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Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi

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134 MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />

A paz do mundo exige a descolonização sem dúvida,<br />

mas de toda espécie de colonização, e não apenas de<br />

algumas espécies.<br />

No caso brasileiro, pode-se discutir o nosso colonialismo<br />

em relação a Portugal, já que juridicamente não<br />

estávamos em condições de subordinações outras à metrópole,<br />

que não fossem as mesmas das regiões europeias.<br />

Poder-se-ia dizer, e muitos o fazem, que jamais foi o<br />

Brasil colónia de Portugal. Mas, sob outros ângulos, como<br />

o económico, o político, o cultural, etc, estivemos,<br />

inegavelmente, em situação colonial, e não só a Portugal,<br />

mas, após a Independência, em relação à Inglaterra, aos<br />

Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>, à França, que exerceram acções coloniais<br />

de várias espécies sobre nós.<br />

Não é suficiente uma vitória a meias contra o colonialismo;<br />

é mister uma vitória completa, e esta só se<br />

actualiza quando realizamos a nossa autonomia não só<br />

no campo político e económico, mas, sobretudo, no campo<br />

cultural.<br />

DA PREVISÃO ECONÓMICA<br />

78) O termo conjuntura, cuja origem é latina, era<br />

usado pelos astrólogos, como ainda o é, para indicar a<br />

específica conjunção <strong>dos</strong> astros. Daí foi êle levado para<br />

Filosofia, no sentido da conjunção de diversos factores,<br />

que dão uma nova fisionomia aos acontecimentos, e que<br />

permite prever acontecimentos futuros. Embora tenha<br />

o termo sido empregado de outras maneiras, no campo<br />

da ciência da cultura, toma esse sentido amplo. Assim<br />

se pode falar em conjuntura <strong>social</strong>, histórica, económica,<br />

política, demográfica, e também nas ciências da natureza<br />

é empregado, como conjuntura meteorológica, química,<br />

etc.<br />

O PROBLEMA SOCIAL 135<br />

Sempre houve o desejo do homem de prever os acontecimentos<br />

e essas tentativas de previsão são um testemunho<br />

da própria humanidade, pois o homem, por ser<br />

um animal racional, perscruta o futuro, fundando-se nos<br />

da<strong>dos</strong> que lhe oferecem o presente e o passado, porque,<br />

como se verá no estudo da História, o futuro está prenhe<br />

de presente, de passado e também de um futuro mais<br />

remoto.<br />

É sobre o conhecimento da conjuntura económica<br />

que se podem estabelecer os méto<strong>dos</strong> de previsão. Há<br />

hoje até uma função especialíssima, a do conjuntorologista,<br />

e até a formação de uma nova disciplina económica,<br />

a conjunturologia. Como, porém, os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong><br />

não são suficientemente animadores, a conjunturologia<br />

ainda não alcançou o estágio desejado, mas tal não<br />

impede que novos estu<strong>dos</strong> sejam feitos e que esperemos,<br />

para um futuro não muito remoto, que já disponhamos<br />

de melhores meios de diagnosticar e prognosticar os<br />

eventos futuros.<br />

O DIRIGISMO<br />

79) Considera-se dirigismo a prática de intervenção<br />

e de ingerência do Estado na vida económica de um país.<br />

Não é propriamente uma doutrina, nem um sistema, mas<br />

uma prática que surgiu em oposição ao pensamento liberal,<br />

que preconizava a não ingerência do Estado na<br />

economia, que devia ser regulada pelas suas próprias<br />

leis. Como essas leis não impediam as clamorosas injustiças<br />

sociais e o abuso económico, a exploração desenfreada,<br />

a pouco e pouco foi sendo exigido pelos oprimi<strong>dos</strong><br />

um poder capaz de fazer frente à sanha voraz de<br />

exploradores sem escrúpulos. Como não se procuraram<br />

melhores caminhos, concluiu-se que o Estado era o único<br />

organismo capaz de realizar justiça e defender os consu-

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