Livro - O Recreador Mineiro - ICHS/UFOP
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Saint-Hilaire caracteriza os hábitos e o espírito do Brasil como, em geral, uma<br />
espécie de renúncia aos bens materiais (um desprendimento dos valores econômicos ou<br />
incapacidade de assimilá-los) que pode ser verificado no provérbio “O pai taberneiro; o<br />
filho cavalheiro; o neto mendicante” 19 e de certa desvalorização que os próprios<br />
brasileiros dão a suas coisas quando as comparam freqüentemente com as estrangeiras 20 ,<br />
assumindo seu caráter provinciano e se colocando em posição inferior com relação aos<br />
países europeus. Auguste notou que, apesar de serem os mineiros orgulhosos de sua<br />
Pátria, havia entre eles muito pouco espírito público, não ouvindo o autor quase nunca<br />
dos habitantes da província, senão com desprezo, referência à única indústria que<br />
possuíam: a fábrica de louças de Vila Rica. Exageravam nos defeitos de seus produtos e,<br />
se comparavam sua louça com a da Inglaterra, era para fazer sentir quanto era superior a<br />
que compravam aos estrangeiros.<br />
A província de Minas Gerais era então dividida em cinco comarcas: ao sul, as de<br />
“Rio das Mortes” e “Vila Rica”; ao leste, a do “Serro Frio”; ao centro, a de “Sabará”; e<br />
a oeste, a de “Paracatu”. Nenhuma outra província do Brasil estava sujeita a impostos<br />
tão elevados quanto os que se pagavam no registro de Matias Barbosa (entrada da<br />
Comarca de Vila Rica). Segundo Saint-Hilaire essa parte do Brasil passava por ser a<br />
mais rica e era sobre ela que o jugo do regime colonial deveria pesar mais. Desse modo,<br />
não se contentaram em sujeitar seus produtos a impostos, o que seria justo; exigiu-se de<br />
seus habitantes contribuições a que outras províncias não estavam obrigadas. Os<br />
mineradores faziam grande uso de ferro, mas, “embora caminhassem sobre montanhas<br />
que são quase completamente constituídas dele”, eram, até 1808, obrigados a usar<br />
18 Ibidem Ibidem .p.83.<br />
19 Ibidem Ibidem. p.40.<br />
20 Ibidem ibidem. p.74.<br />
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