19.04.2013 Views

Livro - O Recreador Mineiro - ICHS/UFOP

Livro - O Recreador Mineiro - ICHS/UFOP

Livro - O Recreador Mineiro - ICHS/UFOP

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

omance com ar desdenhoso. Ainda que houvesse seu autor semeado nele “todas as<br />

flores da eloquencia narrativa e crônica, todos os principios phylosophicos recebidos”,<br />

nada valeria. Nada disso seria bastante, pois logo alguém diria:<br />

“que graça tem isto? não vejo aqui lady fulana, miss tal, mistress.... e<br />

mais nomes e tratamentos que nos romances inglezes se encontrão.<br />

(...)Diz outro :__ Aqui falla-se em D. Laura, nada de madamoisell,<br />

como nas novellas francezas, nem em monsieur de tal: nem huma<br />

personagem é um sir, hum cavalheiro; e de mais onde está huma<br />

campina coberta de neve, hum rio gelado e outras cousas? Huma<br />

menina que eu vi ali no arraial... (nome tão trivial), e hum esturdio que<br />

eu vi muitas vezes apanhando bolos na eschola do mestre.... são la<br />

para heróes d’hum romance? O meu patricio autor do romance que<br />

cuide noutra vida.” 138<br />

Portanto, aquilo que não cheirasse a estrangeiro não prestaria. E o resultado<br />

disso, segundo o assinante, seria não querer o poeta honrar com sua pena as belezas do<br />

solo pátrio e narrar os costumes de seu povo; reduzindo a fatos a moral, os prejuízos e<br />

as preocupações deste para “emenda” de seus erros e demais fins de importância aos<br />

quais pode se destinar sua obra. Aqui percebemos as relações existentes entre o gênero<br />

romance e a função pedagógica da literatura. Nota-se também que a predileção dos<br />

leitores por romances ingleses e novelas francesas pode ter balizado a escolha de<br />

temáticas, espaços, personagens e outros elementos da narrativa. Observemos também<br />

que o periódico dispunha de um tradutor inglês chamado John Morgan e que os<br />

redatores aceitavam a colaboração de estrangeiros para a produção do jornal.<br />

138 Idem.<br />

Por fim, declara o assinante que:<br />

“Não é assim que se tem huma litteratura nacional; é sim<br />

acoroçoando, ainda que sem exageração, os esforços de nossos artistas<br />

ou litteratos. Podemos e devemos admirar o que for bom do<br />

87

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!