Livro - O Recreador Mineiro - ICHS/UFOP

que os indivíduos poderiam alcançar, com a finalidade de não confundir “as idéias que
estas palavras exprimem”:
“Quando desejamos, por exemplo, que os homens destinados para o
exercicio da lavoura, para as artes fabris, para os varios misteres da
sociedade, ‘saibão ler’, não queremos que elles se habilitem para ler
muitos livros, para gastar nisto a vida, para virem a ser grandes
letrados: não pretendemos encher o mundo de sabios e eruditos.
Cumpre ter ideias mais justas da instrucção que recebemos, e dos
resultados que della pretendemos obter. O nosso fim é tão somente
que cada individuo tenha os meios de empregar, com maior proveito
seu e da Sociedade, as faculdades que Deos o concedeo; que tenha os
recursos que póde precisar em qualquer situação em que a Providencia
haja de o colocar.” 86
Os meninos pobres que freqüentassem as escolas elementares, diziam os
redatores, tirariam desde logo a grande vantagem de se livrarem da ociosidade, da
distração e “dissipação do espirito”, dos perigos de uma vida vaga e desocupada, da
inclinação ao jogo e aos folguedos daquela idade. Ao mesmo tempo, iriam contraindo o
hábito da aplicação da ordem, da obediência, do amor ao trabalho, da piedade e da
recíproca afeição de uns para com os outros. Além disso, acreditavam os redatores que
a simples instrução de ler, escrever e contar desenvolveria nos meninos as faculdades, e
lhes daria um certo grau de cultura moral. Assim, o hábito da leitura influenciaria
pouco a pouco nos costumes e seria um dos meios de evitar os vícios que acompanham
a ociosidade; os indivíduos teriam mais juízo e mais probidade, valendo,
“conseqüentemente, um pouco mais do que dantes.”
Percebe-se então, nesse artigo, a preocupação de que a instrução funcione como
um fator de melhoria social, e não apenas de erudição. Por isso, os redatores do referido
86 Idem. p. 08.
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