Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi
Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi
Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
178<br />
MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />
do as possibilidades económicas do momento, para permitir<br />
a prosperidade e não a retrosperidade.<br />
Este ponto deve ser estudado em face das profissões<br />
e servir de estímulo ao acesso às mesmas (qualificação<br />
estimulada), bem como ao salário-família, com retenção<br />
proporcional, quando do não cumprimento do dever <strong>social</strong>.<br />
83) Separando a chamada "lei da oferta" da "lei da<br />
procura", temos, com o salário <strong>social</strong>, uma supressão da<br />
primeira, enquanto a segunda poderá actuar em favor do<br />
salário de rendimento.<br />
Esses pontos, que necessitam estu<strong>dos</strong> especiais, podem<br />
ser atendi<strong>dos</strong> dentro <strong>dos</strong> quadros da ordem vigente,<br />
em benefício de to<strong>dos</strong>, em cooperação com os outros aspectos,<br />
que passaremos a examinar.<br />
O MOMENTO QUE PASSA<br />
84) Estamos numa economia de paz entre duas<br />
guerras. Caso sobrevenha a nova guerra nosso papel<br />
táctico será dentro da linha de producção, pois pequenas<br />
são as nossas possibilidades militares. A anormalidade<br />
de uma guerra implica condições económicas anormais.<br />
Nossa economia as tornará fatalmente dirigidas, com a<br />
subordinação <strong>dos</strong> interesses particulares aos interesses<br />
colectivos do estado de guerra.<br />
Para tal, teremos que estar com a nossa economia<br />
já devidamente esboçada, sob pena de não corresponderem<br />
os esforços aos resulta<strong>dos</strong>. A economia directamente<br />
na mão do Estado é irrealizável, porque é o Estado<br />
uma figura abstracta, e tornaria ainda mais abstracta a<br />
figura do cliente.<br />
Mas garantido o escoamento da producção e do preço,<br />
não apresentaria a acção do Estado nem riscos nem<br />
O PROBLEMA SOCIAL 179<br />
inconvenientes ao productor. Numa economia de paz,<br />
quando o liberalismo, pela concorrência, não assegura<br />
benefícios sociais, deve êle desaparecer ou subordinar-se<br />
aos interesses colectivos.<br />
85) Uma das maiores ilusões <strong>dos</strong> economistas tem<br />
sido a da super-producção. Ora, o homem sempre deseja<br />
mais, e cria novas possibilidades de consumo, portanto<br />
tende para a supra-producção. A super-producção seria<br />
a correspondente a um crescimento desproporcional<br />
à supra-producção. Neste caso, seria ela prejudicial.<br />
Mas tal, na realidade, não se deu, nem se dá, nem se dará.<br />
O que se tem dado é uma impossibilidade de consumo,<br />
e tal se verifica pelo não respeito às invariantes da<br />
cooperação <strong>dos</strong> valores.<br />
86) Todas as tentativas de fixação de preços, pelo<br />
Estado, representam apenas um remédio empírico e de<br />
efeito transitório, e consequentemente inoperante, quer<br />
se faça para impedir a baixa <strong>dos</strong> preços, como para impedir<br />
a alta. Aqui, mais uma vez, a não compreensão da<br />
cooperação entre o individual e o colectivo leva a tais<br />
processos empíricos.<br />
As reacções individuais são provocadas pela lei da<br />
oferta e da procura, e não confundidas com as reacções<br />
colectivas, provocadas por desequilíbrio monetário ou financeiro.<br />
87) Nossa balança comercial não é sempre deficitária.<br />
Se o fosse, provocaria deflação monetária no interior,<br />
portanto já se vê que a chamada inflação no Brasil<br />
tem também uma raiz no equilíbrio favorável da balança<br />
comercial. Não somos, nem nos convém ser, um<br />
país autárquico. Há em nós desequilíbrio qualitativo na<br />
importação. Regulamentar essa, por compensações através<br />
de convénios, é justificável numa autarquia, trazendo<br />
suas vantagens, sobretudo entre nações de balança co-