Livro - O Recreador Mineiro - ICHS/UFOP

Recreador convencem-se da necessidade de seus passos não só pelos domínios da
literatura e das ciências, mas, também, “pelas regiões do jocoseiro, e da hilaridade”.
Essa preocupação com a instrução popular enquanto alimento do espírito pode
ser melhor observada no artigo Instrução Popular 85 , publicado no segundo número de O
Recreador Mineiro, datado de 15 de janeiro de 1845. Nesse artigo, os redatores do
Recreador observam que uma explicação muito simples basta para demonstrar a
necessidade e a utilidade da instrução popular: consideram que o homem é ligado a
deveres e obrigações porque é um ser moral; e o é por ser dotado de inteligência. Assim,
os deveres do homem nascem e morrem com a sua inteligência; contudo, o insensato
não tem deveres, nem o bruto.
Segundo os redatores, se o homem perde o uso da razão, os seus deveres cessam
ou ficam suspensos; e só renascem quando este recobra o seu juízo e a sua inteligência.
Assim, “para que o homem conheça, e possa cumprir os seus deveres, requer-se um
certo gráo de cultura em suas faculdades.” De outro modo, “nunca elle poderá bem
governar a sua casa, nem educar convenientemente os seus filhos, nem dar prudentes
regulamentos e conselhos á sua familia, ou prestar aos seus semelhantes os serviços que
delle devem esperar(...)”
Cometeria, pois, de acordo com os redatores, um perigoso erro e um grande
crime quem se opusesse a esta tão necessária e tão fácil cultura. Convinha, pois, antes
aconselhá-la, promovê-la, favorecê-la, trabalhando incessantemente na instrução de
todos os homens, sem exceção alguma, e derramando a luz dos conhecimentos úteis, de
maneira que a sua benéfica influência chegasse a todas as classes da sociedade.
Contudo, fazem os redatores a seguinte ressalva, que indica os limites das liberdades
85 Instrução Popular. In: O RECREADOR MINEIRO. Ouro Preto: Typographia Imparcial de Bernardo
Xavier Pinto de Souza, 1845-1848. Tomo I.. nº02, 15/01/1845. p. 08.
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