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Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi

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182<br />

MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />

devem aumentar na proporção do aumento do rendimento<br />

do trabalho productivo.<br />

Se tal fôr obedecido, teremos realizado o primeiro<br />

equilíbrio cooperacional <strong>dos</strong> valores.<br />

Deve o Estado estar preparado para saber dirigir essas<br />

cifras, em vez de querer dirigir homens e coisas, o que<br />

exige maior burocracia e, consequentemente, feudalização<br />

do funcionarismo.<br />

89) Examinemos, agora, no caso brasileiro, o importante<br />

tema da moeda. Ainda não se libertou totalmente<br />

a economia mundial do mito do padrão-ouro, que<br />

queria dar à moeda um valor fixo (como se fosse dinheiro),<br />

numa confusão de valor com preço, pois este<br />

pode evoluir em sentido inverso daquele. Sendo o ouro<br />

uma mercadoria, considerou-se a moeda mercadoria.<br />

Resultado: especulação e aumento de salários insolváveis.<br />

Sujeita, assim, à lei da oferta e da procura, foi ela levada<br />

a rarificar-se com um consequente prejuízo da colectividade.<br />

Um país de balança comercial beneficiária, como<br />

o Brasil, não podia prender-se nas algemas do padrão<br />

ouro. A moeda, como símbolo, é também instrumento<br />

da troca, — papel acessório — transformado em producto<br />

principal por influência da finança, e por esta colocada<br />

ao ápice da hierarquia <strong>dos</strong> valores. O valor real da moeda<br />

está no seu poder de compra. Se os preços, cifra<strong>dos</strong><br />

em moeda, obedecerem às invariantes do equilíbrio<br />

cooperacional <strong>dos</strong> valores, a estructura do sistema económico<br />

está perfeitamente equilibrada.<br />

Um erro consiste em acreditar que a velocidade da<br />

circulação monetária engendrasse prosperidade. Na verdade,<br />

a aceleração é consequência e não causa da prosperidade,<br />

e decorre de um aumento do consumo.<br />

Todo aumento da velocidade da circulação, que não<br />

se funda na cooperação entre producção e consumo, traz,<br />

O PROBLEMA SOCIAL 183<br />

como consequência, transformação de um efeito em causa,<br />

euforia efémera, retrosperidade colectiva e, em última<br />

análise, inflação.<br />

O equilíbrio de um país exige que o seu potencial<br />

monetário faça sempre face às necessidades do potencial<br />

de producção. Se este aumentar, deve automaticamente<br />

aumentar aquele, ou por uma acção mais rápida ou por<br />

um aumento da sua quantidade. O progresso técnico<br />

provoca uma diminuição da velocidade da circulação da<br />

moeda, desta forma, para não haver desequilíbrio, é necessário<br />

o aumento do volume da moeda. Neste caso,<br />

ela não é inflacionária.<br />

A verdadeira riqueza é o trabalho e não o dinheiro.<br />

Esta afirmativa é teoricamente certa, entretanto não se<br />

transformou em prática, mas pode transformar-se em tal.<br />

Aqui se ofereceria a necessidade de um estudo todo especial<br />

sobre o padrão trabalho, mas tal infelizmente não<br />

pode ser feito.<br />

A confusão entre moeda e dinheiro é a causa de certos<br />

erros graves.<br />

A moeda é poder de compra, e expressa o preço. O<br />

dinheiro define o valor da unidade monetária, e é expresso<br />

em ouro. E como este aumento de preço se verifica<br />

periodicamente, o dinheiro, como ouro, não respeita o<br />

equilíbrio cooperacional <strong>dos</strong> valores. A moeda deve permanecer<br />

em função do trabalho da producção e do salário,<br />

mantendo o valor relativo desses elementos, por isso<br />

deve ser ela dirigida para que não ofenda ao equilíbrio<br />

<strong>dos</strong> valores.<br />

90) A inflação monetária não está na quantidade<br />

de bilhetes, mas apenas no emprego destes. Se a moeda<br />

emitida se destinar ao aumento da producção, mas respeitando<br />

o equilíbrio cooperacional <strong>dos</strong> valores, ela é solvável<br />

e não é inflacionária. Mas sempre que ela tenda

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