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Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi

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126 MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />

Se se considerar que é injusta a maneira de considerar<br />

to<strong>dos</strong> os capitalistas pelo mito do capitalista explorador,<br />

como o fazem os <strong>social</strong>istas em seus excessos de<br />

crítica e de análise, é possível compreender-se, claramente,<br />

que os defeitos que o capitalismo apresenta são de<br />

decorrência accidental e não essencial.<br />

Contudo, a presença do capitalista, nesse sentido<br />

justo, dentro da ordem <strong>social</strong>, não deve implicar, necessariamente,<br />

que a sociedade deva ser, em sua estructura<br />

jurídica e política, apenas capitalista.<br />

O Estado não pode ser apenas alguns de nós, mas<br />

to<strong>dos</strong> nós.<br />

To<strong>dos</strong> têm e devem ter responsabilidade nos negócios<br />

públicos, e é mister acabar com essa mentira que<br />

a única acção política do cidadão é pôr o seu voto na<br />

urna, e delegar os seus poderes a um indivíduo qualquer,<br />

que nem sempre está à altura do cargo que vai ocupar,<br />

e que muitas vezes, ou quase sempre, é o primeiro a trair<br />

em acto as suas palavras. Ademais, nem sempre o eleitor<br />

tem liberdade de escolher, pois muitas vezes aparecem<br />

candidatos <strong>dos</strong> quais nenhum é digno de atenção,<br />

mas o eleitor se vê forçado a escolher o menos ruim, por<br />

ter de escolher alguém, e impedir que o pior assuma o<br />

posto que não merece ocupar.<br />

O pantarquismo é a única solução <strong>social</strong>, o único caminho<br />

para a solução <strong>dos</strong> <strong>problema</strong>s sociais. A sua atitude<br />

é clara contra os falsos messias, os falsos guias, os<br />

falsos salvadores, os falsos líderes. Ademais, a gestão<br />

directa tem sido mais útil e benéfica à sociedade que a<br />

gestão indirecta, e esta pouco realizou em relação àquela.<br />

A Humanidade deve quase tudo à gestão directa, e quase<br />

nada à gestão indirecta, a gestão política de alguns, que<br />

actuam em nome de to<strong>dos</strong>.<br />

O PROBLEMA SOCIAL 127<br />

É hora, de uma vez por todas, de dizer basta a esses<br />

erros, e lutar por um mundo melhor, mas um mundo<br />

construído por nossas mãos e pela nossa inteligência, por<br />

to<strong>dos</strong> nós, responsáveis de tudo quanto acontece, e não<br />

apenas por alguns ilumina<strong>dos</strong>, que se julgam os portavozes<br />

da divindade, super-homens que nada mais são que<br />

super-pigmeus, cuja única grandeza é a sombra imensa,<br />

que projectam nos entardeceres humanos.<br />

OFERTA E PROCURA<br />

75) Quando a oferta começa a superar a procura,,<br />

quando há bens em demasia, sabe-se que os preços baixam,<br />

porque o preço é dependente também da raridade<br />

de um bem. Nessas ocasiões, alguns comerciantes, desejosos<br />

de manterem os preços, e evitar prejuízos que possam<br />

advir da baixa precipitada, tratam de adquirir os<br />

bens sobrantes, realizando o que os antigos economistas<br />

chamavam de dardanismo, e os italianos de accaparare,<br />

que em nosso idioma tomou o nome de açambarcamento.<br />

No século XIX, era muito usado o açambarcamento,<br />

verdadeiro terror das populações pobres de então. Manifestava-se<br />

pela acquisição por parte de um comerciante<br />

de todas as mercadorias disponíveis numa determinada<br />

região, o qual as escondia em lugar seguro, forçando, depois,<br />

a alta <strong>dos</strong> preços.<br />

Modernamente, o açambarcamento realiza-se por<br />

meio de uma pessoa ou um grupo, o qual consiste no acto<br />

especulativo de assegurar um monopólio, mesmo provisório,<br />

de uma determinada mercadoria, que é vendida,<br />

posteriormente, a preço mais elevado.<br />

O Estado, forçado pelas exigências populares, procura<br />

lutar contra tais açambarcamentos, mas a sua luta

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