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Livro - O Recreador Mineiro - ICHS/UFOP

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Chegou então o médico, que examinou a menina e, entregando-a à mãe, disse<br />

que o mal já havia desaparecido. Tratava-se apenas de uma crise nervosa que<br />

suspendera por alguns momentos as funções do estômago. O médico indaga então:<br />

“Porque motivo está aqui esta menina? (...) Sra. Condessa, não tem sido esta menina<br />

creada na Normandia ?”. Em seguida o médico comenta, “olhando para a Condessa com<br />

attenção ... Estais pallida, Sra., vossos olhos estão fechados; decididamente os ares de<br />

Paris não vos servem, não tendes força bastante para passar doze mezes na capital.” Ao<br />

terminar a consulta, o médico começa a falar ao conde “receitando hum remedio<br />

insignificante ... Então, Sr. Conde teremos guerra?” O conde lhe responde “Ah! Doutor,<br />

abalos como os d’esta noite fazem o homem egoista: peço a Deus paz e saude para<br />

minha casa, e deixo o resto aos ministros.” A família estava em primeiro lugar, o<br />

egoísmo a que o conde se refere pode ser então entendido como preservação dessa<br />

unidade essencial à sociedade e à felicidade dos indivíduos que a compõem. Mas para<br />

que tal unidade se mantenha, é imprescindível a confiança que as partes devem<br />

mutuamente estabelecer para zelar pela permanência dos vínculos.A quebra dessa<br />

confiança dissiparia esta permanência, constituindo-se como um crime, um pecado, uma<br />

transgressão consciente às regras que regem os âmbitos moral, religioso, ético e jurídico<br />

dos indivíduos dentro de uma sociedade. O pecado, a condessa cometera por intenção,<br />

por cobiça por traição e desejos luxuriosos; mas o crime não fora consumado, não tinha<br />

ainda a culpa que lhe poderia ser atribuída pela desconfiança do marido, pelo<br />

testemunho de outrem ou mesmo pela evidência de um jovem mancebo escondido no<br />

gabinete. Mas com a chegada de uma carta enviada por M.e de Muley, a Condessa de C<br />

passa a experimentar o medo da delação; e a confiança e ingenuidade do marido fazem<br />

com que a condessa experimente também a vergonha perante a própria consciência<br />

acerca do ato que estava em vias de ser consumado:<br />

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