Livro - O Recreador Mineiro - ICHS/UFOP

Até este ponto, pudemos então verificar a existência de traços do romantismo
político em o Recreador Mineiro, bem como a difusão dos discursos ético, político,
jurídico e econômico vinculados ao pensamento liberal. Procuraremos então, na seção
seguinte, pontuar e analisar as relações propostas pelos redatores e pelos assinantes do
Recreador Mineiro entre Literatura e a História, com a finalidade de discutir os aspectos
historicistas existentes no discurso romântico e polifônico do referido periódico.
Observaremos, também, como o gênero Romance, que então surgia através de
folhetins (publicados na seção História do periódico), era visto e compreendido pelos
redatores e leitores que tiveram seus textos publicados na seção “crítica” do Recreador;
bem como a posição de tais intelectuais frente à visão eurocêntrica do século XIX e à
relação entre alteridade e identidade nacional.
2.2 – Romantismo, Historicismo e Estrangeirismo em O Recreador Mineiro.
Segundo Guinsburg, “o Romantismo designa (...) uma emergência histórica, um
evento sócio-cultural. (...) mais do que isso, é o fato histórico que assinala, na história
da consciência humana, a relevância da consciência histórica.” 112 Contudo, rompe com
a concepção clássica da História como um produto das “vidas ilustres”. Em
conformidade com os ideais românticos, O Recreador Mineiro 113 – primeiro periódico
literário de Minas Gerais – teve grande importância enquanto pioneiro da atividade
jornalística voltada à abordagem literária: foi a primeira manifestação consistente do
ideário Romântico na província, procurando resgatar, construir e documentar a História
de Minas Gerais e da nação.
112 GUINSBURG, J.(Org) Romantismo, Historicismo e História. In O Romantismo. São Paulo: Editora
Perspectiva, 1978. p. 14.
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