Livro - O Recreador Mineiro - ICHS/UFOP
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Com isso verificamos que a apropriação social dos discursos operou-se para a<br />
difusão da doutrina liberal em O <strong>Recreador</strong> <strong>Mineiro</strong>. E discutindo as articulações entre<br />
experiência vivida, ficção e organização social, observamos também os aspectos<br />
liberalizantes e românticos existentes em alguns dos folhetins publicados no periódico.<br />
Tal verificação nos remete à “a consciência social dos folhetinistas” 231 da fase chamada<br />
“romantismo social” 232 ; às ligações entre o processo de criação e a “análise da<br />
sociedade” 233 ; e à compreensão do desenvolvimento do gênero folhetinesco e suas<br />
conexões com o momento histórico e os problemas sociais. O romance folhetim tem,<br />
portanto, uma história interna que acompanha e se insere na História das classes<br />
populares. Considerando a “ausência de tradição contínua e de modelo português do<br />
gênero” 234 , concluímos que a leitura de ficção estrangeira no Brasil nas vésperas da<br />
criação do romance nacional desempenhou um papel formador na elaboração e na<br />
valorização de nossa ficção em prosa. Assim, pudemos verificar a existência em o<br />
<strong>Recreador</strong> <strong>Mineiro</strong> de romances-folhetins que se identificam com as características da<br />
produção literária estrangeira no que diz respeito ao gênero, sua estrutura, suas<br />
finalidades pedagógicas de formação de consciência social, bem como a possível<br />
escolha de temas e elementos que estimulem o consumo dos folhetins publicados no<br />
Brasil através do gosto recorrente do público pelas narrativas ficcionais estrangeiras.<br />
Desse modo, a polifonia se fez presente em O <strong>Recreador</strong> <strong>Mineiro</strong> através do<br />
efeito que resulta do conjunto harmônico de instrumentos e linguagens do romantismo;<br />
e através da pluralidade de diversas vozes que soaram simultaneamente para a<br />
transmissão da doutrina liberal através do discurso dos redatores do referido periódico.<br />
231 MEYER, Marlyse. Folhetim: uma história. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 14<br />
232 Idem. p. 64<br />
233 Ibidem. pp. 14-5<br />
234 Idem Ibidem. p. 26<br />
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