senta gomos, é verde claro ou escuro,<br />

e tem uma cavidade pequena, com<br />

a polpa avermelhada; é muito bom, e<br />

amadurece muito depressa.<br />

das Cucurbitaceas.—Este fructo excellente, Terceira : Melão da matta. — Occu-<br />

que está na ordem dos melhores do pa o meio entre os dois ; amadurece<br />

mundo, é originário da Ásia.<br />

também com presteza, é oblongo, sua<br />

E' proveniente de uma planta rasteira, polpa é branca, aromatica, e doce.<br />

semelhantemente á melancia, differindo<br />

nas folhas, que são quasi redondas, Melão de caboclo. — F. Croá.<br />

apresentando apenas cinco lobos mais<br />

salientes.<br />

Melão de S. Caetano. — Momor-<br />

As flores são parecidas.<br />

dica charantia, Linn. — Fam. idem.—Al­<br />

O fructo porém offereee grande difguns chamam-n'o simplesmente, S.<br />

ferença.<br />

Caetano, como na Bahia.<br />

O Melão varia de tamanho; é de or­ E' uma herva elegante, indígena, que<br />

dinário de 25 á 50 centimetros pouco se presta a com ellas formar-se cara-<br />

mais ou menos, de fôrma oblonga ou manchões.<br />

arredondada, com gomos ou sem elles ; O Melão de S. Caetano é uma frueti-<br />

de côr amarella pallida, ou verde desnha, proveniente de uma «herva trepamaiada,<br />

ou apresentando mescla desdeira, de caules sulcados, verdes e<br />

sas duas cores.<br />

finos.<br />

O pericarpo é coriaceo, delgado, uni­ Folhas alternas, com peciolos um<br />

do á uma camada tenra, esverdinhada, tanto longos ; ellas são divididas em<br />

cuja espessura é de 12 millimetros cinco ou sete lobos; são molles, sem<br />

pouco mais ou menos; ella vai-se tor­ lustro, têm gavinhas, pelas quaes se<br />

nando cada vez mais branca, doce e agarram aos outros corpos.<br />

süccülenta, e tomando a côr amarella. As flores, solitárias, são amarellas<br />

Offereee uma Cavidade no centro, oc- claras, em fôrma de ros^s simples, de<br />

cupada por uma grande porção de se­ cinco pétalas: umas são estéreis, outras<br />

mentes, presas por filamentos verme­ fecundas; as segundas dão um fructo<br />

lhos.<br />

de 16 a 30 millimetros de compri­<br />

Estas sementes são estreitas, ellipmento, afinado para as extremidades,<br />

ticas, brancas, de perisperma corneo ou eriçado de aculeos molles, pendente-de<br />

coriaceo; esta substancia desenvolvida longos pedunculos filiformes.<br />

é a polpa apreciada do Melão.<br />

O pericarpo é côr de ouro, de i á 2<br />

O Melão cultiva-se em quasi todo o milímetros de espessura; abre-se expon-<br />

42


314 MEL MKN<br />

taneamente em três porções, deixando<br />

ver uma substancia polposa da mesma<br />

côr, lustrosa e doce, apegada ás paredes<br />

internas crivada de sementes<br />

brancas e ellipticas.<br />

As sementes, muitos comem, attrahidos<br />

pelo sabor, que ê doce e não desagradável;<br />

mas tem a propriedade de<br />

exacerbar as hemorrhoides.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. —Essa polpa,<br />

a que se ligam os caroços, sendo raspada<br />

e bem machucada com um pouco<br />

de sabão, até que mude de côr, fôrma<br />

um unguento suppurativo, que é proveitoso<br />

nos tumores, bem como leicenços,<br />

furunculos e mesmo carbúnculos,<br />

etc.<br />

O sueco do caule e folhas, misturado<br />

com álcool, combate as febres intermittentes.<br />

Cosem-se as folhas em duas ou três<br />

águas, e depois comem-se, e são boas.<br />

Esta planta foi um especifico na cura<br />

das hydropisias, consecutivas ao cholera,<br />

no Brejo dAreia, tomada em xarope<br />

por colheres de sopa, uma de 4<br />

em 4 horas.<br />

Tem sido empregado nas eólicas verminosas,<br />

nas leucorrhéas, nas menstruações<br />

difficeis, tardias, nas dores<br />

rheumaticas.<br />

Para este ultimo caso aquecem-se<br />

as folhas, e applicam-se nas partes<br />

affectadas.<br />

Melludre ou cabello dc moça.<br />

—Asparagus. — Herva cultivada como<br />

ornamento de jardins ; é delicada, e<br />

eleva-se á 75 centimetros.<br />

Tem o caule fino.<br />

As folhas compostas, muito finas, que<br />

parecem retroz grosso ou mesmo franja,<br />

de côr verde bonita.<br />

Nunca a vimos florescer; ao esmagarse<br />

com os dedos percebe-se um fraco<br />

cheiro.<br />

Também chama-se Melindre de moça.<br />

Mel Ia pinto. — Stellaria forniçata.<br />

—Fam. das Caryophyllaceas. — E' uma<br />

plantinha delicada, assim chamada nas<br />

Alagoas e Pernambuco.<br />

Tem os ramos esgalhados.<br />

Folhas oppostas, reniformes, de côr<br />

verde-desmaiada.<br />

As flores, em cachos pequeninos,<br />

pouco abrem; são brancas, de fôrma<br />

estreitada.<br />

O fructo é uma baga de côr branca,<br />

transparente, e tem algumas sementes<br />

dentro.<br />

Quando verde tem elle uma como que<br />

aspereza, por meio da qual adhere a<br />

roupa, e aos animaes gallinaceos.<br />

Mendobim ou Amendoim da<br />

costa.—Glicyum subterraneum, Linn.—<br />

Fam. das Leguminosas. — E' conhecido<br />

por este nome em Pernambuco, e originário<br />

dos paizes quentes, e dos lugares<br />

temperados da America do Norte<br />

e da Meridional.<br />

Melão de soldado.—Bazella sa-<br />

E' planta herbacea ou semi-lenhosa,<br />

ponaria. — Fam. das Chenopodeaceas. —<br />

de folhas alternas, e alastrada.<br />

Pequena herva silvestre que nas Ala­<br />

Flores amarellas, em cachos, ás vezes<br />

goas e Pernambuco é conhecida por<br />

solitárias.<br />

este nome.<br />

O fructo é um legume, de 10 milli­<br />

E' pequena, apenas se ergue a 50<br />

metros ou mais, com duas valvas,<br />

millimetros, é quasi alastrada, delicada.<br />

Folhas lanceoladas, lustrosas, muito<br />

contendo uma semente.<br />

unidas ao caule.<br />

Mendobim ou Amendoim do<br />

Flores em pequenas espigas, e mui matto.— V. Mendobim da terra.<br />

miúdas e brancas.<br />

Os fruetos são pequenas cápsulas. Mendobim ou Amendoim da<br />

O nome vem de que essa planta faz terra.— Arachis hypogcea.— Fam. das<br />

as vezes de sabão ; os soldados usavam Leguminosas.— Esta planta é celebre.<br />

muito d'ella para esse fim.<br />

Cresce na America Meridional, na<br />

Também chamam-no Sabão de soldado. Ásia e na África, sem que comtudo


MEN MER 315<br />

se saiba certamente sua origem ou<br />

fíatria.<br />

E' semi-herbacea, de 25 a 50 millimetros<br />

de altura, e esgalhada.<br />

Suas raizes são flbrosas, com pequenos<br />

tuberculos fusiformes.<br />

As folhas unijugadas, e compostas,<br />

são cordiformes.<br />

As flores, em longos pedunculos,<br />

são amarellas,<br />

A sua celebridade consiste no seguinte:<br />

depois de fecundado o ovario,<br />

o pedunculo da flor dobra-se procurando<br />

a terra, crescendo até penetrar<br />

no chão, onde o fructo desenvolve-se,<br />

e amadurece,<br />

Elle tem de 10 a 20 millimetros de<br />

comprimento, é oblongo, ovoide, com<br />

duas valvas.<br />

Pericarpo pardo, um tanto rugoso,<br />

com sutura pouco saliente.<br />

Sementes ordinariamente duas, mais<br />

raras vezes uma só; ellas tem o<br />

perisperma fino, arroixeado, como<br />

grão de feijão, e são bastante oleosas.<br />

Comem-n'as cosidas ou torradas, e<br />

até pode fazer-se uso d'ellas como do<br />

feijão,<br />

• São^ reputadas aphrodisiacas.<br />

Fornecem um excellente óleo, que<br />

é comestível, e hoje muito usado<br />

nas pharmacias.<br />

Os fruetos são como pequenos pevides<br />

pretas, e tão miudinhas que<br />

voam facilmente, por meio de um<br />

feixe de pellos.<br />

Ha outra espécie, que tem o fructinho<br />

roixo.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— A decocção<br />

d'esta planta é applicada nas dores<br />

rheumaticas, e também como emmenagogo<br />

nas suspensões de menstruos,<br />

na dose de 4 grammas para 180<br />

grammas d'agua, em infusão.<br />

Menstrusto.— F. Mastruço.<br />

Mentruz ou Matruz.—Rhágodia<br />

anthelmintica.—Fam. das Chenopodeaceas.<br />

— E' esta a planta da questão entre<br />

Mastruço e Mentruz.<br />

Como promettemos agitar esta questão,<br />

e já demos a descripção da<br />

primeira, agora daremos a d'esta que<br />

é a segunda.<br />

O Mentruz é uma herva silvestre ;<br />

cresce alastrando, e enrama-se muitoj<br />

mas eleva seu caule até a altura de 1<br />

metro pouco mais ou menos.<br />

E' muito carregada de folhas, que<br />

são estreitas, de bordas recortadas, e<br />

exhalam activo cheiro.<br />

As flores, são em espigas, densas,<br />

aggíomeradas, muito" miúdas e ape­<br />

Mentrasto ou Herva de S. gadas ao caule; ellas representam como<br />

João.— Ageratum conyzoides., Linn.— um fróco de borbulhas redondas; en­<br />

Cacalia mentrastos. Vell. e Fl. e Flum.— volvem uma semente parda, de acti-<br />

Fam. das Compostas.— E' uma herva vissimo cheiro.<br />

agreste do Brasil, que suppomos ap- Esta planta possue eminentes virtuparecer<br />

em todos os lugares do Imdes contra os vermes intestinaes ; applipério.ca-se<br />

o sueco em beberagem contra as<br />

E' conhecida por Mentrasto em quedas e, contusões, e triturada com<br />

Pernambuco e no Pará; no Rio de brêo, é empregada nas fracturas, prin­<br />

Janeiro, S. Paulo e Minas Geraes por cipalmente nas aves.<br />

Eerva de S. João.<br />

Vegeta pelas estradas, quintaes, etc, Mercúrio do campo.— V. Gal­<br />

cresce até a altura de 1 metro; linha choca.<br />

esgalha, e é pillosa.<br />

Tem as folhas ovaes, brancas, com Mercúrio vegetal.— V Manacá.<br />

as bordas recortadas; sendo esmagadas,<br />

exhalam cheiro.<br />

As flores, em cachos, são<br />

Mercúrio vegetal do Pará.<br />

como — Raiz do Manacá, considerada como<br />

botões, de base verde.<br />

anti-syphilitica.


316 MEU MU<br />

Merú. — Canna utilis. — Fam. das nambuco e com que os pescadores fa­<br />

Amomaceas.—Esta espécie,conhecida em zem caniços para pescaria.<br />

Pernambuco por este nome, e por<br />

Periquilo do vermelho em Alagoas, Meum é preto. — Rollinia nigra. —<br />

herbacea, de bonito aspecto, de 1 me­ Fam das Anonaceas—Este arbusto, que<br />

tro de altura pouco mais ou menos. nas Alagoas tem este nome, pelo qual<br />

O caule abraçado pelas folhas, que não é conhecido em Pernambuco, é<br />

são de 25 centimetros pouco mais ou de altura media.<br />

menos, ovaes, oblongas, de verde des­ De caule e ramos mui elásticos.<br />

maiado.<br />

Folhas alternas, ellipticas.<br />

Flores, nas pontas dos ramos, em pe­ Flores um tanto grandes, de cor amaquenos<br />

feixes, regulares, vermelhas, rella pallida, tendo na base estrellada<br />

parecendo flamulas, tendo na base um corpo arredondado, com três azas<br />

um corpo arredondado, verde, glandu- rugosas.<br />

loso, que é o futuro fructo, com fôrma No centro um cone com a superfície<br />

capsular, o qual, se desenvolvendo, granulosa ou tuberculosa.<br />

apresenta a superfície protuberante, e O fructo é uma espécie de pinha ou<br />

foliacea, contendo poucas sementes acta pequena.<br />

dentro.<br />

Dá fios para confecção de cordas ;<br />

Estas assemelham-se a contas de tem gosto de pimenta, e o caule e<br />

rosário.<br />

Esta planta tem virtudes emmena-<br />

ramos servem para caniços de pescar.<br />

gogas, e é empregada contra a hys- Mijo de cavallo.—Agaricuscreteria.<br />

Utilisa-se em vários usos dolaceus — Agaricus edulis. Lim. — Fam<br />

mésticos.<br />

dos Cogumellos. — E' denominada pelo<br />

povo em Pernambuco — Mijo de Cavallo.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— O cosimento E' um vegetal composto de membra­<br />

das folhas é usado em banhos nas nas ou lâminas molles, suceulentas,<br />

paralysias e dores rheumaticas; e a de 20 a 40 millimetros de altura,<br />

tisana da tubera, em xarope, nas tos­ cylindrico.<br />

ses asthmaticas, na dose de uma co­ Caule, com um annel no meio, forlher<br />

de 3 em 3 horas.<br />

mado por fibras molles, ou sem elle.<br />

Na extremidade superior apresenta<br />

Meru manso. — Canna edulis., uma cápsula redonda, convexa, como um<br />

Linn. e Sp. — Fam. das Amomaceas. — chapéo de sol, inferiormente composto de<br />

E' um arbustinho herbaceo, semelhante lâminas parallelas, de tecido cellular,<br />

ao precedente, de raiz tuberosa. molle e aquoso ; a cor do vegetal todo<br />

Caule mais alto, e avermelhado. é branca suja, ou parda clara.<br />

Folhas lanceoladas e grandes, e de Assim como as plantas d'esta fami­<br />

flor vermelha, com filete aloiraddo. lia, este cogumello desenvolve-se onde<br />

ha immundicies, nos lugares humidos<br />

Meru a.—Spermacou longifolia. La- e sombrios.<br />

cerd.—Fam. das Rubiaceas. —Arbusto Dividem-se em duas ordens : os co­<br />

do Pará, da familia dos Jenipapeiros. gumellos nus e os com volva. Os nus<br />

Sua propriedade medica é ser anti- formam quatro grupos ; os cogumellos<br />

hem orrhoidal, em clysteres.<br />

com volva constituem seis outros ; fornecem<br />

um grande numero de cogu­<br />

Mertirana. — Phrethebum suaveomellos, tão numerosos como comeslens.—<br />

Fam. das Vitiferas E' também tíveis.<br />

do Pará, e empregada contra as febres. Temos observado que os únicos remédios,<br />

para combater algum caso de<br />

Meum amarello. —E' de Per­ envenenamento pelos cogumellos, são


MU MIL 319<br />

o ether e o emetico; o ether para<br />

acalmar os accidentes já declarados,<br />

e o emetico para evacuar o resto do<br />

veneno que exista no-canal alimentar.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. — Vegetaes<br />

extremamente variáveis na fôrma, consistência,<br />

côr etc.<br />

Ha um pequeno numero de espécies,<br />

que cresce n'agua.<br />

Mil em rama.—Achillea millefolium,<br />

Linn.— Fam. das Compostas.— E'<br />

uma planta da Europa, cujas folhas são<br />

profundamente fendidas em lacinias<br />

lineares.<br />

As flores são brancas, como as de<br />

São corpos camosos ou elásticos, tendo<br />

em geral a fôrma de um guarda-sol ; Artemije.<br />

isto é, são compostos :<br />

Cultiva-se no Brasil.<br />

Primeiro, de uma espécie de chapéo A raiz é estomachica, febrifuga e<br />

ordinariamente convexo, tendo na parte anti-odontalgica.<br />

inferior lâminas perpendiculares, e tubos<br />

ou linhas anastomoseadas.<br />

Milho.—Zeá mais, Linn.—Fam. das<br />

Segundo, de um pedunculo central Gramineas.—Esta estimada e utilissima<br />

ou lateral, em cujo ápice se vê uma Graminea, é.uma das que mais serviço<br />

membrana circular (colleretej, que se prestam ao mundo, porque por toda<br />

dilata em todo o circuito do chapéo , a parte é cultivada como alimento dos<br />

todo o cogumello é algumas vezes co­ homens e dos animaes.<br />

berto, antes de seu desenvolvimento, por Na Europa chamam-no Blé dc Turquie<br />

uma espécie de bolsa membranosa, com­ ou Blé d'Inãe.<br />

pleta ou incompleta, chamada volva. Estes nomes derivam de terem alguns<br />

Algumas vezes são massas globulo- auctores süpposto ser o Milho oriundo<br />

"sas, ovoides ou allongadas, de tama­ d'esses paizes; mas tem se conhecido<br />

nho excessivamente variável, espécie de não ser assim.<br />

copos, com filamentos simples ou ar­ E' natural do novo mundo, e sua<br />

ticulados ; caules coralliformes, isto introducção na Europa data do seculó<br />

é, ramificados irregularmente, á seme­ XVI; a prova d'isto é que em nenhuma<br />

lhança do coral, de cores extrema­ obra de agricultura se mencionou esta<br />

mente variáveis; porém o seu tecido planta, senão depois da descoberta de<br />

interno, que se compõe de cellulas ir­ Christovão Colombo.<br />

regulares, nunca é verde.<br />

O Milho é uma graminea elegante ;<br />

As sporulas, ou órgãos reproducto- cresce sem esgalhar até a altura de<br />

res, são ora nüs, ora encerrados em 2 metros pouco mais ou menos, dé<br />

espécies de capsulasinhas.<br />

caule erecto, nodoso de distancia em<br />

Ellas ou são espalhadas na super­ distancia, herbaceo, tendo internamente<br />

fície do cogumello, ou envolvidas em um tecido alvo e frouxo.<br />

um peridium ou conceptaculo, carnoso As folhas, alternas, abraçam o caule<br />

e membranoso, ou duro e ligneo. em parte; são ensiformes, e com alguns<br />

Os cogumellos são em geral plantas pellos.<br />

parasitas, que crescem sobre os outros Nos nós do caule existem alguns<br />

vegetaes ainda vivos; sobre corpos or­ gômos, d'onde sahem commummente<br />

gânicos em estado de decomposição pú­ duas ou três espigas, nas melhores<br />

trida, quer na superfície, quer no inte­ terras, e que são corpos pyramidaes,<br />

rior da terra.<br />

compostos de muitos envoltórios folia-<br />

Crescem algumas vezes com extraorceos, de lamina fibrosa e delgada, e<br />

dinária rapidez, e sua duração é quasi no centro de um eixo, ao qual estão<br />

sempre muito fugitiva, emquanto outras apegadas muitas sementes, que cobrem<br />

vezes, (Boletus, igniarius, ungulatus toda etc.,), a superfície, e que são por sua<br />

vegetam lentamente, e por alguns annos vez cobertos de uma porção de fila­<br />

consecutivos.<br />

mentos delgados e finos, á semelhança


318 MIL MIL<br />

de retroz, de côr arroixeada, vermelhaescura,<br />

ou branca-amarellada, que sabem<br />

pela parte superior, rompendo o<br />

envoltório, e se fazem patente.<br />

Milho de Angola. —E' uma espécie<br />

bem cultivada, semelhante á precedente;<br />

é á primeira vista mais alta<br />

e não dá espigas.<br />

Apresenta então no extremo superior<br />

um cacho mais denso que o do nosso<br />

milho.<br />

As divisões são em zig-zag, muito<br />

approximadas, e densas do flores e<br />

grãos; estes são menores do que ervilhas,<br />

brancos, e de côr parda e escura,<br />

lustrosos. e ovoides, atinando para<br />

São as flores femininas.<br />

a base; é objecto de curiosidade nos<br />

No ápice do caule brota um grande jardins e quintaes.<br />

cacho de flores visíveis, semelhantes Serve para nutrição das aves gra-<br />

aos grãos de cevada ; são as flores masnivoras.culinas. Depois de madura a espiga, os grãos Milho Bati.—Zeamais.—Fam. das<br />

de milho se tornam de côr amarella, Gramineas. — E' um Milho muito bom<br />

a amarella-vermelho, de fôrma arre­ ao paladar.<br />

dondada, achatada, com uma pequena Dá fruetos, estando ainda de altura<br />

depressão de um lado, esbranquiçada, menor que os outros.<br />

afinando para a base.<br />

E' semelhante ao Milho ordinário,<br />

Estes grãos, que se prestam a tantos de 1 metro e 25 centimetros de altura<br />

misteres, dão uma fecula substancial, pouco mais ou menos, de espigas me­<br />

que alimenta os homens e Os animaes. nores que o milho Catête, mas cujos<br />

Não dá um bom pão, pela ausência grãos não abortam.<br />

do glúten n'essa fecula, entretanto d'ella E' qualidade mui apreciada pelos agri­<br />

se faz differentes bollos, á semelhança cultores.<br />

de pão, de muito bom sabor e nu­ Em Sergipe chamam-n<br />

trientes .<br />

Grande variedade de comidas e bebidas<br />

se prepara do milho, bolos de<br />

differentes espécies, podins, cangica,<br />

filhos, pamonhas, doces, bebidas agradáveis<br />

e refrigerantes.<br />

Os grãos de milho também servem<br />

para fabricar aguardente, aluas, garapas<br />

de pamonha, etc.<br />

Sua palha é ainda aproveitável por<br />

servir de alimento aos cavallos.<br />

Do caule, Pallas, depois da fruetificação,<br />

extrahe grande quantidade de<br />

assucar, como da beterraba e da canna<br />

de assucar.<br />

Segundo Parmentier o Milho pôde substituir<br />

a cevada na composição da cerveja.<br />

O Milho em nosso paiz dá em todo<br />

o tempo, nas províncias septentrionaes<br />

principalmente.<br />

y o Catête.<br />

Milho branco.—Zeamais.—Fam.<br />

idem. — E' semelhante á primeira espécie,<br />

e mui freqüente nas províncias do<br />

Sul, como Rio de Janeiro, Minas Geraes,<br />

etc,<br />

Cultivam-n v a em grande escala nos<br />

nossos sertões.<br />

E' mesmo como o amarello, porém<br />

o grão é branco, e o consideram mais<br />

saudável.<br />

No Rio de Janeiro cosinham-n'o<br />

com água e sal e temperam-n'o com<br />

assucar, constituindo uma espécie de<br />

canja a que chamam Cangica; pode-se<br />

dar mesmo aos convalescentes.<br />

Milho ponta fina.— Zea mais.—<br />

Fam. idem.— Esta outra variedade é<br />

semelhante á precedente.<br />

Tem, porém, espigas também pequenas,<br />

de fôrma ainda mais pyramidal<br />

terminando em ponta fina.<br />

Em Sergipe chamam-n'o Belélé, produz<br />

fructo de dois mezes.<br />

E' também chamado em Pernambuco<br />

Milho de Santa Catharina.<br />

Milho roixo.— Zea.—Fam. tdem.<br />

— Outra espécie que é também semelhante.


MIN MOC 319<br />

Nota-se maiores nodoas roixas nas Tem por fructo uma cápsula roliça,<br />

camadas membranosas que envolvem a quasi quadrada, contendo muitas se­<br />

espiga, que é também de côr roixa. mentes dentro, e offerecendo no ápice<br />

O grão serve de alimento, mas uma coroa de quatro palhetinhas.<br />

esta variedade não é cultivada em Floresce em Agosto.<br />

grande escala", para que appareça no Ha outra Minnana, que vegeta na<br />

mercado.<br />

mesma província e em Montevidéo, e<br />

Mesmo no centro das províncias differe pouco da antecedente.<br />

raramente se encontra esta cultura As folhas são mais longas, e as flo­<br />

ou plantação.<br />

res maiores, segundo nos informam.<br />

Milhome ou mil homens.—<br />

Aristolochia rigens trílobata, Vell.—<br />

Aristolochia cymbifera, Mart. — Fam.<br />

das Aristolochiaceas.— Dão este nome<br />

em Pernambuco, e mais lugares a<br />

uma planta trepadeira, que se enrosca<br />

sobre as outras.<br />

Tem as folhas compostas e recortadas.<br />

Flores exquisitas, que são á semelhança<br />

de uns jarros foliaceos, nos quaés<br />

desenvolve-se o fructo, que uma é cápsula<br />

oitavada, angulosa, contendo muitas<br />

sementes.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.. — A raiz<br />

d'esta planta goza de virtudes emmenagogas,<br />

applicada em cosimento, só ou<br />

misturada a outras substancias medicinaes.<br />

A planta, de gosto amargo, camphorado,<br />

é empregada contra as mordeduras<br />

de cobras, e como antiseptica<br />

na grangrena e nas febres graves.<br />

O pó da raiz é útil nas ulceras atônicas,<br />

e dá-se internamente na dose de<br />

5 a 10 decigrammas.<br />

Miloló ou. coração de boi.—<br />

Anona reticulata, Linn. —Fam. das Anonaceas.<br />

— O fructo come-se, e contém<br />

muitas sementes, que, socadas v Miraceem. — Solanum. — Fam. das<br />

Solaneas. — E' uma herva, cuja casca<br />

é doce e mucilaginosa.<br />

Mirindiba ou Merendiba. —<br />

Terminalia anômala. — Fam. das Combretaceas.<br />

— Esta arvore, oriunda do paiz,<br />

é conhecida por este nome em Pernambuco,<br />

e em muitos outros lugares do<br />

Império.<br />

E' elevada. ,<br />

A casca é amarella pela parte de<br />

dentro.<br />

As folhas, situadas circularmente<br />

nas extremidades dos ramos, são obovaes,<br />

oblongas, tendo a parte mais<br />

larga para cima.<br />

As flores, em feixes, são em capitulos,<br />

com os pedunculos todos iguaes<br />

e inseridos no mesmo ponto.<br />

Compõe-se de um cálice campanulado,<br />

verde, cheio de pellos, e encerrando o<br />

rudimento do fructo, que' é uma baga,<br />

contendo um caroço.<br />

Esta arvore tem a madeira amarella<br />

clara, de que fazem-se obras: mas é<br />

muito susceptível de rachar-se.<br />

E' excellente para tingir de côr vesmelha<br />

violacea.<br />

com Mocohim caba. —Eysmehia glau­<br />

água, formam uma emulsão, que se apca. — Fam. das Euphorbiaceas. — E'<br />

plica contra a diarrhéa, e febres. uma planta de virtude adstringente.<br />

Min nana.—JEnothera indecora, St,<br />

EU. —Fam. das Onagrariaceas.—E'<br />

uma herva do Rio Grande do Sul, onde<br />

recebe este nome.<br />

Tem as folhas oppostas e estreitas.<br />

As flores, solitárias e amarellas, parecem<br />

uma cruzeta.<br />

Mocori. —V. Mocury ou Mucury.<br />

Mocotó. — Etytroria alagoana. —<br />

Fam. das Acanthaceas. — Herva silvestre,<br />

conhecida por este nome nas Alagoas<br />

. *<br />

Tem o caule quadrado.


aso MOF MOR<br />

Folhas oppostas, lanceoladas.<br />

Flores em espigas compridas, cylindricas,<br />

encerrando os fruetos.<br />

Ellas são de côr roixa violeta, e como<br />

jasminsinhos ; e os fruetos são pequenas<br />

cápsulas, que ahi ficam, cheias<br />

de sementes miudissimas.<br />

Esta planta é applicada nas opilações,<br />

e tem outros usos na medicina<br />

domestica.<br />

O fructo é uma bagasinha, contendo<br />

uma sementinha preta, lustrosa c chata.<br />

Esta planta é digna de ser admittida<br />

nos jardins.<br />

Moluca. — V Buranhem.<br />

Mongubeira.— V. Mungubeira.<br />

Morango contutuut.—Fragaria<br />

Tem grande apparencia, quasi de con­ vesca, Linn. e Lamh. — Fam. das Rosafundir-se,<br />

com o Orgivão de folha larga, ceas.—O Morango é um fructo oriundo<br />

de Pernambuco.<br />

dos bosques da Europa, cultivado natt<br />

provincias do Sul, se bem que também<br />

Mocury. —ou Mucury.—Ar­ se encontra no Pará.<br />

vore que dá excellente madeira, e uma O Morango commum é um arbustinho<br />

frueta aromatica e saborosa, á seme­ cujo caule multiplica-se, de maneira que<br />

lhança de um pecego amarello. fôrma touceira.<br />

As folhas tem peciolos compridos, e<br />

Mufumbo da beira do rio. são ovaes.<br />

— Viborgia polygaliformis. — Fam. das As flores, nas extremidades dos ra­<br />

Leguminosas. — E' um arbusto a que mos, são brancas, á maneira de rosas,<br />

dão este nome em Pernambuco, e que com pétalas adherentes ao receptaculo.<br />

varia muito de nomes nos differentes Este encerra muitos núcleos, que se<br />

lugares.<br />

transformam em fructo, o qual é uma<br />

Sua madeira tem a singularidade baga (pela aggregação dos pequenos<br />

de exhalar um aroma, que lembra le­ fruetos), oval suceulenta, de pericarpo<br />

vemente o da alfazema.<br />

molle, vermelho e ácido, contendo no<br />

É um arbusto trepador.<br />

seu interior algumas sementes.<br />

Seus ramos têm a casca esverdinhada. No Pará ha muito bons Morangos,<br />

As folhas, alternas, são ovaes, e que talvez sejam da espécie ou varie­<br />

embaciadas.<br />

dade da do continente americano, por­<br />

As flores são brancas, miudinhas, que não só no Chile ha uma espécie<br />

apegadas ao caule (quasi rentes), e em Fragaria chiloeusís Villd., como no Ca­<br />

pequenos cachinhos.<br />

nadá e Carolina Fragaria caroliniana,<br />

Vegeta ás margens dos rios, lagoas, etc. que é de fructo redondo, de côr vermelha<br />

brilhante, e internamente branca<br />

Mofungo.— Chamissoa rubrocaulina. ou rosea, muito succulenta,mas um tanto<br />

—Fam. das Amaranteas.— Arbusto trepa­ dessaboro3a.<br />

dor, que vegeta ás margens dos rios, O Moraugo do Canadá Fragaria ca-<br />

conhecido nas Alagoas por tal nome. nadensis, Mich., cujo fructo é pequeno<br />

Quasi que se confunde com o pre­ e redondo, é o mais commum de tocedente,<br />

e se supporia ser o mesmo dos.<br />

se, pelo exame botânico a que tem sido<br />

submettido,nãose reconhecesse as diffe- Moringa. — Gu ilandina moringa. —<br />

renças que os separam.<br />

Fam. das Apocyneas.— Diz o auetor<br />

Seu caule, do meio para cima, torna- que esta planta é empregada em mese<br />

rubro, assim como as folhas, que dicina, mas não sabe em que casos.<br />

são ovaes, molles, nas pontas dos ramos,<br />

e verticilladas.<br />

As flores são pequenas, em espigas<br />

Mor oro.— V Cipó de escada<br />

ramosas, bracteadas e esbranquiçadas. | Mororó.— T* Unha de boi.


MOS MUC 3S1<br />

Mororó do sertão.— Bauhinia. dondas, que se tornam depois escu­<br />

— Fam. das Leguminosas.—E' um arras.busto de mediano porte, que vegeta Estas sementes possuem qualidades<br />

nas catingas e no sertão.<br />

estimulantes, e têm um principio acre,<br />

Suas folhas são grandes, cordiformes e oleoso volátil, possuindo ao mesmo<br />

e geminadas, como que ligadas duas tempo um óleo fixo.<br />

a duas.<br />

E' com esta droga que se prepara<br />

As flores são amarellas, comprimidas.<br />

o synapismo; entra em mais outras<br />

composições pharmaceuticas.<br />

Os fruetos dão vagens compridas, Além d'isso a mostarda presta-se a<br />

chatas e côr de castanha.<br />

ser alimento como verdura.<br />

A madeira d'este arbusto é mur Com as sementes preparam-se mo­<br />

flexível e forte.<br />

lhos excellentes.<br />

Também ha Mostarda branca.— Sina­<br />

Mor otóté.— Panax ? carunlata ? — pis alba, Linn., que julgamos não ser<br />

Fam. das Araliaceas. — Planta expectousada<br />

entre nós nos misteres domésrante<br />

e diuretica.<br />

ticos.<br />

Morotétó. — Panax chrysophyllum, Motamba. — V. Mutamba,<br />

Wall.— Panax undulatum, Kunt. — Panax<br />

morotoni, Aubl. — Fam. das AraMotète.<br />

— Fam. das Cucurbitaceas.<br />

liaceas. — É uma arvore da Guyanna — e E' uma cabaça que nas Alagoas<br />

do Brasil, onde lhe chamam Páo ca- recebe este nome.<br />

non ? bastardo.<br />

A planta é semelhante ás outras,<br />

Em S. Domingos<br />

Morotoni.<br />

e na Guyanna tendo porem as folhas um tanto pequenas.<br />

É elegante, de folhas e ramos reves­ As flores são brancas.<br />

tidos nas duas faces de um pello O fructo de 12 centimetros de com­<br />

amarello, que parece dourado. primento, oval; pericarpo esbranqui­<br />

Recebe mais outros nomes, taes como çado ; a massa interna compacta, branca<br />

Arvore de Maio e Arvore de S. João. e doce.<br />

D'esta massa fazem doces e prepa­<br />

Morphis. — V. Marfim vegetal. ram clysteres.<br />

Moscadeira. — V. Noz moscada.<br />

Do pericarpo fazem cuias.<br />

Mueaja. — F- Macaiba.<br />

Mostarda. — Sinapis nigra, Linn.<br />

— Fam. das Cruciferas. — Bem conhe­ Mucamba ou Cantará de<br />

cida na arte culinária é a mostarda. capoeira. — Verbesina glauca, alata.<br />

E' uma herva oriunda da Europa, r^ Fam. das Compostas. — Arbustosinho<br />

e^cultivada no Brasil.<br />

agreste, a que nas Alagoas dão este<br />

Sobe. esgalhando seu caule, á altura nome.<br />

de 1 metro e 10 centimetros.<br />

O caule tem como quatro expansões<br />

Tem folhas oblongas, e ásperas den- foliaceas estreitas de alto á baixo em<br />

teadas, de côr verde-gaio.<br />

toda a extensão.<br />

As flores são em espigas longas, As folhas grandes lanceoladas, de<br />

amarellas, formando quatro segmentos um verde esbranquiçado e ásperas.<br />

encruzados.<br />

As flores, em cachos, são brancas.<br />

Os fruetos são espécies de vagens O fructo, é como uma sementinha<br />

de 10 millimetros ou pouco mais, lisas, preta,<br />

finas, foliaceas, contendo umas semen­<br />

oval e pequena.<br />

tes de côr castanha, ou vermelha e reMucuhi<br />

ou Mocui.—Dão este<br />

43


MUC Ml"L<br />

nome nas Alagoas a uma arvore agreste<br />

leitosn.<br />

Folhas ovaes e pequenas.<br />

O fructo de 20 millimetros de comprimento,<br />

oval, de côr parda externamente.<br />

Pericarpo grosso e lactifero, quando<br />

verde, internamente tem uma massa<br />

compacta, branca, com um caroço oval<br />

no centro e de côr de castanha.<br />

Come-se esta massa que é doce.<br />

Mucujjè ou Macnjé.—E' uma<br />

frueta saborosíssima e delicada que<br />

nasce espontaneamente nas mattas da<br />

Bahia onde lhe dão este nome.<br />

Tem de diâmetro, 30 millimetros ; é<br />

redonda, de côr verde-pallida.<br />

Seu tegumento externo é membianoso,<br />

a massa interna é branca, viscosa<br />

e leitosa.<br />

Tem um pedunculo muito comprido.<br />

Mucusaá.— V. Olhos de burro.<br />

Mucuyba. — Arvore do paiz, alta,<br />

com pequena copa, com a configuração<br />

de um chapéo de sol.<br />

Produz uma espécie de azeitona.<br />

Pericarpo delgado, contendo uma<br />

amêndoa oval, da qual se extrahe um<br />

óleo empregado pelos indígenas em<br />

varias moléstias.<br />

que se desprende facilmente c produ<br />

terrível sensação na pelle.<br />

Dentro acham-se três ou quatro sementes<br />

pardas, redondas, achatadas,<br />

orladas de uma zona mais alta c mais<br />

escura que parece mesmo a cabeça de<br />

um frade.<br />

Sobe entrançando-se nas mais altas<br />

arvores, e com as vagens pendentes nos<br />

longos pedunculos.<br />

Estes pellos urticam a quantos incautos<br />

n'elles tocam.<br />

Mucunan da matta. — Dolichos<br />

pruriens.—Fam. das Leguminosas.—lista<br />

Mucunan é das mattas, e semelhante ao<br />

outro, sendo maior o fructo, e tudo mais<br />

relativamente.<br />

E' o Olho de boi das Alagoas. E' o<br />

pó de mico do Rio.<br />

Mucurá.— V. Tipú.<br />

Mucataãa.— Laurus mucutaia. (?J—<br />

Fam. das Lauraceas.—E' uma arvore do<br />

Pará e Amazonas, onde é conhecida por<br />

este nome.<br />

E' uma canelleira, que serve para aromatizar,<br />

e usa-se como excitante.<br />

Muirapuanta.—Arbusto excitante<br />

geral e aphrodisiaco dos mais enérgicos.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—Usa-se inter­<br />

Mucunan ou Mucuna.— Dolichos na e externamente; d'este ultimo modo<br />

mucunan, Adans.—Dolichos urens, Willd. tem aproveitado nas paralysias par-<br />

e Linn.— Fam. das Leguminosas.—E' ciaes.<br />

um arbusto ou antes um cipó trepador Emprega-se a infusão que se pre­<br />

que se enrola nas arvores ; é conhecido para com 4 grammas para 450 gram­<br />

por Mucunan, mas chamam-no tammas d'água ; e a tintura na dose de<br />

bém em Pernambuco nas Alagoas e algumas gottas : esta ultima se applica<br />

Bahia, Coroa de frade.<br />

também em fricções.<br />

Tem as folhas em grupos de três,<br />

formando verticillios regulares, á ma­ Mulungu. — Erythrina corallodenneira<br />

de uma glande, são amarellas e dron, Linn. — Fam. das Leguminosas.—<br />

com um tubo recortado; sem cheiro, Esta arvore natural do paiz tem este<br />

e de peciolos pubescentes.<br />

nome em Pernambuco, Alagoas e<br />

As fruetas, também aggregadas, são Bahia, e também o de Murungú.<br />

vagens de 40 a 50 millimetros de lar­ Eleva-se á altura de 5 á 10 metro3<br />

gura, coriaceas, um tantD onduladas, pouco mais ou menos.<br />

cobertas de um pello duro, e louro, Sua casca é um tanto herbacea e


MUL MUN 3S3<br />

lisa, semeada de aculeos conicos que<br />

se destacam com facilidade.<br />

Suas folhas são compostas de três<br />

foliolos, têm os peciolos longos : são<br />

pubescentes todas essas partes -<br />

As flores, são grandes, vermelhas,<br />

como bandeirolas.<br />

E' uma planta elegante, na epocha<br />

da florescência despoja-se das folhas e<br />

reveste-se de flores vermelhas; o que<br />

lhe dá um aspecto pittoresco.<br />

O fructo é uma vagem de 10 á 15<br />

millimetros, paleacea, de 5 millimetros<br />

de largura, curva, alojando uma só<br />

semente vermelha e ás vezes duas e<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—Já ninguém<br />

ignora que o Mulungu tem reputação<br />

estabelecida como calmante do systhema<br />

nervoso ; e actualmente todos os<br />

facultativos o applicam; o que prova<br />

que sua reputação é merecida e firmada<br />

therapeutieamente.<br />

O Mulungá entre nós não só é applicado<br />

externamente em banhos mas<br />

também internamente.<br />

Elle parece ter acção directa sobre<br />

os centros nervosos; faz adormecer<br />

sem determinar a hyperhemia cerebral,<br />

como succede como ópio e os princípios<br />

activos que d'elle se extrahem ;<br />

pelo que o somno é tranquillo e reparador,<br />

acalma as tosses nas bronchites,<br />

e modera os accessos de asthma<br />

e de tosse convulsa.<br />

Toma-se o xarope puro e. dissolvido<br />

em meio cálice de água morna ou em<br />

uma chicara de infusão de flores de<br />

tilia, de violetas ou de decocção de<br />

raiz de altheia, na dose de uma colher,<br />

das de sopa, de três em três<br />

horas, ou de quatro em quatro para<br />

os adultos, e na de uma colher de chá<br />

para os meninos de 12 annos.<br />

É tido como famoso medicamento contra<br />

as hepatites chronicas e obstrucções<br />

do flgado.,<br />

Mulungu crista de gallo. —<br />

Erythrina crista galli. — Fam. das Leguminosas.<br />

— Esta arvore vegeta no Rio de<br />

Janeiro, Minas e S. Paulo.<br />

Seu tronco não tem geralmente espinhos.<br />

As folhas são compostas de foliolos<br />

ovaes, lanceolados, inteiros.<br />

Seus peciolos são pequenos, com duas<br />

glândulas na base.<br />

Nove estames monadelphos e um livre,<br />

Mulungu ou Murungude Fernando.<br />

— E' sem duvida o mesmo gênero<br />

Erythrina; ignoro a espécie.<br />

mais, lisas, -crustáceas, como grãos de O vegetal é semelhante em tudo ao<br />

feijão.<br />

precedente, porém as vagens d'este têm<br />

Abrem-se por si as vagens, e der­ as sementes de differentes cores no<br />

ramam pelo chão as sementes. mesmo indivíduo, isto é, uma vagem<br />

tem sementes vermelhas, outra roixas,<br />

outra amarellas, etc.<br />

Mundahu ou carrapato do<br />

matto. — Cicca inflata. — Fam. das<br />

Euphorbiaceas. —Também chamam á esta<br />

planta Caboim.<br />

Estes nomes são-lhe dados nas Alagoas<br />

principalmente.<br />

E' um arbusto freqüente nas margens<br />

dos rios, de 3 a 4 metros de altura pouco<br />

mais ou menos, esgalhado.<br />

Folhas miúdas, ovaes, luzidias, e de<br />

côr verde.<br />

Flores em abundância em grupos pelos<br />

ramos e axillas das folhas, são esverdinhadas<br />

e têm os sexos separados.<br />

Dáumfrutinho, á semelhança de uma<br />

pimenta de cheiro, de 4 lojas, ou como<br />

uma pitanga verde deprimida: tem quatro<br />

a oito caroços; mas fica ainda espaço<br />

vasio dentro.<br />

A madeira d'èste arbusto é excellente<br />

combustível.<br />

Munduy-guaçu. —V. Pinhão de<br />

purga.<br />

Mungubeira. —Bombax semiguttifera.<br />

(?)— Fam. das Bombaceas. — E' uma<br />

arvore elevada, á que nas Alagoas dão<br />

este nome.<br />

Sua casca é grossa e resinosa.


3S4 MUR MLR<br />

As folhas dão nas extremidades dos<br />

ramos; são longamente pecioladas, em<br />

grupo de cinco, obovaes e um tanto<br />

louras.<br />

As flores, em cachos, são brancas,<br />

grossas e assetinadas.<br />

O fructo é uma cabacinha um tanto<br />

oitavada, dividida dentro em 5 lojas,<br />

cheias de sementes, que estão cobertas<br />

de um pello pardo.<br />

Este pello é mui procurado para en­<br />

Come-se.<br />

Nas províncias do Sul extrahe-se<br />

tinta preta e amarella d'este vegetal,<br />

que se emprega também nos cortumes.<br />

No sul chamam-n'a Murici penima.<br />

Murici cascudo.— Byrsonima<br />

verbascifolia, D. C— Malpighia verbascifolia,<br />

Linn. — Fam das Malpighiaceas.<br />

— E' uma arvore acachapada, regular,<br />

de casca escura, regoada e áspera.<br />

chimento de colchões, travesseiros, etc. Folhas oppostas, ovaes, oblongas,<br />

Das sementes d'esta arvore extrahe-se i cobertas de pello branco, assim como<br />

um excellente óleo para luz. jas partes externas.<br />

A madeira serve para caibros; e tem Flores em espigas, umas amarellas<br />

outros prestimos.<br />

outras vermelhas, bonitas, dispostas<br />

Esta arvore é a Sumaúna do Pará como rosas.<br />

que tem o nome botânico de Erio- Fructo redondo, dividido por dentro<br />

ãenãron sumauna.<br />

em cinco partes, com cinco ou mais<br />

A Paineira do campo.—Pachira margi- caroços.<br />

nata. St. EU. é outra espécie que Não é comestível.<br />

cresce no Rio de Janeiro. Erioãendron O lenho é empregado para traves e<br />

leianterum. D. C-, se não é a Munguba tectos de casas.<br />

das Alagoas é espécies bem semelhan­ Este Murici é conhecido em Pertes.nambuco,<br />

Maranhão, Pará, etc.<br />

Mu ai u pie.— Sapium euphorbium.— Murici de lenha.—<br />

Fam. das Euphorbiaceas.— Planta da usitatissima.— Fam. das Malpighiaceas.<br />

America e dos paizes quentes. — Este Murici nos parece que é a es­<br />

E' mui lactifera e venenosa. pécie á que em Sergipe chamam<br />

O sueco leitoso, misturado com Murici de porco.<br />

sulphato de cobre, destroe os cravos Assemelha-se muito aos outros, e<br />

e boubas.<br />

vegeta pelas capoeiras e mattas perto<br />

das cidades.<br />

Murici ou Murecí.— Byrsonima Suas folhas são ellipticas, e lisas.<br />

As flores, em cachos, de cor branca<br />

chrysophylla. Eumb e Bomp.— Fam. das<br />

Malpighiaceas.—r Esta espécie de Murici<br />

cremos que está espalhada por<br />

todas as províncias; pelo menos tem<br />

em todas o mesmo nome.<br />

E' uma arvore de media no porte, cuja<br />

summidadé ramosa é vermelha e lanuginosa.<br />

Folhas ovaes e lustrosas.<br />

Flores em cachos terminaes, como as<br />

das outras, com uma parte avermelhada.<br />

O fructo é como uma pimenta de<br />

cheiro, redondo, amarello, de pericarpo<br />

membranoso, contendo uma só,<br />

ou três sementinhas cinzentas, en­<br />

voltas, em massa amarella, doce e<br />

amarellada e roixeada.<br />

O fructo ainda não observamos.<br />

Em Sergipe ha um Murici chamado<br />

Murici vermelho: pisam suas fruetas com<br />

assucar e farinha, e dizem ser saboroso.<br />

Nas Alagoas chamam-n'o Murici de<br />

taboleiro.<br />

Murici da praia. —<br />

arenaria. (?) —Fam. das Malpighiaceas.<br />

Este Murici, á que chamam da praia e<br />

de lenha, vegeta muito na beira da costa<br />

em Pernambuco.<br />

Seu tronco esgalha muito desde pouca<br />

altura, e fôrma soqueira; a casca nem<br />

voiias, em massa amarena, uuce o «"«», « m»»»^»-»,<br />

levemente ácida, quando maduro, |é regoada, nem mesmo áspera.


MUR MLR 3S5<br />

As folhas, um tanto pequenas, são Murta branca. —Myrcia eampina-<br />

ovaes e luzentes.<br />

ria. St. EU.—Fam. dasMyrtaceas.—Cha­<br />

As flores roixas e brancas.<br />

mam nas Alagoas, — branca, — esta es­<br />

O fructo redondo semelhante ao já pécie de murta.<br />

descripto.<br />

O trocadilho de nome das murtas,<br />

A lenha d'este Murici é excellente d'esta vasta familia das Myrtaceas e<br />

combustível.<br />

de uma prodigiosa profusão nas diversas<br />

províncias do Brasil, de fôrma que<br />

Murici de taboleiro. — V Mu­ não se pôde apresentar uma relação<br />

rici de lenha.<br />

exacta dos differentes indivíduos conhecidos<br />

sob o nome de Murta.<br />

Murilí, Muriti ou Buriti. —<br />

Esta espécie é um arbusto de casca<br />

Mauritia, flexuosa, Linn. e Fil.—Fam. cor de castanha claradas<br />

Palmeiras. — E' uma Palmeira que Folhas ovaes,.reviradas sem brilho.<br />

vegeta na embocadura do Orenoco, Flores cheirosas brancas, com cinco<br />

nas províncias mais septentrionaes do pétalas, com muitos filetes brancos<br />

Império e na Guyanna.<br />

offerecendo superiormente uns bolsinhos<br />

Os habitantes d'aquelles lugares cha- no centro.<br />

mam-n'a Palmeira de cobertura, e os Tem o fructo inferiormente que é<br />

nossos indígenas dão os nomes acima uma baga espherica, contendo quatro<br />

descriptos.<br />

sementes dentro ; a polpa é esbranqui­<br />

E' uma palmeira elegante de 8 á 12 çada, doce ácida.<br />

metros de altura, com o ramalhete de<br />

folhas no ápice.<br />

Come-se.<br />

E' de sexos separados; cresce em Murta cultivada.—Myrthus com-<br />

lugares humidos, onde fôrma lindos munis.—Fam. idem.—EstK planta é na­<br />

bosques pittorescos ; e, por supporem os tural da Ásia, África e Europ meri­<br />

indios qne ellas attrahem a humidade, dional, onde é tão abundante que até<br />

fundam suas tabas no verão nas visi- fazem com ella cercas.<br />

hanças d'estes vegetaes.<br />

No Brasil tem sido introduzida em<br />

O fructo é uma baga eseamosa, á jardins e chácaras nas províncias do<br />

semelhança do cone do pinheiro, com Sul.<br />

um caroço, cuja polpa é doce ; dá E' um arbusto menor, de caule erecto.<br />

variada nutrição quando madura e é Folhas oppostas ou alternas, de côr<br />

abundante.<br />

verde, lisas, ovaes e lanceoladas.<br />

A medula do tronco da palmeira As flores são brancas; de cheiro<br />

masculina, em certa epocha do anno, suave, ás vezes roseas nas pontas ; não<br />

desenvolve uma fecula semelhante ao se apresentam em cachos, são soli­<br />

Sagú.<br />

tárias.<br />

A seiva em fermentação dá um licor Em sua pátria a Murta toma grandes<br />

doce espirituoso que promove a em­ dimensões.<br />

briaguez .<br />

Dá por fruetas umas bagasinhas com<br />

Os guaranis tecem de uma á outra algumas sementinhas dentro.<br />

arvore, com as próprias folhas, uma A Murta era consagrada ás ceremo-<br />

espécie de telhado e em baixo estabelenias religiosas pelos antigos gregos e<br />

cem os seus palmares.<br />

romanos, e dedicada ao culto de Venus<br />

Ha entretanto outra espécie d'este e do Amor; era o symbolo dos praze­<br />

gênero que se distingue pela preres.sença de espinhos no tronco. Mauritia Ha d'ella muitas variedades.<br />

aculeata. Eumb.<br />

Usa-se das folhas reduzidas a pó<br />

Cresce nas margens do rio Ataba- para polvilhar a pequena ferida do umpo<br />

e outros. I bigo dos recém-nascidos.


3S«5 MUR MUR<br />

Murta do Pará.—Eugenia lúcida,<br />

St. Hil.—Fam. idem. — E' uma arvore<br />

menor, de ramos lisos.<br />

Folhas oppostas ellipticas.<br />

Flores como as de suas congêneres, e<br />

brancas.<br />

Não conhecemos o fructo.<br />

E' adstringente.<br />

Murta preta. —Myrthusnicrosus.(?j<br />

— Fam. idem.—Nas Alagoas distinguem<br />

esta espécie por este nome.<br />

E' um arbusto de caule liso e esbranquiçado.<br />

Folhas oppostas, redondas, alongadas<br />

cheias de pontos translúcidos, assim<br />

como as flores, em cachos, brancas<br />

com um fróco de filetes no centro.<br />

Os fruetos são redondos, pequenos<br />

com poucas sementes dentro.<br />

Murta vermelha. — Myrcia minuta—Fam.<br />

idem.—Esta Murta agreste<br />

tem este nome nas Alagoas.<br />

E' em Pernambuco chamada Murta<br />

menor.<br />

E' um arbusto de caule e ramos côr<br />

de castanha, com as pontas avermelhadas<br />

, muito esgalhado, formando<br />

moita.<br />

As folhas oppostas, pequenas, luzidias,<br />

ovaes, meio duras, com vesiculas<br />

á semelhança da larangeira.<br />

As flores são brancas, em cachos, pequenas<br />

como as outras, e também com<br />

os mesmos pontos vesiculosos.<br />

O fructo redondo, coroado pelo cálice,<br />

pouco maior do que um grão de<br />

feijão, tendo a membrana externa (pericarpo)<br />

vermelha e brilhante.<br />

Encerra uma polpa cartilaginosa,<br />

branca acre-doce, e contém um caroço<br />

no centro.<br />

Apresenta um ligeiro sabor adstringente.<br />

Folhas oppostas, ovaes.<br />

Flores, pequenas, brancas, com qua­<br />

tro pétalas.<br />

Tem a structura de suas congêneres.<br />

O fructo globuloso, liso c com poucas<br />

sementes.<br />

Floresce em Setembro.<br />

Murtinho. — Eugenia ovalifòlia.<br />

St. EU.—Fam. idem.—liste arbusto também<br />

silvestre, e semelhante ao precedente,<br />

tem o caule liso.<br />

Folhas oppostas, ovaes e lisas.<br />

Flores iguaes ás da antecedente.<br />

Fructinho oval , coroado pelos restos<br />

do antigo cálice, é vermelho, com<br />

um caroço no centro.<br />

Também é do Rio de Janeiro.<br />

Floresce em Setembro.<br />

Murtinho. — Eugenia insipida, St.<br />

EU.—Fam. idem.—Esta terceira espécie,<br />

da mesma localidade é um arbusto de<br />

tronco liso.<br />

Folhas oppostas, ellypticas, lisas.<br />

Flores solitárias ou geminadas, nas<br />

condições da precedente.<br />

Fructo ovoide, com uma coroa no<br />

ápice, vermelho e contendo uma só<br />

semente.<br />

Floresce em Setembro, que é quando<br />

estão os fruetos maduros.<br />

Murú. — Canna auranliaca, Roc. —<br />

Fam, das Amomaceas.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—Esta planta<br />

obra como diuretica, quando verde,<br />

sendo contusa serve para banhos que<br />

se usam como anti-rheum aticos e para<br />

o tratamento de ulceras.<br />

O pó da raiz s êcca é dentifricea.<br />

O sueco da planta é antimercurial e<br />

o do fructo (quasi m aduroj é applicado<br />

c ontra as dores de ouvidos.<br />

Murtinho.— Eugenia arenaria, St. Murumurú ou coqueiro Mu-<br />

EU. — Fam. idem.—Arbusto indígena rumurú. — AstrocaHum murumurú,<br />

conhecido por este nome no Rio de Mart.—Fam. das Palmeiras—E' do Pará<br />

Janeiro.<br />

e Amazonas.<br />

Vegeta espontaneamente emCabo-Frio.<br />

Tronco liso.<br />

Murungú ou Mulungu. — Fam.


MUS MUS 3S9<br />

das Leguminosas. — Ê uma arvore do fôrmas variadas, umas vezes convexos<br />

paiz, abundante na Bahia, Pernambuco e em fôrma de enxertos, de fendas, etc.<br />

e ilha de Fernando de Noronha, que dá Quando os receptáculos são mani­<br />

um fructo ou vagem, cujas sementes festamente lisos, chamam-se scutellas,<br />

são, em uma mesma arvore, de diffe­ e lyrellas se tem a fôrma de frestas<br />

rentes cores, á semelhança dos grãos mais ou menos alongadas.<br />

de Mulungu commum, uns encarnados Em um apothecio se distingue:<br />

e pretos, outros amarellos e outros 1.° o excipulo ou base, quer formado<br />

roixos ou vermelhos. Já falíamos d'ella. pelo thallo quer por uma camada ceílulosa<br />

que d'elle é distineta.<br />

Mururú. —Bichetea (?) officinalis, — 2.° o thalamio composto de cellulas<br />

Fam. das Urticaceas. — E uma planta alongadas chamadas thecas (thecce assi),<br />

do Pará, cuja importância é ser em­ encerrando no seu interior sporidios<br />

pregada como anti-syphilitica. simples ou dividindo-se em duas, quatro<br />

ou maior numero, múltiplo de<br />

Murzella. — V. Rabo de porco. dois, de sporas.<br />

Estas thecas estão collocadas no<br />

Musgo. — Lichen prolifer. — Fam. centro de cellulas alongadas e arti­<br />

das Lichenaceas. — E' uma planta de culadas denominadas paraphyses.<br />

fôrma anômala, impropriamente cha­ A parte dos apothecios que compremada<br />

assim.<br />

ende as thecas tem também o nome<br />

Habita Sobre os rochedos, nas mon­ de núcleo, nucleus, nas espécies em<br />

tanhas da Rússia, nos- Pyreneos, maá que os apothecios são fechados e glo-<br />

sobre tudo na Islândia.<br />

bulosos, ella é ou globulosa ou extensa<br />

e discoide.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — O Musgo é As Lichenaceas em geral são plantas<br />

tônico, e privado do principio amargo parasitas, vivendo ou sobre os galhos<br />

torna-se emolliente e analeptico. das arvores em plena vegetação ou<br />

E' empregado nas moléstias do peito, sobre a terra, muros, rochedos, mas<br />

em cosimento que se prepara com 10 de modo algum n'agua.<br />

grammas de musgo para ferver em São vivazes, de matises variadissí-<br />

em água (quanta baste); logo que comos e muitas vezes brilhantes, rarismeçar<br />

a ferver regeita-se esta água. e simas vezes verdes.<br />

lava-se com água fria, até que elle O thallus, das Lichenaceas, quando<br />

perca todo o amargor, faz-se depois tem a fôrma de membrana, se compõe<br />

ferver por meia hora em água suffi- de três camadas superpostas, uma<br />

ciente para obter 500 grammas. superior e cortical, formada de utri­<br />

Toma-se de 3 em 3 horas uma chiculos, chamam-se gónidias, elles são<br />

cara adoçado com assucar.<br />

em certos casos, susceptíveis de desenvolvimento,<br />

á maneira dos gommos<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. — As Liche­ para reproduzir novos indivíduos.<br />

naceas existem ora sob a fôrma de ex­ A camada media ou medullar consta<br />

pansões membranosas foliaceas ou fre­ de utriculos alongados, filamentosos,<br />

qüentemente crustáceas, simples ou ra­ apertados ou frouxamente unidos,<br />

mificadas, ora sob a de caules cylin- Emfim a face inferior do thallo é<br />

dricos ou planos, simplices ou divididos, muitas vezes oecupada por segunda<br />

como o dos vegetaes phànerogamos. camada chamada Eypothallo composta<br />

Esta parte, que representa todos os de cellulas allongadas, cylindricas que<br />

órgãos da vegetação, traz o nome de que se prolongam ás vezes em fila­<br />

ihallos.<br />

mentos confervoides, substituindo as<br />

Os órgãos reproductores estão con­ raizes.<br />

tidos em apothecios, receptaeulo de As Lichenaceas se distinguem sobre


3S8 MUS MUS<br />

tudo dos Cogumelos por sua consistência<br />

crustácea, pela presença de<br />

uma fronde ou thallo sobre o qual se<br />

vêem as cápsulas, por seus sporos<br />

nunca descobertos ou nus, sempre<br />

encerradas em thecas e finalmente<br />

pela propriedade que têm de se reproduzirem<br />

também por meio de gonidios,<br />

ou utriculos distinetos dos<br />

sporos, e espalhados por todos os<br />

pontos da fronda.<br />

Suas sementes alimentam pássaros<br />

granivoros que as procuram muito.<br />

O mais comum é o Mussambê<br />

branco.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.—São estas<br />

plantas herbaceas.<br />

De folhas alternas simplices ou digitadas,<br />

acompanhadas na base por<br />

duas estipulas foliaceas.<br />

Suas flores são terminaes, em fôrma<br />

de espigas ou cachos axillares, ou<br />

Mussamhébranco.— Cleome hep- solitárias.<br />

taphylla.— Fam. das Capparidaceas.— Seu cálice se compõe de quatro<br />

Subarbustinho silvestre que vegeta sepalas caducas, mui raras vezes uni­<br />

mesmo pelas ruas das cidades. das pela base.<br />

Recebe este nome em Pernambuco, A corolla é formada por quatro ou<br />

Bahia e Alagoas, nos sertões, e talvez cinco pétalas iguaes ou desiguaes.<br />

em todo o império.<br />

Os estames ora são em numero<br />

Cresce até 2 metros, é esgalhado. definido, ora em numero indefinido.<br />

Tem alguns espinhos nos caules. O ovario é simples, muitas vezes<br />

Estes são verdes, e de certa altura elevado sobre um pendiculo mais ou<br />

para cima cheios de foliolos como menos comprido, a que se chama po-<br />

escamas.<br />

dogynico na base do qual são inseridos<br />

Suas folhas são cinco e as mais das ridos, os estames e as pétalas; apre­<br />

vezes sete, quasi sempre lanceoladas, de senta uma única loja, contendo alguns<br />

côr verde opaca e asulada, inseridas trophospermas salientes, sob a fôrma<br />

em um eixo commum, de modo que de lâminas ou falsas divisões, con­<br />

essas flores representam como que tendo avultado numero de óvulos.<br />

dedos unidos pela base.<br />

O fructo é secco ou carnoso.<br />

As flores são brancas, exhalam aro­ No primeiro caso é uma espécie de sima<br />

muito suave, e parecem quatro liqua mais ou menos longa, abrindo-se<br />

bandeirolas pequenas; brancas, dispos­ em duas valvas, com na maior parte<br />

tas de um lado, d eixando lugar para os das Cruciferas.<br />

outros órgãos; longos filetes, purpureos. No segundo caso é uma baga unilocu­<br />

Seu fructo rudimentario é uma lar e polyspermica, cujas sementes ou<br />

siliqua de 12 centimetros, estreitinha, são parietaes, ou parecem esparsas na<br />

ondulada, com longo pedunculo, cheia polpa que enche o fructo.<br />

de pequenas sementes unidas, re­ Essas sementes são geralmente renidondas<br />

e também de côr parda. formes, compostas de um episperma<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— O cosimento<br />

secco e crustáceo que cobre immediatamente<br />

um embryão um pouco curvo<br />

do Mussambê, adoçado, acredita o vulgo e falto de endosperma.<br />

capaz de reduzir as hérnias inguinaés<br />

chronicas, e de curar as das crianças,<br />

mesmo quando congênitas.<br />

Mussambê vermelho. —Cleome.<br />

E' também applicado em banhos e Fam. das Capparidaceas. —E' uma outra<br />

clysteres nas hemorroides, mas com espécie á que dão este nome, porque<br />

cautela; porque dizem ser susceptível o caule de certo ponto para cima é aver­<br />

de desenvolver hydropesias sendo usamelhado.do com freqüência principalmente em Seu porte e folhas são menores que os<br />

uso interno.<br />

do precedente.


NAJ NAM 3S3<br />

Mutamha, Mutautbo ou Ma- Segundo o Sr. St. Hilaire o lenho<br />

lombo. — Guazuma ulmifolia, Lamk. d'esta arvore é branco e frouxo.<br />

fheobroma guazuma, Linn. — Fam. das Nas províncias do Sul chamam-n'a<br />

Mythneriaceas. —E' uma arvore de meMabombo.<br />

(?)<br />

diano porte do Brasil, cujo nome cremos<br />

ser geralmente este.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — A entrecas­<br />

E' elegante, ramosa, copada, estende ca pisada é applicada nas obstrucções.<br />

seus ramos para cima.<br />

O xarope feito com a decocção é em­<br />

As folhas são ovaes, recortadas nos pregado contra as moléstias do peito,<br />

bordos, de uma côr verde bonita e lus­ tosse, catharros, pneumonias, asthma,<br />

trosa.<br />

na dose de uma colher de sopa, de duas<br />

As flores são reunidas em capitulos em duas horas.<br />

globulosos, pequeninas e irregulares.<br />

O fructo é uma baga éspherica, preta, Mu tainha preta. — Luhea speciosa,<br />

escamosa, composta de eminências pa- Willd. — Fam. das Tiliaceas. — E' uma<br />

pilosas, um pouco viscosas quando ver­ arvore do Maranhão e do Pará que tem<br />

de.<br />

este nome.<br />

Dentro acha-se uma mucilagem bran­ Suas folhas são cordiformes, alternas<br />

ca, doce, mas em pouca quantidade, e As flores brancas em cachos.<br />

carocinhos, cujo sabor é o de figo secco. E' mucilaginosa e odorifera.<br />

nsr<br />

Nabo. — Brassica napus. Linn. — Anayá. — Maximiliana regia, Mart.<br />

Fam. das Cruciferas. — O Nabo, vegeta — Fam. das Palmeiras. —Palmeira do<br />

mais para o Sul do Brazil, do que Pará. conhecida por este nome.<br />

para o Norte.<br />

Seu ramalhete de folhas é como o das<br />

E' uma herva com folhas um tanto outras palmeiras.<br />

largas, erguendo seu caule arroixeado, O fructo dá em cachos s de 6 cen­<br />

com folhas alternas, e raiz de fusitimetros de comprimento, de fôrma<br />

forme, tendo uma pellicula externa ar- pyramidal, brota da base diversas<br />

roixeada ou encarnada ou branca e plantas.<br />

fina, e uma massa branca que fôrma A côr é amarella com manchas pretas.<br />

o seu todo.<br />

O pericarpo pouco denso e fibroso ;<br />

Existem varias fôrmas da raiz do Nabo; apega-se á ella uma massa branca<br />

ha Nabos oblongos, achatados; globosos. rosea, pouco espessa e viscosa.<br />

Cosinha-se essa raiz e prepara-se de Depois d'essa ha um envoltório fi­<br />

varias maneiras. , broso, delgado, que se une ao caroço,<br />

E' um alimento sadio e de fácil di­ cujo tegumento é ósseo, contendo uma<br />

gestão, que convém sobre tudo ás pes­ amêndoa branca, oleosa e dura.<br />

soas que sofrem do peito.<br />

E' comestível e parece-se com o Dendê.<br />

De suas sementes, semelhantes ás<br />

da couve ou mostarda, extrae-se um Nambú au IMiainbii. - ftí«.<br />

óleo.<br />

das Dioscoracas.—E' uma tubera agreste<br />

que já é cultivada, em Pernambuco<br />

Na já oú Anayá ou Coqueiro onde recebe este nome.<br />

U


330 NAR NHA<br />

E' proveniente de uma trepadeira. estreitinhas, luzidias e formam tou*<br />

Ella offereee na raiz uma tubera re­ ceiras.<br />

donda ou de diversas fôrmas, com­ Sahe do seu centro um pedunculo de<br />

posta de lobos e semeada de raigotins 21 a 48 centimetros, no qual nascera<br />

finos.<br />

uma ou mais flores brancas, á seme­<br />

A casca é parda acinzentada, fina e lhança da Açucena, porém mais peque­<br />

quasi transparente.<br />

nas, bordadas de purpura no meio do<br />

A massa é alva, com algum brilho, tubo.<br />

um tanto frouxa, granulosa, de bom O fructo é uma cápsula.<br />

sabor, doce e sem ácido.<br />

Ha outra espécie, que também é cul­<br />

Faz-se uso d'ella como pão, e como letivada no Brasil, desde tempos remogume.tos,<br />

cuja flor é amarella, e outras mui­<br />

Extrahe-se fecula d'esta tubera. tas, algumas das quaes são da America.<br />

Nambú ou Nhambú-guassú.— Natal ou Flor de Natal. — V.<br />

V. Ricino ou Carrapateiro e Figueira Manacá. do<br />

Inferno.<br />

Navalheira dura.—Eypolitrum<br />

Namoynt. — E' uma arvore das re­ navacula.Ç!)— Fam. das Cyperaceas. —<br />

giões amazônicas, chamada pelos indí­ Herva conhecida em Pernambuco, cm<br />

genas Louro.<br />

Alagoas e em outros lugares.<br />

Nasce nas várzeas e alagadiços E' uma espécie de capim (pie invade<br />

d'aquelles lugares.<br />

as capoeiras e os mattos mais emba­<br />

Seus fruetos comem-se cozidos. raçados.<br />

Folhas compridas sulcadas de alto<br />

Naná. —V. Ananaz.<br />

a baixo, lustrosas e serreadas, esta<br />

serrilha corta como uma navalha,<br />

Nanei bea. — Manettia cordifolia, a ponto de despedaçar a roupa.<br />

Mart. —Fam. das Rubiaceas. — E' uma No pedunculo triangular, floresce um<br />

planta herbacea, trepadeira, de folhas cacho, como flor do capim.<br />

cordiformes e flores vermelhas.<br />

Dá um fructo como um grão de ce-<br />

Seu fructo é capsular, e tem muitas vadinha, manchado de roixo e branco<br />

sementes miúdas.<br />

mui lustroso; e tem na amêndoa uma<br />

E' empregada na dose de 2 grammas. substancia feculenta.<br />

da raiz em pó, nas hydropisias e nas<br />

Na valheira molle. — Eypolitrum<br />

dysenterias.<br />

inerme.—Fam. idem.—Esta outra espécie<br />

é semelhante á precedente.<br />

Nani. —O anani, e nani. — E' a re­<br />

Differe pelas folhas e caules serem<br />

sina fornecida pelo Onani. —V. esta<br />

muito mais molles, macias e desarma­<br />

palavra.<br />

das pela serrilha da sua congênere.<br />

Não-nie-deixe. — Flor de ornamento<br />

de jardim.<br />

Também é conhecida esta planta por<br />

Tiririca.<br />

Negra mina.—Fam. das Lauraceas.<br />

Narciso. — Narcisus poclicus, Linn. —As folhas d'esta arvore, que cresce<br />

— Fam. das Narciseas.—Flor aroma­ muitas vezes com abundância em máo<br />

tica, indígena da Europa, e cultivada terreno, têm um cheiro forte, e dão<br />

nos jardins do paiz.<br />

um aroma muito próprio para perfu­<br />

E' o resultado de uma planta hermaria.bacea e bulbosa.<br />

Suas folhas nascem immediatamente Nha ou Nia.—V Castanheiro do<br />

da superfície da terra e são lineares Maranhão.


NOG NOZ 331<br />

Nltambi. — Anthemis. — Fam: das Nóz da índia. —Aleurites moluc-<br />

Compostas. — E' uma planta herbacea cana, Willd. — Fam^ das Euphorbiaceas.<br />

que é empregada pelos nossos indíge­ — E' uma arvore cultivada no Pará;<br />

nas contra as obstrucções do fígado e encerra uma amêndoa dotada de pro­<br />

do baço.<br />

priedades, aphrodisiacas.<br />

E' aromatica e serve de condimento E' comestível; mas precisa ser as­<br />

nas saladas.<br />

Nltambú. — Herva rasteira que na<br />

sada, senão actua como purgante, produzindo<br />

eólicas.<br />

Bahia é conhecida por este nome. (?) Noz-moscada.— (do Brasil) C^yp-<br />

Dá uma flor amarella, que é usada tocaria moschata, Mart.— Fam. das Lau-<br />

contra as dores de dentes.<br />

raceas.— E' uma arvore que vegeta<br />

nos terrenos da província da Bahia,<br />

Nltandi. — F. Pimenta das índias, Minas, etc.<br />

e também Nhandú.<br />

E' de folhas alternas e coriaceas.<br />

Flores, pequenas, cheirosas e sem<br />

Nhandiró. — V. Ginãiroba.<br />

belleza.<br />

O fructo, é uma baga escura, e<br />

Nhandú. — V. Nhandi.<br />

I cheirosa : elle tem um aroma activo ;<br />

e é empregado como carminativo e<br />

Nhanica. — Eugenia nhanica, St. nos mesmos casos do Pechurim.<br />

EU. — Fam. das Myrtaceas. — Arvore As cascas da arvore, depois de<br />

pequena, com os ramos novos, rubigi- seecas, são de cheiro e sabor muito<br />

nosos e pubescentes.<br />

agradáveis, assemelhando-se a uma<br />

Folhas oppostas, que curtamente se mistura de cravos e pimentas.<br />

apegam ao tronco, e são lustrosas.<br />

O fructo é bonito e globoso. Noz moscada.—Myristica aromatica,<br />

Lamh.— Fam. das Myristicaceas. —<br />

Ninga. — V. Aninga.<br />

São arvores impregnadas de um<br />

sueco incarnado, e pertencem todas<br />

Nogueira da índia. — Aleurites ás regiões tropicaes do hemispherio<br />

Baucurensis, Comm. — Fam. das Euphor­ Occidental, mas cultivam-se também<br />

biaceas. — Esta arvore acelimada no n'outros paizes da mesma latitude^ -<br />

Brasil, é originaria da índia.<br />

Tem ramos esparsos.<br />

Esta nogueira é assim chamada Folhas, inteiras, pecioladas e Co­<br />

em Pernambuco; um dos primeiros riaceas.<br />

lugares de seu cultivo, foi no extineto Flores, axillares ou terminaes, e<br />

Jardim Botânico de Olinda.<br />

agglomeradas.<br />

Arvore alta, bonita e copada.<br />

E' uma arvore de mais de 4<br />

Casca lisa, e acinzentada.<br />

metros de altura, oriunda das ilhas<br />

As folhas, alternas, cordiformes com Moluccas, e cultivada no Pará; tem<br />

peciolos um pouco longos e louros. ramos horisontaes, flores nuas, envo-<br />

As flores, em cachos nas extremidades lucros floraes, corados e em fôrma de<br />

dos ramosj são brancas, miúdas, como urna.<br />

estrellinhas.<br />

O fructo, que é do tamanho de<br />

. O fructo é uma nóz redonda, cordi- uma noz, está envolvido num periforme,<br />

com uma depressão circular; o carpo polposo e coriaceo, de côr ama-<br />

pericarpo é verde, opaco, e pulverurella-ruiva.lento com duas nozes dentro, cada uma E' a Noz moscada.<br />

com uma semente oleosa.<br />

O arilho também figura no com-<br />

Esta noz é purgativa, toda a vez que i mercio, como especiaria, debaixo do<br />

se come mais de uma.<br />

nome de Flor de moscada.


33S OAU OCU<br />

cada é um excitante poderoso, emcie<br />

de Strychnina com que os indígenas<br />

envenenam suas 3ettas.<br />

prega-se nas digestões laboriosas, e nos E' um veneno.<br />

vômitos espasmodicos, etc. na dose de Ha mais espécies com as mesmas pro­<br />

5 a 12 decigrammas.<br />

priedades, como :<br />

Strychinos toxifera.<br />

Stry. brasiliensis, Mart. — Narda<br />

Noz vontica (do Brasil). — Stry- spinosa, Well.<br />

chinos guyanensis.—Fam. das Apocynaceas. Stry. trinervis Guardenia trinervis, Welt<br />

— E' uma arvore do território Amazônico<br />

; cujo pericarpo fornece uma espé­ Nove horas. —V. Chanana.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— A Nóz mos­<br />

O.<br />

Oacajú. —V Caju, Acajú, Acajaiba. Oca. — Oxalis tuberosa, Swart. —<br />

Oajtirú. —V Goajurú ou Guagirú.<br />

Fam. das Oxalidaceas.— Herva de caule<br />

ramoso com flores formando umbrella.<br />

As folhas em trino.<br />

Oaitani. — Moronobia coecinea, Aubl. O fructo é uma cápsula oblonga de<br />

— Symphonia globuliferá, Linn. Fam. cinco das facetas ou pentagona.<br />

Cluciaceas.— Arvore colossal e lactifera, A raiz é tuberosa.<br />

do Pará e Amazonas, que transuda uma Esta planta é do Chile.<br />

resina.<br />

Cremos que é também do Brasil.<br />

Tem folhas oblongas.<br />

E' empregada como adstringente e<br />

Flores , vermelhas, fructo corpulento.<br />

acidula.<br />

Recebe os nomes de Nani e Mani. Ocotea amargosa.—Ocotea amara,<br />

A resina fornecida por esta arvore, Mart. —Fam. das Lauraceas.— E' uma<br />

levada ao fogo, serve para preparar-se arvore, que vegeta nas margens do rio<br />

uma massa viscosa resinosa, escura, Yapurá.<br />

que entra na confecção de um emplas- A casca é amargosa e aromatica.<br />

tro vulnerario.<br />

E' empregada como estomacal.<br />

Oassacú.—V Assacú.<br />

Ocotea aromatica.—Ocotea optfera,<br />

Mart.—Fam. idem.—Planta con­<br />

Oauassú ou coqueiro Oanasgênere da precedente.<br />

sú. — Attalea spectabilis, Mart. —Fam. Ella contém na semente um óleo<br />

das Palmeiras.—E' uma palmeira do essencial que rivalisa com o do Limão.<br />

paiz, que vegeta no Norte.<br />

Dá um fructo, de que os indios fazem Ocra-repoty.—V. Eerva de Passa­<br />

muito uso.<br />

Comem-se as amêndoas.<br />

rinho.<br />

Estas amêndoas trituradas com água Ocuba—E' uma planta abundante<br />

produzem um liquido emulsivo, cujo do Amazonas.<br />

emprego é variado em medicina, tanto O fructo é do tamanho de uma bala<br />

interna como externamente.<br />

de espingarda.


OGE OIT 333<br />

Seu tegumento exterior é vermelho<br />

purpurino.<br />

A noz é preta.<br />

Fervendo-se a sua polpa, a cera que<br />

encerram seus tecidos, nada sobre<br />

água; sendo depois então separada, toma<br />

a côr branca e brilhante ; d'ella fazem<br />

velas, que dão uma bonita luz.<br />

De 16 kilogrammas de nozes extrahe-se<br />

3 kilogrammas de cera.<br />

Oeral repoty —Polypote-iba. —<br />

Guira em lingua jupinica.<br />

Encherto de Passarinho, que appa-<br />

precedente o Ogervão da folha larga, é<br />

que dão a esta planta este nome.<br />

Ella tem o mesmo porte da outra,<br />

com á differença porém que as folhas<br />

d'estas são estreitas, com algum lustro,<br />

mais glabras, sensivelmente denteadas<br />

; além d'isso crescem 'menos.<br />

Tem sido applicada nas febres intermittentes<br />

com bons resultados.<br />

A flor é mui parecida com a do<br />

outro; porém um pouco mais clara, e<br />

pende também um pouco para a terra.<br />

Oiti-bebado ou da praia. —<br />

rece nos ramos do limoeiro. Struthan-<br />

Pleragina oãorata. Arr. C. — Fam. das<br />

tus citricola. (?)<br />

Chrysobalaneas — Esta espécie de Oiti,<br />

Ogervão ou Gervão verda­ conhecida por tal nome em Pernamdeiro.<br />

—Elytraria usitatissima. — Fam. buco, e na Bahia, também chamam<br />

das Acanthaceas. — Herva do paiz conhe­ Oiti-cagão: nas Alagoas Oiti da praia<br />

cida em Pernambuco, Sergipe e Alagoas ou Oiticica: no [Pará — Oiti da beira<br />

por este nome. Não será a Verbena ja- do rio, etc.<br />

maicensis? Verbenacea.<br />

Arvore que é commum no littoral,<br />

O gervão é uma herva que gosta dos um tanto resinosa, e copada.<br />

lugares frescos.<br />

Folhas alternas, de côr verde azulada,<br />

E' ramosa e um pouco pellosa. ellipticas, lanceoladas, cobertas de uma<br />

Folhas, ovaes, oppostas, recortadas nas lanugem branca, em ambas as faces;<br />

bordas.<br />

são finas e facilmente se enrolam nos<br />

Flores, em longa espiga roliça, com dedos como uma pellicula.<br />

as flores encravadas altemadamente em As flores são em espigas ramosas<br />

pequenas cavidades, na espessura d'essa como pequenas rosas brancas.<br />

espiga.<br />

O fructo é de 12 a 16 centímetros,<br />

São como jasmin de côr violeta. fusiforme ou oval, affmando-se para<br />

Os fruetos são pequenas cápsulas ambas as extremidades.<br />

contidas n*esses pontos, aonde estavam O pericarpo é fino, quebradiço, ama­<br />

as flores.<br />

rello, encerra uma massa amarella<br />

Esta planta é desobstruente, útil con­ pegajosa atravessada por fibras transtra<br />

as febres intermittentes ; é também versaes: adhere muito aos dentes<br />

emenagoga.<br />

quando se a come; contém caroço<br />

Ha outra espécie que differe pouco. grande, correspondente á frueta.<br />

As folhas são estreitas, etc.<br />

O gosto não é máo, o cheiro, se<br />

Esta applica-se no rheumatismo e nas bem que não seja máo, todavia é um<br />

ulceras de máo caracter (?)<br />

pouco enjoativo.<br />

O Ogervão de Portugal (officinalis), a Ella é adstringente, se não está bem<br />

mais notável planta d'este gênero, é a madura; n'este estado o pericarpo se<br />

Verbena. Linn. Fam. das Verbenaceas. enruga.<br />

Mas a nossa planta, Ogervão de Per­ É adstringente, principalmente o<br />

nambuco, é do gênero, Ely traria Fam. caroço.<br />

das Acanthaceas.<br />

Oiti-cagão. — V. Oiti-bebado.<br />

Ogervão da folha estreita.<br />

— Elytraria Uni folia. — Fam. das AcanOiti<br />

da beira do rio. — V. Oitithaceas.—Por<br />

semelhança entre a planta bebado.


334 OIT OIT<br />

Oiticica. — Pleuragina umbrosis- custa muito a vingar; c annos ha em<br />

sima, Arr. C. — Fam. das Chrysobalaque<br />

a arvore não floresce.<br />

naceas. — A Oiticica, conhecida em PerChamam-o<br />

Goiti, e Goitiguaçú em<br />

nambuco por tal nome, parece-nos ser lingua tupinica.<br />

o Bordãosinho de Alagoas e a Catingueira<br />

do sertão.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — O caroço 6<br />

É umá arvore semelhante ao Oiti poderoso adstringente, empregado con­<br />

da praia, um pouco leitosa, de folhas tra as diarrhéas ; mas, a não ser ad­<br />

maiores, que as da precedente, com ministrado com regra, produz uma sup-<br />

pello branco nas suas faces, e tampressão repentina. Na dose de 1 grambém<br />

nos ramos superiores.<br />

O fructo é mui analago ao da conma<br />

a 4 por dia.<br />

gênere, porém menor, de 3 a 6 centi­ Oiti da praia.— V. Oiti bêbado.<br />

metros, liso, oval, de superfície amarella<br />

Oiti da praia de Alagoas. —<br />

escura, tendo uma camada pouco espessa<br />

V- Oiti bêbado.<br />

por dentro, de côr mais pallida do que<br />

a de fora, encerrando uma massa com­<br />

Oitchi. —Myrcia oitchí.—Fam. das<br />

pacta, dura, e aromatica, de sabor doce<br />

Myrcinaceas. — Os fruetos d'esta planta<br />

enjoativo, contendo um caroço grande, são comestíveis.<br />

em proporção com o fructo; [é duro,<br />

de perisperma grosso, e escuro. CARACTERES DA FAMÍLIA. — As Myrci­<br />

A Oiticica dá taboado, sua madeira naceas são arvores ou arbustos de folhas<br />

é amarella da côr da flor do algodoeiro alternas, mui raras vezes oppostas,<br />

e bonita; mas não só desmerece na glabras, coriaceas, inteiras ou dentea-<br />

côr, como lasca ou racha muito facilmente<br />

.<br />

das, sem estipulas.<br />

As flores são dispostas em cachos ou<br />

Ha outra espécie de Oilicica-Oitisinho em fôrma de umbrellas, ou então, sim­<br />

desbota. (?)<br />

plesmente grupadas junto da3 folhas<br />

A polpa que envolve o fruco é sac- ou no alto dos ramos ; essas flores<br />

charina, odorifera, grumosa e sabor doce são hermaphroditas, raras vezes uni­<br />

Este fructo nunca apparece no mercado<br />

;é raro.<br />

sexuaes .<br />

Seu caule, geralmente persistente,<br />

apresenta quatro ou cinco divisões pro­<br />

Oiticuró. — Pleuragina rufa, Arr fundas .<br />

C.—Fam. das Chrisobalanaceas. —Arvore Sua corolla é gamopetala, regular,<br />

do Brasil de casca regoada.<br />

com quatro ou cinco lobulos.<br />

Folhas alternas, um tanto grandes, Os estames, no mesmo numero que<br />

de côr verde escura por cima, louras os lobulos da corolla, algumas vezes<br />

por baixo, ellipticas, agudas e duras. monadelphos, são ligados á base dos<br />

Flores, em cachos, brancas com al­ lobulos e lhes são oppostos.<br />

gum cheiro.<br />

Os filetes são curtos, as antheras<br />

O fructo é de meio a um palmo de com­ sagittadas.<br />

primento, oval, tendo uma depressão na O ovario é livre, unilocular, contendo<br />

base, cicatriz da inserção do pedunculo. um numero variável de óvulos inse­<br />

O pericarpo é pardo esverdinhado, ridos em um trophosperma central, no<br />

verrucoso e pouco espesso; une-se á qual estão algumas vezes mais ou<br />

uma massa granulosa, espessa, doce menos profundamente encravados.<br />

ácida, adstringente, de côr amarella e O estylete é simples, terminado por<br />

mui saborosa, no centro existe um um estygma simples ou lobulado.<br />

caroço grande, oval, eriçado de fibras O fructo é uma espécie de drupa<br />

que estão em continuidade com a massa. secca, ou uma baga contendo de uma<br />

Fructifica no inverno e no verão, a quatro sementes.


OLE OLI 335<br />

Estas têm o umbigo ou hylo eolloçado Olho de boi ou Mucunan da<br />

inferiormente,; seu tegumento sim­ matta. —,Dolichos gigantens, Will. —<br />

ples, cobrindo um endosperma corneo, Fam. das Leguminosas. — E' um arbusto<br />

no qual se acha collocado um em­ trepador, que vegeta nas mattas virgens.<br />

bryão cylindrico, um pouco curvo e Caule volúvel e lenhoso na base;<br />

transversal ao hilo.<br />

sobe a altura das arvores.<br />

É' de folhas ternadas.<br />

Oitituruba. —V Tuturuba.<br />

Flores pendentes, em cachos roixos,<br />

com manchas amarellas.<br />

Olandint. — V. Gulandim.<br />

O fructo é uma vagem grande, sulcada,<br />

comprimida, coberta de^ pellos<br />

Óleo pardo ou Caburé-iba. — hispidos, com resalto na sutura in­<br />

Myrocarpus fastigiatus. (?)—Fam. das teriormente.Leguminosas.<br />

— Dá boa madeira de cons­ Polpa furfuracea e comestível.<br />

trucção, tem um aroma agradável e Sementes, redondas, grandes, e cer­<br />

fornece uma resina semelhante ao balcadas de uma sutura, offerecendo uma<br />

samo de tolú.<br />

linha circular saliente.<br />

Nas Alagoas dão-lhe este nome de<br />

Óleo vermelho. — Myrospermum Olho de boi, é porém mais commum<br />

erythroxilum, — Fam idem. —Óleo ver­ o de Mucunan da matta.<br />

melho, conhecido também por Balsamo<br />

nas províncias de Minas Geraes e Ceará Olho de gato. Nephelium litchi:<br />

é uma arvore magnífica, que* por assim — V Litchi.<br />

dizer, verte lagrimas balsamicas.<br />

E' uma das arvores, que merecia em Olho de pombo. — Fam. das Le­<br />

todos os sentidos uma cultura cuidaguminosas. — Planta silvestre, a que nas<br />

dosa.<br />

Alagoas dão este nome.<br />

Qualquer parte ou crgão d'esta arvore, A's sementes chamam Giriqúiti.<br />

da raiz até as folhas é útil.<br />

E' uma trepadeira de caules finos.<br />

A raiz tem um perfume agradável. Folhas, ternadas quasi triangulares,<br />

.0 tronco é uma das melhores ma­ e pallidas.<br />

deiras de construcção.<br />

Flores em cachos.<br />

Extrahe-se d'esta arvore um óleo es- O fructo éuma vagempequena recortacencial<br />

superior ao Balsamo do Peru, da rias margens, com sementes compri­<br />

e que pôde vir a ser um importante midas e vermelhas; e tendo uma mancha<br />

artigo de exportação.<br />

E' uma arvore de não pequenas di­<br />

preta no ponto de insersão das mesmas.<br />

mensões.<br />

Olho de Santa Luzia. —V Ma-<br />

O seu tronco é forte.<br />

A casca é pela maior jparte perfeirianinha.tamente<br />

lisa, e de uma diminuta es­ Oliveira. — Olea Europcea, Linn.—<br />

pessura.<br />

Fam. das Oleaceas.—E' esta a Oli­<br />

A madeira é formada por um tecido veira propriamente dita: ha outras<br />

compacto de uma beüa côr vermelha ; muitas espécies que também são cha­<br />

é empregada com vantagem nas obras madas Oliveiras.<br />

immersas,<br />

Esta é originaria da Ásia Menor e<br />

Se entre nós existisse industria ha seus contornos meridionaes; foi- trazida<br />

muito que se teria utilisado esse bal­ á Europa depois da conquista da Grésamo<br />

para substituir o Balsamo do Peru cia ; e foi consagrada á Minerva; com<br />

na medicina ; seu preço seria apenas o seu óleo é que se faziam as libações.<br />

metade do do Balsamo de tolú que ap- E' de porte de uma arvore no seu<br />

parece no commercio.<br />

paiz natal.


336 ORE ORE<br />

Alta, de folhas de côr verde intensa flora. —Fam. das Clusiaceas.— Chamam<br />

oppostas, coriaceas.<br />

alguns a esta planta Pororoca; mas a<br />

Às flores em cachos, brancas, pe­ Pororoca propriamente é outra planta,<br />

quenas, como jasmins, mas com qua­ que muito se parece com esta, como<br />

tro pétalas somente.<br />

se verá no artigo competente.<br />

O fructo é a azeitona que nós im­ Esta é uma arvore mediana de casca<br />

portamos, é uma baga de 1 % centí­ lisa, cinzenta e resinosa.<br />

metro, oval, lustrosa, de côr especial, Folhas, oppostas, ovaes, grossas, lu-<br />

sabor oleoso.<br />

sidias e escuras.<br />

Contêm uma semente oleosa que Flores, em cachos pequenos, brancas,<br />

encerra um principio amargo. formadas por tecido carnoso.<br />

A Oliveira é também o symbolo da paz.<br />

Cultiva-se nas províncias do Sul do<br />

Império Brasileiro; com muito bom<br />

resultado.<br />

Ninguém ignora o uso que o paiz<br />

faz d'azeitona, já pelo azeite doce, jà<br />

em conserva como condimento.<br />

Podíamos tel-a com mais abundância,<br />

como na Europa, visto o acclimamento<br />

fácil das plantas dAsia no<br />

nosso paiz.<br />

O fructo é uma cápsula oval, coria­<br />

cea, que offereee nove a dez lojas, contendo<br />

muitas sementes inseridas no<br />

angulo interno.<br />

O lenho d'esta arvore é branco, um<br />

tanto frouxo e fraco.<br />

Floresce no verão.<br />

Orelha de gato. — Eypericum<br />

connatum, Lamh.— Fam. das Eypericaceas.<br />

— Planta do Brasil, que nasce nos<br />

terrenos paludosos em S. Paulo.<br />

Ombú. — E' uma arvore do paiz E' um arbustinho de caule erecto.<br />

ainda não classificada.<br />

Folhas, conicas e perfumosas, com<br />

Dá o fructo amarello, semelhante á a parte livre e aguda com pontos trans­<br />

ameixa.<br />

lúcidos .<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — A raiz<br />

d'esta planta dizem ser doce e refrigerante<br />

e empregada nas febres inflammatorias.<br />

Onnianga pixirica.— Melastoma.<br />

As flores, em cachos miúdos.<br />

Floresce em Dezembro e Fevereiro.<br />

Vegeta nos lugares humidos, e pa.<br />

ludosos. E' também de Minas e Rio<br />

Grande do Sul.<br />

— Fam. das Melastomaceas. — Faz-se das PROPRIEDADES MÉDICAS. — Esta planta<br />

bagas d'esta planta, submettidas á fer­ é adstringente ; o seu cosimento é emmentação,<br />

vinho ou vinagre.<br />

Ora-pro-nobis. — Pereshia grandipregado<br />

nas dores de garganta e anginas.folia,<br />

Swartz. — Fam. das Cactaceas.— Orelha de onça. — Cissampelos<br />

Arbusto de caule avermelhado tor­ ovatifolia, D.C. Fam. das Menispermatuoso.ceas.—E'<br />

uma herva que em Minas Ge­<br />

Seus ramos são muitos espinhosos. raes e em Goyaz recebe este nome.<br />

Cresce até 4 % metros mais ou menos. E' de porte mediano.<br />

As folhas são ellipticas, de quasi 24 Folhas, ovaes.<br />

centimetros, de côr verde bonita e lu- Flores em cachos, de sexos distinezente.tos<br />

: são cobertas de pellos que as<br />

As flores, um pouco grandes, côr de tornam um tanto ásperas.<br />

rosa, em cachos, na extremidade dos Os habitantes d'aquelles lugares usam<br />

ramos, e produzem bello effeito quando das raizes d'esta planta em decocção,<br />

a planta está em plena vegetação. contra as febres intermittentes.<br />

Floresce em Abril e Maio.<br />

Orelha de burro. — Clusia niti- Ha maÍ3 espécies.


ORC ORT 33?<br />

Orelha de onça, de S. João Fornece uma matéria corante côr de<br />

d'£l-rei. —Cissampelos bracteata, St. azinhavre, própria para titfcturaria.<br />

EU. —Fam. idem. —Esta espécie é Não ha exportação d'esfe artigo, nao<br />

também de Minas, e própria de S. João obstante haver grande quantidade naá<br />

d'el-Rei.<br />

margens do lago de S- José, perto de<br />

Tem as folhas quasi redondas. Óbidos, e outros pontos do Amazonas;<br />

As flores, também de sexos "separados.-' nem mesmo por ora tem havido quem<br />

as femininas são faciculadas, e torcidas. se dê á procura d'esse gênero de ex­<br />

Os habitantes -d'aquelles lugares reportação, entretanto em Benguella, e<br />

putam-n'a como um dos poderosos an­ Mossamedes, é objecto - de grande extídotos<br />

do veneno,das cobras. portação. :<br />

Floresce em Fevereiro.<br />

O outro gênero é Lecanora ixnctoria.<br />

Orelha de páo. — V Urupê. Ortelã de campina, ou de boi.<br />

— Pyenanthenum protiferum. — Fam. das<br />

Orelha de rato. — Vandellia dif- Labiadas. — Herva assim chamada nas<br />

fusa, Linn. e Lamh. — Fam. das Scro- Alagoas.<br />

fhularíaceas. —Planta .do paiz, que tem E' uma planta., que alastra no chão<br />

recebido na lingua indígena os seguintes os seus caules roixos. ^'<br />

nomes, a saber: Caa-ataya, (Pison); Ma- Folhas ' oppostas, mui semelhantes<br />

tacana, Purga de João Paes, e Orelha ás de da Ortelã de cheiro.<br />

gaio.<br />

Seu uso é servir em decocção como<br />

E' uma herva pequena, delicada, de remédio anti-spasmpdico.<br />

folhas oppostas, quasi redondas. Ella tem as flores reunidas em.- ca»»<br />

Flores pequenas e solitárias, tendo pitulos ; são brancas, e tem por frucffo '"<br />

por fructo uma cápsula, contendo mui-. uma pequena ,cápsula, em que-existem<br />

tas sementes dentro.<br />

quatro sementinhas pretas e brilhantes.<br />

E' amarga, mucilaginosa, um tanto<br />

acre, purgativa, e promove a ourina.<br />

Serve de pasto ao gado.<br />

Esta planta vem a ser a Mata-cana Ortelã de cheiro.—Mentha crispa.<br />

de Pernambuco; (vide o seu lugar com­ Linn.— Marsupianthes hyptoídes. — Fam.<br />

petente n'este Diccionario.<br />

idem. — Ninguém ha no paiz que deixe^<br />

de conhecer, ou de saber o que seja<br />

Orelha de veado. — V. Taióba. a Ortelã de tempero ou de cheiro, embora<br />

ella seja originaria do velho»<br />

Ore lia. —Allamanda aubletii, ou Mundo ; o seu uso quotidiano na arte<br />

Aliam, cathartica, Linn. — V. Dedaes culinária áe a faz conhecida de todos.<br />

Damas.<br />

E' uma herva rasteira, formando tou­<br />

Ha outra espécie d'esta planta, Allaceira, cujas vergonteas elevam-se apenas<br />

manda Schottii; ou então é esta mesma a 24 centimetros mais ou menos.<br />

espécie, a que em Pernambuco chamam Seus caules, quadrangulares.<br />

Cachimbo.<br />

Suas folhas, cheirosas, crespas e quasi<br />

redondas, são oppostas.<br />

Orellana. — V. Urucú.<br />

As flòrinhas, difficeis de se ver, são<br />

pequenas e como as do Mangericão.<br />

Ororoba. — V. Piquiá-banana. Todas as suas partes são de<br />

aroma activo.<br />

um<br />

Orcella ou Urzella. — Rocella E' estomachica e anodyna, e empre­<br />

tinctoria, Mart. — Fam. das Lichenaceas. gada como excitante.<br />

— E' um vegetal irregular, da classe Cultivam-na nas hortas, e quintaes.<br />

das plantas cryptogamicas.<br />

Ella é emolliente e peitoral. Ortelã do Maranhão ou da<br />

45


338 PAI. PAL<br />

folha larga. —Fam. idem. — Esta Suas folhas, oppostas, ovaes.<br />

planta, a que chamam—Orlelã do Ma­ Suas flores, roixas, desbotadas, são á<br />

ranhão em Pernambuco, da. folha larga,— maneira do jasmins.<br />

nas Alagoas e Segurelha em Sergipe, O fructo é uma cápsula redonda, do<br />

parece-nos ser a Ortelã do matto (Pelduas<br />

valvus, e cinco pontas (no ápice),<br />

todon radicans) segundo traz Vell. e d'Oli- com grande numero dc sementes iniuveira<br />

pag. 188.<br />

A de Pernambuco é uma herva, que<br />

dissimas.<br />

apparece sem cultivo, e que nos parece<br />

silvestre; ella forma touceira; eleva seu Ortelã do matto. — Peltodon rw<br />

caule á % metro; é molle e suceu­ ãicans. — Clinopodium repens. —Fam. das<br />

lento, com folhas oppostas, pvaes, gros­ Labiadas.—Planta balsamica, e esternusas,<br />

pillosas glandulosas, de côr verde tativa , ( espirradeira), carminativa,<br />

esbranquiçada; e de aroma activo; nunca diuretica, que na obra de Velloso<br />

a vimos com flores. ) se acha desenhada com o nome botânico<br />

Também serve de tempero.<br />

acima, e vulgar Poejo rasteiro.<br />

Ortelã da matta. —Hyppion hu- 011 y r a r c m a. — Acácia ouyraremas<br />

milis.—Fam. das Gencianeas. — Esta Aubl.— Fam. das Leguminosas. — Ar­<br />

plantinha, a que nas Alagoas dão este vore cujo caule é enorme.<br />

nome, vegeta nas mattas nos lugares Suas folhas compostas.<br />

sombrios e humidos.<br />

E' do Amazonas.<br />

Seus caules são prostrados pelo chão. Esta espécie é mui distineta.<br />

:P.<br />

Palmatória.— Cactus opuntia, Linn. O fructo, é de um vermelho pur­<br />

— Fam. das Nopalaceas.— Esta exquisita purino por fora, cujo pericarpo é mem­<br />

planta, que na Europa recebe o nome branoso, e dentro ha uma massa<br />

vulgar de Raquette e de Semelle de aquosa pulverulenta, avermelhada, e<br />

pape, (Raqueta, e palmilha de Papa) semeada de grãosinhos pretos.<br />

chamam pelo centro em nossos sertões Come-se, e tem gosto doce.<br />

Palmatória.<br />

E' indígena do Brasil, vegeta nas<br />

E' refrigerante, e facilita as urinas.<br />

catingas, cresce até a altura de 1 a Palmeira real, de Pernam­<br />

2 metros.<br />

buco.— Areca oleracea, Willd e Pi­<br />

Seu caule e folhas são verdes; estas son.— Fam. das Palmeiras.— Esta pal­<br />

são carnosas, de um palmo de commeira é de Cuba; na Europa dam-lhe<br />

primento pouco mais ou menos, unin­ o nome de Côa palmito, e em Perdo-se,<br />

ponta a ponta, umas com as nambuco de Palmeira real ou Imperial.<br />

outras.<br />

Ella é muito elegante.<br />

A planta é muito esgaBiada, com Sua altura é de 9 metros pouco mais<br />

raros espinhos.<br />

ou menos.<br />

O pericarpo é verde, e dentro ha Seu tronco no meio é mais volu­<br />

uma massa fibrosa e branca.<br />

moso, formando um bulbo pequeno.<br />

Suas flores são pequenas, vermelhas. A cor é cinzenta e lisa ; no alto


PAN PAO 339<br />

ha uma braça, pouco mais ou menos, E' uma planta herbacea, de 3 a 4<br />

de tronco verde, liso, em cuja base palmos, (em nosso clima), é que pouco<br />

sahe o cacho das flores, e no topo esgalha. .<br />

o ramalhete das palmeiras sendo suas •As folhas alternas, lanceoladas, es­<br />

palmas de foliolos estreitos, que se treitas.<br />

curvam. „ As flores, em. cachos, de sexos dis­<br />

As flores, de dois sexos, em densos tinetos, são á maneira de um<br />

cachos, sendo um de flòres^masculinas fendido.<br />

botão<br />

e outro de femeninas. •* •-•> Dá por-ffueto uma cápsula, de duas<br />

' O fructo é como uma azeitona na -valvas, crustácea, ovoide, um tanto<br />

.fôrma e na côr; o gommo terminal^ comprimida, Com uma semente apenas<br />

que é o. palmito, come-se.<br />

branca e^oleosa.<br />

As primeiras aqui ^trazidas foram Os índios preparam do sueco da<br />

' aclimadas no Jardim Botânico de Olinda. casca d*éssa herva e folhas uma be­<br />

A verdadeira Palmeira real é outra, bida conv que se embriagam; e os<br />

como mostramos. ~"<br />

Palmeira regia. —Oreodoxa re­<br />

Africanos entre nós usam d'esta planta<br />

no cachimbo, como fumo.<br />

gia, Will.—rFam. das Palmeiras. — Páo de Acácia.— F. Avaramo.<br />

Esta palmeira que vegeta na ilha dè<br />

Cuba, onde >é conhecida por Palmeira Páo ilailio.— Catraeva tapia,-Linn.<br />

regia, também é conhecida no território — Fam,. das Caparidaceas.— A madeira<br />

'brasileiro, e aclimada ; tem o porte da serve para fabricar potassa ; as folhas<br />

palmeira, que em Pernambuco é chamada<br />

Real ou Imperial.<br />

são maturativas e anti-hemoríhoidaes.<br />

O seu fructo é semelhante ao da pre­ Páo «9 alleo ou Cipó de alho.<br />

cedente.<br />

— Seguiera americana, Linn,— Seguiera<br />

aculeata, Jacq.— Fam. das Phytolaceas.—<br />

Palmito. —Oreodoxea sangona, Will. E' um arbusto, que em lingua de<br />

— Fam. idem. — Esta palmeira, que ve­ tupinicq chama-se Ybiraremu, e Guageta<br />

nos Andes de Quindin, é á rarema.<br />

semelhança da Palmeira Imperial. E' do alto Amazonas. m<br />

Seu tronco é delgado e alto.<br />

As folhas são ellipticas e lustrosas.<br />

As flores um pouco dobradas sobre As flores em cachos, sem belleza.<br />

si; no mais é igual á outra.<br />

Dá um fructo oblongo, espesso de<br />

Vulgarmente chama-se palmito a toda um lado, encerrando um caroço den­<br />

substancia que constitue o gommo tertro.minal da Palmeira.<br />

O páo tem o cheiro semelhante ao<br />

Pana-panari. —Clusia pana pa-<br />

do alho.<br />

O cálice é formado por quatro ou<br />

nari, chois, Quap.—Pana panari, Aubl. cinco — sepalas, quasi sempre coloridas;<br />

Fam. das Cluseaceas.— Arvore que cresce os estames são em numero indeter­<br />

no Amazonas, conhecida por este nome. minado, ou do mesmo numero das<br />

Suas folhas são oppostas.<br />

sepalas, com as quaes alternam.<br />

As flores amarellas, e o fructo glo­ O ovario, de uma ou mais lojas,<br />

buloso.<br />

contendo cada uma um óvulo ascen­<br />

E' comestível.<br />

dente ; estyletes e estigmas em numero<br />

igual ao das lojas.<br />

Pango ou Lianiba. — Cannabis Fructo carnoso ou secco, com uma<br />

sativa indica, Rhéed. — Fam. das Myrta­ ou mais lojas; sementes contendo um<br />

ceas. — E'uma herva da índia, que já embryão cylindrico, enrolado em torno<br />

de muitos annos se cultiva no Brasil. do endosperma.


340 PAO PAO<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— : Applica-se e Páo d arco roixo; differem tão somente<br />

em banhos nas affecções rheumaticas; nas flores, as do primeiro são amarel­<br />

e suas folhas contusas, em fôrma de la»,' e as do segundo roixas.<br />

cataplasmas, para resolver abcessos. No Rio de Janeiro e províncias dô<br />

Sul chamam-no Ipé.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA.— Plantas<br />

O Páo d'arco o amarello ó preferível.<br />

herbaceas, ou arbustos de folhas al­<br />

Emprega-se em todas as obras de<br />

ternas, inteiras, sem estipulas.<br />

pontes, com excepção de esteios, nas<br />

Flores dispostas em cachos.<br />

cobertas, travejamentos, nos eixos o<br />

Esta familia se compõe de gêneros<br />

raios de rodas dos carros.<br />

que tem sido na maior parte sepa­<br />

E' a melhor madeira para dormente*<br />

rados da familia das Chenopodeas,<br />

de estradas de ferro.<br />

das quaes differe, sobre tudo, pelo<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Passa por<br />

ovario multilocular, pelos estames ou<br />

febrifugo; a casca é empregada contra<br />

em numero mais considerável que as<br />

as ulceras; também é útil nas molés­<br />

sepalas, ou em numero igual, e então<br />

tias venereas e rheumaticasj e sobre<br />

alternando com ellas; e, quando seu<br />

tudo nas moléstias de pelle, princi­<br />

ovario é simples, pelo cálice conspalmente<br />

no eczema, herpes e sarna.<br />

tantemente colorido e petaloide.<br />

Páo ou Cipó ílalbo —1. Ybi-<br />

Páo de azeite.— V Lantim.<br />

r ar ema ou Guararema.<br />

Páo baila.— Tríchilia guará, Aubl.<br />

Páo d'arco. — Bignonia chrysan- —Fam. das Meliaceas.—O sueco leitoso<br />

tha, Willd.— Bignonia pentuphylla, Linn. d'esta planta é um violento purgante<br />

— Fam. das Bignoneas.— Uma das bel­ e vomitivo; o cosimento da casca é melas<br />

arvores do Brasil.<br />

nos enérgico ou activo.<br />

E' alta, de casca dura.<br />

O envenenamento que esta planta pro*<br />

Folhas lustrpsas, oblongas, e com­ duz é combattido pelo Jatropha multipostas.fida<br />

de Linn. segundo a crença popular.<br />

As flores são um tanto grandes, Páo balsamo. —Balsamum peru-<br />

de um amarello dourado.<br />

vianum, Myroxilum peruiferum, Linn. —<br />

O fructo é uma vagem de 24 cen­ Fam. das Leguminosas. —Esta arvore,<br />

timetros, coberta de pellos ruivos, descoberta primeiramente no Peru, re­<br />

repartida em duas lojas, contendo cebeu por isto dos naturalistas o nome<br />

muitas sementes aladas e bem col- de Peruviana; mas depois conheceram<br />

locadas (em ordem).<br />

que o Brasil possuía também esta bella<br />

Esta arvore pelo verão, quando des­ arvore, assim como a do balsamo de<br />

poja-se de sua folhagem, cobre-se de Tolú.<br />

tantas flores .como de folhas, o que E' uma arvore de casca lisa, grossa<br />

lhe dá um aspecto o mais bello que e resinosa.<br />

se pôde imaginar.<br />

Folhas compostas, ovaes e lisas ; os<br />

E' de madeira rigida, que se presta raminhos cheios de tuberculos, pedun-<br />

ao polimento; é empregada para obras culados.<br />

de duração, como peças de machinas As flores são brancas, dispostas em<br />

de engenho, esteios, eixos de carros. cachos.<br />

Também presta-se a mobílias; sua O fructo é uma vagem alongada so­<br />

côr é parda, e o pó de sua serragem bre um pedunculo achatado, á maneira<br />

é amarello.<br />

de uma fouce, encerrando uma ou duas<br />

Este pó suspenso n'agua e applicado sementes.<br />

na cabeça, mata os piolhos.<br />

Esta arvore exsuda da sua casca o<br />

Ha duas espécies: Páo d'arco amarello \


PAO PAO 341<br />

^chamado Balsamo de Peru, que já foi tão de polir-se bem, e bom para obras de<br />

apreciáds no commercio pelo seu em­ torneiro; mas a grande propriedade que<br />

prego na pharmacia ; hoje cahio quasi tem de dar uma tinta rubra, bonita e<br />

em desuso.<br />

firme, que as fabricas da Europa con­<br />

Este sueco se coagula e secca ; é somem, faz com que só seja empregado<br />

de uma côr loura escura, exhala um para esse fim; ninguém ignora que esta<br />

bom aroma, agradável e forte, e o madeira foi monopólio do Governo Por-<br />

seu sabor é amargo e acre.<br />

tuguez, que muito enriqueceo o the-<br />

E' este o chamado Balsamo do Peru souro lusitano, e, hoje mesmo, não ha<br />

do commercio.<br />

inteira liberdade em<br />

com ella.<br />

se commerciar<br />

Páo balsamo. — Myroxylum ío- Uma outra espécie ha, a que chaluifera,<br />

Ried.—Toluifera balsamum, mam Linn. na Europa Bresílle, que é das<br />

— Fam. idem. — Esta arvore, de muita índias, Ccesalpínia sappon, Linn.<br />

analogia com a precedente, differe com- Ella fornece umabella tinta vermelha;<br />

tudo por ter menor numero de foliolos é mais rica em princípios corantes,<br />

em cada folha,,, e serem estes de fôr­ porque dá uma côr mais fixa' á lã e<br />

ma lanceolada, aguda-<br />

ao algodão.<br />

Escorre de sua casca a resina liqui­ E' a Ccesalpinia sappon, Linn.<br />

da, que se apara em vasilhas e caba­ O Páo brasil recebe também este nome<br />

ças, collocadas ao pé da arvore, onde Páo rosado ou Páo de Permambuco.<br />

solidifica-se, tomando uma côr loura, Extrahe-se d'ella a brasilina, que é<br />

meio transparente, com cheiro suave, usada na tincturaria.<br />

e sabor agradável e doce.<br />

Elle tem as mesmas propriedades do Páo dc cachimbo.—Heliotropium<br />

precedente, e as mesmas applicações. punctatum — Fam. das Borragineas.—E'<br />

Usa-se em xarope para os catarrhos um arbustinho trepador; seu caule le­<br />

pulmonares.<br />

nhoso, escuro, é semeado de pontos<br />

Esta arvore cresce em Tolú, e cha­ brancos; no centro do tronco nota-se<br />

mam-lhe na Europa Balsamo de Cartha- muito desenvolvido o estojo medullar,<br />

gena e Balsamo de S. Thomaz; existe donde ou do qual tiram o miolo, para<br />

também no Amazonas.<br />

ficar um tubo que<br />

chimbo.<br />

utilisam para ca­<br />

Páo Brasil.— Cassalpinia ecchinata, As folhas são semi-opacas, pubescen-<br />

Lamh.— Cossalpinia brasiliensis, Linn.— tes, e ásperas.<br />

Fam. das Leguminosas.—Esta arvore do As flores em espigas, que se enro­<br />

paiz, que tanto ha concorrido para sua lam nas pontas, e são só de um lado<br />

riqueza, vegeta profusamente nas pro­ enxertadas; ellas são alaranjadas, em<br />

víncias septentrionaes do Império. tubo estreito, com cinco pontas agu­<br />

E' de porte mediano, ramosa; casca das e pequeninas.<br />

esponjosa e cinzenta, com os galhos O fructo uma pequena vagem re­<br />

affastados uns dos outros.<br />

donda, globulosa, com sementes dentro.<br />

As folhas, ovaes e compostas, são O caule d'este arbusto, e os ramos<br />

duplamente aladas.<br />

menores, tornados fístulosos, formam<br />

As flores, em cachos, de côr vermelha tubos, de que os naturaes de Pernam­<br />

e amarella, são aromaticas e de um buco se servem nos cachimbos de<br />

agradável aspecto.<br />

O fructo é uma vagem.<br />

fumar.<br />

Os índios dão-lhe o nome de IbirapiPáo<br />

campeche. — Hematoxylum<br />

tanga.<br />

campechianum, Linn, e Lamh. — Fam.<br />

Esta arvore tem um cerne*de côr das Leguminosas. — Esta arvore é na­<br />

mais ou menos carmezim, duro, fácil tural de Campeche no México, d'onde-


342 PAO PAO<br />

ella tirou seu nome, existe nas<br />

Antilhas, e na província do Pará, e<br />

por isso a indicamos aqui.<br />

E' uma arvore elevada.<br />

de 2 á 3 das mesmas colheres, o pnra<br />

crianças, de 2 á 3 colheres de chá.<br />

Páo carga ou de carne.—Ca-<br />

Suas folhas compostas, alternas, são searia usucaris. — Fam. das Samydeas.<br />

obovaes ; seus ramos novos apresentam — Este arbusto, natural de nosso solo,<br />

vestígios de espinhos.<br />

é conhecido por Páo de carne em Per­<br />

As flores são amarellas, com um nambuco, nas Alagoas por Páo carga,<br />

cheiro que lembra o do Junquilho. e por Camarão em Sergipe; tem também<br />

O fructo é uma vagem pequena, com o de Jequitíbá nas Alagoas, e o de Cakubl<br />

uma semente plana, reniforme. nos sertões do Norte.<br />

A madeira d'esta arvore é branca E' um elegante arbusto, mui ramoso,<br />

amarellada, com o cerne roixo. com casca lisa.<br />

D'ella se extrahe a tinta de que Folhas compostas, lustrosas, com as<br />

nossos tinctureiros tanto uso fazem; margens recortadas, ovaes, e agudas.<br />

tinta roixa, que se torna preta pela As flores, que brotam em feixes, ape­<br />

addiçção de outros ingredientes; posgadas ao caule e na axilla das folhas,<br />

sue princípios adstringentes.<br />

são brancas, com mui leve cheiro.<br />

E' usada na arte de tincturaria. Os fructinhos, menores do que a azeitona,<br />

abrem-se em três valvas, mostrando<br />

Páo caninana. — V. Caninana.<br />

Páo de Capsico, ou Ingra-<br />

uma ou três sementes, envoltas em polpa<br />

vermelha, que come-se, mas não é bôa.<br />

quiyitha, on Kiyuja. — V. Páo PROPRIEDADES MÉDICAS. — Sua raiz


PAO PAO 343<br />

de côr roixo-viva, com mancha branca, Ella tem uma certa analogia com o<br />

á semelhança de um busiosinho com cravo da índia e com a canella.<br />

dois lábios.<br />

E' de cor roixa escura, quando está<br />

O fructo é como uma ameixa, oval, privada de sua epiderme, que é cin­<br />

tomentoso, preto, contendo uma massa zenta, esbranquiçada, mas ás vezes acha-<br />

trigueira, aquosa, doce, e adstringente; se munida d'ella.<br />

tegumento externo, membranoso ; dentro<br />

existem quatro caroços, que não<br />

apparecem sempre todos, ás vezes so­<br />

E' usada como tempero.<br />

mente um ou dois.<br />

Páo tle embira, ou Semente<br />

A madeira é empregada para traves, de embira. — Anona carminativa,<br />

tectos e portadas de edifícios. Au. Cam.—Fam. das Anonáceas.—Também<br />

chamam a este arbusto elegante<br />

Páo cobra. — Quassia ophiorhyza. Pindayba, nome que pertence mais á<br />

— Fam.. das Rutaceas.<br />

outra espécie, pois esta já dá flores e<br />

fruetos com três nomes.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— A raiz d'esta<br />

E' uma arvore de mediano porte,<br />

planta é tônica, amarga e mucilagi­<br />

bonita, mui esgalhada.<br />

nosa.<br />

Folhas estreitas, pequenas, lustrosas<br />

E' empregada nas febres e diarrhéas<br />

e alternas; as mais pequenas asseme­<br />

chronicas.<br />

lham-se ás da Romeira.<br />

Páo de colher. — Tabernaemon- Flores medianas, semelhantes pouco<br />

tana echinata, Will. — Fam. das Apo- mais ou menos ás da pinha (áta).<br />

cyneas. — Esta planta é lactifera ; suas O fructo é uma nóz, de 12 % centi­<br />

folhas são odoriferas.<br />

metros, redonda, afinando para a base,<br />

Dizem que ella é útil contra as hér­ de cor esverdinhada.<br />

nias e as febres, porém é necessário O pericarpo, que é fino e tenaz, é<br />

cuidado, porque pertence a uma fa­ na parte interna repartido por uma<br />

milia de plantas muito suspeitas. membrana; fôrma lojas, contendo uma<br />

semente em cada uma, meio achatada,<br />

Páo Cravo ou Craveiro da redonda, convexa de um lado, plana<br />

terra. — Licaria gujanensis, Aubl. de — outro, lustrosa e dura.<br />

Dicypellium caryophyllatum, Nees.—Lau- Tem o cheiro activo, picante e estirus<br />

canella. — Fam. das Lauraceas.—E' mulante.<br />

uma arvore indígena do paiz, especial­ E' um dos adubos usados nas nosmente<br />

do Pará e alto Amazonas. sas cosinhas, principalmente para cer­<br />

E' alta, com a casca dura e avertos manjares, que especialmente o remelhada.clamam;<br />

faz o effeito da pimenta.<br />

Suas folhas ovaes e glabras.<br />

A casca d'este arbusto é matéria de<br />

Suas flores não observadas.<br />

cordoaria.; as vergonteas prestam-se<br />

Em Pernambuco chamam-a Cravo do muito ao uso de varinhas de pescar,<br />

Maranhão ; já não apparece ha annos e outros misteres.<br />

no mercado.<br />

A casca é aromatica, e enrolada em Páo de espeto. — V. Mathias.<br />

tubos; ella vende-se no commercio<br />

europeo em grande escala por causa Páo facho. — E' um arbusto, ou<br />

do sabor aromatico, semelhante ao do mesmo arvore agreste do paiz, conhe­<br />

cravo da índia.<br />

cida em Alagoas, Sergipe e Pernam­<br />

Esta arvore abunda nas mattas e monbuco por tal nome.<br />

tanhas da serra do Mar.<br />

Depois de secco mesmo na terra, arde<br />

Sua casca recebe na Europa o nome espontaneamente, a ponto de ser diffiL-<br />

de Cássia caryophyllaia.<br />

cil de apagar-se.


344 PAO PAO<br />

Páo<br />

mação.<br />

fala. — E' madeira de esti­ Páo homem.— V. Marapuama.<br />

Páo lacre.— 1". Caaopia. V. Lacre.<br />

Pão-ferro ou Quiri ptnlnga.<br />

— Dialium ferrum; Dialium divaricaPáo<br />

lagoa.— V. Tábua.<br />

tum, Vahl. — Arauma Guianensis, Aubl.<br />

— Fam. das Leguminosas. — E' uma das Páo de leite ou de tiú.— F/<br />

arvores indígenas falladas pela sua um arbusto do sertão, do (piai trans-<br />

madeira, duríssima, para as obras de suda muito leite.<br />

construcção urbana.<br />

Emprega-se com muito bom resul­<br />

Também recebe o nome de ltú nos tado nas hydropisias.<br />

sertões do Norte.<br />

E' uma arvore elevada, de forma py­ Páo manteiga.— E* uma maramidal.<br />

Suas folhas são compostas, e de<br />

deira de Pernambuco.<br />

côr verde ; ellas são ovaes ponteagudas. Páo dc Maria.— V. Lantim.<br />

As flores são em cachos pyramidaes,<br />

como rosinhas amarelladas.<br />

Pão molle. — V. Guabipocaiba.<br />

Tem por fructo uma espécie de vagem,<br />

de pouco mais de 3 centimetros, Páo molle de Alagoas : — Po-<br />

roliça e parda, afinando-se para a lyozus fragilis. — Fam. das Verbenaceas.<br />

ponta, que termina em um prolonga­ — E' um arbusto silvestre, a que nas<br />

mento ; contem duas sementes roli- Alagoas dão este nome ; em Pernamças,<br />

compridas, envoltas em uma polpa buco também<br />

esbranquiçada, furfuracea e acre doce. semelhante.<br />

ha Páo-molle, e é bem<br />

Come-se.<br />

O caule d'aquelle é esbranquiçado,<br />

O Páo ferro tem o cerne roixo. ou pallido, formando nós, qne mudam<br />

E' madeira própria para estivas das de sentido, nos ramos, cruzando-se.<br />

pontes, travejamentos, tectos de edi­ As folhas, amarelladas, crespas e mafícios,<br />

e finalmente para todas as cias.<br />

obras, que exigem madeiras rijas e Flores, em densos cachos, brancos e<br />

pezadas.<br />

pequeninos.<br />

Os fruetinhos vermelhos, que pare­<br />

Páo forquilha.— V. Páo Pereira. cem Giriquilis, com uma ou duas sementes<br />

dentro.<br />

Páo geremu.— Spinacia gerimú. As rolas gostam muito d'esta fruc-<br />

— Fam. das Chenopodiaceas.— Esta artinha.vore,<br />

conhecida por tal nome nas<br />

Alagoas, não é a mesma arvore Gi­ Páo molle de Pernambuco. —<br />

rimú de Pernambuco,<br />

Polyosus pernambucensis. —Fam. idem.<br />

E' uma arvore, cuja casca é aver­ — Esta outra planta, do mesmo nome<br />

melhada, quasi com côr de Gírimum. em Pernambuco, é semelhante ao das<br />

As folhas ovaes.<br />

Alagoas; mas as folhas d'esta ultima<br />

As flores, em espigas pequenas, são são mais crespas, e irregulares em po­<br />

também pequeninas.<br />

sição.<br />

O fructo é de 1 e % centimetros, O lenho é mais esverdinhado.<br />

ovoide, transparente, amarello, mar­ As flores mais amarelladas; este<br />

chetado de vermelho, parecendo-se tem o páo esbranquiçado, as flores são<br />

com uma mangaba; dentro é cheio brancas, e não apresenta nós nas pon­<br />

de sementinhas.<br />

tas dos ramos ; no mais confundem-se<br />

E' madeira que serve para traves, as duas espécies.<br />

e caibros, e para tecto de edifícios. Fruetos em cachos, vermelhos, lus-


PAO PAO 341<br />

trosos, polpa vermelha; dentro uma só golpes, etc, e internamente nas gonor­<br />

semente grande.<br />

rhéas, etc.<br />

Este balsamo é um dos que os pin­<br />

Páo monde. — Outro páo de Pertores, entre nós, empregam em suas<br />

nambuco.<br />

preparações de tintas para as pinturas<br />

das casas, porque melhor se conserva,<br />

Páo do novato. — Tripterix ame­ dá mais intensidade á côr da tinta, e<br />

ricana.— Fam das Polygoneas.— E' uma tem a propriedade seccativa.<br />

arvore do paiz, que açoita formigas Emprega-se nas obras de marcenaria.<br />

mordedeiras; a casca adstringente. A província do Pará o exporta em<br />

grande quantidade, do modo seguinte.<br />

Páo d'óleo.— V- Cabureiba, Cabu- Inglaterra 27,199<br />

reiicíca.<br />

Estados-Unidos 16,625<br />

França 11,766<br />

Páo d'oleo de Pernambuco. Portugal 3,091<br />

— Copaifera officinalis, Linn. — Fam. Sul do Império 1,387<br />

das Leguminosas. — Vulgarmente chamam<br />

a Copaibeira Páo d'óleo. Total 60,680 kil.<br />

Esta bella arvore de nossas florestas<br />

é mais profusa nas províncias do Norte, Páo papel. —Lasiandrapapyrifera,<br />

das Alagoas para o Pará, que é a sua St. EU. —Fam das Melaslomaceas. —•<br />

principal localidade.<br />

E' uma planta, a que em Minas Geraes<br />

E' uma arvore copada, alta, de folha­ e Goyáz dão este nome, porque ella<br />

gem miúda.<br />

fornece lâminas tão delgadas e claras,<br />

Folhas compostas de foliolos, que são que parecem folhas de papel.<br />

ovaes e luzentes.<br />

Seu tronco é grosso, e d'elle escorre, Páo Parahyba ou Parahyba.<br />

por incisões ahi praticadas e que inte­ —Simaruba versicolor, St. EU.—Simaressem<br />

a casca e o lenho, nas phases ruba parahyba, St. EU.—Fam. das Ru-<br />

próprias da lua, um liquido de aspectaceas. — Vegeta esta arvore do nosso<br />

to oleoso, branco, transparente, de cheiro continente por quasi todo o centro do<br />

mui activo, de gosto amargo; suscep­ Brasil.<br />

tível de coagular-se em quanto no.vo. Ella tem a casca meio esponjosa e<br />

As flores, em cachos, são pequenas, esbranquiçada; é muito amarga.<br />

o roixas.<br />

O lenho é branco, poroso e leve.<br />

Os fruetos são vagens pequenas, par­ As folhas, compostas, com os foliodas<br />

e orbiculares, tendo um ou dois los brilhantes, superiormente.<br />

caroços dentro, redondos ; ellas são en­ As flores, em cachinhos, brancas, escarnadas,<br />

com malhas pretas. verdinhadas.<br />

Praticam insisões no tronco para ex- Nas províncias do Sul é empregada<br />

trahir-se esta resina liquida, em tempos contra mordeduras de cobras, como um<br />

de lua cheia, de Setembro para Ou­ remédio efficaz, e também nas moléstubro<br />

.<br />

tias parasitárias dos homens e ani­<br />

Este produeto ja mereceu grande maes.<br />

importância nos mercados da Europa, A madeira emprega-se para fabrica­<br />

debaixo do nome de Baumede Copahu. ção de tamancos, por ser leve.<br />

Elle contem um pouco de óleo volátil, No Norte do Brasil, as raizes d'esta<br />

e seu sabor é acre, quente, e tere- arvore se applicam como vomito rio, nos<br />

binthaceo; a medicina o emprega em epilépticos, para o que foram reputa­<br />

vários casos, e o povo mesmo por sua das um dos melhores remédios, mas<br />

conta muito uso faz d'este balsamo. não tem sido profícuas nas febres in-<br />

Applica-se externamente nas feridas, termittentes.<br />

46


346 PAO PAO<br />

Devem ser usadas com alguma cautela,<br />

por que são drásticas.<br />

A casca abunda em principio amargo,<br />

adstringente, acre, um pouco narcótico;<br />

é tida como um veneno; seu cosimento,<br />

em clysteres, expelle os vermes;<br />

seu pó, applicado á cabeça, mata<br />

os piolhos.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— Emprega-se<br />

internamente contra as obstrucções das<br />

vísceras, hydropisias, empigens e sarnas.<br />

Os banhos feitos com seu cosimento<br />

são aconselhados particularmente contra<br />

os dartros, mormente syphiliticos,<br />

porém exige cautela sua applicação.<br />

Os indígenas a tem como venenosa;<br />

applicam em locções contra os piolhos.<br />

mais, de cada lado das falsas lojas,<br />

sobre as quaes estam npplicadas e<br />

imbricadas de modo quo a primeira<br />

é inferior e cobre metade da segunda;<br />

esta, a metade da terceira, e assim<br />

por diante envolvidas n'uma polpa tibrosa,<br />

e suceulenta.<br />

Empregada pelos indios, e algumi»s<br />

pessoas dc interior, contra as febres<br />

intermitentes; tem sido essa casca empregada<br />

na therapentica brasileira.<br />

O Sr. Ezequiel, distineto pharmaceutico<br />

do Rio de Janeiro, obteve<br />

d'essa casca uma substancia a qual<br />

chamou pereirina.<br />

Usa-se em decocção, (30 grammas<br />

para 500 grammas d'agua); mais vezes<br />

se applica em banhos.<br />

Páo pente.—V. Páo Pereira.<br />

Páo Pereira.— Geissospermum Vell.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— E' um poderoso<br />

antifebril, suecedaneo da quina,<br />

e empregado nos mesmos casos.<br />

Fr. Aliem.—Fam. das Apocynaceas. —E' Páo de pimenta.— V. Páo cravo.<br />

conhecido por diversos nomes: Páo forquilha,<br />

Páo de pente, Camará de bilro, Páo pobre.— E' uma Euphorbiacea<br />

Camará do matto, Canudo amargoso ou conhecida por este nome em Minas.<br />

Pinguaciba.<br />

Seus fruetos se parecem com os do<br />

Arvore do Brasil; segundo o Dr. carrapateiro.<br />

Freire Allemão cresce até 340 metros São purgativos, e suas amêndoas dão<br />

de altura e mais.<br />

um óleo bom para luz, e para a fa­<br />

Casca grossa, profunda e irregularmente<br />

fendida na parte suberosa. A<br />

bricação do sabão.<br />

casca tem côr amarella, sabor amar­ Páo pombo. — Odina Francoana. —<br />

go, sem adstringencia notável. Fam. das Anacardeaceas. — Arvore que<br />

Seus ramos são tortuosos, copados, vegeta no Brasil, de tamanho mediano.<br />

cobertos de um pello macio pardo. Tem folhas ovaes, coriaceas.<br />

As folhas são alternas, ovaes, lan­ Flores amarellas esbranquiçadas, que<br />

ceoladas.<br />

se tornam purpureas.<br />

As flores são pequenas, de côr Produz uma nóz, de 3 centimetros<br />

parda, e sem cheiro.<br />

de comprimento.<br />

De ordinário só uma ou duas Encontra-se com abundância, e serve<br />

flores chegam a fructificar, e de cada para fabricar cabos de machado.<br />

uma resultam dois fruetos, raras vezes E' muito uzado na construcção civil,<br />

um por aborto, carnosos, ovaes, acu- nas províncias do Norte e no centro<br />

minados, e divergentes.<br />

Emquanto verdes estam cobertos de<br />

do Império.<br />

pellos cinzentos, luzidios; depois de Páo de porco. — Bursera gvm-<br />

maduros são glabros e amarellos. mifera, Linn. e Jascq. — Fam. das Teré­<br />

As sementes são lenticulares, obbinthaceas.— Arvore habitante da Amelongas<br />

ou arredondadas ; dispostas em rica Meridional, resinosa, de folhas pal­<br />

duas fileiras de 4 a 5, raras vezes madas, e flores miúdas.


PAO PAO 349<br />

Seus fruetos são drupas carnosas in­ A madeira d'esta arvore tem o cerne<br />

ternamente e ocas, contendo três ca­ vermelho e duro, bom de polir-se, e é<br />

roços.<br />

da marcenaria-<br />

Um dos nomes que lhe dão nas Antilhas<br />

é o de Gammier e Bois de cochon Páo santo. — Kielmeyera speciosa-<br />

E' n'es.ta arvore que os javalis fe­ St. EU. — V. Malva do campo, Folha<br />

ridos se encostam, para se untarem com santa, e Pinhão.<br />

a rezina que d'ella exsuda, e que é<br />

tida por vulneraria.<br />

Páo santo com sete nomes.<br />

E' com esta resina que se falsifica — E' conhecido em certos lugares do<br />

no commercio a resina Elemi. Brasil por Guaco.<br />

Sua madeira é usada nos travejamentos,<br />

tectos e portadas.<br />

Páo de S. José.—Kielmeyera conacea.—<br />

Fam. das Ternstroemiaceas.—<br />

Pào precioso. —V. Casca preciosa. Esta. planta arbórea do paiz tem as<br />

mesmas propriedades da precedente.<br />

Páo de quiabo. — Laurusspecioa.<br />

— Fam. das Laurineas. — E' mucilagi- Páo sassafras.—Laurus sassafras,<br />

noso, e empregado contra mordeduras Linn,e Rich.— Fam. das Laurinaceãs.—<br />

de cobras.<br />

E' uma arvore do paiz, que na província<br />

do Espirito Santo é reconhe­<br />

Páo da rainha. — Centrolobium cida por tal nome.<br />

paraense.<br />

Ella é originaria da America do<br />

Norte, e também, segundo o Dr.<br />

'•" Páo de rato dos sertanejos. Nicoláo, do Brasil.<br />

— Cesalpinia glandulosa— vilimcrophlla., E' do porte de uma canelleira.<br />

Vell. — Planta da Bahia.<br />

Suas folhas aromaticas, alternadas.<br />

Seus fruetos, como uma pimenta de<br />

Páo rosa.—V. Páo cravo, e Sebastião cheiro, são roixos.<br />

d'Arruda.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — A casca e<br />

Páo-rosado. — V. Páo Brasil.<br />

a raiz d'esta arvore são sudorificas,<br />

Páo de sabão. — V. Sabonete. anti-venereas, e anti-rhèumaticas ; emprega-se<br />

ordinariamente associado ao<br />

Páo sangue. — V. Urucuba, Guaiaco, e Salsaparrilha, na dose de<br />

8 grammas para 500 grammas d'agua<br />

Páo de S. Luzia. — Dalbérgia.<br />

— Fam. das Leguminosas. — Monadel- Páo de semana.— V. Murici.<br />

phila decandria, Linn. — A noz d'esta<br />

planta é de côr purpurea carregada, e Páo seringa. — V. Borraeha ou<br />

doce, agradável, de um cheiro par­ Siringueira.<br />

ticular, impregnada de uma substancia<br />

resinosa, que arde com chamma Páo do serrote ou pedra.—<br />

muito brilhante.<br />

Eoffmanuseggia petra—Fam. das Leguminosas.—<br />

E' uma arvore dos ser­<br />

Páo santo. — Mahurea speciosa, tões do Norte, que vegeta nas serras<br />

Chois. — Fam. das Gfuttiferas. — e É lugares uma pedregosos.<br />

arvore do Brasil, elevada.<br />

E' um d'esses vegetaes, que estão<br />

Tem folhas alternas.<br />

sempre frondosos e verdes, sem experi-<br />

Flores dispostas em cachos, amarel•<br />

mentar os effeitos das viscissitudes do<br />

las, e cujo fructo é uma cápsula co- • tempo.<br />

nica, contendo muitas sementes miúdas. Suas folhas são lustrosas.


348 PAO PAP<br />

As flores são em cachos, e de côr As flores em cachos.<br />

branca amarellada ou trigueira, O fructo, semelhante á sua congênere,<br />

O fructo, presumimos ser uma va­ tem o mesmo uso.<br />

gem.<br />

Asseveram-n'os, pessoas fidedignas,<br />

Floresce no mesmo tempo.<br />

que a fumaça d'esta madeira cega em Páo trombeta. — V Ambaiba.<br />

pouco tempo, de que já tem havido<br />

exemplos.<br />

Páo velho.— V- Quabipocacaiba.<br />

Páo setim. — V. Piquiá marfim. Papagaio. — V. Tinhorão, Tanhorão,<br />

Tagurá, Pé de bezerro, Tanhoram em<br />

Páo terras grandes. — Gualea tupinico.<br />

grandiflora, Mart.— Fam. das Vochysiaceas.—Arvore<br />

do Amazonas e mais re­ Papnguella.— Myrcia pubescens, D.<br />

giões do Império, como Minas e Per­ C — Fam, das Myrtaceas. — Arbusto<br />

nambuco, conhecida por tal nome. agreste, que recebe este nome nos li­<br />

Tem as folhas oppostas.<br />

mites da província de S. Paulo, e em<br />

As flores grandes, e por fructo apre­ Minas Geraes.<br />

senta uma cápsula óssea, contendo mui­ Elle é de altura regular.<br />

tas sementes.<br />

Folhas ellipticas, oppostas ; as pon­<br />

E' resinosa, e offereee uma bella tinta tas dos ramos são loiras.<br />

amarella, usada na tinturaria.<br />

As flores, em cachos, são também<br />

páo terras pequenas.— Gfualea<br />

aloiradas, e pubescentes.<br />

O fructo é redondo, negro, e con­<br />

grandiflora, Mart.—Fam. idem.—Arvore têm dois caroços dentro.<br />

toda semelhante á precedente, com a Floresce em Fevereiro.<br />

diflerença de ser menor o seu porte. O fructo possue propriedades adstrin­<br />

Produz matéria corante, de grande vagentes.lor para a tinturaria.<br />

Paparajuba. — E' a Caroba no<br />

Páo de tingui. — Mogonia pubes- Maranhão.<br />

cense, St. EU.—Fam. das Sapindaceas.—<br />

E' um arbusto silvestre, que nasce pelo Papaterra. — E' a Douradinha no<br />

Rio de S. Francisco e Minas Geraes, Pará.<br />

cujas folhas são compostas, ellipticas e<br />

oblongas.<br />

Papeira. — Tournefortia lucidaphil-<br />

As flores em cachos.<br />

la. — Fam. das Borragineas. — E' um<br />

Os fruetos um tanto grandes e ovaes. arbustinho trepador, de folhas ovaes,<br />

Parece que o nome que tem vem de alternas e lustrosas.<br />

servir ás tinguijadas ; posto que diver­ Flores em cachos, de um só lado<br />

sas plantas de gêneros e famílias dif­ inseridas.<br />

ferentes se prestem a isso, entretanto, São brancas, afuniladas, pequenas e<br />

esta familia é a que-mais indivíduos sem cheiro.<br />

offereee com esta propriedade.<br />

O fructo é redondo, esverdinhado,<br />

Floresce em Agosto e Setembro. com uma estrella na base, e quatro<br />

E' usada na tinturaria.<br />

caroços dentro.<br />

Páo de tingui, (outro).— Mo­ Papoila. — Papaver bracteatum;<br />

gonia glabrata, St. EU.—Fam. idem.— Lindl.— Fam. das Papaveraceas.—E' uma<br />

Também é natural do mesmo lugar. flor exótica do Oriente, acelimada no<br />

Seus ramos são lisos.<br />

paiz, que nas Alagoas chamam Rosa-<br />

As folhas oblongas, ellipticas. Graixa.


PAP<br />

E' um arbusto de 1 a 2 metros,<br />

esgalhado; lenho e casca esbranquiçado<br />

s.<br />

Folhas alternas, ovaes, recortadas<br />

em redor.<br />

As flores, grandes, redondas, de côr<br />

vermelha viva; tem um pedunculo<br />

longo. <<br />

Seu cálice com duas sepalas verdes,<br />

e nas dobradas, com lâminas membranosas,<br />

encarnadas, cuja reunião apresenta-se<br />

espherica, e tendo alguns pro­<br />

longamentos no interior; não se observa<br />

fructo.<br />

Ella serve de ornamento de jardim;<br />

esfregando-se esta flor torna-se em um<br />

sueco preto, que dá lustro no calçado,<br />

PAR 349<br />

facilita a urina, serve contra moléstias<br />

do utero, e favorece a transpiração;<br />

também é applicada nas mordeduras<br />

de cobras, nas febres pútridas, e ulceras<br />

malignas dos pés.<br />

A dose pára infusão é de 16 a 20<br />

grammas da planta.<br />

Paquam.— Pleuraphis paquan.—<br />

Fam. das Gramineas.— Chamam no<br />

Pará Paquan a uma espécie de capim<br />

delicado, que vegeta nas proximidades<br />

dos rios e mesmo nas suas bordas.<br />

E' de caule delgadissimo de 40<br />

a 60 centimetros de altura, pouco<br />

mais ou menos.<br />

Folhas estreitas e opacas.<br />

d'onde lhe vem o nome de Rosa-Graixa. A flor é em espiga delgada, como<br />

no capim.<br />

Papo de peru. — V. Mella Pinto<br />

ou Pega Pinto.<br />

Paraeary ou Paracury.—Peltodons<br />

ruãicans.—Fam. das Labiadas.—Esta<br />

Papo de peru, — Aristolochia planta é conhecida no Pará por Sor­<br />

grandiflora, —Aristolochia cymbifera, teia Ar. brava. S. Pedro-caa, Mentrasto;<br />

Cam. — Fam. das Aristolochiaceas. em — Pernambuco por Meladinha, em<br />

Dão este nome nas Alagoas, Pernam­ lingua tupynica por Boia-caa.<br />

buco, e mais províncias, á uma planta E' herbacea, de caule tetragono, de<br />

indígena trepadeira, que se enrosca % metro e ás vezes mais de altura.<br />

sobre as suas semelhantes.<br />

Ramos oppostos, cujas folhas são<br />

Seu caule articulado, semi-nodoso, simples oppostas, e ovaes, agudas;<br />

com gavinhas.<br />

ligeiramente aromaticas, quando se<br />

Suas folhas alternas, grandes, azula­ esmaga entre os dedos, participando<br />

das, e cordiformes, com pequenas azas do cheiro de Eortelã e da Melissa<br />

nos peciolos.<br />

ou Eerva Cidreira.<br />

As flores são á semelhança de um Suas flores são completas, de côr<br />

papo de peru justamente; são esver­ arroixeadas; nascem na axilla das<br />

dinhadas, e constituem uma anomalia folhas, e aggrupam-se em capitulos ou<br />

do systema da organisação floral. corymbos pedunculados.<br />

O fructo é uma cápsula angulosa, Tem um caliCe gamosepalo, tubu­<br />

oblonga, encerrando as' sementes. loso, com cinco divisões.<br />

A corolla é gomopetala, tubulosa, e<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. —A flor d'esta irregular, dividida em dois lábios ;<br />

planta possue a virtude abstergente um superior e outro inferior.<br />

em alto gráo ; asseveram-nos que nas Os estames são didynamicos, e per­<br />

inflammações, ou hérnias antigas dos feitos.<br />

escrôtos, a fumigação com ella dimi-. O ovario, sustentado por um disco<br />

nue a ponto de fazer desapparecer o hypoginico, e quadrilobado, deprimido<br />

tumor, segundo a duração do processo no centro, donde nasce um estilete<br />

mais ou menos prolongado.<br />

bifido.<br />

A raiz tem virtudes emmenagogas. Cortado pelo meio deixa ver quatro<br />

As virtudes d'esta planta são anti- cavidades, contendo cada uma um<br />

septicas (previnem a putrefacção); ella óvulo.


3CO PAR PAR<br />

Finalmente o fructo é composto de<br />

quatro akenios monospermicos, encerrados<br />

no interior do cálice, que ó persistente.<br />

Toda a planta exsuda um sueco<br />

leitoso.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— Pisada e<br />

posta sobre as mordeduras de cobras<br />

venenosas, não só aplaca a dôr, como<br />

neutralisa ou destróe o mesmo veneno,<br />

e cicatriza a ulcera.<br />

E' eflicacissima.<br />

Também serve para as picadas de<br />

lacraias ou escorpiões e muitos insectos.<br />

Muitas experiências se tem feito, e<br />

sempre com bom resultado, não só<br />

no homem como nos animaes domésticos.<br />

Devemos ao illustrado Dr. Francisco<br />

da Silva Castro as observações therapeuticas<br />

d'essa planta.<br />

Em virtude d'esta sua acção e modo<br />

de obrar tem sido empregada interna<br />

e externamente em varias molestas da<br />

pelle, taes como dartros, eezemas, empigens,<br />

psoriases, tinha, syphilides, e<br />

em geral na syphilis secundaria inveterada.<br />

Internamente tem sido applicada a<br />

tinetura, na dose de 4 á 8 grammas.<br />

Externamente é empregada em pommada<br />

ou em tinetura, com que se fricciona<br />

os lugares affectados.<br />

Também tem sido applicado no tratamento<br />

d'asthma, catarrhos pulmonares<br />

e tosses nervosas rebeldes.<br />

Paracury. — V. Paracary.<br />

Parahiba. — V. Páo Parahiba.<br />

Paraparauba. —V. Caroba do Maranhão.<br />

Paratucú. — V. Jasmim do matto.<br />

Para tudo. — Com este nome são<br />

conhecidos pelo menos cinco substancias<br />

vegetaes brasileiras.<br />

2.» A casca de uma Apocynea estudada<br />

por St. Hilaire.<br />

3.* A casca de um Costus indicado<br />

por Martius.<br />

4.» A casca do Piper umbellatum de<br />

Linneo.<br />

5. a A casca da Parahiba, conhecida<br />

também com o nome de Paroba.<br />

Para tudo. — Gomphrena globosa,<br />

Linn. —Fam. das A maranlhacêas. — Sua<br />

raiz é insipida e nauseabunda.<br />

Não sabemos bem se a Gomphrena<br />

globosa é a planta exótica do Oriente,<br />

cultivada nos jardins, que em Pernambuco<br />

chamam Perpetua.<br />

Veja a sua descripção em lugar competente<br />

.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—Dá-se contra<br />

as febres intermitentes, eólicas,<br />

diarrhéas, dyspepsias e mordeduras de<br />

cobras. Alguns botânicos julgam ser<br />

esta planta a conhecida pelo nome de<br />

Raiz do padre Sulermo.<br />

Para tudo ou herva do tetjuaçtt.<br />

—Ophrys tuberculosa.—Fam. das<br />

Orchideas. —Efuina planta selvática, de<br />

24 centimetros mais ou menos de altura.<br />

Folhas reunidas ao réz do chão, lanceoladas,<br />

corpulentas, marchetadas de<br />

verde e branco, e acinzentadas no feixe<br />

das folhas; na base uns bulbilhos ovoides,<br />

empencados.<br />

Brota um eixo com flores em espécie<br />

de espigas amarellas ou brancas amarelladas,<br />

um tanto grandes, e de fôrma<br />

irregular.<br />

Tem por fructo uma cápsula trigona,<br />

contendo sementes.<br />

Applica-se esta planta em muitas<br />

moléstias, e d'ahi lhe vem o nome de<br />

Paraludo, então diz-se ser uma das<br />

plantas que o Teijuaçú come, quando se<br />

vê mordido na lueta com as cobras.<br />

Eerva de teiú na Bahia, Herva de lagarto<br />

do Sul do Império.<br />

Paratudo.—Winteriana canella. —<br />

1.» A raiz da Gomphrena officinalis. Canella álba, Swart.—Fam. das ChitU-


PAR PAR 351<br />

feras. — E' uma arvore que vegeta nas a raiz do Paraturá é aromatica, em­<br />

Antilhas e na America meridional,, nos pregada como fortificante, em banhos,<br />

lugares quentes.<br />

fumigações e clysteres.<br />

Esta arvore é de 4 á 6 e % metros. A infusão é diaphoretica e diuretica;<br />

Suas folhas alternas são ovaes, reviradas.<br />

a infusão da raiz é anti-blenorrhagica.<br />

Suas flores, em cachos, são de um Parirá.— E' uma herva pequena<br />

azul claro.<br />

do Pará, que tem as folhas averme­<br />

O fructo é uma baga, com alguns lhadas, com as flores esbranquiçadas<br />

caroços dentro.<br />

e sem cheiro.<br />

A casca desta arvore é conhecida no Serve para dar-se banhos aos doen­<br />

commercio pelo nome de Canella branca, tes de dores rheumaticas.<br />

e dão-lhe também o nome de Falsa<br />

casca de Winter, por que os pharmaco- Parietaria.— Parietaría officinalis,<br />

logistas a tem confundido com a ver­ Linn. e Sp.— Fam. das Myrticaceas.—<br />

dadeira, que é de uma arvore das Ma- Planta herbacea exótica, de raiz vivaz.<br />

gnoliaceas.<br />

Caule erecto, ramoso, carnoso e<br />

Esta casca de Paratudo é conhecida avermelhado.<br />

em Minas e Bahia por tal nome, e tem As folhas alternadas, ovaes e um<br />

um aroma algum tanto acre. E' anti- pouco duras.<br />

scorbutica e tônica.<br />

As flores, de sexos separados<br />

grupos, pequeninas.<br />

em<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—Dá-se a casca O fructo é pequena noz ovoide.<br />

d'essa planta em infusão nas febres atô­ E' um poderoso diuretico.<br />

nicas, e, em gargarejos, nos casos de Ella tem um sabor salgado herbaceo,<br />

ulceras atônicas das amygdalas, no es- e contém grande quantidade de nicorbuto.trato<br />

de potassa.<br />

Para tudo bravo.—Datisca cras- PROPRIEDADES MÉDICAS.—Emprega-se<br />

sifolia.—Fam. das Reseãaceas.— Este nas pe­ irritações das vias urinarias e<br />

queno arbusto, próprio para jardim, e nas febres inflamatorias; na dose de<br />

agreste em nossas selvas, é conhecido 8 grammas para 1:000 grammas d'a-<br />

nas Alagoas por aquelle nome, gua fervendo.<br />

Tem o caule côr de rosa, esgalhado,<br />

e apresentando nós na inserção dos ra­ Pariná. — F. Canna de matto.<br />

mos, em fôrma de touceira.<br />

As folhas sáo grossas, suceulentas e Pariparoba. — V. Malvaiseo. — Na<br />

lustrosas, de fôrma elliptica.<br />

Bahia, e em Sergipe; — V. Caapeba.<br />

As flores dioicas, são rosadas, á<br />

maneira de umas palhetas, em cachos Parreira brava, ou Abutua,<br />

e meio transparentes.<br />

ou Butua. —Cissampelas parreira,<br />

O fructo é triangular, alado, com Lamk (1) — Fam. das Menispermaceas. —<br />

uma membrana do lado; dentro com Planta trepadeira do Brasil, e das An­<br />

muitas sementes chatas.<br />

tilhas.<br />

A raiz é dura, lenhosa, fusca por<br />

Paraturá.— Remirea marítima, Au-<br />

fora, por dentro cinzenta amarellado,<br />

bl.— Fam. das. Cyperaceas.—Esta planta,<br />

sem cheiro e sabor amargo; cortada<br />

que vegeta na Guyanna e á margem<br />

transversalmente apresenta círculos con-<br />

de terrenos paludosos, próximos dos<br />

sentricos.<br />

rios ou de água salgada, é uma espécie<br />

de capim.<br />

(1) Ha vários cocules e cissampelos com<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—Dizem que<br />

este nome.


353 PAT PEC<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — A raiz é<br />

tônica, diaphoretica, diuretica, emmenagoga,<br />

e febrifuga; usada principalmente<br />

nas hydropisias, supressão de<br />

lochios, menstruação difficil e acompanhada<br />

de dores, e dores depois do<br />

parto.<br />

O sueco das folhas, se applica ás<br />

mordeduras de cobras, dando-se a<br />

beber ao doente a raiz da parreira,<br />

infusa em vinho generoso.<br />

Na dose de 8 grammas para 180<br />

grammas d'agua fervendo.<br />

Paupelra. — Vallesia. — Fam. dos<br />

Apocynaceas.—E' planta que vegeta no<br />

Peru e Amazonas.<br />

Suas folhas são alternas.<br />

As flores, brancas.<br />

A casca desta grande arvore é antiscorbutica,<br />

segundo Riedel e Ildefonso<br />

Gomes.<br />

E' usado na construcção civil.<br />

Parreira do matto. — Securi-<br />

Pé de burro.— E' uma batata conhecida<br />

nas Alagoas por este nome.<br />

Ella toma a figura de uma cabaça de<br />

collo. Tem a casca parda, apresentando<br />

na extremidade inferior umas porções<br />

daca florida— Fam. das Polygáleas. — mamilosas, em fôrma de dedos.<br />

Arbustinho silvestre, indígena, que procura<br />

mais o littoral.<br />

Come-se.<br />

É conhecido em Pernambuco por este Pé de gallinha.—Panicum dacty-<br />

nome, e é muito semelhante á Caninana lon, Pison.—A raiz pisada é empregada<br />

da mesma província.<br />

como Alexipharmaca e resolvente.<br />

E' um arbusto trepador.<br />

Também é útil para prevenir o aborto.<br />

Os caules roixeados.<br />

Folhas dispostas em palmas, peque­ Pé de macaco, ou Macacú.—<br />

nas, ellipticas, e baças.<br />

V Licopodio indigeno.<br />

As flores, em grandes cachos, roixas ;<br />

têm semelhança com a flor do feijão, Pé de pato.—Arvore indígena, co­<br />

sendo as d'este mais claras.<br />

nhecida por tal nome, nas Alagoas.<br />

Cobre-se a planta de flores na epo­ Tem suas folhas alternas; ellas são<br />

cha da floração, que produz um bonito oblongas, agudas, bem planamente ex­<br />

effeito nos bosques.<br />

postas, e de côr verde escura.<br />

O fructo é uma espécie de nóz es­ A flor, não observada.<br />

cura, com duas azas membranosas e O fructo é uma noz de três gomos,<br />

um caroço dentro ; a raiz d'esta planta de côr castanha, com três sementes<br />

tem muita applicação na medicina grandes.<br />

caseira, para as regras das mulheres,<br />

etc.<br />

Pé de pato.—Fam. das Euphorbia­<br />

Pasta— V Golfo.<br />

ceas.—Arvore de folhas alternas, oblon­<br />

' Pati.—Cocos oleracea, Mart—Fam. das gas, agudas, escuras e patentes.<br />

Palmeiras.—Os caroços fornecem um óleo Fructo, noz com três grãos grandes.<br />

que pôde servir para usos culinários.<br />

Pecego. Amygdalus pérsica, Linn.<br />

Patioba, ou Coqueiro patio­ —Pérsica vulgaris, Willd.— Fam. das<br />

ba.—Vegeta nas partes austraes do Bra­ Rosaceas.—Frueta de uma arvore mesil.<br />

As folhas servem na confecção de diana, ou arbusto originário da Pérsia.<br />

balaios, cestos, etc.<br />

O pecegueiro é um arbusto de folhas<br />

Patiputá.—V. Batiputá.<br />

lanceoladas, estreitas.<br />

As flores precedem ás folhas.<br />

Patoiia.— V. Pataché.<br />

O fructo é um pomo de 9 centimetros,<br />

oval, oblongo, e quasi redondo<br />

Patuaraua. E' a Canna Indica de amarello, e aromatico, em maduro.<br />

Linn.<br />

Tem a pelle fina, de seu tegumento


PEP PEQ 353<br />

externo, uma massa amarella, espessa, comprimento, oval, oblonga, de côr<br />

enchuta e succulenta; contém no seu verde, marchetada, ficando amarel­<br />

centro dois caroços chatos.<br />

lada quando madura; n'este estado não<br />

O Pecego é uma das fruetas esti­ presta.<br />

madas da Europa, aonde a cultivam Dentro, é dividido por um tegu­<br />

muito.<br />

mento, dando inserção a muitos grãos<br />

No Brasil, já ha algum tempo, tam­ ellipticos, deprimidos, brancos e pe^<br />

bém a cultivam com bom resultado, quenos, envoltos em uma polpa aquosa<br />

da Bahia até o Rio de Janeiro. e doce.<br />

Os que dão em S. Paulo e Rio- Cultiva-se com cuidado nas hortas,<br />

Grande dizem ser tão bons como os principalmente em Pernambuco. Sua<br />

da Europa.<br />

salada é muito boa, mas é indigesta.<br />

Dão-lhe muitos nomes, segundo suas Com o seu sueco prepara-se uma po-<br />

"variedades.<br />

mada, que lhe dão o nome de pomada<br />

Em Portugal, elle tem estas denomi­ de pepino.<br />

nações: Molar, Miraslho, Maragotão,<br />

ou Rosa, Calvo, Branco, Gilmende, Pepino do matto. — Solanum<br />

Veneziano; esse ultimo é vermelho. muricatum, Linn.— Fam. das Solanaceas.<br />

Também têm virtudes médicas, tanto — Sub-arbusto de caule radicante, sem<br />

suas flores como as folhas que são pur­ quasi espinhos.<br />

gativas, e ttem propriedades antelmin- Folhas oblongas lanceoladas.<br />

thicas.<br />

Dá fruetos turbinados.<br />

O doce que d'ella se faz tem muita Esses fruetos são comestíveis.<br />

estima no Brasil..<br />

As folhas pisadas são empregadas<br />

O Pecego Moragotão, ou Rosa, é de na hydrophobia.<br />

12 centimetros pouco mais ou menos, redondo<br />

acompridado de superfície lisa e Pequí. — Caryocar^ brasiliensis, St.<br />

lusidia, de um lado côr de rosa forte, EU. —Fam. das Rhizobolaceas.— E' uma<br />

de outro esverdinhado claro ; a carne, anore grande, tortuosa e indígena,<br />

dentro, é rosada, a massa espessa, que recebe este nome em S. Paulo e<br />

aquosa e menos ácida, que a do or­ Minas Geraes.<br />

dinário.<br />

Tem as folhas grandes, obovaes, e<br />

Os do Pará dizem ser excellentes. lobada na sua circumferencia.<br />

Os fruetos seccos são exportados, As flores abundantíssimas e rosadas.<br />

e os caroços dão bastante matéria O fructo oval, carnoso, internamente<br />

para a fabricação do ácido hydrocya- repartido em seis lojas, cada uma com<br />

nico.<br />

sua semente.<br />

Pechurin grande, ou llinti- Pequí do Pára ou do Amazolão.—F.<br />

Eimilão.<br />

nas. — Pekea, butyracea, Aubl.— Fam.<br />

idem.— Esta arvore, observada por Au-<br />

Pepino. — Cucumis sâtivus, Linn.— blet nas Guyannas, vegeta também no<br />

Fam. das Cucurbitaceas.—E' um fructo Amazonas.<br />

originário das índias Orientaes, co­ Ella offereee grandes dimensões.<br />

nhecido no Brasil por este nome. As suas folhas dispostas em ternos,<br />

E' uma boa hortaliça; usa-se como com peciolos longos.<br />

salada e mesmo cosinhado.<br />

As flores em cachos.<br />

E' proveniente de uma planta her­ Dá um fructo carnoso que contém<br />

bacea, que alastra, muito semelhante uma noz, cuja amêndoa branca é mui<br />

ao pé de melancia, até mesmo quando boa para comer-se.<br />

em flor, porém a frueta differe mui­ Esse fructo é globoso, meio achatado<br />

to; é de 12 a 24 centimetros de dividido dentro em quatro ou em uma<br />

47


354 PÈR PER<br />

só cavidade, que contém um caroço ; Ella é de porto alto, na Europa,<br />

varia na fôrma segundo o numero de engrossando muito seu tronco.<br />

cavidades ; sendo quatro, toma a figura As folhas são longamente pecioladas,<br />

reniforme.<br />

ovaes, pubescentes na faço inferior, o<br />

O fructo tem a carne espessa, abun­ lisas na superior.<br />

dante cortiçosa exteriormente ; é duro, As flores, em cacho, silo brancas,<br />

ou ósseo internamente.<br />

O fructo, embora varie de fôrma,<br />

Dentro nas cavidades encerra uma grossura, côr e sabor, comtudo recebe<br />

matéria gordurenta ou oleosa em grande o nome de piriforme, com fragmentos<br />

quantidade, de que os habitantes de do cálice no ápice da flor.<br />

Cayenna servem-se como tempero para Compõe-se de uma substancia ou<br />

a comida.<br />

massa suceulenta, doce, ácida e agra­<br />

NVste gênero ha algumas espécies dável, e uns carocinhos dentro de suas<br />

da America Meridional.<br />

lojas.<br />

Ha muitíssimas espécies, que não<br />

Pcquiá banana.<br />

apontaremos aqui.<br />

E' uma planta muito general isada<br />

Pequ&á café ou Café bravo.— entre ^nós.<br />

Casearia falida—Fam. das Samydaceas.<br />

— Arbusto do paiz, agreste, por estes Pèra, ou pereira da Serra.<br />

nomes conhecido em Pernambuco, e<br />

também por Páo de espeto em Sergipe. Perdacusat brasillense.—Trixis<br />

Elle é ramoso.<br />

áspera, Swart.—Fam. das Compostas.—<br />

Tem o caule esbranquiçado, e os ra­ E' uma planta herbacea de folhas ovaes<br />

mos flexíveis.<br />

e ásperas.<br />

As folhas, alternas lustrosas, oblon­ Flores pequenas e brancas.<br />

gas.<br />

Esta planta, que é de cheiro forte,<br />

As flores são em feixes na axilla das é empregada em cosimento como ads­<br />

folhas nos ramos e caule.<br />

tringente na metrorrhagia. (Mart,)<br />

Dá um pequedo fructo, á semelhança<br />

de uma azeitona, que abre-se em três Perciorá.—V Casca preciosa.<br />

partes.<br />

São encarnados por dentro, com Periparoba. — Piper umbellatum,<br />

umas sementinhas envoltas com essa Vell.— Fam. das Piperaceas. —O sueco<br />

polpa vermelha.<br />

da raiz e das folhas é desobstruente.<br />

Floresce no verão.<br />

Em Sergipe fazem no campo espe­ PROPRIEDADES MÉDICAS.—O seu cositos<br />

deste páo para assar peixe. mento ou infusão faz purgar, e o xa­<br />

Pequiá marfim ou Páo setint<br />

rope é usado na coqueluche.<br />

As folhas frescas e aquecidas applicam-se<br />

nas partes affectadas de rheumatismos<br />

e nas feridas provenientes de<br />

moléstias syphiliticas.<br />

Pequim.—Arvore, cuja madeira é<br />

de lei.<br />

A semente dá um sebo alvo e duro,<br />

próprio para velas.<br />

O fructo, cosido, come-se.<br />

Pèra.—Pyrus communis, Linn.—Fam.<br />

das Rosaceas.—A Pèra é um dos bons<br />

fruetos da Europa, d'onde é natural.<br />

Provém de uma arvore que se<br />

cultiva no Brasil, nas províncias do<br />

Sul.<br />

Periquítcira.—V Gurindibeira ou<br />

Gurindiba.<br />

Peroba das Alagoas.—V Maracujá-mirim.<br />

?!<br />

Peroba do Para.—Arvore colosal<br />

d'aquella província.


PER PET 355<br />

E' d'ella que. a construcção naval faz<br />

uso quasi exclusivamente, e por isso é<br />

prohibido seu corte.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—É empregada<br />

como antisyphilitico.<br />

Perpetua. — Gomphrena globosa ,<br />

Peroba de Pernambuco.—Bi­ Linn. — Fam. das Amaranthaceas. —E'<br />

gnonia similiatrapea (?)—Fam. das Bigno-1 uma flor natural da índia, aclimada no<br />

niaceas. —E' uma arvore do paiz, de nosso paiz, e cultivada em nossos jardins.<br />

porte mediano que não engrossa muito* E' de um bello roixo vivo e de uma<br />

Tem muita semelhança com o Tra- duração espantosa.<br />

piaceiro.<br />

E' proveniente de uma herva de 1/2<br />

Tem a casca grossa, sem fendas, e é metro e 12 centimetros mais ou menos<br />

esgalhada.<br />

ramos articulados e pubescentes.<br />

As folhas são trifoliladas e longa­ Folhas oppostas, ovaes, lanceoladas,<br />

mente pecioladas, de fôrma oval, com­ pelludas, de côr clara.<br />

pridas e baças.<br />

Flores com longos pedunculos, esphe-<br />

As flores em pequeno numero são á ricas ou oblongas.<br />

semelhança de cometas, roixo-rosadas Sobre duas folhetas um globo com­<br />

e grandes.<br />

posto de muitas flòrinhas em tubo, de<br />

Q fructo é uma vagem comprida, côr roixa ou branco-rosea ou pupurina.<br />

parda, abrindo-se em duas valvas. Cada tubo tem um sementinha re­<br />

Tem dentro muitas sementes disposdonda, deprimida e muito lustrosa.<br />

tas em duas ordens, umas sobre outras, Não tem cheiro, mas conserva por<br />

com umas membranas, dos lados que immensos dias a côr sem desbotar.<br />

parecem azas.<br />

Floresce pelo verão em Novembro. PROPRIEDADES MÉDICAS. — É planta,<br />

O lenho é amarellado, um tanto po­ que além de ser ornamento de jardins,<br />

roso e áspero, porém é a melhor madeira gosa de virtudes contra as fluxões, é<br />

para braços de âncoras em Pernam­ usada contra tosse em decocção.<br />

buco.<br />

Na Bahia chamam-lhe Suspiro.<br />

Este páo é de construcção; é muito E' emoliente, e expectorante dada<br />

rijo, com -o âmago de côr parda internamente na dose de 4 grammas<br />

clara.<br />

para 500 grammas d'água.<br />

Emprega-se em liames, vãos e mais<br />

peças importantes, bem como em ta­ Perrexi.—V Amor-crescido.<br />

boado .<br />

Perrex.il ou Alecrim do Pará.<br />

Perobinlto ou Perovinho do —Chrithonum (?) maritimum.— Fam. das<br />

campo.—Leptolobium elegans, Yogel.— Umbelliferas.—Diz Marcrave que as fo­<br />

Decandriamonogynia. Linn.—Fam. idem. lhas e os raminhos d'esta planta cosi­<br />

— Arbusto que vegeta na província de dos com peixe dão-lhe um gosto sa­<br />

S. Paulo, de tronco inclinado, ordinaboroso.riamente de 12centimetros de diâmetro, Quanto ás virtudes medicinaes é des-<br />

algumas vezes de 48 centimetros e obstruente e diuretica. Em alguns lu­<br />

mais.<br />

gares conhecem-n'o por Alecrim do<br />

Casca coberta por uma camada cinzenta<br />

escrabosa, de côr parda-escu-<br />

Pará.<br />

ra.<br />

Persicaria. — F. Eerva de bicho,<br />

Folhas alternas pecioladas com duas ou Pimenta d'água.<br />

estipulas na base, compostas de três<br />

a cinco pares de foliolos peciolados com Petum. — F. Fumo.<br />

estipulas na base.<br />

A casca da raiz é muito amarga. Petume. — V. Fumo.


356 PIA PIC<br />

Pety.— V. Fumo.<br />

é pardo claro com três cicatrizes (olhos)<br />

na base; a amêndoa dentro é oleosa,<br />

Peúva. — Tecoma speciosa, D. C ; mui bôa de comer-se.<br />

— Fam. das Bignoniaceas.— Planta diu- Das palmas d'esta palmeira colhem<br />

retica e cathartica.<br />

umas fibras quasi roliças, delgadas,<br />

finas, elásticas com que se tecem cordas<br />

Piáca.— Cordoa piáca (?) — Fam. das para differentes misteres.<br />

Leguminosas. — Arvore agreste, que A província do Rio exportava an-<br />

vegeta pelas beiras dos rios e camnualmente termo médio, para:<br />

pinas, conhecida por este nome em Inglaterra 181,741 kil.<br />

Pernambuco, e também pelo de Rabo França 81,354 kil.<br />

de cavallo, e em Sergipe por Campineiro. Portugal 97,075 kil.<br />

É de mediana grandeza.<br />

Suas folhas dispostas por palmas,<br />

Sul do Império 2,705 kil.<br />

são um<br />

longas.<br />

tanto grandes, ovaes, e ob­<br />

Total 362,875 kil.<br />

As flores em cachos são roixas. Picaltim ou pueahiiu. — Pica-<br />

O fructo, é uma vagem de pouco honha. — V. Poaya.<br />

mais ou menos 12 centimetros com<br />

sementes chatas.<br />

Picão. — Bidens bullatus, Linn.— Bi­<br />

A madeira d'esta arvore, é applidens graveolens. (?) —Fam. das Compostas.<br />

cada em obras de marceneria; sua — Planta herbacea, de caule erecto,<br />

casca dá fibras como a embira, e vegeta no Brasil, pubescente, de folhas<br />

os capineiros amarram com ella os ovaes, emparelhadas e ternadas.<br />

feixes de capim.<br />

Flores amarellas.<br />

O fructo é uma cápsula semelhante<br />

Pião. — V. Pinhão de purga. — É o ao Carrapicho de agulha<br />

nome que lhe dão no Pará.<br />

O sueco d'esta planta emprega-se<br />

Piassaba, piassava, ou co­<br />

na Ictericia.<br />

Os indígenas preparam um digestivo<br />

queiro de piassaba. — Attalia fucomposto<br />

d'este sueco com aguardente,<br />

nifera, Mart. — Fam. das Palmeiras. folhas — de Trico-ciarea e gema d'ovos.<br />

Na lingua indígena a Piassaba é Caatinga.<br />

Picão da praia. —Acanthosper-<br />

É uma palmeira do paiz, que vegeta mum, Schrankü. — Fam. idem. A Lan-<br />

exclusivamente entre a província do thioides Kunt. — Não podemos dar uma<br />

Espirito Santo, Bahia e Alagoas, por­ descripção d'esta planta, por não terque<br />

não se acha para o Norte, exmos dados para isto.<br />

cepto no Pará segundo me dizem. Dizem que o seu cosimento na razão<br />

É uma palmeira baixa.<br />

de 30 grammas para 500 grammas<br />

Suas folhas desenvolvem-se logo d'agua, vale o mesmo que a quina<br />

acima do chão.<br />

para as sesões ; applicam-a também nas<br />

Dá cachos grandes, cujas flores são erysipelas.<br />

de sexos separados.<br />

Picão da praia.— Plumbago lit-<br />

O fructo é do tamanho e fôrma de<br />

toralis. (?) — Fam. das Plumbagaceas.<br />

um ôvo de perua, e fica depois escuro<br />

ou quasi negro.<br />

Pichua. — Euphorbia portulacoides,<br />

Seu tegumento externo é fibroso, Linn.— Fam. das Euphorbiaceas.— Esta<br />

duro, internamente contém uma massa planta é purgativa; bastam algumas<br />

que secca, tornando-se dura.<br />

gotas do sueco lançadas em um caldo<br />

O caroço é grande, e tem o envoltório ou cosimento das folhas, para se con­<br />

osseò de quasi um dedo de espessura, seguir o effeito.


PYG PIM 359<br />

Pichurim bastardo. — Nectan- tão.— Xylopia sericea, St. EU.— Fam.<br />

dra pychurim, major Nees.— V. Pichudas<br />

Anonaceas.—Esta arvore utilissima<br />

rim ou Puchury.<br />

mereceria uma cultura muito protegida,<br />

porque os fruetos acres e aromaticos,<br />

Pichorim, ou Puchury.—Nec- poderão servir no^Brasil para gênero<br />

tandra puchury., Nees e Mart.—Fam. das de exportação, visto serem como espe­<br />

Lauraceas.—Arvore que habita nas prociaria, preferíveis a pimenta da Javíncias<br />

do Amazonas e Pará.<br />

Tem as folhas ellipticas, rijas, comaica.nicas,<br />

glabras, assoveladas.<br />

Pimenta. — Nome que se dá a<br />

Flores terminaes, dispostas em co- muitos fruetos de diversas naturezas,<br />

rymbos; fructo em fôrma de baga, com e pertencendo a famílias diversas, que<br />

uma semente de dois lobos cotyle- têm a propriedade de serem mais ou<br />

donarios, sempre isolados e completa­ menos excitantes, ou estimulantes, promente<br />

nús.<br />

duzindo forte calor que queima a parte<br />

Estes lobos são conhecidos vulgarmen­ com que se põe em contacto.<br />

te pelo nome de favos de puchury, ou Vejamos as seguintes:<br />

Pichurim.<br />

São ellipticos, oblongos, do compri­ Pimenta dágua. — Polygonum<br />

mento de dois centimetros, e de um Eydropiper, Linn.— Polygonum anli-he-<br />

centímetro de largura; convexos do morrhoidale, Mart.—Fam. das Polygona-<br />

lado externo, planos na face por onde ceas.— Herva que vegeta d'entro das<br />

se tocam.<br />

águas doces e em suas vismhanças,<br />

São côr de chocolate exteriormente , conhecida em Pernambuco por este<br />

e um pouco variegados no interior, o nome, e em Alagoas por Capiçoba.<br />

que é devido á presença de um óleo Ella é de 1/2 a 1 metro de altura,<br />

butyraceo que pôde extrahir-se por pouco mais ou menos.<br />

expressão a quente, ou por ebulição na O caule é gretado, apresentando nós<br />

água.<br />

com riscas vermelhas.<br />

São de cheiro forte e aromatico, de As folhas, estreitas, oblongas, com<br />

sabor um pouco acre e picante, aná­ os peciolos roixos ou manchados.<br />

logo ao da noz moscada.<br />

As flores são brancas, em espigas,<br />

Conservados durante algum tempo compridas como vergonteas, nas axilas,<br />

í'um frasco de vidro, estas sementes e no vértice dos ramos<br />

alteram suas transparência pela vola- O fructo é uma pequena cápsula.<br />

tilisação do principio aromatico, que E' uma das boas hervas medicinaes<br />

se fixa no vidro, e fôrma n'elle uma ca­ do Brasil, principalmente para as febres<br />

mada branca de um cheiro balsamico. malignas ou de máo caracter.<br />

A gente do povo a emprega em<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— Estas se­ cosimento e em clysteres, contra os<br />

mentes são estimulantes e empregam- ataques hemorrhoidaes, etc. Para o<br />

se em varias moléstias, taes como norte é chamada Herva de Bicho.<br />

diarrhéa, leucorrhéa, digestões laboriosas;<br />

também se usam em cataplasmas Pimenta d'America. — Schinus<br />

nas picadas de insectos.<br />

mollis (?), Linn.—Fam. das Therebintaceas.<br />

Administra-se em pó na dose de 2 —Planta arbórea d'America meridional.<br />

grammas , ou 4 grãos, em infusão Ella é uma espécie de Aroeira, co­<br />

n'agua 18 grammas. A tintura na dose nhecida pelo nome vulgar de Pimenta<br />

4 a 8 grammas com 125 grammas d'agua à"America.<br />

foi muito usado no cholera.<br />

E' interessante esta planta.<br />

Pygericu, ou Pimenta do ser- Pimenta apua. —Capsicum bacca-


358 P1M PIM<br />

ium, Willd. — Capsicum cerasiforme. Pimenta — de gallinha. — V<br />

Fam. das Solanaceas.— E' uma pimenta Aguara-quya ou Jiquirtoba.<br />

que, a maior é originaria da China, e<br />

a menor do Brasil; porém aquella tam­ Pimenta da índia. — Piper nibém<br />

é cultivada no Brasil.<br />

grum, Linn.—Fam. das Piperaceas.— E'<br />

E' de figura conica e de côr verme­ também conhecida esta pimenta em<br />

lha. E' uma das variedades chamadas Pernambuco por Pimenta do Reino.<br />

Pimenta de cheiro. Em tupinico QueyaE'<br />

uma fructinha originaria das ínapuá.dias<br />

Orientaes ; proveniente de um arbustinho<br />

trepador.<br />

Pimenta de cheiro.— Capsicum Folhas ovaes, luzentes, com os cor­<br />

odoriferum, Vell.—Capsicum Ovalum.D. dões C. que ramificam as folhas ao longo<br />

—Fam. idem.— Pequeno arbusto, culti­ d'ellas.<br />

vado e indígena, conhecido no paiz As flores em cachos longos e bas­<br />

geralmente por este nome.<br />

tos.<br />

E' uma pimenteira semelhante as As fructinhas são do tamanho de<br />

outras; notam-se entre ellas differenças ervilhas, de roixo-escuro, globosas, com<br />

pouco sensíveis.<br />

um pequeno lobo no ápice, sem te­<br />

Cresce mais que o pimentão. gumento é delgado, um caroço grande<br />

O fructo, porém, é de grandeza de relativamente no centro; quando 3ecca<br />

3 centimetros, mais ou menos, redon­ fica rugoso.<br />

do, de superfície ondulada, côr amarella Este caroço é a pimenta da índia<br />

brilhante, casca coriacea, de % a 1 que entra em todas as cosinhas, e cujo<br />

millimetro de grossura; dentro é seme­ uso ninguém ignora.<br />

lhante ao pimentão.<br />

Quanto ás virtudes médicas, é um<br />

O uso d'esta pimenta é também na forte estimulante, tônico e sudorifico,<br />

arte culinária, mas lhe dão preferencia o cosimento é suppurativo dos tumores,<br />

para comida de peixe; dá todo anno e inflammações da boca, tomado em<br />

e nunca fazem conserva d'ella. bochechos; apressa a suppuração ba-<br />

Passa por mais excitante<br />

outras.<br />

que as nhando-se as outras partes.<br />

Ha outra espécie roxa e alongada. CARACTERES DA FAMÍLIA. — Ella se<br />

compõe de vegetaes herbaceos ou fru-<br />

Pimenta coroada.—V Craveiro tescentes e sarmentosos, tendo folhas"<br />

da terra.<br />

alternas, algumas vezes oppostas, outras<br />

verticilladas, muitas vezes ample-<br />

Pimenta cuntary, ou cumaxicaules na base, e munidas de uma<br />

rim.—Capsicum Cumarim, Vell.—Caps- estipula fraca, opposta á folha nas es<br />

cum fruclescens, Will.—Fam. idem.— pecies E' de folhas alternas.<br />

uma pimenta conhecida em varias pro­ As flores pequeninas constituem esvíncias,<br />

como no Rio de Janeiro Bapigas frágeis, cylindricas,ordinariamente<br />

hia, Pernambuco, Alagoas, etc. oppostas ás folhas.<br />

E' oval, de menos de 1 e 1/2 senti- Estas espigas se compõem de flores<br />

metros, côr vermelha com seu pé como machos e de flores fêmeas, misturadas<br />

uma campana com sua manga, dentro sem ordem e freqüentes vezes entre­<br />

encerra grãos chatos.<br />

meadas d'escamas.<br />

Esta espécie é menos picante e é a Cada estame, que é de dois septos,<br />

mais recommendada para usar-se nas representa para nós uma flor macho,<br />

dietas, sem duvida por ser menos es- e cada pistillo uma flor fêmea.<br />

timulaute que a malagueta.<br />

Esta consta d'um ovario livre, de<br />

Entra em composição contra as an­ uma só loja, contendo um óvulo em<br />

ginas.<br />

pé, e trazendo no cimo ora um estig-


PIM PIM 359<br />

ma simples, ora três estigmas em fôr­ Pimenta malagueta. — Capsima<br />

de bico de peito e muito approcum baccatum, Linn. — Capsicum penximados.dulum,<br />

Vell.—Fam. das Solanaceas.—<br />

Repetidas vezes os estames se agru­ Esta espécie de pimenta é muito<br />

pam ao redor do pistillo em numero generalisada ; tem um consumo espan­<br />

variadissimo e parecem então formar toso entre os brasileiros, principal­<br />

outras tantas flores hermaphroditas mente na Bahia e nas províncias do<br />

quantas escamas têm.<br />

Norte.<br />

O fructo é uma espécie de pequena Seu pé cresce até 1 e 2 metros e<br />

loja mui pouco succulenta, e monos- mais ; é bem esgalhado.<br />

permica.<br />

As folhas são ovaes, agudas, alternas.<br />

A semente se compõe d'um endos­ As flores solitárias, ou reunidas em<br />

perma assás duro, offerecendo no ápice numero de duas, três e quatro; ellas<br />

um corposinho discoide que é segundo são brancas esverdinhadas, como es-<br />

endosperma formado pelo sacco amniotitrellas.co, e encerrando no interior um pequeno O fructo é uma pequena baga fu-<br />

embryão dicotyledoneo e amphitropo. siforme de 1 % a 3 centimetros, ro­<br />

A familia das Piperaceas tem sido liça, vermelha em madura, pelle fina,<br />

alternamente collocada entre os Mo- sueco vermelho, acre.<br />

nocotyledones e os Dicotyleãones. As sementes são chatas como as<br />

A verdadeira estructura de seu em­ outras.<br />

bryão não foi perfeitamente conhecida Esta pimenta entre nós é applicada<br />

senão depois da memória de R. Brown á todas as comidas, e é a mais me­<br />

sobre a estructura do óvulo.<br />

dicinal.<br />

Aquillo que alguns botânicos, os Fazem-se conservas ; e pisadas quar-<br />

quaes punham o Piper entre os Monodam-nas para o] tempo da carestia.<br />

cotyleãones, consideravam como embryão Póde-se sem medo de errar dizer<br />

era o segundo endosperma, o endos­ que Pimenta malagueta é um vegetal<br />

perma amniotico contendo o verdadeiro da maior sympathia dos brasileiros;<br />

embryão.<br />

ha muitíssimas pessoas que não po­<br />

Esta estructura do embryão é como dem comer sem pimenta.<br />

se vê, a mesma que a que se observa A tinetura d'essa .pimenta, foi muito<br />

nas Nimpheaceas e Lauraceas.<br />

applicada no cholera em fricções.<br />

Vários auctores consideram as Piperaceas<br />

como formando uma simples tribu<br />

Em lingua tupinica é a Qurija-apua.<br />

da familia das Urticaceas, mas suas PROPRIEDADES MÉDICAS.—É anti-febril.<br />

flores em casulos e principalmente a Pisada com farinha, (Gequitaia) prepa­<br />

presença de um duplo endosperma disra-se um sinapismo que obra energicatinguem<br />

suíficientemente as Piperaceas mente. •<br />

das Urticaceas.<br />

As folhas são suppurativas, applicam-nas<br />

misturadas com azeite aos<br />

Pimenta dos índios.—Piper ún- tumores para rebentarem depressa.<br />

guiculatum, Ruizet Pav.—Fam. das Piperaceas.—E'<br />

um subarbusto de caule Pimenta do matto. — Solanum<br />

esverdinhado, nodoso, com folhas se- piper<br />

micordiformes.<br />

Flores em espigas roliças dando por<br />

fructo umas bagas angulosas.<br />

A raiz é sialogoga e diuretica.<br />

E' applicada nas hydropisias, e nas<br />

dores de dentes. Parece ser o Aperta<br />

ruão muito conhecido.<br />

L qmara(1)—Fam. idem.— É um arbustinho<br />

á que nas Alagoas dão este<br />

nome, por sua analogia com a pimenta.<br />

E' de porte médio, de folhas alternas,<br />

lanceoladas e lustrosas.<br />

Flores pequenas, brancas amarelladas,<br />

em fôrma de estrellas, cheirosas,<br />

e rajadas.


360 PIM PIM<br />

Fructo globoso, oblongo, vermelho,<br />

dentro cheio de grãos chatos.<br />

Não arde como a pimenta, porém<br />

tem com ella muita semelhança; é<br />

amarga.<br />

Ignoramos o seu uzo.<br />

Pimenta da terra.— F- Páo ie<br />

embira ou Pindaíba.<br />

Pimenta olho de peixe.— Cap­<br />

Pimenta tripa de macaco, ou<br />

chifre de vendo.—Capsicum.—Fam.<br />

das Solanaceas.— Esta pimenta é semelhante<br />

á precedente, (sarapó) e nasce de<br />

uma planta semelhante.<br />

sicum.— Fam. idem.— Esta espécie 6o- Dá um fructo roliço, oblongo, até<br />

nhecida em Pernambuco por este quasi 12 centimetros de comprimento,<br />

nome, dá um fructinho bem elegante ; curvado, ponteagudo; o mais é o<br />

é um globosinho de 1 centímetro de mesmo externa e internamente: nao é<br />

diâmetro.<br />

muito picante como a malagueta; e<br />

Tem seu pedunculo verde, ou de côr é muito mais rara.<br />

amarella viva, lustrosa.<br />

Deve ser o Capsicum alongatissimum.<br />

A casca é coriacea e tênue como a<br />

das outras pimentas, com as sementes Pimenta umbigo de tainha.<br />

chatas, que também são amarelladas ; — Capsicum. — Fam. idem. — Chamara<br />

arde menos que a malagueta, e é mais nas Alagoas e em Pernambuco por<br />

usada para comer-se com peixe; o este nome uma pimenta como a de<br />

vegetal é semelhante aos seus congê­ cheiro, de 3 centimetros de comneres.primento<br />

e com o pé igual ao das<br />

outras.<br />

Pimenta do Pará ou Agrião O fructo, espherico, quasi sempre<br />

do Pará.— Spilanlkes oleracea, amarello Linn, e um pouco desigual.<br />

e Willd.—Fam. das Compostas.— Herva A superfície, é lustrosa, no ápice con­<br />

do Pará.<br />

cava, com um umbigo; dentro é o<br />

Tem o caule reptante ou prostrado mesmo que a precedente.<br />

com folhas ovaes.<br />

E' preferida para o peixe.<br />

Suas flores são capitulos de côr<br />

amarella.<br />

Pimentão.—Capsicum annuum, Linn.<br />

Tem o uso dos Agriões ou Mastruços —Capsicum - cordiforme ?—Fam. idem.—E'<br />

uma grande pimenta, que se cultiva<br />

Pimenta sarapó. — Capsicum. — no Brasil e na Europa.<br />

Fam. das Solanaceas.—Esta pimenta é E' de muita estima, como objecto<br />

conhecida em Alagoas por este nome. d'arte culinária.<br />

Seu pé é mui semelhante ao da E' natural de Guiné e da America<br />

Malagueta.<br />

Meridional.<br />

O fructo é maior e mais grosso; o Seu pé, é um subarbustinho de 1<br />

mais é idêntico.<br />

metro e 12 centimetros, esgalhado, se­<br />

Tem o mesmo uso das pimentas. melhante em tudo á pimenta ordi­<br />

Cremos ser a espécie Solanum lonnária.gum, D. C.<br />

As folhas são ovaes assoveladas.<br />

As flores solitárias, são estrellinhas<br />

Pimenta do sertão.— Xilopia brancas.<br />

grandiflora, St. Hil.— Fam. das Anona- O fructo é de 6 á 9 centimetros, receas.—<br />

V. Páo de embira ou Pindahiba. dondo oblongo, com um pedunculo na<br />

base semelhante a um cornosinho, pa­<br />

Pimenta da terra. — Capsicum recendo machucada.<br />

annuum, Linn.—Fam. das Solanaceas.— O pericarpo é lustroso, coriaceo de 1<br />

Cremos esta espécie ser o mesmo Pi­ á 1 e 1/2 centimetros de espessura e<br />

mentão, de que nota-se varias espécies. de côr vermelha.


PIN PIN 361<br />

Dentro se encontram muitas semen­ Suas flores dão em pedunculos na<br />

tes chatas, e reniformes em suas lojas summidade.<br />

com 4 secções interrompidas.<br />

São suas virtudes medicaes. anthel-<br />

Tem a propriedade picante das piminticas e diureticas.<br />

mentas.<br />

-Fazem-se d'ella conservas, e aduba-se Pinha ata ou pinheira. —<br />

a comida.<br />

Anona squamosa, Linn.— Fam. das Ano-<br />

Fructifíca todo o anno no norte do naceas.— E' um fructo de primeira or­<br />

Brasil.<br />

dem; provém de um arbusto esga­<br />

E' semelhante ás suas congêneres. lhado de caule flexível.<br />

As folhas são geminadas.<br />

Folhas estreitas compridas, com<br />

O fructo é oval e de um vermelho vivo cheiro um tanto enjoativo.<br />

em cuja superfície se conservam peque­ As flores são carnosas, formam 3<br />

nas cavidades.<br />

palhetas esverdinhadas engastadas em<br />

um pé com manchas roixas na base.<br />

Pimentão comprido.—Capsicum<br />

O fructo é uma baga de maior ou<br />

longum, D. C.—Fam. idem.—Os mesmos menor grandeza até 12 centimetros de<br />

usos que o Pimentão.<br />

fôrma globosa conica, oblíqua, cuja<br />

periferia se compõe de protuberancias<br />

Pindá ou coqueiro pindá. — verdes convexas, e ovaes para o pé da<br />

V. Pindoba.<br />

mesma frueta.<br />

Dentro nota-se os sulcos que dividem<br />

Pindaíba.—V Embira de Caçador. essas escamas e se tornam rosadas na<br />

—Gualteria.<br />

maturidade: é composto de bagos de<br />

Os fruetos são usados nos condimen­ uma substancia-branca polposa, muito<br />

tos, e empregados como carminativós. doce e agradável.<br />

Da madeira faz-se mastros de navios. Elles encerram um caroço oval preto<br />

lusidio no seu seio, e outros tem so­<br />

Pindaiba. — V. Embira vermelha e mente uma pevide.<br />

semente de Embiras Xylopia.<br />

Abunda no Ceará: dá no campo<br />

Pindoba ou Pindóva. — Nome<br />

espontaneamente, parece ser nossa.<br />

As folhas d'esta planta são gabadas<br />

genérico dado pelos gentíos e conser­ contra as dores de cabeça, applicadas sovado<br />

pelos matutos a toda e qualquer bre essa parte depois de passadas ao fogo.<br />

palmeira indistinetamente; assim como As sementes passam por venenosas.<br />

Jpitirana á toda planta que alastra pelo Em Pernambuco a chamam Pinha, e<br />

solo, e sobre as outras plantas. na Bahia; e no Rio de Janeiro Frueta<br />

do Conde (Fig. 28.)<br />

Pindoba ou coqueiro pindoba.—Cocos<br />

australis.—Fam. das Pal­ Pinha ou queimadeira. — Cuimeiras.—<br />

Os fruetos comem-se e dão dosculus. Marcg. — Jatropha herbacea,<br />

um óleo que serve também para co­ Willd. — Fam. das Euphorbiaceas. —<br />

mer-se e para luz.<br />

Planta herbacea do paiz.<br />

E' emoliente ; e o miolo d'esta pal­ Caule herbaceo com espinhos punmeira<br />

dá um bom palmito.<br />

gentes.<br />

Folhas alternas em trinos.<br />

Pinguaciba.— V. Páo Pereira.<br />

Flores em cachos.<br />

Fructo de três gomos roliços.<br />

Pi ngui m.—Bromelia pingüim, Jacq. As sementes d'esta planta são po­<br />

— Fam. das Bromeliaceas.— Planta do derosas em propriedades drásticas;<br />

paiz, dc folhas quasi ao nível da uma só semente é um purgante para<br />

terra como o ananaz.<br />

|um homem.<br />

48


3«S PIN<br />

Pinhão bravo. — Jatropha curcas. tão verdes, são menos abundantes eiu<br />

Linn. — Fam. das Euphorbiaceas. — sueco E' leitoso, mas não apresentam no<br />

um arbusto agreste, indígena, conhe­ tronco essa escama como o outro.<br />

cido e abundante em Pernambuco e Suas flores,também em cachos, silo<br />

seus sertões por este nome, e pelo esverdinhadas, ou amarellas com raios<br />

de Pinhão de cerca.<br />

purpureos, tendo a mesma disposição<br />

Tem de altura 2 a 3 metros. sexual.<br />

O tronco é liso, mostrando escamas Sou fructo é semelhante; e a semente,<br />

na sua epiderme, em fragmentos la- preta, que é grande; é da mesma conminosos,<br />

apresentando nós nas velhas dição do outro pinhão.<br />

cicatrizes das folhas.<br />

Serve sua amêndoa de purgante, que<br />

Exuda um leite incolor de todas as é mui usado pelo povo. principalmente<br />

suas partes.<br />

do centro das províncias do norte.<br />

As folhas são longamente pecioladas,<br />

em fôrma de palmas, recortadas PROPRIEDADES MÉDICAS.—Para as apo-<br />

e lisas.<br />

plexias é muito applicado, e para mui­<br />

As flores, em cachos, são como rotas outras affecções: também applicamsas<br />

simples, amarellas com raias run"o como vomitorio. E' um drástico<br />

bras ; são dioicas.<br />

que é preciso muito cautella e arte para<br />

As fêmeas dão um fructo, capsular se usar d'elle. E' conhecido nas pro­<br />

do tamanho de uma nóz de três govíncias do Sul por Pinhão Paraguayo<br />

mos verdes e ornado de três peque­ Mandubiguaçú Munduyguaçú. O óleo esnas<br />

palhetas.<br />

presso é purgativo de 36 á 72 gottas.<br />

Elle torna-se ósseo, é trilocular; em<br />

cada uma das lojas se acha uma Pinheiro ou Pinhão do Bra­<br />

semente oval, cinzenta riscada de preto, sil.— Araucária brasiliana, Richard.—<br />

com uma crista no ápice : a amêndoa Fam. das Coniferas. — Fructo do Brasil<br />

é mui oleosa e branca.<br />

semelhante ao Pinhão da Europa, pro­<br />

Este pinhão, que nenhum prestimo veniente de uma arvore que vegeta em<br />

medicinal tinha pelo littoral, e que S. Paulo, Minas Geraes, Paraná e Rio<br />

não servia senão para cercas nativas, Grande do Sul.<br />

no sertão servia de muita utilidade. Os indígenas guaranis chamam-o<br />

Esse sueco leitoso que tem é de Curi-y; os tupinicos Curi-uva.<br />

effeito fortemente purgativo, applicavel E' uma elegante arvore que toma a<br />

em muitas moléstias, e para os feri­ fôrma e configuração pyramidal.<br />

mentos e talhos.<br />

Seus ramos, brotam circularmente do<br />

E' succedaneo da arnica, etc. tronco, que é resinoso.<br />

As folhas são escamosas e ásperas,<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — O óleo ex­ como telhas arrumadas umas sobre<br />

traindo das amêndoas é muito usado outras (embricadas).<br />

na medicina popular, para as hydro- As flores são diversas no extremo<br />

pisias, interiormente na dose de 6 dos ramos; se reúnem em cachos de<br />

gottas até 18 como purgativo. fôrma conica e compostas de escamas:<br />

as fêmeas, de fôrma oval, as mascu­<br />

Pinhão manso ou de purga. linas tendo a flor na axilla d'essas es­<br />

— Jatropha curcas, Var ? Linn.— Fam. camas.<br />

idem.— Esta planta descripta como na­ O fructo tem 12 centimetros, pouco<br />

tural da índia, o é também do Brasil, mais ou menos de extensão, fôrma<br />

segundo cremos.<br />

conica, superfície escamosa com o pi­<br />

E' 1im arbusto da grandeza do prenho da Europa, de côr verde.<br />

cedente, mas aquelle cresce mais. Este fructo é formado por uma reunião<br />

Suas folhas semelhantes sempre es- de pequenas bagas conicas, outras alon-<br />

PIN


PIP PIR 363<br />

gadas, alojadas em um eixo commum, Fam. das Cyperaceas. — Nada mais co­<br />

cujo ápice é voltado para fora, .consnhecemos d'esta planta.<br />

tituindo a parte exterior do fructo,<br />

que é verde; essas bagas, á proporção Piper o na.—V- Betys.<br />

que se concentram, tomam uma côr<br />

avermelhada no ápice mesclada de<br />

Pipi.—V. Tipi.<br />

manchas escuras: cada baga eompõe-se<br />

de um tegumento duro e coriaceo, que<br />

é diffieil romper; segue-se depois Pipi ri ou Peripiri.—Rhynchos-<br />

uma membrana delgada, avermelhada, pora storea. (?) —Fam. das Cyperaceas.—E'<br />

que envolve uma amêndoa branca, um vegetal herbaceo do paiz, que ve­<br />

oleosa; antes da maturidade contém geta nos alagadiços, pântanos e ter­<br />

princípios leitõsos. »<br />

renos muito humidos.<br />

Come-se esta amêndoa, que, segundo Consta de um caule de 8 á 10 palmos<br />

alguns, passa por melhor que a do Pinhão de comprimento, triangular, lustroso,<br />

da Europa.<br />

com folhas invaginantes , no ápice<br />

Fazem nas províncias aonde ha este um circulo como uma umbrella de va-<br />

fructo uma farinha por torrefacção , letinhas com um aggregado de Mi­<br />

que a comem com leite.<br />

nhas no pedunculo commum e nos<br />

Também em Minas, aonde ha grande parciaes.<br />

creação de porcos, os alimentam com essa N'esses, as flores são apenas pevides<br />

amêndoa.<br />

indistinctas ás vistas vulgares.<br />

A madeira é branca, resinosa e molle, De todas as partes da planta se ser­<br />

semelhante ao pinho da Europa. vem em Pernambuco e Alagoas para<br />

Misturam alli a resina que colhem fazer esteiras que chamam de Pepery ou<br />

do páô, com cera, e fazem vellas. Pripiry.<br />

Occupam vastas extensões estas arvores<br />

n'aquellas províncias.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Os caules<br />

A madeira é empregada na construc­ (depois de seccos) queimados e pulção<br />

civil e na marceneria.<br />

verisados, estancam as hemorrhagias<br />

assim como esse pó suspenso n'agua<br />

Pino.—F. Queimaãeira.<br />

com assucar, ou aguardente: é bom<br />

para as dysentherias.<br />

Pinoguaçú.—V Mamoeiro.<br />

Piolho ou Piòyo.—Caseariapar-<br />

Pira-caúba.— V. Cujumary.<br />

vifolia, St. EU. — Samidea parvifolia,<br />

Pira gaia.— V, Cipó suma ou Pi-<br />

Linn. — Fam. das Sumidaceas — Arvore<br />

rigaya — Anchietea salularis.<br />

grande de Minas Geraes, ramosa, de folhas<br />

lanceoladas, oblongas e lisas.<br />

Flores brancas em feixes na axilla das<br />

Pirenga.— V. Carajurú.<br />

folhas e ramos.<br />

O fructo é uma cápsula de 7 e 1/2 Piranga ou Chica.— Bignonia<br />

centimetros de diâmetro , espherico, chica. (?) — Fam. das Bignoniaceas.— Ar­<br />

trigono, carnoso com 3 valvas, e uma busto muito abundante nas margens<br />

semente comprida.<br />

do Rio Negro e Órenoco.<br />

Floresce em Abril e Maio.<br />

Seu caule eleva-se ao cimo das<br />

Piolho de urubu. — Arvore do<br />

grandes arvores por meios de gavinhas<br />

que tomam o lugar do foliolo<br />

Brasil.<br />

terminal, suas folhas são côr verde<br />

carregado tornando-se avermelhadas<br />

Piperioca. —Cyperuspiperioca. (?J— pela deseccação.


3C4 PIR PIT<br />

Flores axillares dispostas em paniculas<br />

pendentes.<br />

Corolla de cor violacea.<br />

O fructo é uma siliqua pendente<br />

do comprimento de 24 a 48 centimetros,<br />

muito estreito, dividido em<br />

dois loculos por um septo pararello<br />

as valvas.<br />

Sementes ovaes, aladas, imbricadas<br />

sobre o septo em cuja margem se<br />

acham fixas.<br />

Os índios extrahem, por meio da<br />

maceração em água, uma substancia<br />

vermelha com que pintam o rosto, e a<br />

O fructo é trigono (em trcs gomos);<br />

verde foliaceo ; dentro nota-se algumas<br />

sementes com um corpo filamentoso,<br />

envolta; são como contas pretas.de<br />

rosário.<br />

Piriquity vermelho das Alagoas.—V.<br />

Merú de Pernambuco.<br />

Piriri.— Mabea piriri, Aubl.—Fam.<br />

das Euphorbiaceas.— Arbusto que vegeta<br />

na Guyanna e Amazonas<br />

E' trepador.<br />

Tem as folhas oblongas.<br />

que dão o nome de Carajurá ou Chica, Flores em cachos densos.<br />

As fruetas são como as do pinhão.<br />

Piretro ou Pircto. — Ferraria Fornece o Caoutchou.<br />

purgans, Mart. — Fam. das Iridaceas.—<br />

Nada dizemos a respeito dos órgãos<br />

d'esta planta.<br />

Pirírlna.—E' o coqueiro Jaraiuva.<br />

Quanto ás virtudes medicina es o Pirity.— V.<br />

bulbo, que é amylaceo, é ligeiramente<br />

purgativo, na dose de 8 a 12 gram­ Pirrcxy. — Ou Lodo (?)<br />

mas.<br />

Herva silvestre que por tal nome é<br />

Pirigaija.— V Cipó suma.<br />

conhecida nas Alagoas.<br />

E' aquática; nada na superfície das<br />

águas, formando filamentos ramosos<br />

Piríquity ou Priquity.—Canna pequenos na parte inferior.<br />

cymatilis. (?) Canna glauca, Linn.— Fam. Tem uma cama em feixes, e na<br />

das Cannaceas.—E' uma planta herbacea superior folhinhas orbiculares, curva­<br />

e aquática, que em Pernambuco dãodas em suas espansões, cuja parte<br />

lhe o nome também de Chiquichiqui, superior tem pellos em feixes brancos<br />

havendo outro CMquexique de outra fa­ como meada de linha em laçada.<br />

milia (Cactacea) ; porque realmente o<br />

fructo d'esta torna-se uma cápsula pa- Pissandó, ou Coqueiro plslheosa,<br />

que, com as sementes dentro, sandó. —Diphlothemim littorale, Mart.<br />

chocalha como um maracà.<br />

— Fam. das Palmeiras. — E' uma pal­<br />

Também tem o nome de Banana someira que vegeta nas regiões littoraes<br />

roróca (não ha muita exactidão em ser da Bahia.<br />

esta espécie). O nome Piriquity ou Pirity<br />

lhe dão nas Alagoas.<br />

Pitanga, ou pitangueira. —<br />

Esta planta contém no estojo das Plinia rubra, Linn., e Mart. — Plinia<br />

folhas que abraçam o caule uma su­ pedunculata. — Fam. das Myrtaceas,<br />

bstancia farinacea.<br />

Eugenia Michelii, Lamh; — Eugenia<br />

E' um arbustosinho de côr verde uni-flora. Linn. — Myrtus brasiliana,<br />

azulada ou clara.<br />

Linn., e Sp. —Fructo silvestre do<br />

Folhas amplexicaules, grandes, ovaes Brasil abundante das províncias do<br />

e lanceoladas.<br />

Norte.<br />

Uma vergontea na qual brota uma Provêm de um arbusto que esga­<br />

espiga de flores amarellas; parece relha quasi sempre em mouta; tronco<br />

taUios de panno ou seda, com um liso, e duro.<br />

globo na base.<br />

Folhas emparelhadas, pequenas, o-


PIT PIT 365<br />

vaes-agudas, de côr verde escura, lustro­ Os fruetos são doces levemente adssas<br />

e aromaticas.<br />

tringentes e no Rio de Janeiro ha<br />

Flores em cachinhos pequenos, bran­ uma outra espécie, o Calyptranthes<br />

cas, como rosas de pé comprido. tuberculosa.<br />

No centro muitos filetes todos brancos,<br />

com cheiro.<br />

Pitangueira do matto.—Euge­<br />

O fructo é uma baga de 1 K a nia ligustrina, Willd.—Fam. idem. —<br />

quasi 3 centimetros de diâmetro, glo- Arbusto que vegeta na província de<br />

boso, anguloso, ou de gomos com qua­ S. Paulo, onde é conhecido por este<br />

tro escamas verdes no ápice. nome.<br />

O tegumento externo é uma pelli­ Suas folhas são emparelhadas e lancula<br />

fina ; uma polpa aquosa, macia, ceoladas.<br />

ácida e doce é que fôrma o corpo da Flores solitárias.<br />

frueta, e um caroço redondo achatado Seu fructo é preto com 2 caroços fer-<br />

e esverdinhado acha-se dentro. rugineos, é ácido, assucarado e um<br />

A côr da frueta é rubra e lustrosa pouco adstringente.<br />

em madura.<br />

As folhas da Pitangueíra passam por Piteira.—V Coroatá-assú.<br />

tônicas, e excitantes, uzam d'ellas em<br />

banhos para dores rheumaticas. Pitiá (1) ou Pequiá.— Marfim.—<br />

O fructo é um refrigerante, fazem- Fam. das Leguminosas ?—E' uma arvore<br />

se limonadas d'elle, e o Dr. João Lo­ que vegeta nas mattas virgens.<br />

pes, antigo physico-mór em Pernam­ Caule volúvel e lenhoso, e que sobe<br />

buco no seu opusculo sobre a Pitanga á altura das grandes arvores.<br />

mostra que ella é um grande cal­ Emprega-se nas obras de pontes,<br />

mante do sangue.<br />

menos esteios; é muito usada nos tra-<br />

Fazem com ella doce de calda que vejamentos, cobertas e portadas de<br />

é excellente ; assim como geléa. edifícios, e bem assim algumas obras<br />

Por todo o Brasil seu nome é Pi­ de torno e marcineria.<br />

tanga ou Pitangueira.<br />

Pitintyú ou Putumuyú.— Ar­<br />

Floresce em Março, Abril e no verão<br />

vore indígena das catingas dos sertões,<br />

com irregularidade.<br />

onde recebe este nome : também é co­<br />

Pitanga branca.— V. Groselha.<br />

nhecida por tal nas Alagoas, Sergipe<br />

Pitanga ou Pitangueira miú­ e Bahia.<br />

da.— Myrcia rubella, St. EU. — Fam. E' elevado o seu porte, e a casca<br />

idem.—E' uma pitanga da província de escura.<br />

Goiaz, indígena do paiz, que provém As folhas, estreitas e pequenas.<br />

de um arbusto de casca lisa, de folhas As flores não visíveis.<br />

miúdas, ellipticas e lisas.<br />

O fructo, comprido, de 12 centíme­<br />

Flores reunidas, cujos pedunculos tros e ouriçado de aculeos, que offen-<br />

são ruivos.<br />

dem.<br />

O fructo é rubro e ácido.<br />

O lenho d'esta arvore é amarello,<br />

Floresce em Agosto.<br />

presta-se para obras de marcineria para<br />

Esta planta é adstringente.<br />

o que fazem algum uso d'ella.<br />

Em Sergipe fazem aduellas de an,<br />

Pitangueira de cachorro.— coretas de carregar aguardente, mel-<br />

Calyptranthes obscura D. C. — Psidium etc.<br />

obscurum, Mart.—Fam. idem.— Arbusto<br />

de Minas Geraes.<br />

Pi tomba ou Pitombeira.— Sa-<br />

E' muito semelhante á Pitangueira (1) O povo, erradamente, chama assim o<br />

acima-<br />

Pequiá, em Pernambuco.


366 PIT POE<br />

pindus esculenlus, St. EU. — Fam. das culosa, tendo um caroço em sen centro<br />

Sapindaceas.—Frueta cultivada e natural envolta em uma substancia alhumi-<br />

do Brasil, proveniente de uma arvore, nosa, branca, acre-doce, como mesmo<br />

copada, com as folhas dispostas em a da Pitomba das demais províncias.<br />

palmas, que são lanceoladas, prolongadas<br />

e lisas.<br />

Come-se.<br />

Flores em cachos pequenos, cheiro­ Pltombo. (?)— Meleagrinex pernamsas,<br />

são pequenas rosas brancas meio bucana. [Arr. Cam.) V. Ubaia no Sul.<br />

penugentas.<br />

O fructo é de grandeza de 1 e 1/2 Pituinarmua.—Lisianthus serratus.<br />

a 3 centimetros, fôrma globosa, acom- — Fam. das Gentianaceas.— Planta da<br />

pridada, casca tenaz, amarella côr de America; é amarga e íesolutiva em<br />

barro, de 1/2 a 1 centímetro de grossura,<br />

por dentro, branca.<br />

cataplasma.<br />

Uma substancia cartilaginosa, branca, Piúva.— E* o Ipê em S. Paulo.<br />

transparente, acida-doce, agradável de<br />

gosto, envolve um caroço roliço, ob­ Pixirica ou IVhanga pivirica.<br />

longo, que divide-se em duas porções — Fam. das Melaslomaceas. — Planta do<br />

hemisphericas.<br />

Tem uma casca peliculosa, castanha<br />

paiz cujos fruetos são comestíveis.<br />

e a amêndoa é roixa.<br />

Pixirica-assú. —Melasloma loco-<br />

Esta arvore frutifíca uma só vez no ari.(l)—Fam. idem.—Planta que tem este<br />

anno, de Fevereiro á Abril.<br />

nome no Rio de Janeiro.<br />

O caroço é um adstringente enér­ Tem também os fruetos comestives.<br />

gico; applicam-n'o contra as diarrheas<br />

chronicas.<br />

Poaya.—V. Ipecacuanha preta.<br />

O fructo passa como refrigerante e<br />

ácido.<br />

Poejo. — Mentha pulegium, Linn.—<br />

Sua madeira, emprega-se nos traveja- Fam das Labiadas.— Planta que habita<br />

mentos, cobertas e portadas de edif- o Brasil nos lugares humidos.<br />

ficios.<br />

Caule horizontal.<br />

Folhas pequenas, ovaes, inteiras, ob­<br />

Pitontba-assú. — F Pitomba da tusas, quasi rentes, empubescidas em<br />

matta.<br />

ambas as faces.<br />

Pitomba da matta ou Pitom-<br />

Flores de uma côr roixo-clara.<br />

Sabor quente, cheiro aromatico, um<br />

ba-assú. —Meleagrinex pernambucana pouco semelhante ao da hortelã.<br />

Arr. Cam.— Var.— Fam idem.— Esta<br />

pitombeira que dá nas mattas de PROPRIEDADES MÉDICAS.—É empregado<br />

Pernambuco differe da precedentente como emmenagogo em fôrma de chá<br />

em ser a frueta maior, e essa subs­ 4 grammas de poejo para 250 gramtancia<br />

gelatinosa que contem, sêr menos mas d'agua.<br />

espessas qua a da precedente.<br />

O caroço d'esta é menos adstrin­ Poejo da praia — Centrospermum<br />

gente que a da outra.<br />

xantioides, Eunt.— Fam. das Compostas.<br />

— Planta herbacea natural do Rio de<br />

Pitomba do Pará.— Fructo sil­ Janeiro e da Nova Andalusia.<br />

vestre do Pará, que não é a mesma Tem o caule ramoso e reptante.<br />

Pitomba de Pernambuco, e Maranhão. Folhas emparelhadas, ovaes.<br />

E' uma frueta da grandeza de 3 As flores.são em globos nas pontas<br />

centimetros, fôrma redonda acompridada dos ramos.<br />

de côr vermelha, com a casca peli­ Goza de virtudes tônicas.


PRI PUP 36?<br />

Pororoca ou Paroróca.— Clu- trepadeira para carramanchão de<br />

sia volubilis, Humb., Bonp. e Kunt.—Fam. jardim, mas differe por suas folhas,<br />

das Clusiaceas.—E' uma arvore agreste que são cordiformes semilobadas, (por<br />

que lhe dão este nome em Pernambuco ; que formam um principio de lobos para<br />

e nas Alagoas o de Gameleira trepadeira. os lados).<br />

A casca é um tanto lisa, cinzenta, de A flor é o mesmo que a da pre­<br />

porte menor.<br />

cedente, tendo a parte superior não<br />

Folhas emparelhadas,ovaes, coriaceas, recortada em estrella, mas inteiriça,<br />

grossas, estaladiças.<br />

e a côr vermelha alaranjada.<br />

Flores em pequenos cachos, brancas O fructo quasi o mesmo; ambas<br />

em fôrma de rosas simples e carnosas. não tem aroma.<br />

O fructo como um casulo oval de<br />

muitas sementes.<br />

Parece-se muito a ponto de confun­<br />

Pi ti.— V. Ibirarema.<br />

dir-se com a Orelha de burro ; mas esta Puça. — Cissus antiparaliticus (?) —<br />

tem as flores com manchas purpuri­ Fam. das Ampelidaceas.— Planta do paiz<br />

nas no centro, e as folhas mais redon­ que vegeta no Maranhão, aonde é codas<br />

e pequenas.<br />

nhecida por este nome.<br />

E' trepadeira cujas folhas são acres,<br />

Potincoba.—V. Pimenta d'agua. e se empregam<br />

sias.<br />

pisadas nas paraly-<br />

Primavera. — Ipomcea quamoclit, As sementes uzam-se como enfeites.<br />

Wüld, e Sp.— Fam. das Couvolvulaceas.<br />

— E' uma flor cultivada no Brasil de<br />

Puça do matto.— Cissus silves-<br />

muito tempo, e oriunda da índia ;<br />

tris.— Fam. idem.— Também é do Ma­<br />

dão-lhe este nome em Pernambuco.<br />

ranhão esta planta.<br />

E' uma flor proveniente de uma Puçá.— Frueta silvatica do Ceará<br />

planta delicada, trepadeira que se e do Maranhão, conhecida por tal<br />

enrola nos corpos vis.inhos, seu caule nome n'aquella província.<br />

filiforme verde com as folhas alternas Provém de um arbusto.<br />

em palminhas lineares mui lindas, A grandeza de seu fructo é de quasi<br />

sempre mui verdes.<br />

3 centimetros, figura redonda, globosa,<br />

As flores solitárias ou ás duas ; são de côr amarella na maturidade, casca<br />

em fôrma de pequenos tubos verdes, lisa, e estaladiça, branca por dentro,<br />

com appendices filamentosos no ápice. contendo no interior cinco á seis se­<br />

Com outro tubo afunilado cuja corolla mentes, cobertas de uma massa branca,<br />

dilatado é estrellado, de côr escarlate que se desliga da semente chu-<br />

muito viva; tem no centro filetes pando-se.<br />

brancos.<br />

As sementes são esbranquiçadas.<br />

O fructo é uma cápsula.<br />

E' ornamento de jardim com que Pupunheiro ou coqueiro Pu-<br />

cobrem-se latadas ou carramanchões. punhei ro.— Fam. das Palmeiras.—<br />

A flor não cheira.<br />

E' uma palmeira alta do Pará, que<br />

tem espinhos no tronco; deita os<br />

Primavera de Cayenna. —Ipo­ cachos ascendentes, que não pendem.<br />

mcea coccinea Linn.— Fam. idem.— Esta E' de porte como o Dendê.<br />

outra espécie que é natural da Ca- Fruetos em cachos, vermelhos furtarolina<br />

também se cultiva no Brasil, côres. comem-se, e faz-se da massa<br />

mas veio mais tarde ao nosso solo. uma bebida saborosa:<br />

Chamam-no em Pernambuco por este A figura do fructo é orbicular allon-<br />

nome.<br />

gada, na base tem umas escamas em<br />

E' como a que foi descripta acima, em fôrma de roseta.


368 PUR PUR<br />

No ápice há um ponto mais elevado, 2 grammas: é empregada na opilação, na<br />

curto, de côr vermelha ; a casca é peliculosa,<br />

cobre uma polpa compacta, ama­<br />

ictericia e na melancolia.<br />

rella côr de gemma d'ovo.<br />

Purga de carljó.—Períanthopodm<br />

Tem um caroço que se desliga facil­ carijo (?)—Fam. das Cucurbitaceas.—Esta<br />

mente da massa, deixando,; a loja que planta recebe este nome em Cuyabá.<br />

occupava.<br />

E' uma trepadeira, que alastra : tem<br />

Usam d'ella cosida.<br />

raiz tuberosa, que é um drástico<br />

Promove uma comixão nos lábios'' de empregado contra as mordeduras de<br />

quem a come crua, DU ainda mal co­ cobras, em dose de 2 á 4 gramsida.mas.<br />

O fructo é de côr vermelha. Julgara<br />

Pureza.v-Tttccíi gloriosa, Linn. — ser a mesma planta de S. Paulo— Es-<br />

Fam. dat Liliaceas. — E' um arbusto phelina, ou Espenna.<br />

cultivado nos jardins do Brasil ; é originário<br />

do México, Virgínia, Carolina, Purga de cavallo.—Convolvulus<br />

e Peru.<br />

ventricosus, Manso,—Fam. das Convolvu­<br />

Eleva-se á altura de 4 1/2 metros laceas.—Planta do paiz, que vegeta no<br />

pouco mais ou menos.<br />

Paraná e recebe este nome.<br />

Elle fôrma um tronco herbaceo cir­ E' rasteira ou trepadeira.<br />

culado de folhas compridas de mais E' um poderoso purgante empregado<br />

de vara muitas vezes grossas, fibrosas, nos animaes cavallares.<br />

ensiformes de côr verde-azulada, tendo<br />

as bordas desornadas, e no ápice um Purga de Cayapó.— Dermophylla<br />

aguilhão picante.<br />

elliptica.(?)—Fam. das Cucurbitaceas.— E'<br />

Ellas se dispõem em espiral, muito também um cipó, cujo fructo amarello<br />

perfeita formando um verticillo cerrado ; e comprido, contém umas sementes miú­<br />

do centro brota uma vergontea alta das márginadas por uma linha branca,<br />

cylindrica de mais de 2 metros que do e que tem a virtuda de ser fortemente<br />

seu meio para cima ou no terço supe­ purgativa.<br />

rior enche-se de flores brancas forman­ Emprega-se como drástico nas mordo<br />

uma pyramide bella ; tem algum deduras de cobras.<br />

cheiro : em divisões espaçosas, d'esse<br />

grande cacho, ellas parecem campainhas Purga de Cayapó (de Santos.)<br />

pendentes, dando porfructo uma cápsula — Cayaponia globosa, Manso ? — Fam.<br />

trigona oblonga, que encerra algumas idem.— E' também planta trepadeira.<br />

sementes.<br />

Seu fructo é redondo e amarello, tem<br />

umas sementes drásticas, que, dadas em<br />

Purga de Amaro Leite. —E' clystér, podem, em dose elevada, produ­<br />

Jalapa em S. Paulo, em Minas Batata zir uma hemorrhagia.<br />

de purga ou Ipú e em Goyaz Purga de<br />

Amaro Leite.<br />

Basta meio fructo para um purgante.<br />

Purga do gentio.—Cayaponia dif-<br />

Purga do caboclo.— V. Purga de fusa, Manso — Boysniapillosa, (?) Vell.—<br />

gentíos.<br />

Fam. idem.—Esta planta é conhecida por<br />

este nome no Rio e em S. Paulo.<br />

Purga do campo.—Echites ale-<br />

Ella é também trepadeira.<br />

xicaca, Mart.—Fam. das Apocynaceas.— A raiz é também purgativa e empre­<br />

Este vegetal recebe este nome nas progada nas mordeduras de cobras.<br />

víncias de S. Paulo, Minas, Goyaz e Em pó, ou sêcca, dá-se na dose de<br />

Matto Grosso.<br />

8 grammas; uma frueta é já um bom<br />

Esta planta é purgativa na dose de purgante.


QUA QUA 369<br />

Ha outra espécie descripta de Cayaponia<br />

por Martius.<br />

Purga do gentio. — V Andáaçú,<br />

ou Indayaçú, no Rio e em S. U&ulo.<br />

Purga de João Paes.— V. Caa-<br />

Ataya.<br />

Purga de João Paes (em S.<br />

Paulo).—V. Bucha.<br />

Purga de marinheiro.—V.Gitó.<br />

Purga de pastor. — Ecíites pastorum,<br />

Mart.— Famadas Apoçjanaceas.—<br />

Arbusto do paiz^purgátivo, muito empregado<br />

pelos indígenas.<br />

Purga dos paulistas.— F. Andaaçú.<br />

**-<br />

Purga de veado.— V. purga do<br />

Campo. 1 :; Sua grandeza é de 3 centímetros; é<br />

redondo, ou espherico, de côr preta<br />

quando maduro, casca pouco espessa<br />

e molle. &<br />

Tem muitos caroços dentro, que<br />

são quasi \ redondos, pretos, envoltos<br />

em uma níassa roixa, aquosa, doce e<br />

ligeiramente^ acidulada.<br />

Dizem |&r o gosto./da batata.<br />

O fruci^^ilverisajáo e suspenso em<br />

uma porçãfó a'agúa ^e%|empregado nos<br />

pleurizes.<br />

Purunan.— Fam. ãas Palmeiras.—<br />

E* uma ífructa que em Alagoas conhecem<br />

por este nome.<br />

E' uma palmeira de baixo porte,<br />

cujos cachos tocam no chão.<br />

0 fructo é da grandeza de um<br />

ovo, o caroço mais carnoso e de côr<br />

•-n<br />

amarella gemada, cuja massa é mui<br />

agradável e doce.<br />

Puruhy.— Fructo selvático do Pará, A casca de fora é semelhante á do<br />

por conseguinte indígena.<br />

Catolé, e coreacea*<br />

Q-<br />

Quapoya. — Clusia quapoya. — Clus E' um arbusto de folhas oppostas,<br />

scandens, Aubl. — Fam. das Clusiaceas. e de diversas — disposições, ovaes, lisas<br />

Arvore trepadeira} que vegeta na Guy­ com flores em cachos, amarellas.<br />

anna e no Amazonas, é de folhas obo­ Seus fruetos são cápsulas trigonas,<br />

vaes agudas, flores amarellas, e um ou de gomos como duas valvas; cada<br />

fructo globoso.<br />

costado dos gomos com um caroço redondo,<br />

e embaçado, em cada coca.<br />

Quaresma (CòcoJ.—Cocos flexuosa.<br />

— Fam. das Palmeiras. — O fructo tem<br />

uma amêndoa muito agradável.<br />

Quassa ou Quassia de Cayenna.<br />

— Quassia amara, Linn. e Spl.<br />

Quaró. — Galphimia brasiliensis. e — Rich. — Fam. das Rutaceas. — E' um<br />

Cav. Tryallis brasiliensis, Linn. arbusto — Fam. originário da Cayenna, culti­<br />

das Malpighiaceas. — Planta indígena vado entre nós, nas províncias da<br />

que vegeta em Goyaz, S. Paulo, e Minas Bahia e Pará.<br />

Geraes.<br />

Elle é vergonteado desde a base, quasi<br />

Florece em mezes diversos, segundo em touceira, de casca esbranquiçada.<br />

os lugares, á saber: em Setembro, em. As folhas em palmas de um verde<br />

Dezembro, e em Fevereiro.<br />

roixeado.<br />

49


QUE QUI 3*1<br />

Quebra panella, falsa.—Demos- Queimadeira.— Cniãosculus Marcchata<br />

procubens.— Fam. das Amaranthaiigrav.— Fam. das Euphorbiaceas.— Esta<br />

ceas. — Esta herva, que lhe dão nas planta é semelhante aos Pinhões.<br />

Alagoas este nome, também o tem em Suas sementes são purgativas, como<br />

Pernambuco.<br />

são as do Andá-açú, e outras d'este gê­<br />

Ella é um pouco alastrada. nero.<br />

Seu caule é nodoso, com juntas. Em Pernambuco usam d'esta planta,<br />

As folhas oppostas, lanceoladas. pisada para applicar-se em massa nos<br />

As flores, em pedunculos compridos, tumores carbunculosos , e para se<br />

que são um aggregado de florir has bran­ esfregar nas nodoas da pelle.<br />

cas e paleaceas.<br />

Emfim, é uma semelhança da flor Queraíba.—V. Carrapixinho.<br />

ehamada Perpetua branca; porém com<br />

o capitulo pequeno e as flores também Quiabo de Angola. — Cucumis<br />

pequenas.<br />

africanus, Linn.—Fam. das Cucurbitaceas.<br />

O fructo é o mesmo que o da Per­ —Esta espécie desvia-se do geral dos<br />

petua, apenas tendo um grãosinho preto Quiabos, e o nome que lhe dão em Per­<br />

luzente.<br />

nambuco, é impróprio.<br />

E' herva alastrada, originaria da<br />

Quebra panella, verdadeira• África.<br />

—Fam. idem.— Esta planta é conhecida As folhas, têm cinco angulos-agu-<br />

nas Alagoas por este nome, ha também dos, com filamentos ou gavinhas para<br />

em Pernambuco.<br />

agarrar-se.<br />

E' um subarbustinho que estende-se As flores, são amarellas, um tanto<br />

sobre as outras plantas.<br />

grandes, em fôrma de campana.<br />

O caule é nodoso e branco.<br />

Ha masculinas e femininas.<br />

As folhas, oppostas , ellipticas, um O fructo é um pequeno melão de fôrma<br />

pouco pelludas.<br />

conica ou pyramidal, roliço, riscado por<br />

As flores, em pedunculos longos, ag- listrinhas externamente verdes ; dentro,<br />

gregadas, globosas^ e brancas; sendo o a massa é branca, frouxa, contendo se­<br />

globo maior.<br />

mentes ovaes, chatas, brancas, de cheiro<br />

0 fructo é o mesmo.<br />

fastidioso, e a casca é cornea.<br />

Queimadeira loco. — Plumbago Quiabo de Cayenna — Fam. da<br />

scãndens, Linn. e Spl.—Fam. das Plumba- Cucurbitaceas.—Dão este nome também<br />

gaceas.—Planta do paiz, que na lingua á uma frueta, que parece-se com a pre­<br />

dos indígenas chamam-a Caa-pomancedente, e tem com ella toda a analoga.gia.<br />

Conhecida em quasi todo o Brasil, pela Emquanto tenra come-se cosinhada.<br />

sua propriedade de queimar a pelle.<br />

Ella é uma herva, que derreia-se sobre<br />

Sua estructura é a mesma.<br />

as outras plantas.<br />

Quiabo chifre de veado.—Eí-<br />

Seu caule verde carrega folhas alterbiscus esculentus.—Fam. das Malvaceas.<br />

nas, lanceoladas , estreitas e lustro­ — Este Quiabo é semelhantissimo em<br />

sas.<br />

tudo ao Quiabo commum.<br />

As flores, em espigas, são brancas O fructo, porém, é duas ou três vezes<br />

como jasmins , com o cálice fusifor- maior e fino em<br />

me, ouriçado de uns pellos foliaceos, deza.<br />

proporção da gran­<br />

glandulosos, com uma viscosidade. Tem o ápice mui prolongado em fôr­<br />

O fructo é uma cápsula.<br />

ma de ponta, e é mais liso, porque tem<br />

Üsa-se como cauterio forte. menos pellos.


39 3 QUI QH<br />

Tem os mesmos usos, e dizem que gulosas (na phrase vulgar oitavadas), o<br />

têm alguma differença no gosto. tamanho d'este é de ordinário ontilo<br />

mais considerável, e ás vezes cresce<br />

Quiabo commum. — Eibiscus es- muito; também no gosto é o mesmo;<br />

culentus, Linn. — Fam. Idem.—O fructo porém tem mais fibras; a que o vulgo<br />

d'esta planta em todas as províncias é chama palhento.<br />

conhecido por Quiabo, e do Rio de Janeiro<br />

para o sul por Quingombô.<br />

Quiabo do Maranhão. — !•'.', se<br />

Uns dizem ser originaria das Índias, não é a mesma, ao menos variedade<br />

outros da America Meridional.<br />

E' um fructo proveniente de um sub­<br />

semelhante.<br />

arbustinho herbaceo, que cresce de 1 Quimbòa brava.—Achimenes trí-<br />

e % a 2 metros quasi sem esgalhar sepala. —Fam. das Scrophulariaceas. —<br />

O caule tsm alternadamente saliên­ Herva que nas Alagoas tem este nome.<br />

cias nodosas, cicatrizes das folhas an­ Seus caules são quadrados e rosados.<br />

tigas.<br />

As folhas oppostas, lanceoladas, e<br />

As folhas de peciolos compridos, dentéadas, isto é, repicadas em de-<br />

limbo palmado, isto é, com lobos, baredor, e aromaticas.<br />

ças, pelludas e ásperas.<br />

As flores, que abraçam o caule em<br />

As flores, quasi solitárias nas axillas um ponto, são brancas, da fôrma<br />

das folhas e no ápice, são como uma d'uma cornêtinha.<br />

rosa, porém em uma só ordem de pé­ O fructo é uma cápsula, de figura<br />

talas e abrindo pouco; isto é, formando prismática, tendo muitos grãos miudis-<br />

como campana de côr amarella enxofrada<br />

com manchas purpureas no fundo<br />

simos presos no centro.<br />

da flor.<br />

Quimbòa mansa.—Achimenes gi-<br />

O fructo é uma cápsula verde, de bosa.—Fam. idem.—Esta outra espécie,<br />

figura pyramidal ou conica, oblonga e é de Pernambuco e Alagoas, onde tem<br />

roliça, pelluda terminando em ponta, este nome.<br />

e inferiormente tem a base como uma Seu porte é como o da precedente,<br />

salva com seu pé; dentro é dividido porém com o caule alado, e no meio<br />

em cinco repartimentos, cada um cheio bojudo.<br />

de sementes redondas: todos estes te- As folhas emparelhadas e lanceogumentos<br />

são mucilaginosos, e escorladas .<br />

regadiços.<br />

As flores roixas e á maneira de cor-<br />

O Quiabo quasi que é uma verdura netas.<br />

diária de todas as casas do nosso paiz, Toda a planta é aromatica.<br />

além de entrar em muitas iguarias como O fructo é uma cápsula pegada ao<br />

principal ingrediente ; tem também vir­ envoltório floral, globosa com quatro<br />

tudes medicinaes; elle resolve enfarta- valvas, tendo dentro muitos grãos<br />

mento das glândulas (vulgo alporcas); miúdos.<br />

também tem a mesma acção nos tumores<br />

inflamatorios; passa por excitante Quindins das brasileiras. —<br />

hemorroidal.<br />

Fam. das Labiadas.—Herva. exótica ele­<br />

Ha outras variedades como mostragante e muito aromatica; tem este nome<br />

remos.<br />

em Pernambuco.<br />

Ella cresce de 1/2 a 1/2 metro e 24<br />

Quiabo de gomos.— Hibiscus.— centimetros entre nós, é de um verde<br />

Fam. idem.—Também está nas condi­ gaio.<br />

ções dos outros precedentes quanto ao As folhas formam como uma lamina<br />

vegetal.<br />

frocada, crespa e de um lindo effeito, pa­<br />

O fructo porém offereee faces, anrecendo uma pluma com a configuração


QUI QUI 3?3<br />

espatulada e todo o limbo lacini<br />

nunca a vimos florida.<br />

: plantações em Java. O governo Inglez<br />

fez grandes esforços, dispendendo gran­<br />

E' objecto de jardim.<br />

des sommas com o transporte das sementes<br />

e mudas.<br />

Quingombó.— V. Quiabo.<br />

O resultado tem excedido á expectativa<br />

geral.<br />

Quingombó de cheiro ou<br />

Actualmente as cascas de quina da<br />

Quiabo de cheiro.—Eibiscus abelíndia<br />

já são cotisadas nos mercados<br />

moschus. Linn. e Cave.—Fam. das Malvade<br />

Londres, e bem cedo talvez concorceas.—Planta<br />

oriunda da índia. rerão seriamente com o produeto ame­<br />

E' mui semelhante ao Quiabeiro orricano.dinário;<br />

porém o caule d'este é mais E' de lamentar, que o Brasil, demar-<br />

lenhoso e em sua base é hispido. cando-se com os paizes, onde a quina<br />

As folhas são cordiformes de sete vegeta espontaneamente não a tenha<br />

chanfraduras.<br />

feito plantar nos seus vastos terrenos.<br />

As flores côr de enxofre voltam-se Em geral todos os productos, cuja<br />

para o pé.<br />

preparação não exige grande trabalho,<br />

O fructo é coberto de pellos macios. deviam ser adoptados pelo Brasil, visto<br />

Os grãos pequenos em fôrma de rhim, como, sendo a nossa população dimi­<br />

exhalam um cheiro de musgo e de âmbar nuta e espalhada e em grande parte<br />

mui agradável,<br />

falta de meios, não pôde oecupar-se<br />

Cultiva-se na America, e é uzado em de industrias que exijam capitães avul-<br />

fomentações e clysteres.<br />

tados e conhecimentos especiaes, machinas<br />

e instrumentos aperfeiçoados.<br />

Quina ou Quina Quina Cin- Mas o que devemos nós esperar dos<br />

chona officinalis, Linn. — Fam. das governos Ru­ em relação ao cultivo d'este<br />

biaceas.— Com este nome é conhecido riquíssimo vegetal, quando a agricul­<br />

grande numero de arvores pertencentura, por descuido dos homens do potes<br />

á familia das Rubiaceas. der definha geralmente n'esteabençoado<br />

Cresce nos terrenos d'America do Sul, solo brasileiro ?<br />

sobretudo no Peru, Colômbia e Bolívia, E' a quina grande e bella arvore de<br />

onde existem sertões inteiros cobertos folhas emparelhadas, ovaes lanceoladas,<br />

da grande Cinchona.<br />

lustrosas e quasi coriaceas.<br />

Entretanto Mr. St. Hilaire encontrou Suas flores em cachos são brancas<br />

em muitos lugares do Brasil algumas com cheiro suave á maneira de peque­<br />

espécies tão apreciadas, quanto a mesnas angélicas, sobrepostas em um cáma<br />

Cinchona do Peru.<br />

lice bojudo.<br />

O sábio e distineto naturalista Mar- Suas fructinhas são cápsulas ovaes,<br />

tius fez um relatório ao nosso governo, abrindo-se naturalmente em duas val­<br />

e quem mostrou a facilidade de invas, mostrando duas lojas contendo<br />

troduzir a quina em nosso paiz, e muitos grãos membranosos.<br />

trou as grandes vantagens que o Brasil<br />

podia tirar de tão importante ve­ RESUMO HISTÓRICO DAS QUINAS.<br />

getal.<br />

Mostrou mais que o governo dos Ainda que as quinas fossem empre­<br />

Paizes Baixos e o governo da Ingadas nos tratamentos de varias moglaterra<br />

tinham empregado sérios esléstias pelos habitantes do Peru, antes<br />

forços para transplantarem esta planta da chegada dos Europeus á America,<br />

para suas possessões na índia. com tudo parece que só em 1638 a<br />

Mostrou ainda que na primeira expo­ cura feita por meio d'esta planta na<br />

sição havida em Londres, ja tinha sido pessoa da Condessa de Chinchon,<br />

apresentada a casca de quina de suas | mulher do Vice -Rei, é que dispertou


374 QUI QUI<br />

a attenção dos médicos para esta<br />

casca, a qual, reduzida a pó, foi trazida<br />

á Hespanha, e por muito tempo<br />

uzada, com o nome de pó da Condessa.<br />

Em 1649 os jesuítas de Roma receberam<br />

grande porção de quina, que<br />

espalharam por toda a Itália, e o<br />

novo remédio foi por isso chamado-Pó<br />

dos jesuítas.<br />

Em 1679 ainda a quina passava<br />

como um remédio secreto, e foi<br />

quando Luiz XIV comprou o segredo<br />

a um Inglez chamado Talbot, contemporâneo<br />

de Sydenham; desde então<br />

é que a Quina entrou scientificamente<br />

no domínio da Matéria Medica.<br />

Em 1738 Mr. Ia Cadomine em sua<br />

volta d'America publicou uma noticia<br />

sobre a arvore da quina, a qual Lin-<br />

Emprega-se nas febres intermitentes,<br />

nevralgias, e outras affecções periódicas.<br />

Internamente as cascas de quina applicam-se<br />

na doze de dez grammas em<br />

água fervendo quinhentas grammas. Pó<br />

de quina 4 grammas, a 30 grommas,<br />

em seis doses.<br />

Passaremos a descrever as variedades<br />

da Quina do Brasil.<br />

Quina bicolorada.— Solanum<br />

pseuáoquina, St. EU.—Fam. das Solanaceas.—<br />

Esta"quina é de S. Paulo, onde é<br />

conhecida por tal nome ; a casca d'este<br />

vegetal é iminentemente amarga, e<br />

por isso um optimo seccedaneo da<br />

verdadeira quina.<br />

Quina branca.— V. Quina de Ires<br />

folhas brancas.<br />

nêo denominou — Chinchona officinalis.<br />

A importância d'esta arvore está na Quina- de Cantamú.— Coutinia<br />

sua casca.<br />

illustris, Vell.— Fam. das Apocynaceas.—<br />

Três são as principaes espécies de Arbusto indígena do paiz.<br />

quina offlcinal.<br />

Sua casca é amarga e applicada em<br />

A primeira Quina cinzenta ou quina decocção, infusão e extracto, na dose<br />

de Loxa, quina de Humalia.<br />

de 10 grammas para 500 grammas<br />

Segunda Quina amarella ou calyssoia d'água é muito usado nas febres inter­<br />

ou quina real.<br />

Terceira Quina vermelha.<br />

mitentes .<br />

A Quina cinzenta é de cascas enrola­ Quina do campo. — Slrychnos<br />

das, algum tanto fibrosas, mais adstrin­ pseuáoquina, St. EU.—Fam. das Apocygentes<br />

do que amargas, produzindo naceas.— A casca d'esta arvore é um<br />

um pó que tem côr ruiva; contém dos medicamentos tônicos e febrifugos<br />

sobre tudo cinchonina, e quasi nada mais importante do Brasil.<br />

de quinna.<br />

E' de pedaços curtos, muito irre­<br />

A Quina amarella tem uma casca flgulares,<br />

lisos ou meio enrolados, forbrosa<br />

mais volumosa do que a das mados de duas partes bem distinctas:<br />

cinzentas, mais amarga e produ­ o liber e as camadas cortiçosas.<br />

zindo um pó alaranjado contendo saes O liber é muito delgado ou muito<br />

de cal e de quinina em grande quan­ espesso, o que pareceria indicar duas<br />

tidade .<br />

variedades de casca, uma talvez per­<br />

A Quina vermelha é amarga adstrintencendo á raiz ou ao tronco, outra<br />

gente, dando um pó rubro mais ou aos ramos.<br />

menos vivo, contendo tanto quinina Geralmente são as cascas mais<br />

como ci^ehonina.<br />

longas que offerecem o liber mais delgado<br />

(1 milímetro) as cascas enro­<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— A casca da ladas tem ao contrario a espessura<br />

quina é um dos medicamentos mais im­ de 5 á 7 milímetros.<br />

portantes da Matéria Medica, é d'entre Este liber tem tomado em contacto<br />

os tônicos e antiperiodicos o mais se­ com o ar uma côr cinzenta mais ou meguro.<br />

| nos carregada; mas é esbranquiçada no


QUI QUI 375<br />

interior, tem uma fenda glomerada antes I Exostema floribunda, Pers. — Cinchona<br />

que fibrosa; sobre tudo n'aquelle que floribunãa, Swart.—Fam. iãem.E' um<br />

é espesso : possue um amargo muito arbusto das Antilhas e também sel­<br />

forte.<br />

vático do Brasil.<br />

Quer o liber seja delgado quer espesso? E' de porte médio.<br />

as camadas corticosas são semelhantes, Folhas emparelhadas,' ovaes, oblon­<br />

applicadas em grande numero umas gas, um tanto largas.<br />

sobre as outras, até uma espessura de Flores, em cachos nas extremidades<br />

10 a 15 milímetros.<br />

dos ramos, brancas e grandes.<br />

São ordinariamente fendidas até o li­ O fructo, é uma cápsula oval, crenelada<br />

ber estas camadas corticosas, e cobertas no apice,'com duas valvas e dois grãos.<br />

d'uma epiderme branca, e como que Esta espécie e outras como a Exost<br />

cretáceas; mas no interior são d'uma carybcea, Pers, e Cinchona carybcea, Jacq,<br />

bella côr encarnada ou alaranjada : pos­ crescem nas Antilhas.<br />

suem um sabor amargoso forte e Affírmam alguns naturalistas que<br />

persistente, como o do liber. no território amazônico se encontra<br />

Quina do campo (de Minas.)<br />

também.<br />

—Eortia brasiliensis, Vell.— Fam. Quina das do Pará.—Cascarilla<br />

Rutacens.— Planta de casca amarga, adigens. — Fam. das Euphorbiaceas. —<br />

adstringente e anti-febril.<br />

E' empregada esta planta nas febres<br />

de máo caracter, e em locções nas ul­<br />

Quina de Cuyabá.— Chinchona ceras sórdidas.<br />

Cuyabensis, Mans.— Fam. das Rubiaceas.<br />

— Arvore que vegeta ali, e com as pro­ Quina de Pernambuco. — Coupriedades<br />

febrifugas da Quina. tarea specíosa, Aubl. — Fam. das Rubiaceas.<br />

— E' uma arvore que vegeta em<br />

Quina de D. Diogo de Souza. Pernambuco, e . no Amazonas, cujas<br />

— V. Qnina de Piauhy.<br />

flores são côr de carne, e cujas propriedades<br />

são semelhantes ás da quina.<br />

Quina do matto.— Ceslrum pseudo-quina.—Fam.<br />

das Solanaceas.— Planta<br />

Quina do Piauhy. — Exostema<br />

do Rio Grande do Sul, onde é conhe­<br />

cuspidatum. St. EU.— (?) Fam. idem. — E'<br />

cida por este name.<br />

uma outra espécie da ordem das Quinas.<br />

E' planta que exala máo cheiro ;<br />

Quina do Piauhy (outra). —<br />

suas folhas são como as do jasmim.<br />

Exost. Souzanum, Mart. — Fam. idem.<br />

Esta espécie t3m muito amargo na<br />

— E' outra arvore do Piauhy, que tem<br />

casca, e suppre bem á verdadeira quina.<br />

suas folhas ovaes e emparelhadas, com<br />

Quina do matto.— Exostema cus-<br />

a virtude da quina.<br />

pidatum, St. EU.—Fam. das Rubiaceas. Quina do Remigio. — Cinchona<br />

Esta espécie de quina cresce no Rio de Remigiana, St. EU.— Remigia. Eilarii D.<br />

Janeiro, e em Miaas, aonde é muito C.— Fam. idem. — Esta qualidade de<br />

conhecida; tem os ittributos das outras. quina é de Minas.<br />

O arbusto tem as flores brancas. E' uma espécie que tem as folhas<br />

grandes, ellipticas e coriaceas, e bs<br />

Quina do matto (outra.)— Exos­ ramos ferruginosos cobertos de cotão.<br />

tema australe, St. Hil.— Fam. idem.—<br />

D'esta outra especií as virtudes me- Quina do Rio de Janeiro.—<br />

dicaes são as mesnas.<br />

Exostema formosum, Cham. — Fam. idem.<br />

— Esta espécie é conhecida no Rio de<br />

Quina do matto (outra). — Janeiro.


376 QUI QUI<br />

Tem as folhas ellipticas.<br />

As flores em cachos.<br />

As folhas tem uma espécie de granulação.<br />

Tem as propriedades das outras.<br />

O sabor é amarissimo e desagradável.<br />

Quina de três folhos brancas.<br />

— Ticorea febrifuga, St. EU. — Fam.<br />

Quina do Rio de Janeiro<br />

das Rutaceas. — Planta arbórea de folhas<br />

esparsas compostas de três folio­<br />

(outra). — Buena hexandra, Pohl. — los e odoriferas.<br />

Fam. idem. — E' uma outra espécie, Flores brancas em cachos pequenos.<br />

cuja arvore tem os ramos mui floridos.<br />

E' anti-febril.<br />

As folhas, ovaes, emparelhadas. Quipá.—Caclus.—Fam. das Cacta­<br />

As flores brancas.<br />

ceas. — E' um arbusto do sertão, co­<br />

Quina do Rio Grande do Sul.<br />

nhecido n'aquelles lugares por este<br />

nome.<br />

— Dioscorea febrifuga, Mart. — Fam. Seu caule é o mesmo corpo herba-<br />

das Rhamnaceas. — E' anti-febril e tônica. ceo, todo de articulações moniliformes;<br />

é esgalhado, ouriçado de espinhos em<br />

Quina do Rio Negro. — Chin- feixes, que são agudos.<br />

chona firmula Mart. — Fam. das Rubia­ As flores grandes.<br />

ceas. — Mais três espécies por Martius As petelas côr de rosa.<br />

foram observadas ; mas tendo nós n'esta Tem aroma.<br />

ordem de plantas dado em nosso pa- A frueta, oval, de 6 centimetros mais<br />

ragrapho acima os caracteres das chin- ou menos, amarella por fora.<br />

chonas, póde-se avaliar por elles: são Não se come.<br />

suas denominações as seguintes: E' uma espécie, congênere da Pal­<br />

Chinchona lambertina, Martius.<br />

Chinchona bergeniana, Martius.<br />

matória.<br />

Chinchona macroenemia, Martius. Quiri. — Fam. dai Leguminosas. —<br />

Arvore de porte pequeno e agreste<br />

Quina da serra. —Remigia fer- Ido paiz, conhecida por este nome em<br />

ruginea. D. C. — Chinchona, ferruginea, Pernambuco, Alagoas, e Parahyba, e no<br />

St. EU. — Fam. idem. — Vegeta esta Ceará por Frei Jorge.<br />

quina nos montes áridos de Minas. É também chamada em outros lugares<br />

E' dotada das propriedades das ou­ Quiriquiri.<br />

tras irmãs.<br />

E' uma arvore de mediano porte ; seu<br />

tronco não engrossa senão de um diâme­<br />

Quina de S. Paulo. — Solanum tro de pouco mais de 22 centímetros.<br />

pseudo-quina, St. EU. — Fam. das SolaA<br />

casca é quasi lisa.<br />

naceas. — Arbusto da província de S. As folhas em palmas oppostas, se­<br />

Paulo • a casca d'essa arvore é usada cas, ovaes e lanceolidas.<br />

como febrifuga.<br />

As flores não visiteis.<br />

Ella é ordinariamente enrolada, co­ Quando engrossa seu âmago é verberta<br />

d'uma epiderme delgada e golmelho.peada; é amarella ou esbranquiçada O Quiri é uma madeira compacta,<br />

no interior.<br />

alva, dura, e presta-se excellentemente ás<br />

Assemelha-se muito á canella branca; obras de torno: farece um marfim;<br />

mas é inodora.<br />

é de uma duração espantosa, e mui<br />

Sua superfície interiormente, em vez bôa de polir-se.<br />

dp ser branca, é de um cinzento que Costumam fazer d'elle bastões e ben­<br />

contrasta com a fenda branca e grogalas.nulosa da casca.<br />

Queimando-se este páo, com arte,


RAB RAB 377<br />

depois de envemisado, apresenta um<br />

marchetado delicado; infelizmente não<br />

o deixam engrossar.<br />

Quiriquininga.— V- Quyassú.<br />

Quiriquininga.—V Páo Ferro—<br />

Queride leite.<br />

E' uma outra espécie não observada<br />

por nós.<br />

A infusão se dá em uma oitava, para<br />

uma libra d'água fervendo.<br />

As flores, são miúdas, azues ou violetas.<br />

Os fruetos são globosos e miúdos, contendo<br />

dentro varias sementes.<br />

E' aromatica e serve de adubo na arte<br />

culinária.<br />

Quixaba.— Fam. das Leguminosas.<br />

— E' uma arvore selvática privativa dos<br />

Q11 i rari.—Myrtus, quixeiri (?)— Fam. sertões, e muito esgalhada e copada.<br />

das Myrtaceas.— Este vegetal nasce nos Folhas pequenas e redondas.<br />

sertões de Minas.<br />

Flores brancas.<br />

Seus fruetos são vermelhos, do tama­ A frueta, que na maturidade é preta,<br />

nho de uma baila de espingarda e co­ é de pollegada de comprimento, roliça, de<br />

mestíveis.<br />

casca fina e um caroço comprido dentro,<br />

envolto em um mel branco edoce; esse<br />

Quito dc Pernambuco. — Fam. caroço serve de alimento ás aves.<br />

das Labiadas. — Herva que vegeta em A madeira d'esta planta, por vergar<br />

Pernambuco.<br />

muito, os sertanejos servem-se d'ella<br />

E' uma planta um pouco rasteira, que para guiada de tocar bois.<br />

vegeta em lugares frescos.<br />

Suas folhas são recortadas, seu caule Quiya Apua.— F. Pimenta mala­<br />

nodoso.<br />

gueta.<br />

Quiti.— F Páo de sabão ou Sabonete. Quiya Apua.—V.Pimenta de cheiro.<br />

Quitòeo.— Pluchea quitoc, D. C. — Quiyacu ntar i.—V. Pimentacumari.<br />

Fam. das Compostas.— Planta herbacea,<br />

odorifera, cujas flores são purpurinas. Quiyaqui.— V. Pimentão.<br />

Empregada como carminativa, resolutiva,<br />

antihysterica e digestiva, tanto Quiya ou Quiymba.—V.Pimenta<br />

interna, como externamente.<br />

da terra em tupinico.<br />

:R_.<br />

Rabaça.—Lialris edulis. (?) —Fam. As ffôres são em cachos á semelhança<br />

das Compostas.—E' uma herva agreste que de jarrinhos verdes quasi invisíveis,<br />

nas Alagoas e Pernambuco é conhecida côr de lyrio claro.<br />

por este nome.<br />

Os fruetos são pequeninos, coroados<br />

Vegeta em muitos lugares.<br />

por um froco de pellos brancos e macios<br />

E' de 60 a 80 centimetros de altura. que facilmente voam.<br />

O caule é verde.<br />

Estas folhas come-se como brêdo, e<br />

As folhas divididas em muitos lobos; passam por excellentes.<br />

são molles e cheirosas quando esmagadas.<br />

Rftbão.—Raphanus sativus, Var.—Ob-<br />

50


378 RAB RAB<br />

longas, Linn. —Fam. dasCruciferas.—Este<br />

legume cultivado no Brasil á muito<br />

tempo, é natural da Europa e da Ásia.<br />

Herva de 60 á 8) centimetros de altura.<br />

Caule herbaceo.<br />

Folhas alternas, oblongas,. espatuladas<br />

e meio crespas.<br />

As flores em longas espigas, formam<br />

uma cruzeta.<br />

Os fruetos são vagens pequeninas,<br />

foliaceas, estreitas, com as sementes<br />

redondas e pequenas, que excitam a<br />

lingua.<br />

A raiz é fusiforme, oblonga, es<br />

treitando-se para a ponta, coberta de<br />

uma casca arroixeada e membranosa;<br />

é doce e de agradável gosto.<br />

Prepara-se de toda á -maneira esta<br />

raiz para servir de alimento.<br />

Alem d'isso gosa das propriedades de<br />

outras de sua familia, de ser antiscorbutica.<br />

Rabo de bugio ou Bugio.—<br />

V Bugí.<br />

Rabo de bugio.—AIsophylia aromatica,<br />

Mart.— Fam. das Myrtaceas.—<br />

Planta do paiz : é mucilaginosa, e empregada<br />

contra os catarrhos,hemopthises<br />

e tosses chronicas.<br />

Rabo de cavallo, falso.— F.<br />

Jacarandá de campina.<br />

Rabo de cavallo. verdadeiro.<br />

— Wisteria.— Fam. das Leguminosas.—<br />

Arvore indígena dos nossas mattas, que<br />

nas Alagoas recebe este nome.<br />

Tem as folhas compostas de foliolos<br />

lanceolados e um tanto grandes.<br />

As flores, dispostas em cachos espigados,<br />

são roixas e á maneira de borboletas;<br />

são erectas.<br />

O fructo é uma vagem lisa e pequena,<br />

um tanto pillosa, contendo poucas sementes<br />

, e abrindo-se em duas valvas.<br />

Rabo de guariba. — Fam. das<br />

Compostas.— Arvore agreste, que é conhecida<br />

por este nome nas Alagoas.<br />

E' alta.<br />

Suas folhas são alternas, ellipticas,<br />

agudas e ásperas.<br />

As flores, e os fruetos, não vimos.<br />

Rabo de porro.— Fam. das Euphorbiaceas.<br />

— Arbusto das mattas do<br />

Alagoas, onde é conhecido por este<br />

nome.<br />

Tem um sueco viscoso e leitoso.<br />

Suas folhas, alternas, são oblongas,<br />

ponteagudas, lustrosas e planas.<br />

A flores são esquisitas, em cachos,<br />

sobre pedunculos compridos, de sexos<br />

distinetos.<br />

Em um d'esses cachos desenvolvem-se<br />

os fruetinhos, como pequenas nozes trigonas,<br />

de seis divisões, contendo no<br />

interior três caroços, como no Carrapateiro<br />

ou Mamoneiro.<br />

As flores masculinas cahem, parecem<br />

flores de Macella medicinal.<br />

Também chamam a esta planta Guela<br />

de pato, e Murzella.<br />

Rabo de raposa.— Conyza rubefaciens.—<br />

Fam. das Compostas.— E' uma<br />

herva de folhagem azulada, pouco esgalhada,<br />

e indígena : tem em Pernambuco<br />

este nome.<br />

As folhas são estreitas, molles c fusiformes.<br />

As flores são em cachos, comojarrinhos<br />

verdes, d'esses nascem uns pellos<br />

louros, nos quaes estão as sementinhas,<br />

que, com o vento, facilmente voam.<br />

A fricção feita com as folhas d'esta<br />

planta, sobre a cutis, fal-a rubra; e<br />

a sua applicação sobre os chamados<br />

pannos da pelle, os faz desapparecer,<br />

segundo affirmam pessoas fidedignas.<br />

Rabo de rato — Banisleria tuberosa.—<br />

Fam. das Malpighiaceas.— Esta<br />

planta, agreste, recebe este nome nas<br />

Alagoas-<br />

E' um subarbustinho ou herva trepadeira<br />

ou alastrada, cujas folhas são cordiformes,<br />

oppostas, com as nervuras e<br />

os peciolos roxos.<br />

As flores são reunidas em cachos,<br />

amarellas, sem cheiro.


RAB RAI 379<br />

O fucto é uma cápsula com uma<br />

saliência no ápice, e três sementes<br />

dentro.<br />

A raiz é tuberosa; mas não comestível. <br />

lha-se ao jacanradá, mas é frágil:<br />

mesmo nas Alagoas não é abundante,<br />

e por isso não existem mobílias feitas<br />

com ella; com tudo já foi usada em<br />

outro tempo para esse fim.<br />

Rabo de tatu.— Fam. das Orchi- Raivosa.— E' a Tibornw em Minas.<br />

daceas. — E' uma planta parasita do<br />

Brasil e do México.<br />

Raiz amargosa.—Planta, que nas<br />

Seu caule é dividido em gommos províncias centraes do Brasil, tem pouco<br />

cheios de um sueco mucilaginoso e mais ou menos as propriedades da Gen-<br />

albuminoso.<br />

ciana -europea.<br />

E' muito usado na industria; misturado<br />

com o carvão animal ou vegetal<br />

A genciana em Minas é a Centarea.<br />

produz uma graxa magnífica para o R-tiix de An ver s.—E' a Caferana<br />

calçado.<br />

no Amazonas.<br />

Na arte de marceneria é empregado<br />

para substituir a colla, a gomma de Raiz de babeiro.— Echites longi-<br />

fecula, também serve para collar papel. flora.—Fam. das Apocynaceas.— Planta<br />

E' o Sumaré do Rio de Janeiro. trepadeira e tractifera, de sueco branco,<br />

bem como a Sumaúma.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— O sueco é<br />

As flores são brancas, quasi sempre<br />

applicado em xarope contra as tosses em cachos.<br />

recentes é antigas, catharros, bronchites As folhas oppostas, coriaceas e car­<br />

chronicas, hemoptyses, coqueluche, sufnosas.focação, e em geral contra todas as enfermidades<br />

causadas por irritação das Raiz de Brandão.— Planta que<br />

vias respiratórias.<br />

vegeta no sertão da província : é usada<br />

Convém igualmente para alliviar aos como purgativo e antysiphilitico.<br />

pthysicos.<br />

Toma-se ou dá-se ás colheres, uma Raiz do Brasil.— V. Ipecacuanha.<br />

de duas em duas horas.<br />

Raiz de carurú.—V Carurú.<br />

Rabugem.— Corãia officinalis.—<br />

Fam. das Cordiaceas.— Arvore do paiz, Raiz da China.—V. Japecanga.<br />

de altura mediana, é conhecida nas<br />

Alagoas e Pernambuco pela denomi­ Raiz de cobra.—V. Tiú.<br />

nação acima.<br />

Seu tronco não engrossa; attinge a Raiz dc frade em Minas.<br />

25 centímetros de diâmetro pouco mais E' o Cipó cruz em S. Paulo.<br />

ou menos ; a casca é esbranquiçada.<br />

As folhas ovaes ; têm côr verde azu­ Raiz de Guiné.—V- Tipi ou . 'ipi.<br />

lada.<br />

As flores são brancas e pequenas,<br />

São espécies do mesmo gênero.<br />

em cachos espigados, as fruetas são Raiz de jacaré-arú. V Cadrupas<br />

vermelhas quasi sem espessura, ferana.<br />

envoltas no seu cálice, internamente<br />

ósseas e com um caroço no centro. Raiz de lagarto. — V. Tiú.<br />

A Rabugem é uma madeira de estimação<br />

pela sua bellesa e regidez, tem Raiz de mil homens.—Aristo­<br />

a côr castanha aloirada, com veios lochia cymbifera, Mart.—Ar. grandiflora,<br />

pardos; quando envernizada asseme­ Gom.—Fam. das Arütolochiaceas.—Esta


380 RAI RAS<br />

planta sarmentosa, cresce no Brasil, e Na Bahia e Santa Cntharina chamam<br />

excede em altura as maiores de suas Raiz preta, mas em Pernambuco dá-se o<br />

congêneres.<br />

nome de Caninana á urna outra planta<br />

Faz-se notar pelo tamanho de suas da familia das Polygalaceas.<br />

folhas, cuja extensão mede cerca de 22 A raiz é preta.<br />

centimetros, e pelo cheiro activo de que Seu lenho ó amargo.<br />

todas as suas partes são dotadas. As folhas oppostas, ovaes e Ü3as.<br />

O corpo de seu rhisoma é tuberoso As flores, em densos cachos nas axil-<br />

e lança alguns bulbilhos do comprilas das folhas são brancas, á maneira de<br />

mento de 30 á 60 centimetros, guarne- pequenas angélicas: tem cheiro agracidos<br />

de radiculas da grossura de uma dável.<br />

penna de pombo, e do comprimento de O fructo é uma baga comprimida, com<br />

10 á 16 centimetros.<br />

um prolongamento no ápice e como que<br />

Os bulbilhos são quasi semelhantes óssea interiormente, contendo dois ca­<br />

aos da Aristolochia, clemalite, mas de roços. um<br />

cheiro muito mais forte.<br />

Seu sabor é amargo, camphorado e PROPRIEDADES MÉDICAS.—Usada como<br />

aromatico<br />

anti-syphilitico, no tratamento do rheu-<br />

O interior da raiz é esbranquiçado; matismo.<br />

pela secção transversal offereee uma<br />

serie circular de vasos tubulados, pelos Raiz de tiú de cobra.(?)—Adeno-<br />

quaes se pôde aspirar água muito facilrhopium ellipticum, Pohl.—Fam. das Eumente.phorbiaceas.—<br />

Planta do Brasil, á que se<br />

attribue a virtude de inutilisar o veneno<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' aconse­ das cobras.<br />

lhada essa raiz, quando sêcca, na hy- Dizem que o Tiú ou Tyuassú, em Perdropisia,<br />

dyspepsia, e paralysia; quando nambuco, (lagarto) quando, em luta com<br />

fresca passa por venenosa.<br />

qualquer cobra, se sente mordido da<br />

mesma, é esta a planta que vai comer<br />

Raiz de ouro.— V Ipecacuanha. para curar-se ; mas hoje tem-se conhecido<br />

que não é uma só espécie de planta<br />

Raiz para tudo (de Pernam­ que gosa d'esta propriedade, e seria quabuco).—<br />

V. Para tudo.<br />

si impossível que o lagarto encontrasse<br />

sempre a mesma planta em todos os lu­<br />

Raiz do padre Salernta. —<br />

gares.<br />

Gomphrena officinalis, Mart.—Fam. das<br />

Amaranthaceas. — Planta semelhante Raiz a do sol. — Aristolochia paraen-<br />

Perpetua.<br />

sis.— Fam. das Aristolochiaceas.— Planta<br />

Tem a raiz aromatica, e é applicada trepadeira.<br />

nas dyspepsias, na diarrhéa, nas febres Folhas trilobadas, cordiformes.<br />

intermittentes e nas mordeduras das co­ São flores, que muito se assemelham<br />

bras.<br />

a pequenas jarras.<br />

Fructo, como uma cápsula oitava-<br />

Raiz preta do Rio dc Janeiro<br />

— V. cipó Cruz, em S.Paulo.<br />

da.<br />

Rasteirinha ou Coraçãosi-<br />

Raiz preta ou Caninana de<br />

n h o. — Sida procumbens. — Fam. das<br />

Minas.— Chiococca densifolia, Mart.— Malvaceas.— Herva silvestre que por<br />

Fam. das Rubiaceas.—Este arbusto, oritoda<br />

a parte vegeta; e á que dão este<br />

ginário do paiz, vegeta em muitos luga­ nome em Pernambuco.<br />

res do Império, debaixo da denomina­ E' rasteira.<br />

ção de Caninana.<br />

Seu caule é liso arroixeado, pelicoso ?


REL ROM 3S1<br />

com folhas cordiformes, pillosas, recortadas<br />

nas bordas.<br />

As flores são amarellas.<br />

O fructo é uma cápsula composta de<br />

cinco lojas que se dividem natural­<br />

Cresce até 1 metro de altura pouco<br />

mais ou menos.<br />

O caule é semi-lenhoso.<br />

As folhas alternas, ovaes e recortadas<br />

nas margens, sendo estas cobertas de<br />

pellos macios, de côr desbotada.<br />

As flores isoladas, ou em grupos de<br />

três á quatro, são como rosinhas amarellas<br />

como as da Rasteirinha.<br />

O fructo é quasi semelhante ao d'esta.<br />

Esta flor abre á certa hora do dia<br />

e fecha á outra hora determinada, d'ahi<br />

lhe vem o nome de Relógio.<br />

Ha algumas espécies e variedades.<br />

São todas emmolientes.<br />

Relógio de palma.—V Malva<br />

brava.<br />

mente, parecendo-se com dentes d'alho. Remédio de vaqueiro. — Ocymum<br />

incanescens.—Fam. das Labiadas.—<br />

Rasteiro.—Cryptostommum multícau- Esta planta é uma espécie congênere<br />

le.— Fam. das Polygalaceas.—E' um ar­<br />

do Mangericão.<br />

bustinho indígena, cresce em moitas com<br />

E' diaphoretica.<br />

os ramos desde a base, e flexíveis.<br />

Casca escura.<br />

Repolho.—Brassica o leracea capitata,<br />

Folhas alternas, oblongas, cunei- D. C—Fam. das Cruciferas. — Planta<br />

formes agudas, e grandes.<br />

bem conhecida no paiz, originaria da<br />

As flores em feixes apegados ao Europa, como quasi todas as suas con­<br />

caule, são brancas, com raias côr de gêneres ; seu nome é o mesmo em todo<br />

rosa.<br />

o Império.<br />

O fructo é uma cápsula trigonal, E' um vegetal semelhante á couve,<br />

achatada pyriforme, contendo uns ca­ mas as folhas do centro são tenras,<br />

roços amarellos e redondos.<br />

e se reúnem cerrando-se até que formam<br />

um cabeço.<br />

Ratainha da terra.— Krameria Também dá flores; mas nem todo o<br />

argentea, Mart.—Fam. das Polygalaceas. tempo e semelhantes as da couve.<br />

— Esta espécie vegeta na Bahia e O repolho constitue nas mesas um<br />

Minas.<br />

prato de apreço ou estima.<br />

Sua raiz exteriormente é mui dividida<br />

e esbranquiçada.<br />

Rescdal.—L&wsonia inermis, Linn.—<br />

Folhas ovaes, oblongas, um pouco Fam. das Lythrariaceas.— Arbusto trepa­<br />

grossas.<br />

dor, natural da Arábia e da Pérsia.<br />

Flores dispostas em espigas race- Seu caule ramifica-se logo debaixo,<br />

mosas.<br />

estendendo seus ramos.<br />

A casca é esbranquiçada.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— E' adstrin­ As folhas pequenas e crespas.<br />

gente, e emprega-se nas diarrheas As flores em densos cachos, de cheiro<br />

chronicas.<br />

activissimo, que a alguma distancia se<br />

sente.<br />

Relógio.—Sida, horologa. (?)—Fam. Seus fruetos são redondos e mui pe­<br />

das Malvaceas.— E' uma planta semiquenos, de 5 millimetros.<br />

herbacea muito commum.<br />

No Pará chamam-lhe Murta.<br />

Ri fino.— V. Carrapato e Mamona,<br />

Romã. — Punica granatum, Linn.—<br />

Fam. das Myrtaceas — A romã é o fructo<br />

conhecido em todo o paiz por este<br />

nome.<br />

Ella é oriundo da África.<br />

E' produeto d'um arbusto que ramifica-se<br />

desde a base das vergonteas<br />

finas.<br />

Folhas estreitinhas. oppostas, lineares,<br />

lanceoladas e lusidias.


389 ROS ROS<br />

As flores, de um bonito encarnado,<br />

em um cálice avermelhado, é coriaceo,<br />

parecendo um jarro, formado na base<br />

por um tubo, do qual desprendem-se,<br />

em circulo, lâminas vermelhas contendo<br />

os órgãos floraes.<br />

O fructo é redondo, de 6 a 9 centimetros<br />

de diâmetro, pouco mais ou menos,<br />

offerecendo no ápice uma coroa<br />

tubulosa denteada.<br />

Sua superfície é lisa, mas não bem<br />

igual; sua côr é amarella esverdinhada<br />

ou rubra.<br />

A casca é coriacea, de alguma espessura,<br />

dentro amarella, formando lojas,<br />

divididas por delgadas membranas e<br />

cheias de pequenos grãos côr de rosa,<br />

arredondados ou facetados, transparen -<br />

tes, encerrando um liquido doce, ácido,<br />

e um caroço no centro, oblongo e branco.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— A cascada<br />

raiz é vermifuga, especialmente empregada<br />

contra a solitária.<br />

O pericarpo ou casca do fructo é adstringente<br />

.<br />

Rosa.— Roseira (de Rhodon.)—Fam.<br />

das Rosaceas.— E' um arbusto de um<br />

caule raras vezes nú<br />

Folhas pennatifidas.<br />

Flores hermaphroditas , terminaes ,<br />

agglomeradas, excepcionalmente isoladas<br />

, grandes e vistosas, em geral<br />

muito odoriferas.<br />

O tubo de seu cálice é carnoso e um<br />

pouco comprimido na extremidade ; o<br />

peristoma é quinquepartido, contam-se<br />

n'ellas cinco pétalas e numerosos estames.<br />

No gênero — Rosa — conhece-se 185<br />

espécies, e cultiva-se mais de 1400<br />

variedades.<br />

A Rosa é uma flor especial por sua<br />

fôrma, côr e fragancia.<br />

Sua pátria é a Ásia e a Europa.<br />

Para com o Brasil, n'esta parte, foi<br />

mesquinha a natureza, porém, em compensação,<br />

cultiva-se uma grande variedade<br />

de espécies de Rosa.<br />

As roseiras crescem pouco mais ou<br />

menos bem em todos os terrenos; ellas<br />

prosperam melhor nas terras movediças,<br />

frescas e profundas.<br />

A terra solta é por excellencia a da<br />

roseira, quanto ás terras pobres é necessário<br />

ou conveniente adubal-as com<br />

um estrume qualquer, e ainda melhor<br />

com estrume de gado vaceum, para se<br />

obter uma bella e abundante producção<br />

de rosas no anno.<br />

O colorido geralmente delicado das<br />

rosas desmerece rapidamenee nas lugares<br />

mui batidos pelos raios do sol ;<br />

certas rosas tornam-se roxas.<br />

Seria, pois, vantajoso plantar as roseiras<br />

nos lugares um pouco sombrios.<br />

N'estes últimos tempos propuzeram<br />

para enxerto as roseiras silvestres.<br />

Estas roseiras pegam com uma grande<br />

facilidade, não é necessário que ellas<br />

tenham raizes.<br />

E' preciso mesmo evitar deixar-lhe<br />

no momento da plantação um galho<br />

comprido de mais, porque então nascem<br />

d'elle numerosos gomeleiros que<br />

exhaurem e matam muitas vezes o<br />

enxerto.<br />

A roseira silvestre destinada á receber<br />

o enxerto, deve estar quasi completamente<br />

privada do galho.<br />

No momento da disposição é preciso<br />

não deixar senão um talo curto<br />

e fazer d'elle quasi um garfo ; a reproducção<br />

não será menos segura.<br />

A plantação se faz no Outono ou<br />

muito cedo na Primavera.<br />

Deve escolher pimpolhos bem direitos,<br />

da casca luzente, e regeitar todos<br />

os que forem disformes, de cascas<br />

escabrosas, e cuja grossura não<br />

exceder a 5 decimetros.<br />

Durante a vegetação, supprime-se<br />

todos os ramos inferiores, não conservando<br />

senão os dois ou três mais vigorosos<br />

botões do ápice.<br />

Entre as roseiras silvestres ha algumas<br />

cuja vegetação é mais ou menos<br />

vigorosa.<br />

No momento do enxerto, importa<br />

muito escolher o garfo, de maneira que<br />

haja analogia entre elle e a variedade<br />

qne se tem de enxertar, quer<br />

dizer que é preciso, para obter um


ROS ROS 383<br />

bom resultado, que o vigor do garfo seja quanto ao olho dormente na primavera<br />

pouco mais ou menos igual ao da varie­ seguinte.<br />

dade de que elle deve receber a nutrição. Uma operação muitíssimo despresada<br />

Enxerta-se as roseiras em fenda ou na cultura da roseira é o apertamento.<br />

em borbulha.<br />

Deve-se apertar o botão nascente do<br />

O enxerto em fenda, só é quasi enxerto acima da terceira ou quarta<br />

usado pelos horticultores na cultura folha.<br />

forçada, e para obter rapidamente ra­ Esta operação tem como resultado o<br />

mos próprios a multiplicação das va­ desenvolvimento dos olhos inferiores que<br />

riedades novas.<br />

formam logo uma linda cabeça de ro­<br />

Este enxerto com effeito não é de seira<br />

longa duração, elle se desprende ou Os garfos de roseiras se fazem ao<br />

morre no fim de alguns annos. ar livre do Outono, durante o mez de<br />

E' pois, pelo o enxerto da borbulha, Setembro na Europa.<br />

que o amador deve multiplicar as ro­ Escolhe-se bons pimpolhos do anno,<br />

seiras.<br />

preferindo-se os que floresceram.<br />

Esta espécie de enxerto, póde-se O comprimento á deixar-lhe é variá­<br />

fazer desde o começo de Junho em vel, e depende da quantidade dos ramos<br />

plena seiva.<br />

de que se dispõe.<br />

A borbulha ou antes o galho, se Póde-se fazer garfos de um olho;<br />

desenvolve logo, e pôde produzir um n'esse caso corta-se j untamente abaixo<br />

ramo de flores durante Agosto e Se­ da folha, e deixa-se ao menos dois ou três<br />

tembro.<br />

centimetros de madeira acima, e con­<br />

E' por esta razão que se chama este serva-se a folha, mas apara-se no centro<br />

enxerto do qlho nascente.<br />

todos os foliolos para diminuir a su­<br />

Elle tem está vantagem de dar logo perfície de evaporação.<br />

flores, mas tem um inconveniente grave ; Estes garfos de um olho são plan­<br />

os rebentões custam a abrir em Agosto tados verticalmente e pouco profunda­<br />

antes das primeiras águas e muitas mente enterrados.<br />

vezes são destruídos durante o in­ Quanto aos garfos de vários olhos,<br />

verno.<br />

a base é cortada igualmente abaixo de<br />

E' preferível esperar o fim de Julho uma folha que se suprime exactamente<br />

Agosto ou todo o mez de Agosto, em e as outras são tratadas como a dos<br />

quanto o garfo está em seiva e se pode garfos d'um olho.<br />

tirar a casca da madeira.<br />

O corte da roseira é em geral mal<br />

N'esta occasião se une somente a comprehendido ou antes apara-se a ro­<br />

borbulha ao galho, o olho fica estacioseira em vez de cortal-a.<br />

nario e só se desenvolve na primavera Também é raro ver as rosas attingirem<br />

seguinte, d'ahi esta locucção enxertar a sua maior perfeição.<br />

com olho dormente.<br />

Este corte deve-se regular pelo das<br />

Pasa conseguir bellas cabeças de ro­ arvores fructiferas. Deve-se procurar<br />

seiras é necessário dispor ao menos remoçal-a approximando os ramos no­<br />

duas borbulhas e escolher para recevos, desguarnecer o interior do cimo<br />

bel-as dois ramos oppostos.<br />

e evitar a confusão dos ramos.<br />

No enxerto do olho dormente, não Quanto ao comprimento a dar ao<br />

se deve cortar logo o ramo enxertado. corte, varia segundo o vigor dos garfos;<br />

Deitam-no em arco e o sustentam mas geralmente não se deve jamais<br />

assim pela extremidade que se une ao cortar sobre um<br />

corpo do garfo, não o cortam (quanto<br />

olho.<br />

ao enxerto de olho nascente), senão Rosa d'Alexandria.— Rosa.—<br />

quando o olho está desenvolvido e tem Fam. das Rosaeeas.— E' esta a mais<br />

attingido quasi a 20 centimetros, e antiga Rosa acelimada no Brasil, se-


384 ROS ROS<br />

não é a mais formosa na côr e no<br />

formato, o é no perfume delicado.<br />

Seu caule é muito espinhoso;<br />

fôrma quasi sempre touceira.<br />

As flores são grandes, de côr de<br />

rosa clara, e de muito agradável<br />

aroma.<br />

As folhas são compostas, alternas,<br />

como todas e tem cinco foliolos; ellas<br />

são opacas de côr verde desmaiado.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— Pode ser<br />

usada como adstringente nas diarrheas,<br />

e leucorrhéas; e em infusão, em gar-<br />

garejos, nas anginas chronicas, aphtas,<br />

etc, a água destillada se emprega em<br />

collyrios nas moléstias dos olhos.<br />

Rosa Amélia.— Rosa centifolium<br />

Var. — Fam. idem.— Em Pernambuco<br />

é conhecida por este nome,<br />

Tem o caule liso, menos espinhoso.<br />

As folhas são compostas de cinco ou<br />

sete foliolos lisos.<br />

A flor é grande, de côr de rosa<br />

viva.<br />

O cheiro é pouco activo e differente<br />

do das outras rosas.<br />

A cultura não é milindrosa.<br />

O fructo é amarello, parece um<br />

bilro<br />

Rosa baianha. (?J— Rosa.— Fam.<br />

idem.— Esta roseira é de caule liso de<br />

muito poucos espinhos.<br />

As folhas compostas de cinco foliolos<br />

lisos, ovaes, de côr verde, arroixeadas.<br />

A flor em cachos pequenos, e de<br />

uma apparencia graciosa.<br />

As pétalas exteriores são de côr<br />

purpurina, e as do centro de côr de<br />

rosa.<br />

O cheiro é suave.<br />

Rosa branca.— Rosa alba.— Fam.<br />

idem.— Esta flor é eonhecida em S.<br />

Paulo e Rio de Janeiro, por este<br />

nome.<br />

Vegeta em lugares humidos.<br />

O caule é alastrado, e com muitos<br />

espinhos.<br />

A flor ó branca no centro, em lu.<br />

gar de ser amarella como as outras.<br />

Rosa canina» ou silvestre. —<br />

Rosa canina. — Fam. idem. — E' um<br />

arbusto, de 1 a 3 metros de alto, que<br />

cresce nas brenhas, nos bosques, nas<br />

estradas, da Europa principalmente, etc.<br />

Tem ramos compridos e espinhos geralmente<br />

iguaes, fortes e em forma de<br />

garras.<br />

Folhas ovaes, ellipticas, com denteações<br />

agudas, e pedunculos espinhosos.<br />

Cálice nú com lobulos voltados para<br />

traz e pennatifidos.<br />

Corolla vermelha clara.<br />

Fruetos erectos um pouco suceulentos,<br />

D'estes últimos faz-se um doce muito<br />

agradável.<br />

A raiz tem sido, mas sem razão,<br />

usada contra a mordedura des cães<br />

damnados.<br />

Rosa de cem folhas, ou<br />

Amélia. — Rosa centifolium. — E' um<br />

arbusto bem conhecido, de 1 a 2 metros<br />

de altura.<br />

Com ramos poucos e semeados de<br />

numerosos espinhos quasi direitos,<br />

mui largos na base.<br />

As folhas têm peciolos revestidos de<br />

pellos rijos,com cinco, raras vezes sete<br />

cortes ovaes foliaceos.<br />

As flores são grandes, côr de rosa<br />

brancas ou purpureas, e nascem em nu­<br />

mero de duas ou três, sobre pedunculos<br />

viscosos, bastante compridos e cobertos,<br />

bem como o cálice de pequenos mamillos<br />

encarnados e pedunculados.<br />

Esta Rosa é originaria do Oriente, e<br />

cultiva-se desde os tempos mais remotos.<br />

Ha numerosas variedades, das quaes<br />

as principaes são:<br />

Rosa musgosa, (rosa muscosa) a Rosa<br />

corveira, (rosa caryophylea), RosadeProvença,<br />

(rosa provincialis), a Rosa de Borgonha,<br />

(rosaburgendiaca).<br />

Rosa moscada.—Rosa mochata.—<br />

Fam. das Rosaceas.— Tem por pátria a<br />

África Septentrional e o sul da Ásia.


em cachos umbelliformes.<br />

ROS RUI 385<br />

Esta roseira, arborescente, cultiva-se Flores, em cachos de bonito effeito ;<br />

muito no Oriente. 5 são brancas, de grande numero de péta­<br />

E' de suas pétalas que se extrahe a 1 las, comalgum cheiro, tendo na base um<br />

essência de rosas e a água de rosas, am- cálice < cercado de muitas lâminas folea-<br />

bas tão apreciadas pelos amadores de 1 ceas.<br />

perfumes.<br />

No centro da flor muitos filetes rubros,<br />

com o ápice amarello, e, mais no<br />

Rosa príncipe Alberto.— Rosa. centro, uma columna raiada.<br />

—Fam. idem.—Arbusto de 1 a 2 metros. O fructo é pequeno, redondo e mal ob­<br />

Tem espinhos desiguaes.<br />

servado ainda.<br />

As flores são grandes, côr de rosa carmezim.<br />

Roseta de Santa Catharina.<br />

O formato é igual ao da Rosa de centi- —Paronychia roseta, St. EU.—Fam. das<br />

folia.<br />

Paronycheaceas.—Esta planta, que recebe<br />

este nome em Santa Catharina, é her­<br />

Rosa de todo o anno.—Rosa.—<br />

bacea.<br />

Fam. idem.— Esta roseira tem poucos<br />

Seus caules se estendem quasi dei­<br />

espinhos.<br />

tados ao rez do chão.<br />

As folhas são de sete foliolos, e lisas.<br />

Tem folhas estreitinhas lisas, reuni­<br />

As flores dão em cachos, são um tanto<br />

das em feixes.<br />

grandes, de côr de rosa clara e desmaia­<br />

As flores visíveis, são miudinhas, em<br />

da, com pouco cheiro.<br />

um tubo, com as pontas raiadas, de<br />

Ha outra espécie, de côr vermelha.<br />

estreitas pétalas.<br />

Rosa rubida.—Rosa rubiginosa.— O fructo é uma cápsula membranosa<br />

Apresenta pedunculos floraes, dispostos riscada, com uma semente dentro.<br />

Flores pequenas, côr de rosa ou purpureas.<br />

Cresce abandonada a si mesma, nas<br />

bordas dos caminhos, nos bosques e nas<br />

brenhas.<br />

Roseta de S. Paulo e Minas.<br />

— E' uma herva rasteira, que é composta<br />

de folhas lanceoladas, deita umas<br />

cápsulas coroadas de espinhos agudos,<br />

e pungentes.<br />

Rosário de jamhú. — Eugenia<br />

racemosa, D. C.—Fam. das Myrtaceas.— Ruibarbo do campo.—Ferraria<br />

Arbusto de folhas ellipticas e lustrosas. cathartica, Mart.— Fam. das Irideas. —<br />

Flores em pequenos cachos. E' chamada também Piretro ou Pyretro<br />

do Sul.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—-A raiz é diu- E' planta herbacea, de raiz bulbifera,<br />

retiea e desobstruente; a casca e as se­ de flores muitas vezes bonitas, e fomentes<br />

da frueta são anti-febris. lhas oblongas; dè fructo capsular.<br />

O sueco da raiz é purgativo, na<br />

Rosca para as mulas.—V. Sacarolha.<br />

dose de uma á duas oitavas.<br />

Roseta de Pernambuco.—Rhy- Rui vinha.— Rubia noxia, St. EU.—<br />

psalis sarmentosa.—Fam. das Cactaceas. Fam. das Rabeaceas.— Arbustinho de<br />

—Arbustinho do paiz, que vegeta no li­ Minas Geraes, de caule e ramos<br />

toral sobre as plantas.<br />

quasi deitados.<br />

Egtende seus ramos armados de es­ Flores brancas esverdinhadas.<br />

pinhos curvos e pequenos.<br />

Folhas pequenas.<br />

As folhas sem ordem, grossas, lisas O fructo é globuloso e branco.<br />

e suceulentas.<br />

Serve para tineturaria.<br />

51


38tf SAB SAB<br />

s.<br />

Sabão. — Ricinus saponaríus (?) — A raiz tem também a mesma pro­<br />

Fam. das Euphorbiaceas. — E' um arpriedade<br />

; é empregada contra a chlorose.<br />

busto de porte pequeno, silvestre, e conhecido<br />

por tal nas Alagoas.<br />

Sabugueiro. — Sambucus australis,<br />

Vegeta nas proximidades dos rios. Cham e Schl. — Fam. das Caprifoliaccas.<br />

As folhas são ovaes, ou ellipticas, — E' um subarbusto que vegeta, o é<br />

recortadas nas bordas e lustrosas. conhecido em S. Paulo, Rio Grande do<br />

As flores são brancas, em cachos, Sul, Santa Catharina e Minas.<br />

espigadas e miudissimas, de dois sexos. Suas folhas são recortadas.<br />

As masculinas constam de filetes As flores são brancas, em cachos.<br />

reunidos pelas bases, em um invólucro; Os fruetos são pequenas bagas re­<br />

as femeninas, além do invólucro, tem dondas.<br />

um fructo globuloso e trigono; é d'ahi As folhas são tão diaphoreticas como<br />

que se desenvolve o fructo, que é como as do Sabugueiro d'Europa.<br />

uma cápsula verde, com três caroços<br />

pretos, redondos e oleosos.<br />

CARACTERES DA FAMÍLIA. — Arbustos<br />

As folhas d'esta planta, esfregadas de folhas oppostas, raras vezes alter­<br />

entre as mãos, dão espuma, da qual nas, geralmente simples, mais raras<br />

muitas vezes as lavadeiras servem-se vezes imparipinnadas, sem estipulas.<br />

como de sabão.<br />

Flores axillares, solitárias ou muitas<br />

vezes geminadas, ou, algumas vezes,<br />

Saboeiro. — V. Sabonete, ou Páo ligadas pelo cálice, dispostas em pani-<br />

de sabão.<br />

eula, ou reunidas em fôrma de capitulo.<br />

Sabonete. — Sapindus<br />

O cálice é sempre gamosepalo, ad­<br />

•<br />

sapbnaria, herente pela parte inferior com o ova­<br />

Linn, — Fam. das Sapindaceas. — Esta rio, que é infero.<br />

arvore é indígena, e também origina­ O limbo é de cinco dentes persisria<br />

d Ásia e África.<br />

tentes.<br />

E' conhecida em Pernambuco por este A corolla é gamopetala, o mais das<br />

nome, e em Sergipe por Saboeiro. vezes irregular; algumas vezes é for­<br />

E' anore de mediano porte, bonita mada por cinco pétalas distinctas.<br />

e copada.<br />

Os estames são em numero de cinco,<br />

As folhas, compostas, são lanceoladas, alternando com as divisões da corolla.<br />

oblongas e luzentes.<br />

O ovario offereee de uma a cinco<br />

As flores, em cachos, são brancas lojas, contendo cada uma ou um sim­<br />

amarelladas, com pouco cheiro. ples óvulo pendente, ou alguns óvulos<br />

O fructo é redondo, do tamanho de ligados ao seu angulo interno.<br />

uma bala de espingarda, de côr ama­ O estylete é simples, terminado por<br />

rella, transparente, rugoso, contendo um estigma mui pequeno, e apenas<br />

um caroço redondo, preto e lustroso, labeolado.<br />

e com uma sutura de um lado. O fructo é algumas vezes formado<br />

A substancia componente do fructo pela soldadura de dois ovarios.<br />

é oleosa e pegajosa, gozando da pro­ E' carnoso, com uma ou mais lojas,<br />

priedade de desenvolver espuma, pelo algumas vezes ósseas, e encerrando<br />

que serve para lavar roupa.<br />

cada uma, uma ou mais sementes.


SAC SUC 387<br />

Estas têm o tegumento próprio, nm<br />

eüdosperma carnoso, que contem um<br />

embryão axillo, tendo a mesma direcção<br />

da semente.<br />

cada nos lugares onde ha espinhos, ou<br />

outros corpos que tem sido introdusidos<br />

no corpo, os atrahe á superfície.<br />

Floresce pelo verão.<br />

Saca-estrepe de Campina. — Saca-estrepe de Pernambuco.<br />

Echinops saca-estrepe. — Fam. das Com­ — V.- Saca-estrepe de campina.<br />

postas. — Herva lenhosa, silvestre, por<br />

este nome conhecida em Pernambuco, Saca-rolha.— Eelícteres melíflua.—<br />

E' de quasi 1 metro de altura. Fam. das Sterculiaceas. — Esta planta<br />

O caule fôrma moutas.<br />

do paiz, é conhecida em S. Paulo,<br />

As folhas', oppostas, e lanceoladas, Minas Geraes, e seus sertões por<br />

são de côr verde escura por cima, e Saca-rolha.<br />

esbranquiçada por baixo.<br />

E' uma espécie da mesma planta,<br />

As flores, em cachos redondos, são differindo por caracteres insignifican­<br />

brancas e pequenas, com um involtorio tes, e conhecida nas Alagoas por<br />

de bracteas duras como espinhos ; pa­ Guasuma branca.<br />

recem pequenas Angélicas brancas, com E' um arbustinho de caules flexíveis.<br />

algum cheiro.<br />

Folhas cordiformes, de côr verde<br />

O fructo é de fôrma prismática an- pallida, e pubescentes, porém maciasj<br />

gulosa.<br />

pendentes, e dispostas para um lado.<br />

As flores são formadas por um tubo<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Applica-se verde, de pétalas vermelhas, com um<br />

esta planta, em cosimento, nas affecções prolongamento comprido no meio.<br />

de peito.<br />

Os fruetos são constituídos por cincO<br />

As folhas, pisadas e postas nas fe­ cápsulas foliaceas, de fôrma conica em<br />

ridas feitas por estrepes, e ainda encer­ espiral, côr parda, e apresentando gorando<br />

o corpo estranho, diz-se que mos ou ângulos* contem muitas se­<br />

o trazem para o exterior.<br />

mentes dentro.<br />

Pisando-se as folhas d'esta planta Encerra no fundo da flor uma es­<br />

com água, obtem-se uma rnueilagem, pécie .de-mel, de sabor agradável.<br />

que é útil nos cancros, segundo é voz A casca serve para fabrico de cor­<br />

geral; mas não está isso demonstrado. das.<br />

Saca-estrepe da matta. — Spen- Saca-rolha ou rosca para<br />

nera aerifera. — Fam. das Melaslomaceas. mulas. — Eelícteres saca-rolha, St. EU.<br />

— Planta herbacea, conhecida nas Ala­ — Fam. idem. — Este saca-rolha é de<br />

goas por este nome, aonde vegeta nas Minas Geraes e S. Paulo.<br />

mattas.<br />

E' um arbustinho de folhas redon­<br />

E' um subarbusto ramoso, de caules das, ovaes, e ovaes agudas, e as vezes<br />

quadrados, alados.<br />

cordiformes.<br />

As folhas oppostas, um tanto gran­ E' empregada a decoção da sua raiz<br />

des ; os peciolos parallelos.<br />

contra as affecções venereas, entre ò<br />

As flores, em cachos, são pequenas povo de Minas.<br />

e brancas.<br />

O fructo é uma baga arredondada, Saca-rolha doRio de Janeiro.<br />

pequena como uma ervilha, pouco mais, — Eelícteres ixora, Vell. — Suas flores<br />

contendo muitas sementes miúdas e passam por emollientes.<br />

pardas,<br />

A folha d'esta planta, passada no fogo, Sucubaré. — Cyrtopodium sacubarè.<br />

toma a consistência de cera propria­ — Fam. das Bryaceas, ou Musgos. — Tem<br />

mente dita, e n'este estado sendo appli­ os mesmos usos da Japecanga.


388 SAG SAL<br />

Sacuúbarana.—Plerandrium ama­ Raphia pedunculato, Palil de Beano.—Saram,<br />

Laed.—Fam. das Malpighiaceas.— gus, Rumphü, Well.—Sagus ruffla Jacq><br />

Planta do Pará, onde recebe este nome.<br />

O cosimento das folhas é empregado<br />

Witld.<br />

nas sarnas.<br />

Salão.—Kalanchoe brasiliensis, St. Hil<br />

—Fam. das Crassulaceas.— Subarbusto<br />

Sacymandiuia.—E' um arbusto de ramos herbaceos, cylindricos, e pubes-<br />

silvestre do Pará, que em Pernambuco centes.<br />

é chamado Maniva brava.— V Maniva Folhas ovaes, lanceoladas no meio<br />

brava.<br />

do caule, na parte inferior redondas, na<br />

extremidade dos ramos serrilhadas.<br />

Sagueiro.— Sagus raphia, Lam.— As flores, em cachos nas pontas dos<br />

Raphia vinifera, Polis.—Fam. das Palramos,<br />

são como jasmins, côr de rosa;<br />

meiras. — O sagueiro é uma palmeira ellas se assemelham muito á Herva da<br />

oriunda da Ásia e dAfrica.<br />

Costa da Bahia, ao Paratudo das Ala­<br />

E' de porte médio.<br />

goas e á Coerana de Pernambuco; pa­<br />

O tronco é roliço, e apresenta os resrecem ser a mesma planta, com divertos<br />

das velhas folhas; a cúpula ou o sos nomes; esta differe todavia pela pre­<br />

ramalhete terminal das folhas é grande, sença de pellos.<br />

com muitos espinhos.<br />

Empregam-a como refrigerante, mas<br />

As flores, em cachos mui ramosos segundo St. Hilaire, todas as plantas<br />

cheios de escamas, são, como no geral d'esta familia possuem propriedades<br />

das palmeiras, de um tecido semi-fi- estimulantes.<br />

broso amarello, de dois sexos no mesmo<br />

cacho.<br />

Floresce em Junho.<br />

O fructo é uma baga ovoide, coberta Salgueiro.— Tournefortia. — Fam.<br />

de escamas sobrepostas, com uma ou das Borragineas.—Esta arvore indígena,<br />

duas cavidades, contenda um grão, que que vegeta nas Alagoas, e tem este<br />

envolve uma substancia dura como nome, é de porte médio, bonita e esga­<br />

marfim.<br />

lhada.<br />

O sagueiro é a palmeira da qual se A casca é esbranquiçada e escamosa,<br />

extrahe o sagú do commercio. mas não é áspera.<br />

Extrahe-se do tronco uma substancia A folhagem é pouca densa.<br />

molle, que compõe o seu interior, a qual As folhas, sobre peciolos louros e<br />

submettendo-se á lavagem, e decan- compridos; ellas são ovaes, ponteagutando-se,<br />

fornece uma matéria amylacea, das, de um aspecto aloirado, que lhes<br />

que, por processos especiaes, toma a fôr­ dá elegância, á qual se ajunta a frama<br />

de granulos, que nos parecem mais gancia de suas brancas flôre3, como<br />

sementes de plantas, que productos ar- jasmins tinetos de amarello.<br />

tificiaes.<br />

O aroma é agradável.<br />

D'esta fôrma torna-se um objecto de Os fructinho3 arremedam a azeitona<br />

commercio, cuja melhor fabrica é a das no seu aspecto, porém são mais bonitos,<br />

Molucas.<br />

por serem vermelhos, de epicarpo fino,<br />

O fructo é liso, ovoide, coberto de es­ quasi transparente, e encerrando uma<br />

camas largas, imbricadas, que parecem a nóz óssea, que é dividida em duas<br />

couraça das tartarugas (carapaça); apre­ porções, cada uma tendo duas semensenta<br />

uma ou duas lojas; a semente tes dentro.<br />

tem um perisperma eburneo, com um São os pássaros, principalmente as<br />

embryão ovoide, lateralmente situado<br />

por cima da cavidade.<br />

pombas, que comem esta engraçada<br />

fruetinha.<br />

Três espécies de sagús se extrahem O lenho é branco e fraco, mas muito<br />

d'ellas; o sagú, Sagus raphia, Lamh.— bom combustível.


SAL SAL 389<br />

Salepo. —Orchis máscula, Linn.—<br />

Fam. das Qrchideas. —Planta herbacea,<br />

que na raiz possue bolbos, e tem as<br />

folhas ao rez da terra.<br />

As «flores são.purpurinas.<br />

O fructo' capsular.<br />

Produz uma substaneia feculenta, nutritiva<br />

e analeptica', útil para uso dos<br />

convalescentes e pessoas debilitadas.<br />

As suas raizes são empregadas em<br />

medicina nas moléstias syphiliticas.<br />

Compõe-se de um tronco lenhoso, e<br />

pouco yoltímoso, que se propaga por<br />

meio de nós, e são munidos de um<br />

grande numero de radiculas mui<br />

longas, flexíveis, da grossura de uma<br />

penna de ganso.<br />

Estas radiculas são formadas de uma<br />

parte cortical, succulenta no estado<br />

Salsa brava.—Mihaniaabutioe folia. fresco, e de um meditulio lenhoso, com<br />

—Fam. das Compostas.—E'. uma planta longas fibras parallelas, que as per­<br />

herbacea, cujas flores são como as do correm de uma extremidade á outra;<br />

Malmequer do Girasól, etc.<br />

resulta d'esta disposição, que com dif-<br />

E' odorifera excitante, e applicada em ficuldade se rompem transversalmen­<br />

banhos no rheumatismo.<br />

te; entretanto podem ser fendidas<br />

facilmente na direcção do seu compri­<br />

Salsa de cheiro.—Apium petrosemento.linum,<br />

Linn. e Spl-—Fam. das Umbelli-<br />

Ha muitas salsaparrilhas próprias do<br />

feras. — E' uma herva natural da Sar-<br />

Brasil, onde são conhecidas debaixo do<br />

dehha, conhecida e cultivada no Brasil<br />

nome vulgar de Japecangas; são Smilax<br />

a muito tempo : no Rio de Janeiro e<br />

outras províncias do Sul.<br />

japecanga, Grieseb—S. syringoides, Grieseb.—S.<br />

brasiliensis, Spreng.—syphilitica,<br />

Chamam-na simplesmente cheiro; é de<br />

Humboldt—Serraria salsaparrilha, Mar­<br />

um uso geral e quotidiano n'aquellas<br />

tius.<br />

províncias.<br />

A salsaparrilha, que nos vem das<br />

Em Pernambuco pelo contrario o<br />

províncias do Pará e Amazonas, é<br />

Coentro é o tempero que faz o mesmo<br />

vermelha e pequena.<br />

papel que esta Salsa no Rio de Janeiro.<br />

Apresenta-se no commercio sob a<br />

fôrma de feixes delgados e longos, aper­<br />

Ellas são mui parecidas.<br />

tados por um cipó disposto em espiral,<br />

As folhas pinnadas.<br />

e privada de suas sepas.<br />

As flores em umbrellas amarellas.<br />

Attribue-se ao similax syphilitica.<br />

O fructo representa uma pequena es-<br />

A melhor Salsaparrilha é aquella<br />

phera sulcada, que se divide em dois<br />

cujo sabor é mais forte, e mais nau-<br />

akeníos comprimidos; contém as semenseoso<br />

; o Pará exporta annualmente<br />

tinhas dentro de cada um.<br />

para os :<br />

Todas as partes da planta são aromaticas.<br />

Estados Unidos 352 kil.<br />

A raiz tem propriedades aperientes. Portugal 6.939<br />

As folhas são usadas externamente Sul do Império 22.827<br />

como resolventes.<br />

As sementes encerram um óleo es­<br />

Total.... 30.218<br />

sencial volátil.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— As pro­<br />

Salsaparrilha.—Smilax salsaparpriedades da raiz da Salsaparrilha são<br />

rilha, Linn.— Fam. das Asparagineas.— sudorificas.<br />

Moncecia hexandria, Linn.—As salsapar­ E' muito usada nas moléstias syrilhas<br />

são plantas sarmentosas e vophiliticas em geral, nas affecções<br />

lúveis, do gênero Smilax, da familia das cutâneas, rheumaticas e gotosas, em<br />

Asparagineas, que habitam no México, cosimento, na dose de 30 grammas<br />

Peru e no Brasil, e sobretudo nas pro­ para 1000 grammas d'agua fervendo)<br />

víncias do Pará e Amazonas.<br />

três vezes ao dia.


30O SAL SAL<br />

Salsaparrilha dos pobres.— das Verbenaceas.— E' uma planta do<br />

F. o Caju em Pernambuco.<br />

Rio Grande do Sul, ali conhecida por<br />

tal nome.<br />

Salsa da praia. — Convolvulus Tem suas folhas oppostas.<br />

brasiliensis, Will — Ipomoea marítima.— As flores brancas.<br />

Fam. das Convolvulaceas.— E' uma A infusão das folhas é anti-eatar-<br />

planta indígena, rasteira, conhecida em rlvel; o cosimento tomado em banhos<br />

Pernambuco por este nome, e cremos é antihemorrhoidal.<br />

que em todo o Brasil.<br />

Ella vegeta principalmente á beira Salva do Brasil.— Salvia fui-<br />

mar, mas também nas proximidades gens, Cav, Vahl.— Fam. das Labiadas.<br />

do littoral.<br />

— E' uma herva de caule e folhas<br />

Herva leitosa, alastrada, cujos ramos tomentosas; estas são macias, e op­<br />

são verdes, sulcada, com folhas alterpostas.nadas, ovaes, cordiformes e coriaceas, As flores vermelhas, e todas as<br />

tendo a lamina dobrada sobre si; partes aromaticas.<br />

sempre estão verdes.<br />

As flores grandes, em fôrma de cam­<br />

O fructo é representado por quatro<br />

grãos no fundo do cálice.<br />

pana, roixas, solitárias, nas axillas das As folhas d'esta planta são aro­<br />

folhas ; não são desengraçadas. maticas, e empregadas como antis-pas-<br />

Sua côr roixa é bonita; ellas tem modico, e útil na suppressão de trans-<br />

no centro filetes brancos.<br />

piração.<br />

O fructo é uma cápsula, que se<br />

abre em cinco valvas foliaceas, e Salva do matto.— Eerreria sal­<br />

contem cinco caroços d'entro.<br />

saparrilha.— Fam. das Asparagineas.—<br />

Todas as suas partes são leitosas. Planta que na Bahia, Rio de Janeiro<br />

As folhas, quer internas quer ex­ e Minas, conhecem por este nome.<br />

ternas, são empregadas contra as go­ E' uma trepadeira, de flores quasi<br />

norrhéas antigas.<br />

sempre amarellas; tem os mesmo usos<br />

A raiz, que é leitosa, é considerada da Salsaparrilha.<br />

como purgante forte.<br />

Segundo Pison, o caule e as folhas Salva do Pará.— Eyplis incana.<br />

são emollientes.<br />

— Fam. das Labiadas.— Esta espécie<br />

Salsa do Rio Grande do Sul.<br />

vegeta no Marajó, comarca do Pará.<br />

São plantas de raizes carnosas.<br />

— Polygonum acetoscefolium, Vent.—Fam. Folhas oppostas.<br />

das Polygoneas.— O cosimento d'esta Flores aggregadas em espiga.<br />

planta é tido como antisyphilitico. O fructo tem quatros gommos.<br />

Ella é excitante, aromatica, e serve<br />

Salta-caroço. — E' uma frueta para banhos.<br />

cultivada, que tem esse nome no Rio Usa-se no Pará em locções, ou antes<br />

de Janeiro.<br />

collyrios, contra as ophtalmias.<br />

E' uma espécie de Pecego pequeno,<br />

de côr esverdinhada, tendo a super­ Salva de Pernambuco.— Cafície<br />

pubescente, e a massa de dentro calia odorifera.— Fam. das Compostas.—<br />

vermelha.<br />

Herva que fôrma touceira.<br />

O caroço desprende-se com muita Folhas alternadas, aromaticas, pon-<br />

facilidade, apenas se abre o fructo. tudas e de côr branca; são pillosas<br />

Da amêndoa extrahe-se um óleo, que por baixo, e de côr verde asulado por<br />

se emprega na pintura e na pharmacia. cima.<br />

Flores em cachos, nas pontas e<br />

SMxa.—Lippia citrala, Schlt.—Fam. axilla das folhas.


SAM SAM 391<br />

Os fruetos são pequenas cápsulas escuras por cima, esbranquiçadas pór<br />

pyriformes.<br />

baixo, cartaceas, duras e ásperas.<br />

Passa por emmenagoga; é applicada As flores -são como espiga de milho.<br />

em banhos contra o rheumatismo.<br />

Samambaia.— Polypodium lepidop-<br />

O peciolo das folhas serve de ponteiro<br />

para gaiolas de. passarinho.<br />

teris,— Aspidium conaceum.— Fam. das Sambaiba de Minas-Geraes<br />

Polypodiaceas (foelos).—Planta que vegeta e Rio de S. Francisco.—Curatella<br />

em lugares humidos, e mesmo n'agua. çambaiba, St. EU.— Fam. das Dillenia-<br />

Tem o aspecto de uma pequena palceas.—Arbusto agreste, que vegeta nas<br />

meira.<br />

regiões do centro, nas catingas do rio<br />

Sua raiz é mucilaginosa e sudorifíca, de S. Francisco e em Minas-Geraes.<br />

empregada como antirheumatica, e pei­ Suas folhas são grandes, oblongas,<br />

toral.<br />

alongadas, e um pouco ásperas.<br />

Em lingua tupinica chama-se Feto ou As flores são em cachos, inseridas<br />

Feto macho.<br />

nos pedunculos de um só lado, e são<br />

brancas.<br />

Sambambaia ou Sanabaia.— O fructo é uma cápsula globulosa,<br />

Fam. idem.—E' uma espécie de capim com espinhos por fora, contendo, em<br />

que tem este nome nos sertões de Per­ suas lojas dois caroços, cobertos d'uma<br />

nambuco, e com o qual fazem cangalhas. substancia polposa.<br />

Passa por excellente remédio para as Empregam a casca d'esta arvore pára<br />

hérnias inguinaes, posto em conserva o curativo das feridas.<br />

sobre a parte.<br />

Floresce em Agosto e Outubro.<br />

Sambambaia do brejo.— Fam. Sambaiba.—Cecropia concolor, Will<br />

das Polypodiaceas.—-E' uma planta —Fam. tre­ das Urticeas.— E' uma arvore de<br />

padeira, de caule fino.<br />

nossas mattas, que parece vegetar por<br />

Folhas grandes , com divisões pro­ todo o nosso continente das Alagoas.<br />

fundas.<br />

Ella é semelhante á precedente, sendas<br />

Não dá flor apparente, nem fructo. a differença tão pequena, que só se pôde<br />

E* conhecida por este nome nas Ala­ conhecer depois de attento exame.<br />

goas.<br />

O seu tronco é quasi o mesmo; a disposição<br />

dos ramos e das folhas mui pa­<br />

Sambacaité.—F Alfasema de carecida.boclo. A fruetificação tem as mesmas modificações.<br />

Sambacuim. — Cecropia palmata, O fructo, quasi semelhante ; emfim, é<br />

Will.—Fam. das Urticeas.—Esta arvore, da familia a que pertence a—Umbaúba.<br />

que por este nome é conhecida em Per­ Esta é uma espécie, cujas folhas são<br />

nambuco, é das mattas do paiz. tão ásperas, que servem de lixa aos<br />

Em Alagoas chamam-na Matataúba, marcineiros.<br />

em Sergipe, Pé de gallinha, e, em outros Outra espécie ha, cujas folhas, ao<br />

lugares, Sambaiba: mas não é a Sam- contrario, são muito macias.<br />

baiba das províncias do sul, que pertence<br />

a outra familia.<br />

Sambaiba da Bahia e de Ser­<br />

O Sambacuim é uma arvore dé tronco gipe.—V. Cajueiro bravo.<br />

liso, nodoso ou articulado, de casca cinzenta;<br />

fôrma cupola no cimo do tronco, Sambaibínlta de Minas-Novas<br />

e estende os ramos.<br />

— Davilla elliptica, St. EU. — Fam. das<br />

Folhas pecioladas, palmadas, pa- Dilleniaceas.—Planta agreste, de Minas,<br />

recendo-se com as folhas do Mamoeiro, que não é cipó.


393 SAN SAN<br />

E' um arbusto ascendente, ramoso, de Tratamos da do paiz.<br />

folhas ellipticas, ponteagudas, oblongas, A arvore é resinosa.<br />

duras, coriaceas e ásperas.<br />

As folhas alternadas e lisas.<br />

As flores, são como rosas, simples, em As flores, em cachos espigados nas,<br />

cachos, apresentando no centro um feixe pontas dos ramos, são amarellas, de as­<br />

de filetes, que parecem uma bolota. pecto de borboleta.<br />

O fructo é uma cápsula.<br />

O fructo é uma vagem redonda, ro­<br />

O povo do lugar considera esta planta deada de expansões membranosas, o<br />

como vulneraria, isto é, como tendo a contendo um caroço.<br />

virtude de curar feridas.<br />

O Sangue de drago, proveniente da<br />

arvore do Brasil, é o menos estimado dos<br />

Sambaibinha. — Davilla rugosa, três; apparece no commercio em bastões<br />

St. EU.— Davilla americana, D. C. cylindricos, —<br />

um pouco comprimidos, do<br />

Fam. idem.— Vegeta este arbusto nas comprimento de um pé, e de 3 centime­<br />

províncias do sul.<br />

tros de grossura, enrolados em folhas<br />

Tem o nome de Sambaibinha em Minas de palmeiras.<br />

Geraes, o de Cipó caboclo, em S. Paulo. Esta resina, concreta, é inodora e fra-<br />

E' uma planta trepadeira, que tem suas *»*<br />

folhas alternas, oblongas e pendentes de A superfície da secçáo é luzente ; es­<br />

seus peciolos; se bem que pareçam lisas, tala nos dentes, e é insoluvel n"aguar­<br />

todavia são ásperas ao tacto.<br />

dente ; arde, lançada sobre as brasas; o<br />

As flores são em cachos, formadas de sabor é resinoso e um tanto adstringente<br />

dois tegumentos floraes, com muitíssi­ Todos os autores de matéria medica<br />

mos filetes no centro, formando uma bo­ a consideram tônica e adstringente; é<br />

lota.<br />

hoje quasi desusada.<br />

O fructo é uma cápsula oval, contendo E' empregada ainda em pintura, por­<br />

um caroço também oval.<br />

que compõe um bom verniz.<br />

As folhas são empregadas, em decoc­ - Também entra na composição de pós<br />

ção, para a curada inchação das pernas dentrificios.<br />

e dos escrôtos.<br />

Floresce em Janeiro e Abril. Sangue de dragão.— Croton.—<br />

E' empregada como cipó para amarrar Fam. das Euphorbiaceas.—Planta conhe­<br />

cercas.<br />

cida na Bahia e em Minas por tal nome.<br />

Produz uma resina gommosa averme­<br />

Sambaibinha.—V Cipó de carijó. lhada.<br />

Sambaúbcira ou Sambaúva.<br />

—F. Sambaíva.<br />

Santa Maria— Uma multidão de<br />

plantas recebe o nome Santa Mariu, de<br />

Sangue de dragão.—Pterocarpus maneira que é indeterminado o sentido<br />

draco, Linn.— Pet. officinalis, Jacq. da palavra, — d'onde resulta grande con­<br />

Fam. das Leguminosas.—Três productos fusão, aliás bem prejudicial á therapeu-<br />

com o nome de Sangue de dragão ha no tica.<br />

globo:<br />

Por Santa Maria, conhece-se a todas<br />

Uma é o extracto do fructo do Calamus estas hervas • a Eerva moura, a Lombri-<br />

potang, uma pequena palmeira das íngueira, o Manacá, uma herva trepadias<br />

Orientaes.<br />

deira de Pernambuco, ainda não classi­<br />

Outra, que corre das incisões naturaes ficada, o Tramanhen das Alagoas, o<br />

do tronco do Drac&na draco, Linn. Páo Mathias.<br />

Outra, finalmente, é do Brasil: ptero­ Finalmente, é conhecida no Brazil o<br />

carpus draco, Linn.<br />

Chá do México por Santa Maria.— Che-<br />

Ha ainda outra d'África: Pterocarpus nopodium ambrosioides, Linn.<br />

senegalensis.<br />

Santa Maria é também uma planta da


SAP SAP 393<br />

Parahyba do Norte, que de suas semen­ Vê-se então um vasto campo coberto<br />

tes fazem contas de rosário ; sem men­ como de uma plumagem branca, que,<br />

cionar mais algumas plantas que por fluctuando com os ventos, formam um<br />

ahi correm, com o nome, de Santa Maria. panorama gracioso.<br />

A flor é*um*cacho delgado e plumoso,<br />

constituído por pequenas espigas<br />

reunidas, e que desprendem-se e voam.<br />

O gado não gosta d'este capim.<br />

Sapateira.— Fam. das Melastomaceas.—As<br />

folhas d'esta planta são muito<br />

adstringentes , e são mui empregadas<br />

para o cortume de couros, os quaes<br />

ficam avermelhados.<br />

Dá também bôa tinta preta.<br />

Sapé.—Anatherum bicorne.—Fam. das<br />

Gramineas.—A raiz é emolliente e diuretica.<br />

Seu cosimento é. alguma cousa sudorifico.<br />

Das raizes, que são longas, serve-se<br />

como de ligaduras para applicar aos<br />

membros dos que são mordidos de cobra,<br />

afim de que o veneno não seja<br />

absorvido.<br />

Saponaria.—Saponaria officinalis.<br />

Linn. —Fam. das Caryophylladas.—Planta<br />

d'Europa, cultivada no Brasil, de folhas<br />

ovaes, lanceoladas, glabras, trinerves.<br />

Flores de côr de" rosa desmaiada, e<br />

em panicula terminal.<br />

A raiz é cylindrica, articulada, da<br />

grossura de uma penna de escrever.<br />

Sapé macho.—Arundo.—Fam. das<br />

' PROPRIEDADES MÉDICAS.—E' tônica e<br />

diaphoretica, empregada nas moléstias<br />

rheumaticas, syphiliticas, dartrosas e<br />

no engurgitamento das vísceras abdominaes;<br />

seu cosimento, na dose de 8<br />

grammas para 500 grammas d'agUa,<br />

Gramineas.—Esta espécie de capim ve­ dá-se em três doses por dia.<br />

geta na província de Espirito Santo,<br />

onde recebe este nome.<br />

Sapota.— Achras mammosa, Linn e<br />

Elle é aperitivo, desobstruente e re- Spl.— Fam. das Sapotaceas.— A Sapota<br />

solutivo.<br />

é uma frueta semelhante em tudo ao<br />

Sapoti, com a differença de ser redonda<br />

Sapé ou Sucapé. — Anatherum em vez de oval.<br />

bicorne.—A ndropogon bicorne, Will. —A E' n- uma arvore natural das Antilhas,<br />

drop : erecto montanum, Brow.—Fam. e das das mattas da America Meridional.<br />

Gramineas.—Herva ou capim Sapé. Seus ramos, estendendo-se gradual­<br />

Parece universal esta planta. mente menos, á proporção que se ap-<br />

Vegeta nosmattos, nos taboleiros eterproximam do cimo da arvore, formam<br />

renos áridos de Pernambuco e Alagoas. como que uma pyramide.<br />

E' chamada Sapé, mas em outros lu­ Sua folhagem é densa.<br />

gares Sucapé.<br />

As folhas, de côr verde escura lu-<br />

Cresce de 70 decimetros á 1 metro sente ; todas as partes são lactiferas.<br />

de altura, formando touceiras.<br />

As folhas lanceoladas, agudas, com<br />

Suas folhas ensiformes, estreitas, e a face inferior desbotada.<br />

erectas, mui susceptíveis de seccarem As flores, solitárias, nas axillas dos<br />

pela aeção dos raios do sol, enros- ramos, são pequenas, e de uma côr<br />

cam-se nas extremidades lateraes ; tem branca esverdinhada; formam um pe­<br />

pellos brancos n'esses lugares, e são queno tubo, laciniado no bordo livre.<br />

um tanto duras e ásperas.<br />

O fructo é uma baga redonda, que<br />

Não floresce durante todo o inverno fica como que adherente na base ao<br />

e o verão, mas, logo que queimam-na fragmento da flor.<br />

nas roças, brotam os gommos de novas Seu pericarpo é pardo, coberto de<br />

plantas, com sua floração, que é de um pó fino.<br />

bonito effeito.<br />

Dentro existe ou encontra-se<br />

52<br />

uma


394 SAP SAP<br />

massa polposa, succulenta, molle, de<br />

côr amarella esverdinhada, com cinco<br />

de um ovo de pomba, de côr branca<br />

suja, envoltas em uma substancia<br />

polposa, oleosa, branca o tenra, con­<br />

caroços pretos, ellipticos, comprimidos,<br />

lustrosos, com uma cicatriz branca. tida nas cavidades onde estão as se­<br />

Esta polpa come-se; é de excellente mentes.<br />

sabor.<br />

Esta polpa é comestível; as semen­<br />

. Acham-se ordinariamente de duas a tes encerram uma amêndoa, que é tam­<br />

três sementes por aborto das outras. bém comestível.<br />

O fructo mesmo maduro conserva Chama-se Pilão de Sapucaia ao esque­<br />

ainda o sueco leitoso.<br />

leto do fructo, o qual, despido da sua<br />

massa interna, apresenta um espaço va-<br />

Sapota açu.— Clercia passiflora, sio, que o faz parecer um pequeno pi­<br />

Vell.— E' desconhecido o uso d'esta lão ou um almofariz, e que nos sertQes<br />

planta.<br />

tem o seu prestimo.<br />

A madeira d'esta arvore é forte e<br />

Sapoti ou Sapote.— Achras sa­ branca; presta-se a diversos usos.<br />

pota, Linn e Spl—Ach gapotilla, Brow Para as obras de ponte são excel-<br />

— Arvore que só differe da Sapota em lentes, excepto para servir de esteios.<br />

ter o fructo oval.<br />

Applica-se na construcção de machi-<br />

A casca é adstringente e febrifuga nas de madeira, e nos travejamentos<br />

(Brow.)<br />

e tectos de edifícios. (Fig. 28.)<br />

O fructo excellente de comer-se, e<br />

útil contra a estranguria.<br />

Sapucaia branca.—Lecythis lan-<br />

As sementes são diureticas e apericeolata, Poir.—Fam. idem.—Esta saputivas,<br />

e, na dose de duas oitavas, tricaeira é semelhante á anterior.<br />

turadas com assucar e água, formam O fructo, do mesmo tamanho.<br />

uma emulsão, aconselhada nas eólicas As flores são menores.<br />

nephriticas e nas areias.<br />

Sapucaia branca.— Lecythis ol-<br />

Os<br />

ella.<br />

macacos são apaixonados por<br />

laria, Linn e Willd.— Fam. das Myr­ Sapucaia ou Sapucaeira. —<br />

taceas.— A sapucaia é uma das ce­ (Canari) Lecytis grandiflora, Aubl.—Fam.<br />

lebres arvores do Brasil, pela singu­ idem.—Esta Sapucaia é a que os povos<br />

laridade do seu fructo.<br />

da Guyanna e Amazonas chamam Canari<br />

E' elevada, vegeta nas mattas vir­ macaque e Marmite de singe, (Canário magens,<br />

tem a casca grossa e fendida. caco e Panella de bugio).<br />

As folhas lanceoladas, grandes, pon- Ella tem as flores côr de rosa intudas<br />

para o ápice, e, na base, subtensa.cordiformes, coriaceas e alternas. A emulsão preparada com as amên­<br />

As flores em pequenos grupos, doas» da sapucaia é anticatharral e an-<br />

semelhantes á uma rosa, de côr branca tinephritica.<br />

rosea, tendo uma pétala concava no<br />

centro, laciniada, e de cheiro agra­ Sapucaia mirim ou Sapudável.caeiro.—Lecythis<br />

minor, Jacq.—Fam.<br />

O fructo assemelha-se á um coco idem.—Esta espécie vegeta no Rio de<br />

de fôrma oval, com um resalto an- Janeiro.<br />

nular, que naturalmente dá abertura ao Os fruetos são pequenos.<br />

fructo.<br />

A flor branca, e mui cheirosa, e só<br />

Seu tegumento externo é ósseo, de contem o fructo cinco caroços pouco<br />

três decimetros de espessura, abre-se mais ou menos.<br />

pela parte superior, e deixa ver uma<br />

porção de sementes ovaes, do tamanho Sapucairana branca.—Lecythis


SAS SCI 395<br />

élliptica, Eumb. e Bomp.—Fám. idem.— É empregada como tônica e carmina-<br />

E' uma arvore indígena, que nas Alativa, e útil no rheumatismo.<br />

goas e em Pernambuco tem este nome,<br />

e no Rio de Janeiro o de Sapoquema. Saudade.—Scabioza.—É uma plan­<br />

Tem o porte menor que a Sapucaia. ta exótica, cultivada no Brasil, e que<br />

As folhas alternas, ellipticas, coria­ recebe este nome em Pernambuco.<br />

ceas, e opacas. » Sua existência entre nós data de re­<br />

As flores, em cachos, pequenas, com mota epocha.<br />

cheiro, são como as da Ollaria, e É quasi rasteira, e pouco ergue seus<br />

brancas.<br />

ramos, de côr parda.<br />

O fructo, também com a mesma es­ Suas folhas, recortadas e palmadas,<br />

tructura e fôrma, porém um quarto são suculentas, e têm algum cheiro.<br />

menor que o da Ollaria.<br />

As flores, em cachos, tem os pedun­<br />

A madeira passa por bôa ; é do uso culos compridos, sobre um receptaculo<br />

da carpintaria.<br />

de estreitas bractéas verdes ; exhalam<br />

Serve para as obras de pontes, me­ cheiro não muito activo.<br />

nos para esteios, e também para tra- Ha três espécies •. brancas, amarellas<br />

vejamentos, cobertas e portadas dos edi­ é roixas.<br />

fícios.<br />

E' flor de jardim.<br />

Saputá.—Anthodiscus brasiliensis. — Saudade do brejo.—Chrysocoma<br />

Fam das Eypocraticeas.—Esta espécie tem cimosa, Vell.— Fam. das Compostas. —<br />

os fruetos comestíveis, mucilaginosos e Planta do Rio de Janeiro, que muitas<br />

doces.<br />

Saracura.— Bignonia hirtella. —<br />

vezes é trepadeira.<br />

A raiz é antisyphilitica.<br />

Fam das Bignoniaceas.— Esta planta Saudade é de campina.— Ascle-<br />

do Rio de Janeiro, empregada com pias umbellata Vell.— Fam. das Apocyna-<br />

bastante efficacia, como tempèrante e ceas.— Herva delicada, natural do paiz,<br />

brando adstringente, na dose máxima conhecida nas Alagoas por este nome, e<br />

de 30 a 60 grammas, do sueco, nas diar- também pelos de Totó molle e Cega olho.<br />

rhéas.<br />

Em Pernambuco chamam-^a Cama-r<br />

rasinho de campina, em Sergipe CM~<br />

Saracura do norte. — Jussiosa bante; também ha quem lhe chame<br />

angulata. — Fam. das Onagrareaceas. Saudade — de campina.<br />

Esta planta é do Norte, empregada nas E' uma herva de caule roliço e<br />

hemoptises e diarrhéas.<br />

leitoso.<br />

Folhas oppostas, lanceoladas, oblongas<br />

Sargaço do mar.—Fucus natans,<br />

e lisas.<br />

Linn.— Fam. das Algas.— Planta que As flores, em umbrella vermelha e<br />

fluetúa n'agua salgada, com expansões manchada de amarello, formando uma<br />

ramificadas, em fôrma de retalhos. espécie de coroa, tendo lobos ascen­<br />

Segundo Pison, esta planta é empredentes e outros pendentes.<br />

gada em Pernambuco como diuretica e Os fruetos são gêmeos, represen­<br />

lithontriptica, por ter a propriedade de tando dois casulos fulsiformes, foliaceos»<br />

destruir a pedra, ou calculo da bexiga. cheios de muitas sementinhas loiras,<br />

Sarza.—V Salsaparrilha.<br />

offerecendo feixes de pellos finos, macio,<br />

e lustrosos como seda.<br />

Sassafraz do Brasil. — Ocotea<br />

Estes fiuctos por si rompem-se e dei­<br />

cymbarum, Eunt.— Fam. das Laurineas. xam voar nuvens d'estas sementes.<br />

— A casca d'esta arvore ou arbusto é<br />

amarga e aromatica.<br />

Scilla brasileira.— Pancratium


396 SEB SEG<br />

guyanensis. — Fam. das ^arcizeas.— Esta A madeira ó dura e durabiliasima;<br />

planta é, da mesma naturesa dos Ly- sua côr é parda.<br />

rios. — Temquasi sempre bulbos na raiz- Com ella se fazem instrumentos<br />

O seu bulbo, que é emetico, exci" agrários.<br />

tante, expectorante e diurético, é mui" Serve também para construcção ur­<br />

to empregado nos catarrhos e nas bana e naval, e porisso seu corte é<br />

hydropisias.<br />

prohibido pelo governo.<br />

E' conhecida por Cebola branca ou A casca tem o, gosto adstringente<br />

brava. \<br />

e amargo; é considerado como dia-<br />

No Pará dam-lhe o nome de Cebola phoretica, e contra os tumores arthri-<br />

brava ou Clussia rosea.<br />

ticos dependentes do virus syphilico<br />

O Barão de Paiva tem-na por um<br />

Sebastião de Arruda.— Phy-<br />

poderoso estimulante do systema lymsocalymna<br />

florida, Pohl.— Fam. das Saphatico,,*licareas.— Esta "importante arvore é O cosimento da casca também se<br />

especial das mattas da província' de applica nas affecções dartrosa3 chro-<br />

Goyaz, e algumas outras províncias. nicas, em banhos.<br />

E' arvore de pouca altura. •, E*mprega-se era obras de pontes, me­<br />

Folhas ovaes, armadas de cinco prolongamentos<br />

ásperos.<br />

nos para esteios.<br />

Flores em cachos, dispostas nas pontas Sebipira falsa.— Ferreria specta-<br />

dos ramos; são vermelhas, e tem na bilis, Frei. Ali.—Fam. idem.—Esta es­<br />

base umas escamas em fôrma de capuz.pécie<br />

cresce no Rio de Janeiro.<br />

O fructo é redondo.<br />

Sebupira.—V. Sebipira.<br />

Não temos certeza da posição de<br />

suas sementes.<br />

A madeira d'esta arvore é singular<br />

Sebuua uva.—V. Sacu uva.<br />

pela sua côr, que é de rosa, com Segurelha. — Satureja horlensis,<br />

veios de côr mais escura, com outros Linn.—Fam. das Labiadas.—E' uma plan­<br />

azues e alguns rubros; antigamente ta de caule esgalhado.<br />

servia esta madeira para os embutidos Folhas estreitinhas, e muito aroma­<br />

na marceneria, hoje entretanto nenhum ticas.<br />

uso vemos fazer-se d'ella.<br />

Flores agglomeradas e pequeninas.<br />

O cerne, por não ser muito grosso, não O fructo, constituído por quatro ake-<br />

se presta para tirar-se folhas de taboa nios , envoltos no apparelho floral.<br />

mais largas do que um palmo.<br />

Serve como condimento, e é esto-<br />

Parece que actualmente é pouco comachica.nhecida esta bella madeira; no entretanto<br />

foi uma das mais notáveis que<br />

E' natural da bacia do Mediterrâneo.<br />

appareceram na Exposição da França- Segurelha. —Seguiera americana,<br />

Linn,—Seguiera aculeata, Jacq.—Arbusto<br />

Sebipira ou Sicupira-açú. da America meridional, que vegeta noa<br />

— Sebipira major, Mart.— Fam. das arredores de Carthagena e no Ama­<br />

Leguminosas.— E' uma grande arvore zonas.<br />

das mattas das províncias do Norte; E' de media dimensão, ramoso, ar­<br />

em Alagoas e Pernambuco é chamada mado de espinhos na base das folhas.<br />

Sicupira-açú e também Sucupira. Estas são alternas, e com peciolos<br />

Tem a folhagem miúda.<br />

um tanto longos, ellipticas, chanfradas<br />

As flores purpureas.<br />

no ápice, e lisas nas duas faces.<br />

O fructo é uma vagem, com sementes As flores, em cachos mui ramosas,<br />

vermelhas.<br />

brancas e fétidas.


SEN SER 397<br />

O fructo, uma cápsula oblonga, com<br />

uma expansão membranosa no ápice<br />

quinhentas grammas d'água fervendo,<br />

constituem um purgante.<br />

em fôrma de aza, tem na base três<br />

appendices e no centro uma semente, Sensitiva ou Malícia de mulher.—<br />

Mimosa sensitiva, Linn.— Fam.<br />

Segurelha.— V". Ortelã de Mara­ das Leguminosas.— Mimosa puãica.— Sunhão.barbusto^ou<br />

herva reptante, com ramos<br />

levantados. 4<br />

Segurelha brasileira. — Occy- Caule cheio de espinhos, curvos.<br />

mum gratüsimum. Linn. e Mant.—rFam. Folhas, miúdas, compostas.<br />

das Labiadas.—Subarbustinho de folhas Flores de côr de ""rosa, em capitulo, e<br />

ovaes, pillosas e cheirosas.<br />

que parece uma pequenahofla de retroz.<br />

As flores, em espigas pequenas. Os fruetos são vagens pequenas, eri-<br />

Serve de condimento por ser aromaçadas de espinhos, reunidas e enrostico.cadas,<br />

formando um todo redondo ; os<br />

grãos são como os de feijão.<br />

Semente de embira.—V. Pinda- Esta planta, tão Conhecida pela celehiba.bridade<br />

de suas folhas, que se contrahem<br />

com o contaejjo de qualquer corpo extra-<br />

Sempre viva.— Fam. das Composnho, possue propriedades deletérios,<br />

tas.— Flor exótica, cultivada no Brasil, tanto nas folhas como nas raizes ; mas<br />

e a que em Pernambuco dão este nome. estas duas partes passam por antidotas*,<br />

A planta é rasteira, com folhas alter­ reciprocamente uma da outra.<br />

nas, recortadas, orbiculares, e um tanto Na lingua indígena chama-se Caa-co.<br />

suceulentas.<br />

As flores são em cachos ou solitárias, PROPRIEDADES MÉDICAS. Em banhos<br />

em um pedunculo mais ou menos longo, é applicada nas affecções rheumaticas,<br />

formando um aggregado de escamas fo­ articülares, e na elephantiasis dos Áraliaceas<br />

; compõe-se de um receptaeulo, bes.<br />

cuja parte superior offereee uma serie de O emplastro feito das folhas é anti-<br />

pequenas pétalas paleaceas, lustrosas, escrophuloso.<br />

dispostas em camadas concentricas, cir­<br />

Sepepera.—V Sebipira.<br />

culares, decrescendo em tamanho para<br />

o centro.<br />

Sereiba-tinga.—V. Mangue branco.<br />

Esta flor, sem cheiro, mas singular,<br />

é chamada Sempre viva, porque nunca Seringueira. — Syphonia elástica.<br />

murcha, e permanece sempre no mesmo — Fam. das Euphorbiaceas. — Grande ar­<br />

estado; quando mettida n'agua , convore das províncias do Pará e Amazotrahe<br />

seus órgãos e fica como botão; nas, conhecida por Páo seringa, e por<br />

porém, tirada d'água e exposta ao sol, Páo moeda pelos indígenas.<br />

reabre.<br />

Tem 16 a 20 metros de altura, quando<br />

Ha duas espécies: amarella e branca. o tronco tem 80 centimetros de diâ­<br />

É uma das mais interessantes e cumetro.riosas plantas de jardim.<br />

Suas folhas, de peciolo longos, compostas<br />

de três foliolos, são ovaes,<br />

Senne do campo. — Cássia ca- oblongas, pontudàs, inteiras.<br />

thartica, Mart.— Fam. das Leguminosas. Flores dispostas em paniculas ter-<br />

—Arvore ou arbusto indígena, que veminaes.geta em S. Paulo e Minas, aonde recebe Fructo grande, capsular, composto de<br />

este nome.<br />

três cellulas lenhosas, arredondadas,<br />

E' planta purgativa; quatro grammas sementes arredondadas, de episperma<br />

das folhas, de infusão de uma libra ou liso, arroixeadas.


398 SER SET<br />

A amêndoa é branca, oleaginosa, de<br />

gosto agradável, e pôde comer-se sem<br />

nenhum inconveniente.<br />

Ha ainda outras arvores, de que<br />

também se extrahe a gomma elástica.<br />

Modo de extrahir-se a gomma elástica.<br />

— Por incisões feitas no tronco d'esta<br />

arvore emana um sueco esbranquiçado,<br />

que, pela desecação, constitue a substancia,<br />

que recebeu o nome de gomma<br />

elástica ou borracha, a qual se expõe<br />

ao fumo do fructo da palmeira uru-<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' empregada<br />

nos casos que reclamam os antispasmodicos<br />

e excitantes, e. externamente<br />

nas inchações e ccchymoses, por<br />

contusões.<br />

E' usado em cosimento<br />

Serra lha.— Sonchus loevis, Vell.—<br />

Fam. das Compostas.— Esta planta é comestível,<br />

desobstruente e depurativa.<br />

Serralha brava.—Sonchus oleracuri,<br />

Attalea excelsa, e na falta ao ceus, de Linn. e Will.—Fam. das Compostas.<br />

outras palmeiras; porém com o pro­ —E' uma herva agreste, que dizem os<br />

cesso do Sr. Strauss, cujo segredo, a auctores ser originaria da Europa, e<br />

província vio-se na necessidade de que cresce nos Pyrineos Alpes, etc.<br />

comprar, evita-se que os operários es­ mas nós a vemos vegetar no Brasil^<br />

tejam expostos ás emanações que re­ em qualquer lugar. Talvez com tudo<br />

sultam da combustão, e ás do solo seja exótica.<br />

pantanoso.<br />

Seu caule eleva-se á 1 e % metro.<br />

O processo do Sr. Strauss, consiste As folhas são oblongas, rentes (ou<br />

em mergulhar a seiva n'uma solução sesseis), fendidas horizontalmente, tendo<br />

de sulphato de alumina e potassa, a parte superior de côr azulada ; todas<br />

(vulgarmente conhecida por pedra hu- as partes da planta são leitosas.<br />

me).<br />

As flores, em pequenos grupos, são<br />

E' a borracha uma das principaes amarellas e brilhantes.<br />

riquezas das referidas províncias; ex­ O cálice ou receptaculo, semelhante<br />

porta a província do Pará 4.752,947 kil. a um jarro, offereee na parte superior<br />

distribuídos do modo seguinte: muitas linguetas estreitas, dispostas em<br />

A Inglaterra 2.375,713 circulo, decrescendo para o centro, que<br />

Estados Unidos 2.288,829 constitue a flor.<br />

França 76,759 O fructo é como uma pequena pe-<br />

Portugal 3,770 vide preta, coroada por um feixe de pel­<br />

Hamburgo 3,675 los macios e brancos, que voam facil­<br />

Sul do Império 4,201 mente com o vento.<br />

Em Pernambuco é conhecida por Chi­<br />

Kils 4.752,947 cória brava.<br />

Usos da borracha.— Empregam na Esta herva come-se ; extrahe-se prin­<br />

fabricação de instrumentos de cirurcipalmente o sueco leitoso com uma<br />

gia, como sondas, bugias, pessarios, |fervura, e depois prepara-se com ella<br />

seringas, etc, etc. E' usada n'outras in­ um bom prato.<br />

dustrias, e na medicina tem sido empregada<br />

na phtisica, sob a forma de pí­ Sete casacas.— Britoa selloviana.<br />

lulas ; também se emprega utilmente —Fam. das Myrtaceas.— Esta planta é<br />

debaixo da fôrma de meias e de sus- conhecida em Minas Geraes por este<br />

pensorios, para comprimir as veias vari- nome.<br />

cosas. (Fig. 29.)<br />

E' adstringente.<br />

Serpão.— Thymus serpyllum, Linn. Sete cascos.— Monimia friabilis.—<br />

e Richr.—Fam. das Labiadas. — Herva E' conhecida por este nome nas Ala­<br />

natural da Europa, um tanto rasteira, goas uma arvore mediana do paiz.<br />

aromatica, e cultivada no Brasil. E' copada.


SIC SIC 399<br />

De folhas, miúdas alternas, ovaes, e<br />

lustrosas.<br />

As flores, pelas axillas das folhas e<br />

pelos ramos, são formadas por um envolucro<br />

carnoso, que encerra em seu<br />

seio os órgãos floraes, com o aspecto<br />

de pellos ; ellas são de dois sexos.<br />

O fructo parece um figo, com duas<br />

ou quatro sementes dentro ; representa<br />

uma cápsula ôca, um tanto quebradiça,<br />

que é o envoltório das flores masculinas.<br />

A madeira d'esta arvore é usada nas<br />

construccões civis.<br />

o<br />

Sete sangrias. — Guphea ingrata,<br />

Cham.—Fam. das Salicareas.—E' planta<br />

herbacea, ou pequeno arbusto.<br />

Suas_flôres são elegantes, posto que<br />

ás mais das vezes pequeninas.<br />

O fructo é suceulento.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—O cosimento<br />

d'esta planta é- empregado contra as febres<br />

intermittentes (sesões.)<br />

Sete sangrias (de Minas). —<br />

Barbarina letrandra, Mart.— Fam. das<br />

Slyraceneas.—Esta planta é da mesma<br />

familia e do gênero symplocos.<br />

E' uma variedade d'este.<br />

Sete sangrias do Rio Grande<br />

do Sul.— Symplocos platyphylla.<br />

— Fam. das 1 E' menor no porte do que a subsequente.<br />

O tronco é quasi o mesmo que o<br />

da outra, com pouca differença.<br />

As folhas, compostas de foliolos<br />

miúdos.<br />

As flores azuladas, e em grandes<br />

cachos, que produzem um bello effeito<br />

entre o verdor da vegetação.<br />

O fructo é uma vagem pequena è<br />

parda.<br />

Esta Sicupira, se bem que seja quasi<br />

igual á verdadeira, com tudo tem<br />

mais importância do que ella ; mas a<br />

pesar d'isso presta-se aos mesmos usos.<br />

Ha ainda duas espécies, que distinguimos<br />

debaixo dos nomes de Birapina<br />

e de Pyracohy<br />

Sicupira verdadeira.—Ormosia<br />

coecinea, Jacq — Robinia coecinea, Aubl.<br />

—Fam. idem.— Arvore das mattas do<br />

Brasil, de 'muita nomeada pelo seu<br />

uso, também lhe dão em alguns lugares<br />

os nomes de Sebipira e Sucupira,<br />

A arvore é bonita, elevada, copada;<br />

troncos e ramos erectos, muitas vezes<br />

com curvatura.<br />

As folhas compostas, miúdas e<br />

lisas,<br />

As flores em cachos, nas pontas dos<br />

ramos, de vivo roxo.<br />

O fructo, vagem, com sementes vermelhas,<br />

e manchas pretas.<br />

Slyracineas.—E' um arbusto Esta arvore tem o lenho duríssimo<br />

indígena do paiz, e que no Rio e o cerne pardo claro, poroso, sendo<br />

Grande do Sul recebe este noine. os poros um tanto dilatados ; todavia<br />

é suceptivel de polir-se.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— A casca da Ella tem diversos destinos: serve<br />

raiz é amarga, adstringente e muci­ para a confecção *de instrumentos<br />

laginosa .<br />

agrários, ruraes, carros de bois, peças<br />

Ella é empregada como anti-febril de engenhos, traves de edifícios, etc.<br />

(das febres terças); dá-se em cosimento. Serve, com especialidade, para a<br />

Sibira.— V: Mangne rasteiro.<br />

construcção naval; d'ahi vem que o<br />

corte d'esta madeira é prohibido pelo<br />

Sibipira.— F- Sicupira.<br />

Governo.<br />

Sicupira merim ou cary.— PROPRIEDADES MÉDICAS.— A casca é<br />

Ormosia coarciata, Jacq.— Ormosea. adstringente mi-<br />

e tônica, e aconselhada<br />

nor—Fam. das Leguminosas.— Esta contra o rheumatistmo, em tinetura;<br />

arvore, a que nas Alagoas chamam sua decocção é usada em banhos contra<br />

Sicupira-cari.<br />

as moléstias de pelle.


400 SIP SOR<br />

Silva.— Rubus brasiliensis, Mart.— As flores de dois sexos.<br />

Fam. das Rosaceas.—Amora de silva, É O fructo, á similhança de um figo car­<br />

planta espinhosa, com flores brancas noso que em maduro abre-se, ficando<br />

ou rosadas, e com o fructo redondo, plano, (chato)<br />

avermelhado e doce.<br />

Elle serve para confeccionar um Sipipi ra. — V.Sicupira.<br />

xarope, que pôde applicar-se como<br />

ante-scorbutico.<br />

Sirgy.—Arvore agreste que tem este<br />

Ha ontra espécie : Rubus jamaicensis, nome, em Pernambuco; vegeta muito<br />

Linn.<br />

nas matas de Páo d' Alho.<br />

Seu lenho passa por indestructivel.<br />

Silva da praia.—V.Ininboja.<br />

Serve para pontes e travejamentos.<br />

Silvina.—F. Cipó carneiro.<br />

Simbaiba.—Dadi lixa.—Esta plan­<br />

ta é do Maranhão, empregada nas dysurias<br />

e retenções de^urinas, na hemoptisis<br />

e vômitos.<br />

Os que trabalham em pentes lixam-os<br />

com as folhas, desta planta.<br />

No Pará chamam-lhe Lixa.<br />

Solldottia.—Trixis divaricata, Spl.<br />

— Trixis antimenorrhea, Mart. Castra<br />

regia Vell.—Fam. das Compostas.<br />

Esta herva è conhecida no Rio de Janeiro,<br />

Minas, e Pará por este nome.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—O cosimento<br />

das partes herbaceas, molles, é empregado<br />

contra as inflammações de olhos; o<br />

extracto da raiz é emmenagogo.<br />

Sintira.— Psiychotria simira, Boem et<br />

Schlt.—Fam. das Rubiaceas.—Esta planta Sorvei ra.—Callophora utilis, Mart.<br />

vegeta na Guyana e no Amazonas. — Fam. das Apocynaceas.—E' um arbus­<br />

Suas folhas são oppostas e oblongas. tosinho indígena do paiz, originário do<br />

As flores são em cachos.<br />

Pará e Amazonas, que produz a Sorva<br />

Os fruetos são pequenas bagas. (frueta).<br />

O lenho é vermelho, e presta-se à tin­ Tem as folhas regulares.<br />

turaria.<br />

As flores acinzentadas.<br />

E' adstringente.<br />

Dá um fructo á semelhança de uma<br />

Mangaba, tendo também sueco leitoso.<br />

Sipahuba.—Combrelum asceudens.— Bebe-se, e é bom para certas moléstias;<br />

Fam. das Combretaceas.—E' um arbusto essa frueta passa por mais saborosa<br />

conhecido nas Alagoas e Pernambuco que a Mangaba.<br />

por este nome; é de porte commum. O sueco, leitoso, serve também para<br />

As folhas medianas, oppostas, ovaes, reverniz.<br />

gulares, ellipticas e lisas.<br />

E' anthelmintico; dá-se na dose de<br />

Flores em espigas, pequeninas, brancas duas a três oitavas, junto com o óleo de<br />

roseas, com pouco aroma ; o interior da ricino.<br />

flor é lanuginoso.<br />

Os fruetinhos são quasi imperceptíveis Sorvei ra da Europa.— Sorbus<br />

E'uma das boas madeiras para estacas? domestica, Linn. e Pyrus Sorbus.—Gent.—<br />

e por isso muito procurada.<br />

Fam. das Rosaceas.— E' uma arvore elevada,<br />

de folhas compostas.<br />

Siparuna.— Siparuna guyanensis, Ella é oriunda do meio dia da Europa,<br />

Aubl.—Fam das Rutaceas.—É um arbusto e ahi cultivada, como também no Brasil.<br />

que vegeta na Guyana e também no Ama­ As folhas^ esbranquiçadas por baixo.<br />

zonas.<br />

As flores, em cachos, são brancas.<br />

As folhas são oppostas, com pellos es- O fructo é arredondado, pequeno,<br />

trellados.<br />

quasi vermelho, com as paredes por


sue sus 4© a<br />

dentro cartilaginosas, e com cinco sementes<br />

dentro.<br />

Sossoia.— F Lingua de vacca.<br />

Suassu-açú.— Fumo do matto, em<br />

tupinico.— V. também Eerva grossa.<br />

Suassu-aia.— Fumo do matto, em<br />

tupincoí— V. também Eerva grossa.<br />

Sucuúba.— Arvore do Brasil, lactifera,<br />

cujo sueco é vermelho.<br />

Serve para dores de peito, applicado<br />

em fôrma de emplastro.<br />

Sucuúba do Rio de Janeiro<br />

e do Pará.—Plumeria phagedenica.—<br />

Fam. das Apocyneas.— Planta que tem<br />

muito sueco leitoso.<br />

Suas folhas são grossas.<br />

Suas flores, quasi sempre grandes*, e<br />

de bonitas cores.<br />

O fructo, espécie de vagem longa ou<br />

cápsula.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—O sueco leitoso<br />

d'esta planta é applicado contra<br />

os vermes intestinaes; externamente<br />

emprega-se nas ulceras atônicas e nas<br />

verrugas; é de grande vantagem na<br />

blennorrhéa.<br />

rum, Lacerda.—Fam. das Malpighiaceas.<br />

— Planta que vegeta na província do<br />

Pará.<br />

O cosimento das folhas é empregado<br />

contra a sarna.<br />

Sué.— Nome africano, pelo qual muitas<br />

de nossas plantas 'são conhecidas.<br />

Sumaré.— Cyrtopodium brasiliensis.<br />

—Fam. das Orchideas.—O sueco gommo-<br />

Subragi. — Cyanothus speciosá. — gelatinoso é empregado pelos sapa­<br />

Fam. das Rhamnaceas.—Esta espécie é de teiros.<br />

Minas.<br />

Quando contuso, é um bom suppu-<br />

E' amarga, e usada como antirheurativo; em cosimento é peitoral, e damatica.se<br />

internamente. (Fig. 30.)<br />

Snçuaia.— V. Eerva collegio e Eerva Sumaúnta do Pará. —Erioãen-<br />

grossa.<br />

ãron sumaúma, Mart. — Fam. das Bombaceas.<br />

— E' uma arvore como por exem­<br />

Sucupira.— V Sicupira.<br />

plo a Paínera das províncias do Rio e<br />

S. Paulo', a Munguba das Alagoas, a<br />

Barriguda de Pernambuco,<br />

Surueura. — Bignonia hirtella,<br />

Lamh. — Fam. das Bignoniaceas.—Planta<br />

do Brasil, subarbusto de pequeno porte.<br />

O caule contem um sueco ácido.<br />

As folhas são de sabor azedo.<br />

As flores, pequenas, brancas amarelladas.<br />

O fructo é uma vagem.<br />

PRQPRIEDADES MÉDICAS. — Todas as<br />

partes d'esta planta são úteis nas<br />

diarrhéas chronicas.<br />

Sururúca. — Passiflora sururúca,<br />

Vell. e Eer. — Fam. das Passifloreas.<br />

Sururucujá. — Passiflora albida<br />

Vell. — Fam. idem. — Esta espécie de<br />

Maracujá é conhecida no Rio de Ja­<br />

Ha outra : Plumeria drástica, que neiro é e Bahia.<br />

applicada em pequenas doses nas se­ E' um Maracujá com pouca diffezões,<br />

na ictiricia, nas obstrucções do rença das espécies já apontadas.<br />

ligado, e no pleuriz.<br />

E' o sueco leitoso, fresco, que se em­ Suspiro, (fiiòr) — Fam. das Amaprega,<br />

misturado com óleo de amêndoas ranthaceas. — E' uma flor exótica mui<br />

doces.<br />

linda, que cultiva-se com cuidado nos<br />

jardins, e a que dão este nome em<br />

Sucuúba-rana.—Pterandium ama- Pernambuco.<br />

53


40S TAB TAC<br />

E' resultado de uma planta rasteira,<br />

mas que não se enrola nos corpos<br />

visinhos.<br />

O caule é delgado.<br />

As folhas alternas, crenadas mais ou<br />

menos profundamente, pendidas.<br />

As flores, longamente pedunculadas,'<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. —Sua raiz é<br />

empregada como aperiente, em banhos<br />

e em xarope, nas hydropisias.<br />

são ora cm cachos, ora solitárias também,<br />

e de côr branca ou roixa.<br />

Apresenta filetes compridos e muito<br />

delicados.<br />

Cultivam em Pernambuco três espécies:<br />

branca, côr do lyrio clara, o<br />

roixa avelludada.<br />

Tabaco 021 Tabaqueiro. — V- Tabúa.— Typha minor, Will.—Fam.<br />

Fumo.<br />

das Typhaceas—E' uma planta herbacea,<br />

que tem este nome no Sul.<br />

Taboca.—Fam. das Gramineas.—A Seu porte é o do capim, mas as flo­<br />

taboca em Pernambuco é chamada Tares são em espigas.<br />

quara, e em alguns lugares também é Ella é empregada para fazer es­<br />

conhecida por Canna brava da malta. teiras, e também emolliente em ba­<br />

E' um arbusto indígena, habitante nhos.<br />

das mattas.<br />

Fôrma touceira.<br />

Tabo


TAM TAM 403<br />

Tacuntba-iva, ou coqueíro- A cupola é formada por palmas muito<br />

Tacunthaiva.— Bactris inundata.— erectas, que se estendem horizontal e<br />

Seus peciolos dão fibras mui fortes, diagonalmente. São de dois sexos sepa­<br />

que - podem substituir o linho. rados : a Tamareira macho e a Tamareira<br />

fêmea ; portanto, a primeira só dá flores<br />

Tagoa-uva.— V- Tatajuba ou Ta- masculinas, e a segunda flores feminitagíbá.nas.<br />

As flores são em cachos, como as das<br />

Tahanhé.— F. Caa-ataya.<br />

mais palmeiras.<br />

O fructo, porém, é uma baga de mais<br />

Taíaboeira ou Tamboeira. de 3 centimetros , de figura ovoide,<br />

— Mandioca pequena, enfezada. aguçando-se para ambas as extremidades,<br />

de côr amarella de gémma d'ovo,<br />

Taióba.— Arum esculentum, Spl.— ou quasi vermelha, com o cálice da pri­<br />

Caladium esculentum, Linn e Will^ mitiva flor adherente á base.<br />

Fam. das Araceas.— Planta herbacea, Seu interior é occupado por uma<br />

natural do paiz, cujas folhas nascem massa mais clara ,que o exterior, pol­<br />

immediatamente do alto da raiz. posa, melliflua, pouco espessa e mui sa­<br />

Esta é uma tubera succulenta. borosa ; contém grande quantidade de<br />

As folhas são cordiformes, alongadas assucar, fecula e mucilagem, a que deve<br />

de 24 centimetros a % metro , baças, suas propriedades nutrientes e emol-<br />

esbranquiçadas por baixo, com peciolos lientes.<br />

mui longos.<br />

Encerra um caroço muito duro.<br />

A flor é justamente como a do Imbé<br />

e do Tinhorão.<br />

Tamarindo ou Tamarindeiro<br />

0 fructo é também semelhante. (por corrupção) Tamarineiro.—Ta-<br />

As folhas d'esta planta servem de marindus indica, Linn.—Fam. das Legu­<br />

hortaliça, e são de sabor agradável. minosas. — Grande arvore das índias<br />

Come-se com a carne ou de outra ma­ Orientaes e do Egypto, e aclimada no<br />

neira ; emfim, substitue a couve. Brasil.<br />

Em Pernambuco e Bahia é Taióba, em E'uma arvore de tronco elevado, com<br />

Sergipe e no Maranhão é Orelha de veado. casca escura.<br />

Folhas alternas, compostas de 10 á<br />

Tajabussú.— V. Tayoba.<br />

18 pares de foliolos oppostos, glabras.<br />

Flores grandes, em espiga de côr<br />

Tajal ou Tajaz.— V. Tayoba. amarellada, com manchas vermelhas ;<br />

são pendentes á semelhança de ban-<br />

Tajuha.—V. Tatagiba ou I-juba. deirinhas.<br />

Os fruetos são vagens curvas, do com­<br />

Tajujá.—F. Abobreira do matto. primento de 12 á 15 centimetros, contendo<br />

sementes vermelhas, cercadas de<br />

Ta jura.—F. Tinhorão.<br />

uma polpa viscosa, de côr roixa aver­<br />

Tamaotarana.—V. Mendobi.<br />

melhada, e mais ou menos acidula.<br />

Esta massa, chamada polpa.de ta-<br />

Tamara ou Tamareira.—Phõ2marindos, é empregada como refrigenix<br />

dactylifera, Linn e Will. — E' rante uma e laxante, desfeita em água com<br />

palmeira do Egypto, do Norte d'África assucar.<br />

e do Oriente.<br />

E' laxativa em doses mais elevadas.<br />

E' cultivada no Brasil; vai á altura de<br />

uns 8 a mais metros.<br />

Emprega-se nas moléstias febris.<br />

Seu tronco apresenta vestígios dos Tambatajá.—Caladium.—Fam. das<br />

peciolos das antigas folhas.<br />

Araceas.—Esta planta, que é da mesma


404 TAN TAN<br />

familia da Tayoba, é conhecida no Ma­ E* pequena.<br />

ranhão e no Pará por este nome. Suas folhas nascem logo desdo o<br />

Suas folhas são empregadas topica- collo; são ellipticas, com peciolos lonmente<br />

nas obstrucções do fígado e do gos até um palmo de extensão.<br />

baço.<br />

Ellas são um tanto grossas, com as<br />

nervuras longitudinaes parallelas, e com<br />

Tambor. —Mimosa carunculata.— algum pello.<br />

Fam. das Leguminosas.—E' uma arvore<br />

do paiz, que é conhecida nas Alagoas<br />

por este nome.<br />

Ella é esguia.<br />

O caule, quasi sempre nú, esgalhado<br />

Floresce brotando uma espiga num<br />

pedunculo comprido, cuja parte do<br />

meio para o ápice enche-se de flòrinhas<br />

brancas como pequenas rosas.<br />

O fructo é uma cápsula redonda,<br />

no cimo,de folhagem miudissimae porte Ique tem um operculo, que por si mes-<br />

bonito.<br />

As flores formam espigas ; são verticilladas<br />

; ellas são amarelladas, e parècem-se<br />

com um feixe de frocos de<br />

retroz.<br />

O fructo é uma vagem mediana,<br />

contendo grãos, como os do feijão.<br />

Esta arvore tem o lenho branco,<br />

leve e fraco; é procurada para obras<br />

que exigem madeira leve ; por esta<br />

causa, fazem d'ella caixas de guerra,<br />

d'onde parte seu nome Tambor.<br />

Tambury, ou Tamborim. —<br />

V Timburi.<br />

mo abre-se, derramando uma porção<br />

de sementes redondas e pardas.<br />

Esta planta é mui procurada e útil, e<br />

por isso cultivam-a com cuidado.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—Usa-se d'ella<br />

nas affecções inflammatorias do rosto,<br />

nas dores de dentes, nos defluxos, nas<br />

ulceras da garganta e da lingua, etc.<br />

Emprega-se a decocção feita com a<br />

planta toda, e sobretudo com as folhas.<br />

Prepara-se também uma água distillada,<br />

que se applica em collyrios nas<br />

moléstias dos olhos.<br />

Tamearama. — Dalechampia bra­ CARACTERES DA FAMÍLIA.—Pequena fasiliensis,<br />

Linn. — Fam. das Euphorbiamilia de plantas, compostas dos gêneros<br />

ceas. — Esta espécie do Brasil também Plantago e Littorella, e que se reco­<br />

é chamada Caa-Jassara. E' em outros nhece pelos caracteres seguintes:<br />

lugares Urtiga tamiarama.<br />

As flores são hermaphroditas (unise­<br />

E' uma planta trepadeira, prurigixuaes no gênero Littorella), formando<br />

nosa, de flor particular, e fructo de espigas simples, cylindricas, alongadas<br />

três gommos, e três caroços semelhan­ ou redondas; raras vezes as flores são<br />

tes ao Pinhão.<br />

solitárias.<br />

Ha no Rio de Janeiro, e em Per­ O cálice tem quatro divisões profunnambuco.das<br />

e persistentes, ou quatro sepalas<br />

Conhece-se mais quatro espécies. desiguaes, em fôrma de escamas, e duas<br />

Dalechampia convolvuloides. — Dalec. mais exteriores.<br />

scandens, da Am. Merid. — Dalec. fici- A corolla é gamopetala, tubulosa, com<br />

folia. — Dalec. triphylla. — Dalec. quatro pen- divisões regulares, raramente<br />

taphylla.<br />

inteira no ápice.<br />

Esta corolla, no gênero Plantago, liga-<br />

Tatniarana. — V Urtiga de cipó. se a quatro estames salientes, que no<br />

Littorella nascem do receptaculo.<br />

Tanchagem. — Plantago major ; O ovario é livre, com um, dois, tre3 e<br />

Linn. — Fam. das Plantagaceas.— Herva raras vezes quatro lojas, contendo um<br />

de ha muito acelimada no Brasil, na­ ou mais óvulos.<br />

tural da Europa e do Japão.<br />

O estylete é capillar, terminado por


TAN TAQ 405<br />

um estigma simples, sovelado, poucas offereee um ponto saliente no ápice,<br />

vezes bifido no ápice.<br />

quando maduro.<br />

O fructo é um pequeno pyxidio, co­ As sementes ficam soltas dentro, de<br />

berto pela corolla, que persiste. maneira que, agitando-se o fructo, pro­<br />

As sementes se compõem de um teduz um ruido como o de um maracá,<br />

gumento carnoso, no centro do qual imitando perfeitamente o ruido da cobra<br />

existe um embryão cylindrico, axillo e cascavel, quando se move.<br />

homotropo.<br />

Também é conhecido nas Alagoas por<br />

Brincos de viuva, e em outros lugares<br />

Taugara-assú.— Palicurea offici­ por Xiquexique.<br />

nalis, Mart.— Fam. idem.—E' outro ar­ O verdadeiro Xiquexique é outra planta<br />

busto, cujos órgãos são de côr amarella,<br />

como as flores.<br />

O fructo, quasi como o da espécie<br />

anterior.<br />

As folhas são anti-rheumaticas, em<br />

banhos; para uso interno applica-se<br />

em infusão branda.<br />

do mesmo gênero d'esta.<br />

Tapagiba.—7. Tatagiba,<br />

Tapeiçava. — V. Vassourinha de<br />

Pison..<br />

Tapiá. — V. Trapiá.<br />

Tangaraca.— Cephcelis ruellicsfolia,<br />

Cham. e Schal.— Fam. das Rubiaceas.— Tapicuy.—E' o vinho feito de Man­<br />

Arbustodopaiz, de folhasmembranosas. dioca.<br />

Flores agglomeradas.<br />

Seu fructo tem duas sementes, que Tapiriba. — F. Cajáeiro ou caja-<br />

são mui venenosas.<br />

zeiro.<br />

Tagaraguassú.—Caa Cooloba crês- Tapyra cayenna.— F. Cànna-flscentiaefolia.<br />

— Fam. das Polygoneas.— tula.<br />

Arvore da America, que cresce nas<br />

Antilhas.<br />

Suas folhas são grandes na base, e<br />

Tapyra coana.—V Canna-fistula.<br />

abraçam o caule.<br />

Tapyra coynana.— Cássia secero-<br />

As flores são pequenas.<br />

carpa, Vog. e Mart.—Fam. das Legu­<br />

O fructo é uma baga earnosa, coberta minosas.—Esta planta tem as mesmas<br />

por uma espécie de noz triangular ou propriedades do Tamarineiro.<br />

oval.<br />

Este fructo é adstringente.<br />

Tapyra-peeú. — Tapiria, Aubl —<br />

Herva grossa, Eellephantopus Martii. —<br />

Tangerina.— V. Laranja tangerina. E' vulneraria esta planta e útil contra<br />

as obstrucções do fígado.<br />

Tange-tange.— Lupinus unijugata.<br />

—Fam. das Leguminosas.—Subarbustinho Taquara.— Bombusa. — Fam. das<br />

que é commum no littoral; é esgalhado, Gramineas. — Planta gigante da Ásia,<br />

de 1 a 1 % metros de altura.<br />

America meridional e das províncias<br />

Ramos e caule com folhas oppostas , do Sul e Norte do Brasil.<br />

germinadas, de côr verde esbranqui­ No Pará os indígenas fazem uso de<br />

çada, e pillosas.<br />

sou caule, que cresce extraordinaria­<br />

Flores nas pontas dos ramos, em esmente de 6 á 9 metros e mais de alpigas<br />

; são amarellas e j>equenas, e patura, com um diâmetro de 12 centimerecem<br />

busiosinhos.-:<br />

tros pouco mais ou menos.<br />

O fructo é uma vagem pequena, de 3 Tem 1 á 1 K centímetros de espessura<br />

centimetros, roliça, roixa, quasi preta ; das paredes.


40« TAQ TAQ<br />

Apresenta nós de distancia em distancia.<br />

Os índios fazem d'este caule vazilhas<br />

para água.<br />

As folhas são como as do capim,<br />

porém em proporção ao tamanho.<br />

As flores em cachos na mesma razão.<br />

A madeira, lascada, presta-se a confecção<br />

de objectos d'arte mui curiosos,<br />

assim como cestos, balaios, cadeiras,<br />

6 l/C • •) G wC •<br />

das, de verde esbranquiçado, com as<br />

bordas serrilhadas.<br />

O caule é fistuloso e também formado<br />

de nós; os mais grossos não<br />

excedem de quasi 1 yt centímetro de<br />

diâmetro.<br />

Sua superfície externa é amarella,<br />

quando maduro ou secco, e tão lustroso<br />

que parece envernizado.<br />

Nunca o vimos florido.<br />

Os fogueteiros servem-se d'elle para<br />

os encher de pólvora, e fazer foguetes.<br />

É empregado para gaiolas de passarinhos,<br />

porém é já pouco usado para<br />

este fim, servindo-se de preferencia<br />

do Sambacuim, ou de qualquer madeira<br />

mesmo.<br />

Taquari das Alagoas. — Panicum<br />

horisontale — Fam. das Gramineas.<br />

Os Chins, e mesmo os índios, fazem — E' um arbusto parecido com a Canna<br />

com ella admiráveis obras de primor, da Índia ou Taquara.<br />

que vem ás nossas mãos.<br />

Caule ramoso, tubuloso e nodoso,<br />

Outras espécies porém estão hoje es­ como as demais congêneres.<br />

palhadas; entre nós, dão o nome de Elle é manchado de roixo, e em­<br />

Taquara no Brasil a quasi todas as esbaçadopécies<br />

d'este gênero.<br />

As folhas, mais largas do que no<br />

No Rio de Janeiro fazem d'este colmo commum das plantas d'esta familia.<br />

immensos varaes de escadas de mão, As flores são em cachos pyramidaes.<br />

por causa de alcançar elevada altura, Os fruetos parecem grãos de arroz ;<br />

ao mesmo tempo que é leve, em rela­ a semente é parda.<br />

ção ao volume.<br />

Fazem uso dos ramos finos para bi­<br />

Serve principalmente para o trabalho cos fou pipos) de seringa para clys­<br />

dos armadores, esculptoree, pintores, etc teres.<br />

Diz-se que resiste a acção de fogo,<br />

e que os indígenas no Amazonas co- Taquari de cavallo.— Lycurust<br />

sinham n'elle.<br />

umbratus.— Fam. idem.— Chamam Taquari<br />

de cavallo, nas Alagoas, a uma<br />

Taquarassú.— Bambusa. — Fam. espécie de capim, que vegeta pela3 ca­<br />

•idem.— Esta planta, pelo seu nome, inpoeiras grandes, ou nas mattas somdica<br />

ser mais gigantesca que a prebrias.cedente, e o que se ha dito da outra Este não fôrma touceira.<br />

melhor cabe á esta.<br />

O caule é arroixeado, esgalha sobre<br />

as outras plantas.<br />

Taquari. —Fam. idem. —Esta es­ As folhas são lanceoladas, pequenas,<br />

pécie é um arbustinho, que por este em cachos.<br />

nome é conhecido em Pernambuco; O fructinho parece um grão de arroz,<br />

•cresce até 2 a 3 metros mais ou me­ redondo.<br />

nos ; dá também em touceira.<br />

Uma só flor fértil, no alto da espiga<br />

Seu caule está sempre revestido pela ponteaguda.<br />

bainha das folhas, que o abraçam. A semente é alva.<br />

Estas são alternas, lanceoladas-agu- Os cavallos comem esta planta.<br />

Taquari da Guyanna.— Mabea<br />

Taquari, Aubl.— Fam. das Euphorbiaceas.<br />

—Arbusto leitoso da Guyanna.<br />

Dá as flores em cachos, é trepador;<br />

fornece o Caulchou ou Caulecuc.<br />

Taquari do matto. — Panicum<br />

silvaticum. — Fam. das Gramineas. —


Tatai-y.—V Tatajuba.<br />

TAT TAY 40?<br />

Este Taquari é chamado matto nas Ala­ As flores reunidas, em grupos globogoas<br />

; é uma espécie de capim, que consos, porém mui pequenas.<br />

funde-se com o Taquari de cavallo, mas Seu fructo é pequeno.<br />

seu caule é arroixeado.<br />

O leite d'esta arvore passa por um<br />

Suas folhas são inteiramente glabras. especifico para dôr de dentes.<br />

, Tem mais de uma flor fértil, em cada E' especialmente applicada á tinctu­<br />

divisão do cacho, ao passo que o outro raria, e nas construccões civis e na-<br />

tem uma só.<br />

vaes.<br />

Os órgãos floraes são amarellos e não<br />

rpixos.<br />

Tatapiririca.—Amyris.—Fam. das<br />

Terébinthaceas.—Os fruetos d'esta espécie<br />

,, Tarampabo ou coqueiro ta- são doces e comestíveis.<br />

rampabo.— (Enocarpus tarampabo. — A madeira é empregada na construc­<br />

Este coqueiro tem as folhas dispostas ção civil.<br />

em leque.<br />

Tatauba. — V. Tatagiba, o mesmo<br />

Tareroqui.— E' o Fedegôso em al­ que Tatajuba.<br />

gumas províncias, e a Mangerioba de<br />

Pernambuco.<br />

Tatu- — Eugenia axillaris. — Fam.<br />

das Myrtaceas.—E' um arbusto do Rio<br />

Taririqui.— Planta empregada nas de Janeiro, que é conhecido por este<br />

paralysias.<br />

nome.<br />

Esfregam-se as partes affectadas com E' adstringente.<br />

as folhas cosinhadas.<br />

O cosimento da raiz é útil contra o; •„ Tatuaúba.—Fam. das Meliaceas.—<br />

tumores, e também contra as orchites , Planta que é empregada como emetica<br />

como resolutivo.<br />

e cathartica.<br />

Ha três espécies; a branca poré m é<br />

Tataiba.—V. Tatajuba.<br />

a mais usada.<br />

Taúba.—F. Tatajuba ou Tatagiba.<br />

Tatajuba. —Broussonetia tinctoria, Ta si ir i.—Couratari gujanensis, Aubl.<br />

Eunt. e Eumb.—Morus tinctoria, Jacq.— —Fam. das Myrtaceas.—Grande arvore<br />

Fam. das Urticaceas.—Esta arvore indi- da Guyanna, que tem as folhas alter­<br />

.gena é a utilissima Tatajuba, que menas, ellipticas.<br />

receu tanta attenção no velho mundo, As flores grandes, côr de rosa.<br />

pela matéria corante amarella que for­ O fructo é á semelhança da Sapucaia<br />

nece, própria para tincturaria e muitos porém mais oblongo. e contendo umas<br />

,outros mysteres; hoje entretanto está 8 á 12 sementes membranosas, repar­<br />

ie alguma maneira depreciada. tidas dentro por um corpo longitudinal,<br />

Differentes nomes a Tatajuba tem re­ e de fôrma triangular.<br />

cebido do povo.<br />

Na Europa Tata-íba, Moreira em Ser­ Tavagiba.—V- Tatajuba.<br />

gipe, Tatajuba, Espinho branco, Espinheiro<br />

bravo em Pernambuco, Tatagiba Taya.—V Tayoba.<br />

e outros mais em outras paragens, Tatarema,<br />

etc.<br />

Taya-uva.—V. o mesmo.<br />

A Tatajuba é uma arvore bonita.<br />

Sua casca esbranquiçada e lactifera. Tayoba de S. Thomé. —Colo-<br />

As folhas são em palmas ovaes, recasia antiquorúm, Linn.—Arum colocasia,<br />

cirtadas, de côr verde gaio.<br />

Vell.—Fam,. das Araceas.—Esta planta


408 TEI TIB<br />

herbacea offereee tuberculos como a<br />

outra Tayoba.<br />

Tem as folhas iguaes e maiores,<br />

retorcidas ; tudo mais como no mesmo<br />

gênero já descripto.<br />

Come-se suas folhas como as da<br />

outra.<br />

Suas raizes são um pouco acres, mas,<br />

cosinhadas com sal, perdem a acrimonia,<br />

e tornam-se como o Cará.<br />

As flores são grandes, de cores lindas.<br />

Tem os mesmos usos da Tiborna.<br />

Telú — Jatropha opifera, Mart.—Jatropha<br />

lacerti.—Fam. das Euphorbiaceas.<br />

Esta planta tem a raiz branca c earnosa.<br />

Tayoiá. — V. Abóbora do matto.<br />

Tayura. — V- Tinhorão.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. Prepara-si<br />

um extracto resinoso, que, na dose d«<br />

4 grammas, obra como purgante; enprega-se<br />

na hydropisia, e nas mordeduras<br />

de cobras.<br />

Temberatú. — Zanlhoxylum Langs-<br />

Tayu y á miúdo. — A Iternaremina dorfli, Mart.—Fam. das Rulaccas.<br />

tayuiá, Mans. — Melottria. — Fam. das<br />

Cucurbitaceas. — Esta planta é um cipó PROPRIEDADES MÉDICAS.— A casca da<br />

tortuoso, cujas folhas são cordiformes, raiz, principalmente, é empregada, em<br />

ponte-agudas, e alternas.<br />

cosimento, contra as dores de dentes e<br />

Os fruetos são purgativos.<br />

dos ouvidos, sob a fôrma deloccões e fomentações.<br />

Tayuyà do Pará. — Trianosperma E' aromatica, amarga e ácida.<br />

glandulosa, Mart. — Fam. idem — Esta<br />

espécie é considerada como excitante Tentos.—V Giriquiti.<br />

do systema lymphatico.<br />

Terêry —V. Quiruiri<br />

Tayuyú de quiabo. — Wilbrandia<br />

hibiscoides, Mans. — Fam. idem. Tety-pote-iba.—F. —<br />

Ocrarepoiy.<br />

Ê de Minas e de S. Paulo esta espécie.<br />

etypotcira.— Vitis arbustina, Pi­<br />

Tem as mesmas propriedades das son.— Fam. das Ampelidaceas.— Fsta '<br />

precedentes.<br />

planta é resolutiva, e útil na hydropisia;<br />

é fortificante. Martius julga que esta<br />

Tayuyá do Rio de «Janeiro.<br />

planta é a Guira.<br />

— Trianosperma làyuyá, Mart. — Bryonia<br />

tayuya, Vell. — Fam. idem.—Esta Ti.— Dracozna brasiliensis.—Cordelina<br />

espécie, que tem a raiz napiforme, terminalis.—Fam. das Liliaceas.—A Dra-<br />

em dose grande é drástica, e emetica ccena terminalis, Linn., é natural da Chi­<br />

em pequena dose.<br />

na, e cultivada nos jardins, pela belleza<br />

Emprega-se o pó, de 6 a 7 deci­ da folhagem vermelha e das suas flores.j<br />

grammas cada vez.<br />

Cremos que entre nós também se en-J<br />

Ha ainda duas espécies. Trianos­ contra.<br />

perma arguta. Mart. — Trianosperma scaDizem<br />

que a raiz, assada, embriaga.<br />

bra, Mart.<br />

Tiborna.—Plumeria drástica, Mart.<br />

Teipoca.— Plumeria bicolor.— Fam. —Fam. das Apocyneas.— E' um arbusto<br />

das Apocyneas.—Arvore de tronco liso, leitoso, que recebe este nome em Minas,<br />

quasi sempre de folhas suceulentas e Bahia e Pernambuco.<br />

lisas.<br />

O seu sueco é leitoso.<br />

De todas r,s suas partes transuda<br />

um sueco leitoso.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — O succ$


TIM TIN 409<br />

quando fresco, sendo misturado, na dose —Physalis heterophylla.—Fam. das Sola­<br />

de uma colher, com leite de amêndoas, naceas.—A planta herbacea, que no Rio<br />

emprega-se nas febres intermittentes, de Janeiro tem este nome, é uma es­<br />

na ictericia, nas obstruccões das vísceras pécie de Canapú, nome mais geral e<br />

por que é conhecido nasprovincias; po-<br />

.rém em Pernambuco chama-se Bate-testa.<br />

* a<br />

abdominaes, e nos empyemas.<br />

O extracto da casca se dá na dose de<br />

4 decigrammas.<br />

O sueco leitoso da Tiborna do Rio de Timburi.—Mimosa.—Fam. das Le­<br />

Janeiro, Plumeriaphagedênica, é aconseguminosas.lhada por Martius contra os vermes intestinaes.<br />

Timpabcba.—Mahonia glabruta.—<br />

A casca secca é purgativa.<br />

Fam. das Berberideas. — Esta planta é<br />

oriunda da America Meridional, e de<br />

Ticuna.— E' o veneno que os indí­ porte bonito.<br />

genas compõem com o sueco de diversas Suas flores são amarelladas, e em<br />

planta do paiz.<br />

cachos.<br />

Seus fruetos, globulosos, tinguijão (*)<br />

os peixes.<br />

Timhaúba.—Fam. das Leguminosas.<br />

— Arvore silvestre do paiz, conhecida<br />

por este riome em Sergipe.<br />

Tinge cuia. — V- Papeira.<br />

Tem o porte do Páo-ferro ; até os fruetos<br />

se assemelham aos d'este, tendo, Tingoassi uba. — Zanthoxylum.<br />

porém, as'folhas e fruetos maiores. tingoassi uba, St. EU. — Fam. das<br />

Timbé ou limbo cãpò.—Pauli­<br />

Rutaceas. — É uma arvore que vegeta<br />

no Rio de Janeiro, e Cabo-Frio, cujas<br />

nia pinnata, Linn. —Fam. dasSapinãaceas. folhas são compostas, alternas.<br />

—Arbusto do Brasil, México, Guyanna, Flores, em cachos, pequenas.<br />

Antilhas e África.<br />

Os fruetos são pequenas nozes.<br />

Vegeta naturalmente em Pernambuco. A madeira d'esta arvore é própria<br />

Em lingua tupinica é conhecido por para o uso da carpinfceria; é ama­<br />

cumarú-apé.<br />

rella, e arde facilmente.<br />

Tem as folhas pinnadas, com foliolos<br />

ovaes, lanceoladas, sesseis.<br />

As folhas são picantes.<br />

Peciolo alado.<br />

Tingui (**) — Lupinus cascavella. —<br />

Fructo, cápsula pyriforme.<br />

Fam. das Leguminosas. — E' um pequeno<br />

Flores em espiga.<br />

arbusto indígena, todo coberto de pellos,<br />

Do caule d'esta planta batido extrahe- que tem este nome em Pernambuco,<br />

se filamentos, de que faz-se vassouras, onde também lhe chamam Xiquexique.<br />

e como Timbó os indígenas embriagam Tem o caule roliço, um pouco es­<br />

os peixes para apanhal-os com a mão. galhado.<br />

As folhas, compostas imparipennadas,<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS . — O cipó de de três, na extremidade dos peciolos.<br />

Timbó gosa de grande reputação, como A côr de toda a planta é verde aloi-<br />

resolutivo, nas inflammações do fígado, rada.<br />

applicado exteriormente.<br />

As flores são em cachos espigados,<br />

O 'fructo, casca e as folhas são amarellas, parecendo borboletas.<br />

nareotico-acres.<br />

Os indígenas do Pará empregam con­ (*) ' Verbo usado nas províncias do Norte<br />

tra a hypochondria, alienação men­ para significar: envenenar os peixes, sem que<br />

tal, etc.<br />

estes sejam perniciosos aos que o comem.<br />

(**) Este nome dá-se no Norte do Brasil<br />

Timb» do Rio de «fatieiro.<br />

a muitas plantas capazes de matar o peixe<br />

sem tornal-o prejudicai a quem no come.<br />

51


HO TIN TIP<br />

Os fruetos são vagens roliças, peque­ ella que muitos roceiros curam as binas,<br />

de 3 centimetros, coriaceas, da côr cheiras dos animaes.<br />

da planta, contendo sementes como os Também curam feridas e ulceras,<br />

grãos do feijão.<br />

com esta planta secca, e reduzida a<br />

O cosimento d'esta planta é appli­ pó.<br />

cado como remédio para curar sarnas. As folhas são empregadas contra<br />

esquinencia, em gargarejos;<br />

Tingui capeta. — F. Timpabeba. O sueco expresso é purgativo; o a<br />

Tingui de cola. — V. o mesmo.<br />

raiz em pó é bom çemedio contra a<br />

bicheira dos animaes.<br />

O cosimento das folhas é contra as<br />

Tingui do peixe ou Cupuint. dores de dentes.<br />

—Jacquinia tingui.—Fam. das Myrcinias.<br />

—Arbustinho silvestre, que vegeta nos Tiutureira vulgar.— Phytolaoca<br />

terrenos áridos.<br />

decandra, Linn.—Fam. das Phytolacaceas.<br />

Dão-lhe este nome em Pernambuco, — Esta planta é da America Septen­<br />

onde também chamam-o Cupium. trional.<br />

E' de porte pequeno, regulando a al­ A raiz é tuberosa.<br />

tura de 1 a 1 % metro, formando tou­ O caule, avermelhado, com folhas<br />

ceira ; é ramoso.<br />

ovaes.<br />

Os ramos são verticaes, a casca es­ As flores, em cachos, também averbranquiçada.melhadas.<br />

As folhas são circulares, obovaes, lisas Os fruetos de côr vermelha viva.<br />

e bacas.<br />

E' empregada, em fôrma de cata-<br />

As flores são solitárias, da fôrma de plasmas, nas ulceras de máo caracter.<br />

um pequeno jarro, amarellado, com a<br />

margem dividida em dez pontas. Tipi manso. — Pavonia umbrala.—<br />

O fructo é uma pequena vagem aver­ Fam. das Malvaceas.— Esta planta silmelhada,<br />

oval, com um caroço no cenvestre vegeta nos lugares humidos e<br />

tro.<br />

sombrios; dam-lhe este nome de Tipi<br />

Diz-se que esta planta mata os peixes, manso nas Alagoas, e também ha em<br />

lançada nos tanques.<br />

Pernambuco.<br />

E' uma herva que não excede de<br />

Tinhorão.— Arum bicolor, Jacq.— % a 1 metro de altura.<br />

Caladium bicolor, Linn. e Wiill.—Arum Caule roliço, de côr verde escura.<br />

maculatum.—Fam. das Aroideas.—Planta Folhas alternas, oblongas, ovaes,<br />

nossa, assim chamada em algumas pro­ lisas, escuras.<br />

víncias, como nas Alagoas, Maranhão As flores, em feixes axillares, agglo-<br />

e Rio de Janeiro.<br />

meradas em um envoltório duplo e<br />

E' uma planta herbacea,porém, vivaz. de côr verde, são brancas, semelhantes<br />

Suas folhas são radicaes, longamente á rosas, e sem cheiro.<br />

pecioladas, cordiformes, oblongas, com O fructo é uma baga, com a fôrma<br />

manchas pretas ou avermelhadas. de uma cabeça de alho, apresentando<br />

A flor é formada por um estojo folia- cinco dentes, terminando cada um por<br />

ceo, espécie de espiga clasurada, com um aguilhão, no ápice ; espinhão e<br />

as mesmas modificações da Tayoba.<br />

O bolbo é uma substancia amarellada,<br />

agarram ás roupas, como carrapicho.<br />

massiça, suceulenta, resinosa, um tanto Tipi do Maranhão.— V. Mucurá.<br />

acre e nauseabunda.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— Esta batata<br />

do Pará, e Tipi também de Pernambuco.<br />

é deletéria, mata os animaes, e é com Tipi verdadeiro.—Peliveria ali-


TIT TOC 4ft<br />

-acea — ou Petiveria tetrandra, Linn.— Tirada a casca, o corpo lenhoso é<br />

Fam. das Amaranthaceas. — Planta ori- nodoso, de côr cinzenta, lustroso, bo­<br />

,unda do Brasil e da Jamayca, pouco nito, próprio para chibata; porém<br />

e<br />

ramosa, com forte cheiro de alhos. desmerece, e é frágil.<br />

Raizes fibrosas, com longas rami­ As folhas são alternas, lanceoladas<br />

ficações finas.<br />

e com pequenos espinhos.<br />

Folhas alternas, lanceoladas, oblon-, As flores são pequenas, em cachos,<br />

gas, lisas, e escuras.<br />

como as flores das demais palmeiras,<br />

. As flores, em espigas compridas, são porém cada cacho é pequeno.<br />

brancas, pequenas, dispostas em cru- O fructo é globuloso, muito menor<br />

zetas.<br />

do que uma baila de espingarda; é<br />

O fructinho é uma pequena cápsula vermelho, e tem a amêndoa oleosa.<br />

oval, que offereee, no ápice, pontas Entretanto fazem com ella balaios<br />

curvas; no<br />

cinho.<br />

centro contem um caro- e cestos.<br />

Tiú.— Adenoropium opiferum, Mart.<br />

— Fam. das Euphorbiaceas.— A planta<br />

por este nome conhecida em S.<br />

Paulo, Minas, Goyaz, é da familia a<br />

que pertence o Pinhão.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — Essas raizes<br />

são .fortemente diureticas, e uzadas<br />

* contra a hydropisia, a paralysia, e<br />

o rheumatismo articular.<br />

Na dose de 8 grammas para 500<br />

grammas d'água, internamente, e em<br />

locções externamente.<br />

Tipú.— Tipuana speciosa. — Fam.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. —Ella é um<br />

purgativo muito empregado nas ictericias,<br />

hydropisias e obstrucções das<br />

vísceras abdominaes.<br />

das Leguminosas.— Nada sabemos a res-<br />

-peito (Testa planta.<br />

A dose é de 2 a 4 grammas.<br />

Ti ri rica.— V. Navalheira.— Cy-<br />

Tocajé.—Rupala ouRhopala.—Fam.<br />

das Proteaceas. — E' um arbusto indíperus<br />

Brasiliensis.— Pela sua semegena,<br />

trepador, que vegeta no centro<br />

lhança com a Cyperus longus da das províncias do Norte ; é conhecido<br />

Europa, é provavelmente emmenagoga e alli por este -nome, principalmente em<br />

estomachica.<br />

Pernambuco e Parahyba do Norte.<br />

Sua raiz é da côr de castanha, imi­<br />

Tiririca do Matto Grosso.— tando ao Cundurú; é rugosa e durís­<br />

Secleria.— Fam. das Gamineas. — A este sima, e de um peso admirável.<br />

gênero pertence a planta, que em Ella possue em alto gráo a virtude<br />

^Pernambuco chamam de Pé de gallinha. hemostatica, especialmente contra a<br />

metrorrhagia (hemorrhagia do utero.)<br />

Ti tara. — Euterpe sarmentosa. — A dose é de uma colherinha de chá<br />

Fam. das Palmeiras.— E' uma palmeira n'agua, sendo ella ralada até reduzir-se<br />

rara por ser trepadeira, conhecida e a pó.<br />

abundante nas Alagoas; também ha<br />

em Pernambuco pelo mesmo nome,e no CARACTERES DA FAMÍLIA.—As Protea­<br />

Pará por Jacitara, onde também abunda. ceas são arbustosinhos ou arvores exó­<br />

E' um arbusto que se estende sobre ticas, que crescem em abundância no<br />

os carramanchões, pendendo seus ramos Cabo da Boa Esperança e na Nova Hol-<br />

pelo chão. »•-<br />

landa.<br />

O caule, é roliço, revestido de es­ Suas folhas são alternas, algumas<br />

pinhos ; desiguaes d'estes uns são vezes quasi verfcicilladas ou imbrica­<br />

curvelineos, e agarram-se ás roupas das.<br />

dos viandantes, de modo a rompel-as. Suas fiôres, geralmente hermaphro-


412 TOM TOP<br />

ditas e raramente unisexuaes, são ora<br />

agrupadas na axilla da folha, ora reunidas<br />

em uma espécie de cone ou de<br />

amento.<br />

O cálice é composto de quatro sepalas<br />

lineares, algumas vezes ligadas,<br />

e formando um cálice tubuloso, com<br />

quatro ou cinco divisões mais ou menos<br />

profundas e valvulares.<br />

Os estames, em numero de quatro,<br />

são oppostos aos sepalos, e quasi sesseis,<br />

no ápice de sua face interna.<br />

O ovario é livre, com uma loja contendo<br />

um óvulo, inserido no meio de<br />

sua altura.<br />

dos pés, que até silo assim destruídos<br />

e um enérgico resolutivo dos panaricios.<br />

Fructifica em qualquer tempo, mas<br />

é escasso no inverno e abundante no<br />

principio do verão.<br />

Tomate cabaeinho. — Solanum<br />

lycopersicum Var. — Fam. idem. — lista<br />

espécie, semelhante em tudo á precedente,<br />

differe no fructo, por ter a fôrma<br />

ou apparencia de uma cabaçinha do<br />

pólvora; fôrma bojo na parte seperior,<br />

e um collo na inferior; em tudo mais<br />

é o mesmo.<br />

O estylete termina-se por um estigma,<br />

geralmente simples.<br />

Os fruetos são cápsulas de forma variada,<br />

uniloculares e monospermicas ou<br />

dispermicas, abrindo-se d'um só lado<br />

por uma sutura longitudinal; sua reunião<br />

constitue algumas vezes uma espécie<br />

de cone.<br />

A semente, que é algumas vezes alada,<br />

se compõe de um embryão erecto<br />

desprovido de endosperma. -<br />

Tomate grande. — Solanum lycopersicum<br />

Var. — Fam. idem. — É uma<br />

outra espécie, cujo fructo tem 6 a 12<br />

centimetros de diâmetro , e a fôrma de<br />

um globo deprimido, formando gomos,<br />

e tendo de espessura apenas 3 centimetros<br />

pouco mais ou menos; deixa<br />

uma cicariz grande na base; no mais<br />

é igual ao da precedente.<br />

Tomate. — Solanum lycopersicum,<br />

E' mui estimado, e tem os mesmos<br />

usos.<br />

Linn.—Fam. das Solanaceas.—O tomate, Tomba. — V. a Espelina em Minas.<br />

cujo nome em toda parte é o mesmo,<br />

é uma das hortaliças quasi usadas em Tonho OMnrambeova. — V.<br />

todo o mundo; é natural do México e<br />

também da America do Sul.<br />

Verbasco.<br />

O tomaleiro é uma herva que alasTopinambor.<br />

— Eelianthus tubetra.rosus,<br />

Linn. — Fam. das Synanthereas.<br />

Seu caule é herbaceo; todas as par­ — Planta originaria do Brasil, de altes<br />

são cobertas de pellos, e são um tanto tura de 1 a 3 metros.<br />

viscosas.<br />

Folhas ásperas.<br />

As folhas, divididas em lobos. Flores radiadas, amarellas.<br />

As flores, amarellas desmaiadas, como Raiz tuberculosa, e como formada de<br />

estrellas, e reunidas em cachos. muitas tuberas reunidas.<br />

O fructo, como todos sabem, é uma Estes tuberculos, roktos ou amarel-<br />

baga redonda, contendo uma substanlados por fora, brancos por dentro,<br />

cia polposa e aquosa, acredoce, entre­ tem um sabor mucilnginoso, um tanto<br />

meada de sementes chatas.<br />

adocicado ; comem-se cosidos e prepa­<br />

O pericarpo é uma pellicula transrados de diversas maneiras; chamamparente,<br />

vermelha na maturidade. lhes batata Topinamba. O gado procura-<br />

O tomate é excellente tempero; fazos com avidez; dão-se particularmente<br />

se d'elle conserva, hoje importa o Bra­ ás vaccas e ovelhas, cujo leite augsil<br />

uma massa de sua polpa, para supmentam.prir a falta do fructo.<br />

As folhas verdes ou seccas minis­<br />

E' um remédio útil contra os callos tram uma bôa forragem.


TRA TRA 413<br />

Totanga.— Leonurus cardíaca, Linn, e são empregadas em banhos para os<br />

e Mart. — Fam. das Labiadas. — Esta rheumatismos.<br />

planta indígena da Europa, onde lhe A madeira é branca, porosa, um<br />

chamam Cardíaca, é cultivada no paiz. pouco frágil, mas é susceptível de po­<br />

Suas folhas são trilobadas.<br />

As flores, vermelhas, com mesclas<br />

lir-se.<br />

brancas.<br />

Trapiá da matta.—F. Liga-osso.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — O sueco, Trapiá da matta. — Dorstmnia.—<br />

dado ás colheres, é antihemoptoico Fam. das Urticaceas.— E' uma herva<br />

(contra o sangue, pela boca), e peitoral ; agreste, que é conhecida nas Alagoas<br />

julga-se um antídoto da raiva (hydro- por este nome.<br />

phobia).<br />

Tem 25 centimetros mais ou menos<br />

Dá-se na dose de duas colheres do de altura.<br />

sueco, com mel de abelhas Tagy. O caule herbaceo, suceulento e escamoso,<br />

com as folhas longamente pe­<br />

Touca de viuva. — Petrcea vocioladas, oblongas, arroixeadas e luslucilis.<br />

Linn, e Lamak. — Fam. das trosas.<br />

Verbenaceas. — É um arbustinho natu­ As flores, em longos pedunculos asral<br />

das Antilhas, trepador, com flores cendentes, miúdas, de côr parda-escura<br />

em cachos pendentes, de côr purpurea, e que envolvem as sementes.<br />

tendo por fructo uma cápsula, com Esta planta vegeta nas mattas e ca-<br />

duas sementes.<br />

poeirões.<br />

E' excitante e diaphoretica.<br />

Tourí. — V. Umari.<br />

Ella parece ser o mesmo Liga-osso de<br />

Pernambuco.<br />

T r acuam. V. Imbé.<br />

Trapo. —Evonymus aglomeratus. —<br />

Fam. das Celastrineas.—O Trapo é um<br />

arbusto silvestre, conhecido em Alagoas<br />

Trapiá. — Cralceva lapia, Linn. e — Pernambuco por este nome.<br />

Fam. das Capparidaceas. — Arvore sil­ E' trepador, isto é, enrola-se sobre<br />

vestre do paiz, principalmente de Olinda, as outras plantas ; tem espinhos e ga-<br />

onde mais abunda.<br />

vinhos.<br />

Arvore pequena, mas que, chega ás Suas folhas, oppostas, ovaes, ponte-<br />

vezes a 9 metros, com diâmetro de 1 % agudas.<br />

metro.<br />

As flores, miudinhas e em aggre-<br />

Casca esbranquiçada e ramos erectos. gados, são amarellas.<br />

Folhas alternas, de peciolos longos, O fructo é entretanto redondo, pe­<br />

ternadas, lanceoladas e lisas.<br />

queno, contendo 3 á 4 sementes.<br />

As flores, em cachos, são brancas, As vergonteas d'esta planta, descas­<br />

com um feixe de pellos, purpureos ; tem cadas, fornecem boas chibatas para açoi­<br />

pouco cheiro.<br />

tar cavallos.<br />

O fructo é globuloso, amarello, opaco,<br />

sobre um pedunculo comprido. Trapoeraba. — Tradescantia diure-<br />

O pericarpo é grosso, de 1 centímetica, Mart. — Fam. das Comelinaceas.—<br />

tro de espessura, branco por dentro, Tem o caule liso, nodoso.<br />

onde se acha uma massa também branca, Folhas ovaes, agudas, lisas, miuda-<br />

molle e de um sabor doce ; é crivada mente denteadas.<br />

de sementes castanhas, redondas e Flores, terminaes, dispostas em um­<br />

grandes.<br />

Come-se, porém não,passa por boa.<br />

brellas.<br />

As folhas e a casca tem máo cheiro, PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' emolli-


414 TRE TRE<br />

ente, em banhos e em clysteres, internamente<br />

nas dores rheumaticas, e na<br />

retenção espasmodica de urinas.<br />

E' excellente antihemorrhoidal, e útil<br />

nas hydropisias.<br />

O sueco das folhas frescas acalma a<br />

comichão ou prurido dos dartros, e os<br />

banhos de seu cosimento são mui proveitosos<br />

nas affecções herpeticas.<br />

Também dá-se internamente esse cosimento,<br />

na dose de 1000 grammas por<br />

dia e 90 grammas de cada vez, nas<br />

lencorrheas e gonorrhéas.<br />

As flores, amarcllns, e solitárias.<br />

O fructo é uma cápsula.<br />

É refrigerante e antiscorbutica,<br />

Ha outras espécies. — Oxalis fulva,<br />

St. Eil. — Oxal. cordata, St. EU.—<br />

Oxal. martiana. Zucc.<br />

Trevo de cheiro. — Pleuraulha<br />

oãorata. — Fam. das Compostas. — Herva<br />

aromatica.<br />

E' de 25 centimetros mais ou menos.<br />

Suas folhas em palmas.<br />

As flores roixas.<br />

E' usada contra as picadas de in­<br />

Trapoeraba ephemera.—Trasectos venenosos.<br />

doscantia geniculata.—Fam. das Comme- Trevo, — Trifolium officinalis, Wild.<br />

linaceas.—Esta planta herbacea é emTrif.<br />

reflexum, Linn. — Fam. das Legupregada<br />

contra as mordeduras de cominosas.— Herva aromatica, natural da<br />

bras.<br />

Virgínia, e cultivada no Brasil; é mui<br />

freqüente no Maranhão.<br />

Trapoeraba rana.—(Rio de Ja­<br />

Tem Vi metro mais ou menos de<br />

neiro e Minas Geraes.) Marianinha,<br />

altura.<br />

(Bahia e Maranhão.) Commelinea defi-<br />

Suas folhas em palmas.<br />

ciens, Eebert.—Fam. idem. — Goza<br />

As<br />

das<br />

flores roixas, e bonitas.<br />

mesmas propriedades que as prece­<br />

As senhoras, no Maranhão, usam<br />

dentes.<br />

muito ornar as cabeças com esta flor.<br />

As folhas pisadas curam as morde­<br />

Trapoeraba vermelha.— Traduras<br />

de animaes venenosos, applicadescanlia<br />

rubra.—Fam. idem.—Esta esdas<br />

sobre a ferida.<br />

pécie passa por ser estimulante; dizem<br />

que, lavando-se o rosto com o seu co­ Três irmãos. — Schmidelia salpisimento,<br />

a pelle torna-se vermelha. carpa. — Fam. das Sapinãaceas. — E' um<br />

arbustinho a que dão este nome nas<br />

Trem ate. — Baccharis brasiliana Alagoas; , também cresce em Pernam­<br />

Linn.—Fam. das Compostas. — Vernonia buco, e igualmente ahi é conhecido<br />

scabra, Pers.—Herva de folhas obovaes, com o mesmo nome.<br />

e flores em cachos.<br />

O caule é quasi em moutas.<br />

As flores d'esta planta, pisadas e As folhas, em palmas ternadas, ob­<br />

applicadas sobre os olhos, quando inovaes, recortadas.<br />

flammados, fazem desapparecer as do­ As flores, em pequenas espigas, são<br />

res ; o que mostra as suas proprie­ miudinhas esbranquiçadas, e como<br />

dades emollientes e calmantes, tinetas de amarello.<br />

Dá por fructo uma bagasinha ama­<br />

Trepadeira gamelleira. — V- rella ou vermelha, menor que um grão<br />

Gamelleira trepadeira.<br />

de milho, oval, salpicada de pontos<br />

vermelhos<br />

Trevo azedo. — V. Trevo dágua. Ha uma insignificante differença entre<br />

a das Alagoas e a de Pernambuco,<br />

Trevo dágua. — Oxalís repens, quanto ao fructo.<br />

Jacq. — Thumb. — Fam. das Oxalideas.— O cosimento das folhas d'esta planta<br />

Planta cujo caule é deitado.<br />

emprega-se nas dores nevrálgicas, se­<br />

As folhas ternadas.<br />

gundo nos afnrmaram.


TRI TRO 415<br />

Três folhas brancas ou qui­ As flores azuladas ou purpurinas.<br />

na falsa. — Ticoria febrifuga, St. EU. O fructo é uma cápsula de 5 coccas.<br />

— Costa aromatica, Vell.—Fam. das O sueco é antiscorbutico.<br />

Rutaceas.— Arvore ou arbusto do Bra­ E' originaria da Europa.<br />

sil; habita as mattas da Província<br />

de Minas Geraes.<br />

Trigo branco.— Triticum amy-<br />

Folhas alternas, pecioladas, comleum sativum, Linn.— Fam. das Gframi--t<br />

postas de três foliolos, lanceoladas, neas.— Tem espiguetas multiflôres, com^*<br />

glabras, marcadas de pontos transpa­ primidas nos lados, e voltadas com a<br />

rentes.<br />

superfície mais larga para a espiga ;<br />

A casca d'esta arvore é amarga, e as glumas são querenadas.<br />

adstringente.<br />

Ha muitas variedades: como o<br />

Chamam-lhe também Três folhas, Trigo candeal ou môcho, o Trigo tre-<br />

por causa dos três foliolos, de que mez ou mesínho, o Trigo espelta, o<br />

se compõe a folha; a estas duas pa­ Trigo locar.<br />

lavras acrescentam o epitheto de Ellas fornecem uma fecula excel­<br />

brancas, para distinguir esta arvore da lente, que alimenta quasi todo mundo,<br />

Evodia febrifuga, que vegeta com ella. e é ponsso credora de todo o elogio,<br />

Tem as mesmas propriedades, mas e estima geral dos povos civilisadossuas<br />

folhas são avermelhadas.<br />

O trigo é oriundo da Pérsia, porém<br />

cultivado em todos os paizes.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— A casca<br />

Ente nós o cultivam nas províncias<br />

d'esta arvore é amarga, e adstrin­ do Rio Grande do Sul, Santa Cathagente<br />

; emprega-se nas febres interrina e Paraná, porém não constitue<br />

mitentes, na dose de 15 grammas para gênero de exportação.<br />

500 grammas d'água.<br />

Oxalá que assim fosse porque o Brasil<br />

consome enorme quantidade de fari­<br />

Trez folhas vermelhas, ou nha de trigo do Chile, Valparaiso, Es­<br />

Larangeira do matto, ou Quitados Unidos e da Europa.<br />

na.— Evodia febrifuga,- St. Ei.l—Fam.<br />

das Rutaceas.—Grande arvore do Brasil PROPRIEDADES ;<br />

MÉDICAS.— Serve para<br />

habita as províncias de Minas, Espirito püfverisar a superfície das partes ery-<br />

Santo e S. Paulo.<br />

sipelatosas, para engrossar caldos e<br />

Ramos angulosos, rubros, um pouco tomal-os mais analeptieos, para tisanas,<br />

pubescentes no ápice.<br />

e para a fabricação de pão, biscoutos<br />

Folhas oppostas, ou quasi oppostas, e bolaxas etc. etc.<br />

pecioladas, glabras, compostas de três<br />

foliolos.<br />

Tripa de gallinha.—F. Urtiga<br />

Foliolos, de peciolo curto, lanceolado, de cipó.<br />

elliptico, algum tanto acuminados, se­ Tripa de gallinha. — Dalbergia<br />

meados de pontos transparentes. gracilis..—Fam. das Leguminosas.— Ar­<br />

A casca e o lenho d'esta arvore vore ou arbusto conhecido por este nome<br />

são extremamente amargos; emprega- em Matto Grosso.<br />

se nos mesmos casos que a precedente.<br />

Trombeta azul. — Convoholus,<br />

Linn,—Fam. das Convolvulaceas. — Flor<br />

Trifolio ou Azedinha.— Oxalis cultivada no Brasil, conhecida por este<br />

acetosélla, Linn. e Willd.— Fam. das nome em Pernambuco, e pelo de Rosa<br />

Oralideas.— Planta herbacea, de raiz paquete nas Alagoas.<br />

escamosa.<br />

E' natural da America.<br />

Folhas radicaes, subcordiformes, ter­ Seu caule é trepador,pubescente ou fonadas.mento<br />

so.


41« TUC TlC<br />

As folhas alternas, cordiformes, ligei­<br />

ramente trilobadas e longamente pecioladas.<br />

As flores, azues-claras, grandes, mas<br />

em grupos pequenos, campaniformes,<br />

sem aroma.<br />

O fructo é uma cápsula, com 4 sementes<br />

dentro. Já está tão aclimatada, que<br />

nasce pelos quintaes.<br />

E' ornamento de jardins.<br />

Tuaiuassú.— F. Marinheiro da folha<br />

larga.<br />

Tu aporá.—V. o mesmo acima.<br />

Tu ca.— V Castanha do Maranhão, ou<br />

do Brasil.<br />

Tucarl.—V. a mesma acima.<br />

Tucúnt bravo. — Bactris setosa.<br />

—Fam. das Palmeirus.— Esta e.spccie é<br />

eriçada de muitos espinhos, e de porte<br />

pequeno.<br />

Talvez seja o Bactris minor de Jacq.,<br />

e o Bactris minima de Gaetr.<br />

Tucúnt ou coqueiro Tucúm.<br />

—Aslrocariumvxãgare, Mart.—Fam. idem.<br />

Trombeta roixa.— Convolvulus, — Palmeira, de cujas folhas se tiram<br />

Linn.—Fam. idem.— Esta espécie é se- boas fibras, por maceração nagua.<br />

melhant3 á precedente.<br />

As folhas, cordiformes, lisas ; e a flor Tucúnt.—Bactris marajá.— Acroco-<br />

roixa.<br />

mia officinalis.—Fam. idem.— Palmeira<br />

do Brasil, que nas Alagoas é conhe­<br />

Troni?*cteira branca.— Dalura cida por este nome, e, no Maranhão,<br />

arbórea, Linn.—Fam. das Solanaceas.— Pará e Amazonas, pelo de Tucuma.<br />

Este arbusto é natural do Peru, e no E' uma palmeira de 6 á 8 metros<br />

Brasil passa por ser expontâneo tam­ mais ou menos, de palmas finas e esbémtreitas,<br />

com espinhos.<br />

Suas folhas são grandes.<br />

O tronco é fino.<br />

Sua flor, dobrada em fôrma de cor- O envoltório do cacho, (espatha,) é<br />

neta, branca e roixa.<br />

espinhoso, com flores de dois sexos.<br />

Seu fructo, á semelhança de um O fructo é de fôrma oval, de 6 cen­<br />

grande maxixe, é venenoso.<br />

tímetros mais ou menos, de um ama­<br />

O cheiro é viroso; ella emprega-se rello vermelho, cheio de uma polpa<br />

como calmante nos rheumatismos, em alimentícia, agradável ao paladar.<br />

banhos.<br />

Fornece um óleo grosseiro, muito se­<br />

As folhas, sendo fumadas como as do melhante ao azeite de dendê, próprio<br />

tabaco, são de proveito para a asthma. para illuminação, e todos os usos industriaes.<br />

Trombeteira roixa. — Dalura<br />

Os índios utilisam os caroços do fructo<br />

fastuosa, Linn. — Fam. idem. — Esta para é fazer anneis, ponteiras, castões<br />

originaria do Egypto; é toda eriçada de bengalas e outros peqnenos arte-<br />

de espinhos.<br />

factos,<br />

A flor é dobrada; tem o envoltório Das folhas do gommo fazem-se uten­<br />

externo roixo, e o de dentro branco. sílios domésticos, como cestos, caixas,<br />

Gosa das mesmas propriedades da esteiras, abanos e chapéos; e também<br />

primeira.<br />

se faz fios, conhecidos com o nome de<br />

tucúm.<br />

Trucuas.—E' o Cipó do imbé, em<br />

Matto-Grosso.<br />

Tucúnt de Pernambuco. —V-<br />

Marajá.<br />

Tucumay ou coqueiro Tu*<br />

ctintay.— Astrocarium tucumá, Mart.<br />

— Fam. das Palmeiras. — Palmeira do<br />

Brasil, da qual se prepara o vinho d'este<br />

nome dos indígenas.<br />

E* do Pará e do Amazonas.<br />

Os fruetos comem-se.


UAR UBÁ 41*<br />

Tultira.— Nome brasileiro de uma<br />

planta da familia das Iridaceas, que é<br />

empregada como purgativa.<br />

Tuquira.—V. Lyrio.<br />

Turari.— Paulinêa grandiflora, St.<br />

Tuijuva.—V. Tapagiba.<br />

EU. — Fam. das Sapindaceas. — Esta<br />

planta é de Minas-Geraes.<br />

Ta pai pi— V. Arucuiú.<br />

E' uma trepadeira mui semelhante ao<br />

nosso Cipú cururú.<br />

Tuperiba. — Mangifera pinnata, Tem os usos análogos aos do Timbó.<br />

Lamh.— Spondia mangifera.— Fam. das<br />

Terébinthaceas.—Esta( planta é uma ar­<br />

T tipitclta.— F- Vassoura.<br />

vore baixa, do Madagascar.<br />

Suas folhas, em palmas<br />

As flores, em cachos.<br />

Tuturuhá.—Fam. das Guttiferas.—<br />

Nome dado a um fructo do matto, em<br />

O fruetos são oblongos, com uma noz<br />

dentro.<br />

Pernambuco, e também no Maranhão;<br />

O fructo é venenoso.<br />

é proveniente de uma arvore, de|folhas<br />

oppostas.<br />

A casca, pulverisada, é útil nas dysenterias.<br />

O fructo chega até 12 centimetros de<br />

comprimento; é redondo, globoso, um<br />

O cosimento do lenho é efficaz nas<br />

gonorrhéas.<br />

pouco achatado na base, de côr amarella<br />

e opaca.<br />

O sueco das folhas se dá nas dores de<br />

ouvidos.<br />

O pericarpo, membranoso, adherente<br />

a uma massa amarella, mollé, doce e<br />

Tupixava.— F. Vassourinha.<br />

pouco aromatica; no centro encontra-se<br />

um caroço grande. "<br />

Tupurapo.— V. Caferana.<br />

Come-se, e passa por boa.<br />

Uariquina. — E' uma pimenta<br />

vermelha, longa e roliça.<br />

Vegeta na província do Pará.<br />

XJ<br />

Uapuimguassú.— Arvore da pro­ Uarubé. — E' o suceo da massa<br />

víncia -do Amazonas, da qual fazem de Mandioca, d'água ou secca, mistu­<br />

os indios Jurupuxunas suas tangas e rado com a mesma mandioca e tem­<br />

Camisas.<br />

Cortam os mais grossos troncos do<br />

perado com o Tucupi fervido.<br />

comprimento que querem, fazem uma Uarumá ou arouma. — Ma-<br />

incisão longitudinal, introduzindo uma ranta arouma, Aubl. — Fam. das Maran-<br />

palmeta de madeira por entre os lábios thaceas. — Planta herbacea, oriunda da<br />

da incisão, tiram a casca, raspam a Goyanna.<br />

epiderme, e tornando a applical-a so­ Tem a raiz vermelha.<br />

bre o tronco, batem sobre ella até As folhas ao rez da terra.<br />

expellir a humidade, e ficar secca. As flores, em espigas, sobre um<br />

caule longo, são vermelhas.<br />

Uariá. — Planta cuja raiz é feculenta<br />

e alimentícia.<br />

Uaueú. — Monoptrix uauçu. — Fam.<br />

Vegeta na província do Amazonas. das Leguminosas. — E' uma planta que<br />

ignoramos.<br />

As sementes são oleosas e amargas.<br />

Ubá. — Canna brava, Nees —<br />

55


418 UBA UCU<br />

das Amomeas.— Planta herbacea, de e no centro um caroço achatado e<br />

raizes bulbosas, e folhas abarcantes, arredondado.<br />

quasi sempre grandes.<br />

O fructo é amarello, e cheiroso.<br />

As flores são em espigas vermelhas,<br />

amarellas, ou brancas.<br />

Ubaia nuchanta.— Eugenia.—<br />

O fructo é uma cápsula, quasi sem­ Fam. das Myrtaceas—E' um fructo, a<br />

pre com três compartimentos, e semen­ que no Rio Grande do Norte dão<br />

tes á maneira de pequenos glóbulos, este nome; procedente de um arbusto<br />

bem como a Canna do brejo, etc. como a Umbaieira.<br />

Fazem do Ubá cestos, balaios, etc, Seu caule porém é de uma côr es­<br />

e dos caules caudas de foguetes. cura.<br />

E' empregada como excitante e diu- As flores são brancas.<br />

retica.<br />

O fructo é mais globuloso, de cinco<br />

millimetros de diâmetro, de côr roixa<br />

Ubaaçu. — F. Páo Pereira. externamente é pericarpo membranoso.<br />

A polpa é doce, agradável, aquosa,<br />

Ubacaba. — Psydium radicans. — com um caroço no centro, que des­<br />

Fàm. das Myrtaceas. — Póde-se fazer prende-se, em estado de maturidade<br />

idéa d'essa planta mais ou menos pe­ do fructo.<br />

los caracteres de suas congêneres, por<br />

exemplo: o Araçaseiro, nGoiabeira, Ubaia.— etc. Costus spicatus.— Fam. das<br />

E' do Rio Grande do Sul.<br />

Gramineas.— E' conhecida no Rio de<br />

Os fruetos são comestíveis, e a Janeiro por Canna do brejo.<br />

planta adstringente.<br />

Contém um sueco ácido, e seu cosimento<br />

é empregado internamente, e,<br />

Ubacaia.— Costus spicatus, Sawart. em injecções, contra a leuchorrhea.<br />

et Willd.— Fam. das Amomeas.— Planta Da raiz, 16 grammas para 500 gram­<br />

oriunda da índia Oriental^ de raiz mas d'agua.<br />

densa e tuberosa.<br />

Folhas densas.<br />

Ubatim.— V. Milho grosso.<br />

Flores, em cachos, densas, amarelladas.<br />

Ubiraciea.— V. Icicariba.<br />

Tem por fructo uma cápsula tri-<br />

Ubirarema.— V. Ibirarema.<br />

gona, com três sementes.<br />

Tem as mesmas virtudes da Canna Ubussú.—V Coqueiro.<br />

de macaco.<br />

Uchi verdadeiro.—E'uma planta<br />

Ubaia. — Com este nome conhece­ do Pará, proveniente de uma arvore á<br />

mos as seguintes :<br />

semelhança do Oity da praia, porém muito<br />

maior.<br />

Ubai a. — Fam. das Myrtaceas.— Ar­ A côr do fructo, tanto interna como<br />

vore indígena do paiz.<br />

externamente, é bronzeada.<br />

Folhas lanceoladas.<br />

Elle come-se, e serve para limona­<br />

As flores, em cachinhos, são brancas, das ; tem dentro um caroço.<br />

com regos, e pedunculo comprido no<br />

centro; um fróco de filetes também Ucuúba.—Myristica sebifera, Lamh.<br />

brancos; ellas tem cheiro.<br />

—Fam. das Myristicaceas.—E' uma ar­<br />

O fructo é uma baga de dez millivore que vegeta no Brasil e territórios<br />

metros, para menos, de diâmetro, goyanenses, e ás vezes chega até grande<br />

globulosa; o tegumento externo é uma altura.<br />

pellicula fina e lustrosa ; dentro d'esta Suas folhas, alternas e oblongas, são<br />

uma polpa aquosa, macia, ácida e doce, verdes por cima e aloiradas por baixo*


UMA UMB 41»<br />

As flores, extremamente pequenas,<br />

são de dois sexos distinetos, de côr<br />

ferruginosa, e em cachos.<br />

O fructo é do tamanho de um Araçá<br />

grande, globuloso, quasi secco; abrese<br />

em duas valvas, e encerra sementes,<br />

que contem um óleo pingue, que se emprega<br />

para luz.<br />

Vegeta nas mattas da província do<br />

Amazonas.<br />

Arvore muito apreciada pela utilidade<br />

cemosa, Lamh.— Geoffroya violacea, Person.—<br />

Fam. das Leguminosas.— Esta espécie,<br />

semelhante á precedente, differe<br />

por ter o fructo roixo.<br />

Umbantba» ou coqueiro Umbantha.—Desmonicies<br />

nidentum.—Fam.<br />

das Palmeiras.—Palmeira do paiz, que<br />

vegeta nas planícies inundadas.<br />

U m b a r ú. — Eibiscus cannabinus,<br />

de seus fruetos, os quaes contem uma Linn. e Spl.—Fam. das Malvaceas.—Esta<br />

massa adipo-serosa, pouco aromatica e planta, natural da índia, é um arbus­<br />

molle, de que se fazem vellas. tinho mui parecido com a Vinagreira.<br />

Sua madeira não serve para obras de<br />

duração.<br />

E' emolliente.<br />

Umbaúba.—Cecropiapeltata, Willd.<br />

Umari ©n Mari.—Geoffroya uma- —Fam. das Urticeas.— Arvore geral do<br />

ri, Marcg e Pison. — Andira inermis, Brasil, e que vegeta também nas Co­<br />

Eumb. e Eunt.—Fam. das Leguminosas. lônias da Jamaica, onde lhe chamam<br />

— Esta planta também no Pará tem Bois trompete.<br />

applicação industrial.<br />

E' uma arvore cujo tronco é recto, com<br />

E' uma arvore de folhas compostas, signaes de nós, ôco, dividido interior­<br />

que dá um fructo um tanto grande, mente em vários compartimentos; es­<br />

de 25 á 30 millimetros, oval, com o galha na extremidade superior, asse-<br />

pericarpo fino, liso, e tem um caroço melhando-se ao Mamoeiro.<br />

no centro, envolvido por uma massa As folhas, sobre longos peciolosplisos,<br />

oleosa e doce.<br />

cylindricos, divididos em lobos, são du­<br />

Ha três variedades de espécie, uma ras, ásperas, esbranquiçadas por baixo.<br />

que tem o fructo ou a sua massa in­ As flores são de dois sexos separados;<br />

terna roixa, outra vermelha, e outra espigas pequenas, empencadas, dei­<br />

amarella.<br />

xando cahir um envolucro coriaceo,<br />

O fructo diz-se que se assemelha ao roixo, por fora, e como que prateado,<br />

Oity da praia, porém sua côr é mais por dentro.<br />

clara, o cheiro do fructo e o gosto são Estas espigas são formadas pelas flo­<br />

agradáveis.<br />

res masculinas, que são quasi imperceptíveis.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—A casca do<br />

As flores fêmeas, porém, são quasi do<br />

Umari é um poderoso anthelmintico, mesmo modo.<br />

mas cuja applicação exige muito cui­ Dá um fructo em outra espiga, tendo 5<br />

dado.<br />

millimetros, oval, estreitando para uma<br />

Se a dose é forte produz vômitos co- das extremidades, de côr roixa-escura.<br />

piosos e superpurgações, que podem de­ O pericarpo é uma pellicula, que está<br />

terminar a morte; a dose regular é de por dentro unida a uma substancia<br />

duas grammas do pó para um adulto branca, aquosa, polposa, doce, contendo<br />

e doze grammas em cosimento, tomado um caroço redondo, e grande em pro­<br />

ás colheres, é de uma e meia gramma porção.<br />

do extracto.<br />

A superfície externa do fructo é lisa<br />

Deve-se evitar tomar água fria du­ e lusidia; seu sabor não é desagradável;<br />

rante a acção d'este medicamento. ella tem alguma semelhança com a Uva.<br />

f<br />

Umari (do roixo).—Andira ra- PROPRIEDADES MÉDICAS.—Os gommos


4SO UMI<br />

Untburapuama.— V. Manacá do<br />

sul.<br />

LNH<br />

ou grelos, confusos, são applicados elliplica.— nas E' uma arvore do Pará, que<br />

feridas, cortaduras e golpes.<br />

também exsuda um óleo, que é útil<br />

A decocção é usada como peitoral. como adstringente; e o cosimento da<br />

O sueco, misturado em partes iguaes casca applica se nas ulceras da gar­<br />

com leite de vacca, é empregado nas ganta.<br />

leucorrhéas e gonorrhéas; a massa do<br />

interior do tronco, passa por ser pro­ Loba de anta.—Bauhinia aculeata,<br />

veitosa nos cancros e ulceras.<br />

Linn.— Fam. das Leguminosas.— Plant:i<br />

do nosso paiz, de folhas em palmas.<br />

Umbaúba da matta.— Cecropia<br />

Flores em cachos.<br />

concolor, Willd.—Fam. das Urticaceas.— 0 fructo é uma vagem.<br />

E' uma outra espécie de Umbauba, mais<br />

recôndita nas mattas.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.— E' empre­<br />

Seu porte é o mesmo, tendo, porém, gada nas mordeduras de cobras e na<br />

as folhas nove divisões, ou antes lobos, elephantiasis, externamente, em banhos;<br />

profundamente divididas sobre peciolo a decocção, feita na dose de 15 grammas<br />

commum.<br />

para 500 grammas d'agua, dá-se tam­<br />

A folha é áspera e dura; também serve bém internamente.<br />

de lixa.<br />

As flores nas condições das preceden­ Unha de boi.—Nome dado a muites.tas<br />

plantas do gênero Bauhinia, por<br />

O fructo é também semelhante ao causa das folhas unijugadas, figurando<br />

d'esta, mas, diz o povo do sertão, que é uma unha de boi.<br />

ainda melhor.<br />

Unha de gato.— Perlebea bauhi-<br />

Umbé.— F. Ambé.<br />

nioides, Mart.— Fam. das Bignoniaceas.<br />

—Esta planta é reputada alexiterea, e<br />

Umbu.— F. Umbuseiro e Imbuseiro. empregada por isso nas mordeduras das<br />

cobras.<br />

Unha de gato, do littoral.—<br />

Solanum ruptor ?—Fam. das Solanaceas.—<br />

U m i r i. — Eumirium floribundum , Este arbustinho, espinhoso, conhecido<br />

Mart.— Fam. das Meliaceas.— Segundo por este nome no littoral de Pernambuco<br />

Martius, esta planta fornece um sueco e Alagoas, tem o caule ramoso, esbran­<br />

resinoso, que pôde substituir o da Coquiçado, coberto de pello macio, e espipaiba.nhos<br />

louros, curvos, que também exis­<br />

Ha outra espécie que abaixo descretem nas nervuras das folhas.<br />

vemos.<br />

Estas são ovaes, chanfradas nas bordas,<br />

lustrosas e também cobertas de<br />

Umiri balsamo.'—Eumirium bal- pello macio, sobretudo na face inferiorsamifera,<br />

Anbl.—Fam. das Meliaceas.—E' As flores são em cachos, pequenas,<br />

uma arvore da Guyanna e Amazonas, axillares, e como estrellinhas brancas.<br />

cuja casca é grossa e avermelhada. O fructo é uma baga de 3 a 4 milli­<br />

Dá uma resina vermelha, que se metros, transparente, amarella, seme­<br />

obtém por incisões, e que é mui arolhante ao tomate, em ponto pequeno,<br />

matica; quando secca é um excellente que é seu congênere.<br />

perfume, cujo aroma é semelhante ao Os espinhos tem toda a analogia com<br />

do balsamo do Peru, ou do Slyrax bei- as unhas do gato, pelo que deram á<br />

join.<br />

planta o nome que tem; quando se introduz<br />

na roupa, a não tirar-se com<br />

Umiri bastardo. — Trexandria geito, rasga-a toda.


URA URT 4S1<br />

Unha de gato do sertão.— Mi­ rivel reputação, e onde também se vende<br />

mosa uuguiscati.—F„am.das Leguminosas. mais caro este veneno.<br />

— E* um arbusto do sertão, "de porte Ultimamente descobrio-se o seu an­<br />

baixo.<br />

tídoto, tão prompto no seu effeito como<br />

Tronco mui cheio de espinhos agudos, o próprio veneno.<br />

curvos.<br />

Este antídoto é o chlorureto de só­<br />

Folhas compostas, foliolos miúdos. dio ou sal commum.<br />

0 tronco cresce em moita, é muito Um animal sentindo-se ferido por<br />

duro.<br />

uma d'essas settas fica como atônito e<br />

A casca é avermelhada.<br />

sôfrego; immediatamente depois sobre-<br />

As flores são amarellas.<br />

vem-lhe vertigens, torpor, vômitos, o<br />

0 fructo é uma vagem pequena, de coma e a morte.<br />

25 a 30 centimetros ; grãos como os de No estado de torpor, ou vertigem<br />

feijão.<br />

que precede ao coma, pôde ser sem<br />

Produz uma matéria corante, ras- resistência posto em uma gaiola ou<br />

pando-se o fructo ou vagem, por fora; jaula, introduzindo-se na bocca uma pe­<br />

d'ella faz-se uso para tinta de escrever, dra ou melhor uma solução de sal de<br />

e é também usada na tinturaria. cosinha.<br />

Quando o animal volta a si acha-se<br />

Unha de vacca.—F. Unha de anta. preso, mas em um estado de jprostação<br />

que lhe não permitte, nas primei-<br />

Upenna.—F- Ipi.<br />

meiras horas, nenhum acto de cólera<br />

ou desespero.<br />

U r a r e m a. — Andira stipulacea, E' o urUry um dos venenos mais ter­<br />

Benth.— Fam. das Leguminosas.— Tamríveis que se conhece; no entretanto<br />

bém chamada Angelim coco, que é o tem-se tentado applical-o á algumas mo­<br />

Angelim amargoso.<br />

léstias prompfamente mortaes, o tétano<br />

Tem os mesmos attributos do Umari por exemplo.<br />

e Angelim doce (l).<br />

Uricana brava ou coqueiro<br />

Urary.—Curare ou worara.—Veneno Uricana hvsiiin.-^Bactris tomentosa.<br />

enérgico, preparado pelos naturaes da Fam. das Palmeiras.—E' do nosso paiz.<br />

província do Amazonas; é um instrumento<br />

de destruição dos m,ais promptos Uriunduba.—V. Aroeira do campo.<br />

e violentos.<br />

Segundo a opinião do Dr. Francisco Urtiga cansanção ou de ma­<br />

da Silva Castro, os indios do Amazonas mão.—Cnidoscolus pruriginosus —Fam.<br />

preparam o Urary das cascas do Stry- das Euphorbiaceas.— E' um arbustinho<br />

chnos. loxifera, sihomburah, cipó da herbaceo, fa­ cuja altura pouco excede a<br />

milia das Loganiaceas.<br />

1 metro.<br />

O mais abundante d'estes venenos, Caule verde, com pellos longos, du­<br />

e o que mais freqüentemente se enros e urentes ao tocar.<br />

contra no, commercio, é o urary do To­ As folhas, nas pontas dos ramos,<br />

cantins, e o que é, indígena do Peru; palmadas, com cinco lobos ou divisões,<br />

este ultimo é bastante enérgico, e tal­ e peciolos compridos, assim como os<br />

vez melhor que o do Tocantins.<br />

mesmos pellos.<br />

No Amazonas se encontra de excel­ As flores, em cachinhos, são brancas<br />

lente qualidade, mas é principalmente como jasmins, e de dois sexos dis­<br />

no Japurá onde mais gosa a suater- tinetos.<br />

O fructo é uma noz capsular, espinho­<br />

(1) Não nos parece haver differença sa, na de três coccas, seis valvas, contendo<br />

denominação Angelim e Umary,<br />

três caroços, como os do carrapateiro.


24S URT URU<br />

Esta planta transmite, pelo seu contacto<br />

com os animaes, por meio dos<br />

pellos, um humor virulento, que rapidamente<br />

incha a parte, e produz uma<br />

erupção de borbulhas pruriginosas e<br />

dolorosas, ás vezes acompanhada de<br />

febre e frio, segundo sua intensidade.<br />

O azeite doce applicado topicamente<br />

abranda sua accão.<br />

Ella tem o porte do Quiábeiro.<br />

Var. e Well. — Fam. das Urticeas.—K<br />

uma herva que vegeta por toda a parte<br />

no chão, sobre pedras, paredes, plantas,<br />

troncos, etc.<br />

Ella é tida como oriunda da Europa,<br />

Urtiga dc cipó ou cipó tripa<br />

mas se não é do Brasil está abi muito<br />

acelimada.<br />

E' conhecida por todo o paiz pelo<br />

nome de Urtiga.<br />

Tem o caule vermelho, assim como os<br />

peciolos das folhas.<br />

Estas são um tanto grandes, ovaes,<br />

de gallinha. — Euphorbia urens. — ellipticas, meio crespas, eriçadas de<br />

Fam. das Euphorbiaceas.—Esta espécie pellos duros, como o caule; estes pel­<br />

de Urtiga tem recebido todos estes nolos ferem a pelle dando lugar a grande<br />

mes, e também o de Urtiga tamiarama prurido, seguido de dôr, e erupção de<br />

entre Pernambuco e Alagoas.<br />

bolhas.<br />

E' um arbustinho de caule fino; en­ As flores são em cachos grandes,<br />

rola-se em outras plantas, cercas, etc. suas divisões forçadas, e só dispostas<br />

Suas folhas são alternas, com pecio­ de um só lado; são apenas uns utrilos<br />

um tanto longos; ellas sãó triloculos, com uma espécie de grelosinho<br />

badas ; todas essas partes são crivadas sahindo do centro,<br />

de pellos duros e pungentes.<br />

O fructo é insignificante, e contém<br />

As flores, que não parecem taes, são uma sementinha, circulada de uma<br />

formadas por uma espécie de invó­ substancia mais ou menos earnosa.<br />

lucro de folhetas verdes, recortadas, Ha outra espécie, que differe por<br />

contendo dentro uns corpusculos folia- ter o caule branco: ortiga branca.<br />

ceos, cylindricos e ovoides, que são<br />

propriamente as flores; ellas são de PROPRIEDADES MÉDICAS.— O cosimento<br />

dois sexos distinetos; d'ahi desenvolve das folhas é empregado, no uso do­<br />

se um fructo, á semelhança do pinhão, méstico, contra as fluxões, e o seu<br />

ou do carrapateiro, porém menor. xarope na asthma.<br />

O contacto d'esta planta sobre a pelle A applicação mais notável das ur­<br />

humana produz o mesmo effeito que tigas tem sido contra as affecções da<br />

o das outras Urtigas, todavia é menos pelle, sobre tudo de fôrma escamosa,<br />

acre que a precedente.<br />

dartrosa e pustulosa.<br />

Dá-se o cosimento, a infusão, e o<br />

Urtiga de espinho.—Aleotorolo- extracto para usar internamente, como<br />

phus spinosus. — Fam. das Scrophulari- poderosisimo diuretico.<br />

neas.—Planta agreste, conhecida por este<br />

nome nas Alagôos-<br />

Uruba dc caboclo.— Maranla<br />

E' um arbustinho, cujo caule é ar­ uruba — Mar. furcata, Ness. e Mart. —<br />

mado de espinhos.<br />

Fam. das Marantaceas. — E' conhecida<br />

Suas folhas são oppostas, ellipticas. em Alagoas por este nome um ar­<br />

As flores são brancas, em fôrma de bustinho ascendente, agreste, de % a<br />

corneta fendida no limbo, e listrada 2 metros, pouco mais ou menos.<br />

de roixo, por fora, com cheiro enjoa- Caule verde, parecido com o Tativo.quary,<br />

nodoso e articulado.<br />

O fructo é uma cápsula, cheia de Folhas dispostas como as d'aquelle,<br />

muitas sementes pequenas.<br />

alternas, lanceoladas, oblongas, com<br />

estojo na base, onde se prende, e<br />

Urtiga vermelha-—Urtica urens, lustrosas.


URU<br />

( Flores, em cachos, brancas, manchadas<br />

de roixo, transparentes.<br />

Fructinha de cinco millimetros, obconica,<br />

vermelha e roixa na maturidade,<br />

com uma cicatriz no ápice ; contem uma<br />

amêndoa branca, que é a a semente.<br />

Uruba verdadeira.—Maranta.—<br />

Fam. idem.— Esta espeeie, que também<br />

é silvestre, é conhecida nas<br />

Alagoas por este nome.<br />

E' semelhante á precedente, tendo<br />

porém todas as suas partes menores.<br />

O caule' fino, muito esgalhado e em<br />

moita,<br />

Folhas menores, e as flores brancas.<br />

Urucuba ou Páo sangue.—<br />

,Fam. das Myristicaceas.— Arvore conhecida<br />

nas Alagoas por este nome,<br />

e em Pernambuco por Páo sangue e<br />

também Urucuba em ambas as províncias.<br />

E' indígena.<br />

URU 4S3<br />

Tem as folhas medianas e duras.<br />

As flores, não observadas.<br />

O fructo é pyriforme, verde pallido;<br />

abre-se naturalmente, deixando apparecer<br />

um caroço grande, envolto<br />

em uma substancia de consistência<br />

forte, rubra, e cheirosa.<br />

Chamam nas Alagoas a este caroço<br />

N


4*4 UTU UVA<br />

oiães. — Fam. das Euphorbia ceas. — E' Folhas alternas, compostas de cinco<br />

uma arvore do paiz, cujo lenho é até novo pares de foliolos, oppostas,<br />

madeira de lei.<br />

oblongo-lanceoladas, glabras, acuminadas.<br />

Ururiirana. — V. Carrapicho. Flores axillares, dispostss em paniculos<br />

racemosos.<br />

Urucurana. — Bixa urucuran a, Fructo, cápsula pyriforme, e de qua­<br />

Willd. — Fam. das Bixaceas. — Esta tro valvas.<br />

planta é a mesma Urucurana carrapicho. As cascas d'esta arvore são amar.<br />

gas, adstringentes e um pouco acres,<br />

Urucurana de Minas. — Cro­ purgativas, emmenagogas e anthelton<br />

tillicefollium, Mans. —Fam. das minticas;Eu­ sua accão sobre o utero é<br />

phorbiaceas. — E' uma planta conhecimui<br />

violenta, e em dose elevada proda<br />

em Minas por este nome.<br />

E' purgativa.<br />

duz aborto.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — A decocção<br />

Urucuri-iba ou coqueiro da casca é usada externamente, em<br />

Urucuri-iba. — F. Uricuri. banhos, contra os tumores arthriticos.<br />

O extracto é recommendado em pe­<br />

Urucari ou coqueiro Uruquena dose contra a gotta, e em clyscari.<br />

—Attalea excelsa, Mart. —Fam. teres n'um cosimento mucilaginoso con­<br />

das Palmeiras.— E' do paiz, e do Norte. tra ascarides, segundo o Dr. Martius.<br />

Urucuri. —E' uma palmeira do<br />

paiz, que vegeta no Pará.<br />

Os fruetos d'esta palmeira entram<br />

na preparação da gomma elástica, que<br />

sem o seu auxilio não toma a consistência<br />

que lhe é própria.<br />

Urucuúba.— F. Urncú.<br />

Utuapoca. — V. Marinheiro de folha<br />

larga.<br />

Utuauba. — V. Gitó.<br />

Uvaaya. V. Uvalha.<br />

Uva ou vinha. V. Videira.<br />

Urumbeba. — V. Jurubeba.<br />

Uva do matto. — Corãea argentea.<br />

Fam. das Cordiaceas. — A uva do matto,<br />

Urupé pironga òu orelha de frueta proveniente de um arbusto sil­<br />

páo vermelho. — Cogumello semivestre, que nas Alagoas dão este nome.<br />

circular, que apresenta a face superior E' muito esgalhado, de ramos fle­<br />

de côr alaranjada, ou côr de zareão. xíveis.<br />

E' coriaceo, delgado, com algumas Folhas alternas, ellipticas, subcor-<br />

zonas concentricas, hymenio guarnediformes, duras e ásperas.<br />

cido de tubos unidos, quasi polygo- Flores, em cachos pequenos, brancas,<br />

nados, e microscópicos; pediculo late­ um tanto grandes, de fôrma afunilada.<br />

ral e curtíssimo.<br />

O fructo é uma bagasinha de 10 mil­<br />

E' considerado peitoral, e usado em limetros de comprimento, ovoide; seu<br />

gargarejo na angina tonsillar. pericarpo é membranoso, esbranqui­<br />

Exige cautela em sua applicação. çado; contêm um caroço no centro,<br />

Utuambá. — Guarea purgans, St.<br />

envolto em uma massa polposa, branca<br />

e doce.<br />

EU- — Fam. das Meliaceas. — Conhe­ Esta frueta é considerada como uma<br />

cida em Pernambuco por Gitó.<br />

Arvore do Brasil, de ramos averme­<br />

das melhores do Brasil.<br />

lhados.<br />

Uvaça do campo. — V. Ubacaba.


UVA UXI 425<br />

Uvalha ou Ubaia do eantpo. O fructo é ácido, um pouco insipido.<br />

— Eugenia pyriformis, St. EU. — Fam. Fructifíca em Novembro.<br />

das Myrtaceas.— E' um fructo agreste, Cultiva-se em S. Paulo.<br />

que se cultiva também, conhecido em Também em alguns lugares Ubaia é<br />

Pernambuco por este nome; em S. Pitangueira. ,-<br />

Paulo, pelo de Uvalha do campo ;e na<br />

Bahia, pelo de Pitoimbo.<br />

Uvá-açúl ou coqueiro Uvá-<br />

Arvore media, as vezes em mouta, acú (por corrupção) Uvá oçú.—Ma-<br />

Ramos lisos, acinzentados.<br />

nicaria saccifera, Mart.—Fam. das Pal­<br />

Folhas oppostas, lanceoladas, estreimeiras.— Vegeta nas bordas do Amatas,<br />

de verde escuro, coriaceas, semizonas.opacas, baças..<br />

As folhas tem analogia com as da<br />

Flores solitárias, ou em pequenos Bananeira.<br />

grupos, brancas como a flor do Araça, Os indios fabricam barretes com o<br />

porém menores, e com algum cheiro. tecido fino, que serve de envolucro aos<br />

O fructo é do tamanho de 10 a 15 cachos dos fruetos do Uvaoçú.<br />

millimetros, pyriforme, ou em fôrma<br />

de pião, com quatro aspasinhas verdes Uvapurama. — Myrtus racemosa,<br />

no ápice.<br />

Mart.—Fam. das Myrtaceas.—Esta plan­<br />

O pericarpo é uma pellicula delgada, ta vegeta em lugares próximos ao<br />

fina,'de côr amarella alaranjada; con­<br />

mar.<br />

tem uma massa polposa, aquosa, acfda<br />

Suas folhas são ovaes, lanceoladas.<br />

e doce, de sabor agradável, com um Suas flores, em pequenos cachos.<br />

ou dois caroços no centro, grandes, i A raiz é diuretica e desobstruente;<br />

esphericos, um pouco achatados, de a casca febrifuga, assim como as se­<br />

côr acinzentada ou parda clara.<br />

mentes .<br />

E' mui aromatico este fructo; é comestível,<br />

delle faz-se bom doce, e<br />

de seu xarope, limonada, refrigerantes<br />

Uxi. — Uxi umbrosissimus. — Fam.<br />

e gelea.<br />

das Chrysobolaneas. — Arvore colossal,<br />

Em S. Paulo, amadurecem os fruetos<br />

que habita nas florestas do Pará, bas­<br />

d'esta espécie em Fevereiro; em Pertante<br />

frondosa e de folhagem espessa,<br />

nambuco, em Março e Abril; varia a<br />

sendo sua côr de um verde escuro.<br />

epocha segundo as circumstancias ath-<br />

Os seus fruetos, verdadeiras drupas<br />

mosphericas.<br />

indehiscentes, abundantíssimas e aromaticas,<br />

são mui estimados como ali­<br />

Uvalha.— Eugenia uvalha, St. EU. mento, pelo seu pericarpo.<br />

—Fam. das Myrtaceas.—Esta outra es­ O caroço do fructo é recommendado<br />

pécie de Ubaia, conhecida sob o nome pelo Sr. Dr. Castro, do Pará, como<br />

de Uvalha em S. Paulo, é indígena próprio para combatter e previnir os<br />

também, semelhante á precedente, po­ escarros de sangue e as hemorrhagias<br />

rém com o fructo muito maior. uterinas, na dose de 4 á 8 grammas<br />

As folhas mais oblongas, e os ramos n'uma infusão de rosas rubras, ou ti-<br />

na sumidade são quadrangulares. sana de raiz d'althea.<br />

56


4«6 VAS VAS<br />

V<br />

Vumpi.— Coohia punctuata, Retz. — Porem é principalmente empregada<br />

Fam. das Aurantiaceas.— É uma arvore em banhos como emolliente.<br />

da China, cujo tronco é verrucoso.<br />

As folhas, em palmas.<br />

Vassoura ou Vassourinha<br />

As flores, em cachos.<br />

de botão.— Cephalanthus scoparius.—<br />

O fructo é uma cápsula earnosa, for­<br />

Fam. das Rubiaceas.—Assim chamam em<br />

mada de 5 cocas ; é comestível, de sabor<br />

Pernambuco a uma planta de 24 centi­<br />

ácido.<br />

metros a Vi metro de altura, e que resiste<br />

Suppomos ser cultivada entre nós.<br />

a todas ás estações; esgalha muito.<br />

O nome de Vampi é o mesmo por que<br />

Tem o caule castanho, muito duro.<br />

é conhecida no seu paiz natal.<br />

Raizes mui agarradas.<br />

Vapores.—V. Jasmim de S. José.<br />

As folhas oppostas e mui estreitas.<br />

As flores são reunidas em circulo<br />

Vara-apiá. —<br />

Pará.<br />

V<br />

em diversos pontos do caule, e como<br />

Grão de gallo do\<br />

I pequenas angélicas brancas.<br />

Os fruetos desenvolvem-se, reunidos<br />

Vareta. — Cipura paludosa.— É o também, formando um grupo de capsu-<br />

mesmo que Maricá paludosa, Aubl. — lasinhas.<br />

Iridacea.<br />

Esta planta, que não é verdadei­<br />

Chamam-na também Coqueirinho do ramente herva, tem a duração de ar­<br />

campo, e também Alho de campina ou do vore.<br />

matto.<br />

Tem-se descoberto que seu cosimento<br />

é útil, em banhos e internamente, na<br />

Vassoura ou Tupitcha.—Sida elephantiasis.<br />

carpinifolia, Linn.—Fam. das Malvaceas.<br />

—Esta herva, que nas províncias do sul<br />

do Império é chamada Vassoura ou Tu­ Vassoura do campo.—Dodonaa<br />

pitcha, não é a mesma planta Vassoura viscosa, Linn e Willd.—Fam. das Sapin-<br />

do norte.<br />

daceas.—É uma arvore ou arbusto, que<br />

Ella é semi-herbacea.<br />

no Rio de Janeiro e províncias do Sul<br />

As folhas alternas, ovaes oblongas. tem este nome.<br />

As flores, em grupo de quatro, nas Ella é mediana.<br />

axillas das folhas.<br />

Seus ramos são avermelhados.<br />

Os fruetos são como os das outras As folhas, oblongas, ovaes e vis-<br />

plantas, formados de muitas coccas reucosas.nidas, e terminadas em dois esporões As flores em cachos.<br />

agudos, formando as ditas coccas reu­ O fructo pequeno, de três coccas,<br />

nidas um globo achatado.<br />

encerra três caroços redondos, ou so­<br />

Os habitantes do Sul applicam as mente dois.<br />

folhas d'sta planta, pisadas, sobre as Floresce em Maio.<br />

picadas das vespas; e amarradas em Os fruetos amadurecem em Setem­<br />

feixes servem como de vassouras. Em bro, Outubro, e Novembro.<br />

lingua guarany é Tuplchá.<br />

Ha muitas espécies.


VAS VEL 4»9<br />

Vassoura de forno. — V. Alfavaca<br />

de cobra no Pará.<br />

Vassoura ou Vassourinha<br />

de varrer.— Scoparia âulcis, Linn.<br />

e Lamh.— Vandellia pratensis.— Fam.<br />

das Scrophularineas. — Esta herva campestre,<br />

conhecida em Pernambuco por<br />

este nome, é natural de ambas as<br />

Américas^.<br />

Vegeta por toda parte, esgalha muito 7 O cerne d'esta arvore é duro, côr<br />

de rosa, porém desmaiado.<br />

E' notável por arder quando ainda<br />

verde, como se estivesse secco.<br />

Seu porte é bello para ornar jardins.<br />

Vassourinha.— V. Vassoura de<br />

botão.<br />

Vassourinha dc botão.— Ve­<br />

, geta nos terrenos frescos.<br />

e tem de altura até % metro e 12 centíme­ E' usado como emolliente.<br />

tros.<br />

Folhas miúdas, estreitas, azuladas. Velame bravo.— Capgronia rufa,<br />

As flores, brancas, e revestidas de Croton triquetrum, Lamh —Fam. das<br />

um pello sedoso no meio.<br />

Euphorbiaceas.— O velame bravo é co­<br />

O fructinho, sobre longo pedunculo, nhecido nas Alagoas por tal nome,<br />

é redondo, parecido com o do Coentro; assim como em outros lugares; talvez<br />

encerra grande numero de sementes seja a planta que os antigos botânicos<br />

miudissimas.<br />

citam debaixo do nome scientifico de<br />

Croton triquetrum, Lamh.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. —E' empre­<br />

E' um subarbustinho de côr loura,<br />

gada como antihemorroidal em banhos de 1 a 1 Vi metro de altura.<br />

e clysteres, e também nas retenções Ramos castanhos, pubescentes.<br />

de urinas, tomado o seu cosimento Folhas alternas, ovaes, lanceoladas,<br />

internamente.<br />

também pubescentes, com pellos estrei­<br />

Ella reúne propiedades adstringentes tados e macios nas margens.<br />

e mücilaginosas.<br />

As flores são de dois sexos, em es­<br />

E' útil nos catarrhos pulmonares, pigas engastadas; as estéreis occupam<br />

e regularisa o fluxo catamenial, empre­ a parte superior, as férteis a inferior;<br />

gada na dose de duas onças do sueco são brancas, lanuginosas.<br />

de suas folhas; aproveita contra as O fructo é uma noz de três coccas,<br />

dores de ouvido.<br />

com três sementes semelhantes aos do<br />

No Pará preferem-na á quina, para Carrapateiro.<br />

combatter as febres.<br />

Não empregam esta espécie em me­<br />

No uso doméstico serve-se como vasdicina.soura. Velame do campo. — V. Velame<br />

Vassoureir© eu Canzenze.— verdadeiro.<br />

Mimosa incendiata — Fam. das Leguminosas.—<br />

Bonita arvore elevada e sil­ Velame miúdo. — Oxalis nitida.<br />

vestre, que é conhecida por este nome — Fam. das Oxalidaceas. — É uma pia<br />

nas Alagoas.<br />

tinha herbacea de %. metro, que ve­<br />

Sua casca é parda.<br />

geta nos lugares humidos ou frescos,<br />

Seu porte assemelha-se ao do Angico. dão-lhe este nome nos sertões do Norte.<br />

A folhagem, miúda como a do Herva pequena e delicada.<br />

mesmo Angico, é destribuida em pal­ De folhas em palminhas, com três<br />

mas.<br />

foliolos, pequenos, embaciados e quasi<br />

As flores, em feixes globulosos, pa­ ovaes.<br />

recendo frocos de retroz esverdinhado. As flores, com a côr e o aspecto da<br />

O fructo é uma vagem achatada e rosa simples, sem cheiro.<br />

. regular.<br />

O fructo é uma cápsula psquena,


4«S VEL VID<br />

ovoide, com cinco ângulos dentro, di­ Verbaaeo. — V. Barbasco.<br />

vidida em dez compartimentos, contendo<br />

uma ou duas sementes em Verorola. — V. Ucuüba.<br />

cada um.<br />

No sertão empregam o cosimento Vetlver. — Andropogon muricalum.—<br />

d'esta planta nas dores arthriticas, e nas Fam. das Gramineas. — É um capim<br />

febres malignas, (febres perniciosas.) cuja raiz é muito cheirosa; elle dá<br />

quasi por todos os lugares do globo.<br />

Velame verdadeiro. — Croton<br />

E' empregado, pelo seu forte aroma,<br />

campestris, Mart. — Fam. das Euphorbia­ para perfumar os moveis, ou preserceas.<br />

— Arbustinho conhecido por este var a roupa dos insectos.<br />

nome em S. Paulo, Pernambuco, Alagoas<br />

e ' Parahyba; eleva-se de 3 a 4 Viba. — V. Canna d'assucar.<br />

metros mais ou menos.<br />

'Caule de lenho duro, com a extremi­ Vietoria Regia.— Lindly.— Fam.<br />

dade coberta de pellos rentes.<br />

das Nimpheaceas.—É uma planta magní­<br />

Folhas alternas, ovaes-oblongas e pufica, descoberta ha alguns annos, nos<br />

bescentes.<br />

grandes rios da Goyanna e do Amazonas<br />

As flores, em espigas nas pontas pelos Srs. Bompland et d'Orbigny, e<br />

dos ramos, são aromaticas, brancas, pu­ dedicada á rainha d'Inglaterra.<br />

bescentes ; e são de dois sexos.<br />

Suas folhas redondas e onduladas,<br />

O fructo é uma noz de três coccas, de 1 a 2 metros de diâmetro, fluc-<br />

com três caroços; bem como no do tuam á superfície d'agua, acima da<br />

bravo.<br />

qual se elevam soberbas flores largas,<br />

de 3 decimetros, brancas, tendo o centro<br />

purpurino.<br />

As sementes são boas para se comer<br />

assadas, como as do milho; d'onde<br />

vem o nome de Milho d'agua, dado a<br />

estas flores, pelos guaranys.<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS. — É superior<br />

a todos os depurativos conhecidos, e<br />

empregado com suecesso para curar<br />

as empingens, a cachexia escrophulosa,<br />

as affecções venereas ligeiras ou<br />

inveteradas, os tumores, e a carie dos<br />

ossos, e sobre tudo nas affecções venereas<br />

constitucionaes, que resistiram<br />

ao mercúrio.<br />

É applicado nas moléstias cutâneas<br />

syphiliticas, elephantiasis dos árabes,<br />

erysipelas brancas, nas dores rheumaticas<br />

egottosas, nas ulceras venereas,<br />

nos casos de menstruação difflcil, nos<br />

catarrhos da bexiga e nas ulceras do<br />

utero.<br />

Passa por excellente medicamento<br />

contra os tuberculos, etc.<br />

Vicuiba. — F. Bicuiba.<br />

Vldeira.— Vitis vinifera.— Fam.<br />

das Ampellidaceas. — Arbusto trepador<br />

e sarmentoso muito vulgar; origiuario<br />

do Oriente, mas cultivado nas regiões<br />

meridionaes das zonas temperadas<br />

de todos os continentes.<br />

Ha mais de mil e quatrocentas variedades<br />

conhecidas.<br />

O sueco extrahido da uva soffre uma<br />

fermentação, e constitue o vinho: bebida<br />

já conhecida na antigüidade.<br />

Velame do campo de Minas. Ha numerosas qualidades de vinhas,<br />

— Croton fulvus, Mart. —Fam. idem.— ueterminadas geralmente pela varia-<br />

Esta espécie nos parece differir pouco dade do terreno, da exposição, do clima,<br />

da outra.<br />

da temperatura dominante, do gráo dc<br />

Tem os mesmos usos.<br />

maturidade, pela maneira de o tratar<br />

no lugar, na adega, nos toneis, nas<br />

Velludo. — V. Bredo namorado ou garrafas, etc.<br />

Beijo de palma.<br />

Portugal, a Hespanha, a França, a


VIN VIN 4S9<br />

Itália, as ilhas do Mediterrâneo, e algumas<br />

do Occeano atlântico, a Grécia<br />

etc, são os paizes que fornecem<br />

os melhores vinhos.<br />

No Brasil as videiras dão, duas vezes<br />

no anno, bem boas uvas, em todas as<br />

nossas províncias.<br />

Em S. Paulo, Santa Catharina, e<br />

Rio Grande do Sul, o sueco da uva<br />

fermenta perfeitamente, e produz bom<br />

vinho.<br />

Tudo, pois, obriga-nos a chamar a<br />

attenção dos nossos agricultores para<br />

a cultura da videira e fabricação do<br />

vinho.<br />

Além do vinho, fornece a videira<br />

ainda outros productos; bem como o<br />

álcool ou espirito de vinho, o vinagre<br />

feito do vinho, o tartaro e o ácido<br />

tartarico, que são substancias obtidas<br />

pela fermentação do vinho ou pela<br />

fabricação d'este produeto..<br />

Uma variedade particular, cujos cachos<br />

são formados por bagos pequenos<br />

e sem sementes, e que se cultiva na<br />

Grécia, dá as uvas passas, de Corintho,<br />

menores.<br />

Outra espécie, que tem bagos maiores<br />

e sementes, dá as uvas passas<br />

ordinárias, do Oriente,, da Grécia e da<br />

Hespanha, e com especialidade de<br />

Malaga.<br />

A uva é uma frueta excellente;<br />

goza de propriedades laxativas e diureticas.<br />

Emprega-se em medicina a mistura<br />

de partes iguaes de passas, tamaras,<br />

jujubas e figos, que constitue<br />

o que se chama nas pharmacias quatro<br />

fruetos peitoraes, que servem para<br />

a preparação de cosimentos peitoraes.<br />

e Pernambuco por Vinagreira, e no<br />

Rio de Janeiro, Alagoas e Bahia por<br />

Carurú azedo.<br />

Tem o aspecto de um quiabeiro, de<br />

quem é congênere.<br />

O caule vermelho rubro, apresentando<br />

nós, esgalha pouco.<br />

As folhas são alternas, com três lobos,<br />

de côr verde roixeado, e o peciolo<br />

longo; são suceulentas, e dão gosto de<br />

vinagre.<br />

As flores são grandes, bem semelhantes<br />

as do quiabeiro, porém de côr<br />

amarella desmaiada, e riscada de finos<br />

filetes vermelhos.<br />

O fructo assemelha-se ao do quiabo,<br />

sendo então redondo ou ponteagudo, dentro<br />

dividido em casinholas, e com cinco<br />

sementes reniformes.<br />

• Foi acelimada no extineto jardim botânico<br />

de Olinda, e propagou-se tanto,<br />

que hoje ha nos lugares humidos e nos<br />

prados.<br />

O fructo contém um ácido semelhante<br />

ao do vinagre.<br />

Vinda caa.—Catimbuim nutans (?)—<br />

Fam. das Amomaceas.— Esta planta é da<br />

natureza do Cardomomo, do Gengibre, da<br />

Araruta.<br />

Esta, porém, é empregada nas diarrhéas,<br />

em cosimento, e seus fruetos nas<br />

eólicas.<br />

Vina ou coqueiro Vi na.—Iri­<br />

Vinltatico.—Fam. das Leguminosas.<br />

—Esta é uma das arvores interessantes<br />

das mattas do Brasil, conhecida em Pernambuco<br />

e em Alagoas por Amarello.<br />

E' colossal, de tronco grosso, e casca<br />

escura, gretada e ramosa.<br />

As folhas são em palmas, um tanto<br />

viscosas, dando maior ou menor quantidade<br />

de resina.<br />

artea sphcerocarpa.—Fam. das Palmeiras. A copa é elevada, de pouca largura,<br />

—Suas folhas servem para cobrir ca­ um tanto vistosa, e de alguma elesas,<br />

e sua madeira fluetua n'agua, ainda gância.<br />

mesmo verde.<br />

A flor é regular, formada de cinco<br />

pétalas livres, um tanto"coriaceas, erec-<br />

Vinagreira.— Eibiscus sabdariffá, tas, lineares, lanceoladas e agudas.<br />

Linn. — Eibiscus bifurcatus. —Fam. das Os estames existem em numero de<br />

Malvaceas.—Este arbusto, originário da dez pouco mais ou menos.<br />

índia, é conhecido no Pará, Maranhão O fructo é uma vagem, ás vezes


430 VIS VIU<br />

curva, á semelhança de uma espada<br />

turca,<br />

A madeira é amarella, com veios<br />

vermelhos |e escuros, ondeados, e de<br />

uma belleza particular, principalmente<br />

quando envernisada.<br />

E' madeira de grande utilidade,<br />

tanto nas construções navaes como<br />

civis, e na marceneria.<br />

E' de que se fazem as boas canoas<br />

para navegação dos nossos rios.<br />

(Fig. 31.;<br />

Vinhatico.— Flor de Algodão.—<br />

Fam. idem.— Arvore semelhante á precedente,<br />

com á differença de que a<br />

arvore silvestre do Brasil, sem duvida<br />

uma das mais dignas de admiração.<br />

Se o Cedro do L:bano mereceo tanta<br />

attenção dos poetas europoos, só pela<br />

sua altura, elevando seu collo sobre<br />

as outras de seu reino, que diremos<br />

do Visgueiro ?<br />

O visgueiro é o gigante da florosta<br />

brasileira ; elle ergue sua vistosa cúpula<br />

de maneira que, com um simples<br />

lance de vista ao longe, vè-se-o como<br />

o rei da selva, dominando toda a<br />

matta, e distinguindo-se de todas as<br />

demais arvores.<br />

Elle é de tronco colossal, até certa<br />

altura sem ramificação, e d'ahi por<br />

madeira é fraca e o tecido muito frouxo ; diante estendendo seus grossos galhos<br />

a côr assemelha-se á da flor do al­ em verticillio horisontalmenlje, e forgodão.mando<br />

uma cúpula engraçada, re­<br />

E' procurado para pequenas obras vestida de uma folhagem em palmas<br />

de marceneria.<br />

miúdas, densas, e do um verde gaio.<br />

Sua casca é grossa, escura e sul-<br />

Viola ou violeta.— Viola adorata, cada.<br />

Linn.— Fam das Violaceas.— Planta cul­ Esta copa offereee grande e mativada<br />

nos jardins das províncias do gnífica sombra, uma vez que não seja<br />

Sul do Império.<br />

na epocha da anthese, porque então<br />

Caule molle.<br />

exsuda de suas flores abundante sueco<br />

Folhas cordiformes e denteadas. viscoso, que alastra o chão, e cuja<br />

Flores roixas, de cheiro suave. consisteneia é tal, que agarra um<br />

pássaro por maior que seja, se alli<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—'São usadas pousar.<br />

como peitoraes, emollientes, e diapho- As flores são pequenas, engastadas<br />

reticas; empregados nos defluxos e em um corpo arredondado, de duas<br />

outras moléstias acompanhadas de pollegadas de circumferencia ; são como<br />

tosse.<br />

angélicas brancas.<br />

Internamente, 2 a 4 grammas para O fructo, porém, é uma vagem longa,<br />

500 grammas d'agua.<br />

de 48 centimetros de comprimento, ondulada,<br />

com sementes redondas dentro.<br />

Violeta de três cores ou<br />

E' curioso vêr-se os pedunculos das<br />

amor perfeito. — Viola tricolor.— flores, á semelhança de um cordão tran­<br />

Fam. das Violaceas.— V. Amor perfeito. çado de retroz carmezim, com sua<br />

Violeta do Pará.— Sida repens.<br />

borla na ponta amarella, embalandose<br />

ao soprar dos ventos.<br />

— Fam. das Malvaceas.— Esta espécie, Mas, para contrastar essa belleza, deu-<br />

nos parece, é a Rasteirinha ou o Coralhe<br />

a natureza um lenho frágil, poçãozinho<br />

de Pernambuco.<br />

roso, e de um branco desagradável,<br />

E' tida por mucilaginosa, e dada tanto que só serve para Ser empre­<br />

em clysteres, para combatter as hegado em obras inferiores, taboado, etc.<br />

morrhoides.<br />

Ha duas espécies, sendo uma de<br />

flores amarellas; no mais confundem-se.<br />

Visgueiro:— Mimosa melliflua.—<br />

Fam. das Leguminosas.— O visgueiro é Viuva, (flòrj — Fam. das Apocyna-


XIQ XIX 481<br />

ceas. — E' uma flor- exótica, que em<br />

Pernambuco recebe este nome, sem<br />

duvida, pelo facto de ser roixa.<br />

Ella é um arbusto trepador, ou que<br />

inclina-se sobre outras plantas.<br />

E' esgalhada.<br />

De folhas oppostas, ovaes-agudas,<br />

de côr veide escura, e um pouco duras.<br />

Flores em cachos, espigados, de um<br />

roixo bonito, e aspecto como o do Jasmim,<br />

Vtiba. — Gynerium sacharoidest, Nees.<br />

— Arundo sagittaria, Marco Pers. —<br />

Fam. das Gramineas. — Este vegetal é<br />

uma graminea gigante, de altura de 5<br />

a 6 metros, de folhagem grande, e<br />

flores em densos cachos.<br />

O cosimento de suas raizes é empregado<br />

contra a queda dos cabellos.<br />

A planta é sacharina e mucilaginosa.<br />

tendo porém no centro um botãosi-<br />

j<br />

Vaiar ame. — Eelícteres brasiliensis.<br />

nho do mesmo tecido, que tapa o tubo — Eelícteres irosa, Vell, e Linn. —Fam..<br />

da flor; ella tem leve cheiro. das Sterculiaceas. — Arbusto de folhas<br />

cordiformes, oblongas.<br />

O fructo é em espiral, a maneira<br />

Viuva, (flor) —Fam. das Melastode<br />

um sacca-rôlha. ,. *<br />

maceas. — E' uma planta de jardim. As flores são usadas nas anginas,<br />

A flor é roixa e muito bonita; na em gargarejos.<br />

Bahia dão este nome.<br />

Ha muitas espécies.<br />

x:<br />

Seringueira do Pará.—F" Sezontaes, que representam como que uma<br />

ringueira.<br />

umbrella, e suecessivamente vai apresentando<br />

essa disposição.<br />

Xintbaúva.—Acácia.—Fam. das Le­ Suas flores são brancas, grandes,<br />

guminosas-—Arvore do Brasil, conhecida muito lacineadas, e de pouco aroma.<br />

por este nome nas Alagoas.<br />

O fructo é de 5 á 6 centimetros de comprimento,<br />

redondo, achatado, e verme­<br />

XiqueeUtique. -Ha varias espécies lho por fora; tem o pericarpo grosso,<br />

com este nome.<br />

molle e tenaz; dentro fôrma uma<br />

massa espessa, farinacea, rubra, cheia<br />

Xiquexique. — E' uma espécie de de sementinhas miúdas e pretas.<br />

palmeira da qual fazem cordas. O sabor do fructo é doce e agradável.<br />

Xiquexique de Pernambuco. O uso demasiado d'este fructo des­<br />

—V. Tange-tange.<br />

envolve as urinas, e torna-as vermelhas.<br />

Xiquexique do sertão.—Cactus. O lenho é excellente combustível, e<br />

—Fam. das Nopaleas.—E' uma arvore arde tão facilmente, que, uma vez ac-<br />

própria das catingas, conhecida por este ceso, não precisa mais ser abanado.<br />

nome no sertão.<br />

Não é muito alta.<br />

Serve de archote.<br />

Seu tronco, cheio de espinhos, eleva- Xiriubeira.—V. Eerva chumbo<br />

se até 2 ou 3 metros ; ella esgalha de<br />

certa altura, estendendo ramos hori- Xixi.—Jiluantea emetica.—Fam. das


43* YPA<br />

Leguminosas,—Planta do paiz, cujo sueco Seu caule é alastrado ou trepador,<br />

serve de verniz.<br />

cheio de tortuosidades, e áspero.<br />

A casca é resinosa; tem o sabor amar- As folhas, meio cordiformes e lobagoso<br />

e muito adstringente.<br />

das, tem gavinhas.<br />

E' empregada como vomitorio. As flores são brancas.<br />

O fructo, de fôrma quasi conica ou<br />

Xuchú.— Cucumis flexuosa, Linn.— oval-oblonga, de 9 á 12 centimetros da<br />

Fam. das Cucurbitaceas.—E' uma planta comprimento , tem a superfície rugada<br />

própria de hortas, cultivada no Brasil, e angulosa, principalmente na base.<br />

especialmente nas províncias do Sul, No ápice tem uma ponta e dentro<br />

sendo em maior escala no Rio de Ja­ uma massa branca, aquosa, com seneiro.mentes<br />

brancas, ellipticas.<br />

Ella é oriunda da índia, e resulta­ Este fructo é um legume que se codo<br />

de uma planta trepadeira, congênere sinha com carne, e serve em outros<br />

do Maxixe.<br />

guisados.<br />

Yatay ou coqueiro Yatay. — O seu sabor é puramente aromatico, e<br />

Fam. das Palmeiras.—Esta palmeira vive os indígenas usam muito d'esta planta<br />

nos lugares arenosos.<br />

para fortalece-los em seus trabalhos.<br />

Das suas fruetas fazem aguardente. Ha mais três espécies de Ypadus,<br />

As folhas servem para chapeos, e do que são empregadas como adstringen­<br />

tronco faz-se farinha.<br />

tes, e contra as mordeduras de cobras.<br />

Os indígenas do Amazonas seccam as<br />

Ybamerato.— F. Cajueiro.<br />

folhas do Ypadu, reduzem-na a pó, em<br />

pilões apropriados, e misturam com um<br />

Ybirarema.—F. Ibirarema.<br />

pouco de cinza de Umbauba e um bocado<br />

de tapioca; trazem na boca essa com­<br />

Ybira-paye.—F Aguay.<br />

posição, engulindo-a quando ella tornase<br />

bem macerada.<br />

Yciy.—V. Icicariba.<br />

Ycó.— Colicodendron Ycó.—Fam. das<br />

Capparideas.—F. Icó<br />

Ypadú.—Erythroxilon coca, Lamh.—<br />

Yquetaria ou Yquetaia —<br />

Scrophularia aquática, Linn. e March.—<br />

Fam, das Erythroxileas.— E' um arbusto Fam. das Scrophulariaeas.— Planta her­<br />

de ramos escamosos»<br />

bacea, que vegeta nos lugares fluviaes.<br />

Folhas membranosas.<br />

Seu caule é quadrangular.<br />

Poucas flores.<br />

As folhas são cordiformes.<br />

O fructo contém um só caroço.<br />

A3 flores em cachos.<br />

As folhas, em pó, obram sobre o systema<br />

nervoso.<br />

E' originaria da Europa.<br />

A sua infusão nem só satisfaz a sede PROPRIEDADES MÉDICAS.—Assegura-se<br />

como a fome; mascando-se a folha que esta planta é um bom remédio para<br />

obtem-se o mesmo effeito.<br />

as apoplexias, pleurizes e febres inter-<br />

4<br />

YQU<br />

Ypú.—E' o Convolvulos operculalus, de<br />

Gomes.


ZAN ZAN 433<br />

mittentes. Serve para tirar ao senne, o Liliaceas.— Esta planta é semelhante a<br />

cheiro nauseabundo que têm.<br />

que nos nossos jardins se cultiva, e que<br />

hoje está muito generalisada no paiz<br />

Ytó,—F. lto.<br />

com o nome de Pureza.<br />

Esta espécie fornece uma matéria re-<br />

Ytica.—Yucca aromatica.— Fam. das sinosa, análoga ao Elemi.<br />

Zaboeíro.—Pomo de Adão, ou em<br />

Assyrio Zambôa.<br />

Zabucaio— V. Sapucaia.<br />

Zaburro.—F. Milho.<br />

Zambueiro.— E' uma espécie de<br />

Cidreira.<br />

Zarza ou Sarza.—O mesmo que<br />

Salsaparrilha.<br />

Zingiber. — V. Gengibre.<br />

Z.<br />

romboides, denteadas, de côr verde<br />

escura e opacas.<br />

As flores são nas axillas das folhas,<br />

solitárias, com pedunculo comprido.<br />

O cálice campanulado, anguloso, com<br />

cinco lobos agudos, ellas são amarellas,<br />

côr de ganga, como rosas simples,<br />

e imitando as flores dos demais relógios.<br />

O fructo tem 10 gomos, á semelhança<br />

também dos outros relógios; os seus<br />

gomos se desunem, e acabam em uma<br />

ponta aguda que espeta, parecendo cada<br />

um delles um pequeno dente d'alho.<br />

Zanzo ou Relógio.—Sida rom-<br />

PROPRIEDADES MÉDICAS.—Esta semente<br />

boifolia, Linn. e Spl. e Sida suppurativa- offereee uma amêndoa, qne pisada com<br />

—Fam. das Malvaceas .—E' uma herva um bocadinho d'água, dá-se a beber con­<br />

silvestre, que em Pernambuco tem este tra as retenções de urinas, e obra quasi<br />

nome.<br />

como especifico, mas até a dose de 1<br />

Vegeta em toda a parte, até pelas decigramma e 5 centrigrammas.<br />

calçadas.<br />

As folhas, pisadas com um pouqui­<br />

Chega até % metro e 12 centimetros nho de sal, applicam nos lobinhos e<br />

de altura.<br />

outros tumores duros e indolentes, com<br />

Seu caule é escuro, arroixeado em o fim de desenvolver a supuração e ex­<br />

uns indivíduos, e verde em outros. trahir o puz ou matéria sebacea; de­<br />

A base é lenhosa.<br />

pois ella mesma, pisada com assucar<br />

As folhas alternas, lanceoladas, sub- e posta sobre a ferida, a cura.


ao:R-:R_iGrE:N"iD.A.s.<br />

2E3tsíSE<br />

Onde se trata da Azedinha, em lugar de Bignonia, e familia das<br />

Bignoniaceas, leia-se Begonia, e familia das Begoniaceas, (á qual não pertence<br />

a Caroba.)<br />

Onde se trata do Jequitiha ( Pyxidaria macrocarpa ) em lugar<br />

de familia das Lichenaceas, leia-se familia das Leguminosas.


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