Livro - O Recreador Mineiro - ICHS/UFOP
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passagem para os allivios d’alma, ou a transferencia para o prazer dos sentidos é esse<br />
vehiculo grato, e jucundo da serenidade da vida.”<br />
Luminosamente convencidos de suas premissas, os redatores pretendiam fazer<br />
do <strong>Recreador</strong> <strong>Mineiro</strong> o antídoto contra esse estado de aparente inércia e prostração, e<br />
contra o enojo mental e psíquico. Desse modo balizam a relação do periódico no que diz<br />
respeito à divisão entre a vida pública e a vida privada, julgando, portanto, serem<br />
eficazes seus “votos aos meios recreativos do espírito, quaes aos pomos dulcíssimos<br />
das Artes, da Literatura, e da Phylosophya”, e inaugurando como timbre de sua empresa<br />
“o enlace do delito com os oráculos da sciência”.<br />
De acordo com a lista de assinantes publicada na edição de 01 de janeiro de<br />
1846, a revista contava, no segundo ano de sua publicação, com 723 assinantes, entre<br />
homens e mulheres de várias localidades, inclusive Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito<br />
Santo, Lisboa e Paris, sem se considerarem os leitores avulsos. Ainda no primeiro<br />
número, o artigo Contextura de hum Periódico Litterário Popular 83 , publicado na<br />
subseção Pedagogica da seção Razão, demonstra a consciência e a convicção dos<br />
redatores de “O <strong>Recreador</strong> <strong>Mineiro</strong>” com relação à atividade por eles desenvolvida e<br />
com relação à educação da população e à formação de um público consumidor.<br />
Considerando a palavra “popular” como algo coletivo – que exprime uma<br />
reunião de homens dotados de diferentes caracteres intelectuais – e as “letras” como o<br />
alimento do espírito, os redatores declaram que cumpria, pois, conhecer quanto o<br />
espírito de um povo poderia comportar de alimento intelectual. Desse modo, a<br />
“differença de inteligência” (nos termos dos redatores) faz com que os redatores<br />
determinem três classes à totalidade dos leitores:<br />
82 O RECREADOR MINEIRO. Ouro Preto: Typographia Imparcial de Bernardo Xavier Pinto de Souza,<br />
1845-1848. Tomos I. p.01.<br />
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