Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi
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184 MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />
para a criação de salários insòlváveis, de qualquer espécie,<br />
ou de créditos insòlváveis, ela é inflacionária.<br />
A inflação resulta do excedente de poder de compra<br />
em relação às possibilidades de consumo.<br />
É vezo, no Brasil, acusar-se o governo de to<strong>dos</strong> os<br />
males surgi<strong>dos</strong> no campo da moeda e <strong>dos</strong> preços. Afirma-se<br />
que há alta de preços em consequência da "inflação"<br />
da moeda. Diremos que essa "inflação" é uma consequência<br />
e não uma causa.<br />
Quando a alta <strong>dos</strong> preços é provocada por uma alta<br />
<strong>dos</strong> salários solváveis, uma obediência ao equilíbrio<br />
cooperacional <strong>dos</strong> valores, não há carestia de vida. Quando<br />
os productos aumentam de preço em relação ao poder<br />
de compra <strong>dos</strong> salários, há inflação de preço, e carestia<br />
consequente.<br />
No Brasil, há inflação de preços e estes decorrem<br />
mais de factores psicológicos histórico-sociais, do que de<br />
factores económicos.<br />
O exagerado número de intermediários e a ganância<br />
típica do estágio paleotécnico, em que vivemos, levou-nos<br />
à inflação de preços.<br />
O governo de Dutra, influído por maus conselheiros<br />
económicos, estava convencido de que a inflação era de<br />
moeda e não de preços, e tentou a desastrosa política da<br />
deflação, na verdade confundida com insuficiência monetária,<br />
o que na realidade se deu. Esta se dá quando o<br />
potencial monetário não é suficiente para a manutenção<br />
ou desenvolvimento do volume de producção. Freou-se<br />
a prosperidade, e não se manteve o volume da producção<br />
e ainda drenaram capitais para actividades insòlváveis,<br />
para a especulação. A deflação é catastrófica e traz<br />
vantagens apenas ao detentor da moeda, diminuindo a<br />
producção, falseando o equilíbrio cooperacional <strong>dos</strong> va-<br />
O PROBLEMA SOCIAL 185<br />
lôres. E tal se dá sempre que se deseja, por meio de<br />
deflação, reabsorver a inflação. A inflação só pode ser<br />
combatida por uma alta de salários com conseqiiente<br />
respeito ao equilíbrio cooperacional <strong>dos</strong> valores.<br />
91) A desvalorização monetária decorre apenas de<br />
uma balança comercial deficitária, o que não deve dar-se<br />
no Brasil. A alta <strong>dos</strong> preços, aqui, que na verdade é uma<br />
inflação de preços, estimulou as importações desnecessárias.<br />
O papel do Estado, no controle das importações e<br />
exportações, é importantíssimo no nosso caso.<br />
92) Um <strong>dos</strong> grandes males em nosso país é a capitalização.<br />
Tema importante que merece um estudo todo<br />
especial do governo. Se a poupança era totalmente aconselhada<br />
numa economia paleotécnica, numa economia<br />
como a nossa, de transição, ela pode oferecer um perigo,<br />
como oferece, sobretudo, através da capitalização, e deve<br />
ser controlada. A poupança forma com as suas diversas<br />
figuras uma verdadeira conjuntura, que pode perfeitamente<br />
ser equilibrada, mas necessitaria de um estudo específico.<br />
A desvalorização da moeda, como unidade, arruina<br />
a poupança e traz os seus prejuízos pelos excessos<br />
contrários.<br />
93) É o crédito uma emissão de moeda escriturai è<br />
necessária quando aumenta a producção, favorecendo a<br />
prosperidade. Ora, ao Brasil, o crédito não tende para<br />
tanto, mas sobretudo para satisfação de actividades insòlváveis.<br />
Quando o potencial financeiro da poupança é<br />
insuficiente para financiar a producção, que deve fazer o<br />
Estado senão suprir essa deficiência?<br />
E algumas regras têm de ser aproveitadas aqui:<br />
a) crédito do Estado ao que possa desenvolver a<br />
prosperidade, às producções que se destinem ao consumo<br />
individual (solváveis). (A emissão para fins insòlváveis,