19.04.2013 Views

Livro - O Recreador Mineiro - ICHS/UFOP

Livro - O Recreador Mineiro - ICHS/UFOP

Livro - O Recreador Mineiro - ICHS/UFOP

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ousada, sanguinolenta e brutal; (...) os ardis violentos e irresistivelmente brutais, os<br />

assaltos ao público pelo horrível, o fantasmagórico e o demoníaco(...)”. Assim,<br />

observemos em Terror Pânico a caracterização do espaço em que ocorre a ação dessa<br />

narrativa folhetinesca:<br />

“Era em Allemanha: n’uma noite fria e enregelada do frio janeiro (...)<br />

Não ha leitor de folhetins que ignore que é a Allemanha a patria do<br />

mysticismo, do sentimento depurado, da melancolica meditação: essas<br />

prendas allemãas achavão-se no mais subido gráo reunidas nas duas<br />

angelicas filhas do nosso rustico.” 202<br />

Segundo Vítor Manuel de Aguiar e Silva, “tal como ‘gótico’, romântico designa,<br />

na época do iluminismo, tudo o que é produzido pela imaginação desordenada, aquilo<br />

que é inacreditável” 203 . Desse modo, em Terror Pânico 204 pode ser observado o aspecto<br />

gótico do romance pré-romântico, considerado por Carpeaux como a “mística” estranha,<br />

terrificante e sobrenatural aceita pelo público burguês consumidor de literatura 205 :<br />

“Eis que de repente, Idda, a mais moça das donzellas, estremece e<br />

semi-convulsa: - E’ meia noite, disse, ouvistes? (...) a mais velha das<br />

irmãas, toda tremula no gesto e na voz, como esforçando-se para<br />

dominar os seus terrores: - Ah! meus bons senhores, respondeo-lhes,<br />

foi tão horrisono o toque da meia noite! e nosso Mog latiu de modo<br />

tão doloroso!... Moramos perto do templo da aldêa. Hoje foi nella<br />

depositado, para a manhã ser levado ao cemiterio, o cadaver de hum<br />

dos entes mais per versos que habitavão nesta aldêa. Sem temor de<br />

Deos nem dos homens foi sua vida, sem temor de Deos foi sua morte:<br />

desde que amanheceo presentimentos occultos nos annuncião que não<br />

201 HAUSER, Arnold. História Social da Arte e da Literatura. Trad. de Álvaro Cabral. São Paulo: Martins<br />

Fontes, 2000. p.705.<br />

202 Terror Pânico. In: O <strong>Recreador</strong> <strong>Mineiro</strong>. 01/09/1846. nº 41. TomoIV. p.649-650<br />

203 SILVA, Vítor Manuel de Aguiar e. Teoria da Literatura. 3ª ed. Coimbra: Livraria Almedina, 1973.<br />

p.468.<br />

204 Terror Pânico. In: O <strong>Recreador</strong> <strong>Mineiro</strong>. 01/09/1846. nº 41. TomoIV. p.649-650<br />

205 CARPEAUX, Otto Maria. Prosa e Ficção do Romantismo. In: O Romantismo. São Paulo: Editora<br />

Perspectiva, 1978. GUINSBURG, J.(Org) p. 161.<br />

121

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!