Livro - O Recreador Mineiro - ICHS/UFOP
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Percebemos então a intenção, a partir da publicação do artigo supra citado, de imbuir o<br />
público leitor de normas de comportamento que evidencia a relação entre o público e o<br />
privado, bem como a relação entre as diversas posições hierárquicas ocupadas pelos<br />
indivíduos dentro da sociedade. Percebe-se ainda que o ato de bater à porta é uma das<br />
normas de boas maneiras que são introduzidas no Brasil quando da diferenciação entre a<br />
vida pública e a vida privada, bem como dos espaços concernentes a tais aspectos da<br />
vida em sociedade. E no que diz respeito às condições hierárquicas, novamente torna-se<br />
evidente o fato de que o periódico tenta coroborar uma melhoria social dentro da ordem<br />
estabelecida.<br />
Relacionando-se também às normas de compoprtamento e à noção de<br />
propriedade, O artigo Economia do Tempo na Inglaterra 94 faz referência à utilidade<br />
que tem o tempo para aqueles que o sabem aproveitar. Nesse artigo está inscrita a<br />
expressão “tempo é dinheiro”, evidenciando as tendências liberais com as quais se<br />
identificam vários trechos existentes no <strong>Recreador</strong> <strong>Mineiro</strong>:<br />
94 In: O <strong>Recreador</strong> <strong>Mineiro</strong>. p.380.<br />
“Franklin disse com razão e sabedoria : O tempo é dinheiro; ora na<br />
Inglaterra pensa-se com elle: alli, o tempo é hum rendimento, huma<br />
riqueza. O inglez não é avarento do seu dinheiro: mas em<br />
compensação é economico do tempo. Ninguem ha mais exacto do que<br />
elle em se achar nos paradeiros á hora ajustada; para isso consulta o<br />
seu relogio, regula-o pelos dos seus amigos, e chega sempre no<br />
minuto aprazado. A sua lingua monossyllabica parece ter sido<br />
inventada para economizar o tempo. O inglez come as letras, assobia<br />
as palavras, falla pouco; a sua civilidade é laconica em seus<br />
comprimentos. A saudação entre elles não é mais do que hum simples<br />
movimento de cabeça acompanhado de tres ou quatro syllabas. Os<br />
inglezes excluírão do seu estillo epistolar essas formulas banaes, que<br />
terminão todas as nossas cartas: elles não tem a honra nem fazem<br />
firmes protestos da sua consideração mais ou menos distincta, do seu<br />
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