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Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi

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154 MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />

termediários-encarecedores, que entre nós são os maiores<br />

beneficiários entre a Producção e o Consumo.<br />

Assim coloquemos de um lado a Producção, formada<br />

pelo Capital, Trabalho e Natureza, de outro lado o<br />

Consumo, que pertence a to<strong>dos</strong>. Quis o Estado intervir<br />

como elemento coordenador desses factores, mas essa<br />

intervenção deu-lhe tal fortalecimento, que o tornou supinamente<br />

maléfico. É que o Estado burocratiza-se<br />

monstruosamente, e acaba por tornar-se uma forma viciosa<br />

pior do que as outras. A Rússia, país de producção<br />

mais cara do mundo, devido à intervenção do Estado,<br />

que acoberta em suas oficinas milhões de burocratas, apenas<br />

consumidores, é o exemplo maior da degeneração<br />

paleotécnica. Há, na Rússia, a média de um dirigente para<br />

cada três trabalhadores, quando, nos Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>,<br />

há um dirigente para cada onze trabalhadores.<br />

O estabelecimento de formas de cooperação permite<br />

a solução de tais <strong>problema</strong>s, melhorando sensivelmente<br />

a posição <strong>dos</strong> trabalhadores, que passam a ser donos<br />

também do que produzem.<br />

NOSSA SITUAÇÃO<br />

É falso, pois, o dilema apresentado: capitalismo ou<br />

comunismo. Falso, porque o capitalismo de que aqui se<br />

fala é o paleotécnico, e o comunismo é o seu filho rebelado.<br />

Desaparecida a exploração paleotécnica, desaparece o<br />

bolchevismo automaticamente, e ambos ocuparão o seu<br />

lugar correspondente no museu.<br />

O papel do intermediário-encarecedor, excrescência<br />

sobretudo paleotécnica, encravado entre a producção e o<br />

O PROBLEMA SOCIAL 155<br />

consumo, que dele não precisam, porque podem perfeitamente<br />

harmonizar-se entre si, se, em certos países, como<br />

o nosso, o fautor de uma situação de mal-estar <strong>social</strong>.<br />

Visando apenas aos próprios lucros, suga de um lado e<br />

de outro. Despovoa a terra, pela exploração <strong>dos</strong> agricultores,<br />

e empobrece a cidade pelo aumento do preço, a<br />

fim de assegurar seus lucros desmensura<strong>dos</strong>.<br />

A cooperação surge, por isso, como uma necessidade<br />

histórica. Só pelas formas de cooperação entre productôres<br />

e consumidores se pode resolver esse quisto pernicioso.<br />

Por outro lado, o productor, melhorando a sua<br />

situação pela ausência de um sanguessuga, pode penetrar<br />

na neotécnica e na biotécnica, humanizando o trabalho.<br />

A actividade <strong>dos</strong> trabalhadores, dentro das formas de<br />

cooperação, cooperativismo são e não de cooperativismo<br />

híbrido, como entre nós, que acoberta, muitas vezes, formas<br />

de exploração capitalista paleotécnica, sociedades de<br />

apoio-mútuo, grupos de compra, etc, resolve imediatamente<br />

seus <strong>problema</strong>s, conjugando, desde logo, sociedades<br />

de Producção e Trabalho, que deverão substituir a<br />

forma unilateral da sociedade capitalista paleotécnica,<br />

apenas dirigida pelos interesses de grupos restritos. Pelo<br />

cooperacionismo, desaparece o comprador e o vendedor<br />

do trabalho humano, para surgir a sociedade cooperacional,<br />

que destina, para benefício de to<strong>dos</strong>, os bens produzi<strong>dos</strong>.<br />

Uma nova moral surge então: a moral da cooperação.<br />

Desaparece o espírito de competição, que é predominante<br />

na paleotécnica, para sobrevir uma nova ordem <strong>social</strong><br />

que ampare os interesses de to<strong>dos</strong>, sem sacrifício de ninguém,<br />

evitando, assim, a formação do Estado-patrão do<br />

bolchevismo, o único comprador do trabalho humano,<br />

(que concentra em suas mãos, paleotècnicamente, o poder<br />

económico e o político), e que, por meio <strong>dos</strong> buro-

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