Livro - O Recreador Mineiro - ICHS/UFOP

estrangeiro, para o imitarmos, e nem por isso ficamos compromettidos
a tractar com despreso o que é nosso quando mesmo inferior(...).” 139
Percebemos até então que os redatores e, neste último caso um dos assinantes do
periódico, tinham consciência da supervalorização daquilo que vinha do exterior.
Contudo, primavam pelo reconhecimento do caráter nacional, evidenciando que a
apropriação das idéias estrangeiras seria viável para a restauração e manutenção social
estimada pelo momento histórico que passavam. Este, suportado por um crescente
espírito lusofóbico de distinção e aversão a Portugal. Veremos então, no terceiro
capiítulo deste estudo, como o estrangeirismo e o historicismo se fizeram presentes nos
romances-folhetins publicados em O Recreador Mineiro.
Ainda no artigo O Estrangeirismo, o assinante faz referência ao fato de que os
romances são registro dos usos e costumes dos povos, o que mostra a necessidade de
registrar por meio da literatura os traços da cultura e da identidade nacional. O caráter
histórico atribuído ao gênero é apontado também pelos redatores do Recreador no
artigo O Romance. Observam a relação entre a Literatura e a História como traço
inerente ao gênero folhetinesco. Deve-se também observar que os romances-folhetins
eram publicados na seção “Memória” do periódico sob o tema “História”.
Desse modo, na edição de 15 de junho de 1847, figura um texto intitulado A
Serra da Saudade, que é caracterizado pelos assuntos do índice como “Romance
Histórico”. E no artigo intitulado O Romance, publicado à página 19 do segundo
número do Recreador, declaram os redatores que o romance se constitui como fiel
resumo dos hábitos e costumes de uma nação. Comentam que o filósofo imparcial, por
muitas vezes procura a verdade na história e vai encontrá-la no romance, pois:
139 Ibidem.
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