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Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi

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138<br />

MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />

de essa gestão directa, do que a indirecta realizada pelo<br />

Estado. Se nos dedicarmos a uma apreciação justa <strong>dos</strong><br />

dois tipos de gestão, desde logo notaremos que elas apresentam<br />

uma gradatividade heterogénea, ora é quase total<br />

a gestão directa e mínima a estatal, ora esta última aumenta<br />

em percentagem. Mas, o que é realmente evidente<br />

é que a gestão directa, através de to<strong>dos</strong> os tempos da<br />

vida humana, suplantou, numa proporção imensa, a gestão<br />

indirecta, do Estado. Contudo, mais espanta<strong>dos</strong> ficaríamos<br />

se meditássemos melhor sobre esses factos,<br />

concepção que domina muitos sectores é de que o Estado<br />

o maior contribuinte em benefícios sociais, ou ainda<br />

mais: que é êle o melhor agente para tais realizações.<br />

Que nos regimes totalitários essa propaganda dirigida<br />

em favor da gestão indirecta domine, seja dominante,<br />

compreende-se, porque os que desejam manter a posse e<br />

o usufruto do poder político têm naturalmente que infundir<br />

nas multidões a convicção que só o Estado é o organismo<br />

habilitado a realizar, com isenção <strong>dos</strong> interesses<br />

que viciam as verdadeiras intenções, obras realmente benéficas<br />

à colectividade. No entanto, demonstra-nos a<br />

História que as obras mais salutares, que melhor papel<br />

desempenharam para atingir as suas finalidades beneficentes,<br />

foram precisamente aquelas realizadas pela gestão<br />

directa. Há, da parte de muitos interessa<strong>dos</strong> na política,<br />

que hoje é sem dúvida a arte de alcançar o poder<br />

e dele dispor, o intuito de cobrir com o silêncio as grandes<br />

realizações de gestões directa, e exaltar, com excesso<br />

de epítetos, as dispendiosíssimas e pouco productivas<br />

realizações estatais. Poucos terão presente aos olhos e<br />

ao espírito a grandiosidade em intensidade e extensidade<br />

das obras, que são productos da gestão directa. Além<br />

das realizações de exploração económica sobre to<strong>dos</strong> os<br />

aspectos de origem privada, poderíamos apenas citar as<br />

obras de carácter <strong>social</strong> e benéfica à colectividade, realizadas<br />

pela gestão directa, como as sociedades para o pro-<br />

O PROBLEMA SOCIAL 13»<br />

gresso ou o fomento de algum bem de carácter superior,<br />

os centros culturais, as organizações de proteção aos interesses<br />

colectivos de toda espécie, escolas, bibliotecas,<br />

asilos, hospitais sociedades científicas, centros recreativos,<br />

agrupamentos de ajuda mútua, cooperativas de carácter<br />

<strong>social</strong> e cultural, institutos para estu<strong>dos</strong> económicos,<br />

sociais, filosóficos, artísticos, centros de amparo à mulher,<br />

organizações de auxílio aos doentes, aos necessita<strong>dos</strong>, órfãos,<br />

anciãos, mutila<strong>dos</strong>, academias de ensino gratuito, sociedades<br />

de difusão de ideias constructivas, sociedades beneficentes<br />

de toda espécie, sociedades de proteção à infância,<br />

organizações de viagens e excursões, centros e sociedades<br />

esportivas, sociedades internacionais, que se vinculam<br />

em organização em todo mundo, grupos de aperfeiçoamento<br />

das mais variadas disciplinas; em suma, uma<br />

infinidade de instituições livremente organizadas, de gestão<br />

directa com o precípuo fim de beneficiar a colectividade.<br />

Não vamos considerar as construções de casas, fábricas,<br />

etc, enfim, tudo que o homem realiza pela gestão<br />

directa.<br />

Estas organizações são muito mais numerosas e muito<br />

mais eficientes que as estatais, o que revela de maneira<br />

insofismável que o ser humano é capaz, pela gestão directa,<br />

de atender a tudo quanto se refere às necessidades<br />

colectivas. Bastaria fomentar e promover uma tomada<br />

de consciência destas realizações, para que to<strong>dos</strong> compreendessem<br />

que, com um pequeno esforço de cada um, seríamos<br />

capazes de promover e realizar tudo sem excepção<br />

que é mister para o bem colectivo, através apenas das<br />

organizações de gestão directa. Até a manutenção da ordem,<br />

a prevenção da delinquência, e inclusive a defesa da<br />

população contra possíveis ataques de potências estranhas<br />

seria factível por meios de gestão directa, como já<br />

verificamos em países como a Suíça, a Suécia e a Finlândia,<br />

em que o exército é o próprio povo organizado mili-

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