Livro - O Recreador Mineiro - ICHS/UFOP

século XIX 29 , Marco Morel considera que a perspectiva historiográfica tradicional
(positivista ou historicista) considerava a imprensa como fonte privilegiada na medida
em que era considerada como narradora de “fatos” e “verdades” e, embora pioneira na
utilização da imprensa na historiografia, tornou-se limitada. Posteriormente, a
renovação dos estudos históricos e a ênfase numa abordagem socioeconômica, fizeram
com que a imprensa se vinculasse às discussões sobre ideologia e “superestrutura”,
considerando-a, portanto, como um “reflexo” superficial de idéias subordinadas a uma
infra-estrutura socioeconômica. A partir dessa perspectiva, a imprensa era entendida
apenas como um mero “veículo” de idéias e forças sociais. Mas com a renovação das
abordagens políticas e culturais, foi redimensionada a importância da imprensa, “que
passou a ser considerada como fonte documental (na medida em que enuncia discursos
e expressões de protagonistas) e também agente histórico que intervém nos processos e
episódios, em vez de servir-lhes como um mero ‘reflexo’.” 30 . Tal concepção implica
verificar como os meios de comunicação impressos interagem na complexidade de um
contexto. Desse modo, Morel considera que “o surgimento da imprensa no Brasil
acompanha e se vincula a transformações nos espaços públicos, à modernização política
e cultural de instituições, ao processo de independência e de construção do Estado
Nacional. (...) Imprensa e nação brasileiras são praticamente simultâneas. A palavra
impressa circulava e ajudava a delinear identidades culturais e políticas.” 31
28 Idem. p. 230.
29 MOREL, Marco. Palavra, Imagem e Poder: o surgimento da imprensa no Brasil do século XIX. Rio de
Janeiro: DP&A, 2003.
30 Idem. pág. 09
31 Ibidem. pág. 07
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