Livro - O Recreador Mineiro - ICHS/UFOP

3 – O Romance-Folhetim e o Discurso Liberal em o Recreador Mineiro
3.1 – De onde vem o romance-folhetim ?
Inventado pelo jornal, e para o jornal, o feuilleton-roman, como era chamado a
princípio, surgiu na década de 30 do século XIX na França. Segundo Marlyse Meyer, o
gênero foi concebido por Émile Girardin que, para democratizar o jornal na época de
consolidação da burguesia (não mais privilegiar apenas os que podiam pagar por caras
assinaturas), aumentando assim o seu público leitor, deveria tornar o produto mais
barato (o que conseguiu com a utilização da publicidade, de origem inglesa) e “arejar-
lhe a matéria, tornando-o mais acessível”. 144
Devemos observar que já havia desde o começo do século o feuilleton, ou
rodapé, de tom e assuntos tradicionalmente mais leves que o resto do jornal e muito
cerceado pela censura. Completado com a rubrica da “variedade”, o folhetim pode ser
dramático, crítico, tornando-se cada vez mais recreativo. Por esse viés penetra a ficção,
na forma de contos e novelas curtas. Utilizando-se do que já ocorria nos periódicos,
Girardin da um passo decisivo quando publica ficção em pedaços, criando “o mágico
chamariz ‘continua no próximo número’ e o feuilleton-roman.” 145 Meyer considera que
para atingir um público mais amplo ao qual se destinava a publicação em série a
estrutura da narrativa era delineada pelas condições de publicação, suscitando uma
forma novelesca específica que acabará por se confundir com o termo folhetim.
144 MEYER, Marlyse. Folhetim: uma história. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 30
145 Idem. p. 31
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