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(níctf/kWwt*rn<br />
| F*c. d« MtdlclM<br />
da<br />
11 Univ. de S. Paulo II<br />
VS?FÊ<br />
^JMVERSIDADE-DESÁO-PAULOÍflL<br />
£ FACULDADE DE MEDICINA<br />
^F-<br />
N.° 3U.J.<br />
DEDALUS - Acervo - FM<br />
10700059115<br />
^<br />
E^J
§QQ, BRA8JLBRA FJTOOUM^<br />
ÜICCIOItfAJElIO<br />
DE<br />
if mim iiâsaisaii
SOC, BKASlkQRA RTÜQUI<br />
DICCIONARIO<br />
DE<br />
BOTÂNICA BRASILEIRA<br />
ou<br />
COMPÊNDIO<br />
DOS YEGETAES DO BRASIL, TANTO INDÍGENAS COMO ACCLIMADOS<br />
REVISTA POR UMA C0MM1SSÀ0 DA SOCIEDADE VELLOSIANA, E APPROVADA PELA FACULDADE<br />
DE MEDICINA DA CORTE.<br />
CONTENDO:<br />
uma descripção seientiflea de cada família a que perterfcem,.<br />
e outra vulgar ao alcance de qualquer intelligencía, seu emprego e<br />
differentes denominações nas diversas províncias do Império,<br />
as propriedades médicas e venenosas,<br />
sua utilidade nas artes, industrias, economia domestica<br />
e na veterinária<br />
COORDENADO E REDIGIDO<br />
em grande parte sobre os manuscriptos do Dr. Arruda Gamara<br />
POR<br />
jh(WfMm de ^éimeeda wümo '<br />
Pharmaceutico pela Escola especial de Pharmacia de Paris.<br />
e mandado imprimir por seu irmão<br />
O BACHAREL ZEFÉRINO D'ALMEIDA PINTO.<br />
RIO 2»<br />
\<br />
N 'URIAW,<br />
RIO DE JANEIRO.<br />
í==í=fypographia — PEESEVEBANÇA — rua do Hospicí^u. 91.<br />
* ** • fr<br />
4873.
it-tJlft
DUAS PALAVRAS AO<br />
•:**<br />
Tomando o encargo de mandar imprimir o DICCIONARIO DE BOTÂNICA<br />
BRASILEIRA, que em manuscripto deixou o seu compendiador, tivemos em vista,<br />
além da consideração de ser elle um irmão que muito prezávamos, prestar ao<br />
paiz um pequeno mas importante serviço, tornando conhecida uma parte dos<br />
trabalhos do fallecido Dr. Arruda Câmara.<br />
É sabido o quanto esse jllustre finado escreveu sobre diversos ramos<br />
da sciencia natural, assim como qual o destino que teve a maior parte de<br />
seus escriptos. Aquella, porém, que tinha relação com a botânica foi, talvez<br />
que reservada pela Providencia, longos annos depois de sua morte, objécto de*<br />
uma transacção effectuada por um de seus herdeiros; e é d'ahi que vem o<br />
DICCIONARIO DE BOTÂNICA BRASILEIRA.<br />
Empregando os maiores esforços para sua impressão, lutando com mui<br />
tas e sérias difficuldades, que constantemente surgiam por espaço de mais de<br />
um anno, é-nos summamente agradável o dever de declararmos que encontramos<br />
apoio tanto da parte do Governo Imperial, como de vários cidadãos*<br />
e mais ainda d'essa congregação, respeitável pelas illustrações que contém,<br />
conhecida n'esta cidade com a denominação de— Sociedade Vellosiana.<br />
D'ella obtivemos o auxilio mais importante que podiamos esperar. A<br />
revisão d'esse trabalho, que embora procedente de outro de incontestável mérito,<br />
soffrendo alteração na fôrma e no fundo por mãos que não eram de<br />
mestre, tornava-se uma necessidade indeclinável, como foi desde logo reconhecida.<br />
O desempenho de tão árdua, como enfadonha tarefa, com a dedicação<br />
e desinteresse que só o amor á sciencia podia inspirar, encontramos na So<br />
ciedade Vellosiana. Uma commissão de cinco membros, que a nosso pedido<br />
A
VI<br />
,„a nomeio», tomou a si esse encargo que desempenhou ">^J^*"<br />
tanto mais louvável, quanto 6 certo, que vários e ^ P ^ " * ^ ^<br />
savam sobre cada um de seus membros, sendo para notar-se que dous,<br />
d'entre elles, levaram a sua dedicação ainda além da nossa espectativa,<br />
porquanto obsequiosamente acceitaram a incumbência de rever as provas, e<br />
corrigir os erros typographicos. .<br />
Os Srs. Drs. Agostinho José de Souza Lima e Joaquim Monteiro Ca-<br />
minhoá, este lente da cadeira de botânica da Escola de Medicina d esta<br />
corte, e aquelle lente oppositor da mesma escola, prestaram á sciencia, a cujo<br />
estudo se dedicaram, com as suas luzes e vastos conhecimentos, um serviço<br />
valiosissimo.<br />
Publicando em seguida o attestado que passou a commissão da Socie<br />
dade Vellosiana, e as cartas que aquelles illustrados lentes da nossa escola de<br />
medicina nos dirigiram, pedimos-lhes para que acceitem os votos sinceros da<br />
nossa profunda gratidão.<br />
Mal traçávamos estas linhas, quando um novo e imprevisto incidente<br />
veio ainda, e por ultimo, augmentar a serie das difficuldades com que lutamos.<br />
Para a commissão que tem de representar o paiz na próxima exposição<br />
internacional de Vienna d'Áustria, foi nomeado o Dr. Joaquim Monteiro Caminhoá,<br />
que, partindo no vapor de 21 do mez passado, não poude por isso<br />
concluir a collecção dos erros typographicos.<br />
No estado adiantado da impressão, não nos permittindo circumstancias<br />
de ordens diversas, o addiamento, por semelhante motivo, de sua conclusão,<br />
tomamos a deliberação de encerral-a com as corrigendas que se notam no fim,<br />
pedindo ao leitor intelligente a necessária desculpa.<br />
Rio dè Janeiro, 2 de Abril de 1873.<br />
fej&imo d'gúlmeida ®Pinlo.
DECLARAÇÃO DA COMMISSÃO DA SOCIEDADE VELLOSIANA.<br />
Nós, abaixo assignados, membros da commissão encarregada<br />
pela Sociedade Vellosiana de corrigir o manuscripto intitulado<br />
Diccionario de Botânica Brasileira, compendiado pelo pharmaceutico<br />
Almeida Pinto, declaramos que se acha quasi terminada a<br />
tarefa que nos foi commettida, e que muito não serão de extranhar<br />
as imperfeições de que se houver por ventura de resentir,<br />
ao sâhir do prelo a obra do Sr. Almeida Pinto, visto ser esta a<br />
sua primeira edicção.<br />
Sala etc, 23 de Novembro de 1872.<br />
LADISLAÜ NETO.<br />
DR. J. J. PIZARRO.<br />
DR. A. J DE SOUZA LIMA.<br />
DR. J. M. CAMINHOÁ.<br />
DR. RAMIZ GALVÃO.
CARTA DO SR. DR. J. M. CAMIIOl.<br />
«>*&<br />
Illm. Sr. Dr. Pinto.— Sendo de ha muito reclamado um diccionario<br />
de plantas brasileiras, que ao mesmo tempo servisse para os<br />
estudantes consultarem, e para esclarecer principalmente os botânicos<br />
sobre a infinidade de nomes communs ou vulgares dos vegetaes do<br />
paiz, coube no Brasil, n'estes últimos tempos, ao incansável e distin,<br />
cto Dr. Nicoláo Moreira a gloria de começar essa patriótica tarela.<br />
Seu — Diccionario das plantas medicinaes brasileiras — que, como<br />
elle faz ver, é apenas um ensaio, ou melhor a publicação de seus<br />
apontamentos particulures, tem prestado valiosissimos serviços; e ainda<br />
mais útil seria, se elle tivesse podido por si próprio verificar tudo,<br />
e expurgal-o de faltas alheias â sua vontade.<br />
O Dr. Peckolt emprehendeu um bello trabalho sobre—as plantas<br />
alimentares brasileiras —, que será de grande valor quando-terminado.<br />
O Diccionario de plantas brasileiras, (que também se occupa das<br />
estrangeiras cultivadas entre nós), e que acaba de ser publicado<br />
por V. S., é, sem duvida, uma obra digna de encomios; porque n'ella<br />
se acham principalmente os trabalhos, que eram julgados perdidos,<br />
do Dr. Arruda Câmara, nome venerado pelos poucos botânicos bra<br />
sileiros que temos.<br />
Além d'isso vê-se quanto tempo e trabalhos custou ao seu auctor,<br />
para colleccionar tão grande numero de nomes e propriedades de vegetaes<br />
úteis, principalmente das províncias septentrionaes do Império,<br />
além dos citados por Arruda Câmara.
Como sôe succeder nas primeiras edições esta nao ponde ser<br />
pletamente purificada<br />
com<br />
de erros, que entretanto, poderão ser cor<br />
^S L^cientificos que dera aquelle illustre pernambuca<br />
no nao sao conhecidos pelos clássicos, e, portanto, nao estão acceitos;<br />
o que é devido à falta de publicidade.<br />
Alguns enganos ha também acerca de nomes vulgares e outros,<br />
porém que nao tiram o mérito da obra. , a. A A v^n^ia<br />
Bem avisado andou V. S. quando recorreu á Sociedade Vellosiana,<br />
oriente das sciencias naturaes no Brasil, afim de nomear uma<br />
commissão revisora para este trabalho, porque, elle merece muitissi-<br />
mo do publico.<br />
Para que se podesse conseguir mais do que isso, era mister que<br />
aquella commissão fosse, com tempo bastante, percorrer as diversas<br />
províncias.<br />
Apraza à Deus que, como V- S., outros mais procurem archivar<br />
os poucos e esparsos trabalhos de nossos sábios,' que nao existem<br />
mais.<br />
Seja-me licito aqui render um culto de admiração e respeito em<br />
nome da Botânica brasileira á memória do venerando naturalista<br />
Dr. Custodio Alves Serrao, que acaba de fallecer, e â quem teria<br />
V. S. certamente de ouvir a sentença d'este diccionario, com aquella<br />
singeleza, verdade, independência e profundeza que eram o apanágio<br />
d'aquelle vulto, que morreu<br />
na Gávea.<br />
quasi esquecido em sua pobre cabana<br />
Espero fazer publicar o que for encontrado, e me for confiado,<br />
das producçoes filhas dos estudos seus. Continue V S. á pesquizar,<br />
e poderemos talvez encontrar mais trabalhos do Dr. Arruda Câmara;<br />
com o que, V. S. engrandece também a nossa pátria.<br />
A grandeza de um paiz nao consiste perante a moderna civilisação<br />
na extensa área de que é formado, nem nos milhões de homens<br />
que a povoam; porém no numero de seus sábios nos differentes ramos<br />
de conhecimentos humanos.<br />
Rio de Janeiro, 26 de Marco de 1873.<br />
/. *@â. (gaminkoá.
-oojfcío»<br />
. SOUZA LIMA.<br />
Illm. Sr.— É cheio do maior prazer que tenho occasiao de felicitar-lhe<br />
em publico, pelo louvável empenho, com que V. S., affrontando<br />
tantas diíficuldades, conseguio realizar a publicação do DICCIONARIO<br />
DE BOTÂNICA BRASILEIRA ; obra confeccionada pelo finado pharmaceutico<br />
Joâquxm de Almeida Pinto, de Pernambuco, com o auxilio dos importantes<br />
manuscriptos do illustre phytologista brasileiro Dr. Arruda<br />
Câmara, cujos trabalhos até agora inéditos, e por assim dizer ignorados<br />
ou esquecidos, sao uma verdadeira preciosidade, julgada perdida<br />
para a sciencia. A parte notável que tem os escriptos d'aquelle<br />
venerando naturalista n'este DICCIONARIO, constitue o seu maior titulo<br />
de merecimento, e pelo qual mais se recommenda a sua leitura a<br />
todos quantos prezam e cultivam o estudo de botânica.<br />
A utilidade e importância pois d'esta obra, nao pôde ser posta<br />
em duvida, nem precisa ser demonstrada, bastando para isso dizer-se<br />
que é ella n'este gênero o livro mais completo que ora possuimo s<br />
apezar de algumas ligeiras faltas e lacunas, que ainda ahi se no?<br />
tam, mas que poderão ser correctas e preenchidas em edições ulteriores.<br />
Os esforços por V. S. empregados para levar a effeito a impressão<br />
d'esta obra estão acima de todo o elogio, e o tornam credor da<br />
estima publica.<br />
Acceite portanto V S. os parabéns de quem se assigna,<br />
Seu attento venerador e amigo.<br />
§}
MUI HERÓICA<br />
» « « m [pi raâ<br />
O. D. O.<br />
oaupúm >< SUnmta jpínt».
AOS MEUS COMPROYINCIANOS.<br />
O de3ejo, que sempre tive, e já por mais de uma vez tenho manifestado,<br />
de tornar-me útil á nossa sempre esforçada e bella província, me impellio<br />
a emprehender o difficil e espinhoso trabalho, que hoje tenho a honra de<br />
offerecer-vos.<br />
Aproveitando a idéia e algum material deixado pelo nosso finado com-<br />
provinciano • o muito illustrado Dr. Arruda Gamara, organizei o presente —<br />
DICCIONARIO DE BOTÂNICA BRASILEIRA _ que vos dedico; esperando a coadjuvação, com<br />
que sempre soubestes animar aquelles que se afadigam pelo engrandecimento<br />
da pátria commum.<br />
foaçrim k %húh |)mto.
INTRODUCÇÃO.<br />
Dando á luz o presente DICCIONARIO DE BOTÂNICA BRASILEIRA,<br />
temos por fim vulgarisar quanto for possível o conhecimento das<br />
plantas medicinaes indígenas e acclimadas no Brasil, despertar o<br />
amor pelas cousas pátrias, e commemorar o nome de um dos pernambucanos<br />
que mais trabalharam n'esse sentido — o illustre finado<br />
Dr. Arruda Câmara.<br />
A vegetação no Brasil é das mais admiráveis. Nos campos,<br />
nas montanhas, nas mais elevadas serras, nos areiáes das próprias<br />
costas, nas ilhas, por entre rochedos alcantilados, por toda a parte<br />
emfim ostenta-se ella vigorosa e em quasi constante primavera.<br />
A FLORA BRASILEIRA é talvez a mais rica do mundo pela abundância<br />
e variedade de espécies muito importantes, dás quaes mais<br />
de doze mil jâ são conhecidas.<br />
Para a construcção naval e civil acham-se nas mattas do Brasil<br />
as melhores madeiras; para a marceneria as mais finas e bellas que<br />
conhece a industria.<br />
Para a construcção naval temos : Peroba, (jenipapo, Oiticica,<br />
Cicopira-assú, Páo d'arco, Maçaranduba, Cedro, Louro de cheiro, Páoferro,<br />
Jaqueira, etc, etc.<br />
Para a construcção civil; Guararóba, Gerimum, Genipapinho,<br />
Oiticica, Páo-carga, Páo-pombo, etc.<br />
Para a marceneria: Vinhatico, Páo-setim, Jacarandá, Gonçalo<br />
Alves, Condurú, etc.<br />
Para a tinturaria: Páo-Brasil, Tatajuba, Campéche, Páo terras<br />
grandes, Páo terras pequenos, Anil, Urucú, etc.
IVIII<br />
Quanto aos fios e fibras, que substituam o linho, devemos ao<br />
distinctoDr. Arruda Câmara uma memória, em que mostrou que, com<br />
as folhas dos Ananazeiros manso e bravo, Coroatá, Aninga, Carrapicho,<br />
com as Palmeiras o com a estôpa extrahida da Embira, assim<br />
como com outras plantas, se podia perfeitamente substituir o lmho.<br />
Além d ? isto nascem espontaneamente nas nossas mattas, e em<br />
grande abundância, arvores que distillam precioso leite, por meio de<br />
incisoes feitas nos troncos ou hastes; por exemplo: as seringueiras,<br />
de que se tira a borracha, as mangabeiras, a maçarandubeira, de<br />
que se extrahe a gutta-percha: arvore prodigiosa, que viria a ser<br />
uma das principaes riquezas d'este Império, se o governo a mandasse<br />
desde já cultivar em nossos vastos terrenos.<br />
A Carnaúba é a arvore maravilhosa! A arvore para tudo! Pôde<br />
o homem somente com ella fazer a sua habitação, mobilial-a, illuminal-a;<br />
extrahir delia assucar, álcool e sal; com ella ainda<br />
alimentar seu gado e creações miúdas. Nenhuma outra producçao<br />
vegetal foi dotada pela natureza de tantas e tão apreciáveis qualidades<br />
! A Carnaúba tem já hoje mais de quarenta usos e appli -<br />
cações differentes, e pôde dizer-se que ainda não se acha explorada<br />
e applicada a tudo o que é possível prestar-se. As Myristicas que produzem<br />
sebo vegetal; o cacáo, a baunilha e outros muitos vegeaes, cujos<br />
productos são de reconhecida e vasta utilidade para os usos da vida,<br />
formam objecto de extenso e importante commercio.<br />
O Brasil possue uma immensa e variada riqueza de plantas<br />
medicinaes nas paragens mais remotas dos seus sertões. Não se empregam<br />
geralmente contra os effeitos das dentadas dos reptis senão<br />
vegetaes indígenas.<br />
D'entre os mais estimados e de que o povo faz uso freqüente,<br />
em numerosas applicações, apontaremos os seguintes: Batata, (gomma e<br />
resina), Caferana, Caróba, Fedegoso, Guaraná, Ipecacuanha branca e<br />
preta, Jurubeba, Mata-pasto, Mulungu, Paracary, Salsaparrilha, Vellame<br />
e diversas qualidades de Quina. Os mais preciosos balsamos,<br />
uma grande variedade de plantas resinosas, oleosas e leitosas, como<br />
o Angico, Andiroba, Copahiba, etc.<br />
Ha também nas mattas virgens, nas capoeiras, nos campos e<br />
nas costas abundância de arvores e plantas, que dão variados e saborosos<br />
fructos.<br />
Mas para que tamanhos e tão numerosos thesouros sejam convenientemente<br />
conhecidos e aproveitados, senão arrancados a uma pro.<br />
xima e inevitável destruição, convém quanto antes que se providencie<br />
a respeito do aniquilamento das mattas, onde se consomem tantos ve_<br />
\
III<br />
getaes destinados sem duvida a uma profícua applicação na industria<br />
futura do paiz, assim como não é menos urgente attender desde já<br />
à çreação de escolas agrícolas, nas principaes províncias, devendo<br />
n'essas escolas ensinar-se a agricultura theorica e pratica, afim' de<br />
que os agricultores percam a péssima rotina, a que estão acostumados,<br />
e que se habilitem a tirar maiores vantagens d'esta, tão rica<br />
e prodigiosa vegetação. 4"<br />
E' necessário todo o cuidado na conservação das mattas do<br />
, Páo Brasil, e estender a sua plantação a uma grande escala.<br />
E' mister repetirem-se constantemente os plantios; escolherem-se<br />
sementes de algodão, de canna, chá, café e quina, e de muitas outras<br />
arvores, como se praticava nos tempos em que éramos colonos, e de<br />
que ainda hoje tão bons resultados colhemos. Facilmente se faria hoje<br />
este serviço por meio dos navios de guerra, que nas suas viagens<br />
de instrucção podiam trazer excellentes mudas de sementes; pois<br />
o nosso solo abraça qualquer planta exótica.<br />
Na compilação d'esta obra tivemos de consultar as dos Srs.<br />
Martius, St. Hilaire, Dr. Moreira, Chernoviz, Dr. Ladisláo Netto e outros.<br />
Terminando esta breve e incorrecta introducção, declaramos,<br />
para evitar duvidas, que todo o nosso trabalho consiste simplesmente<br />
na ampliação e, em muitos pontos, correcção da obra inédita, deixada<br />
pelo finado e illustre Dr. Arruda Câmara, na qual trabalhamos ha<br />
bastantes annos.<br />
A obra do Dr. Arruda Câmara precisava de uma melhor redacção,<br />
os seus artigos eram incompletos, deficientes, obscuros e sem<br />
ordem. D'ahi sahio o presente DICCIONARIO; e julgue-se por elle da<br />
diniculdade e esforços da nossa empreza.<br />
Não vai esta obra illustrada com maior numero de desenhos,<br />
representando mais algumas arvores e arbustos, em razão das difiiculdades<br />
que encontramos para photographal-os, sendo devidos os<br />
originaes das poucas estampas, que illustram o DICCIONARIO DE<br />
BOTÂNICA BRASILEIRA, ao talento e actividade do nosso distincto photographo<br />
o Illm. Sr. João Ferreira Villela, bem como ao Illm. Sr Joaquim<br />
Francisco Bastos, que graciosamenta se presto 1 a dar-nos um<br />
grande numero de cópias, habilmente desenhadas a lápis.<br />
A ambos damos publico testemunho de nossa gratidão.
DICCIONARIO<br />
DÁ.<br />
BOTÂNICA BEASILEIÈA.<br />
* ABA<br />
AbHrnrhi roxo.— Var. pyramida'<br />
dc salor doce acidulado, imiiti^imo<br />
agradável, .li' aroma activo e delicioso:<br />
lis riolacia macrocarpa, Dony. — Fam.<br />
idm. — A frueta é mais volumosa, tem<br />
cortada a ca^cu, deixa ver umas vesi-<br />
ás veze3 4 % decimetros de comprimento,<br />
fiiln-.. que «\o 03 fragmentos dos órgãos<br />
c cercada de muitos gamos (olhos) ; o<br />
tlcmic*.<br />
eixo central é tão tenro quanto a parte<br />
Ksta planta é semelhante ao ananaz,<br />
da qual é variedade, differe na fôrma do earnosa da frueta.<br />
fructo e no sabor, que é melhor; quanto<br />
ao mais ha pouca differença. Depois de<br />
Abacachi dc tingir.—Bilbergia<br />
descascado o abacachi, parte-se em rotincloria,<br />
Mart — Fam. idem.— É uma<br />
dellas, e ha quem lhe ajunte vinho.<br />
planta da ordem dos caroatás, que fornece<br />
uma tinta amarella, empregada na<br />
Secundo o botânico Richard, é o abacachi<br />
a melhor frueta conhecida.<br />
tinturaria.<br />
Depois da província do Amazonas, Per<br />
Abacachi vermelho- Var. pynambuco<br />
é a que mais a cultiva, esperamidalis<br />
rubra, Dony. — Fam. idem.—<br />
cialmente na cidade de Goyanna, o pri<br />
Esta é outra variedade cujos fruetos temmeiro<br />
lugar que a adquirio, pelos esforços<br />
se modificado. Todos elles são comes<br />
do nosso fallecido naturalista Dr. Arruda<br />
tíveis, sendo o branco o mais estimado<br />
Câmara.<br />
pela sua doçura e delicadeza da polpa.<br />
Na Europa cultivam quatro variedades<br />
Come-se em talhadas no estado natural<br />
d esta frueta.<br />
com assucar ou com vinho, fazendo-se<br />
também d'elle um doce de muito apreço.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.—As bromeliaceas<br />
são plantas das regiões quentes<br />
Com o sueco faz-se uma limonada agra<br />
do globo, cujas folhas, muitas vezes reudável,<br />
e que pela fermentação produz<br />
nidas na base do caule, alongadas, es<br />
um vinho fortificante e agradabilissimo.<br />
treitas, espessas, inteiriçadas, dentiadas As folhas fornecem fios têxteis que no<br />
e espinhosas nas margens, fazem lem commercio europau é matéria de algum<br />
brar até certo ponto as Liliaceas. consummo; entre nósjá foi ensaiada essa<br />
industria pelo fallecido naturalista Dr.<br />
As flores formam espigas escamosas,<br />
Arruda Câmara.<br />
cachos ramosos, que terminam em globos<br />
juntos, em cujos cachos ellas se<br />
acham as vezes de tal sorte juntas, que<br />
Abacate.— Laurus persea, Linn.—<br />
acabam por adherir umas ás outras.<br />
Persea gratíssima, Gaertner. — Fam. das<br />
Laurineas.—Planta cultivada de ha muito<br />
O seu cálice é tubuloso, adherente ao<br />
no Pará, Maranhão, e hoje em varias pro<br />
ovario. repartido em cima em. seis divíncias<br />
do Império. Alguns escriptores<br />
vi>Oes dispostas em duas ordens, três<br />
dão-n'a como oriunda da America Me<br />
das quaes interiores são maiores e em<br />
ridional ; sua pátria porém, é a Pérsia.<br />
fôrma de pétalas.<br />
É um arbusto de mediana altura, ra-<br />
O ovario tem três lojas, é provido<br />
moso, casca parda, folhas oblongas, al<br />
de um estylete e de um estigma de três<br />
ternas, luzidias, e um tanto estreitas,<br />
divisões agudas.<br />
de côr verde pallida; suas flores nascem<br />
O fructo é geralmente uma baga tri-<br />
em feixes nas axilhas das folhas : são<br />
locular, coroado pelos lobos do cálice.<br />
amarelladas e quasi sem cheiro; o fructo<br />
A planta mais útil d'esta família é o abacate de 1 a 1% decimetro de compri<br />
Ananaz, cujas bagas unidas formam um mento mais ou menos, é de figura py-<br />
syncarpo, ovoide-agudo, elegantemente riforme,e de côr verde amarellada, na<br />
imbricado na superfície, cheio de uma maturidade.<br />
substancia earnosa acidula, aromatica<br />
O tegumento externo é membranoso;<br />
e doce, que o colloca no numero dos tenue e luzente; a massa é um pouco<br />
findos de mesa mais estimados.<br />
espessa, macia, aquosa, esverdinhada<br />
ABA
ABA ABA 3<br />
de pouco sabor. Tem uma semente grande<br />
no centro e é coberto por uma membrana<br />
parda, contendo uma amêndoa earnosa e<br />
compacta.<br />
A massa, desfeita com assucar, adquire<br />
um excellente sabor, e o mesmo<br />
suecede quando se lhe ajunta limão ,<br />
vinho ou sal. O lenho é branco e molle.<br />
A casca pôde dar fios próprios para a<br />
cordoaria.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—Pôde ser empregada<br />
com vantagem contra a dysen-<br />
teria em clysteres : %, de um caroço é<br />
suffíciente para dois pequenos clysteres.<br />
A amêndoa diz-se ter propriedades<br />
aphrodisiacas tomada na dose de 4 granimos<br />
três vezes por dia: não é prudente<br />
porém usar-se d'estes meios, que são<br />
prejudiciaes em virtude da grande quantidade<br />
de tanino que contêm.<br />
acompanhada na base pela parte interna<br />
do perianthio que persiste.<br />
A semente é invertida, coberta por um<br />
perisperma, de hilo transversal, de raphe<br />
dirigindo-se obliquamente para o tuberculo<br />
situado na extremidade opposta.<br />
Ella encerra um embryão sem perisperma,<br />
orthotropo; composto de duas<br />
grandes cotyledones carnosas e oleosas;<br />
a radicula é muito curta, retrahida, e<br />
sobreposta ao germe.<br />
A família das Laurineas comprehende<br />
hoje mais de quarenta gêneros, a maior<br />
parte dos quaes foi primitivamente comprehendidás<br />
no gênero laurus: taes são,<br />
por exemplo, os gêneros Sassafras,<br />
Ocolea, Nectandra, Persea, Cinnamomum,<br />
Camphora.<br />
Abagerú. — V Qfuagerú.<br />
Ahareanio-temo. —Mimosa cochlia-<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.— Esta famícarpus, Gomes.—Fam. das Leguminosas.—<br />
lia, posto que pouco avultada, é uma Esta arvore vegeta no Rio de Janeiro, é<br />
das mais interessantes por causa do oriunda do paiz; seu porte é semelhante<br />
grande numero de produetos aromaticos ao de um Ingazeiro, suas propriedades<br />
que fornece á pharmacia, á economia do análogas as do Barbatimão. A dose é de 8<br />
mestica e ás artes.<br />
grammas para 450 grammas d'agua fer<br />
Ella comprehende arvores ou arbustos, vendo.<br />
de folhas alternas, algumas vezes apparentemente<br />
oppostas, de ordinário espes CARACTERES DA FAMÍLIA. — Família<br />
sas, firmes, persistentes, aromaticas e muito natural, na qual estão reunidas<br />
pontuadas; estipulas nullas; flores her- plantas herbaceas, arbustos e arvores<br />
maphroditas, monoicas, pertencentes a muitas vezes de dimensões collossaes.<br />
diécia, ou polygamas; periantho cali- Suas folhas são alternas, compostas,<br />
cinal gamosepalo de quatro ou seis divi algumas vezes compostas, e n'este caso<br />
sões imbricadas; disco carnoso unido raras vezes os foliolos se mostram, e só<br />
no fundo doperianthio; persistente, aug- fica o peciolo que se dilata, e fôrma uma<br />
mentando muitas vezes com o fructo; espécie de folha simples. Na base de<br />
estames perigynicos, inseridos em varias cada uma d'ellas, existem duas estipulas<br />
ordens na margem do disco, em numero muitas vezes persistentes.<br />
quádruplo, triplo, duplo ou igual as di As flores offerecem uma inflorescencia<br />
visões do envoltório; os filetes são livres, muito variada: geralmente são herma-<br />
os interiores providos na base de duas phroditas.<br />
glândulas pedicelladas, que são estames O seu cálice é muitas vezes um pouco<br />
rudimentares; as antheras são unidas, tubuloso, de cinco dentes desiguaes, ou<br />
de duas a quatro lojas que se abrem tras vezes de cinco divisões mais ou me<br />
debaixo para cima por meio de válvulas ; nos profundas e desiguaes. No exterior<br />
ovario livre, formado de três foliolos do cálice encontra-se uma ou mais brac-<br />
soldados, unilocular, não contendo mais teas^oü as vezes um invólucro em fôrma<br />
que um óvulo pendente.<br />
de cálice.<br />
O fructo é uma baga monospermica A corolla, que algumas vezes falta, com-
ABI<br />
IRW-B.» de cinco pétalas, geralmente dos- lobo- imbricados, persistentes; algumas<br />
i"iia>-«, das qunes uma superior, maior. vezes acompanhado de eseamas exterio<br />
que involve ns outras e que se denomina res; corolla hypoginica, gamopetala regu<br />
estandarte, duas lateraes, chamadas azas, lar, dividida'em tantos lobos quantos<br />
o duas inferiores, mais ou menos solda- tem o cálice<br />
da>, formando a carena; outras vezes Estames de filamentos desiguaes, in<br />
a corolla é formada de cinco pétalas clusos no tubo da corolla, umas vezes<br />
iguaes.<br />
em numero duplo dos lobos férteis; ou<br />
Os estames são geralmente em numero tras vezes em numero igual e oppostos<br />
de dez, algumas vezes mais numerosos. aos lobos, porém separados por linguetas<br />
As mais das vezes seus filetes são diadel- alternas que representam outros tantos<br />
plio». raras vezes monadelphos ou inteira filetes de estames estéreis.<br />
mente livres, perigynicos ou hypoginicos. O ovario é supero com varias lojas,<br />
O ovario «'• mais ou menos agudo na contendo cada um a um óvulo fixo na<br />
baze: em geral é alongado inequilatero, parte superior ou inferior do angulo<br />
de uma só loja, contendo um ou mais central.<br />
OVUIJS unidos na sutura interna.<br />
As sementes são cobertas de um tegu-<br />
O e.-tylete é um pouco lateral, muitas mento quasi ósseo, excepto no hylo ou<br />
vezes recurvado, terminado por um es umbigo que é inferior ou lateral; as vezes<br />
tigma simples.<br />
muito grandes.<br />
O fructo é vagem ou legume.<br />
O perisperma é carnoso ou oleoso, al<br />
As sementes são geralmente desprovigumas vezes nullo. As Sapotaceas são<br />
das d'endosperma.<br />
arvores ou arbustos de sueco lácteo, cujas<br />
folhas são alternas, inteiras, coriaceas,<br />
Abati-ti 111 bali y —V.Jatahy. penninerviadas, curtamente pecioladàs,<br />
privadas de estipulas.<br />
Abiegita.—Licor oleoso que, segundo Existem e são cultivadas muitas d'ellas<br />
Pi.>on, exsuda de uma Cecropia, perten nos paizes intertropicaes, quer pela macente<br />
á tribu das Artocarpeas, (frueta de deira, que em geral é muito dura, quer<br />
pão.) Goza da propriedade de apressar a pelos fruetos suceulentos, que são muito<br />
cicatrisação das feridas.<br />
estimados, ou pelas sementes oleosas, ou<br />
pelo sueco lácteo, que fornece uma es<br />
Abio» cltrysopliyllum.—Caimipécie<br />
de borracha.<br />
to, Linn.—Acras Cainel,Ruiz.— Fam. das<br />
Sapotaceas.— Arbusto do paiz, das Anti- Abóbora dágua. — Lagenaria.—<br />
lhas e de Cayena, onde recebe este noma; Fam. das Cucurbitaceas. — Planta origi<br />
o fructo é de 0 centímetros de comprinaria da Azia, cultivada em todo o Brasil,<br />
mento; de ordinário arredondado, oblon- é herbacea e o fructo varia em compri<br />
gj, amarello e ponteagudo ; a casca fina,<br />
dura e viscosa, contem uma massa viscosa<br />
e branca, e caroços arredondados,<br />
que são escuros e lisos;* come-se a frueta<br />
que é de gosto agradável. Os Abios cultivados<br />
são melhores e maiores do que<br />
os silvestres. Segundo Mart. Lucuma,<br />
Caimito Labatia reticulata.<br />
Os fruetos dizem ser empregados nas<br />
affecções pulmonares<br />
CVRACTERES DA FAMÍLIA.—Cálice in<br />
ferior, não adherente ao ovario, dividido<br />
superiormente em quatro, cinco ou oito<br />
ABO<br />
mento de f /4 a 1 metro.<br />
É uma planta de caule regoado, pellos<br />
hispidos, folhas quasi redondas, patentes,<br />
de um verde claro, cobertas de pellos<br />
ásperos; flores de pedunculos longos,<br />
sem cheiro, corolla campanulada, com<br />
cinco lobos; monoicas ou dioicas; o<br />
fructo é de côr verde, ainda quando maduro.<br />
Seu tegumento externo é crustáceo,<br />
mas não rigido; tem internamente<br />
uma massa branca, aquosa, insipida e<br />
frouxa, deixando um espaço no centro<br />
do fructo, o qual é oecupado por muitas<br />
sementes mais ou menos brancas.
ABO<br />
ABO 5<br />
i<br />
Este fructo é usado para doce e para<br />
cozinhar-se com a carne, como verdura.<br />
Quanto ás suas propriedades medicinaes,<br />
é refrigerante e antiphlogistica:<br />
applica-se em talhadas a polpa sobre a<br />
parte inflammada.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. — Grandes<br />
plantas herbaceas, muitas vezes volúveis,<br />
cobertas de pellos curtos e muito ásperos.<br />
Suas folhas são alternas, pecioladas,<br />
com divisões mais ou menos em fôrma de<br />
lobos. Suas estipulas que são simplices<br />
ou ramosas, nascem ao lado dos peciolos.<br />
As flores são em geral uni-sexuaes e<br />
monoieas; mui raramente hermaphrodi 1 As sementes no fructo maduro parecem<br />
espalhadas no meio de um tecido<br />
cellular fílamentoso ou carnoso.<br />
O tegumento próprio é assás denso e<br />
cobre immediatamente um grande em*bryão<br />
homotropo desprovido de endosperma.<br />
As propriedades da família das Cucurbetaceas<br />
são alimentares e purgativas.<br />
Abóbora amarella.—V Gerimú.<br />
Abóbora carneira. — V Cabaço<br />
amargoso.<br />
- Abóbora cliila.—Variedade ãa abó<br />
tas.<br />
bora menina.<br />
O cálice é gamosepalo: as flores fêmeas<br />
offerecem um tubo globuloso adherente Abóbora Gerimú. —V. Gerimú.<br />
ao ovario infero. Sua extremidade, mais<br />
ou menos campanulada e de cinco lobos, Abóbora tio mato.—Nome com<br />
c confundida e intimamente soldada com que geralmente são conhecidas muitas<br />
a corolla, e d'ella só se distingue no Cucurbitaceas, bem como Taiuya, Guar<br />
ápice dos lobos.<br />
dião, etc.<br />
A corolla é formada de cinco pétalas<br />
reunidas entre si no meio da extremi Abóbora •!© mato.— Trianosperdade<br />
calicinal, representando assim uma ma ficifolia, Mart.— Fam. das Cucurbi<br />
corolla .gamopetala.<br />
taceas. — A raiz é um poderoso drástico<br />
Os estames, em numero de cinco, teem empregado nas hydropesias e derrama<br />
seus filetes monadelphos ou reunidos em mentos.<br />
três feixes, dous formados cada um de Dá-se em pó na dose de 6 decigrammos<br />
dous estames, e o terceiro de um só. ai /s gramma e em cozimento na de 4<br />
As antheras são uniloculares, lineares, grammas d'água.<br />
atravessadas em fôrma de co collocado Sendo a raiz fresca, duplica-se a dose.<br />
horisontalmente, cujos ramos fossem<br />
muito approximados. Nas flores fêmeas, Abóbora do mato de Goyaz.<br />
a extremidade do ovario, que é supero —Racemosa, Manso.—Fam. idem.—Esta<br />
acha-se coroado por um disco epigynico. planta, pequena e rasteira, tem as pro<br />
O estylete é espesso, curto, terminado priedades purgativas da Trianosperma.<br />
por três estigmas espessos e muitas ve Synon Trianosperma glandulosa (Mart.) e<br />
zes bilobados: este ovario é de uma só Bryonia glandulosa<br />
loja nos dous gêneros Sicyos e Gronovia;<br />
contém um- só óvulo pendente; mas em<br />
geral offerece três trophospermas parietaes,<br />
triangulares, muito densos, contíguos<br />
uns aos outros por seus lados;<br />
preenchendo assim toda a cavidade do<br />
ovario, e dando inversão aos óvulos no<br />
seu ponto de origem sobre as membranas<br />
do ovario.<br />
O fructo carnoso e umbilicado no ápice,<br />
é uma peponide (abóbora).<br />
1 (Pcepig.)<br />
Abóbora do mato de Minas.—<br />
Wilbrandia drástica, Mart.—Fam. idem.<br />
—Esta espécie também goza das mesmas<br />
propriedades.<br />
Abóbora menina. — Cucurbiia<br />
pepo, Linn.— Cucurlita máxima, Duch.—<br />
É o mesmo Gerimú; mas uma variedade<br />
monstruosa. Tem os mesmos usos, porém<br />
é mais insipida.<br />
G AliK<br />
A corolla, que algumas vezes falta,
ACA<br />
suecos próprios, amarellos e resinosos.<br />
Suas folhas, oppostas, são coriaceas e<br />
persistentes.<br />
.Suas flores dispostas em cachos axilares,<br />
ou em paniculos terminaes, são<br />
hermaphroditas ou unisexuaes e polygamicas.<br />
.Seu cálice é persistente, formado de<br />
ACA<br />
comparam-na em rigidez ao Páo-^ferro,<br />
tanto na marcineria como na construcção<br />
; é empregada em vigas para casas e<br />
em outros misteres.<br />
APPLICAÇÕES MEDICINAES.— A casca é<br />
adstringente, segundo informações que<br />
temos.<br />
duas a seis sepalas redondas, muitas vezes<br />
coloridas.<br />
Acariçoba. —Hydrocotyle wmbellata,<br />
A corolla é composta de quatro a dez Linn.—Hydr. bonariensis, Lamark.—<br />
pétalas: os estames muito numerosos, Fam. das Ombelliferas.— O sueco desta<br />
raras vezes em numero definido, livres : planta quando fresco em dose forte é<br />
o ovario é simples terminado por um es- emetico, e em pequena é aperitivo e<br />
tylete. curto, que falta algumas vezes e diuretico.<br />
que traz um estigma discoide e raiado ou O seu cheiro é agradável e o sabor um<br />
de vários lobos.<br />
tanto acre: a raiz é um poderoso desobs-<br />
O fructo é ora capsular, ora carnoso truente das vísceras abdominaes; a água<br />
ou drupaceo, abrindo-se algumas vezes destillada d'esta planta é empregada<br />
em válvulas, cujas extremidades, geralmente<br />
reintrantes, se fixam em uma<br />
contra as sardas.<br />
placenta única, ou em varias placentas Acataya.— V Herva de'bicho.<br />
espessas.<br />
As sementes compõe-se de um embryão Acayá ou Cajá. — Spondias verni-<br />
homotropo sem endosperma.<br />
losas, Mart.—Fam. das Terebinthaceas .—<br />
A casca de seus ramos novos é empre<br />
Absintlaio.—V- Losna.<br />
gada contra as ulceras da garganta, e<br />
contra as diarrhéas e blenorrhéas ure-<br />
Abutua.—V. Butua.<br />
traes e palpebraes.<br />
Os caroços pisados, na dose de 4 gram<br />
Acajaiba.—V. Cajueiro.<br />
mas para 450 grammas de água, em cozimento,<br />
são úteis á leucorrhéa.<br />
Acajit-cica.—É aresina do Cajueiro,<br />
empregada no Norte pelos encadern ado Açafrão. — Crocus, salims, Linn.—<br />
res, como excellente preservativo contra Fam. das Iredàceas.—Esta planta é natu<br />
os insectos.<br />
ral das índias Orientaes e do Meio-dia da<br />
Europa. Arbusto de quasi um metro de<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—Emprega-se altura, folhas roixeadas e compridas; a<br />
contra a hemoptysis e mais affecções'que flor e seus tegumentos são amarellos,<br />
reclamam substancias gommosas e leve purpurinos, e avermelhados. Quando<br />
mente adstringentes.<br />
secca tem grande consummo na Europa<br />
para a tinturaria; desprende de seus ór<br />
Acajurama. — Fam. das Legumigãos uma tinta amarella e um óleo vonosas.—<br />
E' uma planta do Pará, por este látil. Pôde cultivar-se no Brasil.<br />
nome conhecida.<br />
Na arte culinária e nas confeitarias<br />
A casca é amarga e de cheiro nau costuma-se empregar o açafrão para dar<br />
seante.<br />
uma côr agradável a muitas iguarias e<br />
confeicões.<br />
Acapú.— Andira Aubletii.— É uma<br />
arvore sylvestre do Pará, cujo lenho é PROPRIEDADES MÉDICAS. — O açafrão<br />
negro mas algumas vezes com veios é empregado com muito proveito nas<br />
brancos; essa madeira é muito dura ; epilepsias e ainda como emmenogogo e
8 AÇA<br />
nnti-epa*inodico. A raiz é bom diuretico solúvel tanto n"agua como no álcool;<br />
v dipf-tivo. Em dose forte produz cm- mas solúvel nos alcalis donde o precipiliriague?,<br />
somnolencia e delírio. Dá-se tam os ácidos.<br />
em infu^fio na dose dc uma gramma para A semente é oleosa c violentamente<br />
4.V) grammas d'agua, e em pó de uma a purgativa, convindo notar-se qué não<br />
duas grammas; em tintura de uma a exerce esta acção sobre os papagaios, e<br />
quatro grammas e em xarope de 15 a 30 é esta a razão porque lhe chamam grão<br />
grammas.<br />
de papagaio. Sua pátria é o Oriente e<br />
Meio-dia da Europa.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. — Vegetaes<br />
herbaceos de bulbo carnoso, providos<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA . — Os vege<br />
de folhas alternas, planas, eusiformes, taes comprehendidos n'esta família apre<br />
muitas vezes dísticas ; flores envoltas em sentam mui grandes relações com as<br />
r^pnthas; perianthio tubuloso de seis di Labiadas. Assim, o caule e os ramos,<br />
visões profundas, dispostas em duas quando são herbaceos, são geralmente<br />
ordens: três estames livres ou monadel- quadrangulares ; suas folhas oppostas,<br />
phos; oppostos ás divisões externas do algumas vezes vertieilladas, raras vezes<br />
perianthio e ligados na base; ovario in- alternas, umas vezes simples e inteiras<br />
fero com três lojas multiovuladas; stylete ou talhadas, outras vezes compostas.<br />
simples terminado por três estigmas em<br />
Suas flores são completas, muitas vezes<br />
fôrma de cometas chatas, de margens<br />
irregulares; o cálice é tubuloso, persis<br />
franjadas, tomando muitas vezes uma<br />
tente, de divisões iguaes ou desiguaes;<br />
apparencia petaloide; fructo capsular de<br />
a corolla é inserida no receptaculo tu<br />
três lojas, com três válvulas septiferas.<br />
buloso, de extremidade quadri ou quinquefída,<br />
as mais das vezes bilabiada.<br />
Acafroeira de Pernamhueo.<br />
—Melasanthus tinctorius.—Fam. das Ver-<br />
Os estames acham-se inseridos no tubenaceas.—Arbusto<br />
de tronco esbranquibo<br />
da corolla, as mais das vezes em nuçado,<br />
ramoso e quadrangular nas partes<br />
mero de quatro didynamos.<br />
superiores; folhas oppostas, pequenas, Ovario livre contendo ordinariamente<br />
oyaes e ásperas; flores brancas, laci- quatro óvulos, em uma, duas ou três loniadas<br />
nos bordos da corolla; aromajas; estylete único terminado por um<br />
ticas.<br />
estigma simples ou bifido, oblíquo ou<br />
unilateral de duas lojas uni-ovuladas.<br />
O fructo é uma baga coberta de polpa<br />
suceulenta, contendo um caroço de duas<br />
ou quatro lojas muitas vezes monospermas.<br />
O fructo é uma cápsula com duas sementes<br />
chatas. Seccam-se os tubos das<br />
corollas, e depois de reduzidos a pó,<br />
serve e«te para dar a côr amarella aos<br />
guisados.<br />
Esta planta é exótica, e cultiva.se ha<br />
muito no Brasil.<br />
A semente compõe-se, além do tegumento<br />
próprio, de um endosperma muito<br />
Sobre esta acafroeira havia-se' crido delicado que encobre um embryão recto<br />
f ntre n*'>* que fosse o Carthamus tinctorius, de radicula infera.<br />
que é o açafrão bastardo do Egypto, mas<br />
nem ha semelhança nos caracteres da Acafroeira da índia.— Curcuma<br />
no*sa planta com o gênero Carthamus, longa, Linn. — Fam. das Amomaceas. —<br />
que pertence á família das Compostas,<br />
Planta da Índia, de raiz bolbosa, esse<br />
nem na facies da planta.<br />
bolbo é grande, oblongo palmado, de côr<br />
O Açafrão bastardo é planta herbacea;<br />
alaranjado no interior; folhas longas,<br />
a flor tem com effeito o tubo da corolla<br />
flores brancas com mesclas amarelladas.<br />
avermelhado ou alaranjado. Dous principio*<br />
iminediatos compõe esta cór, o<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. —As Amo<br />
amarello é soiuve! nagua , e o vermelho<br />
maceas são plantas vivazes, de um as-<br />
AÇA
AÇO AÇO 9<br />
pecto inteiramente particular, que as O fructo lenhoso» redondo, oblongo,<br />
approxima um pouco das Orchidaceas : a compartido em cinco lojas, com sementes<br />
raiz é muitas vezes tuberosa e earnosa ; aladas. *<br />
as folhas simples são terminadas na sua A madeira d'esta arvore é empregada<br />
base por uma bainha inteira ou fendida, no Rio de Janeiro para fazer coronhas<br />
algumas vezes munida de ligula. de espingardas e palmilha para calçado.<br />
As flores raramente solitárias, são Florece em Fevereiro.<br />
acompanhadas de bracteas bastante largas,<br />
e formam em geral espigas espessas PROPRIEDADES MÉDICAS.—É empregada<br />
ou paniculas.<br />
em fricções contra os tumores arthriticos,<br />
O cálice é duplo; o exterior, algumas e em clysteres combate a diarrhéa.<br />
vezes tubuloso e mais curto, é de três<br />
divisões iguaes; o interior tem seu limbo CARACTERES DA FAMÍLIA.—São arvores<br />
duplo, as três divisões externas são em. ou arbustos, um pequeno numero, plan<br />
geral iguaes; das três internas, uma é tas herbaceas. Tem folhas alternas, sim<br />
maior e dissemelhante e fôrma uma esples, acompanhadas na base de duas<br />
pécie de labello; as duas lateraes são estipulas frágeis.<br />
mais pequenas, e muitas vezes quasi As flores são axiliares, pedunculadas,<br />
abortadas.<br />
solitárias, ou diversamente grupadas.<br />
Ha um só estame, cujo fílete é muitas O cálice é formado de quatro a cinco<br />
vezes dilatado e como pétaloide. A an- sepalas, approximadas, de preflprescenthera<br />
é de duas lojas, algumas vezes cia valvular; a corolla tem igual nume- -<br />
separadas e distinetas ; o ovario é de três ro de pétalas, que faltam raramente, e<br />
lojas polyspermicas, o estylete simples são muitas vezes glandulosas em sua<br />
terminado por um estigma concavo e em base.<br />
fôrma de taça.<br />
Os estames são em grande numero,<br />
Na base do estylete acha-se um tuber- soltos e com antheras biloculares. Achaculo<br />
bilobado, que pôde ser considerado se muitas vezes em frente de cada pétala<br />
como formado de dois estames abortados. uma glândula pedicellada.<br />
O fructo é uma cápsula de três lojas, O ovario apresenta de duas a dez lojas,<br />
abrindo-se em três válvulas, cada uma contendo cada uma diversos óvulos li<br />
das quaes traz uma divisão no meio da gados por duas ordens á seu angulo<br />
face interna.<br />
interno.<br />
As sementes algumas vezes acompa O estylete é simples, terminado por"<br />
nhadas de um arillo, se compõem de um estigma lobuloso.<br />
um embryão cylindrico situado em um O fructo é uma cápsula de varias lo<br />
endosperma farinaceo, e tendo a radicula jas, contendo diversas sementes, e al<br />
voltada para o hilo.<br />
gumas vezes indehiscente, ou um núcleo<br />
carnoso monospermico por aborto.<br />
Acafroeira da terra ou indí As sementes contém um embryão vergena.—<br />
V ürucú.— É por aquelle nome tical, ou algum tanto curvo em um en-<br />
conhecida na Bahia.<br />
dosperme carnoso.<br />
Aemite. — V. Caá Tiguá.<br />
Açoita cavaltos. — Luhea paniculata.<br />
Mart. e Zucc—Fam. Idem.— Arvore<br />
Açoita eavallos. — Luhea grandi- silvestre de Minas-Geraes e das margens<br />
flora, Mart. e Zucc.—Fam. das Tiliaceas.— do Rio de S. Francisco. í) de mediana al<br />
Arvore agreste. É conhecida em Minas tura , com a folhagem aloirada, folhas<br />
Geraes e no Rio de Janeiro por este nome, ovaes; as flores em cachos, menores que<br />
tem grande altura, folhas um tanto gran as da precedente, são de côr rosada, ou<br />
des, obovaes e claras: flores grandes, branca.<br />
brancas ou rosadas.<br />
A casca d'esta espécie é empregada<br />
4
IO ACili AGR<br />
nos sertões para cortir couros. Florece<br />
em Fevereiro.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — K adstringente<br />
e empregado nas hemorrhagias em<br />
Imnhos, injecções e em clysteres contra<br />
a dy>enteria.<br />
Açoita cavallos brancos.—V.<br />
h atingi.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. — Planta de<br />
raiz bulbifera ou fíbrosa, de folhas radicaes,<br />
de flores solitárias, as mais das<br />
vezes mui grandes ou dispostas em sertulas,<br />
ou umbrellas simplices envolvidas<br />
antes da anthese em espathas membranosas.<br />
O invólucro é gamosepalo tubuloso,<br />
adherente pela base ao ovario, com seis<br />
divisões iguaes ou desiguaes.<br />
Os estames em numero de seis, tem os<br />
É uma pequena e delicada planta, cujo<br />
caule se estende á flor da terra, as folha3<br />
são serriadas, e na parte superior mais<br />
largas. Tem nas summidadesfloresinhas<br />
brancas, miúdas, que dão em resultado<br />
umas pequenas siliquas; desprende naturalmente<br />
suas sementes miudissimas<br />
de côr castanha. Usa-se em salada.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' estimulante<br />
e aconselhado nas affecções scor-<br />
Arureiin- Amaryllis princeps, Yel. buticas e moléstias de pelle em tisana,<br />
— Fam. das Amarillidaceas.— É uma flor (8 grammas para 450 grammas d'agua,<br />
graciosa, originaria do Brasil. três vezes ao dia), e o xarope é sobretudo<br />
usado pela medicina popular; nas affecções<br />
do fígado e pulmonares chronicas, e<br />
ainda contra a própria phtysica; na dose<br />
de quatro a seis colhéres por dia. Contém<br />
notável proporção de iodo.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. — É uma das<br />
mais naturaes do reino vegetal, composta<br />
de plantas herbaceas ou algumas vezes<br />
subfructescentes, e que pela maior parte<br />
são oriundas da Europa.<br />
filetes soltos ou reunidos por meio de As folhas são alternas, simples ou<br />
uma membrana.<br />
mais ou menos profundamente cortadas.<br />
O ovario é de três lojas; o estylete As flores dispostas em espigas ou ca<br />
simples, e o estigma de três lobulos. chos simplices ou paniculados.<br />
O fructo é uma cápsula de três lojas O cálice é formado de quatro sepalas<br />
e de três válvulas septiferas; algumas frágeis, duas das quaes são algumas<br />
vezes é uma baga que por aborto só con vezes concavas em sua base.<br />
tém de uma a três sementes. Estas, que A corolla se compõe de quatro pétalas<br />
offerecem com bastante freqüência um unguiculadas oppostas em cruz, d'onde<br />
apêndice carnoso ou caruncula cellulosa, lhe vem o nome de Cruciferas.<br />
contém em ura endosperma carnoso um Os estames em numero de seis são<br />
embryão cylindrico e homotropo. tetradynamos, isto é, quatro maiores,<br />
approximados dois a dois, e dois mais<br />
Agoniada . — Plumeria lancifolia, curtos e oppostos. Na base dos estames<br />
Wilhl.—Fam.das Apocynaceas. — É uma existem duas ou quatro glândulas.<br />
arvore importante das províncias do sul, O ovario é mais ou menos alongado,<br />
muito usada, principalmente como em- com duas lojas separadas por uma falsa<br />
menagogo e anti-febril.<br />
divisão. Cada loja contém um ou diversos<br />
óvulos unidos ao bordo da divisão<br />
Agouteguepe. — V. Araruta.<br />
membranosa, que não é mais que um<br />
prolongamento dos dois trophospermas<br />
Agrião. — Sisymbrium. Nasturtium, suturaes.<br />
Linn.— Officinale, Duch.—Fam. das CruO<br />
estylete é curto ou quasi nullo, e<br />
ciferas. — Herva cultivada, natural da parece uma continuação da separação^<br />
Europa, geralmente conhecida por tal elle termina em um estigma bilobado.nome<br />
no Brasil; dá em terrenos humidos. O fructo é uma siliqua ou uma silicula
SOC. BRASILEIRA FITOQUIMICA<br />
AGR AGÜ 11<br />
de fôrma variável, indehiscente, ou que tilete simples nas flores masculinas, di<br />
se'abre por duas válvulas.<br />
vidido em dous lobulos; nas flores fe<br />
As sementes estão pegadas em cada mininas e nas hermaphrod itas glândulas<br />
lado da separação. O embryão é imme- estigmaticas (verdadeiros estigmas) sidiatamente<br />
coberto pelo tegumento prótuadas em duas series na parte superior<br />
prio, e é mais ou menos curvo sobre si dos lobulos dos estyletes; pellos collecto-<br />
mesmo. •<br />
res em vários sentidos no alto dó estylete<br />
das flores hermaphroditas.<br />
Agrião do Pará. —Spilanthes ole- O fructo é um akenio terminado pelo<br />
racea, Linn.—Fam. das Compostas.— Esta papus.<br />
planta, indigena do Pará, é cultivada na<br />
Europa de ha muito, debaixo do nome de Aguai. — É uma arvore, da qual se<br />
Agrião do Pará ou do Brasil. Elle é heracredita<br />
provir o balsamo chamado Cabaceo<br />
de folhas oppostas, flores em peboreira, Caboreiba ou Cabureiciba.<br />
quenos capitulos, amarellas e muito<br />
miúdas.<br />
Aguapé. — Villarsia nympkeoides.—<br />
Fam. das Nympkeaceas.— Herva que nada<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. —É excitante, sobre as águas; folhas redondas e o fructo<br />
antiscorbutico, (infusão, 8 grammas para capsular.<br />
450 grammas d'água). No Pará emprega- As flores d'esta planta são brancas e<br />
se como alimento, cozinhado e mesmo aromaticas.<br />
erú. (Fig. 1.)<br />
Os fruetos são comestíveis.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.—Plantas her-<br />
baceas,por excepção, arbóreas; flores em<br />
capitulos; receptaculo plano ou conico,<br />
ou mais ou menos espherico, sempre<br />
carnoso, guarnecido de diverso modo<br />
pela sua parte externa.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Os banhos<br />
feitos cóm o cosimento d'esta planta são<br />
anti-hemorrhoidarios. E' também anaphrodisiaca.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.—Hervas com<br />
Cálice gamosepalo, adherente: o limbo folhas oppostas, inteiras e sem estipulas;<br />
do cálice, chamado papus, umas vezes corolla regular, ordinariamente com cin<br />
nullo ou reduzido a um bordo marginal, co divisões como o cálice: prefloração im-<br />
outras vezes escarioso, dentiado ou loba-' bricada; estames cinco, alternos com as<br />
do, outras, e muito mais freqüentemente, divisões da corolla; ovario livre, estilete<br />
transformado em sedas ou pellos quer inteiro ou fendido em dois; estigma sim<br />
simples quer ramosos, ou plumosos, ples ou bilobado; fructo capsular, unilo-<br />
dispostos n'uma ou mais series. cular, parecendo algumas vezes bilocular<br />
Corolla inserida na parte superior do pela approximação dos bordos das válvu<br />
tubo do cálice, gamopetala, dividida em las que se dobram.<br />
cinco e menos vezes em três, quatro ou<br />
dois lobulos ; mas cada lobulo com duas Aguapé. —Nymphea Nelumbo, Spl.<br />
nervuras quasi marginaes que parecem —Nelumbium speciosum, Willd. — Fam.<br />
augmentar o numero das divisões da das Nympkeaceas.— É uma espécie aquá<br />
corolla: cinco estames, raras vezes abortica, vegeta em Santa Cruz e nos pântados<br />
nas flores femeninas; filetes altertanos de seus arrabaldes ; suas flores<br />
nando com os lobos da corolla, soldados brancas, seu fructo é uma noz.<br />
com ella na base, ordinariamente livres<br />
entre si, articulados comtudo na parte PROPRIEDADES MÉDICAS.—As folhas são<br />
superior por uma espécie de connectivo; mui empregadas nas erysipelas e no<br />
antheras soldadas entre si fazendo uma chamado formigueiro.<br />
espécie de tubo dentro do qual passa o<br />
estigma, ovario com um só óvulo, es CARACTERES DA FAMÍLIA. —Grandes e
I* AGI' AHO<br />
»cllns plantas que flmtuain á superfície<br />
.!ns águas, o cuja haste fôrma uma raiz<br />
rastejante subterrânea.<br />
As folhas alternas inteiras são cordiformes<br />
ou orbiculares, sustentadas por<br />
mui compridos peciolos.<br />
As flores sSo muito grandes, solitárias<br />
e sustentadas por compridissiraos pedunculos<br />
oylindricos.<br />
O cálice é formado de um numero variável,<br />
e algumas vezes grandíssimo de<br />
sepalas dispostas em varias ordens, de<br />
maneira a representar de algum modo<br />
um cálice e uma corolla polypetalos.<br />
Os estames são numerosíssimos, insertos<br />
em diversas ordens abaixo do<br />
ovario, ou sobre a membrana externa,<br />
que se acha assim coberta pelos estames<br />
e pelas sepalas interiores, que não são<br />
provavelmente mais que estames transformados,<br />
o que prova a dilatação gradual<br />
dos filamentos, á medida que se<br />
observam mais exteriormente.<br />
As antheras são introrsas e de duas<br />
lojas lineares.<br />
O ovario é livre e sessil, dividido interiormente<br />
em varias lojas por separações<br />
membranosas, sobre as pelliculas<br />
das quaes estão inseridos numerosos<br />
óvulos pendentes. O ápice do ovario é<br />
cercado de tantos estigmas radiados<br />
quantas lojas tem o ovario. A reunião<br />
d estes estigmas fôrma uma espécie de<br />
disco que circumda o ovario.<br />
O fructo é indehiscente e carnoso in<br />
teriormente, com varias lojas polyspermicas.<br />
As sementes tem um tegumento espesso<br />
algumas vezes desenvolvido em fôrma<br />
de reticulo, contendo um grosso endosperma<br />
farinaceo; embryão irregularmente<br />
globuloso ou napiforme, cuja radicula<br />
está voltada para o hilo.<br />
abstergente e modiflcativodas ulceras;<br />
também é applicada nas queimaduras.<br />
Aguaraponda. — V. Gervão ou<br />
Orgevão.<br />
Agura quta.—Solanum oleraceim,<br />
Dunal.— Fam. das Solanaceas.— Também<br />
é conhecida esta planta por Jequirioba.<br />
Podemos confrontar, mais ou menos,<br />
esta planta com a Jurubeba.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—E' calmante,<br />
applicada sobre as feridas das pernas<br />
e as rachas do bico do seio.<br />
Aguar» quiya-açu, — Solanum<br />
fterocaulum, Dun.— Fam. Idem.— Planta<br />
congênere da precedente.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—E' emoliente,<br />
anodyna e diuretica, applicada emvcataplasmas<br />
é útil nas retenções de urinas<br />
; os fruetos são úteis contra as dores<br />
de dentes.<br />
Aguaxima.— V. Periparoba.<br />
Agulha do matto.—Clitoria linea*<br />
ris.—Fam. das Leguminosas.—E' conhecida<br />
por este nome nas Alagoas, uma<br />
planta herbacea, trepadeira que alastra<br />
; vegeta pelas capoeiras; tem o caule<br />
cylindrico, delgado, as folhas em trinos,<br />
ovaes; as flores brancas, com macula<br />
roixa, imitando uma borboleta ; dá uma<br />
vagem estreita e recta, de côr escura,<br />
e que termina em ponta aguçada<br />
Agutiguepo obi.—Thalía genievr<br />
tala, Linn.— Fam. dos Amomaceas.—Esto<br />
planta é do porte do Merú e outras de<br />
igual gênero. A raiz come-se assada.<br />
Aguarasiunha-açú.— Tiaridium PROPRIEDADES MÉDICAS.—Pisada em<br />
medicum^ Pisou.— Heleotropium indicumt prega-se em emplastro, como moâifica-<br />
Linn. — Fam. das Borragineas. — Esta tiva das ulceras.<br />
herva, do porte da Crista de gallo, é natural<br />
da índia e congênere do Fedegoso<br />
Ah ouai. —Cerbera A houai, Linn.-—,<br />
de Pernambuco.<br />
Fam. das Apocynaceas.—Arvore do Brasil,<br />
de folhas leitosas, fruetos redondos ou<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—E' um bom<br />
trigonos : as nozes d'esta planta servem
AHO ALC 13<br />
de ornar os cinturões que os nossos indígenas<br />
trazem, e agitadas fazem grande<br />
ruido.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—O sueco leitoso<br />
d'esta planta é um forte veneno,<br />
Aâ sementes, unidas a um trophosperma<br />
sutural, são nuas ou cercadas<br />
de um penacho sedoso; ellas contém em<br />
um endosperma carnoso ou corneo um<br />
embryão recto.<br />
como também o de sua congênere Cer- Aipim.—V. Machaxera.<br />
bera Tàevetia {Linn.) Em dose pequena<br />
produz vômitos ; deitando-se no rio Ajubatipita.— V. Jabetapitâ.<br />
envenena os peixes.<br />
Albara. — Canna angustifolia, Linn.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.—As Apocy- — Fam. dos Amomaceas. — Planta que<br />
naceas apresentam um aspecto muito tem rhysoma; seu caule se eleva a uns<br />
variado. São plantas herbaceas, arbusti- 2 metros, as folhas largas, como as da<br />
vas ou arvores muito altas, e geral bananeiras são amplexi-caules, flores em<br />
mente leitosas.<br />
cachos grandes e bonitas; o fructo de<br />
As folhas são simples, oppostas, e três gomos, eriçaão de pontas ásperas;<br />
inteiras; as flores axilares ou termi- sementes pretas esphericas.<br />
naes, solitárias ou diversamente reu As folhas são empregadas como vulnidas.<br />
Em cada uma acha-se um cálice nerarias, d'onde lhe vem o nome de<br />
gamosepalo, de cinco divisões; uma co Herva dos feridos, pelo qual é vulgarrolla<br />
gamopetala, regular, de uma fôrma mente conhecida.<br />
-muito variada, offerecendo ás vezes cinco Os pretos comem a raiz d'esta planta,<br />
appendices petaloides, concavos, que diz-se ser maturativa que faz suppurar<br />
nascem da garganta da corolla, e se tumores. Segundo Pison o nome de<br />
unem em parte com os estames.<br />
Estes, em numero de cinco, são ora<br />
Albara pertence ao Jmberi.<br />
livres, ora reunidos pelos filetes e pelas Alcaçuz bravo. —V. Boi gordo.<br />
antheras, e formam uma espécie de tubo<br />
que cobre o pistillo e se pega muitas Alcaçuz ela Europa. — Glycir-<br />
vezes no ápice com o estigma. rhiza glabra, Linn. e Spl. — Fam. das Le-<br />
As antheras são de duas lojas e o guminosas — E' um arbusto europeo,<br />
pollen que encerram é pulverulento cujas folhas são dispostas em palmas<br />
n'aquellas cujos estames são livres, e ovaes, dá flores que são côr de rosa<br />
de massas sólidas n'aquellas em que os roixeada, em cachos; seu fructo é uma<br />
estames são unidos; cada massa pollinica baga oblonga comprimida, contendo três<br />
é terminada em sua extremidade,por uma ou seis sementes: deita uma raiz cylin-<br />
glândula, que se liga com a da massa drica, ennegrecida e amarella por den<br />
pollinica ao lado da qual está collocada. tro, tem sabor adocicado.<br />
Dois ovarios livres, applicados sobre<br />
um disco hypogynico, presos pelo lado inPROPRIEDADES<br />
MÉDICAS.—E' emolliente<br />
terno ou somente pelo cimo ; cada um e diuretico, empregado nas moléstias<br />
offerece uma loja que contém um grande inflammatorias. Internamente em in<br />
numero de óvulos situados em sua sufusão, (10 grammas para 1000 ditas<br />
tura interna.<br />
d'água.<br />
Os dois estyletes se soldam ás vezes<br />
em um só, e terminam em um estigma Alcaçuz de S. Paulo e Mi<br />
mais ou menos descoide, outras vezes nas.— Piriondria dulsis, Mart.—Fam.<br />
'cylindrico e truncado.<br />
idem. — Tem as virtudes do Alcaçuz<br />
O fructo é um folliculo simples ou vulgar.<br />
duplo; raramente é carnoso e indeshiscente.<br />
Alcaçuz da terra. — GlycirrMza
1-1 ALE ALE<br />
CARACTERES HA FAMÍLIA.<br />
am'rica*a.—F
ALE ALE 1S<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—E' excitante,<br />
aromatico e applicado em fricções; o<br />
seu óleo é empregado em varias preparações<br />
pharmaceuticas: entra na composição<br />
do vinagre dos sete ladrões,<br />
as flores em uma espiga densa e branca'<br />
seus fruetos são pequeas caryopses. Florece<br />
no verão e conserva-se sempre viçoso.<br />
da água da Rainha da Hungria e da PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' recom-<br />
Água de Colônia, etc.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.—As Labiaãas<br />
mendada a infusão em banhos contra<br />
as affeccões rheumaticas.<br />
formam uma das famílias mais na- CARACTERES DA FAMÍLIA.— Vegetaes<br />
turaes do reino vegetal; são plantas herbaceos crescendo em geral nos lu<br />
herbaceas ou arbustivas, cujo caule é gares humidos, e á margem das águas.<br />
quadrangular, com folhas simples e op O caule é ordinariamente triangular,<br />
postas.<br />
com alguns nós ou sem elles.<br />
As flores são grupadas nas axillas das As folhas são invaginantes, e a bainha<br />
folhas, em espigas ou cachos ramosos. é inteira e não fendida, as mais das<br />
O cálice é gamosépalo, tubuloso, de vezes guarnecidas no orifício de uma<br />
cinco dentes desiguaes.<br />
orlazinha membranosa chamada ligula.<br />
A corolla gamopetala, tubulosa e ir As flores formam espiguetas escamoregular,<br />
é bilabiada.<br />
sas, compostas de um numero variável<br />
Os estames são em numero de quatro de flores; cada flor consta de uma<br />
e didynamos; ás vezes os dois mais só escama, na axilla da qual geral<br />
curtos abortam.<br />
mente se acham três estames, um pis-<br />
O ovario, applicado sobre um disco tillo formado de um ovario unilocular<br />
hypogynico, é profundamente quadrilo- e monospermico, terminado por um esbado,<br />
muito deprimido no centro, d'onde tylete simples em sua base, trazendo<br />
nasce um estylete simples ao qual se so em geral três estigmas filiformes e<br />
brepõe um estigma bifído; cortado trans felpudos.<br />
versalmente, o ovario offerece quatro Os estames tem o filete capillar; a<br />
lojas contendo cada uma d'ellas um anthera é terminada em ponta no ápice<br />
óvulo erecto.<br />
cume, bifido somente na base.<br />
O fructo se compõe de quatro akenios O fructo é um akenio globuloso com<br />
monospermicos encerrados no interior primido ou triangular.<br />
do cálice que é persistente.<br />
O embryão é pequeno, collocado em<br />
A semente contém um endosperma direcção á base d'um endosperma fari-<br />
carnoso, algumas vezes muito delgado. naceo que o cobre por uma membrana<br />
muito delgada.<br />
Alecrim do matto. —Baccharis<br />
sylvestris. — Fam. das Compostas. Alecrim da praia ( de Sa/nta Catharina).<br />
— Polygala. — Fam. das Poly-<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—Esta planta galaceas. — Esta planta differe da de<br />
é aromatica e uzada em banhos como Pernambuco, é porém a mesma do Rio<br />
excitante, nos rheumatismos, e nos de Janeiro.<br />
catarrhos, em infusão.<br />
Herva de 3 a 6 decimetros de altura,<br />
folhas estreitas, carnosas, de côr verde<br />
Alecrim da praia de Pernam azulado; a inflorescencia se faz no fasbuco.<br />
— Schinus arenaria. —Fam. das tigio do caule.<br />
Cyperaceas. Pequena planta que vegeta Vegeta á beira mar; -o fructo tem a<br />
nas areias da praia, eleva seu caule fôrma de um coração.<br />
a 2 'A decimetros: é muito ornada de<br />
folhas estreitas, luzentes, em cujas PROPRIEDADES MÉDICAS. — Raízes e fo<br />
pontas tem um aculeo picante; dá lhas amargas, tônicas e adstringentes.
16 ALE<br />
CAKWTKRK*. DA FAMÍLIA. — Plantas S. José da Coroa (irando de Pernam<br />
herbáeeas, ou arbustivas, de folhas albuco, d'onde se origina seu nome segunternas,<br />
simples e inteiras, de flores solido a voz popular.<br />
tarias, axillares ou em espigas. Cada<br />
uma se compõe de um cálice de qua CARACTERES DA FAMÍLIA.—Plantas hertro<br />
a cinco sepalas, imbricadas lateralbaceas, raras vezes arbustivas , tendo<br />
mente antes do desabrochar da flor, e folhas oppostas, algumas vezes alter<br />
duas das quaes, algumas vezes mais nas, espessas e carnosas, sem estipulas;<br />
internas, .são petaloides e coloridas. flores geralmente terminaes.<br />
A corolla é formada de duas a cinco O cálice é em geral formado de duas<br />
pétalas, umas vezes distinctas outras sepalas mais ou menos soldadas tor<br />
vezes reunidas por meio dos filetes est-inando-se elle por isso tubulado na base.<br />
minaes, que formam um tubo fendido A corolla se compõe de cinco pétalas<br />
de um lado.<br />
livres, ou ligeiramente unidas entre si.<br />
Os estamos, geralme-nte em numero de •Os estames são do mesmo numero que<br />
oito, são monadelphos ; seu androphoro as pétalas inseridos em sua base, e lhes<br />
é dividido superiormente em duas pha- são oppostos; raramente são mais nulanges,<br />
cada uma com quatro antheras merosos.<br />
uniloculares, e abrindo-se em geral pelo O ovario é livre ou quasi semi-in-<br />
ápice. Mui raras vezes os estames são fero, com uma só loja, contendo um<br />
em numero de dois a quatro, e livres. numero variável de óvulos, nascendo<br />
O ovario é as vezes acompanhado em immediatamente do fundo da loja, ou<br />
sua base de um disca hypogynico e uni presos a um trophosperma central.<br />
lateral, ou formado de dois appendices O estylete é simples terminado por<br />
lateraes e laminosos; offerece dois, mui três ou cinco estigmas filiformes.<br />
raramente um só óvulo.<br />
O fructo é uma cápsula unilocular,<br />
O estylete é comprido, ordinariamente encerrando três ou varias sementes, e<br />
curvo, com estigma concavo, bilobado abrindo-se quer em três, quer em duas<br />
ou unilateral.<br />
válvulas sobrepostas.<br />
O fructo é uma cápsula ou uma drupa. As sementes debaixo de seu tegu-<br />
No primeiro caso, é de duas lojas mento próprio, incluem um embryão<br />
monospermicas, e se abre em duas vál cylindrico que é enrolado em um envulas<br />
septiféras; no segundo caso, é dosperma farinaceo.<br />
unilocular,monospermico e indehiscente.<br />
As sementes são pendentes, geral- Alecrim da serra ou de Ta-<br />
•mente acompanhadas de uma espécie de boleiv&.—Dichiptera aromatica.—Fam.<br />
caruncula ou de arillo de fôrma variada. das Acanthaceas.—E' um arbustosinho<br />
O embryão é ora collocado em um que vegeta nos taboleiros e nas Ca-<br />
endosperma carnoso, e ora desprovido tingas.<br />
de endosperma.<br />
E' de pouca elevação, tem o caule<br />
delgado, cylindrico; folhas pequenas,<br />
Alecrim de S. José. — Porlulaca crespas, aromaticas, ovaes, em feixes e<br />
lanuginosa.— Fam. das Portulacaceas. pelludas; — flores axillares; folhas, pe<br />
Herva pequena, conhecida por este nome quenas á semelhança das do alecrim<br />
em Alagoas.<br />
de jardim; o fructo é uma pequena<br />
E' rasteira, com folhas miúdas, earno cápsula.<br />
sa^. dispostas em cruz; as flores são<br />
rôixa-. pjqu
ALF ALF 17<br />
ou arbustos, de folhas oppostas, dè<br />
flores dispostas em espigas, acompanhadas<br />
de bracteas em sua base.<br />
0 cálice é gamosépalo, de quatro ou<br />
cinco divisões, regulares ou irregulares.<br />
A corolla é gamopetala, irregular,<br />
ordinariamente bilabiada, os estames<br />
em numero de dois ou quatro, são didynamos.<br />
O ovario é de duas lojas que contem<br />
dois ou maior numero de óvulos; elle<br />
é applicado sobre um disco hypogynico<br />
annullar.<br />
O estylete é simples, terminado em<br />
estigma bilobado.<br />
O fructo é uma cápsula de duas<br />
lojas, algumas vezes monospermicos,<br />
abrindo-se com elasticidade em duas<br />
válvulas, que levam comsigo cada uma<br />
metade do septo.<br />
As sementes são em garal sustentadas<br />
por um podosperma filiforme e<br />
seu embryão, collocado immediatamente<br />
debaixo do tegumento próprio, é desprovido<br />
de endosperma e tem geralmente<br />
a radicula voltada para o lado<br />
do hilo.<br />
Alface.—Lactuca sativa , Linn.—<br />
Fam. das Compostas. —Planta herbacea, Alfavaca de cobra. — Monnieria<br />
annual, cuja caule ergue-se com folhas trifolia Aubl.—Fam. das Butaceas.—<br />
grandes de verde claro obovaes e oblon- Esta herva em Pernambuco é conhecida<br />
gas ; as flores são amarelladas e em<br />
por este nome, mas em outras partes do<br />
cachos, e formão um capitulo de pel<br />
Brasil por Jaborandi.<br />
los macios e brancos, que voão com o Pequena herva ramosa, suas folhas<br />
vento.<br />
trifolioladas, florinhas brancas, miúdas,<br />
Esta planta, cuja pátria ignoro, é cul<br />
formam um froco de folhinhas no cimo,<br />
tivada em todas as hortas, sendo do<br />
um tanto pelludas, etem aroma, quando<br />
mais trivial conhecimento entre nós.<br />
submettidas a compressão.<br />
O fructo é uma capsulasinha palheosa.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. —A água da<br />
alface é freqüentemente usada na medicina<br />
como antispasmodico.<br />
Alface de cordeiro. — Eerva<br />
Benta.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—E' sudorifíca,<br />
aromatica e empregada nos mesrftos ca<br />
sos do Jaborandi. Faz-se com ella um<br />
xarope bom para o tratamento da coqueluche<br />
na dose de 30 a 40 grammas por<br />
dia.<br />
As folhas fritas em óleo e postas nas<br />
verilhas e sobre o púbis, são úteis na ischuria.<br />
(Fig. 3.)<br />
Alfavaca de cheiro. — Occimun<br />
incanum. Occimuu fluminense. Vell.—Fam.<br />
das Labiadas. — Esta planta é por este<br />
nome conhecida em Pernambuco, e na<br />
Bahia por Santa Maria. Sua altura regula<br />
de 6 a 8 decimetros; folhas oppostas<br />
ovaes e serriadas; flores em espigas<br />
densas, pequenas, brancas, tocadas de<br />
roixo; o fructo é uma pequena cápsula<br />
preta.<br />
Applicam-n'a raramente como adubo.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' aromatica,<br />
emprega-se em banhos nos rheumatismos.<br />
As sementes applicadas aos olhos, que<br />
tem argueiros, attrahem-nos a si, e facilitam<br />
a extraccão.<br />
PROPRIEDAEES MÉDICAS.— A raiz além<br />
de outros prestimos é muito útil, na diabetis;<br />
emprega-se o decocto como sudorifico<br />
e diuretico. Também aproveita<br />
nas inflamações de olhos.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. — Grande<br />
Alfa vaca brava.—W a Jaboranãi família composta de arvores, de ar<br />
no Pará.<br />
bustos ou de plantas herbaceas tendo<br />
folhas oppostas ou alternas commum-<br />
Alfa vaca do campo.— Occimun mente cheias de pontos translúcidos,<br />
incannecens, Mart.—Fam. das Labiadas. com ou sem estipulas: flores geral-<br />
5
!H ALF AL(i<br />
mente hermaphroditas; mui raras vezes PROPRIEDADES MÉDICAS.—Com o sueco<br />
unisexuars; um cálice de três a cinco d'ella curam-se belidas da cornea; a de-<br />
sepalas. unidas pela base: corolla de coção das folhas serve para modificar as<br />
cinco pétalas, algumas vezes soldadas, dores de dentes.<br />
raramente nulla.<br />
Cinco ou dez estames, alguns dos Alfazema da Europa. — Lavan-<br />
quaes abortam ás vezes e offerecem fôrdulaspicaia. Linn.—Fam. idem.—Planta<br />
mas variadas.<br />
cultivada no Brasil, natural do Meio Dia<br />
O ovario compõe-se de três a cinco da Europa, mas conhecida geralmente<br />
carpellas, e formando outras tantas ares entre nós.<br />
tas mais ou menos salientes.<br />
E' uma herva de caule estriado, mui<br />
Cada loja contém quasi sempre dois, esgalhado ; as flores arrumadas em cír<br />
raramente um só, ou grande numero de culos, e violaceas amarellas; toda a plan<br />
óvulos inseridos em seu angulo interta é aromatica; a folhagem miúda e os<br />
no, e n'elle formando duas ordens. frutinhos são a semelhança do cuminho<br />
Os estyletes são livres ou soldados. com o qual tem affinidade familiar.<br />
Essas carpellas acham-se em geral ap- Ella contém um óleo volátil, muito<br />
pliçadas sobre um disco hypoginico usado nas perfumárias.<br />
mais ou menos saliente, e algumas<br />
vezes formam por sua reunião, um PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' excitan<br />
ovario gynobasico, cujo estylete parece te, empregada principalmente em ba<br />
nascer de uma depressão muito profunda<br />
e central.<br />
nhos.<br />
O fructo é ora simples, formando Alfazema da terra ou do<br />
uma cápsula, que se abre em tantas matto.— Hoslumdia Alfazema. — Fam.<br />
válvulas septiferas, quantas lojas tem, das Labiadas. — E' um sub arbustosinho<br />
ora, e as mais das vezes, separa-se esgalhado, de caule quadrado; vegeta<br />
em outras tantas cocas ou carpellas, não só nos mattos, como também nos ta-<br />
quasi constantemente monospermicas , boleiros e nas vargeas; folhas aromati-<br />
indehiscentes e as vezes ligeiramente cas, miúdas e oppostas; flores em ca<br />
carnosas ou seccas, e abrindo-se em chos formando uma espiga pyramidal,<br />
duas válvulas incompletas.<br />
abastecida de pevides palheosas e miu-<br />
As sementes cujo tegumento próprio dissimas, de côr roixo violeta; o fructo é<br />
é muitas vezes crustáceo, se compõem excessivamente pequeno.<br />
de um endosperma carnoso ou de consistência<br />
cornea, contando um embryão PROPRIEDADES MÉDICAS. — Serve para<br />
de radicula superior, raras vezes virada banhos aromaticos.<br />
para o hilo que é lateral; em alguns<br />
casos o embryão<br />
endosperma.<br />
é desprovido de Alga.—Alga.—Fam. das ffyârophytas.<br />
I — As algas são plantas que crescem<br />
ordinariamente nos lugares humidos,<br />
Alfavaca sylveslre. — Occimum sobre tudo nas águas doce e salgada.<br />
syhestre.—Fam. das Labiadas.—V. Al Algumas são compostas de vesiculas<br />
favaca de cheiro.<br />
isoladas, constituindo cada uma um indivíduo<br />
isolado e completo. Outras apre<br />
Alfazema de caboclo. — Hyssentam-se debaixo da fôrma de utriculos<br />
sopus cryspapylla.—Fam. das Labiadas.— reunidos, enfiados como as contas de um<br />
E' um dos nomes porque no norte das rosário, e encerradas n"uma espécie de<br />
Alagoas esta planta é conhecida. Tam membrana gelatiniforme amorpha.<br />
bém a chamam Sambaitè.<br />
Outras ainda são filamentos simples<br />
E' um arbusto que cresce até 2 metros, ou ramosos, contínuos ou articulados,<br />
pouco mais ou menos.<br />
lategos variados na fôrma, consistência
ALG ALG 1»<br />
e côr ou expansões membranosas já<br />
simples, jálobadas.<br />
Algumas têm na base uma espécie de<br />
pé ramificado como uma raiz, outras<br />
apresentam órgãos repartidos por um<br />
caule simples ou ramificado, com folhas<br />
alternas. Todas as algas são formadas<br />
de utriculos.<br />
Os órgãos da reproducção são variados<br />
; ora são pouco distinetos e constituídos<br />
por corpusculos reproduetores,<br />
ora os esporulos são contidos nos esporidios,<br />
espécies de utriculos reunidos em<br />
grande numero em conceptaculos ocos ou<br />
salientes.<br />
Os esporulos de certas algas quando<br />
sahem dos esporidios, executam movimentos<br />
rápidos e variados ; é a transição<br />
da serie animal que acaba nos infusorios,<br />
em que se observam movimentos<br />
análogos, para a serie vegetal, que<br />
começa com estas plantas.<br />
A ordem das algas era antigamente<br />
dividida em duas tribus ; uma d'ellas<br />
formada pelas algas, que crescem na<br />
água salgada e que se denominam fu-<br />
nerviadas, tri ou quinquelobadas, sendo<br />
os lobos agudos.<br />
As flores são grandes, vistosas em<br />
forma de taça de cinco lobulos, e notáveis<br />
por sua corolla de bella côr<br />
amarella ou avermelhada.<br />
Os fruetos que vulgarmente são chamados<br />
maçãs, tem a fôrma de uma<br />
cápsula ovoide de vértice ponteagúdo,<br />
abrindo-se ao termo de seu amadurecimento<br />
em 3 ou 4 valvas (depis-<br />
cencia loculicida) ; cada fructo é dividido<br />
interiormente em 3 ou 4 compartimentos<br />
(lojas) por outras tantas folhetas<br />
(septos), e cada compartimento<br />
ou loja contem 3 a 7 sementes pretas,<br />
ovoides, envolvidas por um froco de<br />
filamentos, mais ou menos longos, mui<br />
finos, de côr branca ou arruivascada.<br />
Estes frocos de filamentos têm por<br />
origem uma formação de pellos, emanados<br />
do episperma ou tegumento próprio<br />
da semente, e constituem a substancia<br />
têxtil conhecida pelo nome de<br />
algodão.<br />
O algodão é esta porção filamentosa<br />
- eus, ou varechs : a outra formada pelas da semente do algodoeiro ; de todas as<br />
que vegetam n'agua doce e chamadas substancias vegetaes de utilidade para<br />
confervas.<br />
a industria, o algodão é incontesta-<br />
A alga vesiculosa, bodelha, sargaço ou velmente o que oceupa primeiro lugar.<br />
botilhão vesiculoso ou carvalinho do Se o trigo faz a base da alimen<br />
mar {Fucus vesiculosus.) Esta planta taçãoadhe- dos animaes, o algodão faz a<br />
re aos rochedos por um curto pediculo, base do trajar.<br />
que se alarga em uma fronde plana, for- O algodoeiro é cultivado em todo o<br />
quilhosa com nervuras dorsaes, provida Brasil; o de Pernambuco era o mais<br />
de vesiculas distribuídas por par. estimado nas fabricas de Inglaterra, e<br />
Todas as algas contem em seus tecidos mais paizes manufactureiros. não só<br />
soda e iodo; aproveitam-se por isso para pela sua qualidade, fínura e tenaci<br />
d'ellas extrahir estas substancias. As dade dos fios, como principalmente pelo<br />
que o mar arroja em abundância sobre<br />
a terra, empregam-se em adubar<br />
-as terras.<br />
Algumas espécies são vermifugas, outras<br />
são applicadas nas escrophulas, outras<br />
em que existe um principio nutritivo,<br />
servem de alimento. As confervas<br />
que vegetam n'agua doce não têm<br />
applicação conhecida.<br />
Algodão. — Gossypium, Linn.— Fam.<br />
das Malvaceas. — Às folhas são alternas,<br />
pecioladas, cordiformes, palmati-<br />
;<br />
lustre e brilho que possuía.<br />
Estes predicados lhe davam muito<br />
merecimento, e valor superior a todos<br />
os algodões importados.<br />
Concorreram para o descrédito d'este<br />
nosso produeto os agricultores, pois só<br />
attenderam á quantidade na producção<br />
e desprezaram a principal condição: a<br />
qualidade. D'isto resultou o deixar de<br />
ser procurado nos mercados de seu consumo<br />
e ser vendido por inferior preço.<br />
Outras oceurrencias se deram para<br />
que o algodão do Brasil degenerasse:
«o AI.O ALG<br />
a exportação annual dos Estados Unidos<br />
que foi enorme em conseqüência<br />
de vender-se alli o algodão por preço<br />
muito mais baixo do que o do Brasil,<br />
$Oí)0 16<br />
kilgr.<br />
()- últimos acontecimentos dos Estados<br />
Unidos paralysaram por alguns<br />
annos as consideráveis remessas que<br />
d'alli se faziam de algodão para os<br />
mercados d'Europa; o do Brasil encontrou,<br />
pois, novamente um preço extraordinário,<br />
visto como chegou a venderse<br />
por 32$()00 16 kilgr.<br />
O algodão de Pernambuco tem sido<br />
apreciado por sua boa qualidade e é<br />
de esperar que brevemente tenhamos de<br />
concorrer sem desvantagem de espécie<br />
alguma nos mercados d'Europa, e isto<br />
porque os nossos agricultores tratam<br />
de aperfeiçoar todos os dias a cultura e<br />
os processos de preparação e o acondicionamento<br />
de seu produeto.<br />
Cumpre ao nosso governo concorrer<br />
quanto estiver a seu alcance para a<br />
abertura de boas estradas que facilitem<br />
os transportes d'este produeto, porque<br />
os terrenos apropriados ao plantn do<br />
algodão de Pernambuco distam muitas<br />
dezenas de léguas da cidade do Recife.<br />
Os algodoeiros são geralmente arbustos<br />
mais ou menos altos e podem<br />
distinguir-se em duas classes extremas<br />
quanto á altura, isto é em algodoeiros<br />
arborescentes e em algodoeiros herbaceos.<br />
A historia botânica dos algodoeiros<br />
apezar dos excellentes trabalhos de Parlatore<br />
ainda não é completamente conhecida,<br />
podendo fazer-se em geral a<br />
mesma observação relativamente aos<br />
outros vegetaes úteis submettidos a uma<br />
longa e cuidadosa cultura.<br />
Não se conhecem com toda a precisão<br />
as differentes espécies de algodoeiros<br />
actualmente cultivados em muitos paizes,<br />
nem tão pouco de modo exacto o<br />
paiz natal de cada espécie ou varie<br />
dade; póde-se dizer em geral que este<br />
vegetal cresce naturalmente nos paizes<br />
quentes: mas conseguiram acclima-lo<br />
em muitos paizes temperados, de modo<br />
que a distribuição geographiea do algodoeiro<br />
é hoje muito extensa.<br />
Não somente elle cresce nos paizes<br />
tropicaes de ambos os heinispherios,<br />
como também em regiões onde a temperatura<br />
desce abaixo de 13 a 14°. Reaumur<br />
ou 60 a 84" Falir.<br />
Todavia ha certos paizes onde as circumstancias<br />
climáticas temperando os<br />
rigores do inverno, permittem a cultura<br />
do algodoeiro, como acontece na Criméa.<br />
O limite da vegetação do algodoeiro<br />
na Europa é o 45° de latitude norte,<br />
e como se sabe, elle é cultivado em<br />
alguns pontos da Hespanha, e da Sicilia,<br />
etc.<br />
Na Ásia cultivam-no até Astracam,<br />
na China, e no Japão até 41° de latitude<br />
norte; na America do Norte<br />
até uma latitude norte igual, e na<br />
parte meridional do continente americano<br />
até 30° de latitude sul' no litoral<br />
oriental, e até 33° nas costas<br />
oceidentaes.<br />
As diversas espécies de algodoeiros<br />
estão distribuídas em toda a Ásia, no<br />
Cabo da Boa-Esperança no Senegal,<br />
nas costas de Guiné, na Abyssinia, nas<br />
margens do Niger, do Gâmbia e do<br />
Zembere, em Serra Leoa e nas Ilhas<br />
do Cabo Verde, na Syria, no Egypto,<br />
em torno do Mediterrâneo, na Hespanha,<br />
na Sicilia, no Brasil, na Columbia,<br />
nas Guyannas, Antilhas, em muitos<br />
Estados da União Norte Americana,<br />
taes como Virgínia, Luisiana, Geórgia,<br />
as Carolinas, Alabama, Mariland,<br />
Delaware, e finalmente nas ilhas do<br />
Oceano Indico.<br />
O continçnte e as ilhas da Ásia<br />
podem ser considerados como a pátria<br />
do maior numero de espécies e variedades<br />
do gênero Gossypium.<br />
A China, as Grandes JIndias, o império<br />
do Mogol, os reinos de Siam e<br />
Pegu, Bengala, etc., ainda produzem<br />
hoje immensas quantidades de algodão.<br />
O algodoeiro cresce igualmente na<br />
Pérsia, Arábia, Syria, Palestina , Ásia<br />
menor, Anatolia, Alepo, Smyrna, etc.<br />
Sabe-se com toda a certeza que o<br />
algodoeiro foi cultivado desde tempos
ALG<br />
ALG SI<br />
immemoriaes na Pérsia, na Arábia e melho; que Baygara (hoje Baroche) era<br />
no Egypto.<br />
o centro desse commercio.<br />
Herodoto diz que os habitantes da Masalia (Masulipatum) possuía então,<br />
índia já de muitos séculos faziam uso segundo esse autor, as mais afamadas<br />
dos tecidos de algodão.<br />
fabricas e as casas de Bengala goza<br />
Arriano confirma a narração do pae vam então da mesma reputação que hoje.<br />
da historia e menciona o nome indico Foi somente no principio da éra<br />
do algodoeiro, que é Taka.<br />
christã que o commercio dos tecidos de<br />
No. tempo de Strabão, isto é, quatro algodão se estendeu do Oriente para a<br />
séculos e meio depois de Herodoto, o Grécia e o Império Romano.<br />
algodoeiro já era cultivado na entrada No décimo terceiro século o Turkes-<br />
do Golpho Pérsico.<br />
tan, fazia com a Criméa e a Rússia um<br />
Meio século mais tarde, Plínio nos commercio activo em tecidos d'algodão,<br />
diz que esta planta, denominada gossy- e na Armênia se fabricaram esses tepion<br />
ou xylon, era conhecida no alto cidos , cuja matéria prima vinha da<br />
Egypto e na Arábia; Theophrasto Pérsia.<br />
citava entre as producções da ilha de O algodoeiro foi introduzido na China<br />
Taylor, no Golpho Pérsico, uma planta pouco mais ou menos em 1368, epocha<br />
que pela sua descripção é o próprio da invasão tartara, não obstante a viva<br />
algodoeiro.<br />
opposição dos operários da lã e da seda.<br />
Se os gregos e os romanos não se Deve-se á invasão musulmana a cul<br />
apropriaram de uma planta preciosa tura do algodoeiro na África, e a fa<br />
que encontraram nos paizes conquisbricação dos tecidos de algodão.<br />
tados pelas suas armas, isso foi de Sabe-se que no décimo terceiro século<br />
vido a que esses povos pouco indus- existiam florescentes fabricas de tecidos<br />
triosos e pouco versados nas sciencias de algodão em Fez e Marrocos, e que<br />
naturaes, desdenharam enriquecer os no fim do décimo sexto se importaram<br />
seus respectivos paizes com uma pro- em Londres vários artefactos de algoducção<br />
que lhes offerecia a via do dão fabricados em Benin.<br />
commercio, ou por pensarem que o Finalmente as fazendas de algodão<br />
algodoeiro sendo uma planta exótica, que servem para vestir as nações da<br />
não era susceptível de ser cultivado África central são fabricadas alli mesmo.<br />
em climas menos quentes do que aque Não obstante as asserções contrarias,<br />
les onde o acharam.<br />
se dermos credito ao historiador Solis,<br />
Os árabes, pelo contrario, com menos os habitantes da America já usavam de<br />
gosto da litteratura e das bellas artes, fazendas de algodão antes da conquista,<br />
excederam aos gregos na arte agrícola, e elle cita os presentes enviados ao Rei<br />
e pelo menos, igualaram aos romanos. de Hespanha, mantos, lenços, tape<br />
Como quer que seja, os monumentos tes, etc, de algodão.<br />
da historia, os factos e as provas ainda Parece que em alguns pontos do Brasil,<br />
existentes attestam que esses povos, essa industria já era conhecida muito<br />
hoje tão atrazados, melhoraram a cul anteriormente á descoberta.<br />
tura na Europa, e introduziram em toda A introducção do algodoeiro na Eu<br />
a parte, aonde chegaram, muitas proropa remonta ao nono século , e sua<br />
ducções exóticas até então desconhe cultura foi devida á invasão dos sarracidas.cenos<br />
na Hespanha. Os primeiros al<br />
O commercio dos tecidos de algodão godoeiros que se viram na Europa, fo<br />
remonta igualmente a epocha mui anram cultivados nas planícies de Valentiga.cia.<br />
Cordova, Sevilha e Granada foram<br />
Arriano no seu périplo do mar de Ery- celebres pelas suas fabricas de algodão<br />
thréa, refere que os árabes traziam al no décimo quarto século, e Barcelona<br />
godão da índia até Adulea no mar Ver- já era conhecida no commercio como
•ü Al.fi<br />
exportadora de fazendas de algodão de cinco milhões, subio em 1833 a quasi<br />
500 milhões e occupava os braços<br />
desde o décimo terceiro.<br />
()> mouros nao somente introduzi de perto de dois milhões de indivíram<br />
a cultura d'essa útil planta, como duos.<br />
ensinaram os meios de fabricar os Em 1786 os Estados Unidos recebe<br />
seus diversos productos entre osquaes ram pela primeira vez e cultivaram<br />
o do papel de algodão, cuja fabrica na Geórgia o algodoeiro de Bahama<br />
ção elles haviam aprendido em Samar- de longas sedas, a que deram o nome<br />
canda na sétimo século.<br />
de algodoeiro de ilhas {Sea Island.)<br />
No décimo quarto já se fabricavam A nova planta prosperou de tal modo<br />
tecidos de algodão na Itália, e pen em diversos estados da União Americana<br />
sa-se que foi na mesma epocha que que de 170,600 libras exportadas para<br />
os turcos importaram essa arte na Inglaterra em 1791, se elevou em 1839<br />
Albânia e na Macedonia.<br />
a 300 milhões de libras. Os tecidos de<br />
Veneza e Milão exerceram essa in algodão fabricados nos Estados da União<br />
dustria e foram celebres pela fabrica produziram em 1833 mais de doze mição<br />
de fazendas mui sólidas com o lhões de cruzados.<br />
algodão importado da Syria e da Ásia Tem-se feito muitos ensaios na Eu<br />
Menor.<br />
ropa para introduzir a cultura do al<br />
Um pouco mais tarde a industria godão, mas, si exceptuarmos a Hespanha<br />
da fabricação dos tecidos do algodão se e a Sicilia, esses ensaios não surtiram<br />
introduzio na Bélgica, que em breve se effeito, pelo menos em ponto grande.<br />
tornou o empório d'essa industria e Não aconteceu o mesmo com a fabrica<br />
manteve durante quasi três séculos a ção dos tecidos de algodão, porque essa<br />
supremacia commercial.<br />
industria é commum, e mais ou menos<br />
No começo do décimo quarto século prospera em todas as nações do velho<br />
os venezianos e os genovezes levaram mundo.<br />
para Inglaterra alguns fardos de algo<br />
A França é o segundo paiz da Europa<br />
dão, cujo único emprego no principio<br />
na ordem da producção do algodão.<br />
foi o de fazer tecidos. Em 1430 alguns<br />
tecelões do| condados de Chester e de Em 1668 Marseille importou do Le<br />
Lancaster começaram a fabricar fusvante 400,000 libras de algodão em rama,<br />
tões á imitação dos de Flandres e de e 1,400,000 libras de algodão fiado. Em<br />
Bristol e começaram a importar algo 1750 a importação foi sete vezes maior.<br />
dão do Levante.<br />
Muitas cidades são manufactureiras de<br />
Henrique VIII e Eduardo VI favore tecidos de algodão; suas fabricas occeram<br />
essa industria, e no meado do cupam de 800 a 900,000 pessoas, subindo<br />
décimo sétimo século havia em todas o seu valor a mais de 170,000 milhões<br />
as parochias teares de algodão afim de de francos.<br />
occuparem os agricultores durante o A industria do algodão hoje se pra<br />
inverno.<br />
tica em todas as nações européas, prin<br />
No reinado de George III, a induscipalmente na Bélgica, Suissa Allemanha<br />
tria do algodão já occupava quarenta e Inglaterra.<br />
mil pessoas e produzia quinze milhões Os botânicos consideram os diversos<br />
de crusados.<br />
algodoeiros, cultivados ou silvestres,<br />
A fabricação dos tecidos de algodão como simples variedades de pequeno<br />
sempre altamente favorecida pelo go numero de espécies; nem todos estão*<br />
verno, e sempre em progressivo aper porém de accordo quanto ao numero<br />
feiçoamento, e que apresentava em 1101 certo das espécies.<br />
uma exportação de fazendas apena3 no Assim Linneo menciona 5 espécies.<br />
valor de pouco mais ou menos milhão Lamarck 8; de Candolle 13; ao passo<br />
e meio, três annos depois elevada a mais que Rohr admitte 29, e o Dr. Royle só-<br />
ALG
ALG ALG S3<br />
mente 4. Citaremos aqui, unicamente, O homem tem apropriado ás suas ne<br />
as espécies mais importantes:<br />
cessidades um grande numero de arvo<br />
1.° o algodoeiro herbaceo ou de Malta res, de arbustos, de plantas alimentícias<br />
(Gossypium herbaceum).<br />
ou de ornamento; existe porém um nu<br />
2.° o algodoeiro arbóreo ou arborescente mero mui limitado de vegetaes que lhe<br />
(Gossypium arboreum).<br />
forneçam matérias para cobrir a sua<br />
3.° o algodoeiro da Índia (Gossypium nudez. in- Entre estes, o algodoeiro é sem<br />
dicum).<br />
contestação, o primeiro.<br />
4.° o algodoeiro fèlpudo (Gossypium Mr- O Canhamo, o linho e outras plantas<br />
sutum).<br />
têxteis lhe fornecem na verdade grandes<br />
5.° o algodoeiro religioso ou de três recursos pon para vestir-se e para o exercítas<br />
(Gossypium religiosum). cio de muitas artes. Mas a casca gom-<br />
6.° o algodoeiro folha de videira (Gosmosa d'estas plantas exige, para se transsypium<br />
bitifolium).<br />
formar em fios teciveis, muitas e diversas<br />
preparações longas e penosas.<br />
ALGODÃO MANUFACTURADO. —Seria pa A cultura da seda reclama grandes<br />
ra desejar que se encontrassem em cuidados, e muitas manipulações, para<br />
nossa província fabricas de tecidos de se converter o seu produeto em matéria<br />
algodão, de todos os estabelecimentos tecivel. Entretanto o algodão offerece<br />
fabris os de maior utilidade e vanta ao homem uma matéria já preparada<br />
gem para o commercio e agricultura. pelas mãos da natureza e prompta a<br />
Já houve aqui uma que infelizmente suc- transformar-se em tecidos finíssimos ou<br />
cumbio por ter fallecido o seu proprie grosseiros,á vontade.<br />
tário ; tentou-se ainda levar a effeito É quasi ocioso enumerar a variedade<br />
outra fabrica de tecidos, mas aterraram de tecidos que se fabricam com o algo<br />
por tal fôrma os poucos espíritos emdão, porque todos sabem o que são<br />
prehendores, que não teve lugar a asso cassas, fiiós, morins, panninhos, chiciação<br />
nem de um seitil, de sorte que tas, madapolões, fustões, veludos, bel-<br />
nenhuma fabrica temos de fiação; consbutinas, pannos - ordinários ou grosta,"<br />
porém, que nos sertões da província seiros , linhas, rendas, meias, bonés,<br />
existem alguns pequenos teares que fa etc, etc.<br />
bricam diminuta quantidade de tecidos, Misturando-o com eánhamo, linho,<br />
os quaes alli mesmo são consumidos, pois lã e mesmo pellos dos animaes, fabri<br />
que só exportam d'essas localidades redes ca-se uma grande variedade de teci<br />
lisas e lavradas.<br />
dos . Os fabricantes de vellas de sebo,<br />
Em Alagoas e Bahia fabricam o tecido cera, spermacete, stearina, etc, empre<br />
do algodão, que exportam para as de gam-no em fôrma de pavio.<br />
mais províncias do Império.<br />
Nas lâmpadas domesticas o algodão é<br />
O Caroço do algodão é excessivamente empregado tecido de um modo particular<br />
oleoso, e a industria tem-se aproveitado e sem costuras; os alfaiates usam d'elle<br />
d'elle para obter um óleo muito próprio em fôrma de pastas, etc. Admira-se a<br />
para luz, fabrico de sabões e uso de ma- finura e a belleza dos pannos e tecidos de<br />
chinas, e que também é empregado na algodão que o commercio traz da índia.<br />
medicina. O processo de extracção d'este Todos conhecem as soberbas chitas,<br />
óleo é análogo ao que se pratica com a com as quaes as da Europa não podem<br />
mamona.<br />
competir. A excellencia d'esses tecidos<br />
attesta a excellencia das preparações,<br />
PROPRIEDADES E USOS DO ALGODÃO. —<br />
quaesquer que ellas sejam, que os fa<br />
Nas immensas producções do reino vebricantes indianos dão ao algodão, e que<br />
getal, talvez não se encontre uma só que ainda não poderam ser imitados pelos<br />
se possa comparar com o algodoeiro fabricantes dos paizes os mais indus-<br />
quanto á utilidade.<br />
triosos.
e-i ALG ALG<br />
As fam
ALG ALG 25<br />
theras reniformes e constantemente<br />
uniloculares.<br />
O pistillo se compõe de varias carpellas,<br />
ora verticilladas á roda d'um<br />
Algodão dos Baixos.— Suas sementes<br />
têm um lado plano, e outro<br />
Algodão de Carthagena. —<br />
Distinguem-se duas espécies, de pequenos<br />
frocos, e de grandes ou grossos frocos.<br />
eixo central e mais ou menos soldadas, Algodão de coração.— A semen<br />
ora reunidas n'uma espécie de capite é pequena, coberta de pello curto; a<br />
tulo ; essas carpellas são uniloculares, lã é muito fina e muito alva.<br />
contendo um, dois ou maior numero<br />
das sementes presas ao seu angulo Algodão felpudo.—Gossypium hir-<br />
interno.<br />
sutum, Linn. e Cavan.—Fam. das Mal-<br />
Os estyletes são distinetos ou mais vaceas. — Este algodão procede de uma<br />
ou menos unidos, terminados cada um planta herbacea de % a 1 metro, oriunda<br />
por um estigma simples.<br />
da America Meridional.<br />
O fructo apresenta as mesmas mo Esta espécie se distingue das outras<br />
dificações que os órgãos elementares, por seu caule herbaceo annuo ou bisan-<br />
quero dizer, que estes estão ora reuninuo; é ramoso, semelhante ao do outro;<br />
dos circularmente á roda de um eixo as flores amarellas e o fructo dá um<br />
material, ora agrupados em capitulo, capulho que sahe fora da cápsula pen<br />
ora formando por sua solda uma dendo com um comprimento de 24 cen-<br />
cápsula pluriloeular, que se abre em timetros.<br />
tantas valvas quantas lojas mono ou<br />
polyspermicas encerra; outras vezes as<br />
Algodão de folha vermelha.<br />
carpellas se abrem somente pelo seu<br />
— As sementes são bem cobertas de lã,<br />
lado interno.<br />
tem as folhas, os peciolos e as nervuras<br />
Os grãos cujo tegumento próprio é<br />
das folhas de um vivo vermelho; a lã<br />
algumas vezes coberto de pellos fel-<br />
é muitíssimo fina.<br />
pudos, compõem-se de um embryão<br />
Algodão indiano. — Sementes<br />
recto geralmente sem endosperma, ten<br />
pretas lisas e venosas.<br />
do os cotyledones membranosos do<br />
É muito fina a lã d'esta espécie, mais<br />
brados sobre si mesmos.<br />
ainda que a da Guyana; é também muito<br />
alva.<br />
Algodão da ülartinica. — É co<br />
convexo, e são pretas; a lã é de bôa<br />
roado de verde. Dá o pello, que se acha<br />
qualidade, fina e de fio comprido.<br />
sobre a ponta do grão, fresco e verde; o<br />
fio é fino, alvo e estimado.<br />
Algodão nravo.— Eibiscus bifurcatus,<br />
Will. e Cavan.—Fam. das Malva-<br />
Algodão do mato. — Cochlosperceas.—<br />
Planta brasileira, do Pará, com mum strigosum.— Fam. das. Ternstremia-<br />
o aspecto de quiabeiro, de folhas alceas. — Éum arbusto agrèstee indígena,<br />
ternas recortadas; tem espinhos e<br />
conhecido por este nome'em Pernam<br />
flores um tanto grandes, o fructo é<br />
buco.<br />
uma cápsula polyspermica.<br />
É de 2 a 4 % metros de alto, e no porte<br />
assemelha-se ao algodoeiro manso.<br />
Algodão do Brasil. — Differe do Seu caule é pouco ramoso e mui ver<br />
algodão felpudo por formarem as setical ; é nodoso e castanho.<br />
mentes uma pyramide mais curta e As folhas longamente pecioladas são<br />
mais larga.<br />
palmadas, recortadas em cinco pontas,<br />
Esta espécie cultivada no Brasil, não de verde paleaceo e duras.<br />
ha nem na Guiana, e nem nas Anti- Asflôres em pequenos feixes, são granlhas.des,<br />
de um bonito amarello côr degemma
Sü ALG<br />
Algodão mussulina da Trin<br />
dovo com fôrma circular, com um feixe<br />
dade. — O tio ó extramente fino, e<br />
de ületes amarellos no meio, sem cheiro.<br />
de grande alvura.<br />
O fructo é uma eapsula ovoide, palcacea,<br />
dividida por dentro, e contendo<br />
Algodão de Porlo Rico. — A<br />
uma porção de sementes envoltas em<br />
semente é disposta em pyramide,<br />
uma lã loura, macia, imitando a seda.<br />
alongada e estreita, como a da Guya-<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.—Arvores ou na, tendo demais ser toda coberta de<br />
arbustos de folhas alternas, sem estipu pello.<br />
las, muitas vezes coriaceas e persistentes;<br />
de flores algumas vezes grandíssimas, Algodão de S. Domingos, Co<br />
axillares ou terminaes, tendo um cálice roado. — A semente é oblonga, pouco<br />
formado dc cinco sepalas concavas densa de pello, lá muito fina e muito<br />
desiguaes e imbricadas ; uma corolla alva.<br />
composta de cinco pétalas ás vezes<br />
soldadas em sua base, e formando uma Algodão de S. Thontaz.—Tem a<br />
corolla gamopetala; estames numero semente semelhante aos precedentes; é<br />
sos muitas vezes reunidos pela base muito estimado, porque sua lã é muito<br />
dc seus filetes e ligados com a co fina, alva e mui compridos os fios.<br />
rolla.<br />
Dá uma só colheita no anno e cerca de<br />
O ovario é livre, sessil, muito ge 90 a 105 grammas de lã.<br />
ralmente applicado em um disco hypogynico;<br />
elle é dividido em duas Algodão de Siam hranco.—Se<br />
a cinco lojas, contendo cada uma dois mente lisa, preta, quasi globosa. Reúne<br />
ou maior numero de óvulos pendentes de mais as seguintes qualidades: alvu<br />
no angulo interno de cada septo. ra brilhante, finura, comprimento de fio<br />
O numero dos estyletes é o mesmo e elasticidade. É extremamente procu<br />
que o das lojas ; termina cada um por rado.<br />
um estigma simples.<br />
Dá duas colheitas por anno, e cerca de<br />
O fructo offerece de duas a cinco 180 grammas de lã em cada colheita.<br />
lojas; elle é ora coriáceo, indehiscente,<br />
um tanto carnoso interiormente, Algodão de Siam escuro e co<br />
outras vezes é capsular, abrindo-se por roado. — É de côr de nankim pallida,<br />
meio de outras tantas valvas. seu fio é fino e elástico; a cultura não é<br />
As sementes, muitas vezes em nu extensa, porque fornece apenas por anno<br />
mero de duas somente em cada loja, 90 grammas de lã por colheita.<br />
tem seu embryão nú ou coberto de Ha outro d'esta mesma espécie, cuja<br />
um endosperma carnoso freqüentes lã é amarellada, fina, forte e elástica.<br />
vezes muito delgado.<br />
Algodão de Siam liso, tri<br />
Algodão mussulina. — Ha quagueiro. — A lã é muito fina, de côr de<br />
tro variedades.<br />
nankin. Dá por colheita, de lã limpa,<br />
Algodão mussulina de Re<br />
cerca de 90 grammas.<br />
mi re. — A lã é grossa e de branco<br />
Algodão Sorel verde.— O grão é<br />
sujo ou trigueiro.<br />
duro, preto e áspero, a lã tem partes<br />
Algodão mussulina de semen verdes, e alguns fios claros semeados se<br />
tes grossas ou grandes; o fio é duro prolongam do casulo. É boa variedade.<br />
e branco.<br />
Dá por colheita, de lã limpa, cerca de<br />
120 grammas.<br />
Algodão mussulina vermelho.<br />
— O fio é fino e encarnado. Algodão Sorel vermelho. —<br />
ALG
ALH ALH S7<br />
Confundem-no nas Antilhas como outro; As folhas algumas vezes todas ra-<br />
mas elle distingue-se do precedente pela diosas, são- lisas, ou cylindricas e con-<br />
côr do caule e por serem as folhas vermecavas,<br />
ou espessas e carnosas. O caule<br />
lhas.<br />
é em geral nú; raras vezes tem fo<br />
Dá duas colheitas por anno; a lã é lhas.<br />
fina e alva, produz em terreno secco e As flores são ora solitárias e termi-<br />
saibronoso cerca de 210 a 240 grammas. naes, ora em fôrma de espigas simples<br />
ou cachos ramosos ou sertulas;<br />
AUio. — Attium sativum, Linn. —Fam. são as vezes acompanhadas de uma<br />
das Liliaceas. — Herva cultivada natural espatha que as envolve antes do seu<br />
do meio dia da Europa; cresce natural desabotoamento.<br />
mente na Itália e na Sicilià; conhecida O cálice é colorido e petalóide, cons<br />
por todo o Brasil, e talvez por todo o tituído por seis sepalas distinctas ou<br />
Orbe; é de pequeno porte, suas folhas unidas pela sua base, e formando ás<br />
estreitas e planas arrumam-se em molho vezes um cálice tubuloso.<br />
na face da terra, deita um caule, na Estas seis sepalas são dispostas em<br />
summidade da qual brotam as flòrinhas duas ordens, sendo três interiores e<br />
brancas quasi sem cheiro, reunidas em três exteriores.<br />
umbrella; tem no centro o rudimento de Os estames em numero de seis, in<br />
casulosinhos em que se contém as seseridos na base das sepalas quando<br />
mentinhas pretas; a raiz d'essa planta estas são distinctas, ou no alto do<br />
é um bulbo, isto é, um corpo ovoide tubo quando ellas são soldadas.<br />
composto de partes, (gòmos) cuja reu O ovario é de três lojas, e offerece<br />
nião compõe a esphera dita; cada parte três lados salientes; cada uma d'ellas<br />
é dividida naturalmente por uma túnica contém um numero variável de óvulos<br />
peliculosa e roixa, e a massa do centro apegados ao angulo interno e dis<br />
compacta, aquosa, de um cheiro actipostos em duas séries.<br />
vissimo; revestem-lhe geralmente o ex O estylete é simples ou nullo, terterior<br />
uma ou duas membranas delgadas, minado em um estigma trilobado.<br />
finas e brancas.<br />
O fructo é uma cápsula de três lojas<br />
O alho na economia domestica tem que se abre em três valvas septi-<br />
emprego commum como adubo. feras no meio de sua face interna.<br />
As sementes são cobertas de um te-<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Applicado<br />
gumento ora preto e crustáceo, ora<br />
externamente produz uma inflammação<br />
simplesmente membranoso.<br />
na pelle seguida de ampolas e ulce-<br />
O endosperma é carnoso, e encerra<br />
rações; mistura-se ás vezes com cata-<br />
um embryão cylindrico, cuja radicula<br />
plasmas maturitivas e com sinapismos<br />
está-voltada para o hilo; raramente<br />
para tornal-os mais fortes.<br />
este embryão é curvo sobre si mesmo.<br />
Internamente é empregado como vermifugo,<br />
é recommendado na febre in- Alho grosso de Hespanha.—<br />
termittente, arêas e pedras na bexiga, Allium Scorodoprasum , Linn. — Fam.<br />
escorbuto, cholera e hydropisias. idem.— Planta de Hespanha, cultivada<br />
Dá-se internamente em dose de duas no paiz; parece-se com o alho maior ;<br />
a. oito grammas em chá, caldos ou as folhas planas, o bulbo maior tam<br />
comido cru com pão, etc. Externabém. mente administra-se em clysteres co<br />
sido com leite ou só com água, contra<br />
as ascarides.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. — Plantas de<br />
raiz bulbifera ou fibrosa.<br />
Alho do mato do campo.—<br />
Maricá pahãosa,' Wild. — Cipura paludosa,<br />
Aubl. — Familia das Iridaceas. —<br />
Também chamam Coqueiririho ou alho de<br />
Campina em Pernambuco e Alagoas.
ZH A LM ALM<br />
K agreste ; nas-ce com mais freqüência<br />
nos lugarrs chareosos e humidos.<br />
Herva de 2 ', decimetros de altura<br />
pouco mais ou menos ; sahe da terra<br />
*m molho de três ou quatro folhas ascendentes,<br />
sulcadas longitudinalmente<br />
c estreitas; do meio d'essas folhas<br />
sabem uns pequenos caules ou pedunculos,<br />
dos quaes brota uma flor<br />
azul, em fôrma de globos, com três<br />
azas, tendo no fundo um casulo folliaceo<br />
contendo grãos pardos ou pretos ;<br />
não tem aroma; a raiz é como uma<br />
cebolinha, de casca parda, e o miolo<br />
compacto, aromatico, amarello.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— Esta planta<br />
é empregada contra as escrophulas interna<br />
e externamente e também contra<br />
as gonorrhéas.<br />
Alleluia.—Mikania drástica.— Fam.<br />
das Compostas.— Herva agreste conhecida<br />
em Pernambuco por este nome e<br />
nas Alagoas por Camará.<br />
É herbacea, cresce de % a 1 me<br />
cia resinosa, liquida, transparente,<br />
acre, amarellada, a qual quando se<br />
expõe ao ar, se solidifica sob a fôrma<br />
de stalactites de uma côr branco-amarellada,<br />
a que dão o nome de Incenso<br />
brasileiro.<br />
Esta preciosa resina, diz o professor<br />
Martius, é muitas vezes empregada nas<br />
igrejas, em lugar de incenso.<br />
Também costumam servir-se d'ella na<br />
preparação de emplastros, como acontece<br />
na Europa com o elemi.<br />
Damos a esta resina o nome de Incenso<br />
brasileiro, por ter ella as mesmas<br />
applicações, que o verdadeiro incenso ou<br />
olibano, o qual pôde ser por ella substituído<br />
em relação ao Brasil.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—Emprega-se<br />
interiormente, em emulsão ou pílulas,<br />
no tractamento das moléstias dos órgãos<br />
da respiração, em que o uso dos<br />
medicamentos balsamicos pôde aproveitar.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. — Arvores<br />
tro mais ou menos ; suas folhas oppos ou arbustos muitas vezes lactescentes<br />
tas, ovaes, crespas, bonitas e aromati- ou resinosos, tendo folhas alternas gecas<br />
; as flores em cachos nas pontas ralmente compostas, sem estipulas;<br />
dos ramos são como pequenas belotas flores hermaphroditas ou unisexuaes,<br />
de roixo lyrio; são muitas florinhas pequenas , e em geral dispostas em<br />
reunidas em um receptaculo commum. cachos ; cada uma d'ellas apresenta um<br />
O fructo é uma pequena baga có-, cálice de três a cinco sepalas, algu<br />
berta de pellos palheosos.<br />
mas vezes soldadas pela base, e com o<br />
ovario, que é infero.<br />
PTOPRIEDADES MÉDICAS.— É purgativa A corolla, que falta ás vezes, com<br />
e emmenagoga : sua acção sobre o utero põe-se de um numero de pétalas igual<br />
é muito violenta,,na dose de 16 gram aos lobos do cálice, é regular.<br />
mas para 500 grammas d'agua.<br />
Os estames são commummente de<br />
Almecegão.— É a resina da Ici-<br />
numero igual, rarissimas vezes duplo<br />
ou quádruplo do das pétalas; no pricariba.meiro<br />
caso, elles alternam com as pétalas.<br />
Almecegueiro.— Hedwigea balsa- O pistillo se compõe de três a cinco<br />
mifera , Srcartz — Bursera gumifera carpellas, , ora distinctas, ora mais ou<br />
Linn.— Fam. das Terebinthaceas.— Esta menos unidas entre si, cercadas em sua<br />
arvore cresce até a altura de 10 a 14 base de um disco perigynico e annular;<br />
metros; vegeta no interior das provín algumas vezes varias carpellas abortam,<br />
cias de Minas Geraes, Bahia, Pernam e d'ellas só resta uma, da qual nascem<br />
buco, Pará e Amazonas.<br />
diversos estyletes- cada carpella é de<br />
Pelas incisões que se praticam na uma só loja contendo ora um óvulo<br />
sua casca deixa emanar uma substan situado no ápice d'um podosperma fi-
ALM<br />
AMA 29<br />
liforme, que nasce no fundo da loja, Althea do Brasil. — Y. Malvaisco<br />
ora um óvulo deitado, ora dois óvulos das Malvaceas.<br />
deitados ou collateraes.<br />
Os fruetos são seccos ou drupaeeos, Alvacana. — Planta herbacea de<br />
contendo ordinariamente uma só se caule roxeado, de pouca altura, até K<br />
mente : esta encerra um embryão des metro, formando um circulo ; as folhas<br />
provido de endosperma.<br />
cordiformes, quasi de 24 centímetros,<br />
repicadas, sem lustre, e de peciolos ma<br />
Almecegueiro da heira do culados, alternas; as flores são em feixes<br />
rio, — É uma planta que tem virtudes quasi sesseis; semelham bogaris, na<br />
anti-rheumaticas, e é applicada contra fôrma e no cheiro, porém são menores<br />
as ulceras.<br />
e de aroma desagradável.<br />
A corolla é de lobos redondos e im-<br />
Almecegueiro bravo. —Amyris bricados; tem um pequeno tubo, é branca<br />
silvaticus. — Fam. das Terebinthaceas. com — matizes de côr de carne, e zonas<br />
Arvore resinosa; folhas alternas, pin- rosadas ; nunca vimos os fruetos.<br />
nadas, impares ; differe essa espécie da<br />
subsequente, em serem menores as fo Amansa-hesta. — Eucalyptus ferlhas,<br />
e o fructo não ser vermelho. ruginosa.—Fam. das Myrtaceas.—Arbusto<br />
agreste por este nome conhecido nas<br />
Alagoas.<br />
Almecegueiro manso das Ala<br />
• É um vegetal ramoso desde a base,<br />
goas. — Elaphrium Alagoense. —Fam.<br />
de folhagem densa, e altura mediana;<br />
idem. —Arvore selvática do Brasil e co<br />
suas folhas são quasi redondas, espesnhecida<br />
nas Alagoas pelo nome acima.<br />
sas, oppostas e cobertas de uma lanugem<br />
É ramosa, folhas distribuídas em pal<br />
vermelha no extremo dos ramos, as flomas<br />
oppostas elustrosas, de verde fixo,<br />
res brancas, pequenas como ro^nhas, e<br />
flores miúdas de cor verde esbranquiça-<br />
em cachos, com algum cheiro; seus<br />
da; a flor estrellada, o fructo pequeno,<br />
fruetos abortam quasi todos.<br />
roliço subtriangular, com dois caroços<br />
Este arbusto à primeira vista parece<br />
dentro, envoltos em uma massa que se<br />
coberto de ferrugem.<br />
come.<br />
Esta arvore verte de todas as suas CARACTERES DA FAMÍLIA. — Arvores ou<br />
partes um sueco resinoso, de cheiro arbustos com folhas pontuadas ou glan-<br />
activo; o sueco do lenho coagula-se e dulosas; flores amarellas ou brancas.<br />
torna-se resina aromatica.<br />
Cálice tubuloso com quadro ou cinco<br />
lobulos; pétalas em numero igual ás di<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—É empregada visões do cálice, raras vezes nullas.<br />
no curativo das ulceras, js applicada em Estames em numero duplo, ou múl<br />
pachos ás fontes contra a cephalalgia. tiplo do das pétalas, inseridos na parte<br />
superior do tubo.<br />
Almecegueiro manso de Per Filetes livres, ou monadelphos, recurnambuco<br />
— Amyris ambrosyaca, vados para o centro: carpellas cinco,<br />
Will. —Amyris pernambucensü', Arr. C. raras — vezes seis ou quatro, ou menos<br />
Fam.. Idem. — É uiu® arvore muito se ainda, soldadas entre si e com o cálice :<br />
melhante á precedente; suas folhas em estyletes e estigmas soldados: fructo va<br />
palmas ovaes e pequenas, tem pouco riável.<br />
brilho; as flores em cachos e esverdinhâdas;<br />
o fructo é uma cápsula oval, Amapá. — Fam. das Apocynaceas.—<br />
vermelha, com uma só semente. Planta do paiz e que das incisões do<br />
Nas Alagoas é chamada Almecegueiro Caule e ramos exsuda um suecô leitoso<br />
vermelho.<br />
e branco; a casca é levemente amarga,.
30 AMA AME<br />
as folhas causam prurido no corpo, quan amarello Amar. áurea, etc. O fructo é<br />
do -e lhes toca.<br />
uma cápsula.<br />
A m a re 11 o. — Ompha lobium lutuosum. Ambauva mansa.— Pourouma re-<br />
— Fam. das Leguminosas. — Arvore das cropia folia, Mart. — Fam. das Urti-<br />
mais importantes do Império, e natural caceas. — É uma arvore que vegeta no<br />
das províncias do Norte, especialmente Amazonas. O seu fructo é ácido, doce<br />
do Pará até Alagoas.<br />
e mucilaginoso, de sabor apreciável.<br />
li um vegetal bonito, colossal, folha Ha d'ella duas espécies: Pourouma acugem<br />
miúda disposta em palmas; flores minata, Mart. e Pourouma bicolor.<br />
aromaticas, em grandes cachos verticillados,<br />
são como pequenos jasmins de um Ambauva de vinho.— V. Am-<br />
branco amarellado; dá um fructo que é hauva mansa.<br />
uma vagem pequena, roliça, parda, com<br />
dois ou três grãos vermelhos de côr viva. Ambé. — É uma parasita do Pará<br />
Esta arvore é uma das mais ricas pro- e supponho que é o mesmo Imbé de<br />
duccões do solo brasileiro.<br />
Pernambuco.<br />
Como madeira de construcção naval, Diz-se que essa planta dá as cordas<br />
é pelo governo do Brasil prohibido o com que se amarram os feixes de sal-<br />
seu corte sem prévia licença da authorisaparrilha; suas folhas e o cipó prodade<br />
competente; e também é madeira duzem um prurido extraordinário nos<br />
de construcção urbana, e optima para lábios, quando se põe em contacto com<br />
marceneria.<br />
elles.<br />
É de muita duração, não soffre com a<br />
acção do ar; perde a côr amarella com Ambira — V. Pindahiba ou Embira.<br />
o tempo, mas aplainada revive; a madeira<br />
dp, raiz é ainda mais bella que Ambú.— V. Imbuseiro ou Imbú.<br />
a do tronco, porque offerece o traçado<br />
dos mais bonitos veios, e substitue Ambuia-embo. — Aristolochia la-<br />
completamente o mogno.<br />
biosa, Mart.—Fam. das AristolocMaceas.—<br />
Planta do aspecto do milhomens. Três<br />
Amarello flor de algodão.— espécies d'ella encontrou Martius : Aris-<br />
Fam. idem. — É outra espécie de amatolochea rumecifolia, Arist. theriaca e<br />
rello, cuja madeira é de uma côr clara, Arist. antihyslerica.<br />
mas que facilmente desbota, é conhecido<br />
dos marceneiros por este nome. Ameixa preta. — Prunus paranaerir<br />
sis.— Fam. das Rosaceas.— É uma plan<br />
Amarello ou vinhatico.— V ta semelhante á Ameixeira da Europa.<br />
Viatico.<br />
Prunus domestica. O fructo é preto,<br />
ácido e refrigerante.<br />
Amaryllis. — Amaryllis formosíssima,<br />
Linn.— Fam. das Amaryllidaceas.— Ameixeira da terra. —Ximenia<br />
Esta planta é natural da America Aus americana, Linn.—Fam. das Olacineas.<br />
tral, mas cultiva-se no Brasil. — Esta planta é indígena, mas cresce<br />
Herva de bulbo na raiz, folhas ras também nas Antilhas ; nas províncias<br />
teiras planas; a flor é labiada, de côr do Sul é conhecida por este mesmo<br />
vermelha purpurina aveludada.<br />
nome. O fructo é de um aroma muito<br />
Chamam na Europa Lis ou Croix de agradável.<br />
Saint Jacgues, Lyrio ou Cruz de S. Ja-<br />
Arbusto espinhoso de folhas pequenas,<br />
eome.<br />
quasi redondas, com espinhos na base ;<br />
Ha o Lyrio de Guernesey Amaryllis as flores em fôrma de roseta, pelludas<br />
sarmiensü, Linn. e o Lyrio da China e amarelladas ; seu fructo, quando ma-
AME AME 31<br />
duro é de 3 a 6 centímetros de com ternas lanceoladas com flores solitárias<br />
primento, mais ou menos redondo e ou oppostas, seu fructo é uma noz<br />
cylindrico ; o exterior pelliculoso, ama oval earnosa por fora ; dentro ha outra<br />
rello, lustroso, e dentro a massa é nóz porosa, deprimida, com uma amên<br />
molle e tem um só caroço.<br />
doa de côr loura, de casca pellicu-<br />
A de Minas Geraes differe um pouco losa; é branca, oleosa, saborosa, e as<br />
nas folhas e na floração. Come-se a suas amêndoas vão ás nossas mesas<br />
amêndoa do caroço.<br />
como boa frueta.<br />
Ellas tem um gosto agradável, doce,<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. — Esta pe mas não tem cheiro.<br />
quena família, é formada a custa das O óleo contido n'ellas extrahe-se por<br />
Auranciaeeas.<br />
meio de expressão.<br />
Compõe-se de vegetaes lenhosos de<br />
folhas simples, alternas, pecioladas, PROPRIEDADES MÉDICAS.—São nutrien<br />
e sem estipulas ; flores pequeninas, tes, emollientes e calmantes, empre<br />
axillares ou terminaes.<br />
gadas nas affecções do tubo digestivo,<br />
Estas offerecem um cálice pequeno, vias urinarias e órgãos respiratórios, nas<br />
gamosépalo, persistente, inteiro ou inflammações, espasmos, hemoptyses ,<br />
denteado, tendo muitas vezes muito gonorrhéas, pedras, e catarrhos da<br />
crescimento e tornando-se carnoso. bexiga, etc.<br />
A corolla é formada de três a cinco Ordinariamente como amendoada ou<br />
pétalas coriaceas, sesseis, valvulares, emulsão, serve de vehiculo a outros<br />
soltas ou soldadas pela base. remédios.<br />
Estas pétalas são reunidas muitas vezes<br />
duas a duas, só separadas no ápice. Amêndoa (da índia). — Termi-<br />
Os estames geralmente em numero nalia (catappa?) Linn.—Fam. das Com-<br />
de dez, alguns dos quaes abortam ás bretaceas. — A amendoeira é uma ar<br />
vezes e tem a fôrma de filamentos vore oriunda das índias Orientaes,<br />
estéreis.<br />
elevada e elegante; troncp vertical,<br />
Estes estames são immediatamente hy- ramos ou galhos dispostos em vários<br />
pogynicos ou sustentados pelas pétalas. verticillos em umbrella de distancia<br />
O ovario é livre, unilocular, con em distancia; as folhas ovaes, ás vetendo<br />
em geral trez óvulos pendentes zes obvaes, reflexas, coriaceas, e um<br />
do ápice de um trophospherma cen tanto grandes ; as flores • em espigas<br />
tral e levantado.<br />
longas, são miúdas, á maneira de es<br />
O estylete é simples, terminado em trelinhas; o fructo é uma noz, no in<br />
um estigma pequeno e tribolado. terior de 3 a 6 centímetros, em fôrma<br />
O fructo é drupáceo, indehiscente, de coração por fora • tem um tegu-<br />
freqüentes vezes coberto pelo cálice carmento carnoso, roixo, e um pouco<br />
noso, e contendo uma só semente. molle; dentro é quasi lenhosa, divi<br />
Esta se compõe de um grosso endindo-se em quatro ou cinco loculos<br />
dosperma, carnoso, nó qual está con ou lojas, aonde encerra as sementes.<br />
tido um embryãosinho bazilar e homo- Não é boa ao paladar.<br />
tropo. ;i<br />
Pernambuco talvez fosse a primeira<br />
província que a adquirio. Na capital<br />
Amêndoa (daEuropa). —Amy-<br />
serve de ornamento nas praças e ruas<br />
gãalus communis, Linn. — Fam. das Ro-<br />
da cidade.<br />
saceas. — A frueta que o Brasil importa<br />
com o nome de Amêndoa da Europa, CARACTERES DA FAMÍLIA.— São arvo<br />
é originada de Argel, Mauritânia, e do res , arbustos ou fruetices, de folhas<br />
meio-dia da Europa.<br />
oppostas ou alternas, inteiras e sem<br />
A planta é uma arvore de folhas ai- J estipulas, e com flores hermaphroditas
3*<br />
AMO<br />
ou puhgamas, diversamente dispostas<br />
em espigas :i\illares ou terminaes.<br />
O cálice é adherente pela base com<br />
o ovario, que é infero. Seu limbo,<br />
muitas vezes tubuloso, é de quatro ou<br />
cinco divisões, e articulado com o ápice<br />
do ovario.<br />
A corolla falta em vários gêneros,<br />
ou se compõe de quatro a cinco pétalas<br />
inseridas entre os dentes do cálice.<br />
O numero dos estames é em geral<br />
duplo das divisões calicinaes : entretanto<br />
este numero não é rigorosamente<br />
determinado.<br />
O ovario é de uma só loja contendo<br />
de dois a quatro óvulos pendentes de<br />
seu ápice.<br />
O estylete é mais ou menos comprido,<br />
terminado em estigma simples.<br />
O fructo é constantemente unilocular,<br />
monospermico (por aborto) e indehiscente.<br />
A semente, que é pendente, se compõe<br />
de um episperma que cobre immediatamente<br />
o embryão, e é de ordinário<br />
uma samara.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—É emoliente<br />
útil contra dores e tenesmos. É empregada<br />
em banhos, e em decocto internamente.<br />
AMO<br />
Amor do» homens. — BTibiscus<br />
mutabilis, Linn.— Fam. das Malvaceas.<br />
— É originaria da índia esta planta,<br />
cultivada no Brasil como ornamento.<br />
É um arbustosinho, cujo caule sobe<br />
até 2 ou 3 centímetros ; esgalha pouco,<br />
é nodoso, e o tronco é esbranquiçado;<br />
folhas alternas, sub-cordiformes, angulosas<br />
e de um verde desmaiado ;<br />
flores grandes, sem cheiro, de corolla<br />
rosacea simples, com os estames for<br />
mando uma columna no centro.<br />
Depois de meio dia esta flor de côr<br />
de rosa passa a ficar vermelha, sendo<br />
de manhã branca; ao meio dia torna<br />
a côr de rosa, e a tarde vermelha;<br />
d'esta volubilidade é que lhe deram o<br />
nome que tem; mas não sabe-se de<br />
que sexo foi quem a baptisoú.<br />
Amor perfeito.— Viola tricolor.<br />
Linn.— Fam. das Violariaceas. — É uma<br />
planta das mais elegantes da Europa,<br />
em cujo solo nasce espontaneamente; 6<br />
também cultivada nos jardins, apezar<br />
de ser própria d'aquella região ; alguma<br />
espécie entre ellas oecupa um distineto<br />
Amendoim. —V. Mendobi ou Man- lugar nos nossos jardins pela belleza<br />
ãobi.<br />
da flor.<br />
São flores um tanto grandes de côr<br />
Amimiiu.— V. Algodoeiro.<br />
violeta, (purpurina) roixa e no centro<br />
amarella e bordada de branco ; tem por<br />
Amongeaba. —Panicum spicatum, fructo uma cápsula pequena.<br />
Linn.—Farrudas Graminapeas.—Esta plan A principio as folhas são redondas<br />
ta é das chamadas Capins e congênere e depois crescendo ficam compridas,<br />
do Capim de planta.—Panicum maximum. com as bordas repicadas.<br />
Esta planta é conhecida por violeta<br />
de três cores ou Herva da Trindade.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — É usado<br />
Amor crescido.— Portulacca pi-<br />
como depurativo; a raiz é emetica na dose<br />
de duas grammas para 180 grammas de<br />
água. E' peitoral.<br />
losa, Linn.— Fam. das Portulacacceas.—<br />
É uma plantasinha do Pará, de caule CARACTERES DA FAMÍLIA. — Hervas ou<br />
molle e torta; as folhas alternas e fruetices de folhas alternas, mui raras<br />
finas: flores purpurinas e pequenas. vezes oppostas, munidas de duas es<br />
O fructo é uma cápsula pequena. tipulas persistentes.<br />
As flores são axillares, pedunculadas.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— O sueco é<br />
O cálice compõe-se de cinco sepalas<br />
empregado nas inflammações erysipe- livres, ou ligeiramente unidas entre si<br />
lato^a*. Contem muita mucilagem. na base, que se prolonga algumas vezes
AMO AMO 33<br />
abaixo do ponto de união, e que são<br />
iguaes ou desiguaes.<br />
A corolla se compõe de cinco pétalas<br />
desiguaes, das quaes a inferior se prolonga<br />
na base em um esporão mais ou<br />
menos alongado; mui raramente a corolla<br />
é formada de cinco pétalas regulares.<br />
Os estames, em numero de cinco, são<br />
quasi sesseis, approximados ou contíguos<br />
lateralmente entre si, de dois<br />
loculos, introrsos; os dois que são collocados<br />
em direcção da pétala inferior<br />
' offerecem bem freqüentes vezes um appendice<br />
curvo que nasce de sua parte<br />
dorsal, e se prolonga pelo esporão.<br />
Esta arvore é uma das que alimentam<br />
o bicho da seda.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.—Plantas herbaceás,<br />
arbustos ou grandes arvores algumas<br />
vezes lactescentes, de folhas alternas,<br />
em geral munidas de estipulas,<br />
tendo flores unisexuaes, mui raras vezes<br />
hermaphroditas, solitárias ou diversamente<br />
grupadas, e formando amentilhos<br />
ou reunidas em um invólucro carnoso,<br />
plano ou pyriforme e fechado.<br />
Nas flores masculinas acha-se um cá<br />
lice formado de quatro a cinco sepalas,<br />
ou uma simples escama, no fundo da<br />
qual ellas estão collocadas.<br />
O ovario é livre, de uma só loja, com<br />
O ovario é globuloso, unilocular, contendo<br />
grande numero de óvulos ligados um só óvulo pendente, e tendo por cima<br />
a três trophospermas parietaes. quer dois longos estigmas sesseis, quer<br />
O estylete é simples, um tanto ge- um só estigma sustentado por um estylete<br />
niculado na base, entumecido para a mais ou menos longo.<br />
parte superior, que se termina em um O fructo se compõe sempre de um aké-<br />
estigma um pouco lateral, e offerecennio crustáceo envolvido pelo cálice que<br />
do uma pequena depressão semi-cir- algumas vezes to* na-se carnoso ; outras<br />
cular.<br />
tezes, o invólucro que encerrava as flores<br />
O fructo é uma cápsula unilocular, fêmeas, cresce e se desenvolve como na<br />
abrindo-se em três valvas, das quaes figueira, na dorstenia, etc<br />
cada uma tem um tiophosperma no<br />
meio da face interna.<br />
A semente além de seu tegumento<br />
próprio, consta de um embryão geral<br />
As sementes contém um embryão erecto mente curvo, muitas vezes encerrado no<br />
em um endosperma carnoso.<br />
interior de um endosperma carnoso,mais<br />
ou menos delgado.<br />
Amor a. — Morus rubra, Linn. —<br />
Amoreira da silva. — Rubus bra-<br />
Fam. das ürticaceas. — Fructo agreste<br />
siliensis, Mart. — Fam. das Rosaceas. —<br />
indígena do paiz , proveniente da amo-<br />
Os fruetos gozam das mesmas propriereira<br />
; arvore media, copada , folhas<br />
dades que as amoras.<br />
oblongas, escuras nas extremidades dos<br />
ramos, reunidas e cótonosas; flores de PROPRIEDADER MÉDICAS. — Tomado em<br />
aspecto irregular, em cachos ou em es jejum diz-se que aproveita nas dysentepigas,<br />
que se""compoem de muitas floririas.nhas,<br />
com visos de sementes, e d'ahi<br />
desenvolve-se o fructo; sendo cada um Amores. — Smifhia dormiens; Smi-<br />
composto de uma pellicula roixa (exterthia sensitiva, Ait.—Fam. das Leguminamente)<br />
e fina; dentro uma massa nosas. — Sub-arbustosinho, ou mesmo<br />
aquosa, com um ou mais grãos; sua herva agreste, indígena, e por este<br />
: peripheria apresenta algumas proemi- nome conhecida nas Alagoas.<br />
nencias escamosas, cada uma corres Tem o caule fraco, e tão fraco que<br />
pondente a uma semente que envolve ordinariamente se deita sobre outras<br />
um carocinho (fructo aggregado) cuja plantas; folhas compostas de pequenos<br />
superfície exterior é roixa.<br />
foliolos.<br />
Ha outra branca, por conseqüência duas Flores pequenas quasi solitárias, e<br />
espécies. Seu sabor é acre-doce. amarellas, de corolla papilionacea.<br />
7
34 ANA AM)<br />
() fructo é uma vagem pequena, esco; pôde promover o aborto; segundo<br />
treita, de bordas onduladas; as semen Labat o sueco do Ananaz, unido ao óleo<br />
tes siío como as de feijão; é escura de amêndoas doces, é um bom car-<br />
a vagem, o pega-se á roupa como carrapielio.minativo.<br />
Auda-assú.—Anda Gomcsii, Anda<br />
Anabi. — Potalea resinifera, Mart. brasiliensis, —<br />
Joahnnesia princeps, Vell.—<br />
Fam. das Gcntianaceas.—E' oriunda Alenturites brasiliensis. {?)—Fam. das Eu-<br />
do Pará e Rio Negro ; planta resinosa<br />
phorbiaceas. — A esta arvore também<br />
e amargosa.<br />
chamam Purga do Gcntio.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—0 cosimento<br />
das folhas é um anti-ophtalmico e resolutivo.<br />
E' arvore agreste, alta, de folhas em<br />
palmas reunidas na ponta dos ramos;<br />
flores em cachos, umas quasi roixas e<br />
outras amarelladas.<br />
Ananaz de agulha. — Bromelia O fructo é uma cápsula de 9 a 12 cen<br />
muricata, Arr. Cam.—Bromelia Karatas, tímetros de diâmetro, redonda, muito<br />
Linn.—Fam. das Bromeliaceas.—Esta dura, com duas fossetas no ápice e uma<br />
planta indígena é semelhante ao Ananaz. na base; offerece duas cavidades, dentro<br />
Differe porém; em lugar das bracteas de cada uma das quaes se aloja uma<br />
em fôrma de escamas, que tem o semente ovoide, de 3 centímetros ou<br />
Ananaz manso e o fructo dividido em mais: a amêndoa é oleosa; tem um te-<br />
bagas distinctas como aquelle, este gumento pouco espesso semi-corneo; a<br />
tem espinhos pungentes de 6 a 12 cen casca é venenosa.<br />
tímetros de comprimento, de fôrma que Os pescadores índios embebedam com<br />
é preciso muito geito para pegal-o.<br />
Ananaz manso. — Ananassa sa<br />
este fructo os peixes dos rios e tanques.liva,<br />
Mart. — Bromelia, Ananaz, Linn.— PROPRIEDADES MÉDICAS . —Internamen<br />
Fam. idem. — Planta indígena do Brasil te se emprega como purgante; para isto<br />
e também dos paizes quentes da Ásia, dão-se duas a três amêndoas, ou com<br />
segundo alguns naturalistas.<br />
ellas se prepara uma amendoada: do<br />
Os caracteres d'esta bella planta, mui óleo, oito a vinte e quatro gottas.<br />
semelhante ao AbacacM, que acima ficou<br />
descripto vulgar e botani cam ente, CARACTERES DA FAMÍLIA.— AS Euphor-<br />
não necessitam ser apresentados aqui. biaceas são hervas, fruetices ou arvores<br />
Mostraremos somente as differenças grandíssimas que crescem em geral em<br />
mais sensíveis que por ventura exis todas as regiões do globo; a maior<br />
tam entre as duas plantas.<br />
parte contém um sueco lácteo e muito<br />
O Ananaz differe do AbacacM em ser irritante.<br />
um pouco cylindrico, de extremidades As folhas commummente alternas, al<br />
iguaes, sem fôrma conica; a côr varia gumas vezes são oppostas, acompanhadas<br />
nas espécies; a parte earnosa da de estipulas ou não.<br />
frueta mais áspera, menos doce, e no A.s flores são unisexuaes, geralmente<br />
centro o eixo é fibroso; produz menos mui pequenas, e offerecem uma inflores-<br />
renovos que o AbacacM.<br />
cencia muito variada.<br />
Na Europa cultiva-se em grande O cálice é gamosepalo, de três, quatro,<br />
escala nas estufas.<br />
cinco ou seis divisões profundas, muni<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — O Ananaz<br />
quando maduro é empregado como<br />
diuretico e emmenagogo; e quando<br />
verde como desobstruente e epispastidas<br />
interiormente de appendices escamosos<br />
e glandulosos.<br />
A corolla falta no maior numero dos<br />
gêneros, ou se compõe de pétalas ora<br />
distinctas, ora reunidas; mas esta corolla
AND AND 35<br />
não parece formada senão de estames ganisação interior de suas diversas par<br />
abortados e estéreis.<br />
tes<br />
Nas flores masculinas conta-se um nu As palmeiras são de ordinário grandes<br />
mero bastante grande de estames. arvores de estipite (èspique) cylindrico e<br />
Mais raramente este numero é limi nú, coroado em seu ápice de um penatado,<br />
ou mesmo cada estame por ser concho de folhas.grandíssimas, pecioladas,<br />
siderado como uma flor masculina (como persistentes, pinnadas ou compostas de<br />
se admitte para o gênero Éuphorbia) ; um numero mais ou menos considerável<br />
estes estames são livres ou monadelphos. de foliolos de fôrma variada. As flores<br />
As flores femininas se compõem de um são hermaphroditas ou freqüentíssimas<br />
ovario livre, sessil ou estipitado, ás vezes vezes unisexuaes, dioicas ou polygamas,<br />
acompanhado de um disco hypoginico. formando amentilho, ou um grande ca<br />
O ovario é em geral de três lojas, cada cho, envolvido antes do seu desabrochar<br />
uma contendo um ou dois óvulos sus em uma espatha coriacea e ás vezes lepensos.nhosa.<br />
Do ápice do ovario nascem três estyg- 0 periantho é de seis divisões, três<br />
mas, ás vezes sesseis è alongados. das quaes internas e três externas, de<br />
O fructo é secco ou ligeiramente car maneira a simular cálice e corolla.<br />
noso; compõe-se de tantas coccas con Os estames são em numero de seis,<br />
tendo uma ou duas sementes, quantas raramente de três.<br />
lojas ha no fructo : estas coccas que são O pistillo é simples ou formado pela<br />
ósseas interiormente, se abrem pelo seu reunião de três carpellas distinctas ou<br />
angulo interno e são elásticas; ellas se unidas.<br />
apoiam por seu angulo interno sobre uma Cada carpella offerece uma só semente.<br />
columella central, que muitas vezes per Tem um estylete terminado por um<br />
siste depois da dispersão das sementes. estigma mais ou menos alongado.<br />
Estas que são crustáceas exteriormen O fructo é as mais das vezes uma<br />
te, e apresentam uma pequena caruncula drupa earnosa ou fíbrosa, contendo um<br />
earnosa na visinhança do ponto de in caroço ósseo muito duro, de uma ou<br />
serção, offerecem um endosperma car três lojas monospermicas.<br />
noso no qual está encerrado um embryão A semente, além do seu tegumento<br />
axil e homotropo.<br />
próprio, se compõe de um endosperma<br />
carnoso ou cartilaginoso, offerecendo<br />
- Andara. — V. Capim andaca. algumas vezes uma cavidade central<br />
.ou lateral.<br />
Audaya-assú ou Indayá-assú. O embryão pequenino, é cylindrico,<br />
—Aitalea compacta, Mart., Humb.,e Bomp. posto horisontalmente em uma pequena<br />
—Fam das Palmeiras.—PaJmeira do Norte depressão lateral do endosperma.<br />
do Brasil, conhecida dos habitantes das<br />
regiões Amasonicas por Palma almendron, Andira aibaiariba. — V. Umari.<br />
que quer dizer Amendoeira.<br />
É uma palmeira pequena, de folhas seAndirababajari.<br />
— V. Angelim.<br />
melhantes ás de mais suas congêneres.<br />
O fructo, que dá em cachos, é fíbroso, Andiroba. — Carapa guyanensis,<br />
com três núcleos dentro.<br />
Aubl. — Persoonia guaréoides, Willd. —<br />
Dizem ser semelhante ao Dendê; os Fam. das Meliaceas. — Arvores silves<br />
indígenas fazem muito uso também' do tres do Brasil, especialmente do Pará,<br />
caroço, e até o comem.<br />
hoje cultivadas em todo o Império.<br />
Seu porte é elevado e gracioso ; a<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. — Grande e madeira é molle.<br />
bella família, tão notável pelo porte dos Folhas compostas de preciolo longo.<br />
vegetaes que a compõem, como pela or- As flores são terminaes nos ramos,
30 AND AN G<br />
(>ete ou dez) engastadas em um pcdunculo<br />
commum: são como angélicas<br />
amarellas; de máo cheiro; outras<br />
sSo vermelhas e algumas esverdinha-<br />
da>.<br />
O fructo dá em caixos pequenos; é<br />
uma nóz de 15 a 18 centímetros, roliça,<br />
reniforme, no ápice aguda, e tendo<br />
uma sutura de metade de seu tamanho<br />
na parte convexa; o tegumento componente<br />
é espesso, corneo, de côr rubra<br />
viva quando o fructo está maduro,<br />
dentro de uma pellicula purpurina e<br />
rugosa ; dá quatro a cinco sementes<br />
ellipticas quasi roliças cinzentas, presas<br />
a essa sutura ; ellas tèm um corpo<br />
esbranquiçado e frouxo, e após uma<br />
massa dura, e castanha; no centro<br />
esta a amêndoa, branca, e muito oleosa;<br />
esta amêndoa comem-n'a mas é purjMtiva<br />
quando se excede a conta.<br />
No Pará fazem azeite d'esta amêndoa,<br />
que passa por um dos melhores<br />
combustíveis, e lhe dão muito uso.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Sua casca<br />
é muito amarga, e emprega-se em cozimento<br />
como febrifugo e anthelmintieo,<br />
(oito grammas para duzentas<br />
grammas d'agua).<br />
Externamente o mesmo cosimento<br />
-.erve para loções nas ulceras.<br />
() óleo é muito usado quando fresco<br />
em fricções contra as inchaçSes causadas<br />
pelas ervsipelas.<br />
traz as antheras ora no ápice, ora na<br />
face interna.<br />
O ovario insere-se n'um disco hypogynico<br />
e annular; offerece quatro a cinco<br />
lojas, contendo geralmente dois óvulos<br />
collateraes e sobrepostos.<br />
O estylete é simples, terminado em um<br />
estigma mais ou menos profundamente<br />
dividido em quatro a cinco lobos.<br />
O fructo é, ora secco, ora capsular, o<br />
abre-se em quatro a cinco valvas septiferas<br />
; umas vezes é carnoso e polposo,<br />
e outras vezes unilocular por aborto.<br />
A semente contém um embryão, algumas<br />
vezes envolvido por um endosperma<br />
delgado ou carnoso, que falta em<br />
outros gêneros.<br />
Andorinha.—V- Tonga Tonga.<br />
Andrequicé.—V. Camaráde cavallo<br />
ou Malmequer grande.<br />
Angélica {de jardim).—Angélica Archangelica,<br />
Linn. e Spl. —Fam. das Umbelliferas.—Bella<br />
planta da Europa acclimada<br />
no nosso solo desde tempos immemoriaes;<br />
é herbacea, folhas compridas,<br />
decompostas e estreitas.<br />
As flores desabrocham em um caule<br />
tubuloso, d'onde saem em grupos, as<br />
flores são brancas, corpulentas, de bordos<br />
lancinados e cheiro agradabilissimo.<br />
O seu fructo é uma cápsula ordinária.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. —À raiz é de<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. —Arvores ou sabor amargo e acre; é usada como tô<br />
arbustos de folhas alternassem estipunico, sudorifico. estomachico; é também<br />
las, -impliees ou compostas ; de flores anti-scorbutica e anti-scrophulosa.<br />
quer solitárias e axillares. quer diver- Como excitante, se administra em in<br />
-t:n>mte grupadas em espigas ou em fusão na dose de 16 grammas para 500<br />
i 'nos. t'iido um cálice gamosépalo, de grammas d'agua.<br />
quatro ou cinco divisões mais ou menos<br />
profundas<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. —Uma das<br />
Uma corolla de quatro a cinco pétalas familias mais naturaes do reino vegetal.<br />
valvares.<br />
As Umbelliferas são vegetaes herba<br />
F.stames geralmente em numero duceos, raias vezes subfructescentes, cujo<br />
n!o do das pétala-, raras vezes do mes caule é freqüentemente ôco.<br />
mo numero ou de numero mais consi As folhas alternas, invaginantos n?t<br />
derável.<br />
base. geralmente compostas, de um<br />
Est'js «'-Umes são sempre monadel :-rr;mdissirao numero de segmentos ou<br />
phos. •• -eu- tiM"> formam um tubo que de foliolos.
ANG ANG 3*9<br />
As flores, sempre pequeníssimas, bran CARACTERES DA FAMÍLIA.— Acham-se<br />
cas ou amarellas, são dispostas em um- n'esta família plantas herbaceas arbusbrellas;<br />
ás vezes acham-se na base da tos e arvores de grandíssima altura.<br />
umbrella foliolósinhos cuja reunião, cons- As folhas são oppostas ou verticiltitue<br />
o invólucro, e chamam-se involadas; no primeiro caso, ellas offerelucellos<br />
quando são collocados na base cem de cada dado uma estypula intra-<br />
das umbellulas.<br />
peciolar, que muitas vezes se une com<br />
Cada flor se compõe de um cálice os lados do peciolo, e fôrma uma<br />
adherente ao ovario, que é infero, e espécie de bainha.<br />
cujo limbo é inteiro ou apenas den- As flores são axillares ou terminaes,<br />
teado; de uma corolla formada de cinco algumas reunidas em capitulo.<br />
pétalas mais ou menos patentes; de O cálice adherente pela base com o<br />
cinco estames epigynicos alternos com ovario infero, tem o limbo inteiro ou<br />
as pétalas; de um ovario de duas lojas dividido em quatro ou cinco lobos<br />
contendo cada uma um óvulto deitado, mais ou menos profundos e persisten<br />
coroado no ápice por um disco epygites.nico e bilobado; de dois estyletes, ter A corolla é gamopétala, regular, e<br />
minado cada um d'elles em um es- pigynica, de quatro ou cinco lobos.<br />
tigmasinho simples.<br />
Os estames são em numero igual ao<br />
O fructo é um diakenio de fôrma va- dos lobos da corolla e alternos com<br />
riadissima, separando-se quando ama- elles.<br />
duresce em dois akenios monospermicos O ovario é infero, terminado por um<br />
reunidos entre si por uma columella- estylete simples ou bifido.<br />
sinha fíliforme.<br />
Este ovario apresenta duas, quatro,<br />
A semente é deitada e contém dentro cinco ou maior numero de lojas, cada<br />
de um endosperma bastante grosso um uma das quaes contém um ou vários<br />
pequeníssimo embryão axil.<br />
óvulos erectos ou presos<br />
interno das lojas.<br />
ao angulo<br />
Angélica mansa. — Guettarda<br />
O fructo é muito variável. Ora com<br />
Angélica, Mart.—CantMum febrifugum.— põe-se de duas pequenas cápsulas mo-<br />
Fam. das Rubiaceas.— Arbusto agreste, nospermicas e indehiscentes; ora é<br />
indígena ,do paiz, habitante do litoral. carnoso, e encerra dois núcleos mo<br />
É de mediana altura, ramoso, páo duro, nospermicos ; em certos gêneros, é uma<br />
casca escura, folhas oppostas ovaes e cápsula de duas, ou mais lojas que<br />
duras.<br />
se abrem por outras tantas valvas, ou<br />
Flores em cachos, como angélicas pe um fructo carnoso e indehiscente. Este<br />
quenas, amarellas, com algum cheiro. fructo é sempre coroado no ápice pelo<br />
O fructo é uma drupa globosa, pe limbo calicinal.<br />
quena, coroada por uma cristasinha cir As sementes algumas vezes aladas e<br />
cular no ápice, e branca quando madura; membranosas na beira, contém em um<br />
dentro tem duas sementes; o corpo do endosperma duro e carnoso, um em<br />
fructo é molle, doce, aquoso, e comebryão axil e recto, ou ás vezes collose.<br />
A raiz é muito dura e acastanhada.<br />
cado de través relativamente do hilo.<br />
Angélica do mato. —' Gentiana<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—A raiz é um rubra.— Fam. das Gentianaceas. — Esta<br />
dos melhores tônicos e febrifugos da planta é natural do paiz, conhecida<br />
nossa matéria medica; por occasiões da em Minas Geraes por este nome.<br />
epidemia da febre amarella, a medicina A raiz é mui amarga e um tanto<br />
popular lançou mão d'ella com muita aromatica.<br />
vantagem, na dose de 16 grammas para No Brasil pôde substituir a Genciana<br />
500 grammas d'agua.<br />
da Europa.
3*4 ANti ANG<br />
Angélico.— Aristolockia glandulosa. mero de sementes, encerrando um pe<br />
Aristdockia (rüobata, Willd. — Fam. queno das embryão coliocado cm um endos<br />
Aristolockiacras.— V.*U\ planta tem permarece carnoso.<br />
bido diversos nomes botânicos, e é conhecida<br />
em Pernambuco pelo nome Angelim amargoso. — Geoffrma<br />
dndo acima.<br />
vermifuga, St. Hil.— Andira anthetmin-<br />
É uma planta silvestre e trepadeira. tica, Mart. — Fam. das Leguminosas.—.,<br />
Tem o caule roliço e escuro. Arvore oriunda do paiz; vegeta nas pro<br />
Folhas trilobadas, também escuras. ximidades do litoral.<br />
A- flores exquisitas, parecem um É copada, de folhagem bonita e lus-<br />
jarrinho.<br />
trosa.<br />
O fructo é uma cápsula que tem seis As flores em densos cachos, são roi-<br />
faces ou ângulos, (Vulgo gommosj e xas, de quasi nenhum aroma ; parecem<br />
dentro muitas sementes.<br />
borboletinhas.<br />
A rai/ é tuberosa, rugosa, escura e O fructo que é um legume drupaceo<br />
de cheiro um tanto activo.<br />
verde, ainda quando maduro, asseme<br />
Quasi todas as plantas deste gêlha-se a uma manguinha; tem um canero<br />
têm mais ou menos as mesmas roço grande relativamente ao fructo ;<br />
propriedades.<br />
a amêndoa branca e amarga: o caroço<br />
é viscoso.<br />
A madeira d'esta arvore ó procurada<br />
para as obras internas de construcção<br />
urbana e especialmente para assoalhos<br />
e portas; é bastante porosa, amarga,<br />
e absorve muita tinta. (Sald. da Gama).<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — A raiz é<br />
um poderoso antídoto contra as mordeduras<br />
das cobras, e muito empregada<br />
pela medicina popular contras as<br />
febres intermittentes e perniciosas, na<br />
dose de 16 grammas para 500 grammas<br />
d'agua.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— O pó do Angelim<br />
tomado na dose de 5 decigrammas<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. — Família a 1 % gramma com leite é considerado<br />
composta dos dois gêneros: Aristolocomo<br />
um excellente vermifugo, em maior<br />
rhia e Azarum.<br />
dose obra como drástico enérgico.<br />
São plantas herbaceas ou fruetescentes<br />
volúveis de folhas alternas e in Angelim coco.—V. ürarema.<br />
teiras, flores axillares.<br />
O cálice é regular, de três divisões Angelim doce.— Sholemora per-<br />
valvares. ou irregular, tubuloso, e fornambucensis, Arr. C.— Andira vermifuga,<br />
mando uma linguèta ou lábio de fôr Mart.—Fam. das Leguminosas.— Arvore<br />
mas muito variadas.<br />
indígena do paiz, a qual não é fácil<br />
Os estames são, em numero de dez achar-se nas proximidades do litoral<br />
ou doze, inseridos no ovario, ora livres como a outra, que até se encontra nas ca<br />
e distinetos, ora unidos intimamente poeiras. Esta espécie só se encontra<br />
com o estylete e o estigma, e for nas mattas virgens.<br />
mando assim uma espécie de mamillo O tronco d'esta arvore é inerme, ra<br />
posto no ápice do ovario.<br />
mos com casca grossa, folhas oppostas.<br />
Na> partes lateraes, este mamillo foliolos ellipticos ; glabros por cima.<br />
traz as seis antheras que são bilocu- As nervuras da face inferior dos folares.<br />
e no cimo termina em seis loliolos são côr de ferrugem e avelludadas.<br />
bulos que podem ser considerados como As flores paniculadas, e os cálices roi-<br />
estigmas.<br />
xos escuros e lanuginosos.<br />
O fructo é uma cápsula, ou uma O fructo é uma drupa oval com uma<br />
ba_ra de três ou seis lojas, contendo amêndoa quasi de 3 centímetros de com<br />
cada uma d'ellas um grandíssimo nuprimento, branco quando fresco^ e ama-
ANG ANG 39<br />
rellado quando sêcco, de sabor amargo e<br />
acre.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—As sementes<br />
são anthelminticas, e úteis no curativo<br />
das ulceras; mas devem ser empregadas<br />
com cautela e com muita prudência, por<br />
que dadas em alta dose podem causar a<br />
morte,<br />
Internamente 3 dècigrammas a 1 %<br />
gramma do pó para os menores de três<br />
a dez annos, em meia chicara de leite,<br />
adoçado com assucar.<br />
obras externas e em todas as internas.<br />
(Fig. 4).<br />
Angelim Rosa. — Pèraltea Erythryno<br />
folia — Sald. — Fam. idem. —<br />
Esta arvore habita nas províncias do<br />
sul do Império: é conhecida nos municípios<br />
de Campos e S. Fidelis por<br />
Folha larga, no município neutro por<br />
Mangoló e Angelim rosa, e na Parahyba<br />
do Sul por Catagoá.<br />
Eleva-se a prumo, depois decresce<br />
Angelin pedra. — Andira specta-<br />
tôrnando-se um pouco curvo.<br />
As folhas são compostas, trifolioladas<br />
e imparipennadas, os foliolos em nubilis,<br />
Sald. — Fam. idem. — Arvore mero do de três cada folha, são vistosos;<br />
paiz, vegeta nas províncias do sul do dois oppostos e um terminal, de fôrma<br />
Império.<br />
oval e côr verde pouco intensa, são<br />
As folhas são compostas, imparipe- esbranquiçados no dorso onde as nervunadas,<br />
o peciolo commum é um tanto ras são mais salientes, e póde-se observar<br />
convexo, expesso, flexível, coberto de a disposição regular das nervuras<br />
pellos de pouco mais de 15 centíme principaes.<br />
tros de comprimento,, poucas vezes As flores são arroxeadas, em paniculâ<br />
glabro e canaliculado.<br />
pouco regular.<br />
Os peciolos parciaes são rígidos e Cálice escuro, amarellado, irregular,<br />
extremamente curtos.<br />
um pouco bojüdo na base com cinco<br />
Os foliolos em numero de onze ou divisões desiguaes ; dois dentes são re<br />
treze para cada folha são sempre opflexos e correspondem á maior pétala<br />
postos com um terminal no maior nu da corolla.<br />
mero de casos.<br />
Corolla arroxeada e papilionacea, o<br />
A fôrma dominante é a elliptica, estandarte é reflexo, ligeiramente un-<br />
raras vezes são obovaes, mas sempre guiculado, dobrado transversalmente,<br />
coriaceos, lustrosos e ásperos no dorso ; emarginado, inteiro, branco do meio<br />
pelludos e de um verde menos intenso ; para a base, esverdinhado no centro,<br />
a manifesta saliência das nervuras na e violaceo em dois terços, da sua su<br />
pagina inferior de cada Miolo contriperfície ; o angulo reintrante do ápice<br />
bue efficazmente para que esta super tem o seu vértice no ponto em que<br />
fície seja rude aò tacto.<br />
começa a mancha esverdinhada do<br />
Flores rosadas, de cinco dentes, dos limbo da pétala.<br />
quaes três são iguaes e mais distinetos, As duas azas são igualmente colo<br />
e dois menores agudos e apenas perridas, obovaes e sustentadas por um<br />
ceptíveis ; a superfície externa d'este pequeno unguiculo, de alguma consis<br />
órgão é semeada de pellos inclinados tência, curvo e lateral.<br />
e deitados longitudinalmente, que com- Pistyllo simples, ovario livre, deprimunicam-lhe<br />
um brilho assetinado. mido um tanto luzidio; estyllete curvo<br />
O fructo é uma vagem ou drupa, e em estigma linear; uma loja e qua<br />
indehiscente emeonospérmica; encerra tro óvulos.<br />
uma polpa branca não comestível. O fructo é um legume de 24 centí<br />
No interior d'esta massa existe uma metros de comprimento, e de 4 centí<br />
semente (amêndoa) que é luzidia e metros de largura.<br />
earnosa.<br />
As sementes são em numero de três,<br />
A madeira emprega-se em algumas unidas á placenta, cada uma por um
IO ANC. ANI<br />
curto podosperma, são curvas, anatropas,<br />
e a mieropyla corresponde ao lado<br />
eoncavo.<br />
A amêndoa é earnosa, adocicada e<br />
comestível; e encerra um embryão epispermico,<br />
cujas cotyledones são planas<br />
v feculentas.<br />
A madeira é vermelha, leve, visivelmente<br />
porosa, de tecido pouco consistente<br />
e de um aroma agradável. É<br />
Anguay. — Mirospermum, guarani-<br />
empregada nas obras internas. (Fig. 5.) cicum. — Fam. idem.— V- Caboreiba.<br />
A gomma é muito usada e applica-se<br />
nos casos em que costuma-se empregar<br />
a gomma arábica, já fazendo-se<br />
soluções analepticas, e já trazendo-se<br />
na boca, nas moléstias de peito e em<br />
geral contra todos os soffrimentos das<br />
vias respiratórias. (Fig. 6.)<br />
Angico dc Minas.—Pithecollobium<br />
gummiferum. — Fam. idem.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — As mesmas<br />
acima mencionadas.<br />
Angiroba. — V. Andiroba ou Gendiroba.<br />
Angico. — Piptadenia colubrina, Bth. Anguria. — V. Melancia.<br />
— Acácia virginalis, Pohl. — Acácia Angico,<br />
Mart, — Fam. idem. — Arvore syl- Angustura.—Evodia febrifuga.—É<br />
vestre, originaria do paiz, e habitante a Larangeira do mato da Bahia e de Ser<br />
das proximidades das catingas. gipe.<br />
Indubitavelmente éuma dasbellas arvores<br />
que ornam as selvas brasileiras ;<br />
Anhangapa.—V. Aninga-pari.<br />
seu porte é elevado, tem uma casca par<br />
Anil trepador. — Cissus tinetoria.<br />
da, e folhagem miúda, em palminhas ;<br />
Mart.—Fam. das Ampelidaceas.—É usado<br />
ramagem bem disposta, com innume-<br />
na tinturaria; resiste á acção dos alras<br />
flores brancas, globosas, pequenas,<br />
calis.<br />
e com algum cheiro.<br />
Acha-se nas montanhas e planícies :<br />
Seus fruetos são pequenas vagens<br />
dos sertões.<br />
chatas, pardas, de sementes pequeninas.<br />
O Angico é do numero das arvores<br />
Anileira da Índia. — Indigofera<br />
que perdem as folhas, quasi sempre<br />
Anil, Linn., Sp. e Lamck.—Fam. dasLegu-<br />
entre o outono e o inverno; os ramos<br />
minosas. — Planta originaria das índias<br />
ficam em completa nudez.<br />
Orientaes, naturalisada nas Antilhas e<br />
E considerada como uma das ma<br />
no Brasil.<br />
deiras melhores de construcção, em<br />
É uma planta herbacea sublenhosa,<br />
prega-se ordinariamente para esteios<br />
ramosa, de côr verde esbranquiçada e<br />
não só nas obras expostas ao ar, mas<br />
pelluda.<br />
também nas internas, na confecção de<br />
As folhas são em palmas, de figura<br />
navios, e moveis, etc, etc<br />
elliptica e compridas.<br />
As flores em cachinhos, miúdas, ver<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — A casca do<br />
melhas, misturadas de verde.<br />
Angico é amarga e adstringente, o<br />
Os fruetos são vagens um tanto cylin-<br />
seu cosimento é empregado em banhos<br />
dricas, curvadas; acabam por uma ponta<br />
contra as leucorrhéas, inchações das<br />
pernas, ulceras, etc<br />
aguda ; semente como a do feijão.<br />
A tintura feita com as folhas é um re<br />
Esta planta tem o principio corante<br />
azul, do qual se extrahe o anil do commédio<br />
enérgico nas contusões, talhos, e<br />
mercio.<br />
dizem que nas commoções cerebraes.<br />
Anileira de Pernambuco.—<br />
Indigofera pernambucensis.—Fam. idem.—<br />
Contam-se 27 espécies de arbustos que<br />
dão uma substancia vulgarmente conhecida<br />
com o nome de Anil.<br />
A maior parte é indígena e própria dos<br />
climas intertropicaes.
ANI ANI 41<br />
A situação topographica do Brasil é<br />
tal que o Anil dá natural e espontaneamente.<br />
Foi o Anil já um ramo importante de<br />
exportação no Brasil; a plantação e fabrico<br />
d'esta substancia corante fez grandíssimos<br />
progressos em varias províncias,<br />
e com especialidade na de Pernambuco,<br />
no lugar de Beberibe, e na do Rio<br />
de Janeiro, e nas visinhanças de Cabo-<br />
Nove estames em duas phalanges,<br />
antheras com duas lojas, de 1 a 8.<br />
Estylete recto, e estigma subcapitado.<br />
Estas plantas tem o principio corante<br />
azul, nos seus tecidos, que desenvolve<br />
na maceração com ou sem trituração.<br />
Anil dos pobres.— V. Arruda do<br />
matto.<br />
Frio; e se este ramo de industria tão proveitoso<br />
e útil veio a decair, não deu a Anima membeca.—Maranta aquá<br />
isso occasião nem a má qualidade das tica.— Fam. das Marantaceas.— É uma<br />
anileiras indígenas do Brasil, nem a des- planta paraense, do porte das pequepeza<br />
proveniente da colheita das folhas nas bananeiras, quasi sempre de flores<br />
e fabrico do Anil em pasta; mas sim a brilhantes.<br />
desgraçada e mal entendida cobiçados<br />
lavradores e fabricantes, que, para lhe Aninga. — Arum Leniferum, Arr.<br />
augmentarem o pezo lhe juntavam subs Cam. — Fam. das Araceas. — Arbusto<br />
tancias estranhas diversas, falsificação de 2 a 3 metros de comprimento de 6<br />
que redundou em detrimento d'elles e em a 9 centímetros de diâmetro, direito<br />
menoscabo do Anil do Brasil.<br />
cylindrico, de côr verde acinzentado,<br />
Conhecem-se em Pernambuco duas es marcado de cicatrizes deixadas pelas<br />
pécies d'esta planta que passamos a des folhas que tem cahido, a substancia<br />
crever.<br />
esponjosa, sumarenta, molle.<br />
Subarbustosinho de 1 % & 2 % metros, Nesta substancia se acham nume<br />
no máximo; folhas em palmas de um rosas fibras longitudinaes, compridas,<br />
verde desbotado e embaciado; flores dis grossas como a crina da cauda dos<br />
postas em cachinhos pyramidaes, pe cavallos brancos.<br />
quenas, de côr amarella ou encarnada. As folhas tem um pouco mais de 36<br />
Os fruetos pegados em feixes peque centímetros de comprimento, e a mesma<br />
nos, são vagens de 3 centímetros, ro- largura na base.<br />
liças citrvadas, ponteagudas, com se Peciolos amplexicaules de % metro<br />
mentes como o feijão.<br />
de comprimento, accumulados desde a<br />
Eis-aqui a primeira espécie; porém<br />
base até o meio onde o canal acaba<br />
na segunda dá-se o seguinte : é baixa,<br />
em um appendice de 6 a 9 centíme<br />
os ramos são angulosos em sua sumtros;<br />
o resto é cylindrico.<br />
midade.<br />
Flores axillares e solitárias.<br />
Cálice e a espatha mais longa, que o<br />
As Colhas alternas pinnadas de qua<br />
espadiee, tem quasi 36 centímetros de<br />
tro a seis pares, impares, subovaes,<br />
comprimento.<br />
mucronadas.<br />
Estames numerosos.<br />
Estipulas na base dos pedunculos Pericarpo, vários bagos na base do<br />
communs.<br />
espadiee.<br />
Flores de cálice campanulado, de Esta planta encontra-se em Pernam<br />
cinco dentes pouco pelludos, estanbuco abundantemente nos pântanos ,<br />
darte revirado para cima, oval, oblongo, dos quaes muitos estão quasi cobertos<br />
estirado, de côr encarnada do ápice d'ella.<br />
para o centro, azas oblongas auricu- A substancia do caule da planta é<br />
ladas, vermelhas, earinas de duas pé esponjosa e cheia de um tecido ácido<br />
talas na base, fendidas no ápice, uni que reage sobre os metaes; os camdas<br />
em capuz, de bordas vermelhas. ponezes se servem d'elle para limpar<br />
8
49 ANI APK<br />
facas, canos de espingardas, e qualquer até de onze nervuras basilares, donde<br />
metal em estado de oxidação. parte um grandíssimo numero de outras<br />
O nosso illustrado comprovinciano , nervuras transversaes e parallelas muito<br />
Dr. Arruda Câmara, extrahio d'elle bom approximadas.<br />
curdame que é dotado de uma grandíssima<br />
força: as fibras teciveis estão<br />
postas longitudinalmente na polpa, e<br />
n ella não estão fortementes pegadas ;<br />
separam-se com facilidade pelas operações<br />
do debulho e da lavagem.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—Osuccod'esta<br />
planta é acre e empregado como mondific<br />
ativo das ulceras atônicas.<br />
Usa-se em cataplasmas machucandose<br />
as folhas.<br />
O cosimento feito com 30 grammas<br />
de tolhas para 500 grammas d'agua em<br />
banhos ou fomentações é útil nas dores<br />
rbeumaticas; 3 decigrammas a 1 1/2<br />
gramma de raiz de Aninga secca tem<br />
dado bons resultados no hydrothorax.<br />
Aninga d'agua.—Caladium Spinescens.—Fam.<br />
idem. — Planta de aspecto<br />
semelhante ao Tinhorão, ou Taioba.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— As folhas<br />
dVsta planta são com proveito applicadas<br />
nas ulceras grangrenosas; as<br />
sementes cosidas ou assadas, comem-se.<br />
Auinga-iba. — V. Aninga.<br />
Aninga-pari.—Melastoma parviflora.<br />
Limck.—Coucinea. {?)—Fam.das Melastomaceas.—Arbustosinho<br />
de folhas oppostas,<br />
ellipticas, flores côr de rosa e<br />
que tem por fructo uma cápsula de<br />
muitas sementes miúdas.<br />
k<br />
As flores, algumas vezes mui grandes,<br />
offerecem de alguma maneira todos os<br />
modos de inflorescencia.<br />
O cálice é gamosepalo, mais ou menos<br />
adherente ao ovario, que é infero ou<br />
semi-infero.<br />
Seu limbo as vezes é inteiro ou denteado,<br />
ou emfim de quatro ou cinco divisões<br />
mais ou menos profundas; rarissimas<br />
vezes elle fôrma uma espécie de<br />
cápsula ou operculo.<br />
A corolla se compõe de quatro a cinco<br />
pétalas.<br />
Os estames são em numero duplo das<br />
pétalas.<br />
Suas antheras apresentam as formai<br />
mais variadas e mais singulares, e se<br />
abrem no ápice por um orifício ou poro<br />
commum ás duas lojas.<br />
O ovario é algumas vezes livre, freqüentíssimas<br />
vezes adherente ao cálice;<br />
elle offerece de três a oito lojas cada<br />
uma contendo um grandíssimo numero<br />
de ovulas.<br />
O ápice do ovario é muitas vezes coberto<br />
de um disco epigynico.<br />
O estylete e o estigma são simples.<br />
O fructo é ora secco, ora carn&so, offerecendo<br />
o mesmo numero de lojas que<br />
o ovario; fica indehiscente, ou se abre<br />
em outras tantas valvas septiferas no<br />
meio da face interna.<br />
As sementes são reniformes e contêm<br />
um embryão levantado ou ligeiramente<br />
curvo; mas sem endosperma.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— AS folhas<br />
seccas e pulverisadas são úteis no curativo<br />
das ulceras; também frescas e<br />
pisadas applicam-se para o mesmo<br />
fim.<br />
Aninga-uva. — PMlodendron arborecens.—<br />
Fam. das Araceas.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — As mesmas<br />
que as da Aninga.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. —AS Melas- Anua Pinta.— Cayaponea globoza.<br />
tomaceas são grandes arvores, arbus — E em Minas a purga de Carijó.<br />
tos , fructices ou plantas herbaceas,<br />
tmdo folhas oppostas, simples, muni<br />
Aperta Ruão. — Piper admcum,<br />
das oralmente de três a cinco, e mesmo Vell.—Fam. das Piperaceas.
ARA ARA 43<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— Como ads<br />
tringente é muito empregado em banhos.<br />
Internamente obra também como<br />
desobstruente.<br />
e como uma rosap equenasingela com<br />
um feixe de filetes, brancos no centro<br />
no pé da flor ha um engrossamento:<br />
verde com o cimo dividido em cinco<br />
lâminas ; abi se desenvolve o fructo<br />
Apogitagoara. — EsembecMa in que é oval, amarello quando maduro,<br />
termedia, Mart. — Fam. das Rutaceas. coroado — de cinco palhetinhas, contendo<br />
S. Paulo.<br />
muitos grãos reniformes, envoltos em<br />
uma polpa acre-doee.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — A casca O Araçá é útil nas artes, onde os<br />
d'esta planta é anti-febril.<br />
grêlos servem para a preparação de<br />
tintas. Com elle faz-se geléa, doce,<br />
Apostemeira.— Furnera fostida.— aguardente e licores.<br />
Fam. das Turneraceas. — Esta espécie é<br />
do Maranhão.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— Na medicina<br />
i<br />
popular empregam-se as cascas, as<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — É empre summidades e também as folhas como<br />
gada para apressar a suppuração dos poderoso adstringente na dose de 16<br />
tumores.<br />
grammas para 500 grammas d'agua.<br />
Apotiacoraoa —Fam. das Euphor- Araçá bravo. — Angofora pseudobiaceas.—<br />
É uma planta do Pará. carpa.— Fam. idem.— É um arbusto de<br />
Ha duas espécies.<br />
nosso paiz, de caule liso esbranquiçado,<br />
folhas oppostas; flores em espigas ;<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— Uma é em corolla branca de quatro pétalas ; espregada<br />
na tosse secca, outra nas intames numerosos; antheras de duas<br />
fíammações de olhos.<br />
lojas redondas; estyletes simplices.<br />
O fructo, baga ovoide trilocular, mo-<br />
Apoya ?— É a Psychotria emetica no nospermica, contém muitos grãos re<br />
Espirito Santo.<br />
niformes com polpa doce.<br />
A madeira d'esse arbusto é procurada<br />
Apuy.— Ficus.— Fam. das Urticaceas. para encaibramento de nossas casas, e<br />
— Planta do Pará.<br />
para estacas de cercas; ellas são dotadas<br />
de uma duração enorme.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— O sueco lei- As variedades de Araçás produzem<br />
toso e as folhas são empregadas como fruetos comestíveis, insignes pela sua<br />
calmante.<br />
matéria saecharina e pela união da<br />
mucilagem com .o principio adstrin<br />
Araçá.—Psidium Araçá, Psydium pogente,<br />
o que os torna nutritivos e<br />
miferum, Linn.—Fam. das Myrtaceas.—<br />
corroborantes dos intestinos.<br />
Na Bahia este araçá é chamado Araçámirim.<br />
Araçá do campo. — Psydium me-<br />
É em todo o Império conhecida esta diterraneum. — Fam. idem.— É um ara-<br />
frueta, e existe em todo o seu terreno çaseiro que em Sergipe tem este nome,<br />
com este mesmo nome.<br />
e nas Alagoas o de Araçá do mato e tam<br />
Provém de um arbusto médio, de bém Cumati, designação porque também<br />
casca liza, esbranquiçada, folhas oppos o conhecem em Pernambuco. Para o<br />
tas ovaes, quasi redondas, grossas, um sul de Sergipe dão-lhe o mesmo no<br />
tanto pelludas, com cheiro quando comme.primidas .<br />
O arbusto é mais elevado que o Araçá<br />
As flores são reunidas em pequeno mirim; no mais é o mesmo excepto a<br />
numero brancas, com algum cheiro; frueta, que é menor, mais doce e de côr
SOC. BRASILEIRA fiTOQUIMICA Ltda.<br />
44<br />
ARA<br />
[idlida; verde amarellada; suas flores É esfoutra espécie do mesmo lugar<br />
sào brancas e cheirosas ; folhas miúdas. — S. João d'El-Rei.<br />
É um arbusto de folhas oppostas<br />
Araçá cagão. — Psydium. — Fam. como as outras, ovaes, reviradas, quasi<br />
tdem. — Fructo agreste e também culti sem peciolo.<br />
vado na Bahia por tal nome, e em Per O fructo quando novo é obovoide.<br />
nambuco comprehendido na espécie de Flores não vimos.<br />
Araçá assú, porque elle é semelhante a<br />
este, differindo somente em ter a base Araçá de Minas Geraes.—Psy<br />
mais despontada e ser menor. dium microcarpum, St. EU.—Fam. idem.—<br />
Todos os Araçás possuem a propriedade Esfoutra espécie do mesmo lugar<br />
de ser mais ou menos adstringentes. acima dito, é um arbusto mui semelhante<br />
ao precedente.<br />
Araçá das Catlngas. — Psydium, O fructo globoso, de gosto agradá<br />
— Fam. idem.— Esta espécie, indígena, vel ; de côr verde, ainda quando ma<br />
também é semelhante á precedente, mas duro.<br />
distingue-se porque o fructo quando ma Segundo St. Hilaire é maior que os<br />
duro, torna-se amarello côr de gemma outros.<br />
d'ovo; as folhas miúdas e lanceoladas,<br />
o fructo muito doce.<br />
Araçá de Minas Geraes. —<br />
dium cuneatum, St. EU.—Fam. idem.—<br />
Araçá Congonha do campo.— Este Araçá é do mesmo lugar que 08<br />
Psydium suaveolens, St. ffil.—Fam. idem. outros, e d'elles pouco differe; suas<br />
— É outra espécie de Araçá que dá nas folhas porém são mais oblongas, e o<br />
mattas de Minas Geraes, com o nome de fructo pyriforme, liso e de gosto agra<br />
Congonha do campo (?); differença-se em dável.<br />
ter as folhas mais longas que o ordinário.<br />
As flores são solitárias e cheirosas. Araçá de pedra.—Psydium oli-<br />
O fructo é pequeno, como o do Araçá gospermum, Mart. — Fam. idem. — Este<br />
mirim, até menor.<br />
Araçá, assim chamado na Bahia, é<br />
Tem unicamente três sementes dentro. semelhantissimo no arbusto do Araçá-<br />
A côr do fructo é amarella. mirim ou ordinário; mas o fructo ordinariamente<br />
é mais redondo, e com a<br />
Araçá guaçú — V Goiaba.<br />
superfície ondulada, muitas vezes com<br />
um ponto lateral preto, indicando putre-<br />
Araçá do matto.— V- Araçá do facção ; tem um caroço grande, ondu<br />
Campo.<br />
Araçá mirim.— V. Araçá.<br />
lado ; offerece pouca polpa, mas essa<br />
mais doce que a do ordinário.<br />
Araçá de Minas Geraes. —<br />
Araçá da praia. — Psydium littorale,<br />
Raddi. — Fam. idem. — Arbusto de<br />
Psydium albidum, St. EU. — Fam. idem. Minas.<br />
— C. idem. — Esta espécie nasce em Este Araçá é muito semelhante ao<br />
S. João d'El-Rei, em Minas ; tem as Araçá ordinário.<br />
folhas mais pelludas, ellipticas ovaes, Vegeta na cidade de Mariana, em<br />
e reviradas.<br />
Minas Geraes, e S. Paulo.<br />
As flores são solitárias, e os fruetos<br />
ovaes, esbranquiçados, pelludos.<br />
Fructifica em Março e Junho.<br />
Araçá de S. Paulo.—Psydium<br />
multiflorum, St. EU. — Fam. idem. —<br />
Esta espécie cresce na província de<br />
Araçá de Minas Geraes.—Psy S. Paulo.<br />
dium incanescens, Mart.—Fam. idem.—<br />
É um arbusto de folhas ellipticas,<br />
ARA
ARA ARA 45<br />
pubescentes ; flores em cachos; fructo Suas folhas são simples e alternas,<br />
não examinado.<br />
vistosas e de forma variável ou indeterminada,<br />
oblongas, algumas obovaes<br />
Araçá-rama.— É arvore que nasce oblongas, e um tanto coriaceas.<br />
pelas margens dos rios, no Pará; suas As flores de grandeza regular.<br />
raizes servem de alimento ás tarta O fructo é uma pequena cápsula corugas.riacea,<br />
com cinco depressões e cinco<br />
lojas.<br />
Araçázinho do mato.—Davia A madeira é branca, com um ligeiro<br />
fragrans. — Fam. das Melastomaceas. brilho — assetinado, e o tecido é frouxo,<br />
É um arbusto elegante, e indígena do o seu emprego é muito limitado;<br />
paiz, conhecido nas Alagoas por este apenas é procurado como elemento as-<br />
nome.<br />
sás secundário em algumas obras in<br />
É ramoso, casca fina, folhas ovaes, ternas, que não exigem maior solidez.<br />
lisas e oppostas.<br />
ou que são creadas para satisfazer ne<br />
Flores em feixes, por todas as parcessidades de momento. (Fig. 1.)<br />
tes da planta, as quaes são brancas e<br />
mui cheirosas.<br />
Arariba. — V. Raivinha.<br />
O fructo é uma baga globosa, coberta<br />
Araroba. — Fam. das Leguminosas.<br />
de uma pellicula e contém dentro<br />
— O pó d'esta planta é muito usado<br />
uma polpa aquosa, com muitos grãosi-<br />
na arte de tinturaria, e o mesmo pó<br />
nhos na parte central.<br />
é empregado nas moléstias herpeticas,<br />
Come-se esta polpa, que é boa.<br />
friccionando-se a pelle.<br />
* Quando está florida, esta planta<br />
derrama pelas suas visinhanças<br />
bello aroma.<br />
um<br />
Araruta.— Mar anta arundinacea,<br />
Linn. e Willd.—Fam. das Marantaceas.—<br />
É uma herva oriunda do paiz, conhecida<br />
Araçázinho ou Araçá do mato.<br />
em todo o Império por tal nome.<br />
— Psydium. — Fam. idem. — É um ar<br />
A Araruta (farinha) é uma fecula extrabusto,<br />
ou arvoreta, conhecida em Perhida<br />
das raizes d'esta planta.<br />
nambuco por tal nome.<br />
As folhas da planta são estreitas,<br />
A sua casca cinzenta é lisa, a fo<br />
oblongas, engastadas n'um pequeno<br />
lhagem miúda, as flores pequenas e<br />
caule.<br />
brancas.<br />
As flores brancas, á semelhança de<br />
A madeira é dura, excellente para<br />
borboletinhas.<br />
estacas, esteios, carvão, e lenha.<br />
O fructo é uma cápsula com alguns<br />
Aracui. — V Arari. — E o nome<br />
que se dá ao Angelim em varias províncias.<br />
grãos.<br />
É, como já dissemos, da raiz, que.se<br />
extrahe a fecula, a Araruta do commercio<br />
própria para uso dos doentes, conva-<br />
Araranin. — V. Curatatina.<br />
lescentes, etc.<br />
Também presta-se para engommar a<br />
roupa.<br />
Arapabaca. — V- Lombrigueira.<br />
Arapiraca. — É uma arvore dé<br />
Araticum apé ou do mato. —<br />
Anona silvatica, St. EU. —Fam. das Ano-<br />
Sergipe, dé lenho indestructivel. naceas. — Arvoreta silvestre; seu nome é<br />
quasi geral.<br />
Arapoca amarella ou Gura- Tem o páo branco e a casca escura,<br />
taiapoea. — Galipea dictoma. — Fam. folhas alternas grandes e ellipticas.<br />
das Rutaceas. — Arvore que vegeta nas Flores carnosas, desmaiadas, como a<br />
províncias do sul do Império. flÔF do Araticum panan e outros.
Kl<br />
ARA<br />
O fructo é uma lwga globulosn, cuja<br />
pequeno embryão recto, collocado na<br />
superfície •'• composta de eseamas acha base do perisperma.<br />
tadas, molles, de cõr verde, amarellado<br />
Araticum d'arèa. — Anona are-<br />
maturidade ; dentro ó composto de<br />
na<br />
naria.—Fam. idcm. — M uma espécie<br />
hngos de massa branca, com um caroço semelhante ás outras ; arbusto ramo<br />
cada uma; é muito boa ao paladar. so ; casca lisa, esbranquiçada, folhas<br />
A casca dá cxcellcnte corda, cuja du grossas oblongas : dá flores caulinares<br />
ração é admirável.<br />
como as das outras espécies já des-<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — As folhas e<br />
criptas.<br />
O fructo tem as proeminencias da<br />
fruetos do Araticum são bechicos: 2gram-<br />
casca, pouco sensíveis.<br />
mas do fructo fervido em 250 grammas<br />
As sementes são pretas, o eixo cen<br />
d'airua tomado ás chicaras, é um exceltral<br />
ôecupa grande espaço.<br />
lente remédio na diarrhéa e dysenteria.<br />
Do páo fazem-se arcos de barril, e<br />
Usam-se também em clysteres, e ap-<br />
da casca cordas.<br />
plicam-se as folhas sobre o ventre.<br />
As folhas pisadas e misturadas com<br />
Araticum do brejo — V. Araóleo<br />
são maturativas.<br />
ticum panan ou do rio.<br />
Dos fruetos se pôde extrahir vinho.<br />
AraticuEta do campo.—.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.— As Anona-<br />
comi folia, St. EU.—Fam. idem. — Esta<br />
ceas são arvores ou arbustos de folhas espécie vegeta nos sertões do Rio de<br />
alternas simples, desprovidas de esti S. Francisco, S. Paulo, Minas Gepulas,<br />
caracter que as distingue sobre raes, etc.<br />
tudo das Magnoliaceas.<br />
Semelhante ás suas congêneres, tem<br />
As flores ordinariamente axillares, são comtudo, as flores um tanto pelludas.<br />
algumas vezes terminaes.<br />
O fructo é escamoso, globoso ou<br />
O cálice é persistente de três divisões<br />
oval.<br />
profundas. A corolla é formada de seis<br />
Também é conhecida esta espécie por<br />
pétalas dispostas em duas ordens.<br />
Araticum das Caatingas.<br />
Os estames são muito numerosos, formando<br />
varias fileiras.<br />
Araticum cagão.— Anona furfu-<br />
Os filetes curtos, e as antheras quasi racea, St. EU.— Fam. idem.— O tronco<br />
sesseis.<br />
d'esta espécie esgalha quasi sempre,<br />
As carpellas, em geral, em grande nu desde a base formando uma touceira.<br />
mero reunidas no centro da flor, são ora As folhas oblongas, cobrem-se mui<br />
distinctas, ora soldadas entre si; cada tas vezes de uma poeira esbranquiçada<br />
uma d'ellas offerece somente uma loja e tem máo cheiro.<br />
que contem um, ou diversos óvulos li A flor e o fucto nas mesmas congados<br />
á sua sutura interna e formando dições ; mas as sementes são amarel<br />
muitas vezes duas fileiras longitudilas.naes. A amêndoa, pisada com aguardente,<br />
Estas carpellas constituem outros mata os piolhos da cabeça; o cheiro<br />
tantos fruetos distinetos (raras vezes da frueta é bom.<br />
um só em conseqüência de abortarem<br />
Também dá corda e madeira para<br />
os outros; ás vezes elles se pegam arcos de barril.<br />
todos entre si, e formam uma espécie<br />
de cone carnoso e escamoso.<br />
Araticum panan.— Anona palus'<br />
As sementes têm seu tegumento for tris, Linn. —Fam. Idem. — Esta espémado<br />
de duas lâminas.<br />
cie cresce nos paúes e brejos. E' ra-<br />
O endosperma, em forma de chifre mosa; as folhas menores do que as já<br />
é profundamente sulcado, contendo um citadas ; e as flores também.<br />
ARA
ARC ARG 4?<br />
O fructo é uma baga ; tem sementes res, arbustos, ou rarissimas vezes plan<br />
de um vermelho escuro, e não se come. tas herbaceas, cujo caule é muitas<br />
A raiz tem o lenho frouxo, serve de \ezes sarmentoso; é guarnecido de ga-<br />
cortiça, é muito porosa, optima para vinhas.<br />
afiadores de navalhas, para rolhas, etc As folhas ordinariamente oppostas<br />
ou ternadas, são raramente alternas,<br />
Araticum ponhé.— Anona Marc- as mais das vezes compostas.<br />
gravii, Mart.— Fam. Idem.— Este Arati As flores, que são terminaes ou axilcum<br />
tem as mesmas qualidades do lares, diversamente grupadas.<br />
Araticum do mato, cultivado.<br />
Tem um cálice gamosepalo, freqüentes<br />
vezes persistente e de cinco lobos.<br />
Araticum do rio.— Anona spi- Uma corolla gamopetala, mais ou<br />
nescens, Mart- — Fam. Idem.— Tem as menos irregular e de cinco divisões.<br />
mesmas propriedades dos outros; mas Freqüentíssimas vezes quatro esta<br />
seu fructo é mais empregado em catames didynamos, acompanhados de um<br />
plasmas para limpar as ulceras, e ama fílete estéril, que é o indicio de um<br />
durecer os abscessos.<br />
quinto estame abortado; em alguns gê<br />
As sementes em pó, combatem a neros, os cinco estames são iguaes ou<br />
ptiriasis infantilis, isto é, o bicho su dois somente são férteis.<br />
perficial, polvilhando-se a parte affec- O ovario sustentado por um disco<br />
tada.<br />
hypoginico apresenta uma ou duas lojas<br />
contendo ordinariamente vários óvu<br />
Araticum de Santa Catharilos.na.—<br />
Rollinia salicifolia.— Fam. ldsm. O estylete -simples termina por um<br />
— Tem os característicos das outras estigma bifido.<br />
espécies.<br />
O fructo é uma cápsula de uma á<br />
duas lojas, que se abre por duas val-<br />
Arcunan.—Bignonia echinata, Jacq. vas oppostas ou parallelas ao caule;<br />
e Swart — Fam. das Bignoniaceas.— Ar- raras vezes o fructo é carnoso, ou duro<br />
'bueto natural do paiz, por este nome e indehiscente.<br />
nas Alagoas conhecido, e também por As sementes, muitas vezes cercadas<br />
Arraia do mato.<br />
de uma aza membranosa em todo o<br />
É uma planta trepadeira, que sobe seu contorno, encerram debaixo do te-<br />
galgando as mais altas arvores. gumento próprio um embryão erecto,<br />
Os caules são lenhosos ; seus ramos desprovido de endosperma.<br />
são cruzados ; folhas brilhantes e ovaes.<br />
" As flores de côr rosea viva. Argemonia.— Argemone mexicana.<br />
O fructo é uma cápsula lenhosa de Linn.— Fam. das Papaveraceas.— É uma<br />
quasi 2í centímetros de comprimento, planta herbacea, natural do México e<br />
e 10 centímetros de largura, de côr do Brasil, cujo porte é semelhantissimo<br />
parda, óssea; a sua superfície eriçada, ao nosso Carão-Santo de Pernambuco.<br />
de protuberancias conicas agudas ; dentro<br />
forma uma pellicula branca asse- PROPRIEDADES MÉDICAS.— OS nossos<br />
tinada, com uma divisão no centro e indígenas, empregam as folhas da Ar<br />
cheia de muitas sementes cercadas de gemonia no curativo das ulceras, sobre<br />
azas membranosas.<br />
tudo syphiliticas.<br />
É uma das bellezas do campo este O óleo é considerado purgativo como<br />
arbusto; porque do alto dos cimos das o de ricino, bastando trinta gottas<br />
arvores pendem seus festões de flores para o effeito cathartico, que se ma<br />
côr de rosa com seus exquisitos fruetos. nifesta cinco horas depois da ingestão<br />
do remédio.<br />
O sueco é antiherpetico, e o cosi-<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.—São arvo
43 ARG ARO<br />
mento das sementes é empregado contra<br />
a queda dos cabellos.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.— Plantas herbaceas<br />
ou ainda raras vezes subarbustos,<br />
de folhas alternas, simples, mais<br />
ou menos profundamente recortadas,<br />
cheias em geral de um sueco lácteo<br />
branco ou amarellado.<br />
As flores são solitárias ou dispostas<br />
em cimas, ou em cachos ramosos.<br />
O cálice é formado de duas, rarissimas<br />
vezes de três, sepalas concavas<br />
e fragilissimas.<br />
A corolla, que falta algumas vezes,<br />
se compõe de quatro, mui raramente<br />
de seis pétalas singelas, comprimidas<br />
e enrugadas antes do seu desabrochar.<br />
Os estames, em grandíssimo numero,<br />
são livres.<br />
O ovario é ovoide ou globuloso, ou<br />
estreito e também linear, d'uma só<br />
loja, contendo grandíssimo numero de<br />
óvulos unidos á trophospermos salientes<br />
sobre a fôrma de pétalas ou falsas<br />
divisões.<br />
O estylete, curtíssimo ou pouco distineto,<br />
termina em tantos estigmas<br />
quantos trophospermas.<br />
O fructo é uma cápsula ovoide coroada<br />
pelo estigma, ou abrindo-se em<br />
poros simples abaixo do estigma; ás<br />
vezes é alongada em fôrma de siliqua<br />
abrindo-se por duas valvas, ou rasgando-se<br />
transversalmente por articulações.<br />
As sementes, ordinariamente pequeníssimas,<br />
se compõem de um tegumento<br />
próprio, trazendo ás vezes uma espécie<br />
de carunculasinha earnosa, de endosperma<br />
igualmente carnoso, no qual está<br />
colloeado um pequenino embryão cvlindrico.<br />
Argueiro. — Arvore da altura de<br />
uma oliveira, c é uma das mais lindas<br />
Io Brasil.<br />
E espinhosa : seu fructo é uma vagem<br />
'•ontimio uma- sementes escarlates, ou<br />
manchadas, empregados pelos indígenas<br />
emobje i- de ornato como braceletes<br />
Aricorí ou coqueiro dieori<br />
—Cocos coronala, Mart.—Fam. das Palmeiras.—<br />
É uma palmeira indígena do<br />
paiz, muito freqüente nas províncias<br />
da Bahia e Alagoas : tem também o<br />
nome de Dieori e Nicori.<br />
E' de porte médio, o tronco eriçado<br />
de fragmentos das velhas folhas, no<br />
alto com o molho de folhas de eixo<br />
comprido, e os foliolos dispostos em<br />
dois sentidos e azulados; as flores em<br />
cachos, como o geral das palmeiras;<br />
os fruetos são de 3 a 6 centímetros,<br />
ovoides, com escamas na base, côr<br />
amarella, quando maduro ; no centro<br />
um caroço duro; a polpa é saborosa,<br />
e sua amêndoa dá bom azeite.<br />
Arnacan.— V. Junta de cabr.a.<br />
Arnolta.— V Urucú.<br />
Aroeira. — Schinus aroeira, Vell. —<br />
Fam. das Terebentaceas.—<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS — A casca<br />
d'esta arvore é adstringente e empregada<br />
pelos pescadores para fortalecer<br />
os fios das redes.<br />
O estracto pode supprir o cato.<br />
Dá-se o extracto em pílulas, e a<br />
casca em cosimento (4 grammas para<br />
500 grammas d'agua.)<br />
De suas folhas frescas se pôde preparar<br />
uma água distillada própria para<br />
o toucador.<br />
Também é tida esta planta por antifebril.<br />
Aroeira do campo. — Astronium<br />
graveolens, Jacq. — Fam. das Terebenthaceas.—<br />
É uma arvore resinosa, de folhas<br />
compostas: vegeta no Alto-Amazonas:<br />
suas flores encarnadas e seus<br />
fruetos redondos, formando uma estrella.<br />
Derrama um sueco glutinoso, incolor,<br />
análogo ao da Terebenthina.<br />
A madeira é pesadíssima e industructivel.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—Tem as mesmas<br />
virtude da Aroeira acima descripta.
ARO ARR 49<br />
Aroeira da Capoeira. — Schinus PROPRIEDADES MÉDICAS.— O cosimento<br />
meleoides, Vell.—Fam. das Terébinthaceas. das folhas também serve para usos do<br />
— A casca serve para tingir.<br />
mésticos medicinaes, e da entrecasca<br />
Os fruetos e folhas são muito aroma- faz-se applicação nas hérnias inguiticos.naes,<br />
com proveito, mormente se são<br />
Aroeira da mata.— Schinus Ar-<br />
recentes.<br />
oira, Linn.— Fam. das Terébinthaceas.— Aroeira do Rio de Janeiro.—<br />
Arvore colossal e importantíssima, na<br />
Schinus terebenthifolius, Raddi.— Fam.<br />
tural do paiz; seu tronco resinoso e<br />
Idem.— Dicecia Decandria, Linn.—Arvore<br />
aromatico, engrossa e cresce muito; mediana, do Rio, semelhante ás já<br />
folhas distribuídas em palmas; as flô- deseriptas, e provavelmente com as<br />
lhas em cachos miúdos, de sexos se mesmas propriedades.<br />
parados.<br />
O fructo é pequeno, glohoso e mo- Arraia do mato. — V Arcunan,<br />
nospermico.<br />
O lenho d'esta arvore é de uma ri Arrebenta cavallo.— V. Melangidez<br />
férrea; enterrada tem uma duracia<br />
da praia.<br />
ção admirável, é empregada nas construcções<br />
e edificações campestres; tem-se Arrependido.—Fam. das Bham-<br />
achado em edifícios seculares a Aroeira naceas.— Por este nome é conhecido<br />
ainda perfeitíssima.<br />
em Alagoas um arbusto agreste, na<br />
PROPRIEDADES MEDIDAS.—A entrecasca<br />
é empregada nas diarrhéas.<br />
tural do paiz; inclinam-se uns sobre<br />
outros e são flexíveis.<br />
O lenho é esbranquiçado e sulcado<br />
Aroeira de Minas.—Schinus mu.<br />
longitudinalmente ; tem o uso do sipó-<br />
cronulatus. Mart.— Fam. Idem.— Esta<br />
páo, e é muito semelhante a este.<br />
planta de Minas Geraes está nas condições<br />
das mencionadas.<br />
Arringa-iba. — Caladium arborescens,<br />
Linn.— Fam. das Aroideas.— Esta<br />
Aroeira da praia.— Pistacia Len- planta é semelhante ao Tinhorão, porém<br />
ticus, Linn.—Fam. das Terébinthaceas. mais elevada.<br />
Esta arvore, tão aclimada entre nós, é to É natural da índia.<br />
davia natural da Barbaria e das proxi<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS . — Arbusto<br />
midades do Mediterrâneo.<br />
muito acre. Suas folhas são emprega<br />
É uma arvore de porte pequeno, semdas<br />
em cataplasmas resolutivas.<br />
pre verde e revestida de sua folhagem,<br />
Sua raiz fornece uma substancia amyg-<br />
que é disposta em palmetas.<br />
lacea.<br />
Todas as suas partes são resinosas,<br />
O cosimento d'este vegatal feito em<br />
principalmente a casca; flores em ca<br />
ourina é empregado nas dores articuchos,<br />
miudinhas, esverdinhadas.<br />
lares.<br />
Os fruetos são como grãos de chumbo<br />
grosso, vermelhos e como machucados: Arroz.— Oryza saliva, Linn.— Fam.<br />
dentro tem uma semente.<br />
das Gramineas.— O gênero Oryza com<br />
Habita no litoral do Brasil.<br />
prehende só quatro espécies, mas sub<br />
Á resina, que escorre do tronco, entre divididas em grande numero de varie<br />
nós nenhum uso damos, pelo pequeno dades.<br />
apreço que se dá em nosso paiz ás ri D'estas quatro espécies somente uma<br />
quezas naturaes d'este abençoado solo ; e que se cultiva para alimentação do<br />
mas na Europa o produeto de suas con homem; mas que comprehende muitas<br />
gêneres é o mastique, o terebintho do variedades.<br />
commercio, muito empregado.<br />
Desvaux classifica o Arroz, cultivado
.o ARK ARR<br />
em diferentes regiões do globo, em<br />
M-ÍS variedades botânicas, que podem<br />
ser consideradas como outras tantas raças,<br />
nas quaes se incluem naturalmente<br />
todas as subvariedades distinctas<br />
na cultura, c cujo numero é tal, que<br />
dia são as denominadas benapeli e yundali.<br />
O Arroz imperial, cultivado na China,<br />
parece ser o mais temporão de todos,<br />
porque exige para amadurecer menos a<br />
terça parte do tempo do que as outras<br />
Lechenault de Latourt menciona trinta variedades de Arroz.<br />
cultivadas nas visinhanças de Pondi- No Japão existe uma variedade de grão<br />
chery; eHcinr, cita vinte e uma, cul mui pequeno e mui branco, que dizem<br />
tivadas em Mysore.<br />
ser a melhor espécie conhecida.<br />
As variedades, por struetura externa, O trigo por excellencia, o trigo Sarra-<br />
podem dividir-se em duas classes : ceno, o centeio, a aveia, o milho, a man<br />
Arroz barbado {oryza saliva), e Arroz sem dioca, o Arroz, e póde-se acerescentar, as<br />
barba (oryza MU tira).<br />
batatas, são as principaes plantas ali-<br />
Kntre as variedades barbadas Desmentares: o pão do gênero humano.'<br />
vaux menciona como mais notáveis : a O Arroz sustenta talvez mais das duas<br />
Oryza sativa pubescens, cultivada na terças partes das raça humana üisse-<br />
Itália, a Oryza rubribarbis, cultivada na minadas em todos os pontos do globo, e<br />
America Septentrional; a Oryza S. Mar- povos ha que quasi exclusivamente se<br />
ginata, cultivada na índia , e a Oryza nutrem com Arroz, ou pelo menos que<br />
elongata, cultivada no Brasil.<br />
com elle formam a base principal da<br />
Entre as não barbadas distinguem-se alimentação, taes como os Chins, a maior<br />
a Oryza mutica denudata, cultivada na parte dos habitantes da índia, do Ja<br />
Itália e a Oryza sarghoidea, cultivada pão, etc<br />
na índia.<br />
Durante muito tempo considerou-se o<br />
Quanto ás cores, em ambas as classes Arroz como planta originaria da índia ou<br />
se encontram o Arroz branco, amarello, da China, mas sabe-se agora que em di<br />
côr de rosa, vermelho, trigueiro, etc. versos pontos da • America e da África<br />
O celebre Poivre introduzio na Ilha de existem variedades de Arroz indígena, no<br />
França a cultura de uma variedade de estado selvagem, susceptível de melho<br />
Arroz branco da Cochinchina, cultivavel rar muito pela cultura.<br />
nos terrenos seccos, a que se deu o nome Pouco a pouco a cultura d'este cereal<br />
de Arroz perenneoude Arroz da montanha. se propagou não somente nas regiões<br />
Mas esta espécie, que requer, como as tropicaes, como também em muitos paizes<br />
outras, um terreno humido, não exige temperados, na Hespanha, na Itália, em<br />
todavia a submersão, como as espécies França e ultimamente em Portugal e até<br />
geralmente conhecidas; basta que na em algumas partes da Allemanha; póde-<br />
localidade as chuvas sejam regulares, ou se dizer que ella prospera nas regiões<br />
que se possam irrigar artificialmente os do Sul das quatro partes do mundo.<br />
arrozaes, não exigindo a sua cultura senão Sabe-se que a cultura do Arroz na Ame<br />
terrenos análogos aos dos outros cereaes. rica Septentrional, que apenas começou<br />
Esta espécie divide-se em duas varie no fim do décimo sétimo século, tomou<br />
dades: uma longa e outra redonda. um immenso desenvolvimento.<br />
A primeira tem uma pellicula verme Os estados da Carolina do Sul e do<br />
lha, que communica uma parte de sua Norte, da União Americana cultivam par<br />
côr ao grão, sem todavia communicar-lhe ticularmente uma variedade considerada<br />
máo gosto.<br />
como de qualidade superior a todas as<br />
A segunda produz sobre as montanhas outras, excepto a do Japão que acima<br />
e collinas, mas somente nos paizes onde mencionamos.<br />
as chuvas são regulares e abundantes O Arroz é uma planta annual, cujo<br />
Fallaremos adiante d'esta variedade. caule é uma vergontea fina, de quatro<br />
As variedades mais estimaveis da ín decimetros a um metro, revestidas de fo-
ARR A RR 51<br />
lhas longas abarcantes e estreitinhas, As flores são dispostas em espigas<br />
de verde mui lindo ; na epocha própria ou em paniculas mais* ou menos ra-<br />
sahe um cacho, com flores nas summidamosas. Estas flores são ml solitárias,<br />
des,que parecem umas pevides; formam- ou reunidas, varias juntamente, forse<br />
os fruetos que são cariopses, cobertos mando gruposinhos que tem o nome<br />
de um envoltório paleaceo, de fôrma ellyp- de espiguetas.<br />
tica, sulcado longitudinalmente ; dentro Na base das espiguetas ou das flores<br />
ha uma semente branca, rica de uma solitárias, acham-se duas escamas : uma<br />
substancia amylacea, que é a parte usada externa, outra interna formando a le-<br />
como comestível em todo o mundo. picena; raramente a escama interna<br />
No Império do Brasil, nos terrenos falta e a lepicena é univalvular.<br />
baixos, nas margens dos seus rios, e na Cada flor se compõe de duas outras<br />
costa marítima e sobretudo nas provín escamas formando a gluma, de estacias<br />
do Maranhão e Amazonas, cultivam mes geralmente em numero de três,<br />
o Arroz, e exportam em grande quanti ás vezes menos, raras vezes mais.<br />
dade.<br />
Os filetes são capillares.<br />
O Arroz cada dia se torna mais impor As antheras bifidas em suas duas<br />
tante como artigo de consumo, tanto por extremidades.<br />
seu uso alimentício, como por empregar- Pistillo formado por um ovario uniflose<br />
na producção da gomma, usado ou cular, monospermico, marcado por um<br />
para alimento ou outros fins domésticos. sulco longitudinal em um dos seus<br />
Usa-se na Europa o Arroz para d'elle se lados, por dois estyletes, e dois es<br />
extrahir o amido. A gomma é muiio usatigmas pillosos e glandulosos; rarisda<br />
para imbuir fazendas de linho e de simas vezes o estylete é simples ou<br />
algodão, e preparal-as para servir depois bifurcado na parte superior.<br />
de lavadas.<br />
Fora do ovario na face opposta ao<br />
Para este fim se faz immenso consumo sulco observa-se em um grande nu<br />
de amido, e o Arroz é uma das substanmero de gêneros duas pequenas pacias<br />
mais extensamente empregadas para lhetas de fôrma -variada que consti<br />
d'elle se extrahir este principio. tuem a glumella.<br />
O fructo é uma cariopse, mui pou<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—Éemolliente, cas vezes um akenio liso ou envol<br />
freqüentemente empregado nas infiamvido nas valvas da gluma, que se desmações<br />
do tubo digestivo, e em cataprende e cahe com elle.<br />
plasmas, contra as inflammações, abees- O embryão tem uma fôrma discoide,<br />
sos, etc<br />
e é applicado na parte inferior d'um<br />
endosperma farinaceo.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.—Plantas herbaceas,<br />
annuaes ou vivazes, raras vezes<br />
subfructescentes, de apparencia toda<br />
particular e muito característica, tendo<br />
um caule geralmente fistuloso, offerecendo<br />
de distancia em distancia nós<br />
cheios, d'onde partem folhas alternas<br />
e invaginantes.<br />
Esta bainha que pôde ser conside<br />
rada como um peciolo alargado, é fendida<br />
em todo o seu comprimento, e<br />
apresenta em seu ponto de juneção<br />
com a folha uma espécie de collo membranoso,<br />
ou formado de pellos, que se<br />
chama collura ou ligula.<br />
Arroz do mato.— Oryza subulata,<br />
Mart.— Fam. idem.— É uma espécie de<br />
Arroz, que vegeta expontaneamente no<br />
Pará e nas Alagoas; dá um grão mais »<br />
graúdo e menos saboroso, porém tem as<br />
mesmas propriedades, do Arroz commum.<br />
Arroz do mato tias Alagoas.<br />
— V Taquari de cavallo.<br />
Arroz Sylvestre. — V. Arroz do<br />
matto.<br />
Arruda de Campina. —índigo-
5% ARH ART<br />
fero campinarii.— Fam. das Leguminosas. 1 metro e 12 centímetros de altura,<br />
— I-Ma espécie indígena, que nasce no pouco mais, ramoso, suas folhas dis<br />
solo pernambucano e em outras provínpostas em palmas, miúdas; todas as<br />
cias, é a que tem o nome em Pernam- suas partes são de um verde azulado.<br />
bue> de Arruda da Campina; pois ha As flores que se reúnem em cachos,<br />
uma confusão n'este nome: a de S. Paulo são amarellas e pequenas; todas as<br />
nao é esta; a do Rio de Janeiro, tam partes da planta derramam um cheiro<br />
bém não, segundo a classificação da mui activo mas pouco agradável.<br />
Flora do Brasil.<br />
Os fruetos são pequenas bagas de<br />
Quanto á de Pernambuco é uma herva cinco cocas ou lojas.<br />
rasteira: ergue as pontas dos ramos,<br />
vestidas de folhas dispostas em palmi- PROPRIEDADES MÉDICAS. — É estimunhas,<br />
iguaes ás da Arruda da Europa, lante, anthelmintico, emmenagogo, em<br />
de côr verde-azulada, e cobertas de lapregado na amenhorrea , chloro3e, e<br />
nugem, flòrinhas rouxas em cachos abas hysterismo.<br />
tecidos ; dá fruetos em cachinhos; são Internamente 4 grammas para 400<br />
vagens roliças, pequeninas, com duas grammas d'agua, para infusão.<br />
valvas e com duas ou três sementes á<br />
semelhança do feijão.<br />
Arruda do mato. — Pelocarpus<br />
officinalis, Abi. — Fam. idem. — É uma<br />
planta que recebe este nome no Maranhão.<br />
.PROPRIEDADES MÉDICAS.—É muito uzada<br />
na dose de 30 grammas para 500<br />
grammas d'agua três vezes ao dia nas<br />
gonorrheas e retenções de ourinas, e em<br />
banhos nos ataques hemorrhoidaes e<br />
nas inflammações das vias urinarias.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—É empregada<br />
como excitante em banhos.<br />
Arruda «Io mato ou Anil dos<br />
Arruda de Campina do Rio pobres. —Indigofera similerula.— Fam.<br />
de Janeiro. — V Carrapicho de beiço das Leguminosas. — É um arbusto peque<br />
de boi.<br />
no de Pernambuco; seu comprimento<br />
é de 1 % a 2 metros, esgalha pouco;<br />
Arruda do Campo, ou de de côr acinzentada; folhas dispostas em<br />
S. Paulo.— Eypericum teretiusculum, palmas, miúdas, de verde azulado, mui<br />
St. EU. — Fam. das Eypericaceas. — Esta semelhantes á primeira vista com a<br />
planta herbacea nasce naturalmente no Arruda exótica; as flores em cachos miu<br />
Brasil e recebe o nome acima em dinhos.<br />
S. Paulo.<br />
O fructo é uma pequena vagem de<br />
É de ramos ascendentes; nas partes poucos centímetros de extensão, roliça,<br />
superiores de quatro gommos ou faces, curva, com poucas sementes, á seme<br />
folhas pequenas, compridas ; flores em lhança do feijão.<br />
cachos.<br />
O principio corante d'esta é em maior<br />
O fructo é uma cápsula de fôrma allongada.<br />
proporção.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—O cosimento<br />
Arruda da Europa — Ruta gra- feito do sueco d'esta planta é empreveolens,<br />
Linn. e Sp.—Fam. das Rutaceas. gado contra o veneno das cobras, e<br />
—Vegetal cultivado no Brasil. É natural aproveita nas dores de dentes.<br />
da Europa; se bem que acelimada ha<br />
muitos annos esta planta entre nós, Arthemisa. — Arlemizia vulgaris.<br />
com tudo nos nega a sua florescência, Linn. e Lamch. — Fam. das Compostas. —<br />
que raras vezes se observa.<br />
Herva natural da Europa e acelimada<br />
É nm subarbustosinho elegante, até nos nossos jardins; é uma planta quasi
ARV ARV 53<br />
rasteira entre nós, pois não eleva seus<br />
ramos a mais de 12 ou 24 centímetros<br />
do chão.<br />
Ornada de folhas recortadas, e elegantes<br />
; a parte inferior é esbranquiçada<br />
e pubescente.<br />
As flores em cachos, que ás vezes<br />
cheiro mui agradável durante a com»<br />
bustão.<br />
Arvore da lã. — V. Barriguda.<br />
Arvore de Paina. — Ckoriziaspe-<br />
são grandes ; botõesinhos amarellos, cocíosa,<br />
St. EU.—Fam. das Bombaceas.<br />
roados de palhetinhasfoliaceas, brancas,<br />
— É uma arvore agreste, conhecida no<br />
com cheiro activo.<br />
Rio de Janeiro, Minas Geraes e suas<br />
Os fruetos são pequenas bagas pretas. visinhanças,<br />
Esta planta serve de ornamento de<br />
É de porte alto; folhas digitadas.<br />
jardins, e como tal a apreciam.<br />
Suas flores são um tanto grandes,<br />
brancas, com muitos filetes no centro.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — É emmena-<br />
O fructo é uma cápsula, cujas segogo<br />
e anti-hysterico.<br />
mentes são envoltas em uma espécie de<br />
Internamente 10 grammas para 1000<br />
lã, da qual se usa para encher col<br />
grammas d'agua, em infusão.<br />
chões e travesseiros.<br />
Arvore do Allto. — Cerdana al- CARACTERES DA FAMÍLIA. — São arvoliodora,<br />
R. — Fam. das Borragineas. res — ou arbustos, originários dos paizes<br />
É uma arvore alta, oriunda do Peru, intertropicaes, de folhas alternas, sim<br />
Chile e do Brasil; suas folhas alterples ou digitadas, munidas na base<br />
nas oblongas -e ovaes ; as flores em de duas estipulas persistentes.<br />
cachos.<br />
O cálice algumas vezes acompanhado<br />
Esta planta exhala um cheiro de exteriormente de algumas bracteas, é<br />
alho mui pronunciado; as ^ formigas gamosepalo, de cinco divisões imbri-<br />
gostam de comer suas folhas, princicadas antes do seu desabrochar, outras<br />
palmente uma certa espécie de formiga vezes inteiro.<br />
miúda.<br />
A corolla, que falta ás vezes, se<br />
compõe de cinco pétalas regulares.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — É usada<br />
Os estames, em numero de cinco,<br />
em banhos como estimulantes. dez, quinze ou mais, são monadelphos<br />
e formam superiormente cinco feixes,<br />
Arvore de Cera. — Myrica ceri- que trazem, cada um d'elles, uma ou<br />
fera, Linn. — Fam, das Marantaceas. varias — antheras, uniloculares.<br />
Esta arvore vegeta nos Estados Unidos O ovario é formado de cinco carpel<br />
da America em abundância.<br />
las, ora distinctas, ora ligadas entre<br />
É de pequena altura, tem a casca si, e terminadas cada uma em um es<br />
acinzentada, as folhas alternas e lantylete e um estigma ; algumas vezes<br />
ceoladas.<br />
se soldam em um só.<br />
As flores em espigas cobertas de Os fruetos são em geral cápsulas de<br />
escamas, são de sexos separados. cinco cocas polyspermicas, abrindo-se<br />
O fructo é redondo, do tamanho de em cinco valvas, ou são coriaceas,<br />
uma pimenta do reino (pimenta da carnosas interiormente, e ficam inde-<br />
índia).<br />
hiscentes.<br />
Fervem em água os fruetos, e com As sementes, muitas vezes cercadas<br />
uma espumadeira tiram a cera da de pellos ou de penugem, tem algu<br />
água; coagula-se essa cera que fica mas vezes um endosperma carnoso,<br />
de côr esverdeada, depois torna-se cobrindo um embryão cujos lobulos são<br />
consistente e amarella, e com ella lisos ou com asperesas.<br />
fabricam-se vellas, que exhalam um O endosperma falta ás vezes.
54 ASS A VA<br />
Arvore do papel.— V Páo papel. Fam. das Palmeiras.— Eexandria 7Vígynia,<br />
Linn.— Monadelphia.— Esta pai-1<br />
Arvore de pão. — T'. Frueta pão.<br />
meira, a que no Maranhão chamão Jussara,<br />
é natural do paiz especialmente<br />
Arvore da pureza.— Yucca glo<br />
das províncias do Norte.<br />
É de mediana altura; seu tronco (stipej<br />
riosa. Linn.— Fam. das Liliaceas.— Ar<br />
fino e erecto sustenta no ápice o leque<br />
busto exótico, acchmado no Brasil. E das<br />
Américas Meridional e Septentrional.<br />
de suas folhas como as demais palmeiras.<br />
Cresce no Canadá e no Peru. Assim<br />
Deita para os lados uns cachos, dos<br />
y chamam em Pernambuco.<br />
quaes pendem pequenos fruetos, á ma<br />
E' ornamento de jardins, tem o aspecto neira de azeitonas.<br />
do nosso Coroatá, folhas radicaes grossas<br />
São de 3 centímetros ou pouco mais;<br />
e grandes, em forma de espadas agudas ;<br />
ovaes ou redondos, de côr roixa escura<br />
eleva-se no centro um caule escamoso<br />
quando maduros, com uma pellicula fina<br />
e verde, lançando do meio d'essa tou- exterior ligada a uma massa pouco esceira,<br />
uma haste que termina em ponta, pessa da mesma côr, e um caroço no<br />
e dá inflorescencia em forma de espiga, centro, duro; logo depois da polpa ha<br />
sendo as flores de côr branca e ele um tegumento fibroso antes do caroço.<br />
gantes.<br />
No Pará os Caboclos fazem um vinho<br />
d'este fructo e reputam-no bom.<br />
Arvore triste.— V. Acafroeira, Havia esta palmeira no Jardim Botânico<br />
de Olinda.<br />
Assacú. — Eura crepitans, Linn. e<br />
Lamh. — Eura brasiliensis. — Fam. das Assa-peixe —Bohemeria caudata.—<br />
Euphorbiaceas. — Esta planta é natural Fam. das Urticaceas.— É uma herva de<br />
do paiz ; vegeta espontaneamente pelas folhas oppostas e ovaes.<br />
Cayennas, México e Antilhas, no Pará Flores em longas espigas.<br />
e Amazonas.<br />
É oriunda da America Meridional.<br />
É uma arvore collossal, de folhas<br />
subcordiformes, ovaes, igual e miuda- PROPRIEDADES MÉDICAS.— É empregamente<br />
d enteadas.<br />
da em banhos contra as hemorrhoidas,<br />
Flores masculinas, dispostas em e como diuretica na dose de 2 grammas<br />
amento oblongo, femininas e solitárias. para 500 grammas d'agua, em cozimento.<br />
O fructo é uma cápsula, lenhosa,<br />
multicocca, com uma só semente em<br />
Assa-peixe.— V- Pitiá café.<br />
cada loja.<br />
Assucena. — V. Açucena.<br />
Do tronco d'esta arvore escorre por<br />
inci-ões um sueco leitoso, branco e Atcliá. —Begonia, Eynes. — Arum,<br />
acre.<br />
St. EU—Fam. das Begoniaceas.—D'esta<br />
É este leite que se acredita ser um planta os Botocudos apreciam muito as<br />
remédio efllcaz, para a cura da ele-<br />
raizes assadas, porque tem o gosto da<br />
phantiasis dos gregos ; mas das expe Machaxera.<br />
riências e observações feitas tanto no<br />
Pará como nas demais províncias, e Avaramo. — Mimosa unguiscati,<br />
ainda na Europa, o leite do Assacú per Linn. e Pison.— Fam. das Leguminosas.<br />
deu esta reputação ; oxalá que assim<br />
não acontecesse.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— A casca é<br />
Os indios empregam este leite como amarga e dessecativa; empregam-na<br />
vermifugo, e também serve para em contra as ulceras antigas, cancro, e<br />
briagar os peixes. 'Fig. 8.)<br />
internamente nas affecções febris, na<br />
dose de 8 grammas para 500 grammas<br />
Assabr. — Euterpe edulis, Mart. — d'água, em infusão.
AVE AYA 5S<br />
Avaty.— V. Milho grosso.<br />
Em certos gêneros, são isoladas; em<br />
outros, grupam-se e formam linhas<br />
A vença brasiliense.—Adianthum mais ou menos allongadas.<br />
risophorum, Willd.—Fam, dos Fetos, tribú Os soros começam a desenvolver-se.<br />
das Polypodeaceas.— Este vegetal é do debaixo da epiderme, a.qual levantam<br />
Rio de Janeiro; tem as mesmas vir de maneira a ficarem cobertas por ella.<br />
tudes da Capillaria.<br />
Chama-se induzio á porção de epider<br />
Ha^ d'elle muitas espécies. Na Bahia me que serve assim de invólucro aos<br />
se empregam as espécies dos gêneros soros.-<br />
Acrosticum. Acros. Calomelanus, Acros, Em alguns fetos .como as Osmondeas,<br />
aureum; hoje chamadas pelos botan- e as Ophioglcsseas, etc, os órgãos da frunieos<br />
— Gynogramum calomelanos, e Gyctificação<br />
são dispostos em cachos ou em<br />
nogramum sulfurea.<br />
espigas.<br />
• CARACTERES DA FAMÍLIA.—Plantas herbaceas<br />
e vivazes, tornando-se algumas<br />
vezes arborescentes nas regiões tropicaes,<br />
e elevando-se então á maneira<br />
das palmeiras.<br />
As folhas (frondes) são ora simples,<br />
ora mais ou menos profundamente recortadas,<br />
pinnatifidas ou recompostas.<br />
Estas frondes offerecem um caracter<br />
commum; o de serem enroladas ou<br />
envolutadas, no momento em que começam<br />
a desenvolver-se.<br />
Os órgãos da fructificação estão ordinariamente<br />
situados na pagina inferior<br />
das folhas, ao longo das nervuras<br />
ou na sua extremidade.<br />
Os esporulos são contidos em espécies<br />
de capsulasinhas ovoides ou deprimidas,<br />
sesseis ou estipitadas, cercadas<br />
algumas vezes de um burlete em fôrma<br />
de annel elástico; outras vezes, ellas<br />
se abrem por uma fenda longitudinal,<br />
ou se despedaçando irregularmente.<br />
Estas cápsulas, grupando-se, formam<br />
montesinhos que se chamam soros, e<br />
que são cobertos ou de escamas, cuja<br />
fôrma é muito variada, ou pela mesma<br />
beira da fronde, diversamente enroscada<br />
em fôrma de escamas orbiculares,<br />
reniformes, sesseis ou estipuladas.<br />
A vença da terra. — Polypodium<br />
aureum, Willd. — Fam. idem. — Dão este<br />
nome em Alagoas e em Pernambuco a<br />
uma planta trepadeira, cujo caule é<br />
coberto de pellos densos, macios, castanhos<br />
ou louros esbranquiçados.<br />
Avenquinba. —Achrosticum calomelanus.<br />
— Fam. idem. — É peitoral esta<br />
planta.<br />
Ayapana. — Eupatorium. Ayapana.<br />
Vent. e Linn.—Fam. das Compostas.—<br />
Planta do Brasil de caule ascendente,<br />
quasi lenhosa na base, ramos roliços, folhas<br />
oppostas, quasi rentes, lanceoladas,<br />
trinerviadas e accuminadas, quasi inteiras<br />
e glabras; flores em capitulos, formando<br />
corymbos.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — A planta é<br />
amarga, aromatica e diaphoretica; é considerada<br />
na medicina popular como bom<br />
remédio contra a mordedura de cobra.<br />
Na índia, para onde foi levada, é empregada<br />
contra a cholera-morbus.<br />
Internamente, o sueco expresso recente<br />
da planta, é tomado ás colheres, como<br />
sudorifico; usa-se a infusão na dose de 8<br />
a 16 grammas para 500 grammas d'agua,<br />
No gênero Pteris, as cápsulas estão e bebe-se ás chicaras.<br />
postas debaixo da beira retorcida das Externamente a planta contuza põe-se<br />
folhas, a qual fôrma uma linha não sobre a mordedura da cobra; o sueco ex<br />
interrompida.<br />
presso é empregado para limpar feridas<br />
Nas espécies de Adianto ellas cons antigas.<br />
tituem placasinhas salientes e isoladas,<br />
por causa da extremidade dobrada das Ayapana cotonosa. —Euphorbia<br />
folhas.<br />
cotinifolea, Linn. — Fam. das Euphorbia-
se AZA AZE<br />
ceas.— Subarbusto do Brasil; suas folhas Azeda. — Rumes acetoza, Linn. —<br />
são oppostas.<br />
Fatn. das Polygonaceas. — V^t& herva é<br />
cultivada nas províncias do Sul.<br />
Suas folhas são umas radicaes outras<br />
caulinares e abarcantes.<br />
Flores pequenas.<br />
As folhas comem-se.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. —É usada em<br />
cataplasmas contra os condylomas syphiliticos.<br />
O sueco é um forte veneno com que os<br />
indios do Rio Negro embebem as settas.<br />
Também serve para embriagar os<br />
peixes.<br />
Ayplm.— V. Mandioca.<br />
Ayri ou Coqueiro. — Ayri, Astro-<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — As folhas<br />
empregam-se em medicina para facilitar<br />
a acção dos medicamentos purgativos;<br />
neutralisa o effeito das substan»<br />
cias acres.<br />
caryum Ayri, Mart. e Mayer. — Fam. das CARACTERES DA FAMÍLIA. — Plantas<br />
Palmeiras. — É uma palmeira do norte herbaceas, raras vezes subfructescentes,<br />
do Brasil, cujo tronco é eriçado de de folhas alternas, invaginantes na base,<br />
muitos espinhos.<br />
ou adherentes a uma bainha membra-<br />
Dá fruetos que são bagas orbiculares nosa e estipular, enroladas pela parte<br />
carnosas, com o coco (vulgarmente cha inferior sobre a sua nervura mediana<br />
mado) ósseo, como o de quasi todas as quando novas.<br />
palmeiras<br />
Flores algumas vezes unisexuaes, dis<br />
Os indígenas usam dos espinhos d'essa postas em espigas cylindricas ou em<br />
palmeira como de pregos.<br />
cachos terminaes.<br />
Cálice gamosepalo, offerecendo de qua<br />
Aza de morcego, de tolha tro a seis segmentos, ás vezes dispostos<br />
grande.— Bossiaca unijugata. —Fam. em duas ordens e imbricados antes de<br />
das Leguminosas. — Monadelphia. Decan- sua evolução.<br />
âria, Linn. — Arbusto agreste por este Estames de quatro a nove, livres e com<br />
nome conhecido nas Alagoas.<br />
antheras abrindo-se longitudinalmente.<br />
Suas vergonteas frágeis inclinam-se Ovario livre, unilocular, offerecendo '<<br />
sobre os outros vegetaes.<br />
um só óvulo erecto.<br />
Flores em cachos, pequenas.<br />
O fructo freqüentes vezes triangular,<br />
O fructo é uma vagem de quasi 24 é secco e indehiscente, algumas vezes<br />
centímetros de comprimento, lisa, po- coberto pelo cálice que persiste.<br />
lyspermica.<br />
A semente contém, em um endosperma<br />
As sementes acham-se unidas a um farinaceo, ás vezes mui delgado, um em<br />
corpo glanduloso.<br />
bryão deitado e outras vezes unilateral.<br />
Aza de morcego, de folha Azc«tiiiha do brejo. — Bigxonia<br />
miúda. — Fam. das Rubiaceas. — E' ácida, yeU--^B^^^&/-ulmefolia, Linn.-~<br />
um arbusto do paiz, (trepadeira ou por Fam das Stgmmaems.— Esta planta é<br />
outra cipó).<br />
da família e do mesmo gênero da Caroba<br />
O caule é quadrangular , as folhas e Carobinha de Pernambuco. e<br />
oppostas, ellipticas, luzidias, pequenas Ha ainda as espécies seguintes: Big-re<br />
coriaceas.<br />
"^toniabidentiida, Raddi. — Beg. sangüínea,<br />
As flores são reunidas em feixes es- idem.—Btg. cucullata, Willd. —Big. Mrphericos<br />
ou hemisphericos, com um pé<br />
tella,Link.—Big. undulata, Otto. — Blg.<br />
tubuloso campanulado.<br />
platanifolia.<br />
O fructo é uma baga vermelha, oval,<br />
coroada de fragmentos da flor.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS —O sueco é<br />
Sementes achatadas.<br />
acidulo refrigerante e antiscorbutico; e
AZE AZO 57<br />
empregado nos catarrhos da bexiga e nas duplo do das pétalas, rarissimas vezes<br />
dysenterias.<br />
em numero indefinido.<br />
Também a planta fresca cozida é co O ovario é livre, simples, de varias<br />
mestível.<br />
lojas, contendo cada uma d'ellas grande<br />
numero de óvulos.<br />
O estylete é simples, terminado em um<br />
Azeitona da terra. — Cuphea ní<br />
estigma ordinariamente capitoso.<br />
tida.— Fam. das Lythrareas.— Esta es<br />
O fructo é uma cápsula, coberta pelo<br />
pécie vegeta no nosso solo, d'onde é<br />
cálice, que é persistente, de uma ou va<br />
indígena; conhecem-na em Pernambuco<br />
rias lojas, contendo sementes unidas ao<br />
e Alagoas por este nome.<br />
angulo interno.<br />
É um pequeno arbusto que cresce até<br />
Estas sementes se compõem de um em<br />
2 metros, pouco ramoso; ramos erectos,<br />
bryão desprovido de endosperma.<br />
casca parda-escura.<br />
Folhas alternas, ovaes, um tanto alon Azougue dos pobres. — Panax<br />
gadas e coriaceas.<br />
quinquefolium, Linn.—Fam.das Araliaceas.<br />
Flores em espigas, quasi sem cheiro,<br />
—Esta planta é também do território do<br />
de côr de rosa viva, são como rosinhas<br />
Brasil, bem como da America do Norte.<br />
simples, com um pé tubuloso; do meio<br />
É de caule herbaceo com cinco folhas<br />
d'ellas sahem seis filetes longos.<br />
em palmas, inseridas nas pontas de pe-<br />
O fructo parece-se com uma azeitona;<br />
ciolos communs.<br />
é uma baga de 3 centímetros, oval, cuja<br />
Suas flores pequenas, em cachos um-<br />
pellicula externa é fina; liga-se a uma<br />
bellados, são de sexos diversos.<br />
massa aquosa, roixa-escura como a pel<br />
O fructo é redondo e achatado, com dois<br />
licula, é no centro tem um caroço unido<br />
caroços dentro.<br />
a esta massa, a qual se come, posto que<br />
não seja muito saborosa.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. — As Aralia<br />
Ha outra espécie a que chamam brava;<br />
ceas constituem um grupo pouco dis-<br />
differe apenas pela frueta que é mais<br />
tineto das Umbelliferas.<br />
oval, oblonga; e por ter coberta a sua pe<br />
São vegetaes herbaceos, ou algumas<br />
riferia de pello curto e áspero, que ao<br />
vezes arvores elevadíssimas.<br />
menor contacto solta-se; também se<br />
As flores, igualmente pequeninas, são<br />
come.<br />
dispostas em umbrellas simplices ou em<br />
Ambas tingem os lábios de roixo; seu<br />
umbrellas paniculadas.<br />
sabor é acidulo e pouco doce.<br />
O cálice é do mesmo modo adherente e<br />
denteado.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. — Hervas ou A corolla, formada de cinco a seis pé<br />
arbustos de folhas oppostas ou alternas, talas.<br />
de fiôres axillares ou terminaes.<br />
O ovario apresenta de duas a seis lojas<br />
Um cálice gamosepalo, tubuloso ou monospermicas, e tem outros tantos es<br />
urceolado, denteado no ápice.<br />
tyletes, que terminam em estigmas sim<br />
A corolla de quatro a seis pétalas, alterplices.nas com as divisões do cálice, e inseridas O fructo é ora carnoso e indehiscente,<br />
na parte superior do tubo.<br />
ora secco, e separando-se em tantas<br />
A corolla falta em alguns gêneros. cocas ou lojas monospermicas quantas<br />
Os estames são em numero igual ou lojas ha no ovario.<br />
10
SH BAB BAC<br />
Babá.— T, Coquinho.<br />
Seu caule é coberto de espinhos, e<br />
a madeira é negra.<br />
Baba de boi de Campina. — Os fruetos são bagas, de polpa doce,<br />
Acharia babata, —Fam. das Malvaceas. de muito bom sabor, e passa por<br />
— Herva agreste que vegeta pelas cam um dos melhores cocos ; mesmo seccos<br />
pinas, reptante, de caule fino, roixo, são mui apreciados.<br />
pelludo.<br />
Folhas alternas, obliquamente cor- Bacaba.— Oenocarpus bacaba, Mart.<br />
diformes, pubescentes, nos bordos re — Fam. das Palmeiras. — Esta palmeira<br />
cortadas .<br />
é do Pará, é elegante; seu tronco ele<br />
Flores solitárias, amarellas, grandes va-se a vinte e tantos metros.<br />
como rosas simples, com o centro As folhas reunidas em um feixe<br />
purpurino escuro, e sem cheiro. terminal.<br />
O fructo é uma cápsula conica e As palmas são rectas.<br />
coberta de pellos, que se divide em Os fruetos são em cachos, de três<br />
cinco compartimentos, cada um com centímetros de grandeza, ellipticos,<br />
uma semente.<br />
roixos quando maduros, e listrados de<br />
Esta planta tem este nome em Ala branco.<br />
goas ; também dão-lhe em Pernambuco A massa é também roixa, e adhere<br />
o de Coraçãosinho.<br />
aos veios brancos.<br />
O caroço coberto de fibras lisas,<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — É muitís flexíveis, come-se, e os indígenas fazem<br />
simo mucilaginosa, e empregada nas com elle uma bebida.<br />
diarrhéas de sangue e hemorrhoidas. O fructo da Bacaba é mucilaginoso,<br />
e, quando maduro, os indios usam<br />
Baba de boi (coquinho). — Cocos d'elle como seu único alimento.<br />
gommosa, Mart. —Fam. das Palmeiras-Quando<br />
se cosinha este fructo elle<br />
— E uma palmeira baixa, do paiz. deixa um sedimento que secco ao sol<br />
Seu espique é pequeno e cheio de torna-se duríssimo.<br />
cicatrizes que indicam o ponto de Este sedimento serve de recurso aos<br />
serção das folhas.<br />
indios para o tempo de fome, porque<br />
O fructo—Baba de boi—ê uma baga amollecido com água, fôrma um ali<br />
de seis centímetros, oval, com escamento nutritivo.<br />
mas na base, de côr amarella, coberta Ha duas espécies d'esta palmeira.<br />
de uma granulação preta; a polpa é<br />
amarella, mucüaginosa; tem bom sabor. Bacamarte.— É uma planta ape-<br />
A amêndoa do caroço come-se.<br />
mucilaginosa e gommosa.<br />
É ritiva, desobstruente; também<br />
ca-se externamente.<br />
appli-<br />
Babo ré. — V. Bamboré.<br />
Baeate.— V. Abacate.<br />
Baceharida ou Baccliauta —<br />
Babosa. — r. Serva babosa.<br />
Baccharís brasiliana, Linn e Spl. — Fam.<br />
das Compostas.— Falíamos de uma das<br />
Babunha ou Coqueiro Bahunn<br />
espécies do Brasil.<br />
»- — Guilielma insignü, Mart. —<br />
Planta herbacea, de caule quadrado,<br />
Fam. das Palmeiras. — É uma palmeira<br />
da Bahia.<br />
folhas ovaes, obtusas, um pouco ve-<br />
Inenosas, ásperas e sesseis.
BAC BAC 59<br />
Flores em cachos, alternas, grandes<br />
e de dois sexos.<br />
A fructinha é coroada por uma espécie<br />
de penacho simples.<br />
Baccharisgaudichaudiana.—<br />
Tem as mesmas propriedades da antecedente.<br />
O estylete é simples terminado em<br />
um ou três estigmas.<br />
O fructo é ora capsular de três ângulos<br />
membranosos, ora carnoso.<br />
Cada loja contém commumente quatro<br />
sementes.<br />
Estas têm um embryão erecto, desprovido<br />
de endosperma.<br />
Baccharis articulata. — Baccharis<br />
articulado.—Baccharis articutata.— Bacopari de Capoeira.—Fam.<br />
Fam. das Compostas.— É uma erva amar- das Guttiferas. — Arbusto romano ; vegosa,<br />
resinosa e aromatica: ella é sucgeta nas Alagoas, onde lhe dão este<br />
eedanea da Losna.<br />
nome.<br />
Folhas oppostas, oblongas.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — É empre Flores de côr branca.<br />
gada contra a dyspepsia, debilidade Dá um fructo á semelhança de um<br />
intestinal, ou mesmo geral, e anemia ovo de galinha; uma parte é coroada<br />
consecutiva á perda de sangue. pelos restos do antigo tegumento floral,<br />
Administra-se em pílulas com o amarello<br />
da casca de laranja.<br />
tornando-se a outra parte baça, de côr<br />
amarella barrenta.<br />
O pericarpo é áspero, grosso, coriaceo,<br />
Bacopari do Campo. — Calypso de espessura de H centímetro; dentro é<br />
campestris, St. Eil.— Gynandria. monan- branco e com duas lojas contendo uma<br />
dria, Linn. — Fam. das Eippocraticeas. porção de sementes redondas, com uma<br />
— Arbusto que vegeta nas plagas de parte convexa e outra plana, de subs<br />
S. Paulo e Goyaz.<br />
tancia cornea semi-transparente pare<br />
É ramoso, de casca lisa, folhas mécendo cera branca; ellas são envoltas<br />
dias e oblongas.<br />
em polpa amarella, doce e comestível,<br />
Flores em cachos.<br />
porém um pouco enjoativa.<br />
Fructo carnoso, globoso, com um caroço<br />
dentro; raramente dois ou três.<br />
Floresce em Agosto, e dá as fructas Bacopari da matta. — Fam.<br />
em Setembro e Fevereiro.<br />
idem.— Frueta agreste conhecida nas<br />
províncias de S. Paulo, Rio de Ja<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.— Fructices neiro, Minas, Pernambuco, Pará e Ala<br />
ou arbustos geralmente glabros e sargoas.mentosos, trazendo folhas oppostas, É proveniente de uma arvore Baco-<br />
simplices coriaceas, inteiras ou denpariseiro; tem folhas regulares, e flores<br />
teadas.<br />
brancas.<br />
Flores pequenas, axillares, fascicu- O fructo do tamanho de 3 a 12<br />
ladas, ou em fôrma de corymbos. centímetros, de fôrma oblonga arredon<br />
O cálice é persistente, de cinco didada, côr amarella de gemma d'ovo na<br />
visões.<br />
maturidade, compõe-se de um corpo car<br />
A corolla se compõe de cinco pétanoso no interior, esbranquiçado, com<br />
las iguaes.<br />
três caroços pretos, cobertos de uma<br />
Os estames são- em geral em numero substancia albuminosa e doce.<br />
de três, raramente de quatro ou cinco, Come-se uma e outra cousa.<br />
tendo os filetes reunidos pela base; e Tem um sueco leitoso, que queima os<br />
formando um androphoro tubuloso. lábios.<br />
O ovario é trigono de três lojas, Os de Capoeira differem pouco, so<br />
contendo cada uma quatro óvulos inmente em ser menores, e menos abunseridos<br />
no seu angulo interno. dante de sueco leitoso.
BAM BAN 61<br />
É de um porte arbóreo, e pôde chamar-se<br />
o Gigante das Gramineas.<br />
Seu caule toma as proporções de um<br />
tronco de altura immensa, com um diâ<br />
metro de mais de 12 centímetros, apresentando<br />
nós de distancia em distan<br />
as de todas as Gramineas, em que confundem-se<br />
as flores com os fruetos.<br />
Na Ásia, pátria por excellencia dos<br />
Bambus, vêem-se grandes extensões de<br />
terrenos cobertos de Bambus, que com<br />
os ventos se agitam uns sobre outros<br />
cia, á maneira de taboca; é ôco ou tu -de<br />
tal maneira, e cujo estrepito é tão<br />
buloso e ramoso.<br />
forte, que muitas vezes assusta aos vian-<br />
As folhas, grandes em proporção, dantes; até asseveram pessoas de cri<br />
são palmas.<br />
tério que já tem pegado fogo pelo des<br />
As flores em cachos grandes, cujos envolvimento do calor, quando a fricção<br />
fruetos são carnosos segundo a orga- chega a certo gráo.<br />
nisação das Gramineas.<br />
E' d'estes caules que os chins e<br />
Dos nós que existem.no tronco d'estas outros asiáticos fabricam tantos objectos<br />
Gramineas se extrae um licor gommoso d'arte, curiosos e de valor.<br />
e doce, que se acha concretado na cavi Da pellicula da casca fabrica-se o<br />
dade do tubo e que é conhecido pelo papel da China.<br />
nome de Tabaxir.<br />
As folhas envolvem as caixas que nos<br />
Mas é só na Ásia aonde este licor conduz o chá da índia.<br />
é celebre por lhe attribuirem maravi Os gommos servem de vasos, bengalhosas<br />
propriedades.<br />
.las, conduetores, lanças, flechas, pennas<br />
Os nossos indígenas no Pará servem- de escrever e para construcção de casas<br />
se dos gommos do Bambu para guardar e moveis.<br />
líquidos, pondo-lhes uma tampa, servln- Entre os chinezes as venezianas são<br />
do-lhes de. potes para água e outros mis feitas de Bambus.<br />
teres.<br />
Os caçadores apoderam-se de um pe<br />
No Rio de Janeiro as escadas de mão daço que tenha o nó no centro, de um<br />
para as armações dos templos são feitas lado introduzem a pólvora, e do outro o<br />
do Bambu porque ficam muito altas e chumbo.<br />
pesam menos do que as de outra qual Finalmente presta-se a ser fendida em<br />
quer madeira.<br />
tiras para fazer-se esteiras, balaios, cestos,<br />
etc, e nos navios utilisa-se para<br />
Bambu da Índia.—Bambusa arun- vergas, cabos, etc.<br />
dinacea, Rhecd. e Rump.— Fam. idem.— Com as fibras fazem-se mechas para<br />
Ha Bambus cultivados entre nós que são vellas.<br />
adquiridos da índia, sua origem, d'onde •A dureza do Bambu é tal que os indios<br />
passaram ao nosso paiz.<br />
quando querem fogo, batem dois peda<br />
E' um arbusto de caules em touceira ços de bambus um no outro, immediata-<br />
com o porte do Taquari; mas sua fomente produz innumeras faíscas, e approlhagem<br />
não é de um verde claro como ximando-se um pedaço de papel este<br />
o d'este, sim de um verde escuro não incendeia-se immediatamente.<br />
embaciado, porém com a superfície Do nó de seu caule tira-se um assucar<br />
lisa.<br />
branco chamado tabaxir; pela fermenta<br />
Cada planta de per si fôrma um grupo ção dá um licor conhecido por Arah.<br />
tal, que parece uma reunião de muitas<br />
plantadas no mesmo lugar.<br />
Bananeira anã.—Eexandria mo-<br />
O caule é como está descripto no uoecia, Linn. — Musa {Nana).—Fam. das<br />
Guada.<br />
Musaceas. — D'esta espécie de végetaes<br />
As folhas oblongas e lanceoladas, abra alguns são originários da índia, e creçam<br />
o caule.<br />
mos que outros são do Equador, e por<br />
As flores dispostas em ramos esga- conseqüência do Pará.<br />
lhados, parecem sementinhas, como são São plantas reconhecidas pelos natu-
«5 BAN BAN<br />
rali-tas como os gigantes das plantas<br />
herbaceas ; com effeito, ellas tem um<br />
lu.ltio maior ou menor, como raiz ; vê-se<br />
elevar-se d'elle um caule de dois a quatro<br />
inrtros pouco mais ou menos de altura,<br />
e ile diâmetro proporcional; seu tecido é<br />
dc fibras de malhas largas, composto de<br />
cellulas, e todo aquoso; no ápice abre-se<br />
um feixe de folhas longas, de dois<br />
metros pouco mais ou menos, ellipticas,<br />
oblongas, no centro percorridas<br />
por um corpo da natureza do caule,<br />
que a elle se prende, e que é a nervura<br />
mediana, continuação do peciolo ;<br />
o limbo da folha é membranoso; rompe-se<br />
em tiras pelos ventos, e é de um<br />
verde bonito; sua parte inferior revestida<br />
de um pó cinzento esbranquiçado.<br />
No tempo da fructificação, deita uma<br />
vergontea do centro das folhas, da qual<br />
sabe um.cacho com os rudimentos das<br />
fructinhas em grupos distinetos; na<br />
parte superior cada fruetinha tem no<br />
seu ápice uma flor, que fecundada pelas<br />
outras, vai-se desenvolvendo progressivamente;<br />
o mesmo acontece a<br />
todas as fruetas do cacho.<br />
Na parte superior do cacho prolonga-se<br />
o eixo nú, formando um aggregado<br />
de membranas carnosas, roixas,<br />
compondo um corpo conico, liso.<br />
Cada dia levanta-se um envoltório<br />
d'esses, e deixa ver um grupo de flores<br />
a que chamam favos, e que vão<br />
operando as importantes funeções da<br />
fecundação.<br />
Estas flores têm um nectario, que<br />
produz uma substancia liquida, albuminosa,<br />
doce e agradável.<br />
Acabada a serie d'essa funeção, estão<br />
os fruetos desenvolvidos com vários<br />
tamanhos, como havemos de notar.<br />
Este de que falíamos tem de comprimento<br />
24 centímetros, e é de fôrma<br />
subtriangular; apresenta um pequeno<br />
umbigo no ápice, e uma côr amarella<br />
na maturidade ; é aromatica.<br />
No centro d'essa existem três divisões<br />
distinctas, mas adherentes á mesma<br />
massa, na qual se divisa sementes miudissimas,<br />
inseridas nos ângulos dYssa<br />
cruzeta.<br />
Esta espécie de bananeira, porém, 6<br />
a de estatura mais pequena, que cresce<br />
até dois metros de alto. As folhas<br />
novas arroixadas, e as fruetas quasi<br />
vermelhas quando novas, são depois<br />
avermelhadas; o sabor não 6 dos melhores.<br />
As bananeiras são espécies ou exemplos<br />
gigantes das plantas herbaceas,<br />
de um porte elegante, inteiramente<br />
particular, que lhes dão as largas folhas<br />
de um bello verde-claro.<br />
Todas as bananeiras habitam os paizes<br />
tropicaes dos dois mundos, ellas<br />
gostam dos lugares baixos e humidos<br />
e das margens dos regatos; também<br />
é ordinariamente em semelhantes localidades<br />
que se plantam bananeiras.<br />
A importância das bananeiras as tem<br />
feito notar em todas as idades, e ellas<br />
p"arecem ter sido cultivadas desde a<br />
origem das sociedades.<br />
Assim nós as vemos dar lugar a<br />
uma serie de fábulas e de conjecturas.<br />
Certos escriptores professaram que era<br />
a bananeira um d'esses vegetaes que formava<br />
a arvore com a qual o primeiro<br />
homem se cobrio de sua nudez, e que<br />
A casca um<br />
esse enorme cacho (de uvas) trazido a<br />
Moysés, da terra promettida, não era<br />
outra cousa mais que o cacho de uma<br />
bananeira.<br />
O Olaus e Celsius designam os fruetos<br />
d'este vegetal como sendo a famosa Doudaim<br />
da Escriptura Santa.<br />
Theophrasto e Plinio faliam das bananeiras.<br />
Avicense, Seripião e Phages fazem d'ella<br />
um grande elogio; singulares superstições<br />
reinaram e existem ainda a respeito<br />
do seu fructo.<br />
tanto grossa, flexível, Bernardin de St. Pièrre diz: que os<br />
internamente cheia de fibras longitu- portuguezes que chegaram primeiro ás<br />
dinaes, que desprendem-se; une-se a índias Orientaes, não a cortavam jamais<br />
uma massa compacta, tenra, doce e pelo meio, porque julgavam vêr no in<br />
agradável.<br />
terior uma espécie de cruz, no lugar que
BAN BAN 63<br />
occupam os restos das cavidades ovaricas.<br />
Refere-se que na Grécia o povo supersticioso<br />
está persuadido de que a bana<br />
Este ultimo calculou que um terreno<br />
de 100 metros quadrados pôde fornecer<br />
mais de 4,000 bananeiras, e que<br />
a producção da bananeira está para a<br />
neira sè abate sobre aquelle que lhe ar 'do trigo' como 133 está para 1, e para<br />
rebatar o fructo antes da maturidade. a da batata como 44 está para 1.<br />
As bananeiras são cultivadas em abun Na Europa um meio hectare de terdância<br />
nas três partes do globo, por onde reno não basta para alimentação de<br />
passam as linhas tropicaes; e no Brasil dois indivíduos, ao passo que esse<br />
póde-se dizer que não ha lugar nenhum mesmo terreno sustenta cincoenta, sendo<br />
que não as produza, e com muita abundância,<br />
as differentes qualidades.<br />
plantado de bananeiras.<br />
Os seus caules encerram mucilagem PROPRIEDADES MÉDICAS.— A seiva das<br />
e amido.<br />
baneiras é empregada como adstrin-*<br />
Os egypcios dão-nas aos elephantes gente.<br />
nas índias, assim como aos carneiros e O seu. fructo, quando maduro, é pei<br />
ás vaccas.<br />
toral, emolliente e nutritivo.<br />
As fibras que ellas contém servem Misturado com azeite de dendê é<br />
para fazer tecidos ou cordagem.<br />
Os naturaes de certas ilhas, princi<br />
supurativo para os tumores.<br />
palmente das Philippinas, e os habi CARACTERES DA FAMÍLIA. — Plantas<br />
tantes das índias Orientaes, d'ella fazem herbaceas ou vivaces, desprovidas de<br />
diversos estojos que elles tem debaixo caules, ou algumas vezes munidas de<br />
d'agua.<br />
um bulbo em fôrma de caule.<br />
As folhas das bananeiras são empre Folhas longamente pecioladas, abargadas<br />
para cobrir as cabanas ; alguns cantes pela base, muito inteiras.<br />
selvagens se vestem d'ellas, outros se Flores grandíssimas, muitas vezes<br />
servem d'ellas como espécie de esteiras matizadas das cores mais vivas , reu<br />
para descançarem.<br />
nidas em grande numero, e encerradas<br />
Suas nervuras fornecem também fios em espathas.<br />
de que se fazem tecidos, assim como O cálice é irregular, colorido, peta-<br />
cordagem e redes.<br />
loide, adherente pela base com o ovario.<br />
Os fruetos da bananeira come-se de O limbo é de seis divisões, três das<br />
mil maneiras ; na America, na África quaes exteriores e três interiores. (No<br />
e nas índias elles alimentam certas gênero Musa, cinco das divisões são<br />
classes da população.<br />
externas e formam de alguma sorte um<br />
Em algumas Antílhas os habitantes lábio superior; uma só é interna e<br />
nutrem-se com elles, e realmente por constitue o lábio inferior).<br />
todo o Brasil é a frueta da sobremesa'. Os estames, em numero de seis, são<br />
Pisando-as obtem-se uma espécie de inseridos na parte interna das divisões<br />
pão muito nutritivo, e que se conserva calicinaes.<br />
por muito tempo.<br />
As antheras são lineares, introrsas,<br />
Na Granada reduz-se esses fruetas a de duas lojas, e sobrepostas em geral<br />
farinha, que se embarca como provisão á um appendice membranoso, colorido,<br />
nos navios; póde-se obter d'ellas uma petaloide, que é a terminação do filete.<br />
bebida agradável.<br />
O ovario infero é de três lojas, con<br />
Em summa, as bananeiras prestam tendo cada uma d'ellas um grande nu<br />
immensos serviços ao homem. mero de óvulos - inseridos no angulo<br />
Eumberio, sábio agricultor de Mas- interno.<br />
careigne, e Eumboldt apreciaram as No gênero Eeliconia, não ha mais<br />
vantagens que pode offerecer a cultura que um só óvulo em cada loja.<br />
d'estas plantas.<br />
O estylete simples se termina em um
64 BAN BAN<br />
estigma algumas vezes concavo , mas<br />
rarissimas vezes de três lobos.<br />
O fructo é uma cápsula de três lojas<br />
polyspermicas, de três valvas, trazendo<br />
cada uma um septo no meio da sua<br />
face interna; ou um fructo carnoso e indehiscente.<br />
As sementes, algumas vezes collocadas<br />
em um podosperma, e cercadas d e<br />
pellos dispostos circularmente, se compõem<br />
de um tegumento ás vezes crustá<br />
ceo, e de um endosperma farinaceo, contendo<br />
um embryão axillo, allongado e<br />
direito.<br />
fastidiosa, de côr amarella alaranjado<br />
forte.<br />
Cumpre dizer que no caule das bananeiras,<br />
os tegumentos mais exteriores<br />
seccam e rompem-se longitudinalmente,<br />
e servem de corda; bem como<br />
as folhas seccas servem de enchimento<br />
de cochins, almofadas, etc, e para<br />
calçar vidros e impedir de se quebrarem<br />
no transporte, etc.<br />
Bananeira comprida.— V. Bananeira<br />
da terra.<br />
Bananeira curta.— V. Bananeira,<br />
Bananeira de bico verde.— de S. Thomé.<br />
Musa bicolor. —Fam. idem. — Esta qualidade<br />
de bananeira só differe da prece Bananeira maçã.—Musa.—Fam.<br />
dente no cacho ser menor, e os fruetos Idem.— É esta bananeira semelhantis<br />
também menores: mas o arbusto é como sima a de S. Thomé, mas o fructo é<br />
o ordinário d'ellas; é semelhantissima a mais roliço, de 24 centímetros de com<br />
de S. Thomé, com a differenca de ser primento; não mostra quasi as ares<br />
menor 8 centímetros, e ter o umbigo tas dos três ângulos.<br />
verde, e o corpo do fructo amarello; A casca mais fina e lisa, e a massa<br />
o que lhe dá um realce encantador. mais macia e de bello paladar; é mesmo<br />
O gosto é como o da de S. Thomé. mais saudável e agradável que as do-<br />
A estruetura e descripção botânica das mais.<br />
differentes espécies de bananeiras são<br />
como as já feitas da bananeira anãa, Bananeira de Madagascar —<br />
com as differenças que as narrações Urania Ravenalia. Madagascarienses. —<br />
vulgares exprimem.<br />
Poir. — Musacea U. Urania. — A copiosa<br />
seiva que escorre, quando se corta as<br />
nervuras das folhas d'esta bella bana<br />
Bananeira brava. — Eeliconia<br />
neira, fornece aos viajantes uma ex-<br />
br avia.— Fam. Idem.— É uma bananeicellente<br />
bebida; por isso tem-se-lhe<br />
rinha indígena, chamada assim nas<br />
Alagoas e Pernambuco.<br />
dado o nome — ARVORE DOS VIAJANTES.<br />
Esta espécie, semelhante á bananeira<br />
As sementes são nutritivas c farinaceas.<br />
do matto, differe em suas folhas serem<br />
mais agglomeradas nas divisões, no<br />
O invólucro (massa) da semente dá<br />
fructo ser em fôrma de pera ou oval, um excellente sebo vegetal.<br />
e ter mais sementes.<br />
A planta cresce muito bem no<br />
Brasil, e merece ser cultivada em<br />
grande escala, por causa de sua utili<br />
Bananeira de Cayenna.— Musa<br />
dade. Chamamos para isso a attenção<br />
— Fam. Idem.—Nas mesmas condições<br />
dos nossos agricultores.<br />
das outras plantas acha-se esta; o "vegetal<br />
é mui semelhante ao da bana<br />
Bananeira do Maranhão. -<br />
neira comprida, em virtude dos pecio-<br />
Musa. — Fam. Idem. — O fructo d'esta<br />
los e folhas serem mais luzidas, o ca<br />
bananeira é de casca roxa, e grande.<br />
cho grande, os fruetos do tamanho de<br />
24 centímetros, ora mais ora menos.<br />
Bananeira do mato.— Eelicmia<br />
A polpa da frueta mais dura e mais<br />
sylveslris. —Fam. Idem.—Esta bananeira
BAN BAN 65<br />
brava é indígena, conhecida em Alagoas l Os morcegos gostão muito d'essa fruta<br />
e Pernambuco por este nome.<br />
é d'onde lhe vem o nome.<br />
Tem um caule quasi rente, com<br />
folhas semelhantes á das espécies acima Bananeira de oiro.—Musa.—<br />
mencionadas, porém menores que todo Fam. Idem. — Cls. Idem. — E' uma ba<br />
o vegetal.<br />
naneira que cresce muito como a bana<br />
Terá de um a dois metros de alto; do neira prata; o fructo é liso e cheio, de<br />
centro das folhas sahe uma haste ou pe- 21 centímetros de comprimento.<br />
dunculo,composto de escamas vermelhas, A casca por fora é roixa com man<br />
chatas, de figura elliptica, abrindo nas chas rosadas.<br />
bordas, successivamente, flores quasi da A massa ou polpa por dentro é de<br />
mesma estructura.<br />
um amarello côr de gemma d'ôvo ; solta<br />
O fructo é uma bagasinha earnosa, os filamentos no descascar.<br />
oval, trigona com três grãos dentro. Não O sabor assemelha-se ao da banana<br />
se come.<br />
da terra ou comprida.<br />
Bananeira do mato. — Canna Bananeira de papagaio. — Ca-<br />
brasiliensis, Linn. — Fam. das Amomameraria Jasminiflora. — Fam. das Apocyceas.—<br />
Planta que é indigena, com bulbo neas.—Arvore agreste, natural do paiz,<br />
na raiz, folhas grandes, flores em ca chamada assim em Alagoas.<br />
chos amarellos e vermelhos; parece uma E' de bello porte ; tronco esbranquiça-<br />
bananeirinha.<br />
do, leitoso e de grandes dimensões.<br />
Esta planta dá tinta vermelha; das Suas folhas obovaes, oblongas, gros<br />
sementes fazem-se contas para rosários. sas, grandes e lustrosas.<br />
Suas flores são brancas, em cachos nas<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — A raiz é diu- pontas dos ramos, tendo cheiro activo,<br />
retica e antiblennorhagica.<br />
e suave ; seus frutos, de 1 a 2 deci<br />
Das folhas pisadas e cozinhadas faz-se metros, são em forma de fuso capsular,<br />
uma cataplasma emolliente.<br />
cheios de sementes dentro, envoltas em<br />
uma camada de fios sedosos, brilhantes;<br />
Bananeira meia pataca. — tudo isto lhe dá realce.<br />
Musa. — Fam. idem. — E' uma bana É leitosa em todas as suas partes.<br />
neira rara hoje em Pernambuco, onde Do peciolo da folha exsuda um leite<br />
lhe'dão este nome.<br />
copioso.<br />
E' alta, e seu cacho tem 1 metro e 12<br />
centímetros de comprido; é preciso o Bananeira prata. — Musa ar~<br />
esforço de dois homens para o carre gentea.—Fam. Idem.—Esta bananeira<br />
gar.<br />
tem o porte da bananeira da terra, ou<br />
O fructo é grande.<br />
comprida, mas o fructo é muito mais pequeno<br />
que a da terra; regula com a de<br />
Bananeira de morcego.—In S. Thomé.<br />
digena e silvestre; conhecida no Rio de A sua polpa è alva, d'onde parece vir-<br />
Janeiro e S. Paulo por este nome. lhe o nome que recebeu; o seu formato<br />
E' produeto de um arbusto, que dá é triangular e bem distineto.<br />
uma espiga estreita, mas de 18 centí O seu sabor é agradável; tem a casca<br />
metros de comprimento; é amarellada, grossa.<br />
com "um eixo no centro, e tem periferia É mui susceptível de degenerar,<br />
cheia de fruetinhas â semelhança de junto eom outras espécies de seu gê<br />
grãosinhos, que estando maduros, innero.cham. Produz um* espécie de gelatina, que Bananeira samburá. — Musa<br />
é boa de chupar-se.<br />
Angulosa, — Fam. Idem. — Esta espe-<br />
11
66 BAN BAR<br />
ei. de, bananeira é semelhante a Anã,<br />
• . h Io mais elevada.<br />
Seus frutos são de 24 centímetros o<br />
O cacho é grande, o fructo cresce até<br />
36 centímetros, tem os ângulos salientes;<br />
curva-se mais o mancha-se muito<br />
mais; é a mais grossa das de seu gênero, de preto, na maturidade.<br />
"tendo os ângulos mui salientas.<br />
A casca é a mais grossa; a massa »í<br />
A còr da polpa é de um amarello es mais compacta que na de S. Thomé, mais<br />
curo ; não é muito saborosa.<br />
resistente ao tacto, e a que melhor se<br />
torna quando assada ou cozida : tem<br />
Bananeira de S. Thomé ou todos os mais usos das outras.<br />
curta.—Musa paradisíaca, Linn.—Fam. Esta é a espécie que os povos antigos<br />
idem. — Esta banana ha tempos passa julgavam ser o pomo do Paraizo, que<br />
dos, assim como a comprida ou da terra Adão comeu.<br />
era uma das mais communs, ou para<br />
melhor dizer, a mais conhecida e vulgar Barabú. — Arvore do Brasil, cuja<br />
em Pernambuco, porque a de Cayenna madeira é cstimavcl, para construcção e<br />
pouco apparecia no mercado; entretanto vários prestimos.<br />
hoje está um pouco escassa, tomando o<br />
seu antigo lugar a banana prata. Ella é Barahuna ou Guarauna — Me-<br />
quasi lisa, um pouco grossa, cheirosa e lanoxilon Brauna.—Fam. das Legumino<br />
saborosa; tem as folhas mais agudas, e sas.—-É uma das arvores que ennobrecem<br />
o fructo mais macio que a da terra ou a vegetação do Brasil; a Barahuna é co-<br />
comprida.<br />
nhesidanas diversas províncias do Im<br />
Esta banana, como todas, nem só se pério como tal ou Guarauna.<br />
come crua, como cozida, verde ou de vez, Nas Alagoas é mais conhecida por<br />
isto é, quasi madura, com peixe salgado, Maria Preta da Malta.<br />
com mel, em doce secco, ou de calda, ou E' arvore colossal, muito copada, sua<br />
mesmo secca ao sol.<br />
folhagem é miúda e lusida, destribui-<br />
Ella contribue muito como alimento da por palmas.<br />
nas fabricas ou engenhos de assucar e Suas flores, em cachos, são amarel<br />
outras fazendas ruraes.<br />
las, e dá uma vagem comprida como a<br />
O cacho d'esta bananeira só dá três de feijão.<br />
pencas de bananas.<br />
Esta arvore tem,o interior (cerne) roxo<br />
escuro, e duríssimo, e tanto serve para<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS . — As folhas utensílios de marceneria , como para<br />
são empregadas em banhos na urticaria, quaesquer outras obras de machinas de<br />
nos engorgitamentos dos testículos e in- engenho, vehiculos e construcção urchaeões<br />
chronicas das pernas.<br />
bana.<br />
A seiva misturada com água é útil nas A importância da Barahuna é notável<br />
aphtas das crianças.<br />
pela duração secular que tem, mesmo<br />
embebida na humidade da terra.<br />
Bananeira do Taiti.— Fam. das Fornece uma tinta rubra-fusca.<br />
Musaceas, Linn.— Esta bananeira tem o<br />
dorso das folhas côr de violeta, e a casca Barba de botle. — Cactaria pallens.<br />
da frueta quasi preta.<br />
—Fam. das Gramineas. —E' uma espécie<br />
de capim cujas hastes são sulcadas<br />
Bananeira da terra ou com longitudinalmente , as folhas mui esprida.—<br />
Musa sapientium, Linn.—Fam. treitas em feixes, e as flores em grupos.<br />
idem.— Esta é a que se chama na Bahia<br />
— bananeira da terra—impropriamente. PROPRIEDADES MÉDICAS.—E' aperiente<br />
Tem os caracteres da precedente, ele e diluente; usa-se tanto interna como<br />
vando porém o seu porte a maior altura. externamente, e neste caso applica-se<br />
Rompem-se muito as suas folhas. em cataplasmas sobre a região do fígado.
BAR BAR 67<br />
Barba de bode de Pernam contra as anginas tonsillares, e dores<br />
buco. —Fam. das Cyperaceas. —E' uma de dentes.<br />
espécie de capim indígena, cuja vergon- A infusão das flores é purgativa.<br />
tea recta, sem nós e sem folhas, é cheia A raiz é anti-febril, própria para<br />
de uma matéria esponjosa.<br />
combater as febres terças.<br />
E' muito elástica; tem no ápice do<br />
caule um feixe de folhas, onde ha um Barbasco. — Buddleja brasiliensis,<br />
aggregado de palhetinhas que envolvem Swart.— Buddleia australis, Vell.— Fam.<br />
as flores.<br />
das Escrophulareas.— É um arbusto da<br />
E' mui procurada para gaiolas de America Meridional ou somente do<br />
pássaros.<br />
Brasil; de caules erectos, folhas peque<br />
Nas Alagoas a Barba de Bode é outra nas, ovaes, .oppostas, flores em cachos,<br />
espécie; não cresce tanto e serve de amarellas, em fôrma de angelicasinhas,<br />
pasto.<br />
Barba de Boi. — Remirea maríti<br />
tendo por fructo uma cápsula, com varias<br />
sementes dentro.<br />
ma, Aubl. — Fam. das Cyperaceas. — PROPRIEDADES E'<br />
MÉDICAS — Mucilagi<br />
uma espécie de capim de caule rasnosateiro, nodoso, com ramos que elevamse,<br />
nos quaes tem feixes de folhas mui<br />
estreitinhas e duras.<br />
As flores tem a estructura da dos<br />
capins; vegeta nas praias.<br />
Ella foi achada pela primeira vez na<br />
Guyenna por Aublet.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. • E' sudorifica<br />
e diuretica.<br />
Barba de "Velho.— Tillandsia usneoides,<br />
Linn. — Fam. das Bromeliaceas.—<br />
E' uma planta do paiz, parasita.<br />
Cresce sobre troncos, e dá,filamentos.<br />
E' mui aproveitada para ninhos de<br />
aves, e pôde servir para confecção de<br />
cordas.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. —Esta planta<br />
i. pisada e misturada com um pouco de<br />
banha fresca, constitue um bom unguento<br />
anti-hemorrhoidal, topicamente<br />
applicado.<br />
Como adstringente o povo emprega a<br />
planta em saquinhos nas hérnias, collocando-os<br />
e mantendo-os sobre o annel<br />
inguinal.<br />
1 e levemente amarga, esta planta<br />
é empregada nas affecções peitoraes.<br />
Os clysteres de Barbasco ou os banhos<br />
feitos de seu cosimento são anti-hemorrhoidaes.<br />
Raiz ou folhas, 4 grammas para 500<br />
grammas, de infusão.<br />
Barbatimão. — Mimosa virginalis,<br />
Arr. Cam. — Stryphnodendron. Barbatimão,<br />
Mart'.—Acácia virginalis, Phol.—<br />
Fam. das Leguminosas. — É uma das<br />
mais bellas arvores indígenas.<br />
É elevada, de casca áspera, folhagem<br />
em palminhas miúdas ; as flores dispersas<br />
pelos ramos, nas axillas e pontos<br />
terminaes, são reuniões de florinhas<br />
delicadas, formando frocos que parecem<br />
bolotas; o fructo é uma vagem<br />
deprimida; sementes á semelhança de<br />
grãos de feijão. (Fig. 9.)<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— Esta planta<br />
gosa de uma grande reputação.<br />
É freqüentemente usada nos casos<br />
que exigem os tônicos ou adstringentes;<br />
taes como gonorrhéas, hemoptisis, atonia,<br />
ophtalmias chronicas, e affecções<br />
scorbuticas.<br />
Barbas de barata.— (No Rio de Barriguda . — Bombax ventricosa,<br />
Janeiro CHAGAS.) I Arr. Cam. — Fam. das Bombaceas. —<br />
Arvore agreste do paiz, vegeta no cen<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— No Norte se tro, raramente no littoral; hoje porem<br />
faz uso d'esta planta em cosimento é raro encontrar-se em qualquer matta.
6H BAT<br />
B\T<br />
A arvore é grande ; seu tronco tem Batata. —Convolru/us Batata, Linn.<br />
no meio um bojo similhante ao da — Fam. das Convolvulaceas.— Y.^w serve<br />
Maraibeira.<br />
como tvpo das batatas.<br />
Suti- folhas cm forma de palmas, são Planta indígena da America Meridio<br />
cinco a sete folhetas dispo 4as no ápice nal, e da índia, vivaz ; isto é,
BAT BAT 6»<br />
ou abre-se em duas valvas sobre PROPRIEDADES MÉDICAS.— As folhas»<br />
postas.<br />
as flores, e as bagas são sedativas,<br />
O embryão, cujos cotyledones ou lo narcóticas, úteis nas nevralgias e rheubulos<br />
são machucados, é enrolado sobre matismos.<br />
si mesmo, e -eollocado no centro de Emprega-se também nos catarrhos<br />
um endosperma molle e como que chronicos.<br />
mucilaginoso.<br />
O tuberculo é emolliente e analeptico;<br />
raspado ou triturado serve para<br />
Batata amarella ou Gerimú. cataplasma, que se applica sobre as<br />
— Convolvulus. — Fam. das Convolvula queimaduras.<br />
ceas. — Espécie semelhante á preceden O pó bem secco applica-se sobre as<br />
te; porém seu tecido ou substancia é ligeiras escoriações, e no intertrigo das<br />
amarello, com as mesmas propriedades. crianças.<br />
Também a chamam Batata Gerimum. A batata é um poderoso antiscorbutico,<br />
quer crua quer cosinhada; sendo<br />
Batata coração magoado. — crua, melhor.<br />
Convolvulus.— Fam. Idem.— É semelhante<br />
á outra, mas a pellicula exte Batata de purga. — Convolvulus<br />
rior é roixa, a massa é branca, e no operculatus, Gom. — Piptostegia Gomesii<br />
centro fôrma uma substancia roixa. Mart.—Fam. das Convolvulaceas.—Planta<br />
Por este nome é conhecida nas Ala herbacea do Brasil, caule trepador sem<br />
goas.<br />
gavinhas, quadrangular, de ângulos<br />
membranosos.<br />
Batata ingleza.— Solanum tubero- Folhas ovaes, um pouco angulosas,<br />
sum, Linn.— Fam. das Solanaceas.— Esta inteiras, um pouco acuminadas, obtu<br />
planta, originaria da America Septensas, mucronadas, molles, quintipennitrional,<br />
é o vegetal mais precioso que nerveas, na base formando um angulo re-<br />
a Europa tem tirado do novo mundo; intrante, verde escuras na face superior,<br />
e é lá muito cultivado.<br />
e esbranquiçadas na inferior.<br />
É o produeto de uma erva, de porte Flores solitárias, pedunculadas, de<br />
pequeno, esgalhada, ramos erectos, fo pedunculos axillares.<br />
lhas lobadas, e flores esbranquiçadas. Corolla infundibuliforme e amarel<br />
Na raiz formam-se fibras, que se torla.nam em tuberas redondas, de côr aloi- Fructo capsular, raiz tuberosa fusirada,<br />
pellicula fina e superfície lisa, forme, de 36 centímetros mais ou me<br />
contendo algumas depressões redondas ; nos de comprimento, lactescente, con<br />
a massa é loira e de bom sabor. tendo na raiz uma resina que é bastante<br />
Os pontos deprimidos ou cicatrizes purgativa, conhecida<br />
da superfície, são os pontos por onde Resina de Batata.<br />
pelo nome de<br />
rebentam os grelos.<br />
A fecula, que contém a raiz conhe<br />
Suas tuberas, extremamente ricas de cida pelo nome de Gomma de Batata,<br />
amido, são o alimento do rico e do tem a côr branca acinzentada.<br />
pobre; ella é também cultivada em É ordinariamente um medicamento<br />
todo o Brasil.<br />
incerto, pelo que sempre convém usar-se<br />
O amido extrahido das batatas, a da resina purificada.<br />
que dão o nome de fecula, é misturado<br />
em grande escala com a farinha PROPRIEDADES MEDICAR. — Essa batata<br />
de trigo.<br />
conhecida no Rio de Janeiro pelo nome<br />
de Raiz de Jeticucú, é usada como<br />
Batata do mar.— lpomoza marí purgativa.<br />
tima.— Fam. das Convolvulaceas.— É o Internamente a gomma, de2decigram-<br />
mesmo que a Salsa da praia. mas a 1 grammae7 decigrammas,e a re-
HO BAT BAT<br />
sina de 1 gramma a 2 grammas e 2 deci- lente para doce, mas muito rara, e diz-se<br />
grammas.<br />
que é a que mais flatulencia produz.<br />
Batatinha.— V. Contra-herva.<br />
Batata bainha.— Convolvulus edulis,<br />
Linn e Tumb. — Fam. das Convol Bate-testa.— V Camapú.<br />
vulaceas. — Esta planta, introduzida ha<br />
poucos annos no Brasil, é natural do Batinga. — Eugenia duríssima. —<br />
Japão.<br />
Fam. das Myrtaceas.— Arbusto de me<br />
É uma herva de K metro de altura, diana proporção; tronco liso e madeira<br />
estendendo o seu caule com folhas mui dura; é do paiz, conhecido em<br />
divididas em três lobos ou lacinias, Pernambuco e Alagoas por este nome.<br />
e peciolos compridos.<br />
As folhas são miúdas, oppostas.<br />
As flores são roixas, como as das As flores de côr branca e com cheiro.<br />
outras batatas.<br />
O fructo pequeno, ovoide de côr<br />
O fructo é uma pequena cápsula, a roixa na maturidade, coroado por qua<br />
tubera tem semelhança com a da batro palhetinhas foliaceas no ápice.<br />
tata propriamente dita ; a casca porém Depois da pellicula externa tem uma<br />
é mais amarellada, e a massa mais en polpa aquosa, acredoce, agradável, da<br />
xuta e saborosa. É alimentícia. mesma côr do fructo; e um caroço, no<br />
centro, esbranquiçado.<br />
Batata de rama ou Inhame A madeira d'este arbusto é presti-<br />
farinha. — Fam. Dioscoraceas. — mosa, Nas muito dura e avermelhada, muito<br />
Alagoas é conhecida esta batata por apropriada para esteios e outras obras<br />
este nome.<br />
d'esta natureza.<br />
É uma planta trepadeira de folhas Os fruetos são temperantes, segundo<br />
ovaes, coriaceas, de três lobos. affirmam.<br />
As flores não observadas; offerece<br />
Batiputá bravo.— Gomphia ca<br />
pelos ramos uns tuberculos escuros, de<br />
duca.— Fam. das Ochnaceas.— Arbusto<br />
12 centímetros de comprimento, de<br />
médio, de porte bonito, mormente na<br />
fôrma angulosa, com a superfície um<br />
epocha da floração; vegeta no littoral.<br />
pouco cheia de protuberancias.<br />
E ramoso, de folhas meio compri<br />
Se bem que a casca seja lisa, offedas,<br />
luzentes.<br />
rece também na raiz umas tuberas de<br />
As flores são, em cachos grandíls,<br />
casca grossa, cheia de radiculas ca-<br />
amarellas e fragrantes.<br />
pillares, que tem chegado a 4 % kilo-<br />
Os fruetos são uma espécie de tugrammos<br />
de peso ; acha-se uma massa<br />
berculos vermelhos, reunidos por gru<br />
branca, e farinacea; depois de cosipos,<br />
de cinco óvulos, erectos, como<br />
da , é enxuta, doce e muito boa para<br />
encravados em um disco, cujo corpo é<br />
comer-se.<br />
também vermelho e suculento.<br />
Dá esses tuberculos acima referidos,<br />
Dentro de cada coca d'estas ha uma<br />
que representam bolbos reniformes,<br />
semente que é muito oleosa.<br />
de côr parda-acinzentada, verrugosos, e<br />
Este óleo tem usos medicinaes, assim<br />
que reproduzem a espécie.<br />
como tem o Batiputá manso.<br />
Batata roixa. — Convolvulus. —<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. — Vegetaes<br />
Fam. das Convolvulaceas. —Esta espécie<br />
ligneos, mui glabros em todas as suas<br />
« como a primeira batata, a branca.<br />
partes, tendo folhas alternas, munidas<br />
A differença consiste em não crescer<br />
de duas estipulas na base; flores pe-<br />
muito ou tanto, e em que a casca e a<br />
dunculadas, rarissimas vezes solitá<br />
massa são roixas.<br />
rias, as mais das vezes dispostas em<br />
É das melhores ao paladar, e excel.<br />
| cachos ramosos.
BAU BAU ?1<br />
Os pedunculos são articulados no<br />
meio de sua extensão.<br />
Ellas tem um cálice de cinco divisões<br />
profundas, imbricadas lateralmente<br />
antes de seu desenvolvimento.<br />
Uma corolla de cinco a dez pétalas<br />
patentes, e imbricadas na epocha da<br />
prefloração.<br />
Os estames variam de cinco a dez e<br />
mesjno mais, tendo os filetes livres,<br />
Ella é sarmentosa e trepadeira, tem os<br />
caules verdes, cylindrícos, nodosos, da<br />
grossura de um dedo, munidos de gavinhas<br />
ou antes raizes adventiçias, que<br />
se implantam na casca das arvores visinhas,<br />
e servem tanto para alimental-a<br />
como para sustental-a, visto que a planta<br />
continua a vegetar depois de separada<br />
da terra.<br />
Folhas rentes , alternas , distantes ,<br />
inseridos, assim como as pétalas, abaixo ovaes-oblongas, agudas, lisas, um pouco<br />
de um disco hypogynico salientissimo, espessas, com nervuras longitudinaes.<br />
onde está implantado o ovario.<br />
Flores dispostas, no ápice dos ramos,<br />
Este é deprimido no centro, e pa em cachos axillares pedunculados; o perece<br />
formado de vários pistillos disriantho ou envoltório dos órgãos sexuaes,<br />
tihctojs, collocados em redor de um é de um verde amarellado por fora, bran<br />
estylete central, que parece nascer imco interiormente, formado de seis semediatamente<br />
do disco. O estylete é palas.<br />
simples, e sustenta no ápice um nu O fructo é uma cápsula earnosa, verde%<br />
mero variável de lobos stigmatiferos. a principio e depois de côr roixa escura,<br />
O fructo se compõe das lojas do ovario, comprida e siliquosa.<br />
que se separam umas das outras e que Sementes numerosas, pretas, globu-1<br />
formam outras tantas carpellas dru- losas, repletas de um sueco roixó, espespaceas,<br />
sustentadas pelo disco ou gyso e balsamico.<br />
nobasio, que cresceu.<br />
Colhe-se o fructo antes de estar ma<br />
Estas carpellas, algumas das quaes duro, para evitar que se rache, e deixe<br />
abortam ás vezes, são unilocullares, mo escorrer o sueco que contém; faz-se secnospermicas<br />
e indehiscentes; ellas parecar á sombra, cobre-se com uma camada .<br />
cem, de algum modo, articuladas sobre de azeite; emflm fazem-se molhos cóm<br />
. o gynobasio do qual se separam facil 50 ou 100 cápsulas, e mettem-se em caimente.xinhas<br />
de folhas.<br />
A semente encerra um grosso embryão No commercio ha três espécies:<br />
erecto desprovido de endosperma. l.<br />
Batiputá manso. —Gomphia jdbotapitá,<br />
Linn. e Will. — Fam. idem. — É<br />
um arbusto semelhante ao precedente, e<br />
com o qual quasi se confunde.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— O seu óleo<br />
é applicado nas dores rheumaticas, erysipelas,<br />
feridas do utero e outras ulceras.<br />
É usado também na arte-culinária.<br />
Baunilha — Vanilla aromatica,<br />
Svoart.— Fam. das Orchidaceas. — Epidendron<br />
vanilla, Linn.— Planta herbacea<br />
das índias Orientaes.<br />
Cresce também no México, no Peru, na<br />
Colômbia, na Guyenna e nas províncias<br />
do Norte do Brasil; mas no Pará é onde<br />
mais abunda.<br />
a Baunilha legitima, é do comprimento<br />
de 16 a 20 centímetros, da grossura<br />
de 7 a 9 milimetros, enrugada e<br />
sulcada no sentido do seu comprimento,<br />
mais estreita nas extremidades, e curvada<br />
na base; um pouco molle e viscosa,<br />
de côr roixa escura; cheiro forte, agradável.<br />
Conservada n'um lugar secco, e n'um<br />
vaso que não seja hermeticamente fechada,<br />
esta baunilha se cobre de cristaes<br />
de ácido benzoico; é a mais estimada.<br />
2. a Baunilha bastarda, é mais curta,<br />
mais delgada, mais secca, de côr menos<br />
carregada ; é menos aromatica e<br />
não efnorece.<br />
A 3. a espécie, chamada Baunilhão, tem<br />
vagens de 14 a 19 centímetros de comprimento,<br />
ede 14 a21 millimetros de lar-
?t BAC BAX<br />
gura ; é mui escura, quasi preta, molle, rior uma depressão glandulosa que é o<br />
viseosa, de cheiro forte e menos agra estigma, e no ápice uma anthera de duas<br />
dável que a das duas primeiras espé lojas, abrindo-se quer por uma sutura<br />
cies, o parece ter ultrapassado o seu longitudinal, quer por um operculo que<br />
ponto de maduresa; julgam alguns que fôrma toda a parte superior dYlla.<br />
não «• fornecida pelo mesmo vegetal. O pollen contido em cada loja está<br />
reunido em uma ou varias massas, tendo<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— É um dos<br />
a mesma fôrma que a cavidade que as en<br />
excitantes mais agradáveis da matéria cerra.<br />
medica.<br />
No ápice do gymnostemio sobre as<br />
É aphrodisiaca, emmenagoga, e diu- partes lateraes da anthera, acham-se dois<br />
retica.<br />
tuberculosinhos, que são dois estames<br />
É muito usada, sobre tudo pelo seu abortados, e que se chamam estami-<br />
aroma na composição do chocolate. nodios. /<br />
Internamente dá-se o pó na dose de Estes dois estames são pelo contrario^<br />
1ÍS grãos até 1 oitava.<br />
desenvolvidos no gênero Cypripedium;<br />
Tintura de 1 a 8 grammas, em uma ao passo que o do meio aborta.<br />
poção.<br />
Xarope, 16 a 32 grammas.<br />
O fructo é uma cápsula unilocular, contendo<br />
grande numero de sementes pequeninas,<br />
inseridas em trez trophosper-<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.—Plantas vimas parietaes, salientes e bifurcados do<br />
vazes, algumas vezes parasitas, tendo lado interno.<br />
uma raiz composta de fibras simples e cy- Estas sementes tem o tegumento exlindricas,<br />
muitas vezes acompanhada de terior formado de uma redezinha ligeira,<br />
um ou de dois tuberculos carnosos, ovoi- e se compõem de um endosperma, no qual<br />
desou globulosos, inteiros ou digitados. existe um pequenino embryão axillar e<br />
As folhas são sempre simples, alternas, homotropo.<br />
invaginantes<br />
As flores muitas vezes grandíssimas e Baunilha da Bahia.— Vanilla<br />
de uma fôrma particular, são solitárias, palmarnm.—Fam. idem.<br />
fasciculadas, á maneira de espigas ou panicula.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Applica-se<br />
O cálice é de seis divisões profundas, nas febres adynamicas e nas nevrozes.<br />
três das quaes interiores e três exteriores.<br />
Estas, freqüentíssimas vezes seme Baunilha brava.—Gymbidium Valhantes<br />
entre si, estão á vista ou aproxinilla. — Fam. idem. — Herva ou pequeno<br />
madas umas das outras na parte supe subarbusto, parasita, volúvel, de caule<br />
rior da flor, onde formam uma espécie de cylindrico; vegeta exclusivamente sobre<br />
capacete (calix galeatus).<br />
as palmeiras de Aricory.<br />
Das três divisões internas duas são la- É uma planta verde sempre, de foteraes,<br />
superiores, e semelhantes entre si: lhas carnosas, duras e lanceoladas.<br />
uma é inferior, d'uma figura toda parti As flores amarellas e grandes, sem<br />
cular, e traz o nome de labello ou aven cheiro, em pencas.<br />
tal.<br />
O fructo é uma espécie de vagem,<br />
Elle apresenta ás vezes em sua base um tendo dentro uma substancia branca,<br />
prolongamento concavo chamado esporão esponjosa; contendo muitas sementes<br />
(labellum calcaratum).<br />
pequenas e pretas, cuja substancia in<br />
Do centro da flor se eleva no ápice do terna se emprega contra os pannos ou<br />
ovario uma espécie de columella deno ephelides da cutis, com feliz resultado.<br />
minada gymnostemio, que é formada pelo<br />
estylete e pelos filetes estaminaes soldaBaxiuba<br />
ou Coqueiro Bados,<br />
e que traz na face anterior e supexiuba. — Sriartea ventricosa, Mart. —
BEI BEI 73<br />
Fam. das Palmaceês. — O fructo é co Suas folhas são alternas, ovaes, cheimestível.rosas,<br />
como também a madeira.<br />
• Ha mais três espécies : Iriartea exorFlores<br />
amarellas.<br />
rheza, Iriartea deltoidea, Iriartea Os seli- fruetos são bagas vermelhas, que<br />
pera.<br />
se tornam escuras com o tempo; o<br />
Bayueurú. — E uma .planta her<br />
sueco resinoso e balsamico corre por<br />
incisões, que praticam n'arvore.<br />
bacea do Rio Grande do Sul, que tem Este sueco é branco, mas pelo con-<br />
um bulbo, que passa por especifico tacto do ar se solidifica e se torna es<br />
centra as hydropesias.<br />
curo.<br />
O Beijoim que nos trazem os serta<br />
Beijo do mato .—rPhaseolus rubrus. nejos é muito mal preparado, e por<br />
essa razão se vende por preço muito<br />
inferior ao que nos fornece o estran- r<br />
geiro.<br />
O Beijoim queima-se nas igrejas, lançado<br />
nas brasas, misturado com o in-.<br />
censo,<br />
— Fam. das Leguminosas.— Herva indígena,<br />
conhecida por este nome nas<br />
Alagoas.<br />
E uma trepadeira, de caule fino,<br />
folhas ternadas, de figura elliptica e<br />
estreitas.<br />
Flores como a do feijão, porém de<br />
côr vermelho-rubra.<br />
O fructo é uma vagem estreitíssima,<br />
cujas sementes assemelham-se ás do<br />
, feijão; são rajadas de cinzento.<br />
Beijo de moça. — Cosmos bipina-<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— Emprega-se^<br />
como estimulante nas bronchites, asthma,<br />
atonia de órgãos digestivos.<br />
O Beijoim entra na composição do<br />
Balsamo catholico muito usado nas contuzões,<br />
quedas e cortaduras.<br />
lus, Gav.—Fam. das Compostas. — Flor Na preparação *do leite virginal, é em<br />
de jardim, exótica, natural do México. pregado como objecto de toucádor.<br />
Herva que chega até 1 % metro de Em loções nas manchas da pellé.<br />
altura.<br />
sardas, etc<br />
Folhas em fôrma de palmas, com<br />
as flores no cimo dos ramos; formam CARACTERES DA FAMÍLIA.—Esta fa<br />
um circulo de laminazinhas rosadas, mília encerra arvores ou arbustos de<br />
que tem no centro o aggregado de folhas alternas, sem estipulas, de flores<br />
florinhas amarellas.<br />
axillares, algumas vezes tèrminaes.<br />
Dá um fructo preto, de figura pyri- O cálice é livre ou adherente ao ova^<br />
forme, tendo por cima dois aguilhõesi- rio infero.<br />
nhos.<br />
O limbo é inteiro ou dividido.<br />
A corolla é gamopelata, regular. Os<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Usado con estames, cujo numero varia de 6 a 10,<br />
tra a ictericia, e affecções biliosas. são livres, ou monadelphos pela base.<br />
i<br />
O ovario, ora supero, ora infero, tem<br />
Beijo de palma.— V. Velludo. ordinariamente quatro lojas, separadas<br />
por divisões membranosas e delgadis-<br />
Beijoeíro. — V. Estoraque.<br />
simas; cada uma d'estas lojas contém<br />
commuménte quatro óvulos inseridos<br />
Beijoim. — Laurus Benzoin, Linn. — no angulo interno da loja, dois erectos<br />
Styrax Benzoin, Rich. — Fam. das Styra- e dois deitados.<br />
caceas. — E uma arvore que dá com O estylete é simples, terminado em<br />
abundância na parte Meridional de um estygma pequeno e singelo.<br />
Sumatra, de Java e no reino de Syão ; O fructo é ligeiramente carnoso; con<br />
também se encontra nos sertões do tém d'um a quatro caroços ósseos, e<br />
Brasil.<br />
mais ou menos irregulares.<br />
12
74 BEL BEQ<br />
A semente ó formada, além do tegumento<br />
próprio, d'um endosperma carnoso.<br />
BER BER 75<br />
pos^semelhantes ao sabugo do milho, Bertalha. — Bazelta rubra. — Fam.<br />
roliços e esbranquiçados.<br />
das Atripliceas.— Esta planta é origi<br />
A planta é aromatica.<br />
naria de Malabar, introduzida em nosso<br />
paiz, e conhecida por este nome até<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— É sedativa, as províncias do Sul.<br />
e por isso sua decocção é empregada em É um vegetal herbaceo, trepador,<br />
banhos contra o rheumatismo.<br />
enlaça-se nas cercas e latadas; seus<br />
ramos são molles succullentos ; as fo<br />
Bergamota. — Citrus Limetta. — lhas ovaes.<br />
Fam. das Auranciaceas.— A arvore tem Suas flores parecem antes botões.<br />
os ramos espinhosos, folhas grandes, As fruetinhas são esphericas, roixas,<br />
ovaes, arredondadas, sustentadas por pe- molles ao tacto, com uma pellicula fina,<br />
ciolos longos e alados.<br />
cheias de um sueco aquoso, colorido em<br />
Os fruetos são pequenos, arredonda roixo forte.<br />
dos, um tanto mamillosos no ápice; a Este sueco combinado com o ácido de<br />
casca dos fruetos é delgada, de um ama limão fica rubro, mas a côr não perrello<br />
dourado, lisa, cheia de um óleo siste.<br />
essencial suave e picante, que é muito É comestível; ha duas espécies, branca<br />
procurado na arte da perfumaria. e amarella.<br />
Applica-se como emollíente e refri<br />
Bergamota de jardim. — Ligerante.metta vulgaris.—Fam. das Aurantiaceas.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA<br />
— Chama-se assim em Pernambuco a<br />
— Plantas<br />
uma herva exótica, cultivada em jardins,<br />
herbaceas ou ligneas, de folhas alter<br />
delicada, quasi rasteira, de folhas opnas<br />
ou oppostas, sem estipulas.<br />
postas, pequenas, semi-redondas, leve<br />
Suas flores são pequenas, algumas<br />
mente serreadas; de cheiro activo e agra<br />
vezes unisexuaes, dispostas quer em<br />
dável ; nunca floresce em Pernambuco.<br />
cachos ramosos, quer grupados no<br />
Serve de ornamento de jardins.<br />
fundo das folhas.<br />
O cálice gamosépalo, ás vezes tubuloso<br />
na base, é de três, quatro ou cinco<br />
Beringela. — Solanum melongena ,<br />
lobos mais ou menos profundos, per<br />
Linn. — Solan. macrocarpum, Maeg.—<br />
sistentes ,<br />
Fam. das Solanaceas. — Esta planta é<br />
Os estames variam de um a cinco;<br />
originaria da America Meridional. É<br />
são inseridos, ou na base do cálice,<br />
herbacea, sobe ai ou 1 % metro de al<br />
ou debaixo do ovario; estes estames são<br />
tura ; é suceulenta, de folhas alternas<br />
oppostos aos lobulos do cálice.<br />
roxeadas, oblongas e pendentes.<br />
O ovario é livre, unilocular, monos -<br />
Flores esverdinhadas á maneira de es- permico, contem um só óvulo erecto e<br />
trellas.<br />
sustentado algumas vezes por um po-<br />
O fructo è oblongo, arroixeado, de sudosperma mais ou menos comprido e<br />
perfície lisa e brilhante.<br />
tênue.<br />
A substancia interna é aquosa, com O estylete, que é raramente simples, é<br />
quatro repartições cheias de sementes de duas, três ou quatro divisões, termi<br />
chatas; são pouco distinetos os septos. nadas cada uma em um estigma sovelado.<br />
A Beringela come-se preparada de toda O fructo é um akenio ou umabagasi-<br />
a maneira.<br />
nha.<br />
Também faz activar a secreção uri A semente se compõe, além do tegunaria,<br />
e é útil contra as arêas da bemento próprio, d'um embryão cylindrico,<br />
xiga.<br />
tênue e curvo sobre um endosperma farinaceo<br />
ou enrolado em espiral, e varias<br />
Beririçô. — V. Maririçô.<br />
vezes sem endosperma.
76 BIC BIC<br />
Betonica. — Betonica brasiliensis — ceoladas, oblongas e inseridas com toda<br />
Farm. das Labiadas.—Pequeno subarbusto a regularidade nas duas faces oppostas<br />
conhecido nosertAo por este nome, donde dos ramos.<br />
sem duvida, parece ser natural.<br />
As flores são unisexunes, dioicas.<br />
E' -nmelhante, com pouca differença, A organisação do fructo é tão cu<br />
ao gênero Betonica da Europa, (Betonica riosa, que merece uma descripção mi<br />
officinalis, Linn).<br />
nuciosa.<br />
Seu caule traz de ordinário poucas fo Assemelha-se a uma drupa, indehislhas,<br />
e estas ovaes, dentcadas,com cheiro; cente, bivalve, e de forma ellyptica ; o<br />
munidas de peciolos longos e finos. pericarpo torna-se coriaceo, e encerra<br />
As flores reunidas em capitulo globu- na sua única cavidade uma semente<br />
loso. sustentado por um pedunculo com envolvida por um arillo, (massa earprido,<br />
são tubulosas, abrem-se em dois nosa contendo uma substancia oleosa<br />
lábios recortados, de côr purpurea, roixa. conhecida por óleo de Bicuiba), e cuja<br />
Ofrueto éhispido, e n*elle acham-se as superfície acha-se revestida de -uma<br />
^ementinbas pardas, lusidias, pyrifor- membrana vermelha assetinada, toda<br />
mes.<br />
recortada, e, em alguns fruetos, dividida<br />
em lacinias.<br />
Betre. — V Betys.<br />
O episperma é mais coriaceo do que<br />
Bety s. —Piper encahjptifolium.—Fam.<br />
membranoso, e o embryão endospermico.<br />
das Piperaceas. — Arbustinho de ramos Segundo o sábio botânico Mariius,<br />
nodosos e folhas lanceoladas, largas. se a Myristica officinalis, que faz objecto<br />
Flores em espécies de espigas, como o d'esta descripção, fosse cultivada con<br />
Mahaisco.<br />
venientemente, o seu fructo poderia ser<br />
Vegeta no Amazonas.<br />
equiparado ao da Myristica moschata ou<br />
aromatica, originaria das Molucas.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— O cosimento<br />
A madeira da Bicuiba é branca, em<br />
d esta planta, isto é das suas folhas e da pregada em vigamentos e assoalhos;<br />
raiz, é um excellente calmante contra as a frouxidão do seu tecido torna-a im<br />
eólicas flatulentas.<br />
própria para certas obras.<br />
Dando-se golpes sobre seu tronco,<br />
Bico de Papagaio.—Euphorbiaín-<br />
escorre um liquido extremamente fluido,<br />
camata.—Fam. das Euphorbiaceas.—Plan côr de sangue.<br />
ta exótica, conhecida em Pernambuco e A trasformação da côr vermelha que<br />
Bahia por este nome.<br />
se observa logo que se expõe ao con-<br />
Este arbusto é de uma elegância notátacto do ar, pôde ser explicada pela<br />
vel pelo brilho de suas bracteas purpurinas.<br />
acção oxidante do mesmo ar. (Fig. 10.)<br />
Serve de ornamento de jardim.<br />
Bieoropiá—Fructo agreste do Pará,<br />
de 6 centímetros de diâmetro, redondo,<br />
de côr alaranjada; casca tênue e frágil.<br />
Dentro encerra uma massa branca,<br />
aquosa, muito doce, na qual existem<br />
muitos caroços redondos e vermelhos.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— É applicada<br />
contra as dores rheumaticas, e os tumores<br />
arthriticos, e considerado como<br />
efficaz nas eólicas e dyspepsias.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.— Arvores todas<br />
exóticas e crescendo debaixo dos<br />
trópicos, tendo folhas alternas, não<br />
ponetuadas, inteiras.<br />
Bicuiba. — Myristica officinalis. — Flores dioicas, axillares ou terminaes,<br />
Fam. das Myristicaceas.—Arvore que ve- diversamente dispostas.<br />
peta nas províncias do Sul do Império. O cálice, gamosépalo, é de trez divi<br />
Suas folhas são simples, alternas, lansões valvares.
BIC BOA 77<br />
Nas flores machos, se acham de três Bilimbi. — Averrhoa Bilimbi, Linn.<br />
a doze estames monadelphos, cujas — Fam. das Oxalidaceas. — Bonito ar<br />
antheras approximadas, e muitas vezes busto originário da índia.<br />
soldadas, se abrem por um sulco lon Seu tronco tem a grossura de 12 cengitudinal.tímetros<br />
'de diâmetro.<br />
Nas flores fêmeas, o ovario é livre, Suas folhas, de verde gaio, dispos<br />
de uma só loja, contendo um só óvulo tas em palmas.<br />
erecto, e anatropo ; mui poucas vezes As flores em cachos ou feixes dis<br />
ha duas.<br />
tribuídas, são côr de rosa; nascem<br />
O eâtylete é curtíssimo, terminado nas axiRas e continuidade dos ramos.<br />
em um estigma lobado.<br />
Tem por fructo uma baga de 9 a<br />
O fructo é uma espécie de baga cap 12 centímetros, de figura oval-oblonga,<br />
sular, abrindo-S3 por duas valvas. afinando para as extremidades, de côr<br />
A semente é coberta por um falso verde pallida, mesmo na maturidade,<br />
arillo carnoso*, dividido em grande nu e coberta por uma pellicula fina; o<br />
mero de filamentos.<br />
interior é occupado por uma polpa<br />
O endosperma é corneo e duríssimo, aquosa, bastante ácida, quasi trans<br />
marmóreo, contendo na sua base um parente; contem duas sementes elly-<br />
pequenino embryão erecto.<br />
pticas, deprimidas e esbranquiçadas.<br />
Esta família tem por typo a Mosca- O fructo é ácido agradável, refrideira<br />
(Myristica).<br />
gerante e usado em limonadas.<br />
É distincta das Lauraceas pelo cálice E também applicada para tirar no-<br />
de três divisões; pelos estames modoas de fazendas, nas tinturarias.<br />
nadelphos, abrindo-se por um sulco<br />
longitudinal; pela semente erecta, ari- Bilros.— Cartoleta speciota, Arr. C.<br />
lhada, pelo embryão pequenino, encer — Fam. das Liliaceas.— É uma planta<br />
rado n'um endosperma duro e mar do sertão, classificada pelo Dr. Arruda<br />
móreo.<br />
Câmara.<br />
Alguns authores approximam esta Tem um bolbo que se come no<br />
família das Anonaceas, entre as Polysertão.<br />
petaleas. Mas é uma afnnidade que Suas flores são vermelhas e mui<br />
parece pouco real; só existe a se bellas.<br />
mente que offerece, com effeito, alguma<br />
analogia entre estas duas famílias, no<br />
Ha outras differentes espécies.<br />
mais tão differentes.<br />
Biribá.— Anona.— Fam. das Anonaceas.—<br />
Fructo do Pará e do Mara<br />
Bicuiba ou Bequiba. — Myrisnhão onde tem este nome.<br />
tica sebifera, Lamck. — Fam. das Lau É uma espécie de Pinha ; provém de<br />
raceas. — E uma arvore alta natural um arbusto; que pela structura de seu<br />
dos terrenos do Equador; também dá fructo se assemelha muito ás Anonas.<br />
na Bahia.<br />
Esse fructo é de 12 centímetros mais<br />
Suas folhas são alternas, oblongas e ou menos, figura conica, superfície com<br />
cobertas inferiormente de um pello posta de escamas bem como a Pinha.<br />
avermelhado.<br />
Internamente a massa é branca, re<br />
As flores em cachos, miudissimas e sultado da reunião de muitos bagos,<br />
avermelhadas.<br />
cada qual com um caroço preto, el-<br />
O fructo globuloso, de 4 a 6 centílyptico, luzidio.<br />
metros, quasi seeco, de duas valvas Diz-se que não tem máo gosto; e é<br />
com uma ou duas sementes, que são bsm análoga à Pinha ou a frueta da<br />
envoltas em uma matéria sebacea.<br />
Serve para fazer velas esta matéria,<br />
Condeça.<br />
que se colhe do tronco por incisões.<br />
Boas noites.— Vinca rosea, Linn.—
BON BOR 79<br />
As folhas quasi redondas, suceulentas. Seu cálice é gamosepahv, .eolorido?<br />
. As flores em cachinhos, não só brotam muitas vezes tubuloso, intumescido na<br />
nos lugares ordinários, como nas expan parte 4 inferior, que freqüentes vezes é<br />
sões dos ramos; são como estrellinhas mais espessa, e persistente depois da<br />
amarellas.<br />
queda da parte superior.<br />
O fructo é uma cápsula em fôrma de O limbo é mais ou menos dividido<br />
pião, tendo um núcleo no centro, coberto em lobulos enrugados.<br />
de polpa branca.<br />
Os estames variam de 5 a 10, e são<br />
A madeira d'esta arvore é applicada inseridos na borda superior d'uma es<br />
em diversos usos.<br />
pécie de disco hypogynico, muitas vezes<br />
em fôrma de cúpula.<br />
„, Bonina. — Nyctago hortensis, Juss. O ovario é de uma só loja, contendo<br />
, —fMirabilis, dichotoma, Linn. — Fam. um das óvulo erecto.<br />
Nyctagaceas.— E' planta natura.l do Peru, O estylete^; e; o estigma são simples.<br />
, do México e da índia.<br />
O fructo é%ima cariopse, coberta em<br />
Tem diversos nomes pelas províncias parte pelo disco e base do cálice, que<br />
4o Império.<br />
são crustáceos, e formam uma espécie<br />
, Em Pernambuco e Bahia tem o nome de pericarpo accessorio.<br />
de Bonina; no Pará e no Maranhão o de O verdadeiro pericarpo é delgado<br />
Boas noites, em S. Paulo, Rio de Janeiro adherente ao tegumento próprio da se<br />
e Minas o de Maravilha.<br />
mente ; esta se compõe de um embryão<br />
E' uma planta herbacea, seu caule apre -inclinado<br />
sobre si mesmo, tendo a ra-<br />
, senta nós de distancia em distancia. dicula curva sobre a face de um dos<br />
Folhas oppostas, lanceoladas, molles. cotyledones, e abraçando assim o en<br />
Flores associadas em recéptaculo fodosperma que fica central.<br />
liaceo, tendo no centro uma semente oval<br />
angulosá, e no apicé uma flor de tubo Borboleta. — É uma flor a que em<br />
. longo, que abre como um funil; sahem Pernambuco se dá este nome.<br />
do tubo filetes. Esta flor abre-se de noite, Ha branca e amarella, e produeto de<br />
e fecha-se pela manhã.<br />
uma planta, cujo caule cresce de 46<br />
Raiz de 24 a 30 centímetros de compri centímetros a 1 metro, contendo as<br />
mento, e 6 de diâmetro, irregularmente folhas em ordem symetrica, alternada-<br />
arredondada, fuziforme, roixa escura por mente.<br />
fora, branca por dentro; gosto acre, sem Os peciólos d'essas folhas são como<br />
.cheiro.<br />
bainhas, que abraçam o caule; ellas<br />
O fructo torna-se preto, rugoso, angu- são de 2 % deeimetros, lanceoladas,<br />
loso; dentro a amêndoa é farinacea.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS — Adminis<br />
oblongas, membranosas, de côr verde<br />
pallida.<br />
trada internamente a raiz é purgativa Bordão de velha.—Mimosa vaga<br />
na dose de 2 a 4 grammas em pó; em Linn.— Fam. das Leguminosas.— Arvo<br />
^xtracto bastam 30 a 60 centigrammas. reta do paiz; seu tronco tem uma espécie<br />
de casca, que é um corpo espon-<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. —As Nyctajoso, branco e rugoso, que se desprende<br />
gaceas são plantas herbaceas, arbustos ou em certo tempo.<br />
mesmo arvores, cujas' folhas são simples, As folhas são em palmas distribuídas<br />
as mais das vezes oppostas, ás vezes al^ nos ramos.<br />
ternas.<br />
As flores em pequenos feixes ou ca<br />
As flores axillares ou terminaes, muichos, que parecem molhos de retróz<br />
tas vezes reunidas em certo numero em formando bolotas, cujos fios são em<br />
um invólucro çommum, ou tendo cada parte brancos e em partes roixos.<br />
uma um invólucro próprio e caliciforme. O fructo é uma vagem chata de 12
HO BOR BOR<br />
centímetros e mais, com poucas sementes, O sal e o assucar são tomados como<br />
e essas como as do feijão.<br />
únicos, posto (jun fracos, antídotos do<br />
O lenho d'esta arvore é fraco e branco. Bororé.<br />
Ha outra espécie, e é a que se segue.<br />
Borracha. — Gomma elástica , ou<br />
Bordão de velha.—Mimosa, Linn.<br />
seringa em rama. — Siphonia elástica.—<br />
— Polygamia monoecia, Linn.— Fam. das<br />
Fam. das Euphorbiaceas.—Os vegetaes<br />
Leguminosas.— Arvore indígena do paiz ;<br />
que produzem a Borracha sAo bastante<br />
de altura mediana, tronco pardo, sem<br />
numerosos, e pertencem ás famílias das<br />
cortiçe.<br />
Euphorbiaceas, Artocarpaceas, Apocyna-<br />
Folhas alternas.<br />
ceas, e Lobeliaceas.<br />
Flores grandes, porém em pequenos<br />
De todos os vegetaes o que fornece<br />
cachos, formando um tubo pequeno, com<br />
maior quantidade de Borracha é a Se<br />
um molho de filetes aloirados ou esverdinhados.ringueira<br />
, que cresce abundantemente<br />
O fructo é uma vagem de % deci-<br />
em estado silvestre nas províncias do<br />
metro de comprimento, larga, mem-<br />
Amazonas e Pará.<br />
branosa, com os lugares das sementes<br />
Encontra-se em menor escala no Ma<br />
salientes; estas são ellipticas e alvaranhão,<br />
e apparece em pequena quantidias.<br />
A vagem parece pergaminho.<br />
dade no Ceará e Rio Grande do Norte.<br />
Chega a ter n'essas províncias 9 a 18<br />
Bordãosinho.— Fam. das Apocy- metros de altura, de 2 a 2 % de grossura;<br />
naceas.— É um sipó que em Sergipe acha-se com preferencia nos lugares ala-<br />
tem este nome, e em Pernambuco é gadiços.<br />
conhecido por Sumauma.<br />
As outras arvores da mesma família,<br />
Planta trepadeira, lactifera; seu caule que fornecem a borracha são: Siphonia<br />
é coberto de uma substancia, esponjosa, rhytidocarpa, Mart.— Siphonia brasilien<br />
branca, e os ramos de pellos curtos. sis, Willd.— Siphonia lulea, Spruce. —<br />
As folhas cordiformes, grossas, pellu Siphonia brevifolia, Spruce.<br />
das, pecioladas e oppostas.<br />
Todas habitam nas províncias do Ama<br />
As flores, reunidas em feixe nas axilzonas e Pará.<br />
las das folhas, são á maneira de es- Na família das Artocarpaceas acham-se :<br />
trellas, resinosas ao tacto.<br />
Ficus anthelmintica, Mar.; vulgo Coa-<br />
O fructo é germinado, irriçado de jinguva (Rio Negro do Brasil); Ficut<br />
aculeos molles herbaceos, e muito lei doliaria, Mart. ; vulgo Gamelleira ou<br />
toso ; dentro existem muitas sementes Figueira branca ou brava (Rio, S. Paulo,<br />
cobertas de pello branco, macio e alvo. Minas.)<br />
este pello serve para encher colchões, Na família das Apocynaceas encon<br />
travesseiros, etc.<br />
tra-se a Sébiuva, Plumeria phagedenica,<br />
Bordãosiuho nas Alagoas.—<br />
Oiticica de Pernambneo.<br />
Mart. (Amazonas) ; a Tiborna Plumeria<br />
drástica, Mart. (Minas, Bahia Pernambuco)<br />
; a Sorveira, Collophora utilis,<br />
Mart. (Pará, Rio Negro); a Mangabeira,<br />
Bororé.— Veneno com que os indí<br />
Eancornia speciosa, (Pernambuco, Rio<br />
genas do Brasil hsrvam suas frechas. É<br />
Grande do Norte).<br />
extrahido de raizes de certas plantas,que<br />
nascem em lagos e pântanos.<br />
Na família das Lobeliaceas a Lobelia,<br />
Sua preparação é mui perigosa, e por<br />
Kunt.— Nova Granada. (V- Seringueira).<br />
este motivo é sempre uma velha quem<br />
d'ella se encarrega.<br />
Borragem chimarona.— Echi-<br />
Alguns authores acreditam ser o Bororé um plantagíneum.—Fam. das Borragaceas.<br />
o Curare hoje conhecido, e que Eumboldt — Planta do Rio Grande do Sul e de<br />
suppôz ser um Strjchnos.<br />
Montevidéo.
BOT BRE SI<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — As folhas Suas pétalas, sobre o receptaculo<br />
são emollientes; sua infusão emprega-se verde, formam na parte superior um<br />
internamente ou em banhos, 8 grammas circulo de palhetas, amarellas, tendo<br />
para 500 grammas d'água fervendo, no centro como um acolchoado de flo-<br />
em certos casos.<br />
rinhas, também<br />
cheiro.<br />
amarellas; não tem<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.—As Borraga- É planta de 24 a 48 centímetros de<br />
ceas são em geral hervas, arbustos ou altura, de folhas ovaes, e própria dos<br />
mesmo algumas vezes arvores elevadas, jardins.<br />
de folhas alternas, geminadas, cobertas,<br />
assim como o caule, de pellos mui Botão de prata.— Fam. das Com<br />
ásperos.<br />
postas.— É outra planta igual ao botão<br />
As flores formam espigas unilateraes, de oiro; mas a flor d'esta é branca.<br />
voltadas ou curvas em fôrma de cajado,<br />
muitas vezes reunidas e formando uma Braço de Preguiça.— Solanum<br />
espécie de panicula.<br />
cemuum, Vell.— Fam. das Solanaceas.—<br />
O cálice é gamosepalo, regular, per É uma planta do Sul que vegeta no<br />
sistente e de cinco lobos.<br />
Rio de Janeiro, na Parahyba e em Mi-<br />
A corolla é gamopétala, regular, de nas-Geraes.<br />
cinco lobos, ella offerece, em certo numero<br />
de gêneros, perto da fauce, cinco PROPRIEDADES MÉDICAS. — É empre<br />
áppendices salientes, que são ocos no gada como sudorifica e diuretica nas<br />
interior, e que se abrem exteriormente sarnas, syphilis, gonorrhéas, etc ; em<br />
em sua base.<br />
prega-se para isso o cosimento das fo<br />
• Os cinco estames são inseridos no alto lhas e flores.<br />
do tubo da corolla, e alternam com os Externamente se applica em- banhos<br />
appendices, quando elles existem.<br />
O ovario, assentado sobre um disco<br />
contra as ulceras.<br />
hypogynico, annular e sinuoso, é pro Brasileto.—V. Páo Brasil.<br />
fundamente quadrilobado, de quatro lojas<br />
monospermicas, muito deprimidas no Brêdo carurú.—V. Bredo ver<br />
centro.<br />
O estylete nasce d'esta depressão, e<br />
melho.<br />
termina em um estigma de dois lobos. Brêdo macho ou rabaça. —<br />
O fructo se compõe de quatro carpellas Amaranthus viridis, Willd. e Sp. — Fam.<br />
monospermicas; mui raramente estas das Amaranthaceas.—Herva do paiz, que<br />
Carpellas se soldam, e formam um fructo é conhecida em Pernambuco por este<br />
carnoso ou secco,deduas ou quatro lojas; nome.<br />
ás vezes é ósseo, ou unilocular, por É de pouca altura, caule herbaceo,<br />
Í aborto.<br />
folhas ovaes, embaçadas, offerecendo no<br />
As sementes tem o embryão voltado, ápice dos ramos, um prolongamento fo-<br />
em um endosperma carnoso mui delliaceo á semelhança de pluma, que são<br />
gado, e que mesmo algumas vezes não as florinhas imperceptíveis, ahi encra<br />
existe.<br />
vadas, com sementinhas lusidias e pretas.<br />
Bo£*uSe®. — Fam. das Urticeas. — Este Brêdo tem o uso dos demais Bré-<br />
É uma planta, cujo fructo é'vermelho. dos, mas não é tão estimado como os<br />
outros.<br />
Botão de oiro.— Fam. das Com Também o chamam Carurú e Brêdo<br />
postas.— É uma flor amarella, á imi•<br />
rabaça.<br />
tação de um malmequer, porém muito<br />
menor e mais regular.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. —É empregado<br />
13
HZ BRE BRI<br />
contra a anazarca, internamente, e em Herva que alastra e ergue os ramos<br />
banhos.<br />
bifurcados, cheios de nós.<br />
Serve de alimento.<br />
Folhas oppostas, quasi redondas e<br />
succullentas.<br />
Brèdo majórgomcs. — Talinum As florinhas, umas roixas, outras<br />
Jam, Gomes.— Talinum crenatum, Ruiz brancas, em fôrma de coifa.<br />
etPav. —Fam. das Porlulacaceas. —Herva A raiz tem uma tuberasinha, que é<br />
natural da America Austral, recebe di antídoto do veneno das cobras.<br />
versos nomes, segundo as províncias.<br />
No Pará é Carurú; ha Bahia, Sergipe PROPRIEDADES MÉDICAS.—É empregada<br />
e no norte do Espirito-Santo, Lingua de como diuretica e desobstruente nas mo<br />
Vacca; no Rio de Janeiro, Maria Gomes léstias ; do fígado.<br />
e Benção de Deus no Maranhão, S. Paulo Internamente 8 grammas para 300<br />
e Minas-Geraes.<br />
grammas d'agoa, em cosimento.<br />
É uma herva de 'A a 1 metro de altura;<br />
ramos succulentos, e folhas carnosas, Brèdo vermelho. — Phytolacca<br />
oppostas.<br />
carurú.— Fam. das Phytolaceas. — Her<br />
Flores em pequenos cachos, de um va silvestre que se acha nas mattas<br />
vivo e elegante roixo, como uma peque e nas capoeiras.<br />
na rosa.<br />
É também chamada Brêdo carurú nas<br />
Seu fructo é como uma pequena cá Alagoas e em Pernambuco.<br />
psula, cheia de grãosinhos pretos, lus- Cresce de 1 a 1 % metro e esgalha;<br />
trosos.<br />
vergonteas roixas, elegantes; folhas<br />
Come-se esta herva de diversas ma também roixeadas e despontadas.<br />
neiras..<br />
Flores em espigas, semelhantes á ro-<br />
E' refrigerante e mucilaginosa. sinhas, com um corpo arredondado, no<br />
centro achatado.<br />
Brèdo de muro. —V. Lingua de<br />
N'este órgão central estão as sementes.<br />
Sapo.<br />
Esta herva come-se de diversas ma<br />
Brèdo namorado. —V. Veludo.<br />
neiras.<br />
Brèdo tle veado. — V. Bucho de<br />
Brèdo pirrivi. — Fam. das Amaveado.<br />
.ranthaceas. — E' em Alagoas que lhe dão<br />
este nome; em Pernambuco chamam<br />
Mandah.<br />
Brincos de Sahoim.— Pitheco-<br />
E' uma herva do paiz, rasteira; caule<br />
lobium avaremotemo, Mart.— Fam. das<br />
verde, manchado de roixo, succulento,<br />
Leguminosas.— Tem esta arvore do Bra<br />
com folhas oppostas, quasi redondas.<br />
sil os mesmos prestimos do Angico.<br />
Flores pequenas, e reunidas em fôrma<br />
de cone paleaceo; sementinhas pre<br />
Brinco de viuva. — V. Tangètas.tange.<br />
E' refrigerante, e serve de pasto ao<br />
gado vaccum.<br />
Bríjaúba ou Coqueiro Brijaúba.<br />
— Astrocarium Ayri, Mart. —<br />
Brèdo de porco ou herva tos Fam. das Palmaceas.— É uma palmeira<br />
tão.— Boerhavia hirsuta, Linn. — da Fam. Bahia, conhecida pelo nome de<br />
das Nyctagaceas.— Esta planta é. a Eerva Ayri.<br />
tostão do Rio de Janeiro ; também a Os fruetos apodrecem aos milhares<br />
chamam nas Alagoas e Bahia Pega no matto, e poderiam ser aproveitados<br />
pinto, em Sergipe Papo de peru, e assim para a preparação] de um excellente<br />
por diante.<br />
sebo vegetal.
BRO BUC 83<br />
Brio de estudante.— V. Barbas O estylete é simples, terminado em<br />
de Barata. (Robinia).<br />
um estigma bilobado.<br />
O fructo é uma cápsula bilocular,<br />
Uroeo».— Brassica Botrytis cymosa, cujo modo de dehiseencia é muito<br />
Dony.—Fam. das Cruciferas.— Espécie variável.<br />
de couve flor da Europa.<br />
Ora ella se abre por meio de orifí<br />
Cultiva-se no Rio de Janeiro, em S. cios no ápice, ora por meio de placas<br />
Paulo e mais províncias do Sul, onde irregulares, ora por meio de duas ou<br />
quasi toda a hortaliça europea dá quatro valvas, cada uma das quaes<br />
abundantemente.<br />
traz comsigo metade do septo no meio<br />
É uma couve como a que todos co da face interna, ora por valvas opposnhecem.tas<br />
ao septo que fica inteiro.<br />
Differe porém nas folhas, que são As sementes contem sob o tegumento<br />
maiores e crespas, isto é, como machu próprio uma amêndoa composta de um<br />
cadas ; e mesmo nas cores, pois que endosperma carnoso, que encerra um<br />
d'estas conhecem-se muitas variedades ; embryão erecto cylindrico, tendo a<br />
ha brancas, roixas, de côr mais ou radicula voltada para o hilo, ou op-<br />
menos carregada, avermelhadas, amaposta á este ponto de inserção.<br />
relladas e verdes, etc.<br />
Além do uso que se faz d'esta hortaliça,<br />
ella presta-se a conservas, o<br />
Broma roixa.—Verbascum.—Fam.<br />
das Serophulariaceas. — É outra espécie<br />
que lhe dá ainda mais apreço.<br />
que habita nas Alagoas e em Pernambuco.<br />
Broma branca ou Mata can-<br />
Sua differença não é sensível aos<br />
na.— Verbascum.— Fam. das Serophula-<br />
olhos vulgares ; differe por ter as folhas<br />
riaceas.— Herva pequena delicada que<br />
cordiformes, as flores roixas e caule<br />
chamam em Pernambuco Mata canna<br />
percorrido nos quatro lados por uma<br />
e nas Alagoas Broma.<br />
espécie de babado; o fructo abre-se<br />
É um pouco rasteira; de caule qua-<br />
em quatro cocas recortadas.<br />
drangular.<br />
Folhas quasi redondas e pequeninas.<br />
Flor branca, abrindo-se em dois lá Bucha. — V. Cabaeinho.<br />
bios.<br />
1&ucU.a,.—Luffapurgans, Mart.—Fam.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — É um eme-<br />
das Curcubitaceas.— Esta planta é uma<br />
tico e drástico forte; e também serve espécie de Cabaeinho ; seu extracto pôde<br />
como emmenagogo.<br />
substitutir ao da Coloquintida.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. — Hervas ou PROPRIEDADES MÉDICAS. — É empre<br />
arbustos, de folhas muitas vezes op- gada nas hydropisias, e ophtalmias.<br />
":postas, algumas vezes alternas, simples, Na dose de 12 grammas é cathar-<br />
de flores dispostas em espigas ou em tica; em dose mais elevada é eme-<br />
cachos terminaes.<br />
tica.<br />
O cálice é gamosépalo, persistente,<br />
de quatro ou cinco divisões desiguaes :<br />
Ha ainda a Mormodica Luffa, Vell.<br />
a, corolla é gamopétala, irregular, de Bucha dos paulistas, Bucha<br />
dois lábios e muitas vezes personada. de caçador.— Momordica operculata,<br />
Os estames, em numero de dois a Linn.— Fam. das Curcubitaceas.— É esta,<br />
quatro, são didynamos.<br />
que pelo seu nome mostra ser de<br />
O ovario, applicado sobre um disco S. Paulo ; é uma espécie de Melão de<br />
hypogynico, é de duas lojas polys S. Caetano mas differe d'elle em algupermicas.mas<br />
cousas.
84 BUG BUR<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — O fructo é Burarema. — Arvoro do paiz,<br />
empregado contra a anazarca, chlo- própria para construcção.<br />
rose, amenorrhéa, e affecções hepaticas.<br />
Submette-se o fructo a decocção por Buranhem ou Guaranhem<br />
espaço de doze horas, e agita-se até monesia.— Chrysophyllum Buranhem,<br />
fazer espuma.<br />
Riedel. —Fam. das Sapotaceas. — É uma<br />
A dose é de uma colher, de meia arvore alta, indigena do Brasil, de casca<br />
em meia hora, até fazer vomitar ou lisa, de folhas oblongas, e tamanho re<br />
evacuar.<br />
gular.<br />
O extracto dá-se na dose de 15 O fructo é pequeno, á semelhança de<br />
centigrammas.<br />
uma azeitona.<br />
Sua madeira dá boas traves e outros<br />
Bueliinlia. — Momordica purgans, objectos d'arte.<br />
Mart.— Fam. das Cucurbitaces. — Esta A casca é de côr vermelha escura ; tem<br />
planta é congênere da Bucha dos pau sabor doce a principio, e depois amargo<br />
listas.<br />
e um pouco adstringente ; quando fresca<br />
Tem o fructo muito menor que ella; contém um sueco leitoso.<br />
tem mais acrimonia, e obra em menor O extracto se offerece em pedaços de<br />
dose ; lõ centigrammas do extracto já tamanho variável, de côr roixa escura<br />
é uma forte dose.<br />
quasi preta, e fractura luzente ; é solúvel<br />
em água, de sabor adocicado a prin<br />
Bucho de veado.— Amaioua crypcípio, e depois amargo e algum tanto<br />
iocarpa.— Fam. das Rubiaceas.— Arvore acre. (Fig. 11.)<br />
silvestre, conhecida nas Alagoas por<br />
este nome.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—É aconse<br />
É de porte mediano, folhas um tanto lhado como adstringente e tônico: in<br />
compridas, oppostas, e lustrosas. ternamente, nos catarrhos chronicos, he-<br />
Flores á semelhança de Angelicasimoptyse, diarrhéa e blenorrhagias; e<br />
nhas amarellas.<br />
externamente nas ulceras cutâneas, ra<br />
O fructo tem sido pouco estudado. chas do ânus, ophtalmias purulentas,<br />
etc.<br />
Bugio ou Rabo de Bugio.—<br />
A decocção se prepara com 32 gram<br />
Combretum Bugio, St. EU.— Fam. das mas da casca e 500 grammas d'água.<br />
Combretaceas.— Arbusto conhecido nas É empregada em banhos, e pôde ser<br />
Alagoas por este nome.<br />
vir com vantagem contra as inchações<br />
É agreste, trepador, vegeta próximo consecutivas ás erisypellas.<br />
ás margens do rio, é mui frondoso.<br />
Suas folhas são ovaes um pouco Buriti. — Mauritia vinifera, Mart.—<br />
grandes e lustrosas.<br />
Fam. das Palmaceas.—É natural do paiz<br />
As flores dão em grandes cachos, esta insigne palmeira, conhecida nas<br />
miudinhas, brancas e mui cheirosas. províncias do Norte por Buriti, e na<br />
O fructo parece uma azeitona pe Bahia também por Bury.<br />
quena; é mui abortiva.<br />
É a mais alta das palmeiras do paiz.<br />
A pellicula externa, que é a casca, O tronco é sem espinhos, tem um<br />
é um pouco áspera ; e a polpa, que é bello leque de folhas no ápice.<br />
aeinzentada, é acidula e não tem bom O cacho do fructo tem a fôrma de<br />
sabor.<br />
um cone escamoso, como o do pinheiro<br />
da Europa.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — É um poderoso<br />
anti-syphilitico, mas é princi<br />
O fructo mede até 12 centímetros de<br />
comprimento, de fôrma redonda, côr<br />
palmente usado para as sarnas, e affec amarella de gemma d'ovo, tegumento<br />
ções cutâneas chronicas.<br />
membranoso com a superfície ouricada
BUR BUT 83<br />
como que de escamas unidas umas ás Durante o verão, e antes de sua má<br />
outras.<br />
xima intensidade, esta arvore despe-se<br />
Depois d'esta parte externa ha uma inteiramente, e só por oceasião das<br />
polpa amarella, oleosa e doce; depois primeiras águas do inverno começa<br />
d'esta um corpo mais duro, pouco es sua rebentação, tornando-se novamente<br />
pesso, amarello; e, unido á este, um verde e viçosa como d'antes.<br />
caroço que no seu seio contém uma Esta arvore destingue-se particular<br />
amêndoa comestível.<br />
mente por sua originalidade.<br />
Esta palmeira é abundante no Pará, A passagem de um viandante a sota-<br />
Maranhão, Ceará e Bahia.<br />
vento, diz-se, ainda que com poucos<br />
Em tempos de calamidade o povo visos de verdade, é sufficiente para<br />
erra pelas mattas á procura destes produzir nelle assaduras nos ante-braços<br />
fruetos para mitigar a fome; mas o e pernas, ainda mesmos cobertos.<br />
uso quotidiano e muito prolongado Os pobres animaes que se approxi-<br />
d'elles, determina uma amarellidão na mam da dita arvore, queimam-se a<br />
cutis.<br />
tal ponto, que as partes atacadas ja<br />
O grelo come-se como o do Palmito mais criam cabello.<br />
(Areca oleracea.)<br />
Uma gota de sua seiva basta para<br />
Ha entretanto mais duas palmeiras nas determinar uma ferida semelhante á<br />
Guyanas e no Amazonas : uma, Mauritia que produziria o fogo.<br />
flexuosa,Linn., queda um sueco extra- A madeira nem para lenha serve,<br />
hido dos seus tecidos, que embebeda, e visto que seu fumo ataca a vista d'a-<br />
de que faz-se vinho.<br />
quelles, que a empregam como com<br />
Uma segunda espécie d'este gênero bustível.<br />
de que falia Eumboldt, {Mauritia aculeata),<br />
Kunt, differe por ter espinhos, sendo na Burreteira. — V Páo de leite ou<br />
tural do mesmo paiz.<br />
Tiú.<br />
As folhas do Buriti têm muitas appli-<br />
cacões.<br />
^ Butua. -r-*lCocculus cineracens, St.<br />
O fructo é comestível; e o tronco EU. — Fam. das Menispermaceas. —: Ar<br />
fornece pela incisão um sueco vinhoso busto natural do paiz; sua pátria é<br />
excellente.<br />
porém S. Paulo e Minas Geraes.<br />
É ramoso ; as folhas abrem-se como<br />
Buriti bravo.—Mauritia armata.— palmas, e os peciolos são compridos.<br />
Cocos aculeata, Willd.— Fam. das Palmaceas.—<br />
Esta palmeira, semelhante á PROPRIEDADES MÉDICAS. — A raiz é<br />
antecedente, differe d'ella em que seu desobstruente, diuretica, emmenagogae<br />
tronco e as folhas são armadas de febrifuga.<br />
"j espinhos.<br />
Emprega-se principalmente nas hy-<br />
Também a chamam Coqueiro Buriti dropisias, suppressão de lochios, mens-<br />
bravo.<br />
truação difncil e acompanhada de dores,<br />
eólicas uterinas depois do parto, e febres<br />
-. Burra leiteira.—Fam. das Eu- intermitentes.<br />
fphorbiaceas. Arbusto que vegeta na Ilha<br />
de Fernando de Noronha, em todas CARACTERES DA FAMÍLIA.— Esta famí<br />
>as localidades d'ella. É de porte relia se compõe de arbustos sarmentosos<br />
gular.<br />
e trepadores, cujas folhas, alternas, são.<br />
Seus ramos tem um desenvolvimento geralmente simples, raras vezes com<br />
extraordinário.<br />
postas.<br />
As folhas são verde-escuras, lustro As flores são pequenas, unisexuaes e<br />
sas, alternas, com peciolos purpurinos, as mais das vezes dioicas.<br />
estreitos e suceulentos.<br />
O cálice compõe-se de varias sepalas
80 CAA CA A<br />
dispostas em três, e formando diversas<br />
ordens.<br />
-Succede o mesmo com a corolla, que<br />
falta algumas vezes.<br />
Os estames são monadelphos ou livres,<br />
do mesmo numero, duplo, ou triplo.<br />
O ovario é de uma só loja, contendo<br />
um ou mais óvulos ; muitas vezes estes<br />
são em grande numero, soltos ou soldados<br />
pelo lado interno.<br />
Os fruetos são espécies de drupas monospermicas,<br />
oblíquas, e como que reniformes,<br />
e compridas.<br />
A semente que elles contém se compõe<br />
de um embryão curvo sobre si mesmo,<br />
e geralmente desprovido de endosperma.<br />
te, natural de Minas-Geraes, cujas flores<br />
são coriaceas, em fôrma de palma, e<br />
alternas.<br />
Suas flores em cachos são grandes,<br />
e amarellas; e o fructo capsular.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — A raiz d'esta<br />
arvore é applicada em cosimento contra<br />
as dores internas, com especialidade as<br />
que são resultantes de quedas e outros<br />
accidentes.<br />
Também é útil contra os abeessos já<br />
formados.<br />
Butua miúda. — Cocculus filipendula,<br />
Mart.—Fam. das Menispermaceas.<br />
— Vegeta como a precedente congênere;<br />
Butua. — Cocculus platiphylla . St. tem as mesmas propriedades d'ella.<br />
EU.—Fam. das Menispermaceas.—Esta Ha duas qualidades de Butua; uma<br />
outra espécie vegeta no paiz , e cresce tem a raiz grossa na base e dura; é<br />
nas mesmas províncias acima ditas. a que acabamos de indicar; a outra é<br />
Differe nas folhas, què são grandes e delgada, lisa e branda, conhecida em<br />
cordiformes, e tem as mesmas virtudes Minas-Geraes e no Espirito-Santo por<br />
medicinaes da antecedente.<br />
Ciparobo e Parreira brava.<br />
Butua do curvo. —Maximiliana PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' empre<br />
regia, Mart. e Willd. —Bacchia insignis, gada a raiz contra as mordeduras de<br />
Mart. e Luce. — Fam. Idem. — Cochloscobras,<br />
na dose de 3 grammas para 500<br />
permum insigne, St. EU. — Arvore agres- grammas d'agua.<br />
G.<br />
Caa. — Palavra que na lingua de Caa-apia. — V. Contra-herva.<br />
nossos indígenas significa Eerva, mas<br />
que se applica particularmente ao Matte Caa-assú. — Malpighia rosea, La-<br />
CAA CAA 87<br />
ga, e empregada como purgativo, e<br />
diuretico. É útil nas febres intermittentes,<br />
e inflammações chronicas do<br />
fígado.<br />
Caa-canna, Caa-cua ou Yquetaya.—É<br />
uma planta brasileira, que<br />
mereceu a attenção das academias européas,<br />
por se achar n'ella a propriedade<br />
de, misturada com o senne em<br />
partes iguaes, tirar-lhe o máo gosto,<br />
sem destruir a sua acção purgativa.<br />
Reinou essa idéia por muito tempo<br />
desde o principio ou fins do século<br />
XVIII, mas depois acharam a mesma<br />
propriedade em uma planta européa.<br />
ferida da mordedura não só suavisa<br />
as dores, como, diz-se, neutralisa o<br />
veneno.<br />
Internamente se dá em pó, suspenso<br />
em qualquer liquido.<br />
Caa-co.—V Sensitiva.<br />
Caa*cua. — V Yquetaya.<br />
Caa-cuis — É a folha do Matte<br />
ainda na prefoliação.<br />
Caa-etimay — É uma Syngenesia<br />
cujas folhas cosinhadas são empregadas<br />
contra as sarnas.<br />
Scrophularia aquática, que substituio a<br />
Caa-cua.<br />
Caa-ghuara.— São as folhas per<br />
Perdeu portanto o Brasil um bom feitamente abertas do chá do Paraguay<br />
ramo de commercio.<br />
(Matte).<br />
Caa-chira. — Oldenlandia corym- Caa-guiguye.—V Aninga pari.<br />
bôsa, Linn.—Fam. das Rubiaceas.—Esta<br />
planta é conhecida nas provincias do Caaguiyuyo-to.— É uma Melas-<br />
Sul, como oriunda do paiz.<br />
toma ou Rhexia da qual se come o<br />
O caule é herbaceo e quadrangular. fructo.<br />
As folhas oppostas, lanceoladas, duras<br />
e ; esbranquiçadas por baixo.<br />
Suas flores éin feixes, são como pe<br />
Caa-jandiwap. —V., Loco.<br />
quenas Angélicas, tendo por fructo uma Caa-membeca. —Polygata paraen-<br />
cápsula pequena, que se assemelha com sis, Castro. — Fam. das Polygalaceas.—<br />
a da Vassourinha.<br />
E planta de tinturaria.<br />
Planta oriunda do Pará.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS . — E' refrige<br />
Caa-chira. — Indigofera domingenrante e anti-hemorrhoidal. Dá-se em insis,<br />
Spreng.—Indig, brasiliensis. — fusão Fam. na dose de 8 grammas para 500<br />
das Leguminosas. — Planta herbacea, grammas d'água.<br />
semelhante á Anileira já descripta, com<br />
quatro pares de foliolos nas folhas. Caa-mena e Caa-meni. — E' a<br />
Vegeta em S. Domingos e no Brasil. mesma planta em botão.<br />
Caa-cica ou Caa tia. — Eu<br />
Caa-opia.—Vismia gujanensis, Pers.<br />
phorbia capitata, Lamach. — Euphorbia —Eypericum gujanense, Aubl.— Fam. das<br />
pilulifera, Linn. — Fam. das Euphor Eypericaceas.—Esta arvore sem duvida<br />
biaceas.—Planta herbacea de calix erecto. é a mesma descripta, n'este dicciona<br />
Folhas serreadas, ovaes, oblongas, e rio sob o nome de Lacre.<br />
flores agglomeradas.<br />
E' um arbusto elegante, de folhas<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS . —É muito pre-<br />
oppostas, ovaes, aloiradas.<br />
Flores em cachos de côr branca amaconisada<br />
como antídoto do veneno das rellado.<br />
cobras, e das viboras sobre tudo. O fructo é espherico, e abandona por<br />
Pisada e applicada fresca sobre a incisões n'elle praticadas, um sueco
:0C. BRASILEIRA FITOQUIMIC A Ltd 2L.<br />
88<br />
CAA<br />
avermelhado, gommoso ; é drástico na<br />
dose de 1 a 2 decigrammas.<br />
Dá-se em uma emulsáo de amêndoas.<br />
Ha diversas espécies.<br />
Caa-peba.— V. também Malvaisco<br />
de Pernambuco.<br />
CAB<br />
designam duas plantas: uma d'ellaa<br />
semelhante na apparencia a nossa Arruda<br />
de campina; a outra é ainda indeterminada.<br />
Caa-peba— Ha três ou quatro es Caa-ponga.— Debaixo d'estc nome<br />
pécies que recebem o nome Caa peba, e existem três plantas do paiz, que se<br />
que entretanto são plantas bem diffe come á maneira da Beldroega.<br />
rentes entre si.<br />
Uma parece a Gomphrena vermicu-<br />
Uma d'ellas é a Parreira do matto; lata as outras, variedades de uma es<br />
outra é o Malvaisco; outra é uma espécie de Mimosa.<br />
pécie do gênero Angélica, e outra finalmente<br />
é um sipó semelhante ao Rabo Caa-ponga. — Philoxerus vermicu-<br />
de Rato. Vejam-se estas plantas. latus, Sroart.— (Cremos).— É a mesma<br />
Goniphrena, Fam. das Amaranthaceas.<br />
Caa-roboa.— V. Jatobá.<br />
Caa-peba, «Io Norte.— Cissam-<br />
Caa-taia.— V. Eerva de bicho.<br />
pelos Caapeba, Linn.— Fam. das Menis<br />
Caa-tingua.— V. Catigua.<br />
permaceas.— Planta que vegeta nas regiões<br />
do Norte, como em S. Domingos Caa-vourana. — Solanum arbores-<br />
e nas regiões Amazônicas.<br />
cens, Vell.— Fam. das Solanaceas.— Esta<br />
É uma trepadeira, de folhas alter planta vegeta no Cabo-Frio e em Piauhy.<br />
nas suborbiculares, cordiformes, meio Produz uma qualidade de anil supe<br />
pelludas, com os peciolos dispostos<br />
rior.<br />
em sete linhas ou divisões longitudinaes.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — É empre<br />
As flores femininas são longamente gada em banhos, na morphéa.<br />
pedunculadas.<br />
O fructo e a flor como os da pre Cabaeinho.— Momordica bucha.?—<br />
cedente.<br />
Dermophylla pendallina.—Mans. e S. Paio.<br />
— Fam. das Cucurbitaceas.— Esta planta<br />
Caa-peba, do Sul ou Herva de indigena tem o nome de Cabaeinho,<br />
Nossa Senhora, ou Cipó de co nas províncias do Ceará e Pernambuco;<br />
bra.— Cissampelos glaberrima, St. EU. na das Alagoas chama-se Cabaço de<br />
—Fam. das Menispermaceas.—Esta planta bucha, e na de Sergipe e Minas-Geraes<br />
é do Rio de Janeiro, Minas-Geraes, e é conhecida por Bucha.<br />
de outras províncias do Império. Raiz ramosa e fibrosa.<br />
É uma trepadeira, de folhas redon Caule herbaceo, prostrado e fistuloso,<br />
das, quasi sesseis.<br />
de comprimento variável, e grossura<br />
As flores em cachos são á maneira de uma penna.<br />
de campana, recortadas na margem. Folhas cordiformes, guarnecidas de<br />
ásperos pellos.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— Ella é sudo- Flores pequenas, de côr amarella.<br />
rifica, aromatica e estomactica.<br />
Fructo ovoide ou oblongo, secco,<br />
A infusão da raiz bebida pela ma envolvido em uma só peça ou carnhã<br />
é antiasthmatica.<br />
pella, formada pelo tubo que na madureza<br />
passa do verde ao amarello<br />
Caa-pomanga.— V. Loco ou Quei- escuro, guarnecido de grossos espimadeira.nhos;<br />
é esta parte que constitue o<br />
Também com este nome os indios epicarpo.
CAB CAB 89<br />
O mesocarpo, immediato a este, é<br />
composto de um tecido fibroso, retiforme,<br />
que se estende até o interior,<br />
onde termina por uma camada mais<br />
compacta (endocarpo), que fôrma as<br />
paredes de três cavidades, contendo<br />
cada uma no seu centro um trophos-<br />
Usa-se também da infusão da polpa,<br />
feita com a metade de um fructo.<br />
Cabaço ou Cabaço de eollo.—<br />
Cucwbíta lagenaria, Linn.— Cucurb. leucanthes,<br />
Duch.— Fam. Idem. — Espécie<br />
originaria do páiz, bem conhecida de<br />
perma, e sendo o centro dos três tro- todos.<br />
phospermas occupadp pelas sementes. O Cabaço é proveniente de uma planta,<br />
que se estende ao nivel do chão, e<br />
PROPRIEDADAS MÉDICAS.— O fructo do agarra-se aos corpos visinhos, ou na<br />
cabaeinho é aconselhado nas hydro- falta alastra pelo chão.<br />
pisias.<br />
O caule é cylindrico, coberto.de pellos<br />
Applica-se vulgarmente esta planta duros, que ferem a mão de quem os toca.<br />
em fôrma de clysteres; para isso faz-se As folhas, de peciolos longos e tu-<br />
um macerado da quarta parte de um bulosos, são quasi redondas, ou for<br />
fructo, em agúa, por espaço de dez mam chanfraduras, e dividem-se em<br />
horas, coa-se,, e depois bate-se com um três ou cinco lobos; são quasi sempre<br />
rodízio até fazer espuma, separa-se de um verde esbranquiçado, manchadas<br />
esta, e repete-se a mesma operação e baças.<br />
por mais- çuas vezes; esta dose é para As flores são ordinariamente brancas<br />
adulto.<br />
sem cheiro e grandes; são de sexos<br />
Para uso interno prepara-se um licor separados; umas como simplesmente<br />
com quatro fruetos privados de se uma campana, outras na base d'essa<br />
mentes J e lançados em uma garrafa campana.<br />
de aguardente de 21°.<br />
Tem o fructo em estado rudimental,<br />
Pôe-sp em digestão por espaço de 24 espherico, de grandeza variável; na<br />
á 48 i horas, e depois faz-se o doente parte inferior do bojo offerece um<br />
tomar, na dose de 90 á 120 grammas collo pelo qual é sustentado.<br />
por dia.<br />
O exterior do fructo é verde claro,<br />
O clyster obra como violento drás espesso e de natureza crustácea; dentico,<br />
cujo effeito é acompanhado de tro encontra-se uma massa aquosa,<br />
muitas dores.<br />
quasi frouxa, mui amarga e branca,<br />
0 licor oceasiona as mesmas dores, cheia de grãos chatos, ellipticos e in<br />
ctím vômitos e dejecções alvinas. seridos em filamentos.<br />
fÉ um medicamento que exige muita Os habitantes do centro exeavam o<br />
ciutela em sua applicacão.<br />
interior d'este fructo, para fazer uso<br />
] Cabaeinho do Pará.— Colocyn- d'elle como vaso de guardar líquidos,<br />
his paraensis.— Fam. das Cucurbitaceas. farinha ou grãos (cuias).<br />
— Semelhante em quasi tudo aos ou- Nas Alagoas chamam Cabaço marimba.<br />
ros e com as mesmas propriedades. Elle muitas vezes não apresenta<br />
collo, e tem uma fôrma arredondada á<br />
/ Coloqulnthídas das ilhas do semelhança de uma abóbora; é justa<br />
Archipelago do Oriente.—ÉoCumente este que cultivam.<br />
cumis colocynthis, Linn.<br />
Também tem virtudes médicas, e<br />
quasi todas as espécies tem um cheiro<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— 0 Cabaeinho enjoativo, e um pouco almiscarado.<br />
é depurativo, empregado contra os dar- Cabaço grogojó.— Cucurbita ovoithros.de-<br />
— Fam- idem. — E do paiz e agreste.<br />
As doses são, da raiz secca 4 gram Tem este nome nas Alagoas e em<br />
mas; das sementes de duas até quatro. Pernambuco.<br />
14
9U CAB CAB<br />
E uma planta como os outros Cabaceiros.<br />
As folhas são quasi redondas.<br />
As flores amarellas.<br />
O fructo, porém, é de 6 a 12 centímetros<br />
; sua configuração é exactamente<br />
ovoide, e no seu interior é como<br />
se observam nas congêneres.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — A medicina<br />
vulgar emprega o fructo e as folhas nas<br />
hydropisias, em clysteres. E* um pur<br />
gante violento.<br />
Cabeça dc Frade.— Villarsianym-<br />
phcBoides, Broto e D. C —Fam. das Gencianaceas.—E'<br />
uma planta bonita quo<br />
fluctua nas águas.<br />
Suas folhas são redondas, de peciolos<br />
compridos.<br />
As flores, de um bello amarello côr<br />
de enxofre.<br />
O fructo d'esta planta, que é comes<br />
tível, é amylaceo.<br />
Ella é uma espécie da que chamam<br />
Golpho ou Gigoga.<br />
Cabeça de negro, ou de mole<br />
Cabaço marimba. — V. Cabaço que.—Fam. das Cucurbitaceas.—E'uma<br />
de collo.<br />
planta trepadeira agreste do Brasil,<br />
conhecida como tal em Pernambuco e<br />
Cabaço de pólvora. — Cucurbita Parahyba.<br />
pulvis.—Fam. Idem.— Semelhante á Ella abunda no sertão.<br />
espécie precedente; mas a flor é branca, E' um arbusto trepador, de folhas<br />
e o fructo é análogo ao do Cabaço e flores tricortadas.<br />
grogojó.<br />
Na extremidade da raiz brota um bolbo<br />
O d'este porém apresenta um collo mais ou menos desenvolvido, de aspecto<br />
estreitado abaixo do bojo ou engrossa- rugoso, pardo claro, de fôrma variável.<br />
mento, e muitas vezes esse collo faz Quando partido vê-se que compõe-se<br />
outro menor que fica sobreposto. de uma substancia compacta, rígida,<br />
Costumam extrahir-lhe o miolo para humida, da qual se extrahe uma fe<br />
servirem-se d'elle como polvarinho. cula mui amargosa.<br />
Esta batata é desconhecida na me<br />
Cabaço do sertão. — Cucurbita. dicina; apenas alguns curiosos conhe<br />
Fam. Idem. — Vegeta nos nossos sercem as virtudes médicas que ella possue,<br />
tões uma espécie de Cabaço monstro, e fazem uso internamente e em clysteres.<br />
cujos caracteres são os mesmos que Seu effeito é vomitivo e purgativo am<br />
os dos precedentes, tendo porém um certa dose.<br />
fructo monstruoso, cuja casca é for Podemos asseverar que é um impoip<br />
mada de um tecido corneo, espesso, tante vegetal, que o paiz possue.<br />
quasi ósseo.<br />
Também lhe dão o nome de Tejuco<br />
Quando preparado serve de vaso para e CabeÇa de moleque.<br />
diversos misteres domésticos.<br />
Ha duas espécies, uma preta e outra,<br />
Os caçadores costumam fazer uns bu branca; a preta distingue-se pelo cault,<br />
racos n'estes cabaços, e usam d'elles á escuro.<br />
maneira de mascara para observarem<br />
as caças do rio; mas para isso deitam- PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' um po-t<br />
nos sobre a água por muito tempo até deroso anti-syphilitico, anti-scrophu-<br />
ellas se acostumarem primeiro, e alcanloso, anti-dyarrheico, e anti-febril.<br />
çado isto, entram então no rio, enfiam No tempo da afflictiva epidemia do<br />
n'ellas a cabeça, vão-se chegando a ellas cholera morbus, raro foi o doente tra<br />
e agarram-nas pelos pés. Apanham-as tado com este remédio que succumbisse.<br />
assim vivas, e sem emprego de arma A dose do pó é uma colher de sopa<br />
de fogo.<br />
todas as manhãs.<br />
Os vasos chamados combucas podem IA tinctura é também muito usada<br />
conter muitas vezes 12 a 15 litros d'agua. nos casos da menstruação difficil.
CAB CAB 91<br />
Cabeçudo ou Coqueiro cabedente ; ou então elle é de três lojas, das<br />
çudo. — Cocos capitata. —Fam. das Pal- quaes duas são vazias.<br />
maceas. — E' uma palmeira de Minas- Do ovario nascem três estyletes, ora<br />
Geraes.<br />
distinetos, ora unidos quasi até ao<br />
ápice.<br />
Cabeça de Cutia. — Myriaspora O fructo é uma drupa monosper-<br />
pubescens.—Fam. das Melastomaceas.— mica, indehiscente, ou dehiscénte.<br />
Arvore mediana do paiz que nas Ala A semente em um endosperma duro<br />
goas tem este nome.<br />
e corneo, encerra um embryão axillar<br />
A casca é esbranquiçada.<br />
As folhas oppostas, grandes, ellypti-<br />
e homotropo.<br />
cas, pelludas na face inferior, e aver Cabelluda. —Eugenia tomentosa.—<br />
melhadas ou. roixeadas, bem como as Fam. das Myrtaceas. — Arbusto cujos<br />
pontas dos ramos.<br />
As flores, em cachos cruzados, são pel<br />
fruetos são assucarados e refrigerantes.<br />
ludas.<br />
Os frnctos são redondinhos, de 1 %<br />
Cabiúna.— V. Jacarandá cabiuna.<br />
centímetros, coroados de pellos sedosos Cabo de facão. — Myricaria bra<br />
e roixos.<br />
siliensis. — Fam. das Tamaricineas. —<br />
Quando maduros, o tegumento ex Esta arvore, conhecida nas Alagoas por<br />
terno é membranoso; interiormente a este nome, é de um lenho muito duro ;<br />
massa é aquosa, trigueira, e cheia de ramosa, de casca parda, e folhagem<br />
miudissimos grãos,<br />
miúda, como a dos espinheiros.<br />
O lenho não é dos melhores, porém As flores, em espigas ramosas, são<br />
1<br />
serve para estacas, e combustível. de estruetura ordinária, esverdinhadas<br />
e não grandes.<br />
Cabèllo de negro.— Eritroxylon O fructo é como uma pequena vagem.<br />
campeslre, St. EM.— Fam. das ErytroA<br />
madeira é empregada na marcinexyleasi—É<br />
um arbusto de Minas Geria,- por ser de longa duração ; preferaes.rem-na<br />
para cabos de instrumentos<br />
Suas flores, em feixes ou em cachos, agrícolas.<br />
acham-se agglomeradas nas axillas das<br />
folhas e dos ramos.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.— Sub arbus<br />
O seu lenho e a casca da raiz, fertos ou arbustos, tendo folhas em geral<br />
vidos em água, constituem um pur pequeninas, e invaginantes.<br />
gante.<br />
Flores igualmente pequenas, munidas<br />
de bracteas, e dispostas em espigas<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.— Arvores ou simples, cuja reunião constitue algumas<br />
arbustos de folhas alternas, ou oppos vezes uma panicula.<br />
tas, geralmente glabras, munidas de O cálice é de quatro ou cinco di<br />
estipulas axillares.<br />
visões profundas, raramente fôrma um<br />
I As flores são pequenas, pediculladas, tubo ná parte inferior; suas divisões<br />
jtendo um cálice persistente de 5 divi são imbricadas lateralmente.<br />
sões profundas.<br />
A corolla se compõe de 4 ou 5 pé<br />
Uma corolla de cinco pétalas sesseis, talas persistentes.<br />
e munidas interiormente de uma esca- Os estames em numero de 5 a 10,<br />
i masinha.<br />
raras vezes de 4, são monadelphos pela<br />
Os estames em numero de dez, tem base.<br />
os filetes dilatados na base, unidos O ovario é triangnlar, algumas vezes<br />
entre si e monadelphos interiormente, cercado na base de um disco perigy-<br />
de ordinário persistentes. O ovario é nico.<br />
unilocular, contendo um só óvulo pen Elle é unilocular, offerecendo três tro-
92 CAB CAB<br />
phospermas parietaes, com grande nu Os estames, em numero duplo do das<br />
mero de óvulos ascendentes.<br />
pétalas, são livres o applicados sobro<br />
O estylete é simples ou tripartido. um disco hypogynico, plano, lobulado,<br />
O fructo é uma cápsula triangular, que guarnece todo o fundo da flor.<br />
de uma só loja, contendo um grande O ovario, algumas vezes excêntrico, é<br />
numero de sementes, inseridas no meio ae três lojas, contendo em geral dois<br />
da face interna das três valvas, que for óvulos sobre postos, e inseridos no anmam<br />
a cápsula.<br />
gulo interno de cada loja.<br />
O embryão é erecto, orthotropo, des O estylete, simples na base, é triprovido<br />
de endosperma.<br />
fido no ápice, e termina em três estigmas.<br />
Cabo de machado. —É uma ar O fructo é uma cápsula, ás vezes<br />
vore agreste que recebe este nome em vesiculosa de 1, 2 ou 3 lojas, contendo<br />
Pernambuco, e que parece ser o Cabo de cada uma d'ellas uma só semente, e<br />
facão das Alagoas.<br />
abrindo-se em três valvas.<br />
As sementes se compõe de um grande<br />
Cahoatan de capoeira. — Cupa- embryão, tendo a radicula curva sobre<br />
nia vernalis, St. EU. — Fam. das Saos<br />
cotyledones; é desprovido de endospindaceas.—hxhviSto<br />
indígena, que cresce perma, e ás vezes enrolado em fôrma<br />
nas capoeiras.<br />
Seu caule é reguado, e quadrangular.<br />
de helice.<br />
As folhas impares, compostas, alter Cahoatan de leite.— Mauria lacnas,<br />
oblongas, grandes, ovaes, brilhanlifera.— Fam. das Terébinthaceas.— Artes,<br />
e revestidas de pello macio infevore ou arbusto leitoso, conhecido nas<br />
riormente.<br />
Alagoas por este nome: é natural do<br />
As flores em pequenos cachos, de fôr paiz.<br />
ma ordinária e de côr branca escura. Bello arbusto de aspecto aloirado;<br />
O fructo é uma noz coriacea, em fôrma casca parda-, acastanhada.<br />
de pião, que abre em três valvas.. Folhas dispostas em palmas, ovaes,<br />
Contém três sementes pretas, envoltas oblongas e aloiradas.<br />
em uma substancia, que cobre metade Flores, em cachos pyramidaes, miú<br />
do seu corpo.<br />
das, brancas, tintas de amarello.<br />
Floresce em Setembro.<br />
Fructo pequeno, de 3 centímetros, e<br />
ovoide.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— A casca em Sua parte extrema é coriacea, e parda;<br />
prega-se na asthma e na tosse convulsa. a interna, viscosa e contendo uma semente<br />
parda.<br />
Não é comestível.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. — Família<br />
composta de grandes arvores ou ar<br />
bustos, algumas vezes de plantas herbaceas<br />
e volúveis.<br />
Folhas alternas e geralmente imparipinnuladas,<br />
munidas as vezes de gavinhas<br />
e de estipulas frágeis.<br />
O cálice, de 4 a 5 sepalas livres ou<br />
ligeiramente soldadas pela base, é um<br />
pouco oblíquo e desigual na base.<br />
A corolla, que falta algumas vezes,<br />
é formada em geral de 4 a 5 pétalas,<br />
ora lisas, ora glandulosas, para a parte<br />
média, onde ellas offerecem varias vezes<br />
uma lamina petaloide.<br />
Cangerana cabralea.— Cange-<br />
rana.— Fam. das Meliaceas.— Foi em<br />
memória de Pedro Alves Cabral que<br />
se deu tal nome a esta arvore.<br />
A madeira é notável pela sua belleza,<br />
de côr vermelha arroxeada, e adquada<br />
ás obras internas e ao ar.<br />
Cabujá.— É o Caroatá de rede em<br />
alguns lugares da America Meridional.<br />
Caburaia.— V. Caburaia cabureiba.
CAC CAC 9»<br />
Cabureiba.— Myrocarpus fastigiamente nas bronchites, e externamente<br />
tus, Fr. Aliem. — Fam. das Legumipara<br />
curar as rachas dos beiços, e do<br />
nosas.— É uma das nossas importantes bico dos peitos e do ânus. (Fig. 12.)<br />
arvores..<br />
É excellente madeira de construcção ; CARACTERES DA FAMÍLIA. —Arvores ou<br />
exsuda uma resina, de activissimo arbustos, de folhas alternas, simples,<br />
aroma, mui empregada, e conhecida pelo munidas de duas estipulas oppostas.<br />
nome de Cabureicica.<br />
Flores dispostas em cachos mais ou<br />
menos ramosos, axillares, ou oppostos<br />
Cabureicica.—É a resina forne ás folhas.<br />
cida pela madeira acima.<br />
O cálice nú, ou acompanhado de um<br />
caliculo, e formado de 5 sepalas mais<br />
Cacáo ou Cacáoseiro. — Theo- ou menos ligadas pela base, e valvulares.<br />
broma cacáo, Linn. — Fam. das ByttneA<br />
corolla de 5 pétalas lisas, enrolariaceas.<br />
— Arvore indígena das prodas<br />
em /espiral antes de seu desabrovíncias<br />
do norte do Brasil, sobretudo char, mais ou menos concavas e irre<br />
do Pará e Amazonas, e também da gulares; estas pétalas faltam algumas<br />
Nova Granada.<br />
vezes.<br />
Tronco erecto, de 3 % metros de al Os estames, do mesmo numero, de<br />
tura.<br />
numero duplo ou múltiplo do das pé<br />
Flores alternas, grandes, oblongas, talas, são em geral monadelphos, e o<br />
com a base cordiforme e ligeiramente tubo que elles formam por sua reunião<br />
obliqua; tendo a face superior de uma apresenta muitas vezes appendices pe-<br />
bella côr verde, e a inferior esbrantaloides, collocados entre os estames anquiçada,<br />
apresentando sete nervuras, theriferos; estes appendices são outros<br />
partindo todas da base.<br />
tantos estames abortados.<br />
Flores, em pedunculos solitários, si As antheras são constantemente de 2<br />
tuados um pouco acima da axilla das lojas.<br />
folhas, formando cachos.<br />
As carpellas em numero de 3 á 5 são<br />
Còrollas de 5 pétalas de côr verme mais ou menos completamente unidas.<br />
lha escura.<br />
Cada loja encerra dois ou três óvulos<br />
Fructo, noz oval, de 18 a 24 centí ascendentes, ou um maior numero, inmetros<br />
de comprimento, com 5 sulcos, seridos no angulo interno da loja.<br />
'superfície desigual, sericea, e 5 lojas Os estyletes ficam livres, ou são mais<br />
contendo grande numero de sementes. ou menos adherentes entre si.<br />
Além d'estas espécies de cacáoseiros, O fructo é em geral uma cápsula<br />
ha' outros que mais ou menos se asse globulosa, acompanhada pelo cálice, de<br />
melham, e cujas sementes tem o mes 3 ou 5 lojas, abrindo-se em outras<br />
mo emprego.<br />
tantas valvas, que freqüentes vezes apre<br />
O cacáo' serve especialmente para o sentam o septo no meio de sua face<br />
'fabrico do chocolate, que sendo, um bom interna.<br />
alimento, ajuntando-se certas substan As sementes offerecem, em um encias<br />
medicinaes, toma o nome de chodosperma carnoso, um embryão erecto.<br />
colate de musgo, de ferro, de salepo,<br />
de araruta, etc.<br />
Cacáoseiro bravo. — Theobroma<br />
Também entra na composição de pre guianensis, Wild. — Fam. Idem. — Este<br />
parados analepticos, como são o Raca- arbusto habita nos lugares charcosos da<br />
hout, Palamud, Thebroma.<br />
Guyana.<br />
Também se extrahe d'elle uma maté Differe do precedente em ter a folha<br />
ria, a que dão o nome de manteiga derecortada<br />
em de redor, e em ser o fructo<br />
cacáo.<br />
aloirado e pilosó. Segundo Aubl. Cacáo<br />
É emolliente; emprega-se interna silvestris.
94 CAF CAF<br />
Cachabú.—É uma espécie de Cardo mispherios; este caroço é corneo, o<br />
que alguns tomam por Jaracatiá. tem um 3ulco na parte plana.<br />
E' esta semente que dá toda a im<br />
Cachibou.— E' a resina fornecida portância ao Cafezeiro.<br />
pelo Páo de porco.<br />
O gênero Coffea encerra mais de 23<br />
variedades ou espécies, das quaes uma<br />
Cachim.— Também em alguns lu faz hoje a base da riqueza do Brasil,<br />
gares significa Borracha.<br />
que é o Cafezeiro arábico.<br />
As primeiras províncias que o cul<br />
Cachim.—Sapium ilicifolium, Willd. tivaram, foram o Maranhão e Pará;<br />
— Fam. das Euphorbiaceas.— E' uma passou ar ao depois á ser cultivado no<br />
vore leitosa da America, com fruetos Rio de Janeiro, d'onde exportam-o em<br />
pequenos.<br />
grande escala para os mercados da<br />
Três amêndoas bastam para um pur Europa e Estados-Unidos da America<br />
gante.<br />
do Norte.<br />
O nosso café oecupa um dos pri<br />
Cachinibo.—Trichophorum, Cachimmeiros lugares em muitos d'esses merbo.—<br />
Fam. das Cyperaceas.— Esta planta cados, porém • se se empregasse no<br />
tem o aspecto de um capim. Brasil maior cuidado, na sua prepa<br />
E' natural do paiz, e conhecida por ração e cultura, o consumo do café<br />
este nome nas províncias das Alagoas seria muito maior.<br />
e Pernambuco.<br />
O mais bem tratado é muito procu<br />
Ella fôrma uma touceira como o rado, e vende-se por maior preço como<br />
capim, de folhas estreitas, dispostas acontece com os cafés dos outros pai<br />
na superfície da terra.<br />
zes, por exemplo o de Moka e o de<br />
Do centro ergue-se um pendão trian Bourbon.<br />
gular, e nasce um aggregado de flores<br />
brancas, cheirosas, pequenas, verticil- PROPRIEDADES MÉDICAS.— E' útil conladas.tra<br />
a debilidabe do estômago, dando-<br />
Esta espécie cresce á beira dos calhe força e augmentando a energia<br />
minhos.<br />
própria; ajuda a digestão, accelera a<br />
circulação do sangue, faz alliviar ou<br />
Caeulage.— V. Quitoco.<br />
desapparecer as eólicas flatulentas.<br />
E' um poderoso .tônico e febrifugoJ<br />
Café ou Cafezeiro.— Coffea ará O uso do café dissipa a preguiça e<br />
bica, Linn.— Fam. das Rubiaceas.— a Arhjinguidez,<br />
proveniente do excesso de<br />
busto originário da Arábia, cultivado trabalho, ou do abuso de prazeres ve-<br />
em todo o Brasil, e em outros paizes nereos e de bebidas alcoólicas.<br />
intertropicaes.<br />
A medicina popular o emprega con<br />
Elle é de 2 a 3 metros de altura, tra as dores violentas de cabeça.<br />
frondoso.<br />
A medicina official o emprega na<br />
Folhas verde-escuras, oppostas, lus asthma, na coqueluche, catarrhos chrotrosas,<br />
de fôrma ellyptica, e ponnicos, gotta, amenorrhéa, tosse contudas.vulsa.<br />
Flores em feixes nas axillas das fo E' tido como um poderoso remédio<br />
lhas, e pelos ramos, brancas como o para combater os effeitos do envene-»<br />
jasmim, e com cheiro.<br />
namento pelo ópio e pelos outros nar<br />
O fructo de 1 % centímetro, oval, cóticos.<br />
vermelho, com uma casca coriacea, Internamente: Infusão de café tor<br />
tendo na parte interior uma substanrado, 30 grammas para 250 grammas<br />
cia albuminosa branca e doce; envolve d'agua fervendo.<br />
um caroço, que se divide em dois he- Café verde não torrado [em pó, uma
CAG CAI 93<br />
á duas grammas, de hora em hora,<br />
durante a apyrexia.<br />
Decocção: 30 grammas em 375 grammas<br />
d'agua. Meio calix de meia em<br />
meia hora.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Os fruetos<br />
são assucarados, adstringentes, e applicados<br />
como anti-dysentericos.<br />
Cahatinga.—V. Piassava.<br />
Café do matto. — Gunnera simi- Caiaria.—V. Caacica.<br />
lia coffea.-?- Fam. das Araliaceas.— Arbusto<br />
agreste e indígena, por este Caiané ou Coqueiro caiané.<br />
nome conhecido nas Alagoas. —Elaiis melanococca, Gcetr. — Fam. das<br />
E' pouco esgalhado ; o tronco esbran- Palmaceas. — E' uma palmeira do Pará<br />
quiçado.<br />
e do Rio Negro, que mais ou menos<br />
As folhas pallidas e oblongas. apresenta o typo do Dendeseiro,<br />
As flores, reunidas em feixes espi Ella fornece bom óleo.<br />
gados, parecem pevides brancas.<br />
O fructo é vermelho e dá pelo caule; é Caíuana. — V- Cainca do Brasil.<br />
oval obconico.<br />
Cai «ca do Brasil. — Chiococca an-<br />
Caferana — Jacarè-arú, Jacaruarú. guifuga , Mart. — Chiococca racemosa,<br />
— Quassiá do Pará. — Tachia guyanensis, Eumb., Bomp. e Kunt. — Fam. das Ru-<br />
Aubl.—Fam. das Gencianaceas.—Arbusto biaceas. — Esta planta, conhecida em<br />
do Brasil (Amazonas), de 2 metros de alguns pontos do Império por Cainca,<br />
altura, caule quadrangular.<br />
é indígena, e muita semelhança tem com<br />
•" Folhas oppostas, oblongas, acumina- a de Raiz preta.<br />
das na base, e flores amarellas. Tem suas folhas oppostas e as flores<br />
Raiz lenhosa, coberta de uma casca em cachos.<br />
delgada e branca, semelhante no exte O fructo é uma cápsula um tanto<br />
rior a da quassia.<br />
comprida, com um núcleo ósseo for<br />
O lenho é tenro, esbranquiçado e mado por dois caroços (F. 13.)<br />
radiado, de sabor muito amargo.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—Esta planta<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—A raiz e o goza da virtude de ser muito diure-<br />
lenho são muito empregados como tônicos tica; emprega-se a sua raiz.<br />
e febrifugos nas febres intermittentes. A casca é amarga, um tanto adstrin-<br />
Pó, 130 centigrammas.<br />
, gente; o impulso da raiz tem um cheiro<br />
Infusão, 4 grammas para 250 grammas nauseante; é diuretico e purgativo, e<br />
d'água.<br />
dá-se em doses pequenas; em doses<br />
Tintura, 4 a 8 grammas.<br />
maiores produz vômitos contínuos.<br />
E' empregada nas hydropisias, apo-<br />
Cagaiteira. —Eugenia dysenterica, plexias, demência, rheumatismo, sy-<br />
D. C.—Fam. das Myrtaceas.—Myrtus philis, e também contra amenorrhéa*<br />
dysenterica, Mart. —Planta conhecida em<br />
Minas-Geraes por este nome. Cairussú.—Eydrocotyle triflora.—<br />
E' um arbusto de ramos tortuosos; Fam. das Umbelliferas.— Planta herba<br />
casca lisa; folhas ovaes e lustrosas. cea (da família á que pertence o Coentro).<br />
Flores um pouco grandes e brancas, Ella é aperitiva.<br />
como as flores da goiabeira.<br />
Fructo globoso, coroado dos restos Cai té.—Canna aurantiaca, Rose.—<br />
floraes, e amarello quando maduro. Fam. das Amomaceas.— Planta do Bra<br />
A substancia externa é uma massa sil semelhante ao Merú.<br />
compacta, espessa e aquosa, envolvendo<br />
um caroço pardo no centro. PROPRIEDADES MÉDICAS.— O cosimento
96 CAI<br />
da raiz é calmante e empregado nas sissimas, encerram n'um endosperma<br />
gonorrheas ; pisada a raiz, serve para carnoso um embrião axillo c erecto.<br />
cataplasma sobre os abcessos.<br />
Ha varias espécies d'este gênero. Calula brava — Centronia crispaphylla.<br />
— Fam. das Melaslomaceas. —<br />
Caiula-açu. — Lobelia viscosa. — Esta planta é conhecida na Bahia pelo<br />
Fam. das Lobeliaceas. — Herva conhe nome de Cayuia.<br />
cida por este nome nas Alagoas. É de porte elegante, pequena, e de<br />
É agreste e de altura media. caule pilloso, assim como as folhas;<br />
Seu caule apresenta nós de distan porém estas são macias.<br />
cia em distancia, e pellos no ápice Os pellos são roixos, e cobrem a<br />
dos ramos.<br />
planta de tal maneira, que ella toma<br />
É viscosa, de folhas oblongas e um aspecto arroixeado.<br />
grandes.<br />
As folhas um pouco grandes, e as<br />
A flor é conica com dois lábios, de flores brancas.<br />
côr encarnada carmesim.<br />
O fructo oval, e roixo de 1 % cen<br />
O fructo é uma cápsula comprimida. tímetros ; contendo no interior uma<br />
polpa aquosa, acre, e pequenos grãos.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.— As Lobeliaceas<br />
são ordinariamente plantas herCaiuia<br />
mansa. — Centronia tincbaceas<br />
eu subfructescentes, cheias cm toria. — Fam. das Melatomaceas. — E um<br />
geral de um sueco branco e amargo. arbusto elegante, natural do paiz, que, v<br />
As folhas são alternas, raras vezes tanto em Alagoas como em Pernambuco,<br />
oppostas.<br />
é conhecido por este nome; á primeira<br />
As flores formam espigas, (thyrsos,) vista representa a ortiga.<br />
ou são approximadas em fôrma de ca Apresenta caules, folhas, e os órgãos<br />
pitulos.<br />
da fruetificação cobertas de pellos; es9es<br />
Ellas offerecem um cálice gamosé- pellos são alguma cousa arroxeados.<br />
palo, de 4, 5 ou 8 divisões persisten As folhas ovaes, meio grandes.<br />
tes, e uma corolla gamopetala regular As florinhas em cachos, brancas e como<br />
ou irregular, tendo o limbo dividido que postas sobre umas jarrinhas, que são<br />
em tantos lobulos quantas divisões os cálices.<br />
existem no cálice, algumas vezes como O fructo é de 1 V% centímetros, redon<br />
que bilabiada, de prefloração valvar. do, roixo, com uma casca fina: contem<br />
Os estames, em numero de cinco, uma pequena polpa aquosa, escura, e<br />
são alternos com os lobos da corol semeada de sementinhas; chupa-se esta<br />
la.<br />
polpa, que é acre-doce.<br />
Suas antheras são livres ou appro Esta planta é empregada na tinturaria,<br />
ximadas á semelhança de um tubo. porque produz uma tinta roixa ou preta.<br />
O ovario é infero ou semi-infero, de<br />
duas ou mais lojas polyspermicas.<br />
Caiuia da matta.—Graffenriedia<br />
O estylete é simples, terminado em<br />
macrophylla. — Fam. das Melaslomaceas.<br />
estigma lobulado, ás vezes revestido de<br />
— Também é agreste esta espécie, e só<br />
pellos.<br />
se acha nas mattas; dão-lhe este nome<br />
O fructo é uma cápsula coroada<br />
nas Alagoas.<br />
pelo limbo do cálice, de duas ou mais<br />
É um arbusto de casca parda clara.<br />
lojas, abrindo-se ou por meio de ori<br />
Folhas grandes, não brilhantes, com<br />
fícios que se formam na parte supe<br />
as divisões parallelas.<br />
rior ; ou por meio de valvas incom<br />
Flores em cachos pequenos e brancas.<br />
pletas, e que trazem comsigo uma<br />
Todos os órgãos da fruetificação são<br />
parte dos septos.<br />
cobertos de pellos e arroxeados.<br />
As sementes, pequeninis e numero-<br />
O fructo é globoso, com a dimensão de<br />
CAI
CAI CAI 97<br />
3 centímetros, semelhante ao precedente, Os estames em numero de seis, rara<br />
de massa aquosa.<br />
mente menos, são livres e hypogynicos.<br />
A anthera tem suas duas lojas apar<br />
Caiuia vermelha ou grande. tadas por um connectivo muito desen<br />
Calycogonium punctatum. — Fam. das Mevolvido. *<br />
lastomaceas.— É uma arvore semi-lenho- O ovario offerece três lojas oppostas<br />
sa, que em Pernambuco tem este nome. ás três sepalas externas, cada uma con<br />
Seu caule é cylindrico, e pelludo. tendo pequeno numero de óvulos ortho-<br />
As folhas oppostas, muito cobertas tropos, inseridos no angulo interno; elle<br />
de pellos vermelhos e macios. tem por cima um estylete que termina<br />
Flores em cachos, brancas, com todos em um estigma simples.<br />
os seus órgãos pelludos.<br />
O fructo é uma cápsula globulosa,<br />
O fructo é uma pequena baga, de menos de três ângulos, comprimida, e de três<br />
de 1 % centímetros, globosa, com muitas lojas, abrindo-se por três valvas, que<br />
sementes.<br />
trazem cada uma um septo no meio da<br />
Esta planta, indígena do Brasil, de face interna.<br />
porte elegante, parece a Caiuia brava das As sementes raras vezes são mais de<br />
Alagoas, mas notam-se-lhe algumas dif- duas em cada loja.<br />
ferenças.<br />
O embryão, em fôrma de pião, é op-<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— É um poderoso<br />
anti-syphilitico, applicado nas ulceras<br />
e cancros venereos.<br />
posto ao hilo, por conseqüência antitropo,<br />
e situado em uma cavidadesinha,<br />
de um endosperma duro e carnoso.<br />
As plantas que compõem esta família<br />
Caiuinha. — Dichorisandra elegans. são herbaceas, annuaes ou vivazes.<br />
Fam. das Commelinaceas —Planta agres A raiz é fibrosa ou formada de tuberte,<br />
natural do paiz, assim chamada nas culos carnosos.<br />
Alagoas.<br />
As folhas alternas, simples ou invagi-<br />
É um arbusto elegante que merece ser nantes.<br />
cultivado nos jardins.<br />
As flores lisas ou envolvidas em uma<br />
Seu porte é de 1 a 2 metros.<br />
espatha foliacea.<br />
O caule e ramos são herbaceos; as fo Esta família se distingue: 1.°, das<br />
lhas carnosas, em figura de espátula, e Juncaceas pelo porte, pelo cálice, cujas<br />
abarcantes.<br />
três-sepalas interiores são coloridas; pela<br />
As flores em cachos são de um roixo fôrma do embryão; 2.°, das Restiaceas,<br />
purpurino vivo, formando três azas azues igualmente pelo cálice, pela structura<br />
de côr intensa.<br />
da cápsula de lojas dispermicas, e sobre<br />
O fructo é uma cápsula trigona, com tudo pelo porte que é bem differente.<br />
alguns caroços pretos, redondos, dispostos<br />
em duas ordens em cada comparti- Caixa cobrir ou caixa cobre.<br />
mento, e por conseqüência formando seis — Cactus. — Fam. das Nopaleas oa Cac-<br />
ordens.<br />
taceas. — Arbusto de sertão do Brasil.<br />
E uma arvore mediana de 2 a 3 me<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. — Família tros de altura pouco mais ou menos,<br />
formada dos gêneros Commelina e Tradesesgalhada<br />
na summidade dos ramos,<br />
cantia, antes collocadas nas Juncaceas, formando e -umbrellas de distancia em<br />
de alguns outros novos que lhes foram distancia ; sem folhas.<br />
reunidos.<br />
As flores são brancas, á semelhança<br />
As flores têm um cálice de seis divi de Angélicas.<br />
sões profundas, dispostas em duas or O fructo mede 9 centímetros pouco<br />
dens : três exteriores que são verdes e mais ou menos, globuloso, achatado,<br />
ealicinaes, três interiores coloridas e pe- de côr roixa, casca grossa, por dentro<br />
taloides.<br />
escarnada, contendo uma massa mólle<br />
15
98 CAJ CA.1<br />
e doce, cheia de sementinhas pretas.<br />
Come-se essa massa, que passa por<br />
boa.<br />
planta e congênere da Jurubeba. Passa<br />
por desobstruente e depurativa.<br />
Cajaeiro ou Cajaseiro.— Spon-<br />
Cajaty. — É um arbusto de casca<br />
grossa, com as folhas semelhantes ás<br />
dias lutea, Linn. — Fam. das Anacar do Louro.<br />
diaceas. — Em Pernambuco e varias pro Dá um fructo amarello, de sabor e<br />
víncias do Brasil é conhecida por este cheiro agradáveis, e que é preso á<br />
nome, no Pará por Tapiriba, e por extremidade do ramo por um pedun-<br />
Acajá em outras províncias.<br />
culo comprido.<br />
O Cajaeiro é uma arvore oriunda do<br />
paiz, elegante por seu porte gigan Cajerana.—Cabralia cajerana, Mart.<br />
tesco e sua folhagem disposta syme- — Trichilia cajerana, Vell.— Fam. das<br />
tricamente»<br />
Meliaceas.— Arvore indígena e vegeta<br />
Precede á epiderme do seu tronco no littoral.<br />
uma casca de um tecido fibroso, ru É conhecida no Rio Grande do Norte<br />
goso, saliente, de natureza meio cor- por Cajerana, de casca parda, e ramos<br />
tiçosa, que é mui procurada para pelludos nas pontas.<br />
pequenas obras de esculptura.<br />
As folhas dispostas em palmas, são<br />
Suas flores, em cachos, são pequenas duras e sem brilho, e parecem-se á pri<br />
e brancas, e nada têm de notável. meira vista com as da Aroeira da praia.<br />
O fructo é uma baga amarella de Suas flores em cachos são como pe<br />
6 centímetros de comprimento, arrequenas Angélicas, esverdinhadas, codondada,<br />
achatada na base ; tem uma bertas de lanugem, e de agradável<br />
pellicula externa fina e lisa, uma polpa cheiro.<br />
pouco espessa, molle, ácida e pouco A frueta muda depois que cresce, e<br />
doce, e interiormente um caroço que parece uma jacasinha de 6 á 9 centí<br />
é grande, branco, suberoso, e enrumetros; é oval; a superfície é cheia de<br />
gado.<br />
proeminencias, como na jaca, emquanto<br />
•Come-se essa massa, que não é tão verde; dentro ha uma massa amarella<br />
boa ao paladár como ao olfacto, pelo pegajosa, e varias sementes achatadas e<br />
aroma que tem.<br />
angulosas dispostas transversalmente.<br />
Costumam fazer do cajá um xarope Come-se, mas não é de sabor delicado.<br />
próprio para limonadas, geléas e doce.<br />
Poucos annos ha que foram desco Caju ou'Cajueiro. — Anacardium<br />
bertas nas raizes d'essa bella arvore occidentale, Linn.— Cassuvium pommife-<br />
tuberas de vários tamanhos, cuja subsrum, Lamck. —Fam. das Anacardiaceas. —<br />
tancia é comestível, porém ainda não É uma arvore importante das Antilhas e<br />
se tem feito experiências a respeito. do Brasil, que vegeta no littoral.<br />
É copada, não se eleva muito, mas<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — O caroço do estende bem seus ramos; a folhagem<br />
cajá é um enérgico diuretico, e deve é pouco densa.<br />
ser tomado em doses moderadas. Suas folhas são simples, ovaes, co<br />
A casca é adstringente.<br />
riaceas, de côr verde amarellada.<br />
O fructo ácido e refrigerante é muito As flores em cachos pyramidaes.<br />
empregado na hypertrophia do cora-1 Cálice campanulado, com cinco di<br />
ção, contra as diarrhéas, blenorrhéas, visões.<br />
anginas atônicas, e ulceras do collo Corolla de cinco pétalas, grandes;<br />
do utero e vagina.<br />
5 ou 6 estames, antheras oblongas, ou<br />
arredondadas.<br />
Cajamurú. — Solanum saponaceum, Tem cheiro; umas são côr de rosa,<br />
Dun. — Fam. das Solanaceas. — É uma outras amarelladas.
O fructo é uma noz, reniforme, que o<br />
vulgo chama castanha; é coberta por dois<br />
invólucros, de consistência crustácea,<br />
de côr acinzentada; dá um sueco oleoso,<br />
muito cáustico, que se usa na medi<br />
cina popular, em applicações externas,<br />
para abrir fontes.<br />
A amêndoa assada é saborosa; e «oberta<br />
com assucar se prepara em confeitos,<br />
que tem melhor sabor do que<br />
as amêndoas doces.<br />
Attribue-se-lhe a singular propriedade<br />
de exaltar as faculdades intel-<br />
CAJ CAJ 99<br />
As flores são pequenas.<br />
O fructo é uma cápsula com a fôrma<br />
de um figo, carnoso, com 4 sementes<br />
côr de rosa, apresentando manchas<br />
mais escuras, e quatro lojas, contendo<br />
cada loja uma d'estas sementes; "ás<br />
veze^ aborta.<br />
A semente é coberta de um corpo<br />
cartilaginoso amarellado.<br />
E' drástica, e até venenosa quando<br />
se administra em alta dose.<br />
Ci»Sú banana. — Anacardium oceilectuaes,<br />
e de desenvolver a memória ; dentale. — Fam. das Anacardiaceas.—E'.<br />
é aphrodisiaca.<br />
uma espécie que se assemelha muito'<br />
O receptaculo é carnoso, e não é outra á precedente.<br />
cousa senão o desenvolvimento do pe- Seus fruetos regulam a dimensão de<br />
dunculo floral, ao que o vulgo chama 24 centímetros; encontram-se em pe<br />
caju.<br />
queno numero, e são em geral muito<br />
É oval ou redondo, de côr branca. doces.<br />
amarella ou vermelha; de consistência Em Pernambuco estes fruetos são<br />
molle, formado por um tecido carnoso bons, mas em algumas províncias são<br />
e fibroso, cheio de um sueco adstrin de má qualidade, como na do Rio<br />
gente, que é saboreado com praser na Grande do Norte.<br />
estação calmosa, em limonadas refri O fructo do Cajueiro, na primeira<br />
gerantes.<br />
phase de seu desenvolvimento, recebe<br />
Do sueco prepara-se vinho e vinagre, vulgarmente o nome de Maturi, e com<br />
e do tecido excellente doce.<br />
elle preparam um guizado mui agra<br />
A madeira é usada na arte de marcinaria.dável.<br />
Fructifica. uma só vez no anno, no Cajueiro bravo.— Trichospermum<br />
verão.<br />
lichen. — Fam. das Flacurtianeas. —Arvore<br />
media, oriunda dos lugares agres<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— O sueco do tes, isto é, vegeta nos taboleiros e<br />
caju é excitante, adstringente e diu- terras áridas do Brasil.<br />
retico, usado como anti-syphilitico. E' uma pequena arvore, de ramos mui<br />
A mesma arvore dá uma resina muito tortuosos, casca escura fendida, esta-<br />
abundante, que se pôde empregar em ladiça, áspera, mui parecida com a do<br />
vez da gomma arábica.<br />
Cajueiro manso; porém tão áspera que<br />
A casca do tronco é adstringente, e serve de lixa aos marcineiros e tarta-<br />
usa-se em banhos nas inchações das rugueiros.<br />
pernas.<br />
As folhas são seccas, onduladas e<br />
bacas.<br />
Caju de Angola.—Fam. das Eu As flores em cachos, são cheirosas.<br />
phorbiaceas.—É unia arvore cultivada Os fruetos são capsulasinhas ásperas,<br />
no Brasil, e assim chamada em Per de fôrma navicular, contendo 4 semennambuco".tes<br />
cobertas por um arillo branco na<br />
Com effeito, á primeira vista sup- sua metade, e envoltas em uma subspõe-se<br />
um Cajueiro.<br />
tancia vermelha, um pouco viscosa.<br />
Ella é copada, de folhas ovaes, a Na Bahia e em Sergipe é conhecida<br />
semelhança das do nosso cajueiro, e por Sambaia; em Pernambuco e Ala<br />
também coriaceas.<br />
goas por Cajueiro bravo.
IOO CAJ CAL<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.—São plantas<br />
de folhas alternas, simplices, inteiras,<br />
algumas vezes coriaceas, persistentes e<br />
desprovidas de estipulas, muitas vezes<br />
marcadas de pontos ou linhas transparentes.<br />
Sins flores são pedunculadas e axillares,<br />
freqüentemente unixesuaes e dioicas,<br />
outras ,vezes hermaphroditas.<br />
O cálice é formado de 3 a 7 sepalas<br />
distinctas, ou ligeiramente soldadas<br />
pela base.<br />
A corolla, que falta ás vezes, se<br />
compõe de 5 ou 7 pétalas, alternando<br />
com as sepalas.<br />
Os estames, em numero definido ou<br />
indefinido, tem os filetes livres ; as antheras<br />
são de 2 lojas.<br />
Estes estames são, assim como a corolla,<br />
inseridos no âmbito de um disco<br />
annullar, que falta raramente.<br />
O ovario é sessil ou estipitado, globuloso,<br />
ora de uma só loja, encerrando<br />
grande numero de óvulos, inseridos em<br />
trophospermas parietaes, cujo numero<br />
é o mesmo que o dos estigmas, ou<br />
dos lobos de estigma, ora de numero<br />
variável de lojas, pelo prolongamento<br />
dos trophospermas e sua reunião no<br />
centro do ovario.<br />
O fructo é unilocular ou plurilocular,<br />
indehiscente ou dehiscente.<br />
As valvas trazem cada uma d'ellas<br />
um trophosperma, ou um septo no meio<br />
da face interna.<br />
Em geral o tegumento exterior da<br />
semente é carnoso e arilhiforme.<br />
O embryão, homotropo e erecto, está<br />
collocado no centro de um endosperma<br />
carnoso.<br />
Os veados comem-a muito.<br />
Cremos que pertence propriamente<br />
ao gênero Cassucium e não ao mesmo<br />
gênero Anacardium.<br />
Cajuhi.— Anacardium humile, Mart.<br />
—Fam.das Anacardiaceas.—Kste cajueiro<br />
natural do paiz é agreste e vegeta em<br />
algumas províncias, especialmente em<br />
Sergipe, aonde abunda nas mattas e<br />
pelas catingas; não é arvore nem propriamente<br />
arbusto ; é subarbusto de 3 á<br />
4 metros de altura, no mais semelhante<br />
ao cajueiro ordinário.<br />
Dá, porém, um caju muito pequeno,<br />
de 3 a é centímetros, que raramente<br />
se come, por ter um azedume intolerável.<br />
Cajuhy ou Cajuim ou Caju<br />
do matto.—E' um cajueiro pequeno,<br />
como pequeno arbusto agreste que vegeta<br />
no Maranhão e no Pará, onde o<br />
chamam Caju do matto.<br />
E' semelhante ao outro Cajuhy; differe,<br />
porém, em ter a frueta mais redonda<br />
e pequena, com a castanha<br />
encravada no ápice.<br />
E' muito doce.<br />
Calamo arosnatico. — E' em<br />
S. Paulo o Junco de cobra.<br />
Calças de velha. — V. Verbasco.<br />
Calumba brasileira. — Simaba<br />
columba, Ried. — Fam. das Rutaceas. —<br />
Esta planta é um arbusto que vegeta nos<br />
nossos sertões e no Amazonas até o Paraguay.<br />
Ella apresenta folhas alternas, pin-<br />
Caju do campo.— V. Cajubi ou nadas ou digitadas, e até simplices.<br />
Cajuim.<br />
Suas flores são brancas, em cachos.<br />
Seus ramos esverdinhados, amarellos<br />
Caju da mata.—Fam. Idem.—É<br />
ou rosados, exhalam algum cheiro.<br />
uma frueta agreste, de 3 a 6 centíme Ha mais uma espécie, Simaba humitros<br />
: redonda, oval, tendo exteriormente lis, Ried.<br />
na parte inferior um envoltório carnoso,<br />
da fôrma de um copo.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— É tônica e<br />
Ella é uma noz parda, ovoide, que febrifuga.<br />
issemelha-se a um vaso com tampa;<br />
tem cheiro nauseante.<br />
Calumbi ou Malícia de lio-
CAM CAM «OI<br />
mera.—Mimosa.— Fam. das Legumino produz boa luz. Esta resina, esfregada<br />
sas. — E' subarbusto indígena que tem nos pés, preserva dos bichos chamados<br />
a mesma propriedade da Sensitiva ou de pé.<br />
Malícia âe mulher: de contrahir suas fo Ha outra espécie que é o Camaçari<br />
lhas pelo contacto dos corpos estranhos. branco.<br />
Em Pernarmbuco dão-lhe o nome de<br />
Malícia de homem, e nas Alagoas de CaCamapú.—Physallis<br />
edulis.— Fam.<br />
lumbi.<br />
das Polanaceas. — Esta planta também<br />
Cresce pelas várzeas, e eleva-se á al em Pernambuco é conhecida por Batura<br />
de 1 % metro pouco mais ou metetesta.nos ; tem o caule cylindrico, com espi E' indígena, e dá em quasi todas as<br />
nhos.<br />
províncias do Império.<br />
Folhas em palmas e miudinhas como E' esgalhada, de côr verde palha,<br />
na outra; as flores também, mas a fruta folhas ovaes, arredondadas e de mar<br />
é uma vagem recta, e não enroscada gens sinuosas.<br />
como na Sensitiva ou Malícia de mulher. As flores cinzentas,, franzidas.<br />
O fructo , depois de desenvolvido,<br />
Calunga. — Simaba ferruginosa, St. offerece o envoltório da base da antiga<br />
EU. Fam. das Leguminosas. — E' uma flor, que fôrma como que um casulo'<br />
arvore de folhas imparipinnadas, e fo conico anguloso, onde aquelle se acha<br />
liolos ellypticos.<br />
encerrado.<br />
Flores em panicula composta, sub- Os meninos brincam com essa frucsesseis,<br />
com bracteas curtas.<br />
tinha, batendo, depois de sopral-a, na<br />
A casca e a raiz d'esta planta contem testa; dá um estalo, se arrebentar o<br />
principio extractivo amargo.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' empre<br />
envoltório que está cheio de ar.<br />
Come-se, mas é insipida.<br />
gada em pó ou em cosimento interna PROPRIEDADES MÉDICAS.—E' diuretico<br />
mente nas dyspepsias, febres terças, hy- e calmante, empregado na dysuria; seu<br />
dropisias; e também contra o prolapso cosimento é útil nos catarrhos, seus<br />
do recto, em clysteres.<br />
caules são depurativos, e os fruetos<br />
desobstruentes.<br />
Camaçari vermelho ou de ca- O cosimento applicado internamente<br />
runcho.— Caraipa pyramidata. — Fam. é também útil nos rheumatismos ehro-<br />
das Ternstroemiaceas.—0 Camaçari é uma nicos e nas affecções da pelle, assim<br />
madeira conhecida em Pernambuco e como empingens etc.<br />
outras províncias por este nome.<br />
O sueco applica-se na dose de 60 a<br />
E' uma das mais bellas arvores do 90 grammas.<br />
paiz.<br />
O extracto na de 50 a 100 centi<br />
E' alta, de fôrma pyramidal, folhagem<br />
densa, folhas ovaes e regulares.<br />
grammas e o pó na de 4 grammas..<br />
As flores em cachos são como jasmins,<br />
brancas, e com as pontas tor<br />
Câmara.—V. Camará de chumbo.<br />
cidas.<br />
Cantar á-apeha.— V Mentrasto.<br />
O fructo é uma cápsula de três<br />
valvas, com algumas sementes. Camará-bilro.— V. Páo Pereira.<br />
O Camaçari vermelho é uma madeira<br />
de construcção; seu cerne é pardo ou Cantará de boi.—Chrysocoma pa-<br />
castanho, mas muda de côr.<br />
rallelinervia.—Fam. das Compostas. — E'<br />
Emprega-se em traves, frexaes, por- um arbusto semi-herbaceo, e por tal<br />
taes, e serve para taboado.<br />
nome conhecido em Alagoas.<br />
Dá uma resina combustível,- que] Suas folhas lanceoladas, oppostas e
to* CAM CAM<br />
de ^erde desmaiado ; esmagadas desen Tem uma pellicula fina, que cobre uma<br />
volvem cheiro; são baças, tem flores massa molle quasi liquida côr de chumbo,<br />
brancas, em cachinhos.<br />
com uma semente no centro, que tem<br />
Os fruetos são pequenos, contendo toda a analogia com p chumbo bastardo.<br />
sementes coroadas de um feixe de Esta planta, segundo um autor euro-<br />
penugem branca.<br />
pêo, tem as propriedades da Eerva ci<br />
O gado vaceum gosta muito d'este dreira.<br />
vegetal.<br />
Entre nós é uma das plantas que gosão<br />
de virtudes therapeuticas, e presta-<br />
Cantará branco. — V. Cravinho se á varias applicações médicas.<br />
de campina.<br />
Martius apresentou sete espécies de<br />
Lantana — Câmara aculeata, involucrata,<br />
Cantará de Capoeira.— Verbena Linn. — Brasiliensis, Sellomiana , Link.<br />
quadrialata.—Fam. das Compostas.—Tam — Pseudothea, St. EU. — Microphyla<br />
bém chamam a esta planta nas Ala<br />
Mart.<br />
goas Mitcamba.<br />
É um arbustosinho agreste e natural Camará tio Rio Grande do<br />
do paiz, cujo caule é alado nos quatro Sul. —Lantana zellovoiana, Link. — Di-<br />
ângulos, como um babadinho foliaceo.<br />
dynamia Angyospermia, Linn. — Fam. das<br />
As folhas, o caule e os ramos são<br />
Verbenaceas. — E' planta congênere do<br />
de côr verde azulada ou esbranquiçada.<br />
Camará de chumbo.<br />
As flores são brancas e miúdas.<br />
Mais ou menos suas virtudes são<br />
Dá um fructo, cujas sementinhas são<br />
iguaes ás do precedente.<br />
pretas e ornadas de duas pontas.<br />
Cantará-tinga. —Lantana iuvolu-<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Usa-se seu<br />
crata,Linn.—Fam. das Verbenaceas.—K'<br />
cosimento, internamente e em clysteres,<br />
uma planta mais ou menos igual ao<br />
, em pequenas doses, na cura dos catarrhos<br />
' com tendência a asthma.<br />
Camará de chumbo.<br />
Tem, porem, as folhasternadas,e é aromatica.<br />
Cantará de Cavallo. —V Malmequer<br />
grande.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Sua infusão<br />
Cantará de chumbo.— Lantana é proveitosa nos catarrhos. O sueco<br />
spinosa, Linn —Fam. das Verbenaceas.— das folhas misturado com assucar branco<br />
Pelo nome de Camará é esta planta co é empregado mui freqüentemente em<br />
nhecida em todas as províncias, e por Pernambuco nas moléstias dos pulmões.<br />
Camará de chumbo no sertão.<br />
. i<br />
E' um arbustosinho engraçado, a que Cam ar am baia. — Jussiaa scabra,<br />
não se dá a importância devida, por Wi lld. — Fam. das Onagrariaceas. — É<br />
que é muito commum.<br />
u ma planta herbacea, muito coberta<br />
Seu caule ramifica-se desde a raiz, de pellos.<br />
formando muitos galhos cruzados, que Usa-se na tinturaria.<br />
formam mouta; tem pequenos espinhos<br />
nos ramos.<br />
Cantarasi nho.—Lantana camará,<br />
Suas folhas ovaes, recortadas em roda Linn. — Fam. das Ve rbenaceas. — É um<br />
são baças, ásperas, e com cheiro aná subarbusto, conhecido por este nome em<br />
logo ao da Eerva cidreira.<br />
Pernambuco.<br />
As flores, dispostas em capitulo, ora Seus caules formam soqueira, e as ver-<br />
vermelhas, ora amarelladas.<br />
gonteas cruzadas inclinam-se sobre os<br />
Dá um fructo globuloso, do tamanho e outros vegetaes.<br />
da côr de um bago ou grão de chumbo No mais é semelhantissima ao Camará<br />
de espingarda.<br />
de chumbo, com excepção das flores que
CAM CAM 103<br />
são de côr de lyrio ou violeta; não tem Caule fraco, côr de castanha.<br />
espinhos.<br />
Folhas alternas, de côr verde pal-<br />
Goza das mesmas propriedades do lida, fuscas e ovaes.<br />
outro.<br />
Flores em cachos, nas extremidades<br />
Também o chamam Camará branco. dos ramos, de linda côr de rosa.<br />
O fructo é redondo, e contem seis<br />
Camarinhas. — Eupathorium ál sementes, dispostas circularmente.<br />
bum, Willd e Linn. — Fam. das Compostas. Não tem cheiro esta flor.<br />
— É üma planta da America Meridional,<br />
de caule erecto, folhas lanceola, dás floCambucá.<br />
— Eugenia eãulis — Camres<br />
alvas em cachos.<br />
bucá. — Fam. das Myrtaceas. —Frueta<br />
As sementes são febrifugas.<br />
dos sertões de Pernambuco, do Rio de<br />
Janeiro e de Minas Geraes.<br />
Cantbui.—Schinus rhoifolius, Mart. O Cambucá é o fructo do Cambucaseiro.<br />
—Fam. das Terébinthaceas. —É uma espéTem<br />
seis a nove centímetros mais ou<br />
cie de Aroeira, e tem os mesmos usos menos, é de fôrma redonda, e amarello<br />
que ella.<br />
côr degemma de ovo.<br />
Cantboim ou Cambui. — Euge<br />
Tem a superfície lisa e lustrosa, casca<br />
fina, ligada a üma massa gelatinosa, esnia<br />
tenella, D. C. — Myrtus tenella, pessa Mart. e molle, encerrando um núcleo ou<br />
— Fam. das Myrtaceas. — Fruetinha do semente redonda, oblonga de côr roixa,<br />
paiz, conhecida por este nome em Per um pouco oleosa.<br />
nambuco, Bahia, Alagoas, S. Paulo e O cambucá é doce e agradável.<br />
Minas Geraes.<br />
O caroço que encerra é adstringente,<br />
Provem de um arbusto, de tronco ra e a polpa é tão salutar e innocehte, que<br />
moso e liso, ramos Terticaes, folhas pe se dá aos enfermos.<br />
quenas, estreitas e lustrosas.<br />
Usa-se como refrigerante.<br />
As flores, em feixes, abundantíssimas,<br />
•<br />
occupam todos os pontos da axilla das Cantbuhy. — Eugenia crenata. —<br />
folhas e ramos ; são brancas e chei Fam. das Myrtaceas.— Não será á Eurosas.genia<br />
crenulata de Willd e o Myrtus<br />
O fructo é globuloso, de 1 1/2 á 3<br />
crenulatus de Swart ?<br />
centímetros de diâmetro, coroado pelos<br />
fragmentos do cálice, de côr roixa, ou<br />
vermelha escura, quando maduro.<br />
Camelão.—- V. Capim coco.<br />
Seu tegumento externo é membranoso,<br />
lusente, unido á uma polpa escura, Campainhas.—Convallariamajalis,<br />
aquosa com pouco tecido flbroso. Linn.—Fam. das Asparagaceas ouBorra-<br />
È' doce, com um resaibo adstringente. gaceas.— Planta da Europa aclimada em<br />
Tem no centro uma semente esphe- nosso solo para jardins.<br />
rica, dividida em duas partes.<br />
Herva vivaz, e que tem raiz bulbi-<br />
Floresce no Sul, em Janeiro e Fevefera.reiro, e em Pernambuco, em Abril e Suas folhas são radicaes, á seme<br />
Maio.<br />
lhança do Ananazeiro e dos Capins-açús.<br />
Nasce do centro das folhas um pe-<br />
Cambraia ou Melpires.— Maldunculo nú, onde se desenvolvem as<br />
pighia ilicifolia, MU.— Fam. das Mal- flores de côr branca, reunidas em uma<br />
pighiaceas.—Arbusto da America Meri espiga; oecupando um só lado da indional,<br />
que serve de ornamento de serção, são brancas ou rosadas, e com<br />
jardim.<br />
cheiro.<br />
Sua altura regula de 2 metros e 64 Ha três espécies que florescem em<br />
centímetros á 4 metros e 40 centímetros. Maio, e são mui cultivadas nos jardins
10 1 CAM CAN<br />
Cantpanilla.—Coutaria,campanilla, atravessado por cordões de palha dc<br />
D. C.—Fam. das Rubiaceas.—Arvore que arroz.<br />
vegeta no Amazonas.<br />
A Camphora adhere á palha do arroz,<br />
Tem as folhas ovaes, as flores brancas, abi se deposita com uma côr cin<br />
e um fructo oval, comprimido. zenta, e assim é transportada para<br />
a Europa com o nome de Camphora<br />
Cantpechelro.—Eematoxylum,cam- bruta.<br />
pechianum, Linn.—Fam. das Leguminosas. Para a purificar, sublima-se á banho<br />
Esta arvore é do México, mas tratamos d'areia em um matraz, cuja abobada<br />
d'ella aqui, por ser crivei que também tem uma abertura; é porisso que a<br />
exista nas regiões do norte do Brasil. Camphora se apresenta com a fôrma<br />
O Campecheiro é uma arvore de boa de pães concavo-convexos, furados no<br />
altura.<br />
centro.<br />
Sua folhagem brilhante é disposta<br />
em palminhas symetricas dispostas. PROPRIEDADES MÉDICAS.— A Camphora<br />
Suas flores, em cachos, são amarellas, goza de acção excitante, e anti-pas-<br />
e fragrantes.<br />
modica.<br />
O fructo é uma vagem comprimida, E' aconselhada internamente em<br />
contendo dois ou três grãos.<br />
grande numero de moléstias, taes como<br />
A madeira do Campecheiro é ama o typho, as erysipelas, a febre puerrella<br />
externamente, e no âmago é roixa peral, a pneumonia, a bronchite, as<br />
ou escura.<br />
affecções rheumaticas, gotosas, e ner<br />
Todos sabemos que o Campeche é vosas, as convulsões, etc.<br />
empregado na tinturaria, para tingir Externamente nas torceduras, con<br />
de- preto os tecidos ; mas elle também tusões, etc. ; finalmente a Camphora é<br />
é usado na medicina, como adstringente, empregada contra os envenenamentos<br />
contra as diarrhéas chronicas, e he- pelos narcóticos.<br />
morrhagias.<br />
E' reputada anti-septica. Serve para<br />
preservar os objectos da economia do<br />
Cantphoreira.—Laurus camphora, mestica, taes como roupas, moveis,<br />
Linn. e Rich. — Fam. das Lauraceas.— etc, da accão destruidora dos insectos<br />
Arvore indígena da China e do Japão. damninhos; é em virtude de sua pro<br />
Aclimada no Brasil, no extincto Jarpriedade anti-septica que usa-se nas<br />
dim Botânico da cidade de Olinda, e febres pútridas, etc.<br />
também nos jardins do Rio de Janeiro.<br />
Arvore bastante alta, tronco recto, Canambaya.— Cactus phyllanthus,<br />
dividido na parte superior.<br />
Vetl. — Fam. das Cactaceas. — Arbusto<br />
Ramos glabros, de um verde amarel- congênere dos Mandacarus, cujo fructo<br />
lado, e freqüentemente avermelhados. tem o sueco doce, mucilaginoso e re<br />
Folhas alternas, com peciolo curto, frigerante.<br />
ellypticas ou ovaes, .acuminadas, inteiras,<br />
glabras, um pouco luzentes por PROPRIEDADES MÉDICAS. — Emprega.se<br />
cima, e coriaceas.<br />
Flores em corymbos longamente pe-<br />
nas febres gástricas e biliosas.<br />
dunculados.<br />
Fructo do tamanho de uma hervi-<br />
Canaponga. — V. Mangue branco.<br />
lha, ovoide, luzente, de côr purpurea Candeia.— Vernonia norceboracensis,<br />
denegrida quando maduro.<br />
Wild.—Fam. das Compostas.—Planta<br />
Extracção da camphora. — Dividem-se da America do Norte, cultivada nos<br />
em achas o tronco, a raiz e os ramos jardins do Brasil.<br />
da Camphoreira, e distillam-se a brando É herbacea, de 1 a 2 metros; de<br />
calor num alambique, cujo capitei é altura.
CAN CAN' «o:<br />
Suas folhas são lanceoladas e com Lauraceas. — E' uma arvore do Ceylão,<br />
pridas.<br />
porém acelimada nas Antilhas, na Guy-<br />
As flores, em cachos, purpurinas e boanna, no Brasil (sobretudo nas provínnitas.cias<br />
do Norte), de 6 a 7 metros de al<br />
Ha muitas espécies.<br />
tura, medindo o tronco 30 a 40 centímetros<br />
de diâmetro.<br />
Candeia. — Lychonophora, Mart. — Folhas irregularmente oppostas, cur-<br />
Fam. Idem. —Arbusto natural do paiz, tamente pecioladas, ellypticas ou ovaes,<br />
de caule tortuoso.<br />
lanceoladas, inteiras, pontudas, lisas,<br />
Seu lenho, quando secco, queimando- verdes por cima, acinzentadas por baixo,<br />
se dá uma luz clara, sem fumaça, e coriaceas, com três nervuras, raras ve<br />
dispensa o azeite no sertão.<br />
zes cinco, longitudinaes, bem marcadas<br />
Um tição de fogo d'esta madeira, preso com um grande numero de veios trans-<br />
á parede, allumia como um archote. versaes.<br />
Flores amarelladas, pequenas, dispos^-<br />
Candeia das Alagoas. — Chrysotas em paniculas terminaes.<br />
bolanus ardentis. —Fam. das Chrysobola- A Canella de Ceylão apresenta-se em<br />
neas.— Arvore conhecida nas Alagoas, e cascas delgadas papyraceas, enroladas<br />
indígena do paiz.<br />
em tubos da grossura de um dedo, e do<br />
Suas folhas ovaes são quasi redondas comprimento de 50 centímetros ; ás<br />
no ápice, e coriaceas.<br />
vezes estes tubos são mais pequenos, li<br />
As flores, excessivamente miúdas em sos, de cor amarella avermelhada ou<br />
cachos diffuzos, e de cor branca. fulva..<br />
0 fructo mui pequeno.<br />
Sua fractura é irregular.<br />
Esta arvore dá também nas regiões do A Canella tem cheiro e sabor agradá<br />
Sul.<br />
veis ; é a principio doce, depois acre e<br />
O lenho quando queimado arde como urente.<br />
um facho sem se apagar:<br />
Extrahe-se a Canella das arvores que<br />
tenham pelo menos cinco annos.<br />
Candieiro.—V. Candeia.<br />
Cortam-se os ramos, tira-se a epiderme,separa-se<br />
a cascado ramo, epõe-se á<br />
Candeia.—Cladonia sangüínea, Mart. seccar; • é então que as cascas se enro<br />
— Fam. das Lichenaceas.—E' uma planta lam sobre si mesmas como apparecem no<br />
das mais importantes do reino vegetal. commercio.<br />
Umas arrojadas pelo mar vêm dar ás O óleo essencial de Canella ordinaria<br />
costas marítimas ; outras desenvolvemmente nos vem da índia. (Fig. 14.)<br />
se em terra com differentes caracteres,<br />
e, quasi sempre parasitas, tem coíes vi PROPRIEDADES MÉDICAS.—Estimulante<br />
vas e brilhantes.<br />
e tônica, é empregada nas digestões len<br />
O Candeia triturado com água ,e assutas, vômitos nervosos, febres adynamicar<br />
é optimo contra as aphtas das creancas, escorbuto, escrophulas e leucorrhea.<br />
cas.<br />
Internamente: Pó, 6 á 12decigrammas<br />
Em S. Paulo e Minas .tingem-se os 4 grammas para 400 grammas d'agua<br />
cestos e as esteiras como sueco d'esta fervendo.<br />
planta.<br />
Agoa distillada, 30 á 60 grammas em<br />
Ha varias espécies.<br />
uma poção.,<br />
Nos lugares arenosos e nas restingas Tintura, 2 á 4 grammas.<br />
do Rio de Janeiro encontram-se as espé Óleo essencial, 3 á 6 gottas.<br />
cies Cladonia pixidata e Clad. perfoliata.<br />
Canella batalha. —Grande arvore<br />
Canella ou Canelleira. — Lau- que vegeta nas províncias do sul do Imrus<br />
cinnamomum, Linn. e Spl-—Fam. das pério.<br />
16
flOtt CAN<br />
O sen tronco é de grossura maior do<br />
(jue o de qualquer das outras Canellas.<br />
Os falqueijadores lutam com grande<br />
difficuldade para derribal-a.<br />
A madeira é de inferior qualidade, de<br />
aspecto ligeiramente assetinado, e côr<br />
branca suja,<br />
v<br />
Jaueiro.— Barbacenia.—Fam. Idem —<br />
Este gênero é muito próximo do Vellosia.<br />
Seus caracteres são os seguintes :<br />
Cálice gamosépalo, quinquelobado,<br />
inchado, coberto de pellos glandulosos.<br />
Seis pétalas e seis estames ; de filetes<br />
largos, superiormente denteados, e<br />
Canella branca. — Wintheriana apoiando as antheras lateralmente.<br />
canella, Linn.— Canella alba, Svcart.— O ovario com um estylete e um es<br />
Fam. das Meliaceas. — Arvore que cresce tigma.<br />
no Amasonas e nas Antilhas.<br />
O fructo uma cápsula alongada trival-<br />
Suas folhas são obovaes e coriaceas. ve, e polysmermica.<br />
Suas flores azues.<br />
É pouco conhecida ainda esta planta.<br />
O fructo é uma baga.<br />
Sua madeira, com quanto seja própria Canella dc ema do sertão.—<br />
para construcção, éde qualidade inferior. Coslus.—Fam. das Amomoceas.—Arbusto<br />
agreste, natural do paiz, vegeta nos<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—Pode ser ap terrenos áridos, pedregulhosos, etc.<br />
plicada como tônica e tebrifuga.<br />
Sua altura regula de 110 a 132 centímetros.<br />
Canella de cheiro. — Oreodaphne O caule pouco esgalhado, com arti<br />
opifera, Mart. —Fam. das Lauraceas.— culações.<br />
Planta qne cresce no Rio Negro, As folhas grandes, reunidas na sumidade<br />
dos ramos.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. —Distilla esta As flores em espigas, de escamas<br />
arvore um óleo aromatico, que se em imbricadas, e vermelhas.<br />
prega nas contracturas dos membros,nos O fructo é uma bagasinha.<br />
rheumatismos, etc,em fricções ou em fôr O caule desta planta é semi-herbaceo<br />
ma de unguento.<br />
e fibroso.<br />
Os sertanejos preparam e fazem d'ella<br />
Canella de ema.— Vellosia marí esteiras, e coxins próprios para cantima.<br />
— Fam. das Eoemodoraceas, Polyagalhas.delphia icosandria,- Linn. — Esta planta<br />
serve para tapamento das paredes das Canella limão.—Bella arvore; o<br />
casas, nos lugares aonde não se encontra lenho é de um amarello pallido, um<br />
barro para tijolo, e também serve para tanto ondeado, assetinado, e de um<br />
combustível em razão de ser muito oleosa tecido frouxo.<br />
ou resinosa.<br />
E' aproveitado, se bem que em algu<br />
E' do porte mais ou menos de algumas mas obras internas.<br />
Yuccas, como também a Arvore ou Vella Na medicina domestica cosinha-se a<br />
de pureza, etc<br />
casca, dá-se a beber para combater<br />
Suas folhas são longas e largas.<br />
O caule é elevado.<br />
dores de peito.<br />
As flores, no ápice dos ramos, são soli Canella do matto.—Linaria arotárias,<br />
bonitas, grandes, brancas, amamatica, Arr. Cam.—Fam. das Scropkularellas<br />
e côr de lyrio.<br />
riaceas.—Esta planta é oriunda de Per<br />
O fructo é escamoso ou coberto de asnambuco.peresas. Vegeta no paiz.<br />
É aromatica, e dá boa madeira.<br />
Canella do matto. — Croton macu-<br />
Canella de ema do Rio de | latum.— Fam. das Euphorbiaceas.— Esta<br />
CAN
CAN CAN 1®7<br />
arvore agreste é conhecida no sertão<br />
das Alagoas por este nome.<br />
Tem um aspecto particular e. engraçado.<br />
A casca é maculada de branco.<br />
Os ramos são frágeis, as pontas<br />
louras.<br />
As folhas tem a pagina inferior coberta<br />
de uma penugem esbranquiçada;<br />
são ovaes.<br />
As flores são em cachos, e pubescentes.<br />
O fructo é uma cápsula de seis coccas<br />
orbicular, coriacea, tomentosa, contendo<br />
três sementes; é de três valvas que<br />
se abrem, apresentando as três sementes<br />
ovoides, envoltas no arillo; a amêndoa<br />
é oleosa.<br />
O lenho d'esta arvore é branco e<br />
fraco.<br />
Floresce uma só vez no anno: em<br />
Fevereiro e Marco.<br />
*<br />
As extremidades dos ramos correspondem<br />
á metade da altura da arvore.<br />
Folhas terminaes, agglomeradas nas<br />
partes extremas dos seus peciolos.<br />
As flores são unisexuaes, monoicas,<br />
imperfeitas, e pequenas.<br />
As flores masculinas occupam as partes<br />
mais elevadas, e maior extensão<br />
dos pedunculos.<br />
As do sexo feminino são constantemente<br />
em numero de três, e estão situadas<br />
inferiormente.<br />
O fructo é uma cápsula tricoca, resultante<br />
da união feita na terça parte<br />
do dorso das folhas carpellares, de<br />
Canella preta. — Agathophyllum<br />
sorte que a sua superfície apresenta<br />
três ângulos fortemente reintrantes.<br />
As linhas que representam as suturas<br />
dorsaes, que são as nervuras principaes<br />
das primitivas folhas, são bem<br />
visíveis; estas são triloculares.<br />
Cada loja contém uma semente, cujo<br />
episperma é membranoso, e de aspecto<br />
vitreo.<br />
aromaticum, Linn. — Fam. das Laura- A amêndoa, cujo embryão está enceas.<br />
— Arvore cuja madeira serve para volvido por um endosperma, é branca.<br />
construcção.<br />
*<br />
Canella de veado brava ou<br />
Canella preta.— Nectanãramollis, Pitiá café.— Casearia similia,coffea.—<br />
Nies.—Laurus atra, Vell.—Fam. das Fam. das Samidaceas.<br />
Lauraceas.<br />
Arbusto agreste e natural do paiz,<br />
que vegeta no littoral, e é conhecido em<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — As folhas Pernambuco por esses nomes.<br />
d'esta planta passam por diuréticas, car- É baixo e bem esgalhado.<br />
minativas e emmenagògas.<br />
Folhas ovaes, lanceoladas, oblongas<br />
e lustrosas.<br />
Canella fedorenta ou fétida.<br />
Flores brancas, miúdas, em feixes,<br />
— È uma bella arvore, que seria muito nas axillas das folhas, e na extensão<br />
estimada se não exhalasse um cheiro do caule.<br />
tão desagradável e repugnante.<br />
O fructo é uma bagasinha, como<br />
Todavia este inconveniente desappa- uma azeitona, que abre-se por si, mosrece<br />
ou diminue com o tempo, e a matrando três sementes vermelhas ; é roixo<br />
deira pôde ser empregada em taboas de por fora.<br />
forro e soalho.<br />
Algumas pessoas comem-n'o.<br />
Sua côr é mais clara, e não possue Esta planta floresce em Janeiro e<br />
o brilho particular das outras canellas. Fevereiro.<br />
É em geral imprópria para as obras Também chamam-n<br />
expostas ao ar.<br />
v a Assa-peixe, em<br />
Sergipe.<br />
Canella de veado. — Fam. das Canella de veatlo mansa das<br />
Euphorbiaceas — Arvore pouco elevada, Alagoas.—Eugenia multícàuliSi—Fam.<br />
copada, pouco espessa.<br />
das Myrtaceas.—Este arbusto, que ve-
108 CAN CAN<br />
geta pelas capoeiras do Brasil, é co dos nós, formando uma bainha, que ennhecido<br />
nas Alagoas e em Pernamvolve ou todo ou parte do merithalo subuco<br />
por este nome.<br />
perior.<br />
Cresce mais ou menos até 4 metros. As flores se agrupam cm uma florescên<br />
Seus caules se multiplicam da base cia composta sobre um caule, a que cha<br />
da planta, formando touceiras. mamos flexa, da qual procedem gradu<br />
A casca é fina, lisa e desprende-se almente outros caules, em roda dos quues<br />
naturalmente em lâminas. E' de côr de ficam dispostas em paniculas, simulando<br />
canella avermelhada.<br />
uma espiga.<br />
As folhas são oppostas, ovaes, pe O fructo contem uma semente oblonga,<br />
quenas e lustrosas.<br />
envolta pelas valvas, ou invólucros flo<br />
As flores brancas, em cachos, com raes.<br />
algum cheiro.<br />
Da raiz fibrosa so elevam os caules ar<br />
O fructo é uma baga oval, arredondada. ticulados, guarnecidos de 40 ou 50 nós,<br />
de 2 centímetros de diâmetro 0 com<br />
fragmentos dos envoltórios floraes no<br />
mais ou menos approximados, conforme<br />
o desenvolvimento da planta.<br />
ápice, tendo quando maduro a côr Folhas abarcantes na sua base, com o<br />
roixa avermelhada, e a casca mem- comprimento de 1 % metro e largura de<br />
branosa, unida a uma polpa trigueira, de 3 a 6 centímetros, com suas nervu<br />
aquosa e acre-doce.<br />
ras longitudinaes.<br />
Tem um e algumas vezes dois ca Esta planta é importante, pois d'ella<br />
roços no centro, e da mesma côr. se extrahe a substancia tão conhecida<br />
O lenho d'este arbusto tem muita com o nome de assucar, hoje matéria<br />
flexibilidade ; porisso os meninos tiram de primeira necessidade para quasi<br />
d'elle vergonteas para apanhar pássaros. todos os povos da terra.<br />
A canna de assucar passa p*or ser<br />
Canellinha. — V. Casca preciosa. originaria das índias Orientaes ; pelo<br />
menos até agora não se tem provado<br />
Caitinana de Minas.— Chiococca de modo evidente que esta planta se<br />
densifolia, Mart. — Fam. das Rubiaceas. tenha encontrado ab origene em outros<br />
— Planta oriunda de Minas Geraes. pontos do globo.<br />
É iima trepadeira, de folhas ovaes Os antigos conheciam o assucar?<br />
e flores brancas e aromaticas. Esta questão pôde ser resolvida facilmente,<br />
consultando-se os auetores gre<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — A raiz d'esta gos e latinos, onde se acharão consi<br />
planta é drástica, e diuretica; é empregnados os nomes de Mel de canna, Sal<br />
gada nas hydropisias e opilações. de canna e também algumas vezes de<br />
Dá-se na dose de 1 a 2 grammas do Saccharum.<br />
extracto, e de 4 grammas do pó.<br />
Mas, pela maneira porque estes aue<br />
Sua infusão é feita na proporção de tores se exprimem, vê-se que conheceram<br />
15 a 20 grammas para 225 grammas d'a- o assucar, não crystalisado nem refigua.nado,<br />
mas em xarope ou nó estado a<br />
que entre nós se dá o nome de rapa<br />
Canna de assucar.— Saccharum dura.<br />
officinarum, Liun. —Arundo saccharifera, O illustre Humboldt presume que<br />
Pison.— Fam. das Graminaceas. A Canna desde mui remota antigüidade, os Chins<br />
de assucar, Saccharum officinarum cultivavam de a Canna, e conheciam o<br />
Linnêo, Saccharopharum de Necker, permodo<br />
de purificar o seu sueco, e de<br />
tence á familia das Graminaceas de crystalisal-o.<br />
Kunt, e a Triandra digynea de Linn. Os etymologistas querem que a pa<br />
O seu caule é cylindrico e articulado. lavra Saccharum ou assucar venha do<br />
As folhas nascem da circumferencia termo Sanscrito Scharkara, cousa doce.
CAN CAN 109<br />
Os persas chamam ao assucar Sckaka, Os árabes deram o nome de Zuccar athes-<br />
e os indios Suchur.<br />
ser ao sueco concreto de uma nova planta<br />
Os egypcios, em eras remotas, se da familia das Apocynaceas, cujas qualinhores<br />
do commercio da índia, foram dades eram análogas ás do Sal indiano.<br />
substituídos pelos habitantes de Tyro e Avicennes faz menção de três quali<br />
de Sidon; mas depois da conquista dades de assucar: o Zucar arundineum<br />
de Alexandre, e da creacão da cidade ou sal indiano; o Zuccar mambú ou assu<br />
que tem seu nome (Alexandria), que car da Pérsia; o Zucar athesser ou assu<br />
abrio nova via de commercio pelo mar car arábico.<br />
Vermelho e pelo Nilo, os egypcios e Marco Paulo, que em 1250 percorreu a<br />
gregos se apoderaram de novo do com Tartaria, a parte meridional da China<br />
mercio do Oriente.<br />
e a península do Ganges, menciona o<br />
O Egypto continuou a ser o empório do assucar entre os produetos de Bengala.<br />
commercio do Oriente, durante o impé Ormuz era, n'aquella época empório<br />
rio grego deBysancio, assim como depois do commercio do assucar, e parece ter<br />
que Constantinopla se converteu em ca sido d'essa cidade que partiram as planpital<br />
do Império musulmano; é esta a tas de Canna, que em breve tempo se<br />
razão porque o mar Vermelho continuou propagaram na Arábia, no Egypto, na<br />
a ser o caminho ordinário d'esse com Nubia e na Ethiopia.<br />
mercio.<br />
Em 1497, Vasco da Gama faz menção<br />
Sabe-se que durante muitos séculos, do grande commercio de assucar e de do<br />
os italianos, principalmentie os veneziaces, que então se fazia no reino de Calinos<br />
fizeram o commercio quasi exclusivo cut.<br />
de Alexandria, e erão os monopolistas Pedro Alves Cabral nota a mesma cou-<br />
dos gêneros da Índia, consumidos [em sa em Cambaya em 1590.<br />
toda a Europa.<br />
Eduardo Barbosa, que escreveu em 1515,<br />
Este estado de cousas durou até a diz que em Bathecala, na costa de Co-<br />
descoberta da passagem pelo Cabo da romandel, se fabricava muito assucar,<br />
Boa Esperança.<br />
branco e bom,imãs em pó, porque os ha<br />
Esta resenha era necessária para inbitantes o não sabiam reduzir a pães.<br />
dicar o modo porque se fazia o com Sabe-se com certeza que em 1805 as cimercio<br />
do assucar com a Europa, como dades de Danar e de Zibir, na Arábia Fe<br />
também a maneira pela qual a culliz, faziam considerável commercio de<br />
tura da Canna foi conhecida, e mais assucar, e que Dangola, cidade impor<br />
tarde transportada para outros lugares. tante da Nubia, servia igualmente de<br />
O primeiro nome que teve o assucar. empório a todo o commercio de assu<br />
foi o de Sal indiano, entretanto esse car do paiz.<br />
nome dá uma falsa idéa de sua origem N'aquella época Thebas fabricava muito<br />
porque não era a índia, propriamente assucar, assim como Marrocos.<br />
tal, que o produzia n'aquella epocha, Giovani Lioni diz ter examinado em<br />
mas sim o Archipelago indico, isto é, Darotte, no Egypto, uma immensa fa<br />
o que hoje se chama Indo-China. brica de assucar, semelhante a um cas-<br />
Foi somente no fim do XIII século tello, onde haviam prensas, grandes cal<br />
que a Canna passou para a Arábia. deiras e numeroso pessoal de traba<br />
Os próprios habitantes d'além Ganlhadores.ges não a conheciam, mas sabendo Nos ultimou annos do XII século os<br />
que o assucar se extrahia de uma es cruzados encontraram cannaviaes nas<br />
pécie de junco, procuraram extrahil-o planicies da Phenicía, e foram elles os<br />
de uma espécie de bambu, chamado primeiros que introduziram a Canna<br />
Mambú, e denominaram ao sueco d'esse na Europa, porém o assucar já era<br />
bambu Sacchar-mambú, e mais tarde desde muito tempo antes ahi usado<br />
Tabaxir.<br />
nas casas dos príncipes, e dos ricos.
HO CAN CAN<br />
Entre os manuscriptos da bibliotheca<br />
imperial de Paris, existem: uma conta<br />
datada de 1333, onde figura uma parcella<br />
do custo de certa porção de assucar<br />
branco para uso do Delphim<br />
Umbert; um Decreto real de 1353, regularisando<br />
o commercio do assucar ;<br />
e finalmente poesias de Ku>taquio<br />
Deschamps, morto em 1428, em que o<br />
poeta menciona o assucar como um dos<br />
mais caros artigos de despezas das<br />
famílias.<br />
Legrand dAssissi, diz que no XV<br />
século, a cultura da Canna tornou-se<br />
uma espécie de mania geral.<br />
Beaujeu, que escreveu em 1550, diz<br />
que ella era mui cultivada na Provença<br />
e no Languedoc.<br />
Alguns auctores querem que a Canna<br />
fosse introduzida na Syria, em Chipre,<br />
e na Sicilia no XIV século; mas o<br />
Sr. Dr. Freire Allemão apoiando-se em<br />
um diploma ou acto de doação feito<br />
por Guilherme II rei da Sicilia a um<br />
mosteiro de Benedictinos, diz que, no<br />
ultimo quartel do XII século, já existiam<br />
engenhos de moer Canna na Sicilia<br />
.<br />
Como quer que seja parece certo,<br />
como conclue o mesmo Dr. Freire Allemão,<br />
que ao fechar do XIV século<br />
era conhecida esta planta em todo o<br />
âmbito do Mediterrâneo, desde as praias<br />
da Ásia até Tanger na África, e Granada<br />
na Europa.<br />
Descoberta a ilha da Madeira em<br />
1420, o celebre infante D- Henrique<br />
promoveu de todos os modos a cultura<br />
da Canna, que ahi prosperou, assim<br />
como nas Canárias.<br />
A opinião geralmente adoptada é<br />
que esse príncipe mandara vir da Sicilia<br />
as primeiras mudas de Canna<br />
que se plantaram na ilha da Madeira,<br />
assim como mestres e apparelhos de<br />
fabricar assucar.<br />
Esta opinião é unicamente fundada<br />
no que escreveu o historiador João de<br />
Barros. O Sr. Dr. Freire Allemão hesita<br />
em adoptal-a.<br />
Que o infante mandou buscar á Si<br />
cilia mestres de moendas e de assucar<br />
nada mais natural, diz elle, por ser<br />
um dos lugares onde, n'nquelle tempo,<br />
melhor se entendia d'aquellc mister;<br />
as cannas, porém, elle tinha quasi em<br />
casa, visto que, até o estreito de (libraltar<br />
(e quem sabe se fora d'elle) já<br />
eram conhecidas e cultivadas.<br />
A Hespanha seguio o exemplo.de<br />
Portugal, introduzindo essa preciosa<br />
cultura nas Canárias, e depois na própria<br />
Hespanha.<br />
A Canna de assucar naturalisou-sc<br />
nos reinos de Andaluzia, de Valença,<br />
de Granada, Murcia, etc, e a Hespanha<br />
é hoje o único paiz da Europa,<br />
onde se cultiva a Canna de assucar.<br />
No XVII século, Alexandria, Chypre,<br />
Rhodes, etc, já não forneciam assucar<br />
ao commercio ; porém, em 1815 ainda<br />
estes paizes abasteciam a vários mercados<br />
da Europa, c a respeito da<br />
Franca escrevia n v este mesma anno<br />
Charles Etienne :<br />
«Os assucares mais estimados são<br />
os que nos fornecem a Hespanha,<br />
Alexandria, as ilhas de Malta, de<br />
Rhodes, de Chypre e de Candia.<br />
« Elles nos chegam d'esses diversos<br />
paizes molhados em fôrma de pães grandes,<br />
mas os que nos vem de Valença<br />
são menores.<br />
« O assucar de Malta é mais duro,<br />
porém não é tão branco, ainda que elle<br />
seja brilhante e transparente.<br />
« Finalmente o assucar não é outra<br />
cousa mais do que o sueco de um canniço,<br />
que se espreme por meio de uma<br />
pedra ou de um moinho, que depois<br />
se embranquece fazendo-o cosinhar por<br />
três ou quatro vezes, e se deita em<br />
moldes onde elle endurece. »<br />
Parece que em 1520 os portuguezes<br />
introduziram a cultura da Canna nas<br />
ilhas do Cabo Verde.<br />
A pequena ilha de S. Thomé poucos<br />
annos depois já contava sessenta engenhos,<br />
e os auctores contemporâneos<br />
avaliavam a sua producção em quatro<br />
milhões de libras.<br />
Em 1506 Pedro de Etiença ou de<br />
Atiença levou plantas de Canna para<br />
|Hespaniola (depois S. Domingos, hoje
CAN CAN fllf<br />
Haiti) que Christovão Colombo acabava<br />
de descobrir.<br />
Miguel Balestro foi o primeiro que<br />
conseguio inventar um apparelho para<br />
espremer-lhe p sueco por meio de moen •<br />
das, e Goncalo de Vellosa também foi<br />
o primeiro qne conseguio fabricar assucar.<br />
A industria da fabricação do assucar<br />
prosperou de modo, que os palácios de<br />
Madrid e Toledo, fundados por Carlos V,<br />
foram construídos com o produeto dos<br />
direitos de entrada do assucar de S. Domingos.<br />
Esta cultura, propagada em differentes<br />
pontos do continente americano,<br />
adquirio muita importância no Brasil.<br />
Foi em conseqüência d'essa importância,<br />
que os portuguezes exerceram<br />
uma espécie de monopólio no abastecimento<br />
da Europa, durante o fim do<br />
XVI século.<br />
Lisboa deveu a esse trafico, reunido<br />
ao commercio da índia, a epocha de<br />
seu maior explendor.<br />
Diversas causas concorreram para<br />
remover este manancial de riqueza.<br />
Portugal cahio sob o domínio da<br />
Hespanha, e os estabelecimentos das<br />
outras nações da Europ§, faltando-lhes<br />
consumidores para o tabaco e outros<br />
produetos, começaram a fabricar assucar<br />
em grande escala, e fizeram tão<br />
terrível concurrencia, que o preço baixou<br />
de modo a diminuir consideravelmente<br />
a producção.<br />
Até então na verdade a cultnra da<br />
Canna se tinha conservado nas grandes<br />
Antilhas sujeita aos hespaníioes, porém<br />
com tão pouca importância que, quando<br />
em 1656 os inglezes se assenhorearam<br />
da Jamaica, não encontraram alli mais<br />
de três engenhos.<br />
Em Barbadas principiou-se a exportar<br />
assucar em 1646, e os habitantes<br />
se mostraram tão activos, que trinta<br />
annos depois elles exportaram perto<br />
de sessenta mil toneladas.<br />
A exportação da Jamaica cresceu<br />
proporcionalmente.<br />
Entretanto em ambas estas ilhas,<br />
até 1641, apenas se cultivava tabaco,<br />
gengibre e algodão.<br />
Algumas plantas de Canna, que seus<br />
habitantes mandaram buscar ao Brasil<br />
n'esse anno, foram cultivadas com tão felizes<br />
resultados, que o assucar exportado<br />
excedia em 1770 ás necessidades do consumo<br />
da Grã Bretanha.<br />
O commercio das Antilhas foi nos primeiros<br />
tempos franco para todas as nações.<br />
Essas paragens erão principalmente<br />
visitadas pelos hollandezes, cuja maravilhosa<br />
actividade os faz' correr para<br />
qualquer parte, onde ha algum lucro á<br />
aproveitar.<br />
Em conseqüência da barateza de seus<br />
fretes, de sua probidade e pontualidade,<br />
os hollandezes obtinham a preferencia<br />
dos transportes, mesmo dos negociantes<br />
inglezes.<br />
O commercio passava insensivelmente<br />
para as suas mãos, com exclusão das outras<br />
potências marítimas.<br />
A declinação da sua navegação e commercio,<br />
e certas questões políticas irritantes,<br />
deram origem na Inglaterra ao<br />
famosoacto de navegação, posto em vigor<br />
no 1.° de dezembro de 1651, cujas estipu-<br />
1 ações geraes erão inteiramente dirigidas<br />
contra a nação hollandeza.<br />
Em 1654 Cromwel terminou os actos<br />
de hostilidade, a que deu origem o acto<br />
de navegação, por meio de um tratado,<br />
sem todavia o derogar.<br />
Em 1660 esse acto foi renovado e confirmado<br />
por Carlos II. Muitos publicistas<br />
o consideraram como a causa principal<br />
do augmento do poderio inglez, política<br />
e commercialmente.<br />
Não é aqui lugar de discutir essa questão,<br />
que aliás parece decidida pela moderna<br />
derogação d'esse famoso acto de<br />
navegação, e da promulgação do trafico<br />
livre.<br />
Esse systema prohibitivo, que durou<br />
por tão longos annos, foi imitado<br />
por todas as nações da Europa ; porém<br />
não obstante uma legislação severa,<br />
que assegurava a cada metrópole o<br />
commercio de suas colônias, a pro-
lis CAN CAN<br />
ducção do assucar so desenvolveu<br />
cada vez mais.<br />
As colônias seguiram a fortuna de<br />
3uas respectivas mães pátrias, e foram<br />
successivamente chamadas a tomar<br />
uma parte mais ou menos considerável<br />
no abastecimento geral.<br />
Faltam documentos a respeito do estado<br />
do commercio em diversas epochas.<br />
Sabe-se em geral que a producção<br />
da ilha da Madeira, das Canárias e<br />
de S. Thomé fez affrouxar o da Sicilia,<br />
do Egypto e da Arábia.<br />
Mais tarde a cultura das colônias<br />
hespanholas, das ilhas, e da terra firme,<br />
reduzio a da Andaluzia.<br />
O Brasil, finalmente, tornou-se o<br />
centro principal da producção do assucar,<br />
e até ao meado do XVII século,<br />
esteve de posse do abastecimento, por<br />
intermédio de Lisboa, de todos os<br />
mercados da Europa, até que a concurrencia<br />
das outras colônias productoras<br />
conseguisse rivalisar com elle<br />
nos paizes consumidores.<br />
Porem, por meio de suas diversas<br />
fortunas o Brasil ficou sempre sendo<br />
um dos pontos mais importantes de<br />
producção.<br />
O preço do assucar do Brasil em<br />
1650 era muito alto, e regulava de 240<br />
a 280 rs. a libra, o que eqüivale hoje<br />
a 640 ou 700 rs., a sua exportação<br />
orçava n k De 1~26 a 1727 S Domingos começou<br />
a fazer peso nos mercados do<br />
mundo, exportando, por exemplo, em<br />
1767, 114 milhões de libras tanto<br />
branco como mascavo, quantidade que<br />
se elevou em 1790, anno em que teve<br />
lugar a desastrosa revolução, que poz<br />
essa ilha debaixo da dominação da<br />
raça negra, a 164 milhões de libras.<br />
Era 1775, a Martinica, Bourbon, Guadelupe<br />
e Cayenna elevaram a sua producção<br />
a 44 milhões de libras. As três<br />
ilhas augmentaram constantemente em<br />
producção, mesmo á custa do café.<br />
A cultura nas Barbadas e na Jamaica<br />
augmentou consideravelmente depois<br />
da introducção dos escravos africanos,<br />
que começou em 1641.<br />
A importância crescente da producção<br />
do assucar foi tal que, em 1685, primeiro<br />
anno do reinado de Jacque3 II,<br />
o parlamento estabeleceu um imposto<br />
especial sobre o assucar e o tabaco<br />
d'essas ilhas, e esse imposto rendeu<br />
mais de 200 milhões de cruzados.<br />
Foi somente no anno de 1760 que<br />
as colônias de Cuba e de Porto Rico<br />
deram grande extensão á cultura e<br />
fabricação do assucar.<br />
Até então as colônias hespanholas<br />
não forneciam assucar, senão o necessário<br />
para o consummo dos paizes sujeitos<br />
ao mesmo domínio na Europa<br />
essa epocha entre 120 a 150 e America.<br />
milhões de libras.<br />
No triennio de 1775 a 1778 calcu<br />
A concurrencia das Antilhas produlava-se o movimento commercial em<br />
zio uma baixa gradual nos preços. 590 milhões de libras de assucar, não<br />
Em 1728 a prosperidade das colônias fallando no consumo local, nem no com<br />
inglezas havia reduzido a 32 ou 33 mercio estabelecido entre as colônias<br />
schillings o preço do quintal do as da mesma nação.<br />
sucar, quando anteriormente os mer Na epocha da revolução franceza este<br />
cados inglezes só o obtinham dos estado de cousas experimentou- algumas<br />
portuguezes a 4 ou 5 libras esterlinas. mudanças.<br />
Não obstante esta concurrencia o A guerra da independência dos Es<br />
Brasil ainda exportou, em 1736, 80 mitados Unidos perturbou no principio a<br />
lhões de libras, contra 170 milhões de producção em diversos pontos; mas os<br />
libras de todas as outras possessões annos de paz decorridos depois dos<br />
européas, nas ilhas e no continente da tratados de 1783 deram novo impulso<br />
America.<br />
á producção, principalmente nas pos<br />
Nessa epocha as colônias hollandesessões francezas, de sorte que em<br />
zas eram as rivaes do Brasil, na pro 1789 a França se achava em attitude<br />
ducção do assucar.<br />
de dominar os mercados da Europa;
CAN CAN f l?i<br />
calcula-se em 240 milhões de libras o<br />
assucar branco e mascavo introduzido<br />
nos diversos mercados pelas colônias<br />
francezas.<br />
Durante o longo período de guerra<br />
entre as nações européas, de 1792 á<br />
1815, a producção, o consumo e o commercio<br />
do assucar soffreram alternativas<br />
extraordinárias.<br />
A sorte da guerra fez cahir em poder<br />
dos inglezes uma grande parte das<br />
colônias francezas productoras de assucar,<br />
e em razão da situação e estado<br />
do continente europeu, as outras colônias<br />
não tinham senão os seus próprios<br />
mercados para consumirem a sua<br />
producção.<br />
A única nação que então podia commerciar<br />
livremente eram os Estados-<br />
Unidos; de 1801 á 1802 os seus negociantes<br />
importaram 108 milhões de libras<br />
de assucar, dos quaes 46 milhões<br />
ficaram para consumo e ., 62 milhões<br />
foram exportados.<br />
Mas este commercio quasi que se<br />
limitava ás colônias francezas fora do<br />
jugo da Inglaterra, e aecidentalmente<br />
era prohibido aos americanos exportarem<br />
em troca de suas madeiras e<br />
peixes salgados mais de 6,000 barricas<br />
dç assucar, pouco mais ou menos 7<br />
milhões de libras.<br />
Essa concessão tão restricta e tão favorável<br />
para os próprios colonos foi<br />
uerogada em 1806, e desde então todos<br />
os assucares foram mandados directamente<br />
para a Inglaterra.<br />
Em 1807 o abarrotamento dos mercados<br />
inglezes deu origem a uma terrível<br />
crise ; os preços do assucar desceram<br />
muito, e isso no meio de uma guerra<br />
que encarecia os fretes, os seguros, e<br />
diminuía muito o numero dos mercados.<br />
Entre 1813 e 1814 a subida dos preços<br />
se manifestou em conseqüência, das victorias<br />
dos alliados, e da esperança de<br />
uma paz próxima.<br />
Na paz de 1815 a restituição de uma<br />
parte das colônias conquistadas, a baixa<br />
dos fretes e seguros, causaram novas<br />
reducções nos preços dos assucares;<br />
reducções que se elevaram ao máximo<br />
de 1830 á 1831.<br />
Dessa epocha em diante os preços<br />
tem soffrido diversas oscillações dependentes<br />
das circumstancias ordinárias.<br />
As ultimas guerras da Criméa e Itália<br />
pouco influíram sobre o commercio d'este<br />
gênero; todavia nota-se um augmento<br />
de preços, que certamente é devido á<br />
escassez de producção ou a um grande<br />
augmento no consumo, não obstante o<br />
augmento da cultura da beterraba.<br />
Os primeiros que refinaram o assucar<br />
na Europa foram os venezianos.<br />
Primeiramente elles empregaram o<br />
methodo chinez, e venderam o assucar<br />
no estado de Candi; mais tarde elles<br />
adoptaram o methodo dos árabes, que<br />
foram os descobridores do processo de<br />
clarificar, por meio de cal e de potassa,<br />
e os inventores das fôrmas conicas.<br />
Desde então se estabeleceram refinarias<br />
em toda a Europa, e a arte de refinar<br />
assucar foi em progressão crescente<br />
em quanto que os preços diminuíram.<br />
O assucar começou a ser um artigo de<br />
geral consumo.<br />
A profissão de refinador foi ennobrecida<br />
em muitos pontos da Europa, principalmente<br />
em França ; e as fabricas se<br />
constituíram e se substituíram como espécies<br />
de feudos.<br />
A opinião mais geral e a que parece<br />
melhor motivada, é, como já se disse,<br />
de que a Canna é indígena das regiões<br />
d'além Ganges, d'onde sahio e se espalhou<br />
por todos os lugares onde é hoje<br />
cultivada.<br />
Todavia alguns auctores pretendem<br />
que ella foi encontrada indígena no<br />
Haiti, em* Madagascar, nas costas do<br />
Coromandel e do Malabar, em Ceylão,<br />
em Bengala, no Peru, em Sião, em Manilha,<br />
Japão, Java, , Costa Oriental da<br />
África e mesmo em vários pontos do<br />
Continente americano.<br />
Sabe-se que Cook encontrou grandes<br />
cannaviaes em Otahiti ou Taiti na epocha<br />
de sua primeira viagem.<br />
D'onde veio a Canna para essa ilha?<br />
Pôde perguntar-se. Mas d'onde veio a<br />
raça humana que a povoa?<br />
17
114 CAN CAN<br />
Sc por emigração da Vsia, como se Bahia em 1810,
CAN CAN 11S<br />
ricia, a degeneração da Canna de Otahiti<br />
seguio a mesma marcha que aqui,<br />
e o governo colonial, logo que a pre-<br />
le, que representa um colmo, como nas<br />
outras Graminaceas; o caule tem de<br />
altura três a quatro metros, e não são<br />
sentío, mandou buscar plantas á vários igualmente doces em toda sua extensão;<br />
lugares da Ásia e da Oceania. a parte culminante o é muito menos<br />
Hermann Herbot, intelligente jardi- que o resto, e é por esta razão que o<br />
neiro allemão, foi o encarregado da costumam cortar antes da colheita, para<br />
missão de ir buscar as novas plantas servir de estaca.<br />
á Bourbon.<br />
Espiguetas bifloraes, pelludas até a<br />
Elle partio do porto do Rio de Ja base.<br />
neiro em Setembro de 1857, e voltou em A flor inferior é unicamente uma pa-<br />
Maio de 1858, trazendo, alem de varias lheta; a superior hermaphrodita.<br />
outras plantas, inclusive mudas e se Três estames ; ovario sessil, liso ; dois<br />
mentes do excellente café de Bourbon, estyletes terminaes, compridos; estigmas<br />
três variedades de Canna, á saber : uma plumosos.<br />
Verde de Penang; uma côr de rosa É a planta mais bella dafamiliadas<br />
com o nome de. Canna Diard ou de Graminaceas.<br />
Batavia, e finalmente uma vermelha Até nos últimos tempos forneceu o<br />
arroxeada.<br />
assucar consumido no mundo inteiro,<br />
Tendo vindo essas mudas no porão bem que hoje esta producção seja par<br />
de um navio, como lastro, chegaram tilhada com a da Beterraba.<br />
em tal estado-, depois de um embarque Até a epocha da revolução franceza<br />
de mais de setenta dias, que foi ne o assucar de Canna não tinha rivaes<br />
cessário plantal-as immediatamente; o nos mercados consumidores.<br />
que se fez na chácara da rua da Lapa A guerra marítima, os bloqueios, a<br />
n. 88, e no supradito Jardim Botânico alça enorme de todas as mercadorias<br />
afim de se distribuírem quando tives coloniaes, a perda para a França de<br />
sem tomado o devido crescimento. quasi todas as suas colônias fizeram pro<br />
A primeira foi feita em 1859 no mez curar os meios de supprir a falta quasi<br />
de Abril, e a segunda em Março de 1860. absoluta de um gênero de consumo geral<br />
A degeneração das duas espécies de como o assucar.<br />
Canna de assucar até agora cultivadas Fizeram-se então muitas tentativas e<br />
no Brasil demonstra ainda uma vez a ensaios sobre todas as matérias capazes<br />
necessidade de renovar em certos pe de dar assucar abundante e barato.<br />
ríodos as sementes das plantas exóticas: Tentou-se de novo a cultura da Canna<br />
porque parece provado que da cultura na Provença, porém nunca se pôde obter<br />
prolongada da mesma espécie nascem assucar cristallizado; recorreu-se então<br />
as degenerações e as moléstias que ata á uva, ao grão de milho e ao seu caule,<br />
cam os vegetaes.<br />
ao shorgo, á castanha, á cenoura, etc,<br />
Todo o systema agrícola nacional deve porém debalde.<br />
ter em vista colher tudo quanto existe Em 1747 Margraff, chimico de Ber<br />
de melhor em todas as partes do mundo, lim, tinha feito conhecer a possibili<br />
tanto do que é novo como do que é dade de obter verdadeiro assucar do<br />
vulgar.<br />
sueco da beterraba; mas elle se con<br />
No primeiro caso augmentar-se-ha a tentou em demonstrar que se podia<br />
riqueza vegetal do paiz e talvez a ri ajuntar um novo produeto á, analyse<br />
queza publica; no segundo, póde-se obter vegetal, e que o assucar não<br />
variedades, que melhor prosperem no<br />
paiz ou ao menos em certas localidades.<br />
CARACTERES DA ESPÉCIE.—É uma planta<br />
que prostra pelo solo parte de seu cau<br />
- pertencia<br />
exclusivamente á Canna.<br />
Em 1797 Achard, outro chimico prussiano,<br />
annunciou ter descoberto processos,<br />
por meio.dos quaes se podia<br />
tirar da beterraba branca uma quan-
11« CAN CAN<br />
tidadi* de assucar bastante considerável,<br />
para pagar as despezas da cultura<br />
e do fabrico, vendendo-se o novo<br />
assucar por preço módico.<br />
K>t ibeleceram-se então algumas fabrica*,<br />
mas que não poderam sustentar-se<br />
; e como o preço do assucar ia<br />
augmentando consideravelmente á ponto<br />
de vender-se por três francos ou 1$200<br />
réis cada libra, considerou-se então a<br />
beterraba como incapaz de produzir<br />
nenhum r isultado útil, e a attenção<br />
se dirigio para o assucar da uva.<br />
O governo de Napoleão, em luta contra<br />
quasi toda a Europa, por assim<br />
dizer, bloqueado pelas esquadras inglezas,<br />
multiplicou as promessas e as<br />
recompensas, afim de crear a industria<br />
saccharina.<br />
Os chimicos Proust e Fugues foram<br />
largamente premiados por haverem descoberto<br />
o assucar da uva; mas esse<br />
assucar não tendo apresentado as vantagens<br />
que se esperavam, por decreto<br />
de 15 de Janeiro de 1812, foram estabelecidas<br />
cinco escolas de chimica, para<br />
ensinarem a fabricação do assucar de<br />
beterraba, além de quatro fabricas normaes<br />
d'esse assucar.<br />
Chaptal, a quem a industria deve<br />
tanto, conseguio melhorar um pouco<br />
os processos de fabricação, e, á força<br />
de favores de todo o gênero, a cultura<br />
da beterraba e a extracção do<br />
seu assucar tomaram em breve notável<br />
desenvolvimento.<br />
Porém os desastres da Rússia, a invasão<br />
dos alliados, e a suspensão do<br />
bloqueio continental, não obstante os<br />
favores anteriormente concedidos e em<br />
concurrencia com os assucares das colônias,<br />
que então innundaram os mercados<br />
francezes, fizeram o de beterraba<br />
não sustentar-se, e quasi todas as<br />
fabricas succumbiram.<br />
Em 1822 esta industria pareceu reanimar-se,<br />
mas a difnculdade de reunir<br />
os conhecimentos do agricultor e do<br />
fabricante, que igualmente é o grande<br />
embaraço da industria do assucar de<br />
Canna, causou a ruina de grande parte<br />
dos novos estabelecimentos.<br />
Em 182.» opernram-se grandes mudanças<br />
nos diversos methodos de fabricação<br />
; o modo de cristalisação lentii<br />
e regular foi quasi geralmente abandonado<br />
pelo processo de crista lisaçíh<br />
confusa e rápida, e o uso do vapor<br />
foi adoptado pela evaporação e o cosimento.<br />
Os filtros Taylor e Dumont foram<br />
inventados, assim como o emprego d ><br />
carvão animal.<br />
Desde então o desenvolvimento foi<br />
tão rápido que em 1836 já se contavam<br />
em Franca trezentas e setenta e uniu<br />
fabricas, e o governo julgando a industria<br />
bem firmada tratou de imporlhe<br />
um tributo, alliviando ao mesmo<br />
tempo o do assucar colonial.<br />
Em 1837 existiam seiscentas fabricas<br />
em actividade, que extrahiam mais dc<br />
noventa milhões de libras de assucar.<br />
Na Allemanha, a primeira fabrica<br />
de assucar de beterraba foi estabelecida<br />
pelo chimico Achard, de que acinut<br />
falíamos, debaixo da protecção do rei<br />
da Prússia.<br />
Esta fabrica não apresentou resultados<br />
notáveis, porque os apparelhos<br />
eram tão imperfeitos, e a purificação<br />
do assucar tão incompleta que apenas<br />
se obtinha de 2 a 3 por cento de<br />
assucar cristalysavel.<br />
Mais tarde, por meio dos aperfeiçoamentos<br />
já mencionados conseguio-s*'<br />
elevar essa porcentagem de quatro até<br />
cinco, o que, junto aos favores de que<br />
os governos allemães foram pródigos,<br />
como os de França, fez com que essa<br />
industria começasse a prosperar e a<br />
vulgarisar-se em toda a Allemanha.<br />
Os aperfeiçoamentos introduzidos por<br />
Weinreich, Kodneios e sobretudo por<br />
Zier, a possibilidade de extrahir-se de<br />
seis a oito por cento de assucar, isto<br />
é, de obter-se, de cem quintaes de<br />
beterrabas seis a oito quintaes de assucar,<br />
ainda mais concorreu para isso.<br />
Se a beterraba contem, como se pretende,<br />
de dez a doze por cento de<br />
assucar, e conseguir-se extrahir toda<br />
esta quantidade, segundo o calculo do<br />
Dr. Schmidt, bastará uma superfície
CAN CAN 11*7<br />
quadrada de uma légua de lado para<br />
fornecer beterrabas em quantidade<br />
sufficierite para dar todo o assucar, que<br />
requer o consumo da Allemanha.<br />
A cultura da beterraba ganha terreno<br />
todos os dias, e se propaga por<br />
toda parte.<br />
A França, a Allemanha, a Rússia,<br />
a Itália, e os Estados Unidos fazem<br />
os maiores esforços para fixar esta<br />
industria.<br />
N'estes últimos annos têm-se inventado<br />
numerosas machinas, descoberto<br />
novos processosj e até novas matérias<br />
saccharinas.<br />
O assucar de Canna tem a temer um<br />
movo rival, assim como o da própria<br />
beterraba. Referimo-nos ao assucar de<br />
fecula, descoberta devida ao chimico<br />
-Kirchoff, e que já se explora em grande<br />
escala nas fabricas de Mr. Mollerat.<br />
Não. entraríamos n"estes pormenores<br />
•sobre a beterraba se, em primeiro lugar,'<br />
não quizessemos chamar a atteneão<br />
dos agricultores e da administração<br />
para esse terrível rival de uma<br />
das nossas mais importantes industrias<br />
e fontes de riqueza; e, em segundo<br />
lugar, para fazer sentir a necessidade<br />
urgentíssima de adoptar-se quanto antes'<br />
methodos mais racionaes de cultura,<br />
e todos os apparelhos e processos<br />
usados na fabricação do assucar de<br />
«beterraba.<br />
? Quando pensamos que a beterraba.<br />
que se acha em condições menos favoráveis<br />
do que a Canna, e que contem<br />
quasi metade do assucar encerrado<br />
n'esta, dá, pelos melhoramentos introduzidos<br />
na Europa n*esta industria,<br />
mais assucar (quasi o dobro) do que<br />
a Canna, estamos certos que tudo que<br />
concorrer para augmento final d'esta<br />
industria entre nós, merecerá a pena<br />
ser tida em consideração.<br />
A província de Pernambuco possue<br />
mais de mil fazendas de assucar ou<br />
fábricas de fazer assucar. A industria<br />
assucareira devia achar-se em estado<br />
de prosperidade; mas infelizmente assim<br />
não acontece.<br />
No Brasil inteiro, e sobre tudo em<br />
Pernambuco, a agricultura sente um<br />
grande embaraço em seu desenvolvimento,<br />
que é a falta de yiação e de<br />
boas estradas.<br />
Ha poucos annos a linha férrea de<br />
S. Francisco atravessava mattas virgens,<br />
hoje esses lugares estão occupados<br />
por excellentes engenhos, e 08<br />
habitantes vão lucrando os benéficos<br />
effeitos d'esta grandiosa obra do progresso.<br />
Ordinariamente os nossos lavradores<br />
luctam com os maiores embaraços financeiros,<br />
e muitas vezes para evital-os<br />
lançam mão de sacrifícios muito pesados,<br />
e dos quaes difncilmente conseguem<br />
o resultado que desejam; visto<br />
como só encontram capitães com a<br />
usura de 18 a 24 °/0, e esses capitalisados.<br />
Parece-nos que o nosso governo devia<br />
compenetrar-se d'estas verdades, e<br />
tratar de melhorar a sorte dos nossos<br />
agricultores e sobre tudo dos fabricantes<br />
de assucar; porque esses concorrem<br />
muito para a riqueza do paiz.<br />
Com a creação de estabelecimentos<br />
de credito se remediariam muitos males,<br />
que presentemente afnigem a agricultura.<br />
D'este modo muitos dos nossos agricultores<br />
deixariam de esgotar suas forças<br />
vitaes, de ver aniquilar todos os<br />
seus recursos absorvidos pelos fabulosos<br />
juros capitalisados de três em<br />
três mezes.<br />
Estamos vendo constantemente os effeitos<br />
desastrosos d'essa negligencia dos<br />
nossos governos, que, embebidos napolitica<br />
official, vêem com indifferenca o<br />
numero de fabricantes de assucar que<br />
todos os dias desapparecem, que perdem<br />
seus escravos, as suas terras, os<br />
seus utensílios, tudo vendendo emfim em<br />
praça publica; e isso não basta para pagar<br />
ao usurario desoito á vinte e quatro<br />
por cento dos juros capitalizados de três<br />
em três mezes, do empréstimo feito ao<br />
pobre agricultor.<br />
De todos os agricultores do Brasil os<br />
que se entregam a industria assucareira<br />
são os que mais soffrem estes males.
118 CAN CAN<br />
Nesta província, e em todas as mais Isto explica a pequena porção de as<br />
do Império, o fabrico do assucar está sucar de primeira qualidade que ex<br />
geralmente em atrazo.<br />
porta esta província.<br />
Desde o plantio da Canna até a ela- É de admirar que, sendo o Brasil<br />
rificação do assucar os processos são im todo agricola, não exista ainda em todo<br />
perfeitos.<br />
o império uma só escola de agricul<br />
Existe nas províncias uma ou outra tura que ensine e habilite os agricul<br />
fazenda de assucar, a que chamamos tores á influencia do nosso clima, em<br />
engenho, c que apresenta alguns me relação ás leis da vegetação e aos prinlhoramentos,<br />
quer quanto á construcção cípios da theoria c pratica da agri<br />
de suas moendas mais aperfeiçoadas, cultura.<br />
quer quanto ao fabrico do assucar, parte A creação de uma escola seria de im-<br />
essencial; mas são ainda em numero mensa utilidade.<br />
tão insignificante e tão limitado que Os conhecimentos da veterinária tam<br />
não exercem influencia alguma sobre a bém seriam de grande vantagem para o<br />
grande massa da producção.<br />
engrandecimento da agricultura do<br />
A mecânica agricola entre nós não nosso paiz.<br />
passa de uma novidade; é preciso vul- Por tradicção histórica, por gratidão<br />
garisar-se os seus apparelhos na cul nacional, tanto como por interesse, detura<br />
da Canna e nas plantações. vemos empregar todos os esforços para<br />
A força motriz do vapor é apenas salvar uma industria em que se acham<br />
conhecida em algumas fazendas de empregados tão consideráveis capitães.<br />
assucar ; devem ser destribuidos esses A cultura da Canna é o mais antigo<br />
aparelhos pelos agricultores, afim de ramo da agricultura do paiz, e a ella é<br />
realizarem-se os prodígios de sua que devemos os primeiros elementos de<br />
applieação.<br />
prosperidade material e de civilização.<br />
A sciencia da engenharia, que entre Os senhores de engenho constituíram<br />
nós não actua nos limites das obras sempre o corpo da nobreza, a verdadeira<br />
publicas sob o mando official, deve ser aristocracia do Brasil; e até ha poucos<br />
convertida em poderoso instrumento annos elles eram os únicos que procu<br />
de dessecação de pântanos, abrimento raram dar boa educação a seus descen<br />
de vallas, encanamento de rios, collodentes.cação de apparelhos etc.<br />
A esse illustrado procedimento, apoia<br />
Devem crear-se estabelecimentos de do por suas riquezas é que devemos todas<br />
instrucção agricola pelas provincias, as notabilidades que temos tido na ad<br />
e ser abandonadas as enxadas e os anministração, na magistratura, nas artigos<br />
arados, para darem lugar á charmas e nas letras.<br />
rua typica do immortal Dombasle e Nossas cidades foram fundadas com<br />
e suas congêneres ; introduzam-se nas os lucros do assucar, em uma palavra,<br />
nossas fazendas outros instrumentos tudo quanto possuimos de melhor é de<br />
prestadios, como são o rolo do Hoosvido á cultura da Canna, a esse doce<br />
kill, as grades de Valcour, os sacha- principio que para nós tem sido tão madores<br />
á cavallo etc. Alargar-se-hão as ravilhoso como a lâmpada de Aladino.<br />
plantações e melhorarão os processos Lance o nosso governo vistas patrió<br />
da cultura.<br />
ticas para a classe agricola, que entre<br />
Não admira que sem os melhora nós definha de dia para dia, e terá uma<br />
mentos reclamados, a producção do gloriosa parte no futuro engrandecimen<br />
assucar na província não seja em quanto d'estas abençoadas plagas brasileiras.<br />
tidade correspondente ao elemento Não exigimos para nós desde já os<br />
saccharino de que dispõe no fabrico e immensos melhoramentos que n'este<br />
a sua qualidade seja inferior a que se mais importante ramo da riqueza dos<br />
devia esperar.<br />
Estados têm alcançado a velha Europa.
CAN CAN 119<br />
Não se passa, n'um dia, do mais<br />
completo atrazo ao mais elevado gráo<br />
de perfeição; mas, ao menos, que se<br />
não dê lugar a que nos possam dizer,<br />
que fechamos systematicamente os olhos<br />
do espirito ás grandiosas idéas de<br />
progresso, que lá por fora circulam.<br />
Depois das breves reflexões que acabamos<br />
de fazer, não deixaremos de<br />
tocar na grande, na magna questão,<br />
que actualmente se agita em nosso<br />
paiz.<br />
Queremos fallar da substituição do<br />
escravo pelo trabalhador livre; da substituição<br />
d'aquelle, que, sem gosto e só<br />
obrigado pelo agitar do latego, revolve<br />
VARIEDADES DA CANNA DE ASSUCAR : —<br />
A palavra Canna dá-se vulgarmente<br />
a todas as plantas, cujo caule é nodoso,<br />
com intervallos chamados gommos,<br />
cujas folhas gramineadas formão uma<br />
espécie de bainha na sua base, como<br />
a Canna de Cayenna. E' a mesma descripta<br />
anteriormente.<br />
A Canna creoula não cresce nem engrossa<br />
tanto como a de Cayenna, mas<br />
é mais doce ; seu principio saccharino<br />
é mais abundante, isto é, de sabor<br />
mais franco; a côr externa é mais<br />
verde; cobre-se de um pó acinzentado<br />
ao redor dos nós, donde nascem raizes<br />
muitas vezes.<br />
a terra, que amaldiçoa, pelo colono<br />
feliz, que vê das bagas do suor, que PRODUCTOS DO sueco DA CANNA DE<br />
cihem no solo, brotar a sua felicidade ASSUCAR. — De todos os vegetaes, ne<br />
nç futuro.<br />
nhum ha, que seja tão rico em pro<br />
•V emanciparão da escravatura, sem ductos, os quaes tenham maior numero<br />
o desenvolvimento agricola, sem grande de usos e mais vasto consumo, do que<br />
augnento de colonisação, é uma ver a Canna de assucar.<br />
dadeira calamidade.<br />
Produz o assucar branco e masca<br />
.0 ?scravo hoje, livre amanhã, julvado ; esta substancia tempera muitas<br />
ga-se dispensado do trabalho, que das nossas bebidas, e tem grande im<br />
elle hivia-se acostumado a considerar portância na confeitaria; o próprio sue<br />
como um mal resultante do seu penoso co da Canna (caldo) é uma bebida deli<br />
estado.<br />
ciosa.<br />
D'ahi a perturbação da ordem social, Produz melaços de um gosto agra<br />
o latrocínio, o assassinato etc., como dável.<br />
não ha muito tempo se observou nos O sueco da Canna, e o residuo da fa<br />
Estados j Unidos, assombrosa nacionalibricação do assucar, fermentado e subdade<br />
que, graças á enorme affluencia mettidp á distillação, produz aguarden<br />
do estrangeiro ás suas plagas, pôde te, cachaça, álcool, rhum, vinho e vina<br />
resistir ao tremendo abalo de uma megre, productos que tem grande emprego<br />
dida tão violenta, como a de alforriar no uso doméstico e na industria.<br />
de uma só vez doze milhões de escravos!<br />
Attenda pois o governo á colonisação, PROPRIEDADES MÉDICAS. — O assucar<br />
concedendo amplas garantias ao estran crystaliza em prismas de 6 faces, com<br />
geiro que entre nós vier domiciliar-se, fa- as extremidades diedricas; n'este estado<br />
cultando-lhe o livre e desembaraçado chamam-lhe assucar candi, e é usado<br />
desenvolvimento de sua actividade, como peitoral.<br />
protegendo a industria, animando todas Em pó usa-se como collyrio secco,<br />
as tentativas do engenho inspirado no só ou unido a outros corpos<br />
orogresso humano.<br />
O assucar é uma substancia de uso<br />
Feito isto, não duvidamos augurar ao muito vulgar na medicina contra as<br />
n>sso Brasil um futuro, não mui re irritações, sobretudo do apparelho resmoto,<br />
de grandeza e explendor. piratório; é um emolliente agradável,<br />
..ieformem-se as instituições, que de de que nos servimos todos os dias.<br />
reftrma necessitam, e seremos um povo Com o assucar prepara-se um grande<br />
soberano.<br />
numero de medicamentos; taes são as
ISO CAN CAN<br />
conservas, geleas, pastilhas e os xaropes.<br />
O bagaço da canna é considerado como<br />
ura poderoso desinfectante : basta para<br />
isso collocar-se em diversos pontos, viciados<br />
por miasmas, uma porção d'este<br />
bagaço; dentro de poucas horas neutraliza-se<br />
o principio mórbido, e torna-se o<br />
lugar saudável, exhalando o cheiro par<br />
Canna do brejo.— Costus spicatus*<br />
Stoart.— Alpinia spicata, Jacq.—Fam.<br />
das Amomaceas. — Planta herbacea do<br />
paiz e da índia.<br />
Tem a raiz tuberosa, e, nos paizes<br />
estrangeiros, é cultivada nos jardins.<br />
O seu caule é herbaceo.<br />
As folhas alternas oblongas.<br />
As flores são em espigas terminaes<br />
ticular do bagaço.<br />
O assucar exportado no anno finan PROPRIEDADES MÉDICAS.— A raiz da<br />
ceiro de 1869 a 1870 foi 743,969 saccos e Canna do brejo é empregada em cosi<br />
223,051 barricas, pesando tudo ~9.010,903 mento nas gonorrhéas e lcucorrhéas;<br />
kilogrammas, e tendo pago de direitos a mastigando-se passa por bom anti-sv-<br />
quantia de 483,54()$130.<br />
philitico; dá-se uma á duas colheres<br />
do sueco por dia, ou o cosimento das<br />
Catttta Itrava. — Anthoxanthium folhas, ás chicaras.<br />
gigans.— Fam. das Graminaceas.— É uma<br />
planta indigena mui parecida com a Cattita do Itrejo roixa.— Costvt<br />
Canna de assucar; mas esta estende ou spiralis ou Alpinia spiralis. — Fam. dis<br />
prostra uma parte de seu caule para er Amomaceas.—É outra espécie do mesno<br />
guer-se depois; e aquella é toda vertical, gênero.<br />
pouco mais ou menos de 2 metros e 64<br />
centímetros.'<br />
Catitta fistula do Itrejo.—Ctssia<br />
Não fôrma touceira como a outra; tem nana. — Fam. das Leguminosas. — F um<br />
o colmo cheio de nós, de distancia em arbusto ramoso, e de fôrma achapada.<br />
distancia, mais fino e menos compri Tem as folhas em palmas, com quasi<br />
do.<br />
24 centimetros de extensão, semiovaes,<br />
A casca é mais dura e verde, e o te sem brilho.<br />
cido interior mais compacto e sêcco. As flores formam como uma espiga<br />
As folhas são semelhantes ás da Canna pyramidal; são amarellas, reunidas em<br />
ie assucar.<br />
grande numero, e sem cheiro.<br />
Brota da sumidade uma vergontea da O fructo é uma vagem, de mais de<br />
mesma natureza do caule, mas sem nós, 24 centimetros, chata, parda, foleacea,<br />
e que traz em cima um cacho pendente, dividida em muitas lojas ou loculos<br />
de muitos ramos cheios de florinhas, á transversae3, contendo sementes.<br />
maneira de palhetinhas; umas são es Vegeta nos brejos ou nas suas visibranquiçadas,<br />
e outras de um cinzento nhanças. (Fig. 15.)<br />
rouxeado, parecendo-se com uma coma<br />
pendente.<br />
Catttta fistula, da malta.—Cás<br />
Cortam esta parte da planta, levam-na sia falcata brasiliana.—Fam. Idem. —Ar<br />
em feixes ao mercado, onde é vendida vore alta.<br />
para differentes usos, sendo mui pro As folhas são compostas, paripennacurada<br />
pelos meninos, que enfeitam das; o peciolo primário é longo, del<br />
esses filamentos com fitas , deitam-lhe gado, curvo, pubescente e canaliculado.<br />
rédeas, e chamam-lhe cavallo de flexa. Os peciolos secundários são rudimen<br />
Cavalgam e brincam, montando sobre tarios ; os foliolos numerosos, dispostos<br />
a parte nua da flexa.<br />
por pares e membranosos.<br />
Esta flexa serve de regua aos pin Inflorescencia em racimo, flores comtores<br />
; é mui usada no Rio de Janeiro pletas, vistosas, acompanhadas na ma<br />
para esse fim; serve para bater lã, e base de tre3 ou quatro pequenas b lác<br />
tem outros misteres.<br />
teas.
CAN CAP 1S1<br />
vO fructo é uma enorme vagem. ou compartimento, contendo alguns<br />
As sementes são pequenas, e acham- óvulos inseridos na sua parede inferior,<br />
se envolvidas por uma massa polposa ou então três lojas.<br />
cuja acção é purgativa.<br />
O estigma é algumas vezes sèssil<br />
A sua madeira é pouco usada em mas raramente sustentado por um es<br />
conseqüência de sua manifesta porotylete curto.<br />
sidade, e da frouxidão do tecido. O fructo é uma baga ou mais raramente<br />
uma cápsula, que algumas ve<br />
Cattna de macaco.— Costus Pizes é monospermica por aborto das<br />
sonis, Lynd.— Fam. das Amomaceas, Linn. outras sementes.<br />
—"O sueco do seu caule é mucilagi- Estas se compõem além de um tenoso,<br />
acidulo e refrigerante.<br />
gumento próprio, d'um endosperma<br />
É empregado nas dores nephriticas, carnoso, no qual está collocado um<br />
e nas gonorrhéas.<br />
embryão cylindrico e erecto.<br />
Os indígenas comem as folhas novas.<br />
Canopy — {Arvore do Canopy.) —<br />
Canna ntarona. — Caladium segui- Mellicocca bijuga, Jacq. — Fam. das Sanem,<br />
Linn.— Fam. das Aroideas.— Planta pindaceas.—Arvore cujo fructo é re-<br />
doy. gênero da «Aninga.<br />
commendavel pelo bom sabor ácido e<br />
O sueco d'esta espécie é tão cáus vinhoso, e por sua amêndoa agradável.<br />
tico, que 8 grammas bastam para envenenar.<br />
Canudo amargoso.—V Páo Pe<br />
Fôrma sobre a roupa manchas indeléveis.reira.<br />
Canudo de caeftímho.— V. Pao<br />
de cachimbo.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.— Plantas vivazes,<br />
de raiz ordinariamente tuberosa.<br />
•<br />
Folhas quasi sempre radicaes, e<br />
alternas.<br />
As flores dispostas em espadices,<br />
cercadas em geral de uma espatha de<br />
Canudo de purga. — Rauwolvia<br />
canescens. — Fam. das Apocynaceas. —Arbusto<br />
de folhas oppostas e flores em<br />
cachos.<br />
E' emetico.<br />
fôrma variável ; unisexuaes, monoicas,<br />
desprovidas de invólucros floraes, ou Canzcnze. — V Vassoureiro.<br />
hermaphroditas e rodeadas de um cálice<br />
de quatro, cinco ou seis divi Caaopunga. — E a Coerana da<br />
sões.<br />
No primeiro caso os pistillos oceu-<br />
Bahia.<br />
pam geralmente a parte inferior do Caouin. — E uma bebida feita de<br />
espadiee; deve ser considerado cada milho cozido, posto na água, deixando<br />
um como uma flor fêmea, e os estames<br />
como outras tantas flores mascu<br />
fermentar por três ou mais dias.<br />
linas; raras vezes os estames e os Caparosa. — Jussievia caparosa, St.<br />
pistillos são misturados.<br />
EU. — Fam. das Onagrariaceas.—Esta<br />
No segundo caso as flores, em vez planta, oriunda do paiz, é conhecida nas<br />
de serem consideradas como flores her províncias do Sul e no Rio de S. Franmaphroditas,<br />
podem ser descriptas como cisco por Caparosa.<br />
uma reunião de flores unisexuaes; É um arbusto elegante, de folhas al-<br />
assim cada estame e sua escama conslongadas e flores de mediano tamanho,<br />
tituem uma flor masculina, e o pistillo corolla cruciforme, amarella, sem chei<br />
central uma flor fêmea.<br />
ro, cálice pyriforme.<br />
O ovario tem em geral uma só loja O fructo é uma espécie de cápsula em<br />
18
CAP CAI»<br />
fôrma de peão, com uma coroasinha no<br />
ápice, e quasi angulosa; contém muitas<br />
sementinhns.<br />
Os habitantes do interior do paiz fazem<br />
tinta de escrever d'esta fructinha.<br />
Floresce em Maio<br />
piguinha roliea, similhante a uma pequena<br />
espiga de milho, ou um pequeno<br />
sabugo; parece-se muito com o Malvaisco<br />
de Pernambuco, differiudo nu<br />
grandeza das folhas, e em ter consistência<br />
mais branda.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. — Vegetaes PROPRIEDADES MÉDICAS.—O decocto<br />
herbaceos, raramente fructescentes, tra da raiz d'esta planta é empregado em<br />
zendo folhas simples, oppostas ou dis banhos contra opilações, hydropisias, e<br />
persas, e flores terminaes ou axillares. moléstias uterinas; as folhas são deso-<br />
O cálice é adherente ao ovario infero. bstruentes, e a casca peitoral.<br />
O limbo de quatro ou cinco lobulos,<br />
de prefloração valvar.<br />
CaperiçoSta branca.— Chamopo-<br />
A corolla formada de quatro a cinco dium hircinum.—Fam. das Chenopodiaceas.<br />
pétalas incumbentes lateralmente, e tor — Esta planta é usada como um ancidas<br />
em espiral antes do completo thelmintico.<br />
desabroehar; esta corolla falta raras<br />
vezes.<br />
Capicltinsui.— Croton. — Fam. das<br />
Os estames são em numero igual ou Euphorbiaceas.— Planta de S. Paulo. É<br />
duplo, algumas vezes menor do das cathartica.<br />
pétalas; e inseridos no tubo do cálice.<br />
O ovario infero offerece de quatro a Capiçona.— V. Pimenta d'água.<br />
cinco lojas , contendo grande numero<br />
de óvulos inseridos no angulo interno. Capim açu (das Alagoas). — Cyrto-<br />
O estylete é simples, e o estigma é pogon alperrimum.—Fam. das Gramineas.<br />
ora simples, ora de quatro a cinco lo —Esta espécie de Capim-açu é conhebulos.cida<br />
nas Alagoas por este nome ; fôrma<br />
O fructo é uma baga indehiscente, touceira, tem folhas radicaes, em fôrma<br />
ou uma cápsula de quatro ou cinco de espadas, estreitas, bordas enrosca-<br />
lojas, não contendo cada uma d'ellas das e armadas de serrilhas escariosas.<br />
muitas vezes senão um pequeno numero O caule que parte do centro é fino,<br />
de sementes, e abrindo-se por outras alto, meio achatado, sem nós; flores<br />
tantas valvas, cada uma das quaes traz em cachos nas extremidades d'este.<br />
um dos septos no meio da face interna. É como as demais Gramineas, mas<br />
torna-se bem visível por sua3 sementes<br />
As sementes offerecem um tegumento<br />
ou seus fruetos.<br />
próprio, em geral formado de duas fo<br />
Os cavallos não o comem, havendo<br />
lhinhas, e cobrindo immediatamente um<br />
embryão homotropo, e desprovido de<br />
outros capins.<br />
Floresce em Março e Abril.<br />
endosperma.<br />
Capim açu (de Pernambnco).—Ca-<br />
Capèba.—Píper macrophyllum, Swartz.<br />
ladium brasiliense.—Fam. das Cyperaceas.<br />
— Fam. das Piperaceas. — E uma planta<br />
— Em Pernambuco dão este nome a<br />
do paiz, conhecida por tal em Alagoas,<br />
uma espécie de capim de folhas estrei<br />
Pernambuco e Bahia.<br />
tas e radicaes, com serrilha em redor<br />
É um arbusto semi-lenhoso, cujo caule formando bainha.<br />
apresenta nós de distancia em distan<br />
Suas folhas são de côr verde azulacia.da;<br />
deita uma vergontea trigona, a qual<br />
As folhas são cordiformes, grandes, floresce no ápice, formando um aggre-<br />
e cheirosas quando são comprimidas. gado de bracteas bastante foleaceas,<br />
As flores são encravadas numa es- que encerram as florinhas tão peque-
CAP CAP 1S3<br />
nas que quasi não se observam; são<br />
de côr amarella esverdinhada.<br />
. As vergonteas, batidas e preparadas,<br />
.dão um fio, de que os caiadores fazem<br />
brochas para caiar.<br />
Estes caules parecem junco, e crescem<br />
em todo o terreno.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—A raiz é empregada<br />
contra a tosse e o catarrho pulmonar.<br />
summidade fornece espigas de 9 á 12<br />
centimetros de comprimento, mui rectas<br />
e verticaes; não se curvam, e ahi<br />
se encontram as espiguetas encaixadas.<br />
O gado gosta d'elle.<br />
Capim andacá.— É uma espécie<br />
de capim.<br />
Capint de Angola. — Panicum<br />
spectabile, Nec.—Panicum guineense, Mart.<br />
Capim dágua ou Taquary<br />
— Fam. das Gramineas.— Este capim é<br />
d'agua.— Panicum acuum.— Fam. das natural de Angola, e foi transportado<br />
Gramineas. — E' um capim aquático, para o Brasil ha muito tempo ; hoje<br />
conhecido nas Alagoas por este nome ; já é tão raro, que em poucos lugares<br />
vegeta nas bordas dos rios e brejos. é visto.<br />
Eleva pouco suas vergonteas,. que, Cresce de 1 metro e 22 centimetros<br />
semelhantes ás dos capins, são finas até 1 metro e 62 centimetros.<br />
e nodosas.<br />
O caule é nodoso, liso e mesmo lus-<br />
As folhas são como as das outroso, e maculado.<br />
tras Gramineas, perém menores e lan As flores são em cachos que se curceoladas,<br />
de 12 centimetros de comvam no cimo do caule com graça.<br />
primento, macias, escuras, sem pellos, As sementinhas luzentes parecem<br />
excepto na bainha da folha, (parte que grãos de arroz, e são manchadas de<br />
abraça o caule).<br />
vermelho na côr amarellada de seus<br />
As flores são em cachinhos, não tecidos.<br />
muito densos, com raminhos articula Dá em pequenas touceiras.<br />
dos, erectos, ascendentes.<br />
Os cavallos não o comem pelo amar-<br />
G-rãosinhos redondos, de amarello gor.<br />
côr de gemma d'ovo, com<br />
roixo no ápice.<br />
um ponto Em Sergipe chamam-no Marabára.<br />
E bom alimento para os cavallos, Capint atana.— Gastridium verti-<br />
porem mui prejudicial ao sangue, cillatum.— Fam. das Gramineas.— É um<br />
quando fazem uso quotidiano d'elle. capim cujos caules crescem alguma<br />
Chamam-no também Capim d'agua cousa, com as folhas semelhantes as do<br />
em Pernambuco.<br />
Capim de planta, lisas, e com pellos nos<br />
Ha um capim que alastra nos lugares peciolos.<br />
em que se queima ou se limpa. A floração em espigas verticilladas,<br />
Dá também uma espécie de folhas isto é, circulando o eixo da floração ;<br />
em touceira, estreitas, de verde bonito, ellas são como as demais de seu genpro,<br />
luzente, e as flores sulcadas longitudi tanto nos fruetos como nas sementes.<br />
nalmente.<br />
É este o nome porque este capim<br />
é conhecido nas Alagoas.<br />
Capint atnargoso. — Pappophorum<br />
amargosum.— Fam. das Gramineas. Capint balsa. — Paspalum aquati-<br />
— Por este nome conhece-se nas Alacum. — Fam. das Gramineas. — É um<br />
goas um capim de vergonteas, como o capim que vegeta na superfície das<br />
Capim de planta, porém sendo ellas águas doces e misturadas, e que em<br />
mais lisas e finas, e tendo as folhas tam Alagoas tem este nome.<br />
bém mais lisas e um pouco sulcadas. Tem o aspecto do Capim de planta;<br />
A floração se faz em um caule cuja mas seus caules são reptantes, deitam
124 CAP CAP<br />
raizes dos nôs, que existem em toda Capim cantellão.— V Lòro.<br />
»ua extensão.<br />
As bainhas das folhas são roixas e<br />
Capint canella de ema.—Saccha<br />
ventricosas,miúdas, espontadas, macias.<br />
rum dissusum. — Fam. das Gramineas. —<br />
As flores são miúdas e em eachinhos<br />
Este capim, que recebe este nome nas<br />
pouco salientes nas axillas das folhas;<br />
Alagoas, tem seu caule nodoso, com<br />
são achatadas e esverdinhadas.<br />
pacto, liso, e maculado de roixo.<br />
O gado gosta muito d'esta planta,<br />
As folhas são como no geral das Gramineas;<br />
tem dentilações.<br />
que é mui nutriente.<br />
As flores são como um fróco de pello<br />
Capint bengala. — Eordeum bra-<br />
macio em redor do caule, branco e<br />
siliense. — Fam. das Gramineas,. —<br />
longo.<br />
Co<br />
E' excellente para enchimento de tranhecem<br />
nas Alagoas por este nome<br />
um capim mui semelhante ao de planta,<br />
vesseiros, colchões, etc<br />
porém mais pilloso nas bainhas das fo<br />
Capint catinga. — Gramen odoralhas<br />
; apezar d'isso é macio.<br />
tum.—Fam. das Gramineas.—E' uma es<br />
Vegeta formando soqueira pouco<br />
pécie de capim que vegeta no Rio de<br />
densa; as folhas são lanceoladas e<br />
Janeiro e Rio de S. Francisco.<br />
molles.<br />
As flores no caule, que é articulado Capint tle citeiro. — Perotis fra-<br />
e nodoso.<br />
gans.—Fam. das Gramineas.—Este capim<br />
As flores, em espigas caudadas,em ver- é mui parecido com o de planta, porém<br />
ticillo, compostas de pevides redondas, mais amarellado, e com o caule me<br />
com longos prolongamentos, que se penor.gam á roupa pela aspereza que tem. A floração é em cacho, de côr roixa.<br />
Os cavallos não o comem.<br />
E' conhecido nas Alagoas por este<br />
nome; e com effeito, passando-se pelo<br />
Capim de buclta (verdadeiro).— lugar em que houver algumadeira d'elle,<br />
Avena sponjosa.—Fam. das Gramineas.— sente-se logo o seu aroma, que é um<br />
E' uma espécie que fôrma moita pouco pouco agradável.<br />
densa, conhecida em Alagoas por tal O gado come-o, mas só quando não<br />
nome; os caules são um pouco grossos, encontra outro.<br />
succulentos e articulados.<br />
Na summidade dá um pendão roixo Capint de coco ou cantellão.—<br />
acinzentado, cheio de ramificações co Anthoxanthnm palmeira.—Fam. das Grabertas<br />
de pevidinhas redondas, armadas mineas. — E' este o nome pelo qual é<br />
de espinhos, porém macios; como são conhecido nas Alagoas ; tem o porte de<br />
todas as partes d'esta planta.<br />
uma palmeira pequena, de um talhe en<br />
No interior do caule acha-se um corpo graçado.<br />
esponjoso desenvolvido e branco,que ser Apresenta suas folhas (com peciolos<br />
ve de bucha de espingarda aos caçadores. roixos) em feixes; e, de certa distan<br />
O gado gosta d'este capim.<br />
cia para cima, a lamina das folhas são<br />
Ha outra espécie maior e esbranqui ovaes, oblongas, de pregas longitudiçada.naes.<br />
A floração é no ápice do caule; ha, em Sahem do centro pendões, nos quaes<br />
um eixo, um froco circular composto de brotam as flores, com muitas pevides.<br />
botõesinhos, armados de finas agulhas Os animaes não comem este capim.<br />
macias, de côr verde esbranquiçada.<br />
Também serve de alimento ao gado. Capint estreita.—Melacranis strellatum.—<br />
Fam. das Cyperaceas.— É por<br />
Capint eabelludo. — V. Capim de tal nome conhecido nas Alagoas e Per<br />
pico.<br />
nambuco ; é rasteiro.
CAP CAP 19 k»<br />
O caule pequenino eleva-se apenas<br />
a 24 centimetros mais ou menos, tendo<br />
na superfície da terra um feixe de folhas<br />
cruzadas e estreitas, e no vértice<br />
um pendão.<br />
As folhas brotam feixes em diverros<br />
pontos; o nome que aqui lhe damos<br />
é o mesmo pelo qual é conhecido nas<br />
Alagoas.<br />
Tem umas folhetas cruzadas, em cuja Capint gengibre rasteiro. —<br />
base existe uma pinta branca que fôrma Paspalum pastum.— Fam. das Gramineas.<br />
uma estrella perfeita ; no centro d'esta — Este capim, que é o pasto mais geral<br />
estrella estão as flores em uma es dos animaes herbívoros, é conhecido nas<br />
piga, formando um cone de côr parda- Alagoas e Pernambuco por este nome.<br />
Esta plantinha que só tem vida no Alastra seus caules pelo chão, os<br />
litoral, e nunca nos sertões, crê-se que quaes ás vezes estão enterrados, èmit-<br />
mata o gado, que de lá vem. tindo, de distancia em distancia, rajninhos<br />
revestidos de folhas, como as<br />
Capint flexa.— Saccharum glarum. demais Gramineas.<br />
— Fam. das Gramineas.— Esta espécie, As d'este são lanceoladas, de um<br />
; de porte pequeno, meio lisa, tem este verde gaio, com suas flores em cachi-<br />
nome nas Alagoas.<br />
nhos pequenos e agglomerados.<br />
Suas folhas são em touceiras pe E' estimado como um dos melhores<br />
quenas.<br />
Os caules, articulados e compactos,<br />
pastos.<br />
e os eixos das flores são finos. Capim gr a mm a.—Paspalum com-<br />
As flores estão no ápice dispostas em pressum, Linn. — Fam. das Gramineas.<br />
cachos, são cobertas de pellos macios, — E' conhecido este capim em toda a<br />
• brancos e louros, e entremeadas de se- parte como o mais geral; invade todos<br />
í mentinhas; curvam-se para aterra como os terrenos, não deixando vegetar quasi<br />
' pendão.<br />
outra espécie.<br />
Este capim é excellente para enchi Elle acha-se nas ruas, mesmo das<br />
mento de colchões, travesseiros, etc. cidades populosas ; é rasteiro e alastra<br />
com seus caules deitados.<br />
Capim de fogo. — Cinna castanea.<br />
Tem as floresinhas em cachos cruza<br />
— Fam. das Gramineas. — E' uma espécie<br />
dos, e as folhas á semelhança do Ale<br />
que vegeta mais pelas catingas, conhecrim.cida<br />
nas Alagoas por este nome.<br />
E' difficil extinguil-o. O gado come-o.<br />
O caule é fino, e de juntas nodosas.<br />
As folhas são macias, e sem armas.<br />
Capim mão de sapo. — Paspa<br />
Deita do caule um penacho delgado,<br />
lum cruciflorum. — Fam. das Gramineas.<br />
com pequenas varetinhas um pouco<br />
Este capimzinho é assim denominado<br />
vermelhas e articuladas, á semelhança<br />
em Pernambuco.<br />
de um pincel louro nas pontas.<br />
Sua altura é de 22 centimetros pouco<br />
As flôrihhas são engastadas em uns<br />
mais ou menos, vegeta em touceiri-<br />
estojos occultos.<br />
nhas; suas folhas estreitinhas, e á<br />
Capim de Fr. Luiz. — V. Capim<br />
mellado.<br />
semelhança das dos outros capins ; lança<br />
um caule* fino até 22 centimetros ; no<br />
ápice fôrma uma cruzeta, e de um<br />
Capim gengibre de burro. — só lado é agglomerada de florinhas,<br />
Paspalum faciculatum. — Fam. das dispostas 'Gra em duas ou mais ordens.<br />
mineas. — E' uma espécie semelhante á Torna-se mui distincto por esta par<br />
abaixo descripta.<br />
ticularidade.<br />
As raizes são embastecidas á seme E' um dos bons alimentos dos herlhança<br />
de tuberas.<br />
bívoros .
• Stt CAP CAP<br />
Capint milltan branco.— Pa que sendo agitado abandona um liquinicum<br />
mticillatum, Linn. — Fam. das do, que ás vezes molha um homem.<br />
Gramineas.— Este capim é conhecido O gado não lhe dá importância.<br />
em Alagoas e Pernambuco por este<br />
nome.<br />
Capi in papuan. —Oropetium trans-<br />
E' composto de folhas largas, relativersale.—Fam. idem.—Fuma grammaou<br />
vamente aos outros capins.<br />
capim, conhecido por tal nome nas Ala<br />
Tem as vergonteas finas, articuladas; goas.<br />
deita um cachinho á semelhança do Tem vergonteas pequenas e esgalha-<br />
arroz, em ponto diminuto; as flòrinhas das; folhas ordinárias, como as das suas<br />
são só de um lado.<br />
congêneres, as quaes são lisas e macias.<br />
E' um dos melhores pastos.<br />
O caule é mais delgado, e chato no<br />
Ha outra espécie semelhantissima, que ápice, e ahi offerece duas espigas hori-<br />
differe por ter o caule e os cachos arroisontalmente dispostas, cheias de semenxeados;<br />
chamam-se milhaü vermelha. tinhas redondas e chatas.<br />
Ambos estes capins fazem dar o san O gado de "todas as classes o come.<br />
gue nos cavallos, porém o segundo<br />
na opinião dos sertanejos, é mais effi- Capim peba. — É segundo uns o<br />
caz.<br />
Sapé e segundo outros é um Andropogon.<br />
Em Sergipe é conhecido por Capitinga.<br />
Capint pé de gallinlta.—Senele-<br />
Capim mimoso.— Fam. Idem.— ria gallinacea. —Fam. Idem.—Este capim<br />
E" uma espécie de capim que vegeta parece geral no Brasil.<br />
nos sertões ; é elle que fôrma a base Fôrma pequena soqueira; e tem caule<br />
da alimentação dos animaes de todas fino, nodoso e lustroso.<br />
as classes no centro, mormente do As folhas são estreitinhas; o pendão<br />
Norte.<br />
das flores divide-se no ápice em quatro<br />
Elle é como as outras Gramineas, tendo ramos.<br />
muita semelhança com o Arroz. Um pouco abaixo apresentam elle3<br />
Deita porém um cacho delgado e as flòrinhas, que são dispostas de um<br />
menor; cresce até quasi a altura de só lado.<br />
um e meio metro.<br />
Com effeito tem grande semelhança<br />
Suas folhas são estreitas e articu com o pé de gallinha.<br />
ladas, e o caule fino, quasi formando Este capim não é um bom pasto; só<br />
zig-zag.<br />
tem virtudes médicas: elle é diuretico, e<br />
empregado contra os catarrhos; suspende<br />
os fluxos de sangue, e das ourinas.<br />
Capint orvailto. —Panicum rosalinum.—Fam.<br />
idem.— Este capim é conhecido<br />
em Alagoas e Pernambuco por<br />
este nome, e em Sergipe por Guardasereno.<br />
Elle fôrma touceira pouco densa; tem<br />
o caule cheio de pellos.<br />
As folhas lanceoladas, estreitas e um<br />
pouco ásperas.<br />
A vergontea da floração fôrma como<br />
uma pyramide, cuja ramificação é cheia<br />
de botões verdes e ovoides, que lhe dão<br />
muita graça.<br />
Este capim recebe o orvalho da noite,<br />
e pela manhã seus órgãos estão gottejando<br />
água (ou cheios d'água), de sorte<br />
Capim de pico ou cabelludo.<br />
—Tuaria pungens.—Fam. Idem.—Esta espécie<br />
de capim fôrma moita ou touceira.<br />
É conhecido nas Alagoas por tal nome.<br />
Dá poucas vergonteas, e estas articuladas.<br />
As folhas são lisas, e as bainhas eri •<br />
çadas de pellos duros e horisontaes, que<br />
espetam.<br />
As flores se acham nas summidades<br />
do caule ; este é uma vergontea de dois<br />
palmos, intermeiado de folhas raiadas,<br />
de vergontinhas, e de pevides foleaeeas
CAP CAP 1S7<br />
que lhe dão um engraçado aspecto, formando<br />
como uma cauda grossa.<br />
Capim res.— V. Maririço.<br />
E' regeitado dos herbívoros, talvez Capim de roça.— Spartina hos-<br />
pela aspereza.<br />
tensis.— Fam. idem.— Este capim conhecido<br />
nas Alagoas e em Pernam<br />
Capim de planta.— Panicum mabuco, é, pelo interior ou sertão, o que<br />
ximum, Jacq.— Fam. Idem.—Esta espécie abastece as estribarias.<br />
de capim, a que chamam Capim de planta, Seus caules são finos e delgados.<br />
entre nós, é natural de Guiné ; passa As folhas estreitas, pelludas e um<br />
pela forragem melhor, por que a sua tanto ásperas.<br />
propagação é a mais abundante. A vergontea das flores mui delgada<br />
Elle é cultivado em toda a America. e rolica.<br />
Na Europa procuraram todos os meios As flores agglomeradas em cachi-<br />
de cultival-o, e o conseguiram; entre nós nhos.<br />
também é elle objecto de grande cultura, Este capim nasce com abundância<br />
e quasi que fôrma a base do sustento dos pelas roçadas : é muito procurado, não<br />
nossos cavallos, mormente os de estri- só para não desfalcar nas estrebarias<br />
baria.<br />
o de planta, como porque é do que<br />
E' um capim de caule nodoso, de 1 a 2 se servem mais os almocreves<br />
metros de altura; deita parte do caule seus animaes.<br />
no chão.<br />
As folhas são lanceoladas, estreitas e Capint taquarisinlto.— Anathe-<br />
para<br />
macias, com pellos brandos.<br />
rum ivmbrale.— Fam. idem.—Esta Gra-<br />
Dá cachos de flòrinhas arroxeadas no minacea, assim conhecida nas Alagoas,<br />
ápice".<br />
tem o caule também nodoso, lisa e<br />
Planta-se de estaca, e cresce admira- fino.<br />
velmente.<br />
Folhas pequenas, lanceoladas e horisontaes.<br />
PROPRIEDADES' MÉDICAS . — E' empre Os peciolos em bainhas.<br />
gado como antispasmodico, na dose de 8 As flores em cachos pyramidaes, mui<br />
grammas para 250 grammas d'agua fer pequenas.<br />
vendo.<br />
Os ramos delgadissimos.<br />
Ha<br />
esta.<br />
outras espécies parecidas com<br />
Vegeta nas mattas e capoeiras debaixo<br />
de arvores, sempre á sombra.<br />
O gado come-o.<br />
Capim puba. —Saccharum plumosum.—<br />
Fam. idem.— E' conhecido por<br />
este nome nas Alagoas e Pernambuco.<br />
E' um capim de folhas estreitinhas,<br />
em feixes, sobre o rez do chão, emittindo<br />
umas vergonteas finas, das quaes<br />
sáe um cacho de flores em frocos, de<br />
pellos macios, á maneira de lã, entre os<br />
quaes se notam as sementinhas.<br />
Capitão. —Eydrocotyle umbellata ,<br />
Linn.— Fam. das Umbelliferas. — Também<br />
é conhecida esta planta por Capitão<br />
de cavallo comer, porque serve de<br />
Este capim é mui susceptível de seccar. pasto aos animaes.'<br />
Fazem grande uso de seu pello como , E' uma herva rasteira com raizes de<br />
lã para enchimento de travesseiros, col distancia em distancia, peciolos succhões,<br />
etc<br />
culentos e compridos, sendo as folhas<br />
redondas, fendidas na base, e molles.<br />
Capim puba (de Pernambuco).— As flores tem um pedunculo com<br />
E' outra espécie.<br />
prido, e formam no ápice um cacho<br />
Capim puba (do Sul).— V. Pé de<br />
como umbrella, de flòrinhas miúdas,<br />
de côr roxa pallida, com sementinhas<br />
gallinha.<br />
verdes, achatadas e redondas.
1S8 CAP CAK<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— E' um excellente.<br />
remédio contra a elephantiasis<br />
dos Árabes, erysipellas, elephantiasis<br />
dos Gregos, aneceòes tuberculosas da<br />
pelle, affecções sylphiliticas, e escrofulosas;<br />
rheumatismos etc<br />
Capitão do matto.— Cayaponia<br />
tros vegetaes, porque seus galhos são<br />
finos.<br />
Sua casca é esbranquiçada, com<br />
folhas oppostas, ellipticas e pequenas;<br />
tem prolongamentos no tronco em cruzeta,<br />
formando espinhos.<br />
As flores tem pedunculo curto, e representam<br />
uma espécie de capitulo; sao<br />
miudinhas e esverdinhadas.<br />
globoza.— Fam. idem.— Esta planta em<br />
O fructo é ovoide, e menor que uma<br />
Minas Geraes e no districto dos dia<br />
azeitona; contem uma semente.<br />
mantes é denominada —Chá de pedestre.<br />
Esta planta foi uma das que fizeram<br />
Acha-se nos rochedos quartzozos da<br />
parte da medicina domestica no tracta-<br />
serra de Cadonga.<br />
mento do cholera em 1856, em Per<br />
E' um arbusto muito uzado, em lunambuco.gar<br />
do verdadeiro chá.<br />
As folhas dYste arbusto exhalam um<br />
Capitinga.— V- Capim milham.<br />
cheiro agradável, e, postas de infusão,<br />
formam uma bebida ligeiramente esti<br />
Ca pi v ara. — Arislolochia fastidiosa.<br />
mulante, mas de sabor muito agra<br />
—Fam. das Arislolochias. — Pequeno ardável.busto<br />
trepador, conhecido nas Alagoas<br />
É pois um vegetal sobre que"o nosso<br />
por este nome.<br />
governo devia dirigir sua attenção, a<br />
E' uma planta que alastra com o as<br />
fim de ser melhor conhecido.<br />
pecto do maracujá, de folhas ellipticas,<br />
lustrosas e coriaceas.<br />
Capitão de Pernambuco. — As flores, em cachos e irregulares,<br />
Eydrocotyle pernambucensis.—Fam. idem. tem um aspecto estranho; são carno-<br />
— Esta herva, conhecida em Pernamsas, de côr amarella barrenta, ou de<br />
buco por tal nome, vegeta ao pé das gemma de ovo, e cheiro nauseabundo;<br />
águas.<br />
são semi-glaudulosas.<br />
Seu caule, que é subterrâneo, apre Dá este pequeno arbusto um fructo<br />
senta peciolos longos, que vem acima com três azas; este fructo é capsular,<br />
da superficie d'agua ou da terra. e encerra em si algumas sementes.<br />
Tem as folhas em figura de rim,<br />
redondas e lisas.<br />
Capoeira branca. — V. Braço de<br />
As flores em cachos, como armação Preguiça.<br />
de chapéo de sol, brancas amarelladas.<br />
O fructo é uma pequena cápsula Capreuva.— V. Cabureiba.<br />
achatada, com dois carocinhos também<br />
chatos.<br />
Cará.—Dioscorea brasiliensis, Willd.<br />
— Fam. das Dioscoraceas.— O Cará é<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Usa-se in uma tubera geral no paiz, natural do<br />
ternamente no rheumatismo chronico, Pará.<br />
8 grammas para 503 grammas d'água, , Ella provem de uma planta trepa-<br />
e externamente em banhos, feitos com i deira, cujas folhas são cordiformes,<br />
este cosimento.<br />
lizas, de um verde roixeado.<br />
Suas flores são em cachos, miúdas<br />
Capitãosinlto. — Ximenia pentau- . e esverdinhadas.<br />
dra. — Fam. das Olacineas. — Arbusto > O fructo é uma cápsula.<br />
conhecido por este nome em Pernam A raiz produz uma batata, ora maior<br />
buco ; vegeta nas mattas ou capoeiras. . ora menor, dc fôrma oblonga, arre-<br />
Dá em mouta, e cabe sobre os ou - dondada e rolica.
Caraguata.— V. Gravata.<br />
CAR CAR 1S#<br />
Sua casca é membranosa, parda, ás Caraipé ou Caripé-caraipa.—<br />
pera, com pequenos prolongamentos dis Fam. das Leguminosas. — Arvore silvestre<br />
seminados.<br />
do Pará.<br />
A massa é compacta, branca, aquosa, E' de porte grande.<br />
de sabor um tanto acre-adocicado, e Sua madeira presta-se ás obras de<br />
macia.<br />
carpintaria.<br />
Come-se o cará cozido, mas presta-se A cinza d'esta arvore é indispensável<br />
a outros misteres, bem como á extrac- haquella província para o fabrico dos<br />
ção de fecula; pôde substituir a fari objectos ou utensis de barro.<br />
nha ou o pão.<br />
Misturam-n'a com o barro, porque dá<br />
Também chama-se Inhame da terra a este a necessária consistência para<br />
Ha outra espécie. Dioscorea triloba, não rachar no fogo.<br />
Vell.<br />
Carajurú do Pará.— Alstroemeriq.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.—As Diosco- peregrina, Willd.—Fam. das Liliaceas.—<br />
raceas quasi sempre são plantas sar Planta herbacea de caule recto, e foro<br />
entosas e trepadeiras.<br />
lhas deitadas.<br />
Suas folhas são alternas ou algumas Suas flores são muito elegantes.<br />
vezes oppostas, de nervuras irregular Vegeta no Peru; e seu nome significa<br />
mente ramificadas.<br />
soberba pela sua formosura.<br />
As flores são hermaphroditas ou uni<br />
Carambola.— Averrhoa Carambola,<br />
sexuaes.<br />
Linn. — Fam. das Terébinthaceas. — Este<br />
Tem ovario infero, e adherente a um<br />
arbusto, natural da índia, não é muito<br />
cálice, cujo limbo é dividido em seis<br />
vulgar no paiz.<br />
lobulos.<br />
Uma das primeiras províncias que o<br />
Qs estames, em numero de seis, são<br />
adquerio foi a de Pernambuco, que o<br />
livres ou raras vezes monadelphos, de<br />
teve no extincto Jardim Botânico de<br />
antheras introrsas.<br />
Olinda.<br />
O ovario é de três lojas, contendo cada<br />
E' uma elegante planta, ramalhuda,<br />
uma dois ou mais óvulos, ora ascenden<br />
de folhagem em palmas.<br />
tes, ora voltados.<br />
As folhas de forma oval oblonga.<br />
O fructo é uma cápsula delgada e com<br />
Suas flores, em cachos de um elegante<br />
primida, ou uma baga globulosa, al<br />
colorido purpurino, são em fôrma de<br />
gumas vezes alongada, coroada pelo<br />
Angélica, e miúdas.<br />
limbo calicinal, e apresentando de uma<br />
O fructo é de 9 a 12 centimetros,<br />
a três lojas.<br />
de figura oval, terminado, em ponta<br />
As sementes contêm um embryão col-<br />
em ambas as extremidades.<br />
locado perto do hilo, no centro de um<br />
Sua superfície é angulosa, tendo as<br />
endosperma, quasi corneo.<br />
arestas dos ângulos salientes; o seu<br />
Esta pequena familia foi estabelecida<br />
exterior é coberto de uma pellicula<br />
pelo Sr. Roberto Brown para collocar os<br />
fina e diaphana, encerrando uma polpa<br />
gêneros da familia das Asparagaceas de<br />
aquosa, esverdinhada, ácida, com se<br />
Jussieu, que tem ovario infero. Taes são<br />
mentes ellipticas, de cheiro activo.<br />
as Dioscoraceas: Tqmus, Rajania, Flug-<br />
O fructo é da côr da polpa; as segea,<br />
etc, etc.<br />
mentes são esbranquiçadas, e não ex<br />
Caraclticltú.—V. Eerva Moura.<br />
cedem de três.<br />
Caraltiba.— É um arbusto de Sergipe.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— É excellente<br />
refrigerante, calmante e febrifugo. Serve<br />
para xaropes, limonadas, etc.<br />
Carana.— Amyris Carana, Eumb.—<br />
19
130 CAR CAR<br />
Fam. idem.— É uma arvore do porte<br />
mais ou menos da Almecegueira.<br />
Ê das regiões Amazônicas, e do México.<br />
planta é semelhante a Contra-herca, e<br />
tem os mesmoR uzos que ella.<br />
Ca r a pi ta 1 a. — A Istroemeria pulchella,<br />
Linn.— Carlotea, formosíssima, Arr.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—A resina, que Cam. — Fam. das Liliaceas.— E' uma<br />
é negra, leve e luzida, é empregada planta herbacea do paiz, quo nasce no<br />
nos catarrhos pulmonares, e substitue Piancó na serra do Jabre ; é semelhante<br />
perfeitamente ao Elemi.<br />
ao pé d'Açucena.<br />
Suas flores são em pendões como<br />
Carandalty, ou Coqueiro ca- Angélicas vermelhas ; dá espécies de<br />
randaliy.— Cnprrnica cerifera, Mart. tuberas na raiz, que se comem, e<br />
— Fam. das Palmaceas.— Palmeira do passam por boas.<br />
paiz, que só cresce nos lugares pantanosos,<br />
e tem um lenho muito duro. Cardamonto.— Amomum Cardamomum,<br />
Linn.— Fam. das Amomaceas.—<br />
Carap't.—Xylocarpus Carapá, Sch- Planta da índia Oriental cultivada era<br />
reb. — Fam. das Meliaccas.—E' uma arnossos<br />
jardins, conhecida em Pernamvore<br />
que vegeta no Amazonas e na buco pelo nome de Água de Colônia,<br />
Guyanna.<br />
pela analogia do cheiro.<br />
Tem a casca amarella e muito amar- E' um arbusto herbaceo, cujos caugosa.les<br />
são nodosos, cobertos dfs bainhas<br />
As folhas dispostas em palmas ; fo das folhas, que os abraçam, e formam<br />
liolos lanceolados.<br />
como touceira.<br />
As flores em cachos, e de sexos se Lança um talo que floresce, apreparados.sentando<br />
uma espiga pyramidal, com<br />
O fructo é grande, globuloso como posta de botões ovaes, sobrepostos a<br />
um coco descascado, offerecendo quatro um tecido brilhante, rosado, rubro nas<br />
resaltos que devidem-se em quatro extremidades ; cada um d'esses botões,<br />
valvas.<br />
é uma futura flor que, abrindo se, é<br />
Seu tegumento externo é coriaceo ; de uma só peça, amarella, riscada e<br />
depois d'elle ha um corpo lenhoso, em bonita, com um prolongamento no<br />
cujo seio se encontra uma porção de centro.<br />
caroços semi-ósseos, angulosos e uni Estas flores abrem-se successivados<br />
uns aos outros, tendo a amêndoa mente.<br />
muito oleosa, da qual se extrahe um O fructo é uma vagem de três lojas.<br />
quinto de óleo.<br />
Todas as partes d'csta. planta são<br />
E' empregado em diversos usos domésticos,<br />
e tem a preciosa qualidade<br />
cheirosas.<br />
de afugentar os insectos.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Excitante<br />
A casca do Carapá é empregada pelos empregado nas eólicas flatulentas, em<br />
índios para combater as febres, com pó, na dose de 3 decigrammas até 1<br />
bom resultado.<br />
gramma.<br />
Carapeirana. — Licania tunisia. — Cardo.—Cactus triangularis, Linn.<br />
Fam. das Chrysobalaneas ou Rosaceas. — — Fam. das Cactaceas, — Recebem o<br />
E' uma planta dos territórios do Ama nome de Cardo muitas plantas; e-ta<br />
zonas e da Guyana. Tem os mesmos vegeta á beira-mar, quasi rasteira.<br />
usos do Gajerú.<br />
Sua ramificação esgalhada até 48 centimetros<br />
de altura; é de um porte<br />
Cara pi a . — Dorstenia arilifolia particular.<br />
,<br />
Lamk. — Fam. das ürticaceas. — Esta É verde, suceulenta, e guarnecida
CAR CAR 131<br />
de espinhos, que fazem as vezes de Dez annos depois, e só então, é que<br />
folhas.<br />
outro distineto e celefrre botânico Mr.<br />
Seu caule é herbaceo e de fôrma Martius também creou um nome para<br />
angulosa.<br />
a Carnaubeira, a que chamou Copernica<br />
As flores, que brotam pelo caule, cerifera.<br />
são grandes como rosas de muitas Tendo sido o Dr. Arruda Câmara o<br />
pétalas estreitas, e de cores muito primeiro que descreveu essa palmeira.<br />
lindas.<br />
deve-se-lhe conservar o nome de Arrudaria.<br />
Cardo santo. — Argemone mexi *E' natural do norte do Brasil, e princana,<br />
Linn. — Fam. das Papaveraceas. cipalmente — das províncias do Rio Grande<br />
Este vegetal, que parece ser natural do Norte e Ceará.<br />
do paiz, é indígena do México; não Flores monoicas, numerosíssimas, ex<br />
obstante acclima-se em nosso solo. tremamente pequenas, «hermaphroditas,<br />
É uma planta de % a 1 metro de sustentadas por um appendice collo-<br />
altura.<br />
cado nas axillas das folhas, e envol<br />
As folhas são rentes, com o limbo revido uuma espatha delgada.<br />
cortado, todas cheias de espinhos agudos, Espadiee de 1 metro e 30 centíme<br />
e maculados de branco.<br />
tros a 1 metro e 50 centimetros de<br />
.Suas flores são amarellas como uma comprimento, repartindo-se em 3 rami<br />
rosa simples, sem cheiro, tendo no cenficações, das quaes cada divisão e subtro<br />
uma columna verde, foliacea, coroada divisão é munida d'uma espatha par<br />
por uma glândula avermelhada, e cercial cylindrica, que as encerra.<br />
cada de filetes.<br />
Espatha da forma de um cartucho,<br />
O seu fructo é uma cápsula que se secca e membranosa, d'onde partem as<br />
rompe superiormente, e lança uma por divisões para formar uma panicula.<br />
ção de sementinhas pretas e redondas, A terceira subdivisão se ramifica em<br />
que parecem grãos de pólvora.<br />
varias espigas flexíveis, alternas, e com<br />
As mais partes d'esta planta exsudam posta de diversos ramalhetes de quatro<br />
um sueco amarello e nauseabundo. flores cada um.<br />
A flor consta de dois cálices: um<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — O decocto exterior, verde, formado por três fo<br />
d'esta planta é empregado com proveito liolos de pouca extensão; outro inte<br />
nas dores de dentes, fluxões de rosto, e rior, de côr variável, em fôrma de co<br />
pleurisias; as sementes, mui oleosas, rolla, contendo um tubo curto infundi-<br />
teem propriedade emetica; são applicabuliforme (em fôrma de funil), com três<br />
das aos asthrnaticos, com bom resultado. divisões na extremidade, e alternando<br />
Seu sueco, amarello e nauseante, é nar com as do cálice exterior.<br />
cótico, e usado sobre os bubões e ulceras A corolla, membranosa e secca, des-<br />
syphiliticas para acalmar as dores. Tamviando-se facilmente do cálice exterior,<br />
bém é sedativo,e útil nas obstruções das traz os órgãos da reproducção, que<br />
vísceras abdominaes.<br />
contém seis estames muito frágeis e<br />
As flores são somniferas, e as sementes curtíssimos, ligados dois a dois.<br />
anti-asthmaticas.<br />
No fundo d'este tubo ha um ovario redondo,<br />
terminado por um estylete tenuis-<br />
Carnaubeira.—Arrudaria cerifera. simo e muito curto, e acaba em um es<br />
—Fam. das Palmaceas.— O primeiro natigma único e ligeiramente entumecido.<br />
turalista que fez a descripção da Car O fructo d'esta palmeira é redondo<br />
naubeira foi o distineto e celebre botâ e do tamanho de uma avelã. È côr de<br />
nico Dr. Arruda Câmara, e por esta razão azeitona no começo de sua maturidade,<br />
tem sido dado a essa palmeira o nome e azul violeta, quasi preto, quando está<br />
de Arrudaria Cerifera.<br />
maduro.
ia* CAR CAU<br />
É rodea-!o d'uma polpa doce pouco coriico central que será por sua \>v<br />
abundante, c coberto de um epicarpio alargado por terceiro grupo e assim por<br />
vitreo muito lustroso.<br />
diante.<br />
O caroço contém no interior uma Estes grupos de folhas abrindo-se<br />
amêndoa, que lhe é adherente. formam ao redor da palmeira uma serie<br />
O caroço assim como a polpa for continuada de leques, dos quaes os mais<br />
nece um alimento muito sadio, procu velhos se abatem em direcção ao tronco.<br />
rado pelos naturaes do paiz.<br />
O interior dos novos grupos de folhas<br />
Quando os fruetos chegam a certo é amarello claro, neste ponto de seu<br />
gráo de maturidade, torram-se e pi desenvolvimento.<br />
sam-se, ; o pó que assim se obtém é DVstas folhas retira-se uma matéria<br />
da côr do café, tem um cheiro agra secca, pulverulcnta, cor de cinza, qmdável,<br />
e lembra o da fava do cafeseiro. cobre sua pagina interior, e exhala uni<br />
Veste estado, o caroço da Carnaúba cheiro particidar, delicado e agradável.<br />
produz uma bebida que, misturada Esta matéria é a cera vegetal. Klla<br />
com o leite, é saudável c nutritiva, se destaca das folhas ao menor abalo,<br />
sem ser muito agradável ao paladar. quando estas começam a abrir; mas<br />
O espique, completamente cylindrico logo que o leque está estendido, o mesmo<br />
e direito, attinge até 16 metros de movimento produzido pelo vento é suf-<br />
altura, e á uma grossura que varia ficiente para fazer desapparecer este pó.<br />
entre 30 a 50 centimetros de circum- As folhas que tem atingido todo- o<br />
ferencia.<br />
seu desenvolvimento pendem em roda<br />
Elle finaliza por uma touça de folhas do caule em fôrma de chapéo de sol;<br />
dispostas de maneira que formam uma ellas são então de um verde claro, e<br />
figura oval perfeita, o que torna esta seccam antes de cahir: depois são côr<br />
palmeira uma das mais bellas arvores de palha.<br />
de sua espécie.<br />
Os peciolos, ordinariamente de 1 me<br />
Os restos dos peciolos das folhas tro e 30 centimetros, soffrem as mesmas<br />
que cahem, guarnecem o terço infe mudanças de côr que as folhas; mas<br />
rior do caule, no qual formam seis ou a parte que se liga ao tronco é de côr<br />
oito esporões regulares.<br />
vermelha, e apresenta o aspecto pouco<br />
O resto do tronco, desembaraçado mais ou menos da extremidade larga<br />
de todo o peciolo, é naturalmente liso, de um antigo taco de bilhar; na ex<br />
conservando apenas as marcas de intremidade livre, a partir dos 2 terços<br />
serção dos peciolos.<br />
de sua altura, elles são guarnecidos<br />
A parte superior do espique contem de duas ordens de espinhos negros,<br />
uma substancia medular, parenchyma- fortíssimos, achatados, e encurvados a<br />
tosa d'onde nascem as folhas.<br />
maneira de arpéo afiado, semelhante<br />
Esta parte terminal (palmito, ou couve a essa espécie de lança chata, guar-<br />
palmito) produz um alimento delicado necida de pontas de ambos os lados,<br />
e muito substancial.<br />
que se estende além da bocea do peixe<br />
Ao destacarem-se da extremidade do chamado serra.<br />
espique as folhas, em numero de seis Como todas as palmeiras, a Car<br />
a oito, crescem perpendicularmente naubeira não tem raiz mestra para fi<br />
unidas todas por uma resina, que as xar-se na terra; prende-se a esta por<br />
conserva apertadissima.<br />
meio de raizes numerosissimas, dis<br />
Os peciolos ficam separados, mas as postas horisontalmeute em roda da ex<br />
folhas reunem-se no alto , e formam tremidade inferior do tronco.<br />
assim um corpo oblongo delicado, em Estas raizes se estendem a grandes<br />
seguimento ao caule.<br />
distancias, porém penetram pouco pro<br />
Estas folhas abrem e se expandem fundamente na terra; tem a côr e<br />
debaixo da pressão de um novo grupo grossura da raiz da salsaparrilha.
CAR CAR 133<br />
Esta palmeira cresce algumas vezes j<br />
nos terrenos areientos; mais geralmente<br />
nos terrenos salinos denegridos, de sedimento,<br />
completamente nivelados pela<br />
occupação das águas, em epocha mais<br />
ou menos afastada.<br />
Os valles, as margens dos rios e das<br />
lagoas são. os lugares que lhe con-,<br />
vém.<br />
Nunca se encontra a Carnaubeira nas<br />
alturas, nem ainda nas ondulações ca-<br />
•suaes de terrenos.<br />
Ella evita igualmente a visinhança de<br />
outros vegetaes de grande altura; pelo<br />
que não se vê, em planices de Carnau<br />
beira, além d'esta palmeira, mais do que<br />
grupos de arbustos dispostos em declives<br />
naturaes.<br />
As agúas- da chuva, em conseqüência<br />
da disposição do terreno em superfície<br />
plana, amontoam camadas de caroços de<br />
carnaúba de distancia em distancia, e<br />
com elles cobrem ás vezes grandes extensões<br />
de terreno.<br />
As tenras plantas brotam assim tão<br />
juntas que formam um bosque impenetrável.<br />
Assim, esta maneira de crescer em<br />
phalange, como os- dardos de que os<br />
• peciolos são guarnecidos, parecem ter<br />
por fim a protecção mutua das plantas<br />
novas contra os ataques das numerosas<br />
espécies de animaes tão ávidos do palmito,<br />
e que as destruiriam ihfallivelmente<br />
sem esta solicitude da natureza.<br />
Este modo de crescimento das tenras<br />
Carnaubeira tem comtudo o inconveniente<br />
de impedir o prompto desenvolvimento<br />
da planta.<br />
Esta palmeira gosta dos lugares seccos<br />
ou ao menos dos terrenos que ficam em<br />
secco na maior parte do anno, posto<br />
que sugeitos a serem regados por inundações<br />
periódicas; ella resiste perfeitamente<br />
ás invasões prolongadas das<br />
águas, com tanto que não cubram inteiramente<br />
a parte inferior do tronco.<br />
Então forma-se em roda do pé uma<br />
espécie de orla produzida pelas raizes,<br />
e destinada a elevar o terreno, e a garantir<br />
assim o caule d'unaa demasiada<br />
infiltração da humidade.<br />
E' o que se observa nos lugares que<br />
experimentam grandes inundações, taes<br />
como certas partes do lugar chamado<br />
Carité, da comarca dô Crato no Ceará,<br />
e principalmente nas margens do lago<br />
Parnaguá, no Piauhy.<br />
Este lago, d'uma extensão de 25<br />
kilometros pouco mais ou menos, foi<br />
formado por uma depressão de terreno<br />
em fins do ultimo século.<br />
Antes do abalo que deu nascimento<br />
a esta collecção d'aguas, o valle de<br />
Parnaguá estava coberto de uma floresta<br />
de Carnaubeiras.<br />
Via-se ainda, ha alguns annos, cm<br />
certas partes pouco profundas, alguns<br />
troncos do mesmo vegetal cercados de<br />
raizes.<br />
As palmeiras, cujo tronco não foi<br />
totalmente coberto pelas águas, puderam<br />
resistir com o soccorro da orla<br />
de que acabo de fallar.<br />
A Carnaubeira apresenta outro phenomeno<br />
ainda mais digno d'observação :<br />
é que a secca a mais prolongada, convém<br />
perfeitamente ao seu crescimento,<br />
e desenvolvimento no Ceará, e lugares<br />
circumvisinhos, onde não chove nunca<br />
durante seis mezes no anno, isto é<br />
durante a estação chamada verão pelos<br />
naturaes do paiz : a Carnaubeira exhibe<br />
um poder vegetativo dos mais vigorosos,<br />
justamente n'esta estação quente<br />
e privada d'agua.<br />
No tempo da secca a maior parte das<br />
arvores, arbustos e sub-arbustos despojam-se<br />
das folhas ; as Gramineas seccão<br />
e são levadas pelo vento; a terra das<br />
planícies argilosas, perdendo a humidade,<br />
abre fendas de perto de 20 centímetros<br />
de profundidade.<br />
No meio d'esta scena tristonha, semelhante<br />
á que offerecem os invernos nas<br />
zonas temperadas, vêm-se florestas immensas<br />
de Carnaubeiras em prospera vegetação.<br />
A extracção da cera da Carnaúba está<br />
calculada, nas duas províncias, em<br />
3.560,000 kilogrammas; parte d'esta cera<br />
consome-se na fabricação das vellas, e<br />
outra parte é exportada para as demais<br />
províncias do Império.
134 CAR CAR<br />
Não nos consta que esta cera tenha<br />
grande extraeçáo na Europa; porem no<br />
Império é geralmente usada na illuminacão<br />
domestica.<br />
Depois da extracção da cera aproveitam-se<br />
as palhas para fabricação de chapéos,<br />
esteiras, vassouras, capachos, e<br />
cordas, conhecidas pelos indígenas por<br />
ticum ou tucum de Carnaúba.<br />
As mesmas folhas prestam-se ao fabrico<br />
do papel, e seria uma grande fonte<br />
de riqueza se se aproveitassem esses<br />
montes de folhas, que ordinarimente<br />
são queimadas depois da extracção<br />
da cera.<br />
A madeira conservando-se á sombra,<br />
ou empregada em esteios, é duradoura<br />
e incorruptível.<br />
Na maior parte das construcções do<br />
Rio Grande do Norte e Ceará, não se<br />
emprega outra madeira senão a da<br />
dc castanha, e tão eriçada de espinho».<br />
que custa pegar-se n'ella; abre-se naturalmente<br />
em duas valvas coriaceas.<br />
contendo duas sementes lisas, arredondadas,<br />
ovaes, um tanto deprimidas, de<br />
côr cinzenta esverdinhada e muito<br />
duras.<br />
São empregadas como desobstruentes<br />
das vísceras abdominaes.<br />
Esta espécie vegeta no littoral, ?.<br />
gosta da beira-mar.<br />
Caroá ou Caroatá. — Bromelia<br />
vartegata, Arr. Cam. — Fam. das Bromeliaceas.—<br />
É planta herbacea, habitante<br />
dos sertões das províncias do<br />
Norte, e por esse nome conhecida.<br />
Não tem caule; é um molho de fo<br />
Carnaubeira. Também<br />
lhas ensiformes, de 1 a 2 metros de<br />
comprimento, bordas reviradas, ciliadas,<br />
lançando do centro uma vergon<br />
se presta para tea de 66 a 88 centimetros, da qual<br />
certas obras de marceneria, para ben brotam flores em cachos, de um azul<br />
galas, etc, etc.<br />
purpurino; tendo por fructo uma baga<br />
É muito dura, e d'um amarello ver oval, medindo 27 e % millimetros, a<br />
melho, com veios pretos, susceptível qual encerra algumas sementes.<br />
d'um bello polido ; offerece manchas A pátria d'esta planta é o valle de<br />
pretas, que produzem bello effeito. S. Francisco até o Ceará, onde especialmente<br />
floresce.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — As raizes Fornece bom linho, segundo o Dr. Ar<br />
»ão usadas nas affecções cutâneas, e ruda Câmara.<br />
nos accidentes syphiliticos, na dose de Caroba.—Bignonia brasiliana, Lamk.<br />
30 grammas para 500 grammas d'agua, — Jacarandá brasiliana, Personn. — Eor-<br />
em cosimento.<br />
delestris syphilitica, Arr. Cam. — Bignonia<br />
Copaia, Aublet — Fam. das Bigno-<br />
Carniucula. — Guilandina spinoniaceas. — Arbusto trepador , de folhas<br />
sissima. — Fam. das Leguminosas. — ou É galhos oppostos.<br />
um arbusto do paiz, que não tem mais As folhas são em palmas oblongas.<br />
de I metro de elevação, conhecido em As flores em cachos, amarellas, e cam-<br />
Pernambuco por este nome.<br />
panuladas, simulando cometas.<br />
Seus caules formam touceira.<br />
O fructo é uma vagem pequena, con<br />
Todas as suas partes são eriçadas tendo grãos achatados.<br />
de espinhos cerrados, tornando quasi A casca d'este vegetal, e de outros<br />
impenetrável a entrada na sua tou da mesma familia, coutem um principio<br />
ceira.<br />
As folhas são ellipticas, dispostas em<br />
amargo, e adstringente.<br />
palmas, e cheias de espinhos.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — As folhas<br />
As flores, em cachos pequenos, tam da Caroba empregam-se contra as boubém<br />
com espinhos, são amarellas, com bas, a syphilis, as escrophulas, quer se<br />
cheiro suave, e de côr desbotada. manifestem por hereditariedade, quer<br />
O fructo é uma vagem quasi re sejam adquiridas, especialmente contra<br />
donda, um pouco deprimida, de côr as affecções cutâneas chronicas.
CAR CAR 135<br />
Faz parte da celebre massa antiboubatica<br />
de João Alves Carneiro.<br />
Internamente 8 grammas para 875<br />
grammas d'agua, em decocção.<br />
Caroba branca. — Sparratosperma<br />
Uthontripticum, Mart. — Bignonia leucanta,<br />
Vell. — Fam. idem. — Esta planta,<br />
congênere das carobas, tem a mesma<br />
virtude depurativa, diuretica e lithontriptica.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS . — E' um re- !<br />
Caroba paulistana.— Jacarandá<br />
exiphylla.— Fam. idem.— Tem os mesmos<br />
usos do Jacarandá procera; todas<br />
estas Carobas tem mais ou menos as<br />
mesmas virtudes, e são, além de antisyphiliticás,<br />
diureticas e purgativas.<br />
Carolina. — Andenanlhera pavonia^<br />
Linn.— Fam. das Leguminosas.— Arvore<br />
da índia cultivada no Brasil.<br />
É uma frondosa arvore, de folhas em<br />
palmas miúdas.<br />
Flores brancas e pequeninas.<br />
médio prodigioso, usado desde remotas O fructo é uma vagem comprida,<br />
eras pelos índios do Brasil como o ver contendo sementes redondas e vermedadeiro<br />
purificador do sangue, nas aflhas, que parecem vidradas.<br />
fecções diathesicas.<br />
As folhas são antirheumaticas, e as<br />
sementes comem-se cosidas.<br />
Caroba de flor verde. — Cy-<br />
Os chins ou os índios das Mololucas<br />
bistax anti-syphilipica, Mart. — Bignonia fazem com elles enfeites e ornamentos<br />
quinquefolia, Vell. — Fam. idem.<br />
de pescoço.<br />
Esta planta também tem o nome de<br />
Condorís.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— Esta Caroba<br />
é um anti-syphilitíco; mas é empregada<br />
também na retenção das ourinas,<br />
e nas hydropisias.<br />
Fazem-se loções, nas ulceras syphiliticas,<br />
com o cosimento de suas folhas.<br />
Ò infuso se prepara na proporção de<br />
4 grammas para 500 grammas d'água.<br />
Carqueja amargosa.—Baccharis<br />
triptera, D. C.—Cacalia amara, e G. decurrens,<br />
Vell.— Fam. das Compostas.— Esta<br />
espécie de planta vegeta no Rio de Janeiro,<br />
em h. Paulo, no Rio-Grande do<br />
Sul, e em Minas.<br />
Caroba guyra. — Bignonia pur-<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— É um tônico<br />
gans. — Fam. idem. — Esta espécie de<br />
e anti-febril muito empregado; dá-se<br />
Caroba, segundo Ridel, tem a raiz<br />
nas dyspepsias e diarrhéas, em cosi<br />
purgativa, e é muito usada no alto<br />
mento adoçado com o xarope de casca<br />
Amazonas.<br />
de laranja.<br />
Caroba da miúda.—Eordelestris<br />
O infuso se prepara com 12 grammas<br />
undulata, Arr. Cam. — Fam. idem. —<br />
da planta para 459 grammas d'água.<br />
A este arbusto também chamam Caro-<br />
O extracto dá-se na dose de 2 grammas.<br />
binha, oa Casco de cavallo.<br />
E' também útil nas obstrucções do<br />
fígado.<br />
Caroba (outra espécie).— Jacarandá<br />
procera, Spreng. — Fam. idem. Carqueja doce. — Baccharis Gaudichaudiana,<br />
D. C. — Cacalia, sessilis,<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Esfoutra Vell.— Fam. idem.— Esta espécie é vi-<br />
espécie de Caroba é também antisinha da outra, e torna-se recommehsyphilitica.davel<br />
pelas suas propriedades tônicas<br />
Suas folhas são empregadas contra e anti-febris.<br />
a syphilis, em cosimento.<br />
E' muito usada na arte veterinária<br />
Applica-se também sobre as ulceras contra as moléstias chronicas.<br />
syphiliticás, polvilhando-as com o seu<br />
pó.<br />
Carrapato, Carrapateiro , ou
136 CAR CAR<br />
Mamoiia— Ricinus communis, Linn. e É conhecido em Pernambuco por esse<br />
Spl. —Fam. das Euphorbiaceas. —E' um mesmo nome.<br />
arbusto agreste, originário da índia e<br />
da África, segundo dizem os autores. Carraplcltlnlto. — Urena sinuata,<br />
Cultivam-no no Brasil, onde é co Linn.— Fam. das Malvaceas.— Monadelnhecido<br />
por um e outro nome, dos quaes phia Polyandria, Linn.— Esta espécie<br />
o primeiro é o de um insecto do paiz, oriunda do paiz é um arbustinho que<br />
que se agarra aos animaes e aos ho vegeta francamente pelas bordas dos<br />
mens, causando grande incommodo. caminhos, ruas mais desertas e quin<br />
O Carrapalo cresce até 4, 5 metros e taes.<br />
mais; é esgalhado, seu tronco é no É esgalhado, cresce pouco, até 1 a 2<br />
doso e oco.<br />
metros, ou pouco mais.<br />
O lenho brando e alvo.<br />
As folhas são meio lobadas,e mui ba<br />
As folhas em fôrma de palmas, ou ças.<br />
circulo dividido em lacinéas, e com pe- As flores são de côr de rosa viva, e bociolo<br />
fistuloso.<br />
nitas, mas sem cheiro.<br />
As flores, em cachos roliços, são ou O fructo é secco, quasi como o quiabo,<br />
parecem feixes de filetes reunidos. porém menor, e abre-se da mesma fôrma;<br />
O fructo é uma noz redonda achatada, tem sementes verdes, redondas, acha<br />
de gommos, apresentando um tegumento tadas.<br />
herbaceo exterior, e três lojas conicas, Também o chamam Quiabo bravo, e nas<br />
em cada uma das quaes se aloja uma Alagoas Carrapicho.<br />
semente quasi oval, brilhante, cinzenta É uma das espécies que dão matéria<br />
e coroada por um corpo carnoso. prima para cordoaria.<br />
A amêndoa d'esta semente é mui oleosa. As folhas usam-se contra tosse, em<br />
Os fruetos estalam quando maduros, e infusão.<br />
lançam as sementes por terra.<br />
É donde se extrahe o óleo de ricino Carrapielto.— Urena sinuata, Arr.<br />
da Pharmacia.<br />
Cam.— Fam. das Malvaceas.— E' conhe<br />
Ha quatro espécies de sementes de cida em Pernambuco por este nome; no<br />
ricino, a saber: pequena, grande, ver Rio de Janeiro, Minas e S. Paulo, pelo<br />
melha e branca; da pequena é que se de Guaxima.<br />
extrahe maior quantidade de óleo. A casca dessa planta separa-se facilmente,<br />
deixando-a macerar durante quin<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—As folhas do ze dias.<br />
Carrapaleiro são tidas como emollientes,. D'ella se faz corda, que emprega-se<br />
e seu cozimento empregado contra os em diversos uzos.<br />
tumores, em banhos. O óleo, que d'elle<br />
se extrahe, é o óleo de ricino, muito usado Carrapielto dagulha.— Coreo-<br />
internamente na dose de 30 a 60 grampsis tricornea.— Fam das Compostas.—<br />
mas, como purgativo.<br />
Esta espécie, conhecida por este nome<br />
em Pernambuco, no Pará, e talvez nas<br />
Carrapateiro molle.— Ricinus. mais províncias do Norte, é uma ele<br />
— Fam. idem — É uma espécie semegante herva que cresce nos quintaes e<br />
lhante ao Carrapateiro grande, tendo só matos adjacentes.<br />
a differença de ser o tecido exterior da Sua altura chega até 83 centimetros<br />
semente tênue, de sorte que facilmente pouco mais ou menos.<br />
com um palito se atravessa a sua amên Seu caule, ora esverdinhado, ora rodoa;<br />
por isso é que a população pobre xeado, é esgalhado, com folhas recor<br />
do sertão enfia uma porção de sementes tadas em fôrma de pequenas palmas.<br />
suecessivamente em um ponteiro, e ac- As flores, amarellas e miúdas, tem<br />
cendendo-o serve-se d'elle como vella. um pequeno cálice verde, bordado de
CAR CAR 139<br />
folhinas amarellas em redor, com um Carrasco. — Cambesseãeria wmbeli-<br />
aggregado de outras folhinhas no centro. cata. — Fam. das Melaslomaceas. — Ar<br />
Tem pouco cheiro.<br />
busto agreste, que abunda nas provin-<br />
O fructo é uma pequena cápsula cias do norte do Brasil, e borda as<br />
comprimida e preta, tendo no ápice estradas.<br />
três aguilhões, que se apegam á roupa. É por este nome conhecido nas Ala<br />
E' dolorosa a sua picada.<br />
goas, e no interior.<br />
É uma planta de porte mediano,<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS— Esta planta ramosa.<br />
passa por um infallivel remédio para a Caule coberto de pennugem esbran<br />
ictericia; usa-se interna e externamente. quiçada .<br />
Folhas ovaes, lustrosas, de verde es<br />
Carrapielto beiço de boi. — curo por cima, e esbranquiçadas na<br />
Desmodium diureticum.— Fam. das Leguparte<br />
inferior.<br />
minosas: — Herva agreste oriunda do Os pedunculos regulares.<br />
paiz, e conhecida em Pernambuco por Flores brancas e pequenas.<br />
tal nome.<br />
Os fruetos como pequenos glóbulos<br />
Alastra levantando a parte superior arroxeados, com uma polpa, envol<br />
dos ramos, que são castanhos ; com fovendo sementes miúdas.<br />
lhas compostas de 3 foliolos ovaes. Toda a planta cobre-se de um péllo<br />
As flores são roixas, e em caixinhos, macio e louro, que esconde ás vezes<br />
que parecem pequenas borboletas.<br />
O fructo é uma vagem pequena com<br />
os órgãos da fruetificação.<br />
prida, recta d'um lado, e d'outro for Carurú.— V. Bredo Carurú, e tammando<br />
saliências e depressões. bém Bredo macho.<br />
Em cada divisão encerram-se uns<br />
grãosinhos,<br />
Carurú azetlo. — V. Vinagreirá.<br />
Toda a planta tem um pello mui<br />
eurto.<br />
Carurú da matta ou verme<br />
O fructo adhere á roupa, e mesmo lho. — Amaranthus melancholicus, Linn.<br />
ao corpo dos animaes; agarra-se por — Fam. das Amaranthaceas. — Herva<br />
exemplo, aos bois, mormente nos beiços, conhecida nas Alagoas por este nome.<br />
quando aquelles pastam.<br />
É agreste, de folhas oblongas, inse<br />
Esta herva é applicada domesticaridas em um caule pequeno, suecumente<br />
nas gonorrhéas.<br />
'lenta, com os peciolos longos, e in<br />
* Na Bahia é conhecida- por Papo de feriormente roxos<br />
Peru.<br />
Brota sobre o pedunculo um botão<br />
herbaceo quadrangular, alado, que tem<br />
Carrapielto de calçada.—Tri no centro uma reunião de muitas floumfeta<br />
semitriloba.— Fam. das Tiliaceas. res miudissimas, como também" são as<br />
— Planta do paiz de folhas alternas, de sementinhas.<br />
base oval, trilobada, e flores amarellas.<br />
O fructo é uma cápsula redonda, es Caruto. — Genipa caruto, Kunth. —<br />
quinada, com espécies de espinhos. Fam. das Rúbiaceas. — O Caruto é como<br />
O decoto é empregado em injecções um Jenipapeiro ordinário, que dá no ter<br />
contra as gonorrhéas.<br />
ritório de Cayenna e no Rio Negro.<br />
Dos ramos tira-se uma filaça, de que É indígena do paiz; suas folhas são<br />
se fazem cestinhas, etc.<br />
grandes, ovaes, obtusas, lusidias por<br />
Ha ainda: Triumfeta eriocarpa, cima, St. um tanto ásperas por baixo.<br />
Hil:-- Triumfeta lapputa, Vill — Trium O fructo dá uma tinta, com que os<br />
feta sepium, St. Hil. — Triumfeta hete- índios tingem o corpo, principalmente<br />
rophylla, Lámk.<br />
o rosto.<br />
20
13N CAS CAS<br />
O povo de Carthagena chama-lhe<br />
Xaguà.<br />
Casca atnargosa do Maranhão.<br />
— V Guereroba de remo.<br />
tentadas por um trophosperma sutural<br />
e filiforme, que pende para fora quando<br />
o fructo se abre.<br />
Estas sementes teem o embryão erecto<br />
em um endosperma carnoso.<br />
Casca doce.— Andradea dulcis.—<br />
Fam. idem.— Planta do Pará.<br />
Casca d'Anta.— Drymis Winteri.—<br />
Casca de larangeiru da terra.<br />
Fam. das Magnoliaceas. — Arvore silves<br />
— Evodia febrifuga.—Fam. das Rutaceas.<br />
tre de Minas Geraes, e S. Paulo.<br />
—Esta arvore é natural de Minas-Geraes.<br />
Suas folhas são grandes, ovaes, suc-<br />
E' amarga, tônica, febrifuga.<br />
culentas, e aggregadas nos ramos.<br />
Aconselha-se como suecedanea da<br />
As flores são igualmente grandes.<br />
Quina.<br />
Ella floresce em Fevereiro e Setembro.<br />
Os habitantes d'aquellas províncias<br />
Casca para tudo. — Cinamoden-<br />
empregam a sua casca como estimudron<br />
axillare, Mart. — Fam. das Lawalante<br />
e tônico.<br />
ceas.— A casca d'esta planta, amarga, é<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. —Esta fa natural do Brasil, onde existem duas<br />
milia é composta de grandes e bellas espécies, que passamos a descrever.<br />
arvores, ou de arbustos elegantes, ador A 1." espécie do Para-tudo tem a casca<br />
nados de lindas folhas alternas, quasi larga pouco arqueada, da grossura de f><br />
sempre coriaceas e persistentes, pro millimetros, não comprehendendo a cavidas<br />
na base de estipulas foliaceas. mada cortiçosa.<br />
As flores espalham um suave perfu Ella é leve, quebradiça e granulosa,<br />
me; são quasi sempre muito grandes de um amarello côr de laranja; a parte<br />
e geralmente axillares.<br />
interior é coberta de uma pellicula fina<br />
O cálice se compõe de três a seis e esbranquiçada.<br />
sepalas frágeis.<br />
A camada cortiçosa é da grossura de<br />
As pétalas variam de três a vinte e 2 a 3 millimetros, profundamente gre-<br />
sete, formando alguns verticillos. tada, e facilmente se separa do liber,<br />
Os estames, mui numerosos e livres, exteriormente é cinzenta, e interiormente<br />
são dispostos em diversas ordens e li é de côr verde amarellada ; parece forgados<br />
ao receptaculo, que sustem as mada de camadas concentricas, nume<br />
pétalas.<br />
rosas e mui ligadas.<br />
Os pistillos numerosos, ora reunidos A casca é de um sabor amargo.<br />
circularmente, e sobre uma única ordem A segunda espécie do Para-tudo tem<br />
no centro da flor, ora formando um a casca larga, mais composta que a<br />
capitulo mais ou menos dilatado. da precedente, da grossura de 1 mil<br />
Esses pistillos são compostos de um limetros quando muito, quebradiça; é<br />
ovario unilocular, contendo um ou mais um pouco avermelhada e granulosa,<br />
óvulos, de um estylete apenas distineto excepto a parte interna que é formada<br />
e de um estigma simples.<br />
de algumas lâminas finas, muito fibro-<br />
Os fruetos são carpellas seccas ou sas e de uma côr cinzenta escura.<br />
carnosas, reunidas circularmente sob a A camada cortiçosa é da grossura<br />
forma de uma estrella, ou dispostas em de 2 millimetros, adherente ao liber,<br />
capitulos, e algumas vezes todas ligadas rugosa e gretada, de textura seme<br />
entre si.<br />
lhante á da cortica, e tendo como ella<br />
Cada carpella é indehiscente, ou se as fibras perpendiculares ás do liber.<br />
abre por uma sutura longitudinal; e Esta casca é de sabor extremamente<br />
as sementes são algumas vezes sus amargo.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' empregado<br />
o Para-tudo contra o fastio, de-
CAS<br />
CAS 139<br />
bilidade geral,(diarrhéa, febres inter- Cassatinga de espinlto. — V.<br />
mittentes, mordeduras de cobras, etc. Catota de espinho.<br />
Internamente, 8 grammas para 90<br />
grammas d'agua, em cosimento. Cassatinga mansa. — Solanum<br />
aniíatum. — Fam. das Solanaceas. — Ar<br />
Casca preciosa. — Mespilodaplike busto silvestre conhecido nas Alagoas<br />
pretiosa, Mart.— Cryptocarea pretiosa.— por este nome.<br />
Fam. das Lauraceas.— Esta planta é Suas folhas são em fôrma de mouta,<br />
abundantíssima no Rio-Negro. e cahem umas sobre as outras; ellas<br />
Sua casca é aromatica e excitante. são cobertas de um pello macio e branco<br />
de côr verde azulada, estreitas e miúdas.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— E' empre<br />
As flores em cachinhos e de côr<br />
gada na asthenia nervosa por abuso roxa clara.<br />
dos prazeres venereos, nas dores sy- Dá um fructo de 27 a 28 millimephiliticas<br />
das articulações, e nos catros de comprimento, redondo, esvertarrhos<br />
chronicos.<br />
dinhado, coberto de pello, e que con<br />
Dá-se em infusão, e cosimento, intertem muitas sementes pequenas envoltas<br />
namente e em banhos.<br />
em uma massa aquosa.<br />
Não se come.<br />
Cascarrillta. — Croton Cascarrilla,<br />
Linn.— Fam. das Euphorbiaceas.— E' um Castanha do Pará ou do ma<br />
arbusto oriundo do Peru, do Paraguay<br />
ranhão. — Bertholletia excelsa, Eumb.<br />
e do Brasil; tem pequeno porte, é<br />
e Bomp. — Fam. das Myrtaceas.— Arvore<br />
muito esgalhado e esbranquiçado.<br />
gigantesca e habitante do Pará e dô<br />
Seus ramos e folhas são cobertos de<br />
Maranhão, de tronco erecto, cylindrico,<br />
pello macio e estrellado, sendo as folhas<br />
elevando-se a mais de 32 metros de al<br />
lanceoladas e pequenas.<br />
tura, alcançando um diâmetro de %. a 1<br />
As flores, em espigas, miúdas é es<br />
metro e mais.<br />
verdinhadas. O fructo é de três quinas,<br />
Ramos muito compridos, com as ex<br />
e -trez caroços.<br />
tremidades vergadas para baixo, muito<br />
A casca d'este vegetal é objecto de<br />
foliosos.<br />
commercio para a Europa : ella tem<br />
Folhas alternas, grandes, curtamente<br />
cheiro activo e é resinosa : d'ella se<br />
pecioladas, oblongas e quasi coriaceas,<br />
extrahe um óleo volátil de cheiro suave.<br />
inteiras; face superior de bella côr ver<br />
Suas propriedades são comparadas ás<br />
de, e inferior esbranquiçada, e apresen<br />
da Quina ; é tônica e obra como estitando<br />
nervuras ou veios transversaes.<br />
mulante enérgico. jT<br />
O fructo é uma noz espherica, do tamanho<br />
da cabeça de uma criança, e ainda<br />
Cascarrillta falsa.—V. Quina do<br />
maior; verde, lisa e quadril o cular, con<br />
Rio de Janeiro.<br />
tendo muitas sementes.<br />
Casco de cavallo — Barbarier<br />
Sarcocarpo fino; pericarpo muito so<br />
ondulatus.— Planta de Pernambuco emlido cheio de sulcos ram osos, e com seis<br />
pregada contra as bobas.<br />
linhas de espessura.<br />
Sementes fixas a um trophosperma<br />
Casquinlto. — É uma planta in central pela extremida de inferior, sendo<br />
dígena, que dá uma frueta redonda de cada uma envolvida por dois perisper-<br />
55 millimetros de comprimento, de côr mas: um exterior rugoso, côr de ca<br />
amarella, quando madura, e semeada nella clara, formado de duas lâminas<br />
de pontinhos translúcidos.<br />
de consistência lenhosa, e outro inte<br />
É tenaz, tem cheiro activo, e contem rior, mais fino que o precedente, e tam<br />
dentro uma massa amarella, esponjosa bém formado de duas lâminas transpa<br />
e aquosa, com um caroço oval no centro. rentes, estreitamente unidas.
I IO CAT CAT<br />
Amêndoa oblonga, triangular, de ân Caule delgado ; folhas trifolioladah,<br />
gulos obtusos; é branca tendo muita e semi-angulosas na fôrma, cobertas<br />
analogia com as amêndoas da Europa. de uma espécie de cotão.<br />
Estas amêndoas são excellents.s para Flores, reunidas em espigas, são quasi<br />
comer-se, e de sabor exquisito; podem azues, miúdas, e tôm algum aroma.<br />
perfeitamente substituir as amêndoas O fructo é uma vagem chata, de 6tí<br />
doces.<br />
a 88 centimetros de comprimento, estreita<br />
e vinculosa ; as bordas são semi-<br />
Casca da ntatta.—Arvore do paiz. recortadas, de côr parda, e as sementes<br />
são castanhas como as do feijão.<br />
Catinga de macaco brava.— Esta planta trepa pelas outras ; o<br />
Stizolobium pungens.—Fam. das Legumi cosimento d'ella é applicado em banosas.—<br />
Arbusto tre^ador, aggreste, conhos aos animaes atacados de piolhos.<br />
nhecido por este nome em Alagoas e Pernambuco.<br />
Catinga de mulata. — Leucaa<br />
Seus caules trepam sobre outras plan martinicensis, Benth.—Stachys flnminensis,<br />
tas.<br />
Vell.—Stachys recta.—Fam. das Labiadas.<br />
As folhas tiifolioladas, subangulosas e —E' um arbusto de folhas cordiformes, e<br />
pillosas.<br />
As flores em feixes, de roxo escuro azu<br />
flores amarellas.<br />
lado, como a flor do feijão, e sem cheiro. PROPRIEDADES MÉDICAS.— Elle é em<br />
O fructo é uma vagem roliça, e achatapregado como anti-hysterico, e nas dores<br />
da de um lado, coberta de pellos longos, arthriticas.<br />
bastos e picantes, que produzem dôr O cozimento applica-se em banhos<br />
como a de queimadura, na pelle; encerra como anti-rheumatico.<br />
sementes como grãos do feijão, mas com As flores são carminativas ; dá-se em<br />
o ponto de inserção mais dilatado. infusão.<br />
Catinga branca. —Senharia tin- Catinga de paca. — Eloeagnus cactorium,<br />
Arr. Cam. —Fam. das Legumitinga.—Fam. das Thymeleaceas.—Arvore<br />
nosas.— Arbusto que abunda em Per silvestre conhecida por este nome nas<br />
nambuco, na Parahyba e no Ceará. Alagoas.<br />
As folhas e a casca têm um cheiro Suas folhas são oppostas no ponto de<br />
agradável, que se assemelha ao do Cravo inserção; tem um aroma enjoativo.<br />
da índia.<br />
Suas flores são semelhantes a pequenos<br />
Ella se acha com abundância nos ser botões, cujo fructo é menor que um araçá<br />
tões.<br />
ordinário, encerrando 2 ou 3 sementes<br />
Produz pela ebullição uma tinta de de tamanho regular.<br />
côr amarella, muito usada na arte da<br />
tinturaria.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA . — Arbustos,<br />
raramente plantas herbaceas, de folhas<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — O decocto alternas ou oppostas, inteiras, tendo as<br />
empregam-no para curar as sarnas, em flores terminaes ou axillares em fôrma<br />
loções.<br />
de sertulas, de espigas solitárias, ou reunidas<br />
no centro das folhas.<br />
Catinga de macaco mansa. O cálice é geralmente colorido e peta-<br />
Dyphisa fiava. — Fam. idem. — Arbusto loide, mais ou menos tubuloso, de quatro<br />
trepador natural do paiz, que em qual ou cinco sepalas embricadas antes de<br />
quer matto se encontra.<br />
desabrochar.<br />
E' conhecido em Alagoas, Pernam Os estames geralmente em numero de<br />
buco e Sergipe por este nome; tam oito, dispostos em duas ordens, ou de<br />
bém o chamam Fava brava.<br />
quatro, ou simplesmente de dois, são in-
CAT CAT 141<br />
se ridos, e em geral sesseis, na parede centimetros de diâmetro, mais fino na<br />
interna do cálice.<br />
base e mais grosso no alto.<br />
O ovario é unilocular, e contém um O ramalhete das folhas toma direc-<br />
só óvulo pendente.<br />
cão vertical, e estas são de côr azu-<br />
O estylete é simples, terminado em lada.<br />
um estigma igualmente simples.<br />
Dá cachos de flores, compridos, as<br />
O fructo é uma espécie de noz ligeira vezes de mais de um metro.<br />
mente earnosa por fora.<br />
E' como grande numero de palmei<br />
O embryão, que é voltado como a seras, de côr amarella barrenta, com<br />
mente, está contido em um endosperma aspecto de flor de cera.<br />
carnoso e delgado, e tem a radicula su O fructo é de 60 millimetros de<br />
perior.<br />
diâmetro, ovoide, de casca parda, tendo<br />
Ós gêneros principaes d'esta familia no ápice um ponto agudo.<br />
são Daphne, Stellera, Passerina, Pimelea, Na base ha uma roseta de escamas.<br />
etc. As Daphnaceas formam um pequeno Essa casca do fructo é de côr ama<br />
grupo muito natural, que differe das rella no interior, e encerra uma massa<br />
Eleagneas pelo óvulo pendente, e não da mesma côr, polposa, um tanto<br />
erecto, e, das Santalaceas, pelo ovario aquosa e oleosa ; é a parte que se<br />
livre e uniovulado.<br />
come.<br />
Encontra-se dentro um caroço ósseo,<br />
Catinga fie porco.— V. Cipó ca contendo uma amêndoa branca, muito<br />
tinga de porco.<br />
oleosa e de gosto agradável.<br />
O óleo d'esta amêndoa não só é ex-<br />
Catingua ou Catigua. — Tricellente para usos culinários como<br />
chília catigua, St. EU.— Fam. das para Me- luz.<br />
liaceas. — E' uma arvore silvestre que Na província das Alagoas, onde mais<br />
cresce em Minas Geraes.<br />
abunda esta palmeira, a pobreza no<br />
E' de grande altura.<br />
tempo da frueta faz excursões nas mattas<br />
Suas folhas são dispostas em palmas. para colhel-a.<br />
As flores, amarellas, em cachos.<br />
O fructo capsular.<br />
Catota.— Solanum calota.—Fam. das<br />
O lenho d'esta arvore é avermelha Solanaceas.—Esta planta sylvestre é codo.nhecida<br />
nas Alagoas e em Pernambuco<br />
Ha três espécies: florescem em Abril. por este nome.<br />
É um arbusto baixo, de 2 a 2 %. me<br />
Catinguei r a.—Ccesalpinia. — Fam. tros de altura pouco mais ou menos,<br />
das Leguminosas.—E' uma planta do de poucas folhas, marchetadas no seu<br />
paiz, da qual se extrahe uma bella tinta limbo, aloiradas, e com a orla cavada.<br />
amarella.<br />
As, flores, á semelhança das da Jurubeba,<br />
porém mais escuras e maiores.<br />
Catingueira brava. — Croton. — O fructo, também como o da Jurubebd,<br />
Fam. das Euphorbiaceas.—r, Esta espécie mas do tamanho de um limão grande.<br />
também dá uma tinta amarella, digna<br />
de ser utilisada na tinturaria. Catota de espinho.— Solanum pi-<br />
Catojé.— V. Eerva de Santa Maria<br />
ou Caapeba.<br />
per.—Fam. Idem.—Esta outra espécie é<br />
muito semelhante á precedente, differindo<br />
apenas em que esta se enrola sobre<br />
Catolé —Rhapisparamidata.— Fam. os outros vegetaes, e todas as partes da<br />
das Palmaceas.— E' uma palmeira, de planta estão cobertas de pellos hispi-<br />
altura mediana, de 31 a 33 metros dos, longos e loiros, pelo que custa a<br />
pouco mais ou menos.<br />
pegar-se n'ellà; produz na pelle sensa<br />
Seu caule é quasi lizo, de 2 a 3 ção de queimadura.
ti* CEB CEB<br />
Cauassú. — Threkeldia bracleata.— Apresenta-se I<br />
como um feixe de folhas<br />
Fam. das Chenopodeaceas. — Esta arvore estreitas, I compridas, fistulosas, na su<br />
oriunda do paiz é de porte pequeno. perfície da terra.<br />
Seus ramos, como formados de arti Dá um pendão, em que se notam floculações<br />
nas pontas, são acinzentados res brancas e pequenas.<br />
e fistulosos.<br />
O fructo é muito pequeno.<br />
As folhas em figura de lança, e al Na base da reunião das folhas existe<br />
ternas.<br />
um bolbo, que é a cebola, de que fa<br />
As flores dão em espigas intermeadas zemos uso.<br />
de escamas membranosas.<br />
Este bolbo redondo compõe-se de<br />
O fructo é uma pequena noz, com duas membranas de côr dc castanha<br />
nma ou outra semente dentro. avermelhada, delgadissimas e friaveis,<br />
seguindo-se depois uma substancia<br />
Caxaporra do gentio. — Termi- branca, aquosa, espessa e transparente,<br />
nalia argentea, Mart. — Fam. das Combre- disposta em varias camadas concentaceas.<br />
— Arvore do Brasil: vegeta em tricas, que se separam com facilidade.<br />
Minas-Geraes.<br />
Tem um porte muito bonito, e flores<br />
É de sabor ácido, doce e picante.<br />
em pequeninos cachos.<br />
Cebola recém. —Amaryllis bella-<br />
Dá um fructo á semelhança de uma dona, Linn.'—Fam. das Amaryllidaceas.—<br />
noz.<br />
Esta planta, indigena do Brasil agreste<br />
Esta arvore produz também uma gom e cultivada, é conhecida nas Alagoas<br />
ma resina, semelhante a gomma gutta ; por Cebola do matto.<br />
é purgativa na dose de 6 decigrammas, É herbacea; suas folhas, nascidas da<br />
dada em emulsão ou em pílulas. superfície da terra, são de um verde<br />
desmaiado, em figura de lamina de es<br />
Caxim. —Sapium ilicifolium, Willd. pada, porém longas e reviradas.<br />
— Fam. das Euphorbiaceas. — O Caxim é Deita um pendão do. centro, que dá<br />
uma arvore do paiz, que tem espinhos flores grandes, em fôrma de funil, com<br />
e folhas ovaes.<br />
seis recortes ou pontas, de côr vermelha<br />
Suas flores, em cachos, ou em espi pallida, sem cheiro.<br />
gas, são de sexos separados, e miúdas. No centro existem seis estames longos.<br />
A frueta é uma cápsula de 3 gom- O fructo é uma cápsula com três<br />
mos^ e 3 lojas com sementes redondas. compartimentos, nos quaes se acha<br />
uma porção de sementinhas.<br />
Cayaponia.—V Purga do gentio.<br />
Esta planta é como a Açucena na<br />
Cebipira branca. — V. Secupira.<br />
fôrma da flor e porte; tem na base uma<br />
raiz semelhante á cebola, porém mais<br />
allongada; a túnica é esbranquiçada,<br />
Çebipira do campo. — V- Secupira.<br />
o sabor pouco picante. (Fig. 16.)<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Usa-se o<br />
Cebipira da ntatta.—V. Secupira. bulbo em xarope nas affecções pulmonares,<br />
na bronchite, e sobretudo na<br />
Cebola. —Allium cepa, Linn.—Fam. asthma.<br />
das LiUaceas. — Esta planta, cuja verda É vomitiva e expectorante.<br />
deira pátria se ignora, é muito cultivada,<br />
e usada em toda parte.<br />
CARACTERES DE FAMÍLIA.— Plantas de<br />
Veio-nos da Europa e é um dos pri raiz bulbifera ou fibrosa, de folhas rameiros<br />
ingredientes da arte culinária. dicaes, de flores muitas vezes gran<br />
Tambam no Brasil se cultiva, nas prodíssimas, solitárias, ou dispostas em<br />
víncias do Sul.<br />
jsertulas ou umbrellas simples, envol-
CEB CEG 143<br />
Vidas, antes do seu desabrochar, em<br />
éspathas scariosas.<br />
O calise é gamosepalo, tubuloso,<br />
adherente pela base ao ovario, de seis<br />
divisões iguaes ou desiguaes.<br />
Os estames, em numero de seis, têm<br />
seus filetes livres, ou reunidos por<br />
meio de uma membrana.<br />
O ovario é de três lojas, contendo<br />
cada uma grande , numero de óvulos<br />
anatropos.<br />
Ò estylete é simples, e o estigma<br />
trilobado.<br />
Cebolinho do Campo.— V. Alho<br />
O fructo é uma cápsula de três lojas, de campina.<br />
e de três valvas septiferas; algumas<br />
vezes é uma baga que, por aborto, só Cedro.— Cedrela brasiliensis. — Adr.<br />
encerra uma ou três sementes. Jus. e St. EU.— Fam. das Meliaceas.—<br />
Estas, que offerecem freqüentes vezes Entra na ordem das plantas impor<br />
uma caruncula cellulosa , apresentam tantes do Brasil.<br />
em um endosperma carnoso um embryão Esta arvore, muito aromatica, foi<br />
cylindrico e homotropo, mais curto que observada por St. Hil. e Adr. Jus.<br />
a semente.<br />
E' de folhas distribuídas em palmas,<br />
Roberto Brown dividiu a familia das oblongas, com flores em cachos pyra-<br />
Narciseas de Jussieu em duas ordens midaes, brancas o grandes.<br />
naturaes: as Eemerocallideas, onde elle Os fruetos parecem á primeira vista<br />
collocou os gêneros de ovario livre, e pitombas.<br />
as Amaryllideas, que são as verdadei O lenho do Cedro exhala muito cheiro,<br />
ras Narcisseas de ovario infero. e quando se corta uma d'estas arvores,<br />
O mesmo celebre botânico também o aroma se espalha a alguma distan<br />
retirou das Narcisseas de Jussieu os gêcia.neros<br />
Hypoxis e Curculigo, dos quaes fez A madeira é parda, não offerece veios,<br />
um grupo sob o nome de Eypoxiãeas, e é porosa.<br />
que nos parece pouco differente, das Ella presta-se á marcenaria, á escul-<br />
verdadeiras Amaryllideas.<br />
ptura, á construcção naval, etc, etc.<br />
A. Riehard reunio ás Eemerocallideas E' uma das madeiras de corte prohi-<br />
á familia das Liliaceas.<br />
bido pelo governo.<br />
Cebola do matto.—Veja-se Cebol<br />
cecem.<br />
brancas reunidas; d'estas geram-se as<br />
fructinhas, que contém sementes pretas<br />
muito miúdas.<br />
O bolbo é como o da Cebola, em<br />
ponto pequeno; as túnicas que o revestem<br />
são brancas, ou roixas em<br />
outra variedade da mesma espécie;<br />
as camadas que o compõe são formadas<br />
de membranas finas.<br />
Ambas as qualidades são desobstruentes,<br />
porém prefere-se a branca.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — A casca é<br />
adstringente e em ética.<br />
Cebolinho ou Cebolinlta. — Cega olho. — Asclepias umbellata .<br />
Állium schoenoprasum, Linn,— Fam. das Flor. Flum. — Fam. das Asclepíadaceas.—<br />
Liliaceas.— Esta planta é oriunda da Esta herva é conhecida nas Alagoas<br />
Ásia na Sibéria, cultivada desde mui- por este nome, e por Saudade ou Caos<br />
annos em nossas hortas, e de usos mará bravo em Pernambuco.<br />
geral.<br />
E' uma herva elegante, de altura até<br />
Cresce de 4 a 6 e % decimetros. 1 metro pouco mais ou menos, leitosa<br />
Tem um bolbo na base das folhas, em todas as suas partes.<br />
pequeno como o do Alho; d'ahi sahem As folhas são lanceoladas, agudas e<br />
as folhas estreitas, fistulosas, dirigidas molles,.<br />
verticalmente; formam um pendão seme As flores reunidas, formando como<br />
lhante ao Alho, onde se notam flòrinhas uma umbrella ou chapéo de sol: umas
144 CEN CEV<br />
vermelha* outras amarellas, e sem<br />
cheiro.<br />
Seu fructo é uma cápsula fusiforme,<br />
paliacea e geminada, contendo muitas<br />
sementes involtas em um feixe de pellos<br />
macios e brilhantes, como seda, ou<br />
sementes coroadas de plumas; d'esta<br />
maneira , estas sementes voam com<br />
muita facilidade, logo que o fructo se<br />
abre.<br />
O leite é empregado contra as dores<br />
de dentes.<br />
E' venenosa.<br />
Cereja de tolhas de pecego.<br />
Centaurea brasileira. — Callo- — Cerasus persicifolia, Loisel.—Fam. das<br />
pisma perfolialum, Mart. — Fam. das Gen- Rosaceas.— Arvore pequena da America,<br />
cianaceas.—Esta planta vegeta em Minas de ; folhas oblongas; flores em cachos c<br />
é herbacea.<br />
brancas.<br />
A raiz é amarga, e é empregada como Cultiva-se no paiz.<br />
tônica e estomacbica.<br />
Seu fructo é globuloso, vermelho, liso,<br />
Ha outra espécie: Callopisma amplexicom<br />
um caroço dentro (espécie de noz),<br />
folium, com as mesmas propriedades. carnoso e ácido.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — A cataplasma<br />
da farinha de centeio é emolliente<br />
e resolutiva.<br />
mais poderosos hemo.staticos vegetaes<br />
que se conhecem; usado interna ou<br />
externamente.<br />
D'elle se extrahe uma substancia, que<br />
se emprega muitas vezes de preferencia<br />
nos mesmos casos : é a ergotina.<br />
Cereiba.— V. Mangue branco.<br />
Cereibuna.—V Mangue amarello.<br />
Cereitiuga.—V Mangue amarello.<br />
Centeio. — Secale cereale, Linn. e Cerejeira dc purga.— Melothria<br />
Richr.—Fam. das Graminaceas.—Planta, pêndula, Linn.—Fam. das Cucurbitaceas.—<br />
herbacea, que cresce naturalmente na Planta herbacea, trepadeira e de folhas<br />
Ásia Menor, cultivada na Europa, e já recortadas.<br />
hoje no Brasil.<br />
As flores são solitárias.<br />
E' uma espécie de capim, cujas es Os fruetos pequenos, são bagas alonpigas<br />
são densas, com uns esporões nas gadas com muitas sementes.<br />
espiguetas.<br />
Do grão faz-se farinha, porém que PROPRIEDADES MÉDICAS.— Esseâ frue<br />
é um pouco pesada, e por isso só prótos são purgativos; a dose para um adulto<br />
pria para estômagos robustos. é a metade de um d'elles; e para animaes,<br />
como cavallos, etc, dão-se três a<br />
quatro fruetos.<br />
Ceri.—Avicennia servida. — Fam. das<br />
Verbenaceas.—E' uma arvore ou arbusto<br />
que vegeta nos pântanos e á beira mar.<br />
Centeio esporado. — Secale cor-<br />
As folhas são oppostas, com flores fornutum,<br />
Linn.—Fam. idem.—Esta espécie<br />
mando uma espécie de cometa.<br />
é da Europa, e chama-se assim porque<br />
O fructo é uma cápsula.<br />
é atacada de cravagem, de uma subs<br />
As folhas são adstringentes, e empretancia<br />
que se desenvolve entre as valvas,<br />
gadas para tingir e curtir couros.<br />
no lugar da semente.<br />
E' um corpo comprido e arqueado, cy Cevada. — Eordeum vulgare, Linn. t<br />
lindrico e bojudo, violaceo, de sabor ar Richr. — Fam. das Graminaceas.— Esta<br />
dente e cheiro particular desagradável. espécie é a mais abundantemente cultivada.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — O centeio Até hoje não se sabe positivamente a<br />
e>porado é um agente poderoso para pro pátria da Cevada.<br />
mover a- contracções uterinas, e um dos<br />
A farinha é nutritiva como todos sa-
CHA CHA 145<br />
bem, o cozimento dos grãos refrigerante;<br />
é ella que constitue a base da cerveja.<br />
Os estames são em numero igual,<br />
duplo, triplo ou quádruplo do das divisões<br />
calicinaes, na base das quaes<br />
Cevada Santa.— Eordeum dixti- são inseridos; são monadelphos, com<br />
chon, Nees.—Fam idem.—Tem as mes quanto alguns d'entre elles sejam as<br />
mas propriedades da precedente. vezes estéreis e reduzidos a seu filete,<br />
que se torna plano e felpudo.<br />
Chá de frade. — Lantana pseudo- O ovario é livre, de uma só loja,<br />
thea, St. EU.— Fam- das Verbenaceas. contendo um grande numero de óvulos,<br />
— Esta espécie vegeta em Minas Geraes. inseridos em três ou cinco trophos<br />
Póde-se fazer uma idéa d'esta planta permas parietaes.<br />
pouco mais ou menos pela planta Ca O estylete é simples, terminado por<br />
mará.<br />
estigma capitulado ou lobulado.<br />
O fructo é uma cápsula unilocular,<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—É empregada abrindo-se em três ou cinco valvas, que<br />
como excitante nas affecções catarrhaes, trazem no meio de sua face interna,<br />
e nos rheumatismos.<br />
as sementes, envolvidas em uma polpa<br />
mais ou menos abundante, e colorida.<br />
Chá de frade ou liasgua de<br />
Estas sementes offerecem um endos-*<br />
fiú.— Casearea lingua, St. EU.— Fam. perma carnoso, no qual existe um em<br />
das Samydaceas.— Arbusto do Brasil, bryão mui pequeno heterotfopo; isto é,<br />
conhecido por este nome na província tendo sua, radicula opposta ao hilo, ou<br />
de S. Paulo e por Lingua de fiú, na dé ponto de inserção da semente.<br />
Minas Geraes.<br />
Têm folhas lanceoladas.<br />
Chá da Inãia.—Thea sinensis, Nob.<br />
Flores pequenas em feixes nas axillas —Fam. das Temstrcemiaceas.—E' oriunda<br />
das folhas.'<br />
da China esta excellente planta, cujo<br />
0 fructo pequeno, carnoso com um apreço e importância é geral nos paizes<br />
caroço.<br />
cultos, onde o Chá da índia tem-se tor<br />
Floresce em Agosto e Setembro. nado uma bebida quasi commum.<br />
Elle é um pequeno arbusto, esgalha<br />
.•..PROPRIEDADES MÉDICAS.—É empregada do,- de caule escuro.<br />
em cosimento contra as febres malignas, Folhas oblongas, de verde escuro, e<br />
e moléstias inflammatorias.<br />
alternas.<br />
As flores são brancas, á semelhança<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.— Arbustos de rosas e com leve cheiro, sendo dis<br />
todos exóticos, que crescem nas re- postas em trinos, ou binadas.<br />
-. giões mais quentes do globo, apresen O fructo é uma cápsula de três cocas<br />
tando folhas alternas, dísticas, simples, redondas, cada uma com um caroço.<br />
* presistentes, o mais das vezes com duas O Chá, na sua terra natal, cresce até<br />
estipulas na base.<br />
a altura de 9 metros, entretanto entre<br />
As flores são axillares, solitárias ou nós é um arbustinho de 1 % a 2 metros<br />
em grupos.<br />
quando muito.<br />
Tem um calix formado por cinco, e,<br />
mais raras vezes, três a sete sepalas, PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' excitante<br />
reunidas todas em sua base, e formando poderoso, sudorifico, diuretico, adstrin<br />
algumas vezes um tubo mais ou menos gente e estomachico; activa as faculda<br />
-longo.<br />
des intellectuaes.<br />
O limbo offerece divisões mais ou<br />
Chá mate. — Ilex. thesana, Mart. —<br />
menos profundas e coloridas em sua<br />
Fam. das Celastrineas.—Arbusto das pro<br />
face interna.<br />
víncias do Sul, como Rio Grande e seus<br />
A corolla falta constantemente. arredores.<br />
21
n« CHA CHA<br />
As folhas usam-se como o Chá da — Fam. das Papayaceas.— lista arvore,<br />
Índia; são um tanto excitantes e dia- que tem pouco mais ou menos o porte<br />
phoreticas.<br />
do Mamoeiro, vegeta<br />
Amazonas.<br />
ás bordas do<br />
Chá dc pedestre—V. Chá de frade Consta que suas emanações são tao<br />
em Minas.<br />
morta es como d'aquella arvore da America<br />
Equinoxial, conhecida por Man-<br />
Chá da terra. — Fam. das Portulacenilla javanesis ?<br />
caceas.— Esta planta nasce nó Maranhão.<br />
E' uma espécie de Beldroega mais ou Chanana ou XOVP Horas.—<br />
menos.<br />
Drosera tuberosa.— Fam. das Droseraceas.—<br />
E' uma erva agreste do Brasil,<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' emprega que invade todos os terrenos, geralda<br />
nas moléstias nervosas, debilidade mente conhecida por Chanana em Per<br />
de estômago e dysmenorrhéa.<br />
nambuco, Parahyba e Ceará.<br />
E' de 22 centimetros de altura pouco<br />
Chá da terra ou do ntatto.— mais ou menos.<br />
Buddleja quinquenaria. —Fam. das Scro- Esgalha quasi rasteiramente, tendo<br />
phulariaceas.—Esta espécie é conhecida umas tuberasinhas na raiz.<br />
nas Alagoas e em Pernambuco por este As flores grandes, amareiladas, apre<br />
nome, persuadido o povo que é o versentando umas manchas roixas na<br />
dadeiro Chá da índia; por isso tanto base e meio das pétalas, em cujo cen<br />
n'aquella província como n'esta, fazem tro se vê um froco de filetes.<br />
uso das folhas como chá, achando-o O fructo é uma cápsula pequena, co-<br />
bom ao paladar.<br />
nica, contendo muitos grãos em fónna<br />
E' uma herva que fôrma moutas, de de pequenas castanhas.<br />
caule herbaceo, e de côr de purpura. PROPRIDADES MEDICA.—A Chanana é<br />
As folhas estreitas lustrosas, recor muito medicinal ; sua batata se applica<br />
tadas, de côr escura.<br />
As flores pequenas, brancas, á seme<br />
contra a dysenteria.<br />
lhança da flor do Cafezeiro.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. — Plantas<br />
O fructo é uma cápsula oval, oblonga, herbaceas, annuaes ou vivaces, rara<br />
contendo grãosinhos, que por si- mesmo mente subfructescentes, tendo folhas<br />
se espalham na terra.<br />
alternas, muitas vezes munidas de pel<br />
Resiste todo o verão sempre em verlos glandulosos, pedicellados, dispostas<br />
dura.<br />
em cruz antes de seu desenvolvimento.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Faz-se uso O cálice é gamosepalo, de cinco di<br />
em medicina como anodyno (calmante). visões profundas, ou de cinco sepalas<br />
distinctas, e de estivacão imbricada.<br />
Chagas miúdas. —Tropoeolum pen-<br />
A corolla de cinco pétalas planas e<br />
taphyllum, Lamk. — Fam. das Tropceola- regulares.<br />
ceas.— E' uma planta trepadeira: cresce<br />
Os estames, em numero de cinco<br />
em Montevidéo, e no Rio-Grande do<br />
algumas vezes de dez ou de vinte, al<br />
Sul.<br />
ternam com as pétalas, quando ellas<br />
E' planta própria para jardim.<br />
são do mesmo numero que estes úl<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Esta bella<br />
timos.<br />
trepadeira gosa de virtudes anti-scorbu-<br />
Antheras extrorsas, e livres; ás veticas.zes<br />
se acham, em face de cada pétala,<br />
Chagueira. — V Barbas de ba appendices de fôrma variada.<br />
rata.<br />
Estes estames são geralmente perigynicos<br />
e não hypogynieos, como se tem<br />
Chamburú.—Carica digilata, Aubl. dito até o presente.
CHI CHU 14*<br />
O ovarip é de uma só loja, raras vezes<br />
de duas ou três; no primeiro caso contem<br />
grande numero de # óvulos anatropos<br />
ou orthotropos, unidos a três<br />
ou cinco trophospermas parietaes, simplices<br />
ou bifidos; no segundo caso, os<br />
septos parecem formados pelos trophospermas<br />
salientes em fôrma de lâminas,<br />
e que si encontram e se unem<br />
no centro do ovario.<br />
Os estigmas, geralmente do mesmo<br />
numero dos trophospermas ou das lojas,<br />
são sesseis e radiosos, ou sustentados<br />
por estyletes muitas vezes bipartidos.<br />
O fructo é uma cápsula de uma ou<br />
varias lojas abrindo-se somente pela<br />
metade superior em três, quatro ou<br />
cinco válvulas no meio da face interna<br />
de um dos trophospermas.<br />
As sementes, muitas vezes cobertas<br />
de um tecido cellular frouxo, contem<br />
um embryão erecto, quasi cylindrico,<br />
no interior de um endosperma delgado/"que<br />
falta algumas vezes.<br />
E' uma herva cujas folhas nascem<br />
do collo da raiz, imitando a couve, e as<br />
quaes fecham as folhas no centro á semelhança<br />
do repolho.<br />
Essas folhas, que se fecham são esbranquiçadas.<br />
As flores amarellas.<br />
Fornece um sueco leitoso toda a planta.<br />
Come-se cosida com carne de vacca<br />
as folhas e as raizes.<br />
No Pará ha uma herva aromatica que<br />
tem este nome.<br />
Como medicinal é aperitiva; mas hoje<br />
está desusada.<br />
Chicória brava.—V Serralha.<br />
Chicória do Pará.— E' uma herva<br />
aromatica.<br />
Cltida.—E' uma bebida de caboclos,<br />
extrahida da mandioca.<br />
Chilense ou Coqueiro Chilesasis.—Jubea<br />
spectabilis, Kunt.— Fam.<br />
Cheiro. —V. Salsa.<br />
das Palmaceas. — E' uma palmeira do<br />
Amazonas ê do Chile.<br />
Chichá.—Sterculia chichá, St. EU.<br />
Os fruetos são drupas ; e com elles fa<br />
— Monetia curiosa, Vell. — Fam. das zem aguardente.<br />
Byttneriaceas. — Arbusto indígena, conhecido<br />
por este nome no Rio de Ja<br />
Chiquexique.—Cactus peruvianus,<br />
neiro e Goyaz.<br />
Linn. —Fam. das Nopaleas. — E' um ar<br />
, Suas folhas são cordiformes.<br />
busto natural da America Meridional,<br />
As flores em cachos, e arruivadas.<br />
cujo tronco é verde, herbaceo, anguloso<br />
O fructo dá uma amêndoa, que os<br />
de alto a abaixo, suceulento, e cheio' de<br />
habitantes d'estes lugares comem, e<br />
espinhos que parecem ser as folhas;<br />
passa por boa.<br />
estas são fasciculadas.<br />
As folhas são resolventes de tumo<br />
Nascem as flores pelo tronco; sãc granres,<br />
etc.<br />
des, brancas, misturadas de roseo, com<br />
uma coma no centro, amarella.<br />
Chiehá do Norte. — Sterculia O fructo é oval ou redondo, de côr ru<br />
laseantha, Mart.—Fam. idem. — E'uma<br />
bra, suceulento, tendo dentro uma massa<br />
planta que se assemelha ao Chichá do<br />
da mesma côr, suceulenta, ácida, cheia<br />
Sul; habita o Piauhy e Maranhão. de sementes pretas e miúdas.<br />
O sueco extrahido de seu tronco en-<br />
Chicória. —Sonchus oleraceus, Linn. rouquece a quem o bebe, e é mui diu-<br />
— Fam. das Compostas. — Herva cultiretico.vada na Europa, d'onde é oriunda; é<br />
também cultivada no Brasil,<br />
Chupa. — Gustavia speciosa. — Pin<br />
Sua cultura é antiquissima, porém<br />
gara spiciosa, Eumb. eBomp.—Fam. das<br />
pouco conhecida, principalmente nas Myrtaceas.—Arbusto das regiões ama<br />
províncias do Norte.<br />
zônicas, onde lhe dão este nome.
148 CID CIN<br />
Sua> folhas são oblongas, lanceoladas, hypogynico, sobre que está collocado j<br />
membranosas e coriaceas.<br />
ovario.<br />
As flores grandes.<br />
Este é globuloso, de varias lojas,<br />
O fructo d'este arbusto, quem o come, contendo um só óvulo suspenso, ou<br />
• fica com a pelle alourada; mas, sem maior numero, ligados ao angulo in<br />
nenhum remédio, depois de 24 ou 28 terno da loja.<br />
horas, torna ao seu natural.<br />
O estylete, algumas vezes muito curto<br />
e muito espesso, é sempre 3imples,<br />
Cidreira ou Cidra. — Citrus li- terminado por um estigma, simples ou<br />
m-hiium citratum, Riss. —Fam. das lobulado. Aurantiaceas.<br />
— Arbusto indigeno da Ásia, O fructo é em geral carnoso, inte<br />
cultivado no Brasil.<br />
riormente separado em diversas lojas<br />
A Cidra é a frueta da Cidreira, que no por divisões muito delgadas, contendo<br />
Maranhão chamam Turanja.<br />
uma ou mais sementes inseridas em<br />
E' um arbusto do porte de uma limeira, seu angulo interno, e geralmente pen<br />
com espinhos nos galhos, folhas ellypdentes.ticas, com pouco aroma.<br />
Exteriormente o pericarpo é espesso ;<br />
As flores são brancas, e com cheiro as- é indehiscente, cheio de vesiculas, consemelhando-se<br />
ao da flor da Larangeira. tendo óleo volátil.<br />
O fructo é um pomo de grandeza de õ As sementes encerram um ou algu<br />
a 10 millimetros de diâmetro, redondo mas vezes mais embryões sem endos<br />
com a configuração de uma laranja, mas perma.<br />
com uma superfície tuberculosa, e as vesiculas<br />
grossas.<br />
Cidfilia.— Verbena triphylla.—Fam.<br />
Dentro acha-se uma substancia branca, das verbenaceas.— Pequeno arbusto na<br />
vesiculosa, compacta, contendo sementural do Rio de Janeiro.<br />
tes como os da laranja; a massa é muito Folhas verticilladas, ternas ou qua-<br />
secca.<br />
ternas, lanceoladas, agudas nas duas<br />
Da frueta preparam-se bellos doces, extremidades, exhalando cheiro de li<br />
empregados como peitoral, refrigerante mão quando esfregada.<br />
e tônico.<br />
Flores dispostas em espigas axillares,<br />
ou em pannicula terminal.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. — Arvores ou<br />
arbustos muito glabros, algumas vezes PROPRIEDADES MÉDICAS.— E' estimu<br />
espinhosos, com folhas alternas e artilante, empregado em infusão contra<br />
culadas, simplices, ou mais freqüente as indigestões, 3 a 4 folhas para uma<br />
mente pinnuladas, munidas de glândulas chicara d'água fervendo.<br />
vesiculosas, cheias de um óleo volátil Cinantouo.— V. Jasmineiro de Ca-<br />
transparente.<br />
yanna.<br />
Flores odoriferas, geralmente terminaes.<br />
Cinco folhas.—Dá-se este nome<br />
Seu cálice é gamosepalo, persistente,<br />
também ao Taruman.<br />
de três ou cinco divisões mais ou menos<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—As folhas são<br />
profundas.<br />
diureticas, e empregadas em cozimento<br />
Sua corolla, de três a cinco pétalas<br />
ou em infusão, em banhos, nas dores<br />
sesseis, livres ou ligeiramente soldadas<br />
rheumatícas e osteocopas.<br />
entre si.<br />
Os estames, algumas vezes em numero Cindy capeto.—Vallesia tinctorial,<br />
igual ao das pétalas, outras vezes duplo Brnnet. — Fam. das Apocynaceas. — Esta<br />
ou múltiplo d'este, são livres, ou di planta é da serra do Araripe; dá<br />
versamente reunidos entre si por seus uma tinta côr de rosa mui bella se<br />
filetes, e reunidos abaixo de um disco gundo Mr. Brunet.
CIP CIP 149<br />
Das sementes se extrahe sofrível sa Flores miúdas, amarelladas, em cabão.chos.<br />
Ciparabo ;—E' uma espécie de Bu<br />
O fructo é redondo, de 1 millimetro,<br />
tua de raiz delgada, lisa e branda, que<br />
amarello na maturidade, adherente ao<br />
se encontra nas províncias do Espiritocálice,<br />
internamente ósseo, dividido em<br />
Santo e Minas Geraes.<br />
quatro compartimentos, e em cada um<br />
uma semente.<br />
Cipó «Calho. — Bignonia alliacea, Este cipó em perfeita maturidade é<br />
Swart. — Fam. das Bignoneaceas—E' um muito forte para amarrar.<br />
arbusto indígena do paiz, conhecido<br />
Cipó arco d'urupema ou uni-<br />
por este nome nas Alagoas e em Perpemba.<br />
— Galphimia officinalis. —Fam.<br />
nambuco.<br />
das Malpighiaceas. — Este arbusto é sil<br />
E' uma planta trepadeira, de folhas<br />
vestre, e conhecem-no por este nome mas<br />
oppostas, unidas entre si,e luzidias.<br />
Alagoas.<br />
O caule da planta é quebradiço.<br />
Seu caule é um pouco flexível.<br />
As flores, em pequenos grupos, são<br />
E' uma trepadeira de folhas oppostas,<br />
como trombetas, côr de rosa roxeada.<br />
lustrosas, ovaês e pequenas.<br />
O fructo é uma vagem.<br />
Flores em densos cachos, amarellas,<br />
Cipó dalho.—Seguiera alliacea,<br />
sem cheiro.<br />
Mart. —Fam. das Phytolacaceas. —Tem as<br />
Fructo de 1 millimetro, redondo, com<br />
mesmas propriedades do Ibirarema.<br />
três caroços dentro; come-se, e é con<br />
Cipó amarra de gigante. — Dosiderado como bom.<br />
lichos oãoriferus.—Fam. das Legumino Do caule d'esta planta fazem arco das<br />
sas.—Nãs províncias de Pernambuco e urupemas, donde lhe vem o nome.<br />
Alagoas também é conhecido por Ca Cipó branco d'arco.— Colletia<br />
nella de Urubu.<br />
sarmentosa alba.— Fam. das Rhamnaceas.<br />
E' um arbusto trepador, mui freqüente — Arbustinho trepador, agreste e do<br />
nas bordas dos caminhos e das várzeas. paiz; vegeta e tem este nome nas<br />
E' um pouco elegante pelas suas flores Alagoas.<br />
em cachos, de um roixo vivo, que torna Seus ramos tem os espinhos oppos-<br />
os campos de aspecto agradável tos.<br />
Elle estende-se sobre os arbustos as As folhas são lanceoladas e opposcendentes,<br />
e relvas.<br />
tas.<br />
Suas folhas são ternadas (á seme A casca esbranquiçada.<br />
lhança das do feijão).<br />
As flores reunidas em pequenos gru<br />
As flores, em cachos, roixas, e com pos e brancas.<br />
suave cheiro.<br />
Os fruetos não se desenvolvem na<br />
O fructo é uma vagem de 1 a 2 mil maior parte.<br />
limetros de largura, com bordas le Cip» branco de cerca.—Colletia<br />
vantadas, grãos poucos redondos, com sarmentosa lutea.—Fam. das Rhamnaceas.<br />
pridos, e acinzentados.<br />
— Esta espécie é semelhantissima á pre<br />
Cipó amarra dc giq?ii.—Aegicedente<br />
; differe d'ella pelo caule pardophila<br />
corymbosa.—Fam. das Verbenaceas. castanho, e pelas flores amarellas.<br />
—Arbusto silvestre, conhecido nas Ala Cipó branco de Pernambuco.<br />
goas por este nome; em Pernambuco — Coccoloba littoralis.— Fam. das Poly-<br />
tem o de Mofunbo de Capoeira.<br />
gonaceas.— É agreste e indígena; ve<br />
Planta trepadeira de caule esbranquigeta nas proximidades da beira-mar,<br />
çado, folhas ovaes, grossas, oppostas e e recebe este nome em Pernambuco.<br />
luzidias.
150 CIP (IP<br />
É uma trepadeira de folhas regulares,<br />
ovaes, chanfradas na base.<br />
Flores grandes em cachos, como espigas<br />
esbranquiçadas, não regulares.<br />
Os fruetos são glóbulos pequenos, que<br />
encerram sementes.<br />
Cipó branco de rego. — Bignonia<br />
vulgaris.— Fam. das Bignoneaceas. — Arbusto<br />
do paiz, que se encontra em<br />
qualquer parte do matto, conhecido por<br />
este nome nas Alagoas e também em<br />
Pernambuco.<br />
É trepador ; tem o caule um pouco<br />
esbranquiçado, com regos bem distinetos,<br />
que lhe dão muito' realce.<br />
As folhas se cruzam, e .são oppostas,<br />
ovaes e luzidias.<br />
As flores, como-cometas, com as<br />
bordas recortadas, são roxas, claras ou<br />
rosadas.<br />
O fructo é uma vagem de 2 l mas vezes unilateraes ou dispostos cm<br />
diversos feixes.<br />
As carpellas variam de duas a doze,<br />
geralmente distinctas; são ás vezes<br />
soldadas em uma só.<br />
O ovario é unilocular, contendo dois<br />
ou vários óvulos anatropos, unidos á<br />
parte inferior do angulo interno, e<br />
erectos.<br />
Os estyletes são simplices, e terminados<br />
cada um em um estigma igualmente<br />
simples.<br />
Os fruetos são distinetos e soldados,<br />
carnosos ou seccos, e indehiscentes.<br />
As sementes, muitíssimas vezes acompanhadas<br />
de um arilho carnoso e cupuliforme,<br />
tem um tegumento crustáceo,<br />
cobrindo um endosperma carnoso,<br />
no qual está um embryão pequenino,<br />
erecto, homotropo, collocado na base.<br />
A de Cipó de caboclo branco ou<br />
cimetros, larga, com sementes dispostas de rego, de caboclo. —Bignonia<br />
symetricamente e aladas.<br />
prolixa.— Fam. das Bignoniaceas.—Esta<br />
Do caule fazem-se chibatas e até espécie é mui análoga á Bignonia allia<br />
bengalas.<br />
cea, differindo apenas mui pouco na<br />
Tem o uso dos cipós.<br />
forma das folhas; porem tem as lâminas<br />
salpicadas nos dois lados.<br />
Cyp» de caboclo.— Telracera vo- Tem os mesmos uzos.<br />
lubilis, Linn.— Fam. das Dilleniaceas. —<br />
Planta conhecida por este nome no Cip:i Cantiella de «Jacú.— Sala<br />
Rio de Janeiro e em Minas Geraes. da corymbosa—Fam. — das Eippocrati-<br />
É uma trepadeira.<br />
ceas.—Arbusto silvestre, que nas Alagoas<br />
tem este nome.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— Suas folhas E trepador ; seu caule é avermelhado<br />
>ão purgativas, tomadas em infuzão ; e áspero.<br />
e resolutivas, empregadas em banhos. As folhas são oppostas, ásperas, es<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.— Arvores ou<br />
curas e ovaes.<br />
As flores, em cachos mui grandes, são<br />
arbustos todos exóticos, sarmentosos, esverdinhadas, sem cheiro.<br />
tendo folhas alternas, rarissimas vezes O fructo é minimo, trigono, e com se<br />
oppostas, sem estipulas, muitas vezes mentes.<br />
abarcantes na base.<br />
Este cipó é muito frágil, e porisso<br />
Flores solitárias ou em cachos, algumas<br />
vezes oppostas ás folhas.<br />
não fazem uzo delle.<br />
O cálice é gamosepalo, persistente, Cipó de Capoeira. —Fam. das<br />
de cinco divisões profundas, e imbri Bignoniaceas. —lista cipó é assim cocadas<br />
lateralmente.<br />
nhecido nas Alagoas.<br />
A corolla ordinariamente<br />
pétalas.<br />
de cinco Tem a propriedade de enrolar-se sobre<br />
as outras plantas de sua classe.<br />
Os estames, numerosíssimos, dispostos<br />
em varias orden-. são livres, algu<br />
Seucauleé cylindrico, e tem gavinhas.<br />
Os peciolos das folhas se cruzam, e
15* CIP CIP<br />
É um arbusto que forma touceiras, de Elle tem prolongamentos, com que se<br />
caule flexível.<br />
agarra ás outras plantas.<br />
As folhas, são grandes, oblongas, ver- O fructo é uma cápsula obconica,sub«<br />
de-escuras.<br />
trigona, vermelha rubra, com três val<br />
As flores, brancas, miudinhas, á semelhança<br />
de pequenos botões<br />
O fructo é pequeno, e com duas pontas<br />
no ápice; é achatado de um lado,<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Esta planta<br />
parasita é applicada secca e pulverisada<br />
sobre as feridas para abreviar a cicatrisação,<br />
o sueco é appreciado como<br />
anti-catarrhal e anti-hemoptoico; também<br />
se dá em gargarejos nas anginas.<br />
vas, que se abrem e deixam apparocer<br />
três sementes ovaes, metade cobertas de<br />
um corpo branco e fofo.<br />
Algumas pessoas comem este fructo.<br />
branco, e com uma semente.<br />
Cipó chumbo. — Cuscuta ameri<br />
Cipó cruapè vermelho.— Paulliniapinnata,<br />
Linn —Fam. idem.— Este<br />
cana. Linn.—Cuscuta umbellata, Kunt cipó, — é conhecido nas Alagoas e em<br />
Fam. das Convolvulaceas. — Herva Pernambuco.<br />
do<br />
Brasil descripta por Linnêo, e até en E' um cipó como o precedente.<br />
tão desconhecida.<br />
Encontra-se em qualquer capoeira<br />
Mais tarde outros naturalistas acha perto das cidades.<br />
ram outras espécies: Cuscuta odorata, As folhas são em cachos, brancas e<br />
Raiz e Pavon: Cusc. corymbosa, etc. miúdas.<br />
Todas são oriundas do Brasil.<br />
Tem a mesma organisação do pre<br />
É uma planta que vive a custa de oucedente.tra. Seus caules finos e volúveis ganham<br />
Serve para amarrar cercas.<br />
qualquer vegetal visinho, separam-se da Cipó cruz. — Chiococca anguicida,<br />
raiz e ficam vivendo á custa d'aquelle Mart.—Fam. das Rubiaceas.—Esta planta<br />
de que se apoderaram.<br />
é oriunda de S. Paulo, é trepadeira e<br />
Compõe-se de vergonteas lisas, finas, tem as mesmas propriedades da Raiz<br />
esverdinhadas ou amarellas, sem fo preta.<br />
lhas, com feixes de flores pequenas e<br />
arredondadas, brancas ou trigueiras. PROPRIEDADES MÉDICAS . — Maceram-se<br />
O fructo é uma pequena cápsula. dois pugillos em uma medida de aguardente,<br />
adoça-se, e dá-se uma chicara<br />
três vezes por dia, nos envenenamentos<br />
por mordeduras de cobras.<br />
Cipó de eunamam.— Euphorbia<br />
phosphorea, Mart.—Fam. das Euphorbiaceas.—Este<br />
interessante arbusto vegeta<br />
na Bahia.<br />
E' mui espinhoso, e por isso serve<br />
Cipó de cobra.— V. Caapeba.<br />
para cercas.<br />
Seus ramos entrelaçados não deixam<br />
Cipó tle cobra.—V. de N. Sekhora.<br />
penetrar animaes nas plantações.<br />
Cortando-se um galho exsuda um<br />
Cipó correllta.—V.Flor de Veada.<br />
sueco branco, que na obscuridade reluz<br />
como fogo ; sacodindo-se com elle faz<br />
Cip » cruapé branco. — Paulli-<br />
rastilho luminoso. Este sueco sobre a<br />
nia cururú, Linn.—Fam. das Sapindaceas.<br />
pelle causa grande prurido.<br />
—Arbustinho trepador, de caule esverdi-<br />
A picada dos espinhos produz botões<br />
nhado, conhecido nas Alagoas e em<br />
vesiculosos na pelle dos animass.<br />
Pernambuco por tal nome.<br />
As folhas são em palmas.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— Seus ramos<br />
As flores, em cachos, pequenas e novos são applicalos m.s ulceras e<br />
brancas.<br />
carbúnculos.
CIP CIP 153<br />
Cipó curtirú.—Echites, Mart.— decocção do caule e das folhas é ap<br />
Fam. das Apocynaceas.— Esta planta é plicada no rheumatismo c na orchite,<br />
do Pará.<br />
Differe da de Pernambuco, que é de<br />
outra familia;<br />
Uns a chamam Curuapè, mas o de<br />
Pernambuco Cruapè.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— É excellente<br />
aperitivo, usado nas obstrucções das<br />
vísceras abdominaes.<br />
O sueco leitoso é empregado topicamente<br />
sobre os tumores.<br />
Cipó em.— Smilax papyracea, Roiz.<br />
— Fam. das Smilaceas.— Esta planta é<br />
congênere da Salsaparrilha, e tem as<br />
mesmas virtudes d'ella.<br />
4<br />
em banhos.<br />
Da raiz se tiram fios teciveis,<br />
Cipó de impigem. — Stadinania<br />
depressa. — Fam. dás Sapináaceas. —<br />
Arbusto silvestre, que por este nome é<br />
conhecido nas Alagoas.<br />
Tem o caule flexível, que se enlaça<br />
sobre os outros vegetaes.<br />
Suas folhas são ovaes oblongas.<br />
As flores em cachos, brancas trigueiras.<br />
O fructo é obconico, cor de barro,<br />
em forma de pião, de consistência cornea<br />
; o pericapo tem um caroço pardo<br />
centro, envolto em uma substancia espessa<br />
e branca.<br />
Cipó de escada.— Caulotretus ma- PROPRIEDADES MÉDICAS. — Este frucrostachyus,<br />
Raddi. — Bauhinia »raãiatâ°. cto é empregado na cura de impigens;<br />
Vell. — Fam. das Leguminosas. — Esta para isto pisam-n'a e a applicam sobre<br />
planta trepadeira, possue propriedades a parte doente; também empregam a<br />
adstringentes e mucilaginosas.<br />
decocção nos mesmos casos.<br />
Ha outra espécie, Bauhinia miçrostachyus,<br />
Raddi, e Bauhinia tomentosa, Cipó Vell. de Jabotá.— E' a Fava de<br />
do Rio de Janeiro.<br />
Santo Ignacio do Pará e da Bahia.<br />
Cipó de gota.— Cissus pulcherrima, Cipó japicanga de cerca.—<br />
Vell.— Fam. das Ampelideas.— Também Fam. das Sapindaceas, — E um arbusto<br />
esta planta é trepadeira, e cresce no indigena e trepador, com filetes que<br />
Rio de Janeiro.<br />
se agarram ás plantas próximas.<br />
E' anti-rheumatica.<br />
As folhas são lustrosas, á semelhança<br />
de palmas recortadas.<br />
Cipó guyra. — Bignonia gúyra, As flores brancas, em cachos.<br />
Ried.— Fam. das Bignoniaceas.— Esta Os fruetos vermelhos na maturidade,<br />
planta é quasi como as Carobas,- etc. abrem-se e deixam apparecer uma [se-<br />
D'ella porém é freqüentemente applisemente envolta em substancia branca,<br />
cada a raiz como purgativa.<br />
mas que despida d'esse envoltório, é<br />
verde.<br />
Cipó leica.— Cacalia quadriflora,<br />
Vell.— Fam. das Compostas.— Herva mais Cipó de junta.— Dá uma frueta<br />
ou menos do aspecto do Mentrusto. que faz ângulos de um e outro lado,<br />
Vegeta no Rio de Janeiro, onde re como contas de rosário.<br />
cebe este nome.<br />
E' aromatica.<br />
Cipó de mainibú.— Esta planta<br />
é rasteira; vegeta nas praias.<br />
Cipó de imbé.— PMlodendron Imbê, Tem as mesmas propriedades da Ca<br />
Mart.— Fam. das Aroideas.<br />
roba.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— As folhas<br />
frescas são empregadas nas ulceras; a<br />
Cipó Manoel Alves. — Axantes<br />
fasciculala.— Fam. das Rubiaceas.— Esta
154 CIP CIP<br />
planta é indígena; dão-lhe este nome torno; elle olterece constantemente duas<br />
nas Alagoas.<br />
lojas, contendo cada uma dois óvulos<br />
É um arbustinho trepador, de caule erectos e anatropos.<br />
delgado, com as summidades revesti O estylete, que é espesso e curtísdas<br />
de pellos.<br />
simo, termina em um estigma apenas<br />
Folhas ovaes, oppostas, esbranquiça bilobulado.<br />
das na parte inferior e macias. O fructo é uma baga globulosa, en<br />
Flores nas axillas das folhas, que cerrando d'uma a quatro sementes erc-<br />
são como estrellas brancas, com seus ctas, tendo seu episperma espesso, o<br />
pequenos tubos.<br />
endosperma comeo, mais ou menos pro<br />
O fructo é uma baga conica, pefundamente sulcado, e contendo na sua<br />
quena e coberta, de pellos macios e base um embryãosinho erecto e ortho-<br />
brancos.<br />
tropo.<br />
Esta pequena familia composta dos<br />
Cipó mão de Sapo.— Cissus co- gêneros Viteq, Cissus, Ampelopsis e Leca,<br />
ralinus. — Fam. das Ampelidaceas. é — muito distineta por suas folhas mu<br />
Planta trepadeira que tem este nome nidas d'estipulas, pelas gavinhas oppos<br />
nas Alagoas.<br />
tas ás folhas, pelos estames oppostos<br />
Ella é elegante e própria para jar ás pétalas, e pela estruetura do fructo<br />
dim.<br />
e da semente.<br />
Seu caule é herbaceo e molle. A opposição dos estames ás pétalas<br />
Suas folhas são como palmas, lu- é um dos seus caracteres mais salientes.<br />
zentes.<br />
No gênero Leca estes estames são<br />
As flores, reunidas em fôrma de pal monadelphos, e entre cada um d'elles<br />
mas, inseridas de um só lado, de côr se acha um appendice representando<br />
rubra brilhante.<br />
um estame abortado. Ha pois nas Am<br />
Todos os órgãos da fruetificação dãopelidaceas dez estames, cinco dos quaes<br />
lhe um bello realce.<br />
normaes; isto é, os que são alternos<br />
Os fruetos são bagas redondas, roixas com as pétalas, abortam, sendo so<br />
com um ou dois caroços no centro; mente representados pelo disco, etc,<br />
assemelham-se á uvas.<br />
subsistem apenas os que são oppostos ás<br />
pétalas.<br />
CABACTERES DA FAMÍLIA.— Sub-arbustos<br />
ou arbustos enroscantes, sarmen-<br />
Cipó ntulatinlto. — Tetraceraaspetosos,<br />
e munidos de gavinhas oppostas rosa.— Fam. das Dilleniaceas. — Esta<br />
ás folhas.<br />
planta, de Alagoas e Pernambuco, é<br />
Estas são alternas, pecioladas, sim trepadeira.<br />
ples ou digitadas, munidas na base Tem o caule castanho, e com articu<br />
de duas estipulas.<br />
lações.<br />
As flores são dispostas em cachos, As folhas são um tanto grandes, lu<br />
oppostos ás folhas.<br />
zidias e um pouco ásperas.<br />
O cálice curtíssimo, muitas vezes in As flores brancas e quasi sem cheiro;<br />
teiro, é quasi plano.<br />
umas deitam fruetos, outras não.<br />
A corolla de cinco pétalas valvula- Os fruetos são cápsulas reunidas<br />
res, algumas vezes coherentes entre si em rosetas, contendo uma semente ver<br />
pela parte superior, e erguendo-se tomelha cada uma.<br />
das unidas em fôrma de coma. Tem o mesmo uso dos cipós, em<br />
Os estames, em numero de cinco, geral*<br />
são direitos, livres e oppostos ás pétalas.<br />
Cipó páo.— Fam. das Sapindaceas.<br />
O ovario é applicado sobre um disco —Arbusto indígena do paiz, conhecido<br />
hypogynico, annular e lobulado no con nas províncias do Norte por este nome.
CIP CIP 155<br />
E' trepador.<br />
jj&As folhas são um tanto grandes.<br />
As flores não observadas.<br />
O fructo, em forma de pião, de pericarpo<br />
corneo.<br />
O fructo é também rubro, sem a<br />
membrana, que forma azas, com sementes<br />
também adherentes á substancia<br />
branca.<br />
Cipó de cesto. — Argylia pulchra.<br />
Cip» rabo tle Titnbú.—Cardios- Fam. das Bignoniaceas.— Arbusto trepermium<br />
fragile.—Fam. idem.—Este pador, cipó, conhecido por este nome nas<br />
conhecido nas Alagoas por tal nome, Alagoas.<br />
tem caule trepador, como os outros. Suas vergonteas são finas; com fo<br />
As folhas formam palmas.<br />
lhas ovaes, oblongas, oppostas e co<br />
As flores são em feixes, brancas, com riaceas.<br />
suave cheiro.<br />
As flores agrupadas são como cor-<br />
Os fruetos representam três cocas, com netinhas, de côr vermelha brilhante.<br />
azas, isto é, tendo em cada loja uma O fructo é uma vagem comprida, com<br />
aza.<br />
sementes symetricamente dispostas e<br />
As sementes são três, envoltas em um aladas.<br />
corpo branco.<br />
Ha outra espécie bem análoga á esta,<br />
Este cipó é fraco, e por isto não fa e também chamada em Pernambuco<br />
zem uso d'elle.<br />
Cipó de cesto; suas folhas porém são<br />
O fructo é vermelho de cor viva. ternadas.<br />
Cipó de rego (do Rio de Janeiro). Cipó de cesto grande.— Pole-<br />
— Bignonia rego, Vell.—Fam. idem.— rium sarmentosum.— Fam. das Rosaceas.<br />
Tem os mesmos usos da Caroba. Este cipó é arbóreo, e tem nas Alagoas<br />
este nome.<br />
\. Cipó dc rego vermelho. — Ar- E' alto, de tronco escuro.<br />
gylia applicata. —Fam. das Bignonia As folhas são oppostas ellipticas.<br />
ceas.— Esta espécie é também trepa As flores em grandes cachos, porém<br />
deira.<br />
pequenas, umas como bolotas e outras<br />
Seu nome confunde-se com o de como penachos, em cuja base estão<br />
outras espécies bem semelhantes, mas umas drupas ou bagas, que são as<br />
das quaes se distinguem por caracte fruetas, com sementes.<br />
res pouco sensíveis.<br />
Estas estão agglomeradas em grupos<br />
Esta cruza os seus ramos, e tem de dezoito a vinte.<br />
duas folhas em, cada extremidade, D'este cipó fazem cestos e cassuaes.<br />
quasi unidas.<br />
Suas flores são reunidas em grupos, Cipó suma. — Anchietea salutaris.<br />
de côr rubra, o que faz um bello St. EU.— Fam. das Juncaceas. — Subar-<br />
effeito ; tem a forma de Angélicas. busto volúvel, de folhas alternas, flores<br />
Os fruetos.são vagens, contendo se solitárias, e fruetos grandes.<br />
mentes membranosas, que ás mais das<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—<br />
vezes não se acham.<br />
Sua raiz é'<br />
emetica, purgativa, e applica-se nas<br />
Cipó sangue.— Paulinia sangüínea. moléstias exanthematicas.<br />
— Fam. das Sapindaceas.— É conhecido E' útil também nas tosses convulsas<br />
nas Alagoas este cipó, que tem seme das crianças, em dose pequena.<br />
lhança mui estreita com o precedente : A raiz dá-se na dose de 4 a 8<br />
— Rabo de Timbú.<br />
grammas, como purgante ; em pó, ou<br />
O caule é regoado, e côr de castanha. melhor em infusão.<br />
Suas flores muito semelhantes ás Esta planta vegeta em S. Paulo e<br />
d'aquelle.<br />
Minas Geraes.
15» CIP<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. — Plantas<br />
herbaceas vivazes, raramente annuaes,<br />
tendo o caule cylindrico, nú ou foliado,<br />
e simples<br />
Suas folhas, invaginantes na baze ;<br />
com uma bainha ora inteira, ora fendida<br />
em todo o seu comprimento.<br />
As flores são hermaphroditas, terminaes,<br />
dispostas em panicula ou em<br />
cimeira, encerradas, antes de seu desabrochar,<br />
na bainha da ultima folha,<br />
que lhes forma uma espécie de espatha.<br />
O cálice é formado de seis sepalas<br />
glumaceas, dispostas em duas ordens.<br />
Os estames, em numero de seis ou<br />
somente de três, estão inseridos na<br />
baze das sepalas internas.<br />
Quando não ha mais que três estames,<br />
elles correspondem ás sepalas exteriores.<br />
O ovario é uni ou trilocular, mais<br />
ou menos triangular, contendo ás vezes<br />
três óvulos anatropos, erectos, ou<br />
vários óvulos ligados ao angulo interno<br />
de cada loja.<br />
O estylete é simples, terminado por<br />
três estigmas.<br />
O fructo é uma cápsula, de uma ou<br />
três lojas incompletas, contendo três<br />
ou maior numero de sementes, e<br />
abrindo-se em três valvas, trazendo<br />
cada uma um septo no meio da sua<br />
face interna.<br />
As sementes são ascendentes; seu<br />
tegumento é duplo, o endosperma duro<br />
e farinaceo, comprehendendo para sua<br />
baze um embryãosinho arredondado e<br />
homotropo.<br />
CIF<br />
Os fruetos são cápsulas dispostas<br />
em cruzetas, e que encerram em cada<br />
alojamento uma semente.<br />
Não é usado como corda pela sua<br />
fragilidade.<br />
Cipreste americano. — Pinus<br />
abies, Lamh.—Fam. das Coniferas.— Ksta<br />
planta admirável, e cujo tronco chega<br />
a medir 35 e 36 metros de circumferencia,<br />
é pouco empregada em medicina.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.— Esta familia<br />
se compõe de todos esses arbustos<br />
e grandes arvores, que tem semelhança<br />
com o Pinheiro, e que se designam.<br />
commummente sob o nome<br />
res verdes e resinosas.<br />
de arvo<br />
As folhas coriaceas e rijas, persistem<br />
em todas as espécies, excepto no<br />
Mèleze e Gingxo. (fr) :<br />
Estas folhas são umas vezes largas,<br />
outras vezes lineares, solitárias ou reunidas<br />
em feixes em numero de duas<br />
a cinco, acompanhadas na base de<br />
uma pequena bainha escariosa; ou<br />
então são em fôrma de escamas imbricadas,<br />
ou lanceoladas, etc.<br />
As flores são constantemente unisexuaes,<br />
e em geral dispostas em cones<br />
ou casulos.<br />
As flores masculinas consistem essencialmente<br />
cada uma em um es-<br />
Cipó de tayuyá.— V. Tayuyá ou<br />
Tayoyá<br />
tame, ora nú, ora acompanhado de<br />
uma escama, na axilla ou na face interna<br />
da qual elle está collocado.<br />
Muitas vezes vários estames se entrelaçam<br />
pelos filetes e pelas antheras,<br />
os quaes são uni ou biloculares, ficam<br />
distinctas ou se soldam.<br />
Cipó tripa de gallinha. — V<br />
Urtiga de cipó.<br />
Cipó vermelho do fraco. —<br />
A inflorescencia das flores femininas<br />
é variadissima, posto que geralmente<br />
formem cones ou casulos escamosos.<br />
Assim, ellas são ás vezes solitárias,<br />
Candollea fragilis.—Fam. das Dilleniaceas. terminaes ou axillares , ou então va<br />
— Nas Alagoas e em Pernambuco dãoriadas em um invólucro carnoso ou<br />
lhe este nome.<br />
secco.<br />
E uma trepadeira de folhas obconi- Cada uma d'estas flores apresenta um<br />
cas, lustrosas e coriaceas.<br />
cálice gamosepalo, adherente ao ovario,<br />
As flores são brancas, cheirosas e em que é em parte ou totalmente infero.<br />
Ci:ChOS.<br />
Seu limbo, algumas vezes tubuloso,
COA COC 151<br />
é ora inteiro, ora de dois lobulos divaricados,<br />
glandulosos na face interna,<br />
e que geralmente se consideram como<br />
dois estigmas.<br />
O ovario é de uma só loja, e contém<br />
um só óvulo.<br />
Em seu ápice elle apresenta commummente<br />
uma pequena cicatriz, que é<br />
o verdadeiro estigma.<br />
Ora estas flores femininas estão em<br />
pé no fundo das escamas, ou no invólucro<br />
em que se acham collocadas, ora<br />
estão deitadas e unidas duas á duas<br />
por um de seus lados á face interna, na<br />
base das escamas que formam o cone.<br />
O fructo é geralmente um cone es<br />
Cobió do Pará.— Solanum sessileflorum.<br />
— Fam. das Solanaceas. — As<br />
bagas d'esta planta são polposas, e servem<br />
para doces e conservas.<br />
Coca.— V Ipadú,<br />
Cocallera.— V- Camphoreira.<br />
Cocão amarello. — Arbusto indígena,<br />
que em Pernambuco é por tal<br />
nome conhecido.<br />
E' empregado na construcção civil,<br />
etc<br />
Seu lenho é amarello claro e bonito,<br />
e por isso torna-se uma madeira mui<br />
camoso, ou então um galbulo, cujas es procurada; porém perde facilmente a côr.<br />
camas, ás vezes carnosas , se soldam, Elle resiste á accão do caruncho, e<br />
e representam uma espécie de baga, por isso é mui procurado para caibros.<br />
como nos Zimbros, por exemplo. As flores são também amarellas.<br />
Cada fructo' em particular, isto é, Ha outra espécie, a que chamam Cocão<br />
cada pistillo fecundado tem um peri branco; mas a madeira d'este não tem<br />
carpo muitas vezes crustáceo, ósseo ou os predicados da do amarello.<br />
membranoso; outras vezes munido de<br />
uma aza membranosa e marginal, de Cocão branco.— V. Cocão ama<br />
uma só loja, contendo só uma semente, rello.<br />
e ficando perfeitamente .dehiscente.<br />
O tegumento t próprio da semente é Coco da Bahia.— V- Coco da<br />
adherente ao pericarpo, e cobre uma<br />
amêndoa composta de um endosperma<br />
índia.<br />
carnoso, encerrando um embrião axil- Coco de catharro. — V. Macalar<br />
e cylindrico, cuja radicula acaba Mba.<br />
por soldar-se com o endosperma, e<br />
cuja extremidade cotyledonar se divide Coco ou Coqueiro da índia.—<br />
em dois, três, quatro até dez cotyle- Cocos nucifera, Linn e Spl. — Fam. das<br />
dones.<br />
Palmaceas.— Esta excellente palmeira é<br />
oriunda dos paizes intertropicaes, da<br />
Coajinguva.— Ficus anthelmintica, Azia, da Austrália, da America e da<br />
Mart. — Fam. das Artocarpeas. — Esta África.<br />
planta cresce no Amasonas e no Rio- E' conhecido este vegetal na Bahia<br />
Negro.<br />
por Coco da Bahia, e em Pernambuco<br />
É cougenere das Gamelleiras. simplesmente por Coco.<br />
Acclimado no Novo Mundo, desde<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— Esta arvore- epochas remotas, vegeta no littoral sodá<br />
um sueco leitoso, que é enérgico bre as ardentes arêas, aonde a mór<br />
remédio contra a tenia (solitária), na parte dos vegetaes perecem.<br />
dose de 1 a 2 grammas, e continuada O coqueiro, elegante e distineto em<br />
por alguns dias.<br />
seu porte, eleva-se á altura de 25 a<br />
A amêndoa que ella produz é alva 26 metros pouco mais ou menos.<br />
e doce ; come-se assada.<br />
Seu tronco, fino em proporção a sua<br />
Goza de virtudes aphrodisiacas, e altura, é de 20 a 40 mellimetros de dia<br />
julga-se que activa a memória. metro, com um feixe de raizes curtas
158 coc coc<br />
c bastas, formando um corpo volumoso<br />
e conico na base.<br />
A cor da casca é cinzenta clara, tendo<br />
;i superfície marcada de cicatrizes circulares,<br />
signaes das folhas que cahiram,<br />
durante o crescimento da planta.<br />
As folhas formam um bello ramalhete<br />
na summidade do tronco, que se agita<br />
com as lufadas do vento.<br />
Ellas são dispostas em verticillo,<br />
como palmas, que offerecem um eixo<br />
amarello e fibroso, chamado vulgarmente,<br />
palha de coqueiro, cuja baze é<br />
de 10 millimetros, e muito progressivamente<br />
se estreita para a ponta, tendo<br />
nos lados inseridas as folhas estreitas<br />
luzentes.<br />
Cada folha d'essas tem seu peciolo<br />
próprio, fibroso e amarello, a que chamam<br />
ponteiro de coqueiro.<br />
E' mui flexível; fazem com elle gaiolas<br />
de pássaros, e também d'elles se<br />
servem para enfiar peixe, etc.<br />
Ao gommo novo que brota do centro<br />
das folhas chamam olho ou pal<br />
mito ; no estado rudimentar é como uma<br />
massa fllamentosa, esbranquiçada, a<br />
qual adubada, é um dos apreciáveis<br />
pratos nas cosinhas.<br />
As flores são de sexos separados;<br />
inseridas em um grande numero de<br />
varetinhas fibrosas; são como rosetas,<br />
carnosas, que parecem feitas de cera<br />
branca.<br />
As fecundas (que são as flores fêmeas)<br />
vem com o rudimento do fructo.<br />
A' este cacho filamentoso chamam<br />
Vassoura de coqueiro.<br />
Elle offerece um órgão, que lhe servio<br />
de capa ou de estojo, contendo as<br />
flores; assim permanece até a maturidade<br />
dos fruetos, e é conhecido por<br />
Canoa de Coqueiro.<br />
O fructo cresce, e toma dimensões<br />
diversas, isto é attinge ás dimensões<br />
de uma cabeça humana, e contém<br />
n'um invólucro exteriormente liso, interiormente<br />
esponjoso, quasi inteiramente<br />
composto de fibras, uma noz lenhosa,<br />
dura, de côr parda, ao principio<br />
cheia de um liquido lácteo, mais<br />
tarde de um miolo oleaginoso, branco<br />
e bastante consistente, de (pie se extrahe<br />
um óleo mui tino e saboroso.<br />
Elle tem a fôrma oval e semitrigonu<br />
para a ponta, de côr verde ou aeastanhada,<br />
e tem na base umas escamas coriaceas,<br />
sobrepostas, (fragmentos dos<br />
órgãos floraes).<br />
O esterior do fructo é um espesso<br />
tecido de fibras cerradas, de côr escura;<br />
sob essa camada ha um corpo<br />
espherico, muito duro, com uma cavidade<br />
no centro, oecupada por um licor<br />
branco, doce, emulsivo e refrigerante;<br />
sendo a parte interior d'este órgão forrada<br />
de uma substancia branca, espessa<br />
de 2 a 4 millimetros, doce e oleosa.<br />
Ao corpo ósseo, chamam vulgarmente<br />
quenga, ao liquido água de Coco.<br />
Este corpo duro tem na sua base três<br />
cicatrizes (pontos pretos), a que chamam<br />
olhos: uma d'ellas encerra o germem<br />
de uma futura planta.<br />
Este corpo que forra as paredes do<br />
Coco por dentro quando verde ou para<br />
melhor dizer, inchado. (*), é cartilaginoso<br />
e muito bom, v n'este estado é<br />
semi-transparente, meio oleoso e agradável.<br />
Não foi sem razão que Mr. Richard<br />
distineto naturalista chamou ao Coqueiro<br />
da índia, Rei dos vegetaes.<br />
Com effeito, é notável esta planta nao<br />
só pelo seu bello porte, como por suas<br />
extensas applicações e sua grande utilidade.<br />
Ha vegetaes que se prestam a diversos<br />
misteres, mas sempre dentro<br />
de uma esphera limitada; ao passo que<br />
o Coqueiro se presta<br />
simos.<br />
a usos variadis-<br />
Assim o seu tronco serve de rolo<br />
para sobre elle se rodar as jangadas;<br />
serve de mourões de cerca; dá por<br />
distiilação uma água, com a qual se<br />
prepara uma bebida ; também serve de<br />
lenha.<br />
Com as palhas se cobrem casas e<br />
choupanas<br />
etc. etc.<br />
dos mattos e do littoral,<br />
(*) Termo vulgar que quer dizer — quasi<br />
maduro, de vez.
coc COE 159<br />
Do peciolo principal das folhas tiram-se<br />
palhetinhas para balaios.<br />
O gommo terminal, quando novo, é<br />
o palmito, que constitue uma excellente<br />
iguaria.<br />
As palhas também servem para se<br />
fazer vassouras.<br />
O pericarpo secco do fructo é excellente<br />
para esfregar o assoalho.<br />
Em outros paizes fazem-se boas e<br />
durabilissimas amarras, e certos utensílios<br />
de navios, das fibras. (<br />
Da quenga fazem-se vasos, como coco<br />
para beber água, uma espécie de tijella<br />
(cuia), e differentes objectos.<br />
A água serve de refresco: é agradável<br />
e de muito valor.<br />
A amêndoa é a parte mais importante,<br />
porque tem innumeras applica-<br />
cões.<br />
O leite que se extrahe d'essa amêndoa<br />
é medicinal, e muito agradável ao<br />
paladar; usa-se adubar com elle certas<br />
iguarias.<br />
Na arte da confeitaria serve para<br />
diversos doces.<br />
emprega do mesmo modo que o do<br />
Coco.<br />
Ella é coberta de uma polpa faiinacea<br />
e muito nutritiva, que tem sido<br />
de grande utilidade em tempos de fome.<br />
D'esta fecula faz-se uma sopa ou<br />
angu, como se chama no lugar.<br />
O miolo do ápice do caule desta palmeira<br />
he uma substancia branca, tenra,<br />
um pouco doce, e de gosto agradável;<br />
ella não faz mal, inda mesmo quando<br />
se come crua.<br />
Cozida com a carne, o gosto não dif<br />
fere muito do da couve.<br />
Depois de se lhe ter tirado o principio<br />
saecharino, cozinhando-a, ella torna-se<br />
própria para ser adubada, e assim<br />
fazem d'ella excellentes pratos, (iguarias.)<br />
Coco coca.—Aulomyrcea lauruetania.<br />
Fam. das Myrcineas. — E uma planta<br />
aromatica.<br />
Coco de purga.—V: Anda-açú.<br />
Da amêndoa faz-se delicioso doce, e Coeonthro.—V Cabaceiro amargoso.<br />
afinal o bagaço é optimo alimento para<br />
ás aves gallinaceas, e para os porcos. Coentrilho.—Xanthoxylum hyemale,<br />
E' a mais importante de todas as pal St. EU. —Fam. das Rutaceas. — E' uma<br />
meiras.<br />
arvore das provincias do Sul, aonde é<br />
Já aos seis annos principia a dar conhecida por tal nome.<br />
fruetos, que ammadureCem em todas Cresce nas mattas de Santa Cathari-<br />
as estações.<br />
na, Rio Grande do Sul e Estado Orien<br />
Segundo o seu gráo de madureza tal.<br />
proporcionam uma bebida agradável Tem as folhas miúdas, em fôrma de<br />
diuretica e refrigerante.<br />
palmas.<br />
Externamente applicam a água de Flores em cachos, e um fruetosinho<br />
coco nas sardas e espinhas do rosto. redondo solitário ou duplo.<br />
O miolo utilisa-se como alimento sa E' uma excellente madeira de consboroso<br />
e nutritivo, e d'elle se extrahe trucção.<br />
também óleo muito fino e saboroso, Sua casca, reduzida a pó, é empregada<br />
usado nas artes para o fabrico de sabão; pelos habitantes d'esses lugares contra<br />
sua seiva dá vinho, vinagre, e rack ou<br />
arah, liquido alcoólico fermentado.<br />
as moléstias do ouvido.<br />
Coentro-—Coriandrum sativum, Linn.<br />
Coco ou coqueiro.— Naiá-cocos. — Fam. das Umbelliferas.— Esta herva<br />
—Fam. idem. Arr. — Cam. —Grande pal aromatica é natural dos paizes do Le,<br />
meira que se acha em muita abun vante, acelimada ha muitos annos no<br />
dância em Cariris-novos e no Piauhy, Brasil, especialmente em Pernambuco,<br />
A nóz contem três ou quatro semen onde se faz quotidiano uso d'elle como<br />
tes, das quaes se extrahe óleo, que se indispensável tempero.
ItiO COE COE<br />
Tem o caule articulado e roliço.<br />
Folhas em palmas recortadas.<br />
Flores em cachos, formando umbrella,<br />
como chapéo de sol, brancas e miúdas.<br />
O fructo é um globosinho que se divide<br />
em duas partes; é coroado por<br />
duas pontas, e encerra dois carocinhos<br />
dentro.<br />
Todas as partes são aromaticas.<br />
Gosa de propriedades carminativas<br />
(anti-flatulentas) e estomachicas.<br />
Não empregam no Rio de Janeiro<br />
está planta como adubo.<br />
Ha duas espécies: roixa e branca ; a<br />
primeira é a medicinal preferida.<br />
Os fructinhos applicam-se para resolver<br />
tumores.<br />
Coentro da Colônia. — Eryngium<br />
fatidum, Swart.— Fam. idem.—<br />
Esta planta é da mesma familia do<br />
coentro.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— E' sedativa,<br />
febrifuga e antihysterica.<br />
E" também útil nas mordeduras de<br />
cobras.<br />
— Arbusto de 2 % a 3 metros de «1tura,<br />
natural do Chile e da Jamaica.<br />
Suas folhas são ovaes snbcordiformes,<br />
alternas, lisas, pecioladas e de cheiro<br />
nauzeante.<br />
Flores amarellas-e s v e r d i n h ad a a<br />
abrem-se de noite, e tôm a fôrma de jasmim.<br />
O fructo é uma baga oval com uma<br />
polpa dentro e muitas sementes.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' empre<br />
gada como emolliente; e útil contra as<br />
febres intermittentes.<br />
Coerana das Alagoas. — Camenaria<br />
cauliflora. — Fam. das Apocynaceas.<br />
— Arbusto conhecido nas Alagoas por<br />
este nome.<br />
- E' de mediana altura.<br />
Suas folhas são alternas, lanceoladas,<br />
e coriaceas.<br />
As flores fasciculadas, apegadas aos<br />
ramos e ao caule.<br />
São brancas, á semelhança de jasmins.<br />
Os fruetos são invisíveis.<br />
Coentro do Maranhão ou<br />
Coentrão. — Eryngium campinarum.—<br />
Fam. idem.— Esta herva é indígena, e<br />
vegeta pelas campinas.<br />
E' conhecida nas Alagoas, aonde lhe<br />
dão este nome; mas o Coentro do Maranhão,<br />
em Pernambuco, é uma espécie<br />
de outro gênero.<br />
Também nas Alagoas chamam-n v Coerana da Bahia, S. Paulo,<br />
e Rio de Janeiro. — Ceslrum laevigatum,<br />
Schlechtendal.—Fam. das Solanaceas.<br />
— Planta que pertence á familia<br />
da Eerva Moura.<br />
Esta espécie vegeta nas províncias<br />
acima citadas.<br />
Coerana de Mistas e do Rio<br />
de Janeiro. — Ceslrum Corymbosum,<br />
o En-<br />
Schlechtudit. —Fam. idem. —Os mesmos<br />
dro do Maranhão.<br />
attributos das congêneres.<br />
O que queremos descrever é quasi sem<br />
caule, e semi-rasteiro.<br />
Coerana de Pernambuco. —<br />
As folhas espatuladas, com as bordas Cotyledon brasilica, Vell. —Fam. das Cras-<br />
recortadas, são luzentes.<br />
sulaceas.— A. herva que recebe este nome<br />
As flores formam uma espiga, que em Pernambuco, varia nas outras pro<br />
sabe do centro, são brancas, deprimivíncias.das, contendo no interior o fructo. Ella é ramosa, seu caule não cresce<br />
Tem cheiro análogo ao do ooentro muito.<br />
exótico; porém é mais enjoativo. As folhas são grossas, cheias de sueco<br />
Algumas pessoas temperam com elle amarello aquoso.<br />
as comidas só no inverno.<br />
As flores formam uma espiga na extremidade<br />
livre de uma longa haste ; são<br />
Coerana ou Cameunsi. —Cestrum de côr amarella carregada, á semelhança<br />
mcturvum, Linn.—Fam. das Solanaceas. de Angélicas, pendentes, e sem cheiro.
COE COI 161<br />
Os fruetos são cápsulas pequenas, contendo<br />
muitas sementinhas.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Applicam as<br />
folhas sobre as partes queimadas, tiran-do-lhes<br />
uma pellicula delgada que ha<br />
no limbo, e passando depois lentamente<br />
sobre fogo para aquecel-as e amollecel-as.<br />
(Fig. 17.)<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.—Esta familia<br />
se compõe de plantas herbaceas<br />
ou de arbustos, cujas folhas, caule,<br />
ramos e em geral todas as partes herbaceas,<br />
são espessas e carnosas; estas<br />
folhas são alternas ou oppostas.<br />
As flores, que apresentam algumas<br />
vezes cores vivíssimas, offerecem differentes<br />
modos de inflorescencia.<br />
O cálice é profundamente dividido em<br />
um grande numero de segmentos.<br />
A corolla se compõe de um numero<br />
variadissimo de pétalas regulares, de<br />
estivacão imbricada, distinctas ou soldadas<br />
em uma corolla gamopetala.<br />
O numero dos estames é o mesmo,<br />
ou ainda raramente duplo do das pétalas,<br />
ou do dos lobulos da corolla gamopetala.<br />
Estes estames são entremeados de escamas<br />
de fôrma diversa, que não são<br />
evidentemente outra cousa mais que<br />
estames abortados.<br />
No fundo da flor acham-se constantemente<br />
varias carpellas distinctas, e<br />
cujo numero varia de três a dose, e até<br />
mais; cada uma d'ellas se compõe de um<br />
ovario mais ou menos alongado, de uma<br />
só loja, contendo muitos óvulos, ligados<br />
a um trophosperma sutural e interno.<br />
Rarissimas vezes.estas carpellas se<br />
soldam em um ovario plurilocular.<br />
O estylete e o estigma são simplices.<br />
Os fruetos são folliculos uniloculares,<br />
polyspermicos, abrindo-se por uma sutura<br />
longitudinal e interna ; ou ás vezes<br />
o fructo é uma cápsula plurilocular e<br />
plurivalve.<br />
As sementes offerecem um embryão<br />
cylindrico, orthotropo, collocado em um<br />
endosperma carnoso e delgado, faltando<br />
algumas vezes.<br />
Coerana do Rio Grande do<br />
Sul. — Cestrum parqui, Willd. — Fam.<br />
das Solanaceas.— Todas estas espécies<br />
de Coerana, são ernollientes, anodynas,<br />
e diureticas.<br />
Em banhos são antihemorrhoidaes.<br />
As suas folhas servem para clarear<br />
a roupa.<br />
Os fruetos dão uma matéria corante,<br />
roxa azulada, empregada na tineturaria.<br />
Coité.—Crescentia cujete, Liun.—Fam.<br />
das Bignoniaceas.— Arbusto oriundo de<br />
Novo Continente, e mui commum nas<br />
Antilhas.<br />
E' uma arvore media, de casca esbranquiçada,<br />
(espécie de cortiça.)<br />
As folhas, em verticillos de três, são<br />
estreitas ; a flor dá pelo tronco e ramos.<br />
Não é pequena, é de aspecto de um<br />
búzio ou cometa, esverdinhada e sem<br />
cheiro.<br />
O fructo, porém, é uma espécie de<br />
cabaça de 10 millimetros pouco mais ou<br />
menos, oval e espherica; pericarpo esverdinhado,<br />
corneo semi-lenhoso; dentro<br />
ha uma polpa, branca suceulenta,<br />
cheia de sementes chatas aloiradas.<br />
Do fructo d'esta planta fazem-se cuias,<br />
para o que elle é cortado em dois hémispherios<br />
; torna-se ôco depois de ter<br />
sido passado pelo fogo; a cuia serve<br />
de vaso para diversos misteres.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — O sueco da<br />
polpa da frueta é empregado nos tetanos,<br />
e nos spasmos, na dose de 16 grammas.<br />
Coité da mata. — Gonolobus macrocarpa.<br />
— Fam. das Apocynaceas — E'<br />
uma planta indígena, que recebe este<br />
nome nas Alagoas.<br />
E' uma trepadeira, ou por outra um<br />
cipó, que entrelaça-se' sobre as outras<br />
plantas.<br />
E' uma planta lactiféra, de folhas<br />
cordiformes e grossas.<br />
As flores não são pequenas, e têm a<br />
fôrma de estrellas esverdinhadas.<br />
O fructo parece o do Coité perfeitamente<br />
no exterior, porém maior, de<br />
23
16S COM CON<br />
do 10a 15 millimetros de comprimento, Flores em cachos, brancas e tintas<br />
e muito elástico.<br />
Seu tegumento externo é verde e co de vermelho.<br />
riaceo.<br />
Os fruetos são obconicos, pardos, com<br />
cheiro activissimo.<br />
Dentro é occupado por uma substan<br />
Ninguém ignora o uso do Cominh»<br />
cia filamentosa e branca, formando<br />
na arte culinária.<br />
como dois tubos, os quaes estam cheios<br />
É além disto medicinal por possuir<br />
defc caroços dispostos symetricamente ; virtudes carminativas, estimulantes e<br />
são amarellos pallidos, chatos com um emmenagogas.<br />
froco de pellos.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Quasi todos<br />
as reconhecem como um irritante de<br />
acçâo drástica mui enérgica, e também<br />
emetica.<br />
I<br />
Todas estas partes são cheias de abun Cattabi ou Conanu. — Phyllandante<br />
sueco viscoso e lácteo.<br />
tusconami,Vell,e Swart.—Ph.Brazüiensis,<br />
Lamk, — Fam. das Euphorbiaceas. — Ha<br />
Coloquintida. — Cucumis. Colocynbitante do Rio Negro e do Pará, tem<br />
tkis, Linn. — Fam. das Cucurbitaceas. esse — arbustínho folhas ovaes, alternas,<br />
Planta trepadeira do Cabo da Boa Es e é muito ramoso.<br />
perança.<br />
As folhas são em feixes pelas axil-<br />
Suas folhas cordiformes, recortadas las das folhas, e o fructo semelhante<br />
em sua base.<br />
ao Pinhão.<br />
As flores solitárias, de dois sexos, de Os caboclos entorpecem os peixes.<br />
côr amarella.<br />
nos rios com esta planta.<br />
O fructo globuloso e amarello na ma E' considerada diuretica no Rio Negro<br />
turidade, com uma polpa dentro, e varias<br />
sementes.<br />
Conami. — V- Conabi.<br />
Conami.— V. Conami brasiliensis.<br />
Conde. —Ê a planta que em Pernambuco<br />
chamam Gordião ou Guardião.<br />
Comandahyba : — Sophora -acci-<br />
Condeça ou frueta do Conde.<br />
— Anona obtusiflor a, Mart.—Fam. das<br />
dentalis, Swart. — Fam. das Leguminosas. Anonaceas. — Tem recebido a Condessa<br />
— Planta natural da America Meridional. o nome de Frueta do Conde em Per<br />
Suas folhas são palmadas.<br />
nambuco.<br />
As flores amarellas, em cachos. É oriuuda dos paizes intertropicaes.<br />
O fructo é um legume moniliforme. Esta espécie é um arbusto esgalhado;<br />
E um veneno para a raça canina ; tronco escuro, folhas oblongas e ramos<br />
comtudo pôde ser empregado com cri flexíveis.<br />
tério contra as febres intermittentes. Flores carnosas, como estreHas de<br />
Esta planta tem muita analogia com três pontas, e esverdinhadas.<br />
o Feijão de Boi de Pernambuco. O fructo é conico ; tendo na sua superfície<br />
externa, que é liza e lustroza,<br />
Continho. — Cuminum cyminum, — pontos salientes.<br />
Fam. das Umbelliferas. — Herva muito Dentro a substancia é branca, um<br />
cultivada na Europa e pouco cultivada pouco filamentosa, aquosa e doce, for<br />
no Brazil; natural, do Oriente, e oriunmando bagos, nos quaes contém um<br />
da do Egypto e da Ethiopia.<br />
caroço preto lustroso no meio, de fôrma<br />
Ella é herbacea; seu caule chega até elliptica, e com leve aroma.<br />
á altura de 1 1/2 metro, é lizo e ligei A semente d'essas espécies passa por<br />
ramente pubescente na summidade.<br />
As folhas muito estreitas, e cortadas<br />
venenosa.<br />
cm palminhas.<br />
Congonha do campo ou mate
CON CON 163<br />
do campo. —Luxemburgia polyanãria, Estas, no centro de um endosperma<br />
St.-EU.Fam. — das Frankeniaceas. —E' carnoso, contém um embryão axillar,<br />
um subarbusto que vegeta nos campos cylindrico e homotropo.<br />
de Minas Geraes.<br />
Suas folhas são oblongas; ellipticas, e Conyza. — Alopecuroiães, Lamk, —<br />
suas flores em cachos.<br />
Fam. das Compostas. — E' uma planta<br />
O fructo é uma cápsula trivalve. quasi herbacea.<br />
Esta planta, que é também o mate do Suas raizes são diureticas e lithon-<br />
campo, não é comtudo tão generatripticas.lisado como o de Coritiba, que tem<br />
a mesma importância e consumo que Constituinte. — Betonia orientalis,<br />
o Chá da índia.<br />
Linn. —Fam. das Labiadas.— Flor cultivada,<br />
de um subarbustinho a que dão<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. — As Fran este nome em Pernambuco ; sua pátria<br />
keniaceas são herbaceas ou fructescen- é o Oriente.<br />
tes.<br />
Attinge á altura de 1 metro, pouco<br />
As folhas são alternas ou verticilla- mais ou menos.<br />
das, inteiras ou denteadas e serriadas, Tem os ramos novos, nodosos e<br />
tendo nervuras lateraes muito appro- brancos.<br />
ximadas, e, na base, duas estipulas, As folhas irregulares na côr; são<br />
que faltam somente no gênero Fran- tinctas de amarello umas, e de branco<br />
henia.<br />
outras.<br />
As flores são axillares, dispostas em As flores são em cachos, axillares,<br />
cachos simplices, ou compostos, ou em pequenas e membranosas, offerecendo<br />
paniculas : estas flores são hermaphro- na parte superior dous lábios.<br />
ditas.<br />
O cálice é formado de cinco sepalas,<br />
É ornamento de jardim.<br />
ligeiramente soldadas na base. Conta de cabra. —Dorsternia ophi-<br />
A corolla de cinco pétalas, iguaes ou diana. — Fam. das Urticaceas. — Esta<br />
desiguaes.<br />
planta herbacea é conhecida nas Ala<br />
No gênero Sauvagesia, observa-se de goas por este nome..<br />
mais um verticillio de filamentos intu- É quasi rasteira; suas folhas, com<br />
mescidos, e uma corolla que existe tam peciolos compridos, são ovaes, agudas,<br />
bém no gênero Luxemburgia. de côr verde roxeada, sendo também<br />
Os estames, em numero de cinco, de da mesma côr o limbo das folhas.<br />
oito, ou indefinido, são livres.<br />
As flores esquisitas, representam um<br />
As antheras são de duas loj as extrór- vaso ou uma taça, sustentada por um<br />
sas, que se abrem por uma fenda lon pedunculo que sae do centro da planta,<br />
gitudinal ou por um poro.<br />
encerrando muitas flòrinhas de sexos<br />
O ovario é ovoide, alongado, outri- separados ; estas, engastadas n'uma esgono,<br />
muitas vezes collocado sobre um pécie de polpa, não tem aspecto de<br />
disco hypogynico; elle offerece uma só flores : são miudinhas e de côr parda.<br />
loja, contendo três trophospermas pa- Esta planta é empregada nas morrietaes,<br />
trazendo cada um d'elles um deduras das cobras : também dão-lhe<br />
grande numero de óvulos.<br />
o nome de Chupa-chupa.<br />
O estylete é frágil, terminado em um<br />
estigma extremamente pequeno. Contra-herva.—Dorstenia contra-<br />
O fructo é uma cápsula, coberta pelo herva, Linn.—Dorstenia brasiliensis, Mart.<br />
cálice ou pela corolla, de uma só loja — Fam. idem. — É uma herva indigena<br />
que se abre em três valvas, trazendo quasi rasteira ; suas raizes são flbrosas,<br />
sementes unidas a podospermas assaz rugosas, nodosas, cylindricas, e de gosto<br />
compridos no meio da face interna. adstringente e acre-.
K;I COP COQ<br />
AN folhas, quasi sobre a superiicie Copaltibeira dc Cuiabá c de<br />
da terra, são ovaes-oblongas, baças, asUlinas.—Copaifera<br />
nitida, Mart. — Parperrimas.tindo-se<br />
da Copaifera oficinalis póde-se<br />
Peciolos longos e carnosos. fazer idéa das mais esp*ecies.<br />
A flor fôrma um pendão como na<br />
planta acima, sua congênere; sendo Copaltibeira do maranhão •<br />
porém o envoltório da flor acinzentado. do Pará.— Copaifera, Mart. e Eayne.<br />
Nas províncias limitrophes do Sul, — Fam. idem.<br />
esta planta é chamada pelos indígenas<br />
Caa-Apia.<br />
Copaltibeira do Rio de Janeiro.—<br />
Copaifera beyrichu ou ofici<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—Applicam-na nalis, Well.—Fam. idem.<br />
contra as febres de qualquer gênero ;<br />
é summamente diaphoretica, anodyna, Copaltibeira de S. Paulo e<br />
anti-catarrhal, peitoral e finalmente an- minas. — Copaifera Langsáorfü, Desf.<br />
ti-herpetica.<br />
— Fam. idem. — Esta espécie tem os fo<br />
Passa por especifica contra a mordeliolos em cinco pares, e ellipticos, obdura<br />
das cobras.<br />
tusos, diminutos, luzentes, ponctuados<br />
O povo tanto reconhece suas virtu e glabros; os peciolos pubescentes.<br />
des, que para qualquer affecção ella é<br />
aconselhada.<br />
Copaltibeira do Rio Negro e<br />
Existem differentes espécies, a saber : do Pará.— Copaifera Guyanensis, Desf.<br />
Dorstenia bryonifolia.— Dorstenia — opifera, Fam. idem.— Esta planta tem três e<br />
Mart. — A Dorstenia pernambucana quatro e a pares de foliolos, ovaes, ellip<br />
Dorstenia rotundifolia, Arr. Cam.—São ticos, glabros, ponctuados, agudos e<br />
próprias de Pernambuco.<br />
mucronados.<br />
Segundo o professor Serpa esta planta<br />
é a que o Tijuassú come quando é mor Copa uva.— V Copahibeira.<br />
dido das cobras.<br />
Na Bahia se conhece a Contrayerba Coqueiro. — Segundo os auctores<br />
pelo nome de Tiú, derivado de Tijuassú. 65 gêneros e 273 espécies tem-se co<br />
Segundo Moreira, é drástica, adstrinnhecido de palmeiras, das quaes apregente,<br />
e applicada na chlorose e nas senta o Brasil 24 gêneros e 112 espé<br />
leucorrheas.<br />
cies até hoje.<br />
Em pó dá-se de 1 a 4 grammas; e Apontaremos aquellas de que temos<br />
em infusão, feita com 15 grammas para conhecimento; fazendo ver que todas<br />
1009 d'agua, dá-se aos cálices. ellas gozam mais ou menos de propriedades<br />
muito importantes.<br />
Contraherva de folha comprida.—É<br />
outra espécie.<br />
Coqueiro Amargaso. — V. Gnarioba.<br />
Copaltibeira ou Páo d'oleo.—<br />
Copaifera officinalis, Linn —Fam.<br />
Coqueiro<br />
das<br />
Arieury. —V. Aricuri.<br />
Leguminosas.<br />
Coqueiro Assahy.— V. Assahy.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — A copahiba<br />
é applicada nos catarrhos chronicos, na<br />
dose de 6 decigrammas, que vai-se<br />
depois augmentando progressivamente.<br />
Externamente uza-se nas dores uterinas<br />
em fomentações, e como detersivo<br />
nas ulceras.<br />
Coqueiro Ayri. — V. Ayri.<br />
Coqueiro baba de Boi. — V.<br />
Baba de Boi.<br />
Coqueiro Babunha. — V. Babunha.
COQ<br />
Coqueiro Bacaba. — V. Bacaba. Coqueiro Indaya-assú. — V.<br />
Inãaya-assú.<br />
Coqueiro da Bahia. V. Coco<br />
da Índia.<br />
Coqueiro Indaya-guacú-íba.<br />
— V. Coco da índia.<br />
Coqueiro de Batuá.— V. Bataná.<br />
Coqueiro Jaraiuva.— V. Jara-<br />
Coqueiro Baxiuba.—V.Baxiuba. iuva.<br />
Coqueiro Brijauva. — V. Bri-<br />
Coqueiro Caiané. — V. Caiané.<br />
V, Coqueiro Ca- Carandalty<br />
randahy.<br />
Coqueire Carnaúba. -<br />
naúba.<br />
Coqueiro de Catarrho. — V.<br />
Macaiba.<br />
Coqueiro de Catolé. — V Catolé.<br />
Coqueiro Dendê. — V. Dendê.<br />
Coqueiro Guaguaçú. — V. Guaguaçú.<br />
Coqueiro Guaviroba.— V. Guaviroba.<br />
COQ<br />
Coqueiro murumurú.—V. Murumurú.<br />
V. Car-<br />
Coqueiro Oauassú.— V Oauasiu.<br />
Coqueiro Gurery. — V, Gurery Coqueiro da Quaresma — V<br />
o mesmo.<br />
Coqueiro Gury.— V. Gury.<br />
Coqueiro Tacumba-iva. — V-<br />
Coqueiro Imbury. — V. Imbury. Tacumba-iva.<br />
1«<br />
Coqueiro Jatauba.— V. Jatauba.<br />
Coqueiro Jissara. — V. Jissara.<br />
Coqueiro Buriti. — V. Buriti.<br />
Coqueiro «Fauari.— V. Jauari.<br />
Coqueiro Buriti bravo. — V.<br />
Buriti bravo.<br />
Coqueiro Macajuba. — V. Ma<br />
Coqueiro Cabeçudo. — V Cacaiba.beçudo.<br />
Coqueiro marajá. — V. Marajá.<br />
Coqueiro morphis.— V. Marfim<br />
vulgar.<br />
Coqueiro Patioba.— V. Patioba.<br />
Coqueiro Piassaba. — V. Piassaba.<br />
Coqueiro Pindá — V Pindoba.<br />
Coquei r o CIi i lensc— V. Chilense.<br />
Coqueiro Pindoba. — V Pin<br />
Coqhciro Curuá.— V. Cuauassú. doba.<br />
Coqueiro Pissandó. — V Coqueiro<br />
da Praia.<br />
Coqueiro Popunheiro. — V<br />
Popunheiro.<br />
Coqueiro da Praia. V. o mesmo.
i«; COQ COR<br />
Coqueiro Taraiupabo. — V. Ta Estas são como as das demais palra<br />
mpabo.<br />
meiras, em fôrma de rosetinhns cornoas,<br />
de côr amarella barrenta.<br />
Coqueiro Tucuin.— V Tucum. O fructo é redondo, de 1"> millimetros<br />
de diâmetro, com escamas sobre<br />
Coqueiro Tucuntay.— V Tucupostas na base.<br />
may.<br />
Tem pouca aspereza na superfície;<br />
compõe-se de um corpo polposo, molle,<br />
Coqueiro Uvaoçú. — T" Uvaoçú. amarello, que cobre um caroço , cm<br />
Coqueiro LImbantba. — V. Um-<br />
cujo centro ha uma amêndoa branca,<br />
dura e amarga.<br />
bamba.<br />
Come-se a massa amarella, ficando a<br />
parte fibrosa, que envolve o caroço.<br />
Coqueiro Uricana brava. — A massa não é de sabor desagra<br />
V. Uricana brava.<br />
dável.<br />
Coqueiro Urucuri-iba. — T" Coração da índia ou Curasol.<br />
Urucuri-iba.<br />
— Anona. — Fam. das Anonaceas.— Esta<br />
espécie, que tem sua pátria na America<br />
Coqueiro Urueari.— V.Urucari. do Norte, é cultivada no Brasil.<br />
E' um arbusto do porte dos Arali-<br />
Coqueiro Vi na. — V Vina. cuns, na estatura, na apparencia das<br />
folhas, flores e fructo ; sendo entretan<br />
Coqueiro Yatay. — V. Yatay. to o fructo d'este de fôrma oblonga,<br />
conica, de cores mescladas, e pe<br />
Coquinho.— Phyllanthus pendulus.— queno .<br />
Fam. das Euphorbiaceas. —Pequena plan O pericarpo é luzente; o fructo dentro<br />
ta herbacea, de caule delicado não pouco mais filamentoso que. o das congêne<br />
ramosa.<br />
res.<br />
As folhas palmadas accumuladas nas E' ácido e doce, mas um tanto en-<br />
partes superiores da planta, miudinhas joativo ; a semente é preta.<br />
e ellipticas.<br />
As flores ao longo dos peciolos das fo Coração de Jesus. — Mikania oflhas,<br />
de dois sexos separados, pendenficinalis, Mart.— Fam. das Compostas.—<br />
tes.<br />
Cresce esta planta em S. Paulo e era<br />
0 fructinho é uma cápsula trigona, Minas-Geraes.<br />
com três sementes, e angulosa. Ella é herbacea, ou lenhosa, e volúvel.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS — Esta planta Folhas oppostas.<br />
tem virtudes hemostaticas ; suspende Flores brancas ou roxas, dispostas<br />
a> hemorrhagias promptamente. em corymbo ; invólucro composto de<br />
poucos foliolos iguaes.<br />
Coquinho bab.i. — Desmononcus Receptaculo nú.<br />
radicantis. — Fam. das Palmaceas. —Pal- Calathide de poucos flosculos tubumeirinha<br />
agreste, e por conseguinte nalosos, hermaphroditos.<br />
tural do paiz, conhecida por este mes Antheras salientes.<br />
mo nome em Pernambuco e Alagoas. Stigma comprido, bifido, divaricado.<br />
E' do porte das demais palmeiras. Fructo akenio de cinco ângulos com<br />
Suas folhas têm de comprimento ape arilho pilloso.<br />
nas 1 % a 2 metros.<br />
Seu cacho de flores é regular, na pro PROPRIEDADES MÉDICAS. — Esta planta<br />
porção do tamanho da planta. é succedanea da Quina, e possue prin-
COR COR 16?<br />
cipios amargos e aromaticos; é emlhante á do Cravo de defunto; mas o<br />
pregada na febre intermittente, e na tubo verde, que faz a base, é composto<br />
dyspepsia.<br />
de escamas sobrepostas.<br />
As folhetas em cima, que o circulam,<br />
Coração de negro.—Fam. das Le são de côr verde, e vermelha.<br />
guminosas. — Arvore elevada, que em No centro as flòrinhas amarellas e em<br />
Pernambuco é conhecida por tal nome. grupos; não tem cheiro.<br />
E' importante madeira de construcção<br />
urbana e náutica.<br />
Cordão de Frade. — V. Mucunã<br />
&#Seu lenho é duro, e o âmago roxo ou Olho de Boi.<br />
côr de vinho tinto, etamben\ duro.<br />
Cordão de Frade ou de S.<br />
Coraes. — Chamam assim em Per Francisco.—Phlomis nepetifolia. Linn.<br />
nambuco á uma flor exótica, prove — Leonotis nepetifolia. Benth.—Fam. das<br />
niente de um arbustinho de 20 a 40 Labiadas. — Alguns chamam esta planta<br />
centimetros de elevação, porém lenhoso. Cordão de Frade.<br />
Tem o caule muito duro.<br />
É natural do paiz, e exquisita.<br />
• As folhas oppostas, redondas peque- Ella tem o caule quadrangular.<br />
las, e unidas umas ás outras. As folhas oppostas, lanceoladas, mol<br />
O caule tem espinhos aguçados e les, e de uma côr verde-escura.<br />
grandes em proporção.<br />
As flores são reunidas em um grande<br />
Produz uma flor pequena, que consta capitulo que abraça o caule, quasi sem<br />
de duas pétalas rubras, redondas, applipre<br />
em três pontos quasi equidistantes<br />
cadas na base uma á outra; não tem de sua altura, e por conseguinte ha três<br />
cheiro.<br />
capitulos floraes.<br />
E' objecto de ornamento de jardins. O cálice é mui espinhoso, e por isso<br />
torna-se difficil de se agarrar.<br />
Coral. — Jatropha multifiãa, Linn. Cada — flor é formada como de dois<br />
Fam.*das Euphorbiaceas. — Esta planta lábios avermelhados, encerrando no<br />
da America Meridional, serve de orna fundo um nectar doce, agradável ao<br />
mento de jardins.<br />
paladar.<br />
E' com effeito bonita, de 2 e % a 3 me Os fruetos são como quatro grãos ém<br />
tros de altura.<br />
figura de trapesio, e pretos.<br />
Caule verde e nodoso, folhas recor<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.<br />
tadas com symetria, e de côr verde<br />
— Emprega-se<br />
escuro, em forma de palmas bem dese<br />
em banhos nas crianças débeis, como<br />
nhadas, apresentando um todo elegante.<br />
tônico e excitante. Também se applica<br />
As flores miúdas e rubras.<br />
contra a dysuria e o rheumatismo.<br />
O fructo é uma nóz como o fructo<br />
Cordão de S. Francisco— V<br />
do Pinhão.<br />
Cordão de Frade.<br />
Tem propriedades catharticas.<br />
Cordão de S. Bencdicto.—Fam. Conteiba. — V Aroeira.<br />
das Compostas. — E' uma flor exótica,<br />
que em Pernambuco recebeu este nome, Coroa de Frade do Sertão.—<br />
sem grande razão de ser.<br />
Cactus Melocactus, Swartz. — Fam. das<br />
E' proveniente de uma herva de 1 Nopaleas. — Esta exquisita planta mais<br />
metro de altura, pouco esgalhada. parece uma frueta, que um inteiro ve<br />
Caule fistuloso. , getal.<br />
Folhas oppostas, rentes (sesseis), lan E' arredondado um tanto oval, anceoladas<br />
e baças.<br />
guloso (formando gomos) de côr verde,<br />
A flor, em capitulos pequenos, é seme cheio de espinhos, em fôrma de estrellas.
168 COR COR<br />
No ápice fôrma um collo, onde está<br />
semeada uma porção de flòrinhas miúdas,<br />
de côr rosea, mui bonitinhas, com<br />
fructosinhos, como uns pequenos mamillos.<br />
O corpo d'esta planta é composto de<br />
um tecido esponjoso e branco.<br />
Ella vegeta no sertão, sobre os terrenos<br />
áridos, e também em outros<br />
lugares.<br />
e encerram um embryão erecto ou curvado,<br />
commummente desprovido de endosperma.<br />
CorottachrIs. —Mimosa famesiana<br />
Linn. —Fam. das Leguminosas. — Em<br />
muitas províncias do Império tanto do<br />
Sul como do Norte chamam<br />
planta Esponjeira.<br />
a esta<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.—Esta fa<br />
Ella é oriunda da índia, onde a chamam<br />
Cássia do Levante.<br />
E' um arbusto mediano, de tronco<br />
milia se compõe essencialmente do gê escuro, espinhoso, e de folhas miudinero<br />
Cactus de Linneo, e das divisões nhas eni palmas.<br />
que n'ella se estabeleceram, e que se As flores são amarellas, e dispostas<br />
consideram muitas vezes como gêneros. pelas axillas dos ramos, á semelhança<br />
São plantas vivazes, muitas vezes de um froco redondo, como feito de re-<br />
arborescentes, de uma apparencia introz amarello, com um cheiro agrateiramente<br />
particular, que só tem anadável.logia com algumas Euphorbiaceas. Tem por fructo uma vagem parda,<br />
O caule é ou cylindrico, ramoso, ca- chata, contendo grãos escuros, como os<br />
nellado, anguloso, ou composto de peças de feijão.<br />
articuladas, espessas, comprimidas; tem A fava é de cheiro activo e côr de cas<br />
sido considerado sem razão como folha. tanha.<br />
As folhas faltam quasi constante A raiz, pisada e misturada com água,<br />
mente, e são substituídas por espinhos é antídoto das mordeduras das co<br />
reunidos em feixes.<br />
bras.<br />
As flores, que são algumas vezes<br />
muito grandes e brilham vivamente, são PROPRIEDADES MÉDICAS . — As folhas<br />
em geral solitárias, e collocadas no são antipasmodicas e excitantes ; a de<br />
fundo d'estes feixes de espinhos. cocção da casca é antiarthritica, em-<br />
O cálice é gamosepalo, adherente ao pregado em banhos, e a das folhas<br />
ovario infero, as vezes escamoso exte contra as dores de dentes.<br />
riormente, terminado no ápice, em um<br />
grande numero de lobulos desiguaes, Correio da tarde. — lpomcta. —<br />
que se confundem com as pétalas. Fam. das Convolvulaceas. — Chamam em<br />
Estas ordinariamente são numerosís Pernambuco assim a uma flor de jarsimas,<br />
e dispostas em varias ordens. dim, introduzida recentemente, produeto<br />
Os estames, igualmente numerosíssi de uma trepadeira de caule fino.<br />
mos, têm os filetes delgados e capil- Folhas cordiformes, e grandes.<br />
lares.<br />
Flor de pouco cheiro, afunilada e<br />
O ovario é infero, de uma só loja, branca, com o tubo mui delgado e de<br />
contendo um grande numero de óvulos cinco divisões, que se expandem como<br />
unidos á trophospermas parietaes, cujo estrellas, e com um feixe de filetes no<br />
numero é variável, e ordinariamente em centro.<br />
relação com o dos stigmas.<br />
O fructo é uma cápsula, que se abre<br />
O estylete é simples, terminado em em tres valvas, deixando sahir três<br />
três, ou maior numero de estigmas raia sementes.<br />
dos.<br />
Em Alagoas cresce nas margens dc<br />
O fructo é carnoso, umbilieado no rio Camaragibe; abre pelas quatro áí<br />
ápice.<br />
cinco horas da tarde, e fecha-se ás oití<br />
As sementes têm um duplo tegumento para ás nove horas da manhã.
coc COU 169<br />
Corrente.— Achyrantes.—Fam. das O fructo, roliço, unido a um recep-<br />
Amaranthaceas. — E' uma planta das taeulo de muitas divisões, é seme<br />
províncias do Norte.<br />
lhante ao das precedentes.<br />
Cortiça brasileira. — Bignonia Coto cot».—Palicurea ãensifolia,<br />
uliginosa, Gom.—Fam. das Bignoneaceas. Mart.—Fam. das Rubiaceas.— Planta do<br />
— Planta do Brasil, que tem a pro Rio de Janeiro, S. Paulo e Minas.<br />
priedade da cortiça verdadeira.<br />
Arbusto, cujo porte é semelhante ao<br />
da Eerva de rato, com pequena diffe-<br />
Coça-Coça brava. — Solanum<br />
rença.<br />
urens.— Fam. das Solanaceas.— Sub arbusto<br />
agreste, conhecido nas Alagoas PROPRIEDADES MÉDICAS.— Suas folhas<br />
por este nome, em Pernambuco por são empregadas contra as dores rheu-<br />
Jussara, e em Sergipe por Quiri de camaticas.poeira. Sua infusão dá-se em pequena dose,<br />
Esta planta é de altura de 2 metros nas dyspepsias, e na asthenia geral.<br />
pouco mais ou menos.<br />
Em dose elevada é vomitiva e ca-<br />
Tem o caule coberto de uma substhartica.tancia pulverulenta.<br />
Emprega-se também na tineturaria.<br />
As folhas estreitas, lanceoladas, também<br />
cobertas de um indueto pulverulento,<br />
e esbranquiçadas por baixo.<br />
Couguerreou. — V. Ibira.<br />
As flores são em cachos, brancas, Coumarourana. — Dipterix oppo-<br />
mesmo como as da Jurubeba, sendo sitifolia. D. C — Paralea oppositifolia.<br />
porém menores.<br />
Aubl. — Fam. das Leguminosas. — Ar<br />
O fructo também é semelhante ao da vore da Goyana e de alguns lugares<br />
Jurubeba, mas é redondo, e não fôrma do Brazil.<br />
o quadrilátero perfeito, como o da Ju Suas folhas são cheirosas, e seus<br />
rubeba, e não tem o marchetado que frustos tem as mesmas virtudes do<br />
aquella tem; dentro é do mesmo modo Cumaru.<br />
que esta.<br />
Esfregada esta planta na pelle produz Couve. — Brassica oleracea, Linn.<br />
prurido, donde o nome porque é co — Fam. das Cruciferas. — Ninguém ha,<br />
nhecida .<br />
que deixe de conhecer, o que seja a<br />
Couve; não porque ella seja oriunda<br />
Coça-coça liza.— Solanum leviga- do paiz, mas pelo antigo uso que d'ella<br />
tum.—Fam. idem.— Esta espécie é muito se faz em nossas mesas, e pela tradi<br />
análoga á precedente.<br />
ção de todos os tempos.<br />
É menos revestida pela camada branca E' uma herva, que não eleva seu<br />
pulverulenta; e não oceasiona tanto caule senão de 70 a 90 centimetros.<br />
prurido.<br />
Suas folhas são grandes, de verde<br />
A flor tem um traço verde no centro azulado, coberto de um pó cinzento,<br />
dos lobos.<br />
quasi arredondadas onduladas, grossas<br />
Quanto ao mais é o mesmo que a e approximadas.<br />
precedente.<br />
Formam por sua reunião um circulo<br />
imbricado; de seu centro brota uma<br />
Coça-coça mansa. — Solanum<br />
vergontea, que no ápice se cobre de<br />
coca. — Fam. idem.— Arbustinho como flòrinhas amarellas, em espigas; e<br />
os seus congêneres acima.<br />
d'ahi apparece o fructo, que é uma<br />
Este, entretanto, é trepador. silicula delicada, pequena e estreita.<br />
As folhas são impares e alternas. E' tão sabido o prestimo doméstico<br />
As flores o mesmo.<br />
da Couve, que escusado é dizel-o.<br />
24
170 CRA CRA<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— É anti-scorbutica.<br />
A sua mucilagem, em cosimento ou<br />
xarope, emprega-se nas inflammações<br />
chronicas dos órgãos respiratórios e<br />
na phtisica pulmonar.<br />
Todas possuem um principio acre,<br />
oleoso e estimulante, e tem acção antelminthica.<br />
O sueco é útil contra os vermes intestinaes,<br />
o cosimento das folhas é bom<br />
para os membros paralysados e para<br />
a surdez.<br />
Comida crua, serve para favorecer a<br />
secreção do leite.<br />
Ha varias espécies de Couve, mas<br />
apontaremos somente as seguintes:<br />
Couve branca. —Brassica.—Fam.<br />
idem. — Uma espécie, de côr mais desbotada.<br />
Couve flor. — Brassica bobrytis,<br />
O caule nodoso.<br />
A flor como um cravo, mas com um<br />
só circulo de pétalas, de côr ordinariamente<br />
roixa avelludada, ás vezes<br />
com listras brancas.<br />
Ha de differentes qualidades.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.— As Caryophyliadas<br />
são herbaceas, raramente subfruetescentes<br />
na base.<br />
Os caules muitas vezes nodosos, e<br />
articulados.<br />
As folhas, oppostas ou verticilladas,<br />
são simplices.<br />
As flores geralmente hermaphroditas,<br />
terminaes ou axillares.<br />
O cálice compõe-se de quatro a cinco<br />
sepalas, distinctas ou soldadas entre<br />
si, e formando um tubo cylindrico ou<br />
vesiculoso, simplesmente dentiado no<br />
ápice, de prefloração imbricada.<br />
A corolla, de Cinco pétalas, ordinaria<br />
mente unguladas na base, falta mui<br />
Linn. — Fam. idem. — Apresenta-se com raras vezes.<br />
uma inflorescencia excessivamente de O numero dos estames é, em geral,<br />
senvolvida; cultiva-se nas províncias igual ou duplo 'do das pétalas, e cinco<br />
do Sul.<br />
lhes são oppostos, e algumas vezes se<br />
A couve flor é de uma côr verde soldam inferiormente com os unguiculos;<br />
amarellada ; é muito macia e depressa a corolla e os estames são inseridos<br />
se cozinha.<br />
em um disco hypogynico, que sustenta<br />
Ha crespa e vermelha.<br />
o ovario.<br />
Este apresenta depois uma até cinco<br />
Couve flor. — Brassiea cauliflora.<br />
lojas.<br />
— Couve batrytis. Brassica oleracea<br />
Os óvulos, que são numerosos, estão<br />
batrytis. — Couve de Milão ou Bulles.<br />
unidos a um trophosperma central;<br />
— Brass. oleracea bullata. — Couve re-<br />
quando elle é plurilocular, os óvulos<br />
polhuda. — Brass. oleracea capilata.<br />
são ligados ao angulo interno de cada<br />
Couve repolhuda. -iframea. — loja.<br />
Fam. idem.— Na que tem este nome, as fo Os estyletes variam de dois á cinco,<br />
lhas do centro adherem umas ás outras e terminam cada um em um estygma<br />
formando um bolbo, quasi como o re subulado.<br />
polho ; é muito saborosa esta couve. O fructo é uma cápsula, rarissimas<br />
vezes uma baga, tendo de uma a cinco<br />
Cravina. — Dianthus prolifer, Linn. lojas polyspermicas ; esta cápsula abre-<br />
— Fam. das Caryophyliadas.— Os cravos se, quer no ápice por meio de dente-<br />
são oriundos da America e da África, sinhos que se desviam uns dos outros,<br />
e as cravinas são da Europa.<br />
quer por meio de valvas completas.<br />
Flor cultivada em Pernambuco nos As sementes são ora planas e mem-<br />
jardins.<br />
branosas, ora arredondadas; ellas contém<br />
E' de 50 centimetros.<br />
um embryão curvo, ou como que en<br />
Folhas estreitinhas, de côr verde esrolado ao redor de um endosperma<br />
cura, acinzentada.<br />
farinaceo..
CRA CRA 191<br />
Cravinho de campina. — Pyc- Tageles erecta. — Fam idem. — Esta<br />
nanthunum alternum. — Fam. das Labia planta é natural do México.<br />
das.— Esta planta indígena, e conhecida E' herbacea de 1 metro e pouco mais ;<br />
por este nomen as Alagoas, vegeta pelas esgalhado.<br />
campinas.<br />
O caule é anguloso.<br />
Seu caule é roxo escuro e quadran- As folhas palmadas, recortadas, e<br />
gular; é trepador e estende-se pelo bonitas.<br />
chão.<br />
A flor é grande, na ponta dos ra<br />
As folhas são oppostas, crespas, lusmos; forma um tubo sulcado, verde, e<br />
trosas e ovaes.<br />
no cimo muitas camadas de lâminas<br />
As flores em grupos, de fôrma arre amarellas, sobrepostas, formando um<br />
dondada, em um pedunculo que se corpo hemispherico.<br />
insere nas axillas; ellas são brancas Não tem cheiro activo.<br />
e de dois lábios.<br />
Dentro d'esse tubo estão as semen<br />
Os fruetos são pequenos, arredondates, que são como pevides pretas, oblondos<br />
e se acham dentro de uma cápsula, gas de 5 millimetros.<br />
com quatro sementes pretas.<br />
Também é chamada Roza de Defun<br />
Chamam-lhe também Camará branco. to.<br />
É applicado em decocção nas tosses. Cultivam-na nos jardins, e é de muitos<br />
annos acelimada no paiz.<br />
Cravinho de lagartixa. —Jussioea<br />
linifolia. — Fam. das Onagrarias. PROPRIEDADES MÉDICAS. —Applica-se-<br />
— É uma planta herbacea, agreste, de com grande proveito no rheumatismo;<br />
porte bonito e freqüente nos lugares em banhos; é em forma de emplastro<br />
frescos e humidos.<br />
com mostarda e vinagre.<br />
Seu caule é roxo, e quadrangular. Emprega-se em xarope nos casos de<br />
As folhas oppostas, estreitinhas e ro- defluxo.<br />
xeadas.<br />
As flores amarellas, com as pétalas Cravo de Defuncto singello.<br />
em forma de cruz, tem o seu pedun — Tagetes patula, Wild.— Tagetes glanculo<br />
também quadrangular ;<br />
ãuhfera — Fam. idem. — E' uma flor na<br />
Ovario infero.<br />
tural do México, cultivada e conheci<br />
Curam-se feridas com suas folhas. da em Pernambuco por este nome.<br />
Chamam-lhe Pimenta d'agua. A planta é pequena e herbacea.<br />
O caule sulcado esverdinhado.<br />
Cravinho do ntato. — É no As folhas palmadas e escuras.<br />
Maranhão a Eerva de Santa Maria. As flores em um pedunculo ôco, d'onde<br />
nasce um cálice tubuloso e gommilloso,<br />
Cravo de S. Bcnedieto. — Fam. de dentro do qual sahem as palhetas<br />
das Compostas. — E' uma flor exótica, floridas, que formam um circulo.<br />
conhecida por este nome em Pernam Ellas são de uma côr amarella um<br />
buco.<br />
pouco vermelha e avelludada; no centro<br />
Herbacea, cresce de 80 a 100 centi das quaes ha um feixe de pequenas<br />
metros, com folhas lanceoladas, sesseis. angélicas amarellas.<br />
A flor é como a do Cravo de Defunto, O cheiro desta flor não é máo. Serve<br />
porém maior, e as. pétalas de uma de ornamento de jardim.<br />
cor vermelha alaranjada, e no centro<br />
do mesmo modo que o Cravo de De PROPRIEDADES MÉDICAS . — E' emprefunto,<br />
mas não tem cheiro.<br />
gada nas fluxões, tosses, etc, emcpsí-<br />
Serve de ornamento de jardim. mentô.<br />
Este cravo é aromatico, estimulante,<br />
Cravo de defunto dobrado.— e sudorifico, empregado na hysteria e
1*2 CRA CHA<br />
em algumas affecções uterinas, e contra Essas folhetinhas (pétalas) denteadas<br />
os vermes intestinaes.<br />
no bordo livre da lamina, são dc um<br />
Cravo girofe ou da Índia.—<br />
aroma delicado, que rivalisa com os<br />
melhores cheiros conhecidos, si é qoe<br />
Caryophillus aromaticus, Linn. — não Fam. tem a primazia entre os demais<br />
das Myrtaceas.— E' natural da índia esta aromas deliciosos.<br />
planta, cujas fructinhas todos conhe As espécies cultivadas no paiz, são:<br />
cem.<br />
o cravo branco, o côr de carne, o côr<br />
E' uma arvore cultivada no Brasil, de roza, o vermelho, o roixo e um côr<br />
mas pouco generalisada, de porte me de purpura avelludado.<br />
diano, e aspecto elegante; se bem que Sua cultura exige cuidado; o Cravo<br />
sua folhagem não seja densa, tem um branco é d'entre todos o mais aroma<br />
tronco elevado e um tanto fino em tico.<br />
toda a extensão.<br />
O cravo é a principal flor nos actos<br />
Suas folhas lanceoladas e oppostas; mais notáveis da sociedade.<br />
são roseas as das extremidades. Serve de offerenda para o altar; é a<br />
As flores miúdas, sobre um pedun flor muitas vezes exclusiva do ramaculo<br />
prismático, quadrangular de 5 millhete (bouquet) nas nupeias; elle é o<br />
limetros de comprimento, tendo no symbolo da união conjugai, nos salões,<br />
ápice quatro saliências ou pontas dis nas grandes reuniões, nos festins mais<br />
postas em cruz, no centro das quaes sumptuosos.<br />
estão as flores, representando como A cultura do Cravo, que nas pro<br />
uma bolinha.<br />
víncias do Sul é de tão fácil realisa-<br />
Os pequenos fruetos são o cravo, de ção, é nas províncias do Norte muito<br />
que se faz uso no Brasil, na arte difficil.<br />
culinária, perfumarias e mais misteres. A chuva demasiada o mata, o sol<br />
Seu cheiro é agradável, activo e demasiado o prejudica, a terra muito<br />
picante; elle é poderoso estimulante e humida ou muito secca, portanto, sãô<br />
tônico.<br />
O Cravo da índia veio pela primeira<br />
causas de destruição.<br />
vez de Cayena para o Pará, aonde foi Cravo madre. — V. Madre cravo.<br />
acclimado; é hoje cultivado em muitas<br />
províncias do Brasil.<br />
Cravo ou craveiro tio maranhão.<br />
— Laurus Borbonia, Linn. —<br />
Cravo da índia. — V. Cravo Persea Caryophyllata, Mart.— Fam. das<br />
girofe.<br />
Lauraceas.—Arvore á semelhança da<br />
Canelleira.<br />
Cravo de jardim. — Dianthus A raiz é de côr violeta, mui bonita ;<br />
caryophyllus, Linn. e Well. — Fam. a das casca, fina e liza, exhala um agradável<br />
Caryophylladas.— Esta flor mimosa, do cheiro, e é de sabor quente.<br />
maior apreço entre nós, é oriunda da<br />
África e Itália.<br />
Extrahe-se d'ella um óleo essencial.<br />
E' o produeto de uma herva delicada, Cravo do maranhão. — V. Páo<br />
de caule delgado, nodoso de espaço a<br />
espaço.<br />
Cravo.<br />
Folhas estreitinhas, corpulentas, de Cravo mu lambo. — Fam. das<br />
um verde azulado, compridas. Compostas.— E' uma flor exótica, que<br />
Flores na sumidade dos ramos; cada em Pernambuco recebe este nome.<br />
uma representa um tubo verde, de cujo E' herbacea, cresce de 50 a 'ÍO cen<br />
centro sahem muitas lâminas pequetimetros, semelhante ao Cord&o de S.<br />
nas, que se espalham ficando imbrica Benedicto, porém de côr mais viva, e<br />
das.<br />
tem duas ordens de pétalas.
CRI<br />
. ' ) •<br />
CRI 193<br />
Não tem aroma.<br />
expansão membranosa, compacta de<br />
É ornamento de jardim.<br />
densas escaminhas, entre tecidos de<br />
flòrinhas nimiamente pequenas ; o que<br />
Cravo ou craveiro da terra parece um acolchoado de velludo, de<br />
de minas.— Eugeniapseudocaryophylcôr<br />
purpurina viva; dobra-se sobre si<br />
lus.— Fam. das Myrtaceas.<br />
mesma, fazendo pregas, toda a palma<br />
das flores, que estão engastadas n'esse<br />
Cravo da terra do Rio de froco como rosetinhas.<br />
Janeiro, minas e S. Paulo.— D'ellas sahe um grãosinho redondo,<br />
Myrtus caryophyllata, Swart. — Myrtus preto e luzente ; não tem cheiro.<br />
pseudo caryophyllus, Mart.—Fam. idem. Ha outra espécie de côr amarella,<br />
— Esta arvore cresce nos mattos das mas não tem a belleza d'esta.<br />
províncias de S. Paulo, Minas e Rio de Na Europa cultivam desenove espé<br />
Janeiro.<br />
cies-<br />
Cultiva-se pelos arredores d'este. Nas Alagoas chamam-na Velludo e<br />
E' uma arvore de folhas ovaes re também Beijo de Palma. Em Pernamviradas,<br />
e flores em cachos, como as buco é Bredo namorado.<br />
suas congêneres.<br />
O fructo é uma baga.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. — As Amaranthaceas<br />
são plantas herbaceas ou<br />
Cravo ou Craveiro da terra<br />
subfructescentes, trazendo folhas al<br />
do Rio de Janeiro. — Calyptranternas ou oppostas, algumas vezes muthus<br />
aromatica. St. EU. — Fam. idem. nidas de estipulas escariosas.<br />
— E' uma arvore ou arbusto do Rio de As flores são pequenas, muitas vezes<br />
Janeiro.<br />
hermaphroditas, as vezes unisexuaes,<br />
Seu lenho é lizo.<br />
dispostas em espigas, em paniculas ou<br />
As folhas grandes, oppostas e oblon em capitulos, e providas d'escamas que<br />
gas.<br />
as separam.<br />
As flores em cachos á maneira de O cálice é gamosepalo, freqüentes ve<br />
botões, mui aromatica; estas flores ou zes persistente, de quatro ou cinco di<br />
botões substituem ao Cravo da índia. visões profundíssimas.<br />
. Tem as mesmas propriedades que o Os estames variam de três a cinco.<br />
referido cravo, aromatico, excitante; é Os filetes ora soltos e ora monadel<br />
antispasmodico.<br />
phos, formando as vezes um tubo menbranoso,<br />
lobulado no ápice, e trazendo<br />
Crista de galSo. — V Fedegoso as antheras na face interna.<br />
de Pernambuco.<br />
O ovario é solto, unilocular, encerrando<br />
um só óvulo erecto, e susten<br />
Crista de gallo —flor. — Gelotado algumas vezes por um podospersia<br />
cristata, Linn. — Fam. das Amaranma compridissimo, curvo, no ápice do<br />
thaceas. — Flor de jardim, natural da qual elle está pendente.<br />
índia, acelimada de ha muito no Bra O estylete é simples ou nullo, termisil,<br />
onde se cultivamos jardins. nado em dois ou três estigmas.<br />
Cresce até á altura de 1 metro e 50 O fructo, em geral cercado pelo cá<br />
centimetros pouco mais ou menos é é lice, é um akenio ou um pyxidio.<br />
esgalhado.<br />
O embryão é cylindrico , alongado,<br />
O caule, listrado de roxo, assim como curvo ao redor de um endosperma fa-<br />
também as folhas que são ovaes e oprinaceo.postas ; dá a sua inflôrescencia nas<br />
pontas dos ramos, que é exquisita. Crista de Negra. — Clitoria line-<br />
Forma um eixo, que da parte media aris.—Fam das Leguminosas. —Esta<br />
para cima se dilata, apresentando uma planta , que nas Alagoas assim cha-
194 CRU CRU<br />
mam. no Pará é(conhecido por Mucurá ; Cucurbita odorata, Vell. —Cucurbita ce-<br />
ella é indígena do paizf e trepadeira; ratoereas. — Fam. das Cucurbitaceas.—<br />
alastra-se pelo chão :<br />
Esta fruta, bella na fôrma e no cheiro,<br />
Seu caule é fino, ^delgado, com folhas conhecida em Pernambuco por este<br />
ternadas e despontadas ; dá uma flor nome, é produeto de uma planta oriunda<br />
roxa, cuja structura é esquisita por ter do paiz, mas que apezar d'isso é pouco<br />
semelhança com os órgãos sexuaes fe- commum.<br />
meninos.<br />
E' uma planta análoga ás suas con<br />
E' roxa, com uma lamina elliptica gêneres, como a melancia, a abóbora, etc.<br />
estendida, que tem uma mancha ama O caule é o mesmo como o das que<br />
rella, tendo dois órgãos no centro, e apontamos.<br />
por fora outras duas membranas tam As folhas palmadas, todas de pellos<br />
bém roxas lateralmente.<br />
ásperos.<br />
O fructo é uma vagem, de quasi 20 As flores são brancas ou amarelladas,<br />
centimetros, mui fina com quatro la e rosetadas.<br />
dos, terminando em ponta fina, com O fructo, do comprimento de 50 cen<br />
muitas sementes lizas e quadradas. tímetros pouco mais ou menos, roliço<br />
Esta planta envenena as cabras. formando eólio, de côr de almagre ou<br />
preto lustroso.<br />
Crista de Peru das Alagoas . Dentro a massa é amarella, com a<br />
— Acalypha alagoana.. — Fam. das Eustructura<br />
do Gerimum, de um cheiro<br />
phorbiaceas, Linn. — E' um arbustinho mui activo.<br />
agreste, natural do paiz, que nas Ala A massa é de um acredoce um pouco<br />
goas recebe este nome.<br />
enjoativo, semeada de sementes ellip<br />
Tem um tronco pardo e poroso. ticas, amarellas.<br />
As folhas são alternas, ovaes e ser- O gosto acompanha o cheiro.<br />
rilhadas em redor.<br />
Ha duas espécies: de casca cabocla,<br />
As flores são dispostas em pequenas e de casca preta.<br />
espigas, formando um feixe esverdi- As sementes são emmenagogas enérnhado<br />
com as femininas, que apregicas; também são antifebris.<br />
sentam um fructo trigono, e com três<br />
caroços, semelhando-se ao fructo do Cruanha.—Arvore agreste do paiz,<br />
Pinhão.<br />
conhecida nas Alagoas por tal nome.<br />
E' arvore grande.<br />
Criuva. — Clusia Criuva, St. EU. — Suas folhas também o são.<br />
Fam. das Gutltiferas. — Arvore indígena As flores invisíveis.<br />
do Brazil, agreste, e conhecida em Mi O fructo é de 5 millimetros de grannas<br />
e S. Paulo por este nome, aonde deza, redondos uns, e outros oblongos,<br />
cresce expontaneamente.<br />
de côr parda escura, cobertos de mui<br />
E' arbórea, um pouco molle, com to pello, encerrando uma massa ama<br />
folhas oppostas, ovaes, grossas e rerella espessa, doce e agradável, com<br />
viradas.<br />
duas a três sementes redondas, chatas<br />
As flores, em cachos, são em fôrma e brancas.<br />
de rosas singellas e bonitas.<br />
O fructo é uma baga ovoide, cujas Cruapé. — V, Cipó Cruapè ou Cu-<br />
sementes na tenra idade são oceultas. rurú.<br />
Floresce em Janeiro e Fevereiro.<br />
Esta planta parece ser uma espécie Cruciama. —Espécie de Bambu cujo<br />
como a Orelha de burro de Pernambuco, caule não é fistuloso.<br />
e provincias adjacentes.<br />
Crumatou. — V. Xiqueque do Ser<br />
Crua ou melão de caboclo. — tão.
CUI CUM l?í<br />
CruzeirtBtha. — V Cainca.<br />
Cuambú.— Bidens adherescens, Vell.<br />
— Fam. das Compostas.— Planta herbacea<br />
do paiz, e tem os mesmos uzos do<br />
Crrapicho.<br />
Segundo Linnêo os caracteres d'este<br />
Cubyo. — Fam. das Sapotaceas.— E'<br />
uma frueta natural do Pará, produzida<br />
por um arbusto.<br />
O fructo tem 20 millimetros de comprimento<br />
e 10 millimetros de diâmetro ;<br />
é de fôrma oval, achatada; e tem na<br />
base uma chapeletinha unida ao ponto<br />
de inserção do fructo.<br />
Sua côr é amarella na maturidade,<br />
e o tegumento externo é membranoso.<br />
Offerece no seu interior uma polpa<br />
branca e espessa; apresenta uma cavidade<br />
central na qual alojam-se muitas<br />
sementes ellipticas, chatas e brancas,<br />
envoltas n'aquella mesma polpa, do que<br />
se faz doce.<br />
Cuca. — V Ypadú Passa Cubyo.<br />
Cujumary. — Ayãenãron cujumary,<br />
Nces. — Ocotea cujumary, Mart. — Fam.<br />
Cuehery. — V. Cujumary.<br />
das Lauraceas. — E' uma arvore do Rio<br />
Negro, uma espécie de Cannelleira.<br />
Cucuru. — Echites Cucurú, Mart.—<br />
A amêndoa da semente d'esta planta<br />
Fam. das Apocynaceas. — E' uma planta,<br />
é não menos apreciada, do que a da<br />
que pertence a mesma familia que a<br />
fava Pixurim, contra a^atonia do tubo<br />
Mangabeira.<br />
digestivo, e' moléstias intestinaes, pró<br />
Sua raiz é emetica.<br />
prias das regiões calidas.<br />
Cnguaçurentiu. — V. Aypim.<br />
Cuipana. — Myrcia tingens.— Fam.<br />
das Myrtaceas. — Arvore do paiz, seu<br />
sueco misturado com água é empregado<br />
para lavar ulceras.<br />
Serve também para a tineturaria.<br />
Cuipana.—Leptospermum tinetorium.<br />
gênero Bidens são : receptaculo paleaceo — Fam. idem. — E'um arbusto de altura<br />
plano, cálice subigual, com caliculo. mediana, conhecido nas Alagoas e em<br />
A corolla, raramente flosculosa, é la Pernambuco por este nome.<br />
teralmente radiada, e a semente tetra- E' silvestre, de tronco esgalhado,<br />
gona.<br />
castanho, liso, e casca fina.<br />
Folhas oppostas, quasi redondas e<br />
Cuarurú guassú. — V. Tinctu- lustrosas.<br />
reira vulgar. ,<br />
As flores são brancas, miudissimas,<br />
em cachos esbranquiçados.<br />
Os fruetos miúdos, redondos, com<br />
muitas sementinhas dentro, aonde se<br />
acha uma substancia molle.<br />
A casca d'este arbusto, pizada com<br />
água, dá excellente tinta preta.<br />
Cuité-assú. —Alpinia aromatica,<br />
Jacq. e Vell.—Alpinia racemosa. — Fam.<br />
das Amomaceas. — Raiz aromatica, empregada<br />
como carminativa, na dose de<br />
10 a 20 grãos.<br />
E' um suecedaneo do cardamomo.<br />
Também se tira vantagem d'ella contra<br />
as ulceras.<br />
Cujaanarioba. — V. Fedegoso.<br />
Cumamery. — V. Sorveira.<br />
Cuntandalia.— Labbab vulgaris. —<br />
Culturaquam. — V. Páo Brasil. Fam. das Leguminosas.—Planta trepa-"<br />
deira.<br />
Cuieté. Coité.<br />
Seus fruetos são comestíveis ; pro-.<br />
Cuietezeira. — E' o Cabaceiro<br />
movem os menstruos e a diurese,<br />
Applicam-se também nas affecções dos<br />
amargoso.<br />
bronchios e pulmões.
176 CUM CUM<br />
Cumandauassú.—O fructo desta<br />
arvore é empregado e tido por efficaz<br />
contra as empigens; o cosimento do<br />
fructo para as de data recente, e a infusão<br />
das sementes raladas para as que<br />
forem antigas.<br />
O Barú, Cumaru o Cnmbarú são em<br />
nossa opinião uma única espécie do<br />
gênero Dipterix.<br />
Cumaty ou araçá do matto.—<br />
Psidym albidum, S. EU — Fam das Myrtaceas.<br />
— Esta frueta é conhecida no<br />
Cumaru.— Dipterix odorata, D. C"<br />
Rio Grande do Norte e em Pernambuco<br />
— Fam. das Leguminosas.— Este vegetal<br />
por este nome.<br />
é em todo o Império conhecido por<br />
E' proveniente de um pequeno ar<br />
este mesmo nome.<br />
busto de folhagem miúda.<br />
E' uma da3 bellas arvores do Brasil;<br />
As flores são brancas, e o fructo é<br />
produz nas mattas das províncias do<br />
de 5 millimetros de diâmetro, menor<br />
Norte oomo Pará e Amazonas, e com<br />
que um Araçá mirim, verde por fora,<br />
especialidade no Amazonas.<br />
na mtauriuade branco.<br />
E' uma árvore elevada e copada.<br />
Suas folhas, grandes, dispostas em<br />
O Cumaty tem a massa interior molle,<br />
palmas, com as flores em cachos de côr<br />
cheia de carocinhôs, e forma uma pol<br />
escarlate.<br />
pa doce e saborosa.<br />
Seu fructo, quasi redondo, é uma va<br />
Esta espécie de Araça sempre está<br />
gem, por fora meio molle, um tanto<br />
doce.<br />
pubescente.<br />
Nas Alagoas é Araçá do Matto.<br />
Dentro ha uma massa trigueira, e<br />
Em Sergipe é Araçá do campo. Em<br />
no centro uma semente como uma fava<br />
Minas Geraes, simplesmente Araçá; e<br />
cinzenta mesclada.<br />
ahi floresce em Março.<br />
Esta arvore é importante pelo aroma<br />
de suas favas, e mesmo da casca;<br />
Citmbeba. — Cereus variabilis. —<br />
quando está florida, e bastante alta,<br />
Fam. das Nopaleas. — E' planta da mes<br />
sente**se á distancia este aroma; perma<br />
familia dos Cardos.<br />
fuma os ares, é suave e agradável.<br />
O fructo d'esta é comestível, acidulo,<br />
Esta fava constitue objecto de um<br />
doce, e mucilaginoso<br />
ramo de commercio do paiz, hoje em<br />
F' empregado como refrigerante nas<br />
pequena escala; é empregada na Eu<br />
febres inflammatorias; tinge a ourina<br />
ropa nas perfumarias, e para aroma-<br />
de vermelho.<br />
tisar o rape (como entre nós), conhe<br />
O fructo verde é applicado ás ulcecida<br />
lá por Féve de Tonha, os nossos<br />
ras sordías.j<br />
indígenas fazem d'ella collares, e da<br />
madeira o mesmo uso que fazem do<br />
Cumbira.—Fam. das Myrtaceas.—<br />
•Gfuayaco.<br />
E' um arbusto agreste, de pouca ele<br />
Serve também para afugentar traça<br />
vação.<br />
No Ceará chamam a uma espécie,<br />
E' lactifero, conhecido nas Alagoas<br />
que tem alguma semelhança com esta<br />
por este nome.<br />
Emburana brava, na Parahiba Embu-<br />
Suas folhas são alternas, lanceoladas.<br />
rana de cheiro. Emburana da Bahia e<br />
Suas flores são brancas.<br />
de Minas é outra espécie, que suppo-<br />
O fructo é de 10 millimetros de commos<br />
ser Páo Cumaru.<br />
primento, redondo, amarello barrento,<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Tem virtu de pericarpo espesso; separa-se em<br />
des diaphoreticas e emmenagogas. duas partes.<br />
Dentro ha uma espécie de massa<br />
Cumbarú. —Dipterex pterocarpus, doce, e agradável, na qual acham-se<br />
Mart.—Fâm. idem. — Planta do Rio um ou dous caroços.<br />
Negro e do Pará.<br />
Chupa-se essa massa.
CUN CUP líí<br />
Í Ella tem alguma semelhança com a tadas no eixo globuloso, nas quaes estão<br />
ameixa da terra.<br />
os sexos separados.<br />
O fructo é este corpo florifero, que<br />
Cuntichá ou Cuntuchá das desenvolvendo-se apresenta um todo<br />
Alagoas. — Erythroxylon miliporum. comestível, —<br />
e que se diz agradável.<br />
Fam. das Erythroxyleas. — Nas Alagoas São leitosas todas as partes d'esta<br />
é conhecido por Cumichá ou Cnmuchá. arvore.<br />
E' um arbusto ramoso, de caule pardo- O lenho tem o cerne vermelho, bonito,<br />
escuro, e abastecido de pontos brancos muito duro, e bom de polir-se.<br />
no tronco.<br />
E' empregado na marceneria para<br />
Tem a casca escamosa.<br />
mobílias, e é de muita duração, porém<br />
As folhas ovaes, molles, de côr verde- perde o. merecimento ou belleza com<br />
amarellada.<br />
o tempo, porque escurece muito.<br />
As flores amarellas, pequenas, de Nas províncias do Norte é onde mais<br />
cheiro quasi imperceptível.<br />
vegeta, entretanto já tem cahido em<br />
O fructo oval, de cinco millimetros, desuso.<br />
vermelho na maturidade, e carnoso.<br />
Abre-se por si, deixando ver as se Cupay.— V. Copahibeira.<br />
mentes.<br />
Come-se, porém é insipido.<br />
Cupiúba. — Spondia nigra.—Fam.<br />
das Terébinthaceas. — Arvore a que nas<br />
Alagoas dão este nome.<br />
Cumichá de Pernambuco.—<br />
E' de mediana altura, isto é, de 15<br />
Psonia coralina. —Fam das Nyctagineas.<br />
a 30 metros, pouco mais ou menos.<br />
— E' um arbusto que dá um fructi-<br />
Tem folhas dispostas em palmas, e é<br />
nho vermelho, a que em Pernambuco<br />
copada.<br />
dão este nome.<br />
As flores são em cachos, brancas-<br />
No aspecto exterior esta planta parecetrigueiras,<br />
e de pouco aroma.<br />
se com o Mangue.<br />
O fructo é á semelhança de uma<br />
Tem seus ramos cruzados.<br />
azeitona, mede 5 millimetros de.com<br />
,: As folhas oppostas, ovaes, carnosas,<br />
quebradiças, ás vezes lizas.<br />
prido, oval, lustroso, com um pello rente<br />
que cobre sua superfície exterior, de<br />
As flores em cachos, e cujos pedunculos<br />
cor roxa quasi preta.<br />
são vermelhos.<br />
Dentro ha uma substancia cartila-<br />
Dão um fructinho oval, vermelho, do<br />
tamanho de um grão de milho, com<br />
ginosa trigueira, de sabor acre-doce,<br />
que envolve um caroço.<br />
uma semente dentro.<br />
Não se come.<br />
A madeira tem o cerne vermelho, e<br />
é empregada para coronhas de espin<br />
O das Alagoas é outra planta: Jumuchá.gardas<br />
; é duríssima para as obras immersas<br />
como para esteios, etc.<br />
Cundurú. —Brosimum condurú.— Cupualty. — Fam. das Leguminosas.<br />
Fam. das Urticaceas. — Arvore copada — E' uma arvore agreste do Pará, do<br />
agreste, que vegeta nas mattas do comprimento de 25 centimetros pouco<br />
Brasil.<br />
mais ou menos, oval, afinando-se para<br />
Seu tronco tem a casca escura. ambas as extremidades.<br />
Sua folhagem é densa e escura. A casca amarella, quebradiça, dura<br />
As folhas ovaes, e embaciadas. e grossa.<br />
As flores são em cachos redondos, Dentro encontra-se uma massa branca<br />
pequeninos, de 5 millimetros dè diâ succulenta, ligada a muitos caroços<br />
metro, nas axillas das folhas nas su redondos, achatados, dé 5 millimetros<br />
midades dos ramos; compõe-se de de diâmetro, de cor castanha, com.o<br />
quasi imperceptíveis flòrinhas engas perisperma memhranoso.<br />
25
178 CUR CTR<br />
Separando-se os caroços, sahe cada quantidade pelos indigonas, conforme<br />
um com uma porção de massa, que o desejo de matar, ou somente de en<br />
se come.<br />
torpecer o animal.<br />
Esta frueta tem muita semelhança I"ma flexa impregnada d'este veneno<br />
com o Cupuassú, mas é menor, sua depois mesmo de quinze annos mata.<br />
cor de fora é amarella, e sua massa O effeito nocivo só tem lugar quan<br />
não se pôde beber como aquella. do sfi- introduz o veneno na circulação,<br />
pois que se pôde ingerir o Curare som<br />
Cupu-assú. — Deltonea luctea. — inconveniente, e segundo Humboldt, os<br />
Fam. das Malvaceas. — Fructo oriundo selvagens o tem por muito estomachico.<br />
do paiz análogo ao procedente do Pará. O Curare obra somente sobre o sys-<br />
E' cultivado.<br />
tema nervoso motor, e sobre os nervos<br />
Elle tem de comprimento 25 a 50 sensitivos; sobre os músculos indepen<br />
centimetros, é redondo, adelgaçandodentes da vontade elle não aetüa.<br />
se para as pontas, de cor castanha Nos casos de envenenamento pelo<br />
externamente; o pericarpo é duro, que- Curare as túnicas intestinaes e o corabradiço,<br />
grosso e branco internamente. ção continuam a mover-se ; basta uma<br />
Occupa a cavidade' interna uma quantidade equivalente a três cabeças<br />
massa branca, aquosa, e acre-doce, de alfinete para matar um homem.<br />
ligada a muitas sementes chatas, arre Acaba-se de tentar sua applicação nos<br />
dondadas, de 50 millimetros de diâme casos de tetanos, no tratamento da<br />
tro e de cor castanha clara.<br />
epilepsia, e como antídoto da Slrych-<br />
Seu tegumento é membranoso; senina; mas em nenhum d'estes casou<br />
param-se as sementes trazendo parte sua applicação tem dado por emquanto<br />
da massa comsigo.<br />
Esta massa é comestível e boa.<br />
resultados satisfactorios.<br />
Fazem da polpa uma bebida refri Curatella SambaybaonSaingerante.bauva.—<br />
Curatella sambayba.— Arvore<br />
que vegeta nas províncias do Sul da<br />
Cupuini.—V. Tingui de Peixe. Império.<br />
Folhas ovaes, oblongas.<br />
Curadeira. — V Velame em S.<br />
Flores em paniculos.<br />
* Paulo.<br />
A segunda casca d'esta arvore tem<br />
um sabor fortemente adstringente.<br />
Curairi.—Fam. das Sápindaceas. Os habitantes d'essas províncias tem<br />
Arvore do Brazil, cujo fructo é uma o costume de lavar com sua decocção<br />
baga umbilicada, amarella, contendo as ulceras chronicas, ameaçadas dfl<br />
uma ou duas sementes, de sabor ads atonia; também é empregada para o<br />
tringente, porém agradável ao paladar. cortume.<br />
Suppõe-se ser a Pitombeira de Pernambuco<br />
e da Bahia, Marcgravü. Curiuva. — V. Pinheiro do Brasil.<br />
Na Bahia antigamente não havia a<br />
Pitombeira; foi somente depois que os Curi-y.— V Pinheiro do Brasil.<br />
estudantes do curso jurídico levaram<br />
as sementes de Pernambuco, que ali Curralleira.— V. a Alcamphora em<br />
foi conhecida.<br />
S. Paulo.<br />
Curare. — Veneno vegetal terrível,<br />
preparado pelos caboclos, que se suppõe<br />
extrahido de uma planta do gêne<br />
Curua ou Coqueiro Curai. —<br />
V. Ouaou-assú.<br />
ro Strychnos, da familia das Loganiaceas. Curúba. — E' um arhustinho mui<br />
E* empregada em maior ou menor esgalhado.
DAM<br />
Curubai-mirina. — V Sebipwa.<br />
Curucú. —F' uma arvore do paiz,<br />
cujo sueco é anti-hemoptoico, isto é,<br />
contra os escarros de sangue.<br />
Cururú.—V. Cipó Cururú*<br />
DED 1*9<br />
rello, unido a uma massa amarella,<br />
compacta e pegajosa nos dentes; tendo<br />
um caroço no centro pouco menor do<br />
que o fructo, duro, de côr parda, lustroso<br />
de um só lado.<br />
Esta espécie bem parece ser o Tuturúbá<br />
de Pernambuco.<br />
Cururuapé.— V. Cipó Cururuapè. Cutubea.—Coutoudea densiflora, Mart<br />
—Fam. das Gencianaceas. — Plantadas<br />
Cutipiribá. — Fam. das Guttiferás. regiões amazônicas.<br />
— Arvore indígena- do paiz e freqüente Tem as virtudes da Genciana.<br />
no Pará, aonde recebeu este nome. Eis aqui os caracteres genéricos d'essas<br />
Seu fructo é de grandeza de 25 mil plantas, a saber : Cutubea, Coutubea denlimetros,<br />
e 'globoso.<br />
siflora, Mart. — Fam. das Gencianaceas.<br />
O pericarpo membranoso, liso, ama- — Triandna Monogynia, Linn.<br />
TD.<br />
Daltlia. —Georgina variabilis, Eunt um arbusto cultivado nas províncias<br />
— Georg. supérflua, D C. — Dahlia do sul do Império.<br />
pmpw-en, Poiret.— Fam. das compostas. É oriundo da Syria, de pamasco.<br />
— Syngenesia frustrata, . Linn. — Her- É uma arvore de mediano "porte e<br />
vas, raras vezes arbustos, de folhas op-folhas<br />
alternas.<br />
* postas' e decompostas.<br />
Suas flores são brancas, e desabro-<br />
Capitulos mui grandes, sustentados cham antes de tomar folhas.<br />
por um pedunculo muito comprido, e *0 fructo é arredondado, com polpa<br />
compostos no typo, de flores tubulosas um tanto fibrosa, assucarada, aroma<br />
hérmaphroditas no centro.<br />
tica, não ácida.<br />
De uma a três ordens de flores ligu- Come-se crú ou em doces.<br />
ladas. e fêmeas ou neutras, na circum- É uma das boas fruetas.<br />
ferencia,<br />
O caroço contém uma amêndoa de<br />
Nas variedades cultivadas, estas flo gosto amargo, devido á presença do<br />
res liguladas dão muitas vezes ao ca ácido prussico; e seria imprudência<br />
pitulo a apparencia de uma flor com comer-se-a.<br />
pleta. ' --<br />
Ha varias espécies.<br />
Invólucro, duplo, composto ordinariamente,<br />
no exterior, de cinco escamas Dedaes dc Dama. Allamandaca-<br />
foleaceás descobertas, tendo o interior thartica, Linn. —Fam. das Apocynaceas.<br />
formado de duas ordens de longas — Arbusto cultivado, natural do México<br />
escamas, membranosás no ápice. e da Guyana, de porte de 1 a 2 metros<br />
Receptaculò plano, carregado de pa- e mais, em verticillos de 3.<br />
lhetas escamosas.<br />
Folhas lanceoladas, e de côr verde<br />
Raizes tuberosas.<br />
escuro.<br />
Flores em cachos, são como cam<br />
Damasco. — Prunus armênia, Linn. painhas, de um amarello dourado e bo<br />
— Fam. das Rosaceas. — O Damasco é nito, com cheiro muito leve.
180 DEN DID<br />
Tem o limbo dividido em cinco lacinea^<br />
redondas; na base um tubo estrellado.<br />
A frueta é uma cápsula.<br />
É ornamento de jardim.<br />
Tem propriedades purgativas ; em doses<br />
elevadas é tóxica.<br />
Da palha se fabricam balaios, muito<br />
conhecidos em Pernambuco por Panacuns<br />
Dettdè dc papagaio.—Fam. Idem.<br />
— Este tem a summidade verde e preta.<br />
È como o antecedente, com a differença<br />
de ser mais pequeno.<br />
Deatdè. — Elais guineensis, Linn. —<br />
Fam. dasPalmaceas. —Grande palmeira Dente de Gato. — V. Unha de gato.<br />
originaria[daGuyana eda África, e cultivada<br />
nas províncias do norte doBrazil. Dente de Leão. —Fam. das Dios-<br />
É de porte alto, á semelhança dos cocoreas. — Arbusto agreste, conhecido em<br />
queiros.<br />
Alagoas por este nome.<br />
Seu tronco é todo eriçado dos frag E' uma espécie de Japecanga, esbranmentos<br />
das velhas folhas.<br />
quiçada, mais grossa que as outrau<br />
Estas folhas são pinnadas, com pe trepadeiras.<br />
ciolos espinhosos; o cacho das flores é Suas folhas são luzidas e ovaes, e é<br />
menor que o do coqueiro da índia. armada de espinhos maiores.<br />
As flores machos e fêmeas são sepa A frueta é uma baga amarella, em<br />
radas debaixo de ordem.<br />
pequenos cachos de dois centimetros<br />
O cálice e a corolla são de três di de tamanho, e redonda.<br />
visões.<br />
Dentro contem uma substancia amarel<br />
Os estames em numero de seis; o la aquosa, e duas sementes hemispheri-<br />
ovario de três estigmas, e.de três lojas, cas.<br />
duas das quaes são obliteradas.<br />
O fructo é uma drupa do tamanho<br />
Não se come.<br />
de uma noz, e quando maduro é de um Derbata cascudo. — E' uma ar<br />
amarello dourado e lustroso, de 2 a 5 vore que recebe este nome em Pernam<br />
centimetros de comprimento, de fôrma buco.<br />
oblonga, formando vários planos na Dá madeira de construcção. — V<br />
superfície, tendo sempre o ápice de Cega machado.<br />
côr preta.<br />
O fructo contém dois óleos differen Diconroque ou feijão dos Cates,<br />
que se extrahem separadamente. boclos. — Trophis. —Fam. das Ar<br />
O óleo tirado do sarcocarpo é amatocarpaceas.— Esta arvore importante<br />
rello, cheira á violeta, e é sempre li das florestas virgens fornece aos índios<br />
quido na Guyana, na África e no Bra Puris um meio de nutrição sem trabasil.lho.<br />
O que se tira da amêndoa é branco, Quando o fructo está maduro, elles<br />
solido, e serve para substituir a man se reúnem junto das arvores para proteiga.ceder<br />
a sua colheta, e saboreal-o.<br />
Este é raro no commercio, porém<br />
o que é conhecido por azeite de palma<br />
Cosinham-n'o como feijão preto.<br />
é importado em quantidade conside Dicury em Sergipe. — V. Arirável<br />
na Inglaterra e França, onde cory.<br />
serve sobretudo para a fabricação de<br />
sabão.<br />
Didy da porteira. — Tradescan-<br />
No Brasil é uzado para adubar lelia epiphyta. —Fam. das Commelyneas.<br />
gumes, carurús, etc.<br />
— Esta planta engraçada é digna de<br />
Emprega-se em medicina, contra o jardim ; é selvática, é do Paiz.<br />
rheumatismo, em fricções.<br />
| Dão-lhe este nome em Pernambuco.
EBA EBA 181<br />
E, semelhante á um pé de ananaz,<br />
mas sem armadura de espinho nas<br />
folhas, e muito mais pequeno.<br />
Suas folhas, de côr roixa por baixo<br />
e na base, dão-lhe um bonito aspecto.<br />
As flores são brancas; saem do centro<br />
da folhagem em uns pendõesinhos.<br />
Dá uma cápsula, por fructo, contendo<br />
um carocinho envolto em uma<br />
espécie de cartillagem branca.<br />
Vegeta sobre muros e porteiras,<br />
na contra moléstias de peito; ella é<br />
mucilaginosa.<br />
Usa-se contra a tosse (4 grammas<br />
para 275 grammas d'água).<br />
Douradinha do campo. — Palicourea<br />
rigida. Eunt e Remf. — Fam.<br />
das Rubiaceas. — Arbusto que vegeta em<br />
S. Paulo, Minas e Matto Grosso; de<br />
folhas ellipticas, um pouco agudas,<br />
Dom Bernardo.—Palicourea te-<br />
grandes, coriaceas e quasi rentes.<br />
Flores em paniculas longamente pedunculadas.traphylla.<br />
— Fam. das Rubiaceas. — ArCorolla<br />
gamopetala, tubulosa, um<br />
bustinho de Minas, aonde tem este pouco curva com a base gibosa.<br />
nome.<br />
Fructo uma baga roxa-negra um<br />
E' de ramas quadradas no cimo. pouco comprimida, contendo dois nú<br />
As folhas ovaes, lanceoladas, emparelhadas<br />
em quatro, com flores em cachos<br />
cleos.<br />
pyramidaes e grandes.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — As folhas<br />
e as cascas dos ramos são excellen-<br />
Douradinha. — Waltheria Dourates diureticos; é usada em infusão nos<br />
dinha, St. Hil — Fam. das Bythnerina- rheumatismos, na proporção de 2 gramceas.<br />
— A DOURADINHA é uma planta mas para 190 grammas d'agua fer<br />
quasi arbusto, que vegeta no Rio Grande<br />
do Sul, S. Paulo, Minus e Estado<br />
vendo.<br />
Oriental.<br />
Dragão Fedorento. — Monstera.<br />
E' ramosa, com folhas cordiformes e Adansonü, Schots. — Fam. das Aroideas.<br />
ovaes, quasi redondas, e um tanto — E' uma planta trepadeira da ordem<br />
pelludas no peciolo.<br />
dos Imbés etc.<br />
Flores reunidas em capitulos nas<br />
pontas dos ramos.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— Esta planta<br />
O pedunculo da flor é pelludo. contusa, applicada á face, é útil nas<br />
Floresce em Dezembro e Fevereiro. inflammacões de ouvido. Sua raiz acre,<br />
é empregada como cauterio nas feridas<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. —Empregam- produsidas por mordeduras de cobras<br />
Ebano. — Tecoma leucoxylon, Esta madeira exhala, quando se<br />
Mar. — Fam. das Bignoniaceas.— Arvore raspa, um cheiro agradável porém<br />
do Brazil, da Guyana e das Antilhas;' fraco; ella deixa n'agua um pouco de<br />
cujo tronco é formado de um alburno matéria corante amarella; é de uma<br />
branco, espessissimo, e de uma me- textura finissima e muito liza, e pôde<br />
dulla amarella esverdeada, pouco densa, adquirir um bello polido.<br />
formada de fibras embaraçadas umas E' incorruptível ao tempo, e usada<br />
nas outras.<br />
nas obras de marceneria.
fSS EMB EMH<br />
Egrio. — Narturlinm pnmilum, St. Emitira branca.—V Jangadeiru<br />
EU. — Fam. das Cruciferas. —Tetradtjna- ou páo de jangada •<br />
mia Monogynia, Linn. — E' uma herva<br />
silvestre do Rio de Janeiro e demais Emitira branca.—Temifera utilü.<br />
províncias, quasi sem caule, que parece<br />
ser o Agrião de Pernambuco.<br />
As folhas rebentam da superfície da<br />
Entblra jangar.—V Jangadeira.<br />
terra, e são como uma lamina sinuosa, Embira de caçador. — Gualthe-<br />
isto é offerecendo lateralmente, recorria villosissima, St. EU. —Fam. das<br />
tes irregulares; deita uns caules nos Anonaceas.— Polyanãria Polygynia, Linn.<br />
quaes se notam miudissimas flores — Arbusto oriundo do paiz, conhecido<br />
brancas, d'onde resultam pequenas sili- em Alagoas e Pernambuco por tal nome,<br />
culas, de 3 centimetros, roliças e palea_ e por Pindahyba em<br />
ceas, com grãosinhos castanhos d'entro. Minas.<br />
S. Paulo e em<br />
As raizes são logo na base das fo E' de casca escura, tendo umas eslhas.camas<br />
pela superfície do tronco; são<br />
Usam d'ella como salada, e em me flexiveis seus ramos.<br />
dicina é usado como antiphologistico. As folhas grandes, oblongas.<br />
As flores não observadas.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—Segundo Mr.<br />
O fructo capsular, oval e chato, dá<br />
St. Hilaire esta planta tem grande re pelo tronco em feixes, e tem uma seputação<br />
em Corytiba contra os catarmente dentro.<br />
rhos pulmonares, e como antispasmo- A casca d'este arbusto dá um exceldico,<br />
na dose de 8 grammas para 3~5 lente fio branco, de que se fazem ex-<br />
grammas d'agua fervendo.<br />
cellentes cordas; é a melhor bucha de<br />
espingarda.<br />
Elenti.— Amirys, hecleophilla.—Amirys<br />
Etemifera. — Fam. das Terébintha Entblra da matta branca. —<br />
ceas.— E' uma rezina produzida pela Eelicteres baruensis, Linn. e Arr. C —<br />
Icica icicariba familia das Terébinthaceas Fam. das Bombaceas.— Arvore do paiz<br />
e também pela Amirys elemifera, famique<br />
vegeta no centro das grandes mattas,<br />
lia idem.<br />
de folhas ovaes e cordiformes.<br />
Estas arvores habitam no Brasil. Flores brancas.<br />
Fazendo-se incisões na sua casca es Fructo capsular, com cinco valvas em<br />
corre uma rezina, que á principio é espiral, (em fôrma de sacca-rolhas)<br />
molle, mas toma-se secca e quebra contendo muitas sementes.<br />
diça com o tempo.<br />
A casca dá boa embira branca.<br />
E' semi-transparente, de um branco Esta arvore foi achada pelos primei<br />
amarellado, com pontas esverdeadas e ros naturalistas no Paraná.<br />
sem cheiro agradável.<br />
Entra na composição de algumas pre Embira em Pernambuco.parações<br />
externas, taes como o Bal- V. Pindahyba.<br />
samo de Arceus, Balsamo Fioravanti, e<br />
de muitos emplastros.<br />
Embeguaea.—Planta do Brasil<br />
Embira vermelha.— V. Sêmen<br />
te de Embira ou Pindahyba.<br />
de numerosas raizes longas, e de casca Embiratanha. — V. Pindahyba.<br />
dura, que serve para cordas.<br />
Diz-se que a fumaça produzida por Embiratanha. — V Barriguda d<br />
esta planta, quando queimada, é boa Sertão.<br />
para fazer desappar^cer os fluxos de<br />
cangue, ^obre tudo os das mulheres. Embira branca. — Couralaria ar
EMB EMB 183<br />
dentis albo. — Fam. das Myrtaceas —Iço- PROPRIEDADES MÉDICAS. — A casca<br />
sandrya Monogynia, Linn. — Arvore sepassa<br />
pelo melhor dos remédios para<br />
melhantissima á subsequente.<br />
feridas, golpes ou cortaduras, etc.<br />
As folhas são mais lisas, e um pouco<br />
lustrosas.<br />
Emburana brava. — Dipterix<br />
O fructo tem de duas a três sementes. peteropa. — Fam. da Leguminosas. — Arvore<br />
do paiz, que no Ceará é conhecida<br />
Embiriba vermelha ou preta. por este nome, apezar de ser conhecida<br />
—Courataria arãentis. — Fam. das Myrem<br />
outras partes por Cumbarú, Cumaru e<br />
taceas. — E' uma arvore do paiz, agresBarú.<br />
te e utilissima, conhecida por este É como a Fava de cheiro ou Cumurú.<br />
nome em Pernambuco e Alagoas. Cremos mesmo que a Emburma é o<br />
Tem porte médio; é esgalhada, ra- páo Cumaru.<br />
mosa e vertical.<br />
Folhas um pouco coriaceas, ellipti Emburana do Ceará. — V Cucas<br />
e bacas.<br />
maru, Cumbarú.<br />
Flores de um amarello desbotado, de<br />
bom cheiro, e de uma estructura par Emburana de cheiro e Caticular.martí.<br />
— Conhecida por tal nome na<br />
Tem um cálice campanulado, e com Parahyba do Norte.<br />
seis lacinias no ápice.<br />
Floresce em Janeiro e Agosto.<br />
Apresenta uma corolla, de seis divisões,<br />
circulares com uma lamina con- Emburana de cheiro da Pacava,<br />
que lhe serve de cápsula. rahyba. — V. Cumaru.<br />
. O fructo é uma nóz trapeziforme,<br />
quasi lenhosa, no ápice convexa, com Emburana mansa do Ceará.<br />
uma pequena proeminencia no meio e<br />
circulado em a metade superior pelos<br />
— V. Imbú.<br />
fragmentos do cálice.<br />
Emburerembo. — Convolvulus foi<br />
Abre por uma tampa quasi natural tida. —Fam. das Convolvulaceas. — E'<br />
deixando apparecer dentro algumas se uma planta do Pará, a qual é emprementes<br />
roliças e grandes.<br />
Os caroços do fructo d'esta planta,<br />
gada contra as mordeduras de cobras.<br />
são chamarizes dos quadrúpedes, no Embury ou Imbury. — Fam.<br />
tempo da fruetificação (pelo verão). das Palmaceas. — E' uma palmeira indí<br />
O seu lenho, lascado em tiras, é o gena e especial de Sergipe e seus arre<br />
que se emprega em Pernambuco para dores.<br />
ripas de tecer as cobertas dos edifícios Não fôrma tronco.<br />
urbanos.<br />
Suas folhas em palmas, como as demais<br />
Essas achas finas preparadas formam palmeiras, formam aquelle verticillo,<br />
feixes, que no campo são o archpte na que é commum em todas ellas.<br />
tural d'aquelle povo.<br />
Logo embaixo, na superfície da terra,<br />
Na verdade, essa arvore é o maior estende suas folhas para cima.<br />
combustível que se pôde imaginar : Seus cachos de flores são de sexos<br />
ganha fogo sem jamais apagar-se, e distinetos: um de flores masculinas,<br />
quando se apaga, agitando-se o facho e outro de flores fêmeas, em que se<br />
torna a incendiar-se.<br />
desenvolvem os fruetos.<br />
É o melhor esteio para o chão ; é Este cacho, mettido nas axillas das<br />
indestructivel. Nos terrenos movediços palmas, fôrma um capitulo ovoide, com<br />
costuma-se fazer com esta madeira a posto de órgãos escamosos, circulares,<br />
base dos alicerces, porque os solidifi em cuja escama alojam um fructo, que<br />
ca.<br />
é de duas pollegadas de comprimento.
184 ENF<br />
roliços, ovoides que tem, como o do um grupo de lâminas petaloides, colo<br />
Dendê, a superfície angulosa.<br />
ridas, umas em fôrma de Angélicas,*<br />
Depois da casca exterior existe outra outras tendo uma protuberancia e es-<br />
interior, fina, esbranquiçada, adherente porões, dando nascimento a um fructo<br />
a uma massa muito secca, de uma a á semelhança de uma vagem, que 6<br />
duas linhas de espessura.<br />
roliça ou triangular, pouco mais ou<br />
Segue-se um caroço no centro, duro, menos de 3 decimetros, contendo se<br />
com três fossetas na base, semelhante mentes mui miúdas.<br />
ao do Dendê, porém maior.<br />
Para comer-se esta frueta, rala-se em<br />
E' parasita.<br />
um pedaço de telha, para tirar a pel Enxerto tle passarinho. — Lolicula,<br />
que envolve a massa; porque ranthus brasiliensis, Lamk. — Loranthus<br />
do contrario ninguém supporta o amar divaricatus.—Fam. das Loranthaeeas —<br />
go da pellicula, que é excessivo, mes O Enxerto de Passarinho, cremos que<br />
mo com assucar.<br />
invade todos os lugares do Brasil; por<br />
O sabor da massa não é bom ; ella de conseguinte é natural do paiz, sendo<br />
termina uma nodoa, indelével sobre as por este nome conhecido em Pernam<br />
roupas.<br />
buco.<br />
E' um arbustinho que nasce sobre<br />
Embyayendo.— V. Pipi.<br />
as arvores, tecendo-as de tal fôrma que<br />
as mata, ou as inguica; e fôrma uma<br />
Estearia. —Arvore cuja casca é espécie de moita, trançando seus ga<br />
mui grossa, e um pouco amarga e adslhos delgados.<br />
tringente.<br />
Tem as folhas carnosas, sem filamentos<br />
fibrosos pelo meio, como é ge<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' empreral; são estaladiças.<br />
gada como antídoto do veneno dos Suas flores, em feixes, são como tu<br />
animaes ophidianos, (cobras).<br />
bos fendidos d'alto a baixo, brancas e<br />
oppostas.<br />
Endro. — Anethum graveolens, Linn e O fructo que é rudimentar, é um<br />
Sp.—Fam. das Umbelliferas.— Esta herva bota ovoide, pequeno, com caroço den<br />
cultivada é oriunda dos paizes do meio tro, sendo viscosas todas as suas<br />
dia da Europa.<br />
partes.<br />
E' mui delicada, seus caules são Os pássaros comem muito essa fruc-<br />
finos, com folhas recortadas e estreititinha.nhas, como fios de retroz.<br />
Não floresce entre nós como algumas CARACTERES Í)A FAMÍLIA.—As Loran<br />
outras.<br />
thaeeas são pela maior parte sub-arbus-<br />
Serve de ornamento dc jardim. tos, commummente parasitas.<br />
Como planta medicinal é poueo uzada O caule é lenhoso e ramificado.<br />
nó paiz.<br />
As folhas simples e oppostas, inteiras<br />
ou denteadas, coriaceas, persisten<br />
Enfor cadinho.—Epidendrum divates, sem estipulas.<br />
rigatum.— Fam. das Orchidaceas. —Planta As flores são diversamente dispostas,<br />
silvestre, a que<br />
nome.<br />
nas Alagoas dão este quer solitárias, quer em espigas, em<br />
cachos ou em paniculos axillares ou<br />
Ella tem os caules suceulentos for terminaes.<br />
mando touceira.<br />
Ellas são ordinariamente hermaphro-<br />
As folhas também suceulentas, sem ditas, as vezes dioicas.<br />
os filamentos que as demais tem ; são<br />
lanceoladas e alternas.<br />
O cálice é adherente ao ovario infero.<br />
O limbo é inteiro ou ligeiramente<br />
As flores são exquisitas, formando denteado.<br />
ENX
ENX ESF 185<br />
Este cálice é acompanhado exteriormente<br />
de duas bracteas, ou d'um se<br />
gundo cálice cupuliforme, envolvendo ás<br />
vezes inteiramente o verdadeiro caÜce.<br />
A corolla se compõe de quatro a oito<br />
pétalas, inseridas ao redor d'um disco<br />
epigynico, queoccupa o ápice do ovario.<br />
Estas pétalas, cuja estivação é valvar,<br />
são algumas vezes soldadas, e representam<br />
uma corolla gamopetala.<br />
Os estames são do mesmo numero<br />
das pétalas, e lhes são oppostos, sesseis,<br />
ou sobre filamentos mais ou menos'<br />
compridos.<br />
Suas antheras são introrsas.<br />
A medicina popular usa-o nas doenças<br />
chronicas do peito, tomado internamente<br />
em cosimentos.<br />
Eoaratc-seu. — PROPRIEDADES MÉ<br />
DICAS.— E' uma planta cuja raiz, fer<br />
vida em vinagre, serve em fricções na<br />
região lombar e nas extremidades contra<br />
as febres intermitentes. A raiz raspada,<br />
pela expressão dá um sueco que,<br />
misturado com vinho branco é antifebril.<br />
Eseadinha. — Erythroxylum oliveum.<br />
— Fam. das Erythroxyleas. Nas<br />
O ovario é de uma*só loja, que con Alagoas é por este nome conhecida<br />
tém um óvulo anatropo, voltado ; este uma arvore de porte pequeno e agreste,<br />
é cercado de um disco epigynico e em cujo tronco e galhos se nota umas<br />
annullar.<br />
escamas foliaceas.<br />
O estylete é freqüentes vezes' com As folhas são alternadas, grandes e<br />
prido e delgado, as vezes faltando com lanceoladas.<br />
pletamente.<br />
As flores brancas, tinetas de amarello,<br />
O estigma é muitas vezes simples. em feixes inseridos no tronco.<br />
O fructo é em geral carnoso, com- A frutinha é pequena, ovoide, e fica<br />
prehendendo uma só semente voltada, amarella na maturidade.<br />
adherente á polpa do pericarpo, que é Não se come.<br />
espessa e viscosa.<br />
Parece-se com azeitona, excepto na<br />
Esta semente encerra um endosperma<br />
carnoso, em que está collocado um<br />
côr.<br />
embryão cylindrico, tendo a radicula Esconde-fogo.—Chaenophevra erypv<br />
voltada para o hilo.<br />
tofocus. — Fam. das Melaslomaceas. —<br />
Enxerto de passarinho de<br />
Chamam nas Alagoas Escondc-fogo a<br />
uma arvore de pequeno porte e silves<br />
Pernambuco. — Loranthus—L. ametre, que tem casca esbranquiçada, folhas<br />
ricanus, Swart.— Tematus. — Fam. idem. ovaes, lustrosas concavas, oppostas.<br />
— E' outra espécie de parasita que ve As flores são brancas, em cachos,<br />
geta sobre as arvores.<br />
pequenas, e de pouco cheiro.<br />
Fôrma grupos, mas não se estende O fructo pequeno, redondo, unido ao<br />
tanto como a precedente, que fôrma cálice, de que traz os fragmentos.<br />
capa como um caramanchão.<br />
Dentro contem muitos carocinhos miu-<br />
Esta apresenta na base tuberculos, e dos, distribuídos em quatro alojamen<br />
as folhas são em verticillos de três, tos.<br />
ovaes, reviradas, carnosas; ,as flores, Ignoramos que se coma.<br />
emcachos, são avermelhadas e compridas O lenho d'esta planta oculta o fogo<br />
como tubo.<br />
de tal maneira, que não se diz que ha<br />
Por fructo tem uma baga oval, verde, signaes d'elle, mas soprando-se appa-<br />
curvada, çom uma cicatriz no ápice, rece promptamente.<br />
e uma semente d'entro; é viscoso.<br />
Os pássaros gostam de comel-o. Esfola bainha ou Paehinhos.<br />
— Xilopia aromatica. — Fam, das Anona-<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — O sueco ceas. — Este arbusto de caule escuro<br />
recente d'esta parasita é resolutivo. e folhas oblongas e um tanto grandes,<br />
26
18» ESP MSP<br />
é conhecida nas Alagoas por este nome, PROPRIEDADES MÉDICAS. —Tanto a flor<br />
e tambepi em Pernambuco.<br />
como a batata tem acção adstringen<br />
Dá suas flores em feixes pelo tronco ; te, e uza-se contra as hemorrhagias e<br />
edas são muito cheirosas; são carno- diarrhéas.<br />
sas, representando como estrellas, de<br />
côr amarella barrenta.<br />
Espinha de Carneiro. — Xan-<br />
O fructo toma a fôrma de um bilro thium macrocarpum. — Fam. das Com<br />
curvado; de maneira que acham-se postas. — Herva do Rio Grande do Sul.<br />
aquelles feixes de bilros, dentro com E' uma planta herbacea.<br />
duas sementes pretas, lustrosas, con- Acha-se uma espécie d'este gênero no<br />
vexas de um lado e planas de outros. Peru, nas visinhanças de Quito, que<br />
Esta planta produz fibras para cor talvez seja esta mesma espécie do Rio<br />
da, porém fraca.<br />
Grande do Sul.<br />
Espellina —Perianthopodus tomba. PROPRIEDADES DEDICAS. — Ella e suas<br />
— Fam. das Cucurbitaceas. —Planta congêneres de são resolutivas, applicadas<br />
S. Paulo.<br />
em banhos contra os tumores frios.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Seu emprego<br />
é como drástico, na dose de uma<br />
gramma para 500 grammas de água,<br />
tomado ás chicaras.<br />
Espia caminho.—V Eerva mijona.<br />
Espinheiro de Ameixa. — V<br />
Ameixa da terra.<br />
Espinheiro das bordas ilo<br />
Também se emprega em clysteres, nos caminho. — (de Pernambuco.) — Mi<br />
casos de envenenamento (segundo Manmosa strata. — Fam. das Leguminosas.—<br />
soj.<br />
E' oriunda do paiz; esgalha, e tem es<br />
Esta planta é um antídoto contra os pinhos, mas poucos.<br />
venenos, de qualquer natureza que Folhas muito miúdas, dispostas em<br />
sejam.<br />
palmas.<br />
As flores são em cachos, como globos<br />
Espera pelas outras. — Asler. de frocos brancos; dão um pó.<br />
—Fam. das Compostas.— Flor de jardim, O fructo de 9 centimetros de compri<br />
exótica, conhecida em Pernambuco por mento, muito chato; e as sementes do<br />
tal nome.<br />
mesmo modo. Abre-se pelas juntas das<br />
E' uma herva quasi rasteira, com divisões das sementes.<br />
folhas recortadas, cujas flores são com A madeira é rosada.<br />
postas de muitas palhetinhas, como As folhas tem a mesma propriedade<br />
Saudades, com um botão no meio ; é da Sensitiva, de contrahirem-se, porém<br />
roxa.<br />
brandamente, pelo contacto de um corpo<br />
Aquellas flores abertas não murcham, estranho.<br />
emquanto não abre alguma das outras<br />
ainda em botão.<br />
Espinheiro branco.— V. Tatajuba.<br />
Espinheiro bravo. —V. Tatajuba.<br />
Espiga dc sangue. —Eelosis brasiliensis.<br />
— Esta parasita do fel da Espinheiro ter de Cayena. — Mira,<br />
acha-se nos lugares sombrios do mosa cerca. — Fam. das Leguminosas.—<br />
matto virgem; apparece em forma de Este arbusto, de espinhos conicos, é<br />
espiga côr de srngue, e sustenta-se de indígena, e superabunda nas beiras das<br />
preferencia sobre as raizes da urtiga estradas de Pernambuco, principalbranca.<br />
| I mente nas cercas.
ESP EST 18?<br />
Elle regula a altura de uma arvore<br />
de 4 a 5 metros.<br />
Folhagem miudissima.<br />
A casca parda, o tronco cheio de<br />
espinhos até os ramos.<br />
Flores em pequeno numero, em cachos,<br />
formando espigas grandes; ellas<br />
parecem um froco de retroz amarellado<br />
ou branco, e outras vezes formam<br />
penachos.<br />
Os fruetos são bagens pardas, pequenas,<br />
chatas e membranosas, contendo<br />
poucas sementes, porém articuladas.<br />
E' uma excellente lenha.<br />
Espinheiro corno de bode ou<br />
veado. —Mimosa. — Fam. das Leguminosas.<br />
— E' um espinheiro que recebe<br />
este nome em Pernambuco porque mesmo<br />
tem a catinga de bode, quando se move<br />
ou se agita sua folhagem.<br />
Espinheiro ou Espinho de<br />
Santo Antônio.—{Sergipe.)—Fam.<br />
das Leguminosas.—Espinheiro ou Espinho<br />
de Jacu; é um arbusto indígena, a que<br />
dão este tome em Sergipe.<br />
Vegeta nos taboleiros.<br />
-Seus caules formam moitas.<br />
Pouco engrossam, e são armadas de<br />
espinhos, que se crusam em direcções<br />
oppostas.<br />
Tem as folhas ovaes.<br />
Os caules cahem sobre as outras<br />
plantas, e vão apodrecendo logo.<br />
As flores são em cachos.<br />
Os fruetos, legumes amarellos.<br />
Espirradeira. —Nerium Oleander,<br />
Linn, e Sp. — Fam das Apocynaceas.—<br />
A Espirradeira é uma flor já bem conhecida<br />
em nossos jardins.<br />
Ella é oriunda - rolla á maneira de funil, fendida em<br />
cinco ou mais divisões, que se vão dobrando<br />
por camadas concentricas.<br />
Do centro sae um pequeno feixe de<br />
filetes, como frocos de lã, com cheiro<br />
que é suave, mas pouco activo; é de<br />
uma linda côr de rosa.<br />
Os fruetos, nunca vingam ; d'ahi vem<br />
ser ella reproduzida por meio dos galhos.<br />
Ha de côr de rosa, amarellas, brancas,<br />
e côr de purpura viva; porém esta ultima<br />
variedade é rara entre nós; a de<br />
côr rosada tem umas listras brancas.<br />
Este arbusto sempre se conserva<br />
verde.<br />
Espoleta. (Nas Alagoas) — V. Jenipapo<br />
bravo.<br />
Espoleta. — V. Jenipapo bravo.<br />
Esponja. — V Corona-Cris. (contracção<br />
de Christi, porque dizem que a<br />
coroa ds espinhos foi feita de seus ramos.)<br />
Esporão. — V Maravilha (em Pernambuco),<br />
Beijo (no Rio de Janeiro.)<br />
Estaca eavallo.-^- Gratiola.—Fam.<br />
das Scrophulariaceas. —Planta herbacea<br />
da maior parte das regiões norte<br />
americanas.<br />
E' purgativa.<br />
E' a mesma Gratiola officinal, que gosa<br />
de propriedades deletérias.<br />
Estalado**. — Murraya Stloppa. —<br />
Fam. das Auranciaceas.—Nas Alagoas<br />
dão este nome a uma arvore silvestre,<br />
cujas folhas são dispostas em palmas.<br />
Suas flores, miúdas, brancas, triguei<br />
do Oriente.<br />
ras, cahem com muita facilidade.<br />
E' um arbusto que esgalha dçsde à O fructo é redondo, encerrando uma<br />
base; suas folhas são lanceoladas, estreitas<br />
e dispostas nos ramos em ver-<br />
a quatro sementes.<br />
licillos de 3.<br />
Estanca sangue. — Chrysocoma<br />
As flores são em cachos, formando san'guinea. — Fam. das Compostas. — Por<br />
um pedunculo cheio de articulações, e este nome é conhecido um arbustinho,<br />
triangular.<br />
ou antes um cipó nas Alagoas.<br />
O cálice pequeno e colorido. A co Descança sobre outras plantas.
188 EST ERV<br />
Os caules, em touceiras fracas ou uzar-se sem muita cautella. O cheiro<br />
flexíveis.<br />
é fastidioso.<br />
Folhas ásperas, medianas,lanceoladas.<br />
As flores em cachos, nas pontas dos<br />
ramos, enroscados e de um só lado,<br />
são reunidas em feixes sobre um receptaculo<br />
commum, composto de palhetinhas.<br />
As flores são brancas, pintadas de<br />
roixo, com algum cheiro.<br />
Os fruetos são como agulhetas pretas,<br />
com um feixe de pellos, que os faz<br />
voar com muita facilidade, pela acção<br />
do vento, por mais brando que seja.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' empregado<br />
nas hemorrhagias internamente,<br />
e externamente, nos ferimentos e golpes.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Empregamna<br />
contra as affecções asthmaticas, e<br />
nos rheumatismos, apenas 3 á 1 fumacinhas<br />
das folhas murcha3 e seccas<br />
em fôrma de cigarro.<br />
Administrada em alta dose, produz<br />
vertigens, somnolencia, vista turva, dilatação<br />
das pupilas, ardor na garganta,<br />
agitação, vômitos e delírio; internamente<br />
na dose de 5 centigrammas<br />
a 3 decigrammas e progressivamente<br />
até 10 decigrammas, em xarope ou pílulas.<br />
( Fig. 18. )<br />
Estoraque. — Styrax ferrugineum;<br />
Ervaca. — Fam. das Leguminosas. —<br />
E' um arbusto mediano e silvestre, habitante<br />
dos terrenos paludosos e char-<br />
Mart. — Fam. das Styraeeas. — Esta casos, ou brejos.<br />
planta habita as Províncias da Bahia e Cresce até 3 metros, pouco mais ou<br />
Minas Geraes.<br />
menos.<br />
Folhas miudissimas, dispostas em<br />
PRRPRIEDADES MÉDICAS. — E' estimu palmas.<br />
lante, aromatico ; o] balsamo, que se Flores amarellas, pequenas, á seme<br />
extrahe d'esta planta, emprega-se no lhança da flor do feijão.<br />
curativo das ulceras chronicas, e in O fructo é uma pequena vagem, chata<br />
ternamente , nas leucorrheas e gonor e articulada, isto é, como recortada:<br />
rhéas, em pílulas, na dose diária de tem grãos como os de feijão.<br />
2 a 4 grammas. Este balsamo entra na N'esta planta, quando adquire mais<br />
composição de diversos emplastos por desenvolvimento, o tecido da casca<br />
ser muito cheiroso ; costumão queima- offerece uma textura semelhante á da<br />
lo nas Igrejas, em lugar de incenso. cortiça verdadeira.<br />
Fazem d'ella optimos afiadores para<br />
Estramonio. — D atura Stramonium, navalhas e mais<br />
Lim. e Sp. — Fam. das Solanaceas. — macia.<br />
Esta planta é natural da America e<br />
objectos ; é muito<br />
do Egypto.<br />
Ervilha. — Pisum sativum, Linn.—<br />
E' de pouca altura e esgalhada. Fam. das Leguminosas. — Arbustinho na<br />
Sua côr verde é desmaiada. tural do Meio-Dia da Europa; culti<br />
As folhas alternas, formando, sinuva-se no Brazil.<br />
osidades nas pontas agudas, isto é ter E' uma espécie de feijão, redondo prominando<br />
por um aculeo.<br />
duzido por uma planta de ramos es-<br />
As flores são um pouco grandes, afugalhados, de porte pequeno.<br />
niladas, simples, ou dobradas, brancas Folhas unijugadas, e um tanto baças.<br />
e quasi sem cheiro.<br />
Flores esbranquiçadas, ou de um ver-<br />
O fructo ovoide, á semelhança de lho arroxeado, assemelhando-se a uma<br />
Maxixe, eriçado de espinhos molles ; borboletinha.<br />
dentro existem muitas sementes par O fructo é uma vagem de D a 12<br />
das.<br />
centimetros, que no seu interior con<br />
Esta planta é narcótica, perigosa de tém 3 a 4 grãos redondos, esbranqui-
FAV FAV 189<br />
çados, com um pequeno umbigo, por<br />
onde elles se inserem no fructo.<br />
Seu uso é conhecido em nossas mezas,<br />
F<br />
porque a ervilha constitue um legume<br />
com que se preparam diversos pratos.<br />
Ha muitas variedades.<br />
Fachiata. — Cauthium elongatum. — Da immensidade de favas ou feijões<br />
Fam. das Rubiaceas.— Arbusto agreste cultivados no paiz, tem-se perdido o<br />
a que dão este nome em Pernambuco. typo original, isto é, não existe um<br />
Seus caules ramificam formando tou- documento, que precisamente nos mostre<br />
ceira, armada d£ espinhos em cruz. qual a fava ou feijão primitivo que<br />
As folhas são oppostas, ovaes, lus appareceu no Brasil; e por isso achatrosas<br />
e pequenas.<br />
mos conveniente trazer a descripção<br />
As flores são como uns Jasmins, del botânica da Fava principal, para os<br />
gados, com o tubo fino, de um ama nossos botânicos se guiarem, ou mesmo<br />
rello côr [de palha; estão em grupos conhecerem melhor este gênero de<br />
nas axillas das folhas, em pequeno Fava.<br />
numero.<br />
Entre essa profusão de variedades<br />
O fructo é uma vagem achatada e nota-se a Fava de África—Fivenaine :<br />
um pouco comprida; é negro quando esta espécie é de pouca altura, ramo-<br />
maduro, branco por dentro, e contém sa e mui productiva.<br />
uma massa branca, aquosa, um pouco<br />
ácida.<br />
Fava de Angola:—Fam. das Le<br />
Empregam os caules d'este vegetal guminosas. — Arbusto trepador e exó<br />
para fazer os tapumes (*) e cercas; d'onde tico, que pelo nome indica sua pátria.<br />
vem chamarem-no Fachina.<br />
Suas fruetas são vagens de 3 % decimetros,<br />
pardas, grossas, com três su-<br />
Fava.— Vicia sativa, Linn.—Fam. turas de lado, contendo grãos brancos<br />
das Leguminosas.—A Fava, que foi assim lisos de 3 centimetros de compri<br />
classificada por Linnêo, é um vegetal mento ; o ponto que se pega a vagem<br />
oriundo da Europa, dos arredores do é pardo, e não pequeno.<br />
mar Cáspio.<br />
Diz-se que serve contra as morde<br />
E' a única espécie d'este gênero. duras de cobras.<br />
Seu caule é de um metro pouco mais Também se come, porém, fervidas<br />
ou menos.<br />
em muitas águas; pois que são vene<br />
As folhas, em palmas, são de 4 a 6, nosas<br />
dispostas de 2 em 2, oblongas, e com Também chamam Fava de cobra.<br />
uma membrana que lhes adhere (asas),<br />
um tanto espessas.<br />
Fava bico de papagaio.—Pka-<br />
E' de verde desbotado; não tem gaseolus.—Fam. Idem. — Esta fava, que se<br />
vinhas.<br />
cultiva aqui e nas Alagoas, tem este<br />
Suas flores são cheirosas, e brancas, nome.<br />
e sua vagem dá uma semente, que E' trepadeira.<br />
suppomos ser branca.<br />
Suas folhas são tçrnadas, em peciolos<br />
communs, de fôrma rhomboidal.<br />
(*) Tapagsns.<br />
As flores são brancas.
190 FAV FAV<br />
Dá uma vagem em figura de casco<br />
de navio, de 13 centimetros de comprimento,<br />
no ápice revirada, contendo<br />
trez sementes grandes, brancas e rajadas.<br />
Come-se.<br />
A primeira vista parece agreste, mas<br />
é boa de comer-se.<br />
Cultivam-na.<br />
Ha outra espécie, cuja fava é preta.<br />
Fava boca de moça.—Phaseo-<br />
Fava de cobra. — Bignonia Ophidiana.<br />
— Fam. das Bignonaceas. — lista<br />
planta, que tem este nome em Alagoas,<br />
lus saponaceus, Savi.—Fam. Idem.— parece indígena.<br />
E' uma fava cultivada no Brasil, á E' um arbusto trepador, semelhante<br />
qual dão este nome em Alagoas. ao Cipó de cesto.<br />
Seu porte é como o das demais con Tem o tronco, nas partes inferiores,<br />
gêneres ; mas suas folhas sendo como anguloso ou sulcado.<br />
das outras, são unidas, de 4 % centi As folhas em verticillos de 2, e os<br />
metros.<br />
ramos cruzados.<br />
A vagem é de 1 pollegada de com As flores são brancas como tromprimento,<br />
achatada, tendo o dorso roixo betas, com a parte tübulosa amarella.<br />
circularmente até 2/3 de sua largura. A frueta é uma cápsula um pouco<br />
Come-se também.<br />
grande, de 2 % decimetros, chata, com<br />
Esta espécie parece a de D. C. Prodr. muitas sementes dentro.<br />
— T. 2, p. 393. — Phaseolus saponaceus,<br />
Savi.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. —Empregamna<br />
nas mordeduras de cobra.<br />
Fava branca. — Phas. compressus,<br />
D. C — Fam. Idem. — Esta fava se culFava<br />
fígado tle gaEliitba, ou<br />
tiva geralmente, e é conhecida em feijão ligado de gallinha. —<br />
Alagoas e Pernambuco por tal nome. Phaseolus. —Fam. das Leguminosas. —<br />
E' proveniente de um arbustinho Esta fava, que também nas Alagoas<br />
trepador, de caules que se enrolam nos recebe este nome, tem o pé como as<br />
corpos vizinhos.<br />
outras.<br />
Suas folhas são rhomboidaes, tor O grão, porém, é meio redondo, de<br />
nadas.<br />
côr amarella de óca, e lustrosa.<br />
Suas flores, em espigas pequenas, são Come-se, mas é glutinosa.<br />
brancas, tendo a mesma estructura que Em Pernambuco é Feijão figado de<br />
a do feijão.<br />
gallinha.<br />
Sua vagem é de fôrma navicular, os<br />
grãos, que são de 2 a 3, são brancos e Fava olho de peixe. —Phaseo<br />
muitos maiores que os do feijão. lus. — Fam. das Leguminosas. — Esta<br />
Come-se esta fava, e é boa. planta é semelhante ás precedentes.<br />
Fructifica em pouco tempo.<br />
Tem as folhas compostas trifoliola-<br />
Differe da — Fava de sete semanas das, — e é trepadeira.<br />
na cor, que aquella tem roixa. As flores são brancas amarelladas,<br />
A vagem como das outras, tendo os<br />
Fava cabrocuço. — Cajanus. — grãos redondos, com o hilo roxo.<br />
Fam. Idem. — E' uma fava que nas Cultivam-na nas Alagoas, onde lhe<br />
Alagoas chamam assim.<br />
dão este nome.<br />
Ella tem o mesmo porte das outras, Serve para comer-se.<br />
tendo as folhas maiores.<br />
As flores iguaes, também, são bran Fava rajada ou pintada.—<br />
cas como que tinctas de amarello. A Phaseolus.—Fam, idem.— È semelhante á<br />
vagem é maior, mais lisa, com uma precedente nas suas partes vegetativas,<br />
espécie de umbigo comprido na semente. | conheccida nas Alagoas por este nome.
FAV FED 191<br />
Ella é branca pintada de roxo. seolus.'— Fam. Idem. —Esta é mais ge<br />
Come-se, e tem os mesmos usos. ralmente espalhada, porque por todo o<br />
paiz se encontra.<br />
Fava de rape. — V. Cumaru. E' como as de mais congêneres; tem<br />
as flores brancas, as vagens da mes<br />
Fava rim de paca. — Phaseolus- ma forma, as sementes roixas, bonitas.<br />
— Fam. idem. Esta fava é da condição Esta planta é igual á — Fava Bran<br />
de suas congêneres, e conhecida em Alaca— difierindo só na côr.<br />
goas por este nome.<br />
Ella germina ou fructifica em sete<br />
E' menos cultivada que a Boca de semanas, por isto tem este nome.<br />
moça. E' menor que ella; a côr é de E' mui bôa de comer-se.<br />
um roxo escuro, e verde; e no lugar do<br />
hilo tem uma orla circular rosada, que Fava de louco. —V Cumaru.<br />
guarnece o ponto da inserção do grão.<br />
Come-se, e tem a mesma applicação. Favinha.—Fam. das Leguminosas.<br />
— E' um arbusto vergònteado, que pou<br />
Fava riscada.— Phaseolus.—Fam. co esgalha, conhecido em Pernambuco<br />
idem. — Esta outra espécie, a que nas por este nome.<br />
Alagoas dão este nome, é quasi a Suas folhas são dispostas em palmas,<br />
mesma cousa que as outras, excepto e miudinhas.<br />
na fava, que é um tanto grande, As flores lisas.<br />
branca, riscada de roxo, e circulada Os fruetos são vagens.<br />
no hilo de uma zona rosada.<br />
O lenho d'esa planta é mui leve e<br />
Come-se, e é cultivada.<br />
branco; não dá má lenha.<br />
Fava sangue de Boi. — Phaseo Faz-ehorar- —V Caha-xio<br />
lus. — Fam. Idem. — Conhecida nas Alagoas,<br />
e cultivada.<br />
Fedegoso bravo ou Cirsta<br />
Suas condições vegetativas são seme de gallo bravo.—Eeliotropium horlhantes<br />
ás precedentes; porém a fava tense.—Fam. das Borragineas. —Este<br />
é côr de carne viva, com veios rosados herva, que abunda em Pernambuco, re<br />
em redor do hilo.<br />
cebe o nome de—Crista de gallo — em<br />
Come-se.<br />
outras províncias.<br />
Vegeta pelas hortas e qualquer lugar.<br />
Fava de S. Ignacio. — FavíUea E' de caules ascendentes, mas um<br />
trilobata. — Fam. das Euphorbiaceas. pouco — rasteiras, formando pequenas<br />
E' também chamada Nhandiroba. moutas.<br />
O óleo expresso das sementes é amar Suas folhas são um tanto estreitas,<br />
go, e empregado nas dores prevenientes crespas, porém pouco ásperas: tem<br />
da impressão do frio.<br />
alguns pellos ; é de um verde commum,<br />
Guapeva em S. Paulo é a Fava de S.. com algum brilho.<br />
Ignacio, — em Minas Eypanthera gua As flores dão nas extremidades dos<br />
peva.<br />
ramos somente; formam espigas enrascada<br />
na ponta, com as fleres engas<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — As sem entadas de um só lado, e não tem pellos.<br />
tes d'este arbusto trepador são amar- Estas flores são como pequenos fugo-oleosas,<br />
e de grande proveito na— niszinhos, roxas, manchadas de branco,<br />
Ictericia —, em dose de uma a duas offerecendo nodoas amarellas no tubo.<br />
sementes; ás vezes repetidas tornam-se O fructo é uma nóz pequena, redonda,<br />
um purgante violento.<br />
cingidapelo cálice,terminando em ponta,<br />
contendo quatro sementes pardas, quasi<br />
Fava de sete Semanas. —Pha redondas. *
193 FED FED<br />
Chamam-n"a também — Chá de Bra As folhas, quasi rhomboidaes, e enrugança.<br />
—<br />
gadas, são dispersas nos caules ou ra<br />
Esta planta pela denominação do mos.<br />
geral das províncias deve ser — Crista As flores n'uma espiga que se enrosca<br />
de gallo bravo. —<br />
no ápice, são tubulosas; engastada»<br />
em duas fileiras de um só lado do eixo,<br />
Fedegôso. (I) (outro, bravo)—Eeliotro- e são côr de lirio ou de violeta.<br />
pium reranicum, Fam. idem. — E, uma O fructo é uma espécie de noz, tendo<br />
espécie também brava, agreste, que se semelhança com uma pequena mitra da<br />
distingue em ter todos os seus órgãos côr verde, contendo quatro caroços re<br />
mais pequenos; a sua côr é verde e dondos.<br />
muito azulada.<br />
Vigora e floresce no verão.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' consi<br />
Tratamos d'esta espécie, posto que derada na therapentica pernambucana<br />
não saibamos o verdadeiro nome po como uma das plantas mais rocommenpular,<br />
para mais esclarecer a questão daveis por suas virtudes curativas, e<br />
da distincção do — Fedegôso e Crista é applicada, interna e externamente,<br />
de gallo ; — por quanto implica confu como calmante do systema nervoso, na<br />
são a diversidades de nomes arbitrá paralysia, asthma, tosse convulsa eu<br />
rios, para uma mesma planta, nas dif coqueluche, tosses recentes e antigas,<br />
ferentes províncias.<br />
suffocação, catarrhos pulmonares, etc;<br />
Convém, dizer que do verdadeiro mes e em geral contra todos os soffrimenmo,<br />
ha duas espécies, como aqui adiante tos da vias respiratórias; sendo um<br />
mostraremos.<br />
excellente lenitivo para aquelles que<br />
padecem de tísica pulmonar.<br />
Fedegôso do Pará. — Eeliotro-<br />
Sua efficacia contra o tétano ou espaspium<br />
indicum, Mille, e Swatz. — Fam. mo é assegurado por grande numero<br />
daz Borragineas. — Planta herbacea do de pessoas.<br />
Pará.<br />
Não ignorando nós o que acabamos<br />
Suas folhas são cordiformes e ásperas. de dizer e esforçando-nos por ser útil<br />
As flores em cachos, pequeninas, á humanidade soffredora preparamos<br />
azuladas e unilateraes.<br />
com essa planta—pílulas, tintura xarope<br />
e vinho ; achando-se pois os refe<br />
Fedegôso verdadeiro, ou<br />
ridos medicamentos promptos para sa<br />
Crista de gallo. — Tiaridium utitisfazer as precripções dos Srs. facullissimnm:<br />
— Tiaridium elongatum, — tativos, e acudir ás necessidades de to<br />
Fam. idem. — A planta conhecida em dos os emfermos.<br />
Pernambuco sob a denominação de Todos os dias se nos apresentam no<br />
— Fedegôso,— é nas Alagoas sob a de vos testemunhos da efficacia d'esta im<br />
— Crista de peru, — e no Rie de Japortante planta.<br />
neiro e províncias do Sul do Império Doses — as pílulas são applicadas de<br />
pela de — Crista de gallo. —<br />
trez a quatro por dia, aos doentes de<br />
E' o Tiaridium utilissimum ou Tiaridium<br />
elongatum de Swatz, e o Eelioiropium<br />
carossodium de Mart.<br />
Herva oriunda do paiz; tem seus<br />
caules cylindricos, ramosos e ascendentes.<br />
Pellos ásperos em seus órgãos.<br />
(1) Fedegôso na Bahia, Espirito Santo,<br />
Rio «e Janeiro etc, é a Cássia Occidenlalii.<br />
7 a 15 annos ; e uma a duas, aos meni<br />
nos de 2 a 5 annos de idade.<br />
A tintura, internamente é applicada<br />
na dose de vinta a trinta gotas, em<br />
um copo d'agua, dando-se d'essa agoa<br />
duas colheres das grandes, de 2 em 2<br />
horas aos adultos, uma aos adolecentes,<br />
e uma das pequenas aos meni<br />
nos.<br />
Internamente é applicada em fri.ções
FED FEI 193<br />
por todo o corpo, contra o tétano, ou sementes pardas, de figura oheonica,<br />
espasmos e convulsões, trez vezes por com dois espinhos no ápice; em tudo<br />
dia, por meio de escovas ou de flanella o mais é armado de espinhos.<br />
emhebida d'essa substancia.<br />
Esses espinhos são agudos, e agar<br />
O Xarope é applicado na dose de uma ram-se á roupa.<br />
colher de sopa, trez ou quatro vezes Também o chamam — Amor dos ve<br />
por dia aos adultos; duas a trez por lhos — nas Alagoas ; — Federal — no<br />
dia aos adolescentes, e duas a trez co- Ceará; e em Pernambuco —Espinho gualheres<br />
de chá aos meninos.<br />
birú. —<br />
Este Xarope é tomado puro, ou diluído<br />
na quarta parte de um copo PROPRIEDADES MÉDICAS. — Empregam-<br />
d'agua, ou em alguma tisana apropriano em cosimento para dores de dentes<br />
da, como infusão de tilia ou de althea. acompanhadas de inflammação do rosto.<br />
O vinho é applicado do mesmo modo E' de proveito nas diarrheas, mesmo<br />
que o xarope, com preferencia no té chronicas, segundo afiirma pessoa<br />
tano ou espamo. (Fig. 19.)<br />
fidedigna.<br />
Fedegôso verdadeiro (outro),ou Feijão. — Phaseolus vulgaris, Linneo,<br />
Crista de gallo. — Tiaridium ani- Fam, das Leguminosas, — E' planta lelatum<br />
— Fam. idem. — O vulgo não tem nhosa ou herbacea, que mui freqüen<br />
distinguido entre o Fedegôso verdadeiro temente trepa e se enrosca ao redor<br />
e o falso, qual a que pertence esta das outras arvores.<br />
espécie ; porque ella realmente se con Folhas pinnuladas, tendo três foliolos.<br />
funde com a antecedente.<br />
Flores brancas, amarellas ou ver<br />
Cresce menos, alastrando mais. melhas.<br />
Suas folhas são mais ovaes, e me O fructo é sempre uma vagem oblonga,<br />
nos pelludas.<br />
bivalve, encerrando grande numero de<br />
As flores são em espigas semelhan sementes reniformes, e farinaceas, que<br />
tes, porém mais curtas; não tem man offerecem um alimento simples, agracha<br />
amarella nas flòrinhas, e são mais dável e nutriente.<br />
estreitas.<br />
O feijão contem muitos princípios<br />
O fruetinho ,é igual.<br />
nutrientes.<br />
Por não conhecerem essa differença, Convém principalmente aos estôma<br />
applicam-nas sem distineção uma da gos robustos; as espécies de feijão são<br />
outra; e talvez d'isto nasça a impro- muito numerosas.<br />
ficuidade no remédio muitas vezes, Ha 1,016 variedades ; os mais usuaes<br />
attribuindo-se á volúbilidade do me no Brasil são feijão branco, fradínho,<br />
dicamento.<br />
mulatinho e preto.<br />
Federal ou Amor dos velhos. Feijão anão.—Phaseolus nanus,<br />
— Silphium anti-dysenterica. — Fam. Linn. das —Fam. Idem. — W nm feijão in<br />
Compostas. — Herva silvestre conhecida troduzido na Europa desde remota anti<br />
em Alagoas por este nome.<br />
güidade, como o de que falíamos acima.<br />
E' de 4 a 6 centimetros de altura, Foi levado das índias Orientaes.<br />
com pellos brancos em todas as partes. Este é de pouca altura, e não se es<br />
Folhas molles, de verde amarellado, tende; é o chamado Feijão mulatinhq.<br />
oppostas e desmaiadas.<br />
Os demais d'esta qualidade, de que<br />
Flòrinhas amarellas, em um feixe de ha de todas as cores, mesmo na Eu<br />
folhetinhas verdes, com pequenas lâropa, fazem nm grande ramo de comminas<br />
amarellas em redor, e tubosinhos mercio .<br />
no centro.<br />
D'esses feijões do commercio notam-se<br />
Os fruetos, de 4 a 5 linhas, são como os seguintes.
191 FEI FEI<br />
Feijão bacamarte. — V Feijão<br />
Gruguiuba.<br />
Feijão enxofre. — E' como o cas<br />
tanho na fôrma, mas a côr amarella<br />
bonita.<br />
Feijão de boi de capoeira.— Feijão ligado de gallinha. —<br />
Capparis olindensis. — Fam. das Cappa- Semelhante ao feijão enxofre, mas a cor<br />
ridaceas. — Esta planta, que é agreste, é de um amarello barrento.<br />
engrossa seu tronco até quasi um pal Depois de cosinhado fica glutinoso<br />
mo de diâmetro.<br />
Com casca escura, que forma o in-<br />
e escorregadiço.<br />
voltorio de seus ramos, densos, e tre- Feijão lradinlto. — Dolychos mopadores.nackalis,<br />
Brot.— Fam. idem.—Caule her-<br />
Folhas, que são disposta^em palmas baceo semi-rasteiro.<br />
alternadamente.<br />
As folhas ovaes agudas e lisas.<br />
São ellipticas, um pouco carnosas e Flores em pequenos cachos; legume<br />
duras.<br />
meio roliço.<br />
As flores, em cachos, são brancas com Semente branca, côm uma mancha<br />
partes rosadas.<br />
negra no hilo.<br />
Sae do seu centro um feixe de file E' natural da Lusitânia.<br />
tes torcidos e longos.<br />
Feijão gitirana.— Zornia crypto-<br />
Tem o fructo como vagem roliça e semina. — Fam. das Leguminosas. —V,'<br />
pendente, demonstrando os lugares das conhecida esta planta por este nome<br />
sementes, envoltas em polpa branca, na província das Alagoas.<br />
sondo estas pardas e reniformes. E' agreste, trepadeira e tem os caules<br />
finos.<br />
Feijão de boi, (outra). —V. Fei Suas folhas são bifoliadas.<br />
jão da Praia.<br />
As flores amarellas.<br />
A vagem é deprimida, chata; sendo<br />
Feijão bravo. — V. Matla-paslo.<br />
Feijão Caboclo.—E' como o bran<br />
notável que nunca se acham as sementes.co,<br />
porém menor e de cor vermelha. Feijão grugutuba.—Fam. idem.<br />
—E' uma espécie de feijão, cujo grão<br />
Feijão carrapato. —Phaseolus é de quasi trez centimetros de com<br />
lumidus e Sphacricus. — Fam. Idem. primento, — roliço e vermelho, deixando<br />
Planta, rasteira volúvel e glabra. ver-se um marchetado da mesma côr,<br />
Folhas ovaes, acuminadas.<br />
mas escuro, quasi invisível.<br />
Flores brancas, em pequenos cachos. E' bom de comer-se ; porém, dizem<br />
O fructo recto, mucronado, de 9 a que é mais indigesto que as outras es<br />
12 centimetros, semi-cylindrico. pécies.<br />
Semente espherica ou oval, inchada, Ha outra espécie que tem a côr<br />
e toda alva.<br />
Ignora-se sua pátria.<br />
amarella.<br />
Feijão da índia.—Dolichos si-<br />
Feijão castanho. —E' de côr nensis. —Linn. —Fam. idem. —Caules<br />
cinzenta; na fôrma se parece com o alastrados, herbaceos e lisos.<br />
feijão mulatinho, mas marchetado de Folhas ovaes agudas.<br />
branco, que o torna lindo.<br />
Pedunculo com duas flores pallidas.<br />
Feijão coco. — V. Barú.<br />
O legume roliço pendente.<br />
O grão alvo ou rubro.<br />
Feijão de corda. — V. Macassa. E' natural da índia ou China.<br />
Feijão macassar ou dc corda.
FEI FEL 195<br />
— Cajamis. — Fam. idem. — Este feijão, Feijão mija em pé. — Fam.<br />
que suppomos ser conhecido de todo idem. — E' um feijão semelhante ao<br />
o paiz por um d'estes nomes, é o pro precedente; mas sua vagem cresce<br />
dueto de uma planta alastrada. mais, e é mais larga alguma cousa.<br />
Folhas compostas, trifolioladas, meio O grão é também maior e branco,<br />
triangulares.<br />
reniforme, e o hilo preto.<br />
As flores são pouco juntas, e ás vezes E' bom de comer-se.<br />
solitárias, e de côr amarella descorada Ha outra côr de rosa.<br />
e roxa; dá então a vagem estreita e Em Sergype chamam-no Sete se<br />
rolica, formando ondulações.<br />
Dentro acham-se de 8 a 10 sementes<br />
manas.<br />
brancas, trigueiras, reniformes. Feijão" mulatinho. — O grão é<br />
Este, com quanto usado nas mezas, reniforme, côr de ganga; sendo muito<br />
não goza do apreço dos outros ; mas novo é côr de canna.<br />
comtudo tem os seus affeicoados.<br />
Esta planta possue virtudes enérgi Feijão da praia ou de boi.<br />
cas, como antiscorbutica. Ella é mui — Sophora littoralis. — Fam. idem. Esta<br />
produetiva, e prematura na frutificação. planta conhecida em Pernambuco por<br />
esses nomes, é agreste, e vegeta pelas<br />
Feijão manteiga. — Cajanus. — praias.<br />
Fam. idem.—Herva cultivada ; de caules E' um arbustinho de 1 metro.<br />
em touceira, sem alastrar.<br />
Seus caules esverdinhados quasi sem<br />
Folhas em palmas trifolioladas. pre em touceira.<br />
Flores um tanto grandes e arroxeadas; As folhas de um verde azulado, em<br />
a vagem se confunde com a do Feijão palmas symetricas.<br />
macassar ; mas é mais roliça e pequena, As flores, em espigas, são amarellas,<br />
o feijão é roxo amarellado, com ponto não offerecendo nada de notável.<br />
branco, um tanto mais redondo que o A vagem é parda, articulada, isto<br />
macassar.<br />
é, moniliforme (a semelhança de rosá<br />
Este feijão é mui saboroso ; dá de rio) ; os grãos de côr de castanha,<br />
dois mezes, e sempre tem matéria para<br />
colheita.<br />
ovoides, e duros.<br />
Feijão preto. —Phaseolus Derasus.<br />
Feijão do matto. — Cássia hep- Schran. — Fam. idem. — Os grãos tem<br />
fandra. —Fam. idem. —Nas Alagoas a forma dos do precedente, mas são de<br />
dão o nome de Feijão do matto a este côr preta, com o hilo branco.<br />
arbustinho, de pequeno porte, esga Dizem ser o menos flatulento, e por<br />
lhado, com folhas dispostas em palmas isso procurado para alimento dos con-<br />
de sete.<br />
valescentes.<br />
As flores amarellas,em grandes cachos,<br />
dispostas á maneira de rosa singella, Feijão vermelho.— V. Macassar»<br />
sem cheiro e com os filetes no centro.<br />
O fructo é uma vagem longa de 24 Fel da terra. — Lophophytum mi-<br />
á 48 centimetros, e roliça; mas a surabile, Mart. — Esta parasita singular<br />
perfície sulcada, de 3 centímetros de poderia considerar-se como a primo<br />
largura, e meio chata, verde, pendengênita de um vegetal fungoso e phate,<br />
contendo no seu interior muitas neroganico.<br />
sementes pardas claras; donde exsuda A tubera contem substancias seme<br />
um sueco leitoso, que applicam contra lhantes ao cogumelo.<br />
empigens, com proveito.<br />
A planta, em vez de folhas, está<br />
As folhas são empregadas pelas la- revestida de escamas, e offerece vervadeiras.dadeiros<br />
estames e pistillos.
190 FIA FIG<br />
As tuberas em geral são pequenas, Figo.— Ficus carica, Linn. —Fam.<br />
porém podem chegar ás vezes a um das Urticaceas. — Sendo a figueira in<br />
tamanho gigantesco ; crescem de pretroduzida no Brasil desde epocha iinferencia<br />
sobre as raize3 das Legumimemorial, apenas contamos quatro<br />
nosas, principalmente sobre as da ar ou seis espécies, ao passo que na Euvore<br />
lngá miúdo: mimosa semialata. ropa existem muitas.<br />
A figueira é originaria do Oriente<br />
Feto grande. — Pteris caudatum, e da África.<br />
Will. — Fam. dos Fetos.—Cryptogamia, Cultivam-na nos paizes da Europa<br />
Linn. — E' uma planta da ordem dos em profusão, pois que ella faz um ramo<br />
vegetaes imperfeitos.<br />
de commercio.<br />
E' de um arbusto leitoso, de caule<br />
Feto macho do Brasil. —Sa-<br />
acinzentado, apresentando nós ou artimambaya.<br />
Polypodium incomem?—Fam.<br />
culações.<br />
idem. — Planta do Brasil.<br />
Folhas palmatinerviadas com cinco<br />
Tem as folhas pennadas, de lacineas<br />
lobos; são ásperas e sem brilho.<br />
oppostas, lineares, e obtusas, convexas<br />
As flores são dentro de uma espécie<br />
na face inferior.<br />
de casulo pyriforme, tendo na parte<br />
Caule e face inferior das folhas co<br />
superior uma pequena abertura, cercada<br />
bertas de uma camada de pequenas<br />
de escaminhas rubras.<br />
escamas.<br />
Dentro estão as paredes d'este órgão,<br />
Ha outras espécies, segundo Martius.<br />
ornadas de flòrinhas, que são como<br />
Polypodium percussum (Cavanilles), Poly<br />
que um aggregado de pevides, horipodium<br />
sepultum, Eoulf; todas estas essontalmente<br />
situadas.<br />
pécies contém um óleo acre, e gosam<br />
Vingando, esse casulo verde toma a<br />
de propriedades vermifugas.<br />
côr de sua espécie, fica molle, doce,<br />
Fiandeiro.—StalagmUes officinale. saboroso.<br />
—Fam. das Guttiferas. —Nas Alagoas Come-se é então todo este órgão, que<br />
esta arvore assim conhecida.<br />
constitue o que chamam fructo da Fi<br />
Tem a casca côr de castanha. gueira ou figo.<br />
Folhas dispostas em pares exsudam As espécies que temos visto no paiz<br />
um sueco leitoso.<br />
são :<br />
Suas flores são brancas, constituídas<br />
O Figo roxo.— Uma espécie cuja<br />
por quatro palhetas obovaes, dispostas<br />
frueta cresce pouco.<br />
em cruz, tendo grande numero de fi<br />
E' de um roxo escuro, muito doce,<br />
lamentos no centro<br />
e dentro vermelho.<br />
O fructo é carnoso, redondo, com<br />
quatro ou trez grãos dentro.<br />
O Figo branco.—Cresce bastante<br />
Não se come.<br />
e engrossa; sua côr é verde amarel-<br />
Esta arvore dá traves para construclada<br />
por fora e dentro branco.<br />
ção urbana, e bons esteios.<br />
Fiandeiro falso.—Mappa semina- O Figo rajado. —Na sua forma<br />
rosa.—Fam. das Euphorbiaceas. — Esta e volume é semelhante ao branco.<br />
arvore conhecida em AJagôas por tal<br />
nome, é de porte elegante, e copada. O Figo roxo grande. — Que é<br />
Suas foUias dispostas alternadamente como o primeiro, porém maior.<br />
são ellipticas.<br />
Não é só estimado como excellente<br />
Dá um fructo semelhante ao car- frucUa, também possue qualidades mérapato,<br />
(ricino).<br />
dicas.<br />
Cápsula com trez gomos, e trez se Os grelos da figueira pisadoã serve m<br />
mentes dentro.<br />
de remédio contra bronchites, em xa-
FLO FLO 197<br />
rope, e para curar feridas; não falhando<br />
de outras propriedades da planta<br />
porque com o figo secco, por exemplo,<br />
preparam nas pharmacias tisanas, muito<br />
usadas como emollientes e peitoraes.<br />
Figueira branca. — V Gamelleira<br />
de purga. — Dá no norte de Minas<br />
Geraes. Bahia e Sergipe.<br />
Figueira da índia.—V. Jamacarâ.<br />
Figueira do inferno V- Estramonio.<br />
As flores em um estojo, como cortina,<br />
encerram uns grãosinhos<br />
Ella fluetua nas águas de todo o<br />
paiz.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Contusa, é<br />
Figo de Gamelleira. —V Ga mucilaginosa e acre; serve por isso<br />
me tleir a.<br />
para curar postemas, ou abeessos ; e<br />
antigamente era usada internamente<br />
Figo do matto. —V- Gamelleira. de infusão contra as urinas sangüíneas,<br />
diabetis insipida, tumores dos<br />
Figueira da Barbaria. — Cactus membros, erysipelas, moléstias herpe-<br />
opuntia, Enighi. — Fam. das Cactaceas. ticas e hemoptysis.<br />
— E' um arbusto do paiz.<br />
Contam os pretos que as fontes que<br />
Seu caule é ramificado, moniliforme, as tem ficam empregnadas de matérias<br />
i.é, offerecendo constricções de distancia acres, o que produz como uma espé<br />
em distancia.<br />
cie de envenenamento eólicas e dysen-<br />
Suas flores são roseas, inseridas no terias. Isso não está averiguado.<br />
caule, que é cheio de espinhos longos<br />
em feixes.<br />
Flor de babado ou de Ba-<br />
O fructo é uma baga rubra, cheia beiro. —Echites longiflora, Déf.—Fám.<br />
de muitos grãosinhos pretos, mergu das Apocynaceas. — Este arbusto é colhados<br />
em uma polpa.<br />
nhecido por este nome. em S. Paulo,<br />
Rio de Janeiro e Minas Geraes.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— O fructo é<br />
E' um arbusto cujas raizes são na-<br />
antiscorcutico, e tinge de vermelho as piformes; colhidas de fresco contem<br />
ourinas; emprega-se como refrigerante um sueco lácteo, e quando sêcCas dão<br />
nas febres gástricas, biliosas. Verde e muitas rezinas, cuja acção é drástica.<br />
pisada é útil nas ulceras sórdidas. Os tropeiros (1) a empregam, em infusão<br />
ou em cosimento, contra as febres<br />
pútridas dos cavallos e mullas, como<br />
remédio de summa efficacia.<br />
Flor de casamento. — Echites.<br />
— Fam. idem. — Esta planta é congênere<br />
da precedente, seu sueco lácteo<br />
é rèsolutivo.<br />
Com esta flor os indígenas do norte<br />
se adornam.<br />
Flor dágua ou Lentilha de Flor de janeiro. — V. Cebola<br />
água.—Pistia occidentalis, P. S. sesem. —<br />
Tratiotes, Linn. —Fam. das Araceas. — Flor de macaco. — V. Corona-<br />
Planta que vegeta no Brasil, nas An Chris.<br />
tilhas, e índias Òrientaes.<br />
E' aquática; é uma pequena herva Flor do paraiso. — F, Flor de<br />
fmetuante sobre as águas, formando um Pavão.<br />
feixe de folhas ovaes, em cujas bases<br />
ha um feixe de raigotas, que inseridas<br />
Flor de pavão. — V. Brio de<br />
á um caulesinho deitado, de distan<br />
estudante.<br />
cia em distancia brota novas folhas e (1) Conductores da tropas ou caravanas,<br />
raizes.<br />
cavallos, etc.
198 FOL FOI.<br />
Flor de Quaresma. — V Maperfiomm.—Fam. das Acanthaceas.—<br />
nacan, ou Santa Maria de Pernambuco. Herva natural do paiz, que recebe este<br />
nome em Alagoas.<br />
Flor de Quaresma, (do Sul) — E' uma plantasinha do quatro deci<br />
Lasiandra maaimiliana, D. C — Fam. metros de altura, de caule quadran<br />
das Melaslomaceas. — Arbusto das progular inferiormente lanceolado<br />
víncias do Sul, conhecido por tal nome. zo.<br />
e li-<br />
É esgalhado.<br />
As folhas são sempre poucas.<br />
Suas folhas são ovaes, com pellos As flores, de 1 a 3, afuniladas e de<br />
ásperos em uma parte de seus ór um roxo azulado, grandes em proporgãos.ção<br />
da planta, e quasi sem cheiro.<br />
As flores roxas.<br />
Corolla recortada em cinco dentes.<br />
A frueta é uma cápsula secca. O fructo é uma capsulasinha em fôrma<br />
A casca d'esta planta serve para de pião, allongada, de meia pollegada<br />
tingir de negro.<br />
de comprimento ; abre por si e lança<br />
Ha mais outras congêneres, que tèm quatro sementes, onde existem umas<br />
os mesmos usos.<br />
espécies de dentes.<br />
Esta herva applica-se nas affecções<br />
Flor de 8. Miguel. — Pétrea. de fígado.<br />
Fam. das Verbenaceas. — Planta do Rio Ella sempre está florida, tanto pelo<br />
de Janeiro e de Minas.<br />
verão como pelo inverno ; vegeta em<br />
Esta planta tem o uso geral das Pernambuco.<br />
Verbenaceas.<br />
Folha de fonte ou Fonte. —<br />
Flor de veado. — Cryptolepis e- Arum. — Fam. das Araceas. —Por este<br />
duliflora. — Fam. das Apocynaceas. nome — é conhecida em Pernambuco uma<br />
Planta conhecida em Alagoas por este trepadeira, ou para melhor dizer,,um.<br />
nome, e em Pernambuco por Cipó cipó parasita.<br />
correia.<br />
Seu caule, como cipó, entrança-se<br />
E* um arbustinho trepador, nas arvores das mattas e capoeiras,<br />
E' arroxeado; deita um sueco leitoso ainda junto ás cidades, e muito gosta<br />
de todas as suas partes.<br />
das palmeiras; emitte prolongamentos,<br />
Suas folhas, inseridas por pares, pelos quaes se agarra.<br />
são ovaes, com veios roxos.<br />
As folhas são lisas e lustrosas, de<br />
As flores são em cachos, amarellas, 3 a 4 decimetros de comprimento, e<br />
afuniladas, com manchas roseas no em fôrma de coração alongado.<br />
centro, divididas em cinco lâminas As flores são em espiga, de 1 a 2<br />
oblíquas, e com o tubo vermelho. decimetros, aonde estão inseridos os<br />
As fruetas são duas cápsulas gemi- órgãos floraes dos dois sexos, separanadas;<br />
porque cada flor produz um dos em um estojo membranoso e ven-<br />
fructo gêmeo, que é pardo, de 2 % detricoso, que os guarnece na base.<br />
cimetros de comprimento, e muito es Os fruetos desenvolvem-se n'esta estreito<br />
; a semente é coroada por um piga; são bagas, que não se come.<br />
feixe de pellos louros, que parecem Esta planta applicam os alveitares<br />
seda.<br />
do interior na cura de moléstias cu<br />
O decocto d'esta planta applica-se tâneas dos cavallos; ella é um pode<br />
contra as dores de dentes; e as flores roso abstergente.<br />
servem de alimento para os veados. As pretas vendedeiras de mangabaa<br />
Cipó correlhas é outro nome vulgar forram os taboleiros com as folhas d'esta<br />
pelo qual se conhece esta planta. planta.<br />
Folha de fígado.—Blechum sem-<br />
Folha da fortuna. — Verea in-
FOL FOL 199<br />
volucrata. —Fam. das Crassulaceas. nada — nas Alagoas e também em Per<br />
Em Pernambuco chamam assim a uma nambuco.<br />
herva de caule ascendente, e mancha Seu tronco é alourado.<br />
da de roixo, esgalhada ; formando for- As folhas de verde amarellado^, ásquilhas,<br />
com os ramos oppostos. peras, de pellos louros, da grandeza<br />
As folhas ovaes, grossas, carnosas, de 3 a 5 decimetros, em<br />
denticuladas, com as bordas roxeadas. coração ablongado.<br />
fôrma de<br />
Sua floração em cachos oppostos, As flores, em cachos, são brancas,<br />
ternados.<br />
mui cheias de filetes.<br />
As flores são tubulozas, divididas O fructo é uma baga redonda roxa<br />
inferiormente em quatro lobos; são de escura; seu tegumento externo é mem-<br />
côr verde.<br />
branoso.<br />
Seu tegumento com quatro carpellas Ha internamente uma massa ama-<br />
trigonas no centro.<br />
rellada, aquosa, envolvendo um caroço.<br />
Estas folhas brotam nas extremidades O lenho d'esta arvore é usado na<br />
rebentos, que são novos vegetaes, logo carpintaria, é duradouro; se bem que<br />
que são tiradas e postas em casa, esbranquiçado resiste á acção dos in-<br />
penduradas na parede.<br />
sectos destruidores.<br />
Empregam-o em construcção de ca<br />
Folha grossa. — V. Sayão.<br />
sas.<br />
Folha de lança. — Eelíconia lan- Folha santa, de Pernambuceolatifolia<br />
— Fam. das Musaceas. co. — É — Arum maculatum — Fam. das Ara-<br />
uma planta selvática, assim chamada ceas. — E' natural do paiz conhecida<br />
em Pernambuco; também recebe o em Pernambuco por este nome, e se<br />
nome de Pacavira<br />
melhante âo Tinhorao, bem conhecido.<br />
E' herbacea, do aspecto de uma ba- Suas raizes são bulbosas.<br />
naneirinha, e cujas folhas têm peciolos Suas folhas, nascidas do alto da raiz<br />
compridos e roliços.<br />
na superfície da terra, tem peciolos lon<br />
As folhas tem cerca de 4 1/2 decigos, e são compridas, em forma de corametros<br />
a mais; são lanceoladas e lisas, ção ; tem uma mancha rubra no cen<br />
As flores nascem de um caule,,que tro.<br />
se prolonga do centro ; são formadas As flores são como um estojo, em<br />
por um involtorio commum, vermelho, cujo meio existe uma espiga engas<br />
em cujo centro se acha um cacho de tada de flores, que parecem pequenas<br />
flores, dividido em grupos alternados, granulaçoes esbranquiçadas<br />
os quaes envolvem outras interna Empregam as flores contra feridas.<br />
mente, tudo • com involtorios parciaes<br />
e vermelhos, com as^ extremidades su Folha de urubu.—Pothos quaperiores<br />
verdes.<br />
drangularis — Fam. das Araceas. —Cha<br />
Cada flor tem seu tegumento diaphamam em Pernambuco a esta folha ou<br />
no, vermelho.<br />
planta — Folha de urubu. —<br />
Tem os filetes á maneira de peque E' rasteira.<br />
nas fitas, e um fructo triangular com Suas folhas são reunidas em feixes<br />
três sementes, cada uma em seu com- ao rez do chão, de 1 metro entre a<br />
partimento.<br />
limbo da folha e seu peciolo ; tem os<br />
O fructo é á semelhança da banana pés quasi que angulosos, roliços e verdes.<br />
pequena, com um umbigo verde. As folhas oblongas; lisas e lanceoladas.<br />
Folha larga. — Elaeococea macro- As flores são como as da — Folha<br />
phylla.—Fam. das Euphorbiaceas.—É santa, — pouco mais ou menos com<br />
uma arvore silvestre, assim denomi um fructo igual.
SOO FRU FRU<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—Esta herva<br />
é empregada pelo povo em cosimento,<br />
como excellente remédio contra<br />
os rheumatismos em banhos ; passa por<br />
efflcaz.<br />
r Folha de cravo do matto. —<br />
fora pintada dc pontos vermelhos 4<br />
semelhança de uma pequena mangaba.<br />
Frueta tle macaco. — V. Murta<br />
Frueta tle macaco. —V. Murta<br />
Pseudo-caryophillus. — Arvore impor maior.<br />
tante da serra dos Órgãos.<br />
A cultura d'esta arvore seria de mui Frueta pão de caroço. — Arta<br />
importância para o paiz.<br />
tocarpus, Linn.—Fam. das Urlicaceas.—<br />
E' de um aroma muito agradável, Bella e elegante arvore da índia o do<br />
igual ao do Cravo da índia.<br />
Costa de Malabar.<br />
E' ^empregada como condimento, e é E' alta, de 10 metros, e de casca cin<br />
carminativa: as folhas são aromatica s. zenta.<br />
Deita sueco rezinoso de todas as suas<br />
Frei Jorge. — V. Quiri.<br />
partes, e é revestida de bonitas folhas<br />
de dois palmos pouco mais ou menos,<br />
Frueta d* Arar a. — V. Andáaçú. como palmas e lustrosas.<br />
(Minas ).<br />
Nas flores estão os sexos distinetos;<br />
uma espiga semelhante á do milho,<br />
Frueta tle cachorro.—V Mamma menor e mais fina, compõe-se das flores<br />
de cachorro, de S. Paulo e Minas. masculinas, e uma, globulosa, compõese<br />
das femininas.<br />
Frueta do Conde.— V. Condessa. Estas, ganhando desenvolvimento, tornam-se<br />
do tamanho da cabeça de um<br />
Frueta de gentio. — E' agreste menino; sua superfície verde, amarella,<br />
esta planta de S. Paulo e Minas, ond e áspera, sem lustro, formando figuras<br />
por este nome é conhecida.<br />
pentágonas ou hexágonas.<br />
E' arbusto trepador, de folhas re Sua casca é fina, e tem um pequeno<br />
gulares e despontadas.<br />
ponto proeminente; encontra-se dentro<br />
Flores como as das Cucurbitaceas. uma massa branca amarellada, e um<br />
Fruetos em cachos encarnados na tanto viscosa, dividida em<br />
maturidade ; são redondos, de, 3 centimetros<br />
de diâmetro, com casca fina, e<br />
o interior esbranquiçado; a semente é redonda<br />
e chata.<br />
E' um drástico, que se emprega em<br />
gente e nos animaes.<br />
E' pouco commum.<br />
Frueta de Jaeú. — Spinacia Jacumina.<br />
— Fam. das Chenopodiaceas. —<br />
Este arbusto, que tem este nome nas<br />
Alagoas, é agreste, de porte médio,<br />
foUias grandes, isto é, maiores que de<br />
ordinário, tendo quasi 2% decimetros<br />
de comprimento, e lustrosas.<br />
Flores em cachos, com os sexos separados;<br />
são esbranquiçadas.<br />
Dá uma fruetinha de menos de 3<br />
centimetros, meio ovoide, amarella, por<br />
T alojamcntos,<br />
que oecupam o interior da frueta.<br />
Cada um d'esses alojamentos tem um<br />
caroço ovoide, esbranquiçado, de 3 centimetros.<br />
Um caule penetra em seguimento ao<br />
pedunculo até o interior da frueta.<br />
Este caroço come-se, e serve de sustento<br />
ao povo entre nós; assa-se, cozinha-se,<br />
piza-se e faz-se uma espécie<br />
de feijão; mas não é tão apreciável<br />
esta frueta, como a de massa.<br />
Frueta pão.—O fructo encerra<br />
uma grande quantidad e de amido.<br />
As sementes também se comem assadas<br />
ou cozidas.<br />
A casca da arvore batida, e; preparada,<br />
serve para fazer tecidos.<br />
Faz-se das amêndoas uma emulsão,
FRU FRU SOI<br />
que se adoça, e é empregada nas gonorrhéas-<br />
code á procura d'esta frueta no tempo<br />
de sua colheita.<br />
Frueta pão de massa. — Ar- Frueta dc pomba (de Minas).<br />
tocarpus incisa, Linn. — Fam. idem. — Erythroxylum —<br />
Pelleterianum, St. EU.<br />
Esta outra é em tudo semelhante á — Fam. das Erythroxylaceas.—Esta<br />
precedente, differindo em que o fructo planta vegeta em Minas Geraes.<br />
cresce quasi sempre mais alguma cousa, E* um arbusto de folhas oblongas,<br />
e chega ás vezes a 2 % decimetros de que parecem enferrujadas, isto é, alou-<br />
diâmetro; mas a principal differença radas.<br />
está em não ter esses caroços dentro. Floresce pelo caule e ramos.<br />
compõe-se de massa espessa, tenaz, O fructo pequeno, um pouco longo,<br />
um tanto secca, doce e mui agradá trigono, sulcado, e crustáceo; é um<br />
vel.<br />
tanto vermelho.<br />
Entre ella alojam-se umas sementi Pelo sen nome dá logo a entender<br />
nhas pardas, como umas pevides, de que serve de alimento ás pombas.<br />
duas a três linhas de comprido ; essas<br />
fruetas assam-se, cozinham-se, e fazem Frueta de pomba(de Cuyabá).<br />
as vezes do pão; tem muito bom sabor, — Erythroxytnm Unguifugum.— Fam. das<br />
melhormente assada e comida com Erythroxylaceas. — E' um arbusto, que<br />
manteiga.<br />
em Cuyabá vegeta e recebe este nome.<br />
E' mui substancial, e na arte culinária<br />
é muito estimada; d'ella se PROPRIEDADES MÉDICAS. — A casca da<br />
fazem excellentes podins, etc. raiz d'este arbusto é preconisadacomo<br />
Tem virtudes medicinaes; goza de efficaz remédio para as mordeduras de<br />
propriedades laxantes, e suas folhas cobras.<br />
são empregadas como remédio contra Frueta de pomba (do Rio de<br />
rheumatismo.<br />
Janeiro).—Erythroxylum subrotundum,<br />
Esta só se planta de estaca. St. EU.—Fam. idem.—E' um arbusto<br />
Foi no extineto Jardim Botânico de que vegeta do Rio de Janeiro para o<br />
Olinda que se plantaram viveiros d'esta Cabo-Frio.<br />
arvore, e d'ali se espalhou por todas Suas folhas são quasi redondas.<br />
as províncias do Império, principal As flores solitárias e poucas.<br />
mente dé Pernambuco para o sul. O fructo é ovoide, pequeno e molle,<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—A decocção que depois se torna coriaceo.<br />
das folhas é usuda em banhos nas dores Floresce esta planta em Setembro, e<br />
rheumaticas.<br />
cremos ser pasto das pombas.<br />
Frueta de seringa. — V. Quiabo<br />
Frueta de pavão. — Schmidelio de Cayenna.<br />
edulis, St. EU.— Fam. das Sapindaceas.<br />
— Esta frueta de S. Paulo e Minas Ge Frueta de tucano do campo.<br />
raes passa por muito boa.<br />
— Erythroxylum cotinifolium, St. EU.—<br />
E' de uma arvore do paiz, cujas Fam. idem.—E' um arbustinho que<br />
folhas são compostas, trifolioladas, cresce em S. Paulo e Minas Geraes, e<br />
oblongas e lanceoladas.<br />
que tem os caracteristicos seguintes :<br />
As flores são brancas, e de sexos se Folhas obovaes.<br />
parados.<br />
Flores algum tanto reunidas, com<br />
O fructo é uma drupa de três gomos, escamas nos ramos, e caule ramoso.<br />
com três sementes, cobertas de subs Deita uma frutinha insignificante,<br />
tancia doce.<br />
que pelo nome indica o prestimo que<br />
Floresce em Outubro, e o povo ac- tem.<br />
28
SOS FUM<br />
Floresce em Abril na província do Ordinariamente nas espécies brasi<br />
S. Paulo.<br />
leiras adquire menos<br />
nas outras.<br />
altura do que<br />
Fructeira de arara. —V. Anda- Os primeiros que conheceram o Tabaaçu.co<br />
foram os Hespanhóes da Ilha do Tabago,<br />
que por este nome o designaram.<br />
Fructeira de burro.—Uvaria fe Esta planta, já propalada em Portubrifuga.<br />
— Fam. das Anonaceas. E' uma gal, dizem que então foi trazida pelo<br />
planta anti-febril.<br />
embaixador Nicot, o qual em sua volta<br />
á França o offereceu á Catharina<br />
Fructeira do conde. — V. Con- de Medicis.<br />
dessa. — Foi importada na Bahia pelo D'ahi vêm os nomes de Nicotiana ou<br />
Conde Diogo Luiz de Oliveira em 1626. — Eerva da Rainha, — que se deu a<br />
E' frueta doce, mucilaginosa e própria esta Solanacea; mas só no reinado de<br />
para os eonvalescentes.<br />
Luiz XIII, durante o*ministério do Duque<br />
de Richelieu, foi que o Tabaco se<br />
Fructeira de lobo. — Solanum<br />
espalhou geralmente, e o seu uso se<br />
Lycocarpum, ou Solanum auriculalum,<br />
desenvolveu.<br />
Fam. — das Solanaceas. — Planta do<br />
Esta planta estava destinada aexperi-<br />
Ouro Preto e do Rio de Janeiro.<br />
mentar toda espécie de vicissitudes.<br />
Fructeira do pavão. — V. Fruta Ora eram suas qualidades altamente<br />
do Pavão.<br />
gabadas, e não duvidaram chamal-a —<br />
Eerva Santa, — Eerva Sagrada — Pa-<br />
Fructeira de perdiz. — V Murici.nacèa<br />
aromatica, prestando já as milagrosas<br />
propriedades que lhe attribuiam<br />
Fructeira de pomba.—V. Frueta<br />
de pomba.<br />
os habitantes da Florida e os braziluiros.<br />
Um jesuita chegou a escrever um<br />
poema elogiando o Tabaco.<br />
Fumo. — Tabaco.— Nicotiana taba- Outras vezes o ridículo c as persecum,<br />
Linn. e Will, — Fam. das Solanaguições<br />
procuraram restringir ou aboceas.<br />
— Planta herbacea ou sub arbuslir seu uzo, e os Reis pareceram ligar-se<br />
tiva, de caule recto e cylindrico. para aniquila-la inteiramente.<br />
Folhas muito amplas, molles, de Jacques I declarou á Inglaterra que<br />
um verde escuro.<br />
o Tabaco devia ser abolido como herva<br />
Flores roseas, ou purpurinas, de uma suspeita, escrevendo esse mesmo Rei<br />
só peça, em forma de funil, de cinco lo uma satyra contra os fumantes.<br />
bos e cinco rugas.<br />
Os Papas Urbano VIII e Clemente XI<br />
Sementes muito pequenas e nume não trepidaram em lançar bullas, e fulrosas.minar<br />
com a excommunhão aquelles<br />
Conta-se cerca de 24 espécies de que tomassem Tabaco nas Igrejas.<br />
Nicolianas; o maior numero d'estas existe Izabel de Inglaterra mandou alem<br />
n'America Meridional.<br />
disto que as authoridades confiscassem<br />
Na Nova Hollanda ha somente uma as caixas de tabaco.<br />
espécie.<br />
Uma ordenação de Transylvania ame<br />
As flores d'estas são quasi sempre açou com a perda de bens os que cul<br />
esverdinhadas, com tudo apparecem tivassem esta planta.<br />
algumas brancas ou de uma bella côr A crueldade foi ainda mais longe<br />
de rosa.<br />
na Pérsia, na Turquia e na Rússia,<br />
Seus estames apresentam muitas onde Amaret IV e o grão Duque de<br />
variedades.<br />
Moscovia prohibiram o uso do Tabaco<br />
Um de seus filetes offerece sempre sob pena da perda do nariz; e na re<br />
algumas anomalias.<br />
incidência da perda da vida; entretan-<br />
FIM
FUM FUM S03<br />
to nem o ridículo nem os decretos dos As sementes são oblongas.<br />
Reis rigorosos poderam oppôr óbices a Este é o Fumo do matto das Alagoas.<br />
sua propagação.<br />
O de Pernambuco é o seguinte:<br />
O Fumo é um veneno narcótico, acre ;<br />
produz vertigens e tremores continua Fumo bravo.— Achyranthes corymdos,<br />
acompanhados de dejecções excesbosa, Wild.—Fam, das Amaranthaceas.—<br />
sivas, e contracção da pupilla. Planta herbacea, natural da índia.<br />
O Fumo é cultivado em todas as pro O cosimento da planta, temperado com<br />
víncias do Norte e Sul do Império do sal, é empregado internamente, ou em<br />
Brasil, e promette tornar-se este gê clysteres, contra sezões.<br />
nero um dos mais valiosos productos<br />
de exportação nacional.<br />
Fumo bravo.— Solanum tabacifor-<br />
E' offerecido ao mercado debaixo de me, Vell.— Fam das Solanaceas. E' uma<br />
diversas formas, como em folhas, pasta, espécie assim baptisada. (Velloso)<br />
rolo, picado e preparado em charutos e<br />
cigarros.<br />
Fumo bravo de Minas. — E' a<br />
Eerva collegio, no Rio de Janeiro.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—E' um narcótico<br />
acre, é empregado nas ne-<br />
Fumo do matto, de Pernamvralgias,<br />
epilepsia, coqueluche, tétano, buco.—<br />
asthma, e também na hydropisia nos<br />
catarrhos chronicos, paralysia da bexiga,<br />
etc.<br />
O pó do Fumo aspirado pelo nariz,<br />
produz um agradável prurido; o uso<br />
moderado de rape é útil ás pessoas<br />
estudiosas.<br />
Internamente 2 grammas de folhas<br />
para infusão em 250 grammas d'agua<br />
fervendo.<br />
Externamente 60 grammas de folhas<br />
para ,750 grammas d'agua fervendo.<br />
Fumo bravo ou do matto<br />
(das A lagoas) — Coronilla stipuladissima.—<br />
Fam. das Leguminosas.—E' um<br />
arbustinho mui elegante na epocha da<br />
floração, natural de Alagoas.<br />
E' esguio, de 1 a 1 1/2 metro de ai-'<br />
tura; quasi não esgalha.<br />
O caule avermelhado, e coberto de<br />
prolongamentos foliaceos, transversalmente<br />
situados.<br />
No ápice é que tem as folhas compostas<br />
trifolioladas ; os foliolos obtusangulos.<br />
As flores são em cachos, de uma cor<br />
de rosa bonita e viva; o que lhe dá<br />
muita graça.<br />
Os fruetos são vagens em fôrma de<br />
contas de rezar, divididas por articulações<br />
; são de côr de castanha.<br />
s Elephantopus, Mart. — E. scaber,<br />
Linn.— Fam. das Compostas.—Esta<br />
planta indígena do Brasil tem recebido<br />
diversos nomes nas differentes províncias,<br />
como mostraremos.<br />
E' um subarbustinho que cresce em<br />
nossos campos, e quasi nunca dá nas<br />
cidades, a não ser cultivado.<br />
Cresce seu caule até 1 metro e 2 centimetros<br />
pouco mais.<br />
São obovaes e agudas as suas folhas,<br />
cuja côr é acinzentada ; ellas são<br />
ásperas, por causa dos pellos curtos<br />
que tem e abraçam o caule.<br />
As flores, no ápice dos ramos, em<br />
cachos, compõem-se de um invólucro<br />
foliaceo, no qual apresentam-se poucas<br />
flòrinhas, como jasminsinhos.<br />
O fructo é como que uma pevide que<br />
nunca attrahe a curiosidade do observador<br />
pela sua insignifleancia.<br />
Chamam-na também Lingua de vacca,<br />
apezar de ser & Lingua de vacca outra<br />
espécie do gênero.<br />
Dá-se • em cosimento nas febres asthenicas,<br />
quando vem com grande abatimento.<br />
A raiz abunda em extracto amargo<br />
e princípios adstringentes; precipita<br />
o ferro em verde, contém uma rezina<br />
balsamica, e alcalina.<br />
Fumo do matto em lingua tupinica é<br />
Sucuaya.
SO-1 GAL GAM<br />
Gr.<br />
Gafanhoto. — E* a Raiz de cobra,<br />
chamada assim no Maranhão e no Pará.<br />
Gajerii ou Guajerú. — Multi-<br />
caulis icaco, Linn. — Fam. das Rosaceas.<br />
Elle floresce em Maio e Setembro.<br />
E' adstringente e corroborante.<br />
— E' um arbusto que cresce espon Gamelleira brava.—Ficus gla»<br />
taneamente no littoral do Brasil; elle bra.—Fam. das Urticaceas. — E' também<br />
fôrma moita, chegando seus caules até chamada Figo do matto.<br />
de 1 a 2 metros de altura.<br />
Esta arvore é do paiz, e • recebe este<br />
As folhas são quasi redondas, de côr nome por todo lugar.<br />
verde, lustrosas, grossas e estaladiças. Afasta-se pouco do aspecto da outra<br />
As flores em cachos são brancas e Gamelleira.<br />
com cheiro suave.<br />
E' uma arvore lactifera, collossal,<br />
O fructo é uma espécie de perasi- freqüente no littoral, copada e de folhanha<br />
espherica, de 3 centimetros pouco gem densa.<br />
mais ou menos de diâmetro, com umas O tronco algumas vezes forma grandes<br />
saliências na superfície.<br />
cavidades angulosas de alto a baixo,<br />
Quando maduro é liso, de pello fino, com capacidade sufficiente muitas vezes<br />
e côr escura-viva.<br />
para oceultar um homem.<br />
No seu interior encontra-se uma Seus caules e ramos finos tem umas<br />
massa branca, de duas a três linhas excrescencias foliaceas ; as folhas são<br />
de espessura, elástica e doce, com um obovaes, quasi redondas,lustrosas, gros<br />
resaibo adstringente, a qual envolve sas e grandes.<br />
um caroço que occupa o centro; ella As flores e fruetos, como os da fi<br />
agarra nos dentes, quando se come ; gueira mansa ou cultivada, porém com<br />
não é má, mas não é frueta de estima. a differença que são menores, e ama-<br />
Dá no verão.<br />
rellados, mesmo quando verdes ; são<br />
Nas Alagoas chamam-na Guagirú, no brancos por dentro, e pouco rosados.<br />
Maranhão e no Pará Guajuri.<br />
Os pássaros os comem.<br />
O leite que escorre das incisões, que<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—A raiz, a se fazem no seu tronco, é em maior<br />
casca e as folhas são applicadas nas abundância que o leite da Figueira<br />
diarrhéas chronicas, fluxo da urethra, branca, mas o d'aquella conserva-ae<br />
leucorrhéa e nas caimbras de sangue. liquido e muito viscoso, e serve para<br />
apanhar pássaros ; este coagula-se de<br />
Gallinha choca, ou Mercúrio maneira que não se presta bem para<br />
do.campo.—Erythroxylum suberosum, esse fim.<br />
St. EU.—Fam. das Erythroxyleas.— Este A arvore dá boa sombra.<br />
arbustinho, que cresce no solo de Minas No Rio de Janeiro chamam a frueta<br />
Geraes, tem as folhas ellipticas, co Figo do matto.<br />
riaceas.<br />
Ha outra espécie, cujas folhas são<br />
As flores em feixes.<br />
menores.<br />
O fructo redondo e pouco observado. O fructo da Gamelle ra é semelhante<br />
A casca fornece uma tinta côr de ao figo, porém mais redondo na base,<br />
rosa empregada na tinturaria. e não é tão perfeitamente piriforme.
GAM GAR SOS<br />
Tem dua3 escamas grandes e duas<br />
pequenas na base.<br />
No ápice tem duas aspas levantadas.<br />
A côr da frueta é parda clara; mas<br />
no interior é como no figo.<br />
Tem um cheiro semelhante ao dos<br />
morcegos.<br />
Não se come, e só estes animaes lhe<br />
fazem festa.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — O sueco é<br />
acre e tido por anthelmintico, usado<br />
contra as hydrapisias.<br />
O Dr. Lino Coutinho professor da<br />
faculdade de medicina da Bahia, o empregava<br />
nas opilações.<br />
E- um bom remédio para as boubas<br />
arbóreas, enrola-se sobre outras arvores,<br />
até as matar.<br />
Tem o seu tronco de 2 54 decimetros,<br />
pouco mais ou menos, de diâmetro.<br />
As folhas são alternas, grandes, de<br />
um verde vivo, ovaes, grossas, e lustrosas.<br />
Gangoncú.—Attalea speciosa, Mart. ^<br />
Gamelleira branca das es — Fam. das Palmaceas. — Palmeira da<br />
tima veis, ou de purga. —r Ficus America Meridional e do Brasil, cujos<br />
doliaria, Mart. — Fam. idem. — E' uma fruetos são comestíveis.<br />
arvore do Brasil, que pelo seu pres- As folhas são de 3 á 6 metros de<br />
timo medicinal, é da estima do povo. comprimento, e servem para cobrir<br />
E' ramalhuda e lactifera.<br />
As folhas tem os peciolos um tanto<br />
casas.<br />
compridos, e são ovaes, lisas e mesmo Ganha-saia. — Lubelia edulis. —<br />
lustrosas.<br />
Fam. das Lobeliaceas. — E' também co<br />
As flores estão encerradas em uma nhecida esta planta por Crista de Peru,<br />
espécie de casulo obconico e pequeno. e tem ambos estes nomes nas Alagoas.<br />
Seu fructo é igual ao da Figueira, E' uma herva cujos caules são ver<br />
com a differença de ter 1 % centímetro de des e angulosos, com uma espécie de<br />
comprimento, e não prestar para co babadinho em todo seu comprimento.<br />
mer-se .<br />
Folhas lanceoladas na base, em<br />
Fazendo-se incisões no tronco escor forma de coração, um tanto ásperas e<br />
re um sueco leitoso (leite de gamel de verde desmaiado.<br />
leira), que applicam aos doentes de Flores rubras, com o tubo que,<br />
hydropisia e opilação, com uma dieta abrindo dois lábios, deixa vêr dentro<br />
rigorosíssima, prescrevendo-se-lhes um uns filetes reunidos em um corpo<br />
anno de privações de certos alimentos. allongado.<br />
Do abuso d'esta dieta podem resul O fructo é uma cápsula com muitas<br />
tar ao doente graves inconvenientes,.e sementes; deita um sueco de todos os<br />
até a morte.<br />
seus órgãos.<br />
Applicam-na contra as dores de dentes<br />
: também se comem as folhas depois<br />
de bem cosidas em duas ou três<br />
águas.<br />
Garabú ou Guarabú ou Garabú<br />
preto. — Astronium cocieneum.<br />
A. fraxinifolium.—Fam. das Terébin<br />
dos pés, vulgarmente chamadas cravos . thaceas. — E' uma arvore do paiz, muito<br />
A madeira serve para gamellas. conhecida em Pernambuco e mais •províncias<br />
do Norte, da qual transuda,<br />
Gamelleira trepadeira, ou por incisões na casca, um sueco resi-<br />
trepadeira gamelleira. — Synoso, que é um excellente balsamo,<br />
phonia volubilis. — Fam. das Guttiferas. de cheiro terebintaceo, de que os mé<br />
— Esta arvore indígena cresce natudicos usam como da mesma terehentina.<br />
ralmente nas Alagoas, onde recebe este A madeira serve para construcção<br />
nome.<br />
civil e naval.<br />
E' celebre, porque, com proporções E' reputada entre as melhores.
soo GEN C.EN<br />
Garapirôca.— E' uma arvore do<br />
paiz.<br />
Gararóba.— E' também uma arvore<br />
indígena.<br />
Garauna.— V. Barauna.—Omesmo<br />
que — Maria-preta.<br />
Arvore do Rio de Janeiro, cuja madeira<br />
c preta.<br />
Garfuana.— Cilorus tinctoria.— E'<br />
uma planta de tinturaria.<br />
Gaviróba.— E' uma palmeira de S.<br />
Paulo que descobrio-se ha poucos annos<br />
Diz-se que com o seu palmito se<br />
cura a diabetis.<br />
A cavidade central è dividida oni<br />
trez compartimentos por uma membrana<br />
branca, onde se encontram trez a quatro<br />
sementes redondas, de 3 centímetros<br />
chatas, cujo epispcrma é rugoso com<br />
pequenas protuberancias e de cor parda<br />
clara; esta semente é dura c quebradiça<br />
; contem uma amêndoa branca<br />
d'onde se extrahe, por expressão, um<br />
óleo excellente para illuminacão,<br />
Não é commum seu fabrico.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—Este óleo<br />
é uzado externamente na cura das erysipelas,<br />
impigens e mordeduras de cobras,<br />
segundo asseguram alguns.<br />
Genciana brasileira.— Lisian-<br />
Gengibre, ou genglvrc. — Zinziber<br />
officínale, Rose. e Linn.—Amomum<br />
Zimgiber, Linn. —Fam. das Amomaceas.<br />
thuspendulus, Mart.— Fam. das Genciana- — O Gengibre é natural das Goyannas,<br />
ceas.—Os Lisianthus são plantas herbadas<br />
Antilhas, e também do Brasil;<br />
ceas, raramente subarbustos.<br />
foi também chamado Mangaratiá por<br />
São todas naturaes da America M e- Pison.<br />
ridional, com poucas excepções.<br />
E' uma planta herbacea, cujos cau<br />
A raiz é amarga, tônica, e estomachica. les se elevam pouco.<br />
Ha diversas espécies. Lisianthus ala- As folhas lanceoladas, de côr verde<br />
tus,—Lis. purpurascens—Lis. graudiflo- gaio, invaginantes.<br />
rus, etc.<br />
As flores, em espigas escamosas,<br />
Tem lis mesmas propriedades. abrem-se suecessivamente ; são amarellas,<br />
com um labello manchado de rubro.<br />
Gendiroba ou Gindiroba e O fructo é uma cápsula com trez<br />
IVItandiroba.— Feuillea nhandiroba, lojas, e sementes em cada uma d'ellas.<br />
Linn. — Fam. da cucurbitaceas — Juss. O — rhisoma d'esta planta constitue<br />
E' uma fruta que nasce spontanea- um gênero de commercio; appresenta<br />
mente, e também se cultiva.<br />
a configuração de dedos reunidos, ru-<br />
E' do Pará, e conhecida em Pernamgosos, articulados, cobertos de uma<br />
buco, Maranhão e Alagoas por este casca tênue, parda, amarella, cuja subs<br />
nome.<br />
tancia interna é compacta, aquosa,<br />
Provem de um arbustinho trepador, picante fortemente, de cheiro activo,<br />
de caule esverdinhado.<br />
e agradável.<br />
Folhas cordiformes e lustrosas. E' extremamente quente, na lingua<br />
Dá flores muito pequenas e amareigem vulgar ; tem muito óleo volátil, e<br />
ladas, em cachos grandes.<br />
amido; irrita fortemente a membrana-<br />
O fructo, de 1 a 2 decimetros de diâmucosa.metro, redondo, achatado, tendo na O povo se serve muito d'esta raiz<br />
parte superior um circulo formado por como carminativo, e também como<br />
uma sutura.<br />
Só quando maduro è quasi amarella.<br />
adubo.<br />
O pericarpo ê fino e unido a um corpo PROPRIEDADES MÉDICAS.—E' um ex<br />
interior, branco, carnoso, tenaz e um citante útil administrado nas dyspe-<br />
pouco molle, de côr parda clara.<br />
psias, por atonia do estômago, nas
GEO GES SO?<br />
eólicas flatulentas, e no cholera mor- Bacharel José de Saldanha da Gama<br />
bus; mas cumpre haver discernimento Filho.<br />
no seu emprego, e mormente na dose. A vegetação do Brasil é extremamente<br />
variada, porque a situação, e<br />
Gengibre dourado. —Amomum sobre tudo a altura das províncias<br />
zingiber chrysanthum, Rose. v Sperg.— d'este vasto paiz, offerece por si mesma<br />
Fam. Idem. —E' outra espécie que disposições excessivamente notáveis.<br />
varia de nome conforme as províncias; Altas cadeias de montanhas estabe<br />
em Pernambuco e Alagoas é Gengibre lecem muitas vezes mudanças consi<br />
dowrado, em Sergipe e na Bahia Assaderáveis<br />
nos paizes que ellas percorrem.<br />
frão.<br />
Formam também vastas chapadas,<br />
A planta tem os mesmos caracterís freqüentes vezes elevadíssimas, e que<br />
ticos que o outro Gengibre<br />
offerecem uma vegetação inteiramente<br />
A raiz é semelhante a do Gengibre differente da das regiões menos ele<br />
ordinário, com a differenea de não ter vadas, situadas nas margens do oceano,<br />
o seu aroma, nem ser tão rugosa. sob o mesmo nível.<br />
O cheiro é desagradável, a côr amarella<br />
alaranjada, ou côr de ouro. Gequitibá rosa ou vermelha.<br />
Empregam-na em tinturaria. — Couratari legahs. — Fam. das Legu<br />
Em alguns lugares serve para dar minosas.— Grande arvore, de vasta copa.<br />
côr á comida, assim como em Sergipe, E' ella um verdadeiro typo de ele<br />
onde tem o nome de Assafrão. gância e magestade de nossas florestas.<br />
E' usada na tinturaria.<br />
A sua madeira é vermelha rosada,<br />
e empregada em obras internas, principalmente<br />
em assoalho e forros.<br />
Geographia botânica brasileira—Dos<br />
paizes do Globo, o<br />
Brasil é aquelle cuja vegetação se<br />
apresenta mais rica e mais variada.<br />
E' a região das bellas florestas vir<br />
gens, tão bem descriptas pelos viajantes<br />
que a tem percorrido, particularmente<br />
pelos Srs. Saint-Hilaire e<br />
Martius.<br />
O Brasil é de algum modo a terra<br />
promettida dos naturalistas, ainda que<br />
todas as partes d'este vasto Império<br />
só estejam imperfeitamente conhecidas,<br />
e não tenham sido exploradas,<br />
senão de corrida, por pequeno numero<br />
de naturalistas; entretanto pensamos<br />
que não menos de dezeseis mil é o<br />
numero das espécies de plantas, que<br />
tem ido para a Europa.<br />
E, talvez mais para diante, este numero<br />
possa ser quasi duplo, se os<br />
homens de sciencia estabelecidos nas<br />
diversas províncias d'este paiz, tão<br />
digno de interesse, procurarem com<br />
cuidado estudar as producções naturaes<br />
d'elle.<br />
Bem bons serviços já nos vai pres<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— E' um ads<br />
tringente muito usado em gargarejos<br />
contra as anginas.<br />
Gergelim.—Sesamum indicum, Will.<br />
— Sesamum orientale, Linn. — Fam. das<br />
Bignoniaceas.— Herva natural da índia,<br />
cultivada em Pernambuco e nas Alagoas.<br />
Também é conhecida por Gingilim.<br />
Tem 1 metro de altura, caule simples.<br />
Folhas medianas e molles.<br />
Flores em espigas longas, em fôrma<br />
de cometas, de côr branca roxeada.<br />
O fructo é uma cápsula pelluda, da<br />
qual se extrahe uma fecula, proveitosa<br />
contra as hydropisias, segundo affirmam<br />
alguns.<br />
*<br />
Gericô.—Planta que vegeta sobre<br />
as pedras junto dos rios.<br />
Uza-se contra a asthma e em geral<br />
qualquer tosse, em infusão que se prepara<br />
com 8 grammas para 500 grammas<br />
d'agua.<br />
tando o distineto naturalista o Sr. { (;(>ssiara, Jussara.—V. Assahy.
SOS GIN GIN<br />
Gleão. — Serposa Cearensis. — Fam. ra do Brasil. — Cham. Prunus.<br />
das Cruciferas. —Herva delicada do sphcerocarpa, Sivartz.— Fam. das Rosa-<br />
Ceará e Pará.<br />
ceas. — Arvore que vegeta cm S. Paulo,<br />
E' uma planta que se cultiva, pouco Minas e Matto Grosso, e que de al<br />
vulgar em Pernambuco.<br />
gum modo representa as Cerejeiras de<br />
Parece-se com o Coentro, com as folhas Europa, caracterisadas como estas pelo<br />
mais profundamente divididas. cheiro de ácido hydrocyanico.<br />
As flores saem de um pendão ver E' conhecida em lingua tupinica por<br />
tical ramificado e espigado ; ellas são Juá-açú, Juá-uva.<br />
tão pequenas, que parecem estar sempre Tem as mesmas propriedades do Louro<br />
em estado de botões; exhalam aroma Cereja da Europa.<br />
sendo esfregadas entre os dedos; são Ha outras espécies.<br />
inseridas nas espigas alternadamente.<br />
A sua tintura é cheirosa; passa por<br />
Gingeira brava. — V. Cerejeira<br />
ser optimo medicamento, nas affecções<br />
brava.<br />
do thorax, nas fluxões, etc.<br />
Gingeira da terra.—Solanum<br />
O fructo é uma silicula comprimida, psenão-capsicum, Linn. —Fam. das So-<br />
de duas lojas ; as lojas são monoslanaceaes. — E' um arbustinho natural<br />
permicas.<br />
da Madeira, que entre nós se chama<br />
As sementes, inseridas no septo, são Ginja da terra; cresce até um e meio<br />
louras, chanfradas de um lado no hilo ; metro, mais ou menos.<br />
tem os cotilydones curvados sobre si Suas folhas são lanceoladas e persis<br />
mesmo ; a radicula conica desenvolve tentes.<br />
na semente uma espécie de mucilagem. As flores brancas.<br />
Gilbardelra.—Ruscus aculeatus.<br />
O fructo é uma baga semelhante á<br />
Linn.— Fam. das Asparagaceas.—E' um<br />
da pequena Cereja amarella ou vermelha.<br />
arbusto exótico.<br />
Floresce em Junho e Setembro.<br />
Sua raiz é diuretica, empregada nas<br />
Sem duvida esta espécie é cultivada<br />
hydropisias, e affecções das vísceras<br />
nas províncias do sul do Império.<br />
urinarias.<br />
Ginja ou Cereja.— PrunusCera-<br />
As sementes torrefactas são consisus, Linn. — Cerasus vulgaris, Mill. —<br />
deradas como succedaneas do café. Fam. das Rosaceas. — Arvore originaria<br />
Chamam-no Eoux azeâinho.<br />
da Ásia Menor, e que se cultiva de<br />
ha muito na Europa.<br />
Gilô. — Solanum melongena.— S. ovi- Também desde muitos annos no Bragervm.—<br />
Solauum racemiflorum, Dun.— sil, nas províncias do sul do Império;<br />
Fam. das Solanaeeas. — Esta planta é e cremos que também no Pará.<br />
amarga, e é por isso tônica.<br />
E' uma arvore de porte mediano.<br />
O fructo é usado como condimento, Seu fructo é vermelho e amarello,<br />
ou antes alimento.<br />
em fôrma de coração, tendo uma pol-<br />
E' das Antilhas, e cultivada no Brasil. legada de diâmetro; seu tegumento é<br />
memhranoso.<br />
Ginjcira da Jamaica.— Malpi-<br />
A massa é aquosa, ácida, doce e<br />
ghia glabra, Will—Fam. das Malpighia-<br />
agradável.<br />
ceas. — Planta herbacea do Brasil e de<br />
Alem da espécie d'Azia ha mais duas<br />
outros lugares d'America.<br />
espécies cultivadas.<br />
E' elegante, e seus fruetos são co<br />
A casca da Ginja ou Cereja tem sido<br />
mestíveis.<br />
apregoada como suecedaneao da Quina.<br />
Vegeta no Pará.<br />
O fructo sendo bom de comer-se, é<br />
Gingeira brava ou Cerejei<br />
ao mesmo tempo ligeiramente laxativo,<br />
diuretico.
GIR GIR S99<br />
Ginsão. — Panax quinquefolium. bom para luz; o bagaço que provem<br />
Linn. —Aureliana Canadensis.—Fam. das sementes, depois da expressão do<br />
das Auraliaceas. — Planta originaria do óleo, serve de alimentação para o gado.<br />
Norte da America e da China.<br />
Arbusto de raiz fusiforme, verme Gira-sol de batatas ou Topilha<br />
por fora, amarella por dentro. nambor.— Eelianthus tuberosus, Linn<br />
As folhas são em verticillos. e Spt.—Fam. Idem.—Esta planta é outra<br />
As flores em cachos, pequenas. espécie de Gira-sol oriunda do paiz, se<br />
O fructo uma baga redonda e vermelhante a outra, mas tendo a flor<br />
melha.<br />
muito menor.<br />
Passa por aphrodisiaca.<br />
E' cultivada na Europa pela utilidade<br />
de sua batata, que faz a base da sus<br />
Gicfue. — V Imbuzeiro.<br />
tentação dos animaes.<br />
Chamam-n'o em Europa Topinambour.<br />
Giqairili.— Abrusprecatorins, Linn. E' mui apreciado, porque] suas tuberas<br />
— Fam. das Leguminosas. — Planta, cuse<br />
conservam em bom estado debaixo<br />
jas sementes pulverisadas e postas em da terra, tirando-se a porção que se<br />
infusão n'agua fria, são usadas como precisa;<br />
collyrio nas ophtalmias.<br />
A flor não acompanha o giro do sol<br />
Passa por tóxica.<br />
como a outra.<br />
A batata do Topinambor é oblonga,<br />
Gira-sol. — Eelianthus annuus, Linn. earnosa, avermelhada por fora; cosida<br />
—Fam. das Compostas. — E' natural do é também alimento do homem, pois é<br />
Peru, cultivado ha muitos annos no semelhante, na massa, ás outras ba<br />
Brasil( em nossos j,ardins.<br />
E' herbacea, de 1 a 2 meèros de<br />
tatas.<br />
altura-<br />
Giricó ou Gericó, —Em Pernam<br />
Caule verde, pouco esgalhado ; folhas buco recebe este nome um arbustinho<br />
verdes esbranquiçadas, cordiformes, lan que se enrosca sobre outras plantas por<br />
ceoladas, ásperas, alternas.<br />
meio de gavinhas.<br />
Flores vistosas, sobre um largo disco, Folhas cordiformes ou sagittadas.<br />
e de côr amarella; ellas acompanham Suas flores em cachos, e palmadas,<br />
o sol em seu gyro, e d'ahi é que lhe são ;miudas, esverdinhadas e estrelladas.<br />
vem o nome que tem de Gira-sol. Os fruetos são menores do que uvas,<br />
Cada flor é um aggregado de pe e raras vezes apparentes.<br />
quenas flores (fiosculós), inseridas sobre A raiz d'esta planta é applicada nos<br />
um disco amplo.<br />
E' uma planta que tem certas qua<br />
estupores ; tem forte amargo.<br />
lidades que podem ser aproveitadas com Geri mato. — Vitex gardneriana. —<br />
muita vantagem,<br />
Fam. das Verbenaceas. — Planta que ve<br />
Os caules e os discos, que formam geta no Rio de Janeiro, e que talvez<br />
os capitulos floraes, fornecem boa ma seja a Maria Preta de campina das Alatéria<br />
combustível.<br />
goas, ou Pào Cavallo de Pernambuco.<br />
As cinzas, provenientes* da combustão — Vitex campinaria.<br />
d'aquelles órgãos, encerram grande E' desobstruente, aperitivo, e exci<br />
quantidade de potassa, e podem servir tante.<br />
para a preparação d'essa substancia,<br />
que é a base de varias industrias e Girimú. — Cucurbita major rotunda.<br />
sobretudo da fabricação do sabão. Dalech.—Fam. das Cucurbitaceas.—Es<br />
Finalmente das sementes, que servem te estimado fructo é bem commum em<br />
directamente para a nutrição' das aves nossa meza.<br />
domesticas, pode extráhir-se um óleo Nem todas as províncias do Império<br />
29
SIO GIR GIR<br />
dão-lhe este nome, na Bahia e Rio de A casca é lisa, lustrosa o branca, de<br />
Janeiro o chamam Abóbora amarella, ou gommos; dentro a massa ó côr dc<br />
simplesmente Abóbora; é originário da rosa, e de muito bom gosto.<br />
índia, mas pôde ser que algumas das<br />
espécies que gyram entre nós sejam ori<br />
São raras.<br />
ginárias do paiz.<br />
Girimú de Feruando —Cu<br />
O Girimú ordinário é fructo de uma curbita. — Fam. idem. —F/ uma espécie<br />
planta rasteira e trepadeira, de pellos muito semelhante á precedente.<br />
hispidos.<br />
A massa, porém, é amarella clara,<br />
Folhas de longos peciolos, quasi re muito enxuta e saborosa; é também<br />
dondas, grandes, ásperas.<br />
branca por fora e por dentro.<br />
As flores grandes, como campanas, Parece-nos ser originaria da Hes<br />
de um amarello alaranjado, de dois panha.<br />
sexos ; a masculina é estéril, a outra Nas Alagoas ha um Girimú cylindrico,<br />
traz o rudimento do futuro fructo, que de casca branca, com a côr por dentro<br />
é uma peponide de vários tamanhos, amarella mais ou menos carregada,<br />
de figura ou redonda ou oblonga ; é porém no mais é o mesmo que a pre<br />
lactifera, liza ou com ângulos : de uma cedente.<br />
só côr, ou marchetada de verde e amarello,<br />
etc.<br />
Girimú de gomo. — É o mesmo<br />
E' de casca coriacea, tendo dentro<br />
um espaço vasio ou cavidade ; as pa<br />
de Fernando de Noronha.<br />
redes do fructo são espessas, de seis Girimú jacaré. — Cucurbita. —<br />
a nove centimetros, de côr amarellaavermelhada.<br />
Fam. idem.<br />
No centro da cavidade existem muitas Girimú de Lisboa. — Cucurbita.<br />
sementes ellipsoides, chatas, crustáceas, — Fam. idem,<br />
entremeadas de filamentos da mesma côr.<br />
O Girimú é bom alimento ; come-se Girimú páo ou páo Girimú<br />
com carne, e é substancial; mistura-se ile Pernambuco. — Elacodendrm<br />
muitas vezes com leite no sertão ; faz-se girimú. — Fam. das Rhamnaceas. — A<br />
d'elle doce.<br />
arvore a que em Pernambuco se dá<br />
este nome é silvestre.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—As flores, Nas Alagoas também ha uma ar<br />
em fricções sobre as partes erysipelavore d'este nome, porém differe até<br />
tosas, passam por ser de muito pro na familia, como se vê pelos nomes<br />
veito, e dissipam a inchação, devendo- botânicos.<br />
se repetir esta pratica por alguns dias. Esta é alta, de mais de 13 metros;<br />
As folhas, sendo antes passadas nas casca grossa, um pouco rugosa; por<br />
brasas, e assim amollecidas, são tam dentro é de um amarello côr de gemma<br />
bém applicadas com algum proveito. d'ovo.<br />
As folhas são ellipticas regulares,<br />
Girimú de caboclo.— Cucurbita.<br />
grossas.<br />
— Fam. idem.— Este Girimú parece a<br />
As flores, que são miúdas, reunidas<br />
mesma espécie de Fernando de Noronha.<br />
em feixes nas axillas das folhas e dos<br />
E' de casca esbranquiçada, lustrosa e<br />
ramos, são amarelladas.<br />
cheia de gommos ; a massa é muito<br />
O fructo é como uma azeitona pe<br />
boa e enxuta.<br />
quena ; tem um caroço, e ás vezes ne<br />
Ha de casca verde nas mesmas connhum.dições,<br />
mas são redondos e achatados.<br />
Girimú côr de rosa.— E' uma<br />
espécie que diz ser de Fernando.<br />
Girimú de pescoço.— Cucurbita—Fam.<br />
Idem.
GIT GIT Sll<br />
Girimú do sertão.— Cucurbita —<br />
Fam. Idem—Semelhante no porte.<br />
0 fructo chega apesar arrobas, muitas<br />
vezes.<br />
A casca é tão dura e espessa que d'ella<br />
se fazem cuias.<br />
A raiz e a casca d'essa arvore são<br />
enérgicos drásticos.<br />
Ha uma espécie em que o cacho das<br />
flores é muito grande.<br />
Gitahy amarello falso.— Tho-<br />
Gitó utuaba. —Guarea trichilioides,<br />
Lamarck. — Fam. idem.<br />
Ha também Marinheiro de folha larga,<br />
mazia pseudo-lutea—Fam. das Byttne- —Turiassú utuapoca.—Guarea spiece flora,.<br />
riaceas.—Arvore das mattas do Brasil, cujas flores são em fôrma de espigas.<br />
conhecida nas Alagoas e em Pernam Este é o nome por que é chamado<br />
buco por este nome.<br />
em Minas, Bahia e Pernambuco pelo<br />
Suas folhas são um tanto grandes, sertão.— Moschoxylon catharticum.<br />
dispostas em palmas.<br />
As flores, em pequenos cachos, brancas PROPRIEDADES MÉDICAS. — A casca<br />
como angélicas, e miúdas.<br />
amarga, um tanto acre, adstringente,<br />
O fructo não examinado.<br />
purgativa, abstergente, e anthelmintica<br />
usa-se em banhos contra os tumores<br />
Gitalti verdadeiro. — E' huma arthriticos dos membros. O extracto<br />
arvore de Alagoas e de Pernambuco. em pequenas doses é recommendado<br />
em clysteres contra as ascarides.<br />
Gitirana de flor branca pe<br />
Tem accão violenta sobre o utero;<br />
quena— Argyreia alagoana.—Fam.<br />
em dose maior produz aborto.<br />
das Convolvulaceas.—E' uma planta que<br />
Do Gitó, a casca e raiz dá-se em<br />
é conhecida por este nome, ainda que<br />
decocção internamente, e em clysteres<br />
em geral as plantas trepadeiras cha<br />
nas hydropisias, e nas febres terças;<br />
mam-se indistinctamente — Gitiranas.<br />
é amargo e tônico.<br />
Tem o caule e folhas mui pelludas.<br />
As flores são como campainhas bran<br />
Gitó de Pernambuco. —Guarea<br />
cas, e sem cheiro.<br />
purgans, St. EU. — Fam. idem. —Arvore<br />
O fructo é uma cápsula conica, com<br />
do Brasil, revestida de folhas em palmas,<br />
quatro caroços redondos.<br />
oblongas, agudas e lustrosas.<br />
Gitirana de leite ou Sauda Suas flores em cachos, nas axillas<br />
das folhas e no cimo dos ramos; são<br />
des de Pernambuco. — Cynanchum<br />
ganglinosum. Vell. — Fam, das Apo-<br />
brancas-trigueiras, com o aspecto de<br />
cynaceas.—E' um arbusto a que cha angélicas.<br />
mam em Sergipe—Bordão de Velha—•<br />
Seu tubo é duplicado, tem um aro<br />
V Bordão de Velha, cipó, o qual tem<br />
ma suave.<br />
recebido muitos nomes.<br />
Os fruetos são em cachos, e á primeira<br />
vista assemelham-se á pitombas.<br />
Gitó. — Guarea purgans. Fam. das Elles tem a fôrma obconica, e o pe<br />
Meliaceas. —Arvore do paiz, freqüente ricarpo bronzeado ; contém trez caroços<br />
no littoral.<br />
e trez valvas.<br />
Folhas alternas, pinnadas, de trez ou O caroço, que é preto e lustroso, é<br />
quatro pares; de foliolos um tanto coberto de uma substancia branca, pouco<br />
grandes.<br />
espessa, e um tanto furfuracea, (aril-<br />
Flores em cachos, pequenas, brancas lo).<br />
trigueiras; tem pouco cheiro.<br />
O fructo parece uma pitomba, porém PROPRIEDADES MÉDICAS. — O Gitó tem<br />
com fôrma de pião, e tendo o peri a casca amarga, acre e adstringente ;<br />
carpo fendido; contém duas ou três é purgativa e anthelmentica, empregada<br />
sementes pretas, luzentes.<br />
nas arthrites chronicas.
»l » GOI GOI<br />
Km doses elevadas promove o abort >, Goiaba de cittla ou Madipu-<br />
e purga violentamente.<br />
ei ra.— Myrtus quadrilocularis.Fam. das<br />
Também applicam-no em clysteres, Myrtaceas.— E' uma arvore mediana co<br />
que são de bastante utilidade no caso nhecida nas Alagoas por este nome,<br />
de ascarides, (oxyurus vermicularis). e pelo de Madipueira.<br />
Além d'isso quasi sempre aproveita E' uma arvore ramosa, de casca lisa.<br />
nas moléstias svphiliticas, etc.<br />
Folhas oppostas, oblongas, coriaceas<br />
e grandes.<br />
Guajurú. — V. Gajirú.<br />
Flores em feixes, e inseridas nos<br />
ramos e pelo tronco, são grandes, bran<br />
Goiaba ou Guaiaba. — Psidium cas ou côr de rosa, e simples.<br />
pommiferum, Linn.— Fam. das Myrtaceas. Ficam com o cálice adherente ao<br />
— Fruto cultivado, e silvestre do Brasil. fructo ; este é como uma maçã redon<br />
É produeto de um arbusto de tronco da, de côr parda clara; amarellada,<br />
mui liso, côr um pouco avermelhada, epicarpo fino, coroado pelos fragmen<br />
e esgalhado.<br />
tos calicinaes; dentro acha-se uma<br />
Folhas oppostas, rosadas, ellipticas, polpa aquosa e doce, com muitos ca<br />
coriaceas, um tanto ásperas.<br />
roços pequenos.<br />
As flores são como pequenas rosas Come-se ; e as cutias dão-lhe grande<br />
brancas, e um pouco cheirosas. apreço.<br />
O fructo é de figura pyriforme ou Commummente estes fruetos caem da<br />
oval, e ás vezes redondo, tendo no arvore, por si mesmos.<br />
cimo umas escamas herbaceas dispostas<br />
em circulo ou coroa ; o pericarpo Goiaba de macaco.— Fam. das<br />
na maturidade é rugoso e lusidio; Gultiferas.—Frueta sylvestre de uma<br />
dentro está adherente a uma substan arvore das Alagoas, que tem este nome;<br />
cia de menos de 1 % centímetro de seus ramos são oppostos.<br />
espessura, que forma a parede do fructo; As folhas sempre mui verdes, e de<br />
é vermelha e compacta.<br />
fôrma oblonga.<br />
O interior do fructo é oecupado por As flores brancas.<br />
uma polpa, tenra, da mesma côr, cri O fructo de 6 a 9 centimetros de<br />
vada em toda a extensão de sementes diâmetro ; amarello na maturidade, pe<br />
reniformes, lisas, e muito duras: esta ricarpo espesso ; elle é redondo e apre<br />
polpa tem sabor agradável.<br />
senta no ápice os restos dos.involto-<br />
A Goiaba é frueta de muita estima. rios floraes; dentro é dividido em 4<br />
Ella não só por si é boa ao paladar, compartimentos, tendo em cada nm<br />
como também serve para fazer-se um duas sementes sobrepostas e grandes;<br />
dos melhores doces até hoje conhe a substancia é cornea, e semi-transcidos.parente<br />
; fôrma uma pellicula que en<br />
D'ella se faz a celebre goiabada, tão volve as sementes.<br />
estimada tanto nas sumptuosas mesas Esta substancia é doce, e muitos gos<br />
como nas enfermarias, como doce de tam de chupal-a.<br />
dieta para os enfermos.<br />
Tem-se observado que as Goiabas sel Goiaba do matto.— Myrtus silvagens<br />
são de ordinário mais doces que vestris.—Fam. das Myrtaceas.—Arvore<br />
as cultivadas.<br />
agreste elevada, conhecida por este<br />
Na Bahia, e norte de Minas chamam- nome nas Alagoas.<br />
na — Araçá-goiaba.<br />
A casca é lisa, e vermelha.<br />
Ha entre nós trez variedades : a Goiaba As folhas miúdas.<br />
encarnada, a mais vulgar, a branca, um O pedunculo com duas escamas.<br />
pouco escassa, e a amarella que é As flores cremos que brancas.<br />
muito abundante.<br />
O fructo redondo, de 1 % centime-
GOI GOL S13<br />
tro de diâmetro, com pericarpo áspero, pessa, côm dois ou três caroços ver<br />
de cor parda, e espesso, offerecendo melhos, de sabor adstringente.<br />
quatro compartimentos e, em cada um Em tempos de carestia o povo come<br />
d'elles, um caroço, lizo, oval e grande. esta frueta, ralando a massa que ella<br />
tem dentro.<br />
Goiaba ile paca. — Myrtus alagoensis.<br />
—Fam. idem.—E' um fructo Golfo (de Alagoas).— Menyan<br />
proveniente da arvore que tem este nome tes brasiliensis.—Fam. das Gencianeas.—<br />
nas Alagoas.<br />
Herva que habita ou sobre as agoas<br />
Esta arvore tem a casca lisa e es doces ou nas suas bordas, e por tal<br />
branquiçada.<br />
nome conhecida nas Alagoas.<br />
Folhas oppostas, um tanto redondas. E' de menos de palmo, com as folhas<br />
As flores são brancas, como as da reniformes.<br />
goiabeira.<br />
Os caules aonde florece são de 2 e<br />
O fructo é como um Araçá. lp2 decimetros, mais ou menos.<br />
Comem-na, principalmente as pacas. As flores brancas, afuniladas.<br />
O fructo é uma cápsula ovoide ; con<br />
Goiaba de Pernambuco. — tem muitas sementes.<br />
Psydium pubescens, Mart. —Fam. Idem.<br />
—-E' uma planta sylvestre.<br />
Golfo maior.—NyMphcea alba, Linn<br />
—Fam. das Nympheaceas.— Em Pernam<br />
Goiaba ( de !S. Paulo ). —Psybuco<br />
também o chamam Pasta.<br />
dium incanescens, Mart. — Fam. Idem. Planta natural de ambos os hemis-<br />
— Arbusto que vegeta nos campos de pherios; que fluetua nas águas doces<br />
S Paulo.<br />
dos rios, riachos, até pântanos, e lagoas,<br />
etc.<br />
Goiabeirana.—Psydium acutan- Seus caules estão submergidos na<br />
gulum. D. C. e Mart.—Fam. Idem.— água.<br />
E' semelhante qúasi á precedente, As folhas vêem á superfície, susten<br />
Folhas ovaes ou ellipticas, oblongas. tadas por um peciolo longo; ellas são<br />
Flores solitárias, de peciolos meio redondas, com uma fenda na base,<br />
engrossados.<br />
de côr verde bronzeada.<br />
O cálice, antes da estivação, é oblon-' O pedunculo traz também a flor á<br />
go e recurvado.<br />
superfície, e ahi ella se abre; mas, terminada<br />
a funeção da geração, reco<br />
GoiaMulta. —Fam. Idem. — Arvolhe-se, e vai desenvolver o fruto den*<br />
re semelhante ao Araçazeiro, de folhas tro d'agua.<br />
mais miúdas e de porte arbóreo A flor é bonita e branca, e o fructo<br />
Sua madeira é muito procurada para é uma cápsula.<br />
c<br />
estacas.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — As folhas<br />
Goititurubá. — Arvore do Brazil são empregadas contra as fluxões do<br />
conhecida por este nome no Rio Gran- rosto, acompanhadas de inchação, condo<br />
do Norte.<br />
tra elephantiasis dos gregos, contra<br />
Tronco elevado.<br />
dores de dentes, e dizem que também<br />
Folhas estreitas e regulares. contra os* formigueiros.<br />
Flores amarellas.<br />
No Pará chamam-no —Mururé; —<br />
Fructo redondo, de 12 centimetros de Em Sergipe — Orelha de burro; — nas<br />
diâmetro, cheiroso, e amarello na ma Alagoas o povo conhece por — Golfo. —<br />
turidade.<br />
Cremos que para o Sul dão-lhe o<br />
O tegumento externo é uma casca nome de Gigoga.<br />
fina, encerrando uma massa branca, es É calmante; seu cosimento, interna
S14 GON GO N<br />
e externamente usado, é útil na Ele de duas partes: uma inferior inteira,<br />
phantiasis dos gregos, como ficou dicto. outra superior, dividida em um numero<br />
mais ou menos considerável de lâmi<br />
Golfo menor. — Nynphcea lutea. nas ; raras vezes falta a corolla.<br />
Linn. — Fam. idem. — Esta outra es Os estames são commummentc em<br />
pécie de Golfo ou Golfão, que também numero indeterminado (de 14 á 20).<br />
vegeta nos dois continentes, é menor ; Seus filamentos são livres e hvpo»<br />
isto é, suas folhas e flores são menores. gynicos.<br />
As folhas reniformes.<br />
Suas antheras de duas lojas, abrin<br />
As flores de amarello côr de enxodo-se cada uma por um sulco longifre,<br />
com lacinias dispostas em uma só tudinal.<br />
ordem em circulo.<br />
No exterior dos estames, isto é, entre<br />
Os demais caracteres são os mesmos as pétalas e os filetes, acha-se um pe<br />
sendo porem o fructo d'esta, conico, e queno corpo annular, glanduloso, mais<br />
o cálice com cinco lobulos.<br />
elevado do lado superior, e formando<br />
assim um disco hypogynico d'uma na<br />
Gonçalo Alves.—Astronium fraxitureza particular.<br />
nifolium. — Fam. das Anacardiaceas.— O pistillo, ligeiramente estipitado na<br />
E' uma arvore de tronco elevado, e base, parece formado da reunião de<br />
de uma Copa notável por suas dimen três carpellas, soldadas pelas extremisões<br />
avultadas ; de casca lisa, resinosa dades nos dois terços de sua altura,<br />
e com aspecto ferruginoso.<br />
e termina superiormente em trez pontas,<br />
O cerne é mui pesado, com veios trazendo cada uma d'ellas um estigma<br />
uns claros, outros escuros e averme no ápice.<br />
lhados.<br />
Este ovario tem uma só loja aberta<br />
E' muito usado para a confecção de no cimo, entre as três pontas estigma-<br />
moveis, não só pela sua belleza, como tiferas, de que acabamos de fallar, con<br />
também por conservar bem o brilho tendo grande numero de óvulos amphi-<br />
do verniz.<br />
tropos ou campylotropos, unidos a três<br />
Emprega-se em taboado, portas, etc. trophospermas parietaes.<br />
Abunda nas províncias do Sul, e na O fructo, mui raras vezes carnoso, é<br />
Bahia: é rara em Pernambuco. ordinariamente uma cápsula mais ou<br />
menos allongada, aberta naturalmente<br />
Gonda. —Resedá tuteola.— Fam. das nas extremidades, que finalisa em três<br />
Resedaceas.—Planta da Europa, que tem ângulos, de uma só loja, e cujas se<br />
raiz bulbosa e as flores amarellas. mentes estão sustentadas por três tro<br />
Serve na tinturaria, e é cultivada no phospermas parietaes.<br />
Brasil.<br />
Estas sementes, pouquíssimas vezes<br />
reniformes, são compostas de um tegu<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. — Plantas mento assaz espesso, de um endosper<br />
geralmente herbaceas, raramente subma carnoso delgadissimo, e de um<br />
frutescentes, de folhas alternas, sem es embryão curvo, á maneira<br />
tipulas, muitas vezes munidas de duas dura.<br />
de ferra<br />
glândulas na base.<br />
Esta familia se compõe dos gêneros:<br />
As flores formam espigas simples e Resedá, Oehradeno, Oligomeris, Astro-<br />
terminaes.<br />
carpo, e Caylusea. O gênero Resedá tinha<br />
O cálice apresenta de quatro a seis sido collocado por Jussieu na familia<br />
sepalas, ás vezes persistentes.<br />
das Capparidaceas, e deve-se concordar<br />
A corolla se compõe d'um igual nu com effeito, que elle tem muitos ponmero<br />
de pétalas, alternas com os setjs de contacto com esta familia, e<br />
palas do cálice.<br />
particularmente com o gênero Cleome.<br />
Estas pétalas são em geral formadas 1 M. de Tristan formou d'ella o typo
GRA GRÃ S15<br />
de uma familia distincta, adoptada por<br />
de Candolle, e classificada pelo primeiro<br />
d'estes botânicos entre as Pas-<br />
Gramnta da terra. — V Taboquinha. <br />
sifloreas e as Cistèas, porém, comtudo Grantondé grande.—Astronia<br />
mais perto d'estas ultimas.<br />
purpurina.— Fam. das Melaslomaceas.—<br />
Em sua Collectanea botânica, tab. Arvore XII, oriunda do paiz, que recebeu este<br />
M. J. Lindley deu uma explicação in nome nas Alagoas e em Pernambuco.<br />
teiramente diversa da flor do Resedá. Ê de porte ordinário.<br />
Para este botânico notável, o cálice Folhas oppostas, um tanto pequenas,<br />
é um invólucro vulgar; cada pétala é de cor verde-escura, luzidias e ovaes ;<br />
uma flor estéril, e o nectario ou disco ellas são ornadas de pellos rubros.<br />
é um cálice próprio que cerca uma As flores são brancas, pequenas e<br />
flor hermaphrodita, composta dos esta em cachos; e as fructinhas, de meio<br />
mes e do pistillo.<br />
centímetro, roxas quando ma'duras, tem<br />
Segundo este modo de ver M. Lin uma polpa cheia de grãos pequeninos.<br />
dley approxima as Resedaceas das Eu Esta planta tem o lenho branco e<br />
phorbiaceas, que offerecem uma dispoum<br />
pouco molle, e, exposto ao sol, fensição<br />
pouco mais ou menos análoga; de-se muito ; porém n'agua tem muita<br />
mas todavia julgamos que esta fami duração.<br />
lia não poderia estar afastada das Capparidaceas<br />
e das Cistèas.<br />
É bom combustível.<br />
Gramoatde pequeno. — Astronia<br />
Gonú. — É a Tatajuba de quiabo em menicarpa. —Fam. Idem. —É uma outra<br />
Minas.<br />
arvore do paiz, cujo nome é este nas<br />
Alagoas.<br />
Gramma do Maranhão. — V. Tem as folhas menos lustrosas que<br />
Taboquinha.<br />
as do precedente; as divisões nervosas<br />
são parallelas.<br />
Gramma da praia. — Trüicum As flores também brancas, em gran<br />
repens, Linn. — Fam. das Gramineas. des — cachos pyramidaes.<br />
Planta do Brasil e da Europa , conhe As fructinhas mui miúdas, á semecida<br />
por este nome em Pernambuco. lhança de glóbulos roxos e molles.<br />
Vegeta nas areias das praias; seus Dentro acha-se uma massa aquosa,<br />
caules são subterrâneos fazendo de dis com muitas sementes, nimiamente petancia<br />
em distancia raigotas na terra, quenas.<br />
tendo também raminhos verticaes de<br />
folhas estreitas em feixes.<br />
Dá madeira própria para marcenaria.<br />
Ella é ôca, apresentando nós ; é de Grão de bico. —Fam. das Legu<br />
côr branca amarellada, e lustrosa, e minosas. — E' uma planta do Melo<br />
tem alguma semelhança com o cadia da Europa; dá um legume semepim..lhante<br />
á ervilha; mas o grão tem um<br />
Estes caules subterrâneos são pro pequeno prolongamento agudo de um<br />
curados para o mesmo uso da Gramma lado; é redondo, com as proporções de<br />
que nos vem da Europa.<br />
ervilha e tem a mesma cor esverdi-<br />
Como diuretica, aperiente, o povo nhada.<br />
applica-a nas inchações (hydropisia). Tem os mesmos usos.<br />
Gramnta da praia, da Bahia. Grão de gallo. — Cordea pubes-<br />
— Stenotaphium glabrum. — Fam. Idem. cens. — Fam. das Borragmeas.—E' uma<br />
— Planta vivaz a que na Bahia dão este fructinha que ha nas províncias das<br />
nome, e talvez seja a mesma *de Per Alagoas de Pernambuco e de Maranhão.<br />
nambuco.<br />
A planta é um subarbustinho de 1
S1G GRA GRA<br />
a 2 metros se tanto, dc poucos ga E' uma planta que vegeta por toda<br />
lhos<br />
parte.<br />
Folhas ellipticas e oblongas, sempre Suas folhas são á raiz da terra, cm<br />
sobertas de pellos louros, achatados e feixes grandes, do 1 metro e mais d*<br />
ásperos.<br />
comprimento, grossas, lanceoladas, o-<br />
As folhas são situadas nas pontas blongas, com um nguilhão na ponta.<br />
dos ramos; estes apresentam ahi um Brota um alto pedunculo verde, dc<br />
engrossamento.<br />
5 a 6 metros de altura, no qual nas<br />
As flores são como jasmins brancos. cem as flores formando uma espiga.<br />
O fructo c uma baga de 1% centímetro Estas são de um branco amarellado,<br />
ao mais, oval, toda eriçada de pellos e são caducas, mas deixam um bolbo-<br />
compridos, assim como as flores. sínho, que reproduz a espécie.<br />
O fructo ^em uma pellicula transpa O fructo é uma cápsula triangular<br />
rente, amarella, e dentro uma polpa oblonga, contendo muitíssimas semen<br />
assucarada de muito bom paladar, qne tes em duas ordens, e em três grupos.<br />
envolve um grão redondo.<br />
Só floresce de anno em anno.<br />
Não é muito commum esta frutinha. •Os Hollandezes apreciavam mais as<br />
Grão de gallo. (do Pará. ) Cin-<br />
nossas producções, do que os Portuguezes,<br />
e, durante o tempo em que estichona<br />
caprifolia, Lacer. — Fam das vemosRu debaixo do seu domínio, elles<br />
biaceas. — E' outra planta de familia preparavam das folhas d'esta planta<br />
diversa com o mesmo nome de Grão um optimo tecido, que excedia ao<br />
de gallo.<br />
panno de linho.<br />
São três as citadas n'este Diccio Das mesmas folhas faziam estôpa,<br />
nario, todos de famílias differentes. e filaças, com que os pescadores te<br />
Esta do Pará é tônica*<br />
ciam suas redes.<br />
Essa planta tem a propriedade de<br />
Grão de gallo. —Rhamnus igua- arder continua e suavemente, sem se<br />
neus. Will. —Fam. das Rhamnaceas. apagar; — he por isso que os habitantes<br />
E' uma arvore do Brazil, cujos fruetos do interior servem-se d'ella para o<br />
são pequenas bagas adocicadas e cos- fogo.<br />
mestiveis.<br />
O modo de extrahir-se a fibra é<br />
Parece que é esta planta o Joá de muito simples: primeiramente se ma<br />
Pernambuco e Bahia.<br />
Grau 11 a — V- Brauna.<br />
chucam as folhas, e depois humedecem-se.<br />
Gravata bravo.—Bromelia mu-<br />
Gravata ou Ananaz tle agucilaginea. — Fam. idem. — E' um Gralha<br />
— Bromelia muricata, Arr C. vata — que abunda nas mattas, e recebe<br />
Fam. das Bromeliaceas.—Este Gravata este nome nas Alagoas.<br />
tem o fructo do feitio do do Ananaz E' como o Ananaz na conformação<br />
manso, com differença, porém, de sêr de suas folhas ; mas estas são macu<br />
eriçado, de aculeos longos, de 1 deciladas de vermelho.<br />
metro de comprimento ; de maneira que Um caule de 4 a G decimetros er<br />
não se pôde pegar se não com muito gue-se do centro d'esse feixe de fo<br />
geito.<br />
lhas, formando um funil no cimo do<br />
caule, de folhetas sobrepostas e coria<br />
Gravata assú ou Caroatá nssú ceas ; compõe-se de escamas vermelhas<br />
ou Pileira. —Agrave vivipara Linn. e amarellas, tendo as camadas mais<br />
— Fam. Idem.—Arbusto herbaceo, ori internas diaphanas, e esbranquiçadas.<br />
undo dos paizes quentes dos dois con O fructo, que d'ahi resulta, tem metinentes.nos<br />
de 3 centimetros, e contem muitas
GRA GRA S17<br />
sementinhas em três ordens, todas menos succulentas, e tem um gosto<br />
ellas envoltas n'uma substancia muci desagradável.<br />
laginosa.<br />
As bracteas, que têm 9 centimetros<br />
Esta planta é parasita, e freqüen de comprimento são direitas e dispostem<br />
ente se acha vegetando sobre trontas uma sobre as outras, como telhas,,<br />
cos e arvores.<br />
de modo que cobrem toda a superfície<br />
do fructo.<br />
Gravata da índia. —Ophrys múl- A fibra da planta varia em compriticantis.<br />
— Fam. das Orchidaceas. mento, — É de 3 a 8 pés, conforme a maior<br />
uma herva, que nas Alagoas é assim ou menor fertilidade da terra.<br />
conhecida.<br />
Nos terrenos seccos ella é curta, fina<br />
Seus caules são carnosos, com folhas e branda; nas boas terras, é mais<br />
oblongas e duas bainhas.<br />
comprida, porém mais espessa e muito<br />
Tem um pedunculo, aonde se vê as mais forte.<br />
flo res.<br />
Na pequena industria e manufactura<br />
Estas são amarelladas, e sua estru- que temos, as suas fibras são usadas<br />
ctura se afasta da do ordinário das pelos pescadores, que a preferem para<br />
flores.<br />
as redes, e linhas de pescar por causa<br />
O fructo é de um prisma pentago- da sua tenacidade.<br />
nal com 3 repartições, cheio de se O nosso illustrado Dr. Arruda Câmentinhas<br />
pretas mui miúdas ; exhalam mara, mostrou possibilidade de fazer-<br />
cheiro estas flores.<br />
se não só cabos, cordames e mesmo<br />
vellas para os navios, como também<br />
Gravata medicinal. —Bromelia pannos mais finos, se se empregar<br />
medicinalis, Lamk. —Fam. Idem.—Brom. melhores processos para preparar o te<br />
haratas, Linn. —Outra espécie de anacido<br />
; mas até esta data nada se tem<br />
nazeiro, porém quasi sempre muitíssi feito.<br />
mo maior na agglomeração de suas Modo de extrahir-se as fibras. —As<br />
folhas, que se faz em dois feixes reu folhas d'esta planta são compostas de<br />
nidos.<br />
2 placas ligneas : uma convexa, e outra<br />
Na sua parte concava ajunta-se em concava, e entre ellas uma quantidade<br />
algumas espécies bastante água, com de fibras longitudinaes, unidas por<br />
que os viandantes saciam a sede mui algum principio mucilaginôso, e bastas<br />
vezes.<br />
tante apertadas umas ás outras, para não<br />
Quasi todos dão matérias prima se poder separar só com a mão ; por<br />
para tecidos ; mas esta espécie foi a isso não se consegue este resultado se<br />
que o Dr. Arruda Câmara achou de não pela maceração.<br />
qualidaae inferior.<br />
Arranca-se a planta, e destacam-se ôs<br />
espinhos, o que se faz cortando as bor<br />
Gravata dc rede ou Caroatá das nas quaes elles existem, as folhas<br />
de rede. —Bromelia lagenaria. Arr. assim preparadas são abandonadas<br />
Cam.—Fam. Idem. —Esta planta se acha n'agua quasi por quinze dias<br />
nas costas de Pernambuco, Parahyba e Percebe-se que a maceração é com-,<br />
Rio Grande do Norte ; não se estende pleta quando a pellicula e a epiderme<br />
pelo interior mais de 10 a 12 léguas ; lignea das folhas são assaz molles para'<br />
chàma-se vulgarmente Crautá ou Crauata se deixarem romper pela unha ; então<br />
de rede ou Crautá dé filetes, porque tiram-se os as folhas d'água uma a uma,<br />
pescadores dos lugares onde elle cresce e ábrem-se ellas pela base, até que as<br />
fazem redes de suas fibras.<br />
fibras appareçam.<br />
Floresce em Julho e Agosto.<br />
É preciso sustentar a casca de cada<br />
O fructo é igual ao dos Ananazes ; lado com uma das mãos, afim de se<br />
é porém um pouco menor, as bagas poderem tirar as fibras d'agua, e, ape-<br />
30
S18 GRO GRO<br />
zar d'esta precaução, ellas arrastam Groselha.— Ribes grossulária,Linn.<br />
comsigo outras substancias que lhes — Fam. das llibesiaceas. — A Grose-<br />
ficam unidas.<br />
lheira é uma planta natural dos dois<br />
Para limpal-as é necessário entran- mundos.<br />
çal-as, e tornal-as a macerar n*agua Em Pernambuco cultiva-se a especio<br />
durante um dia inteiro ; depois se de que vamos fallar, que foi espalhada<br />
põe num banco e batem-se com um do extineto Jardim Botânico de Olinda.<br />
malho ; é preciso repetir a maceração E' um arbusto de 3 a 4 metros de<br />
e contusão, até que as fibras fiquem altura ; casca de côr parda, ramosa.<br />
limpas e claras.<br />
Suas folhas, de côr verde gaio, sao<br />
regularmente dispostas em palmas.<br />
Gravata ou Ahacaehi dc tin As flores, nascidas directamente em<br />
gir. — Bilbergia tinctoria. —Fam. toda das a extensão dos ramos em feixes,<br />
Bromeliaceas. —Planta como o Ananaz, são brancas, com listras ou manchas<br />
differindo em ter o fructo coberto de rosadas.<br />
aculeos.<br />
O fructo é tal qual uma pitanga<br />
D'ella se extrahe uma tinta roxa, pró branca; tem quasi de 3 a 4 centimepria'<br />
para tincturaria.<br />
tros de diâmetro ; é redonda, achatada,<br />
apresentando gommos; tem a côr de<br />
Gritadeira do campo. —Pali- cera branca: dentro encerra um caroço,<br />
curea strepens, St. EU. Fam. das Ruque<br />
também é anguloso.<br />
biaceas. — Esta é a Eerva de rato de Este fructo encontra-se nas pharma-<br />
Pernambuco, e Minas.<br />
cias, porque a therapeutica o emprega;<br />
preparam com elle xaropes, que ser<br />
Gritadeira ou Douradinha vem para limonadas, muito agradáveis<br />
do campo. —Palicurearigida, Eumb.<br />
e úteis no tempo de calor.<br />
e Bomp. —Fam. Idem. — Em S. Paulo,<br />
O povo cbama-a Pitanga branca.<br />
Minas, Goyaz e Matto Grosso.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.— Arbustos<br />
Grogojó. — Cucurbita ovoides. —<br />
Fam. das Cucurbitaceas. — E' um ca ás vezes espinhosos, tendo folhas albaeinho,<br />
por este nome conhecido nas ternas, sem estipulas.<br />
Alagoas e também em Pernambuco. Flores axillares, solitárias, dispostas<br />
Planta herbacea, volúvel e agreste, em espigas ou em cachos simples.<br />
que estende seus ramos pelo chão. O cálice é gamosepalo, tubuloso in<br />
Tem as vergonteas ásperas. feriormente, onde adhere ao ovario,<br />
As folhas meio redondas, e todas as tendo o limbo aberto, e como que<br />
partes ásperas, como nas plantas d'este campanuliforme, de cinco divisões di<br />
gênero quasi sempre se vê.<br />
reitas ou inclinadas.<br />
As flores solitárias, como a floração A corolla é formada de cinco pé<br />
do Gerimú, e amarellas.<br />
talas, ás vezes pequeníssimas.<br />
Os fruetos são peponides com a forma Estames, do mesmo numero das pé<br />
e volume de um ovo de Ema; porém talas e alternos com ellas, são inseri<br />
alguns menores parecem antes um ovo dos no meio do limbo calicinal.<br />
de gallinha.<br />
O ovario é infero, de uma só loja<br />
D'entro são como os outros fruetos contendo grande numero d'ovulos ana-<br />
da mesma familia.<br />
tropos, ligados em diversas series á<br />
dois trophospermas parietaes.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — O Grogojó Os dois estyletes são mais ou menos<br />
gosa de propriedades abstergentes, e reunidos entre si, e Analisam cada<br />
ao mesmo tempo drásticas; no sertão um em um estigma simples.<br />
é empregada contra a hydropisia, com O fructo é uma baga globulosa<br />
bom resultado.<br />
umbilicada, polyspermica, e as se-
GUA GUA S19<br />
mentes se compõem d'um endosperma<br />
carnoso, assás denso, encerrando um<br />
embryãosinho, collocado no interior da<br />
extremidade inferior.<br />
cheia de um sueco aquoso, e de sementinhas.<br />
E' saborosa.<br />
Gruntuchama—Eugenia brasili<br />
Guabiraba, de Pcrnambueo.<br />
— Campomanesia guabiraba. — Fam. das<br />
ensis, Lamk.— Fam. das Myrtaceas.— Myrtaceas. —O vegetal, que dá este<br />
Fructo silvestre, e Cultivado nas pro fructo, adquire proporções arbóreas.<br />
víncias do sul do Império.<br />
A casca é lisa, e com manchas esbran<br />
E' um dos melhores fruetos agrestes quiçadas e avermelhadas.<br />
do paiz.<br />
As folhas são oppostas ou mesmo<br />
A planta é um arbusto, de ramos dispersas, ellipticas, enrugadas, e aro<br />
erectos desde a base.<br />
maticas.<br />
A casca é escamosa e parda. As flores brancas, um tanto grandes,<br />
As folhas oppostas e obovaes. e aromaticas.<br />
As flores brancas, como as do Ara- O fructo é uma baga um tanto grande,<br />
çaseiro, com algum aroma.<br />
regulando o tamanho de uma goiaba,<br />
A frueta é redonda, com 3 1/2 cen porém achatado, coroado no api.ee do<br />
timetros de tamanho ou menos al mesmo modo que n^sta ultima.<br />
guma cousa.<br />
Interiormente a massa é branco-tri-<br />
A casca é lisa e brilhante, de um gueira com as sementes maiores do que<br />
roxo escuro com manchas averme as da goiaba e quasi da mesma côr,<br />
lhadas.<br />
O sabor é doce e ácido, na varie<br />
Tem algum pello, e é curvado de dade roixa.<br />
quatro aspasinhas verdes no ápice. Existe outra variedade de côr ama<br />
A massa dentro é uma polpa aquosa rella, que é adstringente.<br />
acinzentada, e de muito bom sabor,<br />
levemente acidulo; encerra duas se Gsaabàrôba, de Minas Geraes.<br />
mentes escuras.<br />
—Psiãium multiflorum. — Fam. idem.—<br />
Cultiva-se no extineto Jardim Bo Arbustinho de folhas oppostas, oblontânico<br />
de Olinda, vinda do Rio de gas, mucronadas, pubescentes, e dé<br />
Janeiro.<br />
peciolos òurtos.<br />
Flores em cachos semelhantes, e com<br />
Guabijú.— V. Guabira-guaçú. a mesma organisação das congêneres,<br />
com pouca differença.<br />
Guabiraba. —Cordia rotundifolia,<br />
Ruiz.— Fam. das Borragineas.— Quasi Guabiroba, de Minas Geraes.<br />
sempre esta planta fôrma arbusto e —Psidium corymbosum, St. EU. —Fam.<br />
subarbusto.<br />
idem. — E' outra espécie de Guabiraba,<br />
Suas flores distilladas são optimas que nas províncias do sul chamam<br />
contra as ophtalmias.<br />
Guabiroba.<br />
Seus fruetos são excellentes.<br />
Esta é proveniente de um arbusto<br />
As folhas, que são aromaticas, ser de casca lisa, folhas oblongas, de côr<br />
vem para banhos; o pó do carvão de verde-amareLiada buscando cinzento, è<br />
sua madeira se applica contra beli- pillosas.<br />
des.<br />
Flores em cachos.<br />
Fructo redondo e amarello, quando<br />
Guabiraba do Maranhão.— maduro.<br />
Fam. Idem. — E' uma frutinha de Tem bom cheiro.<br />
menos de 3 centimetros de diâmetro,<br />
coroada pelos restos do cálice.<br />
Floresce em Abril.<br />
E' amarella côr de gemma d'ovo, Guabiroba, do Pará. —Euge-
sso GUA GUA<br />
nia myrobalana, D. C. — Myrtus myroSeus<br />
fruetos são doces; elle é adsbalana,<br />
Mart.—Fam. idem— Esta espétringente.cie, conhecida no Pará e no Alto Amazonas,<br />
é um arbusto de folhas ovaes Guaco. — Mikania guaco, Eumb.—<br />
oppostas.<br />
Fam. das Compostas. —Planta que ha<br />
As flores são brancas.<br />
bita na Nova Granada e no Brasil.<br />
O fructo oblongo, afinando para am Seu caule é trepador e ramoso.<br />
bas as extremidades, coroado pelo cá Folhas pecioladas, oppostas, ovaes<br />
lice, e contendo um só caroço. agudas, com pellos ásperos na face superior-<br />
Gualtiroba, do Rio Grande Sabor amargo, cheiro forte e desa<br />
do Sul. —Myrtus mucronatus, St. EU. gradável.<br />
—Fam. idem.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' sudori-<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — As folhas fico enérgico, peitoral, e antysiphilico;<br />
d'esta são empregadas contra diarrhéas da-se em infusão, que se prepara com<br />
mucosas, o catarrho vesical, e leucor- 8 grammas da planta para 375 gramrheas.<br />
Usa-se exteriormente em loccões. mas d'agua.<br />
fomentações e em clysteres.<br />
Atribuem-lhe propriedades específicos<br />
nas mordeduras de cobras, e no<br />
Guabiraba, do Rio da Prata. rheumatismo.<br />
-Myrtus mucronata, St. EU.—Fam. idem.<br />
— Esta Guabiroba vegeta nas margens Guaiaba. —V Goiaba.<br />
do Rio da Prata e Uruguay.<br />
E' um arbusto ou pequena arvore Guaaibe-ambe. — Psidium aroma-<br />
ramosa, de tronco liso.<br />
ticum, Aubl —Fam. das Myrtaceas, Juss.<br />
Folhas lanceoladas.<br />
— Planta do Pará.<br />
As flores são em cachos, mesmo como E' um arbusto do Pará e do Ama<br />
as congêneres.<br />
zonas.<br />
0 fructo é do tamanho de um Araçá<br />
grande, de cor amarella.<br />
E' adstringente.<br />
A semente oval, e comprimida. Guaimbé.—Caladiumacerum, Willd.<br />
E' de sabor agradável.<br />
— Fam. das Araceas, Juss. — Esta planta<br />
Floresce em Dezembro e Janeiro.<br />
Guabiroba, de S. Paulo. —<br />
suppomos sêr uma das especi es do<br />
lmbè.<br />
Psidium guasumifolium, Stl EU.—Fam. PROPRIEDADES MÉDICAS.—A raiz se<br />
idem. — Esta arvore é conhecida por dá, na dose de 5 á 20 grãos, nas hy-<br />
este nome em S. Paulo.<br />
dropesias ; externamente usam as folhas<br />
E' de porte mediano, e ramosa.<br />
A casca é fina e lisa.<br />
em banhos nas affecções rheumaticas.<br />
As folhas oblongas.<br />
Guaimbé ou Imbé ou Cipó<br />
As flores são brancas, aromaticas e de Imbé. — Philodendron lmbè. —A rum<br />
solitárias.<br />
arborescens. — Fam. idem. —Esta arvo-<br />
, O fructo globuloso, um pouco pelresinha certamente não é o lmbè de<br />
ludo, e de côr amarella de gemma d'ovo; Pernambuco, e nem o das Alagoas.<br />
contem muitas sementes, e é saboroso. E' um arbusto de 4 a 5 metros, de<br />
Floresce em Novembro.<br />
folhas oppostas, ovaes, luzentes e de<br />
côr escura.<br />
Guabiraguasú. — Eugenia gua-<br />
As flores com os dois sexos divididos.<br />
bijú, Mart. — Fam. Idem. — E' um ar O fructo é uma baga um tanto rebusto<br />
semelhante ao Araçazeiro. donda, com um caroço.
GUA GUA SS1<br />
Em lingua tupinica é Tracuans.<br />
E' das regiões amazônicas.<br />
Guajará timbó. — V Anileira<br />
Caachira do Norte.<br />
Guajará timbó.— V Anil.<br />
Guajará. —Vicentia acuminata. Fr.<br />
Ali.— Fam das Combretaceas.<br />
Guajerú. — V. Goajurú.<br />
Guanaitdy — No Maranhão é o<br />
Anani, no Pará Planta.<br />
A cinza do lenho dá uma decoada, (*)<br />
que limpa as ulceras, e é anti-bleunorrhagica.<br />
Guaparaiba. — V- Mangue vermelho,<br />
verdadeiro ou amarello — em tupinico<br />
— de S. Paulo.<br />
Guaparonga. — Marliera tomentosa,<br />
St. EU. — Fam. das Myrtaceas. —<br />
É o fructo dc um arbusto fraco, de<br />
folhas oppostas, ellipticas, aloiradas.<br />
Elle é oval, com a pellicula externa<br />
roxa, escura e de sabor agradável.<br />
Guapéba. — Fam. das Leguminosas.<br />
Guando.—Cajanus flavus, D. C — E' uma arvore conhecida nas Ala<br />
—Cytisus.— Cajanus, Linn, e Spll.—Fam. goas por este nome.<br />
das Leguminosas.— Assim se chama um E' uma das mais elevadas.<br />
legume cultivado no Brasil, originário Sua casca é muito grossa e esbran<br />
dos orientaes.<br />
quiçada.<br />
E' um arbusto de pouca elevação, As folhas um tanto pequenas.<br />
quando muito até 1 e %. a 2 metros; As flores brancas, à semelhança de<br />
suas folhas trifolioladas sãode côr verde jarrinhos.<br />
acinzentada, pubescentes e ellipticas. O fructo ainda não observado.<br />
As flores são em cachos, e de côr A madeira d'esta arvore é branca<br />
amarella, parecendo umas pequenas côr de palha; não tem cerne distin<br />
borboletas.<br />
eto ou differente; dá boas taboas que<br />
O fructo é uma vagem roliça de 3 se prestam para diversas obras.<br />
a 9 centimetros, fazendo algumas saliências<br />
nos pontos onde existem sementes, Guapebeira. — Guapeba laurifolia,<br />
que são de fôrma redonda e cor de Gom. Fam. idem. — Planta do paiz cu<br />
carne.<br />
jos fruetos tem a fôrma e sabor da<br />
Estas sementes constituem a bèm co maçã, e são comestíveis.<br />
nhecida e muito estimada hervilha<br />
Guapeva de S. Paulo. — Eypan.<br />
do commercio e do uso das cosinhas.<br />
(hera guapeoa, Mans. —\Fam dasNhan-<br />
Em Pernambuco não é abundante<br />
ãirobeas. — Esta planta em Minas cha<br />
este legume, nem se cultiva em grande<br />
mada— Fava de S. Ignacio.<br />
escala a planta.<br />
E' um arbusto trepador, com os ca<br />
Nas províncias do Sul, especialmente<br />
racteres pouco mais ou menos da An<br />
no Rio de Janeiro, é que dão valor ao<br />
diroba.<br />
seu merecimento.<br />
No Rio chamam-lhe Guandos, e em PROPRIEDADES MÉDICAS. — Suas se<br />
Pernambuco Guandus, em outras parmentes são amargas e oleosas.<br />
tes Ervilha de Angolla.<br />
E' de um grande effeito na ictericia,<br />
Diz-se que as flores mais próximas na dose de uma a duas sementes,<br />
dos ramos são úteis contra as mo cinco a seis vezes repetidas; sendo<br />
léstias do peito, e também contra as maior a dose, torna-se um purgante<br />
dores de dentes.<br />
drástico.<br />
As folhas em cosimento curam as<br />
(*) Phrase vulgar que significa a solução<br />
chagas; e as pontas dos ramos pisa<br />
da potassa, e outros principios contidos<br />
das são boas para sustar hemorrhagias.<br />
nas cinzas.
«n o GUA GUA<br />
Guapicobalba. — Cássia brasilitamento presumível dc um dos óvulos,<br />
ensis. — Fam. das Leguminosas. Lamk. e com — três azas longitudinnes e esfri<br />
Arvore do Brasil, com folhas dispostas adas.<br />
em palmas compostus.<br />
A semente está suspensa por hum<br />
As flores em cachos.<br />
longo podosperma ; o episperma ó mem-<br />
Os fruetos são vagens compridas e branoso; não existe o endosperma, e o<br />
achatadas.<br />
embryão tem os seus cotvledcncs foli-<br />
Ella é synonima de Cássia mollis de aceos, e enrolados em espiral.<br />
"Wild. — Cássia grandis de Linn. A sua madeira c procurada para canos<br />
Tem as mesmas virtudes da Cássia de conduzir água para os engenhos de<br />
ordin.<br />
Guapicóbaiba. — Cássia brasili<br />
café e assucar, ou para os moinhos ;<br />
é também applicada nas obras internas.<br />
ana.—Cássia mollis. eVahl. Linn. —Fam. Guaraná.—Paidlinia sorbilis, Mart.<br />
idem. — Arvore ou arbusto de folhas — Fam. das Sapindaceas. — O Guarani<br />
alternas, compostas de 10 a 20 pares» é um produeto brasileiro, extrahidode<br />
com foliolos oblongos.<br />
um arbusto do mesmo nome, que ha-^<br />
Ápice semimueronado, na face supe bita nas províncias do Pará e Amazonas.<br />
rior pubescente, um tanto molle. Os fruetos que ella produz apresen<br />
Peciolos longos.<br />
tam-se em cachos, como os da parreira,<br />
Flores em cachos axillares, peque e, quando estão maduros, tem uma bella<br />
nos, como as do mesmo gênero. cor vermelha rutilante; as amêndoas<br />
Legume achatado, rugoso,e comprido. são escuras, quasi do tamanho de<br />
Para Linnêo. —Cássia grandis. avelãs.<br />
No seu fabrico seguem os indígenas<br />
Guapironga. — V. Guaporonga. da província do Amazonas o seguinte<br />
processo, que entretanto não tem sido<br />
Guaporonga. — Marliera tomen- averiguado com precisão.<br />
losa. — Fam. das leguminosas. — Planta Colhem os fruetos ainda não bem<br />
de S. Paulo, cujos fruetos são comes maduros, e os tratam com água para<br />
tíveis e saborosos.<br />
tirar-lhes a parte earnosa.<br />
Torram as sementes, tritüram-nas<br />
Guapuy ou Guapulty. —Lon- em pilões até reduzil-as a pó; por<br />
gisiliculo. — Fam. das Bignoniaceas. meio — d'agua transformam este pó em<br />
Planta do paiz, empregada em diversas uma massa sufficientemente consistente<br />
moléstias syphiliticas; a raiz cosida para ser moldada, sendo finalmente<br />
n'agua é boa contra as moléstias de esta cosida em fornos próprios.<br />
olhos.<br />
Alguns asseguram, que além d'isso<br />
levam um pouco da substancia do arroz<br />
Guará juba.—Fam. das Combrc- e farinha de mandioca peneirada.<br />
taceas. — Arvore que vegeta nas pro Assim preparado, o Guaraná se aprevíncias<br />
do sul do Império.<br />
senta no commercio em massas cylin-<br />
As folhas são simples e alternas. dricas, ellipticos, ou ovaes, muito<br />
Os merithallos são desiguaes: alguns compactas difliceis de se reduzir a pó,<br />
de forma elhptica, outros ovaes ou de côr roixa ou vermelha escura, de<br />
regulares.<br />
cheiro suave e particular, sabor amargo<br />
As flores são pequenas, e dispostas agradável, e mui pouco adstringente;<br />
em racimo; o pedunculo primário é del pesa cada pão 8 onças mais ou menos.<br />
gado, anguloso e pubescente ; cada flor<br />
é acompanhada por uma bractea linear. PROPRIEDADES MÉDICAS.—E' um ex-<br />
O fructo é uma samara coriacece, cellente remédio para a cura das ble-<br />
indehiscente, monospermica pelo abornorrhagias recentes e chronicas; em
GUA<br />
GUA SS3<br />
limonadas toma-se para saciar a sede; pies, e, algumas vezes compostas, com<br />
é também muito usada com proveito ou sem estipulas.<br />
nas diarrhéas e dysenterias.<br />
As flores ora solitárias, ora diver<br />
Internamente 8 grammas do pó para samente agrupadas em espigas, em<br />
375 grammas d'água.<br />
cachos, etc. ; offerecem um cálice ga-<br />
Os índios de Mauhe, das margens mosepalo, plano ou tubuloso inferior<br />
do Madeira inferior, são os que mais mente, onde elle se une ás vezes com<br />
se applicam á preparação do Guaraná, o ovario, terminado superiormente em<br />
que fazem da semente da planta, for trez ou cinco divisões.<br />
mando massa cylindricá ou redonda, A corolla, que falta rarissimas vezes<br />
D'ali é levada ao commercio de muitos é formada de quatro ou cinco pétalas<br />
paizes, e se considera como panacéa ás vezes soldadas pela base.<br />
dos pobres.<br />
Os estames são commumente em nu<br />
Martius foi o primeiro que em 1826 mero duplo do das pétalas, algumas<br />
estudou chimicamente este remédio ; vezes em numero indefinido.<br />
e achou diflerentes princípios ele O pistillo se compõe de duas carpelmentares.las,<br />
em parte soldadas todas, e adhe-<br />
A massa do Guaraná rala-se, e, com rindo mais ou menos intimamente ao<br />
água e assucar, passa por grande re tubo calicinal ; rarissimas vezes achafrigerante,<br />
estomacal, antifebril, aphrose três ou cinco carpellas.<br />
disiaca.<br />
O ovario, cercado de um disco peri-<br />
Excita o systema nervoso gastro-ingynico mais ou menos saliente, contém<br />
testinal, impede a evacuação supera- ordinariamente muitos e mui raras vezes<br />
bundante de muco, desperta o movi um só óvulo ; estes óvulos estam insemento<br />
do coração e das artérias, e ridos em um trophosperma collocadó<br />
augmenta a diaphorese (transpiração). ao longo do septo.<br />
E', por conseguinte, excellente remédio. . O fructo, que é raramente carnoso,<br />
Serve para combater as affecções é em geral uma cápsula terminada pela<br />
febris, as eólicas flatulentas, as enxa parte superior em duas pontas mais<br />
quecas, engurgitamento das viceras ou menos alongadas, abrindos-se muitas<br />
abdominaes, predisposições de conges vezes por duas válvulas septiferas.<br />
tão para a cabeça, etc, excita o appe- As sementes offerecem sob o tegutite<br />
carnal, diminuindo as funeções mento próprio um endosperma carno<br />
espermaticas.<br />
Guaraná uva. — V. Guaraná.<br />
Guaraparé da miúda. — Wcimso<br />
que encerra um embryão axillo, homotropo<br />
algumas vezes um pouco curvo.<br />
Guaraquim. — V. Eerva Moura.<br />
nannia Mrta, Mart. — Fam. dus Saxi-, Guaraquymia. — E' um arbusto<br />
fragaceas. — Arvore media, de ramos do paiz, que é vermifugo, e semelhante<br />
eriçados de pellos hirtos.<br />
ao Myrto.<br />
Folhas oppostas, oblongas, sobre<br />
peciolos alados.<br />
Guararema. — V. Iberarema.<br />
As flores em cachos abundantes. Guarda sereno. — V. Capim<br />
Os fruetos são cápsulas oblongas ou guarda sereno.<br />
globulosas, terminando em pontas aloiradas.<br />
Contem duas sementes. Guardião. — Melothria officinalis.<br />
Fam. das Cucurbitaceas. — Herva volú<br />
CARACTERS DA FAMÍLIA. — As Saxivel, indígena de Pernambuco.<br />
fragaceas são plantas herbaceas, rara Vegeta só nas mattas e ganha as<br />
mente arbustos ou arvores, cujas fo maiores alturas, acompanhando as arlhas<br />
são alternas ou oppostas, sim-1 vores mais elevadas.
SS4 GUA GUI<br />
E' de caule pardo claro.<br />
Folhas recortadas.<br />
Flores amarellas, com dois sexos.<br />
O fructo é uma baga allongada e<br />
pequena.<br />
Esta planta, da medicina domestica<br />
em Pernambuco, é empregada em clysteres<br />
em differentes enfermidades.<br />
Guary. —Fam. das Palmeiras. —<br />
E' uma palmeira da America Meridional,<br />
até estes últimos tempos desconhecida. <br />
so é antelmintico na dose do 2 á 4 colhéres.<br />
Guaxuma do mangue- — Hibiscus<br />
pernambucensis. Fam. idem. —<br />
Esta planta cresce em Pernambuco nos<br />
lugares vizinhos ao mar, e principalmente<br />
nas margens dos rios Goianna<br />
e Parahyba.<br />
Guarè. — Guarea trichilioides9 Linn,<br />
Do liber poder-se-hia fazer boa cor<br />
— Fam. das Meliaceas. — E' uma planta dagem para o uso ordinário.<br />
semelhante ao Gitó.<br />
O sueco leitoso que possue, é eme- Guaxunta. — Guazuma ulmifolia.—<br />
tico, e cathartico poderoso.<br />
Fam. das Bylhneriaceas. — Os fruetos<br />
A infusão da planta é menos enér d'este arbusto tem uma substancia mugica.cilaginosa,<br />
doce e agradável, que se<br />
come.<br />
Guela de pato. — V Rabo de<br />
porco.<br />
Guercroba de remo. — Aspidos-<br />
Guarubú ou líoxiitho. — Peipermum muricalum. — Fam. das Apocyto<br />
ginea-guarubú. Fam. dvs Leguminosas. naceas. — E' uma planta do Maranhão.<br />
— Arvore do Brasil; sua madeira de<br />
côr roxa, não se confunde com a de Guiabava. — V Braga da Praia.<br />
nenhuma outra arvore.<br />
E' muito procurado para os raios das Gui tina. —Portlandia hexandra, Jacq.<br />
rodas dos carros.<br />
— Coutarea speciosa, Aublet. — Fam. das<br />
E' excellente madeira de construcção. Rubiaceas. — Arvore que vegeta na Guyanna<br />
e nos Amasonas.<br />
Guaxima. —V- Carrapichimho. — Suas flores são lindas, e bastante<br />
Corresponde ao malvaisco do Sul. aromaticas.<br />
Em lingua tupinica Guaxima.<br />
Seus fruetos são cápsulas.<br />
Guaxima branca. — Eelicteres<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—A casca é<br />
pernambucensis, Arr. C. —Fam. dvs Mal de um sabor amargo e desagradável,<br />
vaceas. — E' emoliente, suecedanea da tendo também a propriedade de ser<br />
malva.<br />
um pouco adstringente.<br />
Guaxima branca.—V. Sacarro-<br />
Iha.<br />
Guira.— Slruthanthus cilricola.—<br />
Fam. das Loranlhaceas.— Este vegetal<br />
também é commummente conhecido na<br />
Guaxima do mangue. —Eibis- lingua tupinica por telypote-iba,<br />
cns pernambucensis, Arr C. —Fam. das<br />
vera repoty.<br />
Malvaceas. — Tem as propriedades da<br />
E' uma planta, espécie de encherto<br />
Meira labata das outras Guaximas.<br />
ou herva de passarinhos.<br />
ou<br />
Guaxima da malta. —V. Gua Com esta herva contusa e fervida<br />
xima b.anca de Pernambuco. com azeite faz-se um unguento útil<br />
Guaximba preta. — Ficus radile.<br />
contra os tumores provenientes de frio.<br />
Os grelos são amargos como a chi<br />
— Fam. das Urlicaceas. — O sueco leitocória,<br />
e constituem um bom palmito.
GUR GUT SS5<br />
Guiry ou Coqueiro guribuco dão t este nome a uma arvore,<br />
wy.— V. Guriry.<br />
a que pelo sertão chamam Piriquiteira.<br />
Ella tem a casca parda.<br />
Guiti.— V. Oiti.<br />
As folhas á maneira de ferro de<br />
lança.<br />
Guiti-guaçú—V.oiti-coróia,oiti-coró. As flores, em cachos pequenos, esbranquiçadas<br />
e miudissimas.<br />
Guiti-iba.— oiti-coróia, oiti-coró. Os fruetos pequeninos, globulosos, e<br />
com um carocinho dentro.<br />
Guiti-toroba—Pison.<br />
Guiti-mirim.— V. Oiti da Praia.<br />
O liber d'esta arvore dá bôa matéria<br />
para cordas.<br />
Gutta percha. — Isonandra gutta<br />
Guity.— V. Sabonete.<br />
ou Isonandra percheira. — E' uma arvore<br />
do Amazonas e dos lugares adjacen<br />
Guitytoroba.— Lucuma rivicoas, tes, que fornece um sueco leitoso, igual<br />
Pison,— Fam. das Sapotaceas.— Arvore mente 'como o da Maçarandubeira.<br />
mui semelhante ao Sapoti, até mesmo Este sueco solidifica-se com o tempo<br />
nos seus fruetos; estes são gommosos, pela acçâo do ar; serve para o fabrico<br />
saecharinos, empregados nos fluxos de vários instrumentos de cirurgia.<br />
do ventre, e catarrhos pulmonares. Suas applicações nas artes são in-<br />
E' uma espécie de Abio.<br />
numeraveis.<br />
A Gutta-percha não é tão elástica<br />
como a Gomma elástica, mas adquire<br />
Gulandim.— Moronobia coecinea<br />
maior rigidez e resistência do que esta.<br />
Aubl.— Fam. das Guttiferas.— Arvore do<br />
E' uma substancia que se prçsta ao<br />
paiz, elegante,, lactifera, de folhas op<br />
fabrico de talas para fracturas, pespostas,<br />
oblongas, coriaceas, ovaes e glasarios,<br />
suppositorios, sondas e algabras<br />
e pontudas.<br />
lias.<br />
Flores em cachos nas extremidades<br />
Para dar-lhe a configuração que se<br />
dos ramos.<br />
quer, basta immergil-a em água quente,<br />
Pedunculos vermelhos.<br />
e trabalhal-a com os dedos.<br />
Cálice de cinco sepalas.<br />
Quando torna á temperatura ordiná<br />
Flores rubras e pequenas.<br />
ria recupera sua consistência primitiva,<br />
Fructo, baga espessa, de uma dois<br />
que é a do couro.<br />
caroços.<br />
Exposta ao fogo inflamma-se como<br />
A madeira d'esta arvore é um tanto<br />
todas ás resinas, e arde desenvolvendo<br />
fraca, porém boa para estivas de es-<br />
uma fumaça muito expessa. Electrisa-se<br />
tribarias.<br />
facilmente.<br />
A frueta come-se: é acre-doce ; mas<br />
O tecido electro-magnetico, empre<br />
só os animaes lhe dão apreço.<br />
gado contra as dores, não é outra cousa<br />
senão umas lâminas muito delgadas<br />
Gulandim.—Moronobia grandiflora, de Gutta percha.<br />
Chvi.— Fam. Idem.— E' uma arvore<br />
do Amasonas,<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — O Dr. Sim-<br />
Suas folhas são ellipticas e maiores psom servia-se da dissolução d»-Gutta<br />
que \ as da precedente. Notável pela percha em chloroformio para fazer ci-<br />
sua [grande flor em cacho.<br />
catrisar as ulceras, o chloroformio volatilisa-se,<br />
e a Gutta-percha fica con<br />
Guriaadâba ouPeriquiíeria.— stituindo uma capa resistente sobre a<br />
Traganum scariosus.—\Fam. das Chenopo- ulcera, o que favorece a sua cicatridiaceas.<br />
— Nas Ãlagó~ã"sj ê èm| Pernamsação.<br />
31
SS6 HER HER<br />
Heliotropio. — Eeliotropinm co- Todas as suas congêneres, que são nurymbosum,<br />
Bomp. — Eel. grandiflorum. merosas, são oriundas dos paizes do<br />
Jamme, Don. — Fam. das Borragineas, Trópico.<br />
Linn. — E' uma flor, natural do Peru, A Eerva babosa é dAfrica e d'Ame-<br />
importada, e que se cultiva em nossos rica; ella assemelha-se em estruetura<br />
jardins; é de tamanho regular, de 1 ao Ananaz; porém é menor, tendo us<br />
metro.<br />
folhas quasi triangulares, grossas, cheias<br />
E' ramosa, e um tanto pelluda ; é de de um sueco amarello, de cheiro acti<br />
uma côr verde desmaiada.<br />
vo e enfadonho, bordadas de espinhos<br />
As folhas são ovaes, e crespas. em serrilha.<br />
As flores, de suave cheiro, apresentam- Emitte do centro uma vergontea, a<br />
se em cachos, nas pontas dos ramos, e qual se cobre na parte superior de<br />
são inseridas em um só lado, enroscan- flores amarellas, como angélicas; dondo-se<br />
na ponta.<br />
de resultam uns fruetos ovoides, cheios<br />
Sua côr é de lirio misturada com o de sementinhas.<br />
branco; ellas são afuniladas.<br />
A raiz fôrma um grande numero de<br />
O fructo é uma pequena baga verde, fibras fortes, e que sahem além da su<br />
contendo um carocinho.<br />
perfície da terra.<br />
O sueco expresso das folhas, depois<br />
Herva andorinha. — Euphorbia de seccas, fôrma o medicamento cha<br />
coecorum, Mart.—Euphorb. linearis, mado Retz. Alôes, que se apresenta como<br />
— Fam, das Euphorbiaceas.<br />
uma massa dura, parda escura, quasi<br />
ne*gra, reluzente, frágil, de sabor ex<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. —Esta herva tremamente amargo desagradável, so<br />
contundida é applicada com proveito lúvel em água quente, e no alchool.<br />
nas ulceras syphiliticas inveteradas. Este remédio faz parte- do grande<br />
Em Pernambuco o seu cosimento é numero de formulas pharmaceuticas,<br />
também applicado em clysteres; é ntil e que são applicadas com vantagem<br />
nas diarrheas, nas dysenterias, hemor- internamente como purgativas na dose<br />
rhoidas e pleurizes.<br />
de 1 a 3 decigrammas ; dá-se mesmo<br />
em pó ou melhor em pílulas.<br />
Herva Anil.—V. Anil.—Indigofera<br />
tinctoria.<br />
Herva dos Barítonos. — V.<br />
Barba de velho.<br />
Herva de Anil. —Indigofera donniguensis<br />
; Spreng. —Fam. das Legumi Herva benta. — Geum urbamm,<br />
nosas. — Em lingua indígena, Caachira; Linn. — Fam. das Rosaceas. — Esta<br />
Esta planta é como o Anil de Per planta é natural da Europa.<br />
nambuco, já acima descripto.<br />
Suas folhas, frescas, podem ser usadas<br />
como salada.<br />
Herva do amor. — V Trevo. E' considerada como anti-febril;<br />
Herva babosa.—Aloes humilis.<br />
usa-se em infusão, que se prepara com<br />
2 a 4 grammas para 375 d'água.<br />
Flumb. —Aloes perfoliata. Linn. e Spl.<br />
— Fam. das Liliaceas. — Esta planta Herva do bicho. — Polygonum<br />
pelo seu uso familiar ê bem conhecida. anli-hemorrhoidale, Mart. — Fam. dasPo-
HER HER SS?<br />
lygonaceas.— E' diuretica e temperante,<br />
usada, quer interna quer externamente,<br />
em banhos e clysteres, nas gonorrhéas,<br />
retenções de urinas, e hemorrhoides.<br />
Também empregam-na contra a gotta.<br />
Seu sueco serve para clarificar os<br />
xaropes na fabricação do assucar.<br />
Ha ainda duas espécies, Polygonum<br />
acre, Hunt. Polygonnm stipticum, Cham.,<br />
empregadas nos mesmos casos.<br />
Estas são congêneres da Pimenta<br />
d'agua de Pernambuco. — Polygonum<br />
hydropiper.<br />
Herva do bicho.—Nome dado<br />
em alguns lugares á Eerva moura.<br />
Herva do bicho. — V. Pimenta<br />
d'agua.<br />
Herva do bicho. —No Rio de<br />
Janeiro, S. Paulo, e Minas. — V. Pimenta<br />
d'agua.<br />
Herva de cabra. — Euphorbia<br />
bicolor. — Fam. das Euphorbiaceas. —<br />
Esta espécie é semelhantissima á<br />
Eerva de S- Luzia, apenas com a differença<br />
de que cresce muito mais.<br />
As flores, porém, umas são rubras,<br />
outras brancas.<br />
O fruetinho é semelhante.<br />
Os Alagoanos dão-lhe este nome porque<br />
as cabras gostam muito d'ellas.<br />
Applicam-n v doenças dos olhos dos animaes, mesmo<br />
dos que acarretam alteração ou destruição<br />
dos tecidos d'estes órgãos. Vimos<br />
applicarem-n'0 ás galinhas.<br />
E' esta talvez a principal Eerva de<br />
S. Luzia das províncias do Sul.<br />
Herva dos cachos. —V- Tintureira<br />
vulgar.<br />
Herva dos cachos da índia.<br />
— Phytolacca decandra. Linn.—Fam.<br />
das Chenopodiaceas. —E' uma planta de<br />
raiz espessa e earnosa, què dá nas<br />
cercas; tem um caule ramoso, e cylindrico,<br />
espesso e de côr purpurea,<br />
de 1 a 2 metros de altura.<br />
As folhas são de peciolos curtos,<br />
ováes, e oblongas.<br />
As flores são vermelhas.<br />
Dizem sêr originaria da America Septentrional;<br />
conhecida pelos diversos<br />
nomes de Raisin ães tropiques, Epinard<br />
des Indes. Eerbe á Ia laque, Mor elle en<br />
grappes. etc. * **,„,• -.<br />
As folhas novas são insipidas.; entretanto<br />
comem-n*as na America, como<br />
salada.<br />
Do fructo d'esta planta estrahe-se uma<br />
tinta vermelha; mas que não é firme.<br />
Herva canudo. — V Alfavaca<br />
silvestre.<br />
a para destruir bellidas.<br />
Herva do Capitão. — Eydroco-<br />
Herva de cabra ou S. Luzia. tyle bonariensis. Lamh. —Fam. das Um-<br />
— Euphorbia unicolor. — Fam. Idem. belliferas. —<br />
—Planta rasteira, que vegeta<br />
Hervinha agreste delicada, que em nas proximidades das águas; é origi<br />
Pernambuco é também conhecida por naria de Buenos-Ayres, mas tambem<br />
Maria Leite, nas Alagoas por Eerva existe no Brasil.<br />
de cabra.<br />
Suas folhas são em fôrma de rim,<br />
E' de 24 a 48 centimetros, de caule arredondadas.<br />
fino, leitoza, colorida de verde e ver As flores, em cachos pequenos, são'<br />
melho .<br />
esbranquiçadas.<br />
Folhas oppostas, ellipticas, e lacti- Seus fruetos são pequeninos, formando<br />
feras.<br />
cápsula chata, com duas sementes<br />
Flores em cachinhos, roixeadas, e dentro.<br />
brancas.<br />
Cremos que esta planta é a mesma<br />
O fructo é um caroço roliço, de trez espécie da de Pernambuco.<br />
cocasinhas, como o do pinhão.<br />
A rama e o caule são acres e aro-<br />
Applicam o sueco d'esta planta nas maticos.
SS8 HER<br />
pana (Herva anta); pôde ser útil nas<br />
febres advnaniicas, e substituir a serpentaria.<br />
e, como ella, diuretioa ; em doses grandes<br />
é emetica.<br />
Herva collegio. — Elephantopus<br />
Ella é applicada nas obstrucções do tomentosus, Mart. — Fam. idem. — lista<br />
fígado e outras vísceras abdominaes. planta é empregada como tônico e sudorifico<br />
nos catarrhos pulmonares.<br />
Herva carpinteiro.— V" Mil em O sueco fresco d'esta espécie, e prin<br />
rama.<br />
cipalmente da variedade chamada Fumo<br />
bravo, é lithontriptico (contra as pe<br />
Herva chumbo.—Avicennia aldras das urinas).<br />
veolala, Lacer. Fam. das Leguminosas.<br />
— Planta do Pará<br />
Herva da cruz. — V- Eerva lom-<br />
A casca tem um sabor salgado, e é brigueira.<br />
applicada contra as dores de dentes.<br />
Herva do diabo. — V Eerva<br />
collegio.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Quanto ás<br />
suas virtudes e acção sobre a economia,<br />
é semelhante á salsa cultivada,<br />
Herva chumbo. — V Cipó de<br />
chumbo.<br />
Herva doce. — Anisum vulgares,,<br />
Herva cidreira. — Melissa offi Linn. — Fam. das Umbelliferas. — A<br />
cinalis, Linn. — Fam. das Labiadas. herva — doce é natural do meio-dia da<br />
E' uma planta acelimada no Brasil, Europa; mas d'esde muito tempo se<br />
de Vt a 1 metro de altura.<br />
cultiva no Brasil.<br />
Caules em moita.<br />
Entre nós porém é escassa, é rara<br />
Folhas oppostas, pecioladas, bastante mesmo de encontrar-se em Pernam<br />
grandes, ovaes, um tanto cordiformes buco, onde já foi cultivada.<br />
na base, de côr verde clara, acinzen- J|' uma herva delicada, que chega a<br />
tada, e superfície áspera, nas margens. rmetro de altura,<br />
Flores brancas, com cheiro seme Seus caules e toda a planta sao<br />
lhante ao do limão, e de sabor aro- aromaticos.<br />
matico.<br />
As folhas estreitinhas.<br />
As flores amarellas, pequeninas, em<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Excitante, cachos á maneira de umbrella, cuja<br />
antispasmodico ; emprega-se nas diges fruetinha tem apenas três linhas de<br />
tões laboriosas, affecções nervosas, e extensão, de forma conica, e côr parda.<br />
como emmenagogo. Dá-se em infusão, E' angulosa, terminada na parte su<br />
e se prepara com 8 grammas da herva perior por um esporãosinho; dentro<br />
para 500 d'agua fervendo,<br />
existem as sementes.<br />
Estas são empregadas nos misteres<br />
Herva das cobras.— Euphorbia de cosinha especialmente em certas<br />
capiata, Lamk. — Fam. das Euphor comidas.<br />
biaceas. — Passa por um grande antí São usadas também na pharmacia,<br />
doto do veneno das cobras. Na lingua como medicinal; gosa de propriedades<br />
dos indígenas Caa-cica ou Caa-tia. carminativas.<br />
Herva de cobra. — Mihánia opi- Herva doce brava. — Erytroxyfera,<br />
Mart. — Eupatorium crenatum, lon stipulosum. — Fam. das Erytroxileas.<br />
Gom. — Fam. das Compostas. — Esta — Também a chamam Páo herva doce<br />
planta vegeta no Rio de Janeiro, S. brava.<br />
Paulo e Minas.<br />
Por ambos os nomes é conhecida<br />
Ella é diuretica e substitue a Aya- esta planta.<br />
HER
HER HER SS9<br />
E' um arbusto de pouca elevação, Herva de golfa.— Cephalanthus<br />
pouco mais ou menos de 4 metros. strigosus — Fam. das Rubiaceas— Assim<br />
Os ramos, nas pontas, apresentam chamam em Pernambuco a um sub-<br />
como que pequenos nós, cheios de esarbusto de 1 metro para menos de<br />
camas paleaceas.<br />
altura.<br />
As folhas são ovaes, e allongadas; O caule meio nodoso, côr de cas<br />
as flores amarelladas ou esbranquiçatanha, é escamoso, e quadrangular.<br />
das, com cheiro agradável.<br />
O ápice formado como que de pe<br />
O fructo é pequeno, oval, com um quenos nós.<br />
carocinho dentro.<br />
As folhas oppostas e estretinhas.<br />
As flores abraçam o caule circular-<br />
Herva dóee mansa. — Erythromente, formando capitulos de distancia<br />
xylon. — Fam. idem. E' um arbusto silem<br />
distancia; são brancas, como anvestre,<br />
conhecido nas Alagoas por este gélicas, e mui pequenas.<br />
nome.<br />
Cada fructo é uma pequena cápsula<br />
Seus caules são de muita flexibilidade. molle; elles. se acham reunidos for<br />
Suas folhas oppostas, lanceoladas, mando aggregados.<br />
pequenas.<br />
Esta planta é semelhante á Vas<br />
As flores são brancas e cheirosas; sourinha de botão; sua congênere dif<br />
dão mesmo pelo tronco.<br />
fere em ser de porte grande.<br />
O fructo é de 3 contimetros de diâ Diz-se que tem virtudes, pelas qüaes<br />
metro, redondo, semelhante ao da é applicada contra a gotta.<br />
murta, com um ou dois caroços dentro.<br />
Vegeta muito no littoral.<br />
Herva lombrigueira.— V. Lom-<br />
Come-se, e as vergonteas servem para brigueira.<br />
açoitar cavallos.<br />
Herva ntijona ou espia ca<br />
Herva dutra.— Mikania martiuminho.— Clitoria urinaria—Fam. das<br />
siana.—Fam. das Melaslomaceas.— Ar Leguminosas,—Herva alastrada, de caule<br />
busto do Brasil, muito commum na roixo.<br />
província de S. Paulo, de 3 a 4 Folhas compostas de três foliolos, e<br />
metros de altura.<br />
ellipticas.<br />
Ramos cylindricos, erectos, de côr As flores, em cachos pequenos, são-<br />
parda acinzentada na parte inferior. brancas, com manchas roixas.<br />
Folhas erectas, oppostas, cruzadas, O fructo é um legume, estreito, de<br />
com a face superior de côr verde menos de 24 centimetros; os grãos<br />
clara.<br />
são como os de feijão.<br />
As folhas tem sabor um pouco ads Esta planta é muito diuretica.<br />
tringente e adocicado.<br />
Encontra-se freqüentemente nas beiras<br />
das estradas, donde lhe vem o<br />
nome de Espia caminho, pelo qual é<br />
conhecido na Parahyba do Norte.<br />
PROPRIDADES MÉDICAS.— E' empregada<br />
contra as diarrheas chronicas, em clysteres,<br />
que devem ser repetidos por alguns<br />
dias.<br />
Herva feiticeira.— V. Icicariba.<br />
Herva das feridas.— V. Albara<br />
e Imberi.<br />
Herva do fígado.— V- Lingua de<br />
vacca.<br />
Herva minuano. — Oenothera<br />
affinis, St. EU e Mart.—Fam. das GEnothoreas.<br />
— E' planta vulneraria.<br />
Herva moura.—Solanum nigrumr<br />
Linn. — Fam. das Solanaceas. —Esta<br />
planta vegeta no Brasil.<br />
Suas folhas são ovaes, sinuosas ou<br />
denteadas.
SSO HER<br />
As flores são brancas, em umbrella<br />
pequena.<br />
Os fruetos, em fôrma de bagas, á<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Uma cataplasma<br />
feita com as folhas frescas, e<br />
applicada sobre o hypogastro ( baixo<br />
ventre) são de grande utilidade nas<br />
retenções espasmodicas da urina.<br />
Sua decocção usa-se como emolliente<br />
no eezema, em banhos, e internamente.<br />
Os fruetos (bagas) são venenosos.<br />
Herva moura do sertão. — V.<br />
Paratudo do Sertão.<br />
HER<br />
Herva de Nossa Senhora. —<br />
V Capeba ou Cipó de cobra.<br />
principio verdes, depois vermelhas, e em Herva «Io pântano.— Sagittaria<br />
fim quasi negras quando maduras. brasiliensis, Mart. — Sagittaria sagiltafolia,<br />
Well. — Fam. das Alismaceas. —<br />
Planta de raiz subterrânea.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. —Sua raiz<br />
"preparada como cataplasma, e misturada<br />
com outras substancias adstrin<br />
gente e aromaticas, é empregada contra<br />
as hérnias.<br />
Esta raiz dá uma espécie de fecula<br />
semelhante á de araruta.<br />
Ha mais três espécies.<br />
Herva molle falsa. —Achyran- CARACTERES DA FAMÍLIA. — Plantas<br />
tes pratensis. — Fam das Amaranthaceas. herbaceas annuas ou vivaces, crescendo<br />
Esta herva tem este nome nas Alagoas. principalmente nos lugares humidos,<br />
E* planta que alastra pelo chão, e á margem das lagoas ou do3 regatos.<br />
com caules apresentando nós.<br />
As folhas são pecioladas, invagi-<br />
As folhas oppostas, ovaes, e molles. nantes na base.<br />
As flores em pequenos aggregados As flores, hermaphroditas, raras vezes<br />
nas axillas das folhas, parecendo uns unisexuaes, são dispostas em espigas,<br />
carrapichos ; ellas são formadas por pe em paniculas ou em sertula.<br />
quenos tubosinhos paleaceos, brancos. O cálice que falta no único gênero<br />
Resulta d'ellas um fruetinho preto. Lieea, é formado de seis sepalos, de<br />
Serve de pasto dos animaes. prefloração imbricada; as três mais<br />
internas são geralmente coloridas e pe-<br />
Herva molle verdadeira. — taloides-<br />
Cissus mollis.—Fam. das Ampelidaceas. Os estames variam em numero de<br />
— Em Alagoas dão este nome a uma seis a trinta, de inserção hypogynica.<br />
trepadeira.<br />
As carpellas são reunidas, algumas<br />
Herva que também alastra; de caule juntamente em cada flor, e se conser<br />
sulcado, nodoso, molle, com apêndices vam distinctas, ou se soldam mais ou<br />
para se agarrar as outras.<br />
menos entre si.<br />
Folhas ovaes, lustrosas.<br />
O ovario, que é unilocular, contém<br />
Flores umbelladas, de um amarello um, dois, ou maior numero d'ovulos<br />
esverdinhado.<br />
erectos, pendentes, fixos ao lado in<br />
Fructo redondo, pequeno, com dois terno, ou espalhados de algum modo<br />
•caroços dentro.<br />
por toda a face interna do ovario<br />
E' procurada pelo gado.<br />
Os fruetos são pequenas cápsulas<br />
geralmente indehiscentes, ou abrindó-<br />
Herva mullar — V Alcamphôr<br />
se por uma sutuia longitudinal e<br />
de S. Paulo ou Alcamphoreira. inferior.<br />
As sementes ascendentes ou voltadas<br />
Herva dos muros.—V Puçá. se compõem de um tegumento próprio,<br />
que cobre immediatamente um grosso<br />
Herva dos namorados. —V I embryão recto ou curvo, em fôrma de<br />
Puçá.<br />
ferradura de cavallo.
HER HER S31<br />
Herva do pai Caetano.— Ver- Herva de rato da amarella e<br />
bena littoralis.—Fam. das Verbenaceas.— verdadeira. — Palicourea sirepens%<br />
E' uma espécie que é empregada em Mart. —Fam. das Rubiaceas. —Arbus<br />
banhos como excitante, e em cositinho do paiz, de caules verdes, escumento,<br />
internamente, nas affecções caros.tarrhaes. Ramos com folhas oppostas, ovaes,<br />
compridas e duras.<br />
Herva de parida. —Declieuxia Flores em cachos, amarellas côr de<br />
aristotochia, Mart. — Asperula cyanea, gemma d'ovo; todo o cacho é amarello<br />
Well. — Fam. das Rubiaceas. — E' uma bem como o caule e a -flor.<br />
planta de Minas, onde ella recebe este Esta é como um tubo,abrindo em cima<br />
nome.<br />
em lacinias.<br />
Sua raiz é acre, e um pouco amarga; O fructo é uma baga reniforme, de<br />
emprega-se na suppressão dos lochios. primida, preta, do tamanho de 1 e meio<br />
centímetro, com dois caroços dentro.<br />
Herva de passarinho.— V. En Esta é a herva que mata os ratos;<br />
xerto da passarinho.<br />
dizem que só mata os animaes que<br />
nascem de olhos fechados, mas já foi<br />
Herva de Paulo.—Em tupinico feita uma experiência em um porco,<br />
Caa-mirim vem a ser a Congonha vere<br />
ede morreu.<br />
dadeira ou Matte.<br />
As folhas tem a-mesma propriedade<br />
Veja-se os artigos Matte e Congonha. das flores.<br />
Ha uma variedade de flor branca,<br />
Herva pipi ou raiz de Guiné. outra de flor roxa, e outra de flor quasi<br />
— V. Pipi.<br />
vermelha; mas cremos que não encerram<br />
ellas o principio deletério em tão<br />
forte proporção como a amarella.<br />
(Fig. 20.)<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — No Rio de<br />
Janeiro a raiz d'esta planta, pizada e<br />
em fôrma de cataplasma, é applicada<br />
com proveito contra o enfraquecimento<br />
dos membros e contra as paralysias.<br />
Herva de rato de Goyaz. —<br />
Palicurea noxia, Mart. — Fam. Idem,<br />
— Planta semelhante as outras Pali-<br />
Herva pombinha. — Phyllanthus cureas; porém, das quatro espécies que<br />
nirurí, Linn. — Fam. das Euphorbiaceas. são venenosas, sô esta pôde envenenar<br />
— E' uma herva que vegeta na Azia, o homem.<br />
África, e no Brasil.<br />
Ella dá uma tinta vermelha.<br />
Caule, de meio metro no máximo, muito<br />
fino.<br />
Herva de rato de Minas. —<br />
Folhas ovaes, alternas, mui pequenas. Palicurea nicotiancefolia, Cham. etc. Schle.<br />
Flores amarellas esverdinhadas. — Fam. Idem. — Arbustinho que vegeta<br />
Fructo com três lojas, e duas se em Minas.<br />
mentes em cada loja.<br />
Tem. as folhas oppostas, ovaes, com<br />
Raiz fusca por fora, esverdinhada por pridas.<br />
dentro.<br />
As flores em cachos, e as fructinhas<br />
Toda a planta é diuretica.<br />
como a das outras.<br />
Dizem que todas estas espécies de<br />
Herva preiá — Chrysocoma repanda plantas (Palicureas) são diureticas, po<br />
Vell. —Fam. das Compostas. —São planrém perigosas, em virtude de sua acção<br />
tas quasi sempre trepadeiras. Esta es tóxica.<br />
pécie vegeta no Rio de Janeiro, é em São consideradas pelos indígenas<br />
pregada em banhos nas erysipelas bran como verdadeiros venenos; empregados<br />
cas, e rheumatismo.<br />
na medicina veterinária, em cosimento
S3S HER HER<br />
ou em infusão, contra a retenção de Na sua base o caule é prostrado, mas<br />
urina dos cavallos e mullas.<br />
depois levanta-se<br />
Applicam-se também os fruetos, pi E' aromatica e excitante.<br />
sados e incorporados á banha, para<br />
matar ratos. Esta espécie encontra-se Herva de S. «foão da Bahia —<br />
no Rio de Janeiro.<br />
Planta de raiz filiforme, de 1 metro<br />
de comprimento.<br />
Herva de rato de S. Paulo. Folhas cordiformes, verde-escuras<br />
— Palicurea Marcgravii, Stt EU. por — cima, e claras por baixo; cobertas<br />
Fam. Idem. — Arbustinho que nasce de pellos por ambos os lados, e com<br />
em S. Paulo e Rio de Janeiro, e por aroma.<br />
este nome conhecido.<br />
A flor é azul clara.<br />
Seus ramos são meio quadrangulares. E' usada como excitante.<br />
As folhas oppostas, oblongas. Em Pernambuco chama-se Fedegôso.<br />
As flores em cachos, de côr assafroada<br />
e vermelha.<br />
Herva de S. João cm S. Paulo.<br />
— V. Mentrasto.<br />
Herva sangue.— V. Lingua de<br />
vacca.<br />
Herva santa — V. Fumo do matto,<br />
em alguns lugares do Brasil.<br />
Herva de S. João cm minas.<br />
— V. o mesmo acima.<br />
Herva de S. João no Pará.<br />
— V. Fedegôso de Pernambuco.<br />
Herva santa.— V. Ayapana. Herva de S. Luzia.— V. Maria<br />
Leite.<br />
Herva santa.— Bacharis ochnacea,<br />
Mart—Fam. das Compostas.— Planta do Herva de Santa Maria.— Cheno-<br />
Rio grande do Sul.<br />
poãium ambrosioides. Linn.—Fam. dasChe-<br />
E' herbacea, de sabor amargo, e nopodiaceas.— Planta originaria do Mé<br />
reputada vulneraria.<br />
xico, e que expontaneamente habita<br />
E' empregada nos mesmos casos da no Brasil e Portugal.<br />
Carqueja.<br />
. Vulgarmente chamam-na Eerva formigueira<br />
em Lisboa, e nas ilhas dos<br />
Herva de Santa Anita.— Kuh- Açores.<br />
nia arguta, Eumb. e Bomp — Fam. das Uzam d'ella nas Alagoas e na Bahia,<br />
Compostas.— Planta natural d'America onde chamam Matruz ou Menlruz.<br />
meridional.<br />
No México chamam-na Chá do México.<br />
E' muito empregada nas mordeduras Suas folhas alternas, um tanto com<br />
de cobras.<br />
pridas, agudas, fortemente denteadas.<br />
Caule de 1 a 2 metros de altura,<br />
Herva de S. Caetano. — V-<br />
da grossura de uma caneta de es<br />
Melão de S. Caeteno.<br />
crever.<br />
Raiz oblonga, amarellada por fora,<br />
Herva de Santa Helena. — E'<br />
branca por dentro.<br />
uma planta, que se applica em banhos<br />
Flor miúda, esverdinhada.<br />
contra os resfriamentos fconstipaçã o no<br />
Fructo inteiramente envolto pelo cá<br />
vulgo), como sudorifico.<br />
lice.<br />
Herva de S. João. — Glecoma<br />
Sementes muito pequenas, cobertas<br />
kederacea, Linn. —Fam das Labiadas.<br />
de um episperma amarello escuro.<br />
—Planta européa.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — A planta
HER HER S33<br />
toda- é aromatica, e empregada como<br />
vermifugo. Internamente dá-se em infusão,<br />
que se prepara com 4 a 8 grammas<br />
da planta em 250 d'agua.<br />
Herva de S. Pedro. — Eiptis<br />
melepoefolia.— Fam. das Labiadas. Esta<br />
planta cresce no Pará, e é aromatica.<br />
Herva do Sapo ou Azedinha<br />
do brejo.— Eerva saracura (Rio).—<br />
Begonia ácida.— Fam. das Bcgoniaceas.—<br />
E' uma planta de caule suceulento e<br />
herbaeeo.<br />
As folhas alternas ovaes.<br />
O fructo é uma cápsula triangular,<br />
com três azas, abrindo- se por três<br />
fendas, contendo muitas sementes.<br />
Existem muitas variedades d'esta<br />
herva, conhecida por Âzediuha do Brejo<br />
ou Eerva do Sapo nas províncias do<br />
sul, e que possuem as mesmas propriedades<br />
.<br />
O sueco expresso d'esta herva encerra<br />
ácido oxalico ; ella porisso é<br />
diluente, e costuma-se empregar nos<br />
catarrhos vesicaes.<br />
No uso doméstico serve para tirar<br />
as nodoas de tinta de escrever, das<br />
roupas.<br />
Herva secca.— Parmellía rocella—<br />
Fam. das Lichenaeeas.— E' uma planta<br />
uzada na tinturaria.<br />
Herva sereno. — Conyza lanuginea,.—<br />
Fam, das Compostas.— Esta exquisita<br />
hervinha tem este nome nas<br />
Alagoas.<br />
v<br />
Herva tostão. — Boerhavia hirsuta,<br />
Will.—Boerh. pelluda, Linn,—Fam.<br />
das Nyctagaceas. — Esta herva, que em<br />
Pernambuco chamam Brêdo de porco,<br />
encontra-se pelas -ruas, muros, calçadas<br />
e quintaes; é bem prestimosa.<br />
E' uma herva que parece alastrada<br />
pelo chão, mas levanta seus ramos,<br />
que sobem até 72 centimetros.<br />
Elles são articulados, com folhas<br />
quasi redondas, um tanto suceulentas ;<br />
são oppostas.<br />
As flores, dispostas em pequenos cachos,<br />
são rubras e brancas, á maneira<br />
de campainhas.<br />
Os fruetinhos, (que se parecem com<br />
os da Eerva doce), são pequenas bagas<br />
pyriformes, angulosas, verdes, pegajosas,<br />
do tamanho de 1 centímetro.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Esta herva,<br />
além das virtudes peitoraes que se lhe<br />
attribuem, ha poucos annos reconheceu-se<br />
também ser contra veneno das<br />
serpentes, comendo-se um ou mais<br />
dos tuberculos, que se encontram nas<br />
suas raizes.<br />
E' empregada como diuretica e desobstruente<br />
nas moléstias do figado;<br />
internamente dá-se em cosimento, que<br />
se prepara com 8 grammas para 375<br />
d'água fervendo.<br />
Herva trombeta. (variedade roxa.)<br />
— Datura fastuosa, MUI. — Fam. das<br />
Solanacaas.— Designam em Pernambuco<br />
por este nome uma flor, que é oriunda<br />
do Egypto, e procedente de uma planta<br />
herbacea, esgalhada, de folhas oblongas,<br />
siunosas, manchadas de roxo.<br />
Ella não passa de 24 a 26 centime Suas flores são grandes como tromtros<br />
de altura; é de um verde esbranbetas simples ou duplas, e triplas,<br />
quiçado.<br />
mescladas de roxo e branco, com cheiro,<br />
i Seus órgãos são envolvidos por uma para alguns, suave ?<br />
espécie de têa branca, que torna pál O fructo é semelhante á um grande<br />
ida a planta.<br />
maxixe, oval, eriçado de aculeos.<br />
As folhas são alternas e espatuladas. Dentro ha uma polpa aquosa,'branca,<br />
As flòrinhas são quasi microscopeas. crivada de sementes reniformes.<br />
Os fruetos como pequenas pevides. Ella é venenosa comendo-se o fructo<br />
E' applicada internamente contra as ou as folhas.<br />
[aphtas das crianças; também usam<br />
pendura-la no pescoço, para o mes Herva trombeta branca — Damo<br />
fim.<br />
tura arbórea.<br />
32
S:M IBA 1BI<br />
Herva venenosa. —Echites vene E' uma planta epiphyta que se ennosa,<br />
Mart. — Fam. das Apocynaceas. contra — ás vezes nos rochedos.<br />
E' uma herva conhecida no interior São plantas que se compõem de caules<br />
das províncias por tal nome. ou filamentos laciniados, de cores<br />
Ella mata o gado, assim como as muitas vezes brilhantes.<br />
suas congêneres: por exemplo a Cerrera D'ella se prepara a lacca musci, ou<br />
Thevetia, Linn., Thevetia Ahovai lacca Will. mucsica: matéria corante do commercio.<br />
Herva de vidro. — V Lingua<br />
de sapo.<br />
Herva de vintém. —Planta do<br />
Maranhão.<br />
E' de sabor amargo, e applicada como<br />
tônico contra os catarrhos.<br />
Humiri. —Eumirium floribmdum,<br />
Herviuha. — Roccella tinctoria. Mart.—Fam. D.<br />
das Euphorbiaceas. — E'<br />
C. — Fam. das Lichenaceas, — Também uma arvore do paiz, cuja casca é ads<br />
a chamam hervinha secca. tringente.<br />
lapan, ou Hiapant.—V. Eerva<br />
Santa.<br />
larivá.—Fam. das Palmeiras.— E' Iba puringa. — Fam. das Rham-<br />
uma palmeira de S. Paulo, descoberta neas, Marcg. —Arvore, cujos fruetos<br />
a poucos annos, cujo palmito é re contém três amêndoas brancas, comesmédio<br />
para os diabéticos.<br />
tíveis.<br />
Ia ruma.— V. Ambaitinga.<br />
X<br />
lliva-hai. —Grande arvore, ainda<br />
não determinada, que cresce nas margens<br />
do Paraná.<br />
E' uma espécie de Angelim ; tem as<br />
mesmas propriedades.<br />
Ibipitanga. — V. Pitangueira.<br />
Ibabiraba. —Myrtus arborescens, Ibira. —Xylopia frutescens, Aub.—<br />
Briloa trifolia, Marcg. —Fam- das Fam. Myrdas<br />
Anonaceas,— E' um arbusto<br />
taceas.— Arvore do Pará; seu porte é do aspecto dos Araticuns.<br />
semelhante ao dos Araçaseiros. Seus fruetos cheirosos sãoestomacaes,<br />
As folhas e as flores, fervidas com e aperitivos: e, segundo Pison, se appli-<br />
o Camará, constituem um bom revulcam contra as mordeduras de cobras.<br />
sivo applicado em pediluvios.<br />
O fructo come-se.<br />
Ibiraeen. — Liquiritis silvestris. —<br />
Fam. das Solanaceas.—Arbusto, que os<br />
Ibaeurú pari, ou Bacopary. nossos índios empregam nos mesmos<br />
— V Bacori ou Pacory.<br />
casos que o Alcaçus.<br />
Ibaiariba. — Andira rosea, Mart.— Ibira-obi. —E' uma espécie de<br />
Fam. das Leguminosas.— Arvore do Pará \páo ferro, Marcg.
ICO IMB S3í<br />
Ibirapitanga.—Cesalpinia echinata, Nasce em lugares baixos.<br />
Lamk.— Fam. das Leguminosas.—E' E' produzida por um arbusto de pouca<br />
esta arvore o Páo Brasil de Pernam elevação, mas que esgalha muito, e<br />
buco.— V. Páo Brasil.<br />
forma touceiras.<br />
Tem a casca escura, e as folhas com<br />
Ibirarema. — Seguíera americana, pridas e estreitas.<br />
Linn. e Vell. —Seg.floribunda. — Cer- As flores são brancas, de tamanho<br />
donia, llãef. — Fam. das Phytolaceas. regular, — e aromaticas.<br />
E' empregado este arbusto nas moléstias O fructo, de 24 a 30 centimetros, é<br />
rheumaticas, herpeticas (empigensj etc, de fôrma oval, comprido, roliço, pon-<br />
e também nas hydropisias.<br />
tudo, e de côr verde mesmo na ma<br />
A sua cinza e lixivia serve para a turidade.<br />
purificação do assucar, e para o fabrico O pericarpo é grosso, lenhoso, lus-<br />
do sabão.<br />
troso, e amarello por dentro ; contém<br />
uma massa amarella molle, polposa,<br />
Ibiripitanguassú. —V Ibirapi com 4 a 6 caroços, ligados uns aos<br />
tanga .<br />
outros longitudinalmente, e envoltos<br />
na polpa : abre-se em duas conchas.<br />
Ibirubá. —V Pitangueira domatto. As sementes são amarelladas, oblongas<br />
e comprimidas, de mais de 3 cen<br />
Ibirube. — V Jaracatiá.<br />
timetros.<br />
As folhas do Icó produzem , nos ca<br />
Ibixuma.—V Mutambo segundo<br />
vallos e mulas, eólicas, retenções de<br />
Pison.<br />
ourina, tympanites, e até inflammações<br />
dos intestinos e dos rins, que accar-<br />
Ieica-heptaphilla. — Aubl.<br />
retam a morte d'esses animaes.<br />
Já se tem empregado, contra o en<br />
Icica guyanensis. — Idem.<br />
venenamento por estas sementes, o sal<br />
de cozinha com óleo de ricino.<br />
Ieica altíssima. — Idem.<br />
Os tropeiros costumam dar aos animaes<br />
n'estes casos porção grande de<br />
Icicariba. — Icica icicariba, D. C-milho,<br />
para neutralizar a acção do ve<br />
— Amyris ambrosiaca, Linn. — Fam. Teneno.rébinthaceas — Arvore do Paiz.<br />
Em lingua tupinica Almecegueiro, Ighucami.—Nome de um vege<br />
Ubirasiquá e Icicariba, e emguarany tal Tey. ainda não classificado, cujo fructo,<br />
No Alto Amazonas também chamam- semelhante ao marmello, é um optimo<br />
na Resina Icica.<br />
Escorre d'esta arvore o Elemi Occi<br />
remédio contra as dysenterias.<br />
dental, que, entre as resinas do Brasil, Imbamitara. V Imbuseiro (de<br />
leva a palma ás outras.<br />
Vell.)<br />
Icipó. — Tetracera oblongata, Marcg. Imbé.<br />
— Fam. das Dilleniaceas. —E' planta<br />
V Cipó de Imbé.<br />
congênere do Cipó mulatinho de Per Imbé ( de amarrar) Arumusun. —Fam<br />
nambuco.<br />
das Araceas. — Esta espécie é semelhante<br />
á seguinte, porém seu caule<br />
Icó ou Incó. — Colicoãenãron Icó. não é leitoso, e o fructo não se come,<br />
— Fam. das Capparidaceas. — Frueta porque não adquire o desenvolvimento<br />
agreste das catingas, conhecida no da segunda.<br />
centro de Pernambuco, Minas Geraes As vergonteas têm o mesmo uso dos<br />
e Bahia, por este nome.<br />
cipós em geral.
S3« IMB 1MB<br />
Imbé dc comer ou frueta de Esta espécie cremos sôr conhecida<br />
Imbé. —Arum edulc. —Fam. idem. no Rio de Janeiro por este nome de<br />
— Planta indígena, que cresce nas Imberi, do qual fez acqnisíçim a Ho-<br />
mattas de Alagoas e de Pernambuco, moeopathia.<br />
semelhante ao lmbè bravo.<br />
Imbiri ou Eerva dos feridos, ou Al<br />
E' trepadeira, leitosa, e parasita. bara parece-nos ser a mesma planta.<br />
Apresenta seus caules entranhados O parenchyma amylaceo da raiz de<br />
sobre o vegetal onde cresce; elles são todas estas espécies tem partes ethero-<br />
escamosos.<br />
As folhas grandes, tendo mais de 4<br />
anilaceas e resinosas.<br />
centimetros, cordiformes, oblongas, lisas PROPRIEDADES MÉDICAS.—O cosimento<br />
e coriaceas<br />
das raizes, frescas e contundidas, us-i-<br />
As flores nascem nas axillas das das em banhos, augmentam a diurese<br />
folhas, sobre pedunculos mais ou menos e a diaphorese.<br />
longos<br />
Applicam-se contra as dores rheu««<br />
O fructo de 12 a 15 centimetros, co- maticas, e o torpor dos membros.<br />
nico e encerrando uma reunião de grão- Diz-se que o mesmo sueco é útil<br />
zinhos redondos, amarellos, e adhe- contra o mercurialismo, e contra as<br />
rentes entre si, envoltos em uma substancia,<br />
que não deixa que elles se des-<br />
dores de ouvido.<br />
prendão; são todos inseridos em um eixo lmbirussú. — Bombax hexaphyllw%<br />
commum.<br />
Vell. — Fam. das Bombaceas — E' uma<br />
Esse receptaçulo, que forma o eixo arvore do Rio de Janeiro; espécie de<br />
da frueta, é cylindrico, de natureza Barriguda de Pernambuco.<br />
frouxa e de côr branca ; muito boa de<br />
Imbuint. — E' um fructo 'do Rio<br />
comer-se; a calda parece um xarope,<br />
de Janeiro, agreste, proveniente de uma<br />
quando éconcontrada pelo calor.<br />
arvore (Imbuinseiro).<br />
Fazem cestas dos caules.<br />
Este fructo é de 3 centimetros mais<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS . — As raizes<br />
ou menos de diâmetro, redondo.<br />
são drásticas, e aconselhadas contra as<br />
O pericarpo membranoso, fino e roxo,<br />
hydropisias, na dose de 25 centigram<br />
com polpa cartilaginosa; cremos que<br />
mas a 1 gramma.<br />
com um caroço dentro.<br />
Serve de alimento aos pássaros.<br />
Inibira. — V Pindahiba.<br />
Imbtk. — Ambú, Umbu, Umbu. —<br />
Spondias tuberosa — Fam. das Teré<br />
Imbiri. — Canna angustifolia, Will. binthaceas. — O Imbú é o fructo do<br />
—Canna glauca, Linn. —Fam das AmomaImbuzeiro,<br />
arvore indígena, e habiceas.<br />
— Esta planta,que se diz originaria tante exclusiva dos sertões ; é co<br />
dos Estados-Unidos, parece também nhecida em quasi todo o Império.<br />
sel-o do Amazonas.<br />
E' uma arvore propriamente dita.<br />
E uma herva de caule delgado. Suas raizes são tuberosas.<br />
Folhas estreitas.<br />
As folhas dispostas em palmas.<br />
As flores, com duas cores, são ver Flores miúdas, em cachos.<br />
melhas em parte, e em parte amarel- O fructo é do tamanho de 12 a 15<br />
ladas.<br />
centimetros, redondo, oblongo, tendo<br />
Esta planta é semelhante ao nosso na base três a quatro aculeos molles ;<br />
Pirithi ou Piriquiti.<br />
é amarellado quando maduro.<br />
Seus fruetos são cápsulas trigonas, Seu pericarpo membranoso ; por den<br />
ásperas, de protuberancias no pericartro ha uma massa branca esverdipo<br />
; e cheios de sementes redondas, nhada e aquosa ; e um caroço grande<br />
pardas, com a figura de contas de rozario. no centro, com os mesmos aculeos.
IMY 1NG S3*<br />
Çhupa-se esta massa, que faz passar<br />
a frueta por. uma das melhores do<br />
sertão. " .'*"<br />
O sueco do fructo espremido, e misturado<br />
com assucar e leite (imbuzada),<br />
constitue as sobremesas nos sertões<br />
da Bahia e mais províncias.<br />
As batatas, que dão nas raizes, em<br />
tempo de "carestia e fome nos sertões<br />
do Norte, o povo as procura e come ;<br />
ellas sãoi ácidas, assim como a frueta.<br />
Também* se -applica* este sueco nas<br />
febres.<br />
-< Elía serve de alimentação a «certos<br />
animaes, e principalmente aos< reptis.<br />
Imbú.—V Imbuseiro.<br />
Imbú. — Cajá. Spondias. —Fam.<br />
Idem.—E' |um Imbuseiro semelhante<br />
ao outro, mas a frueta é como Cajá<br />
de côr desbotada, e o gosto é differente<br />
Negro Páo de rosa, em Cayenna Lecarihanali,<br />
em lingôa caraiba Craveiro da<br />
terrp.<br />
Inajá-guasú iba.— V. o Coco da<br />
índia.— Este nome nos parece dos indigenas<br />
ou da índia.<br />
Indaiá-assú.—Attalea compta,Mart<br />
— Fam das Palmeiras.— E' uma bella<br />
arvore, a qual fornece uma gomma<br />
(bassorina), e pode eomo tal ser aproveitada<br />
para differentes fins.<br />
lEtdaja ou coqueiro Indajá.—<br />
Attalea compta, enfeitada — Fam. idem.—<br />
E' uma palmeira da America Meridional,<br />
que recebeu dé Eumb e Bomp., o<br />
nome genérico de Attalea, vulgarmente*<br />
— Pindova ou Pindoba.<br />
Independência.—Fam. das Eu<br />
do do outro Imbú': tem mais travo. phorbiaceas.— E' um arbusto de % a l<br />
metro; cultiva-se em todos os jardins<br />
Imburana. — Bussera leptophlocos. do Império do Brasil.<br />
— Fam. Idem.—E'.uma arvore do Suas folhas são lanceoladas, de côr<br />
Brasil, e mesmo de quasi toda a Ame- verde e amarella, ponetuadas e lusfcrica<br />
Meridional, conhecida por tal nome trosas.<br />
na Bahia, em Minas, etc.<br />
Elias serviram de symbolo na epocha<br />
Fornece, por incisões, um balsamo da nossa independência, e ainda hoje<br />
verde alourado, parecido com a Tere- a sua presença é uma lembrança d'esse<br />
benthina, que preenche os mesmos fins. facto em todas as festas nacionaes ;<br />
Também ha nos sertões de Pernam por isto todos a cultivam.<br />
buco, Parahyba, Ceará, etc.<br />
índigo do Brasil. — Solanum<br />
Imburi ou -Coqueiro. — Cocos indigoferum, St. EU. — Fam. das So-<br />
caudensis. — Fam. das Palmeiras. — lanaceas.—V. Os<br />
A nileira.<br />
fruetos são comestíveis.<br />
Ingá das areias. — E' uma es<br />
Imbuseiro ou Acaya.—Spondias pécie, que vegeta sobre os terrenos<br />
venulosa Arr. Cam.—Spondias myroboarenosos.<br />
lanus, Jacq.—Spondias purpurea, Linn.— A vagem é menor; a côr verde mais<br />
E' uma arvore do Brasil, que vegeta<br />
no Amazonas.<br />
pallida.<br />
Seu fructo é vermelho, conhecido Ingá bravo, ou Cangalha mi<br />
n'aquella região por Mombin e por mosa.—Fam. das Leguminosai. — Ar<br />
Ameixa d'Espanha.<br />
vore agreste, Conhecida nas Alagoas e<br />
E' semelhante ao Cajá.<br />
em Pernambuco por este nome.<br />
São freqüentes as arvores d'este gê<br />
lmyra(|Uiynho ou Kiynja.—<br />
nero nas margens dos rios.<br />
Isto é Páo de Capsico, ou Pimenteira Esta — é uma arvore esgalhada, fazen<br />
Em lingua tupinica no Pará e no Rio do muitas bifurcações.
S3S ING INC.<br />
Suas folhas oppostas são angulosas. ludado, com pellos macios; por dentro<br />
As flores, reunidas em grande numero branca,com unn caroços semelhantes aos<br />
pelos ramos, são como tubosinhos, dos das outras espécies, cobertos também do<br />
quaes sae um feixe de delgados fila uma substancia comestível: cada caroço<br />
mentos, côr de purpura, que parecem está em uma loja.<br />
uma coma ou borla.<br />
A vagem é um tanto curva.<br />
O fructo ê uma vagem, de quasi 24<br />
centimetros de comprimento e 5 de Ingá cangalha. — V Ingá bravo.<br />
largura, chata, liza, esverdinhada; den<br />
tro existe uma substancia branca e<br />
secca.<br />
As sementes chatas se acham envoltas<br />
n'esta substancia, que não presta<br />
para comer-se.<br />
A razão por que esta planta se chama<br />
Cangalha é porque costumam aproveitar<br />
a sua madeira para fazerem cangalhas,<br />
em razão de offerecer ella os seus ramos<br />
naturalmente em forma de ganchos.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Utilisam-se<br />
as cascas d'essa planta nos cazos que<br />
reclamam uso de tônicos e de astringentes,<br />
para combater as diarrhéas,<br />
gonorrhéas, hemoptises, relachamento<br />
geral nos tecidos, etc.<br />
Seu pó é preconisado como antiseptico.<br />
Usa-se também em xarope, tomado as<br />
colheres, nos mesmos casos.<br />
Ingá cabelludo. — Mimosa. —<br />
Fam. Idem.—E' uma arvore pouco<br />
mais ou menos como a que fica descripta<br />
; chamam assim em Pernambuco<br />
esta espécie.<br />
Também cultivam-a, mas não é muito<br />
commum.<br />
Dá uma baga quadrangular, achatada<br />
e estreita, coberta na superfície<br />
de pellos macios, luzidos e erverdinhados,<br />
de 12 centimetros de comprimento.<br />
Offerece dentro a mesma estructura<br />
da outra espécie"; mas não tem secca<br />
a massa; que é doce e agradável.<br />
Ingá caixão. — Mimosa — Fam.<br />
idem. — Esta espécie é chamada assim<br />
em Pernambuco.<br />
Seu fructo tem 24 centimetros.<br />
E' espesso, de côr verde canna avel-<br />
Ingá cipó. — Mimosa^.— Fam. idem...,<br />
— Esta espécie também recebe e-àte<br />
nome no Pará, e em Pernambuco.<br />
Ella é freqüente nas margens dos<br />
rios.<br />
Seu fructo chega a ter até 36 centime<br />
tros de comprimento, no Pará ainda<br />
mais, e menos de 3 centimetros de<br />
largura.<br />
Apresenta sulcos e resaltos ao longo<br />
do pericarpo.<br />
Este é de côr verde pallida, membranoso,<br />
porém tenaz, coberto de lanugem.<br />
Contém no seu interior muitos caroços,<br />
envoltos em uma substancia esponjosa,<br />
branca, á semelhança de algodão,<br />
escorregadia, porém humida, doce<br />
e agradável.<br />
Os caroços, quando nús, são erverdinhados.<br />
As folhas d'esta arvore são dispostas<br />
em um peciolo, por pares, com as espansões<br />
aladas.<br />
Ingá cordistipula. — Mimosa<br />
plana. — Fam. idem. — Este é dos terrenos<br />
Amazônicos; tem os fruetos em<br />
fôrma de coração.<br />
Ingá doce. — Ingá dulcís. — Fam.<br />
idem.—Também se chama Ingá opeapiiba*<br />
Ingá fava ou fahoa. — Mimosa<br />
Fam. idem. — Parece geral em todo o<br />
Brasil este Ingá, conhecido em Pernambuco<br />
por este nome.<br />
O comprimento do fructo é de 24<br />
centimetros, e de 5 centímetros a gros<br />
sura.<br />
Tem a fôrma de vagem chata, de côr<br />
parda, coberta de um pello muito curto,<br />
que cahe.<br />
O pericarpo é grosso, esbranquiçado.
INH INH S39<br />
Dentro é dividido por lojas memhra- • dade, é que esta não tem o sabor e<br />
nosas, transversaes, contendo em fiada i mais propriedades d'aquelle.<br />
divisão um caroço, coberto de massa, E' uma herva trepadeira, de vergon<br />
como na precedente.<br />
tea fina.<br />
Folhas alternas, lustrosas, e cordi-<br />
Ingá-hi. — Mimosa. — Fam. Idem. — • formes, oblongas, de côr verde e<br />
Esta espécie tem este nome também amarella.<br />
na Bahia, Alagoas e Pernambuco. As flores são mui pequenas.<br />
O fructo é de 5 a 9 centimetros de i Os fruetos insignificantes.<br />
«comprimento, cylindrico, offerecendo > O seu merecimento está na tubera<br />
constricções de distancia em distancia ; que se encontra, pelo que tem recebido<br />
ó achatado irregularmente, de côr ama-<br />
uma cultura mui cuidadosa.<br />
rella^esverdinhada, superfície lisa sem L E' uma batata, que chega ás vezes<br />
brilho.<br />
á mais de 48 centimetros de diâmetro ;<br />
Pericarpo grosso internamente como » é coberta de uma casca delgada, la-<br />
dos precedentes.<br />
minosa, de côr parda clara, crivada<br />
E' agradável o seu saboí*.<br />
de poros na parte inferior, e pelos<br />
seus contornos, lança traigotas delga-<br />
Ingá mimoso.—Ingá tetraphflla. . das.<br />
— Fam. idem.— O fructo é bom, porém Dentro acha-se uma substancia com<br />
é melhor o do Ingá cabelludo. pacta, humida, macia, de uma textura<br />
pulverulenta, doce, suceulenta e um<br />
Ingá, opeopiiba. —Ingá dulcis, ( tanto resinosa.<br />
Will.—Fam. idem.—O mesmo que os i Come-se cosinhada, e constitue um<br />
precedentes'.<br />
alimento sadio, saboroso, nutriente e<br />
"Seus fruetos são comestíveis. de fácil digestão; d'ella se fazem podins,<br />
bollos, etc.<br />
Ingá de quatro folhas.—Mi . Da tubera extrahe-se .uma fecula,<br />
mosa tetraphylla. — E' o Ingá-hi de que Per serve de nutrição ao povo.<br />
nambuco e Alagoas.<br />
Nas Alagoas chamam Inhame de S.<br />
Elle é de sabor agradável.<br />
Thomé, Cará.<br />
Tem o peso de 2 a 3 kilogrammos.<br />
Ingá do rio.—Mimosa.—Fam.<br />
idem.—E' conhecido em Pernambuco<br />
(Fig. 21.)<br />
por tal,,<br />
Inh ame b ravo.— Dioscorea —Fam<br />
Seu nome indica sua condição de idem.— E' uma planta trepadeira, co<br />
existência, por ser própria das bordas nhecida por este nome nas Alagoas;<br />
dos rios, riachos, etc.<br />
tem as folhas redondas.<br />
E' semelhante ao Ingá-hi, e differe por A batata tem a massa branca.<br />
ter vagem menor, e a parte comestí Depois que deita vergonteas e folhas,<br />
vel mais desenvolvida.<br />
a tubera torna-se amarga.<br />
Ingá de Suia. — V Ingá do rio. Inhame cigarra. — Dioscorea.<br />
Fam. idem.— Por tal nome nas Alagoas<br />
Inliame, ou Inhame daeosta é conhecida uma planta selvática, de<br />
ou de S. Thomé.—Dioscoreasativa, caule com espinhos, e folhas ovaes.<br />
Linn.—Fam. das Dioscoraceas.—O Inhame A tubera tem a massa branca, e a<br />
é uma tubera natural d África, conhe pellicula da mesma côr.<br />
cida no Brasil, mormente em Pernambuco,<br />
por Inhame da costa; na Bahia, Inhame de mandioca.—Dioscorea.<br />
S. Thomé, para distinguir da espécie — Fam. idem. — Trepadeira conhecida<br />
da terra, isto é, natural do paiz; ver- por este nome nas Alagoas.
S40 IPE IPE<br />
Tem as folhas pequenas ; a massa<br />
da tubera é branca, e a casca esbranquiçada.<br />
Também é natural do paiz.<br />
Inhame nambú. — Dioscorea. —<br />
Fam. idem. — Herva conhecida nas<br />
Alagoas por este nome ; e em Pernambuco<br />
simplesmente por Nambú.<br />
E' uma trepadeira, de folhas com três<br />
divisões, cuja tubera é de côr acinzentada,<br />
«roixeada, de casca fina, massa<br />
branca, semi-transparente, doce e mais<br />
alva de todas.<br />
Inhame roixo. — Dioscorea. —<br />
Fam. idem.— E' por tal nome conhecido<br />
nas Alagoas esta tubera, de uma<br />
trepadeira, de folhas trilobadas e resistentes<br />
.<br />
Ella é roixa por fora e por dentro.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— Elle é adstringente<br />
; da-se o cosimento da casca,<br />
que tem muita mucilagem, em gargarejos,<br />
para as ulceras syphiliticas<br />
da garganta ; também applica-se contra<br />
as empigens em fomentação; podese<br />
uzar para estes fins das folhas,<br />
porém são de menos efficacia.<br />
Passa por útil na ophtalmia blennorrhagica<br />
; unta-se o sueco, recentemente<br />
expresso, nas palpebras no caso<br />
de certas affecções.<br />
Ipé branco do Rio Grande<br />
do Sul.— Palagonula vulneraria.—<br />
Fam. das Borragitieas.— As folhas desta<br />
arvore são apreciadas pelos habitantes<br />
das regiões centraes, principalmente<br />
por serem reputadas efficazes contra<br />
os bubôes syphiliticos.<br />
Ipê contra santa, doPlauby.<br />
— Tecoma impetiginosa. — Fam. idem.<br />
— E* do Piauhy esta planta ; contém na<br />
casca também um principio amargo<br />
mucilaginoso, adstringente.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Uza-se o<br />
seu cosimento em banho3 contra as<br />
empingens, inflammações arthriticas,<br />
acompanhadas de debilidadOj leucorrhéa,<br />
e catarrhos da uretra.<br />
Ittliapecanga.— V. Japecanga.<br />
Inimboja,ou Silva da praia.—<br />
Ipé Ipeuva. — Piúva.—Tecoma speciosa.—<br />
P. Bignonia longiflora, Vell. —<br />
A entrecasca d'esta arvore é amarga e<br />
acre.<br />
Guilandina bonduc, Ait.— Fam. das PROPRIEDADES Le<br />
MÉDICAS. — Em infuguminosas.—<br />
Esta planta é sem duvida são e cosimento, receita-se como diu-<br />
a Carnicula de Pernambuco.— V- Carretico e catarthico, na dose de 4<br />
nicula.<br />
A raiz d'esta planta contem na en<br />
grammas.<br />
trecasca uma resina amarga, unida ao Ipê ipreto ou Ipê roixo.— Te<br />
stryphno.<br />
coma curialis,— Fam. das Bignoniaceas.<br />
Em doses grandes produz vômitos; —Arvore de grande elevação, elegante e<br />
o pó da semente é confortativo. vistos a pela ramificação de seus galhos.<br />
A madeira escurece consideravel<br />
Ipé, — Tecoma Ipé.— Fam. das Bimente com o tempo.<br />
gnoneaceas.— O Ipé no Rio Grande do As folhas são de um verde esbran<br />
Sul é o nosso Páo d'arco de Pernamquiçado, e a casca é um pouco falhada.<br />
buco.<br />
A madeira dura muito em esteios,<br />
e é muito procurada para construcção<br />
civil e naval.<br />
Ipé tabaco. — Tecoma sp. — Fam<br />
idem. — Arvore das províncias do Su<br />
das mais importantes, assim chamads<br />
pelo pó, côr de rape, que dá, quandt<br />
serrado.<br />
E' de pouca elevação, de grand<<br />
ramagem formando uma copa vistosa<br />
No inverno despe-se completamente<br />
das suas folhas; estas são digitadas<br />
e destituídas de estipulas.
IPE IPE S41<br />
Os foliolos são pouco mais ou menos<br />
em numero de cinco e desiguaes, membranosos,<br />
pela maior parte obovaes;<br />
agudos no ápice, e redondos na base,<br />
onde o diâmetro de cada foliolo é pequeníssimo.<br />
As folhas avelludadas, de um verde<br />
escuro, penni-nervias.<br />
A casca é um pouco falhada.<br />
A madeira escurece consideravelmente<br />
com o tempo, e é empregada com<br />
grande vantagem nas construcções civis<br />
e navaes.<br />
Na dose de 8 grammas para 375<br />
grammas d'agua fervendo, se prepara<br />
sua infusão.<br />
E' vomitiva n'esta dose, e dá-se<br />
nos casos de dysenterias, no sertão<br />
das Alagoas.<br />
Ipecacuanha branca da<br />
praia. — Yiolá littoralis. —Fam. das;<br />
Violaceas — Esta espécie é muito espa-,<br />
lhada nas costas e lugares arenosos" do<br />
Brasil.<br />
E' de menos de 12 centimetros de altura.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—O cosimento Suas folhas são ovaes, e desbotadas.<br />
das cascas é applicado contra as an A herva é pillosa.<br />
ginas, dartros, e algumas moléstias dos As flores são brancas, com manchas,<br />
olhos ; o seu sueco applica-se contra a estendendo uma lamina, que se entorta<br />
paralysia das palpebras.<br />
revirando.<br />
O fructo é uma cápsula que contém<br />
Ipecacuanha branca ou do muitas sementes pretas, inseridas nas<br />
campo.— Solea campestres.— Fam. paredes internas do fructo.<br />
idem.— Esta espécie de Ipecacuanha A raiz, da grossura pouco mais ou<br />
acha-se pelo matto, mesmo á borda menos de uma penna de escrever, e<br />
dos caminhos, e em todos os lugares um pouco tortuosa, é mui ligeiramente^<br />
incultos.<br />
estriada ou enrugada, por effeito da<br />
E' uma herva um tanto pelluda, de 24 secca, de côr branca suja no exterior,<br />
centímetros ou pouco mais de altura. offerecendo sobretudo nas extremidades<br />
Folhas lanceoladas e denteadas, al- grande numero de fibras assaz grossas.<br />
ternadamente dispostas.<br />
Foi esta espécie que mencionou Pison<br />
As flores são brancas, e nas axillas<br />
sob o nome de Ipecacuanha branca, e que<br />
das folhas; ellas trazem uma membrana o povo chama Poaia branca.<br />
pendente, que parece uma bandeirola.<br />
A frueta é uma cápsula trigona, PROPRIEDADE MÉDICAS . — A medicina<br />
foliacea, contendo muitas sementes. popular encara esta raiz como o melhor<br />
A raiz, da grossura de uma penna de<br />
remédio que se pôde applicar á dysen-<br />
escrever, ora cylindroide, ora pouco teria; nos ataques epilépticos, nos ca-<br />
irregular, e sinuosa, offerecendo marcas t arrhos da bexiga, e nos casos de dia<br />
annulares; raizes mais espessas que betes tem-se dito que é vantajosa :<br />
as da Ipecacuanha preta, e annelladas. Em infusão na dose de 8 grammas<br />
Sua côr exterior é parda suja, mas<br />
para 395 grammas d'água fervendo, que<br />
pouco intensa.<br />
se toma três vezes no dia.<br />
O interior é quasi branco, composto<br />
igualmente de um eixo ligneo, Ipecacuanha preta, ou Po-<br />
e de uma parte cortical mui pouco aya.— Cephcelis Ipecacuanha, Rich. —<br />
resinosa.<br />
Fam, das Rubiaceas.— E' um arbusto<br />
Esta raiz' é um pouco enjoativa, que vegeta nas mattas, principalmente<br />
de cheiro quasi nullo; é amylacea. nas províncias de Matto Grosso, Amazonas<br />
e Goyaz.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— E' purga Tem 36 centimetros de elevação.<br />
tiva e depurativa, usada sobre tudo Folhas oppostas, ovaes, ou lanceo<br />
nos casos de menstruacões difnceis. ladas, e verdes.<br />
33
JAB JAB<br />
As flores são brancas.<br />
O fructo ovoide, annegrado.<br />
A raiz fibrosi, flexuosa, offerecendo<br />
depressões circulares muito approximadas.<br />
A planta habita á sombra dos<br />
grandes arvoredos, e nos lugares vizinhos<br />
dos pântanos.<br />
A raiz é de 24 centimetros de comprimento<br />
pouco mais ou menos, retorcida,<br />
tendo a grossura de uma<br />
pequena penna de ganço, simples ou<br />
ramosa, formada de uma serie de pequenos<br />
anneis salientes, separados por<br />
fendas circulares, externamente cinzenta<br />
escura, cheiro fraco, mas desagradável,<br />
sabor amargo e nauseabundo.<br />
E' formada de uma parte cortical,<br />
cuja fractura é esbranquiçada<br />
ou cinzenta, resinosa; e de uma parte<br />
mediana, fibrosa, amarellada. Do Brasil<br />
exportam-se para Europa centenares de<br />
kilogrammas annualmente; e lá se<br />
vende por preços elevados.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— Vomitiva,<br />
tônica e expectorante em pequena dose<br />
é uzado com vantagem nas dysenterias,<br />
febres de mau caracter, garrotilho.<br />
coqueluche, e bronchite.<br />
E' um dos medicamentos mais recomendáveis<br />
da therapeutica brasileira.<br />
Internamente como vomitorio, 1<br />
gramma á 2, em 183 d'agua fervendo.<br />
(para infusão) (Fig. 22.)<br />
J<br />
Ipeuva— V Ipé c Pinta, cinco<br />
folhas.<br />
Ipú-botata de purga ou «Ia-.<br />
lapa.— Piptostcgia Pisonis. — Em S.<br />
Paulo e em Minas ehamam-n'a Purga<br />
de Amaro Leite.<br />
Irucuraua.— V. Coqueiro Iry ou<br />
Ayri.<br />
Itauba do Pará.— Madeira de<br />
construcção naval, cuja venda ou eórto<br />
é prohibida pelo governo.<br />
Arvore do Paiz.<br />
Itú.— V. Páo Ferro.<br />
Ivantingi.— lvatingi ou Açoita ca<br />
vallos branco,— Luhea divaricala, St.<br />
EU e Mart. e zuce — Fam. das Tcliaceas.—<br />
E' uma arvore de Minas (ícraes<br />
frondosa, de altura mediana.<br />
Folhas ovaes.<br />
Flores em cachos, e brancas.<br />
Fructo em estado rudimentario, oblongo,<br />
ovoide, com muitas lojas.<br />
Floresce em Janeiro.<br />
Iva-umbú, Marcg.— E' um vegetal,<br />
comestível.<br />
Seus fruetos contem uma amêndoa,<br />
á semelhança da amêndoa doce.<br />
Jaborandi bravo.—Piper jabo As folhas ovaes, escuras, e oprandi,<br />
Well.—Ottonia. — Piper etectripostas.cum. — Fam. das Piperaceas. — Esta As flores nuas, muito pequenas, e<br />
planta é conhecida nas Alagoas por verdes, são em pequenas espigas, do<br />
tal nome.<br />
comprimento de 3 centimetros, e acham-<br />
E' um arbusto de % a 1 metro, hase reunidas em grande numero, umas de<br />
bitante das mattas.<br />
um sexo e outras de outro.<br />
Seu caule é verde, apresentando nós- Pela vista mal se distinguem as
JAB JAB S43<br />
flores, mas apenas uma superfície<br />
áspera.<br />
O fructo é redondo, e em tudo semelhante<br />
ao de sua congênere, diferindo<br />
pela organisação.<br />
Esta planta possue a propriedade de<br />
produzir tremor na lingua, quando sobre<br />
ella se colloca o caule contuso do<br />
Jaborandi,<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' um dos<br />
maiores aphrodisiacos, e um sudorifico<br />
dos mais enérgicos.<br />
A tintura é estimulante, e emprega-se<br />
em fricções sobre os membros paralysados.<br />
E' poderoso anti-odontalgico.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — A tintura é<br />
estimulante, uzada^ em fricções sobre<br />
as dores rheumaticas, e os membros<br />
paralysados.<br />
Jaborandi, do Pará.— V. Alfavaca<br />
de cobra.<br />
As sementes de Jabotá do bugre —<br />
Fava de S. Ignacio, contém um óleo<br />
amargo, e uma matéria suave e resinosa,<br />
que se reputa como o, mais po-r,<br />
deroso .dos antídotos, e também estomachico.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— Administrase<br />
na dose de 4 a 8 grammas contra as<br />
indigestões e as flatulencias, constipações<br />
do ventre, e espasmos intestinaes.<br />
E' purgativa em dose maior.<br />
A outra planta do mesmo gênero,<br />
Feuilla monospermica, tem os mesmos<br />
uzos.<br />
Jabotá pi tá.— Ochna jabotapitá, Vell<br />
— Fam. das Ochnaceas. — Arvore do<br />
Jaborandi manso.—Ottonia ani- Brasil, cujo porte tem muita analogia<br />
sum, Spl.—Ottonia jaborandi.—Fam idem. com a Cerejeira da Europa.<br />
—E' uma planta^ de folhas alternas, Suas folhas, alternadas, inteiras, e<br />
oblongas, lanceoladas.<br />
ás vezes denteadas, são muito incons<br />
As flores em espiga, como as da tantes, porque cahem muito.<br />
precedente.<br />
As folhas em cachos, sobre os ramos<br />
O fructo é uma nosinha quadran do anno antecedente.<br />
gular.<br />
Os fruetos compõe-se de diversas<br />
Esta planta exhala cheiro de Aniz. carpellas.<br />
Jabotapitá de Minas. — Gomphia<br />
hexasperma, St. EU, — Fam. idem.<br />
— Esta é também parecida com o<br />
Batiputá de Pernambuco.<br />
Emprega-se o cosimento de sua casca<br />
no curativo de picadas de insectos.<br />
Jabotá.—Anisosperma passiflora,<br />
Jaboticaba de campina. —<br />
Myrtus jaboticaba. — Myrt. cauliflora ,<br />
Mans.—Fevillea passiflora, Vell.—Fam. Mart.— Engenia cauliflora, D. C.—Fam.<br />
das Nhanãirobeas ou Cucurbitaceas. das — Myrtaceas. —Esta fruetinha é de<br />
As sementes, d'esta planta, ou castanha uma bella arvore do Brasil que nasce<br />
de Jabotá, dá um óleo graxo amargoso, nos bosques; é muito conhecida no<br />
resinoso, tido como estomachico. Rio de Janeiro, Alagoas, Pernambuco,<br />
A dose é 3 ou 4 sementes.<br />
Bahia e Rio Grande do Norte.<br />
Ha ainda a espécie Feuill. monos- E' um arbusto, ás vezes arvore, de<br />
perma, Vell.<br />
casca côr de castanha e lisa.<br />
Esta espécie parece a Nhandiroba ou Suas folhas são oppostas.<br />
Gendiroba de Pernambuco.<br />
As flores são brancas e cheirosas, e<br />
Esta planta é conhecida no Rio de nascem do tronco e ramos, em feixes.<br />
Janeiro, e em Minas Geraes pel o mesmo O fructo é de 2 a 3 centimetros,<br />
nome ; e não é a Fava de S. Iguacio— redondo, de côr roxa escura, e averme<br />
Ignatia amara, mas uma espécie perlhada, tendo na parte superior vestítencente<br />
á outra familia de plantas. gios da flor.
S41 JAB JAC<br />
ll>e\i pericarpo é flno, coriaceo ; e A planta é adstringente.<br />
dentro encerra uma massa aquosa,<br />
branca acinsentada, de sabor doce e Jaca.— Arlocarpus integrifolia. Linn<br />
acidulo, mui agradável, com dois caro — Silodium cauliflorum, Goertn.— Fam.<br />
ços, de 3 centímetros, alvadios, acha das Urticaceas.— Fructo proveniente de<br />
tados.<br />
uma arvore originaria das índias<br />
Este fructo só se come no mesmo Orientaes.<br />
dia, em que se colhe, porque corrom Cultiva-se em diversos lugares d.»<br />
pe-se muito facilmente.<br />
globo.<br />
E' uma arvore elevada e copada,<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — A entre cujo tronco tem a casca grossa e<br />
casca em cosimento, applicada inter fendida; transuda um sueco leitoso,<br />
namente, é bôa para asthma.<br />
viscoso.<br />
Na dose de 8 grammas para 500 gram As folhas são ovaes de 12 centimas<br />
d água fervendo, prepara-se a inmetros e mais, grossas, duras de um<br />
fusão.<br />
verde-negro lustroso.<br />
As flores são nascidas directamente<br />
Jaboticaba da matta. —Eugenia do tronco e ramos, e de dois .sexos.<br />
— Fam. idem. —E uma jaboticabeira As masculinas estam em um eixo<br />
arbórea, que tem os fruetos como os commum, á maneira de uma pequena<br />
da campina.<br />
espiga, em fôrma de massa; as fêmeas<br />
Tem dimensões arbóreas.<br />
em outro eixo cobertas de protube-<br />
A casca é lisa, de côr castanha. rancias, que crescem e desenvolvem<br />
As folhas são miúdas, oppostas, ovaes um fructo (a Jaca), tendo de extensão<br />
oblongas.<br />
mais de 48 centimetros, ovoide ou<br />
As flores são brancas, iguaes á supra- redondo.<br />
dita.<br />
Sua suqerficie é composta de sali<br />
O fructo, o mesmo; desenvolve-se por ências conicas, de côr verde-amarel-<br />
todo tronco até'o cimo da arvore. lada; interiormente compõe-se de um<br />
Seu sabor é semelhante ao da outra. corpo filamentoso, amarellado, viscoso,<br />
molle, que se divide em eonparti-<br />
Jaboticaba pelluda ou cabelmentos, em cada um dos quaes alojaluda.<br />
— Eugenia tomentosa. —Fam. se uma baga de 6 centimetros, de<br />
idem. — Esta outra espécie, rara, nunca natureza gelatinosa, viscosa, e de sa<br />
apparece no mercado, e passa pela mebor doce e agradável; tendo no<br />
lhor das jaboticabas.<br />
centro um caroço, que é oval, alvacento.<br />
Ella parece ser especialmente natu Come-se a massa, assim como o<br />
ral de Pernambuco.<br />
caroço assado ; uzam até d'elle como<br />
E' semelhante a arbórea, porém a feijão ; mas presta-se a outras diversas<br />
frueta é coberta de pallos macios. applicações.<br />
No sabor é a melhor das três espécies. O seu sueco leitoso serve para luz,<br />
e é muito viscoso.<br />
Jaboticabeira. — V. Jaboticaba A madeira emprega-se nas COIH-<br />
de campina.<br />
trucções navaes e eiveis.<br />
Na província das Alagoas, princi<br />
Jabotimata.— Dellilea grandiflora. palmente na antiga Capital, cidades<br />
— Fam. das Leguminosas.— E' esta das Alagoas, com tal profusão existe<br />
planta do Norte.<br />
esta frueta, que até da-se ao gado, e<br />
compra-se cada uma por dois vinténs.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— Suas folhas Conhece-se entre nós três variedades :<br />
em cosimento são de proveito nas a Jaca dura, a Jaca molle, e a Jaca<br />
queimaduras.<br />
manteiga.
JAC JAC S4 «»<br />
A primeira tem maior acceitação;<br />
a segunda conta também alguns apaixonados;<br />
a terceira rivaliza com a<br />
primeira, porém passa por mais indigesta.<br />
*<br />
Jacapé. — V Sapê.<br />
Jacapucaio.—V. Sapucaia.<br />
um ou dois carocinhos redondos, envoltos<br />
n'essa massa, que dizem ser doce<br />
e de bom paladar ; ella tinge os lábios<br />
de roxo.<br />
Uma excellente propriedade tem-se Jacarandá. —Bignonia ceerulea. —<br />
ultimamente reconhecido n'ella, que Will. — Bignonia , Jacarandá, Linn. —<br />
é combater a tosse, de qualquer na Fam. das Bignoneaceas.— E' do Brasil<br />
tureza, e mesmo dissipar uma fluxão e das Antilhas.<br />
para o peito.<br />
Esta é uma das arvores importantes<br />
do paiz; cresce com abundância no<br />
Jaca manteiga. — Artocarpus. — Pará, Alagoas, e Bahia.<br />
Fam idem. — Esta espécie é uma das E' arvore commum e ramosa.<br />
madeiras que servem na construcção Suas folhas são compostas.<br />
naval, e por isso é prohibido pelo go As flores, em pequenos grupos, são<br />
verno o seu corte.<br />
como trombetas meio curvadas, roixas,<br />
O fructo tem 12 centimetros e mais O fructo é uma vagem allongada,<br />
de comprimento, contendo sementes fa- comprimida e de consistência lenhosa.<br />
rinaceas, cobertas de polpa doce, melí As sementes são estriadas, isto é,<br />
flua, agradável, e de cheiro muito activo. riscadas, ecom expansões (aliadas.)<br />
A madeira d'esta bella arvore é côr<br />
Jacamincaa. — Commelina serra- de castanha no cerne, com veias mais<br />
ta. — Fam. das Commelinaceas. — Planta escuras, ou mais claras, conforme a<br />
herbacea do Paráe do Amazonas. qualidade.<br />
Tem propriedades anthelminticas. E' mui compacta; presta-se bem ao<br />
N'este gênero de plantas ha algumas polimento, e é de muita duração.<br />
que têm o aspecto do ananazeiro. E' uma das principaes madeiras empregadas<br />
nas construcções civis e na-<br />
Jacapé ou capint de cheiro<br />
vaes, e na marcenaria.<br />
ou Caa-piitt cheiroso.— Fam. das As obras antigas de marcenaria e<br />
Cyperaceas. — E' uma planta herbacea, de tornearia dos Templos são todas<br />
de caules pequenos.<br />
d'esta madeira ; ella exhala um cheiro<br />
Folhas em feixes.<br />
agradável.<br />
Flores em capitulos e escamosas, no Ha diversas espécies de Jacarandá,<br />
ápice do caule triangular, com um feixe peculiares á certas províncias, entre<br />
de folhas na base.<br />
ellas acha-se o Machcerium schororislum.<br />
E' mui aromatica. Esta planta é de<br />
Pison e não de Marcgrave.<br />
Jacarandá branco. — V- Jacarandá<br />
campina.<br />
Jacarandá. cabiuna.— V- Balsamo.<br />
Jacaratinga. —Fam. das Myrta Jacarandá de campina ou<br />
ceas. — Fructo agreste, conhecido no branco.—Swartzia jacarandá.— Swar-<br />
Maranhão por este nome.<br />
tzia grandifiora. Redd. — Fam. das Le<br />
E' provenientet de um arbusto de boguminosas. — Arvore pequena do paiz,<br />
nito porte.<br />
que nas Alagoas recebe este nome.<br />
Tem 1 %. centímetro de diâmetro; é Sua casca é alva.<br />
de cor roxa-escura, quasi preta, e re As folhas, oppostas e dispostas em<br />
donda.<br />
palmas, são ovaes, ásperas e de côr<br />
Compõe-se de uma massa molle, com j verde.
s n; JAC JAL<br />
As flores em espigas pequenas, bran Jacé. — í". Melancia.<br />
cas, tendo um stygma em fôrma de<br />
lamina, rodeado de feixes de filetes Jacintho. — Eyacinthus orientalü.<br />
amarellos.<br />
Linn. — Fam das Liliaceas. — Esta flor,<br />
O fructo é uma vagem, presa por natural do Oriente, é cultivada em<br />
um pedunculo, que a suspende. abundância na Europa, onde ha mais<br />
As sementes são como os grãos de de mil variedades.<br />
feijão.<br />
E' planta de raizes bolbosas.<br />
Chamam-na t.xmbem Rabo decavallo. As folhas nascem ao rez do chão;<br />
íísta planta cremos ser o Jacarandá são mais ou menos allongadas e es<br />
branco de Redd.: Swartzia grandifiora. treitas.<br />
Suas flores também variam em cores.<br />
Jacarandá Tãa. — Dalbergia. — Esta espécie, de que falíamos, offerecc<br />
Fam. das Leguminosas.<br />
do seu centro uma espiga de flores em<br />
fôrma de campana, de côr azul, e<br />
Jacarandá pardo.— Nissolia.— branca ; são cheirosas.<br />
Fam. idem.— E' uma arvore de folhas O Brasil, que de poucos annos para<br />
em palmas, não em cachos.<br />
cá tem adquirido immensidade de es<br />
O fructo, vagem em fôrma navicupécies de flores estrangeiras, ha-de sem<br />
lar, com expansões membranosas na duvida ter, nos jardins, de suas gran<br />
base, á semelhança de azas.<br />
des cidades, esta flor; e é por isso que<br />
Contém poucas sementes.<br />
a indicamos aqui.<br />
Jacarandá paulistano. — Ja Jacitara. — V." Titara.<br />
carandá oxyphilla.—Fam. das Bignoniaceas.—<br />
Esta arvore tem suas folhas Jacua-acanga ou Aguaraelu-<br />
muito fortes.<br />
nha-açú.— Tiaridium indicum. —Fam,<br />
Com esta e com outras espécies das Borragineas. — Planta das provín<br />
fazem-se as mesmas obras, que com o cias limitrophes do Império.<br />
Jacarandá grandi.<br />
Dá-se á maneira de chá o seu co PROPRIEDADES MÉDICAS. — Reputa-se<br />
simento ; o extracto dá-se em pílulas, desobstruente.<br />
e com o pó polvilha-se as feridas. E' empregada nas ulceras, e pro<br />
Jacarearú. — V. Caferana.<br />
veitosa nas affecções inflamm ato rias do<br />
ânus.<br />
Jacaré-uva. — V. Lantim.<br />
Jagoirana ou Jii«(uaratia.—<br />
Acácia—Fam. das Leguminosas.— Tam<br />
Jacarey-ataua. — Gonania apenbém é chamada Juerana, e conhecida<br />
diculata—Fam. das Rhamnaceas.—E' em Pernambuco por estes nomes.<br />
planta trepadeira, com o aspecto da E' indígena.<br />
Parreira brava, Mata-fome, etc. Arvore de folhas miúdas, distri<br />
O seu cosimento em banhos é applibuídas em palmas.<br />
cado contra a caspa da cabeça.<br />
Dá um fructo pequeno.<br />
O lenho d'esta arvore é frouxo e<br />
Jaeatupé. —Pachyrrhizos angulata. amarellado.<br />
— Fam. das Leguminosas. — E' uma<br />
planta muito útil, que dá uma batata<br />
deliciosa, a qual poderia servir para<br />
sustento dos animaes.<br />
Emprega-se a fecula que d'ahi se tira<br />
JAL JAM S47<br />
Pellet.— Convolvulus Jalappa, Linn.— Mans. — Fam. Idem.— Os mesmos at-<br />
Fam. das Convolvulaceas.— A Jalappa tributos ê da Batata de purga.<br />
uma planta trepadeira do México.<br />
Tem as folhas cordiformes, e as Jamacarú. — Cereus geometricans,<br />
flores como trombetas cor de rosa. Mart.—Cereus jamacarú, D. C. — Fám.<br />
O fructo é capsular.<br />
das Cactaceas. — Este vegetal é um dos<br />
A raiz é tuberosa, arredondada, mais cardos, sem duvida, um dos mandacarus,<br />
ou menos irregular, branca, earnosa; que vegetam em Pernambuco e espe<br />
impregnada de um suceo lactescénte cialmente pelos sertões.<br />
e resinoso.<br />
Tem as virtudes da Jumbeba e do<br />
Apparece no commercio em pedaços seguinte:<br />
irregularmente arredondados, ou em<br />
rodellas, cuja superfície é cinzenta-es- Jamacarú ou figueira da<br />
cura; o interior mais branco, com li índia. —Cereus triangularis.—Fam.<br />
nhas concentricas escuras ; sua fractura das Cactaceas. — Arbusto do Brasil.<br />
apresenta alguns pontos brilhantes;<br />
e seu pó é amarello acinzentado. PROPRIEDADES MÉDICAS. —Toda planta<br />
é anti-scorbutica, refrigerante, e peitoral.<br />
Exteriormente applica-se, em cataplasmas,<br />
nas ulceras e tumores glandulosos.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— A Jalapa é<br />
um drástico forte, que obra com<br />
promptidão,<br />
E' empregada* nas obstrucções das<br />
vísceras abdominaes, contra vermes de<br />
toda qualidade, hydropisias, affecções<br />
cerebraes etc.<br />
A dose em pó é de 1 á4 grammas<br />
para os adultos.<br />
E' quasi sempre preferível empregar<br />
a resina, que se dá em dose de 5 a<br />
9 decigrammas.<br />
Jamaracaú.— E' uma espécie de<br />
Mandacaru, cuja frueta é comestível, e<br />
suppõe-se ser dos Jamacarús.<br />
Jalapa, de Matto Grosso.—<br />
Jantbo da índia. — Eugenia malaccensis,<br />
Linn. e Well.—Fam. das Myrtaceas.—<br />
Este fructo originário de Malaca,<br />
na Ásia, é proveniente de uma<br />
arvore que se cultiva no Brasil, e ha<br />
Convolvulus puniceus, Mans.—Fam. idem. via no extineto jardim botânico de<br />
— Em Matto Grosso existem outras Olinda.<br />
espécies, como Convolv. polyrrhizus. Esta • arvore tem as folhas oppostas,<br />
Convolv. giganteus, e com as mesmas lizas e lanceoladas.<br />
propriedades da Batata de purga. As flores são brancas, um<br />
grandes.<br />
tanto<br />
Jalappa de S. Paulo.— Piptos- O fructo dá em cachos mais ou metegia<br />
Pisonis, Mart.— Fam. idem.— Venos grandes ; é de 3 centimetros e %<br />
geta está planta em S. Paulo. de diâmetro, redondo com uma cham-<br />
Ella mais ou menos deve ser como fradura no ápice, cercada de quatro<br />
a Jalappa do México. Suas virtudes folhetinhas do mesmo fructo.<br />
médicas ;são as mesmas das da Batata de A sua parte externa é uma delica<br />
purga, devendo ser applicada nas díssima e lustrosa pellicula, uniaa a<br />
mesmas doses.<br />
uma massa aquosa, frouxa, de % ou 1<br />
Ha ainda a espécie seguinte : Con centímetro de espessura, de côr branvolvulus<br />
paulistanus, Mans. ca, quasi<br />
esmalte.<br />
transparente, que parece<br />
Jalapão.— V Tiú.<br />
No centro acha-se um<br />
roços redondos e pardos.<br />
ou dois ca<br />
Jalapinha. — Convolvulus pendulus, O fructo é insipido, ácido e sem
SIS JAN JAP<br />
quasi principio doce algum, todavia E' indígena, elevada, por tal nome<br />
tem seus apaixonados.<br />
conhecida n'essas províncias.<br />
Ella tem mais de formosa que de Seu tronco sobe a grande altura<br />
boa ao paladar<br />
sem ramificar-se senão no topo.<br />
Também chamam-na Jambo branco. A casca é escura.<br />
As folhas são grandes, fazendo copa<br />
Jambo da terra.—Eugeniajam- no cimo, e ásperas.<br />
bosa, Linn. — Fam. Idem.—O jambo é As flores, amarellas, grandes o com<br />
uma frueta mui aromatica, tanto oriunda pellos.<br />
da índia como do Brasil.<br />
Os fruetos são globulosos, tem o ta<br />
E' proveniente de uma arvore de manho d'uma pequena laranja, cheia<br />
tronco lizo.<br />
de espinhos; são de côr parda, por<br />
Folhas oppostas, lanceoladas agudas, dentro repartido em eompartimentos,<br />
escuras, parecendo-se bem com as de nos quaes contém as sementes, que<br />
sua congênere.<br />
são pequenas e pardas.<br />
As flores em cachos são brancas como A madeira d'esta arvore é de uma<br />
as da precedente.<br />
textura tão frouxa, que sustenta-se<br />
O fructo porém é redondo e oval, sobre as águas, comportando grande<br />
coroado por quatro palhetas esverdi peso sobre si.<br />
nhadas.<br />
Por esta razão, faz-se com (dia a<br />
Elle é amarello na maturidade e mui singular embarcação, de que os pesca<br />
cheiroso, contendo dentro um caroço, dores se servem em Pernambuco para<br />
raramente dois, que desprende-se dos pescarias; e que se chama jangada<br />
tecidos, e chocalhaagitando-se o fructo. com a qual elles transpõem o oceano,<br />
As folhas do Jambeiro tem proprie á distancias bem longínquas.<br />
dades venenosas ; porém seu antídoto Fazem outras maiores, que servem<br />
está na raiz da mesma, segundo se diz. de paquetes.<br />
Comtudo, fazem d'estas folhas um Estas tem uma casinhola no seu las<br />
xarope, levemente laxativo.<br />
tro, que acommoda famílias; navegando<br />
beira mar na costa, vão de Pernam<br />
Jambo vermelho.—Eugenia.— buco até á Bahia, e até o Ceará.<br />
Fam. idem. — Arvore mediana ou ar As canoas, a que chamam barcaça,<br />
busto, natural da índia; semelhante ao e que navegam pela costa de Pernam<br />
jambeiro vulgar no tronco.<br />
buco e das províncias adjacentes do<br />
Entretanto, suas folhas são menos Sul e Norte, tem dois páos d'esta ar<br />
lustrosas, e mais largas.<br />
vore, para formarem equilíbrio; cha<br />
As flores são mui parecidas. mam-os embonos.<br />
O fructo dá pelos galhos, tronco, e Ainda da casca d'esta arvore tiram-<br />
axillas das folhas, em cachos. se excellentes cordas, que fazem um<br />
Elle tem a mesma estruetura do ramo de commercio.<br />
Jambo branco; é de côr de rosa bo Ha uma espécie de jangadeira, chanita,<br />
mas, quanto ao sabor, é insipido. mada Grujaú, que é a primeira madeira<br />
e a mais estimavel para o mesmo fim.<br />
Janapticá. — V. Puçá.<br />
Janiparandiba. —V. Janiparan-<br />
Jandiparana.— V. Janiparandiba. duba.<br />
Jangadeira ou embira<br />
Japarandúba.—Janiparandiba, ja»<br />
branca.—Apeiba cimbalanea, Ar. Cam. poarandiba e jandiparana.—São as mes<br />
— Fam. das Tiliaceas. — Arvore que vemas<br />
plantas.<br />
geta nas mattas das províncias do<br />
Norte do Império.<br />
Japarandúba.— Guslavia brasili-
JAP JAR S49<br />
ensis, D. C. —Fam. das Myrtaceas. mas — completamente vasio no interior,<br />
Arbusto silvestre, conhecido quasi em de modo que este medithulio deve<br />
todo o Brasil por este nome. formar umi verdadeiro tubo de uma<br />
Apresenta-se em fôrma de touceira. extremidade á outra da raiz.<br />
Seus ramos mui flexives^ de casca Esta toda apresenta um sabor um<br />
escura.<br />
pouco salgado e muçilaginoso, e um<br />
Folhas alternas, grandes , obovaes, tanto amargo depois.<br />
oblongas, semelhantes ás do Jenipapeiro.<br />
Flores, em grupos de 3 a 4, são PROPRIEDADES MÉDICAS. —E' empre<br />
grandes, maiores do que uma rosa gada nas moléstias syphiliticas, cutâ<br />
ámelia, mas com uma só ordem de neas, rheumaticas, e gotosas.<br />
pétalas.<br />
Na dose de 30 a 60 grammas para<br />
Estas são de côr de carne, com li 1000 d'água prepara-se o cosimento, que<br />
geiras manchas rosadas, cheias de fi se toma três vezes ao dia.<br />
letes no meio, tendo máo cheiro. (*)<br />
O fructo é uma cápsula semi-lenhosa, Japoarandiba.—V. Janiporandiba.<br />
obconica, tendo interiormente algumas<br />
sementes (não pequenas), collocadas Jaqueira. —V Jaca.<br />
horisontalmente.<br />
Estas sementes matam os cães. Jaracatiá ou Mamão do<br />
A folhagem, mergulhada nos tanques matto.— Carica spinosa, Will.—Carica<br />
e rios, desenvolvem um cheiro insup- dodecaphylla, Vell.— Fam. das Papayaportavel.ceas.<br />
— Esta arvore também recebe o<br />
A madeira é mui flexível, por isso nome de Mamola.<br />
fazem cestos, arcos e outros utensílios. E' natural do paiz, e só vegeta nas<br />
mattas.<br />
Japecanga. —Smilax japecanga. E' alta, apresenta o tronco cheio de<br />
—Fam. das Asparagaceas.— Esta planta espinhos, reeto, ramificando-se supe<br />
é conhecida por este nome em Pernamriormente, estendendo os ramos hobuco,<br />
Alagoas, Rio, etc.<br />
risontalmente, com sua folhagem miúda<br />
Em algumas províncias é conhecida e lactifera.<br />
por Salsaparrilha.<br />
Tem a apparencia do Mamoeiro, e<br />
E' uma trepadeira, que vegeta nas sua fruetificação é semelhante ; isto<br />
margens dos rios e em lugares frescos. é, tem aggrupados os fruetos no cimo<br />
As raizes se compõem de um ou de<br />
da arvore, e pendentes.<br />
vários tuberculos arredondados, assás A Mamota é da mesma fôrma do<br />
volumosos, brancos no interior, com Mamão, sendo menor e mais esguia ;<br />
vestígios de um principio corante ver no mais é igual, e internamente tem<br />
melho na epiderme.<br />
também a mesma structura; é muito<br />
O caule é perfeitamente cylindrico, leitosa.<br />
da grossura dé uma penna, offerecendo A massa é semelhante, e também<br />
em sua superfície alguns
S5Ü JAR JAS<br />
O fructo come-se crú, assado, ou cosinhado<br />
; é comparado ao Melão.<br />
Cura as feridas e ulceras usado em<br />
fôrma de cataplasma.<br />
O sueco leitoso concreto, que corre<br />
naturalmente das incisões feitas na<br />
Mamota, nós conservamos sob a fôrma<br />
de pílulas, e d'este modo temos conseguido<br />
ter sempre á mão, para uso<br />
dos doentes, o leite de Jaracatiá<br />
Modo de uzar. — Dá-se pela manhã<br />
cedo. em jejum, 4 a 6 pílulas aos<br />
adultos, para os menores bastam 3<br />
pílulas; e immediatamente por cima<br />
uma chicara de chá da índia.<br />
Três dias depois repete-se outra dose,<br />
até conseguir o resultado desejado.<br />
As flores são como us do Arum,<br />
contidas em um estojo, e com a mesma<br />
estruetura; mas são muito maiores,<br />
de um roixo purpureo interiormente,<br />
e verdes por fora; exhalando nuío<br />
cheiro.<br />
O fructo é uma baga encarnada.<br />
A raiz é tuberosa.<br />
Esta espécie, e a subsequente, parecem<br />
ser a mesma planta.<br />
Jararaca. — Dracontium poliphyl.<br />
lum.— Fam. idem.— E' um vegetal do<br />
Pará.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— Suas raizes<br />
são amylaceas; contundidas, e applicadas<br />
sobre as ulceras, as modificam.<br />
Jaracatiá.—Dá-se também o nome Empregada internamente, é útil con<br />
de Jaracatiá a uma espécie de Cacto, tra a asthma, chlorose, amenorrhea, e<br />
cujos fruetos, segundo Pison, são co mordeduras de cobras.<br />
mestíveis, e mui empregados nas febres<br />
intermittentes.<br />
Jarbão ou Urge vão. — Aguaraponda<br />
— Gerebão, gervão.— V. Orgevão —<br />
Jaraiuva ou coqueiro Jaraiuva.—<br />
Leopoldina pulchra.— Fam. Jareré ou Alanduplíit.— R'<br />
das Palmeiras. — E' uma elegante paluma<br />
planta, cuja semente 6 oleosa, e<br />
meira do Brasil.<br />
farinacea, com virtudes medicinaes.<br />
Jaramataia. — Fam. das Legumi Jaroba.— Tancecium jaroba, Sivartz.<br />
nosas. — E' uma arvore que tem este e Marcg.— Fam. das Solanaceas.—<br />
nome no Rio Grande.<br />
Planta das regiões Amazônicas, tre<br />
Vegeta pelas margens dos rios padeira, em forma de touceira.<br />
Dá um fructo redondo, com um ca Seus fruetos são bagas cascudas,<br />
roço no centro.<br />
com polpa dentro, e varias sementes.<br />
Os animaes inferiores o comem. O fructo é emolliente e peitoral.<br />
J a r a r á c a.— Arum dracunculum, Jarrinho. — V. Angélico.<br />
Linn,e, Will.— Fam. das Araceas.—Esta<br />
planta é natural da Europa, mas cul Jarro manchado.— V. Jararaca.<br />
tiva-se no Brasil, onde tem recebido<br />
este nome.<br />
Jasmim amarello. — Jasminum<br />
Julgam muitos mesmo ser ella in fruticans, Linn.—Fam. das Jasminaceas.<br />
dígena do paiz.<br />
— Este jasmim, a que dão este nome<br />
Ella tem na Europa o nome vulgar em Pernambuco, é natural da Itália.<br />
de Serpentaria.<br />
E' de uma planta semelhante ao do<br />
E' quasi rasteira, isto é, sem caule; Jasmim da Índia, mas as folhas são<br />
fôrma um bolbo sobre a terra, das trifolioladas, e não quinquefolioladas,<br />
bainhas das folhas, que se abraçam. como as do outro.<br />
Das folhas, que tem 50 e mais A flor, em seu contorno, é igual, po<br />
centimetros de comprimento, pendem rém é muito menor, e é de côr ama-<br />
dois lobos grandes na parte inferior. rella-viva, e de quasi nenhum cheiro.
JAS JAS SS1<br />
O friicto é uma baga redonda, roixa, Folhas oppostasj/ovaes, lanceoladas<br />
com um caroço dentro, mas que nunca e lustrosas.<br />
se vê.<br />
As flores são" brancas, com. o tecido<br />
Cultivam este jasmim nos jardins. quasi transparente.<br />
O Jasmim da Itália é que ha de servir As bordas das pétalas dobram-se<br />
de typo ao gênero.<br />
umas sobre as outras.<br />
Exhalam um excellente cheiro.<br />
Jasmim anão.—Amsonia lati folia, Toda a planta contém um sueco<br />
Mich.—Fam. das Apocyneas.—E' oriunda leitoso.<br />
da America esta flor, e provém de um E' uma planta de jardim muito es<br />
pequeno arbusto, de 1 metro e pouco timada e rara.<br />
mais de altura.<br />
As folhas, oppostas, ovaes, e meio Jasmim cambraia. — Nerium<br />
crespas.<br />
ochroleucum, Eorteil. — Fam. das Apocy<br />
As flores em cachos, pequenas, como neas. — Recebe este nome em Pernam<br />
jasmins propriamente ditos ; são branbuco, e é oriundo da índia.<br />
cas, de um tecido espesso, e um annel E' um arbustinho pouco esgalhado,<br />
amarello na face do tubo.<br />
com as folhas compridas, lusidas e<br />
pequenas.<br />
Jasmim bogari.— Jasminum vo- A flor, em pequenos pedunculos, como<br />
lubile.—Fam. das Jasmineas.—Este fios oblongos, amarellados.<br />
jasmim, natural do Cabo da Boa Espe Um grupo de pétalas brancas, subrança,<br />
recebe este nome em Pernamtransparente, circula a face do tubo,<br />
buco.<br />
e um annel amarello.<br />
E' resultado de um subarbustinho, que Tem cheiro suave.<br />
trepa sobre outros corpos.<br />
Seus ramos e folhas são oppostos; Jasmim dc Cayenna. — (*) Melia<br />
estas são ovaes, onduladas, e lustrosas. azedarach, Linn, — Fam. das Meliaceas.<br />
As flores são brancas, como jasmins — Esta planta, a que em Pernambuco<br />
communs, mas de um tecido suceulento; dão este nome, no Rio Grande do Sul<br />
e cheiro parecendo-se com o da flor chamam Cinamomo.<br />
Bogari.<br />
E' natural da Índia e da Cicilia,<br />
E' ornamento de jardim.<br />
conhecida na Europa por Jasmim azul.<br />
Ella no seu paiz natal é grande ar<br />
Jasmim branco.—Fam. Idem.— vore ; mas entre nós é uma arvore pe<br />
Em Pernambuco dão este nome a um quena, ou um arbusto.<br />
jasmim branco, produzido por uma Suas folhas são encrenadas.<br />
planta.<br />
As flores em cachos grandes, fazendo<br />
As folhas oppostas, ovaes, e molles, pyramide.<br />
de cheiro agradável, não tem as zonas São formadas por um tubo purpureo,<br />
rosadas como o Jasmim commum. e a lamina em cima dividida em cinco<br />
O seu tecido não é tão carnoso como lobos revirados, com cheiro um tanto<br />
o d'aquelle.<br />
activo, mas um pouco fastidioso.<br />
E' ornato de jardim.<br />
O fructo, que parece uma azeitona,<br />
é também rôixo escuro, e tem uma<br />
Jasmim do Cabo.—Gardênia semente dentro.<br />
florida, Linn.—Fam. das Rubiaceas.— Não se come.<br />
A flor que chamam Jasmim do Cabo Acredita-se que suas folhas, fruetos<br />
em Pernambuco, e mesmo na Europa, e flores são venenosas.<br />
é oriunda d'essa parte do globo.<br />
(*) Na Bahia é est? o nome do Jasmin<br />
E' um subarbustinho ramoso, de 1 a<br />
manga; e a Metia qzedarack chama-se<br />
2 metros de altura.<br />
Jasmin ãe soldado.
• •*••» JA><br />
Alguns auctores contestam essa idéa; Suas folhas, em palmas, de cinco a<br />
mas sem bastante prova para garantira sete foliolos, são brancas, dispostas cm<br />
innocuidade da planta.<br />
pequenos grupos.<br />
Formam um tubo, (pie na parte su<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' empreperior abre em cinco lâminas, como<br />
gada, externamente, para apressar o estrellas brancas," e com uma capa ro<br />
amadurecimento dos bubões. Internasada de um lado, e um tubo verde<br />
mente, é estimulante, aperiente, e an- na sua base.<br />
thelmintica; em dose alta é abortiva. O fructo quasi nunca se desenvolve.<br />
Todos sabem que os Jasmins servem<br />
Jasmim de cerca ou do<br />
para aromatizar banhos, formar ra-<br />
matto. — Jasminum fluminense, Vell. malhetes e preparar cheiros (essências),<br />
— Fam. das Jasmineas — Arbusto tre para uso de toucador.<br />
pador, que cresce em touceiras, e que Sua água distillada é applicada aos<br />
faz grande entrelaçamento sobre as olhos, e pôde ser dada internamente<br />
arvores adjacentes.<br />
E' conhecida em Pernambuco por este<br />
como antispasmodica.<br />
nome, e também impropriamente por Jasmim lacre —Fam. das La<br />
Jasmim da índia.<br />
biadas. — Esta flor exótica, a que dão<br />
Suas folhas são compostas, e de uma este nome em Pernambuco, é prove<br />
eòr verde azulada.<br />
niente de um arbustosinho, de folhas<br />
As flores, como o jasmin dos jar ovaes.<br />
dins, porém muito menores e de seis Flores vermelhas, em espigas, como<br />
divisões estreitas; têm cheiro agra cometinhas oblongas, com a borda<br />
dável e dão em pequenos cachos. livre dividida em cinco lacinias, for<br />
O fructo é uma baga redonda, do mando como dois lábios.<br />
tamanho de uma ervilha; é roixo de O cálice é verde, e pequeno; sabem<br />
negrido ; encerra uma polpa aquosa, de de dentro os filetes. A flor não dá<br />
côr roixa viva, porém que desmerece cheiro.<br />
em pouco tempo.<br />
Contém uma semente dentro. Jasmim laranja.—Murraya exó<br />
As vergonteas são lisas, mui flexíveis. tica, Linn. — Fam. das Aurantiaceas. —<br />
Fazem-se d'ellas cestas, balaios etc. Planta natural das índias Orientaes,<br />
Esta planta é digna de ser intro por este nome conhecida em Pernamduzida<br />
nos jardins, para caramanchões. buco.<br />
Das flores póde-se obter por distillação O arbusto é uma planta parecida.<br />
uma essência, de cheiro agradável. com uma larangeira pequena; porém<br />
com as folhas compostas, miúdas e es<br />
Jasmim vontmnm.—Jasminum pessas, glandulosas e sempreverdes.<br />
ufficinale, Linn e Will.—Fam. das JasAs<br />
flores apresentam-se em cachos,<br />
mineas.— Em todo o Brasil é conhe da mesma estruetura das da larancida<br />
esta flor por Jasmim ; alguns a geira, sendo porém pequenas, e com<br />
chamam Jasmim da Itália, mas ella não algum cheiro.<br />
é oriunda da Itália, e sim da índia. O fructo que produz é ovoide, e<br />
E' sem duvida uma flor dos nossos quasi confunde-se com um limão pe<br />
jardins, acelimada entre nós d'esde queno ; quando maduro torna-se ver<br />
epocha desconhecida.<br />
melho.<br />
Sua fragrancia suavíssima, disputa a Dentro ha dois compartimentos,<br />
primasia entre as mais flores aroma cada um contendo uma semente,<br />
ticas.<br />
E' conhecida na Europa esta planta<br />
Ella é proveniente de um arbusto es por Bois de Ia Chine (madeira da<br />
galhado, em touceira.<br />
China).<br />
JAS
JAS JAT S53<br />
Come-se a fructinha, e faz-se d'ella Estames, geralmente em numero de<br />
limonadas refrigerantes.<br />
cinco, e oppostos ás divisões da corolla,<br />
são eppetalios, quando esta é poly-<br />
Jasmim manga.— Cerbera manpetala.gas, Linn. e Wíll.— Fam. das Apo- São immediatamente hypogynicos,<br />
cyneas.— Arvore leitosa da índia, cujo quando a corolla é gamopetala (o que<br />
sueco leitoso é emetico, e venenoso. è contrario á disposição geral).<br />
O ovario é livre,, muitas vezes de<br />
Jasmim do matto.— V. Jasmim cinco ângulos, de uma só loja, con<br />
de cerca.<br />
tendo um óvulo pendente do alto por<br />
meio de um podospermafiliforme basilar.<br />
Jasmim do matto do Pará.— Os estyletes são em numero de três<br />
Taberncemontana citrifolia, Linn.— a Fam. cinco, e terminam por outros tantos<br />
das Apocyneas.— E'um arbusto, que ve estigmas agudos,<br />
geta no Pará e nas Antilhas.<br />
O fructo é um akenio envolvido pelo<br />
E' lactifero, e o seu sueco leitoso é cálice.<br />
empregado como anti-gastralgico. A semente se compõe, além de seu<br />
tegumento próprio, de um endosperma<br />
Jasmim das nuvens.— Plum- farinaceo, no centro do qual existe um<br />
bago auriculata, Linn, — Plumb. carulea, embryão, que tem a mesma direcção<br />
Eortut.— Fam. das Plumbagineas.— Em da semente.<br />
Pernambuco é conhecida esta flor por<br />
tal nome.<br />
Jasmim vapor ou de S. José.<br />
. Ella é d'America, proveniente de —Plumeria rubra, Linn.—Fam. das Apo-<br />
uma herva quasi rasteira; de folhas cynaceas. — Este arbusto é natural do<br />
pequenas, lanceoladas, lisas, dispostas continente americano, chamam-lhe assim<br />
em feixes.<br />
em Pernambuco, e também alguns o<br />
, As flores, em pequenos cachos, são chamam Vapor.<br />
azues, e em fôrma de uma angélica ou E' uma flor procedente de um arbusto<br />
jasmim.<br />
de 2 a 3 metros de altura, de tronco<br />
O pedunculo tem pellos pegajosos. liso, cinzento, lactifero em todas as<br />
Não tem cheiro.<br />
suas partes.<br />
O fructo é uma capsulasinha insi As folhas aggrupadas nas extremignificante.dades<br />
dos ramos, são ovaes e grossas.<br />
As flores, reunidas em cachos, são<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.— Familia como jasmins grandes; apresentam três<br />
natural, por uns collocada entre as cores, isto é, sobre um fundo côr de<br />
Apetalias, e por outros entre as Monope- carne, zonas vermelhas, e amarellas,<br />
talias.<br />
formando um todo engraçado; tem cheiro<br />
São vegetaes herbaceos ou subfru- suave.<br />
ctescentes, de folhas alternas, algumas O fructo, que raramente se vê, é como<br />
vezes unidas na base do caule, e inva- uma vagem comprida.<br />
ginantes.<br />
Esta planta despe-se de sua folha<br />
As flores são dispostas em espigas, gem em certo tempo do anno, conser<br />
ou cachos ramosos, e terminaes. vando unicamente as flores.<br />
Seu cálice é gamosepalo, .tubuloso,<br />
crespo, e persistente, ordinariamente<br />
E' ornamento de jardins.<br />
de cinco divisões.<br />
A corolla é ora gamopetala, ora for<br />
Jassalti.—V- Jatobá.<br />
mada de cinco pétalas iguaes, que Jataiba.—V Tatajuba.<br />
quasi sempre são ligeiramente ligadas<br />
entre si pela base.<br />
Jatauba ou coqueiro Jatau-
S.V1 JAU JEN<br />
ba.—Sgagncs cocoides. —Fam. das das Solanaceas. — K' planta do Pará,<br />
Palmeiras.—Palmeira do paiz. que tem virtudes diureticas, P antiscorbuticas.<br />
Jatay. — V. Jetay.<br />
«lanará ou roqueiro Jauari.<br />
Jatobá. — Eymencea courbaril, Linn. — Astrocarium jauari — Fam. das Pal<br />
— Fam. das Leguminosas. — Arvore do meiras.— Arvore do Pará o Amazonas.<br />
Brasil, Minas, Bahia, e Pernambuco. E' uma palmeira alta, de tronco cy<br />
E' copada, revestida de folhas alterlindrico, cheio de espinhos.<br />
nas, pecioladas, compostas de dois fo Os fruetos são drupaceos, como coliolos<br />
approximados, ovaes lanceolaquinhos, carnosos por fora, e ósseos<br />
dos, e luzentes.<br />
por dentro, como são em geral todos.<br />
lnflôrescencia em paniculas.<br />
Flores pequeninas.<br />
Jenipapo ou Jenipabo.— Ge-<br />
O fructo é uma vagem lenhosa, de nipa americana. Linn.— Fam. das Ru<br />
24 centimetros de comprimento, e de biaceas.— O Jenipapo é um fructo<br />
6 a 9 centimetros de largura, contendo agreste do paiz, proveniente do Jeni-<br />
quatro ou cinco sementes, envoltas papeiro, que é uma arvore elevada,<br />
n'uma polpa amarellada, e doce. de 16 a 20 metros, de casca cinzenta<br />
Come-se a polpa, mas é enjoativa. e liza.<br />
Do tronco e dos ramos d'esta arvore Folhas oppostas, espatuladas, oblon<br />
exsuda uma resina conhecida pelo nome gas, e luzidias,<br />
de Resina animada.<br />
Flores amarellas, um tanto grandes,<br />
Nas províncias do Maranhão e Pará formando um tubo, cuja parte superior<br />
chamam-lhe Jatahi; também lhe dão é dividida em lacinias, que são re<br />
o nome de Resina ou gomma copai. torcidas.<br />
E' em pedaços de côr amarellada, Abaixo da flor está o fructo rudi-<br />
fractura luzente, e cheiro aromatico. mentario, que, depois de desenvolvido,<br />
Emprega-se para fazer verniz. tem 12 a 15 centimetros de diâmetro,<br />
A madeira é muito forte, e procurada redondo, com um rudimento de tubo<br />
para moendas de engenho, arados e no cimo.<br />
eixos de carros, e outras muitas appli- Tem o pericarpo fino, côr dc barro,<br />
cações.<br />
que se desprende facilmente ; é coberto<br />
de uma substancia pulverulenta, que<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — A resina é também se desprende facilmente.<br />
remédio popular contra a hemoptysis, Compõe-se de uma massa, de 1 e %<br />
na dose de 10 centigrammas, mistu centimetros de espessura, muito elásrada<br />
n'uma gemma d'ovos, três vezes tica, côr de oca; é clara e aquosa,<br />
ao dia.<br />
de sabor acre e doce; e a cavidade<br />
As sementes são usadas contra a central é cheia de uma polpa muito<br />
asthma, na dose de 4 grammas para aquosa, côr de barro, envolvendo<br />
200 grammas d'agua, em infusão, que muitas sementes chatas, de mais de<br />
se dá três vezes ao dia.<br />
3 centimetros, quasi redondas.<br />
O fructo, quando maduro, cahe da<br />
Jatobá. — Eymencea stilbocarpa, arvore; então esborracha-se quasi sem<br />
Eayne, e Mart. — Fam. das Leguminopre.sas — Esta espécie tem as mesmas Não passa este fructo por bom de<br />
applicações da precedente, e das seguin comer-se; sendo porém partido e mistes.<br />
Jatahy é também o nome do Jaturado com assucar, torna-se agradável;<br />
tobá nas províncias do Sul.<br />
possue um principio excitante forte,<br />
que estimula o estômago.<br />
Jauna. — Solanum jauna. — Fam. A madeira do Jenipapeiro é branca,
JEN JER S55<br />
muito solida, com os poros mui unidos ;<br />
é ; susceptível de polir-se ; tem tanta<br />
elasticidade, que não se pôde quebrar<br />
um ramo.<br />
E' delia, que quasi exclusivamente<br />
fazem-se formas de sapatos, e outros<br />
utensílios, como coronhas de espingarda,<br />
etc.<br />
O sueco da frueta, quando verde, dá<br />
uma matéria adstringente, applica-se<br />
em banhos nas ulceras syphiliticas.<br />
Possue uma matéria corante roixa<br />
azulada, de que se faz tinta.<br />
A raiz é purgativa.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS . — A planta<br />
é empregada contra as diarrhéas, e<br />
em loções nas ulceras syphiliticas.<br />
Os grêlos, pisados com azeite; são<br />
desobstruentes, segundo muitos mesinheiros,<br />
e até alguns práticos.<br />
E' de pequeno porte, mui parecido<br />
com o Jenipapo ; estende seus ramos<br />
quasi horisontalmente em derredor do<br />
tronco, formando de distancia em distancia<br />
uma umbrella.<br />
As folhas tem quasi a mesma fôrma,<br />
assim como a flor.<br />
O fructo é de 6 a 9 centimetros de<br />
diâmetro, com a mesma fôrma do<br />
antecedente ; é amarello na maturidade,<br />
e lustroso; tegumento corneo ; dentro<br />
é como o precedente : a substancia interna<br />
aquosa e doce.<br />
Come-se esta frueta chupando-se por<br />
uma abertura que se faz.<br />
A madeira é como a do que ficou<br />
descripto, e serve para os utensílios<br />
agrícolas.<br />
Jcquirioba. — Solanum jequirioba.<br />
— Fam. das Solanaceas. — Esta planta<br />
é um excellente remédio contra as<br />
Jenipapo bravo.— Genipa agres- anginas.<br />
tis — Fam. das Rubiaceas.— Este ar-* E' pelo Dr. Silva empregada contra<br />
busto agreste, em Pernambuco, tam a morphéa. Julga-se que é o Aguarabém<br />
é impropriamente<br />
Laranginha.<br />
conhecido por quiá — Solanum oleraceum.<br />
Tem 4 a 6 metros de altura. Jerataca,llanacá.—Manacã, Ge-<br />
Esgalha pouco; seu tronco e suas ratacaca.—Cangambá. Franciscea uuiflora.<br />
folhas são parecidas com as" do Jeni- —Fam. das Scrophulariaceas.—As planpapeiro<br />
manso.<br />
tas que recebem tantos nomes pelas<br />
, As flores, porém, tem o tubo mais demais províncias, não. são todas o<br />
longo, e são de côr amarella mais Manacá de Pernambuco.<br />
viva.<br />
Ha varias plantas de differentes fa<br />
O fructo differe na côr e consismílias, segundo creio, com este nome.<br />
tência, mas na fôrma é semelhante. Dizem que esta planta Jerataca, em<br />
Seu diâmetro é de 6 a 8 centime todas as suas partes, especialmente a<br />
tros.<br />
raiz, é um excitante enérgico do sys-<br />
A casca é dura, e mui adherente ; é tema lymphatico; expelle os virus<br />
de côr verde, e lustrosa.<br />
pelo suor e pela ourina; é muito útil<br />
Eis aqui as differenças mais notáveis contra a syphilis, d'onde vem chama<br />
entre um e outro.<br />
rem Mercúrio vegetal.<br />
Não se come.<br />
A entrecasca é bastante amarga e<br />
A madeira tem a mesma flexibilidade, enjoativa ; estimula a garganta.<br />
e também é empregada.<br />
Em dose pequena é resolutiva, e em<br />
Nas Alagoas o chamam Espoletas, dose grande laxa o ventre, desafia as<br />
e em Sergipe Jenipapinho.<br />
ourinas, e promove mesmo o aborto.<br />
E' antídoto do veneno das cobras, e<br />
Jení papinho. — Genipa verticulan- em dose muito elevada produz o effeito<br />
tis.—Fam. idem.— Esta espécie é dif- de um veneno acre (consulte-se a<br />
ferente da precedente, ainda que se Martius em Buchner).<br />
pareça muito com ella.<br />
Os indios do Pará envenenam suas
S5« JIQ JOÁ<br />
settas com estas plantas, segundo Bahia e outras províncias, cujo lenho<br />
consta.<br />
é mui rígido e de boa qualidade.<br />
E' própria para os misteres da car-<br />
Jetalty.—Eymencea martiana, Eayne. pintaria; fazem-se com<br />
— Fam. das Leguminosas. — Vegeta em objectos ruraes, etc.<br />
Minas, Bahia e Pernambuco.<br />
ella muitos<br />
Jissara ou coqueiro «fissura.<br />
Jetalty. — Eym olfersiana, Eayne. — Euterpe oleracea, Mart. — Fam. das<br />
— Fam. idem. — Nas mesmas províncias. Palmeiras. — Palmeira
JÜÁ JUM SS*<br />
Cremos que todas as províncias do<br />
Império conhecem esta arvore pelo nome<br />
Jubai.— V. Tamanneiro.<br />
de Joá; porém no ."Pará dão este nome Jubeba.— V. Juripeba.<br />
á uma outra espécie.<br />
Dizem que o fructo tem a mesma ap Jucá.— Fam das Leguminosas.—Veplicação<br />
da Jujuba.><br />
geta nos sertões das províncias do<br />
Joá ou Juá.—Juripeba ou Jure-<br />
Norte, e principalmente nos de Pernambuco<br />
e Ceará.<br />
peba. — Solanum paniculatum. — A raiz E' uma arvore elevada, de uma<br />
da Jurubeba que é por demais amarga madejbra duríssima, optima para<br />
juntamente com as folhas, e os fruetos obras de construcção civil.<br />
as<br />
mucilaginosos; obra com propriedades Suas folhas, dispostas em palmas e<br />
resolutivas nos enfartes das vísceras de côr verde, são ovaes.<br />
abdominaes; externamente applica-se As flores são em cachos pyramidaes.<br />
também nas ulceras, e feridas.<br />
O lenho é roixo, ou castanho.<br />
João Gomes. —V Bredo Major<br />
Gomes.<br />
João do Puçá. —E' um|fuctinho<br />
agreste do Maranhão, produzido» por<br />
um arbusto.<br />
Seu tamanho é de menos de 3 centímetros,<br />
de fôrma redonda e oblonga,<br />
com sighal de uma coroa no ápice,<br />
Juá peca.— V Camapú.<br />
Juá do Sul.— Frueta do Joaseiro,<br />
e<br />
Juá uva.— Gengibre branco.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— As cascas<br />
d'essa arvore, postas de infusão, na<br />
dose de 4 grammas para 500 grammas<br />
d'água, empregam-se nas affecções<br />
dos pulmões, isto é, contra asthma,<br />
tosse convulsa, e em geral qualquer<br />
tosse antiga ou recente.<br />
e de côr amarella.<br />
A casca é tenaz, unida á uma<br />
massa pouco compacta, amarella, acredoce<br />
e um pouco 'pegajosa, que produz<br />
sequidão na bocca. v<br />
E' remédio uzado nos sertões pelo<br />
povo nas contusões.<br />
Conhecendo nós essas virtudes temos<br />
í preparado o xarope, e atinetura de Jucá.<br />
Jucapé.—V. Sapé.<br />
Jussara ou coqueiro Jus<br />
Tem dois ou três caroços, ou apenas<br />
sara. — Euterpe linicaulea. -*-Fam. das<br />
um, comprido e branco.<br />
' Palmeiras.—Esta planta, que tem este<br />
nome nas Alagoas, é indígena.<br />
Joapitanga. — Planta rasteira; estende-se<br />
em vergonteas.<br />
Seu caule, extremamente fino, é lizo<br />
E' muito empregada em cosimento,<br />
na extremidade superior, nú e glabro.<br />
como sudorifica e anti-venerea.<br />
E' „de côr amarellada.<br />
O ramalhete das flores é pouco denso.<br />
Joaseãro.— V. Joá.<br />
As folhas, pinnadas, são proporcionalmente<br />
pequenas ; deitam um cacho<br />
Joanesia.— V. Anda-assú.<br />
pendente, como em muitas palmeiras;<br />
o cacho é muito ramificado.<br />
Juá-assú ou Jua uva. — E'<br />
em Tupinico a Cerejeira.<br />
.» Os fruetinhos são de 3 centímetros,<br />
ovoides e roixos, quando maduros; a<br />
massa dentro é amarellada, com um<br />
Juá do IVorte. — V. Melancia da<br />
Praia.<br />
caroço no centro, que se torna roixo.<br />
Esta palmeira tem o nome de Assahy<br />
em outros lugares.<br />
Jujubeira.—V. Maçã de Anafega.<br />
Jumbéba. — Cactus opuntia, Linn<br />
— Fam. das Cactaceas.<br />
35
S58 JIN JIN<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— Esta planta<br />
acalma as dores sciaticas, applicada<br />
em eataplasmas ; misturada com extracto<br />
de saturno é útil na elephantiasis<br />
dos Árabes.<br />
O xarope dos fruetos e folhas é em<br />
pregado na phtysica, e julga-se proveitoso<br />
também na lepra.<br />
Seu sueco, misturado com leite, é<br />
vantajoso nas ophthalmias simples.<br />
O uso d'este fructo torna a urina<br />
vermelha.<br />
N ápice vè-se umas espiguinhas paleaceas,<br />
(pie sim as flores.<br />
Seccam estas vergonteas, e fabricam<br />
as taes esteiras, que são muito procuradas.<br />
•IIMIPO de cobra. — Hypopurum<br />
nutans, Nees.— Fam. das Urttecas.—Esta<br />
espécie nasce em S. Paulo.<br />
A infusão de suas raizes é diaphoretica<br />
e diuretica, segundo Martius.<br />
Jundià ou mcladiatha flalna.<br />
Juitça. — Cypems csculenlus, Linn. — Fam. das Labiadas. — E' uma herva<br />
—Fam. das Cyperaceas. — Herva que a que dão este nome nas Alagoas.<br />
vegeta nas proximidades dos rios e Os caules e folhas, cobertos de pellos,<br />
mesmo n'elles, e que tem este nome e regulares, são pegajosos.<br />
nas Alagoas e Pernambuco.<br />
As flores são em rosetas de cor azul-<br />
E' uma espécie de capim.<br />
escura.<br />
Compõe-se de uma vergontea verde, O fructo é uma baga transparente,<br />
cylindrica, elevando-se verticalmente contendo muitas sementes, mergulha<br />
sobre o solo, lustrosa, flstulosa, tendo das em substancia aquosa.<br />
até 1 metro de alto, e na raiz pequenas Vegeta ás bordas de regatos, e em<br />
tuberas, (batatinhas), de cheiro activo, e terrenos paludosos.<br />
que não é desagradável ; tem uma cor<br />
escura.<br />
Junqueira. — Cressa anli-syphili-<br />
E' rugosa, e contém um principio tica. — Fam. das Convolvulaceas. — E'<br />
rezinoso ; dentro é amarellada e escura.<br />
conhecida por este nome em Pernambuco<br />
uma herva delicada, de caule<br />
No ápice vè-se uma reunião de esca- muito fino, e pilloso.<br />
minhas sobrepostas, formando uma pe Alastra-se pelo chão, lançando pequena<br />
espiga, nas axillas das quaes quenas raigotas de distancia em dis<br />
estão umas flòrinhas quasi invisíveis. tancia, nas vergontinhas rasteiras e<br />
Esta Jiuiça é empregada pelos cu- prostradas.<br />
randeiros para muitos misteres. As flores são brancas, e infundibuli-<br />
Ella tem propriedade carminativa formes.<br />
bem enérgica, e é anodyna. , O fructo é uma cápsula ovoide, con<br />
O cheiro é muito agradável, e por tendo quatro pequenas sementes.<br />
isso empregado na perfumaria.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Esta planta<br />
Jititeo de cangalha. — Lepldos- é empregada, em cosimento, contra as<br />
perma officinalis. —Fam. Idem.—Tanto gonorrhéas e outras affecções vene<br />
em Pernambuco como em Alagoas core as.<br />
nhece se esta espécie de capim, que<br />
empregam para fazer esteiras, que ser Junquilho. — Narcisus junquilla,<br />
vem para cobrir cangalhas.<br />
Linn. — Fam. das Narciseas. — E' uma<br />
E' uma herva aquática, e só d'agua flor de jardim, cultivada no paiz, e na<br />
doce, semelhante a uma, chibata e do tural da Europa.<br />
mesmo tamanho.<br />
O Junquilho não tem caule.<br />
Os caules são verdes, foliaceos, lus- Suas folhas são em grupos circulatrosos,<br />
ocos, com uma só folhinha abrares, á maneira do junco, e lisas.<br />
çada na base.<br />
Sae do centro um pendão, no qual
JUP JUR S59<br />
brotam flores amarellas, como peque Jupaty. — V Jetáhy.<br />
nas açueenas, de bella fragrancia.<br />
A raiz é bulbosa.<br />
Jupiede.—Xiris indica, Linn.—<br />
Fam- das Resedaceas.—Planta da índia<br />
Jnuta de Calangro.—Blechum<br />
Orientalarticulatum.<br />
— Fam. das Acanthaceas. —<br />
E' um arbustosinho, a que nas Alagoas PROPRIEDADES MÉDICAS.—Seu sueco<br />
dão este nome.<br />
applica-se contra os dartros, e outras<br />
Vegeta nas mattas.<br />
moléstias de pelle.<br />
Seu porte é pequeno, de caules del As folhas e a raiz, fervidas em óleo<br />
gados, e pouco ramosos.<br />
e associadas ao cosimento do Phaseeolus<br />
Folhas verde-escuras, ovaes, oblongas mungo, Linn. (planta do Oriente,), é em<br />
e oppostas.<br />
pregada contra a elephantiasis dos<br />
As flores, como cometas, são brancas, Gregos.<br />
rajadas de roixo.<br />
O fructinho oval, de 1 e % deci-<br />
Juqueira-assú. — Adenanthera<br />
metro, fuziforme, contendo quatro se<br />
thyrsosa.—Fam. das Leguminosas. — E'<br />
mentes chatas e longas.<br />
uma arvore, de folhas compostas de<br />
pequenos foliolos.<br />
Junta de cobra ou ar na cam. Seus fruetos são vagens compridas.<br />
— Rúellia nodosa. — Fam. idem.— Sub<br />
Vegeta no Pará, e é empregada nos<br />
arbusto de 1 metro de elevação.<br />
corrimentos.<br />
Seu caule bem esgalhado, offerecendo<br />
Juquiri. — Mimosa brasiliensis, Spl.<br />
nós ; é pilloso e um pouco pegajoso.<br />
— Fam. idem. — Arbusto semelhante á<br />
As folhas oppostas, oblongas, ovaes.<br />
Esponjeira.<br />
As flores miúdas, em fôrma de cor-<br />
Nasce junto aos rios, e alagadiços.<br />
netas, e cor de lyrio.<br />
Sua folhagem é miúda.<br />
O fructinho é uma cápsula de duas<br />
As folhas, pisadas e applicadas so<br />
válvulas, contendo sementes pequenas. bre as hérnias, as resolvem, dizem.<br />
Junta molle. — Amaranthus sar- Juquirionano. — Guilandina Boumentosus.—<br />
Fam. das Amaranthaceas.— duc, Linn. — Fam. idem. — Arvore que<br />
Chamam nas Alagoas á uma herva tre cresce nas províncias marítimas, no<br />
padeira por este nome.<br />
archipelago indiano.<br />
E' de caule fino.<br />
Tem o nome de (EU de Bourique.<br />
Folhas pequenas.<br />
Ella é empregada como tônica, e<br />
Flores, em cachos pyramidaes, mui febrifuga.<br />
pequenas e esbranquiçadas ; a semente<br />
é como a da perpetua.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Em cataplasmas,<br />
feitas com as folhas frescas<br />
Junteira. — Cartonema anômala. —<br />
e contusas, é usada nas orchites.<br />
Fam. das Commelinaceas.—Dão em Ala<br />
O cosimento da raiz é antídoto do<br />
goas este nome a uma herva, de caule veneno das cobras, segundo affirmam<br />
alastrado, e que ao mesmo tempo er<br />
alguns.<br />
gue as pontas dos ramos.<br />
E' cheia de articulações.<br />
Jurati. — V. Pepepena.<br />
As folhas, ovaes, oblongas, ponteagu- Jurema branca. — Mimosa judas<br />
em ambas as extremidades. rema alba. — Fam. idem. — Arbusto de<br />
As flores são em cachos, na base do porte mediano.<br />
caule, e azuladas.<br />
Cresce nas visinhanças do litoral, co<br />
O fructo é uma cápsula, com três nhecido por tal nome, talvez, em todo<br />
caroços.<br />
o paiz.
soo JUK JUK<br />
Tem os caules escuros, armados de Liun.—Fam. das Solanaceas. —'Planta qun<br />
rígidos espinhos.<br />
habita os lugares arenosos do norte d<br />
As folhas, são compostas de foliolos Brasil, e outras partes dAmerica me<br />
miúdos.<br />
ridional.<br />
As flores são brancas, agglomeradas Caule espinhoso.<br />
em capitulo globoso.<br />
Folhas cordiformes, sinuosas e an-<br />
O- fruetos são empencados; elles gulosas, glabras na face superior, to<br />
representam vagens, formando espiral, mentosas na inferior.<br />
como sacarrolha.<br />
Flores terminaes, dispostas em pa-<br />
As sementes são poucas.<br />
niculas.<br />
E' também conhecida n*esses luga Fructo, baga espherica, de côr verde<br />
res do Sul por Jerema-Jerema. clara.<br />
A madeira é empregada na> cons- As raizes tem de comprimento 10 a<br />
truccòes civis e navaes.<br />
50 centimetros; as mais grossas nüo<br />
attingem a 12 centimetros de circum-<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. —As cascas ferencia, e são guamecidas de pequenas<br />
extrahidas d'esta arvore são amargas raizes, mais ou menos delgadas, e em<br />
e adstringentes, e applica-se como grande numero.<br />
narcótico.<br />
Sua textura é muito dura, e nervosa;<br />
as suas fibras são tão miúdas, que,<br />
Jurema margluada. —Mimosa<br />
cortadas transversalmente ,offerecem um a<br />
burgonia, Aubel.—Fam. idem. — Arvore superfície lisa, e como impenetrável,<br />
do Norte, cuja casca é acre e adstrin de côr análoga á da Canna de Provença.<br />
gente; emprega-se o seu sueco, mis A casca que a cobre é um tanto<br />
turado com fuligem ou pieumam da escura, e tem espessura variável, se<br />
chaminé, para marcar roupa e tingir gundo a idade da planta.<br />
madeira.<br />
Ella é rugosa, cavada em alguns lugares;<br />
separa-se em lâminas, e reduz-se<br />
Jurema preta.—Acácia jurema, facilmente a pó; tem pouco cheiro,<br />
Mart.—Fam. idem.— Esta Jurema é só mesmo por meio da fricção.<br />
das catingas ou dos sertões.<br />
Toda a planta contem um principi••<br />
Ella é semelhante á espécie descripta. amargo, e uma mucilagem; ha di<br />
E' esta a grande planta, de que os versas variedades de Jurubeba.<br />
caboclos faziam a beberagem, com que, Pison, e Marcgrave distinguiram a<br />
dizem elles, se encantam e se trans Jurubeba em macho, e fêmea; ambas<br />
portam ao céo.<br />
crescem nos mesmos terrenos, e pro<br />
Entretanto é bem medicinal; asseduzem os mesmos fruetos.<br />
verou-nos um sertanejo a sua efficacia, A Jurubeba macho é pouco menor<br />
para extirpar os cancros, só com a que a fêmea; tem as folhas menores,<br />
entre-casca, usada em emplastro. não muito sinuosas.<br />
Nada podemos assegurar.<br />
A fêmea é mais alta, bastante espinhosa;<br />
tem as folhas maiores, co<br />
Juricuára.—E' uma planta cujas bertas de pello, pela parte inferior; as<br />
folhas, pisadas e postas sobre as ulce flores são<br />
ras malignas ou venereas,são de grande tidas.<br />
proveito.<br />
iguaes, porém mais ní<br />
Suas raizes, seccas contundidas e in PROPRIEDADES MÉDICAS.— A Jurubeba<br />
fundidas no sueco da Jurubeba, e em leite é talvez superior a todos os tônicos<br />
-de coco, curam a blenorrhagia (Pison). até hoje conhecidos; é empregada contra<br />
a anemia, chlorose, febres inter<br />
Jurubeba, Juribeda ou Jumitentes, hydropisias, obstrucção d<br />
peba uill. — Solanum paniculatmn, fígado e baço; é também empregada nos
JUR JÜT Stil<br />
casos de menstruacão difficil, nos catarrhos<br />
da bexiga.<br />
O cosimento de suas folhas frescas<br />
tomadas uma de três em três horas.<br />
(Fig. 23.)<br />
é uzado, em locções, nos ferimentos e Jurubeba do Pará. — Solanum<br />
ulceras, para a cicatrisação das mes mammosum, Linn.—Fam. idem. —Armas.bustinho<br />
do Pará, semelhante á Juru<br />
Parecendo-nos conveniente facilitar beba ordinária, porém tendo mais es<br />
o uso d'essa planta, proposemos e conpinhos, e esses mais compridos, e<br />
seguimos preparar não só o extracto, mais espalhados nas folhas, do que pe<br />
como pílulas, xarope e vinho, para los peciolos.<br />
uzar-se internamente.<br />
Estas folhas são as vezes palmadas.<br />
Para o uso externo, preparamos em- As flores semelhantemente também.<br />
plastro, óleo,'tintura; persuadido que O fructo é com effeito curioso ; é uma<br />
prestamos assim um serviço á hu cabacinha, como de pólvora, menor, cermanidade,<br />
fazendo conhecidas as vircada na base de cinco mamillos como<br />
tudes d'esta planta.<br />
bicos de peito, de um amarello vivo,<br />
Modo de empregar-se. — O extracto exteriormente coriaceo.<br />
alcoólico de Jurubeba, como febrifugo, Dentro, ha uma massa espessa,,* der<br />
na dose de 6 a 8 decigrammas, quasi 3 centimetros, branc.a,=de cheiro<br />
como desobstruente, 4 decigrammas ácido, com muitas sementes pardas, re<br />
por dia.<br />
dondas e achatadas.<br />
Tintura alcoólica de Jurubeba, ins E' o Solanum corniculatum de Glaziou.<br />
tem amente de 10 a 30 gottas em<br />
192 grammas d'água, para tomar ás coJurupetittga<br />
ou Jurubeba<br />
lheres.<br />
brava. —Solanum br&via.— Fam:idem.<br />
Externamente em fricções : — Em Pernambuco conhece-se por Ju<br />
Emplastro de Jurubeba. — Estendido rubeba brava esta espécie, que nas Ala<br />
em encerados ou pedaços de pellica ; goas chamam Jurubetinga.<br />
emprega-se contra os engorgitamentos E' um arbusto bem semelhante a<br />
do fígado e báço.<br />
Jurubeba, com a differença de ter as<br />
Óleo de Jurubeba.— Externamente em folhas de côr verde amarellado, e com<br />
I fricções nos engorgitamentos do fígado manchas.<br />
e baço<br />
Pílulas de Jurubeba. — Toma-se uma A flor maior, bem estrellada, de côr<br />
pílula de três em três horas. roixa viva.<br />
Pomada de Jurubeba.— Para fricções<br />
- O fructo maior, e os espinhos curvos<br />
como anzoes, e maiores.<br />
nõs engorgitamentos do fígado e do<br />
baço. f J u t a h y. — V. Tamarineiro.<br />
X arope de Jurubeba.— A dose para<br />
os adultos é de "duas á quatro colheres Jutay — V Jitahy.<br />
por dia, as quaes devem ser tomadas<br />
uma de três em três horas.<br />
Jutua-uba. — Guarea pêndula. —<br />
Vinho de Jurubeba.— A dose é, para Fam. das Meliaceas. —E' uma arvore<br />
adultos, de duas a quatro colheres congênere do Gito.<br />
de sopa por dia, as quaes devem ser Também purga como elle.
S«S LAC T.AC<br />
— Fam. du<br />
digena, cuji<br />
(, m vertícillo.<br />
Suas flores i<br />
As folhas dos<br />
LAN LAR S63<br />
jeriores são cobertas de pellos rentes,<br />
avermelhados.<br />
As folhas ovaes, alouradas, com a<br />
parte inferior avermelhada.<br />
As flores, em cachos, são bonitas, e<br />
todas as suas dependências revestidas<br />
de uma espécie de cotão vermelho, imperceptível<br />
; são de um branco amarellado,<br />
com cinco feixes de filetes reunidos<br />
no centro, dando desenvolvimento<br />
a um fructo redondo, de 1 % centimetros<br />
de diâmetro, um pouco anguloso.-<br />
Todas as partes d'esta planta, e prin-<br />
palmente a frueta, vertem um sueco<br />
resinoso, vermelho, ou amarello avermelhado.<br />
Este fructo é liso, internamente di<br />
Landy.— V. Lanlim.<br />
Lantim. —Collophyllum brasiliensis,<br />
St. EU. e Mart.— Fam. das Guttiferas.<br />
— E' uma arvore elevada, que vegeta<br />
na província do Espinto-Santo.<br />
Tem folhas oppostas è ellipticas.<br />
As flores, em cachos abundantes,<br />
são brancas.<br />
Seus fruetos não são apreciados.<br />
E' resinosa.<br />
Também vegeta em Manáos.<br />
A resina é empregada em emplas-<br />
tros abstergentes, e nas moléstias da<br />
raça cavallar.<br />
Laranja do matto.— O fructo,<br />
vidido em cinco lojas, cheias de mui que assim denominam em Pernambuco,<br />
tas sementinhas immersas no sueco. é de 12 centimetros de grandeza, de<br />
O povo usa do fructo d'esta planta, fôrma redonda e achatada, côr ama<br />
depois de secca, como a Assafrôa, para rella, e superfície desigual, protube-<br />
dar côr ás comidas.<br />
rante, e espessa.<br />
Ella, entretanto, goza de excellente Contem internamente uma substancia<br />
virtude contra as escrophulas, o que esbranquiçada, que no centro acolhe<br />
podemos asseverar.<br />
um carôco grande, avermelhado, quando<br />
Pôde também ser empregada na tin- já não se encontra uma substancia<br />
cturafia.<br />
gelatinosa, branca, doce e enjoativa.<br />
Ha tempos em que não verte o sueco. Não pertence ao gênero da Laranja;<br />
O tronco e a casca contém gomma- dão-lhe este nome em allusão á fôrma<br />
lacca fina, que ainda não se extrahe da Laranja verdadeira.<br />
na província.<br />
Laranja sècea.— Citruz.— Fam.<br />
Lagrimas de Mossa Senhora. das Aurantiaceas.— E' mui semelhante<br />
— Coix lacrima. — Fam. das Gramineas. á Larauja de umbigo, e até as , vezes<br />
— E' uma planta cuja acção medici encontram-se algumas com elle; no<br />
nal é excitante.<br />
entanto estas crescem as vezes tanto<br />
Applica-se em banhos.<br />
que se tornam do tamanho duplo das<br />
verdadeiras de umbigo, e os bagos,<br />
Lagrimas de Venais. — Lacrima em vez de cheios de liquido, são con<br />
Veneris. — Fam. das Narciseas. — Planta cretos, de maneira que<br />
de cebola na raiz, e cuja flor tem este insipidos.<br />
nome em Pernambuco.<br />
se tomam<br />
E' semelhante á Açucena; porém toda Laranja selecta.— Citrus.— Fam.<br />
branca, com as lacineas ligadas entre idem.— Esta laranja é conhecida em<br />
si, na parte próxima do tubo, por uma todo o Brasil; sobretudo as do Rio<br />
membrana. i de Janeiro são recommendaveis, por<br />
E' planta de jardim.<br />
serem as mais bellas e as mais agradáveis.<br />
Lanceta. — Solidago vulneraria, São globulosás, um pouco achatadas;<br />
Mart.— Fam. das Compostas.— Planta tem a côr afogueiada amarella e ver<br />
herbacea do Rio Grande do Sul. melha; o sabor é muito doce, e agra<br />
Passa poí ter virtudes vulnerarias. dável ; e, quando estão maduras, quasi
S«4 l.AR LAR<br />
que se não sente o ácido ; n'este esta PROPRIEDADES MÉDICAS. — As folias<br />
do a côr da frueta é amarella dourada. e a casca são estimulantes, o tônicas, * as<br />
E' o resultado de enchertia. flores nntispasmodicas.<br />
As folhas e as flores da larangeira Empregam-se nas digestões lentts, c<br />
servem para fazer água distillada. moléstias nervosas : como na hysterit,<br />
Das cascas extrahe-se o óleo essen convulsões, palpitaeões do coração, et*.<br />
cial de laranjas.<br />
Internamente 4 grammas de folhas<br />
ou de cascas para 225 gammas d'agui<br />
Laranja tangerina ou de fervendo, como tônico excitante.<br />
Tanger. — Citrus. — Fam. idem. —<br />
Esta espécie de Laranja é bòa ; a Laranja turanja.— V Cidra.<br />
arvore é semelhante ás outras, com<br />
differença pouco sensível, mas o fructo Laranja de umbigo. — Citrtu<br />
é do tamanho de uma laranja grande, (decumana). — Fam. idem.—Esta é i<br />
de casca grossa e mais porosa. espécie que prima na Bahia, onde sS)<br />
Não amarellece perfeitamente, fica melhores.<br />
de uma côr amarella esverdinhada, e, E' sem resultado de enxertia.<br />
n'este estado, está muito madura. E' redonda ou oblonga, tem na par<br />
E' achatada em ambas as extremite inferior uma proeminencia verrucow.<br />
dades.<br />
Üe ordinário é maior (pie a da China,<br />
A parte branca do pericarpo, por d'entro e a côr não é amarella intenso.<br />
é muita desenvolvida, mais frouxa, O pericarpo é mais grosso que na da<br />
e a membrana, que divide os gômos China.<br />
ou compartimentos, é amarga, de ma Apresenta dentro uma proeminencia,<br />
neira que, sendo os bagos muito doces que é o rudimento de uma outra laran-<br />
e saborosos, mas ligando-se á memjinha, engastada ahi.<br />
brana, esta modifica o paladar. Não criam sementes, e são mui do<br />
Sua origem (pátria) não está bem ces e boas.<br />
conhecida; não se sabe se é da Ásia,<br />
da África ou mesmo da America. Larangeira brava. —Zanlhoxilum<br />
monogynum, St. EU. — Fam. das<br />
Laranja da terra. — Citrus vul- Rutaceas. — Esta espécie, que nada tem<br />
garis, Risso.—Fam. idem.— Esta laranja, de semelhante com as laranjeiras ver<br />
que dizem ser indigena, tem as fodadeiras, é conhecida por este nome na<br />
lhas e espinhos quasi sempre maiores província do Espirito Santo.<br />
que as das outras.<br />
E' um arbusto, de folhas distribuí<br />
O fructo é semelhante ao precedente, das em palmas, e trinadas.<br />
porém menos poroso.<br />
As flores, em cachos nas pontas dos<br />
O pericarpo é a parte que se presta ramos.<br />
á fabricação de um doce, que é optimo. Os fruetos, como nozes, ovoides e<br />
O sueco ou caldo é azedo e amargo, pequenos.<br />
e serve para limonadas.<br />
Floresce em Setembro.<br />
Encontram-se comtudo algumas la Não parece ser a mesma Larangeira<br />
ranjas da terra doces.<br />
brava de Penedo, que se descobrio ser<br />
A semente é mais rugosa.<br />
grande remédio para as diarrhéas cho-<br />
Do sueco, misturado com agoa e asleriformes.sucar, se fazem bebidas refrigerantes ;<br />
e da casca, alem do doce, de que aci Larangeira da China.—Citrus<br />
ma se trata, faz-se também um licor auranlium, Linn.—Fam. das Auranliaceas.<br />
de mesa muito estimado, chamado cu- — Arvore originaria da Ásia, d'onde<br />
raçáo, % um liquido espirituoso cha passou para a África, Europa e America.<br />
mado— Genebra de laranja.<br />
F/ cultivada em todo o Brasil e cons-
LAR LAR S65<br />
titue uma das maiores riquezas agrí Laranjínha (em Pernambuco). —<br />
colas das ilhas dos Açores.<br />
V- Jenipapo bravo.<br />
A Larangeira da China é uma arvore<br />
média no território brasileiro, excepto Laranjitas de Quito.—Solanum<br />
na província do Ceará, onde toma pro quitoense, Lamh.—Fam. das Solanaceas.—<br />
porções taes, que chega a crescer tanto Planta do Alto Amazonas.<br />
como uma mangueira, sendo apenas<br />
menos copada.<br />
E' comestível.<br />
Tem espinhos duros nos galhos, prin Laseadinho.—Arvore do paiz, que<br />
cipalmente nos mais novos.<br />
dá madeira para obras internas e ex<br />
Folhas ellipticas, de 9 centimetros,<br />
ternas.<br />
e no peciolo como que outras folhinhas<br />
ou azas, alternadamente distribuí<br />
Lava-prato.—Cássia medica, Vell.<br />
das nos ramos.<br />
—Fam, das Leguminosas. — Conhece-se<br />
Essas folhinhas são lizas, e semeadas<br />
em Pernambuco e em Sergipe este ar<br />
de pontinhos translúcidos.<br />
bustinho, com o nome de Lava-pra-<br />
As flores, em cachos, são brancas no<br />
ápice dos ramos e axilla das folhas;<br />
to.<br />
E' de^ 1 ale % metro de altura, com<br />
são mui caducas.<br />
folhaso|blongas,ponteagudas, e tem um<br />
Seu cheiro é agradável, têm a fôrma<br />
de pequenas Angélicas, de tecido es<br />
cheiro desagradável.<br />
O caule é esverdinhado, e semi-lecamoso,<br />
com pontas iguaes.<br />
As folhas no centro formam um cirnhoso.<br />
As flores, em cachos, são amarellas<br />
culo de filetes, de pontas amarellas.<br />
douradas, e dispostas em rosas, com<br />
O fructo tem, quando maduro, o<br />
prolongamentos no centro.<br />
tamanho de 6, 9, 12 e 15 centimetros<br />
Os fruetos são vagens compridas, de<br />
de diâmetro ; é espherico.<br />
24 á 36 centimetros, angulosas, finas, e<br />
Tem o pericarpo exterior amarello,<br />
na maturidade, crivado de pontos ve-<br />
de cor verde.<br />
Contém muitas sementes angulosas,<br />
siculares, que contém óleo volátil.<br />
e de côr parda.<br />
O interior é formado de 8 á 10 alojamentos,<br />
que se separam uns dos outros.<br />
Contém um sueco amarellado, doce, PROPRIEDADES MÉDICAS.—Esta planta<br />
um tanto acidulo e de sabor muito é medicinal, e empregada em cosimento<br />
agradave 1; no centro tem uma columna como calmante nas dores.<br />
de substancia frouxa e branca, e, nos O sueco applica-se nas mordeduras<br />
ângulos de cada uma cavidade, três ou de cobras.<br />
quatro sementes ovoides,brancas, reves Emprega-se também como emmetidas<br />
de uma membrana coriacea e fina. nagogo.<br />
Existem numerosas variedades, de que O Lava-prato das províncias do Sul é<br />
trataremos especialmente.<br />
a Mangerioba de Pernambuco, e Fedegôso<br />
do Rio de Janeiro e Bahia.<br />
Larangeira do matto.—Mundia As folhas d'esta planta, collocadas<br />
spinosa, Kunth.—Polygala, Linn.— Fam. sobre as ulceras esponjosas, destroem<br />
das Polygalaceas.—E' um arbusto mui a carnosidade.<br />
ramoso, e de espinhos.<br />
Para o rheumatismo, applica-se em<br />
Folhas regulares e coriaceas. banhos e cosimento, feito com toda a<br />
Flores nas axillas, das folhas, e re planta, e que abandona-se por três<br />
viradas ; ellas são um tanto esquisitas. dias, até experimentar<br />
O fructo é uma baga elliptica, con fermentação.<br />
alteração, ou<br />
tendo um ou dois caroços.<br />
Serve-se, porém, do cosimento da raiz<br />
Chamam-na também Limãosinho. para uso interno.
s«« LIC I.IM<br />
Lava-prato do Sul. — V Man- Ligadeira. —Planta de Minas (iegerioba.<br />
Lcchetrez.— V. Maleiteira.<br />
raes, «iiiegoza da propriedade preciosa<br />
de curar as feridas recentes.<br />
Llga-Ilga. — V Liga-osso.<br />
Lee y t h i s. —Sapucaia. — Planta d a<br />
familia das Myrtaceas, que fornece um Liga-osso ou Liga-llga.—Dorste<br />
óleo aphrodisiaco.<br />
nia aculeata. —Fam. das Urlicaceas. —<br />
Emprega-se em emulsão noscatarrhos. Herva agreste, conhecida cm Pernambuco<br />
por este nome.<br />
Lcitariga. — V Maleiteira.<br />
E' quasi rasteira, o caule curtíssimo<br />
cheio de saliências,como espinhos molles.<br />
Leite ira. — T" Maleiteira.<br />
Folhas ovaes, um tanto oblongas, de<br />
peciolos compridos, c eor verde roi-<br />
Leiteiro grão de gallo.—Wilxeada.lughbeia geminala.—Fam. das Apocyna- Flores em um pendão, que se erguieeas.<br />
— Nas Alagoas chamam por este do centro, e no qual, como na Contra-<br />
nome um arbusto leitoso, de ramos delherva, existem as flores dentro de um<br />
gados, finos.<br />
corpo semelhante a coifa ; ellas sao de<br />
Folhas oppostas, em quatro, ao redor dois sexos, e de cor parda.<br />
do caule.<br />
Flores em cachos,em fórmade jasmins PROPRIEDADES MÉDICAS—Esta planta<br />
com o limbo branco ; o annel amarel é empregada nas fracturas, como tendo<br />
lo.<br />
a propriedade de accelerar a consoli<br />
0 fructo é uma baga de 2 centidação dos ossos, d'onde lhe vem seu<br />
metros, amarella dourada, e oval. nome.<br />
O pericarpo tênue, contendo uma polpa Applicam-na também nas affecções<br />
aquosa, esbranquiçada, com um caroço do peito recentes.<br />
no centro.<br />
Onde ha com mais abundância d'esta<br />
Esta substancia é nauseabunda, e planta é na villa do Cabo em Per<br />
capaz de provocar vômitos.<br />
nambuco .<br />
A madeira é usada em traves para<br />
soalhos, e portadas de edifícios. Lima ou Limeira da Pérsia.<br />
— Citrus limetta auraria, Riss. —Fam.<br />
Lentilha d'agua, ou flor d'a- das Aurantiaceas. —Se bem que o nome<br />
gua.—Pistia occidentalis.—Pislia stra- da Pérsia nos indique a pátria d'esta<br />
liotes, Linn.— Fam. das Aroideas. — planta, E' que não duvidamos sêr a Ásia,<br />
mucilaginosa.<br />
todavia ella está muito acelimada nas<br />
regiões littoraes do Mediterrâneo ; de<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Contusa baixo d'este nome é que a co nhecemos,<br />
serve para se appicar sobre postemas. e que cultiva-se em Pernamhuco e mais<br />
Applicavam-na antigamente para uso províncias.<br />
interno contra as ourinas sangüíneas, e E' um arbusto- como a Laranjeiray<br />
contra a diabetes insipida, os tumores com espinhos.<br />
erysipelatosos, as moléstias herpeticas e As folhas, porém, são menores,<br />
hemoptyses.<br />
mais pallidas, e- enrolam--se.<br />
Dizem os pretos, que a água das As flores são maiores.<br />
fontes onde ella existe, envenena, occa- O fructo é do tamanho de uma pesionando<br />
eólicas e dysenterias. quena Laranja da Chiwa, com o pericarpo<br />
lustroso, de um verde amarel-<br />
Licari kauali.—V Páo cravo ou lado.<br />
Imyra qv.iynha.<br />
E' Tedondc tendo, apf -nas no apico
LIM LIM S67<br />
-um pontosinho mais elevado; os te espinhoso, de folhas pequenas, e com<br />
cidos dentro são menos espessos. as mais apparencias de uma larangeira,<br />
No mais é como o limão-doce; porém com folhas menores.<br />
elle é doce, porém pouco saboroso, e a Flores também menos aromaticas, e<br />
parte interna do pericarpo branea- o porte mais acanhado.<br />
amarga.<br />
O fructo é globuloso, de 3 á 6 cen<br />
Pelo cheiro parece que encerra um tímetros de diâmetro, mais ou menos,<br />
principio almiscaroso.<br />
oblongo.<br />
Do pericarpo se extrahe um óleo Pericarpo fino, de côr amarella clara<br />
volátil.<br />
com a mesma estructura interna da<br />
laranja, sendo porém o sueco branco<br />
Lima ou Limeira de um<br />
esverdinhado e muito' azedo; mas<br />
bigo.— Citrus limetta vulgaris, Risso.— communiea ás preparações, em que<br />
Fam. idem.— VJ fructo bem conhecido elle entra, um excellente sabor.<br />
e estimado.<br />
Tem muitas applicações nos labora<br />
E' também do mesmo paiz que a tórios chimicos.<br />
precedente, e está debaixo das mesmas Extrahe-se d'elle o ácido cítrico,<br />
condições territoriaes.<br />
em grande quantidade, o qual é em<br />
Cultiva-se no Brasil.<br />
pregado em medicina para a prepa<br />
Hoje tem infelizmente escasseado ração de limonadas.<br />
sua cultura, propagando-se mais a da Nas artes, como a tineturaría e ou<br />
precedente.<br />
tros muitos ramos de industria, o utili-<br />
Esta espécie cresce mais, toma sam como matéria prima.<br />
proporções arbóreas, de mediano porte. Na confeitaria serve para doces ; dos<br />
Suas folhas são maiores, e de côr pericarpos extrahe-se um óleo' essen<br />
mais escura; tem também espinhos, cial volátil.<br />
e suas partes todas são mais aroma- Com o limoeiro fazem-se cercas dos<br />
^ticas.<br />
sitios e quintaes, formando pitorescas<br />
A flor é igual a da precedente.<br />
0 fructo é menor que uma Laranja<br />
muralhas.<br />
da China, menor mesmo do que a Lima Limão doce. — Citrus bergamina<br />
da Pérsia; é globuloso, e achatado vulgaris, Riss e Et Poit.—Fam. idem.<br />
no ápice, onde se eleva um umbigo — E' uma das bellas fruetas cultiva<br />
conico.<br />
das rio Brasil, conhecida por este nome<br />
O pericarpo é rugoso e mais chei em Pernambuco, e talvez em todo o<br />
roso, de um verde amarellado. Império.<br />
Ó tecido é semelhante ao da prece Infelizmente já é raro vêr-se no merdente,<br />
porém mais espesso.<br />
cado um limão-doce, o que é devido á<br />
incúria da nossa horticultura.<br />
Limão azedo.— Citrus limonum<br />
E' o resultado de um arbusto con<br />
vulgaris.— Fam. idem.— Este fructo tão gênere da limeira.<br />
^necessário ao h.or4tím em todos os Tem o tronco mais fino.<br />
paizes, é natural da Ásia, alem do As folhas maiores e mais claras.<br />
J J<br />
-- ~ * /-*vasão dos Califas, As flores também maiores e cheirosas.<br />
uanges ; e uesue a .n meridional, O fructo, porém, é de fôrma oblonga<br />
segundo Risso, na Ásia ^ ^ ^ ou oval, tevndo uma saliência conica<br />
data a sua primeira appai.0 no ápice, como a lima d'úmbigo.<br />
Europa, sendo mais tarde levado Sua côr é mais clara do que a d^esta,<br />
outras partes do globo.<br />
e os gommos interiores mais volumo<br />
0 limoeiro não cresce entre nos sos e. de um sabor doce, agra/davel.<br />
como em seu paiz natal, onde toma<br />
1 Não amarellece como a Limti, pois 6<br />
dimensões arbóreas; entretanto, entre<br />
raro que algum tome esta cA>r.<br />
nós é um arbusto-esgalhado, frondoso
SG8 LIM<br />
Applica-se nas febres inflammatorias. St. Hil. — Fam. das Polygafaaas.— Ksta<br />
planta, conhecida em SAo Paulo, 6 sil<br />
Limão francez. — Citrus limovestre.num. — Fam. idem. — Esta espécie de E* um arbusto espinhoso, de ramos<br />
limão, cultivada também no paiz, é estendidos nas pontas superiores.<br />
oriunda da Ásia, como os outros. Folhas lanceoladas.<br />
Confunde-se muito com o limão doce, Flores solitárias nas axillas das fo<br />
ao qual é muito semelhante, havendo lhas, que são á semelhança de umn<br />
apenas differenças insignificantes. borboleta.<br />
O fructo é igual, differindo somente O fructo é redondo.<br />
no gosto, porque o d'esta planta tem Floresce em Outubro.<br />
quasi tanto ácido como o limão azedo.<br />
Limo.—Debaixo d'esta palavra com<br />
Limão do matto das Alagoas. prehende o povo todos esses corpos<br />
— Citrus viscosum.— Fam. idem.— E' um de natureza e aspecto diversos, que<br />
fructo agreste, á que nas Alagoas dão se acham sobre rochedos, muros e<br />
este nome.<br />
outros quaesquer corpos, agarrados<br />
E' de uma arvore elevada; de casca formando uma expansão verde.<br />
escura.<br />
Muitos d'elles macios ao tacto, e es-<br />
Folhas oblongas.<br />
corregadiços, são aquclles que, formando<br />
Flores não observadas.<br />
crostas redondas e irregulares, inva<br />
O fructo é semelhante ao limão doce, dem os telhados, os corpos vegetantes<br />
porém sem o umbigo que este tem ; disformes, etc.<br />
ao contrario é achatado n'esta parte. Outros porém de fôrmas mais bizar<br />
Dentro é dividido em cinco lojas, ras, e cores mais brilhantes, bordejam<br />
com um caroço liso, mesmo como o do as fontes, rios, e fluetuam sobre a<br />
Limão, e cheio de bagos, que contém superfície das águas.<br />
um sueco esverdinhado.<br />
E' um pouco viscoso.<br />
Falíamos de uma d'estas espécies.<br />
Limo do rio.—Fucus communis.<br />
Limãosinho francez. — Limo- — Fam das Eydrophytas (Algas).—Este<br />
nia trifoliala, Linn. — Fam. idem. limo — é uma herva, que se encontra pe<br />
Arbusto originário da índia, cultivado, gada ás bordas dos rios, riachos c<br />
e por este nome conhecido em Per tanques.<br />
nambuco.<br />
E' um caule delgadissimo, ou uma<br />
E' de porte pequeno, caules verdes, ramificação filamentosa, orlada de fo-<br />
e trepadeiros; deitam-se sobre outras lhinhas delicadas membranosas, mi<br />
plantas.<br />
croscópicas, que representam uma coma<br />
As folhas, com um ou dois espinhos de cabellos verdes, reunidos por um<br />
na base dos peciolos, de côr verde es ponto fixo.<br />
cura, são ovaes, crivadas de pontinhos Algumas vezes essa cabelleira desliga-<br />
transparentes, como as da laranjeira. se d'esse ponto de inserção, por qualquer<br />
As flores também brancas, como as d'es- acção physica, e segue por conseqüênta,<br />
porém menores, e com cheiro suave. cia o movimento do cursd das águas,<br />
O fructo é uma baga oval, de l'% cen quando não fluetua no mesmo lugar.<br />
tímetros, vermelha na maturidade, com Esta herva é estimada por que é a<br />
três caroços dentro e uma polpa vis melhor matéria para encher colchões;<br />
cosa, ácida, que<br />
refrigerantes.<br />
serve para bebidas alem de ser fresca, é muito macia.<br />
E' também ornamento de jardim. Linda flor.— Fam. das Compostas.<br />
— Esta floresta, ha muito,naturalisada<br />
Limãosinho.—Mundia brasiliensis, no Brasil<br />
LIN
LIN LIN SG9<br />
O nome indica a estima em que é tida.<br />
E' uma planta rasteira.<br />
Lingua de íiú.— V Chá de frade<br />
As folhas um tanto carnosas, em Lingua de sapo. —Piper trans-<br />
figura de palmas, lisas e sem lustro. parens.—Fam. das Urticaceas.—Pequena<br />
A flor assemelha-se a um Mal-me-quer, herva, quasi rasteira, que eleva seus<br />
porém com as pétalas, que a formam raminhos á 12 centimetros.<br />
na, circumferencia., em uma só ordem O caule é suceulento, e transparente.<br />
e de cor avelludada, com uma mancha As folhas,também transparentes,teem<br />
roixa na base; o que, pela reunião a fôrma de um coração.<br />
das folhetas, faz um circulo roixo no Dá flores em uma espiga, crivada<br />
centro, e lhe dá muita graça. de corpüsculos nimiamente pequenos,<br />
Tem o pedunculo longo.<br />
que não parecem ser as flores.<br />
Esta planta vegeta pelos telhados,<br />
Lingua de boi. — V. Cipó de es muros, e em todo o terreno.<br />
cada.<br />
E' empregada contra as fluxões, tosses<br />
e catarrhos.<br />
Lingua de coelho.—Elephantopus Come-se como brêdo, em salada.<br />
lütoralis. —Fam. das Compostas. — Herva Recebe também o nome de Brêdo de<br />
que cresce até % metro de altura, for muro, e de Eerva de vidro.<br />
mando soqueirinhas.<br />
As folhas são compridas, de cor verde Lingua de tucano. —Eryngium<br />
clara suja.<br />
lingua tucani, Mart. —Fam. das Ombel-<br />
E' conhecida por tal nome em Perliferas.— Planta mucilaginosa, ligeiranambuco,<br />
e vegeta pelas areias da mente amarga, aconselhada como diu-<br />
praia.<br />
retica, e empregada também nas ulceras<br />
E' mui pillosa e macia.<br />
de garganta.<br />
As flores são como jasmins brancos,<br />
delicados.<br />
Lingua de vacca, no Sul.—<br />
Deita uma sementinha volante, que é Tussilago nutans, Linn. e Well. — Fam.<br />
a frueta.<br />
das Compostas.—Esta herva mesinheira,<br />
Tem applicações medicinaes. natural do paiz, tèm diversos nomes,<br />
o que pausa algum embaraço para co<br />
Lingua de cutia. —Sida lingui nhecei-a.<br />
cotia. —Fam. das Malvaceas.— Tem nas Chamam-na também Fumo do matto ;<br />
Alagoas este nome.<br />
mas o Fumo do matto é outra espécie.<br />
E' uma herva espigada, e quasi sem Esta é uma herva quasi rasteira,<br />
ramos.<br />
cujos ramos ou caules pouco se erguem.<br />
O caule tem a casca roixa escura. As folhas são grandes, ovaes, oblon<br />
As folhas alternadas, estreitas e langas, ásperas, azuladas, e um tanto<br />
ceoladas, de pellos.<br />
pillosas.<br />
As flores, com pedunculos longos, Lança uma espiga, na qual nascem<br />
em cachos, são de cor de ganga, com as flores que são brancas, como pequenos<br />
manchas roixas no centro, .em fôrma jasmins.<br />
simples de rosa.<br />
A fruetinha é uma cápsula, que di<br />
Os fruetos são insignificantes.<br />
vide-se em cinco lojas, contendo as PROPRIEDADES MÉDICAS. —E' empre<br />
sementes.<br />
gada nas moléstias de pelle,' syphili<br />
E' applicada como suppurante de ticas de qualquer espécie, nas fortes<br />
tumores.<br />
fluxões, rias constipações, como anti-<br />
Em Sergipe chamam-na Sacca-estrepe. febril, e na cura das blenorrhéas.<br />
Em Pernambuco Sacca-estrepe é outra A raiz tem um principio acre, aro-<br />
planta.<br />
matico.
s-so LIR 1.1T<br />
Mm Sergipe chamam-na Sanguineira Lirio ou Turayra.— Tukyra ama<br />
e Rabasse, em outros lugares Eerva de ryllis.—Fam.das Amaryllidaceas.—V.' na<br />
sangue.<br />
lingua tupinica Lirio.<br />
Applica-se na dose de 8 grammas<br />
para 500 grammas d'agua, três vezes 'Lirio amarello do campo —<br />
ao dia.<br />
Moreas.—Fam. idem.—Planta que vegeta<br />
nos campos de Minas, Matto-Grosso e<br />
Linho.—Linum usitaiissimum, Linn. Goyaz.<br />
—Fam. das Caryophylladas.—Planta herbacea,<br />
originaria dos campos da alta Lirio cardino.—Irfc xiphum, Linn.<br />
Ásia, cultivada desde remota antigüi — Fam das Iridaceas. — lista espécie de<br />
dade na Europa e no Brasil, e, ha Lirioé natural da America, o também da<br />
poucos annos, nas províncias do Sul.<br />
Para as províncias do Norte ensaiou-<br />
Europa.<br />
*e sua cultura, mas não prosperou. Lirio do matto.— Pardanihus tricolor.—<br />
Fam. idem.— E' uma bella flor<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—As sementes<br />
própria para jardim, que vegeta nas<br />
de linhaça são empregadas pelos me<br />
mattas de Alagoas, onde lhe dão este<br />
dicos, em infusão, para uso interno, e<br />
nome.<br />
externamente em cataplasmas.<br />
E' uma planta, de folhas á seme<br />
São empregadas contra as gonorrhéas,<br />
lhança da precedente.<br />
e outras inflammações das membranas<br />
Sahe do centro um caule foliaceo<br />
mucosas.<br />
e membranoso, o qual apresenta flores<br />
Os seus cauliulos fornecem fios, que<br />
meio bojudas, estendendo três lami-<br />
servem para tecer os pannos de linho.<br />
nasinhas; são brancas com as pontas i<br />
Li rio.—Lilium candidum, Linn. e Red<br />
amarellas.<br />
—Fam. das Liliaceas.— E' uma flor de A fruetinha é uma cápsula hexa-<br />
estima, originaria do Levante da Europa, gonal, contendo muitas sementes re<br />
e de outras partes.<br />
dondas,<br />
Cultiva-se no Brasil, nos jardins.<br />
E' planta herbacea, de raiz, como Lirio roixo.— Morea northiana,<br />
bulbosa.<br />
Audr. e Person.— Moreaspicata, Eer.—<br />
As folhas, na superfície da terra, mui Fam. idem.— Planta que também cresce<br />
longas e estreitas.<br />
na America meridional,<br />
Do seu centro nasce um , pendão de E' curiosa, porque as flores sahcm<br />
5j a 100 centimetros, que se apresenta de uma bainha, que as folhas formam.<br />
cheio de folhinhas.<br />
Diz-se ser purgativa.<br />
As flores formam uma espiga ; são<br />
brancas e grandes, pendentes e fra- Litchi.— Euphoria litchi, Desf.—<br />
grantes.<br />
Fam. das Sapindaceas.— Este fructo é<br />
Florescem em Junho e Julho. oriundo da China e da índia; passa por<br />
Não sabemos informar as espécies muito bom, e é cultivado da Europa.<br />
que o Brasil cultiva.<br />
Elle é proveniente de uma arvore,<br />
Com o nome de Lirio tem alguns de folhas dispostas em palmas.<br />
jardins uma flor bojuda, alada, de cor Flores pequenas, em cachos.<br />
roixo-violeta, com manchas amarellas, Fructo do tamanho da Longana, ou<br />
e marchetada de purpura.<br />
um tanto maior.<br />
Tem bulbo na raiz.<br />
E' verrucoso por fora, e contém dois<br />
Ha uma espécie da familia das Iri- caroços adherentes a uma substancia<br />
daceas, a que chamam Lirio. apreciada.<br />
Cultiva-se na ilha de França, d'onde<br />
Lirio.—F Cebola sem-sem.<br />
passou á America.
LAN LOU Stfl<br />
Litolty.— V. Litchi.<br />
Losnaou Absy ntbio.—Artemisia<br />
absynthium. — Fam. das Synanlhereas.—<br />
Loboloba.— Conohoria loboloba, St. Planta que habita em toda a Europa.<br />
Hil.—Fam. das Violaceas.— Arbusto E' muito cultivada no Brasil.<br />
das províncias do Sul.<br />
E' de 1 metro e 12 centimetros de<br />
Suas folhas cruas tem sabor her- altura.<br />
baceo, mas cosinhadas são mucilagi- Folhas esbranquiçadas de ambos os<br />
nosas e comestíveis.<br />
lados, que parecem prateadas, são também<br />
pinnadas em ambos os lados.<br />
Lombrigueira.— Spigelia anthel- Flores compostas, mucosas, de côr<br />
mintica, Linn.—Fam. das Spigeliaceas.— amarella.<br />
Esta herva, a que também chamam Fructo akenio, com cheiro forte, desa<br />
Herva de Santa Maria e Herva Cruz, gradável, e sabor muito amargo.<br />
julgamos ser conhecida em muitas<br />
províncias.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—E' tônico,<br />
Ella é indígena; cresce até'50 cen excitante, e usado como vermifugo,<br />
tímetros.<br />
estomachico efebrifugo, é também em-<br />
O caule é nodoso e liso.<br />
menagogo.<br />
As folhas, se cruzam no topo do Na dose de 16 grammas para 500<br />
caule; são ovaes.<br />
grammas de água, prepara-se a sua<br />
As flores, em uma espiga inserida infusão.<br />
de um só lado, são de um roixo desbotado<br />
ou côr de rosa sujo, de fôrma Losna do Maranhão.—Artemisia<br />
de um funil.<br />
ambrosiaca.—Fam. idem.—E' uma plan-<br />
O fructo é como duas bolas unidas, tinha mais ou menos como a Macella<br />
de côr verde, contendo uma ou mais e a Artimisia.<br />
sementes.<br />
E' excitante, e gosa das mesmas<br />
propriedades que a precedente.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—E' um especifico<br />
contra os vermes intestinaes. Emprega-se<br />
a planta toda, porém de prefe<br />
Loco.— V Queimaãeira.<br />
rencia as folhas.<br />
Louro abacate.— Fam. das Lau-<br />
Administra-se em pó, em cosimento, rineas.— Vegeta nas províncias do Pará<br />
em xarope e em geléa; mas é neces e Amazonas.<br />
sário alguma cautela na applicação.<br />
Longana.—Euphoria longana, Linn.<br />
E' empregado na construcção naval,.<br />
civil, e na marcineiria.<br />
—Fam. das Sapindaceas.—E' um fructo Louro amarello.—Cryptocarya<br />
natural da China, mui estimado e cul luteola. — Fam. idem. — Esta espécie<br />
tivado no seu paiz natal, na ilha de abunda nas províncias do norte do<br />
França e no Brasil.<br />
Império, principalmente em Alagoas,<br />
E' proveniente de uma arvore, de Pernambuco e Pará.<br />
folhas distribuídas em palmas.,<br />
Parece ser escassa em outras pro<br />
Flores pequenas, em cachos. víncias do paiz; pelo menos não offe-<br />
O fructo é uma baga alguma cousa rece tantas espécies como nas Alagoas.<br />
pequena, com um caroço, que é envol Esta arvore e suas congêneres são<br />
vido por uma polpa que se come ; é altas; sendo esta de casca grossa e<br />
mui agradável e de sabor especial. áspera.<br />
Este fructo é congênere do Litchi, Folhas alternas, regulares, esbran<br />
ambas patrícias, congêneres e apreciáquiçadas por baixo.<br />
veis, sendo, porém, o fructo d'esta menos As flores, em cachos, parecem sempre<br />
saboroso que o d^aquclla.<br />
em botões.
S9S LOU i.or<br />
O fructo é escuro e parecido com o E' uma arvore ramosa, do folhaN re<br />
do Louro de tempero, já descripto. gulares, ovaes, oblongas, que, submet-<br />
Tem o pé vermelho.<br />
tidas á pressão, deitam cheiro.<br />
A madeira d'esta arvore dá muito As flores são mui pequenas, o ama-<br />
bom taboado; é amarella clara, polerelladas.se muito bem, e tem diversas appli- O fructo é como o dos outros loucacões.ros<br />
mais ou menos.<br />
Em Pernambuco dão-lhe o nome de Esta madeira serve para soalho,<br />
Louro bahiano ou da malta. portas e caixilhos de edifícios.<br />
Emprega-se na construcção civil, na Emprega-se também na marcineria<br />
val, e na marcineria.<br />
para mezas, bancos, etc.<br />
Louro amarello de cheiro. — Louro branco ou canga dc<br />
Persea fragrans. —Fam. tám. — Esta porco. — Persea laurea. — Fam. idem.<br />
outra espécie, conhecida nas Alagoas — Cias. idem.— Esta espécie de Louro,<br />
por este nome, passa por uma das a que nas Alagoas chamam « Louro<br />
melhores, e chamam-na Louro de cheiro. canga de porco, é o mais fácil de se<br />
Com effeito, quando se derruba a ar achar, porque em qualquer capoeira, se<br />
vore, emana d'ella activissimo cheiro. o está encontrando.<br />
Estas arvores são mui parecidas umas E' arvore esgalhada, formando mui<br />
com outras; os caracteres d'esta são tas forquilhas.<br />
os seguintes:<br />
As folhas são ovaes, regulares e<br />
Folhas ellipticas. um pouco maiores, lustrosas.<br />
cobertas de pello branco aloirado por As flores, em cachos pequenos, são<br />
cima.<br />
amarelladas.<br />
As flores são brancas, em cachos, e O fructo, como o das outras, ficando<br />
cheirosas.<br />
com o pedunculo agarrado á semente.<br />
O fructo é uma baga parecida com A madeira d'este louro é de pouco<br />
uma pimenta de cheiro roixa, com um valor; é mais porosa, e branca, e de<br />
caroço; é sustentado por um pedun quasi nenhum cheiro.<br />
culo grosso na parte superior.<br />
Suppomos ser a espécie que em Per<br />
A madeira é amarella mui cheirosa. nambuco chamam Louro branco.<br />
Suppomos ser o Louro verdadeiro de Presta-se á muitos usos; fazem<br />
Pernambuco.<br />
d'ella caixõesinhos para doce, bem<br />
Dá bellas taboas de soalho; serve como taboado.<br />
para construcção civil e naval, e sobre<br />
tudo para todas as obras de edifícios,<br />
Louro canella.— Fam. idem.—<br />
por ser incorruptível ao cupim.<br />
Esta espécie, dizem, é semelhante ás<br />
outras conhecidas; tem este nome em<br />
Louro amargoso. — V. Louro Pernambuco.<br />
besuntão.<br />
A madeira é pardae também cheirosa.<br />
Presta-se a certos usos nas artes.<br />
Louro bahiano. — V. Louro amarello.<br />
Louro besuntão ou amargoso.—Cryptocarya<br />
amara.—Fam. idem.<br />
— Este Louro é conhecido nas Alagoas<br />
e Pernambuco.<br />
Chamam-no também Louro cagão.<br />
Com effeito quando se trabalha n"elle<br />
ou quando se descasca, exhala um cheiro<br />
Louro canga de porco.—<br />
Fam. das Lauriaceas. — Este arbusto,<br />
assim denominado nas Alagoas, tem<br />
os ramos fl exiveis, que se inclinam<br />
sobre outros vegetaes.<br />
Tem a casca roixa escura.<br />
As folhas medianas.<br />
As flores, em cachos, pequenas, amarelladas,<br />
com cheiro, e mui infruetisemelhante<br />
ao do eseremento humano. | feras.
LOU LUZ SS3<br />
O fructo é como uma azeitona; e E' um outro louro, á que nas Alagoas<br />
quando secca fica branco, parecendo dão este nome.<br />
ter sido pintado de alvaiade.<br />
É arvore alta.<br />
E' empregado nas obras internas. Quando se lhe levanta a casca, ou<br />
Este Louro tem toda analogia com mesmo se derruba, a arvore derrama<br />
a planta de Pernambuco Abraça-mundo uma tal frescura que se sente, mesmo<br />
ou Maçongo (Thesium fructualbum). — sem o seu contacto.<br />
Fam. das Szntalaceas.<br />
Ê também útil para todas as obras<br />
de edifícios.<br />
Louro cereja.— Prunus lauro cerasus,<br />
Linn.— Fam. das Rosaceas.— Arvore Louro thi. — Cryptocarya thi. —<br />
originaria das margens do Mar Negro. Fam. idem. — Esta espécie, que tem este<br />
Tem as folhas grandes, ovaes, al- nome nas Alagoas, é também conhecida<br />
longadas, agudas, denticuladas nas em Pernambuco.<br />
margens, duras e mui luzidias.<br />
Tem a casca parda.<br />
As flores brancas, ás quaes sucee- As folhas ellipticas, grandes e sem<br />
dem fruetos arredondados, denegridos, pellos.<br />
• que contêm um caroço; dentro do As flores, de um branco esverdi-<br />
qual se acha uma amêndoa muito amarnhado, dispostas em cachos.<br />
ga, com cheiro de amêndoas amargas, O fructo, como os do seu gênero, é<br />
ou de ácido prussico.<br />
cheio de pontos> vesiculosos, e mais<br />
A água destillada e o óleo essencial cheiroso que o de outro qualquer louro.<br />
das folhas contém ácido prussico. A madeira é de tanta importância<br />
como as melhores; a côr do lenho é<br />
amarella clara, assemelhando-se á côr<br />
da ganga amarella.<br />
É usada em todas as obras de marceneria.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— E' empregado<br />
como calmante nas tosses nervosas,<br />
asthma e na phtisica; na dose<br />
de 8 grammas até 30 em 250 grammas<br />
d'agua distillada em 21 horas.<br />
Externamente usa-se em loções con Lupulo. — Humulus lupulus, Linn.<br />
tra dores rheumaticas.<br />
— Fam. das Urlicaceas. — Esta planta eu-<br />
I<br />
ropea cultiva-se no Brasil.<br />
Louro de cheiro.— V. Amarel E' de caules herbaceos e trepalo<br />
de cheiro.<br />
deira.<br />
Louro, ou Louro continuei!.<br />
As folhas assemelham-se ás da parreira,<br />
e são duras.<br />
— Laurus nobilis.—Fam. das Lauraceas. As flores, se separam em sexos, e<br />
— Arvore da Europa meridional; ha formam capitulos.<br />
bita espontaneamente em Portugal, e Cultivam-n'a em grande escala, por<br />
cultiva-se em Pernambuco e no Rio ser objecto de grande commercio.<br />
de Janeiro.<br />
O emprego das flores d'esta planta<br />
Tronco liso.<br />
é mais geral na industria do fabrico<br />
Folhas pecioladas, sempre verdes, da cerveja, do que nas applicações da<br />
ovoides, lanceoladas, agudas, glabras, medicina.<br />
um tanto luzidias, de textura sêcca, dé Hoje, com o fabrico e consumo da<br />
cheiro agradável e sabor acre-aroma- cerveja nacional, a colônia de S. Leotico.poldo,<br />
da província do Rio Grande do<br />
Estas folhas são estimulantes, e em Sul, iniciou o cultivo d'essa planta,<br />
pregam-se como tempero nas comidas. que pelo clima e qualidades agronô<br />
Os fruetos ovoides contêm dois óleos. micas das terras, muito promette.<br />
Louro fresco. — Fam. idem —<br />
Luzetro.— V. Maleiteira.
S74 MAC MAC<br />
Lycopodio indígena.— Lvcopo- PROPRIEDADKS MÉDICAS.— NUS Antiâium<br />
ca-nuum, Swart.— Fam. das Lycopodiaceas.—E'<br />
uma bonita planta mui<br />
lhas se emprega esta espécie como<br />
ramificada.<br />
Seu pó é semelhante ao do Lyco<br />
diuretica; é útil nos tumores arthriticos<br />
podio da Europa.<br />
em fomentações.<br />
XJL.<br />
ülahouiá. — Morisonia americana, Dá dois cachos, um do flores femininas<br />
Linn.—Fam. das Capparidaceas.—E' uma outro de masculinas, são pendentes , o<br />
arvore da America meridional. primeiro é de 50 centimetros para cima.<br />
Na Martinica chamam-na Arvore do O fructo é redondo, de 5 centíme<br />
diabo.<br />
tros de diâmetro, tem na base peque<br />
Tem as virtudes da Parreira brava. nas escamas sobrepostas; o pericarpo<br />
é de côr parda escura e manchado,<br />
.llacaiaúbú.—Fam. das Legumi formado por uma substancia cornea,<br />
nosas. — E' uma arvore agreste das quebradiça de 2 millimetros de es<br />
mattas do Pará.<br />
pessura.<br />
Sua madeira, vermelha, com veios Elle é separado da outra parte in<br />
largos e marchetados de côr mais escura, terna, quando maduro ; e esta parte é<br />
assemelha-se á tartaruga.<br />
um corpo amarello-esverdinhado, com<br />
E' muito estimada na marceneria, e pacto, mucillaginoso, viscoso, e doce,<br />
applica-se para construcção naval e unido a um caroço grande.<br />
civil.<br />
Este corpo é a parte comestível, alguns<br />
o assam para comer.<br />
Macaiba ou coco de catarrho. O caroço, que é duro e ósseo, porque<br />
— Cocos ventricosa, Arr. Cam.—Acro- o envoltório é um pouco grosso, tem<br />
comia sclero-carpa, Mart. — Fam. das uma amêndoa gostosa.<br />
Palmeiras. — A Macaiba é o fructo de Dos peciolos e mais partes d'esta<br />
uma palmeira Macaibeira, que é em palmeira faz-se balaios, e fabrica-se<br />
lingua tupinica Macaiba.<br />
um excellente fio, que é mui procu<br />
Cresce expontaneamente de Pernamrado pela sua tenacidade; é empregado<br />
buco para o Norte.<br />
na confecção de redes de pescar.<br />
Já nas Alagoas dizem que é raro en O lugar em que o costumam fiar em<br />
contrar-se algum indivíduo d'esta es maior quantidade é em Pernambuco,<br />
pécie.<br />
na praia denominada Itapissima.<br />
A palmeira é de 6 á 8 metros de Fazem da Macaiba uma beberagem<br />
altura, e ás vezes mais.<br />
no Pará; ahi chamam a este coco<br />
O tronco é cinzento da côr do co Mucajá, no Maranhão Macajúba, nas<br />
queiro, tem um bojo no meio e é eri- Alagoas e Pernambuco Macaiba e no<br />
çado de espinhos longos, finos e acha Rio de Janeiro Caco de catarrho.<br />
tados, cujo ponto de inserção é fraco.<br />
O ápice é coroado de umramalhete Maeajera.— V. Machaxera.<br />
de palmas foliaceas, como nas demais<br />
palmeiras cujas folhas são dispostas de Macajúba.— V. Macaiba ou Co<br />
maneira que parecem crespas. queiro macajúba ou de catarrho.
MAC<br />
MAC S?5<br />
o<br />
Macambira de banco.— Fam.<br />
das Cactaceas.— Vegetal dos nossos sertões,<br />
que cresce nas catingas.<br />
E' de porte herbaceo de 1 a 1 %<br />
metros pouco mais ou menos de<br />
elevação.<br />
Tem as folhas sobre a superfície da<br />
terra; ellas são grossas, succülentas<br />
e largas, como geralmente os Cardos,<br />
terminando em esporão agudo, orlado<br />
de espinhos curvos.<br />
Deita um caule de pouca altura,<br />
com flores vermelhas<br />
em cachos.<br />
aroixeadas, e<br />
Os fruetos são bagas, espécies de<br />
bananas de 6 centimetros de comprimento,<br />
angulosas e sem cheiro ; certos<br />
bichos as comem.<br />
Nas grandes sêccas o povo do sertões<br />
come a polpa da base das folhas.<br />
Macambira de cachorro.—<br />
Fam. idem.— E f formando um umbigo emeima e outro<br />
embaixo ;^ isto é, duas cavidades circulares<br />
; a casca de fora é fina, lisa e<br />
lustrosa, de côr amarella esverdinhada<br />
com uma zona purpurina.<br />
Dentro acha-se uma substancia compacta,<br />
branca, semi-transparente, granulosa,<br />
de um sabor doce e ácido<br />
muito agradável, contendo dois caroços.<br />
*'<br />
Ha na Europa umas dez variedades<br />
d'esta espécie pelo menos.<br />
Maçã de Anafega ou Jujubeira.<br />
—Rhamnus zizyphus. Zysiphus<br />
Jujuba, Lamh.—Fam. das Rhamnaceas.—<br />
A jujubeira é uma arvore mediana e<br />
bonita.<br />
Seu tronco não engrossa, e tem de<br />
diâmetro cerca de 36 centimetros.<br />
E' ramosa, com espinhos nos ramos.<br />
Tem as folhas pequenas, lustrosas,<br />
igual á precedente, com as divisões medianas em três<br />
pouco mais ou menos; espalha-se pontas longitudinaes.<br />
mais, formando touceiras, offerecendo As flores, em pequenos grupos, são<br />
aculeos.<br />
amarelladas e pequeninas; parecem estrellinhas.<br />
Macambira de ílexas.— Fam. O fructo é uma semelhança da Maçã<br />
idem.— Esta espécie cresce nos pe- porém de 3 á 4 e meio centimetros de<br />
dregulhos e nas pedreiras.<br />
tamanho, oval, achatado, com dois ca<br />
E' semelhante ás primeiras, com as roços dentro.<br />
folhas menores e a côr aeinzentada. A massa polposa, é doce e bôa.<br />
As flores e os fruetos são seme O fructo é amarello esverdinhado.<br />
lhantes.<br />
E' d'elle que os pharmaceuticos prepa<br />
Os espinhos d'esta planta são tão ram a pasta de jujuba que se usa<br />
agudos, que não ha animal que penetre como peitoral.<br />
por entre elles.<br />
Maçã. — Pyrus malus, Linn. — Ma-<br />
A planta existio no Jardim botânico<br />
de Olinda.<br />
lus communis, D. C.— Fam. das Rosa- Maçã do matto.—Sorbus brasilienceas.—<br />
A maçã é uma frueta natural sis.—Fam das Rosaceas. — Toda a arvore,<br />
da Europa, cultivada entre nós. tanto o fructo como a casca e folhas<br />
Da Bahia para o Sul dá excellen- abundam em ácido prussico, mas as<br />
temente, e em particular em S. Paulo sementes não contem .o referido ácido.<br />
e na província do Rio Grande do Sul. A casca tem acção tônica, e usa-se<br />
E' produeto de uma arvore de mediano<br />
porte de folhas luzentes.<br />
como antifebril.<br />
Flores rosaceas em cachos. Maçaranduba branca. — Mi-<br />
Os fruetos são iguaes aos que aqui musops.—Fam. das Sapotaceas. —E um<br />
apparecem importadas da Europa. fructo do norte do Brasil, proveniente<br />
São do tamanho de uma laranja pe de uma arvore elevada, que sem duquena,<br />
com as extremidades achatadas, vida pertence a este gênero.
S-5tf MAC MAC<br />
(. orta-se a arvore pari so colhereui Tem a casca rugosa, lactifera e man<br />
os fruetos. ,'./<br />
chada, de ramos copados.<br />
I lies são de 9 á ]2 centimetros de Folhas oblongas.<br />
comprimento, relondos, ovaes. de côr Flores naturalmente brancas.<br />
amarella.<br />
O fructo é a Maçaranduba, como n*<br />
Contém no interior uma massa mui demais doscriptas.<br />
leitosa branca e doce, com dois caroços Segundo um relatório apresentado nu<br />
pretos fusiformes e chatos no centro. Pará em !S(>Õ, a madeira dVsta arvo<br />
Come-se, mas é tão acre esta substanre é uma das mais procuradas para a<br />
cia, que não se pode comer mais de construcção civil e naval ; resiste mais<br />
dois fruetos sem que se fique com a que as outras á acção do tempo e da<br />
lingua ferida.<br />
água; é dura c presta-se muito ao<br />
Destroe-se. porém, esta propriedade polimento.<br />
cozinhando os fruetos e pondo-os >o- Fazendo-se uma ineisfio na madeira,<br />
bre uma urupema ou peneira grossa, cxsuda grande quantidade de sueco lei<br />
para resfriarem e deixarem correr a toso, (pie tem diversas applicações.<br />
água.<br />
Uns o empregam na preparação de<br />
Então converte-se toda a massa lei mingáos, outros usam mistural-o no<br />
tosa n um licor doce e mui agradável, chá ou no café, no que substitue per<br />
de gosto semelhante ao do Sapoti. feitamente o leite de vacca.<br />
Ha indivíduos gulosos que o bebem<br />
Maçarnnd:aba de leiíe ou lei simples; mas d'esta imprudência têm<br />
tosa. — Mimusops floribunda. — Fam. resultado accidentes fataes, pela coa-<br />
idem. — K' um fructinho conhecido em gulação do leite no estômago.<br />
Pernambuco, Alagoas, Bahia e Pará por Este sueco tem um importante uso,<br />
este nome.<br />
que é servir para fazer a colla pró<br />
Provém de uma arvore copada e lactipria para grudar qualquer vasilha de<br />
fera em todas as suas partes.<br />
barro, louca ou utensílio de madeira<br />
7 a<br />
As folhas dispostas em grupos, nas<br />
que se quebra.<br />
extremidades dos ramos.<br />
Solda-se com este adhesivo, ficando<br />
As flores, em feixes nas axillas dos mais solido do que era d'antes.<br />
ramos, são brancas esverdinhadas. Podem os marceneiros empregal-o com<br />
Os fruetos, semelhantes aos da pre preferencia á outra qualquer colla, na<br />
cedente, apresenta por fora três cores união das peças de mobílias.<br />
em zonas-amarellá, vermelha e esver- As canoas e barcos que são caladinhada.fetados<br />
com elle embebido em algodão<br />
São de 3 centimetros de diâmetro, e ou em súma-úma são os mais bem<br />
saborosas ; mas o sueco leitoso e vis calafetados.<br />
coso que tem faz desmerecer o seu E' também empregado nos pannos<br />
sabor agradável; deixa os lábios tão que forram os toldos de canoas e esca-<br />
pegajosos, que é preciso, para desemleres, os quaes, sendo pintados com elle,<br />
baraçal-os, untal-os com azeite doce. tornam-se perfeitamente impermeáveis<br />
A madeira d'esta arvore é empregada á água, dispensando breu, oleoi e ou<br />
em certas obras : como esteios, fretras preparações.<br />
chaes, etc.<br />
O leite da Maçaranduba é o melhor<br />
Apanhando fumaça torna-se durável. suecedaneo da gutta-percha, na construcção<br />
de cabos e em outras applica<br />
Maçaranduba ou Maçaranções em que substitue a esse produbeira<br />
do Par»'*. —Mimusops exdueto, e á borracha.<br />
celsa. Fr. Aliem.—Fam. Idem.— E' uma Para mostrar de quanto valor e quão<br />
arvore elevada do Pará, de 20 a 24 metros precioso é o sueco de que se trata,<br />
de altura.<br />
basta dizer que combinado com a bor-
MAC MAC «99<br />
racha presta-se ao fabrico de cadeias<br />
de relógios anneis, pulseiras, brincos e<br />
outros omatos de luto, bocetas, pentes,<br />
tinteiros, canetas, chicaras, copos<br />
para água, bengalas, frascos, garfos,<br />
colheres, facas para cortar papel, potes,<br />
canecos, porta - relógios, caixinhas de<br />
jóias, e de costuras, armaduras de binóculos<br />
e outros muitos instrumentos.<br />
O leite da Maçaranduba exposto ao<br />
ar livre converte-se por coagulação<br />
lenta em uma substancia de côr branca,<br />
um pouco acinzentada, muito solida,<br />
compacta e quasi perfeitamente idêntica<br />
á gutta percha, tendo sobre este<br />
produeto a vantagem de ser mais<br />
elástica.<br />
Depois de perfeitamente coagulado é<br />
impermeável á água, onde torna-se<br />
cada vez mais endurecido; mas, immerso<br />
em água quente, amollece e torna-se<br />
elástico tomando todas as fôrmas<br />
que se queira dar-lhe.<br />
Está hoje evidentemente provado que<br />
o leite da Maçaranduba da verdadeira<br />
gutta-percha.<br />
A Maçaranduba abunda no Pará, nas<br />
províncias do Norte, e sobretudo em<br />
Pernambuco e até em Minas-Geraes e<br />
Matto-Grosso; convém por tanto exploral-a.<br />
Modernamente descobriram-se outras<br />
excellentes propriedades do leite da<br />
Maçaranduba.<br />
Segundo um relatório apresentado no<br />
Pará em 1865 inserido no Diário de<br />
Pernambuco n. 33 do mesmo anno em<br />
10 de fevereiro, elle presta-se a tomar-se<br />
misturado ao café, como o<br />
leite de vacca, e coagula-se sendo útil<br />
a outros misteres.<br />
Macclla do campo, de S.<br />
Paulo. — E' uma planta mediana que<br />
cresce nos campos, cujas flores* são<br />
amarellas, entretecidas de pellos macios,<br />
que se colhe para encher travesseiros<br />
e colchões.<br />
Talvez seja a Macella de Alagoas.<br />
Macclla de S. Paulo. — V Macella<br />
do campo.<br />
Macella de taholeiro, das<br />
Alagoas. — Conyza árida. — Fam..das<br />
Compostas. — Nas Alagoas chamam Macella<br />
dos taboleiros a uma herva delicada<br />
que nasce nos terrenos duros e<br />
seccos, elevando-se até 50 centimetros<br />
de altura; encontram-se em canteiros.<br />
Seus caules e folhas estreitinhas<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— Possue este<br />
são tão cobertos de pello macio e branco,<br />
que tornam-se esbranquiçados.<br />
As flores, são como uns botõesinhos<br />
leite propriedades médicas ; é peitoral amarellos ; contendo os fruetinhos co<br />
analeptico, usado internamente, e reroados por um feixe de pellos macios.<br />
solvente externamente. Produz consti- Com estas flores e seu involtorio,<br />
pação do ventre. (Fig. 24.)<br />
que também é macio, enche-se colchões<br />
è travesseiros ; é porém má essa<br />
Maçaranduba -vermelho.—Mi pratica, porque ellas tem um cheiro,<br />
musops brasiliensis.— Fam. idem.— Esta se bem que suave, todavia nocivo para<br />
espécie, que suppomos ser a mesma quem o respirar.<br />
Maçaranduba do Pará, é semelhante a<br />
precedente, e é a verdadeira de Pernam Macella da terra. — Matricaria<br />
buco ; differe por caracteres especiaes. americana. — Fam. idem. — Herva indí<br />
E' mais gigantesca que a precedente, gena, ramosa e aromatica. Esfregando-<br />
fornece também muito sueco leitoso do se nos dedos qualquer de suas partes<br />
tronco e de todas as outras partes. exhala o mesmo cheiro da Macella das<br />
Os fruetos são semelhantes.<br />
boticas.<br />
A madeira é empregada como boa. E' de 25 a 50 centimetros de altu<br />
Aproveitam o leite do tronco para ra.<br />
visgo, e a madeira para obras de con Folhas pequenas e estreitas, forstrucção,<br />
e de marceneria.<br />
mando orelhasinhas em derredor.
S-J8 MAC MAC<br />
Flores isoladas ou em pequenos riacea de 1 ai e y, milímetro de<br />
cachos.<br />
espessuru.<br />
Todas as partes da planta, caule, Faz-se uso da Macaxera eosinhadu<br />
folhas e flores, são cobertas de pellos ou assada, para comer-se ; assim ella<br />
glandulosos.<br />
constitue um bello pão para o almoço;<br />
A flor é espherica na base. dá, sendo ralada, uma boa fecula de<br />
O involtorio formado por folhetas que se faz a melhor farinha, muito<br />
verdes, sobrepostas, e a parte superior usual no Rio de Janeiro e Bahia, aonde<br />
radiada de linguetas estreitinhas bran é conhecido pelo nome de Aipim ou<br />
cas e filiformes; no centro existem Aipi este vegetal.<br />
muitas sementinhas oblongas.<br />
Da fecula fazem-se bolos, podins,<br />
Empregam-na quasi nos mesmos filhos, etc.<br />
casos da Macella, como emmenagoga Ha duas espécies em Pernambuco e<br />
e anodyna.<br />
Alagoas.<br />
Abunda nas margens do Rio de S. A Macaxera branca tem o caule acinzen-<br />
Francisco.<br />
tado, os peciolos das folhas são brancos<br />
esverdinhados, e nas extremidades<br />
Macaxera ou Aipim. — Manihot roixas.<br />
aipi. — Fam. das Euphorbiaceas. — As A raizes tem as cascas finas «•<br />
Macaxera ou Aipim, em tupinico — Cer- a massa branca.<br />
guaçuremicó é uma raiz tuberosa se A Macaxera preta tem o caule pardo<br />
melhante a Mandioca, a ponto de se os peciolos vermelhos e o gommo ter<br />
confundirem.<br />
minal branco; dá boa farinha e é<br />
E' um arbustosinho que é muito cul d'esta que nas províncias do Sul se<br />
tivado, sendo indígena do paiz; é de faz uso.<br />
1 a 2 metros de altura, e esgalha A casca é parda e a massa branca.<br />
muito pouco.<br />
Estabelecem como regra os nossos<br />
O troncosinho castanho ou cinzento camponezes, que toda a maniva que<br />
é cheio de DÓS.<br />
tem o olho branco póde-se comer.<br />
Tem as folhas direitas, longas, brancas<br />
ou vermelhas ; o limbo recortado em Machixe.— Cucumis anguria, Linn.<br />
lacineas, formando uma palma redonda, — Fam. das Cucurbitaceas.— O Machixe<br />
tem muitas vezes uns corposinhos glan é uma das nossas verduras quotidianas<br />
dulosos sobre as folhas, em diversos E' oriundo da Ásia.<br />
pontos.<br />
O vegetal que o produz é uma herva<br />
Offerece, cachos de flores que são como reptante,que alastra-se com seus caules<br />
rosinhas esverdinhadas, as quaes dão verdes, e revestidos de pellos hispidos<br />
por fructo uma espécie de nóz roliça como as folhas, que tem peciolos com<br />
de três gommos, tendo dentro três pridos e são em fôrma de palmas;<br />
caroços oleosos.<br />
todas estas partes espinham.<br />
A parte importante d'esta planta é As flores são de dois sexos, mas<br />
a raiz, que toma ordinariamente diculinas e femininas, formando como<br />
versas dimensões, de 21 a 36 centi rosinhas amarellas, e tendo o fecundo<br />
metros.<br />
fructinho na base.<br />
E' roliça afinando para a extremi Desenvolve-se este, apresentando 3<br />
dade inferior.<br />
a 6 centimetros de comprimento ; ovoide<br />
A casca é fina, parda, e áspera; é verde marchetado, eriçado de sa<br />
encerra uma substancia compacta , liências longas como espinhos molles.<br />
branca, aquosa e adocicada, tendo no Dentro ha uma polpa aquosa esver-<br />
centro um eixo fibroso.<br />
dinhada com sementes ellipticas, pe<br />
Antes d'este corpo, logo depois da quenas, brancas, comprimidas em três<br />
ea«ea fina. ha uma camada branca co pontos e distribuídas em duas ordens.
MAD MAL S*9<br />
O Maehixe é uma boa verdura; também As folhas ""são recortadas em lâmi<br />
servem-se d'elle como medicinal; pornas estreitas.<br />
que empregam o fructo ainda tenro em As flores em botões semi-espherícos<br />
talhadas no ânus, contra os ataques tão ""pequenos ' que mal se percebem ;<br />
hemorrhoidaes.<br />
são brancas.<br />
Elle não cresce na forca do inver- E' um dos bons ingredientes das<br />
no, nem tão pouco no rigor do verão. varrellas das lavadeiras, não só por<br />
Torna-se amarello esbranquiçado quan aromatizar, eomo por clarear a roupa.<br />
do maduro mas n'este estado não presta Em Sergipe Bahia e Rio de Janeiro<br />
para comer-se ; porque torna-se asedo. chamam-no Quitoco nome tupinico.<br />
Serve para salada.<br />
N'outros lugares do Brasil, por exemplo<br />
ém Minas, tem o nome de Ca-<br />
Macoliim caba.—Hysmeniaglauca. cuhucage. (?)<br />
(?) —Fam. idem.— E' uma planta de virtude<br />
adstringente.<br />
Madre-silva. — Alstrcemcria pelegrina,<br />
Liun,—Fam. das Amaryllidaceas.<br />
Macucú. —Ilex macoucoua, Aubl. — E' uma planta da America meri<br />
—Fam. dás Celástrineas.—O fructo d'esta dional.<br />
planta, que vegeta no Pará e Amazonas, Tem tubera na raiz.<br />
dá uma bella tinta preta com a qual Flores bonitas e um tanto aromaticas.<br />
os caboclos tingem o algodão.<br />
Ha differentes outras no Brasil, Chile,<br />
O lenho serve para archotes — Mace México, etc.<br />
de fogo.<br />
O sueco, que é côr de vinho, é ads Maffahu.—Espécie de Cajueiro do<br />
tringente e doce.<br />
Norte.<br />
Madepueira verdadeira.—Graf Mainibú.—Herva rasteira que nasce<br />
fenriedia cryptocarpa. —Fam. das nas Me- praias do mar, e que<br />
lastomaceas. — Arbusto de 3 a 4 metros propriedades da Caroba.<br />
de altura e agreste.<br />
gosa das<br />
E' conhecido nas Alagoas por este Maiorano. — V. Algodão bravo.<br />
nome.<br />
Seu tronco tem casca parda sem as- Mãi de sapateiro. — Palicourea<br />
peresa.<br />
árgentea.— Fam. das Rubiaceas. — Nas<br />
As folhas grandes, louras pela parte Alagoas chamam por este nome uma<br />
de baixo e nas pontas dos ramos, co arvore mediana, agreste, de folhas opbertas<br />
de cotão louro, assim como as postas.<br />
flores, que são brancas e em cachos- Os renovos parecem flores; são bran<br />
O fructo é globuloso, de semente cos com o ápice rosado.<br />
miúda, o ovario ovoide, adherente ao Estas, são em cachos com os pedun-<br />
cálice, de cinco lojas, e de sementes cuíos tão brancos .que parecem pra<br />
miúdas.<br />
teados, assemelham-se a jasmins brancos.<br />
O fructinho é redondo de um cen<br />
Madrc-cravo.— Sphceranthus anotímetro, e apresentando no ápice uma<br />
dinus. —Pluchia quitoc, D. C. — Fam. coroasinha.<br />
das Compostas.—Esta herva é conhecida O pericarpo é fino e vermelho.<br />
por este nome em Pernambuco e por A massa interna é aquosa, da mesma<br />
Cravo-maãre nas Alagoas.<br />
côr e com dois caroços chatos de um<br />
E' aromatica, de 50 a 70 centimetros lado e convexos de outro.<br />
de altura com o caule offerecendo de<br />
alto a baixo, nos ângulos, uma mem Malaleuca.—Malaleuca leucodenbrana<br />
foliacea.<br />
dron.—Fam. das Myrtaceas.—E' um
sso MAL MAL<br />
arbusto adstringente, que tem usos O ovario é livre, elevadr n'uma OB-<br />
médicos
MAL MAL S81<br />
Tira nodoas da roupa ; para o que Sida decurrentifolia, Linn e Sp.— Fam.<br />
basta esfregal-a na parte nodoada, e idem.— Esta planta é conhecida por<br />
em seguida lavar essa mesma parte este nome nas Alagoas.<br />
com água e sabão.<br />
E' um arbustosinho que quasi não<br />
esgalha.<br />
Mal-nte-quea* grande.— Eelio- Tem o caule e.sbranquiçado<br />
psis seabra. — Fam. idem — Esta planta Folhas cordiformes e pendentes,<br />
tem este nome em Pernambuco. aecummuladas na summidade do caule.<br />
Nas Alagoas chamam-n'a Camará de As flores são brancas e com a<br />
cavallo, Malmequerzinho, e também Mal- fôrma de uma rosa, sem cheiro.<br />
me-quer.<br />
Os fruetos, são, á semelhança de<br />
Em Sergipe tem também estes nozes, dispostos em circulo e prezos<br />
três últimos nomes.<br />
á um eixo central, que abrindo-se em<br />
E' um arbustinho bem esgalhado, duas porções, deixa sahir três sementes<br />
de casca esbranquiçada, folhas op ae cada uma.<br />
postas ovaes e ásperas.<br />
E' empregada como emolliente.<br />
As flores como as do outro Mal-me- Malva em lingua tupitcha e em tuquer<br />
, porém maiores, e de roda mais pinico.<br />
frouxas.<br />
No Rio Grande do Sul temos a Vas<br />
A frueta encerra uma semente parda soura, Sidaa carpini'folia.<br />
quadrangular.<br />
A terra onde cresce esta herva Malva branca macia. — Sida<br />
denota ser bôa para a plantação da velluta. — Fam. idem. — Esta outra<br />
canna, e mesmo para toda lavoura. planta, que nas Alagoas recebe este<br />
nome é herbacea.<br />
MaEtnequersinho de campi Suas folhas são da figura da outra,<br />
na.—Epipactis campinariat—Fam. das porém macias.<br />
Orchidaceas.—E' uma plantinha parasita.-Em<br />
todas as suas partes é coberta<br />
Vegeta sobre outras plantas, com de pellos brancos flexíveis que<br />
raizes bulbiferas que se agarram aos tornam macia.<br />
a<br />
corpos visinhos.<br />
As flores são amarellas, pallidas.<br />
Tem- as folhas dispostas symetricamen- O fructo é semelhante ao precedente;<br />
te alternas sobre seu caule herbaceo, mas em vez de cinco dentes circula<br />
Suas flores, de côr de palha, forres, tem dez ou onze, encerrando uma<br />
mam um labello e 25 sepalas peta- semente em cada dente.<br />
loides.<br />
O fructo é uma cápsula curva di / Malva brava. —Sida ãivaricata.—<br />
vidida em dois gommos, e contendo Fam. idem. — E' uma planta mui co<br />
muitas sementes.<br />
nhecida que encontra-se em toda a<br />
parte.<br />
Malva. — Malva rotundifolia , Linn. E' uma espécie de Relógio<br />
— Fam. das Malvaceas.— Esta planta é O caule e os ramos são muito di<br />
da Europa.<br />
reitos, formando forquilhas ou dicho-<br />
Vegeta nos campos em abundância; tomias.<br />
do que pôde fazer-se idéia, pela quan As folhas, se bem que pillosas, são<br />
tidade que vem ás boticas.<br />
macias, ovaes e com os bordos recortadas.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— As folhas<br />
As flores são sempre em espigas<br />
são emollientes e mucilaginosas. densas unidas umas ás outras, como<br />
As flores são peitoraes.<br />
as do Relógio, amarellas e pequenas,<br />
sem' cheiro.<br />
Malva branca de campina.— O fructo é c mesmo ; uma cápsula<br />
38
Sãs MAL MAL<br />
uniforme que divide-se em quatro dentes.<br />
Esta planta abre ás três horas da<br />
tarde as suas folhas, e fecha ás<br />
seis.<br />
Só tem três horas de vida ou vigor,<br />
e só uma abre em cada cacho por sua<br />
PRoeKiEDADES MÉDICAS. —Empregamn'a<br />
contra as dysurias em cosimento<br />
adoçado com mel. As folhas consinhadas<br />
são applicadas como emollientes.<br />
Ella pega os insectos depostos im<br />
peripheria, pelo visgo que tom.<br />
Malva da folha larga. — ,SV<br />
pimia pêndulas. (?) —Fam. idem.— Nas<br />
Alagoas chamão-n'a por esto nome.<br />
E' semelhante á precedente, porém o<br />
caule d'aquella é castanho na parte<br />
vez ; tem quinze carpellas filiformes<br />
inferior.<br />
quasi em circulo.<br />
As flores são côr de rosa, roixeadas.<br />
Malva do rantpo, Folha san A frueta é que é mui semelhante á<br />
precedente, pillosa e com viscosidado.<br />
ta ou Pinhão.— Kielmeyeria speciosa.<br />
Serve para fazer-se cordas da casca.<br />
St. EU. — Fam. das Ternstrcemiaceas.<br />
— E' uma arvore de Minas Geraes, onde<br />
Malva grande. — Eibiscus ala-<br />
lhe d.ão estes três nomes.<br />
goensis.—Fam. idem.—Esta malva, í co<br />
E' ramosa com folhas oblongas, ellipnhecida<br />
por este nome nas Alagoas.<br />
ticas.<br />
E' um elegante vegetal, e próprio<br />
Flores em cachos.<br />
para jardim pela belleza de sua flor;<br />
Fruetos que são cocas capsulares.<br />
se bem que não tenha cheiro.<br />
Vegeta nos taboleiros, e floresce em<br />
Cresce de 150 a 200 centimetros quasi<br />
Abril.<br />
sem esgalhar.<br />
O povo emprega em banhos o cosi<br />
Tem folhas cordiformes, de côr desmento<br />
das folhas, como emolientes.<br />
maiada.<br />
As flores são como rosas e da côr<br />
Malva diuretica. — Pavonia diu-<br />
das folhas, com uma mancha escura<br />
rética, St. EU. — Fam. idem — E' uma<br />
e um prolongamento no centro.<br />
planta da apparencia do Algodoeiro.<br />
O fructo é como um quiabo secco.<br />
Dá boa fibra para cordoaria.<br />
Malva da folha grande. — Pa<br />
Malva rosa. —Herva exótica de<br />
caule roixeado recto, e semi-transparente.<br />
E' pillosa em todas as suas partes.<br />
Tem folhas alternas, duas estipulas<br />
vonia viscosa, St. EU — Fam. idem. palmadas, — peciolos desenvolvidos, ca-<br />
E' um arbusto de tamanho regular, naliculados, palmados pillosos na face.<br />
conhecido por este nome nas Ala E' viscosa em todas as suas partes, e<br />
goas.<br />
nunca floresce no clima de Pernambuco.<br />
Tem os ramos inferiores castanhos<br />
e os superiores esverdinhados, cobertos Malva da terra. — Sida susiti-<br />
de pellos macios e compridos, com vandro. (?) — Fam. idem. — Herva semi-<br />
glândulas melífluas nas pontas, alterlenhosa que se acha em quasi todo o<br />
nadas, cordiformes, redondas e pega continente brasileiro.<br />
josas, flores rosadas, esparsas nas ra E' chamada da terra como distineção<br />
mas, não pequenas, cinco pétalas dis da da Europa: chega até 112 centimepostas<br />
em fôrma de rosa, e esta em tros de altura, esgalha, e as vezes não<br />
um cálice verde.<br />
E' esbranquiçada.<br />
O fructo é uma cápsula, globulosa, As folhas são cordiformes, macias<br />
denteada, preta e viscosa, tendo em cada cobertas de pellos, assim como as pon<br />
uma semente.<br />
tas dos ramos.<br />
Esta malva tem a propriedade das<br />
outras ; é mucilaginosa.<br />
As flores tem a estruetura das espécies<br />
descriptas, porém menores de 3
MAL MAM S83<br />
centimetros de diâmetro, é côr de ganga<br />
amarella.<br />
O fructinho é semelhante ao das suas<br />
congêneres.<br />
Á esta Malva é que o povo recorre<br />
incessantemente, já para clysteres, banhos<br />
emollientes, calmantes de dores,<br />
já para lavar ulceras, e até ás<br />
vezes sem indicações de suas verdadeiras<br />
propriedades.<br />
Ella possue em pequeno gráo o principio<br />
mucilaginoso.<br />
Folhas como que ovaes mas dividindo-se<br />
em três lobos.<br />
Flores em cachos.<br />
Floresce em Dezembro.<br />
Empregam-na em cosimento contra<br />
as affecções do peito e mesmo do<br />
pulmão.<br />
Malvaisco.—E' conhecido impro<br />
Malvaisco ou Malvalisco de<br />
S. Sebastião. — Urena lobata. Carv.<br />
St.Eil. — Fam. idem. E' um arbustosinho<br />
silvestre e abundante no sul do<br />
paiz.<br />
De folhas ovaes, com lobos e um<br />
priamente por este nome uma Piperacea. pouco ásperas.<br />
Esta planta, conhecida em Pernam Floresce em Maio.<br />
buco por Malvaisco é um sub-arbusti- O povo do lugar onde elle vegeta<br />
nho que cresce até 2 metros. emprega-o nas tosses fazendo cosi<br />
Seu caule, que raramente esgalha, é mento da planta e da raiz.<br />
pouco ramoso, apresenta nós de distancia<br />
em distancia, tem cheiro activo<br />
É a Guaxima.<br />
quando se quebram os galhos ou es Malvalistro. — Sida micrantha, St.<br />
fregam.<br />
EU. — Fam. idem. — Esta espécie de<br />
As folhas são aromaticas, ellas são Malva, conhecida por tal nome em Mi<br />
cordiformes, arredondadas, de 22 cennas Geraes, é um arbusto que se eleva<br />
timetros, membranosas, com peciolos. um pouco.<br />
Offerecem nas axillas e no ápice uma Tem folhas quasi cordiformes, e um<br />
reunião, maior ou menor, de espigas» pouco pillosas.<br />
semelhantes a uma espiguinha de 9 a Flores grandes, reunidas densamente.<br />
12 centimetros de comprimento e 1 a Fructo á semelhança de dentes d'alho,<br />
9 milímetros de diâmetro; sendo côr reunidos em um eixo offerecendo pontas.<br />
de palha e pulverulenta; é a espiga Dos caules d'esta planta fazem-se<br />
das flores; ahi desenvolvem-se umas bastões, bengalas e fuzos de fiar al<br />
sementinhas pardas.<br />
godão.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Esta planta Mama de cachorra. —Eugenia<br />
é empregada, pelo vulgo, em banhos, formosa.—Fam. das Myrtaceas.—E'um<br />
como ânodyna e emolliente.<br />
fructinho agreste que em Minas Geraes<br />
Segundo afnrmam alguns facultati tem este nome.<br />
vos, práticos têm empregado a raiz eomo E' proveniente de um arbusto esga<br />
emolliente e díuretica com bom prolhado, com os ramos novos escuros e<br />
veito.<br />
pubescentes.<br />
Tem as propriedades da Althéa. As flores lustrosas, ovaes, alongadas<br />
e oppostas, são brancas, reunidas ou<br />
Malvaisco ou Malvalisco do<br />
sós.<br />
Rio Grande do Sul. —Sphoeralcea O fructo é uma bagasinha pequena<br />
cisplatina.,St. EU.—Fam. das Malva de 2 centimetros, oval, oblonga, de peceas.<br />
— E' um arbusto conhecido na ricarpo fino, roixo-escuro com dois ca<br />
província do Rio Grande do Sul, por roços dentro, contendo uma substan<br />
este nome.<br />
cia aquosa, doce e adstringente.<br />
Tem os caules longos, de poucos Em Pernambuco também chamam-na<br />
ramos.<br />
Maminha de cachorra.
SS4 MAM MAM<br />
Mamaugá, ou lava-prato dos<br />
autores.—E* o Fedegôso do Rio dc<br />
Janeiro, Bahia e Maranhão, e que parece<br />
ser a Mangerioba de Pernambuco.<br />
As folhas são -elogiadas por Pison,<br />
por suas qualidades abstergentes c<br />
muitas vezes são applicadas nas ulceras<br />
e feridas.<br />
Possue ao mesmo tempo acção purgativa<br />
; applica-se em decocto.<br />
Mamangã. — Cássia medicar Vell.<br />
— Fam. das Leguminosas.— Julgamos ser<br />
esta planta a Mangerioba de Pernambuco.<br />
Ella tem os mesmos usos do Fedegôso.<br />
Em alguns lugares applicam suas<br />
folhas sobre as ulceras para cicatrizal-as<br />
; e das vagens se extrahe um<br />
óleo, que, posto sobre os tumores,<br />
apressa a suppuração.<br />
Se não é a mesma Mangerioba, confunde-se<br />
com ella.<br />
Mamão ou Mamoeiro. —Carica<br />
papaya, Linn.—Fam. das Papayaceas.<br />
O Mamoeiro é hoje quasi geralmente<br />
cultivado.<br />
Sua pátria não é bem conhecida;<br />
julga-se todavia que é originário das<br />
índias orientaes.<br />
Assim como seus congêneres da America,<br />
o Mamoeiro não cultivado eleva-se<br />
de 26 á 30 metros e o cultivado de<br />
8 á 12.<br />
Tem flores dioicas, raramente monoicas.<br />
Cálice de cinco dentes.<br />
As flores masculinas tem a corolla<br />
hypoginica de limbo quinquepartido.<br />
Tem dez estames, cinco dos quaes<br />
alternos com os lobulos da corolla<br />
mais compridos, e os outros cinco<br />
subsesseis.<br />
O ovario rudimentario.<br />
As flores fêmeas têm a corolla de<br />
cinco pétalas livres, ovario com placentas<br />
parietaes multiovuladas.<br />
Estigma subsessil, de cinco lobulos<br />
raiados e franjados.<br />
Fructo carnoso, polposo, ovoide. distineto<br />
com cinco faces.<br />
Sementes numerosas.<br />
Os Mamoeiros silo arvores cujo porte<br />
recorda o das palmeiras polo tronco<br />
simples cercado por um penacho de<br />
folhas no ápice.<br />
Eleva-se muito em poucos annos.<br />
A raiz exhala um cheiro d", couve<br />
podre.<br />
O tronco é cylindrico, coberto de<br />
uma casca cinzenta, e lisa ; é terminado<br />
por folhas largas, partidas em sete<br />
lobulos oblongos, sinuosos ou laciniados,<br />
e glabros.<br />
As flores fêmeas, sao dc côr amarella,<br />
entretanto que as masculinas sflo<br />
brancas, cahem pouco a pouco, á<br />
medida que o ovario engrossa e se.<br />
desenvolve; de modo que na maturidade<br />
o fructo é pendente n'uma parte<br />
do tronco liso.<br />
Este fructo é assucarado e agradável<br />
do gosto. Come-se como melão.<br />
O sueco lácteo, dissolvido n'agua<br />
tem a propriedade de amollecer a<br />
carne que se immerge n'esta mistura<br />
e até decompõe em pouco tempo, si<br />
se descuidam de retiral-a depois de<br />
alguns minutos.<br />
Hoje applica-se, muitíssimas vezes<br />
este processo na economia domestica.<br />
O Mamoeiro é cultivado em todo o<br />
Brasil.<br />
Os indígenas chamam-n^o Chamburú.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— O sueco<br />
lácteo extrahido dos fruetos é antihelmintico<br />
; e applicado sobre a pelle,<br />
dizem ser excellente para tornal-a<br />
ma^ia, e aconselhada contra as sardas<br />
ou manchas do rosto.<br />
As sementes também passam por um<br />
bom vermifugo.<br />
O fructo é refrigerante, peitoral e ligeiramente<br />
laxativo.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. — São arvores<br />
exóticas ; de folhas oppostas, simples,<br />
com estipulas interpeciolares, como<br />
nas Rubiaceas.<br />
í^eu cálice, adherente ao ovario, offerece<br />
quatro ou cinco divisões vai vares.<br />
O limbo é persistente.
MAM MAM S85<br />
A corolla compõe-se de 4 ou 5 pétalas.<br />
Os estames variam de 8 á 15.<br />
O ovario, que algumas vezes é semiinfero,<br />
offereee sempre duas lojas, cada<br />
uma das quaes contem dois ou grande<br />
numero de óvulos pendentes.<br />
O estylete é simples e o estigma bipartido.<br />
O fructo, coroado pelo cálice, é unilocular<br />
polyspermico e indishesente.<br />
As sementes que elle encerra compõese'<br />
de um grosso embryão privado de<br />
endosperma.<br />
Este embryão germina e desenvolve-se<br />
algumas vezes no interior do fructo, que<br />
elle perfura no ápice.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— Emprega-se<br />
vulgarmente na província de S. Paulo<br />
como sedativo e expectorante, em xarope,<br />
na dose de uma colher de sopa<br />
de 2 em 2 horas.<br />
Mamoeiro da índia. — V Mamoeiro<br />
de Cayenna.<br />
Mamoeiro macho. — Caricamicrocarpa,<br />
Linn.—Fam. idem.—Este<br />
Mamoeiro de Cayenna ou da<br />
Mamoeiro assim chamado em Pernambuco<br />
é semelhante ao precedente, mas<br />
suas flores nascem em uns pedunculos<br />
de 50 a 100 centimetros que ramificam-se<br />
e ahi produzem a fructo.<br />
Estes pedunculos longos e lisos, da<br />
grossura de um dedo minimo, estão<br />
índia. —Carica papaya.— Var. Fam. situados entre peciolos das folhas ho-<br />
idem.—Esta qualidade de Mamoeiro vive risontalmente ; com o desenvolvimento<br />
na America meridional e nas Antilhas. o fructo abaixa-se e torna-se pendente.<br />
A sua seiva é mais abundante e Elle q de ordinário mais pequeno<br />
láctea, que a do antecedente.<br />
que o precedente, mais esguio, e não<br />
As folhas são pecioladas, alternas é tão bom.<br />
e lobadas.<br />
Ha duas qualidades, roixa e branca ;<br />
As flores dispostas em cachos axil a primeira tem os peciolos das folhas<br />
lares.<br />
roixos (talo roixo) a segunda tem-n'os<br />
Os fruetos são peponides.<br />
O Mamoeiro é cultivado em quasi to<br />
verdes (talo verde).<br />
dos os paizes tropicaes ; seu tronco é Mamoeiro tio anatto. —V. Jara<br />
simples nú, e coberto de cicatrizes das catiá.<br />
folhas cahidas.<br />
No interior é inteiramente oco e divi Mamão príncipe.—Carica. Var.—<br />
dido por uma espécie de paredes lateraes Fam. idem. —Não sabemos qual é a<br />
em muitos compartimentos ; raras ve pátria d'este Mamão recentemente frazes<br />
offereee'na extremidade um ou, dois zido ao Brazil, mas asseveramos, que<br />
ramos; no Brasil porém ramifica-se é a melhor espécie que temos.<br />
mais.<br />
E', na forma, semelhante ao ordiná<br />
As flores são esbranquiçadas, odori-, rio ; porém com os ângulos em vez<br />
feras e desenvolvem-se nas axillas de de salientes na parte superior, como<br />
todas as folhas, as masculinas têm pe- de ordinário são ao contrario na pajte<br />
dunculos de 12 centimetros á 1 metro inferior.<br />
de comprimento, e formam Um oacho Não tem a côr amarella na matu<br />
composto de maneira que parecem sesridade, apenas apresenta cinco manseis<br />
sobre o tronco.<br />
chas nos ângulos.<br />
Come-se o fruto crú ou cosido, ma Dentro é todo ôco.<br />
duro ou verde.<br />
Tem de ordinário um só caroço, ra<br />
As folhas servem para clarear a roupa. ramente dois ou três, a massa é ama-<br />
O leite misturado com água tem a rella-alaranjada, compacta, macia<br />
virtude extraordinária de tornar tenra mui saborosa.<br />
a carne: basta mesmo envolvêl-a nas<br />
e<br />
folhas por alguns minutos.<br />
Mamminlta d® cachorra. —
S8tt MAN MAN<br />
Eugenia mamiflora. (?) —Fam. das Myrta côr roixa purpurina; tem as pontas<br />
ceas. — Fructo que em Pernambuco, redondas e parecem jasmins.<br />
Alagoas e Sergipe tem este nome; Tem no centro da fauce do tubo um<br />
assim como a planta o de Mulato. annel; e Bão grupadas em pequena<br />
E' um arbusto de caule castanho quantidade.<br />
e liso.<br />
O fructo é uma baga pequena dc 2 a<br />
Folhas palmadas, ovaes e lisas. 3 centimetros, redonda envolvida polo<br />
As flores são brancas e pequeninas. calix que se lhe adhere: tem dentro<br />
O fructo oval de 2 centimetros com uma noz óssea com 4 caroços.<br />
quatro folhinhas no ápice, de cor roixa- Pela belleza das flores de duas coescura,<br />
lustrosa, de casca fina e coriacea. res no mesmo pé, pelo cheiro suave<br />
Une-se á uma massa branca, trigueira, que ellas derramam e pelas virtudes<br />
aquosa, doce, com principio adstringente, medicinaes que possue, podia esta<br />
contendo no centro um caroço grande, planta ser ornato de nossos jardins,<br />
esbranquiçado.<br />
como o é de alguns nas Alagoas e outros<br />
A madeira é boa para estacas. logares.<br />
Esta planta differe da Mamma<br />
cachorra de Minas Geraes.<br />
de<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— O cosimento<br />
de suas raizes serve para as dores<br />
Maittona. — V. Carrapalo.<br />
rheumaticas; é anti-syphilitica, útil<br />
nas gonorrhéas.<br />
Applica-se em pó na dose de uma<br />
colher como purgativa, e também nas<br />
moléstias uterinas.<br />
Denomina-se<br />
quaresma.<br />
nas Alagoas Flor de<br />
Em Pernambuco Flor de Natal, Manacá<br />
e Santa Maria.<br />
E' conhecida nos nossos sertões por<br />
este ultimo nome.<br />
Mantona do Rio Grande do<br />
i\orte. — E' um fructo que tem este<br />
nome na província do Rio Grande do<br />
Norte.<br />
Provém de uma arvore regular e<br />
agreste, de folhas miúdas e flores<br />
brancas.<br />
O fructo é amarello na maturidade<br />
com o tegumento externo rugoso, espesso,<br />
ligado á uma substancia aquosa<br />
avermelhada com um caroço grande,<br />
preto e lustroso no centro.<br />
Come-se a massa que é doce, sem<br />
nenhum principio ácido.<br />
Manacá ou Manaeau do<br />
matto.—Admosma supérflua. — Fam.<br />
das Acanthaceas.— Esta planta habita<br />
nos mattos das Alagoas, onde assim<br />
a denominam.<br />
Mamota. — V. Jaracatiá.<br />
Tem o caule vertical e no alto as<br />
folhas que são ovaes e allongadas.<br />
Manacá Anacon, ou Flor de As flores nas axillas das folhas e<br />
quaresma ou Santa Maria. (*) nas pontas dos ramos tem a fôrma<br />
— Duranta bicolor. — Fam. das Verbe de na- trombetas roixas rajadas de branco<br />
ceas. — Este arbustosinho silvestre co e sem cheiro.<br />
nhecido por estes nomes e pelo de Por fructo dá uma cápsula quasi<br />
Flor de Natal em Pernanbuco, fôrma redonda, contendo duas sementes de<br />
touceira.<br />
primidas.<br />
Tem os caules verticaes e duros. A raiz é usada como forte diuretico.<br />
As folhas ellipticas, sem lustro e<br />
um pouco molles.<br />
Manacá Manacan. —Gerata-<br />
As flores de duas cores, brancas caca, Jerataeaea, Canganb».<br />
puras ou tintas de roixo, ou todas de Franciscea uni/lora. Besleria, Cr. e Vell.<br />
— Fam. das Serophularinaceas. — Esta<br />
CJ Na Bahia e em todo o Sul do Império<br />
Manacá é aFranciscea uníflora, e<br />
planta<br />
F.<br />
confunde-se com o Manacá de<br />
acumxnata.<br />
Pernambuco.
MAN MAN S87<br />
E' um arbustosinho de folhas ovaes<br />
oppostas.<br />
Flores avermelhadas no primeiro envoltório<br />
e com as lâminas amarelladas.<br />
Tem por fructo uma cápsula molle<br />
com duas válvulas e muitas sementes<br />
dentro.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. —Toda ella,<br />
especialmente a raiz, excita, energicamente<br />
o systema lymphatico, elimina<br />
o principio morbifico pelo suor e ourinas.<br />
E' antisyphilitica; a casca interior<br />
muito amarga, enjoativa, estimula a<br />
garganta. .<br />
Em pequena dose é resolutiva, em<br />
maior desenvolve as evacuações e a<br />
ourina ; promove o aborto ; passa por<br />
antídoto do veneno das cobras e em<br />
•grande dose é um veneno acre.<br />
trada que tem o caule reptante e arroixeado.<br />
As folhas um tanto suceulentas ovaes<br />
são oppostas.<br />
As flores, como formadas por um pequeno<br />
grupo paleaeeo, a semelhança de<br />
uma pejpetua branca.<br />
O fructo é como uma sementinha<br />
preta.<br />
O uso d'esta planta é servir de pasto<br />
do gado.<br />
Mandakcapim.— V. Capim mandak.<br />
Ma n d i b i. —A rum usum. —Fam. das<br />
Araceas. — E' um arbusto trepador , e<br />
mesmo parasito,<br />
Seu caule é fibroso, tendo folhas grandes,<br />
lanceoladas alternas e lisas.<br />
As flores em um estojo foliaceo<br />
, bojudo na ponta, cupulado e<br />
branco.<br />
Tem uma espiga em que estão en<br />
Mancenilha. — Eippomane mancigastadas<br />
as flores de dois sexos, que<br />
nella, Linn. — Fam. das Euphorbiaceas.<br />
não são outra cousa mais do que pe<br />
—E' uma arvore das Antilhas e do<br />
quenas excrescencias angulares, das<br />
.Brasil.<br />
quaes as inferiores desenvolvem as<br />
.*-. Suas folhas são denteadas, com longos<br />
fruetas.<br />
peciolos, luzentes e cheias de veios.<br />
Estas são bagas não comestíveis com<br />
As flores são exquisitas, de dois<br />
uma ou mais sementes.<br />
. sexos.<br />
Esta planta é conhecida por este<br />
O fructo é uma nóz, de superfície esca<br />
nome nas Alagoas.<br />
brosa com uma polpa fofa, e interior<br />
É applicada no fabrico de balaios.<br />
mente dividida em vários compartimentos,<br />
cada um com uma semente<br />
Mandibi de juntas. — Arum ar-<br />
que transuda um sueco leitoso que é<br />
ticulatum.— P'am. idem.—Planta agreste<br />
venenoso, e que, dizem estar Uum<br />
parasita e trepadeira, cujo caule verde<br />
' principio volátil que possue.<br />
apresenta nós.<br />
• Com o sueco d'esta planta os ca<br />
Tem as folhas grandes, ovaes, lisas<br />
boclos envenenam suas settas.<br />
e lanceoladas.<br />
Serve entre elles para o curativo dos<br />
As flores como as da precedente; sendo<br />
cancros.<br />
o estojo menor.<br />
Lavam com água fria a ferida cobrem<br />
O fructo ainda não foi observado.<br />
a circumferencia com uma massa de<br />
Urucú e barro, deitam sobre a ferida Mandioca. — Oxalis mandioecana<br />
algumas gottas do sueco que faz des- Raddi, Nees et Mart. — Fam. das Oxalipegar-se<br />
a parte enferma; esta fica nedeas. — Pequçna planta do Rio de Jagra<br />
e destaca-se da parte sã. neiro conhecida por Mandioca (?)<br />
Raiz lenhosa e volumosa.<br />
Mandak. — Achyranthes campestris. Folhas ovaes..<br />
—Fam. das Amaranthaceas. — Chamam Flores amarellas, em cachos.<br />
assim nas Alagoas uma herva alas Fructo com cinco gommos pequenos.
S8S MAN MAN<br />
Cresce nos montes, e floresce nos<br />
mezes de Março e Outubro.<br />
Mandioca ou .Haitiva. —Jatropha<br />
manihot. — Fam. das Euphorbiaceas.<br />
—Tocamos á planta indígena que constitue<br />
a principal alimentação dos brasileiros.<br />
Ella para nós é o mesmo que o<br />
trigo para<br />
ricanos.<br />
os europeos e norte-ame<br />
Sua cultura se faz em grande escala,<br />
mas não é ainda como deveria ser;<br />
porque os agricultores, fascinados pelo<br />
alto preço a que tem chegado o assucar,<br />
entregam-se inteiramente á cultura<br />
da canna, desprezando a da mandioca;<br />
acerescendo ainda a irregularidade que<br />
de annos para cá tem aôéctado o nosso<br />
clima ; o que tudo tem contribuído para<br />
a escassez da nossa farinha.<br />
São arbustos çaracterisados pela presença<br />
de um sueco lácteo abundante<br />
em todas as suas partes ; de folhas<br />
alternas e palmadas.<br />
Flores quasi sempre de uma cor verde<br />
amarellenta, em cachos panniculados,<br />
axillares ou terminaes, monoicas,<br />
perianthio companulado.<br />
de<br />
As masculinas tem dez estames inseridos<br />
n'um disco carnoso festonado.<br />
Filetes livres, distinetos, cinco dos<br />
quaes alternadamente mais compridos.<br />
Nas flores fêmeas estylete curto, três<br />
estigmas multilobulados<br />
três coccas bivalvas.<br />
e cápsula de<br />
A mandioca é a raiz ou a parte tuberosa<br />
das raizes d'esta planta.<br />
E' um arbustinho que cresce quando<br />
em boas condições de 150 á 200 centimetros,<br />
e muito mais em certas<br />
espécies.<br />
Esgalha, e seu caule e ramos são<br />
nodosos, de um pardo castanho avermelhado<br />
ou esbranquiçado ; deixa cicatrises<br />
salientes, vestígios das antigas<br />
folhas.<br />
Estas são em fôrma de palmas circulares<br />
com digitações, cujos peciolos<br />
são finos, tubulosos, de côr verde<br />
ou vermelha roixeados; essas partes,<br />
que são leitosas, acham-se reunida*<br />
nas partes superiores dos ramos.<br />
As flores são em cachos esverdinhados<br />
com a disposição dc uma rosa,<br />
com filetes no centro.<br />
São de dois sexos, trazendo as fêmeas<br />
o germera do fructo futuro, que<br />
é uma noz. de três gômos, verde, com<br />
raios no ápice, tendo dentro troa caroços<br />
bem semelhantes aos da mamona.<br />
Na raiz da planta .encontra-se lo^o<br />
em derredor da base no caule subterrâneo,<br />
umas tuberas oblongas, de<br />
diversos tamanhos, lisas, de casca tina<br />
membranosa, de côr parda mais ou<br />
menos carregada, destacando-se por<br />
esdamas membranosas.<br />
Sob esta casca ha outra coriacea,<br />
brancacenta amarellada, de pouca espessura.<br />
Segue-se então um corpo solido,<br />
branco, compacto e doce, tendo no<br />
centro um prolongamento fibroso qu
MAN MAN S89<br />
A maniva apresenta algumas variedades<br />
das quaès apontamos algumas.<br />
Ellas se distinguem não só pela<br />
qualidade da raiz, como mesmo por<br />
certos caracteres orgânicos.<br />
O nome de mandioca ê dado á raiz,<br />
e o de maniva em geral ao vegetal ; trataremos<br />
depois da maniva.<br />
e em fôrma de rosinhas ou estrellás<br />
de cor esverdinhada e vermelha, tendo<br />
algumas o botãosinho, rudimento do<br />
futuro fructo.<br />
E', finalmente, uma arvore bonita;<br />
nenhuma outra do paiz offereee a sombra<br />
agradável que ella dá.<br />
O fructo é de variados tamanhos,^<br />
A fecula da mandioca, que se obtém du d'onde resulta grande variedade de<br />
rante a lavagem sob a fôrma de sedi espécies ou grande numero de variemento<br />
esbranquiçado é afamada por dades.<br />
suas qualidades nutritivas; secca em cha Oscilla de 6 á 12 centimetros ; tem<br />
pas quentes, constitue a farinha de tapioca a fôrma de coração, sendo a base a<br />
do Maranhão, alimento muito sadio que o parte mais larga e tendo n'ella a ci-<br />
estômago digere com muita facilidade, catriz do pedunculo qué verte sueco<br />
e da qual a província do Maranhão resinoso.<br />
exporta milhões de kilogrammas. Uns são exteriormente de côr verde,<br />
inda mesmo quando maduros, outros<br />
Mandiocaba. —E' a mondioca que de côr amarella pallida, amarella côr<br />
serve para o fabrico do Cauím. de gemma d'ovo, outros amarellos com<br />
uma parte vermelha, e finalmente al<br />
Mandobi. — V. Mendobi.<br />
guns com<br />
vermelha.<br />
uma parte verde o outra<br />
Mandobi gúaçú. — V- Pinhão de E' um fructo não só bonito na<br />
purga.<br />
fôrma, como excellente no gosto,<br />
M »si ei u p iti n.—V Jareré.<br />
quando de boa qualidade.<br />
O pericarpo é coriaceo, e tem cheiro<br />
Manga ou Mangueira.— Man-<br />
muito agradável.<br />
E' de cinco millimetros de espesgifera<br />
indica, Linn.—Fam. das Terebinsura, e liga-se a uma massa tenra<br />
taceas. \<br />
entremeada de fibras espessas que<br />
Fructo e arvore que todo o Brasil no centro encerra um caroço reni-<br />
conhece.<br />
forme, mais espesso no meio, acha<br />
E' uma arvore originaria da índia, tado, maior ou menor, coberto de<br />
transportada ao Brasil em epocha bem fibras, que são as que se ramificam<br />
remota.<br />
na polpa do fructo.<br />
Hoje, porém, está acelimada de tal Esta massa é doce, suceulenta com<br />
modo, que bem parece ser natural do um principio resinoso.<br />
paiz.<br />
As boas mangas têm o pericarpo<br />
E' a mangueira uma arvore, que ne fino, a massa pouco fibrosa, macia,<br />
nhuma outra se lhe assemelha. com um sabor doce, particular e aro-<br />
Ella cresce de 8 á 10 metros de almatico'.tura. O caroço, pequeno e quasi chato,<br />
Seu tronco é de 1 á 2 metros de tem um principio resinoso quasi im<br />
diâmetro, de casca regoada: adquire perceptível.<br />
uma circumferencia de 16 á 25 metros. As Mangas pendem das arvores por<br />
A copa é convexa e de folhagem densa. pedunculos um tanto longos; e as<br />
As folhas são lanceoladas e coriaceas, que são boas quando cahem, batendo<br />
e têm em todas as suas partes um sueco em corpo solido, criam uma espécie de<br />
Tesinoso.<br />
calosidadade que aséda a polpa, e á<br />
As flores, em cachos pyramidaes, são que denominam coração.<br />
de sexos distinetos; isto é, separados, As que são ruins, independente d'esta<br />
39
suo MAN MAN<br />
circumstancia sempre apresentam esta mer o fructo de vez, (quasi maduro),<br />
parte dura.<br />
para que o sueco tique preso aos lá<br />
Fructitícam no verão nos mezes de bios, a ponto de sei preciso um grande<br />
Novembro, Dezembro, Janeiro, Fevereiro trai)alho para desgrudal-os.<br />
e Março, e no inverno em Abril,Maio A mangaba ó um fructo delicado ;<br />
e Junho no Norte.<br />
quando cabe da planta não deve üear su<br />
A manga é uma excellente frueta, jeito á acção do sol; porque corrompe-<br />
talvez a melhor que existe ; passa por se; apanha-se num dia para ser comido<br />
nociva a saúde; no emtanto exageram no outro ; é estomacal, substancial, o<br />
muito esta qualidade; porque, depois não faz mal aos doentes; do fôrma quo<br />
de sasonada, torna-se ella livre do prin em Sergipe chamam-n'a fructo de docipio<br />
prejudicial que contém.<br />
ente; entretanto convém cautela.<br />
Faz-se com elle bom doce.<br />
Mangaba. — Apoicynum hancornia No tecido cortical da arvore encon<br />
Linn.—Eancornia speciosa , Mart.— tra-se um leite viscoso, que em medi<br />
Fam. das Apocynaceas. — Este estimacina emprega-se nas phtisicas pulmovel<br />
fructo está no numero das bellas nares : pela coagulação d'esta seiva ob-<br />
fruetas do Brasil, d'onde é indígena. tem-se uma borracha de superior quali<br />
Nasce nos lugares incultos e nos dade, mas que não é quasi explorada.<br />
taboleirós.<br />
A madeira é empregada no fabrico<br />
E* proveniente de um arbusto deli de diversos artefactos de marceneria.<br />
cado que se eleva até 4 % metros. (Fig. 25.)<br />
Esgalha logo de pouca altura do<br />
tronco e tem os ramos finos. Mangaba brava ou Manga-<br />
As folhas, oppostas, são lanceoladas binha das catingas. — Eancornia<br />
estreitas, pequenas e não fazem densa pubescens, Mart. — Fam. idem. — E' uma<br />
a folhagem (copa).<br />
frueta agreste proveniente de um ar<br />
Tem um porte agradável; fornece busto das catingas dos nossos sertões<br />
um sueco leitoso do tronco, folhas, do Norte, especialmente de Pernambuco<br />
flores e fruetos.<br />
e Bahia.<br />
As flores são como jasmins brancos E' um arbusto mui frondoso e copado,<br />
quasi sem cheiro.<br />
de tronco esbranquiçado, de folhas re<br />
O fructo aromatico de 1 % á 3 cengulares e grossas.<br />
timetros e mais, é redondo, ou oval for Flores não observadas por nós.<br />
mando um bico quasi insensível ; na O fructo é de 6 centimetros, cylin<br />
maturidade é verde amarellado ou mes - drico, amarello quando maduro, com<br />
mo amarello, sendo todo salpicado de pouco cheiro.<br />
nodoas vermelhas que oecupam tod a O pericarpo encerra uma polpa molle,<br />
a superfície externa ou um só lado. elástica e branca, com um caroço re<br />
O pericarpo é uma membrana deldondo no centro, branco e de pequeno<br />
gada. *<br />
tamanho.<br />
O fructo é molle quando maduro, e Este fructo é alimento dos veados e<br />
esmaga-se á menor pressão; compõe-se outros animaes, e por isto os caçador<br />
de uma polpa branca, ligada ao peri res os esperam nas mangabeiras bravas.<br />
carpo, um tanto fibrosa, cheia de sue A entrecasca e a raiz são empregaco<br />
leitoso que se converte em licor das pelo vulgo, como purgantes, nas<br />
doca, ácido de excellente gosto. moléstias uterinas, e para provocar o<br />
Este fructo é cheio de sementes reni fluxo menstrual.<br />
formes e chatas.<br />
Assemelha-se á Mangaba mansa, mas<br />
O sueco leitoso, quando o fructo está com as differenças indicadas.<br />
verde, é venenoso ; produz embriaguez Ha outra Mangaba agreste, com a<br />
que pôde produzir a morte; basta co-<br />
massa em tudo semelhante á precedente,
MAN MAN S91<br />
sendo porém o fructo mais pequeno;<br />
o qual, por asêdo, não se pôde comer.<br />
Existe n'alguns lugares das Alagoas,<br />
Sergipe, etc.<br />
O' extracto da casca é amargo e empregado<br />
em pequenas doses na obstrucção<br />
do figado, na ictericia e nas<br />
moléstias cutâneas chronicas.<br />
O sueco leitoso tem os uzos da gomma<br />
elástica.<br />
Mangaíba.—V- Mangaba.<br />
Mangará-mirim.—V. Mangarito.<br />
Mangará petina. — V. Mmgaraz.<br />
—Caladium violaceum, Desf.<br />
Mangarataia.—V. Gengibre.<br />
Comem-se cosidas.<br />
A raiz exuda
S9S MAN MAN<br />
Differe das antecedentes por ter a mum ó tomada diariamente contra<br />
folha mais miúda, e crescer menos. as edemacias.<br />
Tem os mesmos usos.<br />
O café feito das sementes ó útil<br />
Mangericão das moças. — T"<br />
contra o flato.<br />
Na primeira invasão do cholera no<br />
Mathias.<br />
Brasil, 1856, no Brejo dAreia foi<br />
Mangericão ordinário.— Ocy<br />
empregada a raiz d'esta planta raspada,<br />
em infusão, misturada com um<br />
mum basilium, Linn. Var. ? — Leucas pouco mar- de aguardente: era um espetinicensis,<br />
Barth. — Stachyorecta, Linn. cifico — contra as diarrhéas cholerica><br />
Fam. idem. — Este mangericão commum Também<br />
em nossos jardins é natural do Ceylão, e<br />
chamam-na Paja-mariôba.<br />
muito cheiroso.<br />
Maugerona.—Origanum majorana,<br />
Esgalha bastante; e o caule é quasi Linn.—Majoranoidis (?) Willd.—Fam. das<br />
quadrado.<br />
Labiadas.— E' uma planta herbacea,<br />
As folhas oppostas, ovaes e bem aromatica, natural da Europa.<br />
verdes.<br />
E' delicada na cultura.<br />
As flores, em espigas, são brancas Seu caule fôrma touceira, e esten<br />
e roixas; e os fruetas iguaes aos da de-se elevando as pontas dos ramos,<br />
precedente ; tendo o mesmo prestimo. que são finos.<br />
E' empregado nos espasmos hyste- Tem as folhas oppostas, pequenas,<br />
ricos, e dores articulares.<br />
ovaes, e esbranquiçadas, por causa dos<br />
muitos pellos macios, que as tornam<br />
Mangerioba. — Cássia oceidentalis, também macias.<br />
Linn. — Cássia sericea, Swart. — Fam. As flores são brancas e pequeninas.<br />
das Leguminosas. — E' uma das plantas O fructo como o do Mangericão.<br />
úteis do Brasil; nasce em todos os Empregam-n"a como tempero nas<br />
terrenos<br />
cosinhas, e tem as propriedades esti<br />
Seu nome popular é geralmente Femulante e tônica.<br />
degôso: parece que só varia em Pernambuco,<br />
pois no Rio de Janeiro e Maugerona do campo.— Gle-<br />
Bahia, é chamada Fedegôso. chon spalulatus.— Fam. idem.— Planta<br />
O caule é um tanto lenhoso; cresce do paiz conhecida por este nome no<br />
de 100 a 150 centimetros ; é esgalhado, Rio Grande do Sul.<br />
de folhas lanceoladas, não pequenas, Esta herva, tomada em infusão, é<br />
dispostas em pares por palmas. um excellente diaphoretico para as<br />
Flores em cachos pequenos, amarellas affecções catarrhaes.<br />
e dispostas como rosas.<br />
O fructo é uma vagem de 12 cen Mangue amarello.— Avicencia.<br />
timetros, estreita, parda, comprimida, nitida, Linn.— Fam. das Myoporaceas.—<br />
com ondulações, mostrando os lugares E' uma arvore pequena e indígena<br />
das sementes, as quaes existem em que habita nos pântanos.<br />
lojas divididas, de fôrma ovoide, e cor<br />
de castanha.<br />
Tem folhas bonitas, lanceoladas.<br />
As flores são brancas.<br />
O fructo capsular e oblongo.<br />
Com a casca d'esta planta se curte<br />
couros ; é adstringente.<br />
E' também conhecido por Cerubuna<br />
e Cerutinga.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— Esta planta<br />
tem muitas applicações médicas; o<br />
cosimento das folhas e caules, feito<br />
com cevada, é excellente contra as<br />
tosses antigas e recentes, dores rheumaticas,<br />
erysipelas, e eólicas.<br />
A infusão do lenho em água com<br />
Maugae branco ou Ce rei b»<br />
Laguncularia racemosa, Gaertn.—Fam.
MAN MAN S93<br />
das Combretaceas.— A este mangue tam<br />
bém chamam em Pernambuco Mangue<br />
branco e rasteiro.<br />
E' um arbusto que vegeta nas águas<br />
salgadas, muito ramoso, sendo os<br />
ramos oppostos ; tem as sumidades e<br />
o peciolo das folhas vermelhos.<br />
Estas são oppostas quasi redondas,<br />
carnosas, quebradiças. Satura-se do<br />
sal das águas marinhas.<br />
As flores em cachos são pequeninas<br />
e brancas.<br />
O fructo é uma cápsula conica, sulcada.<br />
A semente germina dentro do fructo,<br />
que depois torna-se escuro.<br />
Este arbusto fqrnece boa lenha.<br />
As folhas são applicadas, em cosimento,<br />
nas dores de dentes.<br />
Tem a casca escura.<br />
As folhas miúdas, oppostas, lanceoladas<br />
e lisas.<br />
As flores são brancas, em cachos,<br />
pequenas e um pouco resinosas.<br />
O fructo é rudimentario, ovoide e internamente<br />
dividido em quatro alojamentos.<br />
Mangue do Pará. — Cassipourea<br />
guianensis, Aubl. — Lignotis, elliptica,<br />
Swart. — Fam. das SaUcariaeeas. — Ê<br />
um mangue que vegeta era terrenos<br />
paludosos no Pará e seus contornos.<br />
E' arvore mediana, de folhas oppostas<br />
e ovaes.<br />
As flores são braneas em cachos.<br />
O fructo semelhante á uma baga espherica<br />
com três válvulas e três lojas,<br />
contém uma ou três sementes.<br />
Mangue do brejo. — Eugenia Mangue do Pará. — Cassipourea<br />
nitida. — Eugenia nitens, D. C. macrophylla, —<br />
D. C. e Mart. — Lignotis<br />
Fam, das Myrtaceas.—Arbusto de tron macrophylla.— Fam. das Risophoraceas.<br />
co liso.<br />
—Esta espécie differe pouco da outra.<br />
De folhas oppostas, ellipticas e lus As folhas são maiores, assim como<br />
trosas.<br />
as flores.<br />
Flores e fructo iguaes aos de suas congêneres.<br />
Mangue de pendão. — Rhizophora<br />
mangle, Linn. —Fam. idem.—<br />
Mangue canoé ou de botão.— Este mangue nasce e vegeta nas bordas<br />
Terminalia aggregata.— Fam. das Com e mesmo dentro dos pântanos salôbros<br />
bretaceas. — Arbusto em mouta. e salgados.<br />
Cresce de 150 a 200 centimetros. Tem em Pernambuco este nome e o<br />
Vegeta nas areias da praia.<br />
de Mangue verdadeiro.<br />
Suas folhas são lanceoladas, lisas, E' um arbusto frondoso, de tronco<br />
carnosas, quebradiças, e com o peciolo liso e escuro; de ramos quasi hori-<br />
curto, tendo duas glândulas umbelisontaes, avermelhados nas pontas e no<br />
cadas na base que, e se apresentam como peciolo das folhas.<br />
glóbulos esverdinhados e sub-escamosos, Estas são arredondadas, carnosas e<br />
contendo muitos feixes de pequenos quebradiças.<br />
filetes.<br />
Flores em cachinhos brancos.<br />
O fructo é um aggregado de fructi- O fructo é uma cápsula pyriforme,<br />
nhos globulosos, oblongos, com eixo cen deprimida, coroada por um pequeno<br />
tral, cuja superfície offereee ângulos em tubo, cuja superfície verde é reguada<br />
alto relevo com pequenas escaminhás. longitudinalmente, e contém uma se<br />
Do. tronco d'este mangue tiram-se mente foliacea.<br />
cavernas para canoas.<br />
A lenha que fornece é boa; e conserva<br />
o fogo.<br />
Mangue de espeto. — Stalagmites Pôde dar-se na dose de 8. grammas<br />
mini folia. — Fam. das Guttiferas. como — É anti-febril a casca.<br />
uma arvore do paiz de porte mediano O pó dá-se nas picadas dos insectõs<br />
conhecida por este nome em Alagoas. e mordeduras de peixes.
S94 MAN MAN<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. — Plantas — Arbustosinho conhecido por este<br />
herbaceas ou arbustos de caules sar- nome em Cabo-Frio.<br />
mentosos, de folhas alternas, simplices E' esgalhado, com folhas alternas
MAN MAN S95<br />
O fructo é uma cápsula foliacea, em<br />
fôrma de fuso, com duas válvulas e<br />
algumas sementes compridas dentro.<br />
Empregam seu cosimento contra as<br />
fluxões de peito, tosses, etc.<br />
Ilaniçoba brava. —Jatropha. —<br />
Fam. das Euphorbiaceas. — Arbusto que<br />
cresce de 2 a 4 metros, quando favorece<br />
o terreno.<br />
E' lactifero, de caule nodoso em virtude<br />
das cicatrises das folhas velhas.<br />
Estas são palmadas, de peciolos longos,<br />
de cinco lobos ovaes oblongos,<br />
agudos, lisos e quasi lustrosos.<br />
Flores, em pequenos cachos, nas<br />
pontas dos ramos.<br />
São de dois sexos, e como pequenas<br />
angélicas de cinco pontas esverdinhadas,<br />
e na base manchadas de côr de purpura..<br />
A flor fêmea produz uma nóz oval,<br />
de 3 centimetros, dividida em oito<br />
septos por meio de. secções e quatro<br />
válvulas; offereee quatro lojas contendo<br />
quatro sementes.<br />
Esta planta é uma Maniva brava que<br />
não se come.<br />
Dá raizes tuberosas, que, em vez da<br />
fôrma comprida que tem as que se comem,<br />
são redondas, e seu interior não<br />
é, formado por substancia compacta,.<br />
como n v cabulo Maniva significa a planta inteira<br />
que produz as tuberas, donde se<br />
extrahe a farinha usada como alimento<br />
entre os brasileiros, que também se<br />
chama Farinha de páo.<br />
O nome, porém, de Mandioca applica-se<br />
em particular a raiz tuberoza.<br />
Eis aqui as espécies que se cultivam<br />
em Pernambuco.<br />
Maniva aipim. — Jatropha pseudo<br />
aipi.Çl) —Fam. das Euphorbiaceas.—O<br />
caule d'esta é branco, os peciolos das<br />
folhas esverdinhados no ápice e arroixeados<br />
na base junto ao caule.<br />
As folhas são de cinco ou sete divisões.<br />
Parece-se com a Machaxêra branca.<br />
Maniva aipim.—Jatropha. —Fam.<br />
idem.—Machaxêra.<br />
Maniva amarella.— Jatropha.—<br />
Fam. idem.—Conhece-se em Pernambuco<br />
e Alagoas por este nome a Maniva de<br />
tronco esbranquiçado.<br />
A estruetura da planta está descripta<br />
na Mandioca Jatropha.<br />
A raiz é de tamanho ordinário, de<br />
cerca de 36 centimetros, casca fina e<br />
branca em relação ás outras.<br />
aquellas; porém mais frouxa, e A massa não é compacta; tem a côr<br />
aquosa; não dá fecula.<br />
amarella e dá boa farinha.<br />
Entretanto todo o gado gosta d'esta<br />
planta.<br />
Maniva atan do calado. — Ja<br />
A Maniva do sertão é uma espécie tropha. — Fam. idem. — É conhecida em<br />
semelhante á esta^ porém apresenta Pernambuco e Alagoas por este nome<br />
na raiz um prolongamento, as vezes uma Maniva de caule branco e gom<br />
de 150 centimetros, na extremidade do mos arroixeados.<br />
qual forma-se uma tubera, cuja massa Tem a raiz curta, grossa e cascuda;<br />
é mais venenosa.<br />
sua massa é enxuta.<br />
Em tempos de carestia e fome o Dá farinha de boa qualidade, e em<br />
povo d'esses lugares serve-se d'ella abundância.<br />
para fazer farinha; mas é preciso extrahir<br />
bem a parte aquosa, e prolongar Maniva Barroso.—Jatropha.—<br />
ou demorar por mais tempo a torre- Fam. idem. — É de Alagoas esta espécie,<br />
facção, isto é a acção do calor. de Maniva.<br />
Tem os gommos e os talos roixos.<br />
Manimbú.—Espécie de Junça que O lenho é acinzentado.<br />
nasce nos paues da Parahyba.<br />
A raiz cresce muito, tem a casca<br />
Maniva.—Já mostramos queovo-|<br />
grossa.<br />
Dá boa farinha.
S96 MAN<br />
Maniva branqulnha.—Jatro Os peciolos das folhas são vermelhos<br />
pha. — Fam.idem. — Esta espécie , que inferiormente e brancos por cima.<br />
existe em Pernambuco e Alagoas, tem o As raizes pouco crescem; mas engros<br />
caule e os peciolos esbranquiçados. sam e são muito suceulentas.<br />
A mandioca tem a casca parda.<br />
A massa é grossa e compacta.<br />
Dão uma farinha regular.<br />
Dá boa farinha.<br />
Maniva cruvellinha.—Jatropha.<br />
Ha outra do mesmo nome que differe — Fam. idem. — E' uma espécie conhe<br />
por esgalhar muito e produzir uma cida nas Alagoas.<br />
raiz tuberosa de casca grossa.<br />
O peciolo das folhas é branco.<br />
Também dá boa farinha.<br />
As flores amarellas riscadas de côr de<br />
Maniva caboc'linha.—Jatropha. rosa.<br />
— Fam. idem.—Esta vegeta também Abunda em raizes, que engrossam<br />
em ambas as províncias acima men muito.<br />
cionadas, onde recebe este nome. Dá bem em quasi todos os terrenos, e<br />
O caule e os peciolos aproximam-se produz boa farinha.<br />
á côr de castanha.<br />
A Mandioca é curta e grossa, de Maniva engana-ladrão. — Ja<br />
massa enxuta.<br />
tropha. —Fam. idem. — E' conhecida em<br />
Dá boa farinha.<br />
Alagoas e Pernambuco.<br />
Tem peciolos vermelhos.<br />
Maniva caboelinlia.— Jatropha. Caule azinzentado e gomos brancos.<br />
— Fam. idem. É também de Pernam A Mandioca engrossa, é compacta, dá<br />
buco e Alagoas<br />
boa farinha; e estando em terra en<br />
O caule e os peciolos são avermexuta conserva-se por muito tempo.<br />
lhados.<br />
A raiz cresce bastante , e dá boa Maniva freira. — V. Maniva mi-<br />
farinha; mas como d'ella se usa de lagrona.<br />
preferencia para comer cosida, depois<br />
de lavada em duas águas, pouca fa Maniva fria, da matta. —Jarinha<br />
se faz d'esta espécie.<br />
tropha. — Fam idem. Em Alagoas e Pernambuco<br />
se conhece esta Maniva que é<br />
Maniva canella de urubu.— esgalhada, e de peciolos brancos.<br />
Jatropha. — Fam. idem. — Esta espécie Raizes pequenas, grossas, quasi esphe-<br />
tem o caule com manchas côr de ricas e suceulentas.<br />
purpura.<br />
Os peciolos das folhas são purpureos;<br />
Dá excellente farinha.<br />
e estas de cinco divisões.<br />
Maniva fria,da matta. Jatropha.<br />
As flores e fruetos como<br />
Mandioca.<br />
os da — Fam. idem. —Subarbusto que esgalha<br />
muito, com caule esbranquiçado.<br />
Maniva carriryde fogo.— Ja<br />
Peciolos brancos, com manchas rosadas<br />
ou rubras.<br />
tropha. — Fam. idem — Esta espécie tem Folhas de cinco lobulos, sendo as<br />
o caule branco, manchado de rubro. dos gommos, ou olhos arroixeadas.<br />
Os peciolos das folhas rubros, e Flores amarelladas, com veios côr de<br />
estas de sete divisões.<br />
ro3a ; e as glândulas amarellas.<br />
Os gommos são purpurinos.<br />
O fructo e as estipulas iguaes aos<br />
da precedente.<br />
Maniva rruvella. Mamão.— A raiz, pequena quasi redonda, é<br />
Jatropha. —Fam. idem.— Assim chamam suceulenta.<br />
em Pernambuco a esta espécie que cresce I<br />
muito sem e3galhar.<br />
Maniva humana. — Jatropha. —<br />
MAN
MAN MAN S9?<br />
Fam. idem. — Também estaé conhecida<br />
nas mesmas duas províncias,<br />
O caule é escuro, o peciolo roixo ;<br />
esgalha abundantemente.<br />
A raiz é grande, succulenta e<br />
muito enxuta.<br />
Dá boa farinha, e em grande quantidade.<br />
Esta raiz'não tem o principio vene<br />
noso das outras, e até come-se crua.<br />
sem que' produza nenhum accidente.<br />
É usada como a Machaxêra.<br />
Maniva humana branca..—<br />
Maniva lattdin,— Jatropha.—Fam.<br />
idem. — Conhecida em Pernambuco e<br />
Alagoas.<br />
E' um tanto esgalhada, tem o caule<br />
pardo, eo peciolo esverdinhado.<br />
Jatropha. — Fam. idem. — Está Maniva A raiz tem a casca parda e grossa, e<br />
tem o caule branco, a Mandioca esbran a massa enxuta.<br />
quiçada.<br />
Dá boa farinha, mas também co-<br />
A casca fina.<br />
mem-n"a ; não sendo porém boa para<br />
As folhas com três divisões, o peciolo<br />
branco.<br />
este fim.<br />
A flor esverdinhada.<br />
Maniva manipeba. —Jatropha.—<br />
O fructo como o da outra.<br />
Fam- idem.—De Pernambuco e Alagoas.<br />
E' do caule acinzentado, de peciolo<br />
Maniva humana fria. — Jatrop. esverdinhado, esgalha tão rasteiramente<br />
Fam. idem. — Esta é também conhecida que os galhos se introduzem na terra.<br />
em Pernambuco e Alagoas, onde tem A Mandioca cresce muito, tem a<br />
este nome.<br />
casca fina, a massa muito enxuta, e<br />
É^um pouco esgalhada.<br />
entranha-se tanto na terra, que a mão<br />
Tem o caule acinzentado, o peciolo desarmada de instrumento não a pôde<br />
branco.<br />
arrancar.<br />
A. Mandioca cresce e engrossa. Ei a que, n'este estado, mais tempo<br />
É compacta, e dá excellente e abun dura, pois chega a dois annos sem cordante<br />
farinha.<br />
romper-se.<br />
Também chamam-n'a Eumana fria da Dá uma farinha, tão venenosa, que<br />
nem as formigas a comem.<br />
Maniva humana vermelha.— Maniva manipeba.—É uma qua<br />
Jatropha.—Fam. idem.— .Esta espécie é lidade, cujas raizes são bulbiferas no<br />
conhecida por este nome em Pernam seu prolongamento.<br />
buco.<br />
Nasce de distancia em distancia uma<br />
Tem o caule manchado de côr de batata, e por este modo se encrava<br />
rosa.<br />
muito pela terra, dando muito traba<br />
Quasi todos os peciolos das folhas lho para colher-se.<br />
sáo vermelhos.<br />
D'esta batata estrahe-se farinha e é<br />
Estas têm cinco divisões.<br />
tão venenosa que nenhum animal d'ella<br />
As flores são amarelladas.<br />
come.<br />
O fructo igual aos precedentes. Póde-se conservar o tempo que se<br />
As raizes grandes e suceulentas. quizer; visto que o vegetal chega á<br />
grandes alturas acompanhando o matto,<br />
Maniva Isabel de Souza. — se não for arrancado.<br />
Jatropha.—Fam. idem.—Esta espécie, assim<br />
denominada em Sergipe, não cresce Maniva maitivinha. Jatropha—<br />
muito.<br />
Fam. idem. — Tem o caule branco, e<br />
Dá raizes que madurecem em seis fende-se na parte inferior em lâminas<br />
mezes n'aquella provincia,mas em todas As folhas de cinco lobos,têm peciolos,<br />
as outras só no fim de u*n anno e mais. brancos no meio e purpurinos em cima.<br />
40
£98 MAN MAN<br />
Esta Mandioca é desconhecida por<br />
nós.<br />
Maniva ntilagrona. —Jatropha.<br />
Fam. — idem. — Esta Maniva, conhecida<br />
nas Alagoas por tal nome, é em Pernambuco<br />
chamada Maniva freira.<br />
Não esgalha.<br />
Tem o caule castanho e o peciolo<br />
branco.<br />
As raizes tuberosas engrossam e se<br />
alongam.<br />
São muito compactas.<br />
Dão bôa farinha em quantidade.<br />
Come-se.<br />
por este nome Mandioca de caule acinzentada<br />
peciolo e gommo branco.<br />
A raiz é de casca parda, e a massa<br />
produz excellente e abundante farinha.<br />
Maniva do gommo roixo. —<br />
Jatropha.—Fam. idem.—O povo das<br />
Alagoas conhece esta espécie por tal<br />
nome.<br />
Tem ella um nó roixo junto ao olho,<br />
e o peciolo arroixeado na inserção das<br />
folhas.<br />
A raiz cresse e engrossa.<br />
E' muito cascuda e redonda.<br />
Não dá má farinha.<br />
Maniva pacoré. — Jatropha. —<br />
Fam. idem.—E' de Pernambuce esta<br />
espécie, e tem o caule e o peciolo es-<br />
branquiçados.<br />
A raiz é parda escura.<br />
A massa amarella.<br />
Quasi se não faz d'ella farinha, por<br />
usarem muito 'comel-a de preferencia.<br />
Maniva Parahyba.— Jatropha.—<br />
Fam. idem. — Esta espécie tem o caule<br />
e os peciolos das folhas brancos.<br />
As folhas de cinco divisões.<br />
As flores como as congêneres.<br />
O fructo com arestas verdes.<br />
A raiz é desconhecida para nós.<br />
Maniva pé de pombo. —V.<br />
Maniva cabocolinha.<br />
Maniva periquito.— Jatropha.—<br />
Fam. idem.—E' assim denominada esta<br />
espécie nas Alagoas.<br />
O caule é branco e não esgalha.<br />
O peciolo é incamado.<br />
Maniva mulatinha. —Jatropha.<br />
A raiz é bastante grossa, apresenta<br />
— Fam. idem. — Em Pernambuco e Ala boa massa, que produz excellente fagoas<br />
conhecem por este nome a Marinha.niva de caule castanho com peciolo<br />
quasi da mesma côr.<br />
Maniva pipáca.—Jatropha.— Fam.<br />
A raiz é curta e grossa.<br />
idem. — Esta Maniva é conhecida nas<br />
A massa é enxuta.<br />
Alagoas.<br />
Produz boa farinha.<br />
Tem o caule acinzentado.<br />
O peciolo branco com os pontos de<br />
Maniva de goinnto branco. inserção avermelhados.<br />
— Jatropha. — Fam. idem. — Também A raiz tem a casca preta.<br />
em Pernambuco e Alagoas conhecem Come-se, dá também boa farinha.<br />
Maniva retroz.—Jatropha.—Fam.<br />
idem.—Esta espécie de Maniva conhecida<br />
nas Alagoas esgalha e desenvolve-se<br />
muito.<br />
Tem o caule castanho e o peciolo<br />
vermelho.<br />
As raizes longas e grossas.<br />
A massa muito compacta.<br />
A farinha que dá é um pouco fibrosa,<br />
sendo porém velha, não 6 má.<br />
Maniva do Rio Grande.—Esta<br />
Maniva tem o tronco branco.<br />
Os peciolos das folhas mui compridos<br />
e brancos e as extremidades rosadas.<br />
As folhas de sete divisões.<br />
Maniva tapicima.—Jatropha.—<br />
Fam. idem.—Em Pernambuco e Alagoas<br />
conhecem esta variedade.<br />
Tem o caule pardo.<br />
Cresce sem esgalhar.
MAP MAP S9ç5<br />
O peciolo é esverdinhado.<br />
A raiz é parda ou castanha, de massa<br />
enxuta, e se come.<br />
Dá boa farinha.<br />
Maniva tio Pedro.—Jatropha. —<br />
Fam. idem.—Esta é conhecida em Pernambuco<br />
.<br />
Tem o caule e peciolo arroixeados<br />
A raiz grossa.<br />
Dá boa farinha.*<br />
E' desconhecida no norte das Alagoas*<br />
Quando chega a certo gráo de idade<br />
esta planta perde os espinhos.<br />
Mapareyba. —V Mangue de pendão<br />
ou Mangue vermelho. r<br />
Mapichi.— Myrcia lanceolata.—Fam.<br />
das Myrtaceas.—E' um arbusto conhecido<br />
por este nome em Minas Geraes.<br />
Esgalha.<br />
Tem folhas oppostas e lanceoladas.<br />
As flores são brancas, em cachos<br />
pequenos.<br />
O fructo não foi ainda observado.<br />
Tem cheiro terebinthaceo.<br />
Mapirunga ouPirunga.—Fam.<br />
das Myrtaceas. — E' um fructinho silvestre,<br />
de pouco apreço, conhecido em<br />
Maniva vermelha.—Jatropha.— Pernambuco por Mapirunga e em Ser<br />
Fam. idem.—E' de Pernambuco e Ala gipe por Pirunga.<br />
gôas.<br />
Nasce de um arbusto pequeno esgá -<br />
Tem o caule escuro e não esgalha. lhado.<br />
O peciolo é vermelho arroixeado. De folhas pequenas oppostas.<br />
A raiz comprida e earnosa.<br />
De flores em cachinhos, ou feixes<br />
Sendo nova, dá boa farinha.<br />
nos ramos.<br />
Manobi.—V. Mundubi.<br />
Os fruetos são pequenos, globulosos,<br />
de cerca de 1 a 2 centimetros offe<br />
Mantimento de araponga. — recendo umas palhetinhas verdes no<br />
Eugenia adstringens.—St. Hil.—Fam. ápice. das<br />
Myrtaceas.—Arbusto, oriundo do paiz, O tegumento externo é uma pelli<br />
conhecido no Rio de Janeiro por este cula fina semi-transparenté, de cô<br />
nome.<br />
Cresce nas capoeiras d'essa provincia.<br />
Tem o tronco e os ramos lisos.<br />
As folhas são oppostas e ellipticas<br />
As flores ou solitárias ou em pares<br />
são brancas e distinctas.<br />
O fructo é oval, liso, bonito, coroado<br />
pelas sepalas da flor, de um roixo escuro,<br />
de sabor adstringente, com um<br />
caroço dentro.<br />
Fructifica em setembro.<br />
O nome indica o uso que tem.<br />
Má© visinlto.—Mimosa malvasinha.<br />
(?)—Fam. das Leguminosas.—Tem<br />
este nome nas Alagoas um espinheiro<br />
esgalhado e alto, de folhas palmadas<br />
ou compostas e muito miúdas.<br />
Flores em capitulos, como frocos de<br />
retroz.<br />
São vagens os fruetos.<br />
r<br />
roixa avermelhada, brilhante, contendo<br />
uma polpa aquosa; roixa, doce, ácida e<br />
com um principio adstringente.<br />
Encerra duas sementes pardas, esverdinhadas,<br />
ou uma espherica.<br />
Comendo-se porção d'esta frueta ficase<br />
com os dentes embotados.<br />
Passa por ser bom adstringente.<br />
Mapirunga brava. — Eugenia<br />
tinetoria.—Fam. idem.—Este fructinho,<br />
que vegeta nas Alagoas, é semelhantissimo<br />
ao precedente.<br />
A planta que o produz tem os caules<br />
esbranquiçadas.<br />
As folhas lanceoladas e oblongas.<br />
As flores, são brancas, pequenas e<br />
em feixes.<br />
O fructinho só differe do da precedente,<br />
pela maior adstringencia e por dar<br />
muita matéria corante.<br />
Mappam.—Eippõmane brasiliensis. (?)<br />
— Fam. das Euphorbiaceas. —Segundo<br />
Emilio Germon, os indígenas curam os<br />
cancros, cercando-os de uma massa
300 MAR MAR<br />
feita de Urucú, e derramando sobre a As flores grandes, solitárias de cálice<br />
chaga o sueco d'aquella planta. verde por fora, estrellado, branco pot<br />
Este sueco se coagula e faz o doente dentro e sobre elle um circulo de pé<br />
transpirar e urinar copiosamente; e talas lanceoladas, contendo em cima<br />
quando a escára cahe, a ferida está uma orla de fimbrias circulares.<br />
cicatrizada.<br />
Do centro ergue-se uma columna com<br />
Quando applicam este tratamento tèm cinco appendices, nos qnaes tem cada<br />
cuidado que o sueco do Mappam só um sua anthera, e mais acima três fi<br />
caia em cima dos tecidos ulcerados ou letes em fôrma de massa.<br />
alterados; pois, do contrario, haveria O povo chama a isto as cinco cha<br />
absorpção e ficaria em risco a vida do gas com os três cravos.<br />
doente, attenta a propriedade venenosa O fructo é um grande pomo oval,<br />
d'esta espécie de Mancenilha. de 12 contimetros pouco mais ou<br />
E' também útil nas boubas seccas. menos.<br />
Esta arvore brasileira é lactifera e O pericarpo amarello pallido, fino e<br />
venenosa.<br />
mui delgado envolvendo o corpo com<br />
Suas flores são de sexos differentes, e<br />
dão por fructo uma baga que tem dentro<br />
uma noz leitosa, contendo muitos caroços. <br />
ponente da frueta, que é branco, cor-<br />
neo, e ao mesmo tempo suceulento tem<br />
três membranas ásperas na parede interna<br />
da cavidade.<br />
A' essa parede se prende uma grande<br />
Maracujá. — Passiflora maliformis, quantidade de sementes reniformes,<br />
Linn. e Will. — Fam. das Passífloraceas. acinzentadas, cobertas de uma carti-<br />
— E' um fructo indígena, cujas folhas lagem cinzenta, doce, levemente áci<br />
ovaes são como que cordiformes, lusda e mui saborosa, além de uma<br />
trosas com duas glândulas no peciolo polpa igualmente diffundida em todo<br />
das folhas.<br />
o espaço.<br />
As flores são muito conhecidas.<br />
O fructo ácido e doce é refrigerante.<br />
E' uma da3 boas fruetas do Brasil.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— Applicam-se<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—Uma só folha<br />
do Maracujá assú cosinhada e<br />
as folhas externamente contra as affec bebida é efficaz nas tosses convulsas,<br />
ções da pelle, o cosimento do pericarpo conforme somos informados.<br />
do fructo contra as inflammações dos<br />
olhos, e o de toda a planta passa por ter Maracujá de cobra.— Passiflora.<br />
as mesmas virtudes da Salsaparrilha. — Fam. idem.— E' um Maracujá não<br />
cultivado que nas Alagoas tem este<br />
Maracujá-assú. —Passiflora qua- nome.<br />
drangularis, Linn. — Passiflora alata, E' procedente de uma planta tre<br />
Art. e Eorl.—Fam. idem. —No Pará padeira de caule fino com palhetinhas.<br />
chamam-no Maracujá de Cayenna. Folhas delicadas, offerecendo três<br />
E' oriunda do Brasil e das Antilhas, divisões.<br />
cultivam-se, e encontram-se também A flor é toda branca, e do tamanho<br />
nas mattas.<br />
de metade da precedente.<br />
E' um arbusto trepador que esten O fructo, de 3 á 4 % centimetros,<br />
de-se sobre outras plantas, e faz la- é redondo; sua estruetura externa, é<br />
tada.<br />
semelhante aos outros.<br />
Seus caules são na parte inferior A substancia interna igual a do<br />
cobertos de escamas brancas e corti- Maracujá-assú e com a mesma côr.<br />
centas.<br />
Come-se.<br />
Suas folhas ellipticas, coriaceas e alternas.<br />
Maracujá de coruja.—Passi-
MAR MAR 301<br />
flora.—Fam. idem.— E' um Maracujá rim.—Passiflora edulis, (Sabia, e Eer.?)<br />
conhecido por este nome nas Alagoas. — Passiflora incarata, Linn. — Fam.<br />
E' resultado de um arbustinho sil idem. — Esta espécie de Maracujá é<br />
vestre e trepador.<br />
indígena do paiz e geralmente conhe<br />
As folhas representam dois procida por este nome, na Bahia, porém<br />
longamentos com um dente no meio. chamam-no, segundo sou informado,<br />
- As flores, como as das outras espé Maracujá de ires pernas.<br />
cies, são pequenas e brancas.<br />
Foi a primeira espécie d'este gênero<br />
O fructo é como uma cabacinha de frueta que appareceu na Europa,<br />
fuziforme, tendo os gomos ou ângulos onde é cultivada.<br />
pouco salientes; é roixo.<br />
E' proveniente de um arbustinho<br />
A semente e a polpa são cinzen trepador, cujo caule tem de distancia<br />
tas.<br />
em distancia gavinhas.<br />
Esta come-se, é bôa e de sabor Folhas em três lacinias, lisas e<br />
doce.<br />
lustrosas.<br />
As corujas comem-^a muito. As flores, um tanto grandes como<br />
Esta deve ser a Passiflora bicornis as precedentes, são brancas, tendo in<br />
provalvemente.<br />
teriormente coroas purpurinas e arroixeadas.<br />
Maracujá de estallo, ou nm- O fructo é muito aromatico, redondo<br />
xila.— Passiflora involucrata.— Fam. ou oval, de 6 á 9 centimetros de diâme<br />
idem.— Esta espécie de Maracujá agreste tro, amarello-claro ; enruga-se quando<br />
é conhecida na Bahia, Alagoas, Per muito maduro.<br />
nambuco e talvez em todas as Internamente a polpa é amarella-aver<br />
províncias do Brasil por este nome. melhada, bastante ácida.<br />
'1 E' herbaceo, delgado e trepador. Fazem-se d'elle limonadas, e doce.<br />
O caule e os ramos são arroixeados, Ha nas Alagoas uma espécie seme<br />
assim como as divisões das folhas, lhante denominada Maracujá peroba.<br />
que formam duas pontas na base.<br />
Todas as partes do vegetal são vi Maracujá mamão. —V. Maraçosas<br />
e cobertas de pellos; tem umas cujá-assú.<br />
glandulasinhas nas pontas; e gavinhas<br />
para agarrar-se aos outros. Maracujá da matta.—Passiflora.<br />
As flores são brancas como as dos —Fam. idem.—E' uma espécie a que<br />
Maracujás descriptos; mas tem um in nas Alagoas dão este nome.<br />
vólucro em que estão contidas.<br />
E' arbusto trepador.<br />
O fructinho é de 3 á 6 centímetros, De caule enrugado.<br />
ovoide, quasi conico, verde, com três Fructo de 9 centimetros de diâmetro,<br />
saliências suturaes.<br />
com o pericarpo fino, e a substancia in<br />
Dentro é branco, tendo: muitas 'seterna cinzenta, como a do Maracujá-assú.<br />
mentes apegadas^ás paredes, e de fôrma Come-se.<br />
de trapesio ; são alouradas, cobertas de<br />
Maracujá nierint. — V. Mara<br />
uma substancia branca, transparente<br />
e ácida.<br />
cujá de garapa.<br />
Este fructo está envolto em três fo Maracujá perluclto. (?) — Esta<br />
lhetas, que são filamentos ramificados, espécie dá uma früctinha, de que fazem<br />
cobertos de pellos viscosos.<br />
em Pernambuco um bello doce.<br />
Fazem poucas vezes doce d'este Ma<br />
Vegeta nas mattas.<br />
racujá; porque prefere-se para este mister<br />
outros mais succulentos. Marajá ou Coqueiro Marajá.<br />
— Fam. das Palmeiras.— E' do Pará.<br />
Maracujá de garapa ou me- Os fruetos não se comem.
aos MAR MAR<br />
Marajá ou Tucum de Per chamam a esta flor Beijos ou Beijos de<br />
nambuco. — Bactris marajá, Mart. frade, excepto em Pernambuco onde é<br />
— Fam. das Palmeiras. — Palmeira co conhecida por Mararilha.<br />
nhecida por este nome no Pará, Ma V. uma planta de jardim, cujas floranhão<br />
e Alagoas.<br />
res são mui elegantes, de cores mui<br />
E' baixa; seu ramalhete nasce logo vivas e brilhantes.<br />
acima da raiz, com as folhas espar Parece que o Auctor da natureza<br />
sas.<br />
reservou para a Ásia a primasia na<br />
Tem espinhos, porém molles e fle producção das cores mais bellas do<br />
xíveis.<br />
mundo, quer naturaes quer artificiaòs.<br />
O cacho é pequeno, e os fruetos Está ha muitos annos acelimada en<br />
são dispostos verticalmente.<br />
tre nós.<br />
Cada um tem 1 54 centimetros, E' uma herva de 50 a 100 centi<br />
e fôrma oval; apresenta escamas em metros de altura.<br />
fôrma, de roseta na base, e um ponto Tem o caule herbaceo e suceulento.<br />
saliente no ápice.<br />
As folhas lanceoladas, molles o den-<br />
A côr externa é roixa, quasi preta, teadas; enchem-se de flores suas axil-<br />
na maturidade; o pericarpo um tanto filas.broso.<br />
Internamente élisoe tenaz, unido Estas tem um pedunculo á maneira<br />
a uma substancia mucilaginosa entre- de uma viseira, com um pequeno protecida<br />
de fibras molles que cobrem longamento; e mais interiormente uma<br />
um caroço redondo, chato de um lado corolla em fôrma de cartucho, que ora<br />
e convexo de outro, cujo tegumento é simples e ora é dobrada, isto é, tem<br />
é duro e contém uma amêndoa branca uma ordem de pétalas iguaes e sobre<br />
e duríssima.<br />
postas á outra.<br />
O gosto da frueta é acre doce. São de differentes cores, conforme a<br />
espécie ; brancas, roixas, encarnadas e<br />
Marangaba. — V. Yatoy.<br />
côr de rosa, ou cada flor matisada de<br />
varias cores; finalmente é uma flor<br />
Marangaba. — Psidium pigmeum, linda, mas de fraco aroma.<br />
Arr. Cam. -*- Fam. das Myrtaceas. — Tem por fructo uma cápsula foliacea,<br />
E' uma planta de Pernambuco. ovoide, cheia de sementes castanhas ;<br />
á menor pressão abrem-se as válvulas<br />
Maranha grande. — V. Mara da cápsula, torcendo-se sobre si mescujá-assú.mas<br />
e derramam cs sementes.<br />
Cultivam na Europa vinte e três espécies.<br />
Marapenima. — É uma arvore do<br />
Pará, onde tem este nome.<br />
E' colossal.<br />
Seu lenho é duríssimo, amarellado<br />
marchetado de veias pardas, que o<br />
tornam muito bonito.<br />
Ella é excellente para marceneria,<br />
e mui estimada por fingir tartaruga.<br />
Marapuama. — V. Muirapuama.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. — Plantas<br />
herbaceas ou subfructescentes, de folhas<br />
simplices ou compostas, alternas<br />
ou algumas vezes oppostas, munidas<br />
de estipulas na base.<br />
As flores são axillares ou terminaes.<br />
O cálice é formado de cinco sepa<br />
Maravaia. — V- Capim coco.<br />
las, muitas vezes desiguaes, e soldadas<br />
juntamente pela base, as vezes pro<br />
Maravilha. — Impatiens balsamina, longadas em fôrma de esporas.<br />
Linn. — Fam. das Balsaminaceas. — É A corolla se compõe de cinco pétalas<br />
originaria da índia.<br />
iguaes ou desiguaes, livres ou ligeira<br />
Em todas as províncias do Brasil mente coherentes entre si pela base.
MAR MAR 303<br />
Estas pétalas são em geral torcidas peoladas lhe parecem poder ser reuni<br />
em espiral antes de seu desabrochar. das aqui como simples tribu, distineta<br />
Os estames são em numero de cinco pelas carpellas em numero de três,<br />
a dez, raramente sete, são livres ou contendo cada uma um só óvulo.<br />
as mais das vezes monadelphos pela<br />
base de seus filetes.<br />
Mar ei na. — E' uma flor a que na<br />
As antheras são de duas lojas. Bahia dão este nome.<br />
As carpellas em numero de tíes á O arbusto é de 100 á 150 centimetros<br />
cinco mais ou .menos intimamente de altura.<br />
unidas entre si; cada uma d'ellas of Tem as folhas lanceoladas, oppostas e<br />
fereee uma só loja, contendo um ou apegadas ao caule.<br />
dois óvulos inseridos no angulo interno. A flor fôrma tubo esverdinhado, cir<br />
Os estyletes que nascem do ápice culado de palhetas côr de velludo ver<br />
de cada ovario se soldam entre si ; melho, com o centro amarello côr de<br />
e cada um d'elles termina em um es gemma d'ovo, sem tegumento foliatigma<br />
simples.<br />
ceo.<br />
O fructo se compõe de cinco cocas, E' ornamento de jardim.<br />
contendo uma ou duas sementes, fi Nas Alagoas chamam-na Mal-me-quer<br />
cando indehiscente e separando-se da de Cayenna.<br />
base para o ápice do eixo que as sustenta,<br />
arrastando cada uma comsigo Marfim falso. —Melochia nilida.<br />
o estylete que se torce em espiral e — Fam. das Bythneriaceas. — E' um ar<br />
fica adherente ao eixo pelo ápice. bustinho agreste e bonito conhecido nas<br />
As sementes se compõem de um em Alagoas por este nome.<br />
bryão mais ou menos curvo, imme- Seu caule é verde, de folhas alternas<br />
diatamente coberto pelo tegumento cordiformes e allongadas.<br />
próprio.<br />
Flores roixas em pequeninos grupos.<br />
Esta familia constitue um grupo Os fruetos são cápsulas, abrindo-se<br />
assaz natural para se reconhecer fa em valvas, e contendo uma semente<br />
cilmente as plantas que lhe pertencem. cada um.<br />
Alguns auctores, Mr. Aug. de Sainte<br />
»<br />
Hilaire entre outros, tinham restabele Maríim da folha grande. —<br />
cido a familia das Geraniaceas tal, Melochia umbelata.—Fam. idem. — Ar<br />
pouco mais ou menos, como ella tinha busto silvestre do Brasil, e que vegeta<br />
sido a principio fundada por Jussieu, á sombra das outras arvores.<br />
reunindo os differentes grupos que d'ella Tem a casca rugosa e escura.<br />
tinham sido retirados, as Oxalideas e As folhas, grandes, espatuladas e<br />
as Balsamineas.<br />
duras.<br />
Ach. Richard tinha partilhado esta As flores são brancas, com fraco<br />
opinião. Comtudo um exame mais at- aroma, e^em espigas, como pequenas<br />
tento levou aquelle botânico a separar angélicas.<br />
de novo estes grupos; indicando a res O fructo é redondo contendo, semenpeito<br />
de cada uma d'estas famílias os tes dispostas em circulo.<br />
caracteres que as distinguem entre si. A madeira é branca e duríssima ; pelo<br />
Os gêneros principaes que compõem que fazem d'ella. cabo de instrumentos<br />
esta familia são : Erodio, Geranio, Monagrários,<br />
e presta-se á outros fins.<br />
sonia, e Pelargonio.<br />
Conhem-n'a por este nome nas Ala<br />
Será preciso reunir as Geraniaceas o goas.<br />
gênero Tropcelum, ou .fazer d'elle o typo<br />
de uma familia distineta ?<br />
Marfim vegetal.—Phytelephas ma-<br />
Foi elle antes levado a admittir a crocarpa, Ruiz e Pav.\—Fam. das Pal-<br />
primeira d'estas opiniões , e as Tromeizas. — Arvore elegantejj do Peru e
304 MAÇ MAÇ<br />
do Brasil; porque habita os limites do —Cordtalichem (?)—Fam. das Cordiaceas.<br />
Império com aquella Republica. —Este arbustinho, de caule pardo o es<br />
Tem o porte elegante.<br />
branquiçado, fôrma moita, o é conheci<br />
As flores são de dois sexos distinetos. da por Maria preta de capoeira, ou Rompe<br />
O fructo, grande, encerra uma subs gibão nas Alagoas, e Língua de sapo<br />
tancia liquida e transparente, porém em Sergipe.<br />
insipida ; é próprio para estancar a sede Suas folhas são pequenas, ovaes,<br />
dos viandantes.<br />
pallidas, mui ásperas, e crespas.<br />
Este liquido torna-se branco como As flores em cachos, como espigas<br />
o leite, e é doce ; adquire pouco a pouco densas são pequenas e brancas.<br />
uma consistência tal, que se compara O fructinho é redondo, como bago de<br />
com a do marfim,<br />
chumbo gro3so; vermelho, com um ou<br />
Sendo extrahido da frueta apenas mais caroços dentro.<br />
de vez (quasi madura), e guardado por O pericarpo é fino membranoso lu-<br />
muito tempo, azeda, e endurece facilzente; tem um liquido avermelhado<br />
mente .<br />
dentro.<br />
N'este estado fazem d'elle vários ar_<br />
tefactos no Peru.<br />
São procurados pelos pássaros.<br />
Mari. — V Umari.<br />
Marianna. (Ancotinus (?) cauliflorus.<br />
—Fam. das Solanaceas (?) —Esta planta do<br />
paiz é suecedanea da Saponaria, tanto<br />
Mari-mari. — Cathartocarpus bra-, no uso medicinal como no industrial.<br />
silianus, Pers.—Fam. das Leguminosas<br />
— E' uma arvore indígena, alta, conhecida<br />
na Bahia pelo nome de Joa- Marianniitha, ou olho de St.<br />
sjeiro segundo nos informaram. Luzia. — Commelina deficiens. — Fam.<br />
E' uma semelhança da Cássia fistula. das Commelinaceas.—Esta herva graciosa<br />
Tem folhas grandes, amarellas, e por é conhecida por Marianninha em Ser<br />
fructo uma vagem lenhosa com polpa gipe, na Bahia e no Maranhão por<br />
semelhante á do Tamarindo.<br />
Trapoêrabo-rana, em Minas e também na<br />
E' levemente purgativa.<br />
Bahia (?) por Olho de Santa Luzia, na Parahyba,<br />
Alagoas e sertões do Norte por<br />
Maria Gomes.—V. João Gomes.—<br />
E* Lingua de vacca na Bahia.<br />
Taquarasinha d'água.<br />
E' uma planta rasteira, de caule nodoso<br />
que se ergue, com folhas lanceo<br />
Maria Leite. —V. Eerva de cobra,<br />
ou Eerva de Santa Luzia.<br />
ladas amplexicaules.<br />
Tem as flores azues parecendo umas<br />
borboletinhas, e por fructo uma cáp<br />
Maria Pires. — V Rabo de timbú. sula de três coccas e três sementes.<br />
Maria preta. — Conoclinium (pra- PROPRIEDADES MÉDICAS. —Tem no pesyfoliumt)D.<br />
C.—Fam. das Compostas. ricarpo um liquido albuminoso, que no<br />
— Esta planta conhecida na Bahia sertão é applicado contra as inflamma-<br />
por este nome, é aromatica e empreções dos olhos com feliz resultado segada<br />
como excitante.<br />
gundo consta. Applicam-n<br />
Maria preta, da campina,<br />
das Alagoas.— V. Páo cavallo,<br />
Maria preta da matta. — V.<br />
Baraúna.<br />
y o também na<br />
bronchite asthmatica , e em clysteres,<br />
constipações do ventre; em banhos contra<br />
o rheumatismo, e finalmente nas retenções<br />
espasmodicas de urinas , em injecções.<br />
Maria preta de Pernambuco.<br />
Marinheiro.—V. Gitó.
MAR MAR 305<br />
Marinheiro de folha larga. gas e Pernambuco conhecida por este<br />
i—Guarea spicaflora, St. EU.—Fam. das nome.<br />
Meliaceas.—Esta arvore vegeta nas mat È colossal, copada, de folhagem<br />
tas do Rio de Janeiro; é mui semelhante miúda, flores invisíveis.<br />
ao nosso Gitó.<br />
Fructifica no inverno.<br />
Tem a casca, e principalmente a raiz, Seus fruetos são nozes pequenas, de<br />
amargosa.<br />
15 millimetros de comprimento, ovoides,<br />
verdes pallidas exteriormente.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— Obra espe Seu tegumento é espesso e amarello^<br />
cialmente sobre o systema lymphatico; por dentro ; contem no interior um<br />
é empregada nas hydropisias , e obs- caroço, envolto em uma polpa vermelha ;<br />
trucções das vísceras abdominaes. abre-se esse fructo em duas valvas.<br />
Deve usar-se d'ella com precaução. A madeira d'esta arvore dá taboas<br />
Marinheiro de folha miúda.<br />
para obras de pouca importância, como<br />
caixões, portas para tugurios, etc.<br />
— Moschoxilon catharticum, Mart.— Fam. E' branca por fora, e fraca.<br />
idem. — É uma espécie semelhante á<br />
precedente, conhecida por este nome Marmellada de Sergipe. — Dão<br />
na Bahia e Minas Geraes.<br />
este nome em Sergipe ao fructo de<br />
um arbusto agreste, que é redondo,<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Applicam de 30 millimetros de diâmetro, pare-<br />
a decocção d'esta planta, em clysteres, cendo-se com um Jenipapo, de côr roixa<br />
nas febres terças, - na dose de 15 escura.<br />
grammas da raiz fresca.<br />
E' comestível.<br />
Parece ser uma espécie do Marmello<br />
Mari riço. — Sisyrinchium galaxioi-, das Alagoas.<br />
des, Gom. — Fam. das Irideaceas.— É<br />
uma herva semelhante a um capim, Marmelleiro da China. — Cy-<br />
com bulbo na raiz, e flores em pendão. donia sinensis, Thonim. — Fam. d as Rosaceas.<br />
— Como da Bahia para o Rio de<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — A raiz é Janeiro já existe este fructo, convém<br />
doce e sem cheiro; reduzida a pó, é dar noticia d'elle.<br />
um brando laxante, muitas vezes em Este Marmelleiro é natural da China,<br />
pregado, e útil nas moléstias dartrosas. e cultivado nos jardins da Europa.<br />
Em clysteres é mui usado nas crianças,<br />
e como anti-hemorrhoidal nos E' uma bella planta, que sobe a 9<br />
adultos.<br />
metros de altura pouco mais ou menos,<br />
revestida de folhas ovaes, ob<br />
Marmajuda brava. — Bixa alalongas, de cor verde clara, e lisas.<br />
goana. — Fam. dás Bixaceas. — E' uma As flores são grandes e bellas; nas<br />
arvore indígena colossal, que nas Alacem na extremidade dos ramos, com<br />
goas tem este nome.<br />
o aspecto de rosas ; são brancas,<br />
Seu fructo é uma cápsula de 15 mil rajadas de côr de rosa; tem por fora<br />
limetros, subcordiforme, eriçado de um cálice bojudo, e no centro um feixe<br />
pontas molles e flexíveis, de côr de de filetes.<br />
castanha, vermelha por ''fora, e por O fructo, em fôrma de pião, é<br />
dentro côr de velludo encarnado; con amarello na maturidade, e offereee dentem<br />
algumas sementes avermelhadas ; tro cinco alojamentos, nos quaes contem<br />
abre-se em valvas.<br />
varias sementes mui pequenas, e uma<br />
substancia mucilaginosa, da qual se<br />
Marmajuda mansa. — Bixa. — faz um xarope adstringente, applicado<br />
Fam. idem. — Arvore silvestre, nas Ala- nas diarrhéas.<br />
41
30« MAR MAR<br />
A polpa do fructo é compacta, e<br />
mui áspera; este é do tamanho pouco<br />
mais ou menos de uma laranja pequena.<br />
E' aromatico, e precisa estar bem<br />
maduro para se poder apreciar.<br />
do-se que o Marmelleiro, que cresço no<br />
litoral, nfio é tão aromatico como o<br />
que cresce no centro, talvez por influencia<br />
do clima.<br />
Marmellciro do matto.Casea—<br />
Marntcllo das Alagoas.— Chamam<br />
assim nas Alagoas a uma frueta<br />
redonda, á semelhança de um Gcnipapo,<br />
rea ulmifolia, Vahl. -Fam. das Samy- porém menor.<br />
deas.— YMe Marmelleiro, oriundo do E' proveniente de uma arvore de fo<br />
Brasil, é um arbusto que em Minas lhas grandes, de casca parda, e que<br />
Geraes tem este nome.<br />
dá bons caibros.<br />
Tem as folhas oblongas.<br />
Tem este fructo o pericarpo pardo,<br />
As flores pequenas, em cachos, e esponjoso, e dentro muitas sementes,<br />
parece-nos que brancas.<br />
envoltas em uma espécie de mel.<br />
Os fruetos pequenos, ovaes, abremse<br />
em três valvas, com muitas semen Marntcllo commum.—Cydonia<br />
tinhas dentro.<br />
vulgaris, Lamk. ; e Pyrus cydonia, Linn.<br />
—Fam. das Rosaceas.—Esta espécie, ori<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— Esta planta ginaria da Ásia menor, é muito aceli<br />
é poderoso antídoto contra a mormada em Portugal e em todo o Meiodedura<br />
das cobras' as mais venenosas. Dia da Europa.<br />
O seu emprego consiste em beber o E' cultivada nas províncias do Sul,<br />
sueco das folhas pisadas, e collocar como S. Paulo, Santa Catharina, Rio<br />
a folha sobre a ferida; o que, dizem, Grande do Sul, e no sertão da Bahia.<br />
produz resultados favoráveis, e um E' uma arvore regular, de cinco me<br />
effeito seguro.<br />
tros de altura, pouco mais ou menos.<br />
Floresce em Janeiro.<br />
Esgalhada, com folhas alternas, ovaes<br />
e cobertas de pellos, principalmente na<br />
Marmelleiro do sertão.—Elaco- parte inferior, e macias ao tacto.<br />
coca aromatica.— Fam. das Euphorbia As flores são mui grandes, brancas<br />
ceas.— Este arbustinho é conhecido no e rajadas de côr de rosa; nascem nos<br />
littoral de Pernambuco e seus sertões, extremos dos ramos novos.<br />
nas margens do Rio de S. Francisco, O fructo é pyriforme, do volume de<br />
na Parahyba, Alagoas, Sergipe e Cea um limão doce, tem a polpa dura e<br />
rá, e tratado por Marmelleiro. áspera, mesmo na sua completa matu<br />
Tem três metros de altura.<br />
ridade, e um cheiro activissimo.<br />
Caule esbranquiçado.<br />
Amadurece em Outubro.<br />
Folhas um tanto pequenas, com os Este marmello tem-se espalhado por<br />
peciolos louros, ovaes, allongados, de toda a Europa.<br />
verde claro e molles.<br />
Ha muitas espécies em Portugal, e<br />
As flores, em espigas, formando ca principalmente em Gárona, onde ha<br />
chos brancos, donde ellas cahem com muitas fabricas de marmellada Cotignac<br />
muita facilidade.<br />
ou Codognac : esse bello doce, que tanto<br />
São de dois sexos; as férteis de se encontra nos banquetes, como, para<br />
senvolvem um fructinho, oval, trigono uso de doentes, nos hospitaes.<br />
com 3 corocinhos dentro.<br />
O fructo é doce, ligeiramente ácido<br />
E' este o Marmelleiro, com que os e adstringente.<br />
nossos sertanejos, no charqueamento Assado , com assucar em seu interior,<br />
das carnes, cobrem as mantas de é peitoral.<br />
carne, e com cujos ramos lhes im As sementes são mucilaginosas, de<br />
primem um aroma agradável; notan- um uso medico freqüente.
MAS MAT 307<br />
Marroio do Brasil.—Marrubium naceus, Mart. — Fam. das Gramineas. —<br />
americanum- — Fam. das Labiadas. — E' uma espécie de capim, cuja virtude<br />
uma planta herbacea, de porte pequeno , medicinal é ser diuretico.<br />
aromatica, como uma espécie de Mangericão.<br />
Massarandiba. — Eugenia, Pison.<br />
Empregam-na como desobstruente. — Fam. das Myrtaceas. — E' uma arvore<br />
indígena, cujos frnctos são agradáveis<br />
Martello.— V. Rasteiro.<br />
e assucarados.<br />
Bebe-se o sueco como emolliente, nas<br />
Maruaruna.—V Algodoeiro bravo. affeções da garganta e do peito.<br />
Marubá. — Simaruba officinalis. — Mastruço.—Lepidium sativum, Linn.<br />
Fam. das Rutaceas.—Esta planta vegeta — Fam\ das Cruaferas. — As descripções<br />
no Pará e Amazonas.<br />
vulgares e botânicas esclarecerão bem a<br />
E' bastante amarga.<br />
confusão que existe entre as duas<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— Empregada<br />
plantas Mastruço e Mentruz.<br />
Na Europa cultiva-se uma planta, cujo<br />
como tônica, anti-febril, e aconselhada nome em Portugal é Mastruço, Lepidi<br />
nas dysenterias e leucorrhéas. um . sativ um, Linn.<br />
Fazem muito uso d'ella, porque goza<br />
Mary ou Mari.—Geoffroya.—Fam. da propriedade acre e picante; serve<br />
das Leguminosas. — Fructo agreste, de de adubo nas saladas, e mesmo come-<br />
uma arvore, a que em Pernambuco dão se independente d'isso.<br />
este nome.<br />
Possue virtudes antiscorbuticas.<br />
Esta arvore é copada, mediana, de No norte do Brasil, porém, chama-se<br />
folhas miúdas, compostas.<br />
Mastruço. a Eerva de Santa Maria do<br />
Flores, em cachos, brancas e chei Rio de Janeiro (Chenopodim ambrosirosas.oides).<br />
O fructo tem o aspecto de uma pequena<br />
manga, pendente de um pedunculo Mastruço da America. — Sene-<br />
longo, e fíliforme.<br />
biera pinnátifida, D. C. —Lepidium ame<br />
Tem dez millimetros de diâmetro, é ricanum, Vell. —Fam. idem.—Esta plan<br />
ovoide, ou em cone oblíquo, de côr ta herbacea, de nome Mastruço, é da Eu<br />
verde amarellada.<br />
ropa, mas também vegeta na America.<br />
Pericarpo grosso, unido á parte in E' uma planta de folhas recortadas.<br />
terna, que é branca, viscosa e compacta, Flores brancas, pequenas, tendo por<br />
com uma semente oval, muito agarrada fructo uma vagem pequenina e acha<br />
no centro; a superfície externa é pubestada.cente. Este caroço, e mesmo o fructo, passa Mastruço do Brasil.—Senebi-<br />
por adstringente.<br />
era incisa, Wild. — Fam. idem. — Tem<br />
Em tempo de fome o povo do sertão as folhas repartidas em três e quatro<br />
come esses fruetos cosidos; algumas lacineas.<br />
pessoas comem mesmo crus.<br />
Confunde-se quasi com o fructo do Mastruço de Buenos Ayres.<br />
Angelim..<br />
—Lepidium bonariense, Linn.—Fam. idem.<br />
Nas grandes sêceas, quando esta ar — Tem as folhas multífidas, primadas<br />
vore começa a transpirar pela casca a e ciliadas, de pontos mui diminutos.<br />
ponto de verter gottas de liquido, é O caule glabro.<br />
signal de chuva próxima.<br />
Silicula orbicular.<br />
Massambará. — Trachypayon ave- Mata-canna.— V- Caa-ataya.
308 MAT MAT<br />
Mala fonte.—Espécie de mandioca. lenhosa, achatada, oval, com quatro<br />
Tem a raiz quasi toda fora da terra, lojas dentro ; contendo as sementes.<br />
e o caule roixo.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—AcaseadVsta<br />
Mata fome brava. — Paulinia trepadeira é empregada nu phtysica pul<br />
communis.—Fam. das Sapindaceas.—Esta monar e na asthma, na dose de 11!<br />
planta trepadeira vegeta em qualquer grammas para 500 grammas d'agua,<br />
lugar : nos quintaes, beiras de estradas três vezes por dia.<br />
e capoeiras; é semelhante a de Pernambuco,<br />
mas as folhas differem, em Mata páo. —Clusia insignis—Fam.<br />
que não tem uma espécie de expan das Clusiaceas. —E' uma planta trepasão<br />
membranosa, que no peciolo une deira do Brasil, e um sipó que se en-<br />
uma á outra; e o fructo é menor. rosca nas arvores das mattas.<br />
Não é tão desenvolvido ; a semente é<br />
a parte comestível entre nós. Mata-pasto de Pernambuco.<br />
As vergonteas são frágeis, não se — Cássia sericea, Swart. —Cássia dormi-<br />
prestam para amarrar.<br />
cus, Linn. — Fam. das Leguminosas. —<br />
Floresce em Março, Abril e Maio. Esta planta indígena tem este nome em<br />
Pernambuco e Alagoas.<br />
Mata fome, de Pernambuco. E' herbacea, de folhas compostas de<br />
— Paulinia edulis.— Fam. idem. —Dão côr verde clara, obovaes e sem brilho.<br />
este nome em Pernambuco a uma planta As flores amarellas, em cachinhoa<br />
trepadeira, que tem as vergonteas re- como as do Fedegôso, do geral das proguadas.víncias<br />
; tem aroma agradável.<br />
As folhas compostas, de côr verde Apresenta por^ fruetos umas vagens<br />
viva, lustrosas, ovaes e oblongas. estreitas, lisas, semi-quadradas, par<br />
Tem gavinhas.<br />
das, curvas, de quasi 25 centimetros<br />
As flores, em espigas, são brancas, de comprimento.<br />
pequenas, e tem algum aroma.<br />
As folhas murcham ao pôr do sol, e<br />
O fructo, em cacho, é pyriforme abate-se o seu vigor, para activar-se no<br />
e vermelho rubro, sem brilho e trigono;<br />
abre-se em três valvas ; a parte<br />
dia seguinte ao nascer do sol.<br />
vermelha interessa o pericarpo da frueta PROPRIEDADES MÉDICAS. —Esta planta<br />
por dentro, que é coriaceo.<br />
possue muitas virtudes.<br />
Tem três lojas, nas quaes encerra O cosimento das folhas, ou mesmo o<br />
cada um, um caroço oval, compri sueco, é empregado contra as febres<br />
mido, com dois terços cobertos de uma malignas, pleurizes, etc.<br />
substancia furfuracea, branca, que co O cosimento da raiz, para combater<br />
mem, ficando nú um terço do caroço, as dores em qualquer parte do corpo<br />
que é preto, e um tanto viscoso den e as de dentes.<br />
tro.<br />
A tintura e o vinagre d'esta planta<br />
Presta-se, como Cipó, para amarrar fazem desapparecer os dartros, mas é<br />
se com elle as cercas; é de alguma sempre preciso algum outro remédio<br />
consistência.<br />
interno (Fig. 26.)<br />
Mata-Mata. — Lecythis idatimon , Mata pasto vermelho. — Cw-<br />
Aubl. — Fam. das Myrtaceas.—Planta sia stipulata — Fam. das Leguminosas. —<br />
do Pará, de casca lisa.<br />
Esta espécie de Mata pasto, conhecida<br />
Folhas miúdas.<br />
nas Alagoas por este epitheto de ver<br />
Flores, em cachos, e grandes, são melho, é tão bem chamada Feijão bra<br />
amarellas.<br />
vo.<br />
O fructo como uma cápsula, semi- E' mui semelhante ao precedente;
MAT MAT 309<br />
differe, porém, por ter o caule coberto O cálice, ligeiramente tubuloso na<br />
de pellos; por ter as flores como que base, offereee um limbo de 4 ou 5<br />
unidas" por pares de um modo particu divisões estendidas, imbricadas depois<br />
lar, e pela vagem chata, com as se de sua prefloração.<br />
mentes quasi redondas.<br />
A corolla se compõe de 4 a 5 péta<br />
Não se conhece prestimo d'elle senão las planas, ligeiramente carnosas, sem<br />
o de prejudicar as lavouras.<br />
unguiculos inseridos sob o disco.<br />
Os estames, alternos com as pétalas,<br />
Matarana ou Matatarana. — são inseridos na borda do disco, ou na<br />
Kcempferia longifolia Red. eSil. —Fam. sua face superior.<br />
das Amomaceas. — E' uma herva inte O disco é perigynico e parietal, cirressante,<br />
originaria da America e da cumdando o ovario.<br />
índia, a qual, tendo este nome em Per Este é livre; tem 3 ou 4 lojas, connambuco,<br />
é nas Alagoas conhecida por tendo cada d'ellas um ou mais 'óvulos,<br />
Matatarana.<br />
ligados por um podosperma filiforme,<br />
Tem folhas ovaes, oblongas, verdes no angulo interno de cada loja, e as<br />
por cima e roixeadas por baixo, um cendente.<br />
pouco enroladas sobre si.<br />
O fructo, que algumas vezes é uma<br />
As flores dão em um pendão erecto, drupa secca, é mais geralmente uma<br />
envoltas em umas bracteas , raiadas cápsula de 3 ou 4 lojas, abrindo-se em<br />
de vermelho.<br />
3 ou 4 valvas, das quaes cada uma<br />
Ellas são brancas, e tem pétalas es traz um septo no meio da face interna.<br />
treitas e purpurinas.<br />
As sementes, algumas vezes cobertas<br />
O fructo é uma cápsula.<br />
por um arillo carnoso, contém um en<br />
A raiz é composta de uma quantidosperma carnoso, nó qual existe um<br />
dade de tuberculos roliços, oblongos, embryão axilo e homotropo.<br />
de 10 á 15 milímetros de comprimento.<br />
Tem um pericarpo foliaceo, branco, sec- Mate ou Congonha do camco<br />
e fino, formando anneis sobrepospo. — Luxemburgia polyandria, St. EU.<br />
tos.<br />
— Fam. ds Tranheniaceas. —Esta planta<br />
O corpo da raiz é uma massa branca, é de Minas.<br />
dura, succulenta e doce; extrahe-se E' um arbustosinho de folhas alter<br />
d'ella uma fecula excellente, que tem nas, estreitas, oblongas.<br />
muito emprego.<br />
Flores em cachos, um tanto grandes,<br />
Come-se de toda a maneira. amarellas.<br />
A planta floresce em Maio e Junho. Tem por fructo uma cápsula de três<br />
ângulos , contendo muitas sementinhas<br />
Matstaúba. —V- Sambacuim.<br />
membranosas dentro.<br />
E' usada como chá, e também reco<br />
Mate. — llex paraguayensis , Lamnhecida por Mate.<br />
bert. — Fam. das llicineas. — Herva<br />
oriunda do Paraguay e do Brasil. Mate-me embora. —E'uma gra-<br />
Tem as folhas allongadas e denteadas. minea empregada no Norte.<br />
Flores miúdas, em cachos.<br />
Esta planta constitue o grande com Mathias.—Cacalia óptica.—Fam. das<br />
mercio do chámale do Paraguay. Compostas.—E' um arbusto que tem este<br />
nome em Pernambuco ; em Alagoas o<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. — Esta fa de Cipó Mathias e Estanca sangue, e em<br />
milia é composta de arbustos de folhas Sergipe o de Assa peixe.<br />
alternas, ou algumas vezes oppostas. E' indígena, e cresce até a altura de<br />
De flores axillares, dispostas em ci 3 a quatro metros.<br />
mos.<br />
Tem o caule alongado, anguloso e
310 MEC MEI<br />
fraco nas pontas dos ramos; fôrma cana, Linn.—Fam. das Convolvulaceas.—<br />
soqueira.<br />
O meehoação é uma planta da America<br />
As folhas, ovaes, são meio ásperas, e meridional.<br />
as flores, em cachos, de côr roixa, com E' trepadeira, de caules flexíveis e<br />
aroma suave.<br />
angulosos.<br />
Os fructinhos são como pequenas pe As folhas, cordiformes, e alternas.<br />
vides pardas.<br />
As flores brancas ou roixas, com pe<br />
Esta planta é conhecida em muitos dunculos longos.<br />
lugares do interior por Mangericão das A raiz é uma tubera earnosa, que<br />
mocas.<br />
tem um sueco leitoso, que já foi muito<br />
Torna-se muito importante pelas vir empregado em medicina debaixo do<br />
tudes médicas que tem.<br />
O sueco de suas folhas e flores, di<br />
nome de Mechoacan.<br />
zem que tira belides ; o cosimento d'el- Medicineiro. —Jatropha officinalis.<br />
las é utilissimo nas grandes fluxões, — Fam. dos Euphorbiaceas. —E' um ar<br />
mesmo n'aquellas que têm affectado os busto leitoso semelhante aos nossos<br />
pulmões, nas tosses, etc.<br />
Pinhãoeiros, especialmente na structura<br />
E' applicada a beberagem da raiz para da flor e do fructo.<br />
estancar as hemorrhagias, d'onde lhe E' muito empregado e elogiado nas<br />
vem o nome que nas Alagoas lhe dão<br />
de Tramanhem : estanca sangue.<br />
moléstias syphiliticas.<br />
Matombo.— V. Mutamba.<br />
Melmendro negro.—Eyosciamus<br />
niger, Linn. — Fam. das Solaneas. — Esta<br />
planta exótica, natural da Europa, cul<br />
Maturi. —E' a frueta do Cajueiro tiva-se no Brasil.<br />
no estado primitivo.<br />
Tem o caule grosso, com folhas largas,<br />
compridas, fendidas e lanuginosas.<br />
ülaxixeiiho. — Arvore agreste do As flores são semelhantes ás da Ro<br />
Brasil, conhecida por este nome em meira, afuniladas, amarellas, raiadas de<br />
Alagoas e Pernambuco.<br />
vermelho, com as sementes parecidas<br />
Suas folhas são miúdas.<br />
com as da Papoula.<br />
Dá poucos fruetos, que são ovoides, Ha três espécies :<br />
cheios de protuberancias á semelhança A primeira, de semente negra é em<br />
do Maxixe, e divididos por dentro em pregada em medicina ; é venenosa.<br />
duas cavidades, com uma semente cada A segunda, de semente vermelha e de<br />
uma.<br />
flores amarellas.<br />
A terceira, finalmente, de flores e se<br />
Mayacá. —Xiris americana Aubl.— mentes brancas e oleosas.<br />
Fam. das Restiaceas.—E' uma herva que<br />
vegeta na Cayenna e em terrenos do PROPRIEDADES MÉDICAS. —A raiz é<br />
Brasil.<br />
empregada em grande numero de mo<br />
Tem caule allongado, em que florece. léstias : nas tosses, coqueluche, asthma<br />
Folhas estreitinhas e longas. etc.<br />
Flores em grupos redondos no caule, Internamente, na dose de 5 centigram<br />
e fructo em cápsula.<br />
mas a 3 decigrammas.<br />
Esta planta, em infusão no vinagre Externamente, em fomentações, cata-<br />
ou óleo, é bom remédio para certas afplasmas, pommada, etc.<br />
fecções da pelle.<br />
Meirú de preto.—Guatteria sca-<br />
Mechoacana.— V. Jaticucú, Jetucú. riosa.—Fam. das Anonaceas.—E' um<br />
( arbusto, que nas Alagoas tem este nome,<br />
Meehoação. — Convovulos mechoa-<br />
de ramos que pouco engrossam.
MEL MEL 311<br />
Casca escura.<br />
Folhas oblongas, ovaes, escuras e<br />
ásperas.<br />
Flores grandes, apegadas ao caule»<br />
côr de barro amarello esverdinhado,<br />
com as pétalas carnosas, como estrellas<br />
bordadas, e um cone no centro.<br />
Dá fruetos reunidos em grande nu<br />
Algumas pessoas espalham os ramos<br />
d'esta planta pela casa, ou a varrem<br />
com elles, para afugentar as pulgas-<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — É muito<br />
usada contra mordeduras de cobras, e<br />
picadas de insectos.<br />
Applica-se externamente a tinetura,<br />
mero, á maneira de bilros ; são cápsulas em algodão ou fios embebidos, sobre a<br />
ovoides, pediceladas, com um caroço ferida ou picada, e internamente di<br />
preto e lustroso interiormente. luída em água fria ou mesmo pura-<br />
Para as crianças bastará uma co-<br />
Meladinha falsa. — Ruellia verlherinha, das de chá, misturada com<br />
ticiflora. —Fam. das Labiadas. —Esta igual quantidade d'água, de quinze em<br />
espécie cresce pelas bordas das estra quinze minutos; e para os adultos, dardas,<br />
quintaes, etc.<br />
se-ha uma colher, das de sopa, da<br />
E' assim conhecida em Pernambuco. mesma fôrma e com o mesmo espaço<br />
Cresce até a altura de 1 metro pouco de tempo. .<br />
mais ou menos.<br />
Também sua applicação tem sido<br />
E' esgalhada, de caule e ramos qua coroada de felizes suecessos no tradrangular<br />
es.<br />
tamento da asthma, catarrhos asthma-<br />
Folhas pequenas, crespas e oppostas, ticos e tosses nervosas rebeldes, nas<br />
com pellos, que na extremidade tem<br />
uma glândula viscosa, como gotta de<br />
mesmas doses.<br />
orvalho.<br />
Melambo. — Drymis Winteri. Mart.<br />
As flores são como pequenas angé — Fam. das Magnolíaceas. — Bonita arlicas,<br />
curvadas, e de cor roixa. vore da America, com folhas alternas,<br />
O fructinho é uma cápsula diminuta, ovaes e obtusas.<br />
que se abre em quatro secções, espa Flores sobre pedunculos compridos,<br />
lhando muitas sementes miudissimas. solitárias ou reunidas em pencas, e<br />
pequeninas.<br />
Meladinha verdadeira. — Ste- O fructo é uma baga globulosa, pemodia<br />
viscosa. —Fam. das Labiadas.— quena, glabra, e do tamanho de uma<br />
Planta conhecida em Pernambuco por ervilha.<br />
este nome, no Pará e Maranhão por Paracary,<br />
São Pedro cáo e Eortelã brava, PROPRIEDADES e MÉDICAS. — A casca do<br />
na lingua tupy por Boia-caá; alastra forMelambo<br />
é applicada contra as febres,<br />
mando touceira, mas ergue seus ramos e útil nas dysenterias e atonia in<br />
até a altura de 50 centimetros pouco testinal.<br />
mais ou menos.<br />
Andonard a aconselha na febre ama<br />
O caule é quadrangular.<br />
rella.<br />
As folhas oppostas, dispostas em É contra-indicado quando ha irri<br />
cruz, estreitas, com as bordas recortação franca.<br />
tadas, approximadas ao caule e de côr A dose é de 15 grammas em infusão.<br />
verde amarellada, dotadas de certa<br />
viscosidade, por meio da qual podem Melancia.—Cucurbita citrullus, Linn.<br />
prender pequenos insectos.<br />
— Cucurbita ánguria, Duches. — Fam.<br />
As flores são isoladas e pequenas, das Cucurbitaceas. — É um fructo tão<br />
de côr roixa purpurea.<br />
geralmente conhecido e estimado, que<br />
O fructo é uma capsulasinha oval, que em quasi todo o mundo o cultivam.<br />
se abre em duas valvas, deixando Seu nome entre nós é Melancia, e<br />
sahir muitas sementinhas de dentro. na Europa Melão d'agua ou Pasteque.<br />
*
31S MEL MEL<br />
Sua pátria não está bem determinada,<br />
mas julga-se ser a índia.<br />
No meio dia da Europa cultiva-se<br />
em abundância, com muito trabalho,<br />
bem como nós o temos ; pois ella exige<br />
algum cuidado, maxime na Europa<br />
por lhe ser extranho o clima.<br />
A Melancia é um fructo proveniente<br />
de uma planta herbacea, rasteira, cujos<br />
ramos se alastram, e são sulcados<br />
de regos.<br />
As folhas, alternas, com peciolos um<br />
tanto longos, são palmadas, e divididas<br />
em diversos lobos; e todas estas<br />
partes são cobertas de pellos ásperos,<br />
que espinham.<br />
As flores são pequenas, amarellas,<br />
como rosinhas, umas estéreis, outras<br />
trazendo o rudimento do futuro<br />
fructo.<br />
Este cresce até diversos tamanhos<br />
de 25 a 75 centimetros; é liso, de<br />
fôrma oblonga ou redonda, apresentando<br />
ás vezes um pequeno collo.<br />
O pericarpo é liso, e mesmo lustroso,<br />
de verde e branco, de verde<br />
marchetado, e de verde puro ; é fino<br />
e coriaceo.<br />
Liga-se internamente a uma substancia<br />
branca esverdinhada, aquosa,<br />
frouxa e espessa; esta continua-se<br />
com a verdadeira polpa do fructo,<br />
que enche todo o seu interior.<br />
E' uma substancia análoga, porém<br />
mais desenvolvida e aquosa, doce,<br />
vermelha ou côr de rosa, alojando,<br />
em muitos pontos, sementes ovaes,<br />
comprimidas, pretas, e, em outra<br />
espécies, vermelhas, em lojas especiaes<br />
(pevides).<br />
Esta semente é revestida por um<br />
perisperma corneo, encerrando uma<br />
amêndoa com a mesma fôrma, branca,<br />
e da qual se faz orchata nas pharmacias<br />
e confeitarias.<br />
A melanciaé refrigerante, agradável,<br />
e estando sazonada nada tem de maliciosa<br />
; mas é preciso não comel-a<br />
estando-se cansado, e o corpo muito<br />
quente, suado, visto como o resfriamento<br />
que ella produz pode trazer graves<br />
conseqüências.<br />
Ha uma espécie á que em Pernambuco<br />
chamam Melancia da Índia ; tem<br />
a polpa branca, e ás vezes a semente<br />
também.<br />
No Brasil, e principalmente nos sertões,<br />
é onde apparecem as melhores<br />
melancias.<br />
Também se desenvolvem muito era<br />
certas localidades das províncias; em<br />
Pernambuco, nas Curcuranas e na ilha<br />
de Itamaracá, onde quasi todos os<br />
fruetos são bons.<br />
No Ceará crescem muito, mas não<br />
se come porque amargam.<br />
Melancia de cobra.— Cucumis<br />
chelonianus.— Fam. das Cucurbitaceas.—<br />
Herva agreste, que tem este nome nas<br />
Alagoas.<br />
E' uma plantinha delicada, que alastra,<br />
e se enrosca sobre as outras<br />
plantas, com órgãos próprios para<br />
esse fim, de caule finíssimo.<br />
Folhas pequenas, e de cinco pontas.<br />
Tem as flòrinhas amarellas, e os<br />
fruetinhos á semelhança de pequenos<br />
pepinos.<br />
São de 10 a 15 milímetros de comprimento,<br />
cylindricos, com três lojas<br />
cheias de sementes, brancas e chatas,<br />
sendo a massa interna esverdinhada<br />
e aquosa.<br />
Dão-se clysteres do cozimento das<br />
folhas d'esta herva nos ataques hemorrhoidaes,<br />
e nos catarrhos intestinaes.<br />
Melancia da praia. — Solanum<br />
arrebenta, Vell.—Solanum agrarium, Fl.<br />
Flum.—Fam. das Solanaceas. —E' um<br />
fructinho, que tem este nome em Pernambuco<br />
; na Bahia chamam-n'a Baba,<br />
no Rio de Janeiro, S. Paulo e Minas<br />
Arrebenta cavallo, e em Alagoas Min-<br />
golla.<br />
Provem de uma herva, que ergue seus<br />
ramos até 50 centimetros.<br />
O caule e folhas eriçadas de espinhos.<br />
As folhas são grandes, em proporção,<br />
apresentando lobos, com os peciolos<br />
cheios de espinhos.<br />
As flores, que são reunidas em pe-
MEL MEL 313<br />
quenos grupos, formam estrellas de côr<br />
verde amarellada.<br />
O cálice é também estrellado e cheio<br />
de espinhos.<br />
O fructo é bonito; é redondo, meio<br />
achatado na base, que é adherente a<br />
esse cálice; vermelho liso, marchetado<br />
de mais escuro ou de mais claro.<br />
O pericarpo é uma pellicula, que encerra<br />
uma massa branca, frouxa, prateada,<br />
semi-esponjosa, doce e com um<br />
principio ácido; é' cheia de muitas sementes<br />
reniformes, chatas.<br />
Come-se esta massa, mas não é das<br />
boas fruetas.<br />
Diz-se que ella faz desvanecer o que<br />
se chama pannos na pelle, (manchas.)<br />
mundo civilisado, onde, por meio de<br />
artifícios e trabalho, se os adquire como<br />
na Europa, que possue d'este fructo<br />
grande quantidade de variedades.<br />
Não nos é possível apontar essas variedades,<br />
por isso damos somente três<br />
das principaes, a saber:<br />
Primeira- Melão jardineiro.—É redondo;<br />
sua polpa é espessa, e abunda em sueco<br />
aquoso.<br />
Este melão, e os outros d'esta quali<br />
dade, passam por mais nocivos, e mes<br />
mo capazes de produzir febre.<br />
Segunda : Melãosinho laranja de Florença.<br />
— Este é pequeno, redondo, apre<br />
Melão.—Cucumis melo, Linn.—Fam.<br />
senta gomos, é verde claro ou escuro,<br />
e tem uma cavidade pequena, com<br />
a polpa avermelhada; é muito bom, e<br />
amadurece muito depressa.<br />
das Cucurbitaceas.—Este fructo excellente, Terceira : Melão da matta. — Occu-<br />
que está na ordem dos melhores do pa o meio entre os dois ; amadurece<br />
mundo, é originário da Ásia.<br />
também com presteza, é oblongo, sua<br />
E' proveniente de uma planta rasteira, polpa é branca, aromatica, e doce.<br />
semelhantemente á melancia, differindo<br />
nas folhas, que são quasi redondas, Melão de caboclo. — F. Croá.<br />
apresentando apenas cinco lobos mais<br />
salientes.<br />
Melão de S. Caetano. — Momor-<br />
As flores são parecidas.<br />
dica charantia, Linn. — Fam. idem.—Al<br />
O fructo porém offereee grande difguns chamam-n'o simplesmente, S.<br />
ferença.<br />
Caetano, como na Bahia.<br />
O Melão varia de tamanho; é de or E' uma herva elegante, indígena, que<br />
dinário de 25 á 50 centimetros pouco se presta a com ellas formar-se cara-<br />
mais ou menos, de fôrma oblonga ou manchões.<br />
arredondada, com gomos ou sem elles ; O Melão de S. Caetano é uma frueti-<br />
de côr amarella pallida, ou verde desnha, proveniente de uma «herva trepamaiada,<br />
ou apresentando mescla desdeira, de caules sulcados, verdes e<br />
sas duas cores.<br />
finos.<br />
O pericarpo é coriaceo, delgado, uni Folhas alternas, com peciolos um<br />
do á uma camada tenra, esverdinhada, tanto longos ; ellas são divididas em<br />
cuja espessura é de 12 millimetros cinco ou sete lobos; são molles, sem<br />
pouco mais ou menos; ella vai-se tor lustro, têm gavinhas, pelas quaes se<br />
nando cada vez mais branca, doce e agarram aos outros corpos.<br />
süccülenta, e tomando a côr amarella. As flores, solitárias, são amarellas<br />
Offereee uma Cavidade no centro, oc- claras, em fôrma de ros^s simples, de<br />
cupada por uma grande porção de se cinco pétalas: umas são estéreis, outras<br />
mentes, presas por filamentos verme fecundas; as segundas dão um fructo<br />
lhos.<br />
de 16 a 30 millimetros de compri<br />
Estas sementes são estreitas, ellipmento, afinado para as extremidades,<br />
ticas, brancas, de perisperma corneo ou eriçado de aculeos molles, pendente-de<br />
coriaceo; esta substancia desenvolvida longos pedunculos filiformes.<br />
é a polpa apreciada do Melão.<br />
O pericarpo é côr de ouro, de i á 2<br />
O Melão cultiva-se em quasi todo o milímetros de espessura; abre-se expon-<br />
42
314 MEL MKN<br />
taneamente em três porções, deixando<br />
ver uma substancia polposa da mesma<br />
côr, lustrosa e doce, apegada ás paredes<br />
internas crivada de sementes<br />
brancas e ellipticas.<br />
As sementes, muitos comem, attrahidos<br />
pelo sabor, que ê doce e não desagradável;<br />
mas tem a propriedade de<br />
exacerbar as hemorrhoides.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. —Essa polpa,<br />
a que se ligam os caroços, sendo raspada<br />
e bem machucada com um pouco<br />
de sabão, até que mude de côr, fôrma<br />
um unguento suppurativo, que é proveitoso<br />
nos tumores, bem como leicenços,<br />
furunculos e mesmo carbúnculos,<br />
etc.<br />
O sueco do caule e folhas, misturado<br />
com álcool, combate as febres intermittentes.<br />
Cosem-se as folhas em duas ou três<br />
águas, e depois comem-se, e são boas.<br />
Esta planta foi um especifico na cura<br />
das hydropisias, consecutivas ao cholera,<br />
no Brejo dAreia, tomada em xarope<br />
por colheres de sopa, uma de 4<br />
em 4 horas.<br />
Tem sido empregado nas eólicas verminosas,<br />
nas leucorrhéas, nas menstruações<br />
difficeis, tardias, nas dores<br />
rheumaticas.<br />
Para este ultimo caso aquecem-se<br />
as folhas, e applicam-se nas partes<br />
affectadas.<br />
Melludre ou cabello dc moça.<br />
—Asparagus. — Herva cultivada como<br />
ornamento de jardins ; é delicada, e<br />
eleva-se á 75 centimetros.<br />
Tem o caule fino.<br />
As folhas compostas, muito finas, que<br />
parecem retroz grosso ou mesmo franja,<br />
de côr verde bonita.<br />
Nunca a vimos florescer; ao esmagarse<br />
com os dedos percebe-se um fraco<br />
cheiro.<br />
Também chama-se Melindre de moça.<br />
Mel Ia pinto. — Stellaria forniçata.<br />
—Fam. das Caryophyllaceas. — E' uma<br />
plantinha delicada, assim chamada nas<br />
Alagoas e Pernambuco.<br />
Tem os ramos esgalhados.<br />
Folhas oppostas, reniformes, de côr<br />
verde-desmaiada.<br />
As flores, em cachos pequeninos,<br />
pouco abrem; são brancas, de fôrma<br />
estreitada.<br />
O fructo é uma baga de côr branca,<br />
transparente, e tem algumas sementes<br />
dentro.<br />
Quando verde tem elle uma como que<br />
aspereza, por meio da qual adhere a<br />
roupa, e aos animaes gallinaceos.<br />
Mendobim ou Amendoim da<br />
costa.—Glicyum subterraneum, Linn.—<br />
Fam. das Leguminosas. — E' conhecido<br />
por este nome em Pernambuco, e originário<br />
dos paizes quentes, e dos lugares<br />
temperados da America do Norte<br />
e da Meridional.<br />
Melão de soldado.—Bazella sa-<br />
E' planta herbacea ou semi-lenhosa,<br />
ponaria. — Fam. das Chenopodeaceas. —<br />
de folhas alternas, e alastrada.<br />
Pequena herva silvestre que nas Ala<br />
Flores amarellas, em cachos, ás vezes<br />
goas e Pernambuco é conhecida por<br />
solitárias.<br />
este nome.<br />
O fructo é um legume, de 10 milli<br />
E' pequena, apenas se ergue a 50<br />
metros ou mais, com duas valvas,<br />
millimetros, é quasi alastrada, delicada.<br />
Folhas lanceoladas, lustrosas, muito<br />
contendo uma semente.<br />
unidas ao caule.<br />
Mendobim ou Amendoim do<br />
Flores em pequenas espigas, e mui matto.— V. Mendobim da terra.<br />
miúdas e brancas.<br />
Os fruetos são pequenas cápsulas. Mendobim ou Amendoim da<br />
O nome vem de que essa planta faz terra.— Arachis hypogcea.— Fam. das<br />
as vezes de sabão ; os soldados usavam Leguminosas.— Esta planta é celebre.<br />
muito d'ella para esse fim.<br />
Cresce na America Meridional, na<br />
Também chamam-no Sabão de soldado. Ásia e na África, sem que comtudo
MEN MER 315<br />
se saiba certamente sua origem ou<br />
fíatria.<br />
E' semi-herbacea, de 25 a 50 millimetros<br />
de altura, e esgalhada.<br />
Suas raizes são flbrosas, com pequenos<br />
tuberculos fusiformes.<br />
As folhas unijugadas, e compostas,<br />
são cordiformes.<br />
As flores, em longos pedunculos,<br />
são amarellas,<br />
A sua celebridade consiste no seguinte:<br />
depois de fecundado o ovario,<br />
o pedunculo da flor dobra-se procurando<br />
a terra, crescendo até penetrar<br />
no chão, onde o fructo desenvolve-se,<br />
e amadurece,<br />
Elle tem de 10 a 20 millimetros de<br />
comprimento, é oblongo, ovoide, com<br />
duas valvas.<br />
Pericarpo pardo, um tanto rugoso,<br />
com sutura pouco saliente.<br />
Sementes ordinariamente duas, mais<br />
raras vezes uma só; ellas tem o<br />
perisperma fino, arroixeado, como<br />
grão de feijão, e são bastante oleosas.<br />
Comem-n'as cosidas ou torradas, e<br />
até pode fazer-se uso d'ellas como do<br />
feijão,<br />
• São^ reputadas aphrodisiacas.<br />
Fornecem um excellente óleo, que<br />
é comestível, e hoje muito usado<br />
nas pharmacias.<br />
Os fruetos são como pequenos pevides<br />
pretas, e tão miudinhas que<br />
voam facilmente, por meio de um<br />
feixe de pellos.<br />
Ha outra espécie, que tem o fructinho<br />
roixo.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— A decocção<br />
d'esta planta é applicada nas dores<br />
rheumaticas, e também como emmenagogo<br />
nas suspensões de menstruos,<br />
na dose de 4 grammas para 180<br />
grammas d'agua, em infusão.<br />
Menstrusto.— F. Mastruço.<br />
Mentruz ou Matruz.—Rhágodia<br />
anthelmintica.—Fam. das Chenopodeaceas.<br />
— E' esta a planta da questão entre<br />
Mastruço e Mentruz.<br />
Como promettemos agitar esta questão,<br />
e já demos a descripção da<br />
primeira, agora daremos a d'esta que<br />
é a segunda.<br />
O Mentruz é uma herva silvestre ;<br />
cresce alastrando, e enrama-se muitoj<br />
mas eleva seu caule até a altura de 1<br />
metro pouco mais ou menos.<br />
E' muito carregada de folhas, que<br />
são estreitas, de bordas recortadas, e<br />
exhalam activo cheiro.<br />
As flores, são em espigas, densas,<br />
aggíomeradas, muito" miúdas e ape<br />
Mentrasto ou Herva de S. gadas ao caule; ellas representam como<br />
João.— Ageratum conyzoides., Linn.— um fróco de borbulhas redondas; en<br />
Cacalia mentrastos. Vell. e Fl. e Flum.— volvem uma semente parda, de acti-<br />
Fam. das Compostas.— E' uma herva vissimo cheiro.<br />
agreste do Brasil, que suppomos ap- Esta planta possue eminentes virtuparecer<br />
em todos os lugares do Imdes contra os vermes intestinaes ; applipério.ca-se<br />
o sueco em beberagem contra as<br />
E' conhecida por Mentrasto em quedas e, contusões, e triturada com<br />
Pernambuco e no Pará; no Rio de brêo, é empregada nas fracturas, prin<br />
Janeiro, S. Paulo e Minas Geraes por cipalmente nas aves.<br />
Eerva de S. João.<br />
Vegeta pelas estradas, quintaes, etc, Mercúrio do campo.— V. Gal<br />
cresce até a altura de 1 metro; linha choca.<br />
esgalha, e é pillosa.<br />
Tem as folhas ovaes, brancas, com Mercúrio vegetal.— V Manacá.<br />
as bordas recortadas; sendo esmagadas,<br />
exhalam cheiro.<br />
As flores, em cachos, são<br />
Mercúrio vegetal do Pará.<br />
como — Raiz do Manacá, considerada como<br />
botões, de base verde.<br />
anti-syphilitica.
316 MEU MU<br />
Merú. — Canna utilis. — Fam. das nambuco e com que os pescadores fa<br />
Amomaceas.—Esta espécie,conhecida em zem caniços para pescaria.<br />
Pernambuco por este nome, e por<br />
Periquilo do vermelho em Alagoas, Meum é preto. — Rollinia nigra. —<br />
herbacea, de bonito aspecto, de 1 me Fam das Anonaceas—Este arbusto, que<br />
tro de altura pouco mais ou menos. nas Alagoas tem este nome, pelo qual<br />
O caule abraçado pelas folhas, que não é conhecido em Pernambuco, é<br />
são de 25 centimetros pouco mais ou de altura media.<br />
menos, ovaes, oblongas, de verde des De caule e ramos mui elásticos.<br />
maiado.<br />
Folhas alternas, ellipticas.<br />
Flores, nas pontas dos ramos, em pe Flores um tanto grandes, de cor amaquenos<br />
feixes, regulares, vermelhas, rella pallida, tendo na base estrellada<br />
parecendo flamulas, tendo na base um corpo arredondado, com três azas<br />
um corpo arredondado, verde, glandu- rugosas.<br />
loso, que é o futuro fructo, com fôrma No centro um cone com a superfície<br />
capsular, o qual, se desenvolvendo, granulosa ou tuberculosa.<br />
apresenta a superfície protuberante, e O fructo é uma espécie de pinha ou<br />
foliacea, contendo poucas sementes acta pequena.<br />
dentro.<br />
Dá fios para confecção de cordas ;<br />
Estas assemelham-se a contas de tem gosto de pimenta, e o caule e<br />
rosário.<br />
Esta planta tem virtudes emmena-<br />
ramos servem para caniços de pescar.<br />
gogas, e é empregada contra a hys- Mijo de cavallo.—Agaricuscreteria.<br />
Utilisa-se em vários usos dolaceus — Agaricus edulis. Lim. — Fam<br />
mésticos.<br />
dos Cogumellos. — E' denominada pelo<br />
povo em Pernambuco — Mijo de Cavallo.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— O cosimento E' um vegetal composto de membra<br />
das folhas é usado em banhos nas nas ou lâminas molles, suceulentas,<br />
paralysias e dores rheumaticas; e a de 20 a 40 millimetros de altura,<br />
tisana da tubera, em xarope, nas tos cylindrico.<br />
ses asthmaticas, na dose de uma co Caule, com um annel no meio, forlher<br />
de 3 em 3 horas.<br />
mado por fibras molles, ou sem elle.<br />
Na extremidade superior apresenta<br />
Meru manso. — Canna edulis., uma cápsula redonda, convexa, como um<br />
Linn. e Sp. — Fam. das Amomaceas. — chapéo de sol, inferiormente composto de<br />
E' um arbustinho herbaceo, semelhante lâminas parallelas, de tecido cellular,<br />
ao precedente, de raiz tuberosa. molle e aquoso ; a cor do vegetal todo<br />
Caule mais alto, e avermelhado. é branca suja, ou parda clara.<br />
Folhas lanceoladas e grandes, e de Assim como as plantas d'esta fami<br />
flor vermelha, com filete aloiraddo. lia, este cogumello desenvolve-se onde<br />
ha immundicies, nos lugares humidos<br />
Meru a.—Spermacou longifolia. La- e sombrios.<br />
cerd.—Fam. das Rubiaceas. —Arbusto Dividem-se em duas ordens : os co<br />
do Pará, da familia dos Jenipapeiros. gumellos nus e os com volva. Os nus<br />
Sua propriedade medica é ser anti- formam quatro grupos ; os cogumellos<br />
hem orrhoidal, em clysteres.<br />
com volva constituem seis outros ; fornecem<br />
um grande numero de cogu<br />
Mertirana. — Phrethebum suaveomellos, tão numerosos como comeslens.—<br />
Fam. das Vitiferas E' também tíveis.<br />
do Pará, e empregada contra as febres. Temos observado que os únicos remédios,<br />
para combater algum caso de<br />
Meum amarello. —E' de Per envenenamento pelos cogumellos, são
MU MIL 319<br />
o ether e o emetico; o ether para<br />
acalmar os accidentes já declarados,<br />
e o emetico para evacuar o resto do<br />
veneno que exista no-canal alimentar.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. — Vegetaes<br />
extremamente variáveis na fôrma, consistência,<br />
côr etc.<br />
Ha um pequeno numero de espécies,<br />
que cresce n'agua.<br />
Mil em rama.—Achillea millefolium,<br />
Linn.— Fam. das Compostas.— E'<br />
uma planta da Europa, cujas folhas são<br />
profundamente fendidas em lacinias<br />
lineares.<br />
As flores são brancas, como as de<br />
São corpos camosos ou elásticos, tendo<br />
em geral a fôrma de um guarda-sol ; Artemije.<br />
isto é, são compostos :<br />
Cultiva-se no Brasil.<br />
Primeiro, de uma espécie de chapéo A raiz é estomachica, febrifuga e<br />
ordinariamente convexo, tendo na parte anti-odontalgica.<br />
inferior lâminas perpendiculares, e tubos<br />
ou linhas anastomoseadas.<br />
Milho.—Zeá mais, Linn.—Fam. das<br />
Segundo, de um pedunculo central Gramineas.—Esta estimada e utilissima<br />
ou lateral, em cujo ápice se vê uma Graminea, é.uma das que mais serviço<br />
membrana circular (colleretej, que se prestam ao mundo, porque por toda<br />
dilata em todo o circuito do chapéo , a parte é cultivada como alimento dos<br />
todo o cogumello é algumas vezes co homens e dos animaes.<br />
berto, antes de seu desenvolvimento, por Na Europa chamam-no Blé dc Turquie<br />
uma espécie de bolsa membranosa, com ou Blé d'Inãe.<br />
pleta ou incompleta, chamada volva. Estes nomes derivam de terem alguns<br />
Algumas vezes são massas globulo- auctores süpposto ser o Milho oriundo<br />
"sas, ovoides ou allongadas, de tama d'esses paizes; mas tem se conhecido<br />
nho excessivamente variável, espécie de não ser assim.<br />
copos, com filamentos simples ou ar E' natural do novo mundo, e sua<br />
ticulados ; caules coralliformes, isto introducção na Europa data do seculó<br />
é, ramificados irregularmente, á seme XVI; a prova d'isto é que em nenhuma<br />
lhança do coral, de cores extrema obra de agricultura se mencionou esta<br />
mente variáveis; porém o seu tecido planta, senão depois da descoberta de<br />
interno, que se compõe de cellulas ir Christovão Colombo.<br />
regulares, nunca é verde.<br />
O Milho é uma graminea elegante ;<br />
As sporulas, ou órgãos reproducto- cresce sem esgalhar até a altura de<br />
res, são ora nüs, ora encerrados em 2 metros pouco mais ou menos, dé<br />
espécies de capsulasinhas.<br />
caule erecto, nodoso de distancia em<br />
Ellas ou são espalhadas na super distancia, herbaceo, tendo internamente<br />
fície do cogumello, ou envolvidas em um tecido alvo e frouxo.<br />
um peridium ou conceptaculo, carnoso As folhas, alternas, abraçam o caule<br />
e membranoso, ou duro e ligneo. em parte; são ensiformes, e com alguns<br />
Os cogumellos são em geral plantas pellos.<br />
parasitas, que crescem sobre os outros Nos nós do caule existem alguns<br />
vegetaes ainda vivos; sobre corpos or gômos, d'onde sahem commummente<br />
gânicos em estado de decomposição pú duas ou três espigas, nas melhores<br />
trida, quer na superfície, quer no inte terras, e que são corpos pyramidaes,<br />
rior da terra.<br />
compostos de muitos envoltórios folia-<br />
Crescem algumas vezes com extraorceos, de lamina fibrosa e delgada, e<br />
dinária rapidez, e sua duração é quasi no centro de um eixo, ao qual estão<br />
sempre muito fugitiva, emquanto outras apegadas muitas sementes, que cobrem<br />
vezes, (Boletus, igniarius, ungulatus toda etc.,), a superfície, e que são por sua<br />
vegetam lentamente, e por alguns annos vez cobertos de uma porção de fila<br />
consecutivos.<br />
mentos delgados e finos, á semelhança
318 MIL MIL<br />
de retroz, de côr arroixeada, vermelhaescura,<br />
ou branca-amarellada, que sabem<br />
pela parte superior, rompendo o<br />
envoltório, e se fazem patente.<br />
Milho de Angola. —E' uma espécie<br />
bem cultivada, semelhante á precedente;<br />
é á primeira vista mais alta<br />
e não dá espigas.<br />
Apresenta então no extremo superior<br />
um cacho mais denso que o do nosso<br />
milho.<br />
As divisões são em zig-zag, muito<br />
approximadas, e densas do flores e<br />
grãos; estes são menores do que ervilhas,<br />
brancos, e de côr parda e escura,<br />
lustrosos. e ovoides, atinando para<br />
São as flores femininas.<br />
a base; é objecto de curiosidade nos<br />
No ápice do caule brota um grande jardins e quintaes.<br />
cacho de flores visíveis, semelhantes Serve para nutrição das aves gra-<br />
aos grãos de cevada ; são as flores masnivoras.culinas. Depois de madura a espiga, os grãos Milho Bati.—Zeamais.—Fam. das<br />
de milho se tornam de côr amarella, Gramineas. — E' um Milho muito bom<br />
a amarella-vermelho, de fôrma arre ao paladar.<br />
dondada, achatada, com uma pequena Dá fruetos, estando ainda de altura<br />
depressão de um lado, esbranquiçada, menor que os outros.<br />
afinando para a base.<br />
E' semelhante ao Milho ordinário,<br />
Estes grãos, que se prestam a tantos de 1 metro e 25 centimetros de altura<br />
misteres, dão uma fecula substancial, pouco mais ou menos, de espigas me<br />
que alimenta os homens e Os animaes. nores que o milho Catête, mas cujos<br />
Não dá um bom pão, pela ausência grãos não abortam.<br />
do glúten n'essa fecula, entretanto d'ella E' qualidade mui apreciada pelos agri<br />
se faz differentes bollos, á semelhança cultores.<br />
de pão, de muito bom sabor e nu Em Sergipe chamam-n<br />
trientes .<br />
Grande variedade de comidas e bebidas<br />
se prepara do milho, bolos de<br />
differentes espécies, podins, cangica,<br />
filhos, pamonhas, doces, bebidas agradáveis<br />
e refrigerantes.<br />
Os grãos de milho também servem<br />
para fabricar aguardente, aluas, garapas<br />
de pamonha, etc.<br />
Sua palha é ainda aproveitável por<br />
servir de alimento aos cavallos.<br />
Do caule, Pallas, depois da fruetificação,<br />
extrahe grande quantidade de<br />
assucar, como da beterraba e da canna<br />
de assucar.<br />
Segundo Parmentier o Milho pôde substituir<br />
a cevada na composição da cerveja.<br />
O Milho em nosso paiz dá em todo<br />
o tempo, nas províncias septentrionaes<br />
principalmente.<br />
y o Catête.<br />
Milho branco.—Zeamais.—Fam.<br />
idem. — E' semelhante á primeira espécie,<br />
e mui freqüente nas províncias do<br />
Sul, como Rio de Janeiro, Minas Geraes,<br />
etc,<br />
Cultivam-n v a em grande escala nos<br />
nossos sertões.<br />
E' mesmo como o amarello, porém<br />
o grão é branco, e o consideram mais<br />
saudável.<br />
No Rio de Janeiro cosinham-n'o<br />
com água e sal e temperam-n'o com<br />
assucar, constituindo uma espécie de<br />
canja a que chamam Cangica; pode-se<br />
dar mesmo aos convalescentes.<br />
Milho ponta fina.— Zea mais.—<br />
Fam. idem.— Esta outra variedade é<br />
semelhante á precedente.<br />
Tem, porém, espigas também pequenas,<br />
de fôrma ainda mais pyramidal<br />
terminando em ponta fina.<br />
Em Sergipe chamam-n'o Belélé, produz<br />
fructo de dois mezes.<br />
E' também chamado em Pernambuco<br />
Milho de Santa Catharina.<br />
Milho roixo.— Zea.—Fam. tdem.<br />
— Outra espécie que é também semelhante.
MIN MOC 319<br />
Nota-se maiores nodoas roixas nas Tem por fructo uma cápsula roliça,<br />
camadas membranosas que envolvem a quasi quadrada, contendo muitas se<br />
espiga, que é também de côr roixa. mentes dentro, e offerecendo no ápice<br />
O grão serve de alimento, mas uma coroa de quatro palhetinhas.<br />
esta variedade não é cultivada em Floresce em Agosto.<br />
grande escala", para que appareça no Ha outra Minnana, que vegeta na<br />
mercado.<br />
mesma província e em Montevidéo, e<br />
Mesmo no centro das províncias differe pouco da antecedente.<br />
raramente se encontra esta cultura As folhas são mais longas, e as flo<br />
ou plantação.<br />
res maiores, segundo nos informam.<br />
Milhome ou mil homens.—<br />
Aristolochia rigens trílobata, Vell.—<br />
Aristolochia cymbifera, Mart. — Fam.<br />
das Aristolochiaceas.— Dão este nome<br />
em Pernambuco, e mais lugares a<br />
uma planta trepadeira, que se enrosca<br />
sobre as outras.<br />
Tem as folhas compostas e recortadas.<br />
Flores exquisitas, que são á semelhança<br />
de uns jarros foliaceos, nos quaés<br />
desenvolve-se o fructo, que uma é cápsula<br />
oitavada, angulosa, contendo muitas<br />
sementes.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.. — A raiz<br />
d'esta planta goza de virtudes emmenagogas,<br />
applicada em cosimento, só ou<br />
misturada a outras substancias medicinaes.<br />
A planta, de gosto amargo, camphorado,<br />
é empregada contra as mordeduras<br />
de cobras, e como antiseptica<br />
na grangrena e nas febres graves.<br />
O pó da raiz é útil nas ulceras atônicas,<br />
e dá-se internamente na dose de<br />
5 a 10 decigrammas.<br />
Miloló ou. coração de boi.—<br />
Anona reticulata, Linn. —Fam. das Anonaceas.<br />
— O fructo come-se, e contém<br />
muitas sementes, que, socadas v Miraceem. — Solanum. — Fam. das<br />
Solaneas. — E' uma herva, cuja casca<br />
é doce e mucilaginosa.<br />
Mirindiba ou Merendiba. —<br />
Terminalia anômala. — Fam. das Combretaceas.<br />
— Esta arvore, oriunda do paiz,<br />
é conhecida por este nome em Pernambuco,<br />
e em muitos outros lugares do<br />
Império.<br />
E' elevada. ,<br />
A casca é amarella pela parte de<br />
dentro.<br />
As folhas, situadas circularmente<br />
nas extremidades dos ramos, são obovaes,<br />
oblongas, tendo a parte mais<br />
larga para cima.<br />
As flores, em feixes, são em capitulos,<br />
com os pedunculos todos iguaes<br />
e inseridos no mesmo ponto.<br />
Compõe-se de um cálice campanulado,<br />
verde, cheio de pellos, e encerrando o<br />
rudimento do fructo, que' é uma baga,<br />
contendo um caroço.<br />
Esta arvore tem a madeira amarella<br />
clara, de que fazem-se obras: mas é<br />
muito susceptível de rachar-se.<br />
E' excellente para tingir de côr vesmelha<br />
violacea.<br />
com Mocohim caba. —Eysmehia glau<br />
água, formam uma emulsão, que se apca. — Fam. das Euphorbiaceas. — E'<br />
plica contra a diarrhéa, e febres. uma planta de virtude adstringente.<br />
Min nana.—JEnothera indecora, St,<br />
EU. —Fam. das Onagrariaceas.—E'<br />
uma herva do Rio Grande do Sul, onde<br />
recebe este nome.<br />
Tem as folhas oppostas e estreitas.<br />
As flores, solitárias e amarellas, parecem<br />
uma cruzeta.<br />
Mocori. —V. Mocury ou Mucury.<br />
Mocotó. — Etytroria alagoana. —<br />
Fam. das Acanthaceas. — Herva silvestre,<br />
conhecida por este nome nas Alagoas<br />
. *<br />
Tem o caule quadrado.
aso MOF MOR<br />
Folhas oppostas, lanceoladas.<br />
Flores em espigas compridas, cylindricas,<br />
encerrando os fruetos.<br />
Ellas são de côr roixa violeta, e como<br />
jasminsinhos ; e os fruetos são pequenas<br />
cápsulas, que ahi ficam, cheias<br />
de sementes miudissimas.<br />
Esta planta é applicada nas opilações,<br />
e tem outros usos na medicina<br />
domestica.<br />
O fructo é uma bagasinha, contendo<br />
uma sementinha preta, lustrosa c chata.<br />
Esta planta é digna de ser admittida<br />
nos jardins.<br />
Moluca. — V Buranhem.<br />
Mongubeira.— V. Mungubeira.<br />
Morango contutuut.—Fragaria<br />
Tem grande apparencia, quasi de con vesca, Linn. e Lamh. — Fam. das Rosafundir-se,<br />
com o Orgivão de folha larga, ceas.—O Morango é um fructo oriundo<br />
de Pernambuco.<br />
dos bosques da Europa, cultivado natt<br />
provincias do Sul, se bem que também<br />
Mocury. —ou Mucury.—Ar se encontra no Pará.<br />
vore que dá excellente madeira, e uma O Morango commum é um arbustinho<br />
frueta aromatica e saborosa, á seme cujo caule multiplica-se, de maneira que<br />
lhança de um pecego amarello. fôrma touceira.<br />
As folhas tem peciolos compridos, e<br />
Mufumbo da beira do rio. são ovaes.<br />
— Viborgia polygaliformis. — Fam. das As flores, nas extremidades dos ra<br />
Leguminosas. — E' um arbusto a que mos, são brancas, á maneira de rosas,<br />
dão este nome em Pernambuco, e que com pétalas adherentes ao receptaculo.<br />
varia muito de nomes nos differentes Este encerra muitos núcleos, que se<br />
lugares.<br />
transformam em fructo, o qual é uma<br />
Sua madeira tem a singularidade baga (pela aggregação dos pequenos<br />
de exhalar um aroma, que lembra le fruetos), oval suceulenta, de pericarpo<br />
vemente o da alfazema.<br />
molle, vermelho e ácido, contendo no<br />
É um arbusto trepador.<br />
seu interior algumas sementes.<br />
Seus ramos têm a casca esverdinhada. No Pará ha muito bons Morangos,<br />
As folhas, alternas, são ovaes, e que talvez sejam da espécie ou varie<br />
embaciadas.<br />
dade da do continente americano, por<br />
As flores são brancas, miudinhas, que não só no Chile ha uma espécie<br />
apegadas ao caule (quasi rentes), e em Fragaria chiloeusís Villd., como no Ca<br />
pequenos cachinhos.<br />
nadá e Carolina Fragaria caroliniana,<br />
Vegeta ás margens dos rios, lagoas, etc. que é de fructo redondo, de côr vermelha<br />
brilhante, e internamente branca<br />
Mofungo.— Chamissoa rubrocaulina. ou rosea, muito succulenta,mas um tanto<br />
—Fam. das Amaranteas.— Arbusto trepa dessaboro3a.<br />
dor, que vegeta ás margens dos rios, O Moraugo do Canadá Fragaria ca-<br />
conhecido nas Alagoas por tal nome. nadensis, Mich., cujo fructo é pequeno<br />
Quasi que se confunde com o pre e redondo, é o mais commum de tocedente,<br />
e se supporia ser o mesmo dos.<br />
se, pelo exame botânico a que tem sido<br />
submettido,nãose reconhecesse as diffe- Moringa. — Gu ilandina moringa. —<br />
renças que os separam.<br />
Fam. das Apocyneas.— Diz o auetor<br />
Seu caule, do meio para cima, torna- que esta planta é empregada em mese<br />
rubro, assim como as folhas, que dicina, mas não sabe em que casos.<br />
são ovaes, molles, nas pontas dos ramos,<br />
e verticilladas.<br />
As flores são pequenas, em espigas<br />
Mor oro.— V Cipó de escada<br />
ramosas, bracteadas e esbranquiçadas. | Mororó.— T* Unha de boi.
MOS MUC 3S1<br />
Mororó do sertão.— Bauhinia. dondas, que se tornam depois escu<br />
— Fam. das Leguminosas.—E' um arras.busto de mediano porte, que vegeta Estas sementes possuem qualidades<br />
nas catingas e no sertão.<br />
estimulantes, e têm um principio acre,<br />
Suas folhas são grandes, cordiformes e oleoso volátil, possuindo ao mesmo<br />
e geminadas, como que ligadas duas tempo um óleo fixo.<br />
a duas.<br />
E' com esta droga que se prepara<br />
As flores são amarellas, comprimidas.<br />
o synapismo; entra em mais outras<br />
composições pharmaceuticas.<br />
Os fruetos dão vagens compridas, Além d'isso a mostarda presta-se a<br />
chatas e côr de castanha.<br />
ser alimento como verdura.<br />
A madeira d'este arbusto é mur Com as sementes preparam-se mo<br />
flexível e forte.<br />
lhos excellentes.<br />
Também ha Mostarda branca.— Sina<br />
Mor otóté.— Panax ? carunlata ? — pis alba, Linn., que julgamos não ser<br />
Fam. das Araliaceas. — Planta expectousada<br />
entre nós nos misteres domésrante<br />
e diuretica.<br />
ticos.<br />
Morotétó. — Panax chrysophyllum, Motamba. — V. Mutamba,<br />
Wall.— Panax undulatum, Kunt. — Panax<br />
morotoni, Aubl. — Fam. das AraMotète.<br />
— Fam. das Cucurbitaceas.<br />
liaceas. — É uma arvore da Guyanna — e E' uma cabaça que nas Alagoas<br />
do Brasil, onde lhe chamam Páo ca- recebe este nome.<br />
non ? bastardo.<br />
A planta é semelhante ás outras,<br />
Em S. Domingos<br />
Morotoni.<br />
e na Guyanna tendo porem as folhas um tanto pequenas.<br />
É elegante, de folhas e ramos reves As flores são brancas.<br />
tidos nas duas faces de um pello O fructo de 12 centimetros de com<br />
amarello, que parece dourado. primento, oval; pericarpo esbranqui<br />
Recebe mais outros nomes, taes como çado ; a massa interna compacta, branca<br />
Arvore de Maio e Arvore de S. João. e doce.<br />
D'esta massa fazem doces e prepa<br />
Morphis. — V. Marfim vegetal. ram clysteres.<br />
Moscadeira. — V. Noz moscada.<br />
Do pericarpo fazem cuias.<br />
Mueaja. — F- Macaiba.<br />
Mostarda. — Sinapis nigra, Linn.<br />
— Fam. das Cruciferas. — Bem conhe Mucamba ou Cantará de<br />
cida na arte culinária é a mostarda. capoeira. — Verbesina glauca, alata.<br />
E' uma herva oriunda da Europa, r^ Fam. das Compostas. — Arbustosinho<br />
e^cultivada no Brasil.<br />
agreste, a que nas Alagoas dão este<br />
Sobe. esgalhando seu caule, á altura nome.<br />
de 1 metro e 10 centimetros.<br />
O caule tem como quatro expansões<br />
Tem folhas oblongas, e ásperas den- foliaceas estreitas de alto á baixo em<br />
teadas, de côr verde-gaio.<br />
toda a extensão.<br />
As flores são em espigas longas, As folhas grandes lanceoladas, de<br />
amarellas, formando quatro segmentos um verde esbranquiçado e ásperas.<br />
encruzados.<br />
As flores, em cachos, são brancas.<br />
Os fruetos são espécies de vagens O fructo, é como uma sementinha<br />
de 10 millimetros ou pouco mais, lisas, preta,<br />
finas, foliaceas, contendo umas semen<br />
oval e pequena.<br />
tes de côr castanha, ou vermelha e reMucuhi<br />
ou Mocui.—Dão este<br />
43
MUC Ml"L<br />
nome nas Alagoas a uma arvore agreste<br />
leitosn.<br />
Folhas ovaes e pequenas.<br />
O fructo de 20 millimetros de comprimento,<br />
oval, de côr parda externamente.<br />
Pericarpo grosso e lactifero, quando<br />
verde, internamente tem uma massa<br />
compacta, branca, com um caroço oval<br />
no centro e de côr de castanha.<br />
Come-se esta massa que é doce.<br />
Mucujjè ou Macnjé.—E' uma<br />
frueta saborosíssima e delicada que<br />
nasce espontaneamente nas mattas da<br />
Bahia onde lhe dão este nome.<br />
Tem de diâmetro, 30 millimetros ; é<br />
redonda, de côr verde-pallida.<br />
Seu tegumento externo é membianoso,<br />
a massa interna é branca, viscosa<br />
e leitosa.<br />
Tem um pedunculo muito comprido.<br />
Mucusaá.— V. Olhos de burro.<br />
Mucuyba. — Arvore do paiz, alta,<br />
com pequena copa, com a configuração<br />
de um chapéo de sol.<br />
Produz uma espécie de azeitona.<br />
Pericarpo delgado, contendo uma<br />
amêndoa oval, da qual se extrahe um<br />
óleo empregado pelos indígenas em<br />
varias moléstias.<br />
que se desprende facilmente c produ<br />
terrível sensação na pelle.<br />
Dentro acham-se três ou quatro sementes<br />
pardas, redondas, achatadas,<br />
orladas de uma zona mais alta c mais<br />
escura que parece mesmo a cabeça de<br />
um frade.<br />
Sobe entrançando-se nas mais altas<br />
arvores, e com as vagens pendentes nos<br />
longos pedunculos.<br />
Estes pellos urticam a quantos incautos<br />
n'elles tocam.<br />
Mucunan da matta. — Dolichos<br />
pruriens.—Fam. das Leguminosas.—lista<br />
Mucunan é das mattas, e semelhante ao<br />
outro, sendo maior o fructo, e tudo mais<br />
relativamente.<br />
E' o Olho de boi das Alagoas. E' o<br />
pó de mico do Rio.<br />
Mucurá.— V. Tipú.<br />
Mucataãa.— Laurus mucutaia. (?J—<br />
Fam. das Lauraceas.—E' uma arvore do<br />
Pará e Amazonas, onde é conhecida por<br />
este nome.<br />
E' uma canelleira, que serve para aromatizar,<br />
e usa-se como excitante.<br />
Muirapuanta.—Arbusto excitante<br />
geral e aphrodisiaco dos mais enérgicos.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—Usa-se inter<br />
Mucunan ou Mucuna.— Dolichos na e externamente; d'este ultimo modo<br />
mucunan, Adans.—Dolichos urens, Willd. tem aproveitado nas paralysias par-<br />
e Linn.— Fam. das Leguminosas.—E' ciaes.<br />
um arbusto ou antes um cipó trepador Emprega-se a infusão que se pre<br />
que se enrola nas arvores ; é conhecido para com 4 grammas para 450 gram<br />
por Mucunan, mas chamam-no tammas d'água ; e a tintura na dose de<br />
bém em Pernambuco nas Alagoas e algumas gottas : esta ultima se applica<br />
Bahia, Coroa de frade.<br />
também em fricções.<br />
Tem as folhas em grupos de três,<br />
formando verticillios regulares, á ma Mulungu. — Erythrina corallodenneira<br />
de uma glande, são amarellas e dron, Linn. — Fam. das Leguminosas.—<br />
com um tubo recortado; sem cheiro, Esta arvore natural do paiz tem este<br />
e de peciolos pubescentes.<br />
nome em Pernambuco, Alagoas e<br />
As fruetas, também aggregadas, são Bahia, e também o de Murungú.<br />
vagens de 40 a 50 millimetros de lar Eleva-se á altura de 5 á 10 metro3<br />
gura, coriaceas, um tantD onduladas, pouco mais ou menos.<br />
cobertas de um pello duro, e louro, Sua casca é um tanto herbacea e
MUL MUN 3S3<br />
lisa, semeada de aculeos conicos que<br />
se destacam com facilidade.<br />
Suas folhas são compostas de três<br />
foliolos, têm os peciolos longos : são<br />
pubescentes todas essas partes -<br />
As flores, são grandes, vermelhas,<br />
como bandeirolas.<br />
E' uma planta elegante, na epocha<br />
da florescência despoja-se das folhas e<br />
reveste-se de flores vermelhas; o que<br />
lhe dá um aspecto pittoresco.<br />
O fructo é uma vagem de 10 á 15<br />
millimetros, paleacea, de 5 millimetros<br />
de largura, curva, alojando uma só<br />
semente vermelha e ás vezes duas e<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—Já ninguém<br />
ignora que o Mulungu tem reputação<br />
estabelecida como calmante do systhema<br />
nervoso ; e actualmente todos os<br />
facultativos o applicam; o que prova<br />
que sua reputação é merecida e firmada<br />
therapeutieamente.<br />
O Mulungá entre nós não só é applicado<br />
externamente em banhos mas<br />
também internamente.<br />
Elle parece ter acção directa sobre<br />
os centros nervosos; faz adormecer<br />
sem determinar a hyperhemia cerebral,<br />
como succede como ópio e os princípios<br />
activos que d'elle se extrahem ;<br />
pelo que o somno é tranquillo e reparador,<br />
acalma as tosses nas bronchites,<br />
e modera os accessos de asthma<br />
e de tosse convulsa.<br />
Toma-se o xarope puro e. dissolvido<br />
em meio cálice de água morna ou em<br />
uma chicara de infusão de flores de<br />
tilia, de violetas ou de decocção de<br />
raiz de altheia, na dose de uma colher,<br />
das de sopa, de três em três<br />
horas, ou de quatro em quatro para<br />
os adultos, e na de uma colher de chá<br />
para os meninos de 12 annos.<br />
É tido como famoso medicamento contra<br />
as hepatites chronicas e obstrucções<br />
do flgado.,<br />
Mulungu crista de gallo. —<br />
Erythrina crista galli. — Fam. das Leguminosas.<br />
— Esta arvore vegeta no Rio de<br />
Janeiro, Minas e S. Paulo.<br />
Seu tronco não tem geralmente espinhos.<br />
As folhas são compostas de foliolos<br />
ovaes, lanceolados, inteiros.<br />
Seus peciolos são pequenos, com duas<br />
glândulas na base.<br />
Nove estames monadelphos e um livre,<br />
Mulungu ou Murungude Fernando.<br />
— E' sem duvida o mesmo gênero<br />
Erythrina; ignoro a espécie.<br />
mais, lisas, -crustáceas, como grãos de O vegetal é semelhante em tudo ao<br />
feijão.<br />
precedente, porém as vagens d'este têm<br />
Abrem-se por si as vagens, e der as sementes de differentes cores no<br />
ramam pelo chão as sementes. mesmo indivíduo, isto é, uma vagem<br />
tem sementes vermelhas, outra roixas,<br />
outra amarellas, etc.<br />
Mundahu ou carrapato do<br />
matto. — Cicca inflata. — Fam. das<br />
Euphorbiaceas. —Também chamam á esta<br />
planta Caboim.<br />
Estes nomes são-lhe dados nas Alagoas<br />
principalmente.<br />
E' um arbusto freqüente nas margens<br />
dos rios, de 3 a 4 metros de altura pouco<br />
mais ou menos, esgalhado.<br />
Folhas miúdas, ovaes, luzidias, e de<br />
côr verde.<br />
Flores em abundância em grupos pelos<br />
ramos e axillas das folhas, são esverdinhadas<br />
e têm os sexos separados.<br />
Dáumfrutinho, á semelhança de uma<br />
pimenta de cheiro, de 4 lojas, ou como<br />
uma pitanga verde deprimida: tem quatro<br />
a oito caroços; mas fica ainda espaço<br />
vasio dentro.<br />
A madeira d'èste arbusto é excellente<br />
combustível.<br />
Munduy-guaçu. —V. Pinhão de<br />
purga.<br />
Mungubeira. —Bombax semiguttifera.<br />
(?)— Fam. das Bombaceas. — E' uma<br />
arvore elevada, á que nas Alagoas dão<br />
este nome.<br />
Sua casca é grossa e resinosa.
3S4 MUR MLR<br />
As folhas dão nas extremidades dos<br />
ramos; são longamente pecioladas, em<br />
grupo de cinco, obovaes e um tanto<br />
louras.<br />
As flores, em cachos, são brancas,<br />
grossas e assetinadas.<br />
O fructo é uma cabacinha um tanto<br />
oitavada, dividida dentro em 5 lojas,<br />
cheias de sementes, que estão cobertas<br />
de um pello pardo.<br />
Este pello é mui procurado para en<br />
Come-se.<br />
Nas províncias do Sul extrahe-se<br />
tinta preta e amarella d'este vegetal,<br />
que se emprega também nos cortumes.<br />
No sul chamam-n'a Murici penima.<br />
Murici cascudo.— Byrsonima<br />
verbascifolia, D. C— Malpighia verbascifolia,<br />
Linn. — Fam das Malpighiaceas.<br />
— E' uma arvore acachapada, regular,<br />
de casca escura, regoada e áspera.<br />
chimento de colchões, travesseiros, etc. Folhas oppostas, ovaes, oblongas,<br />
Das sementes d'esta arvore extrahe-se i cobertas de pello branco, assim como<br />
um excellente óleo para luz. jas partes externas.<br />
A madeira serve para caibros; e tem Flores em espigas, umas amarellas<br />
outros prestimos.<br />
outras vermelhas, bonitas, dispostas<br />
Esta arvore é a Sumaúna do Pará como rosas.<br />
que tem o nome botânico de Erio- Fructo redondo, dividido por dentro<br />
ãenãron sumauna.<br />
em cinco partes, com cinco ou mais<br />
A Paineira do campo.—Pachira margi- caroços.<br />
nata. St. EU. é outra espécie que Não é comestível.<br />
cresce no Rio de Janeiro. Erioãendron O lenho é empregado para traves e<br />
leianterum. D. C-, se não é a Munguba tectos de casas.<br />
das Alagoas é espécies bem semelhan Este Murici é conhecido em Pertes.nambuco,<br />
Maranhão, Pará, etc.<br />
Mu ai u pie.— Sapium euphorbium.— Murici de lenha.—<br />
Fam. das Euphorbiaceas.— Planta da usitatissima.— Fam. das Malpighiaceas.<br />
America e dos paizes quentes. — Este Murici nos parece que é a es<br />
E' mui lactifera e venenosa. pécie á que em Sergipe chamam<br />
O sueco leitoso, misturado com Murici de porco.<br />
sulphato de cobre, destroe os cravos Assemelha-se muito aos outros, e<br />
e boubas.<br />
vegeta pelas capoeiras e mattas perto<br />
das cidades.<br />
Murici ou Murecí.— Byrsonima Suas folhas são ellipticas, e lisas.<br />
As flores, em cachos, de cor branca<br />
chrysophylla. Eumb e Bomp.— Fam. das<br />
Malpighiaceas.—r Esta espécie de Murici<br />
cremos que está espalhada por<br />
todas as províncias; pelo menos tem<br />
em todas o mesmo nome.<br />
E' uma arvore de media no porte, cuja<br />
summidadé ramosa é vermelha e lanuginosa.<br />
Folhas ovaes e lustrosas.<br />
Flores em cachos terminaes, como as<br />
das outras, com uma parte avermelhada.<br />
O fructo é como uma pimenta de<br />
cheiro, redondo, amarello, de pericarpo<br />
membranoso, contendo uma só,<br />
ou três sementinhas cinzentas, en<br />
voltas, em massa amarella, doce e<br />
amarellada e roixeada.<br />
O fructo ainda não observamos.<br />
Em Sergipe ha um Murici chamado<br />
Murici vermelho: pisam suas fruetas com<br />
assucar e farinha, e dizem ser saboroso.<br />
Nas Alagoas chamam-n'o Murici de<br />
taboleiro.<br />
Murici da praia. —<br />
arenaria. (?) —Fam. das Malpighiaceas.<br />
Este Murici, á que chamam da praia e<br />
de lenha, vegeta muito na beira da costa<br />
em Pernambuco.<br />
Seu tronco esgalha muito desde pouca<br />
altura, e fôrma soqueira; a casca nem<br />
voiias, em massa amarena, uuce o «"«», « m»»»^»-»,<br />
levemente ácida, quando maduro, |é regoada, nem mesmo áspera.
MUR MLR 3S5<br />
As folhas, um tanto pequenas, são Murta branca. —Myrcia eampina-<br />
ovaes e luzentes.<br />
ria. St. EU.—Fam. dasMyrtaceas.—Cha<br />
As flores roixas e brancas.<br />
mam nas Alagoas, — branca, — esta es<br />
O fructo redondo semelhante ao já pécie de murta.<br />
descripto.<br />
O trocadilho de nome das murtas,<br />
A lenha d'este Murici é excellente d'esta vasta familia das Myrtaceas e<br />
combustível.<br />
de uma prodigiosa profusão nas diversas<br />
províncias do Brasil, de fôrma que<br />
Murici de taboleiro. — V Mu não se pôde apresentar uma relação<br />
rici de lenha.<br />
exacta dos differentes indivíduos conhecidos<br />
sob o nome de Murta.<br />
Murilí, Muriti ou Buriti. —<br />
Esta espécie é um arbusto de casca<br />
Mauritia, flexuosa, Linn. e Fil.—Fam. cor de castanha claradas<br />
Palmeiras. — E' uma Palmeira que Folhas ovaes,.reviradas sem brilho.<br />
vegeta na embocadura do Orenoco, Flores cheirosas brancas, com cinco<br />
nas províncias mais septentrionaes do pétalas, com muitos filetes brancos<br />
Império e na Guyanna.<br />
offerecendo superiormente uns bolsinhos<br />
Os habitantes d'aquelles lugares cha- no centro.<br />
mam-n'a Palmeira de cobertura, e os Tem o fructo inferiormente que é<br />
nossos indígenas dão os nomes acima uma baga espherica, contendo quatro<br />
descriptos.<br />
sementes dentro ; a polpa é esbranqui<br />
E' uma palmeira elegante de 8 á 12 çada, doce ácida.<br />
metros de altura, com o ramalhete de<br />
folhas no ápice.<br />
Come-se.<br />
E' de sexos separados; cresce em Murta cultivada.—Myrthus com-<br />
lugares humidos, onde fôrma lindos munis.—Fam. idem.—EstK planta é na<br />
bosques pittorescos ; e, por supporem os tural da Ásia, África e Europ meri<br />
indios qne ellas attrahem a humidade, dional, onde é tão abundante que até<br />
fundam suas tabas no verão nas visi- fazem com ella cercas.<br />
hanças d'estes vegetaes.<br />
No Brasil tem sido introduzida em<br />
O fructo é uma baga eseamosa, á jardins e chácaras nas províncias do<br />
semelhança do cone do pinheiro, com Sul.<br />
um caroço, cuja polpa é doce ; dá E' um arbusto menor, de caule erecto.<br />
variada nutrição quando madura e é Folhas oppostas ou alternas, de côr<br />
abundante.<br />
verde, lisas, ovaes e lanceoladas.<br />
A medula do tronco da palmeira As flores são brancas; de cheiro<br />
masculina, em certa epocha do anno, suave, ás vezes roseas nas pontas ; não<br />
desenvolve uma fecula semelhante ao se apresentam em cachos, são soli<br />
Sagú.<br />
tárias.<br />
A seiva em fermentação dá um licor Em sua pátria a Murta toma grandes<br />
doce espirituoso que promove a em dimensões.<br />
briaguez .<br />
Dá por fruetas umas bagasinhas com<br />
Os guaranis tecem de uma á outra algumas sementinhas dentro.<br />
arvore, com as próprias folhas, uma A Murta era consagrada ás ceremo-<br />
espécie de telhado e em baixo estabelenias religiosas pelos antigos gregos e<br />
cem os seus palmares.<br />
romanos, e dedicada ao culto de Venus<br />
Ha entretanto outra espécie d'este e do Amor; era o symbolo dos praze<br />
gênero que se distingue pela preres.sença de espinhos no tronco. Mauritia Ha d'ella muitas variedades.<br />
aculeata. Eumb.<br />
Usa-se das folhas reduzidas a pó<br />
Cresce nas margens do rio Ataba- para polvilhar a pequena ferida do umpo<br />
e outros. I bigo dos recém-nascidos.
3S«5 MUR MUR<br />
Murta do Pará.—Eugenia lúcida,<br />
St. Hil.—Fam. idem. — E' uma arvore<br />
menor, de ramos lisos.<br />
Folhas oppostas ellipticas.<br />
Flores como as de suas congêneres, e<br />
brancas.<br />
Não conhecemos o fructo.<br />
E' adstringente.<br />
Murta preta. —Myrthusnicrosus.(?j<br />
— Fam. idem.—Nas Alagoas distinguem<br />
esta espécie por este nome.<br />
E' um arbusto de caule liso e esbranquiçado.<br />
Folhas oppostas, redondas, alongadas<br />
cheias de pontos translúcidos, assim<br />
como as flores, em cachos, brancas<br />
com um fróco de filetes no centro.<br />
Os fruetos são redondos, pequenos<br />
com poucas sementes dentro.<br />
Murta vermelha. — Myrcia minuta—Fam.<br />
idem.—Esta Murta agreste<br />
tem este nome nas Alagoas.<br />
E' em Pernambuco chamada Murta<br />
menor.<br />
E' um arbusto de caule e ramos côr<br />
de castanha, com as pontas avermelhadas<br />
, muito esgalhado, formando<br />
moita.<br />
As folhas oppostas, pequenas, luzidias,<br />
ovaes, meio duras, com vesiculas<br />
á semelhança da larangeira.<br />
As flores são brancas, em cachos, pequenas<br />
como as outras, e também com<br />
os mesmos pontos vesiculosos.<br />
O fructo redondo, coroado pelo cálice,<br />
pouco maior do que um grão de<br />
feijão, tendo a membrana externa (pericarpo)<br />
vermelha e brilhante.<br />
Encerra uma polpa cartilaginosa,<br />
branca acre-doce, e contém um caroço<br />
no centro.<br />
Apresenta um ligeiro sabor adstringente.<br />
Folhas oppostas, ovaes.<br />
Flores, pequenas, brancas, com qua<br />
tro pétalas.<br />
Tem a structura de suas congêneres.<br />
O fructo globuloso, liso c com poucas<br />
sementes.<br />
Floresce em Setembro.<br />
Murtinho. — Eugenia ovalifòlia.<br />
St. EU.—Fam. idem.—liste arbusto também<br />
silvestre, e semelhante ao precedente,<br />
tem o caule liso.<br />
Folhas oppostas, ovaes e lisas.<br />
Flores iguaes ás da antecedente.<br />
Fructinho oval , coroado pelos restos<br />
do antigo cálice, é vermelho, com<br />
um caroço no centro.<br />
Também é do Rio de Janeiro.<br />
Floresce em Setembro.<br />
Murtinho. — Eugenia insipida, St.<br />
EU.—Fam. idem.—Esta terceira espécie,<br />
da mesma localidade é um arbusto de<br />
tronco liso.<br />
Folhas oppostas, ellypticas, lisas.<br />
Flores solitárias ou geminadas, nas<br />
condições da precedente.<br />
Fructo ovoide, com uma coroa no<br />
ápice, vermelho e contendo uma só<br />
semente.<br />
Floresce em Setembro, que é quando<br />
estão os fruetos maduros.<br />
Murú. — Canna auranliaca, Roc. —<br />
Fam, das Amomaceas.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—Esta planta<br />
obra como diuretica, quando verde,<br />
sendo contusa serve para banhos que<br />
se usam como anti-rheum aticos e para<br />
o tratamento de ulceras.<br />
O pó da raiz s êcca é dentifricea.<br />
O sueco da planta é antimercurial e<br />
o do fructo (quasi m aduroj é applicado<br />
c ontra as dores de ouvidos.<br />
Murtinho.— Eugenia arenaria, St. Murumurú ou coqueiro Mu-<br />
EU. — Fam. idem.—Arbusto indígena rumurú. — AstrocaHum murumurú,<br />
conhecido por este nome no Rio de Mart.—Fam. das Palmeiras—E' do Pará<br />
Janeiro.<br />
e Amazonas.<br />
Vegeta espontaneamente emCabo-Frio.<br />
Tronco liso.<br />
Murungú ou Mulungu. — Fam.
MUS MUS 3S9<br />
das Leguminosas. — Ê uma arvore do fôrmas variadas, umas vezes convexos<br />
paiz, abundante na Bahia, Pernambuco e em fôrma de enxertos, de fendas, etc.<br />
e ilha de Fernando de Noronha, que dá Quando os receptáculos são mani<br />
um fructo ou vagem, cujas sementes festamente lisos, chamam-se scutellas,<br />
são, em uma mesma arvore, de diffe e lyrellas se tem a fôrma de frestas<br />
rentes cores, á semelhança dos grãos mais ou menos alongadas.<br />
de Mulungu commum, uns encarnados Em um apothecio se distingue:<br />
e pretos, outros amarellos e outros 1.° o excipulo ou base, quer formado<br />
roixos ou vermelhos. Já falíamos d'ella. pelo thallo quer por uma camada ceílulosa<br />
que d'elle é distineta.<br />
Mururú. —Bichetea (?) officinalis, — 2.° o thalamio composto de cellulas<br />
Fam. das Urticaceas. — E uma planta alongadas chamadas thecas (thecce assi),<br />
do Pará, cuja importância é ser em encerrando no seu interior sporidios<br />
pregada como anti-syphilitica. simples ou dividindo-se em duas, quatro<br />
ou maior numero, múltiplo de<br />
Murzella. — V. Rabo de porco. dois, de sporas.<br />
Estas thecas estão collocadas no<br />
Musgo. — Lichen prolifer. — Fam. centro de cellulas alongadas e arti<br />
das Lichenaceas. — E' uma planta de culadas denominadas paraphyses.<br />
fôrma anômala, impropriamente cha A parte dos apothecios que compremada<br />
assim.<br />
ende as thecas tem também o nome<br />
Habita Sobre os rochedos, nas mon de núcleo, nucleus, nas espécies em<br />
tanhas da Rússia, nos- Pyreneos, maá que os apothecios são fechados e glo-<br />
sobre tudo na Islândia.<br />
bulosos, ella é ou globulosa ou extensa<br />
e discoide.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — O Musgo é As Lichenaceas em geral são plantas<br />
tônico, e privado do principio amargo parasitas, vivendo ou sobre os galhos<br />
torna-se emolliente e analeptico. das arvores em plena vegetação ou<br />
E' empregado nas moléstias do peito, sobre a terra, muros, rochedos, mas<br />
em cosimento que se prepara com 10 de modo algum n'agua.<br />
grammas de musgo para ferver em São vivazes, de matises variadissí-<br />
em água (quanta baste); logo que comos e muitas vezes brilhantes, rarismeçar<br />
a ferver regeita-se esta água. e simas vezes verdes.<br />
lava-se com água fria, até que elle O thallus, das Lichenaceas, quando<br />
perca todo o amargor, faz-se depois tem a fôrma de membrana, se compõe<br />
ferver por meia hora em água suffi- de três camadas superpostas, uma<br />
ciente para obter 500 grammas. superior e cortical, formada de utri<br />
Toma-se de 3 em 3 horas uma chiculos, chamam-se gónidias, elles são<br />
cara adoçado com assucar.<br />
em certos casos, susceptíveis de desenvolvimento,<br />
á maneira dos gommos<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. — As Liche para reproduzir novos indivíduos.<br />
naceas existem ora sob a fôrma de ex A camada media ou medullar consta<br />
pansões membranosas foliaceas ou fre de utriculos alongados, filamentosos,<br />
qüentemente crustáceas, simples ou ra apertados ou frouxamente unidos,<br />
mificadas, ora sob a de caules cylin- Emfim a face inferior do thallo é<br />
dricos ou planos, simplices ou divididos, muitas vezes oecupada por segunda<br />
como o dos vegetaes phànerogamos. camada chamada Eypothallo composta<br />
Esta parte, que representa todos os de cellulas allongadas, cylindricas que<br />
órgãos da vegetação, traz o nome de que se prolongam ás vezes em fila<br />
ihallos.<br />
mentos confervoides, substituindo as<br />
Os órgãos reproductores estão con raizes.<br />
tidos em apothecios, receptaeulo de As Lichenaceas se distinguem sobre
3S8 MUS MUS<br />
tudo dos Cogumelos por sua consistência<br />
crustácea, pela presença de<br />
uma fronde ou thallo sobre o qual se<br />
vêem as cápsulas, por seus sporos<br />
nunca descobertos ou nus, sempre<br />
encerradas em thecas e finalmente<br />
pela propriedade que têm de se reproduzirem<br />
também por meio de gonidios,<br />
ou utriculos distinetos dos<br />
sporos, e espalhados por todos os<br />
pontos da fronda.<br />
Suas sementes alimentam pássaros<br />
granivoros que as procuram muito.<br />
O mais comum é o Mussambê<br />
branco.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.—São estas<br />
plantas herbaceas.<br />
De folhas alternas simplices ou digitadas,<br />
acompanhadas na base por<br />
duas estipulas foliaceas.<br />
Suas flores são terminaes, em fôrma<br />
de espigas ou cachos axillares, ou<br />
Mussamhébranco.— Cleome hep- solitárias.<br />
taphylla.— Fam. das Capparidaceas.— Seu cálice se compõe de quatro<br />
Subarbustinho silvestre que vegeta sepalas caducas, mui raras vezes uni<br />
mesmo pelas ruas das cidades. das pela base.<br />
Recebe este nome em Pernambuco, A corolla é formada por quatro ou<br />
Bahia e Alagoas, nos sertões, e talvez cinco pétalas iguaes ou desiguaes.<br />
em todo o império.<br />
Os estames ora são em numero<br />
Cresce até 2 metros, é esgalhado. definido, ora em numero indefinido.<br />
Tem alguns espinhos nos caules. O ovario é simples, muitas vezes<br />
Estes são verdes, e de certa altura elevado sobre um pendiculo mais ou<br />
para cima cheios de foliolos como menos comprido, a que se chama po-<br />
escamas.<br />
dogynico na base do qual são inseridos<br />
Suas folhas são cinco e as mais das ridos, os estames e as pétalas; apre<br />
vezes sete, quasi sempre lanceoladas, de senta uma única loja, contendo alguns<br />
côr verde opaca e asulada, inseridas trophospermas salientes, sob a fôrma<br />
em um eixo commum, de modo que de lâminas ou falsas divisões, con<br />
essas flores representam como que tendo avultado numero de óvulos.<br />
dedos unidos pela base.<br />
O fructo é secco ou carnoso.<br />
As flores são brancas, exhalam aro No primeiro caso é uma espécie de sima<br />
muito suave, e parecem quatro liqua mais ou menos longa, abrindo-se<br />
bandeirolas pequenas; brancas, dispos em duas valvas, com na maior parte<br />
tas de um lado, d eixando lugar para os das Cruciferas.<br />
outros órgãos; longos filetes, purpureos. No segundo caso é uma baga unilocu<br />
Seu fructo rudimentario é uma lar e polyspermica, cujas sementes ou<br />
siliqua de 12 centimetros, estreitinha, são parietaes, ou parecem esparsas na<br />
ondulada, com longo pedunculo, cheia polpa que enche o fructo.<br />
de pequenas sementes unidas, re Essas sementes são geralmente renidondas<br />
e também de côr parda. formes, compostas de um episperma<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— O cosimento<br />
secco e crustáceo que cobre immediatamente<br />
um embryão um pouco curvo<br />
do Mussambê, adoçado, acredita o vulgo e falto de endosperma.<br />
capaz de reduzir as hérnias inguinaés<br />
chronicas, e de curar as das crianças,<br />
mesmo quando congênitas.<br />
Mussambê vermelho. —Cleome.<br />
E' também applicado em banhos e Fam. das Capparidaceas. —E' uma outra<br />
clysteres nas hemorroides, mas com espécie á que dão este nome, porque<br />
cautela; porque dizem ser susceptível o caule de certo ponto para cima é aver<br />
de desenvolver hydropesias sendo usamelhado.do com freqüência principalmente em Seu porte e folhas são menores que os<br />
uso interno.<br />
do precedente.
NAJ NAM 3S3<br />
Mutamha, Mutautbo ou Ma- Segundo o Sr. St. Hilaire o lenho<br />
lombo. — Guazuma ulmifolia, Lamk. d'esta arvore é branco e frouxo.<br />
fheobroma guazuma, Linn. — Fam. das Nas províncias do Sul chamam-n'a<br />
Mythneriaceas. —E' uma arvore de meMabombo.<br />
(?)<br />
diano porte do Brasil, cujo nome cremos<br />
ser geralmente este.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — A entrecas<br />
E' elegante, ramosa, copada, estende ca pisada é applicada nas obstrucções.<br />
seus ramos para cima.<br />
O xarope feito com a decocção é em<br />
As folhas são ovaes, recortadas nos pregado contra as moléstias do peito,<br />
bordos, de uma côr verde bonita e lus tosse, catharros, pneumonias, asthma,<br />
trosa.<br />
na dose de uma colher de sopa, de duas<br />
As flores são reunidas em capitulos em duas horas.<br />
globulosos, pequeninas e irregulares.<br />
O fructo é uma baga éspherica, preta, Mu tainha preta. — Luhea speciosa,<br />
escamosa, composta de eminências pa- Willd. — Fam. das Tiliaceas. — E' uma<br />
pilosas, um pouco viscosas quando ver arvore do Maranhão e do Pará que tem<br />
de.<br />
este nome.<br />
Dentro acha-se uma mucilagem bran Suas folhas são cordiformes, alternas<br />
ca, doce, mas em pouca quantidade, e As flores brancas em cachos.<br />
carocinhos, cujo sabor é o de figo secco. E' mucilaginosa e odorifera.<br />
nsr<br />
Nabo. — Brassica napus. Linn. — Anayá. — Maximiliana regia, Mart.<br />
Fam. das Cruciferas. — O Nabo, vegeta — Fam. das Palmeiras. —Palmeira do<br />
mais para o Sul do Brazil, do que Pará. conhecida por este nome.<br />
para o Norte.<br />
Seu ramalhete de folhas é como o das<br />
E' uma herva com folhas um tanto outras palmeiras.<br />
largas, erguendo seu caule arroixeado, O fructo dá em cachos s de 6 cen<br />
com folhas alternas, e raiz de fusitimetros de comprimento, de fôrma<br />
forme, tendo uma pellicula externa ar- pyramidal, brota da base diversas<br />
roixeada ou encarnada ou branca e plantas.<br />
fina, e uma massa branca que fôrma A côr é amarella com manchas pretas.<br />
o seu todo.<br />
O pericarpo pouco denso e fibroso ;<br />
Existem varias fôrmas da raiz do Nabo; apega-se á ella uma massa branca<br />
ha Nabos oblongos, achatados; globosos. rosea, pouco espessa e viscosa.<br />
Cosinha-se essa raiz e prepara-se de Depois d'essa ha um envoltório fi<br />
varias maneiras. , broso, delgado, que se une ao caroço,<br />
E' um alimento sadio e de fácil di cujo tegumento é ósseo, contendo uma<br />
gestão, que convém sobre tudo ás pes amêndoa branca, oleosa e dura.<br />
soas que sofrem do peito.<br />
E' comestível e parece-se com o Dendê.<br />
De suas sementes, semelhantes ás<br />
da couve ou mostarda, extrae-se um Nambú au IMiainbii. - ftí«.<br />
óleo.<br />
das Dioscoracas.—E' uma tubera agreste<br />
que já é cultivada, em Pernambuco<br />
Na já oú Anayá ou Coqueiro onde recebe este nome.<br />
U
330 NAR NHA<br />
E' proveniente de uma trepadeira. estreitinhas, luzidias e formam tou*<br />
Ella offereee na raiz uma tubera re ceiras.<br />
donda ou de diversas fôrmas, com Sahe do seu centro um pedunculo de<br />
posta de lobos e semeada de raigotins 21 a 48 centimetros, no qual nascera<br />
finos.<br />
uma ou mais flores brancas, á seme<br />
A casca é parda acinzentada, fina e lhança da Açucena, porém mais peque<br />
quasi transparente.<br />
nas, bordadas de purpura no meio do<br />
A massa é alva, com algum brilho, tubo.<br />
um tanto frouxa, granulosa, de bom O fructo é uma cápsula.<br />
sabor, doce e sem ácido.<br />
Ha outra espécie, que também é cul<br />
Faz-se uso d'ella como pão, e como letivada no Brasil, desde tempos remogume.tos,<br />
cuja flor é amarella, e outras mui<br />
Extrahe-se fecula d'esta tubera. tas, algumas das quaes são da America.<br />
Nambú ou Nhambú-guassú.— Natal ou Flor de Natal. — V.<br />
V. Ricino ou Carrapateiro e Figueira Manacá. do<br />
Inferno.<br />
Navalheira dura.—Eypolitrum<br />
Namoynt. — E' uma arvore das re navacula.Ç!)— Fam. das Cyperaceas. —<br />
giões amazônicas, chamada pelos indí Herva conhecida em Pernambuco, cm<br />
genas Louro.<br />
Alagoas e em outros lugares.<br />
Nasce nas várzeas e alagadiços E' uma espécie de capim (pie invade<br />
d'aquelles lugares.<br />
as capoeiras e os mattos mais emba<br />
Seus fruetos comem-se cozidos. raçados.<br />
Folhas compridas sulcadas de alto<br />
Naná. —V. Ananaz.<br />
a baixo, lustrosas e serreadas, esta<br />
serrilha corta como uma navalha,<br />
Nanei bea. — Manettia cordifolia, a ponto de despedaçar a roupa.<br />
Mart. —Fam. das Rubiaceas. — E' uma No pedunculo triangular, floresce um<br />
planta herbacea, trepadeira, de folhas cacho, como flor do capim.<br />
cordiformes e flores vermelhas.<br />
Dá um fructo como um grão de ce-<br />
Seu fructo é capsular, e tem muitas vadinha, manchado de roixo e branco<br />
sementes miúdas.<br />
mui lustroso; e tem na amêndoa uma<br />
E' empregada na dose de 2 grammas. substancia feculenta.<br />
da raiz em pó, nas hydropisias e nas<br />
Na valheira molle. — Eypolitrum<br />
dysenterias.<br />
inerme.—Fam. idem.—Esta outra espécie<br />
é semelhante á precedente.<br />
Nani. —O anani, e nani. — E' a re<br />
Differe pelas folhas e caules serem<br />
sina fornecida pelo Onani. —V. esta<br />
muito mais molles, macias e desarma<br />
palavra.<br />
das pela serrilha da sua congênere.<br />
Não-nie-deixe. — Flor de ornamento<br />
de jardim.<br />
Também é conhecida esta planta por<br />
Tiririca.<br />
Negra mina.—Fam. das Lauraceas.<br />
Narciso. — Narcisus poclicus, Linn. —As folhas d'esta arvore, que cresce<br />
— Fam. das Narciseas.—Flor aroma muitas vezes com abundância em máo<br />
tica, indígena da Europa, e cultivada terreno, têm um cheiro forte, e dão<br />
nos jardins do paiz.<br />
um aroma muito próprio para perfu<br />
E' o resultado de uma planta hermaria.bacea e bulbosa.<br />
Suas folhas nascem immediatamente Nha ou Nia.—V Castanheiro do<br />
da superfície da terra e são lineares Maranhão.
NOG NOZ 331<br />
Nltambi. — Anthemis. — Fam: das Nóz da índia. —Aleurites moluc-<br />
Compostas. — E' uma planta herbacea cana, Willd. — Fam^ das Euphorbiaceas.<br />
que é empregada pelos nossos indíge — E' uma arvore cultivada no Pará;<br />
nas contra as obstrucções do fígado e encerra uma amêndoa dotada de pro<br />
do baço.<br />
priedades, aphrodisiacas.<br />
E' aromatica e serve de condimento E' comestível; mas precisa ser as<br />
nas saladas.<br />
Nltambú. — Herva rasteira que na<br />
sada, senão actua como purgante, produzindo<br />
eólicas.<br />
Bahia é conhecida por este nome. (?) Noz-moscada.— (do Brasil) C^yp-<br />
Dá uma flor amarella, que é usada tocaria moschata, Mart.— Fam. das Lau-<br />
contra as dores de dentes.<br />
raceas.— E' uma arvore que vegeta<br />
nos terrenos da província da Bahia,<br />
Nltandi. — F. Pimenta das índias, Minas, etc.<br />
e também Nhandú.<br />
E' de folhas alternas e coriaceas.<br />
Flores, pequenas, cheirosas e sem<br />
Nhandiró. — V. Ginãiroba.<br />
belleza.<br />
O fructo, é uma baga escura, e<br />
Nhandú. — V. Nhandi.<br />
I cheirosa : elle tem um aroma activo ;<br />
e é empregado como carminativo e<br />
Nhanica. — Eugenia nhanica, St. nos mesmos casos do Pechurim.<br />
EU. — Fam. das Myrtaceas. — Arvore As cascas da arvore, depois de<br />
pequena, com os ramos novos, rubigi- seecas, são de cheiro e sabor muito<br />
nosos e pubescentes.<br />
agradáveis, assemelhando-se a uma<br />
Folhas oppostas, que curtamente se mistura de cravos e pimentas.<br />
apegam ao tronco, e são lustrosas.<br />
O fructo é bonito e globoso. Noz moscada.—Myristica aromatica,<br />
Lamh.— Fam. das Myristicaceas. —<br />
Ninga. — V. Aninga.<br />
São arvores impregnadas de um<br />
sueco incarnado, e pertencem todas<br />
Nogueira da índia. — Aleurites ás regiões tropicaes do hemispherio<br />
Baucurensis, Comm. — Fam. das Euphor Occidental, mas cultivam-se também<br />
biaceas. — Esta arvore acelimada no n'outros paizes da mesma latitude^ -<br />
Brasil, é originaria da índia.<br />
Tem ramos esparsos.<br />
Esta nogueira é assim chamada Folhas, inteiras, pecioladas e Co<br />
em Pernambuco; um dos primeiros riaceas.<br />
lugares de seu cultivo, foi no extineto Flores, axillares ou terminaes, e<br />
Jardim Botânico de Olinda.<br />
agglomeradas.<br />
Arvore alta, bonita e copada.<br />
E' uma arvore de mais de 4<br />
Casca lisa, e acinzentada.<br />
metros de altura, oriunda das ilhas<br />
As folhas, alternas, cordiformes com Moluccas, e cultivada no Pará; tem<br />
peciolos um pouco longos e louros. ramos horisontaes, flores nuas, envo-<br />
As flores, em cachos nas extremidades lucros floraes, corados e em fôrma de<br />
dos ramosj são brancas, miúdas, como urna.<br />
estrellinhas.<br />
O fructo, que é do tamanho de<br />
. O fructo é uma nóz redonda, cordi- uma noz, está envolvido num periforme,<br />
com uma depressão circular; o carpo polposo e coriaceo, de côr ama-<br />
pericarpo é verde, opaco, e pulverurella-ruiva.lento com duas nozes dentro, cada uma E' a Noz moscada.<br />
com uma semente oleosa.<br />
O arilho também figura no com-<br />
Esta noz é purgativa, toda a vez que i mercio, como especiaria, debaixo do<br />
se come mais de uma.<br />
nome de Flor de moscada.
33S OAU OCU<br />
cada é um excitante poderoso, emcie<br />
de Strychnina com que os indígenas<br />
envenenam suas 3ettas.<br />
prega-se nas digestões laboriosas, e nos E' um veneno.<br />
vômitos espasmodicos, etc. na dose de Ha mais espécies com as mesmas pro<br />
5 a 12 decigrammas.<br />
priedades, como :<br />
Strychinos toxifera.<br />
Stry. brasiliensis, Mart. — Narda<br />
Noz vontica (do Brasil). — Stry- spinosa, Well.<br />
chinos guyanensis.—Fam. das Apocynaceas. Stry. trinervis Guardenia trinervis, Welt<br />
— E' uma arvore do território Amazônico<br />
; cujo pericarpo fornece uma espé Nove horas. —V. Chanana.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— A Nóz mos<br />
O.<br />
Oacajú. —V Caju, Acajú, Acajaiba. Oca. — Oxalis tuberosa, Swart. —<br />
Oajtirú. —V Goajurú ou Guagirú.<br />
Fam. das Oxalidaceas.— Herva de caule<br />
ramoso com flores formando umbrella.<br />
As folhas em trino.<br />
Oaitani. — Moronobia coecinea, Aubl. O fructo é uma cápsula oblonga de<br />
— Symphonia globuliferá, Linn. Fam. cinco das facetas ou pentagona.<br />
Cluciaceas.— Arvore colossal e lactifera, A raiz é tuberosa.<br />
do Pará e Amazonas, que transuda uma Esta planta é do Chile.<br />
resina.<br />
Cremos que é também do Brasil.<br />
Tem folhas oblongas.<br />
E' empregada como adstringente e<br />
Flores , vermelhas, fructo corpulento.<br />
acidula.<br />
Recebe os nomes de Nani e Mani. Ocotea amargosa.—Ocotea amara,<br />
A resina fornecida por esta arvore, Mart. —Fam. das Lauraceas.— E' uma<br />
levada ao fogo, serve para preparar-se arvore, que vegeta nas margens do rio<br />
uma massa viscosa resinosa, escura, Yapurá.<br />
que entra na confecção de um emplas- A casca é amargosa e aromatica.<br />
tro vulnerario.<br />
E' empregada como estomacal.<br />
Oassacú.—V Assacú.<br />
Ocotea aromatica.—Ocotea optfera,<br />
Mart.—Fam. idem.—Planta con<br />
Oauassú ou coqueiro Oanasgênere da precedente.<br />
sú. — Attalea spectabilis, Mart. —Fam. Ella contém na semente um óleo<br />
das Palmeiras.—E' uma palmeira do essencial que rivalisa com o do Limão.<br />
paiz, que vegeta no Norte.<br />
Dá um fructo, de que os indios fazem Ocra-repoty.—V. Eerva de Passa<br />
muito uso.<br />
Comem-se as amêndoas.<br />
rinho.<br />
Estas amêndoas trituradas com água Ocuba—E' uma planta abundante<br />
produzem um liquido emulsivo, cujo do Amazonas.<br />
emprego é variado em medicina, tanto O fructo é do tamanho de uma bala<br />
interna como externamente.<br />
de espingarda.
OGE OIT 333<br />
Seu tegumento exterior é vermelho<br />
purpurino.<br />
A noz é preta.<br />
Fervendo-se a sua polpa, a cera que<br />
encerram seus tecidos, nada sobre<br />
água; sendo depois então separada, toma<br />
a côr branca e brilhante ; d'ella fazem<br />
velas, que dão uma bonita luz.<br />
De 16 kilogrammas de nozes extrahe-se<br />
3 kilogrammas de cera.<br />
Oeral repoty —Polypote-iba. —<br />
Guira em lingua jupinica.<br />
Encherto de Passarinho, que appa-<br />
precedente o Ogervão da folha larga, é<br />
que dão a esta planta este nome.<br />
Ella tem o mesmo porte da outra,<br />
com á differença porém que as folhas<br />
d'estas são estreitas, com algum lustro,<br />
mais glabras, sensivelmente denteadas<br />
; além d'isso crescem 'menos.<br />
Tem sido applicada nas febres intermittentes<br />
com bons resultados.<br />
A flor é mui parecida com a do<br />
outro; porém um pouco mais clara, e<br />
pende também um pouco para a terra.<br />
Oiti-bebado ou da praia. —<br />
rece nos ramos do limoeiro. Struthan-<br />
Pleragina oãorata. Arr. C. — Fam. das<br />
tus citricola. (?)<br />
Chrysobalaneas — Esta espécie de Oiti,<br />
Ogervão ou Gervão verda conhecida por tal nome em Pernamdeiro.<br />
—Elytraria usitatissima. — Fam. buco, e na Bahia, também chamam<br />
das Acanthaceas. — Herva do paiz conhe Oiti-cagão: nas Alagoas Oiti da praia<br />
cida em Pernambuco, Sergipe e Alagoas ou Oiticica: no [Pará — Oiti da beira<br />
por este nome. Não será a Verbena ja- do rio, etc.<br />
maicensis? Verbenacea.<br />
Arvore que é commum no littoral,<br />
O gervão é uma herva que gosta dos um tanto resinosa, e copada.<br />
lugares frescos.<br />
Folhas alternas, de côr verde azulada,<br />
E' ramosa e um pouco pellosa. ellipticas, lanceoladas, cobertas de uma<br />
Folhas, ovaes, oppostas, recortadas nas lanugem branca, em ambas as faces;<br />
bordas.<br />
são finas e facilmente se enrolam nos<br />
Flores, em longa espiga roliça, com dedos como uma pellicula.<br />
as flores encravadas altemadamente em As flores são em espigas ramosas<br />
pequenas cavidades, na espessura d'essa como pequenas rosas brancas.<br />
espiga.<br />
O fructo é de 12 a 16 centímetros,<br />
São como jasmin de côr violeta. fusiforme ou oval, affmando-se para<br />
Os fruetos são pequenas cápsulas ambas as extremidades.<br />
contidas n*esses pontos, aonde estavam O pericarpo é fino, quebradiço, ama<br />
as flores.<br />
rello, encerra uma massa amarella<br />
Esta planta é desobstruente, útil con pegajosa atravessada por fibras transtra<br />
as febres intermittentes ; é também versaes: adhere muito aos dentes<br />
emenagoga.<br />
quando se a come; contém caroço<br />
Ha outra espécie que differe pouco. grande, correspondente á frueta.<br />
As folhas são estreitas, etc.<br />
O gosto não é máo, o cheiro, se<br />
Esta applica-se no rheumatismo e nas bem que não seja máo, todavia é um<br />
ulceras de máo caracter (?)<br />
pouco enjoativo.<br />
O Ogervão de Portugal (officinalis), a Ella é adstringente, se não está bem<br />
mais notável planta d'este gênero, é a madura; n'este estado o pericarpo se<br />
Verbena. Linn. Fam. das Verbenaceas. enruga.<br />
Mas a nossa planta, Ogervão de Per É adstringente, principalmente o<br />
nambuco, é do gênero, Ely traria Fam. caroço.<br />
das Acanthaceas.<br />
Oiti-cagão. — V. Oiti-bebado.<br />
Ogervão da folha estreita.<br />
— Elytraria Uni folia. — Fam. das AcanOiti<br />
da beira do rio. — V. Oitithaceas.—Por<br />
semelhança entre a planta bebado.
334 OIT OIT<br />
Oiticica. — Pleuragina umbrosis- custa muito a vingar; c annos ha em<br />
sima, Arr. C. — Fam. das Chrysobalaque<br />
a arvore não floresce.<br />
naceas. — A Oiticica, conhecida em PerChamam-o<br />
Goiti, e Goitiguaçú em<br />
nambuco por tal nome, parece-nos ser lingua tupinica.<br />
o Bordãosinho de Alagoas e a Catingueira<br />
do sertão.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — O caroço 6<br />
É umá arvore semelhante ao Oiti poderoso adstringente, empregado con<br />
da praia, um pouco leitosa, de folhas tra as diarrhéas ; mas, a não ser ad<br />
maiores, que as da precedente, com ministrado com regra, produz uma sup-<br />
pello branco nas suas faces, e tampressão repentina. Na dose de 1 grambém<br />
nos ramos superiores.<br />
O fructo é mui analago ao da conma<br />
a 4 por dia.<br />
gênere, porém menor, de 3 a 6 centi Oiti da praia.— V. Oiti bêbado.<br />
metros, liso, oval, de superfície amarella<br />
Oiti da praia de Alagoas. —<br />
escura, tendo uma camada pouco espessa<br />
V- Oiti bêbado.<br />
por dentro, de côr mais pallida do que<br />
a de fora, encerrando uma massa com<br />
Oitchi. —Myrcia oitchí.—Fam. das<br />
pacta, dura, e aromatica, de sabor doce<br />
Myrcinaceas. — Os fruetos d'esta planta<br />
enjoativo, contendo um caroço grande, são comestíveis.<br />
em proporção com o fructo; [é duro,<br />
de perisperma grosso, e escuro. CARACTERES DA FAMÍLIA. — As Myrci<br />
A Oiticica dá taboado, sua madeira naceas são arvores ou arbustos de folhas<br />
é amarella da côr da flor do algodoeiro alternas, mui raras vezes oppostas,<br />
e bonita; mas não só desmerece na glabras, coriaceas, inteiras ou dentea-<br />
côr, como lasca ou racha muito facilmente<br />
.<br />
das, sem estipulas.<br />
As flores são dispostas em cachos ou<br />
Ha outra espécie de Oilicica-Oitisinho em fôrma de umbrellas, ou então, sim<br />
desbota. (?)<br />
plesmente grupadas junto da3 folhas<br />
A polpa que envolve o fruco é sac- ou no alto dos ramos ; essas flores<br />
charina, odorifera, grumosa e sabor doce são hermaphroditas, raras vezes uni<br />
Este fructo nunca apparece no mercado<br />
;é raro.<br />
sexuaes .<br />
Seu caule, geralmente persistente,<br />
apresenta quatro ou cinco divisões pro<br />
Oiticuró. — Pleuragina rufa, Arr fundas .<br />
C.—Fam. das Chrisobalanaceas. —Arvore Sua corolla é gamopetala, regular,<br />
do Brasil de casca regoada.<br />
com quatro ou cinco lobulos.<br />
Folhas alternas, um tanto grandes, Os estames, no mesmo numero que<br />
de côr verde escura por cima, louras os lobulos da corolla, algumas vezes<br />
por baixo, ellipticas, agudas e duras. monadelphos, são ligados á base dos<br />
Flores, em cachos, brancas com al lobulos e lhes são oppostos.<br />
gum cheiro.<br />
Os filetes são curtos, as antheras<br />
O fructo é de meio a um palmo de com sagittadas.<br />
primento, oval, tendo uma depressão na O ovario é livre, unilocular, contendo<br />
base, cicatriz da inserção do pedunculo. um numero variável de óvulos inse<br />
O pericarpo é pardo esverdinhado, ridos em um trophosperma central, no<br />
verrucoso e pouco espesso; une-se á qual estão algumas vezes mais ou<br />
uma massa granulosa, espessa, doce menos profundamente encravados.<br />
ácida, adstringente, de côr amarella e O estylete é simples, terminado por<br />
mui saborosa, no centro existe um um estygma simples ou lobulado.<br />
caroço grande, oval, eriçado de fibras O fructo é uma espécie de drupa<br />
que estão em continuidade com a massa. secca, ou uma baga contendo de uma<br />
Fructifica no inverno e no verão, a quatro sementes.
OLE OLI 335<br />
Estas têm o umbigo ou hylo eolloçado Olho de boi ou Mucunan da<br />
inferiormente,; seu tegumento sim matta. —,Dolichos gigantens, Will. —<br />
ples, cobrindo um endosperma corneo, Fam. das Leguminosas. — E' um arbusto<br />
no qual se acha collocado um em trepador, que vegeta nas mattas virgens.<br />
bryão cylindrico, um pouco curvo e Caule volúvel e lenhoso na base;<br />
transversal ao hilo.<br />
sobe a altura das arvores.<br />
É' de folhas ternadas.<br />
Oitituruba. —V Tuturuba.<br />
Flores pendentes, em cachos roixos,<br />
com manchas amarellas.<br />
Olandint. — V. Gulandim.<br />
O fructo é uma vagem grande, sulcada,<br />
comprimida, coberta de^ pellos<br />
Óleo pardo ou Caburé-iba. — hispidos, com resalto na sutura in<br />
Myrocarpus fastigiatus. (?)—Fam. das teriormente.Leguminosas.<br />
— Dá boa madeira de cons Polpa furfuracea e comestível.<br />
trucção, tem um aroma agradável e Sementes, redondas, grandes, e cer<br />
fornece uma resina semelhante ao balcadas de uma sutura, offerecendo uma<br />
samo de tolú.<br />
linha circular saliente.<br />
Nas Alagoas dão-lhe este nome de<br />
Óleo vermelho. — Myrospermum Olho de boi, é porém mais commum<br />
erythroxilum, — Fam idem. —Óleo ver o de Mucunan da matta.<br />
melho, conhecido também por Balsamo<br />
nas províncias de Minas Geraes e Ceará Olho de gato. Nephelium litchi:<br />
é uma arvore magnífica, que* por assim — V Litchi.<br />
dizer, verte lagrimas balsamicas.<br />
E' uma das arvores, que merecia em Olho de pombo. — Fam. das Le<br />
todos os sentidos uma cultura cuidaguminosas. — Planta silvestre, a que nas<br />
dosa.<br />
Alagoas dão este nome.<br />
Qualquer parte ou crgão d'esta arvore, A's sementes chamam Giriqúiti.<br />
da raiz até as folhas é útil.<br />
E' uma trepadeira de caules finos.<br />
A raiz tem um perfume agradável. Folhas, ternadas quasi triangulares,<br />
.0 tronco é uma das melhores ma e pallidas.<br />
deiras de construcção.<br />
Flores em cachos.<br />
Extrahe-se d'esta arvore um óleo es- O fructo éuma vagempequena recortacencial<br />
superior ao Balsamo do Peru, da rias margens, com sementes compri<br />
e que pôde vir a ser um importante midas e vermelhas; e tendo uma mancha<br />
artigo de exportação.<br />
E' uma arvore de não pequenas di<br />
preta no ponto de insersão das mesmas.<br />
mensões.<br />
Olho de Santa Luzia. —V Ma-<br />
O seu tronco é forte.<br />
A casca é pela maior jparte perfeirianinha.tamente<br />
lisa, e de uma diminuta es Oliveira. — Olea Europcea, Linn.—<br />
pessura.<br />
Fam. das Oleaceas.—E' esta a Oli<br />
A madeira é formada por um tecido veira propriamente dita: ha outras<br />
compacto de uma beüa côr vermelha ; muitas espécies que também são cha<br />
é empregada com vantagem nas obras madas Oliveiras.<br />
immersas,<br />
Esta é originaria da Ásia Menor e<br />
Se entre nós existisse industria ha seus contornos meridionaes; foi- trazida<br />
muito que se teria utilisado esse bal á Europa depois da conquista da Grésamo<br />
para substituir o Balsamo do Peru cia ; e foi consagrada á Minerva; com<br />
na medicina ; seu preço seria apenas o seu óleo é que se faziam as libações.<br />
metade do do Balsamo de tolú que ap- E' de porte de uma arvore no seu<br />
parece no commercio.<br />
paiz natal.
336 ORE ORE<br />
Alta, de folhas de côr verde intensa flora. —Fam. das Clusiaceas.— Chamam<br />
oppostas, coriaceas.<br />
alguns a esta planta Pororoca; mas a<br />
Às flores em cachos, brancas, pe Pororoca propriamente é outra planta,<br />
quenas, como jasmins, mas com qua que muito se parece com esta, como<br />
tro pétalas somente.<br />
se verá no artigo competente.<br />
O fructo é a azeitona que nós im Esta é uma arvore mediana de casca<br />
portamos, é uma baga de 1 % centí lisa, cinzenta e resinosa.<br />
metro, oval, lustrosa, de côr especial, Folhas, oppostas, ovaes, grossas, lu-<br />
sabor oleoso.<br />
sidias e escuras.<br />
Contêm uma semente oleosa que Flores, em cachos pequenos, brancas,<br />
encerra um principio amargo. formadas por tecido carnoso.<br />
A Oliveira é também o symbolo da paz.<br />
Cultiva-se nas províncias do Sul do<br />
Império Brasileiro; com muito bom<br />
resultado.<br />
Ninguém ignora o uso que o paiz<br />
faz d'azeitona, já pelo azeite doce, jà<br />
em conserva como condimento.<br />
Podíamos tel-a com mais abundância,<br />
como na Europa, visto o acclimamento<br />
fácil das plantas dAsia no<br />
nosso paiz.<br />
O fructo é uma cápsula oval, coria<br />
cea, que offereee nove a dez lojas, contendo<br />
muitas sementes inseridas no<br />
angulo interno.<br />
O lenho d'esta arvore é branco, um<br />
tanto frouxo e fraco.<br />
Floresce no verão.<br />
Orelha de gato. — Eypericum<br />
connatum, Lamh.— Fam. das Eypericaceas.<br />
— Planta do Brasil, que nasce nos<br />
terrenos paludosos em S. Paulo.<br />
Ombú. — E' uma arvore do paiz E' um arbustinho de caule erecto.<br />
ainda não classificada.<br />
Folhas, conicas e perfumosas, com<br />
Dá o fructo amarello, semelhante á a parte livre e aguda com pontos trans<br />
ameixa.<br />
lúcidos .<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — A raiz<br />
d'esta planta dizem ser doce e refrigerante<br />
e empregada nas febres inflammatorias.<br />
Onnianga pixirica.— Melastoma.<br />
As flores, em cachos miúdos.<br />
Floresce em Dezembro e Fevereiro.<br />
Vegeta nos lugares humidos, e pa.<br />
ludosos. E' também de Minas e Rio<br />
Grande do Sul.<br />
— Fam. das Melastomaceas. — Faz-se das PROPRIEDADES MÉDICAS. — Esta planta<br />
bagas d'esta planta, submettidas á fer é adstringente ; o seu cosimento é emmentação,<br />
vinho ou vinagre.<br />
Ora-pro-nobis. — Pereshia grandipregado<br />
nas dores de garganta e anginas.folia,<br />
Swartz. — Fam. das Cactaceas.— Orelha de onça. — Cissampelos<br />
Arbusto de caule avermelhado tor ovatifolia, D.C. Fam. das Menispermatuoso.ceas.—E'<br />
uma herva que em Minas Ge<br />
Seus ramos são muitos espinhosos. raes e em Goyaz recebe este nome.<br />
Cresce até 4 % metros mais ou menos. E' de porte mediano.<br />
As folhas são ellipticas, de quasi 24 Folhas, ovaes.<br />
centimetros, de côr verde bonita e lu- Flores em cachos, de sexos distinezente.tos<br />
: são cobertas de pellos que as<br />
As flores, um pouco grandes, côr de tornam um tanto ásperas.<br />
rosa, em cachos, na extremidade dos Os habitantes d'aquelles lugares usam<br />
ramos, e produzem bello effeito quando das raizes d'esta planta em decocção,<br />
a planta está em plena vegetação. contra as febres intermittentes.<br />
Floresce em Abril e Maio.<br />
Orelha de burro. — Clusia niti- Ha maÍ3 espécies.
ORC ORT 33?<br />
Orelha de onça, de S. João Fornece uma matéria corante côr de<br />
d'£l-rei. —Cissampelos bracteata, St. azinhavre, própria para titfcturaria.<br />
EU. —Fam. idem. —Esta espécie é Não ha exportação d'esfe artigo, nao<br />
também de Minas, e própria de S. João obstante haver grande quantidade naá<br />
d'el-Rei.<br />
margens do lago de S- José, perto de<br />
Tem as folhas quasi redondas. Óbidos, e outros pontos do Amazonas;<br />
As flores, também de sexos "separados.-' nem mesmo por ora tem havido quem<br />
as femininas são faciculadas, e torcidas. se dê á procura d'esse gênero de ex<br />
Os habitantes -d'aquelles lugares reportação, entretanto em Benguella, e<br />
putam-n'a como um dos poderosos an Mossamedes, é objecto - de grande extídotos<br />
do veneno,das cobras. portação. :<br />
Floresce em Fevereiro.<br />
O outro gênero é Lecanora ixnctoria.<br />
Orelha de páo. — V Urupê. Ortelã de campina, ou de boi.<br />
— Pyenanthenum protiferum. — Fam. das<br />
Orelha de rato. — Vandellia dif- Labiadas. — Herva assim chamada nas<br />
fusa, Linn. e Lamh. — Fam. das Scro- Alagoas.<br />
fhularíaceas. —Planta .do paiz, que tem E' uma planta., que alastra no chão<br />
recebido na lingua indígena os seguintes os seus caules roixos. ^'<br />
nomes, a saber: Caa-ataya, (Pison); Ma- Folhas ' oppostas, mui semelhantes<br />
tacana, Purga de João Paes, e Orelha ás de da Ortelã de cheiro.<br />
gaio.<br />
Seu uso é servir em decocção como<br />
E' uma herva pequena, delicada, de remédio anti-spasmpdico.<br />
folhas oppostas, quasi redondas. Ella tem as flores reunidas em.- ca»»<br />
Flores pequenas e solitárias, tendo pitulos ; são brancas, e tem por frucffo '"<br />
por fructo uma cápsula, contendo mui-. uma pequena ,cápsula, em que-existem<br />
tas sementes dentro.<br />
quatro sementinhas pretas e brilhantes.<br />
E' amarga, mucilaginosa, um tanto<br />
acre, purgativa, e promove a ourina.<br />
Serve de pasto ao gado.<br />
Esta planta vem a ser a Mata-cana Ortelã de cheiro.—Mentha crispa.<br />
de Pernambuco; (vide o seu lugar com Linn.— Marsupianthes hyptoídes. — Fam.<br />
petente n'este Diccionario.<br />
idem. — Ninguém ha no paiz que deixe^<br />
de conhecer, ou de saber o que seja<br />
Orelha de veado. — V. Taióba. a Ortelã de tempero ou de cheiro, embora<br />
ella seja originaria do velho»<br />
Ore lia. —Allamanda aubletii, ou Mundo ; o seu uso quotidiano na arte<br />
Aliam, cathartica, Linn. — V. Dedaes culinária áe a faz conhecida de todos.<br />
Damas.<br />
E' uma herva rasteira, formando tou<br />
Ha outra espécie d'esta planta, Allaceira, cujas vergonteas elevam-se apenas<br />
manda Schottii; ou então é esta mesma a 24 centimetros mais ou menos.<br />
espécie, a que em Pernambuco chamam Seus caules, quadrangulares.<br />
Cachimbo.<br />
Suas folhas, cheirosas, crespas e quasi<br />
redondas, são oppostas.<br />
Orellana. — V. Urucú.<br />
As flòrinhas, difficeis de se ver, são<br />
pequenas e como as do Mangericão.<br />
Ororoba. — V. Piquiá-banana. Todas as suas partes são de<br />
aroma activo.<br />
um<br />
Orcella ou Urzella. — Rocella E' estomachica e anodyna, e empre<br />
tinctoria, Mart. — Fam. das Lichenaceas. gada como excitante.<br />
— E' um vegetal irregular, da classe Cultivam-na nas hortas, e quintaes.<br />
das plantas cryptogamicas.<br />
Ella é emolliente e peitoral. Ortelã do Maranhão ou da<br />
45
338 PAI. PAL<br />
folha larga. —Fam. idem. — Esta Suas folhas, oppostas, ovaes.<br />
planta, a que chamam—Orlelã do Ma Suas flores, roixas, desbotadas, são á<br />
ranhão em Pernambuco, da. folha larga,— maneira do jasmins.<br />
nas Alagoas e Segurelha em Sergipe, O fructo é uma cápsula redonda, do<br />
parece-nos ser a Ortelã do matto (Pelduas<br />
valvus, e cinco pontas (no ápice),<br />
todon radicans) segundo traz Vell. e d'Oli- com grande numero dc sementes iniuveira<br />
pag. 188.<br />
A de Pernambuco é uma herva, que<br />
dissimas.<br />
apparece sem cultivo, e que nos parece<br />
silvestre; ella forma touceira; eleva seu Ortelã do matto. — Peltodon rw<br />
caule á % metro; é molle e suceu ãicans. — Clinopodium repens. —Fam. das<br />
lento, com folhas oppostas, pvaes, gros Labiadas.—Planta balsamica, e esternusas,<br />
pillosas glandulosas, de côr verde tativa , ( espirradeira), carminativa,<br />
esbranquiçada; e de aroma activo; nunca diuretica, que na obra de Velloso<br />
a vimos com flores. ) se acha desenhada com o nome botânico<br />
Também serve de tempero.<br />
acima, e vulgar Poejo rasteiro.<br />
Ortelã da matta. —Hyppion hu- 011 y r a r c m a. — Acácia ouyraremas<br />
milis.—Fam. das Gencianeas. — Esta Aubl.— Fam. das Leguminosas. — Ar<br />
plantinha, a que nas Alagoas dão este vore cujo caule é enorme.<br />
nome, vegeta nas mattas nos lugares Suas folhas compostas.<br />
sombrios e humidos.<br />
E' do Amazonas.<br />
Seus caules são prostrados pelo chão. Esta espécie é mui distineta.<br />
:P.<br />
Palmatória.— Cactus opuntia, Linn. O fructo, é de um vermelho pur<br />
— Fam. das Nopalaceas.— Esta exquisita purino por fora, cujo pericarpo é mem<br />
planta, que na Europa recebe o nome branoso, e dentro ha uma massa<br />
vulgar de Raquette e de Semelle de aquosa pulverulenta, avermelhada, e<br />
pape, (Raqueta, e palmilha de Papa) semeada de grãosinhos pretos.<br />
chamam pelo centro em nossos sertões Come-se, e tem gosto doce.<br />
Palmatória.<br />
E' indígena do Brasil, vegeta nas<br />
E' refrigerante, e facilita as urinas.<br />
catingas, cresce até a altura de 1 a Palmeira real, de Pernam<br />
2 metros.<br />
buco.— Areca oleracea, Willd e Pi<br />
Seu caule e folhas são verdes; estas son.— Fam. das Palmeiras.— Esta pal<br />
são carnosas, de um palmo de commeira é de Cuba; na Europa dam-lhe<br />
primento pouco mais ou menos, unin o nome de Côa palmito, e em Perdo-se,<br />
ponta a ponta, umas com as nambuco de Palmeira real ou Imperial.<br />
outras.<br />
Ella é muito elegante.<br />
A planta é muito esgaBiada, com Sua altura é de 9 metros pouco mais<br />
raros espinhos.<br />
ou menos.<br />
O pericarpo é verde, e dentro ha Seu tronco no meio é mais volu<br />
uma massa fibrosa e branca.<br />
moso, formando um bulbo pequeno.<br />
Suas flores são pequenas, vermelhas. A cor é cinzenta e lisa ; no alto
PAN PAO 339<br />
ha uma braça, pouco mais ou menos, E' uma planta herbacea, de 3 a 4<br />
de tronco verde, liso, em cuja base palmos, (em nosso clima), é que pouco<br />
sahe o cacho das flores, e no topo esgalha. .<br />
o ramalhete das palmeiras sendo suas •As folhas alternas, lanceoladas, es<br />
palmas de foliolos estreitos, que se treitas.<br />
curvam. „ As flores, em. cachos, de sexos dis<br />
As flores, de dois sexos, em densos tinetos, são á maneira de um<br />
cachos, sendo um de flòres^masculinas fendido.<br />
botão<br />
e outro de femeninas. •* •-•> Dá por-ffueto uma cápsula, de duas<br />
' O fructo é como uma azeitona na -valvas, crustácea, ovoide, um tanto<br />
.fôrma e na côr; o gommo terminal^ comprimida, Com uma semente apenas<br />
que é o. palmito, come-se.<br />
branca e^oleosa.<br />
As primeiras aqui ^trazidas foram Os índios preparam do sueco da<br />
' aclimadas no Jardim Botânico de Olinda. casca d*éssa herva e folhas uma be<br />
A verdadeira Palmeira real é outra, bida conv que se embriagam; e os<br />
como mostramos. ~"<br />
Palmeira regia. —Oreodoxa re<br />
Africanos entre nós usam d'esta planta<br />
no cachimbo, como fumo.<br />
gia, Will.—rFam. das Palmeiras. — Páo de Acácia.— F. Avaramo.<br />
Esta palmeira que vegeta na ilha dè<br />
Cuba, onde >é conhecida por Palmeira Páo ilailio.— Catraeva tapia,-Linn.<br />
regia, também é conhecida no território — Fam,. das Caparidaceas.— A madeira<br />
'brasileiro, e aclimada ; tem o porte da serve para fabricar potassa ; as folhas<br />
palmeira, que em Pernambuco é chamada<br />
Real ou Imperial.<br />
são maturativas e anti-hemoríhoidaes.<br />
O seu fructo é semelhante ao da pre Páo «9 alleo ou Cipó de alho.<br />
cedente.<br />
— Seguiera americana, Linn,— Seguiera<br />
aculeata, Jacq.— Fam. das Phytolaceas.—<br />
Palmito. —Oreodoxea sangona, Will. E' um arbusto, que em lingua de<br />
— Fam. idem. — Esta palmeira, que ve tupinicq chama-se Ybiraremu, e Guageta<br />
nos Andes de Quindin, é á rarema.<br />
semelhança da Palmeira Imperial. E' do alto Amazonas. m<br />
Seu tronco é delgado e alto.<br />
As folhas são ellipticas e lustrosas.<br />
As flores um pouco dobradas sobre As flores em cachos, sem belleza.<br />
si; no mais é igual á outra.<br />
Dá um fructo oblongo, espesso de<br />
Vulgarmente chama-se palmito a toda um lado, encerrando um caroço den<br />
substancia que constitue o gommo tertro.minal da Palmeira.<br />
O páo tem o cheiro semelhante ao<br />
Pana-panari. —Clusia pana pa-<br />
do alho.<br />
O cálice é formado por quatro ou<br />
nari, chois, Quap.—Pana panari, Aubl. cinco — sepalas, quasi sempre coloridas;<br />
Fam. das Cluseaceas.— Arvore que cresce os estames são em numero indeter<br />
no Amazonas, conhecida por este nome. minado, ou do mesmo numero das<br />
Suas folhas são oppostas.<br />
sepalas, com as quaes alternam.<br />
As flores amarellas, e o fructo glo O ovario, de uma ou mais lojas,<br />
buloso.<br />
contendo cada uma um óvulo ascen<br />
E' comestível.<br />
dente ; estyletes e estigmas em numero<br />
igual ao das lojas.<br />
Pango ou Lianiba. — Cannabis Fructo carnoso ou secco, com uma<br />
sativa indica, Rhéed. — Fam. das Myrta ou mais lojas; sementes contendo um<br />
ceas. — E'uma herva da índia, que já embryão cylindrico, enrolado em torno<br />
de muitos annos se cultiva no Brasil. do endosperma.
340 PAO PAO<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— : Applica-se e Páo d arco roixo; differem tão somente<br />
em banhos nas affecções rheumaticas; nas flores, as do primeiro são amarel<br />
e suas folhas contusas, em fôrma de la»,' e as do segundo roixas.<br />
cataplasmas, para resolver abcessos. No Rio de Janeiro e províncias dô<br />
Sul chamam-no Ipé.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA.— Plantas<br />
O Páo d'arco o amarello ó preferível.<br />
herbaceas, ou arbustos de folhas al<br />
Emprega-se em todas as obras de<br />
ternas, inteiras, sem estipulas.<br />
pontes, com excepção de esteios, nas<br />
Flores dispostas em cachos.<br />
cobertas, travejamentos, nos eixos o<br />
Esta familia se compõe de gêneros<br />
raios de rodas dos carros.<br />
que tem sido na maior parte sepa<br />
E' a melhor madeira para dormente*<br />
rados da familia das Chenopodeas,<br />
de estradas de ferro.<br />
das quaes differe, sobre tudo, pelo<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Passa por<br />
ovario multilocular, pelos estames ou<br />
febrifugo; a casca é empregada contra<br />
em numero mais considerável que as<br />
as ulceras; também é útil nas molés<br />
sepalas, ou em numero igual, e então<br />
tias venereas e rheumaticasj e sobre<br />
alternando com ellas; e, quando seu<br />
tudo nas moléstias de pelle, princi<br />
ovario é simples, pelo cálice conspalmente<br />
no eczema, herpes e sarna.<br />
tantemente colorido e petaloide.<br />
Páo ou Cipó ílalbo —1. Ybi-<br />
Páo de azeite.— V Lantim.<br />
r ar ema ou Guararema.<br />
Páo baila.— Tríchilia guará, Aubl.<br />
Páo d'arco. — Bignonia chrysan- —Fam. das Meliaceas.—O sueco leitoso<br />
tha, Willd.— Bignonia pentuphylla, Linn. d'esta planta é um violento purgante<br />
— Fam. das Bignoneas.— Uma das bel e vomitivo; o cosimento da casca é melas<br />
arvores do Brasil.<br />
nos enérgico ou activo.<br />
E' alta, de casca dura.<br />
O envenenamento que esta planta pro*<br />
Folhas lustrpsas, oblongas, e com duz é combattido pelo Jatropha multipostas.fida<br />
de Linn. segundo a crença popular.<br />
As flores são um tanto grandes, Páo balsamo. —Balsamum peru-<br />
de um amarello dourado.<br />
vianum, Myroxilum peruiferum, Linn. —<br />
O fructo é uma vagem de 24 cen Fam. das Leguminosas. —Esta arvore,<br />
timetros, coberta de pellos ruivos, descoberta primeiramente no Peru, re<br />
repartida em duas lojas, contendo cebeu por isto dos naturalistas o nome<br />
muitas sementes aladas e bem col- de Peruviana; mas depois conheceram<br />
locadas (em ordem).<br />
que o Brasil possuía também esta bella<br />
Esta arvore pelo verão, quando des arvore, assim como a do balsamo de<br />
poja-se de sua folhagem, cobre-se de Tolú.<br />
tantas flores .como de folhas, o que E' uma arvore de casca lisa, grossa<br />
lhe dá um aspecto o mais bello que e resinosa.<br />
se pôde imaginar.<br />
Folhas compostas, ovaes e lisas ; os<br />
E' de madeira rigida, que se presta raminhos cheios de tuberculos, pedun-<br />
ao polimento; é empregada para obras culados.<br />
de duração, como peças de machinas As flores são brancas, dispostas em<br />
de engenho, esteios, eixos de carros. cachos.<br />
Também presta-se a mobílias; sua O fructo é uma vagem alongada so<br />
côr é parda, e o pó de sua serragem bre um pedunculo achatado, á maneira<br />
é amarello.<br />
de uma fouce, encerrando uma ou duas<br />
Este pó suspenso n'agua e applicado sementes.<br />
na cabeça, mata os piolhos.<br />
Esta arvore exsuda da sua casca o<br />
Ha duas espécies: Páo d'arco amarello \
PAO PAO 341<br />
^chamado Balsamo de Peru, que já foi tão de polir-se bem, e bom para obras de<br />
apreciáds no commercio pelo seu em torneiro; mas a grande propriedade que<br />
prego na pharmacia ; hoje cahio quasi tem de dar uma tinta rubra, bonita e<br />
em desuso.<br />
firme, que as fabricas da Europa con<br />
Este sueco se coagula e secca ; é somem, faz com que só seja empregado<br />
de uma côr loura escura, exhala um para esse fim; ninguém ignora que esta<br />
bom aroma, agradável e forte, e o madeira foi monopólio do Governo Por-<br />
seu sabor é amargo e acre.<br />
tuguez, que muito enriqueceo o the-<br />
E' este o chamado Balsamo do Peru souro lusitano, e, hoje mesmo, não ha<br />
do commercio.<br />
inteira liberdade em<br />
com ella.<br />
se commerciar<br />
Páo balsamo. — Myroxylum ío- Uma outra espécie ha, a que chaluifera,<br />
Ried.—Toluifera balsamum, mam Linn. na Europa Bresílle, que é das<br />
— Fam. idem. — Esta arvore, de muita índias, Ccesalpínia sappon, Linn.<br />
analogia com a precedente, differe com- Ella fornece umabella tinta vermelha;<br />
tudo por ter menor numero de foliolos é mais rica em princípios corantes,<br />
em cada folha,,, e serem estes de fôr porque dá uma côr mais fixa' á lã e<br />
ma lanceolada, aguda-<br />
ao algodão.<br />
Escorre de sua casca a resina liqui E' a Ccesalpinia sappon, Linn.<br />
da, que se apara em vasilhas e caba O Páo brasil recebe também este nome<br />
ças, collocadas ao pé da arvore, onde Páo rosado ou Páo de Permambuco.<br />
solidifica-se, tomando uma côr loura, Extrahe-se d'ella a brasilina, que é<br />
meio transparente, com cheiro suave, usada na tincturaria.<br />
e sabor agradável e doce.<br />
Elle tem as mesmas propriedades do Páo dc cachimbo.—Heliotropium<br />
precedente, e as mesmas applicações. punctatum — Fam. das Borragineas.—E'<br />
Usa-se em xarope para os catarrhos um arbustinho trepador; seu caule le<br />
pulmonares.<br />
nhoso, escuro, é semeado de pontos<br />
Esta arvore cresce em Tolú, e cha brancos; no centro do tronco nota-se<br />
mam-lhe na Europa Balsamo de Cartha- muito desenvolvido o estojo medullar,<br />
gena e Balsamo de S. Thomaz; existe donde ou do qual tiram o miolo, para<br />
também no Amazonas.<br />
ficar um tubo que<br />
chimbo.<br />
utilisam para ca<br />
Páo Brasil.— Cassalpinia ecchinata, As folhas são semi-opacas, pubescen-<br />
Lamh.— Cossalpinia brasiliensis, Linn.— tes, e ásperas.<br />
Fam. das Leguminosas.—Esta arvore do As flores em espigas, que se enro<br />
paiz, que tanto ha concorrido para sua lam nas pontas, e são só de um lado<br />
riqueza, vegeta profusamente nas pro enxertadas; ellas são alaranjadas, em<br />
víncias septentrionaes do Império. tubo estreito, com cinco pontas agu<br />
E' de porte mediano, ramosa; casca das e pequeninas.<br />
esponjosa e cinzenta, com os galhos O fructo uma pequena vagem re<br />
affastados uns dos outros.<br />
donda, globulosa, com sementes dentro.<br />
As folhas, ovaes e compostas, são O caule d'este arbusto, e os ramos<br />
duplamente aladas.<br />
menores, tornados fístulosos, formam<br />
As flores, em cachos, de côr vermelha tubos, de que os naturaes de Pernam<br />
e amarella, são aromaticas e de um buco se servem nos cachimbos de<br />
agradável aspecto.<br />
O fructo é uma vagem.<br />
fumar.<br />
Os índios dão-lhe o nome de IbirapiPáo<br />
campeche. — Hematoxylum<br />
tanga.<br />
campechianum, Linn, e Lamh. — Fam.<br />
Esta arvore tem um cerne*de côr das Leguminosas. — Esta arvore é na<br />
mais ou menos carmezim, duro, fácil tural de Campeche no México, d'onde-
342 PAO PAO<br />
ella tirou seu nome, existe nas<br />
Antilhas, e na província do Pará, e<br />
por isso a indicamos aqui.<br />
E' uma arvore elevada.<br />
de 2 á 3 das mesmas colheres, o pnra<br />
crianças, de 2 á 3 colheres de chá.<br />
Páo carga ou de carne.—Ca-<br />
Suas folhas compostas, alternas, são searia usucaris. — Fam. das Samydeas.<br />
obovaes ; seus ramos novos apresentam — Este arbusto, natural de nosso solo,<br />
vestígios de espinhos.<br />
é conhecido por Páo de carne em Per<br />
As flores são amarellas, com um nambuco, nas Alagoas por Páo carga,<br />
cheiro que lembra o do Junquilho. e por Camarão em Sergipe; tem também<br />
O fructo é uma vagem pequena, com o de Jequitíbá nas Alagoas, e o de Cakubl<br />
uma semente plana, reniforme. nos sertões do Norte.<br />
A madeira d'esta arvore é branca E' um elegante arbusto, mui ramoso,<br />
amarellada, com o cerne roixo. com casca lisa.<br />
D'ella se extrahe a tinta de que Folhas compostas, lustrosas, com as<br />
nossos tinctureiros tanto uso fazem; margens recortadas, ovaes, e agudas.<br />
tinta roixa, que se torna preta pela As flores, que brotam em feixes, ape<br />
addiçção de outros ingredientes; posgadas ao caule e na axilla das folhas,<br />
sue princípios adstringentes.<br />
são brancas, com mui leve cheiro.<br />
E' usada na arte de tincturaria. Os fructinhos, menores do que a azeitona,<br />
abrem-se em três valvas, mostrando<br />
Páo caninana. — V. Caninana.<br />
Páo de Capsico, ou Ingra-<br />
uma ou três sementes, envoltas em polpa<br />
vermelha, que come-se, mas não é bôa.<br />
quiyitha, on Kiyuja. — V. Páo PROPRIEDADES MÉDICAS. — Sua raiz
PAO PAO 343<br />
de côr roixo-viva, com mancha branca, Ella tem uma certa analogia com o<br />
á semelhança de um busiosinho com cravo da índia e com a canella.<br />
dois lábios.<br />
E' de cor roixa escura, quando está<br />
O fructo é como uma ameixa, oval, privada de sua epiderme, que é cin<br />
tomentoso, preto, contendo uma massa zenta, esbranquiçada, mas ás vezes acha-<br />
trigueira, aquosa, doce, e adstringente; se munida d'ella.<br />
tegumento externo, membranoso ; dentro<br />
existem quatro caroços, que não<br />
apparecem sempre todos, ás vezes so<br />
E' usada como tempero.<br />
mente um ou dois.<br />
Páo tle embira, ou Semente<br />
A madeira é empregada para traves, de embira. — Anona carminativa,<br />
tectos e portadas de edifícios. Au. Cam.—Fam. das Anonáceas.—Também<br />
chamam a este arbusto elegante<br />
Páo cobra. — Quassia ophiorhyza. Pindayba, nome que pertence mais á<br />
— Fam.. das Rutaceas.<br />
outra espécie, pois esta já dá flores e<br />
fruetos com três nomes.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— A raiz d'esta<br />
E' uma arvore de mediano porte,<br />
planta é tônica, amarga e mucilagi<br />
bonita, mui esgalhada.<br />
nosa.<br />
Folhas estreitas, pequenas, lustrosas<br />
E' empregada nas febres e diarrhéas<br />
e alternas; as mais pequenas asseme<br />
chronicas.<br />
lham-se ás da Romeira.<br />
Páo de colher. — Tabernaemon- Flores medianas, semelhantes pouco<br />
tana echinata, Will. — Fam. das Apo- mais ou menos ás da pinha (áta).<br />
cyneas. — Esta planta é lactifera ; suas O fructo é uma nóz, de 12 % centi<br />
folhas são odoriferas.<br />
metros, redonda, afinando para a base,<br />
Dizem que ella é útil contra as hér de cor esverdinhada.<br />
nias e as febres, porém é necessário O pericarpo, que é fino e tenaz, é<br />
cuidado, porque pertence a uma fa na parte interna repartido por uma<br />
milia de plantas muito suspeitas. membrana; fôrma lojas, contendo uma<br />
semente em cada uma, meio achatada,<br />
Páo Cravo ou Craveiro da redonda, convexa de um lado, plana<br />
terra. — Licaria gujanensis, Aubl. de — outro, lustrosa e dura.<br />
Dicypellium caryophyllatum, Nees.—Lau- Tem o cheiro activo, picante e estirus<br />
canella. — Fam. das Lauraceas.—E' mulante.<br />
uma arvore indígena do paiz, especial E' um dos adubos usados nas nosmente<br />
do Pará e alto Amazonas. sas cosinhas, principalmente para cer<br />
E' alta, com a casca dura e avertos manjares, que especialmente o remelhada.clamam;<br />
faz o effeito da pimenta.<br />
Suas folhas ovaes e glabras.<br />
A casca d'este arbusto é matéria de<br />
Suas flores não observadas.<br />
cordoaria.; as vergonteas prestam-se<br />
Em Pernambuco chamam-a Cravo do muito ao uso de varinhas de pescar,<br />
Maranhão ; já não apparece ha annos e outros misteres.<br />
no mercado.<br />
A casca é aromatica, e enrolada em Páo de espeto. — V. Mathias.<br />
tubos; ella vende-se no commercio<br />
europeo em grande escala por causa Páo facho. — E' um arbusto, ou<br />
do sabor aromatico, semelhante ao do mesmo arvore agreste do paiz, conhe<br />
cravo da índia.<br />
cida em Alagoas, Sergipe e Pernam<br />
Esta arvore abunda nas mattas e monbuco por tal nome.<br />
tanhas da serra do Mar.<br />
Depois de secco mesmo na terra, arde<br />
Sua casca recebe na Europa o nome espontaneamente, a ponto de ser diffiL-<br />
de Cássia caryophyllaia.<br />
cil de apagar-se.
344 PAO PAO<br />
Páo<br />
mação.<br />
fala. — E' madeira de esti Páo homem.— V. Marapuama.<br />
Páo lacre.— 1". Caaopia. V. Lacre.<br />
Pão-ferro ou Quiri ptnlnga.<br />
— Dialium ferrum; Dialium divaricaPáo<br />
lagoa.— V. Tábua.<br />
tum, Vahl. — Arauma Guianensis, Aubl.<br />
— Fam. das Leguminosas. — E' uma das Páo de leite ou de tiú.— F/<br />
arvores indígenas falladas pela sua um arbusto do sertão, do (piai trans-<br />
madeira, duríssima, para as obras de suda muito leite.<br />
construcção urbana.<br />
Emprega-se com muito bom resul<br />
Também recebe o nome de ltú nos tado nas hydropisias.<br />
sertões do Norte.<br />
E' uma arvore elevada, de forma py Páo manteiga.— E* uma maramidal.<br />
Suas folhas são compostas, e de<br />
deira de Pernambuco.<br />
côr verde ; ellas são ovaes ponteagudas. Páo dc Maria.— V. Lantim.<br />
As flores são em cachos pyramidaes,<br />
como rosinhas amarelladas.<br />
Pão molle. — V. Guabipocaiba.<br />
Tem por fructo uma espécie de vagem,<br />
de pouco mais de 3 centimetros, Páo molle de Alagoas : — Po-<br />
roliça e parda, afinando-se para a lyozus fragilis. — Fam. das Verbenaceas.<br />
ponta, que termina em um prolonga — E' um arbusto silvestre, a que nas<br />
mento ; contem duas sementes roli- Alagoas dão este nome ; em Pernamças,<br />
compridas, envoltas em uma polpa buco também<br />
esbranquiçada, furfuracea e acre doce. semelhante.<br />
ha Páo-molle, e é bem<br />
Come-se.<br />
O caule d'aquelle é esbranquiçado,<br />
O Páo ferro tem o cerne roixo. ou pallido, formando nós, qne mudam<br />
E' madeira própria para estivas das de sentido, nos ramos, cruzando-se.<br />
pontes, travejamentos, tectos de edi As folhas, amarelladas, crespas e mafícios,<br />
e finalmente para todas as cias.<br />
obras, que exigem madeiras rijas e Flores, em densos cachos, brancos e<br />
pezadas.<br />
pequeninos.<br />
Os fruetinhos vermelhos, que pare<br />
Páo forquilha.— V. Páo Pereira. cem Giriquilis, com uma ou duas sementes<br />
dentro.<br />
Páo geremu.— Spinacia gerimú. As rolas gostam muito d'esta fruc-<br />
— Fam. das Chenopodiaceas.— Esta artinha.vore,<br />
conhecida por tal nome nas<br />
Alagoas, não é a mesma arvore Gi Páo molle de Pernambuco. —<br />
rimú de Pernambuco,<br />
Polyosus pernambucensis. —Fam. idem.<br />
E' uma arvore, cuja casca é aver — Esta outra planta, do mesmo nome<br />
melhada, quasi com côr de Gírimum. em Pernambuco, é semelhante ao das<br />
As folhas ovaes.<br />
Alagoas; mas as folhas d'esta ultima<br />
As flores, em espigas pequenas, são são mais crespas, e irregulares em po<br />
também pequeninas.<br />
sição.<br />
O fructo é de 1 e % centimetros, O lenho é mais esverdinhado.<br />
ovoide, transparente, amarello, mar As flores mais amarelladas; este<br />
chetado de vermelho, parecendo-se tem o páo esbranquiçado, as flores são<br />
com uma mangaba; dentro é cheio brancas, e não apresenta nós nas pon<br />
de sementinhas.<br />
tas dos ramos ; no mais confundem-se<br />
E' madeira que serve para traves, as duas espécies.<br />
e caibros, e para tecto de edifícios. Fruetos em cachos, vermelhos, lus-
PAO PAO 341<br />
trosos, polpa vermelha; dentro uma só golpes, etc, e internamente nas gonor<br />
semente grande.<br />
rhéas, etc.<br />
Este balsamo é um dos que os pin<br />
Páo monde. — Outro páo de Pertores, entre nós, empregam em suas<br />
nambuco.<br />
preparações de tintas para as pinturas<br />
das casas, porque melhor se conserva,<br />
Páo do novato. — Tripterix ame dá mais intensidade á côr da tinta, e<br />
ricana.— Fam das Polygoneas.— E' uma tem a propriedade seccativa.<br />
arvore do paiz, que açoita formigas Emprega-se nas obras de marcenaria.<br />
mordedeiras; a casca adstringente. A província do Pará o exporta em<br />
grande quantidade, do modo seguinte.<br />
Páo d'óleo.— V- Cabureiba, Cabu- Inglaterra 27,199<br />
reiicíca.<br />
Estados-Unidos 16,625<br />
França 11,766<br />
Páo d'oleo de Pernambuco. Portugal 3,091<br />
— Copaifera officinalis, Linn. — Fam. Sul do Império 1,387<br />
das Leguminosas. — Vulgarmente chamam<br />
a Copaibeira Páo d'óleo. Total 60,680 kil.<br />
Esta bella arvore de nossas florestas<br />
é mais profusa nas províncias do Norte, Páo papel. —Lasiandrapapyrifera,<br />
das Alagoas para o Pará, que é a sua St. EU. —Fam das Melaslomaceas. —•<br />
principal localidade.<br />
E' uma planta, a que em Minas Geraes<br />
E' uma arvore copada, alta, de folha e Goyáz dão este nome, porque ella<br />
gem miúda.<br />
fornece lâminas tão delgadas e claras,<br />
Folhas compostas de foliolos, que são que parecem folhas de papel.<br />
ovaes e luzentes.<br />
Seu tronco é grosso, e d'elle escorre, Páo Parahyba ou Parahyba.<br />
por incisões ahi praticadas e que inte —Simaruba versicolor, St. EU.—Simaressem<br />
a casca e o lenho, nas phases ruba parahyba, St. EU.—Fam. das Ru-<br />
próprias da lua, um liquido de aspectaceas. — Vegeta esta arvore do nosso<br />
to oleoso, branco, transparente, de cheiro continente por quasi todo o centro do<br />
mui activo, de gosto amargo; suscep Brasil.<br />
tível de coagular-se em quanto no.vo. Ella tem a casca meio esponjosa e<br />
As flores, em cachos, são pequenas, esbranquiçada; é muito amarga.<br />
o roixas.<br />
O lenho é branco, poroso e leve.<br />
Os fruetos são vagens pequenas, par As folhas, compostas, com os foliodas<br />
e orbiculares, tendo um ou dois los brilhantes, superiormente.<br />
caroços dentro, redondos ; ellas são en As flores, em cachinhos, brancas, escarnadas,<br />
com malhas pretas. verdinhadas.<br />
Praticam insisões no tronco para ex- Nas províncias do Sul é empregada<br />
trahir-se esta resina liquida, em tempos contra mordeduras de cobras, como um<br />
de lua cheia, de Setembro para Ou remédio efficaz, e também nas moléstubro<br />
.<br />
tias parasitárias dos homens e ani<br />
Este produeto ja mereceu grande maes.<br />
importância nos mercados da Europa, A madeira emprega-se para fabrica<br />
debaixo do nome de Baumede Copahu. ção de tamancos, por ser leve.<br />
Elle contem um pouco de óleo volátil, No Norte do Brasil, as raizes d'esta<br />
e seu sabor é acre, quente, e tere- arvore se applicam como vomito rio, nos<br />
binthaceo; a medicina o emprega em epilépticos, para o que foram reputa<br />
vários casos, e o povo mesmo por sua das um dos melhores remédios, mas<br />
conta muito uso faz d'este balsamo. não tem sido profícuas nas febres in-<br />
Applica-se externamente nas feridas, termittentes.<br />
46
346 PAO PAO<br />
Devem ser usadas com alguma cautela,<br />
por que são drásticas.<br />
A casca abunda em principio amargo,<br />
adstringente, acre, um pouco narcótico;<br />
é tida como um veneno; seu cosimento,<br />
em clysteres, expelle os vermes;<br />
seu pó, applicado á cabeça, mata<br />
os piolhos.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— Emprega-se<br />
internamente contra as obstrucções das<br />
vísceras, hydropisias, empigens e sarnas.<br />
Os banhos feitos com seu cosimento<br />
são aconselhados particularmente contra<br />
os dartros, mormente syphiliticos,<br />
porém exige cautela sua applicação.<br />
Os indígenas a tem como venenosa;<br />
applicam em locções contra os piolhos.<br />
mais, de cada lado das falsas lojas,<br />
sobre as quaes estam npplicadas e<br />
imbricadas de modo quo a primeira<br />
é inferior e cobre metade da segunda;<br />
esta, a metade da terceira, e assim<br />
por diante envolvidas n'uma polpa tibrosa,<br />
e suceulenta.<br />
Empregada pelos indios, e algumi»s<br />
pessoas dc interior, contra as febres<br />
intermitentes; tem sido essa casca empregada<br />
na therapentica brasileira.<br />
O Sr. Ezequiel, distineto pharmaceutico<br />
do Rio de Janeiro, obteve<br />
d'essa casca uma substancia a qual<br />
chamou pereirina.<br />
Usa-se em decocção, (30 grammas<br />
para 500 grammas d'agua); mais vezes<br />
se applica em banhos.<br />
Páo pente.—V. Páo Pereira.<br />
Páo Pereira.— Geissospermum Vell.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— E' um poderoso<br />
antifebril, suecedaneo da quina,<br />
e empregado nos mesmos casos.<br />
Fr. Aliem.—Fam. das Apocynaceas. —E' Páo de pimenta.— V. Páo cravo.<br />
conhecido por diversos nomes: Páo forquilha,<br />
Páo de pente, Camará de bilro, Páo pobre.— E' uma Euphorbiacea<br />
Camará do matto, Canudo amargoso ou conhecida por este nome em Minas.<br />
Pinguaciba.<br />
Seus fruetos se parecem com os do<br />
Arvore do Brasil; segundo o Dr. carrapateiro.<br />
Freire Allemão cresce até 340 metros São purgativos, e suas amêndoas dão<br />
de altura e mais.<br />
um óleo bom para luz, e para a fa<br />
Casca grossa, profunda e irregularmente<br />
fendida na parte suberosa. A<br />
bricação do sabão.<br />
casca tem côr amarella, sabor amar Páo pombo. — Odina Francoana. —<br />
go, sem adstringencia notável. Fam. das Anacardeaceas. — Arvore que<br />
Seus ramos são tortuosos, copados, vegeta no Brasil, de tamanho mediano.<br />
cobertos de um pello macio pardo. Tem folhas ovaes, coriaceas.<br />
As folhas são alternas, ovaes, lan Flores amarellas esbranquiçadas, que<br />
ceoladas.<br />
se tornam purpureas.<br />
As flores são pequenas, de côr Produz uma nóz, de 3 centimetros<br />
parda, e sem cheiro.<br />
de comprimento.<br />
De ordinário só uma ou duas Encontra-se com abundância, e serve<br />
flores chegam a fructificar, e de cada para fabricar cabos de machado.<br />
uma resultam dois fruetos, raras vezes E' muito uzado na construcção civil,<br />
um por aborto, carnosos, ovaes, acu- nas províncias do Norte e no centro<br />
minados, e divergentes.<br />
Emquanto verdes estam cobertos de<br />
do Império.<br />
pellos cinzentos, luzidios; depois de Páo de porco. — Bursera gvm-<br />
maduros são glabros e amarellos. mifera, Linn. e Jascq. — Fam. das Teré<br />
As sementes são lenticulares, obbinthaceas.— Arvore habitante da Amelongas<br />
ou arredondadas ; dispostas em rica Meridional, resinosa, de folhas pal<br />
duas fileiras de 4 a 5, raras vezes madas, e flores miúdas.
PAO PAO 349<br />
Seus fruetos são drupas carnosas in A madeira d'esta arvore tem o cerne<br />
ternamente e ocas, contendo três ca vermelho e duro, bom de polir-se, e é<br />
roços.<br />
da marcenaria-<br />
Um dos nomes que lhe dão nas Antilhas<br />
é o de Gammier e Bois de cochon Páo santo. — Kielmeyera speciosa-<br />
E' n'es.ta arvore que os javalis fe St. EU. — V. Malva do campo, Folha<br />
ridos se encostam, para se untarem com santa, e Pinhão.<br />
a rezina que d'ella exsuda, e que é<br />
tida por vulneraria.<br />
Páo santo com sete nomes.<br />
E' com esta resina que se falsifica — E' conhecido em certos lugares do<br />
no commercio a resina Elemi. Brasil por Guaco.<br />
Sua madeira é usada nos travejamentos,<br />
tectos e portadas.<br />
Páo de S. José.—Kielmeyera conacea.—<br />
Fam. das Ternstroemiaceas.—<br />
Pào precioso. —V. Casca preciosa. Esta. planta arbórea do paiz tem as<br />
mesmas propriedades da precedente.<br />
Páo de quiabo. — Laurusspecioa.<br />
— Fam. das Laurineas. — E' mucilagi- Páo sassafras.—Laurus sassafras,<br />
noso, e empregado contra mordeduras Linn,e Rich.— Fam. das Laurinaceãs.—<br />
de cobras.<br />
E' uma arvore do paiz, que na província<br />
do Espirito Santo é reconhe<br />
Páo da rainha. — Centrolobium cida por tal nome.<br />
paraense.<br />
Ella é originaria da America do<br />
Norte, e também, segundo o Dr.<br />
'•" Páo de rato dos sertanejos. Nicoláo, do Brasil.<br />
— Cesalpinia glandulosa— vilimcrophlla., E' do porte de uma canelleira.<br />
Vell. — Planta da Bahia.<br />
Suas folhas aromaticas, alternadas.<br />
Seus fruetos, como uma pimenta de<br />
Páo rosa.—V. Páo cravo, e Sebastião cheiro, são roixos.<br />
d'Arruda.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — A casca e<br />
Páo-rosado. — V. Páo Brasil.<br />
a raiz d'esta arvore são sudorificas,<br />
Páo de sabão. — V. Sabonete. anti-venereas, e anti-rhèumaticas ; emprega-se<br />
ordinariamente associado ao<br />
Páo sangue. — V. Urucuba, Guaiaco, e Salsaparrilha, na dose de<br />
8 grammas para 500 grammas d'agua<br />
Páo de S. Luzia. — Dalbérgia.<br />
— Fam. das Leguminosas. — Monadel- Páo de semana.— V. Murici.<br />
phila decandria, Linn. — A noz d'esta<br />
planta é de côr purpurea carregada, e Páo seringa. — V. Borraeha ou<br />
doce, agradável, de um cheiro par Siringueira.<br />
ticular, impregnada de uma substancia<br />
resinosa, que arde com chamma Páo do serrote ou pedra.—<br />
muito brilhante.<br />
Eoffmanuseggia petra—Fam. das Leguminosas.—<br />
E' uma arvore dos ser<br />
Páo santo. — Mahurea speciosa, tões do Norte, que vegeta nas serras<br />
Chois. — Fam. das Gfuttiferas. — e É lugares uma pedregosos.<br />
arvore do Brasil, elevada.<br />
E' um d'esses vegetaes, que estão<br />
Tem folhas alternas.<br />
sempre frondosos e verdes, sem experi-<br />
Flores dispostas em cachos, amarel•<br />
mentar os effeitos das viscissitudes do<br />
las, e cujo fructo é uma cápsula co- • tempo.<br />
nica, contendo muitas sementes miúdas. Suas folhas são lustrosas.
348 PAO PAP<br />
As flores são em cachos, e de côr As flores em cachos.<br />
branca amarellada ou trigueira, O fructo, semelhante á sua congênere,<br />
O fructo, presumimos ser uma va tem o mesmo uso.<br />
gem.<br />
Asseveram-n'os, pessoas fidedignas,<br />
Floresce no mesmo tempo.<br />
que a fumaça d'esta madeira cega em Páo trombeta. — V Ambaiba.<br />
pouco tempo, de que já tem havido<br />
exemplos.<br />
Páo velho.— V- Quabipocacaiba.<br />
Páo setim. — V. Piquiá marfim. Papagaio. — V. Tinhorão, Tanhorão,<br />
Tagurá, Pé de bezerro, Tanhoram em<br />
Páo terras grandes. — Gualea tupinico.<br />
grandiflora, Mart.— Fam. das Vochysiaceas.—Arvore<br />
do Amazonas e mais re Papnguella.— Myrcia pubescens, D.<br />
giões do Império, como Minas e Per C — Fam, das Myrtaceas. — Arbusto<br />
nambuco, conhecida por tal nome. agreste, que recebe este nome nos li<br />
Tem as folhas oppostas.<br />
mites da província de S. Paulo, e em<br />
As flores grandes, e por fructo apre Minas Geraes.<br />
senta uma cápsula óssea, contendo mui Elle é de altura regular.<br />
tas sementes.<br />
Folhas ellipticas, oppostas ; as pon<br />
E' resinosa, e offereee uma bella tinta tas dos ramos são loiras.<br />
amarella, usada na tinturaria.<br />
As flores, em cachos, são também<br />
páo terras pequenas.— Gfualea<br />
aloiradas, e pubescentes.<br />
O fructo é redondo, negro, e con<br />
grandiflora, Mart.—Fam. idem.—Arvore têm dois caroços dentro.<br />
toda semelhante á precedente, com a Floresce em Fevereiro.<br />
diflerença de ser menor o seu porte. O fructo possue propriedades adstrin<br />
Produz matéria corante, de grande vagentes.lor para a tinturaria.<br />
Paparajuba. — E' a Caroba no<br />
Páo de tingui. — Mogonia pubes- Maranhão.<br />
cense, St. EU.—Fam. das Sapindaceas.—<br />
E' um arbusto silvestre, que nasce pelo Papaterra. — E' a Douradinha no<br />
Rio de S. Francisco e Minas Geraes, Pará.<br />
cujas folhas são compostas, ellipticas e<br />
oblongas.<br />
Papeira. — Tournefortia lucidaphil-<br />
As flores em cachos.<br />
la. — Fam. das Borragineas. — E' um<br />
Os fruetos um tanto grandes e ovaes. arbustinho trepador, de folhas ovaes,<br />
Parece que o nome que tem vem de alternas e lustrosas.<br />
servir ás tinguijadas ; posto que diver Flores em cachos, de um só lado<br />
sas plantas de gêneros e famílias dif inseridas.<br />
ferentes se prestem a isso, entretanto, São brancas, afuniladas, pequenas e<br />
esta familia é a que-mais indivíduos sem cheiro.<br />
offereee com esta propriedade.<br />
O fructo é redondo, esverdinhado,<br />
Floresce em Agosto e Setembro. com uma estrella na base, e quatro<br />
E' usada na tinturaria.<br />
caroços dentro.<br />
Páo de tingui, (outro).— Mo Papoila. — Papaver bracteatum;<br />
gonia glabrata, St. EU.—Fam. idem.— Lindl.— Fam. das Papaveraceas.—E' uma<br />
Também é natural do mesmo lugar. flor exótica do Oriente, acelimada no<br />
Seus ramos são lisos.<br />
paiz, que nas Alagoas chamam Rosa-<br />
As folhas oblongas, ellipticas. Graixa.
PAP<br />
E' um arbusto de 1 a 2 metros,<br />
esgalhado; lenho e casca esbranquiçado<br />
s.<br />
Folhas alternas, ovaes, recortadas<br />
em redor.<br />
As flores, grandes, redondas, de côr<br />
vermelha viva; tem um pedunculo<br />
longo. <<br />
Seu cálice com duas sepalas verdes,<br />
e nas dobradas, com lâminas membranosas,<br />
encarnadas, cuja reunião apresenta-se<br />
espherica, e tendo alguns pro<br />
longamentos no interior; não se observa<br />
fructo.<br />
Ella serve de ornamento de jardim;<br />
esfregando-se esta flor torna-se em um<br />
sueco preto, que dá lustro no calçado,<br />
PAR 349<br />
facilita a urina, serve contra moléstias<br />
do utero, e favorece a transpiração;<br />
também é applicada nas mordeduras<br />
de cobras, nas febres pútridas, e ulceras<br />
malignas dos pés.<br />
A dose pára infusão é de 16 a 20<br />
grammas da planta.<br />
Paquam.— Pleuraphis paquan.—<br />
Fam. das Gramineas.— Chamam no<br />
Pará Paquan a uma espécie de capim<br />
delicado, que vegeta nas proximidades<br />
dos rios e mesmo nas suas bordas.<br />
E' de caule delgadissimo de 40<br />
a 60 centimetros de altura, pouco<br />
mais ou menos.<br />
Folhas estreitas e opacas.<br />
d'onde lhe vem o nome de Rosa-Graixa. A flor é em espiga delgada, como<br />
no capim.<br />
Papo de peru. — V. Mella Pinto<br />
ou Pega Pinto.<br />
Paraeary ou Paracury.—Peltodons<br />
ruãicans.—Fam. das Labiadas.—Esta<br />
Papo de peru, — Aristolochia planta é conhecida no Pará por Sor<br />
grandiflora, —Aristolochia cymbifera, teia Ar. brava. S. Pedro-caa, Mentrasto;<br />
Cam. — Fam. das Aristolochiaceas. em — Pernambuco por Meladinha, em<br />
Dão este nome nas Alagoas, Pernam lingua tupynica por Boia-caa.<br />
buco, e mais províncias, á uma planta E' herbacea, de caule tetragono, de<br />
indígena trepadeira, que se enrosca % metro e ás vezes mais de altura.<br />
sobre as suas semelhantes.<br />
Ramos oppostos, cujas folhas são<br />
Seu caule articulado, semi-nodoso, simples oppostas, e ovaes, agudas;<br />
com gavinhas.<br />
ligeiramente aromaticas, quando se<br />
Suas folhas alternas, grandes, azula esmaga entre os dedos, participando<br />
das, e cordiformes, com pequenas azas do cheiro de Eortelã e da Melissa<br />
nos peciolos.<br />
ou Eerva Cidreira.<br />
As flores são á semelhança de um Suas flores são completas, de côr<br />
papo de peru justamente; são esver arroixeadas; nascem na axilla das<br />
dinhadas, e constituem uma anomalia folhas, e aggrupam-se em capitulos ou<br />
do systema da organisação floral. corymbos pedunculados.<br />
O fructo é uma cápsula angulosa, Tem um caliCe gamosepalo, tubu<br />
oblonga, encerrando as' sementes. loso, com cinco divisões.<br />
A corolla é gomopetala, tubulosa, e<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. —A flor d'esta irregular, dividida em dois lábios ;<br />
planta possue a virtude abstergente um superior e outro inferior.<br />
em alto gráo ; asseveram-nos que nas Os estames são didynamicos, e per<br />
inflammações, ou hérnias antigas dos feitos.<br />
escrôtos, a fumigação com ella dimi-. O ovario, sustentado por um disco<br />
nue a ponto de fazer desapparecer o hypoginico, e quadrilobado, deprimido<br />
tumor, segundo a duração do processo no centro, donde nasce um estilete<br />
mais ou menos prolongado.<br />
bifido.<br />
A raiz tem virtudes emmenagogas. Cortado pelo meio deixa ver quatro<br />
As virtudes d'esta planta são anti- cavidades, contendo cada uma um<br />
septicas (previnem a putrefacção); ella óvulo.
3CO PAR PAR<br />
Finalmente o fructo é composto de<br />
quatro akenios monospermicos, encerrados<br />
no interior do cálice, que ó persistente.<br />
Toda a planta exsuda um sueco<br />
leitoso.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— Pisada e<br />
posta sobre as mordeduras de cobras<br />
venenosas, não só aplaca a dôr, como<br />
neutralisa ou destróe o mesmo veneno,<br />
e cicatriza a ulcera.<br />
E' eflicacissima.<br />
Também serve para as picadas de<br />
lacraias ou escorpiões e muitos insectos.<br />
Muitas experiências se tem feito, e<br />
sempre com bom resultado, não só<br />
no homem como nos animaes domésticos.<br />
Devemos ao illustrado Dr. Francisco<br />
da Silva Castro as observações therapeuticas<br />
d'essa planta.<br />
Em virtude d'esta sua acção e modo<br />
de obrar tem sido empregada interna<br />
e externamente em varias molestas da<br />
pelle, taes como dartros, eezemas, empigens,<br />
psoriases, tinha, syphilides, e<br />
em geral na syphilis secundaria inveterada.<br />
Internamente tem sido applicada a<br />
tinetura, na dose de 4 á 8 grammas.<br />
Externamente é empregada em pommada<br />
ou em tinetura, com que se fricciona<br />
os lugares affectados.<br />
Também tem sido applicado no tratamento<br />
d'asthma, catarrhos pulmonares<br />
e tosses nervosas rebeldes.<br />
Paracury. — V. Paracary.<br />
Parahiba. — V. Páo Parahiba.<br />
Paraparauba. —V. Caroba do Maranhão.<br />
Paratucú. — V. Jasmim do matto.<br />
Para tudo. — Com este nome são<br />
conhecidos pelo menos cinco substancias<br />
vegetaes brasileiras.<br />
2.» A casca de uma Apocynea estudada<br />
por St. Hilaire.<br />
3.* A casca de um Costus indicado<br />
por Martius.<br />
4.» A casca do Piper umbellatum de<br />
Linneo.<br />
5. a A casca da Parahiba, conhecida<br />
também com o nome de Paroba.<br />
Para tudo. — Gomphrena globosa,<br />
Linn. —Fam. das A maranlhacêas. — Sua<br />
raiz é insipida e nauseabunda.<br />
Não sabemos bem se a Gomphrena<br />
globosa é a planta exótica do Oriente,<br />
cultivada nos jardins, que em Pernambuco<br />
chamam Perpetua.<br />
Veja a sua descripção em lugar competente<br />
.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—Dá-se contra<br />
as febres intermitentes, eólicas,<br />
diarrhéas, dyspepsias e mordeduras de<br />
cobras. Alguns botânicos julgam ser<br />
esta planta a conhecida pelo nome de<br />
Raiz do padre Sulermo.<br />
Para tudo ou herva do tetjuaçtt.<br />
—Ophrys tuberculosa.—Fam. das<br />
Orchideas. —Efuina planta selvática, de<br />
24 centimetros mais ou menos de altura.<br />
Folhas reunidas ao réz do chão, lanceoladas,<br />
corpulentas, marchetadas de<br />
verde e branco, e acinzentadas no feixe<br />
das folhas; na base uns bulbilhos ovoides,<br />
empencados.<br />
Brota um eixo com flores em espécie<br />
de espigas amarellas ou brancas amarelladas,<br />
um tanto grandes, e de fôrma<br />
irregular.<br />
Tem por fructo uma cápsula trigona,<br />
contendo sementes.<br />
Applica-se esta planta em muitas<br />
moléstias, e d'ahi lhe vem o nome de<br />
Paraludo, então diz-se ser uma das<br />
plantas que o Teijuaçú come, quando se<br />
vê mordido na lueta com as cobras.<br />
Eerva de teiú na Bahia, Herva de lagarto<br />
do Sul do Império.<br />
Paratudo.—Winteriana canella. —<br />
1.» A raiz da Gomphrena officinalis. Canella álba, Swart.—Fam. das ChitU-
PAR PAR 351<br />
feras. — E' uma arvore que vegeta nas a raiz do Paraturá é aromatica, em<br />
Antilhas e na America meridional,, nos pregada como fortificante, em banhos,<br />
lugares quentes.<br />
fumigações e clysteres.<br />
Esta arvore é de 4 á 6 e % metros. A infusão é diaphoretica e diuretica;<br />
Suas folhas alternas são ovaes, reviradas.<br />
a infusão da raiz é anti-blenorrhagica.<br />
Suas flores, em cachos, são de um Parirá.— E' uma herva pequena<br />
azul claro.<br />
do Pará, que tem as folhas averme<br />
O fructo é uma baga, com alguns lhadas, com as flores esbranquiçadas<br />
caroços dentro.<br />
e sem cheiro.<br />
A casca desta arvore é conhecida no Serve para dar-se banhos aos doen<br />
commercio pelo nome de Canella branca, tes de dores rheumaticas.<br />
e dão-lhe também o nome de Falsa<br />
casca de Winter, por que os pharmaco- Parietaria.— Parietaría officinalis,<br />
logistas a tem confundido com a ver Linn. e Sp.— Fam. das Myrticaceas.—<br />
dadeira, que é de uma arvore das Ma- Planta herbacea exótica, de raiz vivaz.<br />
gnoliaceas.<br />
Caule erecto, ramoso, carnoso e<br />
Esta casca de Paratudo é conhecida avermelhado.<br />
em Minas e Bahia por tal nome, e tem As folhas alternadas, ovaes e um<br />
um aroma algum tanto acre. E' anti- pouco duras.<br />
scorbutica e tônica.<br />
As flores, de sexos separados<br />
grupos, pequeninas.<br />
em<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—Dá-se a casca O fructo é pequena noz ovoide.<br />
d'essa planta em infusão nas febres atô E' um poderoso diuretico.<br />
nicas, e, em gargarejos, nos casos de Ella tem um sabor salgado herbaceo,<br />
ulceras atônicas das amygdalas, no es- e contém grande quantidade de nicorbuto.trato<br />
de potassa.<br />
Para tudo bravo.—Datisca cras- PROPRIEDADES MÉDICAS.—Emprega-se<br />
sifolia.—Fam. das Reseãaceas.— Este nas pe irritações das vias urinarias e<br />
queno arbusto, próprio para jardim, e nas febres inflamatorias; na dose de<br />
agreste em nossas selvas, é conhecido 8 grammas para 1:000 grammas d'a-<br />
nas Alagoas por aquelle nome, gua fervendo.<br />
Tem o caule côr de rosa, esgalhado,<br />
e apresentando nós na inserção dos ra Pariná. — F. Canna de matto.<br />
mos, em fôrma de touceira.<br />
As folhas sáo grossas, suceulentas e Pariparoba. — V. Malvaiseo. — Na<br />
lustrosas, de fôrma elliptica.<br />
Bahia, e em Sergipe; — V. Caapeba.<br />
As flores dioicas, são rosadas, á<br />
maneira de umas palhetas, em cachos Parreira brava, ou Abutua,<br />
e meio transparentes.<br />
ou Butua. —Cissampelas parreira,<br />
O fructo é triangular, alado, com Lamk (1) — Fam. das Menispermaceas. —<br />
uma membrana do lado; dentro com Planta trepadeira do Brasil, e das An<br />
muitas sementes chatas.<br />
tilhas.<br />
A raiz é dura, lenhosa, fusca por<br />
Paraturá.— Remirea marítima, Au-<br />
fora, por dentro cinzenta amarellado,<br />
bl.— Fam. das. Cyperaceas.—Esta planta,<br />
sem cheiro e sabor amargo; cortada<br />
que vegeta na Guyanna e á margem<br />
transversalmente apresenta círculos con-<br />
de terrenos paludosos, próximos dos<br />
sentricos.<br />
rios ou de água salgada, é uma espécie<br />
de capim.<br />
(1) Ha vários cocules e cissampelos com<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—Dizem que<br />
este nome.
353 PAT PEC<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — A raiz é<br />
tônica, diaphoretica, diuretica, emmenagoga,<br />
e febrifuga; usada principalmente<br />
nas hydropisias, supressão de<br />
lochios, menstruação difficil e acompanhada<br />
de dores, e dores depois do<br />
parto.<br />
O sueco das folhas, se applica ás<br />
mordeduras de cobras, dando-se a<br />
beber ao doente a raiz da parreira,<br />
infusa em vinho generoso.<br />
Na dose de 8 grammas para 180<br />
grammas d'agua fervendo.<br />
Paupelra. — Vallesia. — Fam. dos<br />
Apocynaceas.—E' planta que vegeta no<br />
Peru e Amazonas.<br />
Suas folhas são alternas.<br />
As flores, brancas.<br />
A casca desta grande arvore é antiscorbutica,<br />
segundo Riedel e Ildefonso<br />
Gomes.<br />
E' usado na construcção civil.<br />
Parreira do matto. — Securi-<br />
Pé de burro.— E' uma batata conhecida<br />
nas Alagoas por este nome.<br />
Ella toma a figura de uma cabaça de<br />
collo. Tem a casca parda, apresentando<br />
na extremidade inferior umas porções<br />
daca florida— Fam. das Polygáleas. — mamilosas, em fôrma de dedos.<br />
Arbustinho silvestre, indígena, que procura<br />
mais o littoral.<br />
Come-se.<br />
É conhecido em Pernambuco por este Pé de gallinha.—Panicum dacty-<br />
nome, e é muito semelhante á Caninana lon, Pison.—A raiz pisada é empregada<br />
da mesma província.<br />
como Alexipharmaca e resolvente.<br />
E' um arbusto trepador.<br />
Também é útil para prevenir o aborto.<br />
Os caules roixeados.<br />
Folhas dispostas em palmas, peque Pé de macaco, ou Macacú.—<br />
nas, ellipticas, e baças.<br />
V Licopodio indigeno.<br />
As flores, em grandes cachos, roixas ;<br />
têm semelhança com a flor do feijão, Pé de pato.—Arvore indígena, co<br />
sendo as d'este mais claras.<br />
nhecida por tal nome, nas Alagoas.<br />
Cobre-se a planta de flores na epo Tem suas folhas alternas; ellas são<br />
cha da floração, que produz um bonito oblongas, agudas, bem planamente ex<br />
effeito nos bosques.<br />
postas, e de côr verde escura.<br />
O fructo é uma espécie de nóz es A flor, não observada.<br />
cura, com duas azas membranosas e O fructo é uma noz de três gomos,<br />
um caroço dentro ; a raiz d'esta planta de côr castanha, com três sementes<br />
tem muita applicação na medicina grandes.<br />
caseira, para as regras das mulheres,<br />
etc.<br />
Pé de pato.—Fam. das Euphorbia<br />
Pasta— V Golfo.<br />
ceas.—Arvore de folhas alternas, oblon<br />
' Pati.—Cocos oleracea, Mart—Fam. das gas, agudas, escuras e patentes.<br />
Palmeiras.—Os caroços fornecem um óleo Fructo, noz com três grãos grandes.<br />
que pôde servir para usos culinários.<br />
Pecego. Amygdalus pérsica, Linn.<br />
Patioba, ou Coqueiro patio —Pérsica vulgaris, Willd.— Fam. das<br />
ba.—Vegeta nas partes austraes do Bra Rosaceas.—Frueta de uma arvore mesil.<br />
As folhas servem na confecção de diana, ou arbusto originário da Pérsia.<br />
balaios, cestos, etc.<br />
O pecegueiro é um arbusto de folhas<br />
Patiputá.—V. Batiputá.<br />
lanceoladas, estreitas.<br />
As flores precedem ás folhas.<br />
Patoiia.— V. Pataché.<br />
O fructo é um pomo de 9 centimetros,<br />
oval, oblongo, e quasi redondo<br />
Patuaraua. E' a Canna Indica de amarello, e aromatico, em maduro.<br />
Linn.<br />
Tem a pelle fina, de seu tegumento
PEP PEQ 353<br />
externo, uma massa amarella, espessa, comprimento, oval, oblonga, de côr<br />
enchuta e succulenta; contém no seu verde, marchetada, ficando amarel<br />
centro dois caroços chatos.<br />
lada quando madura; n'este estado não<br />
O Pecego é uma das fruetas esti presta.<br />
madas da Europa, aonde a cultivam Dentro, é dividido por um tegu<br />
muito.<br />
mento, dando inserção a muitos grãos<br />
No Brasil, já ha algum tempo, tam ellipticos, deprimidos, brancos e pe^<br />
bém a cultivam com bom resultado, quenos, envoltos em uma polpa aquosa<br />
da Bahia até o Rio de Janeiro. e doce.<br />
Os que dão em S. Paulo e Rio- Cultiva-se com cuidado nas hortas,<br />
Grande dizem ser tão bons como os principalmente em Pernambuco. Sua<br />
da Europa.<br />
salada é muito boa, mas é indigesta.<br />
Dão-lhe muitos nomes, segundo suas Com o seu sueco prepara-se uma po-<br />
"variedades.<br />
mada, que lhe dão o nome de pomada<br />
Em Portugal, elle tem estas denomi de pepino.<br />
nações: Molar, Miraslho, Maragotão,<br />
ou Rosa, Calvo, Branco, Gilmende, Pepino do matto. — Solanum<br />
Veneziano; esse ultimo é vermelho. muricatum, Linn.— Fam. das Solanaceas.<br />
Também têm virtudes médicas, tanto — Sub-arbusto de caule radicante, sem<br />
suas flores como as folhas que são pur quasi espinhos.<br />
gativas, e ttem propriedades antelmin- Folhas oblongas lanceoladas.<br />
thicas.<br />
Dá fruetos turbinados.<br />
O doce que d'ella se faz tem muita Esses fruetos são comestíveis.<br />
estima no Brasil..<br />
As folhas pisadas são empregadas<br />
O Pecego Moragotão, ou Rosa, é de na hydrophobia.<br />
12 centimetros pouco mais ou menos, redondo<br />
acompridado de superfície lisa e Pequí. — Caryocar^ brasiliensis, St.<br />
lusidia, de um lado côr de rosa forte, EU. —Fam. das Rhizobolaceas.— E' uma<br />
de outro esverdinhado claro ; a carne, anore grande, tortuosa e indígena,<br />
dentro, é rosada, a massa espessa, que recebe este nome em S. Paulo e<br />
aquosa e menos ácida, que a do or Minas Geraes.<br />
dinário.<br />
Tem as folhas grandes, obovaes, e<br />
Os do Pará dizem ser excellentes. lobada na sua circumferencia.<br />
Os fruetos seccos são exportados, As flores abundantíssimas e rosadas.<br />
e os caroços dão bastante matéria O fructo oval, carnoso, internamente<br />
para a fabricação do ácido hydrocya- repartido em seis lojas, cada uma com<br />
nico.<br />
sua semente.<br />
Pechurin grande, ou llinti- Pequí do Pára ou do Amazolão.—F.<br />
Eimilão.<br />
nas. — Pekea, butyracea, Aubl.— Fam.<br />
idem.— Esta arvore, observada por Au-<br />
Pepino. — Cucumis sâtivus, Linn.— blet nas Guyannas, vegeta também no<br />
Fam. das Cucurbitaceas.—E' um fructo Amazonas.<br />
originário das índias Orientaes, co Ella offereee grandes dimensões.<br />
nhecido no Brasil por este nome. As suas folhas dispostas em ternos,<br />
E' uma boa hortaliça; usa-se como com peciolos longos.<br />
salada e mesmo cosinhado.<br />
As flores em cachos.<br />
E' proveniente de uma planta her Dá um fructo carnoso que contém<br />
bacea, que alastra, muito semelhante uma noz, cuja amêndoa branca é mui<br />
ao pé de melancia, até mesmo quando boa para comer-se.<br />
em flor, porém a frueta differe mui Esse fructo é globoso, meio achatado<br />
to; é de 12 a 24 centimetros de dividido dentro em quatro ou em uma<br />
47
354 PÈR PER<br />
só cavidade, que contém um caroço ; Ella é de porto alto, na Europa,<br />
varia na fôrma segundo o numero de engrossando muito seu tronco.<br />
cavidades ; sendo quatro, toma a figura As folhas são longamente pecioladas,<br />
reniforme.<br />
ovaes, pubescentes na faço inferior, o<br />
O fructo tem a carne espessa, abun lisas na superior.<br />
dante cortiçosa exteriormente ; é duro, As flores, em cacho, silo brancas,<br />
ou ósseo internamente.<br />
O fructo, embora varie de fôrma,<br />
Dentro nas cavidades encerra uma grossura, côr e sabor, comtudo recebe<br />
matéria gordurenta ou oleosa em grande o nome de piriforme, com fragmentos<br />
quantidade, de que os habitantes de do cálice no ápice da flor.<br />
Cayenna servem-se como tempero para Compõe-se de uma substancia ou<br />
a comida.<br />
massa suceulenta, doce, ácida e agra<br />
NVste gênero ha algumas espécies dável, e uns carocinhos dentro de suas<br />
da America Meridional.<br />
lojas.<br />
Ha muitíssimas espécies, que não<br />
Pcquiá banana.<br />
apontaremos aqui.<br />
E' uma planta muito general isada<br />
Pequ&á café ou Café bravo.— entre ^nós.<br />
Casearia falida—Fam. das Samydaceas.<br />
— Arbusto do paiz, agreste, por estes Pèra, ou pereira da Serra.<br />
nomes conhecido em Pernambuco, e<br />
também por Páo de espeto em Sergipe. Perdacusat brasillense.—Trixis<br />
Elle é ramoso.<br />
áspera, Swart.—Fam. das Compostas.—<br />
Tem o caule esbranquiçado, e os ra E' uma planta herbacea de folhas ovaes<br />
mos flexíveis.<br />
e ásperas.<br />
As folhas, alternas lustrosas, oblon Flores pequenas e brancas.<br />
gas.<br />
Esta planta, que é de cheiro forte,<br />
As flores são em feixes na axilla das é empregada em cosimento como ads<br />
folhas nos ramos e caule.<br />
tringente na metrorrhagia. (Mart,)<br />
Dá um pequedo fructo, á semelhança<br />
de uma azeitona, que abre-se em três Perciorá.—V Casca preciosa.<br />
partes.<br />
São encarnados por dentro, com Periparoba. — Piper umbellatum,<br />
umas sementinhas envoltas com essa Vell.— Fam. das Piperaceas. —O sueco<br />
polpa vermelha.<br />
da raiz e das folhas é desobstruente.<br />
Floresce no verão.<br />
Em Sergipe fazem no campo espe PROPRIEDADES MÉDICAS.—O seu cositos<br />
deste páo para assar peixe. mento ou infusão faz purgar, e o xa<br />
Pequiá marfim ou Páo setint<br />
rope é usado na coqueluche.<br />
As folhas frescas e aquecidas applicam-se<br />
nas partes affectadas de rheumatismos<br />
e nas feridas provenientes de<br />
moléstias syphiliticas.<br />
Pequim.—Arvore, cuja madeira é<br />
de lei.<br />
A semente dá um sebo alvo e duro,<br />
próprio para velas.<br />
O fructo, cosido, come-se.<br />
Pèra.—Pyrus communis, Linn.—Fam.<br />
das Rosaceas.—A Pèra é um dos bons<br />
fruetos da Europa, d'onde é natural.<br />
Provém de uma arvore que se<br />
cultiva no Brasil, nas províncias do<br />
Sul.<br />
Periquítcira.—V Gurindibeira ou<br />
Gurindiba.<br />
Peroba das Alagoas.—V Maracujá-mirim.<br />
?!<br />
Peroba do Para.—Arvore colosal<br />
d'aquella província.
PER PET 355<br />
E' d'ella que. a construcção naval faz<br />
uso quasi exclusivamente, e por isso é<br />
prohibido seu corte.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—É empregada<br />
como antisyphilitico.<br />
Perpetua. — Gomphrena globosa ,<br />
Peroba de Pernambuco.—Bi Linn. — Fam. das Amaranthaceas. —E'<br />
gnonia similiatrapea (?)—Fam. das Bigno-1 uma flor natural da índia, aclimada no<br />
niaceas. —E' uma arvore do paiz, de nosso paiz, e cultivada em nossos jardins.<br />
porte mediano que não engrossa muito* E' de um bello roixo vivo e de uma<br />
Tem muita semelhança com o Tra- duração espantosa.<br />
piaceiro.<br />
E' proveniente de uma herva de 1/2<br />
Tem a casca grossa, sem fendas, e é metro e 12 centimetros mais ou menos<br />
esgalhada.<br />
ramos articulados e pubescentes.<br />
As folhas são trifoliladas e longa Folhas oppostas, ovaes, lanceoladas,<br />
mente pecioladas, de fôrma oval, com pelludas, de côr clara.<br />
pridas e baças.<br />
Flores com longos pedunculos, esphe-<br />
As flores em pequeno numero são á ricas ou oblongas.<br />
semelhança de cometas, roixo-rosadas Sobre duas folhetas um globo com<br />
e grandes.<br />
posto de muitas flòrinhas em tubo, de<br />
Q fructo é uma vagem comprida, côr roixa ou branco-rosea ou pupurina.<br />
parda, abrindo-se em duas valvas. Cada tubo tem um sementinha re<br />
Tem dentro muitas sementes disposdonda, deprimida e muito lustrosa.<br />
tas em duas ordens, umas sobre outras, Não tem cheiro, mas conserva por<br />
com umas membranas, dos lados que immensos dias a côr sem desbotar.<br />
parecem azas.<br />
Floresce pelo verão em Novembro. PROPRIEDADES MÉDICAS. — É planta,<br />
O lenho é amarellado, um tanto po que além de ser ornamento de jardins,<br />
roso e áspero, porém é a melhor madeira gosa de virtudes contra as fluxões, é<br />
para braços de âncoras em Pernam usada contra tosse em decocção.<br />
buco.<br />
Na Bahia chamam-lhe Suspiro.<br />
Este páo é de construcção; é muito E' emoliente, e expectorante dada<br />
rijo, com -o âmago de côr parda internamente na dose de 4 grammas<br />
clara.<br />
para 500 grammas d'água.<br />
Emprega-se em liames, vãos e mais<br />
peças importantes, bem como em ta Perrexi.—V Amor-crescido.<br />
boado .<br />
Perrex.il ou Alecrim do Pará.<br />
Perobinlto ou Perovinho do —Chrithonum (?) maritimum.— Fam. das<br />
campo.—Leptolobium elegans, Yogel.— Umbelliferas.—Diz Marcrave que as fo<br />
Decandriamonogynia. Linn.—Fam. idem. lhas e os raminhos d'esta planta cosi<br />
— Arbusto que vegeta na província de dos com peixe dão-lhe um gosto sa<br />
S. Paulo, de tronco inclinado, ordinaboroso.riamente de 12centimetros de diâmetro, Quanto ás virtudes medicinaes é des-<br />
algumas vezes de 48 centimetros e obstruente e diuretica. Em alguns lu<br />
mais.<br />
gares conhecem-n'o por Alecrim do<br />
Casca coberta por uma camada cinzenta<br />
escrabosa, de côr parda-escu-<br />
Pará.<br />
ra.<br />
Persicaria. — F. Eerva de bicho,<br />
Folhas alternas pecioladas com duas ou Pimenta d'água.<br />
estipulas na base, compostas de três<br />
a cinco pares de foliolos peciolados com Petum. — F. Fumo.<br />
estipulas na base.<br />
A casca da raiz é muito amarga. Petume. — V. Fumo.
356 PIA PIC<br />
Pety.— V. Fumo.<br />
é pardo claro com três cicatrizes (olhos)<br />
na base; a amêndoa dentro é oleosa,<br />
Peúva. — Tecoma speciosa, D. C ; mui bôa de comer-se.<br />
— Fam. das Bignoniaceas.— Planta diu- Das palmas d'esta palmeira colhem<br />
retica e cathartica.<br />
umas fibras quasi roliças, delgadas,<br />
finas, elásticas com que se tecem cordas<br />
Piáca.— Cordoa piáca (?) — Fam. das para differentes misteres.<br />
Leguminosas. — Arvore agreste, que A província do Rio exportava an-<br />
vegeta pelas beiras dos rios e camnualmente termo médio, para:<br />
pinas, conhecida por este nome em Inglaterra 181,741 kil.<br />
Pernambuco, e também pelo de Rabo França 81,354 kil.<br />
de cavallo, e em Sergipe por Campineiro. Portugal 97,075 kil.<br />
É de mediana grandeza.<br />
Suas folhas dispostas por palmas,<br />
Sul do Império 2,705 kil.<br />
são um<br />
longas.<br />
tanto grandes, ovaes, e ob<br />
Total 362,875 kil.<br />
As flores em cachos são roixas. Picaltim ou pueahiiu. — Pica-<br />
O fructo, é uma vagem de pouco honha. — V. Poaya.<br />
mais ou menos 12 centimetros com<br />
sementes chatas.<br />
Picão. — Bidens bullatus, Linn.— Bi<br />
A madeira d'esta arvore, é applidens graveolens. (?) —Fam. das Compostas.<br />
cada em obras de marceneria; sua — Planta herbacea, de caule erecto,<br />
casca dá fibras como a embira, e vegeta no Brasil, pubescente, de folhas<br />
os capineiros amarram com ella os ovaes, emparelhadas e ternadas.<br />
feixes de capim.<br />
Flores amarellas.<br />
O fructo é uma cápsula semelhante<br />
Pião. — V. Pinhão de purga. — É o ao Carrapicho de agulha<br />
nome que lhe dão no Pará.<br />
O sueco d'esta planta emprega-se<br />
Piassaba, piassava, ou co<br />
na Ictericia.<br />
Os indígenas preparam um digestivo<br />
queiro de piassaba. — Attalia fucomposto<br />
d'este sueco com aguardente,<br />
nifera, Mart. — Fam. das Palmeiras. folhas — de Trico-ciarea e gema d'ovos.<br />
Na lingua indígena a Piassaba é Caatinga.<br />
Picão da praia. —Acanthosper-<br />
É uma palmeira do paiz, que vegeta mum, Schrankü. — Fam. idem. A Lan-<br />
exclusivamente entre a província do thioides Kunt. — Não podemos dar uma<br />
Espirito Santo, Bahia e Alagoas, por descripção d'esta planta, por não terque<br />
não se acha para o Norte, exmos dados para isto.<br />
cepto no Pará segundo me dizem. Dizem que o seu cosimento na razão<br />
É uma palmeira baixa.<br />
de 30 grammas para 500 grammas<br />
Suas folhas desenvolvem-se logo d'agua, vale o mesmo que a quina<br />
acima do chão.<br />
para as sesões ; applicam-a também nas<br />
Dá cachos grandes, cujas flores são erysipelas.<br />
de sexos separados.<br />
Picão da praia.— Plumbago lit-<br />
O fructo é do tamanho e fôrma de<br />
toralis. (?) — Fam. das Plumbagaceas.<br />
um ôvo de perua, e fica depois escuro<br />
ou quasi negro.<br />
Pichua. — Euphorbia portulacoides,<br />
Seu tegumento externo é fibroso, Linn.— Fam. das Euphorbiaceas.— Esta<br />
duro, internamente contém uma massa planta é purgativa; bastam algumas<br />
que secca, tornando-se dura.<br />
gotas do sueco lançadas em um caldo<br />
O caroço é grande, e tem o envoltório ou cosimento das folhas, para se con<br />
osseò de quasi um dedo de espessura, seguir o effeito.
PYG PIM 359<br />
Pichurim bastardo. — Nectan- tão.— Xylopia sericea, St. EU.— Fam.<br />
dra pychurim, major Nees.— V. Pichudas<br />
Anonaceas.—Esta arvore utilissima<br />
rim ou Puchury.<br />
mereceria uma cultura muito protegida,<br />
porque os fruetos acres e aromaticos,<br />
Pichorim, ou Puchury.—Nec- poderão servir no^Brasil para gênero<br />
tandra puchury., Nees e Mart.—Fam. das de exportação, visto serem como espe<br />
Lauraceas.—Arvore que habita nas prociaria, preferíveis a pimenta da Javíncias<br />
do Amazonas e Pará.<br />
Tem as folhas ellipticas, rijas, comaica.nicas,<br />
glabras, assoveladas.<br />
Pimenta. — Nome que se dá a<br />
Flores terminaes, dispostas em co- muitos fruetos de diversas naturezas,<br />
rymbos; fructo em fôrma de baga, com e pertencendo a famílias diversas, que<br />
uma semente de dois lobos cotyle- têm a propriedade de serem mais ou<br />
donarios, sempre isolados e completa menos excitantes, ou estimulantes, promente<br />
nús.<br />
duzindo forte calor que queima a parte<br />
Estes lobos são conhecidos vulgarmen com que se põe em contacto.<br />
te pelo nome de favos de puchury, ou Vejamos as seguintes:<br />
Pichurim.<br />
São ellipticos, oblongos, do compri Pimenta dágua. — Polygonum<br />
mento de dois centimetros, e de um Eydropiper, Linn.— Polygonum anli-he-<br />
centímetro de largura; convexos do morrhoidale, Mart.—Fam. das Polygona-<br />
lado externo, planos na face por onde ceas.— Herva que vegeta d'entro das<br />
se tocam.<br />
águas doces e em suas vismhanças,<br />
São côr de chocolate exteriormente , conhecida em Pernambuco por este<br />
e um pouco variegados no interior, o nome, e em Alagoas por Capiçoba.<br />
que é devido á presença de um óleo Ella é de 1/2 a 1 metro de altura,<br />
butyraceo que pôde extrahir-se por pouco mais ou menos.<br />
expressão a quente, ou por ebulição na O caule é gretado, apresentando nós<br />
água.<br />
com riscas vermelhas.<br />
São de cheiro forte e aromatico, de As folhas, estreitas, oblongas, com<br />
sabor um pouco acre e picante, aná os peciolos roixos ou manchados.<br />
logo ao da noz moscada.<br />
As flores são brancas, em espigas,<br />
Conservados durante algum tempo compridas como vergonteas, nas axilas,<br />
í'um frasco de vidro, estas sementes e no vértice dos ramos<br />
alteram suas transparência pela vola- O fructo é uma pequena cápsula.<br />
tilisação do principio aromatico, que E' uma das boas hervas medicinaes<br />
se fixa no vidro, e fôrma n'elle uma ca do Brasil, principalmente para as febres<br />
mada branca de um cheiro balsamico. malignas ou de máo caracter.<br />
A gente do povo a emprega em<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— Estas se cosimento e em clysteres, contra os<br />
mentes são estimulantes e empregam- ataques hemorrhoidaes, etc. Para o<br />
se em varias moléstias, taes como norte é chamada Herva de Bicho.<br />
diarrhéa, leucorrhéa, digestões laboriosas;<br />
também se usam em cataplasmas Pimenta d'America. — Schinus<br />
nas picadas de insectos.<br />
mollis (?), Linn.—Fam. das Therebintaceas.<br />
Administra-se em pó na dose de 2 —Planta arbórea d'America meridional.<br />
grammas , ou 4 grãos, em infusão Ella é uma espécie de Aroeira, co<br />
n'agua 18 grammas. A tintura na dose nhecida pelo nome vulgar de Pimenta<br />
4 a 8 grammas com 125 grammas d'agua à"America.<br />
foi muito usado no cholera.<br />
E' interessante esta planta.<br />
Pygericu, ou Pimenta do ser- Pimenta apua. —Capsicum bacca-
358 P1M PIM<br />
ium, Willd. — Capsicum cerasiforme. Pimenta — de gallinha. — V<br />
Fam. das Solanaceas.— E' uma pimenta Aguara-quya ou Jiquirtoba.<br />
que, a maior é originaria da China, e<br />
a menor do Brasil; porém aquella tam Pimenta da índia. — Piper nibém<br />
é cultivada no Brasil.<br />
grum, Linn.—Fam. das Piperaceas.— E'<br />
E' de figura conica e de côr verme também conhecida esta pimenta em<br />
lha. E' uma das variedades chamadas Pernambuco por Pimenta do Reino.<br />
Pimenta de cheiro. Em tupinico QueyaE'<br />
uma fructinha originaria das ínapuá.dias<br />
Orientaes ; proveniente de um arbustinho<br />
trepador.<br />
Pimenta de cheiro.— Capsicum Folhas ovaes, luzentes, com os cor<br />
odoriferum, Vell.—Capsicum Ovalum.D. dões C. que ramificam as folhas ao longo<br />
—Fam. idem.— Pequeno arbusto, culti d'ellas.<br />
vado e indígena, conhecido no paiz As flores em cachos longos e bas<br />
geralmente por este nome.<br />
tos.<br />
E' uma pimenteira semelhante as As fructinhas são do tamanho de<br />
outras; notam-se entre ellas differenças ervilhas, de roixo-escuro, globosas, com<br />
pouco sensíveis.<br />
um pequeno lobo no ápice, sem te<br />
Cresce mais que o pimentão. gumento é delgado, um caroço grande<br />
O fructo, porém, é de grandeza de relativamente no centro; quando 3ecca<br />
3 centimetros, mais ou menos, redon fica rugoso.<br />
do, de superfície ondulada, côr amarella Este caroço é a pimenta da índia<br />
brilhante, casca coriacea, de % a 1 que entra em todas as cosinhas, e cujo<br />
millimetro de grossura; dentro é seme uso ninguém ignora.<br />
lhante ao pimentão.<br />
Quanto ás virtudes médicas, é um<br />
O uso d'esta pimenta é também na forte estimulante, tônico e sudorifico,<br />
arte culinária, mas lhe dão preferencia o cosimento é suppurativo dos tumores,<br />
para comida de peixe; dá todo anno e inflammações da boca, tomado em<br />
e nunca fazem conserva d'ella. bochechos; apressa a suppuração ba-<br />
Passa por mais excitante<br />
outras.<br />
que as nhando-se as outras partes.<br />
Ha outra espécie roxa e alongada. CARACTERES DA FAMÍLIA. — Ella se<br />
compõe de vegetaes herbaceos ou fru-<br />
Pimenta coroada.—V Craveiro tescentes e sarmentosos, tendo folhas"<br />
da terra.<br />
alternas, algumas vezes oppostas, outras<br />
verticilladas, muitas vezes ample-<br />
Pimenta cuntary, ou cumaxicaules na base, e munidas de uma<br />
rim.—Capsicum Cumarim, Vell.—Caps- estipula fraca, opposta á folha nas es<br />
cum fruclescens, Will.—Fam. idem.— pecies E' de folhas alternas.<br />
uma pimenta conhecida em varias pro As flores pequeninas constituem esvíncias,<br />
como no Rio de Janeiro Bapigas frágeis, cylindricas,ordinariamente<br />
hia, Pernambuco, Alagoas, etc. oppostas ás folhas.<br />
E' oval, de menos de 1 e 1/2 senti- Estas espigas se compõem de flores<br />
metros, côr vermelha com seu pé como machos e de flores fêmeas, misturadas<br />
uma campana com sua manga, dentro sem ordem e freqüentes vezes entre<br />
encerra grãos chatos.<br />
meadas d'escamas.<br />
Esta espécie é menos picante e é a Cada estame, que é de dois septos,<br />
mais recommendada para usar-se nas representa para nós uma flor macho,<br />
dietas, sem duvida por ser menos es- e cada pistillo uma flor fêmea.<br />
timulaute que a malagueta.<br />
Esta consta d'um ovario livre, de<br />
Entra em composição contra as an uma só loja, contendo um óvulo em<br />
ginas.<br />
pé, e trazendo no cimo ora um estig-
PIM PIM 359<br />
ma simples, ora três estigmas em fôr Pimenta malagueta. — Capsima<br />
de bico de peito e muito approcum baccatum, Linn. — Capsicum penximados.dulum,<br />
Vell.—Fam. das Solanaceas.—<br />
Repetidas vezes os estames se agru Esta espécie de pimenta é muito<br />
pam ao redor do pistillo em numero generalisada ; tem um consumo espan<br />
variadissimo e parecem então formar toso entre os brasileiros, principal<br />
outras tantas flores hermaphroditas mente na Bahia e nas províncias do<br />
quantas escamas têm.<br />
Norte.<br />
O fructo é uma espécie de pequena Seu pé cresce até 1 e 2 metros e<br />
loja mui pouco succulenta, e monos- mais ; é bem esgalhado.<br />
permica.<br />
As folhas são ovaes, agudas, alternas.<br />
A semente se compõe d'um endos As flores solitárias, ou reunidas em<br />
perma assás duro, offerecendo no ápice numero de duas, três e quatro; ellas<br />
um corposinho discoide que é segundo são brancas esverdinhadas, como es-<br />
endosperma formado pelo sacco amniotitrellas.co, e encerrando no interior um pequeno O fructo é uma pequena baga fu-<br />
embryão dicotyledoneo e amphitropo. siforme de 1 % a 3 centimetros, ro<br />
A familia das Piperaceas tem sido liça, vermelha em madura, pelle fina,<br />
alternamente collocada entre os Mo- sueco vermelho, acre.<br />
nocotyledones e os Dicotyleãones. As sementes são chatas como as<br />
A verdadeira estructura de seu em outras.<br />
bryão não foi perfeitamente conhecida Esta pimenta entre nós é applicada<br />
senão depois da memória de R. Brown á todas as comidas, e é a mais me<br />
sobre a estructura do óvulo.<br />
dicinal.<br />
Aquillo que alguns botânicos, os Fazem-se conservas ; e pisadas quar-<br />
quaes punham o Piper entre os Monodam-nas para o] tempo da carestia.<br />
cotyleãones, consideravam como embryão Póde-se sem medo de errar dizer<br />
era o segundo endosperma, o endos que Pimenta malagueta é um vegetal<br />
perma amniotico contendo o verdadeiro da maior sympathia dos brasileiros;<br />
embryão.<br />
ha muitíssimas pessoas que não po<br />
Esta estructura do embryão é como dem comer sem pimenta.<br />
se vê, a mesma que a que se observa A tinetura d'essa .pimenta, foi muito<br />
nas Nimpheaceas e Lauraceas.<br />
applicada no cholera em fricções.<br />
Vários auctores consideram as Piperaceas<br />
como formando uma simples tribu<br />
Em lingua tupinica é a Qurija-apua.<br />
da familia das Urticaceas, mas suas PROPRIEDADES MÉDICAS.—É anti-febril.<br />
flores em casulos e principalmente a Pisada com farinha, (Gequitaia) prepa<br />
presença de um duplo endosperma disra-se um sinapismo que obra energicatinguem<br />
suíficientemente as Piperaceas mente. •<br />
das Urticaceas.<br />
As folhas são suppurativas, applicam-nas<br />
misturadas com azeite aos<br />
Pimenta dos índios.—Piper ún- tumores para rebentarem depressa.<br />
guiculatum, Ruizet Pav.—Fam. das Piperaceas.—E'<br />
um subarbusto de caule Pimenta do matto. — Solanum<br />
esverdinhado, nodoso, com folhas se- piper<br />
micordiformes.<br />
Flores em espigas roliças dando por<br />
fructo umas bagas angulosas.<br />
A raiz é sialogoga e diuretica.<br />
E' applicada nas hydropisias, e nas<br />
dores de dentes. Parece ser o Aperta<br />
ruão muito conhecido.<br />
L qmara(1)—Fam. idem.— É um arbustinho<br />
á que nas Alagoas dão este<br />
nome, por sua analogia com a pimenta.<br />
E' de porte médio, de folhas alternas,<br />
lanceoladas e lustrosas.<br />
Flores pequenas, brancas amarelladas,<br />
em fôrma de estrellas, cheirosas,<br />
e rajadas.
360 PIM PIM<br />
Fructo globoso, oblongo, vermelho,<br />
dentro cheio de grãos chatos.<br />
Não arde como a pimenta, porém<br />
tem com ella muita semelhança; é<br />
amarga.<br />
Ignoramos o seu uzo.<br />
Pimenta da terra.— F- Páo ie<br />
embira ou Pindaíba.<br />
Pimenta olho de peixe.— Cap<br />
Pimenta tripa de macaco, ou<br />
chifre de vendo.—Capsicum.—Fam.<br />
das Solanaceas.— Esta pimenta é semelhante<br />
á precedente, (sarapó) e nasce de<br />
uma planta semelhante.<br />
sicum.— Fam. idem.— Esta espécie 6o- Dá um fructo roliço, oblongo, até<br />
nhecida em Pernambuco por este quasi 12 centimetros de comprimento,<br />
nome, dá um fructinho bem elegante ; curvado, ponteagudo; o mais é o<br />
é um globosinho de 1 centímetro de mesmo externa e internamente: nao é<br />
diâmetro.<br />
muito picante como a malagueta; e<br />
Tem seu pedunculo verde, ou de côr é muito mais rara.<br />
amarella viva, lustrosa.<br />
Deve ser o Capsicum alongatissimum.<br />
A casca é coriacea e tênue como a<br />
das outras pimentas, com as sementes Pimenta umbigo de tainha.<br />
chatas, que também são amarelladas ; — Capsicum. — Fam. idem. — Chamara<br />
arde menos que a malagueta, e é mais nas Alagoas e em Pernambuco por<br />
usada para comer-se com peixe; o este nome uma pimenta como a de<br />
vegetal é semelhante aos seus congê cheiro, de 3 centimetros de comneres.primento<br />
e com o pé igual ao das<br />
outras.<br />
Pimenta do Pará ou Agrião O fructo, espherico, quasi sempre<br />
do Pará.— Spilanlkes oleracea, amarello Linn, e um pouco desigual.<br />
e Willd.—Fam. das Compostas.— Herva A superfície, é lustrosa, no ápice con<br />
do Pará.<br />
cava, com um umbigo; dentro é o<br />
Tem o caule reptante ou prostrado mesmo que a precedente.<br />
com folhas ovaes.<br />
E' preferida para o peixe.<br />
Suas flores são capitulos de côr<br />
amarella.<br />
Pimentão.—Capsicum annuum, Linn.<br />
Tem o uso dos Agriões ou Mastruços —Capsicum - cordiforme ?—Fam. idem.—E'<br />
uma grande pimenta, que se cultiva<br />
Pimenta sarapó. — Capsicum. — no Brasil e na Europa.<br />
Fam. das Solanaceas.—Esta pimenta é E' de muita estima, como objecto<br />
conhecida em Alagoas por este nome. d'arte culinária.<br />
Seu pé é mui semelhante ao da E' natural de Guiné e da America<br />
Malagueta.<br />
Meridional.<br />
O fructo é maior e mais grosso; o Seu pé, é um subarbustinho de 1<br />
mais é idêntico.<br />
metro e 12 centimetros, esgalhado, se<br />
Tem o mesmo uso das pimentas. melhante em tudo á pimenta ordi<br />
Cremos ser a espécie Solanum lonnária.gum, D. C.<br />
As folhas são ovaes assoveladas.<br />
As flores solitárias, são estrellinhas<br />
Pimenta do sertão.— Xilopia brancas.<br />
grandiflora, St. Hil.— Fam. das Anona- O fructo é de 6 á 9 centimetros, receas.—<br />
V. Páo de embira ou Pindahiba. dondo oblongo, com um pedunculo na<br />
base semelhante a um cornosinho, pa<br />
Pimenta da terra. — Capsicum recendo machucada.<br />
annuum, Linn.—Fam. das Solanaceas.— O pericarpo é lustroso, coriaceo de 1<br />
Cremos esta espécie ser o mesmo Pi á 1 e 1/2 centimetros de espessura e<br />
mentão, de que nota-se varias espécies. de côr vermelha.
PIN PIN 361<br />
Dentro se encontram muitas semen Suas flores dão em pedunculos na<br />
tes chatas, e reniformes em suas lojas summidade.<br />
com 4 secções interrompidas.<br />
São suas virtudes medicaes. anthel-<br />
Tem a propriedade picante das piminticas e diureticas.<br />
mentas.<br />
-Fazem-se d'ella conservas, e aduba-se Pinha ata ou pinheira. —<br />
a comida.<br />
Anona squamosa, Linn.— Fam. das Ano-<br />
Fructifíca todo o anno no norte do naceas.— E' um fructo de primeira or<br />
Brasil.<br />
dem; provém de um arbusto esga<br />
E' semelhante ás suas congêneres. lhado de caule flexível.<br />
As folhas são geminadas.<br />
Folhas estreitas compridas, com<br />
O fructo é oval e de um vermelho vivo cheiro um tanto enjoativo.<br />
em cuja superfície se conservam peque As flores são carnosas, formam 3<br />
nas cavidades.<br />
palhetas esverdinhadas engastadas em<br />
um pé com manchas roixas na base.<br />
Pimentão comprido.—Capsicum<br />
O fructo é uma baga de maior ou<br />
longum, D. C.—Fam. idem.—Os mesmos menor grandeza até 12 centimetros de<br />
usos que o Pimentão.<br />
fôrma globosa conica, oblíqua, cuja<br />
periferia se compõe de protuberancias<br />
Pindá ou coqueiro pindá. — verdes convexas, e ovaes para o pé da<br />
V. Pindoba.<br />
mesma frueta.<br />
Dentro nota-se os sulcos que dividem<br />
Pindaíba.—V Embira de Caçador. essas escamas e se tornam rosadas na<br />
—Gualteria.<br />
maturidade: é composto de bagos de<br />
Os fruetos são usados nos condimen uma substancia-branca polposa, muito<br />
tos, e empregados como carminativós. doce e agradável.<br />
Da madeira faz-se mastros de navios. Elles encerram um caroço oval preto<br />
lusidio no seu seio, e outros tem so<br />
Pindaiba. — V. Embira vermelha e mente uma pevide.<br />
semente de Embiras Xylopia.<br />
Abunda no Ceará: dá no campo<br />
Pindoba ou Pindóva. — Nome<br />
espontaneamente, parece ser nossa.<br />
As folhas d'esta planta são gabadas<br />
genérico dado pelos gentíos e conser contra as dores de cabeça, applicadas sovado<br />
pelos matutos a toda e qualquer bre essa parte depois de passadas ao fogo.<br />
palmeira indistinetamente; assim como As sementes passam por venenosas.<br />
Jpitirana á toda planta que alastra pelo Em Pernambuco a chamam Pinha, e<br />
solo, e sobre as outras plantas. na Bahia; e no Rio de Janeiro Frueta<br />
do Conde (Fig. 28.)<br />
Pindoba ou coqueiro pindoba.—Cocos<br />
australis.—Fam. das Pal Pinha ou queimadeira. — Cuimeiras.—<br />
Os fruetos comem-se e dão dosculus. Marcg. — Jatropha herbacea,<br />
um óleo que serve também para co Willd. — Fam. das Euphorbiaceas. —<br />
mer-se e para luz.<br />
Planta herbacea do paiz.<br />
E' emoliente ; e o miolo d'esta pal Caule herbaceo com espinhos punmeira<br />
dá um bom palmito.<br />
gentes.<br />
Folhas alternas em trinos.<br />
Pinguaciba.— V. Páo Pereira.<br />
Flores em cachos.<br />
Fructo de três gomos roliços.<br />
Pi ngui m.—Bromelia pingüim, Jacq. As sementes d'esta planta são po<br />
— Fam. das Bromeliaceas.— Planta do derosas em propriedades drásticas;<br />
paiz, dc folhas quasi ao nível da uma só semente é um purgante para<br />
terra como o ananaz.<br />
|um homem.<br />
48
3«S PIN<br />
Pinhão bravo. — Jatropha curcas. tão verdes, são menos abundantes eiu<br />
Linn. — Fam. das Euphorbiaceas. — sueco E' leitoso, mas não apresentam no<br />
um arbusto agreste, indígena, conhe tronco essa escama como o outro.<br />
cido e abundante em Pernambuco e Suas flores,também em cachos, silo<br />
seus sertões por este nome, e pelo esverdinhadas, ou amarellas com raios<br />
de Pinhão de cerca.<br />
purpureos, tendo a mesma disposição<br />
Tem de altura 2 a 3 metros. sexual.<br />
O tronco é liso, mostrando escamas Sou fructo é semelhante; e a semente,<br />
na sua epiderme, em fragmentos la- preta, que é grande; é da mesma conminosos,<br />
apresentando nós nas velhas dição do outro pinhão.<br />
cicatrizes das folhas.<br />
Serve sua amêndoa de purgante, que<br />
Exuda um leite incolor de todas as é mui usado pelo povo. principalmente<br />
suas partes.<br />
do centro das províncias do norte.<br />
As folhas são longamente pecioladas,<br />
em fôrma de palmas, recortadas PROPRIEDADES MÉDICAS.—Para as apo-<br />
e lisas.<br />
plexias é muito applicado, e para mui<br />
As flores, em cachos, são como rotas outras affecções: também applicamsas<br />
simples, amarellas com raias run"o como vomitorio. E' um drástico<br />
bras ; são dioicas.<br />
que é preciso muito cautella e arte para<br />
As fêmeas dão um fructo, capsular se usar d'elle. E' conhecido nas pro<br />
do tamanho de uma nóz de três govíncias do Sul por Pinhão Paraguayo<br />
mos verdes e ornado de três peque Mandubiguaçú Munduyguaçú. O óleo esnas<br />
palhetas.<br />
presso é purgativo de 36 á 72 gottas.<br />
Elle torna-se ósseo, é trilocular; em<br />
cada uma das lojas se acha uma Pinheiro ou Pinhão do Bra<br />
semente oval, cinzenta riscada de preto, sil.— Araucária brasiliana, Richard.—<br />
com uma crista no ápice : a amêndoa Fam. das Coniferas. — Fructo do Brasil<br />
é mui oleosa e branca.<br />
semelhante ao Pinhão da Europa, pro<br />
Este pinhão, que nenhum prestimo veniente de uma arvore que vegeta em<br />
medicinal tinha pelo littoral, e que S. Paulo, Minas Geraes, Paraná e Rio<br />
não servia senão para cercas nativas, Grande do Sul.<br />
no sertão servia de muita utilidade. Os indígenas guaranis chamam-o<br />
Esse sueco leitoso que tem é de Curi-y; os tupinicos Curi-uva.<br />
effeito fortemente purgativo, applicavel E' uma elegante arvore que toma a<br />
em muitas moléstias, e para os feri fôrma e configuração pyramidal.<br />
mentos e talhos.<br />
Seus ramos, brotam circularmente do<br />
E' succedaneo da arnica, etc. tronco, que é resinoso.<br />
As folhas são escamosas e ásperas,<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — O óleo ex como telhas arrumadas umas sobre<br />
traindo das amêndoas é muito usado outras (embricadas).<br />
na medicina popular, para as hydro- As flores são diversas no extremo<br />
pisias, interiormente na dose de 6 dos ramos; se reúnem em cachos de<br />
gottas até 18 como purgativo. fôrma conica e compostas de escamas:<br />
as fêmeas, de fôrma oval, as mascu<br />
Pinhão manso ou de purga. linas tendo a flor na axilla d'essas es<br />
— Jatropha curcas, Var ? Linn.— Fam. camas.<br />
idem.— Esta planta descripta como na O fructo tem 12 centimetros, pouco<br />
tural da índia, o é também do Brasil, mais ou menos de extensão, fôrma<br />
segundo cremos.<br />
conica, superfície escamosa com o pi<br />
E' 1im arbusto da grandeza do prenho da Europa, de côr verde.<br />
cedente, mas aquelle cresce mais. Este fructo é formado por uma reunião<br />
Suas folhas semelhantes sempre es- de pequenas bagas conicas, outras alon-<br />
PIN
PIP PIR 363<br />
gadas, alojadas em um eixo commum, Fam. das Cyperaceas. — Nada mais co<br />
cujo ápice é voltado para fora, .consnhecemos d'esta planta.<br />
tituindo a parte exterior do fructo,<br />
que é verde; essas bagas, á proporção Piper o na.—V- Betys.<br />
que se concentram, tomam uma côr<br />
avermelhada no ápice mesclada de<br />
Pipi.—V. Tipi.<br />
manchas escuras: cada baga eompõe-se<br />
de um tegumento duro e coriaceo, que<br />
é diffieil romper; segue-se depois Pipi ri ou Peripiri.—Rhynchos-<br />
uma membrana delgada, avermelhada, pora storea. (?) —Fam. das Cyperaceas.—E'<br />
que envolve uma amêndoa branca, um vegetal herbaceo do paiz, que ve<br />
oleosa; antes da maturidade contém geta nos alagadiços, pântanos e ter<br />
princípios leitõsos. »<br />
renos muito humidos.<br />
Come-se esta amêndoa, que, segundo Consta de um caule de 8 á 10 palmos<br />
alguns, passa por melhor que a do Pinhão de comprimento, triangular, lustroso,<br />
da Europa.<br />
com folhas invaginantes , no ápice<br />
Fazem nas províncias aonde ha este um circulo como uma umbrella de va-<br />
fructo uma farinha por torrefacção , letinhas com um aggregado de Mi<br />
que a comem com leite.<br />
nhas no pedunculo commum e nos<br />
Também em Minas, aonde ha grande parciaes.<br />
creação de porcos, os alimentam com essa N'esses, as flores são apenas pevides<br />
amêndoa.<br />
indistinctas ás vistas vulgares.<br />
A madeira é branca, resinosa e molle, De todas as partes da planta se ser<br />
semelhante ao pinho da Europa. vem em Pernambuco e Alagoas para<br />
Misturam alli a resina que colhem fazer esteiras que chamam de Pepery ou<br />
do páô, com cera, e fazem vellas. Pripiry.<br />
Occupam vastas extensões estas arvores<br />
n'aquellas províncias.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Os caules<br />
A madeira é empregada na construc (depois de seccos) queimados e pulção<br />
civil e na marceneria.<br />
verisados, estancam as hemorrhagias<br />
assim como esse pó suspenso n'agua<br />
Pino.—F. Queimaãeira.<br />
com assucar, ou aguardente: é bom<br />
para as dysentherias.<br />
Pinoguaçú.—V Mamoeiro.<br />
Piolho ou Piòyo.—Caseariapar-<br />
Pira-caúba.— V. Cujumary.<br />
vifolia, St. EU. — Samidea parvifolia,<br />
Pira gaia.— V, Cipó suma ou Pi-<br />
Linn. — Fam. das Sumidaceas — Arvore<br />
rigaya — Anchietea salularis.<br />
grande de Minas Geraes, ramosa, de folhas<br />
lanceoladas, oblongas e lisas.<br />
Flores brancas em feixes na axilla das<br />
Pirenga.— V. Carajurú.<br />
folhas e ramos.<br />
O fructo é uma cápsula de 7 e 1/2 Piranga ou Chica.— Bignonia<br />
centimetros de diâmetro , espherico, chica. (?) — Fam. das Bignoniaceas.— Ar<br />
trigono, carnoso com 3 valvas, e uma busto muito abundante nas margens<br />
semente comprida.<br />
do Rio Negro e Órenoco.<br />
Floresce em Abril e Maio.<br />
Seu caule eleva-se ao cimo das<br />
Piolho de urubu. — Arvore do<br />
grandes arvores por meios de gavinhas<br />
que tomam o lugar do foliolo<br />
Brasil.<br />
terminal, suas folhas são côr verde<br />
carregado tornando-se avermelhadas<br />
Piperioca. —Cyperuspiperioca. (?J— pela deseccação.
3C4 PIR PIT<br />
Flores axillares dispostas em paniculas<br />
pendentes.<br />
Corolla de cor violacea.<br />
O fructo é uma siliqua pendente<br />
do comprimento de 24 a 48 centimetros,<br />
muito estreito, dividido em<br />
dois loculos por um septo pararello<br />
as valvas.<br />
Sementes ovaes, aladas, imbricadas<br />
sobre o septo em cuja margem se<br />
acham fixas.<br />
Os índios extrahem, por meio da<br />
maceração em água, uma substancia<br />
vermelha com que pintam o rosto, e a<br />
O fructo é trigono (em trcs gomos);<br />
verde foliaceo ; dentro nota-se algumas<br />
sementes com um corpo filamentoso,<br />
envolta; são como contas pretas.de<br />
rosário.<br />
Piriquity vermelho das Alagoas.—V.<br />
Merú de Pernambuco.<br />
Piriri.— Mabea piriri, Aubl.—Fam.<br />
das Euphorbiaceas.— Arbusto que vegeta<br />
na Guyanna e Amazonas<br />
E' trepador.<br />
Tem as folhas oblongas.<br />
que dão o nome de Carajurá ou Chica, Flores em cachos densos.<br />
As fruetas são como as do pinhão.<br />
Piretro ou Pircto. — Ferraria Fornece o Caoutchou.<br />
purgans, Mart. — Fam. das Iridaceas.—<br />
Nada dizemos a respeito dos órgãos<br />
d'esta planta.<br />
Pirírlna.—E' o coqueiro Jaraiuva.<br />
Quanto ás virtudes medicina es o Pirity.— V.<br />
bulbo, que é amylaceo, é ligeiramente<br />
purgativo, na dose de 8 a 12 gram Pirrcxy. — Ou Lodo (?)<br />
mas.<br />
Herva silvestre que por tal nome é<br />
Pirigaija.— V Cipó suma.<br />
conhecida nas Alagoas.<br />
E' aquática; nada na superfície das<br />
águas, formando filamentos ramosos<br />
Piríquity ou Priquity.—Canna pequenos na parte inferior.<br />
cymatilis. (?) Canna glauca, Linn.— Fam. Tem uma cama em feixes, e na<br />
das Cannaceas.—E' uma planta herbacea superior folhinhas orbiculares, curva<br />
e aquática, que em Pernambuco dãodas em suas espansões, cuja parte<br />
lhe o nome também de Chiquichiqui, superior tem pellos em feixes brancos<br />
havendo outro CMquexique de outra fa como meada de linha em laçada.<br />
milia (Cactacea) ; porque realmente o<br />
fructo d'esta torna-se uma cápsula pa- Pissandó, ou Coqueiro plslheosa,<br />
que, com as sementes dentro, sandó. —Diphlothemim littorale, Mart.<br />
chocalha como um maracà.<br />
— Fam. das Palmeiras. — E' uma pal<br />
Também tem o nome de Banana someira que vegeta nas regiões littoraes<br />
roróca (não ha muita exactidão em ser da Bahia.<br />
esta espécie). O nome Piriquity ou Pirity<br />
lhe dão nas Alagoas.<br />
Pitanga, ou pitangueira. —<br />
Esta planta contém no estojo das Plinia rubra, Linn., e Mart. — Plinia<br />
folhas que abraçam o caule uma su pedunculata. — Fam. das Myrtaceas,<br />
bstancia farinacea.<br />
Eugenia Michelii, Lamh; — Eugenia<br />
E' um arbustosinho de côr verde uni-flora. Linn. — Myrtus brasiliana,<br />
azulada ou clara.<br />
Linn., e Sp. —Fructo silvestre do<br />
Folhas amplexicaules, grandes, ovaes Brasil abundante das províncias do<br />
e lanceoladas.<br />
Norte.<br />
Uma vergontea na qual brota uma Provêm de um arbusto que esga<br />
espiga de flores amarellas; parece relha quasi sempre em mouta; tronco<br />
taUios de panno ou seda, com um liso, e duro.<br />
globo na base.<br />
Folhas emparelhadas, pequenas, o-
PIT PIT 365<br />
vaes-agudas, de côr verde escura, lustro Os fruetos são doces levemente adssas<br />
e aromaticas.<br />
tringentes e no Rio de Janeiro ha<br />
Flores em cachinhos pequenos, bran uma outra espécie, o Calyptranthes<br />
cas, como rosas de pé comprido. tuberculosa.<br />
No centro muitos filetes todos brancos,<br />
com cheiro.<br />
Pitangueira do matto.—Euge<br />
O fructo é uma baga de 1 K a nia ligustrina, Willd.—Fam. idem. —<br />
quasi 3 centimetros de diâmetro, glo- Arbusto que vegeta na província de<br />
boso, anguloso, ou de gomos com qua S. Paulo, onde é conhecido por este<br />
tro escamas verdes no ápice. nome.<br />
O tegumento externo é uma pelli Suas folhas são emparelhadas e lancula<br />
fina ; uma polpa aquosa, macia, ceoladas.<br />
ácida e doce é que fôrma o corpo da Flores solitárias.<br />
frueta, e um caroço redondo achatado Seu fructo é preto com 2 caroços fer-<br />
e esverdinhado acha-se dentro. rugineos, é ácido, assucarado e um<br />
A côr da frueta é rubra e lustrosa pouco adstringente.<br />
em madura.<br />
As folhas da Pitangueíra passam por Piteira.—V Coroatá-assú.<br />
tônicas, e excitantes, uzam d'ellas em<br />
banhos para dores rheumaticas. Pitiá (1) ou Pequiá.— Marfim.—<br />
O fructo é um refrigerante, fazem- Fam. das Leguminosas ?—E' uma arvore<br />
se limonadas d'elle, e o Dr. João Lo que vegeta nas mattas virgens.<br />
pes, antigo physico-mór em Pernam Caule volúvel e lenhoso, e que sobe<br />
buco no seu opusculo sobre a Pitanga á altura das grandes arvores.<br />
mostra que ella é um grande cal Emprega-se nas obras de pontes,<br />
mante do sangue.<br />
menos esteios; é muito usada nos tra-<br />
Fazem com ella doce de calda que vejamentos, cobertas e portadas de<br />
é excellente ; assim como geléa. edifícios, e bem assim algumas obras<br />
Por todo o Brasil seu nome é Pi de torno e marcineria.<br />
tanga ou Pitangueira.<br />
Pitintyú ou Putumuyú.— Ar<br />
Floresce em Março, Abril e no verão<br />
vore indígena das catingas dos sertões,<br />
com irregularidade.<br />
onde recebe este nome : também é co<br />
Pitanga branca.— V. Groselha.<br />
nhecida por tal nas Alagoas, Sergipe<br />
Pitanga ou Pitangueira miú e Bahia.<br />
da.— Myrcia rubella, St. EU. — Fam. E' elevado o seu porte, e a casca<br />
idem.—E' uma pitanga da província de escura.<br />
Goiaz, indígena do paiz, que provém As folhas, estreitas e pequenas.<br />
de um arbusto de casca lisa, de folhas As flores não visíveis.<br />
miúdas, ellipticas e lisas.<br />
O fructo, comprido, de 12 centíme<br />
Flores reunidas, cujos pedunculos tros e ouriçado de aculeos, que offen-<br />
são ruivos.<br />
dem.<br />
O fructo é rubro e ácido.<br />
O lenho d'esta arvore é amarello,<br />
Floresce em Agosto.<br />
presta-se para obras de marcineria para<br />
Esta planta é adstringente.<br />
o que fazem algum uso d'ella.<br />
Em Sergipe fazem aduellas de an,<br />
Pitangueira de cachorro.— coretas de carregar aguardente, mel-<br />
Calyptranthes obscura D. C. — Psidium etc.<br />
obscurum, Mart.—Fam. idem.— Arbusto<br />
de Minas Geraes.<br />
Pi tomba ou Pitombeira.— Sa-<br />
E' muito semelhante á Pitangueira (1) O povo, erradamente, chama assim o<br />
acima-<br />
Pequiá, em Pernambuco.
366 PIT POE<br />
pindus esculenlus, St. EU. — Fam. das culosa, tendo um caroço em sen centro<br />
Sapindaceas.—Frueta cultivada e natural envolta em uma substancia alhumi-<br />
do Brasil, proveniente de uma arvore, nosa, branca, acre-doce, como mesmo<br />
copada, com as folhas dispostas em a da Pitomba das demais províncias.<br />
palmas, que são lanceoladas, prolongadas<br />
e lisas.<br />
Come-se.<br />
Flores em cachos pequenos, cheiro Pltombo. (?)— Meleagrinex pernamsas,<br />
são pequenas rosas brancas meio bucana. [Arr. Cam.) V. Ubaia no Sul.<br />
penugentas.<br />
O fructo é de grandeza de 1 e 1/2 Pituinarmua.—Lisianthus serratus.<br />
a 3 centimetros, fôrma globosa, acom- — Fam. das Gentianaceas.— Planta da<br />
pridada, casca tenaz, amarella côr de America; é amarga e íesolutiva em<br />
barro, de 1/2 a 1 centímetro de grossura,<br />
por dentro, branca.<br />
cataplasma.<br />
Uma substancia cartilaginosa, branca, Piúva.— E* o Ipê em S. Paulo.<br />
transparente, acida-doce, agradável de<br />
gosto, envolve um caroço roliço, ob Pixirica ou IVhanga pivirica.<br />
longo, que divide-se em duas porções — Fam. das Melaslomaceas. — Planta do<br />
hemisphericas.<br />
Tem uma casca peliculosa, castanha<br />
paiz cujos fruetos são comestíveis.<br />
e a amêndoa é roixa.<br />
Pixirica-assú. —Melasloma loco-<br />
Esta arvore frutifíca uma só vez no ari.(l)—Fam. idem.—Planta que tem este<br />
anno, de Fevereiro á Abril.<br />
nome no Rio de Janeiro.<br />
O caroço é um adstringente enér Tem também os fruetos comestives.<br />
gico; applicam-n'o contra as diarrheas<br />
chronicas.<br />
Poaya.—V. Ipecacuanha preta.<br />
O fructo passa como refrigerante e<br />
ácido.<br />
Poejo. — Mentha pulegium, Linn.—<br />
Sua madeira, emprega-se nos traveja- Fam das Labiadas.— Planta que habita<br />
mentos, cobertas e portadas de edif- o Brasil nos lugares humidos.<br />
ficios.<br />
Caule horizontal.<br />
Folhas pequenas, ovaes, inteiras, ob<br />
Pitontba-assú. — F Pitomba da tusas, quasi rentes, empubescidas em<br />
matta.<br />
ambas as faces.<br />
Pitomba da matta ou Pitom-<br />
Flores de uma côr roixo-clara.<br />
Sabor quente, cheiro aromatico, um<br />
ba-assú. —Meleagrinex pernambucana pouco semelhante ao da hortelã.<br />
Arr. Cam.— Var.— Fam idem.— Esta<br />
pitombeira que dá nas mattas de PROPRIEDADES MÉDICAS.—É empregado<br />
Pernambuco differe da precedentente como emmenagogo em fôrma de chá<br />
em ser a frueta maior, e essa subs 4 grammas de poejo para 250 gramtancia<br />
gelatinosa que contem, sêr menos mas d'agua.<br />
espessas qua a da precedente.<br />
O caroço d'esta é menos adstrin Poejo da praia — Centrospermum<br />
gente que a da outra.<br />
xantioides, Eunt.— Fam. das Compostas.<br />
— Planta herbacea natural do Rio de<br />
Pitomba do Pará.— Fructo sil Janeiro e da Nova Andalusia.<br />
vestre do Pará, que não é a mesma Tem o caule ramoso e reptante.<br />
Pitomba de Pernambuco, e Maranhão. Folhas emparelhadas, ovaes.<br />
E' uma frueta da grandeza de 3 As flores.são em globos nas pontas<br />
centimetros, fôrma redonda acompridada dos ramos.<br />
de côr vermelha, com a casca peli Goza de virtudes tônicas.
PRI PUP 36?<br />
Pororoca ou Paroróca.— Clu- trepadeira para carramanchão de<br />
sia volubilis, Humb., Bonp. e Kunt.—Fam. jardim, mas differe por suas folhas,<br />
das Clusiaceas.—E' uma arvore agreste que são cordiformes semilobadas, (por<br />
que lhe dão este nome em Pernambuco ; que formam um principio de lobos para<br />
e nas Alagoas o de Gameleira trepadeira. os lados).<br />
A casca é um tanto lisa, cinzenta, de A flor é o mesmo que a da pre<br />
porte menor.<br />
cedente, tendo a parte superior não<br />
Folhas emparelhadas,ovaes, coriaceas, recortada em estrella, mas inteiriça,<br />
grossas, estaladiças.<br />
e a côr vermelha alaranjada.<br />
Flores em pequenos cachos, brancas O fructo quasi o mesmo; ambas<br />
em fôrma de rosas simples e carnosas. não tem aroma.<br />
O fructo como um casulo oval de<br />
muitas sementes.<br />
Parece-se muito a ponto de confun<br />
Pi ti.— V. Ibirarema.<br />
dir-se com a Orelha de burro ; mas esta Puça. — Cissus antiparaliticus (?) —<br />
tem as flores com manchas purpuri Fam. das Ampelidaceas.— Planta do paiz<br />
nas no centro, e as folhas mais redon que vegeta no Maranhão, aonde é codas<br />
e pequenas.<br />
nhecida por este nome.<br />
E' trepadeira cujas folhas são acres,<br />
Potincoba.—V. Pimenta d'agua. e se empregam<br />
sias.<br />
pisadas nas paraly-<br />
Primavera. — Ipomcea quamoclit, As sementes uzam-se como enfeites.<br />
Wüld, e Sp.— Fam. das Couvolvulaceas.<br />
— E' uma flor cultivada no Brasil de<br />
Puça do matto.— Cissus silves-<br />
muito tempo, e oriunda da índia ;<br />
tris.— Fam. idem.— Também é do Ma<br />
dão-lhe este nome em Pernambuco.<br />
ranhão esta planta.<br />
E' uma flor proveniente de uma Puçá.— Frueta silvatica do Ceará<br />
planta delicada, trepadeira que se e do Maranhão, conhecida por tal<br />
enrola nos corpos vis.inhos, seu caule nome n'aquella província.<br />
filiforme verde com as folhas alternas Provém de um arbusto.<br />
em palminhas lineares mui lindas, A grandeza de seu fructo é de quasi<br />
sempre mui verdes.<br />
3 centimetros, figura redonda, globosa,<br />
As flores solitárias ou ás duas ; são de côr amarella na maturidade, casca<br />
em fôrma de pequenos tubos verdes, lisa, e estaladiça, branca por dentro,<br />
com appendices filamentosos no ápice. contendo no interior cinco á seis se<br />
Com outro tubo afunilado cuja corolla mentes, cobertas de uma massa branca,<br />
dilatado é estrellado, de côr escarlate que se desliga da semente chu-<br />
muito viva; tem no centro filetes pando-se.<br />
brancos.<br />
As sementes são esbranquiçadas.<br />
O fructo é uma cápsula.<br />
E' ornamento de jardim com que Pupunheiro ou coqueiro Pu-<br />
cobrem-se latadas ou carramanchões. punhei ro.— Fam. das Palmeiras.—<br />
A flor não cheira.<br />
E' uma palmeira alta do Pará, que<br />
tem espinhos no tronco; deita os<br />
Primavera de Cayenna. —Ipo cachos ascendentes, que não pendem.<br />
mcea coccinea Linn.— Fam. idem.— Esta E' de porte como o Dendê.<br />
outra espécie que é natural da Ca- Fruetos em cachos, vermelhos furtarolina<br />
também se cultiva no Brasil, côres. comem-se, e faz-se da massa<br />
mas veio mais tarde ao nosso solo. uma bebida saborosa:<br />
Chamam-no em Pernambuco por este A figura do fructo é orbicular allon-<br />
nome.<br />
gada, na base tem umas escamas em<br />
E' como a que foi descripta acima, em fôrma de roseta.
368 PUR PUR<br />
No ápice há um ponto mais elevado, 2 grammas: é empregada na opilação, na<br />
curto, de côr vermelha ; a casca é peliculosa,<br />
cobre uma polpa compacta, ama<br />
ictericia e na melancolia.<br />
rella côr de gemma d'ovo.<br />
Purga de carljó.—Períanthopodm<br />
Tem um caroço que se desliga facil carijo (?)—Fam. das Cucurbitaceas.—Esta<br />
mente da massa, deixando,; a loja que planta recebe este nome em Cuyabá.<br />
occupava.<br />
E' uma trepadeira, que alastra : tem<br />
Usam d'ella cosida.<br />
raiz tuberosa, que é um drástico<br />
Promove uma comixão nos lábios'' de empregado contra as mordeduras de<br />
quem a come crua, DU ainda mal co cobras, em dose de 2 á 4 gramsida.mas.<br />
O fructo é de côr vermelha. Julgara<br />
Pureza.v-Tttccíi gloriosa, Linn. — ser a mesma planta de S. Paulo— Es-<br />
Fam. dat Liliaceas. — E' um arbusto phelina, ou Espenna.<br />
cultivado nos jardins do Brasil ; é originário<br />
do México, Virgínia, Carolina, Purga de cavallo.—Convolvulus<br />
e Peru.<br />
ventricosus, Manso,—Fam. das Convolvu<br />
Eleva-se á altura de 4 1/2 metros laceas.—Planta do paiz, que vegeta no<br />
pouco mais ou menos.<br />
Paraná e recebe este nome.<br />
Elle fôrma um tronco herbaceo cir E' rasteira ou trepadeira.<br />
culado de folhas compridas de mais E' um poderoso purgante empregado<br />
de vara muitas vezes grossas, fibrosas, nos animaes cavallares.<br />
ensiformes de côr verde-azulada, tendo<br />
as bordas desornadas, e no ápice um Purga de Cayapó.— Dermophylla<br />
aguilhão picante.<br />
elliptica.(?)—Fam. das Cucurbitaceas.— E'<br />
Ellas se dispõem em espiral, muito também um cipó, cujo fructo amarello<br />
perfeita formando um verticillo cerrado ; e comprido, contém umas sementes miú<br />
do centro brota uma vergontea alta das márginadas por uma linha branca,<br />
cylindrica de mais de 2 metros que do e que tem a virtuda de ser fortemente<br />
seu meio para cima ou no terço supe purgativa.<br />
rior enche-se de flores brancas forman Emprega-se como drástico nas mordo<br />
uma pyramide bella ; tem algum deduras de cobras.<br />
cheiro : em divisões espaçosas, d'esse<br />
grande cacho, ellas parecem campainhas Purga de Cayapó (de Santos.)<br />
pendentes, dando porfructo uma cápsula — Cayaponia globosa, Manso ? — Fam.<br />
trigona oblonga, que encerra algumas idem.— E' também planta trepadeira.<br />
sementes.<br />
Seu fructo é redondo e amarello, tem<br />
umas sementes drásticas, que, dadas em<br />
Purga de Amaro Leite. —E' clystér, podem, em dose elevada, produ<br />
Jalapa em S. Paulo, em Minas Batata zir uma hemorrhagia.<br />
de purga ou Ipú e em Goyaz Purga de<br />
Amaro Leite.<br />
Basta meio fructo para um purgante.<br />
Purga do gentio.—Cayaponia dif-<br />
Purga do caboclo.— V. Purga de fusa, Manso — Boysniapillosa, (?) Vell.—<br />
gentíos.<br />
Fam. idem.—Esta planta é conhecida por<br />
este nome no Rio e em S. Paulo.<br />
Purga do campo.—Echites ale-<br />
Ella é também trepadeira.<br />
xicaca, Mart.—Fam. das Apocynaceas.— A raiz é também purgativa e empre<br />
Este vegetal recebe este nome nas progada nas mordeduras de cobras.<br />
víncias de S. Paulo, Minas, Goyaz e Em pó, ou sêcca, dá-se na dose de<br />
Matto Grosso.<br />
8 grammas; uma frueta é já um bom<br />
Esta planta é purgativa na dose de purgante.
QUA QUA 369<br />
Ha outra espécie descripta de Cayaponia<br />
por Martius.<br />
Purga do gentio. — V Andáaçú,<br />
ou Indayaçú, no Rio e em S. U&ulo.<br />
Purga de João Paes.— V. Caa-<br />
Ataya.<br />
Purga de João Paes (em S.<br />
Paulo).—V. Bucha.<br />
Purga de marinheiro.—V.Gitó.<br />
Purga de pastor. — Ecíites pastorum,<br />
Mart.— Famadas Apoçjanaceas.—<br />
Arbusto do paiz^purgátivo, muito empregado<br />
pelos indígenas.<br />
Purga dos paulistas.— F. Andaaçú.<br />
**-<br />
Purga de veado.— V. purga do<br />
Campo. 1 :; Sua grandeza é de 3 centímetros; é<br />
redondo, ou espherico, de côr preta<br />
quando maduro, casca pouco espessa<br />
e molle. &<br />
Tem muitos caroços dentro, que<br />
são quasi \ redondos, pretos, envoltos<br />
em uma níassa roixa, aquosa, doce e<br />
ligeiramente^ acidulada.<br />
Dizem |&r o gosto./da batata.<br />
O fruci^^ilverisajáo e suspenso em<br />
uma porçãfó a'agúa ^e%|empregado nos<br />
pleurizes.<br />
Purunan.— Fam. ãas Palmeiras.—<br />
E* uma ífructa que em Alagoas conhecem<br />
por este nome.<br />
E' uma palmeira de baixo porte,<br />
cujos cachos tocam no chão.<br />
0 fructo é da grandeza de um<br />
ovo, o caroço mais carnoso e de côr<br />
•-n<br />
amarella gemada, cuja massa é mui<br />
agradável e doce.<br />
Puruhy.— Fructo selvático do Pará, A casca de fora é semelhante á do<br />
por conseguinte indígena.<br />
Catolé, e coreacea*<br />
Q-<br />
Quapoya. — Clusia quapoya. — Clus E' um arbusto de folhas oppostas,<br />
scandens, Aubl. — Fam. das Clusiaceas. e de diversas — disposições, ovaes, lisas<br />
Arvore trepadeira} que vegeta na Guy com flores em cachos, amarellas.<br />
anna e no Amazonas, é de folhas obo Seus fruetos são cápsulas trigonas,<br />
vaes agudas, flores amarellas, e um ou de gomos como duas valvas; cada<br />
fructo globoso.<br />
costado dos gomos com um caroço redondo,<br />
e embaçado, em cada coca.<br />
Quaresma (CòcoJ.—Cocos flexuosa.<br />
— Fam. das Palmeiras. — O fructo tem<br />
uma amêndoa muito agradável.<br />
Quassa ou Quassia de Cayenna.<br />
— Quassia amara, Linn. e Spl.<br />
Quaró. — Galphimia brasiliensis. e — Rich. — Fam. das Rutaceas. — E' um<br />
Cav. Tryallis brasiliensis, Linn. arbusto — Fam. originário da Cayenna, culti<br />
das Malpighiaceas. — Planta indígena vado entre nós, nas províncias da<br />
que vegeta em Goyaz, S. Paulo, e Minas Bahia e Pará.<br />
Geraes.<br />
Elle é vergonteado desde a base, quasi<br />
Florece em mezes diversos, segundo em touceira, de casca esbranquiçada.<br />
os lugares, á saber: em Setembro, em. As folhas em palmas de um verde<br />
Dezembro, e em Fevereiro.<br />
roixeado.<br />
49
QUE QUI 3*1<br />
Quebra panella, falsa.—Demos- Queimadeira.— Cniãosculus Marcchata<br />
procubens.— Fam. das Amaranthaiigrav.— Fam. das Euphorbiaceas.— Esta<br />
ceas. — Esta herva, que lhe dão nas planta é semelhante aos Pinhões.<br />
Alagoas este nome, também o tem em Suas sementes são purgativas, como<br />
Pernambuco.<br />
são as do Andá-açú, e outras d'este gê<br />
Ella é um pouco alastrada. nero.<br />
Seu caule é nodoso, com juntas. Em Pernambuco usam d'esta planta,<br />
As folhas oppostas, lanceoladas. pisada para applicar-se em massa nos<br />
As flores, em pedunculos compridos, tumores carbunculosos , e para se<br />
que são um aggregado de florir has bran esfregar nas nodoas da pelle.<br />
cas e paleaceas.<br />
Emfim, é uma semelhança da flor Queraíba.—V. Carrapixinho.<br />
ehamada Perpetua branca; porém com<br />
o capitulo pequeno e as flores também Quiabo de Angola. — Cucumis<br />
pequenas.<br />
africanus, Linn.—Fam. das Cucurbitaceas.<br />
O fructo é o mesmo que o da Per —Esta espécie desvia-se do geral dos<br />
petua, apenas tendo um grãosinho preto Quiabos, e o nome que lhe dão em Per<br />
luzente.<br />
nambuco, é impróprio.<br />
E' herva alastrada, originaria da<br />
Quebra panella, verdadeira• África.<br />
—Fam. idem.— Esta planta é conhecida As folhas, têm cinco angulos-agu-<br />
nas Alagoas por este nome, ha também dos, com filamentos ou gavinhas para<br />
em Pernambuco.<br />
agarrar-se.<br />
E' um subarbustinho que estende-se As flores, são amarellas, um tanto<br />
sobre as outras plantas.<br />
grandes, em fôrma de campana.<br />
O caule é nodoso e branco.<br />
Ha masculinas e femininas.<br />
As folhas, oppostas , ellipticas, um O fructo é um pequeno melão de fôrma<br />
pouco pelludas.<br />
conica ou pyramidal, roliço, riscado por<br />
As flores, em pedunculos longos, ag- listrinhas externamente verdes ; dentro,<br />
gregadas, globosas^ e brancas; sendo o a massa é branca, frouxa, contendo se<br />
globo maior.<br />
mentes ovaes, chatas, brancas, de cheiro<br />
0 fructo é o mesmo.<br />
fastidioso, e a casca é cornea.<br />
Queimadeira loco. — Plumbago Quiabo de Cayenna — Fam. da<br />
scãndens, Linn. e Spl.—Fam. das Plumba- Cucurbitaceas.—Dão este nome também<br />
gaceas.—Planta do paiz, que na lingua á uma frueta, que parece-se com a pre<br />
dos indígenas chamam-a Caa-pomancedente, e tem com ella toda a analoga.gia.<br />
Conhecida em quasi todo o Brasil, pela Emquanto tenra come-se cosinhada.<br />
sua propriedade de queimar a pelle.<br />
Ella é uma herva, que derreia-se sobre<br />
Sua estructura é a mesma.<br />
as outras plantas.<br />
Quiabo chifre de veado.—Eí-<br />
Seu caule verde carrega folhas alterbiscus esculentus.—Fam. das Malvaceas.<br />
nas, lanceoladas , estreitas e lustro — Este Quiabo é semelhantissimo em<br />
sas.<br />
tudo ao Quiabo commum.<br />
As flores, em espigas, são brancas O fructo, porém, é duas ou três vezes<br />
como jasmins , com o cálice fusifor- maior e fino em<br />
me, ouriçado de uns pellos foliaceos, deza.<br />
proporção da gran<br />
glandulosos, com uma viscosidade. Tem o ápice mui prolongado em fôr<br />
O fructo é uma cápsula.<br />
ma de ponta, e é mais liso, porque tem<br />
Üsa-se como cauterio forte. menos pellos.
39 3 QUI QH<br />
Tem os mesmos usos, e dizem que gulosas (na phrase vulgar oitavadas), o<br />
têm alguma differença no gosto. tamanho d'este é de ordinário ontilo<br />
mais considerável, e ás vezes cresce<br />
Quiabo commum. — Eibiscus es- muito; também no gosto é o mesmo;<br />
culentus, Linn. — Fam. Idem.—O fructo porém tem mais fibras; a que o vulgo<br />
d'esta planta em todas as províncias é chama palhento.<br />
conhecido por Quiabo, e do Rio de Janeiro<br />
para o sul por Quingombô.<br />
Quiabo do Maranhão. — !•'.', se<br />
Uns dizem ser originaria das Índias, não é a mesma, ao menos variedade<br />
outros da America Meridional.<br />
E' um fructo proveniente de um sub<br />
semelhante.<br />
arbustinho herbaceo, que cresce de 1 Quimbòa brava.—Achimenes trí-<br />
e % a 2 metros quasi sem esgalhar sepala. —Fam. das Scrophulariaceas. —<br />
O caule tsm alternadamente saliên Herva que nas Alagoas tem este nome.<br />
cias nodosas, cicatrizes das folhas an Seus caules são quadrados e rosados.<br />
tigas.<br />
As folhas oppostas, lanceoladas, e<br />
As folhas de peciolos compridos, dentéadas, isto é, repicadas em de-<br />
limbo palmado, isto é, com lobos, baredor, e aromaticas.<br />
ças, pelludas e ásperas.<br />
As flores, que abraçam o caule em<br />
As flores, quasi solitárias nas axillas um ponto, são brancas, da fôrma<br />
das folhas e no ápice, são como uma d'uma cornêtinha.<br />
rosa, porém em uma só ordem de pé O fructo é uma cápsula, de figura<br />
talas e abrindo pouco; isto é, formando prismática, tendo muitos grãos miudis-<br />
como campana de côr amarella enxofrada<br />
com manchas purpureas no fundo<br />
simos presos no centro.<br />
da flor.<br />
Quimbòa mansa.—Achimenes gi-<br />
O fructo é uma cápsula verde, de bosa.—Fam. idem.—Esta outra espécie,<br />
figura pyramidal ou conica, oblonga e é de Pernambuco e Alagoas, onde tem<br />
roliça, pelluda terminando em ponta, este nome.<br />
e inferiormente tem a base como uma Seu porte é como o da precedente,<br />
salva com seu pé; dentro é dividido porém com o caule alado, e no meio<br />
em cinco repartimentos, cada um cheio bojudo.<br />
de sementes redondas: todos estes te- As folhas emparelhadas e lanceogumentos<br />
são mucilaginosos, e escorladas .<br />
regadiços.<br />
As flores roixas e á maneira de cor-<br />
O Quiabo quasi que é uma verdura netas.<br />
diária de todas as casas do nosso paiz, Toda a planta é aromatica.<br />
além de entrar em muitas iguarias como O fructo é uma cápsula pegada ao<br />
principal ingrediente ; tem também vir envoltório floral, globosa com quatro<br />
tudes medicinaes; elle resolve enfarta- valvas, tendo dentro muitos grãos<br />
mento das glândulas (vulgo alporcas); miúdos.<br />
também tem a mesma acção nos tumores<br />
inflamatorios; passa por excitante Quindins das brasileiras. —<br />
hemorroidal.<br />
Fam. das Labiadas.—Herva. exótica ele<br />
Ha outras variedades como mostragante e muito aromatica; tem este nome<br />
remos.<br />
em Pernambuco.<br />
Ella cresce de 1/2 a 1/2 metro e 24<br />
Quiabo de gomos.— Hibiscus.— centimetros entre nós, é de um verde<br />
Fam. idem.—Também está nas condi gaio.<br />
ções dos outros precedentes quanto ao As folhas formam como uma lamina<br />
vegetal.<br />
frocada, crespa e de um lindo effeito, pa<br />
O fructo porém offereee faces, anrecendo uma pluma com a configuração
QUI QUI 3?3<br />
espatulada e todo o limbo lacini<br />
nunca a vimos florida.<br />
: plantações em Java. O governo Inglez<br />
fez grandes esforços, dispendendo gran<br />
E' objecto de jardim.<br />
des sommas com o transporte das sementes<br />
e mudas.<br />
Quingombó.— V. Quiabo.<br />
O resultado tem excedido á expectativa<br />
geral.<br />
Quingombó de cheiro ou<br />
Actualmente as cascas de quina da<br />
Quiabo de cheiro.—Eibiscus abelíndia<br />
já são cotisadas nos mercados<br />
moschus. Linn. e Cave.—Fam. das Malvade<br />
Londres, e bem cedo talvez concorceas.—Planta<br />
oriunda da índia. rerão seriamente com o produeto ame<br />
E' mui semelhante ao Quiabeiro orricano.dinário;<br />
porém o caule d'este é mais E' de lamentar, que o Brasil, demar-<br />
lenhoso e em sua base é hispido. cando-se com os paizes, onde a quina<br />
As folhas são cordiformes de sete vegeta espontaneamente não a tenha<br />
chanfraduras.<br />
feito plantar nos seus vastos terrenos.<br />
As flores côr de enxofre voltam-se Em geral todos os productos, cuja<br />
para o pé.<br />
preparação não exige grande trabalho,<br />
O fructo é coberto de pellos macios. deviam ser adoptados pelo Brasil, visto<br />
Os grãos pequenos em fôrma de rhim, como, sendo a nossa população dimi<br />
exhalam um cheiro de musgo e de âmbar nuta e espalhada e em grande parte<br />
mui agradável,<br />
falta de meios, não pôde oecupar-se<br />
Cultiva-se na America, e é uzado em de industrias que exijam capitães avul-<br />
fomentações e clysteres.<br />
tados e conhecimentos especiaes, machinas<br />
e instrumentos aperfeiçoados.<br />
Quina ou Quina Quina Cin- Mas o que devemos nós esperar dos<br />
chona officinalis, Linn. — Fam. das governos Ru em relação ao cultivo d'este<br />
biaceas.— Com este nome é conhecido riquíssimo vegetal, quando a agricul<br />
grande numero de arvores pertencentura, por descuido dos homens do potes<br />
á familia das Rubiaceas. der definha geralmente n'esteabençoado<br />
Cresce nos terrenos d'America do Sul, solo brasileiro ?<br />
sobretudo no Peru, Colômbia e Bolívia, E' a quina grande e bella arvore de<br />
onde existem sertões inteiros cobertos folhas emparelhadas, ovaes lanceoladas,<br />
da grande Cinchona.<br />
lustrosas e quasi coriaceas.<br />
Entretanto Mr. St. Hilaire encontrou Suas flores em cachos são brancas<br />
em muitos lugares do Brasil algumas com cheiro suave á maneira de peque<br />
espécies tão apreciadas, quanto a mesnas angélicas, sobrepostas em um cáma<br />
Cinchona do Peru.<br />
lice bojudo.<br />
O sábio e distineto naturalista Mar- Suas fructinhas são cápsulas ovaes,<br />
tius fez um relatório ao nosso governo, abrindo-se naturalmente em duas val<br />
e quem mostrou a facilidade de invas, mostrando duas lojas contendo<br />
troduzir a quina em nosso paiz, e muitos grãos membranosos.<br />
trou as grandes vantagens que o Brasil<br />
podia tirar de tão importante ve RESUMO HISTÓRICO DAS QUINAS.<br />
getal.<br />
Mostrou mais que o governo dos Ainda que as quinas fossem empre<br />
Paizes Baixos e o governo da Ingadas nos tratamentos de varias moglaterra<br />
tinham empregado sérios esléstias pelos habitantes do Peru, antes<br />
forços para transplantarem esta planta da chegada dos Europeus á America,<br />
para suas possessões na índia. com tudo parece que só em 1638 a<br />
Mostrou ainda que na primeira expo cura feita por meio d'esta planta na<br />
sição havida em Londres, ja tinha sido pessoa da Condessa de Chinchon,<br />
apresentada a casca de quina de suas | mulher do Vice -Rei, é que dispertou
374 QUI QUI<br />
a attenção dos médicos para esta<br />
casca, a qual, reduzida a pó, foi trazida<br />
á Hespanha, e por muito tempo<br />
uzada, com o nome de pó da Condessa.<br />
Em 1649 os jesuítas de Roma receberam<br />
grande porção de quina, que<br />
espalharam por toda a Itália, e o<br />
novo remédio foi por isso chamado-Pó<br />
dos jesuítas.<br />
Em 1679 ainda a quina passava<br />
como um remédio secreto, e foi<br />
quando Luiz XIV comprou o segredo<br />
a um Inglez chamado Talbot, contemporâneo<br />
de Sydenham; desde então<br />
é que a Quina entrou scientificamente<br />
no domínio da Matéria Medica.<br />
Em 1738 Mr. Ia Cadomine em sua<br />
volta d'America publicou uma noticia<br />
sobre a arvore da quina, a qual Lin-<br />
Emprega-se nas febres intermitentes,<br />
nevralgias, e outras affecções periódicas.<br />
Internamente as cascas de quina applicam-se<br />
na doze de dez grammas em<br />
água fervendo quinhentas grammas. Pó<br />
de quina 4 grammas, a 30 grommas,<br />
em seis doses.<br />
Passaremos a descrever as variedades<br />
da Quina do Brasil.<br />
Quina bicolorada.— Solanum<br />
pseuáoquina, St. EU.—Fam. das Solanaceas.—<br />
Esta"quina é de S. Paulo, onde é<br />
conhecida por tal nome ; a casca d'este<br />
vegetal é iminentemente amarga, e<br />
por isso um optimo seccedaneo da<br />
verdadeira quina.<br />
Quina branca.— V. Quina de Ires<br />
folhas brancas.<br />
nêo denominou — Chinchona officinalis.<br />
A importância d'esta arvore está na Quina- de Cantamú.— Coutinia<br />
sua casca.<br />
illustris, Vell.— Fam. das Apocynaceas.—<br />
Três são as principaes espécies de Arbusto indígena do paiz.<br />
quina offlcinal.<br />
Sua casca é amarga e applicada em<br />
A primeira Quina cinzenta ou quina decocção, infusão e extracto, na dose<br />
de Loxa, quina de Humalia.<br />
de 10 grammas para 500 grammas<br />
Segunda Quina amarella ou calyssoia d'água é muito usado nas febres inter<br />
ou quina real.<br />
Terceira Quina vermelha.<br />
mitentes .<br />
A Quina cinzenta é de cascas enrola Quina do campo. — Slrychnos<br />
das, algum tanto fibrosas, mais adstrin pseuáoquina, St. EU.—Fam. das Apocygentes<br />
do que amargas, produzindo naceas.— A casca d'esta arvore é um<br />
um pó que tem côr ruiva; contém dos medicamentos tônicos e febrifugos<br />
sobre tudo cinchonina, e quasi nada mais importante do Brasil.<br />
de quinna.<br />
E' de pedaços curtos, muito irre<br />
A Quina amarella tem uma casca flgulares,<br />
lisos ou meio enrolados, forbrosa<br />
mais volumosa do que a das mados de duas partes bem distinctas:<br />
cinzentas, mais amarga e produ o liber e as camadas cortiçosas.<br />
zindo um pó alaranjado contendo saes O liber é muito delgado ou muito<br />
de cal e de quinina em grande quan espesso, o que pareceria indicar duas<br />
tidade .<br />
variedades de casca, uma talvez per<br />
A Quina vermelha é amarga adstrintencendo á raiz ou ao tronco, outra<br />
gente, dando um pó rubro mais ou aos ramos.<br />
menos vivo, contendo tanto quinina Geralmente são as cascas mais<br />
como ci^ehonina.<br />
longas que offerecem o liber mais delgado<br />
(1 milímetro) as cascas enro<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— A casca da ladas tem ao contrario a espessura<br />
quina é um dos medicamentos mais im de 5 á 7 milímetros.<br />
portantes da Matéria Medica, é d'entre Este liber tem tomado em contacto<br />
os tônicos e antiperiodicos o mais se com o ar uma côr cinzenta mais ou meguro.<br />
| nos carregada; mas é esbranquiçada no
QUI QUI 375<br />
interior, tem uma fenda glomerada antes I Exostema floribunda, Pers. — Cinchona<br />
que fibrosa; sobre tudo n'aquelle que floribunãa, Swart.—Fam. iãem.E' um<br />
é espesso : possue um amargo muito arbusto das Antilhas e também sel<br />
forte.<br />
vático do Brasil.<br />
Quer o liber seja delgado quer espesso? E' de porte médio.<br />
as camadas corticosas são semelhantes, Folhas emparelhadas,' ovaes, oblon<br />
applicadas em grande numero umas gas, um tanto largas.<br />
sobre as outras, até uma espessura de Flores, em cachos nas extremidades<br />
10 a 15 milímetros.<br />
dos ramos, brancas e grandes.<br />
São ordinariamente fendidas até o li O fructo, é uma cápsula oval, crenelada<br />
ber estas camadas corticosas, e cobertas no apice,'com duas valvas e dois grãos.<br />
d'uma epiderme branca, e como que Esta espécie e outras como a Exost<br />
cretáceas; mas no interior são d'uma carybcea, Pers, e Cinchona carybcea, Jacq,<br />
bella côr encarnada ou alaranjada : pos crescem nas Antilhas.<br />
suem um sabor amargoso forte e Affírmam alguns naturalistas que<br />
persistente, como o do liber. no território amazônico se encontra<br />
Quina do campo (de Minas.)<br />
também.<br />
—Eortia brasiliensis, Vell.— Fam. Quina das do Pará.—Cascarilla<br />
Rutacens.— Planta de casca amarga, adigens. — Fam. das Euphorbiaceas. —<br />
adstringente e anti-febril.<br />
E' empregada esta planta nas febres<br />
de máo caracter, e em locções nas ul<br />
Quina de Cuyabá.— Chinchona ceras sórdidas.<br />
Cuyabensis, Mans.— Fam. das Rubiaceas.<br />
— Arvore que vegeta ali, e com as pro Quina de Pernambuco. — Coupriedades<br />
febrifugas da Quina. tarea specíosa, Aubl. — Fam. das Rubiaceas.<br />
— E' uma arvore que vegeta em<br />
Quina de D. Diogo de Souza. Pernambuco, e . no Amazonas, cujas<br />
— V. Qnina de Piauhy.<br />
flores são côr de carne, e cujas propriedades<br />
são semelhantes ás da quina.<br />
Quina do matto.— Ceslrum pseudo-quina.—Fam.<br />
das Solanaceas.— Planta<br />
Quina do Piauhy. — Exostema<br />
do Rio Grande do Sul, onde é conhe<br />
cuspidatum. St. EU.— (?) Fam. idem. — E'<br />
cida por este name.<br />
uma outra espécie da ordem das Quinas.<br />
E' planta que exala máo cheiro ;<br />
Quina do Piauhy (outra). —<br />
suas folhas são como as do jasmim.<br />
Exost. Souzanum, Mart. — Fam. idem.<br />
Esta espécie t3m muito amargo na<br />
— E' outra arvore do Piauhy, que tem<br />
casca, e suppre bem á verdadeira quina.<br />
suas folhas ovaes e emparelhadas, com<br />
Quina do matto.— Exostema cus-<br />
a virtude da quina.<br />
pidatum, St. EU.—Fam. das Rubiaceas. Quina do Remigio. — Cinchona<br />
Esta espécie de quina cresce no Rio de Remigiana, St. EU.— Remigia. Eilarii D.<br />
Janeiro, e em Miaas, aonde é muito C.— Fam. idem. — Esta qualidade de<br />
conhecida; tem os ittributos das outras. quina é de Minas.<br />
O arbusto tem as flores brancas. E' uma espécie que tem as folhas<br />
grandes, ellipticas e coriaceas, e bs<br />
Quina do matto (outra.)— Exos ramos ferruginosos cobertos de cotão.<br />
tema australe, St. Hil.— Fam. idem.—<br />
D'esta outra especií as virtudes me- Quina do Rio de Janeiro.—<br />
dicaes são as mesnas.<br />
Exostema formosum, Cham. — Fam. idem.<br />
— Esta espécie é conhecida no Rio de<br />
Quina do matto (outra). — Janeiro.
376 QUI QUI<br />
Tem as folhas ellipticas.<br />
As flores em cachos.<br />
As folhas tem uma espécie de granulação.<br />
Tem as propriedades das outras.<br />
O sabor é amarissimo e desagradável.<br />
Quina de três folhos brancas.<br />
— Ticorea febrifuga, St. EU. — Fam.<br />
Quina do Rio de Janeiro<br />
das Rutaceas. — Planta arbórea de folhas<br />
esparsas compostas de três folio<br />
(outra). — Buena hexandra, Pohl. — los e odoriferas.<br />
Fam. idem. — E' uma outra espécie, Flores brancas em cachos pequenos.<br />
cuja arvore tem os ramos mui floridos.<br />
E' anti-febril.<br />
As folhas, ovaes, emparelhadas. Quipá.—Caclus.—Fam. das Cacta<br />
As flores brancas.<br />
ceas. — E' um arbusto do sertão, co<br />
Quina do Rio Grande do Sul.<br />
nhecido n'aquelles lugares por este<br />
nome.<br />
— Dioscorea febrifuga, Mart. — Fam. Seu caule é o mesmo corpo herba-<br />
das Rhamnaceas. — E' anti-febril e tônica. ceo, todo de articulações moniliformes;<br />
é esgalhado, ouriçado de espinhos em<br />
Quina do Rio Negro. — Chin- feixes, que são agudos.<br />
chona firmula Mart. — Fam. das Rubia As flores grandes.<br />
ceas. — Mais três espécies por Martius As petelas côr de rosa.<br />
foram observadas ; mas tendo nós n'esta Tem aroma.<br />
ordem de plantas dado em nosso pa- A frueta, oval, de 6 centimetros mais<br />
ragrapho acima os caracteres das chin- ou menos, amarella por fora.<br />
chonas, póde-se avaliar por elles: são Não se come.<br />
suas denominações as seguintes: E' uma espécie, congênere da Pal<br />
Chinchona lambertina, Martius.<br />
Chinchona bergeniana, Martius.<br />
matória.<br />
Chinchona macroenemia, Martius. Quiri. — Fam. dai Leguminosas. —<br />
Arvore de porte pequeno e agreste<br />
Quina da serra. —Remigia fer- Ido paiz, conhecida por este nome em<br />
ruginea. D. C. — Chinchona, ferruginea, Pernambuco, Alagoas, e Parahyba, e no<br />
St. EU. — Fam. idem. — Vegeta esta Ceará por Frei Jorge.<br />
quina nos montes áridos de Minas. É também chamada em outros lugares<br />
E' dotada das propriedades das ou Quiriquiri.<br />
tras irmãs.<br />
E' uma arvore de mediano porte ; seu<br />
tronco não engrossa senão de um diâme<br />
Quina de S. Paulo. — Solanum tro de pouco mais de 22 centímetros.<br />
pseudo-quina, St. EU. — Fam. das SolaA<br />
casca é quasi lisa.<br />
naceas. — Arbusto da província de S. As folhas em palmas oppostas, se<br />
Paulo • a casca d'essa arvore é usada cas, ovaes e lanceolidas.<br />
como febrifuga.<br />
As flores não visiteis.<br />
Ella é ordinariamente enrolada, co Quando engrossa seu âmago é verberta<br />
d'uma epiderme delgada e golmelho.peada; é amarella ou esbranquiçada O Quiri é uma madeira compacta,<br />
no interior.<br />
alva, dura, e presta-se excellentemente ás<br />
Assemelha-se muito á canella branca; obras de torno: farece um marfim;<br />
mas é inodora.<br />
é de uma duração espantosa, e mui<br />
Sua superfície interiormente, em vez bôa de polir-se.<br />
dp ser branca, é de um cinzento que Costumam fazer d'elle bastões e ben<br />
contrasta com a fenda branca e grogalas.nulosa da casca.<br />
Queimando-se este páo, com arte,
RAB RAB 377<br />
depois de envemisado, apresenta um<br />
marchetado delicado; infelizmente não<br />
o deixam engrossar.<br />
Quiriquininga.— V- Quyassú.<br />
Quiriquininga.—V Páo Ferro—<br />
Queride leite.<br />
E' uma outra espécie não observada<br />
por nós.<br />
A infusão se dá em uma oitava, para<br />
uma libra d'água fervendo.<br />
As flores, são miúdas, azues ou violetas.<br />
Os fruetos são globosos e miúdos, contendo<br />
dentro varias sementes.<br />
E' aromatica e serve de adubo na arte<br />
culinária.<br />
Quixaba.— Fam. das Leguminosas.<br />
— E' uma arvore selvática privativa dos<br />
Q11 i rari.—Myrtus, quixeiri (?)— Fam. sertões, e muito esgalhada e copada.<br />
das Myrtaceas.— Este vegetal nasce nos Folhas pequenas e redondas.<br />
sertões de Minas.<br />
Flores brancas.<br />
Seus fruetos são vermelhos, do tama A frueta, que na maturidade é preta,<br />
nho de uma baila de espingarda e co é de pollegada de comprimento, roliça, de<br />
mestíveis.<br />
casca fina e um caroço comprido dentro,<br />
envolto em um mel branco edoce; esse<br />
Quito dc Pernambuco. — Fam. caroço serve de alimento ás aves.<br />
das Labiadas. — Herva que vegeta em A madeira d'esta planta, por vergar<br />
Pernambuco.<br />
muito, os sertanejos servem-se d'ella<br />
E' uma planta um pouco rasteira, que para guiada de tocar bois.<br />
vegeta em lugares frescos.<br />
Suas folhas são recortadas, seu caule Quiya Apua.— F. Pimenta mala<br />
nodoso.<br />
gueta.<br />
Quiti.— F Páo de sabão ou Sabonete. Quiya Apua.—V.Pimenta de cheiro.<br />
Quitòeo.— Pluchea quitoc, D. C. — Quiyacu ntar i.—V. Pimentacumari.<br />
Fam. das Compostas.— Planta herbacea,<br />
odorifera, cujas flores são purpurinas. Quiyaqui.— V. Pimentão.<br />
Empregada como carminativa, resolutiva,<br />
antihysterica e digestiva, tanto Quiya ou Quiymba.—V.Pimenta<br />
interna, como externamente.<br />
da terra em tupinico.<br />
:R_.<br />
Rabaça.—Lialris edulis. (?) —Fam. As ffôres são em cachos á semelhança<br />
das Compostas.—E' uma herva agreste que de jarrinhos verdes quasi invisíveis,<br />
nas Alagoas e Pernambuco é conhecida côr de lyrio claro.<br />
por este nome.<br />
Os fruetos são pequeninos, coroados<br />
Vegeta em muitos lugares.<br />
por um froco de pellos brancos e macios<br />
E' de 60 a 80 centimetros de altura. que facilmente voam.<br />
O caule é verde.<br />
Estas folhas come-se como brêdo, e<br />
As folhas divididas em muitos lobos; passam por excellentes.<br />
são molles e cheirosas quando esmagadas.<br />
Rftbão.—Raphanus sativus, Var.—Ob-<br />
50
378 RAB RAB<br />
longas, Linn. —Fam. dasCruciferas.—Este<br />
legume cultivado no Brasil á muito<br />
tempo, é natural da Europa e da Ásia.<br />
Herva de 60 á 8) centimetros de altura.<br />
Caule herbaceo.<br />
Folhas alternas, oblongas,. espatuladas<br />
e meio crespas.<br />
As flores em longas espigas, formam<br />
uma cruzeta.<br />
Os fruetos são vagens pequeninas,<br />
foliaceas, estreitas, com as sementes<br />
redondas e pequenas, que excitam a<br />
lingua.<br />
A raiz é fusiforme, oblonga, es<br />
treitando-se para a ponta, coberta de<br />
uma casca arroixeada e membranosa;<br />
é doce e de agradável gosto.<br />
Prepara-se de toda á -maneira esta<br />
raiz para servir de alimento.<br />
Alem d'isso gosa das propriedades de<br />
outras de sua familia, de ser antiscorbutica.<br />
Rabo de bugio ou Bugio.—<br />
V Bugí.<br />
Rabo de bugio.—AIsophylia aromatica,<br />
Mart.— Fam. das Myrtaceas.—<br />
Planta do paiz : é mucilaginosa, e empregada<br />
contra os catarrhos,hemopthises<br />
e tosses chronicas.<br />
Rabo de cavallo, falso.— F.<br />
Jacarandá de campina.<br />
Rabo de cavallo. verdadeiro.<br />
— Wisteria.— Fam. das Leguminosas.—<br />
Arvore indígena dos nossas mattas, que<br />
nas Alagoas recebe este nome.<br />
Tem as folhas compostas de foliolos<br />
lanceolados e um tanto grandes.<br />
As flores, dispostas em cachos espigados,<br />
são roixas e á maneira de borboletas;<br />
são erectas.<br />
O fructo é uma vagem lisa e pequena,<br />
um tanto pillosa, contendo poucas sementes<br />
, e abrindo-se em duas valvas.<br />
Rabo de guariba. — Fam. das<br />
Compostas.— Arvore agreste, que é conhecida<br />
por este nome nas Alagoas.<br />
E' alta.<br />
Suas folhas são alternas, ellipticas,<br />
agudas e ásperas.<br />
As flores, e os fruetos, não vimos.<br />
Rabo de porro.— Fam. das Euphorbiaceas.<br />
— Arbusto das mattas do<br />
Alagoas, onde é conhecido por este<br />
nome.<br />
Tem um sueco viscoso e leitoso.<br />
Suas folhas, alternas, são oblongas,<br />
ponteagudas, lustrosas e planas.<br />
A flores são esquisitas, em cachos,<br />
sobre pedunculos compridos, de sexos<br />
distinetos.<br />
Em um d'esses cachos desenvolvem-se<br />
os fruetinhos, como pequenas nozes trigonas,<br />
de seis divisões, contendo no<br />
interior três caroços, como no Carrapateiro<br />
ou Mamoneiro.<br />
As flores masculinas cahem, parecem<br />
flores de Macella medicinal.<br />
Também chamam a esta planta Guela<br />
de pato, e Murzella.<br />
Rabo de raposa.— Conyza rubefaciens.—<br />
Fam. das Compostas.— E' uma<br />
herva de folhagem azulada, pouco esgalhada,<br />
e indígena : tem em Pernambuco<br />
este nome.<br />
As folhas são estreitas, molles c fusiformes.<br />
As flores são em cachos, comojarrinhos<br />
verdes, d'esses nascem uns pellos<br />
louros, nos quaes estão as sementinhas,<br />
que, com o vento, facilmente voam.<br />
A fricção feita com as folhas d'esta<br />
planta, sobre a cutis, fal-a rubra; e<br />
a sua applicação sobre os chamados<br />
pannos da pelle, os faz desapparecer,<br />
segundo affirmam pessoas fidedignas.<br />
Rabo de rato — Banisleria tuberosa.—<br />
Fam. das Malpighiaceas.— Esta<br />
planta, agreste, recebe este nome nas<br />
Alagoas-<br />
E' um subarbustinho ou herva trepadeira<br />
ou alastrada, cujas folhas são cordiformes,<br />
oppostas, com as nervuras e<br />
os peciolos roxos.<br />
As flores são reunidas em cachos,<br />
amarellas, sem cheiro.
RAB RAI 379<br />
O fucto é uma cápsula com uma<br />
saliência no ápice, e três sementes<br />
dentro.<br />
A raiz é tuberosa; mas não comestível. <br />
lha-se ao jacanradá, mas é frágil:<br />
mesmo nas Alagoas não é abundante,<br />
e por isso não existem mobílias feitas<br />
com ella; com tudo já foi usada em<br />
outro tempo para esse fim.<br />
Rabo de tatu.— Fam. das Orchi- Raivosa.— E' a Tibornw em Minas.<br />
daceas. — E' uma planta parasita do<br />
Brasil e do México.<br />
Raiz amargosa.—Planta, que nas<br />
Seu caule é dividido em gommos províncias centraes do Brasil, tem pouco<br />
cheios de um sueco mucilaginoso e mais ou menos as propriedades da Gen-<br />
albuminoso.<br />
ciana -europea.<br />
E' muito usado na industria; misturado<br />
com o carvão animal ou vegetal<br />
A genciana em Minas é a Centarea.<br />
produz uma graxa magnífica para o R-tiix de An ver s.—E' a Caferana<br />
calçado.<br />
no Amazonas.<br />
Na arte de marceneria é empregado<br />
para substituir a colla, a gomma de Raiz de babeiro.— Echites longi-<br />
fecula, também serve para collar papel. flora.—Fam. das Apocynaceas.— Planta<br />
E' o Sumaré do Rio de Janeiro. trepadeira e tractifera, de sueco branco,<br />
bem como a Sumaúma.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— O sueco é<br />
As flores são brancas, quasi sempre<br />
applicado em xarope contra as tosses em cachos.<br />
recentes é antigas, catharros, bronchites As folhas oppostas, coriaceas e car<br />
chronicas, hemoptyses, coqueluche, sufnosas.focação, e em geral contra todas as enfermidades<br />
causadas por irritação das Raiz de Brandão.— Planta que<br />
vias respiratórias.<br />
vegeta no sertão da província : é usada<br />
Convém igualmente para alliviar aos como purgativo e antysiphilitico.<br />
pthysicos.<br />
Toma-se ou dá-se ás colheres, uma Raiz do Brasil.— V. Ipecacuanha.<br />
de duas em duas horas.<br />
Raiz de carurú.—V Carurú.<br />
Rabugem.— Corãia officinalis.—<br />
Fam. das Cordiaceas.— Arvore do paiz, Raiz da China.—V. Japecanga.<br />
de altura mediana, é conhecida nas<br />
Alagoas e Pernambuco pela denomi Raiz de cobra.—V. Tiú.<br />
nação acima.<br />
Seu tronco não engrossa; attinge a Raiz dc frade em Minas.<br />
25 centímetros de diâmetro pouco mais E' o Cipó cruz em S. Paulo.<br />
ou menos ; a casca é esbranquiçada.<br />
As folhas ovaes ; têm côr verde azu Raiz de Guiné.—V- Tipi ou . 'ipi.<br />
lada.<br />
As flores são brancas e pequenas,<br />
São espécies do mesmo gênero.<br />
em cachos espigados, as fruetas são Raiz de jacaré-arú. V Cadrupas<br />
vermelhas quasi sem espessura, ferana.<br />
envoltas no seu cálice, internamente<br />
ósseas e com um caroço no centro. Raiz de lagarto. — V. Tiú.<br />
A Rabugem é uma madeira de estimação<br />
pela sua bellesa e regidez, tem Raiz de mil homens.—Aristo<br />
a côr castanha aloirada, com veios lochia cymbifera, Mart.—Ar. grandiflora,<br />
pardos; quando envernizada asseme Gom.—Fam. das Arütolochiaceas.—Esta
380 RAI RAS<br />
planta sarmentosa, cresce no Brasil, e Na Bahia e Santa Cntharina chamam<br />
excede em altura as maiores de suas Raiz preta, mas em Pernambuco dá-se o<br />
congêneres.<br />
nome de Caninana á urna outra planta<br />
Faz-se notar pelo tamanho de suas da familia das Polygalaceas.<br />
folhas, cuja extensão mede cerca de 22 A raiz é preta.<br />
centimetros, e pelo cheiro activo de que Seu lenho ó amargo.<br />
todas as suas partes são dotadas. As folhas oppostas, ovaes e Ü3as.<br />
O corpo de seu rhisoma é tuberoso As flores, em densos cachos nas axil-<br />
e lança alguns bulbilhos do comprilas das folhas são brancas, á maneira de<br />
mento de 30 á 60 centimetros, guarne- pequenas angélicas: tem cheiro agracidos<br />
de radiculas da grossura de uma dável.<br />
penna de pombo, e do comprimento de O fructo é uma baga comprimida, com<br />
10 á 16 centimetros.<br />
um prolongamento no ápice e como que<br />
Os bulbilhos são quasi semelhantes óssea interiormente, contendo dois ca<br />
aos da Aristolochia, clemalite, mas de roços. um<br />
cheiro muito mais forte.<br />
Seu sabor é amargo, camphorado e PROPRIEDADES MÉDICAS.—Usada como<br />
aromatico<br />
anti-syphilitico, no tratamento do rheu-<br />
O interior da raiz é esbranquiçado; matismo.<br />
pela secção transversal offereee uma<br />
serie circular de vasos tubulados, pelos Raiz de tiú de cobra.(?)—Adeno-<br />
quaes se pôde aspirar água muito facilrhopium ellipticum, Pohl.—Fam. das Eumente.phorbiaceas.—<br />
Planta do Brasil, á que se<br />
attribue a virtude de inutilisar o veneno<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' aconse das cobras.<br />
lhada essa raiz, quando sêcca, na hy- Dizem que o Tiú ou Tyuassú, em Perdropisia,<br />
dyspepsia, e paralysia; quando nambuco, (lagarto) quando, em luta com<br />
fresca passa por venenosa.<br />
qualquer cobra, se sente mordido da<br />
mesma, é esta a planta que vai comer<br />
Raiz de ouro.— V Ipecacuanha. para curar-se ; mas hoje tem-se conhecido<br />
que não é uma só espécie de planta<br />
Raiz para tudo (de Pernam que gosa d'esta propriedade, e seria quabuco).—<br />
V. Para tudo.<br />
si impossível que o lagarto encontrasse<br />
sempre a mesma planta em todos os lu<br />
Raiz do padre Salernta. —<br />
gares.<br />
Gomphrena officinalis, Mart.—Fam. das<br />
Amaranthaceas. — Planta semelhante Raiz a do sol. — Aristolochia paraen-<br />
Perpetua.<br />
sis.— Fam. das Aristolochiaceas.— Planta<br />
Tem a raiz aromatica, e é applicada trepadeira.<br />
nas dyspepsias, na diarrhéa, nas febres Folhas trilobadas, cordiformes.<br />
intermittentes e nas mordeduras das co São flores, que muito se assemelham<br />
bras.<br />
a pequenas jarras.<br />
Fructo, como uma cápsula oitava-<br />
Raiz preta do Rio dc Janeiro<br />
— V. cipó Cruz, em S.Paulo.<br />
da.<br />
Rasteirinha ou Coraçãosi-<br />
Raiz preta ou Caninana de<br />
n h o. — Sida procumbens. — Fam. das<br />
Minas.— Chiococca densifolia, Mart.— Malvaceas.— Herva silvestre que por<br />
Fam. das Rubiaceas.—Este arbusto, oritoda<br />
a parte vegeta; e á que dão este<br />
ginário do paiz, vegeta em muitos luga nome em Pernambuco.<br />
res do Império, debaixo da denomina E' rasteira.<br />
ção de Caninana.<br />
Seu caule é liso arroixeado, pelicoso ?
REL ROM 3S1<br />
com folhas cordiformes, pillosas, recortadas<br />
nas bordas.<br />
As flores são amarellas.<br />
O fructo é uma cápsula composta de<br />
cinco lojas que se dividem natural<br />
Cresce até 1 metro de altura pouco<br />
mais ou menos.<br />
O caule é semi-lenhoso.<br />
As folhas alternas, ovaes e recortadas<br />
nas margens, sendo estas cobertas de<br />
pellos macios, de côr desbotada.<br />
As flores isoladas, ou em grupos de<br />
três á quatro, são como rosinhas amarellas<br />
como as da Rasteirinha.<br />
O fructo é quasi semelhante ao d'esta.<br />
Esta flor abre á certa hora do dia<br />
e fecha á outra hora determinada, d'ahi<br />
lhe vem o nome de Relógio.<br />
Ha algumas espécies e variedades.<br />
São todas emmolientes.<br />
Relógio de palma.—V Malva<br />
brava.<br />
mente, parecendo-se com dentes d'alho. Remédio de vaqueiro. — Ocymum<br />
incanescens.—Fam. das Labiadas.—<br />
Rasteiro.—Cryptostommum multícau- Esta planta é uma espécie congênere<br />
le.— Fam. das Polygalaceas.—E' um ar<br />
do Mangericão.<br />
bustinho indígena, cresce em moitas com<br />
E' diaphoretica.<br />
os ramos desde a base, e flexíveis.<br />
Casca escura.<br />
Repolho.—Brassica o leracea capitata,<br />
Folhas alternas, oblongas, cunei- D. C—Fam. das Cruciferas. — Planta<br />
formes agudas, e grandes.<br />
bem conhecida no paiz, originaria da<br />
As flores em feixes apegados ao Europa, como quasi todas as suas con<br />
caule, são brancas, com raias côr de gêneres ; seu nome é o mesmo em todo<br />
rosa.<br />
o Império.<br />
O fructo é uma cápsula trigonal, E' um vegetal semelhante á couve,<br />
achatada pyriforme, contendo uns ca mas as folhas do centro são tenras,<br />
roços amarellos e redondos.<br />
e se reúnem cerrando-se até que formam<br />
um cabeço.<br />
Ratainha da terra.— Krameria Também dá flores; mas nem todo o<br />
argentea, Mart.—Fam. das Polygalaceas. tempo e semelhantes as da couve.<br />
— Esta espécie vegeta na Bahia e O repolho constitue nas mesas um<br />
Minas.<br />
prato de apreço ou estima.<br />
Sua raiz exteriormente é mui dividida<br />
e esbranquiçada.<br />
Rescdal.—L&wsonia inermis, Linn.—<br />
Folhas ovaes, oblongas, um pouco Fam. das Lythrariaceas.— Arbusto trepa<br />
grossas.<br />
dor, natural da Arábia e da Pérsia.<br />
Flores dispostas em espigas race- Seu caule ramifica-se logo debaixo,<br />
mosas.<br />
estendendo seus ramos.<br />
A casca é esbranquiçada.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— E' adstrin As folhas pequenas e crespas.<br />
gente, e emprega-se nas diarrheas As flores em densos cachos, de cheiro<br />
chronicas.<br />
activissimo, que a alguma distancia se<br />
sente.<br />
Relógio.—Sida, horologa. (?)—Fam. Seus fruetos são redondos e mui pe<br />
das Malvaceas.— E' uma planta semiquenos, de 5 millimetros.<br />
herbacea muito commum.<br />
No Pará chamam-lhe Murta.<br />
Ri fino.— V. Carrapato e Mamona,<br />
Romã. — Punica granatum, Linn.—<br />
Fam. das Myrtaceas — A romã é o fructo<br />
conhecido em todo o paiz por este<br />
nome.<br />
Ella é oriundo da África.<br />
E' produeto d'um arbusto que ramifica-se<br />
desde a base das vergonteas<br />
finas.<br />
Folhas estreitinhas. oppostas, lineares,<br />
lanceoladas e lusidias.
389 ROS ROS<br />
As flores, de um bonito encarnado,<br />
em um cálice avermelhado, é coriaceo,<br />
parecendo um jarro, formado na base<br />
por um tubo, do qual desprendem-se,<br />
em circulo, lâminas vermelhas contendo<br />
os órgãos floraes.<br />
O fructo é redondo, de 6 a 9 centimetros<br />
de diâmetro, pouco mais ou menos,<br />
offerecendo no ápice uma coroa<br />
tubulosa denteada.<br />
Sua superfície é lisa, mas não bem<br />
igual; sua côr é amarella esverdinhada<br />
ou rubra.<br />
A casca é coriacea, de alguma espessura,<br />
dentro amarella, formando lojas,<br />
divididas por delgadas membranas e<br />
cheias de pequenos grãos côr de rosa,<br />
arredondados ou facetados, transparen -<br />
tes, encerrando um liquido doce, ácido,<br />
e um caroço no centro, oblongo e branco.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— A cascada<br />
raiz é vermifuga, especialmente empregada<br />
contra a solitária.<br />
O pericarpo ou casca do fructo é adstringente<br />
.<br />
Rosa.— Roseira (de Rhodon.)—Fam.<br />
das Rosaceas.— E' um arbusto de um<br />
caule raras vezes nú<br />
Folhas pennatifidas.<br />
Flores hermaphroditas , terminaes ,<br />
agglomeradas, excepcionalmente isoladas<br />
, grandes e vistosas, em geral<br />
muito odoriferas.<br />
O tubo de seu cálice é carnoso e um<br />
pouco comprimido na extremidade ; o<br />
peristoma é quinquepartido, contam-se<br />
n'ellas cinco pétalas e numerosos estames.<br />
No gênero — Rosa — conhece-se 185<br />
espécies, e cultiva-se mais de 1400<br />
variedades.<br />
A Rosa é uma flor especial por sua<br />
fôrma, côr e fragancia.<br />
Sua pátria é a Ásia e a Europa.<br />
Para com o Brasil, n'esta parte, foi<br />
mesquinha a natureza, porém, em compensação,<br />
cultiva-se uma grande variedade<br />
de espécies de Rosa.<br />
As roseiras crescem pouco mais ou<br />
menos bem em todos os terrenos; ellas<br />
prosperam melhor nas terras movediças,<br />
frescas e profundas.<br />
A terra solta é por excellencia a da<br />
roseira, quanto ás terras pobres é necessário<br />
ou conveniente adubal-as com<br />
um estrume qualquer, e ainda melhor<br />
com estrume de gado vaceum, para se<br />
obter uma bella e abundante producção<br />
de rosas no anno.<br />
O colorido geralmente delicado das<br />
rosas desmerece rapidamenee nas lugares<br />
mui batidos pelos raios do sol ;<br />
certas rosas tornam-se roxas.<br />
Seria, pois, vantajoso plantar as roseiras<br />
nos lugares um pouco sombrios.<br />
N'estes últimos tempos propuzeram<br />
para enxerto as roseiras silvestres.<br />
Estas roseiras pegam com uma grande<br />
facilidade, não é necessário que ellas<br />
tenham raizes.<br />
E' preciso mesmo evitar deixar-lhe<br />
no momento da plantação um galho<br />
comprido de mais, porque então nascem<br />
d'elle numerosos gomeleiros que<br />
exhaurem e matam muitas vezes o<br />
enxerto.<br />
A roseira silvestre destinada á receber<br />
o enxerto, deve estar quasi completamente<br />
privada do galho.<br />
No momento da disposição é preciso<br />
não deixar senão um talo curto<br />
e fazer d'elle quasi um garfo ; a reproducção<br />
não será menos segura.<br />
A plantação se faz no Outono ou<br />
muito cedo na Primavera.<br />
Deve escolher pimpolhos bem direitos,<br />
da casca luzente, e regeitar todos<br />
os que forem disformes, de cascas<br />
escabrosas, e cuja grossura não<br />
exceder a 5 decimetros.<br />
Durante a vegetação, supprime-se<br />
todos os ramos inferiores, não conservando<br />
senão os dois ou três mais vigorosos<br />
botões do ápice.<br />
Entre as roseiras silvestres ha algumas<br />
cuja vegetação é mais ou menos<br />
vigorosa.<br />
No momento do enxerto, importa<br />
muito escolher o garfo, de maneira que<br />
haja analogia entre elle e a variedade<br />
qne se tem de enxertar, quer<br />
dizer que é preciso, para obter um
ROS ROS 383<br />
bom resultado, que o vigor do garfo seja quanto ao olho dormente na primavera<br />
pouco mais ou menos igual ao da varie seguinte.<br />
dade de que elle deve receber a nutrição. Uma operação muitíssimo despresada<br />
Enxerta-se as roseiras em fenda ou na cultura da roseira é o apertamento.<br />
em borbulha.<br />
Deve-se apertar o botão nascente do<br />
O enxerto em fenda, só é quasi enxerto acima da terceira ou quarta<br />
usado pelos horticultores na cultura folha.<br />
forçada, e para obter rapidamente ra Esta operação tem como resultado o<br />
mos próprios a multiplicação das va desenvolvimento dos olhos inferiores que<br />
riedades novas.<br />
formam logo uma linda cabeça de ro<br />
Este enxerto com effeito não é de seira<br />
longa duração, elle se desprende ou Os garfos de roseiras se fazem ao<br />
morre no fim de alguns annos. ar livre do Outono, durante o mez de<br />
E' pois, pelo o enxerto da borbulha, Setembro na Europa.<br />
que o amador deve multiplicar as ro Escolhe-se bons pimpolhos do anno,<br />
seiras.<br />
preferindo-se os que floresceram.<br />
Esta espécie de enxerto, póde-se O comprimento á deixar-lhe é variá<br />
fazer desde o começo de Junho em vel, e depende da quantidade dos ramos<br />
plena seiva.<br />
de que se dispõe.<br />
A borbulha ou antes o galho, se Póde-se fazer garfos de um olho;<br />
desenvolve logo, e pôde produzir um n'esse caso corta-se j untamente abaixo<br />
ramo de flores durante Agosto e Se da folha, e deixa-se ao menos dois ou três<br />
tembro.<br />
centimetros de madeira acima, e con<br />
E' por esta razão que se chama este serva-se a folha, mas apara-se no centro<br />
enxerto do qlho nascente.<br />
todos os foliolos para diminuir a su<br />
Elle tem está vantagem de dar logo perfície de evaporação.<br />
flores, mas tem um inconveniente grave ; Estes garfos de um olho são plan<br />
os rebentões custam a abrir em Agosto tados verticalmente e pouco profunda<br />
antes das primeiras águas e muitas mente enterrados.<br />
vezes são destruídos durante o in Quanto aos garfos de vários olhos,<br />
verno.<br />
a base é cortada igualmente abaixo de<br />
E' preferível esperar o fim de Julho uma folha que se suprime exactamente<br />
Agosto ou todo o mez de Agosto, em e as outras são tratadas como a dos<br />
quanto o garfo está em seiva e se pode garfos d'um olho.<br />
tirar a casca da madeira.<br />
O corte da roseira é em geral mal<br />
N'esta occasião se une somente a comprehendido ou antes apara-se a ro<br />
borbulha ao galho, o olho fica estacioseira em vez de cortal-a.<br />
nario e só se desenvolve na primavera Também é raro ver as rosas attingirem<br />
seguinte, d'ahi esta locucção enxertar a sua maior perfeição.<br />
com olho dormente.<br />
Este corte deve-se regular pelo das<br />
Pasa conseguir bellas cabeças de ro arvores fructiferas. Deve-se procurar<br />
seiras é necessário dispor ao menos remoçal-a approximando os ramos no<br />
duas borbulhas e escolher para recevos, desguarnecer o interior do cimo<br />
bel-as dois ramos oppostos.<br />
e evitar a confusão dos ramos.<br />
No enxerto do olho dormente, não Quanto ao comprimento a dar ao<br />
se deve cortar logo o ramo enxertado. corte, varia segundo o vigor dos garfos;<br />
Deitam-no em arco e o sustentam mas geralmente não se deve jamais<br />
assim pela extremidade que se une ao cortar sobre um<br />
corpo do garfo, não o cortam (quanto<br />
olho.<br />
ao enxerto de olho nascente), senão Rosa d'Alexandria.— Rosa.—<br />
quando o olho está desenvolvido e tem Fam. das Rosaeeas.— E' esta a mais<br />
attingido quasi a 20 centimetros, e antiga Rosa acelimada no Brasil, se-
384 ROS ROS<br />
não é a mais formosa na côr e no<br />
formato, o é no perfume delicado.<br />
Seu caule é muito espinhoso;<br />
fôrma quasi sempre touceira.<br />
As flores são grandes, de côr de<br />
rosa clara, e de muito agradável<br />
aroma.<br />
As folhas são compostas, alternas,<br />
como todas e tem cinco foliolos; ellas<br />
são opacas de côr verde desmaiado.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— Pode ser<br />
usada como adstringente nas diarrheas,<br />
e leucorrhéas; e em infusão, em gar-<br />
garejos, nas anginas chronicas, aphtas,<br />
etc, a água destillada se emprega em<br />
collyrios nas moléstias dos olhos.<br />
Rosa Amélia.— Rosa centifolium<br />
Var. — Fam. idem.— Em Pernambuco<br />
é conhecida por este nome,<br />
Tem o caule liso, menos espinhoso.<br />
As folhas são compostas de cinco ou<br />
sete foliolos lisos.<br />
A flor é grande, de côr de rosa<br />
viva.<br />
O cheiro é pouco activo e differente<br />
do das outras rosas.<br />
A cultura não é milindrosa.<br />
O fructo é amarello, parece um<br />
bilro<br />
Rosa baianha. (?J— Rosa.— Fam.<br />
idem.— Esta roseira é de caule liso de<br />
muito poucos espinhos.<br />
As folhas compostas de cinco foliolos<br />
lisos, ovaes, de côr verde, arroixeadas.<br />
A flor em cachos pequenos, e de<br />
uma apparencia graciosa.<br />
As pétalas exteriores são de côr<br />
purpurina, e as do centro de côr de<br />
rosa.<br />
O cheiro é suave.<br />
Rosa branca.— Rosa alba.— Fam.<br />
idem.— Esta flor é eonhecida em S.<br />
Paulo e Rio de Janeiro, por este<br />
nome.<br />
Vegeta em lugares humidos.<br />
O caule é alastrado, e com muitos<br />
espinhos.<br />
A flor ó branca no centro, em lu.<br />
gar de ser amarella como as outras.<br />
Rosa canina» ou silvestre. —<br />
Rosa canina. — Fam. idem. — E' um<br />
arbusto, de 1 a 3 metros de alto, que<br />
cresce nas brenhas, nos bosques, nas<br />
estradas, da Europa principalmente, etc.<br />
Tem ramos compridos e espinhos geralmente<br />
iguaes, fortes e em forma de<br />
garras.<br />
Folhas ovaes, ellipticas, com denteações<br />
agudas, e pedunculos espinhosos.<br />
Cálice nú com lobulos voltados para<br />
traz e pennatifidos.<br />
Corolla vermelha clara.<br />
Fruetos erectos um pouco suceulentos,<br />
D'estes últimos faz-se um doce muito<br />
agradável.<br />
A raiz tem sido, mas sem razão,<br />
usada contra a mordedura des cães<br />
damnados.<br />
Rosa de cem folhas, ou<br />
Amélia. — Rosa centifolium. — E' um<br />
arbusto bem conhecido, de 1 a 2 metros<br />
de altura.<br />
Com ramos poucos e semeados de<br />
numerosos espinhos quasi direitos,<br />
mui largos na base.<br />
As folhas têm peciolos revestidos de<br />
pellos rijos,com cinco, raras vezes sete<br />
cortes ovaes foliaceos.<br />
As flores são grandes, côr de rosa<br />
brancas ou purpureas, e nascem em nu<br />
mero de duas ou três, sobre pedunculos<br />
viscosos, bastante compridos e cobertos,<br />
bem como o cálice de pequenos mamillos<br />
encarnados e pedunculados.<br />
Esta Rosa é originaria do Oriente, e<br />
cultiva-se desde os tempos mais remotos.<br />
Ha numerosas variedades, das quaes<br />
as principaes são:<br />
Rosa musgosa, (rosa muscosa) a Rosa<br />
corveira, (rosa caryophylea), RosadeProvença,<br />
(rosa provincialis), a Rosa de Borgonha,<br />
(rosaburgendiaca).<br />
Rosa moscada.—Rosa mochata.—<br />
Fam. das Rosaceas.— Tem por pátria a<br />
África Septentrional e o sul da Ásia.
em cachos umbelliformes.<br />
ROS RUI 385<br />
Esta roseira, arborescente, cultiva-se Flores, em cachos de bonito effeito ;<br />
muito no Oriente. 5 são brancas, de grande numero de péta<br />
E' de suas pétalas que se extrahe a 1 las, comalgum cheiro, tendo na base um<br />
essência de rosas e a água de rosas, am- cálice < cercado de muitas lâminas folea-<br />
bas tão apreciadas pelos amadores de 1 ceas.<br />
perfumes.<br />
No centro da flor muitos filetes rubros,<br />
com o ápice amarello, e, mais no<br />
Rosa príncipe Alberto.— Rosa. centro, uma columna raiada.<br />
—Fam. idem.—Arbusto de 1 a 2 metros. O fructo é pequeno, redondo e mal ob<br />
Tem espinhos desiguaes.<br />
servado ainda.<br />
As flores são grandes, côr de rosa carmezim.<br />
Roseta de Santa Catharina.<br />
O formato é igual ao da Rosa de centi- —Paronychia roseta, St. EU.—Fam. das<br />
folia.<br />
Paronycheaceas.—Esta planta, que recebe<br />
este nome em Santa Catharina, é her<br />
Rosa de todo o anno.—Rosa.—<br />
bacea.<br />
Fam. idem.— Esta roseira tem poucos<br />
Seus caules se estendem quasi dei<br />
espinhos.<br />
tados ao rez do chão.<br />
As folhas são de sete foliolos, e lisas.<br />
Tem folhas estreitinhas lisas, reuni<br />
As flores dão em cachos, são um tanto<br />
das em feixes.<br />
grandes, de côr de rosa clara e desmaia<br />
As flores visíveis, são miudinhas, em<br />
da, com pouco cheiro.<br />
um tubo, com as pontas raiadas, de<br />
Ha outra espécie, de côr vermelha.<br />
estreitas pétalas.<br />
Rosa rubida.—Rosa rubiginosa.— O fructo é uma cápsula membranosa<br />
Apresenta pedunculos floraes, dispostos riscada, com uma semente dentro.<br />
Flores pequenas, côr de rosa ou purpureas.<br />
Cresce abandonada a si mesma, nas<br />
bordas dos caminhos, nos bosques e nas<br />
brenhas.<br />
Roseta de S. Paulo e Minas.<br />
— E' uma herva rasteira, que é composta<br />
de folhas lanceoladas, deita umas<br />
cápsulas coroadas de espinhos agudos,<br />
e pungentes.<br />
Rosário de jamhú. — Eugenia<br />
racemosa, D. C.—Fam. das Myrtaceas.— Ruibarbo do campo.—Ferraria<br />
Arbusto de folhas ellipticas e lustrosas. cathartica, Mart.— Fam. das Irideas. —<br />
Flores em pequenos cachos. E' chamada também Piretro ou Pyretro<br />
do Sul.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—-A raiz é diu- E' planta herbacea, de raiz bulbifera,<br />
retiea e desobstruente; a casca e as se de flores muitas vezes bonitas, e fomentes<br />
da frueta são anti-febris. lhas oblongas; dè fructo capsular.<br />
O sueco da raiz é purgativo, na<br />
Rosca para as mulas.—V. Sacarolha.<br />
dose de uma á duas oitavas.<br />
Roseta de Pernambuco.—Rhy- Rui vinha.— Rubia noxia, St. EU.—<br />
psalis sarmentosa.—Fam. das Cactaceas. Fam. das Rabeaceas.— Arbustinho de<br />
—Arbustinho do paiz, que vegeta no li Minas Geraes, de caule e ramos<br />
toral sobre as plantas.<br />
quasi deitados.<br />
Egtende seus ramos armados de es Flores brancas esverdinhadas.<br />
pinhos curvos e pequenos.<br />
Folhas pequenas.<br />
As folhas sem ordem, grossas, lisas O fructo é globuloso e branco.<br />
e suceulentas.<br />
Serve para tineturaria.<br />
51
38tf SAB SAB<br />
s.<br />
Sabão. — Ricinus saponaríus (?) — A raiz tem também a mesma pro<br />
Fam. das Euphorbiaceas. — E' um arpriedade<br />
; é empregada contra a chlorose.<br />
busto de porte pequeno, silvestre, e conhecido<br />
por tal nas Alagoas.<br />
Sabugueiro. — Sambucus australis,<br />
Vegeta nas proximidades dos rios. Cham e Schl. — Fam. das Caprifoliaccas.<br />
As folhas são ovaes, ou ellipticas, — E' um subarbusto que vegeta, o é<br />
recortadas nas bordas e lustrosas. conhecido em S. Paulo, Rio Grande do<br />
As flores são brancas, em cachos, Sul, Santa Catharina e Minas.<br />
espigadas e miudissimas, de dois sexos. Suas folhas são recortadas.<br />
As masculinas constam de filetes As flores são brancas, em cachos.<br />
reunidos pelas bases, em um invólucro; Os fruetos são pequenas bagas re<br />
as femeninas, além do invólucro, tem dondas.<br />
um fructo globuloso e trigono; é d'ahi As folhas são tão diaphoreticas como<br />
que se desenvolve o fructo, que é como as do Sabugueiro d'Europa.<br />
uma cápsula verde, com três caroços<br />
pretos, redondos e oleosos.<br />
CARACTERES DA FAMÍLIA. — Arbustos<br />
As folhas d'esta planta, esfregadas de folhas oppostas, raras vezes alter<br />
entre as mãos, dão espuma, da qual nas, geralmente simples, mais raras<br />
muitas vezes as lavadeiras servem-se vezes imparipinnadas, sem estipulas.<br />
como de sabão.<br />
Flores axillares, solitárias ou muitas<br />
vezes geminadas, ou, algumas vezes,<br />
Saboeiro. — V. Sabonete, ou Páo ligadas pelo cálice, dispostas em pani-<br />
de sabão.<br />
eula, ou reunidas em fôrma de capitulo.<br />
Sabonete. — Sapindus<br />
O cálice é sempre gamosepalo, ad<br />
•<br />
sapbnaria, herente pela parte inferior com o ova<br />
Linn, — Fam. das Sapindaceas. — Esta rio, que é infero.<br />
arvore é indígena, e também origina O limbo é de cinco dentes persisria<br />
d Ásia e África.<br />
tentes.<br />
E' conhecida em Pernambuco por este A corolla é gamopetala, o mais das<br />
nome, e em Sergipe por Saboeiro. vezes irregular; algumas vezes é for<br />
E' anore de mediano porte, bonita mada por cinco pétalas distinctas.<br />
e copada.<br />
Os estames são em numero de cinco,<br />
As folhas, compostas, são lanceoladas, alternando com as divisões da corolla.<br />
oblongas e luzentes.<br />
O ovario offereee de uma a cinco<br />
As flores, em cachos, são brancas lojas, contendo cada uma ou um sim<br />
amarelladas, com pouco cheiro. ples óvulo pendente, ou alguns óvulos<br />
O fructo é redondo, do tamanho de ligados ao seu angulo interno.<br />
uma bala de espingarda, de côr ama O estylete é simples, terminado por<br />
rella, transparente, rugoso, contendo um estigma mui pequeno, e apenas<br />
um caroço redondo, preto e lustroso, labeolado.<br />
e com uma sutura de um lado. O fructo é algumas vezes formado<br />
A substancia componente do fructo pela soldadura de dois ovarios.<br />
é oleosa e pegajosa, gozando da pro E' carnoso, com uma ou mais lojas,<br />
priedade de desenvolver espuma, pelo algumas vezes ósseas, e encerrando<br />
que serve para lavar roupa.<br />
cada uma, uma ou mais sementes.
SAC SUC 387<br />
Estas têm o tegumento próprio, nm<br />
eüdosperma carnoso, que contem um<br />
embryão axillo, tendo a mesma direcção<br />
da semente.<br />
cada nos lugares onde ha espinhos, ou<br />
outros corpos que tem sido introdusidos<br />
no corpo, os atrahe á superfície.<br />
Floresce pelo verão.<br />
Saca-estrepe de Campina. — Saca-estrepe de Pernambuco.<br />
Echinops saca-estrepe. — Fam. das Com — V.- Saca-estrepe de campina.<br />
postas. — Herva lenhosa, silvestre, por<br />
este nome conhecida em Pernambuco, Saca-rolha.— Eelícteres melíflua.—<br />
E' de quasi 1 metro de altura. Fam. das Sterculiaceas. — Esta planta<br />
O caule fôrma moutas.<br />
do paiz, é conhecida em S. Paulo,<br />
As folhas', oppostas, e lanceoladas, Minas Geraes, e seus sertões por<br />
são de côr verde escura por cima, e Saca-rolha.<br />
esbranquiçada por baixo.<br />
E' uma espécie da mesma planta,<br />
As flores, em cachos redondos, são differindo por caracteres insignifican<br />
brancas e pequenas, com um involtorio tes, e conhecida nas Alagoas por<br />
de bracteas duras como espinhos ; pa Guasuma branca.<br />
recem pequenas Angélicas brancas, com E' um arbustinho de caules flexíveis.<br />
algum cheiro.<br />
Folhas cordiformes, de côr verde<br />
O fructo é de fôrma prismática an- pallida, e pubescentes, porém maciasj<br />
gulosa.<br />
pendentes, e dispostas para um lado.<br />
As flores são formadas por um tubo<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Applica-se verde, de pétalas vermelhas, com um<br />
esta planta, em cosimento, nas affecções prolongamento comprido no meio.<br />
de peito.<br />
Os fruetos são constituídos por cincO<br />
As folhas, pisadas e postas nas fe cápsulas foliaceas, de fôrma conica em<br />
ridas feitas por estrepes, e ainda encer espiral, côr parda, e apresentando gorando<br />
o corpo estranho, diz-se que mos ou ângulos* contem muitas se<br />
o trazem para o exterior.<br />
mentes dentro.<br />
Pisando-se as folhas d'esta planta Encerra no fundo da flor uma es<br />
com água, obtem-se uma rnueilagem, pécie .de-mel, de sabor agradável.<br />
que é útil nos cancros, segundo é voz A casca serve para fabrico de cor<br />
geral; mas não está isso demonstrado. das.<br />
Saca-estrepe da matta. — Spen- Saca-rolha ou rosca para<br />
nera aerifera. — Fam. das Melaslomaceas. mulas. — Eelícteres saca-rolha, St. EU.<br />
— Planta herbacea, conhecida nas Ala — Fam. idem. — Este saca-rolha é de<br />
goas por este nome, aonde vegeta nas Minas Geraes e S. Paulo.<br />
mattas.<br />
E' um arbustinho de folhas redon<br />
E' um subarbusto ramoso, de caules das, ovaes, e ovaes agudas, e as vezes<br />
quadrados, alados.<br />
cordiformes.<br />
As folhas oppostas, um tanto gran E' empregada a decoção da sua raiz<br />
des ; os peciolos parallelos.<br />
contra as affecções venereas, entre ò<br />
As flores, em cachos, são pequenas povo de Minas.<br />
e brancas.<br />
O fructo é uma baga arredondada, Saca-rolha doRio de Janeiro.<br />
pequena como uma ervilha, pouco mais, — Eelícteres ixora, Vell. — Suas flores<br />
contendo muitas sementes miúdas e passam por emollientes.<br />
pardas,<br />
A folha d'esta planta, passada no fogo, Sucubaré. — Cyrtopodium sacubarè.<br />
toma a consistência de cera propria — Fam. das Bryaceas, ou Musgos. — Tem<br />
mente dita, e n'este estado sendo appli os mesmos usos da Japecanga.
388 SAG SAL<br />
Sacuúbarana.—Plerandrium ama Raphia pedunculato, Palil de Beano.—Saram,<br />
Laed.—Fam. das Malpighiaceas.— gus, Rumphü, Well.—Sagus ruffla Jacq><br />
Planta do Pará, onde recebe este nome.<br />
O cosimento das folhas é empregado<br />
Witld.<br />
nas sarnas.<br />
Salão.—Kalanchoe brasiliensis, St. Hil<br />
—Fam. das Crassulaceas.— Subarbusto<br />
Sacymandiuia.—E' um arbusto de ramos herbaceos, cylindricos, e pubes-<br />
silvestre do Pará, que em Pernambuco centes.<br />
é chamado Maniva brava.— V Maniva Folhas ovaes, lanceoladas no meio<br />
brava.<br />
do caule, na parte inferior redondas, na<br />
extremidade dos ramos serrilhadas.<br />
Sagueiro.— Sagus raphia, Lam.— As flores, em cachos nas pontas dos<br />
Raphia vinifera, Polis.—Fam. das Palramos,<br />
são como jasmins, côr de rosa;<br />
meiras. — O sagueiro é uma palmeira ellas se assemelham muito á Herva da<br />
oriunda da Ásia e dAfrica.<br />
Costa da Bahia, ao Paratudo das Ala<br />
E' de porte médio.<br />
goas e á Coerana de Pernambuco; pa<br />
O tronco é roliço, e apresenta os resrecem ser a mesma planta, com divertos<br />
das velhas folhas; a cúpula ou o sos nomes; esta differe todavia pela pre<br />
ramalhete terminal das folhas é grande, sença de pellos.<br />
com muitos espinhos.<br />
Empregam-a como refrigerante, mas<br />
As flores, em cachos mui ramosos segundo St. Hilaire, todas as plantas<br />
cheios de escamas, são, como no geral d'esta familia possuem propriedades<br />
das palmeiras, de um tecido semi-fi- estimulantes.<br />
broso amarello, de dois sexos no mesmo<br />
cacho.<br />
Floresce em Junho.<br />
O fructo é uma baga ovoide, coberta Salgueiro.— Tournefortia. — Fam.<br />
de escamas sobrepostas, com uma ou das Borragineas.—Esta arvore indígena,<br />
duas cavidades, contenda um grão, que que vegeta nas Alagoas, e tem este<br />
envolve uma substancia dura como nome, é de porte médio, bonita e esga<br />
marfim.<br />
lhada.<br />
O sagueiro é a palmeira da qual se A casca é esbranquiçada e escamosa,<br />
extrahe o sagú do commercio. mas não é áspera.<br />
Extrahe-se do tronco uma substancia A folhagem é pouca densa.<br />
molle, que compõe o seu interior, a qual As folhas, sobre peciolos louros e<br />
submettendo-se á lavagem, e decan- compridos; ellas são ovaes, ponteagutando-se,<br />
fornece uma matéria amylacea, das, de um aspecto aloirado, que lhes<br />
que, por processos especiaes, toma a fôr dá elegância, á qual se ajunta a frama<br />
de granulos, que nos parecem mais gancia de suas brancas flôre3, como<br />
sementes de plantas, que productos ar- jasmins tinetos de amarello.<br />
tificiaes.<br />
O aroma é agradável.<br />
D'esta fôrma torna-se um objecto de Os fructinho3 arremedam a azeitona<br />
commercio, cuja melhor fabrica é a das no seu aspecto, porém são mais bonitos,<br />
Molucas.<br />
por serem vermelhos, de epicarpo fino,<br />
O fructo é liso, ovoide, coberto de es quasi transparente, e encerrando uma<br />
camas largas, imbricadas, que parecem a nóz óssea, que é dividida em duas<br />
couraça das tartarugas (carapaça); apre porções, cada uma tendo duas semensenta<br />
uma ou duas lojas; a semente tes dentro.<br />
tem um perisperma eburneo, com um São os pássaros, principalmente as<br />
embryão ovoide, lateralmente situado<br />
por cima da cavidade.<br />
pombas, que comem esta engraçada<br />
fruetinha.<br />
Três espécies de sagús se extrahem O lenho é branco e fraco, mas muito<br />
d'ellas; o sagú, Sagus raphia, Lamh.— bom combustível.
SAL SAL 389<br />
Salepo. —Orchis máscula, Linn.—<br />
Fam. das Qrchideas. —Planta herbacea,<br />
que na raiz possue bolbos, e tem as<br />
folhas ao rez da terra.<br />
As «flores são.purpurinas.<br />
O fructo' capsular.<br />
Produz uma substaneia feculenta, nutritiva<br />
e analeptica', útil para uso dos<br />
convalescentes e pessoas debilitadas.<br />
As suas raizes são empregadas em<br />
medicina nas moléstias syphiliticas.<br />
Compõe-se de um tronco lenhoso, e<br />
pouco yoltímoso, que se propaga por<br />
meio de nós, e são munidos de um<br />
grande numero de radiculas mui<br />
longas, flexíveis, da grossura de uma<br />
penna de ganso.<br />
Estas radiculas são formadas de uma<br />
parte cortical, succulenta no estado<br />
Salsa brava.—Mihaniaabutioe folia. fresco, e de um meditulio lenhoso, com<br />
—Fam. das Compostas.—E'. uma planta longas fibras parallelas, que as per<br />
herbacea, cujas flores são como as do correm de uma extremidade á outra;<br />
Malmequer do Girasól, etc.<br />
resulta d'esta disposição, que com dif-<br />
E' odorifera excitante, e applicada em ficuldade se rompem transversalmen<br />
banhos no rheumatismo.<br />
te; entretanto podem ser fendidas<br />
facilmente na direcção do seu compri<br />
Salsa de cheiro.—Apium petrosemento.linum,<br />
Linn. e Spl-—Fam. das Umbelli-<br />
Ha muitas salsaparrilhas próprias do<br />
feras. — E' uma herva natural da Sar-<br />
Brasil, onde são conhecidas debaixo do<br />
dehha, conhecida e cultivada no Brasil<br />
nome vulgar de Japecangas; são Smilax<br />
a muito tempo : no Rio de Janeiro e<br />
outras províncias do Sul.<br />
japecanga, Grieseb—S. syringoides, Grieseb.—S.<br />
brasiliensis, Spreng.—syphilitica,<br />
Chamam-na simplesmente cheiro; é de<br />
Humboldt—Serraria salsaparrilha, Mar<br />
um uso geral e quotidiano n'aquellas<br />
tius.<br />
províncias.<br />
A salsaparrilha, que nos vem das<br />
Em Pernambuco pelo contrario o<br />
províncias do Pará e Amazonas, é<br />
Coentro é o tempero que faz o mesmo<br />
vermelha e pequena.<br />
papel que esta Salsa no Rio de Janeiro.<br />
Apresenta-se no commercio sob a<br />
fôrma de feixes delgados e longos, aper<br />
Ellas são mui parecidas.<br />
tados por um cipó disposto em espiral,<br />
As folhas pinnadas.<br />
e privada de suas sepas.<br />
As flores em umbrellas amarellas.<br />
Attribue-se ao similax syphilitica.<br />
O fructo representa uma pequena es-<br />
A melhor Salsaparrilha é aquella<br />
phera sulcada, que se divide em dois<br />
cujo sabor é mais forte, e mais nau-<br />
akeníos comprimidos; contém as semenseoso<br />
; o Pará exporta annualmente<br />
tinhas dentro de cada um.<br />
para os :<br />
Todas as partes da planta são aromaticas.<br />
Estados Unidos 352 kil.<br />
A raiz tem propriedades aperientes. Portugal 6.939<br />
As folhas são usadas externamente Sul do Império 22.827<br />
como resolventes.<br />
As sementes encerram um óleo es<br />
Total.... 30.218<br />
sencial volátil.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— As pro<br />
Salsaparrilha.—Smilax salsaparpriedades da raiz da Salsaparrilha são<br />
rilha, Linn.— Fam. das Asparagineas.— sudorificas.<br />
Moncecia hexandria, Linn.—As salsapar E' muito usada nas moléstias syrilhas<br />
são plantas sarmentosas e vophiliticas em geral, nas affecções<br />
lúveis, do gênero Smilax, da familia das cutâneas, rheumaticas e gotosas, em<br />
Asparagineas, que habitam no México, cosimento, na dose de 30 grammas<br />
Peru e no Brasil, e sobretudo nas pro para 1000 grammas d'agua fervendo)<br />
víncias do Pará e Amazonas.<br />
três vezes ao dia.
30O SAL SAL<br />
Salsaparrilha dos pobres.— das Verbenaceas.— E' uma planta do<br />
F. o Caju em Pernambuco.<br />
Rio Grande do Sul, ali conhecida por<br />
tal nome.<br />
Salsa da praia. — Convolvulus Tem suas folhas oppostas.<br />
brasiliensis, Will — Ipomoea marítima.— As flores brancas.<br />
Fam. das Convolvulaceas.— E' uma A infusão das folhas é anti-eatar-<br />
planta indígena, rasteira, conhecida em rlvel; o cosimento tomado em banhos<br />
Pernambuco por este nome, e cremos é antihemorrhoidal.<br />
que em todo o Brasil.<br />
Ella vegeta principalmente á beira Salva do Brasil.— Salvia fui-<br />
mar, mas também nas proximidades gens, Cav, Vahl.— Fam. das Labiadas.<br />
do littoral.<br />
— E' uma herva de caule e folhas<br />
Herva leitosa, alastrada, cujos ramos tomentosas; estas são macias, e op<br />
são verdes, sulcada, com folhas alterpostas.nadas, ovaes, cordiformes e coriaceas, As flores vermelhas, e todas as<br />
tendo a lamina dobrada sobre si; partes aromaticas.<br />
sempre estão verdes.<br />
As flores grandes, em fôrma de cam<br />
O fructo é representado por quatro<br />
grãos no fundo do cálice.<br />
pana, roixas, solitárias, nas axillas das As folhas d'esta planta são aro<br />
folhas ; não são desengraçadas. maticas, e empregadas como antis-pas-<br />
Sua côr roixa é bonita; ellas tem modico, e útil na suppressão de trans-<br />
no centro filetes brancos.<br />
piração.<br />
O fructo é uma cápsula, que se<br />
abre em cinco valvas foliaceas, e Salva do matto.— Eerreria sal<br />
contem cinco caroços d'entro.<br />
saparrilha.— Fam. das Asparagineas.—<br />
Todas as suas partes são leitosas. Planta que na Bahia, Rio de Janeiro<br />
As folhas, quer internas quer ex e Minas, conhecem por este nome.<br />
ternas, são empregadas contra as go E' uma trepadeira, de flores quasi<br />
norrhéas antigas.<br />
sempre amarellas; tem os mesmo usos<br />
A raiz, que é leitosa, é considerada da Salsaparrilha.<br />
como purgante forte.<br />
Segundo Pison, o caule e as folhas Salva do Pará.— Eyplis incana.<br />
são emollientes.<br />
— Fam. das Labiadas.— Esta espécie<br />
Salsa do Rio Grande do Sul.<br />
vegeta no Marajó, comarca do Pará.<br />
São plantas de raizes carnosas.<br />
— Polygonum acetoscefolium, Vent.—Fam. Folhas oppostas.<br />
das Polygoneas.— O cosimento d'esta Flores aggregadas em espiga.<br />
planta é tido como antisyphilitico. O fructo tem quatros gommos.<br />
Ella é excitante, aromatica, e serve<br />
Salta-caroço. — E' uma frueta para banhos.<br />
cultivada, que tem esse nome no Rio Usa-se no Pará em locções, ou antes<br />
de Janeiro.<br />
collyrios, contra as ophtalmias.<br />
E' uma espécie de Pecego pequeno,<br />
de côr esverdinhada, tendo a super Salva de Pernambuco.— Cafície<br />
pubescente, e a massa de dentro calia odorifera.— Fam. das Compostas.—<br />
vermelha.<br />
Herva que fôrma touceira.<br />
O caroço desprende-se com muita Folhas alternadas, aromaticas, pon-<br />
facilidade, apenas se abre o fructo. tudas e de côr branca; são pillosas<br />
Da amêndoa extrahe-se um óleo, que por baixo, e de côr verde asulado por<br />
se emprega na pintura e na pharmacia. cima.<br />
Flores em cachos, nas pontas e<br />
SMxa.—Lippia citrala, Schlt.—Fam. axilla das folhas.
SAM SAM 391<br />
Os fruetos são pequenas cápsulas escuras por cima, esbranquiçadas pór<br />
pyriformes.<br />
baixo, cartaceas, duras e ásperas.<br />
Passa por emmenagoga; é applicada As flores -são como espiga de milho.<br />
em banhos contra o rheumatismo.<br />
Samambaia.— Polypodium lepidop-<br />
O peciolo das folhas serve de ponteiro<br />
para gaiolas de. passarinho.<br />
teris,— Aspidium conaceum.— Fam. das Sambaiba de Minas-Geraes<br />
Polypodiaceas (foelos).—Planta que vegeta e Rio de S. Francisco.—Curatella<br />
em lugares humidos, e mesmo n'agua. çambaiba, St. EU.— Fam. das Dillenia-<br />
Tem o aspecto de uma pequena palceas.—Arbusto agreste, que vegeta nas<br />
meira.<br />
regiões do centro, nas catingas do rio<br />
Sua raiz é mucilaginosa e sudorifíca, de S. Francisco e em Minas-Geraes.<br />
empregada como antirheumatica, e pei Suas folhas são grandes, oblongas,<br />
toral.<br />
alongadas, e um pouco ásperas.<br />
Em lingua tupinica chama-se Feto ou As flores são em cachos, inseridas<br />
Feto macho.<br />
nos pedunculos de um só lado, e são<br />
brancas.<br />
Sambambaia ou Sanabaia.— O fructo é uma cápsula globulosa,<br />
Fam. idem.—E' uma espécie de capim com espinhos por fora, contendo, em<br />
que tem este nome nos sertões de Per suas lojas dois caroços, cobertos d'uma<br />
nambuco, e com o qual fazem cangalhas. substancia polposa.<br />
Passa por excellente remédio para as Empregam a casca d'esta arvore pára<br />
hérnias inguinaes, posto em conserva o curativo das feridas.<br />
sobre a parte.<br />
Floresce em Agosto e Outubro.<br />
Sambambaia do brejo.— Fam. Sambaiba.—Cecropia concolor, Will<br />
das Polypodiaceas.—-E' uma planta —Fam. tre das Urticeas.— E' uma arvore de<br />
padeira, de caule fino.<br />
nossas mattas, que parece vegetar por<br />
Folhas grandes , com divisões pro todo o nosso continente das Alagoas.<br />
fundas.<br />
Ella é semelhante á precedente, sendas<br />
Não dá flor apparente, nem fructo. a differença tão pequena, que só se pôde<br />
E* conhecida por este nome nas Ala conhecer depois de attento exame.<br />
goas.<br />
O seu tronco é quasi o mesmo; a disposição<br />
dos ramos e das folhas mui pa<br />
Sambacaité.—F Alfasema de carecida.boclo. A fruetificação tem as mesmas modificações.<br />
Sambacuim. — Cecropia palmata, O fructo, quasi semelhante ; emfim, é<br />
Will.—Fam. das Urticeas.—Esta arvore, da familia a que pertence a—Umbaúba.<br />
que por este nome é conhecida em Per Esta é uma espécie, cujas folhas são<br />
nambuco, é das mattas do paiz. tão ásperas, que servem de lixa aos<br />
Em Alagoas chamam-na Matataúba, marcineiros.<br />
em Sergipe, Pé de gallinha, e, em outros Outra espécie ha, cujas folhas, ao<br />
lugares, Sambaiba: mas não é a Sam- contrario, são muito macias.<br />
baiba das províncias do sul, que pertence<br />
a outra familia.<br />
Sambaiba da Bahia e de Ser<br />
O Sambacuim é uma arvore dé tronco gipe.—V. Cajueiro bravo.<br />
liso, nodoso ou articulado, de casca cinzenta;<br />
fôrma cupola no cimo do tronco, Sambaibínlta de Minas-Novas<br />
e estende os ramos.<br />
— Davilla elliptica, St. EU. — Fam. das<br />
Folhas pecioladas, palmadas, pa- Dilleniaceas.—Planta agreste, de Minas,<br />
recendo-se com as folhas do Mamoeiro, que não é cipó.
393 SAN SAN<br />
E' um arbusto ascendente, ramoso, de Tratamos da do paiz.<br />
folhas ellipticas, ponteagudas, oblongas, A arvore é resinosa.<br />
duras, coriaceas e ásperas.<br />
As folhas alternadas e lisas.<br />
As flores, são como rosas, simples, em As flores, em cachos espigados nas,<br />
cachos, apresentando no centro um feixe pontas dos ramos, são amarellas, de as<br />
de filetes, que parecem uma bolota. pecto de borboleta.<br />
O fructo é uma cápsula.<br />
O fructo é uma vagem redonda, ro<br />
O povo do lugar considera esta planta deada de expansões membranosas, o<br />
como vulneraria, isto é, como tendo a contendo um caroço.<br />
virtude de curar feridas.<br />
O Sangue de drago, proveniente da<br />
arvore do Brasil, é o menos estimado dos<br />
Sambaibinha. — Davilla rugosa, três; apparece no commercio em bastões<br />
St. EU.— Davilla americana, D. C. cylindricos, —<br />
um pouco comprimidos, do<br />
Fam. idem.— Vegeta este arbusto nas comprimento de um pé, e de 3 centime<br />
províncias do sul.<br />
tros de grossura, enrolados em folhas<br />
Tem o nome de Sambaibinha em Minas de palmeiras.<br />
Geraes, o de Cipó caboclo, em S. Paulo. Esta resina, concreta, é inodora e fra-<br />
E' uma planta trepadeira, que tem suas *»*<br />
folhas alternas, oblongas e pendentes de A superfície da secçáo é luzente ; es<br />
seus peciolos; se bem que pareçam lisas, tala nos dentes, e é insoluvel n"aguar<br />
todavia são ásperas ao tacto.<br />
dente ; arde, lançada sobre as brasas; o<br />
As flores são em cachos, formadas de sabor é resinoso e um tanto adstringente<br />
dois tegumentos floraes, com muitíssi Todos os autores de matéria medica<br />
mos filetes no centro, formando uma bo a consideram tônica e adstringente; é<br />
lota.<br />
hoje quasi desusada.<br />
O fructo é uma cápsula oval, contendo E' empregada ainda em pintura, por<br />
um caroço também oval.<br />
que compõe um bom verniz.<br />
As folhas são empregadas, em decoc - Também entra na composição de pós<br />
ção, para a curada inchação das pernas dentrificios.<br />
e dos escrôtos.<br />
Floresce em Janeiro e Abril. Sangue de dragão.— Croton.—<br />
E' empregada como cipó para amarrar Fam. das Euphorbiaceas.—Planta conhe<br />
cercas.<br />
cida na Bahia e em Minas por tal nome.<br />
Produz uma resina gommosa averme<br />
Sambaibinha.—V Cipó de carijó. lhada.<br />
Sambaúbcira ou Sambaúva.<br />
—F. Sambaíva.<br />
Santa Maria— Uma multidão de<br />
plantas recebe o nome Santa Mariu, de<br />
Sangue de dragão.—Pterocarpus maneira que é indeterminado o sentido<br />
draco, Linn.— Pet. officinalis, Jacq. da palavra, — d'onde resulta grande con<br />
Fam. das Leguminosas.—Três productos fusão, aliás bem prejudicial á therapeu-<br />
com o nome de Sangue de dragão ha no tica.<br />
globo:<br />
Por Santa Maria, conhece-se a todas<br />
Uma é o extracto do fructo do Calamus estas hervas • a Eerva moura, a Lombri-<br />
potang, uma pequena palmeira das íngueira, o Manacá, uma herva trepadias<br />
Orientaes.<br />
deira de Pernambuco, ainda não classi<br />
Outra, que corre das incisões naturaes ficada, o Tramanhen das Alagoas, o<br />
do tronco do Drac&na draco, Linn. Páo Mathias.<br />
Outra, finalmente, é do Brasil: ptero Finalmente, é conhecida no Brazil o<br />
carpus draco, Linn.<br />
Chá do México por Santa Maria.— Che-<br />
Ha ainda outra d'África: Pterocarpus nopodium ambrosioides, Linn.<br />
senegalensis.<br />
Santa Maria é também uma planta da
SAP SAP 393<br />
Parahyba do Norte, que de suas semen Vê-se então um vasto campo coberto<br />
tes fazem contas de rosário ; sem men como de uma plumagem branca, que,<br />
cionar mais algumas plantas que por fluctuando com os ventos, formam um<br />
ahi correm, com o nome, de Santa Maria. panorama gracioso.<br />
A flor é*um*cacho delgado e plumoso,<br />
constituído por pequenas espigas<br />
reunidas, e que desprendem-se e voam.<br />
O gado não gosta d'este capim.<br />
Sapateira.— Fam. das Melastomaceas.—As<br />
folhas d'esta planta são muito<br />
adstringentes , e são mui empregadas<br />
para o cortume de couros, os quaes<br />
ficam avermelhados.<br />
Dá também bôa tinta preta.<br />
Sapé.—Anatherum bicorne.—Fam. das<br />
Gramineas.—A raiz é emolliente e diuretica.<br />
Seu cosimento é. alguma cousa sudorifico.<br />
Das raizes, que são longas, serve-se<br />
como de ligaduras para applicar aos<br />
membros dos que são mordidos de cobra,<br />
afim de que o veneno não seja<br />
absorvido.<br />
Saponaria.—Saponaria officinalis.<br />
Linn. —Fam. das Caryophylladas.—Planta<br />
d'Europa, cultivada no Brasil, de folhas<br />
ovaes, lanceoladas, glabras, trinerves.<br />
Flores de côr de" rosa desmaiada, e<br />
em panicula terminal.<br />
A raiz é cylindrica, articulada, da<br />
grossura de uma penna de escrever.<br />
Sapé macho.—Arundo.—Fam. das<br />
' PROPRIEDADES MÉDICAS.—E' tônica e<br />
diaphoretica, empregada nas moléstias<br />
rheumaticas, syphiliticas, dartrosas e<br />
no engurgitamento das vísceras abdominaes;<br />
seu cosimento, na dose de 8<br />
grammas para 500 grammas d'agUa,<br />
Gramineas.—Esta espécie de capim ve dá-se em três doses por dia.<br />
geta na província de Espirito Santo,<br />
onde recebe este nome.<br />
Sapota.— Achras mammosa, Linn e<br />
Elle é aperitivo, desobstruente e re- Spl.— Fam. das Sapotaceas.— A Sapota<br />
solutivo.<br />
é uma frueta semelhante em tudo ao<br />
Sapoti, com a differença de ser redonda<br />
Sapé ou Sucapé. — Anatherum em vez de oval.<br />
bicorne.—A ndropogon bicorne, Will. —A E' n- uma arvore natural das Antilhas,<br />
drop : erecto montanum, Brow.—Fam. e das das mattas da America Meridional.<br />
Gramineas.—Herva ou capim Sapé. Seus ramos, estendendo-se gradual<br />
Parece universal esta planta. mente menos, á proporção que se ap-<br />
Vegeta nosmattos, nos taboleiros eterproximam do cimo da arvore, formam<br />
renos áridos de Pernambuco e Alagoas. como que uma pyramide.<br />
E' chamada Sapé, mas em outros lu Sua folhagem é densa.<br />
gares Sucapé.<br />
As folhas, de côr verde escura lu-<br />
Cresce de 70 decimetros á 1 metro sente ; todas as partes são lactiferas.<br />
de altura, formando touceiras.<br />
As folhas lanceoladas, agudas, com<br />
Suas folhas ensiformes, estreitas, e a face inferior desbotada.<br />
erectas, mui susceptíveis de seccarem As flores, solitárias, nas axillas dos<br />
pela aeção dos raios do sol, enros- ramos, são pequenas, e de uma côr<br />
cam-se nas extremidades lateraes ; tem branca esverdinhada; formam um pe<br />
pellos brancos n'esses lugares, e são queno tubo, laciniado no bordo livre.<br />
um tanto duras e ásperas.<br />
O fructo é uma baga redonda, que<br />
Não floresce durante todo o inverno fica como que adherente na base ao<br />
e o verão, mas, logo que queimam-na fragmento da flor.<br />
nas roças, brotam os gommos de novas Seu pericarpo é pardo, coberto de<br />
plantas, com sua floração, que é de um pó fino.<br />
bonito effeito.<br />
Dentro existe ou encontra-se<br />
52<br />
uma
394 SAP SAP<br />
massa polposa, succulenta, molle, de<br />
côr amarella esverdinhada, com cinco<br />
de um ovo de pomba, de côr branca<br />
suja, envoltas em uma substancia<br />
polposa, oleosa, branca o tenra, con<br />
caroços pretos, ellipticos, comprimidos,<br />
lustrosos, com uma cicatriz branca. tida nas cavidades onde estão as se<br />
Esta polpa come-se; é de excellente mentes.<br />
sabor.<br />
Esta polpa é comestível; as semen<br />
. Acham-se ordinariamente de duas a tes encerram uma amêndoa, que é tam<br />
três sementes por aborto das outras. bém comestível.<br />
O fructo mesmo maduro conserva Chama-se Pilão de Sapucaia ao esque<br />
ainda o sueco leitoso.<br />
leto do fructo, o qual, despido da sua<br />
massa interna, apresenta um espaço va-<br />
Sapota açu.— Clercia passiflora, sio, que o faz parecer um pequeno pi<br />
Vell.— E' desconhecido o uso d'esta lão ou um almofariz, e que nos sertQes<br />
planta.<br />
tem o seu prestimo.<br />
A madeira d'esta arvore é forte e<br />
Sapoti ou Sapote.— Achras sa branca; presta-se a diversos usos.<br />
pota, Linn e Spl—Ach gapotilla, Brow Para as obras de ponte são excel-<br />
— Arvore que só differe da Sapota em lentes, excepto para servir de esteios.<br />
ter o fructo oval.<br />
Applica-se na construcção de machi-<br />
A casca é adstringente e febrifuga nas de madeira, e nos travejamentos<br />
(Brow.)<br />
e tectos de edifícios. (Fig. 28.)<br />
O fructo excellente de comer-se, e<br />
útil contra a estranguria.<br />
Sapucaia branca.—Lecythis lan-<br />
As sementes são diureticas e apericeolata, Poir.—Fam. idem.—Esta saputivas,<br />
e, na dose de duas oitavas, tricaeira é semelhante á anterior.<br />
turadas com assucar e água, formam O fructo, do mesmo tamanho.<br />
uma emulsão, aconselhada nas eólicas As flores são menores.<br />
nephriticas e nas areias.<br />
Sapucaia branca.— Lecythis ol-<br />
Os<br />
ella.<br />
macacos são apaixonados por<br />
laria, Linn e Willd.— Fam. das Myr Sapucaia ou Sapucaeira. —<br />
taceas.— A sapucaia é uma das ce (Canari) Lecytis grandiflora, Aubl.—Fam.<br />
lebres arvores do Brasil, pela singu idem.—Esta Sapucaia é a que os povos<br />
laridade do seu fructo.<br />
da Guyanna e Amazonas chamam Canari<br />
E' elevada, vegeta nas mattas vir macaque e Marmite de singe, (Canário magens,<br />
tem a casca grossa e fendida. caco e Panella de bugio).<br />
As folhas lanceoladas, grandes, pon- Ella tem as flores côr de rosa intudas<br />
para o ápice, e, na base, subtensa.cordiformes, coriaceas e alternas. A emulsão preparada com as amên<br />
As flores em pequenos grupos, doas» da sapucaia é anticatharral e an-<br />
semelhantes á uma rosa, de côr branca tinephritica.<br />
rosea, tendo uma pétala concava no<br />
centro, laciniada, e de cheiro agra Sapucaia mirim ou Sapudável.caeiro.—Lecythis<br />
minor, Jacq.—Fam.<br />
O fructo assemelha-se á um coco idem.—Esta espécie vegeta no Rio de<br />
de fôrma oval, com um resalto an- Janeiro.<br />
nular, que naturalmente dá abertura ao Os fruetos são pequenos.<br />
fructo.<br />
A flor branca, e mui cheirosa, e só<br />
Seu tegumento externo é ósseo, de contem o fructo cinco caroços pouco<br />
três decimetros de espessura, abre-se mais ou menos.<br />
pela parte superior, e deixa ver uma<br />
porção de sementes ovaes, do tamanho Sapucairana branca.—Lecythis
SAS SCI 395<br />
élliptica, Eumb. e Bomp.—Fám. idem.— É empregada como tônica e carmina-<br />
E' uma arvore indígena, que nas Alativa, e útil no rheumatismo.<br />
goas e em Pernambuco tem este nome,<br />
e no Rio de Janeiro o de Sapoquema. Saudade.—Scabioza.—É uma plan<br />
Tem o porte menor que a Sapucaia. ta exótica, cultivada no Brasil, e que<br />
As folhas alternas, ellipticas, coria recebe este nome em Pernambuco.<br />
ceas, e opacas. » Sua existência entre nós data de re<br />
As flores, em cachos, pequenas, com mota epocha.<br />
cheiro, são como as da Ollaria, e É quasi rasteira, e pouco ergue seus<br />
brancas.<br />
ramos, de côr parda.<br />
O fructo, também com a mesma es Suas folhas, recortadas e palmadas,<br />
tructura e fôrma, porém um quarto são suculentas, e têm algum cheiro.<br />
menor que o da Ollaria.<br />
As flores, em cachos, tem os pedun<br />
A madeira passa por bôa ; é do uso culos compridos, sobre um receptaculo<br />
da carpintaria.<br />
de estreitas bractéas verdes ; exhalam<br />
Serve para as obras de pontes, me cheiro não muito activo.<br />
nos para esteios, e também para tra- Ha três espécies •. brancas, amarellas<br />
vejamentos, cobertas e portadas dos edi é roixas.<br />
fícios.<br />
E' flor de jardim.<br />
Saputá.—Anthodiscus brasiliensis. — Saudade do brejo.—Chrysocoma<br />
Fam das Eypocraticeas.—Esta espécie tem cimosa, Vell.— Fam. das Compostas. —<br />
os fruetos comestíveis, mucilaginosos e Planta do Rio de Janeiro, que muitas<br />
doces.<br />
Saracura.— Bignonia hirtella. —<br />
vezes é trepadeira.<br />
A raiz é antisyphilitica.<br />
Fam das Bignoniaceas.— Esta planta Saudade é de campina.— Ascle-<br />
do Rio de Janeiro, empregada com pias umbellata Vell.— Fam. das Apocyna-<br />
bastante efficacia, como tempèrante e ceas.— Herva delicada, natural do paiz,<br />
brando adstringente, na dose máxima conhecida nas Alagoas por este nome, e<br />
de 30 a 60 grammas, do sueco, nas diar- também pelos de Totó molle e Cega olho.<br />
rhéas.<br />
Em Pernambuco chamam-^a Cama-r<br />
rasinho de campina, em Sergipe CM~<br />
Saracura do norte. — Jussiosa bante; também ha quem lhe chame<br />
angulata. — Fam. das Onagrareaceas. Saudade — de campina.<br />
Esta planta é do Norte, empregada nas E' uma herva de caule roliço e<br />
hemoptises e diarrhéas.<br />
leitoso.<br />
Folhas oppostas, lanceoladas, oblongas<br />
Sargaço do mar.—Fucus natans,<br />
e lisas.<br />
Linn.— Fam. das Algas.— Planta que As flores, em umbrella vermelha e<br />
fluetúa n'agua salgada, com expansões manchada de amarello, formando uma<br />
ramificadas, em fôrma de retalhos. espécie de coroa, tendo lobos ascen<br />
Segundo Pison, esta planta é empredentes e outros pendentes.<br />
gada em Pernambuco como diuretica e Os fruetos são gêmeos, represen<br />
lithontriptica, por ter a propriedade de tando dois casulos fulsiformes, foliaceos»<br />
destruir a pedra, ou calculo da bexiga. cheios de muitas sementinhas loiras,<br />
Sarza.—V Salsaparrilha.<br />
offerecendo feixes de pellos finos, macio,<br />
e lustrosos como seda.<br />
Sassafraz do Brasil. — Ocotea<br />
Estes fiuctos por si rompem-se e dei<br />
cymbarum, Eunt.— Fam. das Laurineas. xam voar nuvens d'estas sementes.<br />
— A casca d'esta arvore ou arbusto é<br />
amarga e aromatica.<br />
Scilla brasileira.— Pancratium
396 SEB SEG<br />
guyanensis. — Fam. das ^arcizeas.— Esta A madeira ó dura e durabiliasima;<br />
planta é, da mesma naturesa dos Ly- sua côr é parda.<br />
rios. — Temquasi sempre bulbos na raiz- Com ella se fazem instrumentos<br />
O seu bulbo, que é emetico, exci" agrários.<br />
tante, expectorante e diurético, é mui" Serve também para construcção ur<br />
to empregado nos catarrhos e nas bana e naval, e porisso seu corte é<br />
hydropisias.<br />
prohibido pelo governo.<br />
E' conhecida por Cebola branca ou A casca tem o, gosto adstringente<br />
brava. \<br />
e amargo; é considerado como dia-<br />
No Pará dam-lhe o nome de Cebola phoretica, e contra os tumores arthri-<br />
brava ou Clussia rosea.<br />
ticos dependentes do virus syphilico<br />
O Barão de Paiva tem-na por um<br />
Sebastião de Arruda.— Phy-<br />
poderoso estimulante do systema lymsocalymna<br />
florida, Pohl.— Fam. das Saphatico,,*licareas.— Esta "importante arvore é O cosimento da casca também se<br />
especial das mattas da província' de applica nas affecções dartrosa3 chro-<br />
Goyaz, e algumas outras províncias. nicas, em banhos.<br />
E' arvore de pouca altura. •, E*mprega-se era obras de pontes, me<br />
Folhas ovaes, armadas de cinco prolongamentos<br />
ásperos.<br />
nos para esteios.<br />
Flores em cachos, dispostas nas pontas Sebipira falsa.— Ferreria specta-<br />
dos ramos; são vermelhas, e tem na bilis, Frei. Ali.—Fam. idem.—Esta es<br />
base umas escamas em fôrma de capuz.pécie<br />
cresce no Rio de Janeiro.<br />
O fructo é redondo.<br />
Sebupira.—V. Sebipira.<br />
Não temos certeza da posição de<br />
suas sementes.<br />
A madeira d'esta arvore é singular<br />
Sebuua uva.—V. Sacu uva.<br />
pela sua côr, que é de rosa, com Segurelha. — Satureja horlensis,<br />
veios de côr mais escura, com outros Linn.—Fam. das Labiadas.—E' uma plan<br />
azues e alguns rubros; antigamente ta de caule esgalhado.<br />
servia esta madeira para os embutidos Folhas estreitinhas, e muito aroma<br />
na marceneria, hoje entretanto nenhum ticas.<br />
uso vemos fazer-se d'ella.<br />
Flores agglomeradas e pequeninas.<br />
O cerne, por não ser muito grosso, não O fructo, constituído por quatro ake-<br />
se presta para tirar-se folhas de taboa nios , envoltos no apparelho floral.<br />
mais largas do que um palmo.<br />
Serve como condimento, e é esto-<br />
Parece que actualmente é pouco comachica.nhecida esta bella madeira; no entretanto<br />
foi uma das mais notáveis que<br />
E' natural da bacia do Mediterrâneo.<br />
appareceram na Exposição da França- Segurelha. —Seguiera americana,<br />
Linn,—Seguiera aculeata, Jacq.—Arbusto<br />
Sebipira ou Sicupira-açú. da America meridional, que vegeta noa<br />
— Sebipira major, Mart.— Fam. das arredores de Carthagena e no Ama<br />
Leguminosas.— E' uma grande arvore zonas.<br />
das mattas das províncias do Norte; E' de media dimensão, ramoso, ar<br />
em Alagoas e Pernambuco é chamada mado de espinhos na base das folhas.<br />
Sicupira-açú e também Sucupira. Estas são alternas, e com peciolos<br />
Tem a folhagem miúda.<br />
um tanto longos, ellipticas, chanfradas<br />
As flores purpureas.<br />
no ápice, e lisas nas duas faces.<br />
O fructo é uma vagem, com sementes As flores, em cachos mui ramosas,<br />
vermelhas.<br />
brancas e fétidas.
SEN SER 397<br />
O fructo, uma cápsula oblonga, com<br />
uma expansão membranosa no ápice<br />
quinhentas grammas d'água fervendo,<br />
constituem um purgante.<br />
em fôrma de aza, tem na base três<br />
appendices e no centro uma semente, Sensitiva ou Malícia de mulher.—<br />
Mimosa sensitiva, Linn.— Fam.<br />
Segurelha.— V". Ortelã de Mara das Leguminosas.— Mimosa puãica.— Sunhão.barbusto^ou<br />
herva reptante, com ramos<br />
levantados. 4<br />
Segurelha brasileira. — Occy- Caule cheio de espinhos, curvos.<br />
mum gratüsimum. Linn. e Mant.—rFam. Folhas, miúdas, compostas.<br />
das Labiadas.—Subarbustinho de folhas Flores de côr de ""rosa, em capitulo, e<br />
ovaes, pillosas e cheirosas.<br />
que parece uma pequenahofla de retroz.<br />
As flores, em espigas pequenas. Os fruetos são vagens pequenas, eri-<br />
Serve de condimento por ser aromaçadas de espinhos, reunidas e enrostico.cadas,<br />
formando um todo redondo ; os<br />
grãos são como os de feijão.<br />
Semente de embira.—V. Pinda- Esta planta, tão Conhecida pela celehiba.bridade<br />
de suas folhas, que se contrahem<br />
com o contaejjo de qualquer corpo extra-<br />
Sempre viva.— Fam. das Composnho, possue propriedades deletérios,<br />
tas.— Flor exótica, cultivada no Brasil, tanto nas folhas como nas raizes ; mas<br />
e a que em Pernambuco dão este nome. estas duas partes passam por antidotas*,<br />
A planta é rasteira, com folhas alter reciprocamente uma da outra.<br />
nas, recortadas, orbiculares, e um tanto Na lingua indígena chama-se Caa-co.<br />
suceulentas.<br />
As flores são em cachos ou solitárias, PROPRIEDADES MÉDICAS. Em banhos<br />
em um pedunculo mais ou menos longo, é applicada nas affecções rheumaticas,<br />
formando um aggregado de escamas fo articülares, e na elephantiasis dos Áraliaceas<br />
; compõe-se de um receptaeulo, bes.<br />
cuja parte superior offereee uma serie de O emplastro feito das folhas é anti-<br />
pequenas pétalas paleaceas, lustrosas, escrophuloso.<br />
dispostas em camadas concentricas, cir<br />
Sepepera.—V Sebipira.<br />
culares, decrescendo em tamanho para<br />
o centro.<br />
Sereiba-tinga.—V. Mangue branco.<br />
Esta flor, sem cheiro, mas singular,<br />
é chamada Sempre viva, porque nunca Seringueira. — Syphonia elástica.<br />
murcha, e permanece sempre no mesmo — Fam. das Euphorbiaceas. — Grande ar<br />
estado; quando mettida n'agua , convore das províncias do Pará e Amazotrahe<br />
seus órgãos e fica como botão; nas, conhecida por Páo seringa, e por<br />
porém, tirada d'água e exposta ao sol, Páo moeda pelos indígenas.<br />
reabre.<br />
Tem 16 a 20 metros de altura, quando<br />
Ha duas espécies: amarella e branca. o tronco tem 80 centimetros de diâ<br />
É uma das mais interessantes e cumetro.riosas plantas de jardim.<br />
Suas folhas, de peciolo longos, compostas<br />
de três foliolos, são ovaes,<br />
Senne do campo. — Cássia ca- oblongas, pontudàs, inteiras.<br />
thartica, Mart.— Fam. das Leguminosas. Flores dispostas em paniculas ter-<br />
—Arvore ou arbusto indígena, que veminaes.geta em S. Paulo e Minas, aonde recebe Fructo grande, capsular, composto de<br />
este nome.<br />
três cellulas lenhosas, arredondadas,<br />
E' planta purgativa; quatro grammas sementes arredondadas, de episperma<br />
das folhas, de infusão de uma libra ou liso, arroixeadas.
398 SER SET<br />
A amêndoa é branca, oleaginosa, de<br />
gosto agradável, e pôde comer-se sem<br />
nenhum inconveniente.<br />
Ha ainda outras arvores, de que<br />
também se extrahe a gomma elástica.<br />
Modo de extrahir-se a gomma elástica.<br />
— Por incisões feitas no tronco d'esta<br />
arvore emana um sueco esbranquiçado,<br />
que, pela desecação, constitue a substancia,<br />
que recebeu o nome de gomma<br />
elástica ou borracha, a qual se expõe<br />
ao fumo do fructo da palmeira uru-<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' empregada<br />
nos casos que reclamam os antispasmodicos<br />
e excitantes, e. externamente<br />
nas inchações e ccchymoses, por<br />
contusões.<br />
E' usado em cosimento<br />
Serra lha.— Sonchus loevis, Vell.—<br />
Fam. das Compostas.— Esta planta é comestível,<br />
desobstruente e depurativa.<br />
Serralha brava.—Sonchus oleracuri,<br />
Attalea excelsa, e na falta ao ceus, de Linn. e Will.—Fam. das Compostas.<br />
outras palmeiras; porém com o pro —E' uma herva agreste, que dizem os<br />
cesso do Sr. Strauss, cujo segredo, a auctores ser originaria da Europa, e<br />
província vio-se na necessidade de que cresce nos Pyrineos Alpes, etc.<br />
comprar, evita-se que os operários es mas nós a vemos vegetar no Brasil^<br />
tejam expostos ás emanações que re em qualquer lugar. Talvez com tudo<br />
sultam da combustão, e ás do solo seja exótica.<br />
pantanoso.<br />
Seu caule eleva-se á 1 e % metro.<br />
O processo do Sr. Strauss, consiste As folhas são oblongas, rentes (ou<br />
em mergulhar a seiva n'uma solução sesseis), fendidas horizontalmente, tendo<br />
de sulphato de alumina e potassa, a parte superior de côr azulada ; todas<br />
(vulgarmente conhecida por pedra hu- as partes da planta são leitosas.<br />
me).<br />
As flores, em pequenos grupos, são<br />
E' a borracha uma das principaes amarellas e brilhantes.<br />
riquezas das referidas províncias; ex O cálice ou receptaculo, semelhante<br />
porta a província do Pará 4.752,947 kil. a um jarro, offereee na parte superior<br />
distribuídos do modo seguinte: muitas linguetas estreitas, dispostas em<br />
A Inglaterra 2.375,713 circulo, decrescendo para o centro, que<br />
Estados Unidos 2.288,829 constitue a flor.<br />
França 76,759 O fructo é como uma pequena pe-<br />
Portugal 3,770 vide preta, coroada por um feixe de pel<br />
Hamburgo 3,675 los macios e brancos, que voam facil<br />
Sul do Império 4,201 mente com o vento.<br />
Em Pernambuco é conhecida por Chi<br />
Kils 4.752,947 cória brava.<br />
Usos da borracha.— Empregam na Esta herva come-se ; extrahe-se prin<br />
fabricação de instrumentos de cirurcipalmente o sueco leitoso com uma<br />
gia, como sondas, bugias, pessarios, |fervura, e depois prepara-se com ella<br />
seringas, etc, etc. E' usada n'outras in um bom prato.<br />
dustrias, e na medicina tem sido empregada<br />
na phtisica, sob a forma de pí Sete casacas.— Britoa selloviana.<br />
lulas ; também se emprega utilmente —Fam. das Myrtaceas.— Esta planta é<br />
debaixo da fôrma de meias e de sus- conhecida em Minas Geraes por este<br />
pensorios, para comprimir as veias vari- nome.<br />
cosas. (Fig. 29.)<br />
E' adstringente.<br />
Serpão.— Thymus serpyllum, Linn. Sete cascos.— Monimia friabilis.—<br />
e Richr.—Fam. das Labiadas. — Herva E' conhecida por este nome nas Ala<br />
natural da Europa, um tanto rasteira, goas uma arvore mediana do paiz.<br />
aromatica, e cultivada no Brasil. E' copada.
SIC SIC 399<br />
De folhas, miúdas alternas, ovaes, e<br />
lustrosas.<br />
As flores, pelas axillas das folhas e<br />
pelos ramos, são formadas por um envolucro<br />
carnoso, que encerra em seu<br />
seio os órgãos floraes, com o aspecto<br />
de pellos ; ellas são de dois sexos.<br />
O fructo parece um figo, com duas<br />
ou quatro sementes dentro ; representa<br />
uma cápsula ôca, um tanto quebradiça,<br />
que é o envoltório das flores masculinas.<br />
A madeira d'esta arvore é usada nas<br />
construccões civis.<br />
o<br />
Sete sangrias. — Guphea ingrata,<br />
Cham.—Fam. das Salicareas.—E' planta<br />
herbacea, ou pequeno arbusto.<br />
Suas_flôres são elegantes, posto que<br />
ás mais das vezes pequeninas.<br />
O fructo é suceulento.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—O cosimento<br />
d'esta planta é- empregado contra as febres<br />
intermittentes (sesões.)<br />
Sete sangrias (de Minas). —<br />
Barbarina letrandra, Mart.— Fam. das<br />
Slyraceneas.—Esta planta é da mesma<br />
familia e do gênero symplocos.<br />
E' uma variedade d'este.<br />
Sete sangrias do Rio Grande<br />
do Sul.— Symplocos platyphylla.<br />
— Fam. das 1 E' menor no porte do que a subsequente.<br />
O tronco é quasi o mesmo que o<br />
da outra, com pouca differença.<br />
As folhas, compostas de foliolos<br />
miúdos.<br />
As flores azuladas, e em grandes<br />
cachos, que produzem um bello effeito<br />
entre o verdor da vegetação.<br />
O fructo é uma vagem pequena è<br />
parda.<br />
Esta Sicupira, se bem que seja quasi<br />
igual á verdadeira, com tudo tem<br />
mais importância do que ella ; mas a<br />
pesar d'isso presta-se aos mesmos usos.<br />
Ha ainda duas espécies, que distinguimos<br />
debaixo dos nomes de Birapina<br />
e de Pyracohy<br />
Sicupira verdadeira.—Ormosia<br />
coecinea, Jacq — Robinia coecinea, Aubl.<br />
—Fam. idem.— Arvore das mattas do<br />
Brasil, de 'muita nomeada pelo seu<br />
uso, também lhe dão em alguns lugares<br />
os nomes de Sebipira e Sucupira,<br />
A arvore é bonita, elevada, copada;<br />
troncos e ramos erectos, muitas vezes<br />
com curvatura.<br />
As folhas compostas, miúdas e<br />
lisas,<br />
As flores em cachos, nas pontas dos<br />
ramos, de vivo roxo.<br />
O fructo, vagem, com sementes vermelhas,<br />
e manchas pretas.<br />
Slyracineas.—E' um arbusto Esta arvore tem o lenho duríssimo<br />
indígena do paiz, e que no Rio e o cerne pardo claro, poroso, sendo<br />
Grande do Sul recebe este noine. os poros um tanto dilatados ; todavia<br />
é suceptivel de polir-se.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— A casca da Ella tem diversos destinos: serve<br />
raiz é amarga, adstringente e muci para a confecção *de instrumentos<br />
laginosa .<br />
agrários, ruraes, carros de bois, peças<br />
Ella é empregada como anti-febril de engenhos, traves de edifícios, etc.<br />
(das febres terças); dá-se em cosimento. Serve, com especialidade, para a<br />
Sibira.— V: Mangne rasteiro.<br />
construcção naval; d'ahi vem que o<br />
corte d'esta madeira é prohibido pelo<br />
Sibipira.— F- Sicupira.<br />
Governo.<br />
Sicupira merim ou cary.— PROPRIEDADES MÉDICAS.— A casca é<br />
Ormosia coarciata, Jacq.— Ormosea. adstringente mi-<br />
e tônica, e aconselhada<br />
nor—Fam. das Leguminosas.— Esta contra o rheumatistmo, em tinetura;<br />
arvore, a que nas Alagoas chamam sua decocção é usada em banhos contra<br />
Sicupira-cari.<br />
as moléstias de pelle.
400 SIP SOR<br />
Silva.— Rubus brasiliensis, Mart.— As flores de dois sexos.<br />
Fam. das Rosaceas.—Amora de silva, É O fructo, á similhança de um figo car<br />
planta espinhosa, com flores brancas noso que em maduro abre-se, ficando<br />
ou rosadas, e com o fructo redondo, plano, (chato)<br />
avermelhado e doce.<br />
Elle serve para confeccionar um Sipipi ra. — V.Sicupira.<br />
xarope, que pôde applicar-se como<br />
ante-scorbutico.<br />
Sirgy.—Arvore agreste que tem este<br />
Ha ontra espécie : Rubus jamaicensis, nome, em Pernambuco; vegeta muito<br />
Linn.<br />
nas matas de Páo d' Alho.<br />
Seu lenho passa por indestructivel.<br />
Silva da praia.—V.Ininboja.<br />
Serve para pontes e travejamentos.<br />
Silvina.—F. Cipó carneiro.<br />
Simbaiba.—Dadi lixa.—Esta plan<br />
ta é do Maranhão, empregada nas dysurias<br />
e retenções de^urinas, na hemoptisis<br />
e vômitos.<br />
Os que trabalham em pentes lixam-os<br />
com as folhas, desta planta.<br />
No Pará chamam-lhe Lixa.<br />
Solldottia.—Trixis divaricata, Spl.<br />
— Trixis antimenorrhea, Mart. Castra<br />
regia Vell.—Fam. das Compostas.<br />
Esta herva è conhecida no Rio de Janeiro,<br />
Minas, e Pará por este nome.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—O cosimento<br />
das partes herbaceas, molles, é empregado<br />
contra as inflammações de olhos; o<br />
extracto da raiz é emmenagogo.<br />
Sintira.— Psiychotria simira, Boem et<br />
Schlt.—Fam. das Rubiaceas.—Esta planta Sorvei ra.—Callophora utilis, Mart.<br />
vegeta na Guyana e no Amazonas. — Fam. das Apocynaceas.—E' um arbus<br />
Suas folhas são oppostas e oblongas. tosinho indígena do paiz, originário do<br />
As flores são em cachos.<br />
Pará e Amazonas, que produz a Sorva<br />
Os fruetos são pequenas bagas. (frueta).<br />
O lenho é vermelho, e presta-se à tin Tem as folhas regulares.<br />
turaria.<br />
As flores acinzentadas.<br />
E' adstringente.<br />
Dá um fructo á semelhança de uma<br />
Mangaba, tendo também sueco leitoso.<br />
Sipahuba.—Combrelum asceudens.— Bebe-se, e é bom para certas moléstias;<br />
Fam. das Combretaceas.—E' um arbusto essa frueta passa por mais saborosa<br />
conhecido nas Alagoas e Pernambuco que a Mangaba.<br />
por este nome; é de porte commum. O sueco, leitoso, serve também para<br />
As folhas medianas, oppostas, ovaes, reverniz.<br />
gulares, ellipticas e lisas.<br />
E' anthelmintico; dá-se na dose de<br />
Flores em espigas, pequeninas, brancas duas a três oitavas, junto com o óleo de<br />
roseas, com pouco aroma ; o interior da ricino.<br />
flor é lanuginoso.<br />
Os fruetinhos são quasi imperceptíveis Sorvei ra da Europa.— Sorbus<br />
E'uma das boas madeiras para estacas? domestica, Linn. e Pyrus Sorbus.—Gent.—<br />
e por isso muito procurada.<br />
Fam. das Rosaceas.— E' uma arvore elevada,<br />
de folhas compostas.<br />
Siparuna.— Siparuna guyanensis, Ella é oriunda do meio dia da Europa,<br />
Aubl.—Fam das Rutaceas.—É um arbusto e ahi cultivada, como também no Brasil.<br />
que vegeta na Guyana e também no Ama As folhas^ esbranquiçadas por baixo.<br />
zonas.<br />
As flores, em cachos, são brancas.<br />
As folhas são oppostas, com pellos es- O fructo é arredondado, pequeno,<br />
trellados.<br />
quasi vermelho, com as paredes por
sue sus 4© a<br />
dentro cartilaginosas, e com cinco sementes<br />
dentro.<br />
Sossoia.— F Lingua de vacca.<br />
Suassu-açú.— Fumo do matto, em<br />
tupinico.— V. também Eerva grossa.<br />
Suassu-aia.— Fumo do matto, em<br />
tupincoí— V. também Eerva grossa.<br />
Sucuúba.— Arvore do Brasil, lactifera,<br />
cujo sueco é vermelho.<br />
Serve para dores de peito, applicado<br />
em fôrma de emplastro.<br />
Sucuúba do Rio de Janeiro<br />
e do Pará.—Plumeria phagedenica.—<br />
Fam. das Apocyneas.— Planta que tem<br />
muito sueco leitoso.<br />
Suas folhas são grossas.<br />
Suas flores, quasi sempre grandes*, e<br />
de bonitas cores.<br />
O fructo, espécie de vagem longa ou<br />
cápsula.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—O sueco leitoso<br />
d'esta planta é applicado contra<br />
os vermes intestinaes; externamente<br />
emprega-se nas ulceras atônicas e nas<br />
verrugas; é de grande vantagem na<br />
blennorrhéa.<br />
rum, Lacerda.—Fam. das Malpighiaceas.<br />
— Planta que vegeta na província do<br />
Pará.<br />
O cosimento das folhas é empregado<br />
contra a sarna.<br />
Sué.— Nome africano, pelo qual muitas<br />
de nossas plantas 'são conhecidas.<br />
Sumaré.— Cyrtopodium brasiliensis.<br />
—Fam. das Orchideas.—O sueco gommo-<br />
Subragi. — Cyanothus speciosá. — gelatinoso é empregado pelos sapa<br />
Fam. das Rhamnaceas.—Esta espécie é de teiros.<br />
Minas.<br />
Quando contuso, é um bom suppu-<br />
E' amarga, e usada como antirheurativo; em cosimento é peitoral, e damatica.se<br />
internamente. (Fig. 30.)<br />
Snçuaia.— V. Eerva collegio e Eerva Sumaúnta do Pará. —Erioãen-<br />
grossa.<br />
ãron sumaúma, Mart. — Fam. das Bombaceas.<br />
— E' uma arvore como por exem<br />
Sucupira.— V Sicupira.<br />
plo a Paínera das províncias do Rio e<br />
S. Paulo', a Munguba das Alagoas, a<br />
Barriguda de Pernambuco,<br />
Surueura. — Bignonia hirtella,<br />
Lamh. — Fam. das Bignoniaceas.—Planta<br />
do Brasil, subarbusto de pequeno porte.<br />
O caule contem um sueco ácido.<br />
As folhas são de sabor azedo.<br />
As flores, pequenas, brancas amarelladas.<br />
O fructo é uma vagem.<br />
PRQPRIEDADES MÉDICAS. — Todas as<br />
partes d'esta planta são úteis nas<br />
diarrhéas chronicas.<br />
Sururúca. — Passiflora sururúca,<br />
Vell. e Eer. — Fam. das Passifloreas.<br />
Sururucujá. — Passiflora albida<br />
Vell. — Fam. idem. — Esta espécie de<br />
Maracujá é conhecida no Rio de Ja<br />
Ha outra : Plumeria drástica, que neiro é e Bahia.<br />
applicada em pequenas doses nas se E' um Maracujá com pouca diffezões,<br />
na ictiricia, nas obstrucções do rença das espécies já apontadas.<br />
ligado, e no pleuriz.<br />
E' o sueco leitoso, fresco, que se em Suspiro, (fiiòr) — Fam. das Amaprega,<br />
misturado com óleo de amêndoas ranthaceas. — E' uma flor exótica mui<br />
doces.<br />
linda, que cultiva-se com cuidado nos<br />
jardins, e a que dão este nome em<br />
Sucuúba-rana.—Pterandium ama- Pernambuco.<br />
53
40S TAB TAC<br />
E' resultado de uma planta rasteira,<br />
mas que não se enrola nos corpos<br />
visinhos.<br />
O caule é delgado.<br />
As folhas alternas, crenadas mais ou<br />
menos profundamente, pendidas.<br />
As flores, longamente pedunculadas,'<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. —Sua raiz é<br />
empregada como aperiente, em banhos<br />
e em xarope, nas hydropisias.<br />
são ora cm cachos, ora solitárias também,<br />
e de côr branca ou roixa.<br />
Apresenta filetes compridos e muito<br />
delicados.<br />
Cultivam em Pernambuco três espécies:<br />
branca, côr do lyrio clara, o<br />
roixa avelludada.<br />
Tabaco 021 Tabaqueiro. — V- Tabúa.— Typha minor, Will.—Fam.<br />
Fumo.<br />
das Typhaceas—E' uma planta herbacea,<br />
que tem este nome no Sul.<br />
Taboca.—Fam. das Gramineas.—A Seu porte é o do capim, mas as flo<br />
taboca em Pernambuco é chamada Tares são em espigas.<br />
quara, e em alguns lugares também é Ella é empregada para fazer es<br />
conhecida por Canna brava da malta. teiras, e também emolliente em ba<br />
E' um arbusto indígena, habitante nhos.<br />
das mattas.<br />
Fôrma touceira.<br />
Tabo
TAM TAM 403<br />
Tacuntba-iva, ou coqueíro- A cupola é formada por palmas muito<br />
Tacunthaiva.— Bactris inundata.— erectas, que se estendem horizontal e<br />
Seus peciolos dão fibras mui fortes, diagonalmente. São de dois sexos sepa<br />
que - podem substituir o linho. rados : a Tamareira macho e a Tamareira<br />
fêmea ; portanto, a primeira só dá flores<br />
Tagoa-uva.— V- Tatajuba ou Ta- masculinas, e a segunda flores feminitagíbá.nas.<br />
As flores são em cachos, como as das<br />
Tahanhé.— F. Caa-ataya.<br />
mais palmeiras.<br />
O fructo, porém, é uma baga de mais<br />
Taíaboeira ou Tamboeira. de 3 centimetros , de figura ovoide,<br />
— Mandioca pequena, enfezada. aguçando-se para ambas as extremidades,<br />
de côr amarella de gémma d'ovo,<br />
Taióba.— Arum esculentum, Spl.— ou quasi vermelha, com o cálice da pri<br />
Caladium esculentum, Linn e Will^ mitiva flor adherente á base.<br />
Fam. das Araceas.— Planta herbacea, Seu interior é occupado por uma<br />
natural do paiz, cujas folhas nascem massa mais clara ,que o exterior, pol<br />
immediatamente do alto da raiz. posa, melliflua, pouco espessa e mui sa<br />
Esta é uma tubera succulenta. borosa ; contém grande quantidade de<br />
As folhas são cordiformes, alongadas assucar, fecula e mucilagem, a que deve<br />
de 24 centimetros a % metro , baças, suas propriedades nutrientes e emol-<br />
esbranquiçadas por baixo, com peciolos lientes.<br />
mui longos.<br />
Encerra um caroço muito duro.<br />
A flor é justamente como a do Imbé<br />
e do Tinhorão.<br />
Tamarindo ou Tamarindeiro<br />
0 fructo é também semelhante. (por corrupção) Tamarineiro.—Ta-<br />
As folhas d'esta planta servem de marindus indica, Linn.—Fam. das Legu<br />
hortaliça, e são de sabor agradável. minosas. — Grande arvore das índias<br />
Come-se com a carne ou de outra ma Orientaes e do Egypto, e aclimada no<br />
neira ; emfim, substitue a couve. Brasil.<br />
Em Pernambuco e Bahia é Taióba, em E'uma arvore de tronco elevado, com<br />
Sergipe e no Maranhão é Orelha de veado. casca escura.<br />
Folhas alternas, compostas de 10 á<br />
Tajabussú.— V. Tayoba.<br />
18 pares de foliolos oppostos, glabras.<br />
Flores grandes, em espiga de côr<br />
Tajal ou Tajaz.— V. Tayoba. amarellada, com manchas vermelhas ;<br />
são pendentes á semelhança de ban-<br />
Tajuha.—V. Tatagiba ou I-juba. deirinhas.<br />
Os fruetos são vagens curvas, do com<br />
Tajujá.—F. Abobreira do matto. primento de 12 á 15 centimetros, contendo<br />
sementes vermelhas, cercadas de<br />
Ta jura.—F. Tinhorão.<br />
uma polpa viscosa, de côr roixa aver<br />
Tamaotarana.—V. Mendobi.<br />
melhada, e mais ou menos acidula.<br />
Esta massa, chamada polpa.de ta-<br />
Tamara ou Tamareira.—Phõ2marindos, é empregada como refrigenix<br />
dactylifera, Linn e Will. — E' rante uma e laxante, desfeita em água com<br />
palmeira do Egypto, do Norte d'África assucar.<br />
e do Oriente.<br />
E' laxativa em doses mais elevadas.<br />
E' cultivada no Brasil; vai á altura de<br />
uns 8 a mais metros.<br />
Emprega-se nas moléstias febris.<br />
Seu tronco apresenta vestígios dos Tambatajá.—Caladium.—Fam. das<br />
peciolos das antigas folhas.<br />
Araceas.—Esta planta, que é da mesma
404 TAN TAN<br />
familia da Tayoba, é conhecida no Ma E* pequena.<br />
ranhão e no Pará por este nome. Suas folhas nascem logo desdo o<br />
Suas folhas são empregadas topica- collo; são ellipticas, com peciolos lonmente<br />
nas obstrucções do fígado e do gos até um palmo de extensão.<br />
baço.<br />
Ellas são um tanto grossas, com as<br />
nervuras longitudinaes parallelas, e com<br />
Tambor. —Mimosa carunculata.— algum pello.<br />
Fam. das Leguminosas.—E' uma arvore<br />
do paiz, que é conhecida nas Alagoas<br />
por este nome.<br />
Ella é esguia.<br />
O caule, quasi sempre nú, esgalhado<br />
Floresce brotando uma espiga num<br />
pedunculo comprido, cuja parte do<br />
meio para o ápice enche-se de flòrinhas<br />
brancas como pequenas rosas.<br />
O fructo é uma cápsula redonda,<br />
no cimo,de folhagem miudissimae porte Ique tem um operculo, que por si mes-<br />
bonito.<br />
As flores formam espigas ; são verticilladas<br />
; ellas são amarelladas, e parècem-se<br />
com um feixe de frocos de<br />
retroz.<br />
O fructo é uma vagem mediana,<br />
contendo grãos, como os do feijão.<br />
Esta arvore tem o lenho branco,<br />
leve e fraco; é procurada para obras<br />
que exigem madeira leve ; por esta<br />
causa, fazem d'ella caixas de guerra,<br />
d'onde parte seu nome Tambor.<br />
Tambury, ou Tamborim. —<br />
V Timburi.<br />
mo abre-se, derramando uma porção<br />
de sementes redondas e pardas.<br />
Esta planta é mui procurada e útil, e<br />
por isso cultivam-a com cuidado.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—Usa-se d'ella<br />
nas affecções inflammatorias do rosto,<br />
nas dores de dentes, nos defluxos, nas<br />
ulceras da garganta e da lingua, etc.<br />
Emprega-se a decocção feita com a<br />
planta toda, e sobretudo com as folhas.<br />
Prepara-se também uma água distillada,<br />
que se applica em collyrios nas<br />
moléstias dos olhos.<br />
Tamearama. — Dalechampia bra CARACTERES DA FAMÍLIA.—Pequena fasiliensis,<br />
Linn. — Fam. das Euphorbiamilia de plantas, compostas dos gêneros<br />
ceas. — Esta espécie do Brasil também Plantago e Littorella, e que se reco<br />
é chamada Caa-Jassara. E' em outros nhece pelos caracteres seguintes:<br />
lugares Urtiga tamiarama.<br />
As flores são hermaphroditas (unise<br />
E' uma planta trepadeira, prurigixuaes no gênero Littorella), formando<br />
nosa, de flor particular, e fructo de espigas simples, cylindricas, alongadas<br />
três gommos, e três caroços semelhan ou redondas; raras vezes as flores são<br />
tes ao Pinhão.<br />
solitárias.<br />
Ha no Rio de Janeiro, e em Per O cálice tem quatro divisões profunnambuco.das<br />
e persistentes, ou quatro sepalas<br />
Conhece-se mais quatro espécies. desiguaes, em fôrma de escamas, e duas<br />
Dalechampia convolvuloides. — Dalec. mais exteriores.<br />
scandens, da Am. Merid. — Dalec. fici- A corolla é gamopetala, tubulosa, com<br />
folia. — Dalec. triphylla. — Dalec. quatro pen- divisões regulares, raramente<br />
taphylla.<br />
inteira no ápice.<br />
Esta corolla, no gênero Plantago, liga-<br />
Tatniarana. — V Urtiga de cipó. se a quatro estames salientes, que no<br />
Littorella nascem do receptaculo.<br />
Tanchagem. — Plantago major ; O ovario é livre, com um, dois, tre3 e<br />
Linn. — Fam. das Plantagaceas.— Herva raras vezes quatro lojas, contendo um<br />
de ha muito acelimada no Brasil, na ou mais óvulos.<br />
tural da Europa e do Japão.<br />
O estylete é capillar, terminado por
TAN TAQ 405<br />
um estigma simples, sovelado, poucas offereee um ponto saliente no ápice,<br />
vezes bifido no ápice.<br />
quando maduro.<br />
O fructo é um pequeno pyxidio, co As sementes ficam soltas dentro, de<br />
berto pela corolla, que persiste. maneira que, agitando-se o fructo, pro<br />
As sementes se compõem de um teduz um ruido como o de um maracá,<br />
gumento carnoso, no centro do qual imitando perfeitamente o ruido da cobra<br />
existe um embryão cylindrico, axillo e cascavel, quando se move.<br />
homotropo.<br />
Também é conhecido nas Alagoas por<br />
Brincos de viuva, e em outros lugares<br />
Taugara-assú.— Palicurea offici por Xiquexique.<br />
nalis, Mart.— Fam. idem.—E' outro ar O verdadeiro Xiquexique é outra planta<br />
busto, cujos órgãos são de côr amarella,<br />
como as flores.<br />
O fructo, quasi como o da espécie<br />
anterior.<br />
As folhas são anti-rheumaticas, em<br />
banhos; para uso interno applica-se<br />
em infusão branda.<br />
do mesmo gênero d'esta.<br />
Tapagiba.—7. Tatagiba,<br />
Tapeiçava. — V. Vassourinha de<br />
Pison..<br />
Tapiá. — V. Trapiá.<br />
Tangaraca.— Cephcelis ruellicsfolia,<br />
Cham. e Schal.— Fam. das Rubiaceas.— Tapicuy.—E' o vinho feito de Man<br />
Arbustodopaiz, de folhasmembranosas. dioca.<br />
Flores agglomeradas.<br />
Seu fructo tem duas sementes, que Tapiriba. — F. Cajáeiro ou caja-<br />
são mui venenosas.<br />
zeiro.<br />
Tagaraguassú.—Caa Cooloba crês- Tapyra cayenna.— F. Cànna-flscentiaefolia.<br />
— Fam. das Polygoneas.— tula.<br />
Arvore da America, que cresce nas<br />
Antilhas.<br />
Suas folhas são grandes na base, e<br />
Tapyra coana.—V Canna-fistula.<br />
abraçam o caule.<br />
Tapyra coynana.— Cássia secero-<br />
As flores são pequenas.<br />
carpa, Vog. e Mart.—Fam. das Legu<br />
O fructo é uma baga earnosa, coberta minosas.—Esta planta tem as mesmas<br />
por uma espécie de noz triangular ou propriedades do Tamarineiro.<br />
oval.<br />
Este fructo é adstringente.<br />
Tapyra-peeú. — Tapiria, Aubl —<br />
Herva grossa, Eellephantopus Martii. —<br />
Tangerina.— V. Laranja tangerina. E' vulneraria esta planta e útil contra<br />
as obstrucções do fígado.<br />
Tange-tange.— Lupinus unijugata.<br />
—Fam. das Leguminosas.—Subarbustinho Taquara.— Bombusa. — Fam. das<br />
que é commum no littoral; é esgalhado, Gramineas. — Planta gigante da Ásia,<br />
de 1 a 1 % metros de altura.<br />
America meridional e das províncias<br />
Ramos e caule com folhas oppostas , do Sul e Norte do Brasil.<br />
germinadas, de côr verde esbranqui No Pará os indígenas fazem uso de<br />
çada, e pillosas.<br />
sou caule, que cresce extraordinaria<br />
Flores nas pontas dos ramos, em esmente de 6 á 9 metros e mais de alpigas<br />
; são amarellas e j>equenas, e patura, com um diâmetro de 12 centimerecem<br />
busiosinhos.-:<br />
tros pouco mais ou menos.<br />
O fructo é uma vagem pequena, de 3 Tem 1 á 1 K centímetros de espessura<br />
centimetros, roliça, roixa, quasi preta ; das paredes.
40« TAQ TAQ<br />
Apresenta nós de distancia em distancia.<br />
Os índios fazem d'este caule vazilhas<br />
para água.<br />
As folhas são como as do capim,<br />
porém em proporção ao tamanho.<br />
As flores em cachos na mesma razão.<br />
A madeira, lascada, presta-se a confecção<br />
de objectos d'arte mui curiosos,<br />
assim como cestos, balaios, cadeiras,<br />
6 l/C • •) G wC •<br />
das, de verde esbranquiçado, com as<br />
bordas serrilhadas.<br />
O caule é fistuloso e também formado<br />
de nós; os mais grossos não<br />
excedem de quasi 1 yt centímetro de<br />
diâmetro.<br />
Sua superfície externa é amarella,<br />
quando maduro ou secco, e tão lustroso<br />
que parece envernizado.<br />
Nunca o vimos florido.<br />
Os fogueteiros servem-se d'elle para<br />
os encher de pólvora, e fazer foguetes.<br />
É empregado para gaiolas de passarinhos,<br />
porém é já pouco usado para<br />
este fim, servindo-se de preferencia<br />
do Sambacuim, ou de qualquer madeira<br />
mesmo.<br />
Taquari das Alagoas. — Panicum<br />
horisontale — Fam. das Gramineas.<br />
Os Chins, e mesmo os índios, fazem — E' um arbusto parecido com a Canna<br />
com ella admiráveis obras de primor, da Índia ou Taquara.<br />
que vem ás nossas mãos.<br />
Caule ramoso, tubuloso e nodoso,<br />
Outras espécies porém estão hoje es como as demais congêneres.<br />
palhadas; entre nós, dão o nome de Elle é manchado de roixo, e em<br />
Taquara no Brasil a quasi todas as esbaçadopécies<br />
d'este gênero.<br />
As folhas, mais largas do que no<br />
No Rio de Janeiro fazem d'este colmo commum das plantas d'esta familia.<br />
immensos varaes de escadas de mão, As flores são em cachos pyramidaes.<br />
por causa de alcançar elevada altura, Os fruetos parecem grãos de arroz ;<br />
ao mesmo tempo que é leve, em rela a semente é parda.<br />
ção ao volume.<br />
Fazem uso dos ramos finos para bi<br />
Serve principalmente para o trabalho cos fou pipos) de seringa para clys<br />
dos armadores, esculptoree, pintores, etc teres.<br />
Diz-se que resiste a acção de fogo,<br />
e que os indígenas no Amazonas co- Taquari de cavallo.— Lycurust<br />
sinham n'elle.<br />
umbratus.— Fam. idem.— Chamam Taquari<br />
de cavallo, nas Alagoas, a uma<br />
Taquarassú.— Bambusa. — Fam. espécie de capim, que vegeta pela3 ca<br />
•idem.— Esta planta, pelo seu nome, inpoeiras grandes, ou nas mattas somdica<br />
ser mais gigantesca que a prebrias.cedente, e o que se ha dito da outra Este não fôrma touceira.<br />
melhor cabe á esta.<br />
O caule é arroixeado, esgalha sobre<br />
as outras plantas.<br />
Taquari. —Fam. idem. —Esta es As folhas são lanceoladas, pequenas,<br />
pécie é um arbustinho, que por este em cachos.<br />
nome é conhecido em Pernambuco; O fructinho parece um grão de arroz,<br />
•cresce até 2 a 3 metros mais ou me redondo.<br />
nos ; dá também em touceira.<br />
Uma só flor fértil, no alto da espiga<br />
Seu caule está sempre revestido pela ponteaguda.<br />
bainha das folhas, que o abraçam. A semente é alva.<br />
Estas são alternas, lanceoladas-agu- Os cavallos comem esta planta.<br />
Taquari da Guyanna.— Mabea<br />
Taquari, Aubl.— Fam. das Euphorbiaceas.<br />
—Arbusto leitoso da Guyanna.<br />
Dá as flores em cachos, é trepador;<br />
fornece o Caulchou ou Caulecuc.<br />
Taquari do matto. — Panicum<br />
silvaticum. — Fam. das Gramineas. —
Tatai-y.—V Tatajuba.<br />
TAT TAY 40?<br />
Este Taquari é chamado matto nas Ala As flores reunidas, em grupos globogoas<br />
; é uma espécie de capim, que consos, porém mui pequenas.<br />
funde-se com o Taquari de cavallo, mas Seu fructo é pequeno.<br />
seu caule é arroixeado.<br />
O leite d'esta arvore passa por um<br />
Suas folhas são inteiramente glabras. especifico para dôr de dentes.<br />
, Tem mais de uma flor fértil, em cada E' especialmente applicada á tinctu<br />
divisão do cacho, ao passo que o outro raria, e nas construccões civis e na-<br />
tem uma só.<br />
vaes.<br />
Os órgãos floraes são amarellos e não<br />
rpixos.<br />
Tatapiririca.—Amyris.—Fam. das<br />
Terébinthaceas.—Os fruetos d'esta espécie<br />
,, Tarampabo ou coqueiro ta- são doces e comestíveis.<br />
rampabo.— (Enocarpus tarampabo. — A madeira é empregada na construc<br />
Este coqueiro tem as folhas dispostas ção civil.<br />
em leque.<br />
Tatauba. — V. Tatagiba, o mesmo<br />
Tareroqui.— E' o Fedegôso em al que Tatajuba.<br />
gumas províncias, e a Mangerioba de<br />
Pernambuco.<br />
Tatu- — Eugenia axillaris. — Fam.<br />
das Myrtaceas.—E' um arbusto do Rio<br />
Taririqui.— Planta empregada nas de Janeiro, que é conhecido por este<br />
paralysias.<br />
nome.<br />
Esfregam-se as partes affectadas com E' adstringente.<br />
as folhas cosinhadas.<br />
O cosimento da raiz é útil contra o; •„ Tatuaúba.—Fam. das Meliaceas.—<br />
tumores, e também contra as orchites , Planta que é empregada como emetica<br />
como resolutivo.<br />
e cathartica.<br />
Ha três espécies; a branca poré m é<br />
Tataiba.—V. Tatajuba.<br />
a mais usada.<br />
Taúba.—F. Tatajuba ou Tatagiba.<br />
Tatajuba. —Broussonetia tinctoria, Ta si ir i.—Couratari gujanensis, Aubl.<br />
Eunt. e Eumb.—Morus tinctoria, Jacq.— —Fam. das Myrtaceas.—Grande arvore<br />
Fam. das Urticaceas.—Esta arvore indi- da Guyanna, que tem as folhas alter<br />
.gena é a utilissima Tatajuba, que menas, ellipticas.<br />
receu tanta attenção no velho mundo, As flores grandes, côr de rosa.<br />
pela matéria corante amarella que for O fructo é á semelhança da Sapucaia<br />
nece, própria para tincturaria e muitos porém mais oblongo. e contendo umas<br />
,outros mysteres; hoje entretanto está 8 á 12 sementes membranosas, repar<br />
ie alguma maneira depreciada. tidas dentro por um corpo longitudinal,<br />
Differentes nomes a Tatajuba tem re e de fôrma triangular.<br />
cebido do povo.<br />
Na Europa Tata-íba, Moreira em Ser Tavagiba.—V- Tatajuba.<br />
gipe, Tatajuba, Espinho branco, Espinheiro<br />
bravo em Pernambuco, Tatagiba Taya.—V Tayoba.<br />
e outros mais em outras paragens, Tatarema,<br />
etc.<br />
Taya-uva.—V. o mesmo.<br />
A Tatajuba é uma arvore bonita.<br />
Sua casca esbranquiçada e lactifera. Tayoba de S. Thomé. —Colo-<br />
As folhas são em palmas ovaes, recasia antiquorúm, Linn.—Arum colocasia,<br />
cirtadas, de côr verde gaio.<br />
Vell.—Fam,. das Araceas.—Esta planta
408 TEI TIB<br />
herbacea offereee tuberculos como a<br />
outra Tayoba.<br />
Tem as folhas iguaes e maiores,<br />
retorcidas ; tudo mais como no mesmo<br />
gênero já descripto.<br />
Come-se suas folhas como as da<br />
outra.<br />
Suas raizes são um pouco acres, mas,<br />
cosinhadas com sal, perdem a acrimonia,<br />
e tornam-se como o Cará.<br />
As flores são grandes, de cores lindas.<br />
Tem os mesmos usos da Tiborna.<br />
Telú — Jatropha opifera, Mart.—Jatropha<br />
lacerti.—Fam. das Euphorbiaceas.<br />
Esta planta tem a raiz branca c earnosa.<br />
Tayoiá. — V. Abóbora do matto.<br />
Tayura. — V- Tinhorão.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. Prepara-si<br />
um extracto resinoso, que, na dose d«<br />
4 grammas, obra como purgante; enprega-se<br />
na hydropisia, e nas mordeduras<br />
de cobras.<br />
Temberatú. — Zanlhoxylum Langs-<br />
Tayu y á miúdo. — A Iternaremina dorfli, Mart.—Fam. das Rulaccas.<br />
tayuiá, Mans. — Melottria. — Fam. das<br />
Cucurbitaceas. — Esta planta é um cipó PROPRIEDADES MÉDICAS.— A casca da<br />
tortuoso, cujas folhas são cordiformes, raiz, principalmente, é empregada, em<br />
ponte-agudas, e alternas.<br />
cosimento, contra as dores de dentes e<br />
Os fruetos são purgativos.<br />
dos ouvidos, sob a fôrma deloccões e fomentações.<br />
Tayuyà do Pará. — Trianosperma E' aromatica, amarga e ácida.<br />
glandulosa, Mart. — Fam. idem — Esta<br />
espécie é considerada como excitante Tentos.—V Giriquiti.<br />
do systema lymphatico.<br />
Terêry —V. Quiruiri<br />
Tayuyú de quiabo. — Wilbrandia<br />
hibiscoides, Mans. — Fam. idem. Tety-pote-iba.—F. —<br />
Ocrarepoiy.<br />
Ê de Minas e de S. Paulo esta espécie.<br />
etypotcira.— Vitis arbustina, Pi<br />
Tem as mesmas propriedades das son.— Fam. das Ampelidaceas.— Fsta '<br />
precedentes.<br />
planta é resolutiva, e útil na hydropisia;<br />
é fortificante. Martius julga que esta<br />
Tayuyá do Rio de «Janeiro.<br />
planta é a Guira.<br />
— Trianosperma làyuyá, Mart. — Bryonia<br />
tayuya, Vell. — Fam. idem.—Esta Ti.— Dracozna brasiliensis.—Cordelina<br />
espécie, que tem a raiz napiforme, terminalis.—Fam. das Liliaceas.—A Dra-<br />
em dose grande é drástica, e emetica ccena terminalis, Linn., é natural da Chi<br />
em pequena dose.<br />
na, e cultivada nos jardins, pela belleza<br />
Emprega-se o pó, de 6 a 7 deci da folhagem vermelha e das suas flores.j<br />
grammas cada vez.<br />
Cremos que entre nós também se en-J<br />
Ha ainda duas espécies. Trianos contra.<br />
perma arguta. Mart. — Trianosperma scaDizem<br />
que a raiz, assada, embriaga.<br />
bra, Mart.<br />
Tiborna.—Plumeria drástica, Mart.<br />
Teipoca.— Plumeria bicolor.— Fam. —Fam. das Apocyneas.— E' um arbusto<br />
das Apocyneas.—Arvore de tronco liso, leitoso, que recebe este nome em Minas,<br />
quasi sempre de folhas suceulentas e Bahia e Pernambuco.<br />
lisas.<br />
O seu sueco é leitoso.<br />
De todas r,s suas partes transuda<br />
um sueco leitoso.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — O succ$
TIM TIN 409<br />
quando fresco, sendo misturado, na dose —Physalis heterophylla.—Fam. das Sola<br />
de uma colher, com leite de amêndoas, naceas.—A planta herbacea, que no Rio<br />
emprega-se nas febres intermittentes, de Janeiro tem este nome, é uma es<br />
na ictericia, nas obstruccões das vísceras pécie de Canapú, nome mais geral e<br />
por que é conhecido nasprovincias; po-<br />
.rém em Pernambuco chama-se Bate-testa.<br />
* a<br />
abdominaes, e nos empyemas.<br />
O extracto da casca se dá na dose de<br />
4 decigrammas.<br />
O sueco leitoso da Tiborna do Rio de Timburi.—Mimosa.—Fam. das Le<br />
Janeiro, Plumeriaphagedênica, é aconseguminosas.lhada por Martius contra os vermes intestinaes.<br />
Timpabcba.—Mahonia glabruta.—<br />
A casca secca é purgativa.<br />
Fam. das Berberideas. — Esta planta é<br />
oriunda da America Meridional, e de<br />
Ticuna.— E' o veneno que os indí porte bonito.<br />
genas compõem com o sueco de diversas Suas flores são amarelladas, e em<br />
planta do paiz.<br />
cachos.<br />
Seus fruetos, globulosos, tinguijão (*)<br />
os peixes.<br />
Timhaúba.—Fam. das Leguminosas.<br />
— Arvore silvestre do paiz, conhecida<br />
por este riome em Sergipe.<br />
Tinge cuia. — V- Papeira.<br />
Tem o porte do Páo-ferro ; até os fruetos<br />
se assemelham aos d'este, tendo, Tingoassi uba. — Zanthoxylum.<br />
porém, as'folhas e fruetos maiores. tingoassi uba, St. EU. — Fam. das<br />
Timbé ou limbo cãpò.—Pauli<br />
Rutaceas. — É uma arvore que vegeta<br />
no Rio de Janeiro, e Cabo-Frio, cujas<br />
nia pinnata, Linn. —Fam. dasSapinãaceas. folhas são compostas, alternas.<br />
—Arbusto do Brasil, México, Guyanna, Flores, em cachos, pequenas.<br />
Antilhas e África.<br />
Os fruetos são pequenas nozes.<br />
Vegeta naturalmente em Pernambuco. A madeira d'esta arvore é própria<br />
Em lingua tupinica é conhecido por para o uso da carpinfceria; é ama<br />
cumarú-apé.<br />
rella, e arde facilmente.<br />
Tem as folhas pinnadas, com foliolos<br />
ovaes, lanceoladas, sesseis.<br />
As folhas são picantes.<br />
Peciolo alado.<br />
Tingui (**) — Lupinus cascavella. —<br />
Fructo, cápsula pyriforme.<br />
Fam. das Leguminosas. — E' um pequeno<br />
Flores em espiga.<br />
arbusto indígena, todo coberto de pellos,<br />
Do caule d'esta planta batido extrahe- que tem este nome em Pernambuco,<br />
se filamentos, de que faz-se vassouras, onde também lhe chamam Xiquexique.<br />
e como Timbó os indígenas embriagam Tem o caule roliço, um pouco es<br />
os peixes para apanhal-os com a mão. galhado.<br />
As folhas, compostas imparipennadas,<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS . — O cipó de de três, na extremidade dos peciolos.<br />
Timbó gosa de grande reputação, como A côr de toda a planta é verde aloi-<br />
resolutivo, nas inflammações do fígado, rada.<br />
applicado exteriormente.<br />
As flores são em cachos espigados,<br />
O 'fructo, casca e as folhas são amarellas, parecendo borboletas.<br />
nareotico-acres.<br />
Os indígenas do Pará empregam con (*) ' Verbo usado nas províncias do Norte<br />
tra a hypochondria, alienação men para significar: envenenar os peixes, sem que<br />
tal, etc.<br />
estes sejam perniciosos aos que o comem.<br />
(**) Este nome dá-se no Norte do Brasil<br />
Timb» do Rio de «fatieiro.<br />
a muitas plantas capazes de matar o peixe<br />
sem tornal-o prejudicai a quem no come.<br />
51
HO TIN TIP<br />
Os fruetos são vagens roliças, peque ella que muitos roceiros curam as binas,<br />
de 3 centimetros, coriaceas, da côr cheiras dos animaes.<br />
da planta, contendo sementes como os Também curam feridas e ulceras,<br />
grãos do feijão.<br />
com esta planta secca, e reduzida a<br />
O cosimento d'esta planta é appli pó.<br />
cado como remédio para curar sarnas. As folhas são empregadas contra<br />
esquinencia, em gargarejos;<br />
Tingui capeta. — F. Timpabeba. O sueco expresso é purgativo; o a<br />
Tingui de cola. — V. o mesmo.<br />
raiz em pó é bom çemedio contra a<br />
bicheira dos animaes.<br />
O cosimento das folhas é contra as<br />
Tingui do peixe ou Cupuint. dores de dentes.<br />
—Jacquinia tingui.—Fam. das Myrcinias.<br />
—Arbustinho silvestre, que vegeta nos Tiutureira vulgar.— Phytolaoca<br />
terrenos áridos.<br />
decandra, Linn.—Fam. das Phytolacaceas.<br />
Dão-lhe este nome em Pernambuco, — Esta planta é da America Septen<br />
onde também chamam-o Cupium. trional.<br />
E' de porte pequeno, regulando a al A raiz é tuberosa.<br />
tura de 1 a 1 % metro, formando tou O caule, avermelhado, com folhas<br />
ceira ; é ramoso.<br />
ovaes.<br />
Os ramos são verticaes, a casca es As flores, em cachos, também averbranquiçada.melhadas.<br />
As folhas são circulares, obovaes, lisas Os fruetos de côr vermelha viva.<br />
e bacas.<br />
E' empregada, em fôrma de cata-<br />
As flores são solitárias, da fôrma de plasmas, nas ulceras de máo caracter.<br />
um pequeno jarro, amarellado, com a<br />
margem dividida em dez pontas. Tipi manso. — Pavonia umbrala.—<br />
O fructo é uma pequena vagem aver Fam. das Malvaceas.— Esta planta silmelhada,<br />
oval, com um caroço no cenvestre vegeta nos lugares humidos e<br />
tro.<br />
sombrios; dam-lhe este nome de Tipi<br />
Diz-se que esta planta mata os peixes, manso nas Alagoas, e também ha em<br />
lançada nos tanques.<br />
Pernambuco.<br />
E' uma herva que não excede de<br />
Tinhorão.— Arum bicolor, Jacq.— % a 1 metro de altura.<br />
Caladium bicolor, Linn. e Wiill.—Arum Caule roliço, de côr verde escura.<br />
maculatum.—Fam. das Aroideas.—Planta Folhas alternas, oblongas, ovaes,<br />
nossa, assim chamada em algumas pro lisas, escuras.<br />
víncias, como nas Alagoas, Maranhão As flores, em feixes axillares, agglo-<br />
e Rio de Janeiro.<br />
meradas em um envoltório duplo e<br />
E' uma planta herbacea,porém, vivaz. de côr verde, são brancas, semelhantes<br />
Suas folhas são radicaes, longamente á rosas, e sem cheiro.<br />
pecioladas, cordiformes, oblongas, com O fructo é uma baga, com a fôrma<br />
manchas pretas ou avermelhadas. de uma cabeça de alho, apresentando<br />
A flor é formada por um estojo folia- cinco dentes, terminando cada um por<br />
ceo, espécie de espiga clasurada, com um aguilhão, no ápice ; espinhão e<br />
as mesmas modificações da Tayoba.<br />
O bolbo é uma substancia amarellada,<br />
agarram ás roupas, como carrapicho.<br />
massiça, suceulenta, resinosa, um tanto Tipi do Maranhão.— V. Mucurá.<br />
acre e nauseabunda.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— Esta batata<br />
do Pará, e Tipi também de Pernambuco.<br />
é deletéria, mata os animaes, e é com Tipi verdadeiro.—Peliveria ali-
TIT TOC 4ft<br />
-acea — ou Petiveria tetrandra, Linn.— Tirada a casca, o corpo lenhoso é<br />
Fam. das Amaranthaceas. — Planta ori- nodoso, de côr cinzenta, lustroso, bo<br />
,unda do Brasil e da Jamayca, pouco nito, próprio para chibata; porém<br />
e<br />
ramosa, com forte cheiro de alhos. desmerece, e é frágil.<br />
Raizes fibrosas, com longas rami As folhas são alternas, lanceoladas<br />
ficações finas.<br />
e com pequenos espinhos.<br />
Folhas alternas, lanceoladas, oblon-, As flores são pequenas, em cachos,<br />
gas, lisas, e escuras.<br />
como as flores das demais palmeiras,<br />
. As flores, em espigas compridas, são porém cada cacho é pequeno.<br />
brancas, pequenas, dispostas em cru- O fructo é globuloso, muito menor<br />
zetas.<br />
do que uma baila de espingarda; é<br />
O fructinho é uma pequena cápsula vermelho, e tem a amêndoa oleosa.<br />
oval, que offereee, no ápice, pontas Entretanto fazem com ella balaios<br />
curvas; no<br />
cinho.<br />
centro contem um caro- e cestos.<br />
Tiú.— Adenoropium opiferum, Mart.<br />
— Fam. das Euphorbiaceas.— A planta<br />
por este nome conhecida em S.<br />
Paulo, Minas, Goyaz, é da familia a<br />
que pertence o Pinhão.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — Essas raizes<br />
são .fortemente diureticas, e uzadas<br />
* contra a hydropisia, a paralysia, e<br />
o rheumatismo articular.<br />
Na dose de 8 grammas para 500<br />
grammas d'água, internamente, e em<br />
locções externamente.<br />
Tipú.— Tipuana speciosa. — Fam.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. —Ella é um<br />
purgativo muito empregado nas ictericias,<br />
hydropisias e obstrucções das<br />
vísceras abdominaes.<br />
das Leguminosas.— Nada sabemos a res-<br />
-peito (Testa planta.<br />
A dose é de 2 a 4 grammas.<br />
Ti ri rica.— V. Navalheira.— Cy-<br />
Tocajé.—Rupala ouRhopala.—Fam.<br />
das Proteaceas. — E' um arbusto indíperus<br />
Brasiliensis.— Pela sua semegena,<br />
trepador, que vegeta no centro<br />
lhança com a Cyperus longus da das províncias do Norte ; é conhecido<br />
Europa, é provavelmente emmenagoga e alli por este -nome, principalmente em<br />
estomachica.<br />
Pernambuco e Parahyba do Norte.<br />
Sua raiz é da côr de castanha, imi<br />
Tiririca do Matto Grosso.— tando ao Cundurú; é rugosa e durís<br />
Secleria.— Fam. das Gamineas. — A este sima, e de um peso admirável.<br />
gênero pertence a planta, que em Ella possue em alto gráo a virtude<br />
^Pernambuco chamam de Pé de gallinha. hemostatica, especialmente contra a<br />
metrorrhagia (hemorrhagia do utero.)<br />
Ti tara. — Euterpe sarmentosa. — A dose é de uma colherinha de chá<br />
Fam. das Palmeiras.— E' uma palmeira n'agua, sendo ella ralada até reduzir-se<br />
rara por ser trepadeira, conhecida e a pó.<br />
abundante nas Alagoas; também ha<br />
em Pernambuco pelo mesmo nome,e no CARACTERES DA FAMÍLIA.—As Protea<br />
Pará por Jacitara, onde também abunda. ceas são arbustosinhos ou arvores exó<br />
E' um arbusto que se estende sobre ticas, que crescem em abundância no<br />
os carramanchões, pendendo seus ramos Cabo da Boa Esperança e na Nova Hol-<br />
pelo chão. »•-<br />
landa.<br />
O caule, é roliço, revestido de es Suas folhas são alternas, algumas<br />
pinhos ; desiguaes d'estes uns são vezes quasi verfcicilladas ou imbrica<br />
curvelineos, e agarram-se ás roupas das.<br />
dos viandantes, de modo a rompel-as. Suas fiôres, geralmente hermaphro-
412 TOM TOP<br />
ditas e raramente unisexuaes, são ora<br />
agrupadas na axilla da folha, ora reunidas<br />
em uma espécie de cone ou de<br />
amento.<br />
O cálice é composto de quatro sepalas<br />
lineares, algumas vezes ligadas,<br />
e formando um cálice tubuloso, com<br />
quatro ou cinco divisões mais ou menos<br />
profundas e valvulares.<br />
Os estames, em numero de quatro,<br />
são oppostos aos sepalos, e quasi sesseis,<br />
no ápice de sua face interna.<br />
O ovario é livre, com uma loja contendo<br />
um óvulo, inserido no meio de<br />
sua altura.<br />
dos pés, que até silo assim destruídos<br />
e um enérgico resolutivo dos panaricios.<br />
Fructifica em qualquer tempo, mas<br />
é escasso no inverno e abundante no<br />
principio do verão.<br />
Tomate cabaeinho. — Solanum<br />
lycopersicum Var. — Fam. idem. — lista<br />
espécie, semelhante em tudo á precedente,<br />
differe no fructo, por ter a fôrma<br />
ou apparencia de uma cabaçinha do<br />
pólvora; fôrma bojo na parte seperior,<br />
e um collo na inferior; em tudo mais<br />
é o mesmo.<br />
O estylete termina-se por um estigma,<br />
geralmente simples.<br />
Os fruetos são cápsulas de forma variada,<br />
uniloculares e monospermicas ou<br />
dispermicas, abrindo-se d'um só lado<br />
por uma sutura longitudinal; sua reunião<br />
constitue algumas vezes uma espécie<br />
de cone.<br />
A semente, que é algumas vezes alada,<br />
se compõe de um embryão erecto<br />
desprovido de endosperma. -<br />
Tomate grande. — Solanum lycopersicum<br />
Var. — Fam. idem. — É uma<br />
outra espécie, cujo fructo tem 6 a 12<br />
centimetros de diâmetro , e a fôrma de<br />
um globo deprimido, formando gomos,<br />
e tendo de espessura apenas 3 centimetros<br />
pouco mais ou menos; deixa<br />
uma cicariz grande na base; no mais<br />
é igual ao da precedente.<br />
Tomate. — Solanum lycopersicum,<br />
E' mui estimado, e tem os mesmos<br />
usos.<br />
Linn.—Fam. das Solanaceas.—O tomate, Tomba. — V. a Espelina em Minas.<br />
cujo nome em toda parte é o mesmo,<br />
é uma das hortaliças quasi usadas em Tonho OMnrambeova. — V.<br />
todo o mundo; é natural do México e<br />
também da America do Sul.<br />
Verbasco.<br />
O tomaleiro é uma herva que alasTopinambor.<br />
— Eelianthus tubetra.rosus,<br />
Linn. — Fam. das Synanthereas.<br />
Seu caule é herbaceo; todas as par — Planta originaria do Brasil, de altes<br />
são cobertas de pellos, e são um tanto tura de 1 a 3 metros.<br />
viscosas.<br />
Folhas ásperas.<br />
As folhas, divididas em lobos. Flores radiadas, amarellas.<br />
As flores, amarellas desmaiadas, como Raiz tuberculosa, e como formada de<br />
estrellas, e reunidas em cachos. muitas tuberas reunidas.<br />
O fructo, como todos sabem, é uma Estes tuberculos, roktos ou amarel-<br />
baga redonda, contendo uma substanlados por fora, brancos por dentro,<br />
cia polposa e aquosa, acredoce, entre tem um sabor mucilnginoso, um tanto<br />
meada de sementes chatas.<br />
adocicado ; comem-se cosidos e prepa<br />
O pericarpo é uma pellicula transrados de diversas maneiras; chamamparente,<br />
vermelha na maturidade. lhes batata Topinamba. O gado procura-<br />
O tomate é excellente tempero; fazos com avidez; dão-se particularmente<br />
se d'elle conserva, hoje importa o Bra ás vaccas e ovelhas, cujo leite augsil<br />
uma massa de sua polpa, para supmentam.prir a falta do fructo.<br />
As folhas verdes ou seccas minis<br />
E' um remédio útil contra os callos tram uma bôa forragem.
TRA TRA 413<br />
Totanga.— Leonurus cardíaca, Linn, e são empregadas em banhos para os<br />
e Mart. — Fam. das Labiadas. — Esta rheumatismos.<br />
planta indígena da Europa, onde lhe A madeira é branca, porosa, um<br />
chamam Cardíaca, é cultivada no paiz. pouco frágil, mas é susceptível de po<br />
Suas folhas são trilobadas.<br />
As flores, vermelhas, com mesclas<br />
lir-se.<br />
brancas.<br />
Trapiá da matta.—F. Liga-osso.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — O sueco, Trapiá da matta. — Dorstmnia.—<br />
dado ás colheres, é antihemoptoico Fam. das Urticaceas.— E' uma herva<br />
(contra o sangue, pela boca), e peitoral ; agreste, que é conhecida nas Alagoas<br />
julga-se um antídoto da raiva (hydro- por este nome.<br />
phobia).<br />
Tem 25 centimetros mais ou menos<br />
Dá-se na dose de duas colheres do de altura.<br />
sueco, com mel de abelhas Tagy. O caule herbaceo, suceulento e escamoso,<br />
com as folhas longamente pe<br />
Touca de viuva. — Petrcea vocioladas, oblongas, arroixeadas e luslucilis.<br />
Linn, e Lamak. — Fam. das trosas.<br />
Verbenaceas. — É um arbustinho natu As flores, em longos pedunculos asral<br />
das Antilhas, trepador, com flores cendentes, miúdas, de côr parda-escura<br />
em cachos pendentes, de côr purpurea, e que envolvem as sementes.<br />
tendo por fructo uma cápsula, com Esta planta vegeta nas mattas e ca-<br />
duas sementes.<br />
poeirões.<br />
E' excitante e diaphoretica.<br />
Tourí. — V. Umari.<br />
Ella parece ser o mesmo Liga-osso de<br />
Pernambuco.<br />
T r acuam. V. Imbé.<br />
Trapo. —Evonymus aglomeratus. —<br />
Fam. das Celastrineas.—O Trapo é um<br />
arbusto silvestre, conhecido em Alagoas<br />
Trapiá. — Cralceva lapia, Linn. e — Pernambuco por este nome.<br />
Fam. das Capparidaceas. — Arvore sil E' trepador, isto é, enrola-se sobre<br />
vestre do paiz, principalmente de Olinda, as outras plantas ; tem espinhos e ga-<br />
onde mais abunda.<br />
vinhos.<br />
Arvore pequena, mas que, chega ás Suas folhas, oppostas, ovaes, ponte-<br />
vezes a 9 metros, com diâmetro de 1 % agudas.<br />
metro.<br />
As flores, miudinhas e em aggre-<br />
Casca esbranquiçada e ramos erectos. gados, são amarellas.<br />
Folhas alternas, de peciolos longos, O fructo é entretanto redondo, pe<br />
ternadas, lanceoladas e lisas.<br />
queno, contendo 3 á 4 sementes.<br />
As flores, em cachos, são brancas, As vergonteas d'esta planta, descas<br />
com um feixe de pellos, purpureos ; tem cadas, fornecem boas chibatas para açoi<br />
pouco cheiro.<br />
tar cavallos.<br />
O fructo é globuloso, amarello, opaco,<br />
sobre um pedunculo comprido. Trapoeraba. — Tradescantia diure-<br />
O pericarpo é grosso, de 1 centímetica, Mart. — Fam. das Comelinaceas.—<br />
tro de espessura, branco por dentro, Tem o caule liso, nodoso.<br />
onde se acha uma massa também branca, Folhas ovaes, agudas, lisas, miuda-<br />
molle e de um sabor doce ; é crivada mente denteadas.<br />
de sementes castanhas, redondas e Flores, terminaes, dispostas em um<br />
grandes.<br />
Come-se, porém não,passa por boa.<br />
brellas.<br />
As folhas e a casca tem máo cheiro, PROPRIEDADES MÉDICAS. — E' emolli-
414 TRE TRE<br />
ente, em banhos e em clysteres, internamente<br />
nas dores rheumaticas, e na<br />
retenção espasmodica de urinas.<br />
E' excellente antihemorrhoidal, e útil<br />
nas hydropisias.<br />
O sueco das folhas frescas acalma a<br />
comichão ou prurido dos dartros, e os<br />
banhos de seu cosimento são mui proveitosos<br />
nas affecções herpeticas.<br />
Também dá-se internamente esse cosimento,<br />
na dose de 1000 grammas por<br />
dia e 90 grammas de cada vez, nas<br />
lencorrheas e gonorrhéas.<br />
As flores, amarcllns, e solitárias.<br />
O fructo é uma cápsula.<br />
É refrigerante e antiscorbutica,<br />
Ha outras espécies. — Oxalis fulva,<br />
St. Eil. — Oxal. cordata, St. EU.—<br />
Oxal. martiana. Zucc.<br />
Trevo de cheiro. — Pleuraulha<br />
oãorata. — Fam. das Compostas. — Herva<br />
aromatica.<br />
E' de 25 centimetros mais ou menos.<br />
Suas folhas em palmas.<br />
As flores roixas.<br />
E' usada contra as picadas de in<br />
Trapoeraba ephemera.—Trasectos venenosos.<br />
doscantia geniculata.—Fam. das Comme- Trevo, — Trifolium officinalis, Wild.<br />
linaceas.—Esta planta herbacea é emTrif.<br />
reflexum, Linn. — Fam. das Legupregada<br />
contra as mordeduras de cominosas.— Herva aromatica, natural da<br />
bras.<br />
Virgínia, e cultivada no Brasil; é mui<br />
freqüente no Maranhão.<br />
Trapoeraba rana.—(Rio de Ja<br />
Tem Vi metro mais ou menos de<br />
neiro e Minas Geraes.) Marianinha,<br />
altura.<br />
(Bahia e Maranhão.) Commelinea defi-<br />
Suas folhas em palmas.<br />
ciens, Eebert.—Fam. idem. — Goza<br />
As<br />
das<br />
flores roixas, e bonitas.<br />
mesmas propriedades que as prece<br />
As senhoras, no Maranhão, usam<br />
dentes.<br />
muito ornar as cabeças com esta flor.<br />
As folhas pisadas curam as morde<br />
Trapoeraba vermelha.— Traduras<br />
de animaes venenosos, applicadescanlia<br />
rubra.—Fam. idem.—Esta esdas<br />
sobre a ferida.<br />
pécie passa por ser estimulante; dizem<br />
que, lavando-se o rosto com o seu co Três irmãos. — Schmidelia salpisimento,<br />
a pelle torna-se vermelha. carpa. — Fam. das Sapinãaceas. — E' um<br />
arbustinho a que dão este nome nas<br />
Trem ate. — Baccharis brasiliana Alagoas; , também cresce em Pernam<br />
Linn.—Fam. das Compostas. — Vernonia buco, e igualmente ahi é conhecido<br />
scabra, Pers.—Herva de folhas obovaes, com o mesmo nome.<br />
e flores em cachos.<br />
O caule é quasi em moutas.<br />
As flores d'esta planta, pisadas e As folhas, em palmas ternadas, ob<br />
applicadas sobre os olhos, quando inovaes, recortadas.<br />
flammados, fazem desapparecer as do As flores, em pequenas espigas, são<br />
res ; o que mostra as suas proprie miudinhas esbranquiçadas, e como<br />
dades emollientes e calmantes, tinetas de amarello.<br />
Dá por fructo uma bagasinha ama<br />
Trepadeira gamelleira. — V- rella ou vermelha, menor que um grão<br />
Gamelleira trepadeira.<br />
de milho, oval, salpicada de pontos<br />
vermelhos<br />
Trevo azedo. — V. Trevo dágua. Ha uma insignificante differença entre<br />
a das Alagoas e a de Pernambuco,<br />
Trevo dágua. — Oxalís repens, quanto ao fructo.<br />
Jacq. — Thumb. — Fam. das Oxalideas.— O cosimento das folhas d'esta planta<br />
Planta cujo caule é deitado.<br />
emprega-se nas dores nevrálgicas, se<br />
As folhas ternadas.<br />
gundo nos afnrmaram.
TRI TRO 415<br />
Três folhas brancas ou qui As flores azuladas ou purpurinas.<br />
na falsa. — Ticoria febrifuga, St. EU. O fructo é uma cápsula de 5 coccas.<br />
— Costa aromatica, Vell.—Fam. das O sueco é antiscorbutico.<br />
Rutaceas.— Arvore ou arbusto do Bra E' originaria da Europa.<br />
sil; habita as mattas da Província<br />
de Minas Geraes.<br />
Trigo branco.— Triticum amy-<br />
Folhas alternas, pecioladas, comleum sativum, Linn.— Fam. das Gframi--t<br />
postas de três foliolos, lanceoladas, neas.— Tem espiguetas multiflôres, com^*<br />
glabras, marcadas de pontos transpa primidas nos lados, e voltadas com a<br />
rentes.<br />
superfície mais larga para a espiga ;<br />
A casca d'esta arvore é amarga, e as glumas são querenadas.<br />
adstringente.<br />
Ha muitas variedades: como o<br />
Chamam-lhe também Três folhas, Trigo candeal ou môcho, o Trigo tre-<br />
por causa dos três foliolos, de que mez ou mesínho, o Trigo espelta, o<br />
se compõe a folha; a estas duas pa Trigo locar.<br />
lavras acrescentam o epitheto de Ellas fornecem uma fecula excel<br />
brancas, para distinguir esta arvore da lente, que alimenta quasi todo mundo,<br />
Evodia febrifuga, que vegeta com ella. e é ponsso credora de todo o elogio,<br />
Tem as mesmas propriedades, mas e estima geral dos povos civilisadossuas<br />
folhas são avermelhadas.<br />
O trigo é oriundo da Pérsia, porém<br />
cultivado em todos os paizes.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— A casca<br />
Ente nós o cultivam nas províncias<br />
d'esta arvore é amarga, e adstrin do Rio Grande do Sul, Santa Cathagente<br />
; emprega-se nas febres interrina e Paraná, porém não constitue<br />
mitentes, na dose de 15 grammas para gênero de exportação.<br />
500 grammas d'água.<br />
Oxalá que assim fosse porque o Brasil<br />
consome enorme quantidade de fari<br />
Trez folhas vermelhas, ou nha de trigo do Chile, Valparaiso, Es<br />
Larangeira do matto, ou Quitados Unidos e da Europa.<br />
na.— Evodia febrifuga,- St. Ei.l—Fam.<br />
das Rutaceas.—Grande arvore do Brasil PROPRIEDADES ;<br />
MÉDICAS.— Serve para<br />
habita as províncias de Minas, Espirito püfverisar a superfície das partes ery-<br />
Santo e S. Paulo.<br />
sipelatosas, para engrossar caldos e<br />
Ramos angulosos, rubros, um pouco tomal-os mais analeptieos, para tisanas,<br />
pubescentes no ápice.<br />
e para a fabricação de pão, biscoutos<br />
Folhas oppostas, ou quasi oppostas, e bolaxas etc. etc.<br />
pecioladas, glabras, compostas de três<br />
foliolos.<br />
Tripa de gallinha.—F. Urtiga<br />
Foliolos, de peciolo curto, lanceolado, de cipó.<br />
elliptico, algum tanto acuminados, se Tripa de gallinha. — Dalbergia<br />
meados de pontos transparentes. gracilis..—Fam. das Leguminosas.— Ar<br />
A casca e o lenho d'esta arvore vore ou arbusto conhecido por este nome<br />
são extremamente amargos; emprega- em Matto Grosso.<br />
se nos mesmos casos que a precedente.<br />
Trombeta azul. — Convoholus,<br />
Linn,—Fam. das Convolvulaceas. — Flor<br />
Trifolio ou Azedinha.— Oxalis cultivada no Brasil, conhecida por este<br />
acetosélla, Linn. e Willd.— Fam. das nome em Pernambuco, e pelo de Rosa<br />
Oralideas.— Planta herbacea, de raiz paquete nas Alagoas.<br />
escamosa.<br />
E' natural da America.<br />
Folhas radicaes, subcordiformes, ter Seu caule é trepador,pubescente ou fonadas.mento<br />
so.
41« TUC TlC<br />
As folhas alternas, cordiformes, ligei<br />
ramente trilobadas e longamente pecioladas.<br />
As flores, azues-claras, grandes, mas<br />
em grupos pequenos, campaniformes,<br />
sem aroma.<br />
O fructo é uma cápsula, com 4 sementes<br />
dentro. Já está tão aclimatada, que<br />
nasce pelos quintaes.<br />
E' ornamento de jardins.<br />
Tuaiuassú.— F. Marinheiro da folha<br />
larga.<br />
Tu aporá.—V. o mesmo acima.<br />
Tu ca.— V Castanha do Maranhão, ou<br />
do Brasil.<br />
Tucarl.—V. a mesma acima.<br />
Tucúnt bravo. — Bactris setosa.<br />
—Fam. das Palmeirus.— Esta e.spccie é<br />
eriçada de muitos espinhos, e de porte<br />
pequeno.<br />
Talvez seja o Bactris minor de Jacq.,<br />
e o Bactris minima de Gaetr.<br />
Tucúnt ou coqueiro Tucúm.<br />
—Aslrocariumvxãgare, Mart.—Fam. idem.<br />
Trombeta roixa.— Convolvulus, — Palmeira, de cujas folhas se tiram<br />
Linn.—Fam. idem.— Esta espécie é se- boas fibras, por maceração nagua.<br />
melhant3 á precedente.<br />
As folhas, cordiformes, lisas ; e a flor Tucúnt.—Bactris marajá.— Acroco-<br />
roixa.<br />
mia officinalis.—Fam. idem.— Palmeira<br />
do Brasil, que nas Alagoas é conhe<br />
Troni?*cteira branca.— Dalura cida por este nome, e, no Maranhão,<br />
arbórea, Linn.—Fam. das Solanaceas.— Pará e Amazonas, pelo de Tucuma.<br />
Este arbusto é natural do Peru, e no E' uma palmeira de 6 á 8 metros<br />
Brasil passa por ser expontâneo tam mais ou menos, de palmas finas e esbémtreitas,<br />
com espinhos.<br />
Suas folhas são grandes.<br />
O tronco é fino.<br />
Sua flor, dobrada em fôrma de cor- O envoltório do cacho, (espatha,) é<br />
neta, branca e roixa.<br />
espinhoso, com flores de dois sexos.<br />
Seu fructo, á semelhança de um O fructo é de fôrma oval, de 6 cen<br />
grande maxixe, é venenoso.<br />
tímetros mais ou menos, de um ama<br />
O cheiro é viroso; ella emprega-se rello vermelho, cheio de uma polpa<br />
como calmante nos rheumatismos, em alimentícia, agradável ao paladar.<br />
banhos.<br />
Fornece um óleo grosseiro, muito se<br />
As folhas, sendo fumadas como as do melhante ao azeite de dendê, próprio<br />
tabaco, são de proveito para a asthma. para illuminação, e todos os usos industriaes.<br />
Trombeteira roixa. — Dalura<br />
Os índios utilisam os caroços do fructo<br />
fastuosa, Linn. — Fam. idem. — Esta para é fazer anneis, ponteiras, castões<br />
originaria do Egypto; é toda eriçada de bengalas e outros peqnenos arte-<br />
de espinhos.<br />
factos,<br />
A flor é dobrada; tem o envoltório Das folhas do gommo fazem-se uten<br />
externo roixo, e o de dentro branco. sílios domésticos, como cestos, caixas,<br />
Gosa das mesmas propriedades da esteiras, abanos e chapéos; e também<br />
primeira.<br />
se faz fios, conhecidos com o nome de<br />
tucúm.<br />
Trucuas.—E' o Cipó do imbé, em<br />
Matto-Grosso.<br />
Tucúnt de Pernambuco. —V-<br />
Marajá.<br />
Tucumay ou coqueiro Tu*<br />
ctintay.— Astrocarium tucumá, Mart.<br />
— Fam. das Palmeiras. — Palmeira do<br />
Brasil, da qual se prepara o vinho d'este<br />
nome dos indígenas.<br />
E* do Pará e do Amazonas.<br />
Os fruetos comem-se.
UAR UBÁ 41*<br />
Tultira.— Nome brasileiro de uma<br />
planta da familia das Iridaceas, que é<br />
empregada como purgativa.<br />
Tuquira.—V. Lyrio.<br />
Turari.— Paulinêa grandiflora, St.<br />
Tuijuva.—V. Tapagiba.<br />
EU. — Fam. das Sapindaceas. — Esta<br />
planta é de Minas-Geraes.<br />
Ta pai pi— V. Arucuiú.<br />
E' uma trepadeira mui semelhante ao<br />
nosso Cipú cururú.<br />
Tuperiba. — Mangifera pinnata, Tem os usos análogos aos do Timbó.<br />
Lamh.— Spondia mangifera.— Fam. das<br />
Terébinthaceas.—Esta( planta é uma ar<br />
T tipitclta.— F- Vassoura.<br />
vore baixa, do Madagascar.<br />
Suas folhas, em palmas<br />
As flores, em cachos.<br />
Tuturuhá.—Fam. das Guttiferas.—<br />
Nome dado a um fructo do matto, em<br />
O fruetos são oblongos, com uma noz<br />
dentro.<br />
Pernambuco, e também no Maranhão;<br />
O fructo é venenoso.<br />
é proveniente de uma arvore, de|folhas<br />
oppostas.<br />
A casca, pulverisada, é útil nas dysenterias.<br />
O fructo chega até 12 centimetros de<br />
comprimento; é redondo, globoso, um<br />
O cosimento do lenho é efficaz nas<br />
gonorrhéas.<br />
pouco achatado na base, de côr amarella<br />
e opaca.<br />
O sueco das folhas se dá nas dores de<br />
ouvidos.<br />
O pericarpo, membranoso, adherente<br />
a uma massa amarella, mollé, doce e<br />
Tupixava.— F. Vassourinha.<br />
pouco aromatica; no centro encontra-se<br />
um caroço grande. "<br />
Tupurapo.— V. Caferana.<br />
Come-se, e passa por boa.<br />
Uariquina. — E' uma pimenta<br />
vermelha, longa e roliça.<br />
Vegeta na província do Pará.<br />
XJ<br />
Uapuimguassú.— Arvore da pro Uarubé. — E' o suceo da massa<br />
víncia -do Amazonas, da qual fazem de Mandioca, d'água ou secca, mistu<br />
os indios Jurupuxunas suas tangas e rado com a mesma mandioca e tem<br />
Camisas.<br />
Cortam os mais grossos troncos do<br />
perado com o Tucupi fervido.<br />
comprimento que querem, fazem uma Uarumá ou arouma. — Ma-<br />
incisão longitudinal, introduzindo uma ranta arouma, Aubl. — Fam. das Maran-<br />
palmeta de madeira por entre os lábios thaceas. — Planta herbacea, oriunda da<br />
da incisão, tiram a casca, raspam a Goyanna.<br />
epiderme, e tornando a applical-a so Tem a raiz vermelha.<br />
bre o tronco, batem sobre ella até As folhas ao rez da terra.<br />
expellir a humidade, e ficar secca. As flores, em espigas, sobre um<br />
caule longo, são vermelhas.<br />
Uariá. — Planta cuja raiz é feculenta<br />
e alimentícia.<br />
Uaueú. — Monoptrix uauçu. — Fam.<br />
Vegeta na província do Amazonas. das Leguminosas. — E' uma planta que<br />
ignoramos.<br />
As sementes são oleosas e amargas.<br />
Ubá. — Canna brava, Nees —<br />
55
418 UBA UCU<br />
das Amomeas.— Planta herbacea, de e no centro um caroço achatado e<br />
raizes bulbosas, e folhas abarcantes, arredondado.<br />
quasi sempre grandes.<br />
O fructo é amarello, e cheiroso.<br />
As flores são em espigas vermelhas,<br />
amarellas, ou brancas.<br />
Ubaia nuchanta.— Eugenia.—<br />
O fructo é uma cápsula, quasi sem Fam. das Myrtaceas—E' um fructo, a<br />
pre com três compartimentos, e semen que no Rio Grande do Norte dão<br />
tes á maneira de pequenos glóbulos, este nome; procedente de um arbusto<br />
bem como a Canna do brejo, etc. como a Umbaieira.<br />
Fazem do Ubá cestos, balaios, etc, Seu caule porém é de uma côr es<br />
e dos caules caudas de foguetes. cura.<br />
E' empregada como excitante e diu- As flores são brancas.<br />
retica.<br />
O fructo é mais globuloso, de cinco<br />
millimetros de diâmetro, de côr roixa<br />
Ubaaçu. — F. Páo Pereira. externamente é pericarpo membranoso.<br />
A polpa é doce, agradável, aquosa,<br />
Ubacaba. — Psydium radicans. — com um caroço no centro, que des<br />
Fàm. das Myrtaceas. — Póde-se fazer prende-se, em estado de maturidade<br />
idéa d'essa planta mais ou menos pe do fructo.<br />
los caracteres de suas congêneres, por<br />
exemplo: o Araçaseiro, nGoiabeira, Ubaia.— etc. Costus spicatus.— Fam. das<br />
E' do Rio Grande do Sul.<br />
Gramineas.— E' conhecida no Rio de<br />
Os fruetos são comestíveis, e a Janeiro por Canna do brejo.<br />
planta adstringente.<br />
Contém um sueco ácido, e seu cosimento<br />
é empregado internamente, e,<br />
Ubacaia.— Costus spicatus, Sawart. em injecções, contra a leuchorrhea.<br />
et Willd.— Fam. das Amomeas.— Planta Da raiz, 16 grammas para 500 gram<br />
oriunda da índia Oriental^ de raiz mas d'agua.<br />
densa e tuberosa.<br />
Folhas densas.<br />
Ubatim.— V. Milho grosso.<br />
Flores, em cachos, densas, amarelladas.<br />
Ubiraciea.— V. Icicariba.<br />
Tem por fructo uma cápsula tri-<br />
Ubirarema.— V. Ibirarema.<br />
gona, com três sementes.<br />
Tem as mesmas virtudes da Canna Ubussú.—V Coqueiro.<br />
de macaco.<br />
Uchi verdadeiro.—E'uma planta<br />
Ubaia. — Com este nome conhece do Pará, proveniente de uma arvore á<br />
mos as seguintes :<br />
semelhança do Oity da praia, porém muito<br />
maior.<br />
Ubai a. — Fam. das Myrtaceas.— Ar A côr do fructo, tanto interna como<br />
vore indígena do paiz.<br />
externamente, é bronzeada.<br />
Folhas lanceoladas.<br />
Elle come-se, e serve para limona<br />
As flores, em cachinhos, são brancas, das ; tem dentro um caroço.<br />
com regos, e pedunculo comprido no<br />
centro; um fróco de filetes também Ucuúba.—Myristica sebifera, Lamh.<br />
brancos; ellas tem cheiro.<br />
—Fam. das Myristicaceas.—E' uma ar<br />
O fructo é uma baga de dez millivore que vegeta no Brasil e territórios<br />
metros, para menos, de diâmetro, goyanenses, e ás vezes chega até grande<br />
globulosa; o tegumento externo é uma altura.<br />
pellicula fina e lustrosa ; dentro d'esta Suas folhas, alternas e oblongas, são<br />
uma polpa aquosa, macia, ácida e doce, verdes por cima e aloiradas por baixo*
UMA UMB 41»<br />
As flores, extremamente pequenas,<br />
são de dois sexos distinetos, de côr<br />
ferruginosa, e em cachos.<br />
O fructo é do tamanho de um Araçá<br />
grande, globuloso, quasi secco; abrese<br />
em duas valvas, e encerra sementes,<br />
que contem um óleo pingue, que se emprega<br />
para luz.<br />
Vegeta nas mattas da província do<br />
Amazonas.<br />
Arvore muito apreciada pela utilidade<br />
cemosa, Lamh.— Geoffroya violacea, Person.—<br />
Fam. das Leguminosas.— Esta espécie,<br />
semelhante á precedente, differe<br />
por ter o fructo roixo.<br />
Umbantba» ou coqueiro Umbantha.—Desmonicies<br />
nidentum.—Fam.<br />
das Palmeiras.—Palmeira do paiz, que<br />
vegeta nas planícies inundadas.<br />
U m b a r ú. — Eibiscus cannabinus,<br />
de seus fruetos, os quaes contem uma Linn. e Spl.—Fam. das Malvaceas.—Esta<br />
massa adipo-serosa, pouco aromatica e planta, natural da índia, é um arbus<br />
molle, de que se fazem vellas. tinho mui parecido com a Vinagreira.<br />
Sua madeira não serve para obras de<br />
duração.<br />
E' emolliente.<br />
Umbaúba.—Cecropiapeltata, Willd.<br />
Umari ©n Mari.—Geoffroya uma- —Fam. das Urticeas.— Arvore geral do<br />
ri, Marcg e Pison. — Andira inermis, Brasil, e que vegeta também nas Co<br />
Eumb. e Eunt.—Fam. das Leguminosas. lônias da Jamaica, onde lhe chamam<br />
— Esta planta também no Pará tem Bois trompete.<br />
applicação industrial.<br />
E' uma arvore cujo tronco é recto, com<br />
E' uma arvore de folhas compostas, signaes de nós, ôco, dividido interior<br />
que dá um fructo um tanto grande, mente em vários compartimentos; es<br />
de 25 á 30 millimetros, oval, com o galha na extremidade superior, asse-<br />
pericarpo fino, liso, e tem um caroço melhando-se ao Mamoeiro.<br />
no centro, envolvido por uma massa As folhas, sobre longos peciolosplisos,<br />
oleosa e doce.<br />
cylindricos, divididos em lobos, são du<br />
Ha três variedades de espécie, uma ras, ásperas, esbranquiçadas por baixo.<br />
que tem o fructo ou a sua massa in As flores são de dois sexos separados;<br />
terna roixa, outra vermelha, e outra espigas pequenas, empencadas, dei<br />
amarella.<br />
xando cahir um envolucro coriaceo,<br />
O fructo diz-se que se assemelha ao roixo, por fora, e como que prateado,<br />
Oity da praia, porém sua côr é mais por dentro.<br />
clara, o cheiro do fructo e o gosto são Estas espigas são formadas pelas flo<br />
agradáveis.<br />
res masculinas, que são quasi imperceptíveis.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—A casca do<br />
As flores fêmeas, porém, são quasi do<br />
Umari é um poderoso anthelmintico, mesmo modo.<br />
mas cuja applicação exige muito cui Dá um fructo em outra espiga, tendo 5<br />
dado.<br />
millimetros, oval, estreitando para uma<br />
Se a dose é forte produz vômitos co- das extremidades, de côr roixa-escura.<br />
piosos e superpurgações, que podem de O pericarpo é uma pellicula, que está<br />
terminar a morte; a dose regular é de por dentro unida a uma substancia<br />
duas grammas do pó para um adulto branca, aquosa, polposa, doce, contendo<br />
e doze grammas em cosimento, tomado um caroço redondo, e grande em pro<br />
ás colheres, é de uma e meia gramma porção.<br />
do extracto.<br />
A superfície externa do fructo é lisa<br />
Deve-se evitar tomar água fria du e lusidia; seu sabor não é desagradável;<br />
rante a acção d'este medicamento. ella tem alguma semelhança com a Uva.<br />
f<br />
Umari (do roixo).—Andira ra- PROPRIEDADES MÉDICAS.—Os gommos
4SO UMI<br />
Untburapuama.— V. Manacá do<br />
sul.<br />
LNH<br />
ou grelos, confusos, são applicados elliplica.— nas E' uma arvore do Pará, que<br />
feridas, cortaduras e golpes.<br />
também exsuda um óleo, que é útil<br />
A decocção é usada como peitoral. como adstringente; e o cosimento da<br />
O sueco, misturado em partes iguaes casca applica se nas ulceras da gar<br />
com leite de vacca, é empregado nas ganta.<br />
leucorrhéas e gonorrhéas; a massa do<br />
interior do tronco, passa por ser pro Loba de anta.—Bauhinia aculeata,<br />
veitosa nos cancros e ulceras.<br />
Linn.— Fam. das Leguminosas.— Plant:i<br />
do nosso paiz, de folhas em palmas.<br />
Umbaúba da matta.— Cecropia<br />
Flores em cachos.<br />
concolor, Willd.—Fam. das Urticaceas.— 0 fructo é uma vagem.<br />
E' uma outra espécie de Umbauba, mais<br />
recôndita nas mattas.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.— E' empre<br />
Seu porte é o mesmo, tendo, porém, gada nas mordeduras de cobras e na<br />
as folhas nove divisões, ou antes lobos, elephantiasis, externamente, em banhos;<br />
profundamente divididas sobre peciolo a decocção, feita na dose de 15 grammas<br />
commum.<br />
para 500 grammas d'agua, dá-se tam<br />
A folha é áspera e dura; também serve bém internamente.<br />
de lixa.<br />
As flores nas condições das preceden Unha de boi.—Nome dado a muites.tas<br />
plantas do gênero Bauhinia, por<br />
O fructo é também semelhante ao causa das folhas unijugadas, figurando<br />
d'esta, mas, diz o povo do sertão, que é uma unha de boi.<br />
ainda melhor.<br />
Unha de gato.— Perlebea bauhi-<br />
Umbé.— F. Ambé.<br />
nioides, Mart.— Fam. das Bignoniaceas.<br />
—Esta planta é reputada alexiterea, e<br />
Umbu.— F. Umbuseiro e Imbuseiro. empregada por isso nas mordeduras das<br />
cobras.<br />
Unha de gato, do littoral.—<br />
Solanum ruptor ?—Fam. das Solanaceas.—<br />
U m i r i. — Eumirium floribundum , Este arbustinho, espinhoso, conhecido<br />
Mart.— Fam. das Meliaceas.— Segundo por este nome no littoral de Pernambuco<br />
Martius, esta planta fornece um sueco e Alagoas, tem o caule ramoso, esbran<br />
resinoso, que pôde substituir o da Coquiçado, coberto de pello macio, e espipaiba.nhos<br />
louros, curvos, que também exis<br />
Ha outra espécie que abaixo descretem nas nervuras das folhas.<br />
vemos.<br />
Estas são ovaes, chanfradas nas bordas,<br />
lustrosas e também cobertas de<br />
Umiri balsamo.'—Eumirium bal- pello macio, sobretudo na face inferiorsamifera,<br />
Anbl.—Fam. das Meliaceas.—E' As flores são em cachos, pequenas,<br />
uma arvore da Guyanna e Amazonas, axillares, e como estrellinhas brancas.<br />
cuja casca é grossa e avermelhada. O fructo é uma baga de 3 a 4 milli<br />
Dá uma resina vermelha, que se metros, transparente, amarella, seme<br />
obtém por incisões, e que é mui arolhante ao tomate, em ponto pequeno,<br />
matica; quando secca é um excellente que é seu congênere.<br />
perfume, cujo aroma é semelhante ao Os espinhos tem toda a analogia com<br />
do balsamo do Peru, ou do Slyrax bei- as unhas do gato, pelo que deram á<br />
join.<br />
planta o nome que tem; quando se introduz<br />
na roupa, a não tirar-se com<br />
Umiri bastardo. — Trexandria geito, rasga-a toda.
URA URT 4S1<br />
Unha de gato do sertão.— Mi rivel reputação, e onde também se vende<br />
mosa uuguiscati.—F„am.das Leguminosas. mais caro este veneno.<br />
— E* um arbusto do sertão, "de porte Ultimamente descobrio-se o seu an<br />
baixo.<br />
tídoto, tão prompto no seu effeito como<br />
Tronco mui cheio de espinhos agudos, o próprio veneno.<br />
curvos.<br />
Este antídoto é o chlorureto de só<br />
Folhas compostas, foliolos miúdos. dio ou sal commum.<br />
0 tronco cresce em moita, é muito Um animal sentindo-se ferido por<br />
duro.<br />
uma d'essas settas fica como atônito e<br />
A casca é avermelhada.<br />
sôfrego; immediatamente depois sobre-<br />
As flores são amarellas.<br />
vem-lhe vertigens, torpor, vômitos, o<br />
0 fructo é uma vagem pequena, de coma e a morte.<br />
25 a 30 centimetros ; grãos como os de No estado de torpor, ou vertigem<br />
feijão.<br />
que precede ao coma, pôde ser sem<br />
Produz uma matéria corante, ras- resistência posto em uma gaiola ou<br />
pando-se o fructo ou vagem, por fora; jaula, introduzindo-se na bocca uma pe<br />
d'ella faz-se uso para tinta de escrever, dra ou melhor uma solução de sal de<br />
e é também usada na tinturaria. cosinha.<br />
Quando o animal volta a si acha-se<br />
Unha de vacca.—F. Unha de anta. preso, mas em um estado de jprostação<br />
que lhe não permitte, nas primei-<br />
Upenna.—F- Ipi.<br />
meiras horas, nenhum acto de cólera<br />
ou desespero.<br />
U r a r e m a. — Andira stipulacea, E' o urUry um dos venenos mais ter<br />
Benth.— Fam. das Leguminosas.— Tamríveis que se conhece; no entretanto<br />
bém chamada Angelim coco, que é o tem-se tentado applical-o á algumas mo<br />
Angelim amargoso.<br />
léstias prompfamente mortaes, o tétano<br />
Tem os mesmos attributos do Umari por exemplo.<br />
e Angelim doce (l).<br />
Uricana brava ou coqueiro<br />
Urary.—Curare ou worara.—Veneno Uricana hvsiiin.-^Bactris tomentosa.<br />
enérgico, preparado pelos naturaes da Fam. das Palmeiras.—E' do nosso paiz.<br />
província do Amazonas; é um instrumento<br />
de destruição dos m,ais promptos Uriunduba.—V. Aroeira do campo.<br />
e violentos.<br />
Segundo a opinião do Dr. Francisco Urtiga cansanção ou de ma<br />
da Silva Castro, os indios do Amazonas mão.—Cnidoscolus pruriginosus —Fam.<br />
preparam o Urary das cascas do Stry- das Euphorbiaceas.— E' um arbustinho<br />
chnos. loxifera, sihomburah, cipó da herbaceo, fa cuja altura pouco excede a<br />
milia das Loganiaceas.<br />
1 metro.<br />
O mais abundante d'estes venenos, Caule verde, com pellos longos, du<br />
e o que mais freqüentemente se enros e urentes ao tocar.<br />
contra no, commercio, é o urary do To As folhas, nas pontas dos ramos,<br />
cantins, e o que é, indígena do Peru; palmadas, com cinco lobos ou divisões,<br />
este ultimo é bastante enérgico, e tal e peciolos compridos, assim como os<br />
vez melhor que o do Tocantins.<br />
mesmos pellos.<br />
No Amazonas se encontra de excel As flores, em cachinhos, são brancas<br />
lente qualidade, mas é principalmente como jasmins, e de dois sexos dis<br />
no Japurá onde mais gosa a suater- tinetos.<br />
O fructo é uma noz capsular, espinho<br />
(1) Não nos parece haver differença sa, na de três coccas, seis valvas, contendo<br />
denominação Angelim e Umary,<br />
três caroços, como os do carrapateiro.
24S URT URU<br />
Esta planta transmite, pelo seu contacto<br />
com os animaes, por meio dos<br />
pellos, um humor virulento, que rapidamente<br />
incha a parte, e produz uma<br />
erupção de borbulhas pruriginosas e<br />
dolorosas, ás vezes acompanhada de<br />
febre e frio, segundo sua intensidade.<br />
O azeite doce applicado topicamente<br />
abranda sua accão.<br />
Ella tem o porte do Quiábeiro.<br />
Var. e Well. — Fam. das Urticeas.—K<br />
uma herva que vegeta por toda a parte<br />
no chão, sobre pedras, paredes, plantas,<br />
troncos, etc.<br />
Ella é tida como oriunda da Europa,<br />
Urtiga dc cipó ou cipó tripa<br />
mas se não é do Brasil está abi muito<br />
acelimada.<br />
E' conhecida por todo o paiz pelo<br />
nome de Urtiga.<br />
Tem o caule vermelho, assim como os<br />
peciolos das folhas.<br />
Estas são um tanto grandes, ovaes,<br />
de gallinha. — Euphorbia urens. — ellipticas, meio crespas, eriçadas de<br />
Fam. das Euphorbiaceas.—Esta espécie pellos duros, como o caule; estes pel<br />
de Urtiga tem recebido todos estes nolos ferem a pelle dando lugar a grande<br />
mes, e também o de Urtiga tamiarama prurido, seguido de dôr, e erupção de<br />
entre Pernambuco e Alagoas.<br />
bolhas.<br />
E' um arbustinho de caule fino; en As flores são em cachos grandes,<br />
rola-se em outras plantas, cercas, etc. suas divisões forçadas, e só dispostas<br />
Suas folhas são alternas, com pecio de um só lado; são apenas uns utrilos<br />
um tanto longos; ellas sãó triloculos, com uma espécie de grelosinho<br />
badas ; todas essas partes são crivadas sahindo do centro,<br />
de pellos duros e pungentes.<br />
O fructo é insignificante, e contém<br />
As flores, que não parecem taes, são uma sementinha, circulada de uma<br />
formadas por uma espécie de invó substancia mais ou menos earnosa.<br />
lucro de folhetas verdes, recortadas, Ha outra espécie, que differe por<br />
contendo dentro uns corpusculos folia- ter o caule branco: ortiga branca.<br />
ceos, cylindricos e ovoides, que são<br />
propriamente as flores; ellas são de PROPRIEDADES MÉDICAS.— O cosimento<br />
dois sexos distinetos; d'ahi desenvolve das folhas é empregado, no uso do<br />
se um fructo, á semelhança do pinhão, méstico, contra as fluxões, e o seu<br />
ou do carrapateiro, porém menor. xarope na asthma.<br />
O contacto d'esta planta sobre a pelle A applicação mais notável das ur<br />
humana produz o mesmo effeito que tigas tem sido contra as affecções da<br />
o das outras Urtigas, todavia é menos pelle, sobre tudo de fôrma escamosa,<br />
acre que a precedente.<br />
dartrosa e pustulosa.<br />
Dá-se o cosimento, a infusão, e o<br />
Urtiga de espinho.—Aleotorolo- extracto para usar internamente, como<br />
phus spinosus. — Fam. das Scrophulari- poderosisimo diuretico.<br />
neas.—Planta agreste, conhecida por este<br />
nome nas Alagôos-<br />
Uruba dc caboclo.— Maranla<br />
E' um arbustinho, cujo caule é ar uruba — Mar. furcata, Ness. e Mart. —<br />
mado de espinhos.<br />
Fam. das Marantaceas. — E' conhecida<br />
Suas folhas são oppostas, ellipticas. em Alagoas por este nome um ar<br />
As flores são brancas, em fôrma de bustinho ascendente, agreste, de % a<br />
corneta fendida no limbo, e listrada 2 metros, pouco mais ou menos.<br />
de roixo, por fora, com cheiro enjoa- Caule verde, parecido com o Tativo.quary,<br />
nodoso e articulado.<br />
O fructo é uma cápsula, cheia de Folhas dispostas como as d'aquelle,<br />
muitas sementes pequenas.<br />
alternas, lanceoladas, oblongas, com<br />
estojo na base, onde se prende, e<br />
Urtiga vermelha-—Urtica urens, lustrosas.
URU<br />
( Flores, em cachos, brancas, manchadas<br />
de roixo, transparentes.<br />
Fructinha de cinco millimetros, obconica,<br />
vermelha e roixa na maturidade,<br />
com uma cicatriz no ápice ; contem uma<br />
amêndoa branca, que é a a semente.<br />
Uruba verdadeira.—Maranta.—<br />
Fam. idem.— Esta espeeie, que também<br />
é silvestre, é conhecida nas<br />
Alagoas por este nome.<br />
E' semelhante á precedente, tendo<br />
porém todas as suas partes menores.<br />
O caule' fino, muito esgalhado e em<br />
moita,<br />
Folhas menores, e as flores brancas.<br />
Urucuba ou Páo sangue.—<br />
,Fam. das Myristicaceas.— Arvore conhecida<br />
nas Alagoas por este nome,<br />
e em Pernambuco por Páo sangue e<br />
também Urucuba em ambas as províncias.<br />
E' indígena.<br />
URU 4S3<br />
Tem as folhas medianas e duras.<br />
As flores, não observadas.<br />
O fructo é pyriforme, verde pallido;<br />
abre-se naturalmente, deixando apparecer<br />
um caroço grande, envolto<br />
em uma substancia de consistência<br />
forte, rubra, e cheirosa.<br />
Chamam nas Alagoas a este caroço<br />
N
4*4 UTU UVA<br />
oiães. — Fam. das Euphorbia ceas. — E' Folhas alternas, compostas de cinco<br />
uma arvore do paiz, cujo lenho é até novo pares de foliolos, oppostas,<br />
madeira de lei.<br />
oblongo-lanceoladas, glabras, acuminadas.<br />
Ururiirana. — V. Carrapicho. Flores axillares, dispostss em paniculos<br />
racemosos.<br />
Urucurana. — Bixa urucuran a, Fructo, cápsula pyriforme, e de qua<br />
Willd. — Fam. das Bixaceas. — Esta tro valvas.<br />
planta é a mesma Urucurana carrapicho. As cascas d'esta arvore são amar.<br />
gas, adstringentes e um pouco acres,<br />
Urucurana de Minas. — Cro purgativas, emmenagogas e anthelton<br />
tillicefollium, Mans. —Fam. das minticas;Eu sua accão sobre o utero é<br />
phorbiaceas. — E' uma planta conhecimui<br />
violenta, e em dose elevada proda<br />
em Minas por este nome.<br />
E' purgativa.<br />
duz aborto.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — A decocção<br />
Urucuri-iba ou coqueiro da casca é usada externamente, em<br />
Urucuri-iba. — F. Uricuri. banhos, contra os tumores arthriticos.<br />
O extracto é recommendado em pe<br />
Urucari ou coqueiro Uruquena dose contra a gotta, e em clyscari.<br />
—Attalea excelsa, Mart. —Fam. teres n'um cosimento mucilaginoso con<br />
das Palmeiras.— E' do paiz, e do Norte. tra ascarides, segundo o Dr. Martius.<br />
Urucuri. —E' uma palmeira do<br />
paiz, que vegeta no Pará.<br />
Os fruetos d'esta palmeira entram<br />
na preparação da gomma elástica, que<br />
sem o seu auxilio não toma a consistência<br />
que lhe é própria.<br />
Urucuúba.— F. Urncú.<br />
Utuapoca. — V. Marinheiro de folha<br />
larga.<br />
Utuauba. — V. Gitó.<br />
Uvaaya. V. Uvalha.<br />
Uva ou vinha. V. Videira.<br />
Urumbeba. — V. Jurubeba.<br />
Uva do matto. — Corãea argentea.<br />
Fam. das Cordiaceas. — A uva do matto,<br />
Urupé pironga òu orelha de frueta proveniente de um arbusto sil<br />
páo vermelho. — Cogumello semivestre, que nas Alagoas dão este nome.<br />
circular, que apresenta a face superior E' muito esgalhado, de ramos fle<br />
de côr alaranjada, ou côr de zareão. xíveis.<br />
E' coriaceo, delgado, com algumas Folhas alternas, ellipticas, subcor-<br />
zonas concentricas, hymenio guarnediformes, duras e ásperas.<br />
cido de tubos unidos, quasi polygo- Flores, em cachos pequenos, brancas,<br />
nados, e microscópicos; pediculo late um tanto grandes, de fôrma afunilada.<br />
ral e curtíssimo.<br />
O fructo é uma bagasinha de 10 mil<br />
E' considerado peitoral, e usado em limetros de comprimento, ovoide; seu<br />
gargarejo na angina tonsillar. pericarpo é membranoso, esbranqui<br />
Exige cautela em sua applicação. çado; contêm um caroço no centro,<br />
Utuambá. — Guarea purgans, St.<br />
envolto em uma massa polposa, branca<br />
e doce.<br />
EU- — Fam. das Meliaceas. — Conhe Esta frueta é considerada como uma<br />
cida em Pernambuco por Gitó.<br />
Arvore do Brasil, de ramos averme<br />
das melhores do Brasil.<br />
lhados.<br />
Uvaça do campo. — V. Ubacaba.
UVA UXI 425<br />
Uvalha ou Ubaia do eantpo. O fructo é ácido, um pouco insipido.<br />
— Eugenia pyriformis, St. EU. — Fam. Fructifíca em Novembro.<br />
das Myrtaceas.— E' um fructo agreste, Cultiva-se em S. Paulo.<br />
que se cultiva também, conhecido em Também em alguns lugares Ubaia é<br />
Pernambuco por este nome; em S. Pitangueira. ,-<br />
Paulo, pelo de Uvalha do campo ;e na<br />
Bahia, pelo de Pitoimbo.<br />
Uvá-açúl ou coqueiro Uvá-<br />
Arvore media, as vezes em mouta, acú (por corrupção) Uvá oçú.—Ma-<br />
Ramos lisos, acinzentados.<br />
nicaria saccifera, Mart.—Fam. das Pal<br />
Folhas oppostas, lanceoladas, estreimeiras.— Vegeta nas bordas do Amatas,<br />
de verde escuro, coriaceas, semizonas.opacas, baças..<br />
As folhas tem analogia com as da<br />
Flores solitárias, ou em pequenos Bananeira.<br />
grupos, brancas como a flor do Araça, Os indios fabricam barretes com o<br />
porém menores, e com algum cheiro. tecido fino, que serve de envolucro aos<br />
O fructo é do tamanho de 10 a 15 cachos dos fruetos do Uvaoçú.<br />
millimetros, pyriforme, ou em fôrma<br />
de pião, com quatro aspasinhas verdes Uvapurama. — Myrtus racemosa,<br />
no ápice.<br />
Mart.—Fam. das Myrtaceas.—Esta plan<br />
O pericarpo é uma pellicula delgada, ta vegeta em lugares próximos ao<br />
fina,'de côr amarella alaranjada; con<br />
mar.<br />
tem uma massa polposa, aquosa, acfda<br />
Suas folhas são ovaes, lanceoladas.<br />
e doce, de sabor agradável, com um Suas flores, em pequenos cachos.<br />
ou dois caroços no centro, grandes, i A raiz é diuretica e desobstruente;<br />
esphericos, um pouco achatados, de a casca febrifuga, assim como as se<br />
côr acinzentada ou parda clara.<br />
mentes .<br />
E' mui aromatico este fructo; é comestível,<br />
delle faz-se bom doce, e<br />
de seu xarope, limonada, refrigerantes<br />
Uxi. — Uxi umbrosissimus. — Fam.<br />
e gelea.<br />
das Chrysobolaneas. — Arvore colossal,<br />
Em S. Paulo, amadurecem os fruetos<br />
que habita nas florestas do Pará, bas<br />
d'esta espécie em Fevereiro; em Pertante<br />
frondosa e de folhagem espessa,<br />
nambuco, em Março e Abril; varia a<br />
sendo sua côr de um verde escuro.<br />
epocha segundo as circumstancias ath-<br />
Os seus fruetos, verdadeiras drupas<br />
mosphericas.<br />
indehiscentes, abundantíssimas e aromaticas,<br />
são mui estimados como ali<br />
Uvalha.— Eugenia uvalha, St. EU. mento, pelo seu pericarpo.<br />
—Fam. das Myrtaceas.—Esta outra es O caroço do fructo é recommendado<br />
pécie de Ubaia, conhecida sob o nome pelo Sr. Dr. Castro, do Pará, como<br />
de Uvalha em S. Paulo, é indígena próprio para combatter e previnir os<br />
também, semelhante á precedente, po escarros de sangue e as hemorrhagias<br />
rém com o fructo muito maior. uterinas, na dose de 4 á 8 grammas<br />
As folhas mais oblongas, e os ramos n'uma infusão de rosas rubras, ou ti-<br />
na sumidade são quadrangulares. sana de raiz d'althea.<br />
56
4«6 VAS VAS<br />
V<br />
Vumpi.— Coohia punctuata, Retz. — Porem é principalmente empregada<br />
Fam. das Aurantiaceas.— É uma arvore em banhos como emolliente.<br />
da China, cujo tronco é verrucoso.<br />
As folhas, em palmas.<br />
Vassoura ou Vassourinha<br />
As flores, em cachos.<br />
de botão.— Cephalanthus scoparius.—<br />
O fructo é uma cápsula earnosa, for<br />
Fam. das Rubiaceas.—Assim chamam em<br />
mada de 5 cocas ; é comestível, de sabor<br />
Pernambuco a uma planta de 24 centi<br />
ácido.<br />
metros a Vi metro de altura, e que resiste<br />
Suppomos ser cultivada entre nós.<br />
a todas ás estações; esgalha muito.<br />
O nome de Vampi é o mesmo por que<br />
Tem o caule castanho, muito duro.<br />
é conhecida no seu paiz natal.<br />
Raizes mui agarradas.<br />
Vapores.—V. Jasmim de S. José.<br />
As folhas oppostas e mui estreitas.<br />
As flores são reunidas em circulo<br />
Vara-apiá. —<br />
Pará.<br />
V<br />
em diversos pontos do caule, e como<br />
Grão de gallo do\<br />
I pequenas angélicas brancas.<br />
Os fruetos desenvolvem-se, reunidos<br />
Vareta. — Cipura paludosa.— É o também, formando um grupo de capsu-<br />
mesmo que Maricá paludosa, Aubl. — lasinhas.<br />
Iridacea.<br />
Esta planta, que não é verdadei<br />
Chamam-na também Coqueirinho do ramente herva, tem a duração de ar<br />
campo, e também Alho de campina ou do vore.<br />
matto.<br />
Tem-se descoberto que seu cosimento<br />
é útil, em banhos e internamente, na<br />
Vassoura ou Tupitcha.—Sida elephantiasis.<br />
carpinifolia, Linn.—Fam. das Malvaceas.<br />
—Esta herva, que nas províncias do sul<br />
do Império é chamada Vassoura ou Tu Vassoura do campo.—Dodonaa<br />
pitcha, não é a mesma planta Vassoura viscosa, Linn e Willd.—Fam. das Sapin-<br />
do norte.<br />
daceas.—É uma arvore ou arbusto, que<br />
Ella é semi-herbacea.<br />
no Rio de Janeiro e províncias do Sul<br />
As folhas alternas, ovaes oblongas. tem este nome.<br />
As flores, em grupo de quatro, nas Ella é mediana.<br />
axillas das folhas.<br />
Seus ramos são avermelhados.<br />
Os fruetos são como os das outras As folhas, oblongas, ovaes e vis-<br />
plantas, formados de muitas coccas reucosas.nidas, e terminadas em dois esporões As flores em cachos.<br />
agudos, formando as ditas coccas reu O fructo pequeno, de três coccas,<br />
nidas um globo achatado.<br />
encerra três caroços redondos, ou so<br />
Os habitantes do Sul applicam as mente dois.<br />
folhas d'sta planta, pisadas, sobre as Floresce em Maio.<br />
picadas das vespas; e amarradas em Os fruetos amadurecem em Setem<br />
feixes servem como de vassouras. Em bro, Outubro, e Novembro.<br />
lingua guarany é Tuplchá.<br />
Ha muitas espécies.
VAS VEL 4»9<br />
Vassoura de forno. — V. Alfavaca<br />
de cobra no Pará.<br />
Vassoura ou Vassourinha<br />
de varrer.— Scoparia âulcis, Linn.<br />
e Lamh.— Vandellia pratensis.— Fam.<br />
das Scrophularineas. — Esta herva campestre,<br />
conhecida em Pernambuco por<br />
este nome, é natural de ambas as<br />
Américas^.<br />
Vegeta por toda parte, esgalha muito 7 O cerne d'esta arvore é duro, côr<br />
de rosa, porém desmaiado.<br />
E' notável por arder quando ainda<br />
verde, como se estivesse secco.<br />
Seu porte é bello para ornar jardins.<br />
Vassourinha.— V. Vassoura de<br />
botão.<br />
Vassourinha dc botão.— Ve<br />
, geta nos terrenos frescos.<br />
e tem de altura até % metro e 12 centíme E' usado como emolliente.<br />
tros.<br />
Folhas miúdas, estreitas, azuladas. Velame bravo.— Capgronia rufa,<br />
As flores, brancas, e revestidas de Croton triquetrum, Lamh —Fam. das<br />
um pello sedoso no meio.<br />
Euphorbiaceas.— O velame bravo é co<br />
O fructinho, sobre longo pedunculo, nhecido nas Alagoas por tal nome,<br />
é redondo, parecido com o do Coentro; assim como em outros lugares; talvez<br />
encerra grande numero de sementes seja a planta que os antigos botânicos<br />
miudissimas.<br />
citam debaixo do nome scientifico de<br />
Croton triquetrum, Lamh.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. —E' empre<br />
E' um subarbustinho de côr loura,<br />
gada como antihemorroidal em banhos de 1 a 1 Vi metro de altura.<br />
e clysteres, e também nas retenções Ramos castanhos, pubescentes.<br />
de urinas, tomado o seu cosimento Folhas alternas, ovaes, lanceoladas,<br />
internamente.<br />
também pubescentes, com pellos estrei<br />
Ella reúne propiedades adstringentes tados e macios nas margens.<br />
e mücilaginosas.<br />
As flores são de dois sexos, em es<br />
E' útil nos catarrhos pulmonares, pigas engastadas; as estéreis occupam<br />
e regularisa o fluxo catamenial, empre a parte superior, as férteis a inferior;<br />
gada na dose de duas onças do sueco são brancas, lanuginosas.<br />
de suas folhas; aproveita contra as O fructo é uma noz de três coccas,<br />
dores de ouvido.<br />
com três sementes semelhantes aos do<br />
No Pará preferem-na á quina, para Carrapateiro.<br />
combatter as febres.<br />
Não empregam esta espécie em me<br />
No uso doméstico serve-se como vasdicina.soura. Velame do campo. — V. Velame<br />
Vassoureir© eu Canzenze.— verdadeiro.<br />
Mimosa incendiata — Fam. das Leguminosas.—<br />
Bonita arvore elevada e sil Velame miúdo. — Oxalis nitida.<br />
vestre, que é conhecida por este nome — Fam. das Oxalidaceas. — É uma pia<br />
nas Alagoas.<br />
tinha herbacea de %. metro, que ve<br />
Sua casca é parda.<br />
geta nos lugares humidos ou frescos,<br />
Seu porte assemelha-se ao do Angico. dão-lhe este nome nos sertões do Norte.<br />
A folhagem, miúda como a do Herva pequena e delicada.<br />
mesmo Angico, é destribuida em pal De folhas em palminhas, com três<br />
mas.<br />
foliolos, pequenos, embaciados e quasi<br />
As flores, em feixes globulosos, pa ovaes.<br />
recendo frocos de retroz esverdinhado. As flores, com a côr e o aspecto da<br />
O fructo é uma vagem achatada e rosa simples, sem cheiro.<br />
. regular.<br />
O fructo é uma cápsula psquena,
4«S VEL VID<br />
ovoide, com cinco ângulos dentro, di Verbaaeo. — V. Barbasco.<br />
vidida em dez compartimentos, contendo<br />
uma ou duas sementes em Verorola. — V. Ucuüba.<br />
cada um.<br />
No sertão empregam o cosimento Vetlver. — Andropogon muricalum.—<br />
d'esta planta nas dores arthriticas, e nas Fam. das Gramineas. — É um capim<br />
febres malignas, (febres perniciosas.) cuja raiz é muito cheirosa; elle dá<br />
quasi por todos os lugares do globo.<br />
Velame verdadeiro. — Croton<br />
E' empregado, pelo seu forte aroma,<br />
campestris, Mart. — Fam. das Euphorbia para perfumar os moveis, ou preserceas.<br />
— Arbustinho conhecido por este var a roupa dos insectos.<br />
nome em S. Paulo, Pernambuco, Alagoas<br />
e ' Parahyba; eleva-se de 3 a 4 Viba. — V. Canna d'assucar.<br />
metros mais ou menos.<br />
'Caule de lenho duro, com a extremi Vietoria Regia.— Lindly.— Fam.<br />
dade coberta de pellos rentes.<br />
das Nimpheaceas.—É uma planta magní<br />
Folhas alternas, ovaes-oblongas e pufica, descoberta ha alguns annos, nos<br />
bescentes.<br />
grandes rios da Goyanna e do Amazonas<br />
As flores, em espigas nas pontas pelos Srs. Bompland et d'Orbigny, e<br />
dos ramos, são aromaticas, brancas, pu dedicada á rainha d'Inglaterra.<br />
bescentes ; e são de dois sexos.<br />
Suas folhas redondas e onduladas,<br />
O fructo é uma noz de três coccas, de 1 a 2 metros de diâmetro, fluc-<br />
com três caroços; bem como no do tuam á superfície d'agua, acima da<br />
bravo.<br />
qual se elevam soberbas flores largas,<br />
de 3 decimetros, brancas, tendo o centro<br />
purpurino.<br />
As sementes são boas para se comer<br />
assadas, como as do milho; d'onde<br />
vem o nome de Milho d'agua, dado a<br />
estas flores, pelos guaranys.<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS. — É superior<br />
a todos os depurativos conhecidos, e<br />
empregado com suecesso para curar<br />
as empingens, a cachexia escrophulosa,<br />
as affecções venereas ligeiras ou<br />
inveteradas, os tumores, e a carie dos<br />
ossos, e sobre tudo nas affecções venereas<br />
constitucionaes, que resistiram<br />
ao mercúrio.<br />
É applicado nas moléstias cutâneas<br />
syphiliticas, elephantiasis dos árabes,<br />
erysipelas brancas, nas dores rheumaticas<br />
egottosas, nas ulceras venereas,<br />
nos casos de menstruação difflcil, nos<br />
catarrhos da bexiga e nas ulceras do<br />
utero.<br />
Passa por excellente medicamento<br />
contra os tuberculos, etc.<br />
Vicuiba. — F. Bicuiba.<br />
Vldeira.— Vitis vinifera.— Fam.<br />
das Ampellidaceas. — Arbusto trepador<br />
e sarmentoso muito vulgar; origiuario<br />
do Oriente, mas cultivado nas regiões<br />
meridionaes das zonas temperadas<br />
de todos os continentes.<br />
Ha mais de mil e quatrocentas variedades<br />
conhecidas.<br />
O sueco extrahido da uva soffre uma<br />
fermentação, e constitue o vinho: bebida<br />
já conhecida na antigüidade.<br />
Velame do campo de Minas. Ha numerosas qualidades de vinhas,<br />
— Croton fulvus, Mart. —Fam. idem.— ueterminadas geralmente pela varia-<br />
Esta espécie nos parece differir pouco dade do terreno, da exposição, do clima,<br />
da outra.<br />
da temperatura dominante, do gráo dc<br />
Tem os mesmos usos.<br />
maturidade, pela maneira de o tratar<br />
no lugar, na adega, nos toneis, nas<br />
Velludo. — V. Bredo namorado ou garrafas, etc.<br />
Beijo de palma.<br />
Portugal, a Hespanha, a França, a
VIN VIN 4S9<br />
Itália, as ilhas do Mediterrâneo, e algumas<br />
do Occeano atlântico, a Grécia<br />
etc, são os paizes que fornecem<br />
os melhores vinhos.<br />
No Brasil as videiras dão, duas vezes<br />
no anno, bem boas uvas, em todas as<br />
nossas províncias.<br />
Em S. Paulo, Santa Catharina, e<br />
Rio Grande do Sul, o sueco da uva<br />
fermenta perfeitamente, e produz bom<br />
vinho.<br />
Tudo, pois, obriga-nos a chamar a<br />
attenção dos nossos agricultores para<br />
a cultura da videira e fabricação do<br />
vinho.<br />
Além do vinho, fornece a videira<br />
ainda outros productos; bem como o<br />
álcool ou espirito de vinho, o vinagre<br />
feito do vinho, o tartaro e o ácido<br />
tartarico, que são substancias obtidas<br />
pela fermentação do vinho ou pela<br />
fabricação d'este produeto..<br />
Uma variedade particular, cujos cachos<br />
são formados por bagos pequenos<br />
e sem sementes, e que se cultiva na<br />
Grécia, dá as uvas passas, de Corintho,<br />
menores.<br />
Outra espécie, que tem bagos maiores<br />
e sementes, dá as uvas passas<br />
ordinárias, do Oriente,, da Grécia e da<br />
Hespanha, e com especialidade de<br />
Malaga.<br />
A uva é uma frueta excellente;<br />
goza de propriedades laxativas e diureticas.<br />
Emprega-se em medicina a mistura<br />
de partes iguaes de passas, tamaras,<br />
jujubas e figos, que constitue<br />
o que se chama nas pharmacias quatro<br />
fruetos peitoraes, que servem para<br />
a preparação de cosimentos peitoraes.<br />
e Pernambuco por Vinagreira, e no<br />
Rio de Janeiro, Alagoas e Bahia por<br />
Carurú azedo.<br />
Tem o aspecto de um quiabeiro, de<br />
quem é congênere.<br />
O caule vermelho rubro, apresentando<br />
nós, esgalha pouco.<br />
As folhas são alternas, com três lobos,<br />
de côr verde roixeado, e o peciolo<br />
longo; são suceulentas, e dão gosto de<br />
vinagre.<br />
As flores são grandes, bem semelhantes<br />
as do quiabeiro, porém de côr<br />
amarella desmaiada, e riscada de finos<br />
filetes vermelhos.<br />
O fructo assemelha-se ao do quiabo,<br />
sendo então redondo ou ponteagudo, dentro<br />
dividido em casinholas, e com cinco<br />
sementes reniformes.<br />
• Foi acelimada no extineto jardim botânico<br />
de Olinda, e propagou-se tanto,<br />
que hoje ha nos lugares humidos e nos<br />
prados.<br />
O fructo contém um ácido semelhante<br />
ao do vinagre.<br />
Vinda caa.—Catimbuim nutans (?)—<br />
Fam. das Amomaceas.— Esta planta é da<br />
natureza do Cardomomo, do Gengibre, da<br />
Araruta.<br />
Esta, porém, é empregada nas diarrhéas,<br />
em cosimento, e seus fruetos nas<br />
eólicas.<br />
Vina ou coqueiro Vi na.—Iri<br />
Vinltatico.—Fam. das Leguminosas.<br />
—Esta é uma das arvores interessantes<br />
das mattas do Brasil, conhecida em Pernambuco<br />
e em Alagoas por Amarello.<br />
E' colossal, de tronco grosso, e casca<br />
escura, gretada e ramosa.<br />
As folhas são em palmas, um tanto<br />
viscosas, dando maior ou menor quantidade<br />
de resina.<br />
artea sphcerocarpa.—Fam. das Palmeiras. A copa é elevada, de pouca largura,<br />
—Suas folhas servem para cobrir ca um tanto vistosa, e de alguma elesas,<br />
e sua madeira fluetua n'agua, ainda gância.<br />
mesmo verde.<br />
A flor é regular, formada de cinco<br />
pétalas livres, um tanto"coriaceas, erec-<br />
Vinagreira.— Eibiscus sabdariffá, tas, lineares, lanceoladas e agudas.<br />
Linn. — Eibiscus bifurcatus. —Fam. das Os estames existem em numero de<br />
Malvaceas.—Este arbusto, originário da dez pouco mais ou menos.<br />
índia, é conhecido no Pará, Maranhão O fructo é uma vagem, ás vezes
430 VIS VIU<br />
curva, á semelhança de uma espada<br />
turca,<br />
A madeira é amarella, com veios<br />
vermelhos |e escuros, ondeados, e de<br />
uma belleza particular, principalmente<br />
quando envernisada.<br />
E' madeira de grande utilidade,<br />
tanto nas construções navaes como<br />
civis, e na marceneria.<br />
E' de que se fazem as boas canoas<br />
para navegação dos nossos rios.<br />
(Fig. 31.;<br />
Vinhatico.— Flor de Algodão.—<br />
Fam. idem.— Arvore semelhante á precedente,<br />
com á differença de que a<br />
arvore silvestre do Brasil, sem duvida<br />
uma das mais dignas de admiração.<br />
Se o Cedro do L:bano mereceo tanta<br />
attenção dos poetas europoos, só pela<br />
sua altura, elevando seu collo sobre<br />
as outras de seu reino, que diremos<br />
do Visgueiro ?<br />
O visgueiro é o gigante da florosta<br />
brasileira ; elle ergue sua vistosa cúpula<br />
de maneira que, com um simples<br />
lance de vista ao longe, vè-se-o como<br />
o rei da selva, dominando toda a<br />
matta, e distinguindo-se de todas as<br />
demais arvores.<br />
Elle é de tronco colossal, até certa<br />
altura sem ramificação, e d'ahi por<br />
madeira é fraca e o tecido muito frouxo ; diante estendendo seus grossos galhos<br />
a côr assemelha-se á da flor do al em verticillio horisontalmenlje, e forgodão.mando<br />
uma cúpula engraçada, re<br />
E' procurado para pequenas obras vestida de uma folhagem em palmas<br />
de marceneria.<br />
miúdas, densas, e do um verde gaio.<br />
Sua casca é grossa, escura e sul-<br />
Viola ou violeta.— Viola adorata, cada.<br />
Linn.— Fam das Violaceas.— Planta cul Esta copa offereee grande e mativada<br />
nos jardins das províncias do gnífica sombra, uma vez que não seja<br />
Sul do Império.<br />
na epocha da anthese, porque então<br />
Caule molle.<br />
exsuda de suas flores abundante sueco<br />
Folhas cordiformes e denteadas. viscoso, que alastra o chão, e cuja<br />
Flores roixas, de cheiro suave. consisteneia é tal, que agarra um<br />
pássaro por maior que seja, se alli<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—'São usadas pousar.<br />
como peitoraes, emollientes, e diapho- As flores são pequenas, engastadas<br />
reticas; empregados nos defluxos e em um corpo arredondado, de duas<br />
outras moléstias acompanhadas de pollegadas de circumferencia ; são como<br />
tosse.<br />
angélicas brancas.<br />
Internamente, 2 a 4 grammas para O fructo, porém, é uma vagem longa,<br />
500 grammas d'agua.<br />
de 48 centimetros de comprimento, ondulada,<br />
com sementes redondas dentro.<br />
Violeta de três cores ou<br />
E' curioso vêr-se os pedunculos das<br />
amor perfeito. — Viola tricolor.— flores, á semelhança de um cordão tran<br />
Fam. das Violaceas.— V. Amor perfeito. çado de retroz carmezim, com sua<br />
Violeta do Pará.— Sida repens.<br />
borla na ponta amarella, embalandose<br />
ao soprar dos ventos.<br />
— Fam. das Malvaceas.— Esta espécie, Mas, para contrastar essa belleza, deu-<br />
nos parece, é a Rasteirinha ou o Coralhe<br />
a natureza um lenho frágil, poçãozinho<br />
de Pernambuco.<br />
roso, e de um branco desagradável,<br />
E' tida por mucilaginosa, e dada tanto que só serve para Ser empre<br />
em clysteres, para combatter as hegado em obras inferiores, taboado, etc.<br />
morrhoides.<br />
Ha duas espécies, sendo uma de<br />
flores amarellas; no mais confundem-se.<br />
Visgueiro:— Mimosa melliflua.—<br />
Fam. das Leguminosas.— O visgueiro é Viuva, (flòrj — Fam. das Apocyna-
XIQ XIX 481<br />
ceas. — E' uma flor- exótica, que em<br />
Pernambuco recebe este nome, sem<br />
duvida, pelo facto de ser roixa.<br />
Ella é um arbusto trepador, ou que<br />
inclina-se sobre outras plantas.<br />
E' esgalhada.<br />
De folhas oppostas, ovaes-agudas,<br />
de côr veide escura, e um pouco duras.<br />
Flores em cachos, espigados, de um<br />
roixo bonito, e aspecto como o do Jasmim,<br />
Vtiba. — Gynerium sacharoidest, Nees.<br />
— Arundo sagittaria, Marco Pers. —<br />
Fam. das Gramineas. — Este vegetal é<br />
uma graminea gigante, de altura de 5<br />
a 6 metros, de folhagem grande, e<br />
flores em densos cachos.<br />
O cosimento de suas raizes é empregado<br />
contra a queda dos cabellos.<br />
A planta é sacharina e mucilaginosa.<br />
tendo porém no centro um botãosi-<br />
j<br />
Vaiar ame. — Eelícteres brasiliensis.<br />
nho do mesmo tecido, que tapa o tubo — Eelícteres irosa, Vell, e Linn. —Fam..<br />
da flor; ella tem leve cheiro. das Sterculiaceas. — Arbusto de folhas<br />
cordiformes, oblongas.<br />
O fructo é em espiral, a maneira<br />
Viuva, (flor) —Fam. das Melastode<br />
um sacca-rôlha. ,. *<br />
maceas. — E' uma planta de jardim. As flores são usadas nas anginas,<br />
A flor é roixa e muito bonita; na em gargarejos.<br />
Bahia dão este nome.<br />
Ha muitas espécies.<br />
x:<br />
Seringueira do Pará.—F" Sezontaes, que representam como que uma<br />
ringueira.<br />
umbrella, e suecessivamente vai apresentando<br />
essa disposição.<br />
Xintbaúva.—Acácia.—Fam. das Le Suas flores são brancas, grandes,<br />
guminosas-—Arvore do Brasil, conhecida muito lacineadas, e de pouco aroma.<br />
por este nome nas Alagoas.<br />
O fructo é de 5 á 6 centimetros de comprimento,<br />
redondo, achatado, e verme<br />
XiqueeUtique. -Ha varias espécies lho por fora; tem o pericarpo grosso,<br />
com este nome.<br />
molle e tenaz; dentro fôrma uma<br />
massa espessa, farinacea, rubra, cheia<br />
Xiquexique. — E' uma espécie de de sementinhas miúdas e pretas.<br />
palmeira da qual fazem cordas. O sabor do fructo é doce e agradável.<br />
Xiquexique de Pernambuco. O uso demasiado d'este fructo des<br />
—V. Tange-tange.<br />
envolve as urinas, e torna-as vermelhas.<br />
Xiquexique do sertão.—Cactus. O lenho é excellente combustível, e<br />
—Fam. das Nopaleas.—E' uma arvore arde tão facilmente, que, uma vez ac-<br />
própria das catingas, conhecida por este ceso, não precisa mais ser abanado.<br />
nome no sertão.<br />
Não é muito alta.<br />
Serve de archote.<br />
Seu tronco, cheio de espinhos, eleva- Xiriubeira.—V. Eerva chumbo<br />
se até 2 ou 3 metros ; ella esgalha de<br />
certa altura, estendendo ramos hori- Xixi.—Jiluantea emetica.—Fam. das
43* YPA<br />
Leguminosas,—Planta do paiz, cujo sueco Seu caule é alastrado ou trepador,<br />
serve de verniz.<br />
cheio de tortuosidades, e áspero.<br />
A casca é resinosa; tem o sabor amar- As folhas, meio cordiformes e lobagoso<br />
e muito adstringente.<br />
das, tem gavinhas.<br />
E' empregada como vomitorio. As flores são brancas.<br />
O fructo, de fôrma quasi conica ou<br />
Xuchú.— Cucumis flexuosa, Linn.— oval-oblonga, de 9 á 12 centimetros da<br />
Fam. das Cucurbitaceas.—E' uma planta comprimento , tem a superfície rugada<br />
própria de hortas, cultivada no Brasil, e angulosa, principalmente na base.<br />
especialmente nas províncias do Sul, No ápice tem uma ponta e dentro<br />
sendo em maior escala no Rio de Ja uma massa branca, aquosa, com seneiro.mentes<br />
brancas, ellipticas.<br />
Ella é oriunda da índia, e resulta Este fructo é um legume que se codo<br />
de uma planta trepadeira, congênere sinha com carne, e serve em outros<br />
do Maxixe.<br />
guisados.<br />
Yatay ou coqueiro Yatay. — O seu sabor é puramente aromatico, e<br />
Fam. das Palmeiras.—Esta palmeira vive os indígenas usam muito d'esta planta<br />
nos lugares arenosos.<br />
para fortalece-los em seus trabalhos.<br />
Das suas fruetas fazem aguardente. Ha mais três espécies de Ypadus,<br />
As folhas servem para chapeos, e do que são empregadas como adstringen<br />
tronco faz-se farinha.<br />
tes, e contra as mordeduras de cobras.<br />
Os indígenas do Amazonas seccam as<br />
Ybamerato.— F. Cajueiro.<br />
folhas do Ypadu, reduzem-na a pó, em<br />
pilões apropriados, e misturam com um<br />
Ybirarema.—F. Ibirarema.<br />
pouco de cinza de Umbauba e um bocado<br />
de tapioca; trazem na boca essa com<br />
Ybira-paye.—F Aguay.<br />
posição, engulindo-a quando ella tornase<br />
bem macerada.<br />
Yciy.—V. Icicariba.<br />
Ycó.— Colicodendron Ycó.—Fam. das<br />
Capparideas.—F. Icó<br />
Ypadú.—Erythroxilon coca, Lamh.—<br />
Yquetaria ou Yquetaia —<br />
Scrophularia aquática, Linn. e March.—<br />
Fam, das Erythroxileas.— E' um arbusto Fam. das Scrophulariaeas.— Planta her<br />
de ramos escamosos»<br />
bacea, que vegeta nos lugares fluviaes.<br />
Folhas membranosas.<br />
Seu caule é quadrangular.<br />
Poucas flores.<br />
As folhas são cordiformes.<br />
O fructo contém um só caroço.<br />
A3 flores em cachos.<br />
As folhas, em pó, obram sobre o systema<br />
nervoso.<br />
E' originaria da Europa.<br />
A sua infusão nem só satisfaz a sede PROPRIEDADES MÉDICAS.—Assegura-se<br />
como a fome; mascando-se a folha que esta planta é um bom remédio para<br />
obtem-se o mesmo effeito.<br />
as apoplexias, pleurizes e febres inter-<br />
4<br />
YQU<br />
Ypú.—E' o Convolvulos operculalus, de<br />
Gomes.
ZAN ZAN 433<br />
mittentes. Serve para tirar ao senne, o Liliaceas.— Esta planta é semelhante a<br />
cheiro nauseabundo que têm.<br />
que nos nossos jardins se cultiva, e que<br />
hoje está muito generalisada no paiz<br />
Ytó,—F. lto.<br />
com o nome de Pureza.<br />
Esta espécie fornece uma matéria re-<br />
Ytica.—Yucca aromatica.— Fam. das sinosa, análoga ao Elemi.<br />
Zaboeíro.—Pomo de Adão, ou em<br />
Assyrio Zambôa.<br />
Zabucaio— V. Sapucaia.<br />
Zaburro.—F. Milho.<br />
Zambueiro.— E' uma espécie de<br />
Cidreira.<br />
Zarza ou Sarza.—O mesmo que<br />
Salsaparrilha.<br />
Zingiber. — V. Gengibre.<br />
Z.<br />
romboides, denteadas, de côr verde<br />
escura e opacas.<br />
As flores são nas axillas das folhas,<br />
solitárias, com pedunculo comprido.<br />
O cálice campanulado, anguloso, com<br />
cinco lobos agudos, ellas são amarellas,<br />
côr de ganga, como rosas simples,<br />
e imitando as flores dos demais relógios.<br />
O fructo tem 10 gomos, á semelhança<br />
também dos outros relógios; os seus<br />
gomos se desunem, e acabam em uma<br />
ponta aguda que espeta, parecendo cada<br />
um delles um pequeno dente d'alho.<br />
Zanzo ou Relógio.—Sida rom-<br />
PROPRIEDADES MÉDICAS.—Esta semente<br />
boifolia, Linn. e Spl. e Sida suppurativa- offereee uma amêndoa, qne pisada com<br />
—Fam. das Malvaceas .—E' uma herva um bocadinho d'água, dá-se a beber con<br />
silvestre, que em Pernambuco tem este tra as retenções de urinas, e obra quasi<br />
nome.<br />
como especifico, mas até a dose de 1<br />
Vegeta em toda a parte, até pelas decigramma e 5 centrigrammas.<br />
calçadas.<br />
As folhas, pisadas com um pouqui<br />
Chega até % metro e 12 centimetros nho de sal, applicam nos lobinhos e<br />
de altura.<br />
outros tumores duros e indolentes, com<br />
Seu caule é escuro, arroixeado em o fim de desenvolver a supuração e ex<br />
uns indivíduos, e verde em outros. trahir o puz ou matéria sebacea; de<br />
A base é lenhosa.<br />
pois ella mesma, pisada com assucar<br />
As folhas alternas, lanceoladas, sub- e posta sobre a ferida, a cura.
ao:R-:R_iGrE:N"iD.A.s.<br />
2E3tsíSE<br />
Onde se trata da Azedinha, em lugar de Bignonia, e familia das<br />
Bignoniaceas, leia-se Begonia, e familia das Begoniaceas, (á qual não pertence<br />
a Caroba.)<br />
Onde se trata do Jequitiha ( Pyxidaria macrocarpa ) em lugar<br />
de familia das Lichenaceas, leia-se familia das Leguminosas.
pi<br />
h '«aí<br />
PS<br />
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]/'•• \ \ li \'i>- f ' !"
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