Livro - O Recreador Mineiro - ICHS/UFOP

Ainda observando o vínculo entre nação, imprensa e identidade nacional,
Antônio Candido 32 considera que a Independência foi o objeto máximo e a principal
expressão do movimento ilustrado no Brasil. Imprensa, periódicos, escolas superiores,
debate intelectual, obras públicas e o contato livre com o mundo. O intelectual, antes
considerado como artista, passa a ser considerado como pensador e mentor da
sociedade, voltado para a aplicação prática das idéias. Foi um momento de
transformações nas estruturas social, econômica e política do Brasil.
Desse modo, segundo Nelson Werneck Sodré, as informações sobre as
condições políticas da época são indispensáveis para a compreensão do
desenvolvimento da imprensa periódica no Brasil durante a turbulenta fase em que se
processa a Independência. Levando em consideração o fato de que os acontecimentos
históricos não devem ser encarados como instantâneos e estáticos, Sodré observa que a
idéia de independência não ocorreu ao mesmo tempo a todos que participavam das lutas
políticas. Assim, depois de consumada, o problema essencial passou a ser então o da
estrutura do Estado. Sodré considera que há um problema de poder que sucede à cesura
da unidade que se forjara para conseguir a separação de Portugal. Direita e esquerda
separam-se nitidamente. Assim como se haviam unido na repulsa ao regime de
monopólio de comércio, permaneciam ainda unidas quanto ao papel do então aclamado
imperador, o Príncipe D. Pedro I; porém, divergiam quanto à constituinte:
“a direita colocava o governante acima da Assembléia, que era o
poder popular; a esquerda colocava a Assembléia acima do
governante. Para aqueles ao executivo caberia moldar as instituições,
no essencial; para estes, caberia à constituinte traçar os rumos. Havia,
no fundo, o temor de que a Assembléia, refletindo velhas tendências,
32 CANDIDO, Antonio. Formação da Literatura Brasileira: momentos decisivos. 6ª Edição. Belo
Horizonte: Editora Itatiaia, 1981. Vol. I. p. 230.
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