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Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi

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MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />

bre os productores, esses créditos não teriam mais efeito<br />

inflacionário, desde que ficasse estabelecido um preço de<br />

venda do producto ou do seu fornecimento às cooperativas.<br />

Esse preço deverá ser fixado para um período determinado<br />

e curto, e deverá corresponder, nas cooperativas<br />

de consumo, à média do consumo <strong>dos</strong> elementos<br />

que a compõem. Esse processo seria controlado pelos<br />

Departamentos de Assistência ao Cooperativismo, com legislação<br />

criminal imediata, cominando penas aos que empregassem<br />

tais créditos em actividades outras que as especificadas<br />

em lei.<br />

Esta fórmula de financiamento da producção corresponderia<br />

a uma porcentagem mínima das necessidades.<br />

Mas se se considerar o papel eminente que exerceriam as<br />

cooperativas no mercado, desde logo se verificaria que<br />

essa acção, embora em percentagens baixas, teria um<br />

efeito extraordinário. Imaginemos uma cooperativa num<br />

bairro em que haja quatro empórios. Imaginemos que<br />

esses empórios produzam cada um um milhão de cruzeiros<br />

mensais enquanto a cooperativa produziria cem<br />

mil cruzeiros. Teríamos assim quatro milhões de cruzeiros<br />

para cem mil, ou seja um total de um para quarenta.<br />

Pois bem, essa cooperativa levaria, fatalmente, os<br />

empórios a reduzir os preços de venda, sob pena destes<br />

facilitarem o progresso daquela.<br />

Se forem financiadas as cooperativas de producção<br />

agrícola, que entrarem em contacto com cooperativas de<br />

consumo, e novas cooperativas de producção, que se instituírem<br />

dentro destas finalidades, teremos, em pouco<br />

tempo, preparado o terreno para entrosar a producção,<br />

não só de ordem cooperativa, como também capitalista,<br />

com o consumo.<br />

As sociedades de "producção e consumo" (espécies<br />

de sociedades cooperacionais) são formas que podem englobar<br />

as cooperativas de consumo como também outras<br />

O PROBLEMA SOCIAL 191<br />

semi-capitalistas. Essas formas de cooperação são de<br />

fácil fomento, de imediata execução, e de resulta<strong>dos</strong> também<br />

imediatos.<br />

Um grupo de pequenas experiências, neste plano, traria<br />

uma deflação de preços, porque, na realidade, os preços,<br />

no Brasil, não correspondem ao seu valor.<br />

No sistema tributário brasileiro é comumente julgado<br />

como um imposto absurdo o chamado de "consumo".<br />

Realmente, como êle se faz no Brasil, é absurdo, porque<br />

não se respeita o equilíbrio cooperacional <strong>dos</strong> valores.<br />

Mas havendo este respeito, torna-se êle o mais adequado.<br />

Pelo actual sistema de tributação, as cooperativas<br />

não contribuiriam directamente para a manutenção do<br />

Estado. Mas desde o momento que essas práticas fossem<br />

empregadas, o Estado poderia obter das cooperativas<br />

uma tributação especial. Se o Estado financiar a<br />

producção vinculada ao consumo, imediatamente favoreceria<br />

o equilíbrio económico.<br />

Alegam muitos que o aumento da producção no Brasil<br />

seria inócuo por falta de armazéns para a conservação<br />

<strong>dos</strong> géneros. A aplicação de capitais, nesse sector, por<br />

parte do Estado, com emissão de moeda, não seria inflacionária.<br />

Outra alegação consiste na falta de transporte. Na<br />

verdade, o nosso <strong>problema</strong> não é de transporte, mas de<br />

tráfego. Um levantamento honesto das disponibilidades<br />

das nossas estradas de ferro em vagões, que são capciosamente<br />

oculta<strong>dos</strong>, provaria desde logo que o nosso <strong>problema</strong><br />

é de moralização do tráfego. Nessa obra de investigação<br />

sobre tais pontos, somos de opinião que o papel<br />

que poderia desempenhar aqui o exército seria extraordinário.<br />

E tal afirmativa se justifica, pois o exército<br />

tem necessidade tática de conhecer perfeitamente<br />

hão só as nossas possibilidades de tráfego, como mera

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