Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi
Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi
Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
194<br />
MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />
Não nos é possível, aqui, oferecer toda a gama de<br />
soluções preconizáveis, porque a multiplicidade <strong>dos</strong> interesses<br />
cria<strong>dos</strong> e das necessidades conhece graus inimagináveis.<br />
A cooperação genérica do cooperacionismo é própria<br />
para qualquer região, embora a da cooperativa, por ser<br />
mais específica, exija, concomitantemente, mais especificidade.<br />
Não esqueçamos o "mutirão", o "dar a mão" do brasileiro.<br />
Sentimo-nos to<strong>dos</strong> prontos e melhor afeitos,<br />
quando chama<strong>dos</strong> a cooperar. A competição não é propriamente<br />
da nossa índole. O português coopera com o<br />
português, o sírio com o sírio, o alemão com o alemão,<br />
o judeu com o judeu.<br />
Entrosar tal capacidade cooperadora numa obra colectiva<br />
de cunho nacional não é uma impossibilidade,<br />
nem é probabilisticamente difícil.<br />
Há muitas formas possíveis e adequadas às nossas<br />
circunstâncias. São elas no entanto, mais complexas<br />
quanto à sua justificação.<br />
Urge soluções, sob pena de o país tombar na situação<br />
mais caótica de sua história. E essa solução é mais<br />
urgente do que se pensa. Há uma crise internacional que<br />
se esboça, que não é captável pelos economistas.<br />
Estamos às vésperas de uma catástrofe financeira<br />
internacional, que nos avassalará em sua voragem. Forças<br />
secretas e poderosas, engenhosamente ocultas, trabalham<br />
para esse desfecho. E essa crise provocará o conflito<br />
armado como solução imediata (aparente, no entanto),<br />
para contê-la, ou melhor, desviá-la.<br />
Não temos tempo a perder, nem podemos fazer experiências<br />
dentro <strong>dos</strong> velhos esquemas, que já nos mostraram<br />
sua inocuidade. Se homens responsáveis pelos<br />
O PROBLEMA SOCIAL 195<br />
destinos económicos não os percebem, é que se deixam<br />
arrastar pela visão das velhas fórmulas, prendem-se nas<br />
vagas discussões bizantinas de quantitativistas e antiquantitativistas<br />
da inflação e da deflação, etc, sem perceberem<br />
o que se está preparando atrás da aparência <strong>dos</strong><br />
factos. A mobilização do povo brasileiro, numa grande<br />
obra cooperacional, seria um chamado empolgante. To<strong>dos</strong><br />
os brasileiros têm de ser chama<strong>dos</strong> a postos. Trata-<br />
-se agora de resolver a maior batalha da nossa história.<br />
E essa batalha está para ser travada em to<strong>dos</strong> os sectores,<br />
porque em to<strong>dos</strong> eles temos focos do inimigo.<br />
96) A preparação do ambiente para uma grande<br />
transformação das nossas condições, que se tornarão factores<br />
predisponentes de amplas reformas, e de imediata<br />
realização é, inegavelmente, o do aumento da producção<br />
e a consequente productividade.<br />
Mas, lembremo-nos que producção implica:<br />
a) trabalho e productividade deste;<br />
b) productividade técnica;<br />
c) financiamento;<br />
d) consumo, com poder de compra.<br />
Este, finalmente, é o principal. Mas julgam to<strong>dos</strong><br />
que o consumo aumenta seu poder, desde que aumente a<br />
producção, devido à distribuição de moeda que este acarreta.<br />
Se realmente a producção coopera para o desenvolvimento<br />
do consumo, o esquema que abaixo propomos,<br />
inverso, mostrará que poderemos fazer o consumo<br />
cooperar com a producção, para uma auto-estimulação<br />
mais activa.<br />
Façamos a inversão das implicâncias:<br />
a) Financiamento do consumidor, através de cooperativas<br />
e outras formas de cooperação, para a acquisição