19.04.2013 Views

Livro - O Recreador Mineiro - ICHS/UFOP

Livro - O Recreador Mineiro - ICHS/UFOP

Livro - O Recreador Mineiro - ICHS/UFOP

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

3.4 – A Renúncia aos Direitos em Muito Tarde: romance de provação com traços<br />

históricos<br />

“A mulher é uma propriedade que se adquire por contrato, ela é<br />

mobiliária, pois a possessão vale pelo título (...)” 175<br />

Meyer observa que Balzac (em 1830, no “panfleto conjugal” Fisiologia do<br />

casamento, ou Meditações de filosofia eclética sobre a felicidade e a infelicidade<br />

conjugal 176 ) administra conselhos aos homens num tom de galhofa para balizar suas<br />

sarcásticas observações sobre a sociedade de seu tempo. A epígrafe acima evidencia<br />

uma dessas observações no que diz respeito ao papel da mulher nessa especulação<br />

financeira que se tornou o casamento para a sociedade burguesa. Meyer 177 considera<br />

que, para Balzac, “o casamento é a fonte primeira da propriedade”. Quando casa, o<br />

homem “compra sua mulher como compraria uma carteira de títulos na bolsa”. A<br />

mulher, por sua vez, “se for elegante e corresponder à expectativa do marido, também é<br />

rentável, pois confirma a ascensão social, é o signo exterior da riqueza.” Assim, “de um<br />

modo geral, as mulheres casam-se por dinheiro, por ambição própria ou por imposição<br />

familiar.”<br />

No folhetim Muito Tarde 178 , publicado em O <strong>Recreador</strong> <strong>Mineiro</strong>, observamos<br />

uma situação peculiar no que diz respeito ao casamento entre uma castelã e um vilão. A<br />

ação principia pela cena do casamento que ocorre na Bretanha entre uma nobre Inglesa,<br />

175 BALZAC, Honoré de. Fisiologia do casamento, ou Meditações de filosofia eclética sobre a<br />

felicidade e a infelicidade conjugal. In: Oeuvres complètes. Vol. Xi, p. 1030 (Apud MEYER, p.250)<br />

176 Idem.<br />

177 MEYER, Marlyse. Folhetim: uma história. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 252<br />

178 Muito Tarde. In: O <strong>Recreador</strong> <strong>Mineiro</strong>. nº 01, Tomo I, 01/01/1845. p.21-7<br />

110

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!