Livro - O Recreador Mineiro - ICHS/UFOP
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apresentou toda a displicência e solidão de Paris, a necessidade de economizar alguma<br />
cousa, para que sua casa se apresentasse mais brilhante o inverno, concertos que se<br />
precisarão, rendas que era preciso renovar; tudo foi inútil, e Mr. de C. (...) e sua filhinha<br />
ficarão reduzidos aos ares do seu jardim (...)” A ingenuidade e submissão do marido<br />
fazem com que ele apenas pense que “huma mulher de 25 annos, bella (...), não queria<br />
separar-se dos divertimentos da capital.” Mas este estava sendo enganado pela mulher,<br />
que rompendo com os preceitos legais, sociais e religiosos, achava que “Huma amiga de<br />
sua mulher, M.e de Muley, ainda estava em Paris, e esta circunstancia podia ter<br />
determinado a condessa. O conde enganava-se; era com effeito M.o de Muley que<br />
retinha a Condessa em Paris; mas não era como amiga, era como rival.” M.e de Muley<br />
recebia em sua casa Theobaldo de [Mondae], descrito como um mancebo que a muita<br />
fortuna reúne uma bela posição na sociedade, espírito cultivado, e todas a graças do<br />
corpo; e que parecia querer prender-se a esta Sra. Motivada pela inveja que sentia da<br />
amiga, Condessa de C passa a ter ciúmes de Theobaldo e vê-lo com afeição. “invejou<br />
ella á sua amiga huma semelhante conquista” e as duas rivais brigaram. “Theobaldo<br />
aproveitou-se habilmente d’esta circunstancia; capturou-se da Condessa, e fez valer ante<br />
ella o sacrifício que fazia abandonando M.e de Muley.” Assim, a inveja levou à<br />
discórdia, abrindo caminho para a leviandade de Theobaldo e para o adultério da<br />
Condessa de C.<br />
Uma noite, o hábil e eloqüente mancebo entra no quarto da Condessa de C, que<br />
dissimuladamente se assusta e é facilmente dissuadida pelo rapaz. Quando o marido<br />
bate à porta, ela se assusta, mas ao ouvir o coro de dor da filha: “(...) o amor materno<br />
dissipoa então todo o mais amor e susto; a Condessa apontou com o dedo para hum<br />
gabinete a Theobaldo, que se foi esconder n’elle; e ella correu a abrir a porta a seu<br />
marido.” A menina estava doente e o rosto da condessa, “que acabava de corar de prazer<br />
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