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Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi

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130 MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />

talidade capitalista. De certo modo, é precedente essa<br />

crítica, mas, por outro, faculta-lhes a presença na gestão<br />

da empresa, o que não é de desprezar, pois prepara desse<br />

modo os trabalhadores aos trabalhos administrativos futuros.<br />

Contudo, as dificuldades em estabelecer a participação<br />

justa entre os trabalhadores e os capitalistas têm<br />

criado situações que geram desentendimentos e até malogros.<br />

Entretanto, o que se pode preconizar aqui é que<br />

as diversas práticas devem ser tentadas, pois delas sairão<br />

as regras, que deverão reger, no futuro, as melhores formas,<br />

que sobreviverem à experiência.<br />

COLONIALISMO<br />

77) Expressa esse termo a acção colonial sistemática,<br />

e certamente foi êle cunhado pelos adversários de<br />

tal acção.<br />

Usado por muitos autores, encontramo-lo muitas vezes<br />

no Capital de Marx, referindo-se à actividade económica<br />

própria da fase pré-capitalista, que aquele salientava<br />

como um estado de facto.<br />

Contudo, a ideia de colonialismo expressa uma subordinação<br />

do colonizado pelo colonizador. Essa subordinação<br />

apresenta uma escalaridade, alcançando até a sujeição.<br />

Pode ela dar-se pela migração de homens para determinada<br />

zona a ser explorada, como vemos no colonialismo<br />

do sul do Brasil, ou pela submissão de um povo ou<br />

raça, que passa a subordinar-se económica e até juridicamente<br />

ao colonizador.<br />

Como há típicas modalidades de colonização, o termo<br />

tem certa equivocidade, que se tem prestado a explorações<br />

sofismáticas de toda espécie.<br />

O PROBLEMA SOCIAL 131<br />

Segundo Balandier, é "o domínio imposto por uma<br />

minoria estrangeira, racialmente (ou etnicamente) e culturalmente<br />

diferente, em nome de uma superioridade racial<br />

(étnica) e cultural dogmàticamente afirmada, a uma<br />

maioria autóctone, materialmente inferior, cujo domínio<br />

põe em contacto civilizações radicalmente heterogéneas."<br />

Essa definição, contudo, expressa um sentido específico<br />

do colonialismo, e refere-se mais à maneira de realizá-lo<br />

as grandes potências.<br />

Para um conteúdo mais claro e filosoficamente mais<br />

seguro do termo, diremos que colonialismo é a subordinação<br />

sistemática, que gera certo domínio de determina<strong>dos</strong><br />

agentes estrangeiros, sobre outros nacionais, fundando-se<br />

numa inferioridade do subordinado ao subordinante,<br />

aceita ou imposta.<br />

Com esse enunciado, reunimos, no conceito de colonialismo,<br />

toda espécie que possa manifestar, como sejam:<br />

o económico, o administrativo, o cultural, o político, o religioso,<br />

etc.<br />

Podemos, ademais, distinguir o papel activo do subordinador,<br />

e o passivo do subordinado, que mantém<br />

uma relação de acto e potência, funcionando segundo as<br />

leis ontológicas desse antagonismo.<br />

Nesse enunciado, inclui-se a forma violenta, que se<br />

realiza através da invasão de um país por forças de outro,<br />

a imposição do regime colonial, da autoridade do<br />

subordinante ao subordinado, como também as formas<br />

menos violentas e até as astuciosas de exercer um povo<br />

o seu domínio sobre outro, inclusive no plano cultural,<br />

como vemos entre nós, onde muitos intelectuais, domina<strong>dos</strong><br />

pelo espirite de colonialismo passivo, admiram<br />

apenas o que tem origem nos países mais desenvolvi<strong>dos</strong><br />

da Europa, negando nossas possibilidades culturais e<br />

desvalorizando tudo quanto façamos, enquanto, embas-

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