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Livro - O Recreador Mineiro - ICHS/UFOP

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viajantes estrangeiros, segundo Antonio Candido 25 , deixaram sua colaboração para a<br />

formação do Pré-Romantismo na Literatura Brasileira. 26<br />

Com a chegada da côrte termina a hegemonia intelectual dos conventos e<br />

organiza-se o pensamento livre. A censura diminui, apesar da existência da fiscalização<br />

das publicações e da criação da Intendência de Polícia. A vinda da corte amplia o fluxo<br />

do comércio livreiro e, com relação à posição do escritor, as associações político-<br />

culturais “(...) serviram de público às produções intelectuais; contribuíram para laicizar<br />

indevassadas matas entre a províncias de Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo. Os ingleses W.<br />

Swainson e C. Waterton estudam, entre 1816 e 1817, o interior de Pernambuco e têm problemas com a<br />

revolução de 1817. A inglesa Mary Graham deixa trabalhos de botânica e descreve o impacto da<br />

Revolução de 1820 em Pernambuco. A arquiduquesa Maria Leopoldina (1796-1826), traz um cortejo de<br />

naturalistas bávaros e austríacos. John E. Pohl estuda plantas, minérios e índios do centro-oeste. J.<br />

Natterer envia ao Museu de Viena, ente 1817 e 1835, milhares de exemplares de aves, mamíferos,<br />

anfíbios e peixes, peças etnográficas de diversas tribos e vocabúlários de outras tantas línguas faladas<br />

pelas tribos indígenas brasileiras. Contudo, quase todo o material enviado por Natterer se perde em<br />

1848 durante o incêndio do museu. Spix e Martius, os mais célebres estudiosos bávaros que por aqui<br />

passaram nessa época, realizam uma expedição de dez mil quilômetros pela Amazônia e por todo o<br />

sertão mineiro, baiano e nordestino. A Missão Artística Francesa vem ao Rio de Janeiro em 1816 para<br />

lecionar na Escola Real de Artes e Ofícios, chefiada por Lebreton. Inicia-se, então, uma fase de maior<br />

influência européia na arquitetura e nas artes plásticas brasileiras. Debret, parisiense vindo com a<br />

Missão Francesa, passa quinze anos ensinando pintura e viajando pelo Brasil e, mais tarde, entre 1834 e<br />

1839, torna-se retratista da Corte. Por sua vez, o pintor alemão J.M.Rugendas, após se afastar de uma<br />

expedição organizada pelo Barão de Langsdorff, percorre províncias das regiões central e costeira do<br />

Brasil, retratando a sociedade e os tipos humanos da época.<br />

25 CANDIDO, Antonio. Formação da Literatura Brasileira: momentos decisivos. 6ª edição. Belo<br />

Horizonte: Editora Itatiaia, 1981. Vol. I.<br />

26 Tomando maior vulto o Pré-Romantismo Franco-Brasileiro, que floresceu, aproximadamente, entre<br />

1820 e 1830 pelas atitudes e escritos de franceses encantados com o Brasil, como por exemplo, os<br />

Taunay, Corbière, Monglave, Denis, Gavet e Boucher, que forneceram sugestões para a exploração<br />

literária dos temas locais. Os Idílios Brasileiros, escritos em Latim por Theodore Taunay, com tradução<br />

francesa paralela de seu irmão Félix Emile (1830), são um conjunto de poemas, integrados ao<br />

convencionalismo clássico, que cantam de maneira palaciana D. Pedro I e o jovem Império, a missão de<br />

José Bonifácio, as vantagens da vida agreste e o encanto da natureza. Sua colaboração é possível como<br />

sugestão aos jovens brasileiros da importância poética da Independência como tema. As Elégies<br />

Brésiliennes (1823), de Edouard Cordière, assumem esse mesmo tom de classicismo indeciso, podendo<br />

ser considerado – ainda segundo Candido – como o primeiro livro pré-romântico a tratar o aborígene<br />

brasileiro por ângulos, mais tarde, muito desenvolvidos no Indianismo: a idealização do selvagem<br />

nobre, independente, preferidor da morte à escravidão; a tristeza ante a destruição de sua cultura; a<br />

impotência na defesa contra o colonizador, entre outros aspectos. No livro Cenas da Natureza nos<br />

Trópicos, de Ferdinand Denis, ocorre a explosão da natureza como fonte de novas emoções e o desejo<br />

de abordar temas brasileiros. Paralelamente, entre 1820 e 1822, Eugene Monglave traduzia para o<br />

Francês Marília de Dirceu e o Caramuru. Jakaré-Ouassou ou Les Toupinambas, de Daniel Gavet e<br />

Phillippe Boucher, foi, como conseqüência imediata, o primeiro romance indianista extenso e<br />

autônomo. Desse modo, podemos crer que a tradução de obras brasileiras para outras línguas<br />

desempenhou um grande papel para tornar o Brasil conhecido por outros países, despertando, nestes<br />

últimos, a curiosidade e o interesse pelo nosso país. Tal interesse também foi desencadeado pela<br />

produção de diversas obras de cunho científico dotadas de uma postura naturalista e ilustrada.<br />

25

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