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Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi

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156 MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />

cratas do Estado e do Partido, torna-se o usufrutuário<br />

<strong>dos</strong> bens produzi<strong>dos</strong>.<br />

Dessa forma, a cooperação assegura a liberdade e a<br />

dignidade humanas, ameaçadas pelo totalitarismo desenfreado,<br />

que só prevalece e se impõe, graças aos erros e<br />

defeitos das formas viciosas da paleotécnica.<br />

Há entre os comunistas muitos homens sinceros (como<br />

os há em todas as correntes doutrinárias), que aceitaram<br />

tais ideias, por lhes ter faltado uma visão analítica<br />

<strong>dos</strong> factos históricos, que lhes permitissem ver o papel<br />

extraordinariamente revolucionário da Técnica, a qual<br />

promove verdadeiros saltos qualitativos, e permite a concreção<br />

de novas formas, ricas de generosas possibilidades.<br />

É preciso saber distinguir os fantasmas do que é propriamente<br />

realidade. As formas de producção e as suas<br />

relações, no mundo actual, sofrem a influência modeladora<br />

da Técnica, cujas transformações permitem a actualização,<br />

a aceitação espontânea, daquelas ideias que haviam<br />

sido esquecidas nos turvos perío<strong>dos</strong> do pleno domínio<br />

paleotécnico. Marx, ante a realidade de sua época,,<br />

e <strong>dos</strong> elementos científicos e históricos que dispunha, não<br />

poderia ter outra visão. Na verdade, sua crítica ao capitai<br />

é paleotècnicamente justa.<br />

A HUMANIZAÇÃO DO TRABALHO<br />

A organização do trabalho foi sempre um tema que<br />

preocupou seriamente os trabalhadores inteligentes e to<strong>dos</strong><br />

os que se interessaram pelo bem estar do homem,<br />

que produz. Depois das formas humanas do artesanato,<br />

em que o trabalhador escolhia sua profissão, e em seu mister<br />

dava o melhor do seu esforço, tivemos a organização<br />

industrial do trabalho, que nos deu as formas super-civi-<br />

O PROBLEMA SOCIAL 157<br />

lizadas paleotécnicas do taylorismo e da racionalização,<br />

que, por entre os benefícios de carácter <strong>social</strong> que apresentaram,<br />

nos ofereceram também uma exploração desenfreada<br />

e estúpida do homem.<br />

A desarmonia do mundo paleotécnico é um verdadeiro<br />

inferno para o homem transformado em peça de<br />

uma grande máquina. Os ruí<strong>dos</strong> de uma oficina, das<br />

ruas, da vida trepidante de nossos dias, formam uma<br />

grande sinfonia dissonante.<br />

O trabalho mecanizado mecaniza o homem. No entanto,<br />

podemos e devemos dar um carácter orgânico, mais<br />

biológico portanto, à vida humana.<br />

As experiências modernas sobre o que se chama de<br />

"humanização do trabalho, assegurando nas oficinas um<br />

ritmo harmónico das máquinas e <strong>dos</strong> sons, tornam o trabalhador<br />

mais activo, porque o ritmo é um tonificador<br />

da acção. Humanizar o trabalho é afastá-lo da rotina, da<br />

repetição simétrica, é torná-lo humano e agradável, é assegurar<br />

sua maior productividade. Com a humanização<br />

do trabalho, em to<strong>dos</strong> os senti<strong>dos</strong>, penetramos em plena<br />

fase biotécnica.<br />

O HOMEM É UM FIM E NÃO UM MEIO<br />

Nunca devemos esquecer essa grande verdade: o homem<br />

é um fim e não um meio. Utilizá-lo, transformá-lo<br />

em peça de um mecanismo, é ofender a sua dignidade. A<br />

humanização do trabalho da biotécnica contribui para essa<br />

dignificação sem prejudicar a productividade, que é<br />

até aumentada. As experiências modernas da musicoterapia,<br />

por exemplo, nos mostram como a música pode<br />

curar tantos males, e colaborar para uma melhoria tónica<br />

do homem.

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