Livro - O Recreador Mineiro - ICHS/UFOP

melhor, com a falta de um aspecto tão relevante para a realização das análises e
constatação das hipóteses de um trabalho de pesquisa na área de Literatura Brasileira ?
Pois bem, tempos depois a pergunta feita pelos redatores parecia ser a sua
própria resposta. Assim como os epigramas e as charadas publicados nas diversas
edições do jornal. A “empresa literária”, expressão pela qual costumavam os R.R.
designar o Recreador Mineiro, constituía-se então como um suporte para a transmissão
de um discurso polifônico - este, por sua vez, articular-se-ia com outros, numa
perspectiva dialógica. Assim, a resposta ganhava forma de possibilidade de estudo. As
questões acima pontuadas passaram mais a instigar do que a perturbar. Ganharam um
novo aspecto e novas respostas se faziam possíveis.
Desse modo, a abordagem dada ao objeto deste estudo passa pela análise da
relação dialógica do periódico com o contexto no qual o discurso de outrem era
transmitido em função da difusão da doutrina liberal e da ilustração; bem como pela
análise dos objetivos, da intencionalidade daquele periódico enquanto expressão de um
ponto de vista discursivo.
Contudo, devo aqui informar que alguns textos publicados em O Recreador
Mineiro possuem a “referência de sua extracção”. Chamou-nos particular atenção a
publicação de fragmentos da obra do naturalista Auguste de Saint-Hilaire traduzidos
para a língua portuguesa pelos R.R. Foi o estrangeiro que mais teve textos publicados
no periódico e a opinião dos R.R. acerca da obra de Saint-Hilaire revela grande
identificação com as idéias do viajante naturalista. O que nos fez também percorrer a
obra de Saint-Hilaire e tomá-la como uma das referências historiográficas que balizam
este estudo, uma vez que os R.R. aproximam seu ponto de vista e o do viajante:
(...) os trabalhos descriptivos do sabio viajante, de quem temos a
honra d`extractar preciosos quadros que tão accuradamente revelão os
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