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Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi

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198<br />

MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />

nossa "Guerra à miséria", à nossa "Batalha pela construcção<br />

do Brasil", o mesmo esforço, e mais até.<br />

Empenhemo-nos nessa grande guerra, a maior de<br />

nossa história, estimulemos a confiança das massas, punamos<br />

com energia os que tentem fraudar essas esperanças,<br />

e o Brasil terá ingressado numa obra cooperacional,<br />

que será aos olhos <strong>dos</strong> povos esgota<strong>dos</strong>, e famintos de<br />

paz, de todo o mundo, um exemplo maravilhoso do que<br />

se pode fazer em bem do trabalho-redenção.<br />

FORMAS COOPERACIONAIS<br />

Este tema merece estudo amplo, exaustivo, dada a riqueza<br />

dessas experiências desconhecidas da quase totalidade<br />

<strong>dos</strong> economistas e, sobretudo, <strong>dos</strong> próprios cooperativistas,<br />

com sua inspiração rochdaliana, embora de<br />

grande benefício, são as únicas no campo das possibilidades<br />

cooperacionais.<br />

No caso brasileiro, dada a índole do nosso povo, e as<br />

suas condições, essas experiências, feitas em diversos países,<br />

poderiam, aqui, dar frutos extraordinários, se guiadas<br />

com o mesmo espírito de cooperação que tiveram<br />

em suas origens. É voz quase unânime entre os cooperativistas<br />

que o regime cooperativo só pode fundar-se dentro<br />

<strong>dos</strong> quadros rochdalianos. Mas sucede que em países<br />

como a Bélgica, em primeiro lugar, a Inglaterra, Canadá,<br />

Austrália e França, certas empresas, constituídas<br />

sob o apoio <strong>dos</strong> poderes públicos, são verdadeiras grandes<br />

e gigantescas empresas cooperacionais e penetram até<br />

na grande indústria.<br />

Factos e não palavras, nos revelam que os poderes<br />

públicos podem associar-se sob forma de sociedade por<br />

acções, a fim de criar cooperativas de consumo, tendo,<br />

como membros, também, pessoas de direito público.<br />

O PROBLEMA SOCIAL 199<br />

Vandervelde, em seu "Le Socialisme contre 1'État", e<br />

Edgard Milhaud, em seu "La Marche au <strong>social</strong>isme", apesar<br />

de suas posições, acabaram por aceitar a conveniência<br />

e operância dessas formas de cooperação.<br />

Com os exemplos que se deram em tais países, pode<br />

assegurar-se que, além de uma cooperação privada, pode<br />

haver uma cooperação pública, e não apenas no self-help<br />

rochdaliano. Se as cooperativas são criações de particulares,<br />

não é verdade que só possam ser obra exclusiva<br />

desses particulares. O próprio economista Gaétan Pirou,<br />

um <strong>dos</strong> adversários dessas modalidades, ultimamente reconhece<br />

sua procedência. E Charles Andler, no "Bulletin<br />

de la Societé Française de philosophie", com toda a<br />

sua autoridade de cooperativista, reconhece que "... um<br />

meio termo se intercalou entre o direito público e o direito<br />

privado, a ponto de desfazer as fronteiras."<br />

Sabem to<strong>dos</strong> quão deficitárias são as empresas do<br />

Estado e tal se dá em toda a parte onde elas existem. No<br />

entanto, uma harmónica combinação de interesses através<br />

das formas cooperacionais têm evitado tais males, com<br />

proventos para to<strong>dos</strong>. Não há necessidade de falar sobre<br />

os males das nacionalizações. Basta que se olhe o<br />

espetáculo da França, com a producção estatal super-encarecida,<br />

e a da Inglaterra, essa ilha de carvão, quando<br />

no poder os trabalhistas, acabou por importar carvão<br />

para atender suas necessidades. As formas cooperacionais,<br />

aplicadas aos serviços públicos, vivem de suas próprias<br />

forças, com seus próprios recursos e se algumas tentativas<br />

entre nós têm malogrado, deve-se ao facto de não<br />

ter-se obedecido aos princípios cooperacionais.<br />

Nas sociedades estatais, não há mais a alma que anima.<br />

Têm tudo e mais que as outras, mas lhes falta o espírito<br />

fundamental: falta-lhe a paixão cooperacionista. É<br />

esse espírito, que leva a diminuir despesas, é a sua autonomia<br />

administrativa, comercial e financeira, que a ali-<br />

-"•s

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