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Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi

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174 MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />

Para manter-se o valor do trabalho, essas cifras precisam<br />

ser revisadas segundo a producção e seu valor respectivos.<br />

Há, assim, um valor cooperacional, que é resultante<br />

do equilíbrio <strong>dos</strong> diversos valores relativos.<br />

O erro do liberalismo económico foi precisamente<br />

não ter considerado esse aspecto cooperacional, por isso<br />

anacrónico com a nossa época, que anda mais depressa<br />

que os economistas liberais.<br />

A compreensão nítida da cooperação <strong>dos</strong> valores relativos<br />

permitiria um equilíbrio <strong>social</strong>, sem prejuízo de<br />

nenhuma actividade lícita e honesta.<br />

E para tanto, não há necessidade de violar nenhuma<br />

invariante económica, nem forçar a interferência do Estado<br />

além <strong>dos</strong> seus limites benéficos, nem perturbar o<br />

desenvolvimento da livre empresa, bastando não falsear a<br />

norma cooperacional <strong>dos</strong> valores.<br />

Vejamos, pois, como deveremos proceder.<br />

Dentro da Economia, não deve o homem ser considerado<br />

fora de sua realidade histórico-<strong>social</strong>. Nele coexistem<br />

o colectivo e o individual, e a cooperação entre<br />

ambos aspectos, centrífugo um e centrípeto o outro, não<br />

podem nem devem deixar de ser considera<strong>dos</strong> como são<br />

e como se actualizaram, segundo as circunstâncias. Assim,<br />

se o liberalismo permitiu um desenvolvimento desordenado,<br />

seria um erro pensar numa liquidação do individualismo,<br />

como se observa na maioria das escolas <strong>social</strong>istas.<br />

Colidem muitas vezes os interesses colectivos<br />

com os individuais, mas essa colisão não nos deve levar<br />

a pensar na liquidação de um <strong>dos</strong> antagonistas em benefício<br />

do outro.<br />

A luta entre o individual e o colectivo não se observa<br />

apenas entre os homens, mas dentro <strong>dos</strong> próprios homens,<br />

mas ambos podem cooperar. Os erros da econo-<br />

O PROBLEMA SOCIAL 175<br />

mia paleotécnica, que não compreendeu o aspecto cooperacional<br />

da sociedade, levou ao agravamento dessa luta,<br />

exacerbou-a através de suas experiências mal orientadas,<br />

e deu os frutos áci<strong>dos</strong> de nossa época, como também gerou<br />

as ideias rebeldes que vieram favorecer o clima de<br />

intranquilidade.<br />

O antagonismo entre ambos nos revela aspectos interessantes<br />

que seria longo examinar, e que levam a perspectivas<br />

várias quanto às categorias da Economia, com<br />

seu consequente erro por serem sempre posições abstractas,<br />

por tomarem separadamente pela inteligência o que<br />

é separado pela inteligência, e que não se separa na realidade.<br />

82) Os factores da producção. O trabalho.<br />

Não podemos falar actualmente em prosperidade no<br />

Brasil, porque não há, nem individual (salvo as excepções<br />

comuns), nem <strong>social</strong>. Só há prosperidade quando<br />

há melhoramento do "standard" de vida que permita<br />

aumentar o consumo. Pode dizer-se que o Brasil está<br />

num movimento inverso (de retrosperidade). Considere-se<br />

o decrescente de nossa agricultura, com grande redução<br />

na producção, ao lado de um aumento crescente no<br />

volume demográfico.<br />

A prosperidade só se poderia dar no aumento da<br />

producção, mas acompanhada por uma justa partilha <strong>dos</strong><br />

seus resulta<strong>dos</strong>.<br />

A prosperidade no Brasil depende, mais do que se<br />

pode calcular, da Técnica. País tropical, o trabalho tem<br />

um valor tónico menor que em países de clima temperado.<br />

Mas a Técnica é uma conjugação da actividade<br />

com a inteligência. Os factos comprovam que o brasileiro<br />

tem hábil acomodação e consequente assimilação da<br />

Técnica, maior que outros povos. Mas qual técnica se<br />

impõe?

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