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Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi

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170<br />

MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />

ração das conjunturas, umas mais benéficas do que outras.<br />

Tal conhecimento já abre caminho para procurarmos<br />

desenvolver uma conjuntura para que ela possa ter<br />

uma influência benéfica.<br />

Não deveriam nunca esquecer os nossos economistas<br />

e financistas que as "cifras" são apenas traducções,<br />

para facilidade de expressão, das facilidades económicas.<br />

O simbolizante substitui o simbolizado, por não ter este<br />

acomodação actual, mas deve sempre estar apto a ser<br />

substituído por êle, sob pena de ocultá-lo definitivamente<br />

ou não, e prejudicar a boa inteligência do mesmo. O<br />

salário, em cifras, é uma traducção do "standard" de<br />

vida, como a producção em cifras é uma traducção da<br />

actividade económica nacional.<br />

Por outro lado, nunca se deve esquecer a verdadeira<br />

significação da moeda tão confundida com a do dinheiro,<br />

de lamentáveis consequências. A moeda é um significante.<br />

Sinal de todas as categorias económicas, surge nas<br />

obras de economia, ora como riqueza, ora como reserva<br />

de valor; ora como medida comum de valores e serviços,<br />

ou como instrumento de pagamento, ou mercadoria, ou<br />

convenção, ou expressão de trabalho, ou capital, ou ainda<br />

como instrumento de conta, ou direitos, ou representante<br />

de valor ou crédito, ou instrumento de actividade<br />

económica e muitas outras modalidades que provocam<br />

inúmeras e inúteis disputas entre economistas e financistas.<br />

Como sinal (e esse é o verdadeiro carácter proteico<br />

da moeda) é sempre algo que está em lugar de... E<br />

como é fácil confundir-se o significante com o significado,<br />

caem os economistas nesse erro, e disputam entre si<br />

o significado, o que aponta o que é a essência em suma,<br />

da moeda.<br />

Na verdade, é ela, portanto, um significado, e como<br />

tal é um meio.<br />

O PROBLEMA SOCIAL 171<br />

E como todo facto económico se processa num tender<br />

para a troca, é ela meio de troca, e tem, como teve,<br />

e terá, o papel de facilitador da troca, e não o de embaraçá-la.<br />

E, por ser um meio, nunca deve ser confundida<br />

com um fim. Deve ela facilitar o desabrochamento do<br />

facto económico e não coarctá-lo.<br />

Hoje, ela antecede à troca, e nesse caso, existe antes<br />

da troca, como um acordo sobre o futuro, e sua cifra<br />

significa apenas a traducção do que ela representa em<br />

bens capazes de satisfazer necessidades. Que diríamos<br />

de um matemático que quisesse, com a Matemática, falsear<br />

os factos e ocultar a verdade? Não seria falsear os<br />

fins da Matemática? O mesmo é falsear os fins da Economia<br />

se forem troca<strong>dos</strong> ou falsifica<strong>dos</strong> os seus verdadeiros<br />

conceitos, que terminam por violar suas invariantes.<br />

Em toda ciência cultural, é de magna importância a<br />

presença <strong>dos</strong> variantes e <strong>dos</strong> invariantes, e nunca devem<br />

os primeiros ser despreza<strong>dos</strong> em benefício <strong>dos</strong> segun<strong>dos</strong>,<br />

e vice-versa. Um hábil manejo entre ambos permite melhor<br />

acomodação aos factos e melhor assimilação <strong>dos</strong><br />

mesmos. Preferimos aqui chamar de invariantes o que<br />

se costuma chamar lei, evitando o sentido restrito deste<br />

último termo.<br />

Esses invariantes nem sempre são profundamente<br />

compreendi<strong>dos</strong>.<br />

Mas, na verdade, toda a vez que os afrontamos, estamos<br />

às portas de um grande risco.<br />

Somos, por exemplo, um país capitalista, em que<br />

ainda predominam formas eotécnicas e paleotécnicas de<br />

producção, com um primário desenvolvimento neotécnico,<br />

e com grandes possibilidades biotécnicas. Nossa economia<br />

é uma economia de um período terrivelmente caótico,<br />

e por isso, mais que outras, exige um estudo de con-

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