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Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi

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186<br />

MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />

midores e os servidores contra a exploração tão típica da<br />

época do capitalismo paleotécnico.<br />

A intervenção do Estado na economia foi sempre<br />

praticada em to<strong>dos</strong> os tempos numa gradação ilimitada,<br />

trazendo em alguns aspectos grandes benefícios, impedindo<br />

a multiplicação de erros, obstaculizando práticas<br />

abusivas, punindo os que inflingiam os direitos sociais,<br />

mas também foi a porta aberta a muitas brutalidades e<br />

abusos ainda mais clamorosos. Podemos considerar o<br />

nosso século como o em que o dirigismo tem realizado<br />

suas maiores proezas e também preparado o terreno para<br />

as mais sangrentas guerras que a história registra.<br />

Contudo, é mister distinguir bem dirigismo e intervencionismo.<br />

Diz-se intervencionismo da prática accidental<br />

e descontmua do Estado em matérias em que se exige<br />

um poder maior capaz de enfrentar obstáculos que parecem<br />

insuperáveis para a gestão directa. Dirigismo é a<br />

gestão indirecta permanente e constante, tendente a<br />

abranger to<strong>dos</strong> os sectores possíveis de seu domínio, como<br />

se verifica nos regimes chama<strong>dos</strong> <strong>social</strong>istas, como<br />

o bolchevismo, o nazismo e o fascismo, nos quais, em<br />

graus maiores ou menores, o Estado absorve todo poder<br />

<strong>social</strong>, e orienta e comanda a vida económica, regulando-a,<br />

determinando-lhe tarefas e direcções, absorvendo até em<br />

suas mãos toda a propriedade <strong>social</strong>, directa ou indirectamente.<br />

Hoje, como é natural, em face <strong>dos</strong> malefícios decorrentes<br />

de tal prática, justificada por muitos teoricamente,<br />

ressurge um movimento de grandes proporções em<br />

favor da gestão directa, da gestão realizada pela própria<br />

população através de seus organismos de criação popular,<br />

para penetrarem na vida económica, de modo a tornar-se<br />

capaz de realizar, e o faz e fará muito melhor, que<br />

o Estado, que é um órgão emperrador, burocratizado,<br />

O PROBLEMA SOCIAL 137<br />

lento e dispendiosíssimo, além de totalmente irresponsável,<br />

apesar de muitos julgarem o inverso.<br />

Muito maior propaganda obtêm as ingerências do<br />

Estado na vida económica do que as obras de gestão livre,<br />

realizadas por homens bem intenciona<strong>dos</strong>, com intuito<br />

de prestar serviços aos seus semelhantes, à comunidade.<br />

Quantas coisas grandiosas permanecem em silêncio,<br />

e delas não se ocupa a imprensa, nem os meios<br />

de divulgação. Entre o que o Estado procura fazer em<br />

benefício da colectividade e o que a própria colectividade<br />

faz, por intermédio de grupos de pessoas dedicadas<br />

ao bem comum, poderíamos verificar entre nós e no<br />

mundo inteiro que o saldo de benefícios realiza<strong>dos</strong> pelo<br />

segundo é muito maior do que o oferecido pelo Estado.<br />

Na gestão, temos a privada e a pública. A primeira<br />

é assim empregada para apontar todas as iniciativas extra-estatais;<br />

ou seja, de espontânea promoção de homens<br />

decidi<strong>dos</strong> a realizarem alguma coisa em benefício <strong>dos</strong><br />

outros, e também de si mesmos. A gestão pública é a<br />

realizada pelo Estado, como organismo político e admi<br />

nistrativo, que também visa, de certo modo, à mesma finalidade,<br />

mas substancialmente viciada por diversos efeitos<br />

que lhe são inerentes, como: a) o interesse político<br />

e eleitoral daqueles que promovem tais ingerências;<br />

b) a oposição normalmente oferecida pelos adversários<br />

receosos do prestígio que possam obter os primeiros nessas<br />

promoções; c) devido à complexidade do aparelhamento<br />

burocrático e da falta de um mais cuida<strong>dos</strong>o exame<br />

e controle <strong>dos</strong> gastos, as obras estatais são, em todo<br />

o mundo, muito mais dispendiosas do que as de origem<br />

privada.<br />

Se observarmos a vida económica, <strong>social</strong>, ética e histórica<br />

de um povo, verificamos que a maior soma de<br />

acções em to<strong>dos</strong> os sectores tem a sua origem na gestão<br />

livre, directa e privada. Muito mais fêz pela humanida-

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