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Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi

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14<br />

MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />

b) as imunidades parlamentares garantem uma propaganda<br />

mais firme dentro da ordem burguesa;<br />

c) permite conhecer o apoio popular de um partido<br />

pela votação, e de seus progressos ou regressos na confiança<br />

e no prestígio popular.<br />

São esses os três argumentos principais <strong>dos</strong> eleitoralistas.<br />

Parecem poderosos e eficientes, mas como os libertários<br />

se negam a separar a teoria da prática, pois é<br />

na prática que vamos encontrar o melhor fundamento das<br />

teorias, e a força da teoria, quando ela é aplicável, com<br />

eficiência, na prática.<br />

Por princípio são eles anti-partidários, porque consideram<br />

o partidarismo, que sempre se inicia vacilante,<br />

tender, finalmente, a tornar-se exigente, opressivo, e criar<br />

abismos no movimento das classes oprimidas.<br />

Para a burguesia, nada melhor que a luta partidária<br />

e eleitoralista <strong>dos</strong> parti<strong>dos</strong> operários. Ela sabe perfeitamente<br />

que, por esses meios, o proletariado se afasta cada<br />

vez mais de sua verdadeira luta, e adia, continuamente, o<br />

dia da renovação <strong>social</strong>, que há séculos vem sendo desejada.<br />

As razões, que apontam os libertários em defesa de<br />

sua atitude, são as seguintes:<br />

Quem estudar detidamente a história <strong>dos</strong> parti<strong>dos</strong><br />

<strong>social</strong>istas, verificará, como uma constante em todo o seu<br />

desenvolvimento, este facto inegável: todo partido <strong>social</strong>ista<br />

que, por estas ou aquelas razões, não participa da<br />

luta eleitoral, critica continuamente os parti<strong>dos</strong>, que dessa<br />

luta se aproveitam, de se terem desviado de seus verdadeiros<br />

princípios, de se terem tornado colaboracionistas,<br />

de se terem perdido nos meios e esquecido os fins,<br />

de incluírem "traidores" em suas fileiras, de se terem verificado<br />

em número ascendente o <strong>dos</strong> que se afastam <strong>dos</strong><br />

O PROBLEMA SOCIAL 15<br />

princípios ideológicos, para empreenderem acor<strong>dos</strong>, conchavos<br />

e combinações, que têm servido apenas para desvirtuar<br />

a verdadeira luta <strong>dos</strong> trabalhadores. Leia-se, por<br />

exemplo, toda a literatura de polémica do marxismo, e<br />

vemos nela, quando os marxistas não ocupam postos de<br />

eleição, criticarem sempre os outros parti<strong>dos</strong> políticos do<br />

proletariado de servirem de apoio à burguesia, de colaborarem<br />

vergonhosamente, de se afastarem, frequentemente,<br />

<strong>dos</strong> seus princípios ideológicos. E quando os<br />

marxistas se aproveitam desses mesmos cargos eleitorais,<br />

serem continuamente acusa<strong>dos</strong>, pelos que não participam<br />

do poder, <strong>dos</strong> mesmos erros e desvios, que se verificam<br />

tão tragicamente na história <strong>dos</strong> parti<strong>dos</strong> populares.<br />

Não podemos compreender que a repetição desse facto,<br />

repetição teimosa e constante, não sirva para abrir<br />

os olhos de muita gente, dizem os anarquistas. Por um<br />

empirismo simplista, por uma incompreensão categórica<br />

da realidade, julgam muitos que tais factos sucedem "apenas<br />

porque os representantes do povo não eram bastante<br />

puros", e erraram por factores de ordem "puramente<br />

subjectiva". Ora, tal explicação não deve estar nos lábios<br />

de um verdadeiro <strong>social</strong>ista. Isto não é explicar, mas<br />

apenas querer iludir a própria verdade; isto é, mistificar<br />

a massa sob a ingénua afirmação de "que eles erraram<br />

porque eram eles, mas nós seremos diferentes".<br />

E quando sobem "esses puros" ao poder, tornam-se<br />

iguais, em tudo e por tudo, aos antigos "traidores", que<br />

foram tão terrivelmente acusa<strong>dos</strong>.<br />

Se tais factos, que se repetem constantemente, não<br />

abrem os olhos de muitos, é que a cegueira partidária esconde<br />

a realidade da vida e a verdadeira significação degenerativa<br />

que existe na luta eleitoral e política. E não<br />

é só. Não são apenas os "representantes do povo" os<br />

acusa<strong>dos</strong> de desvio, mas as próprias bases populares <strong>dos</strong><br />

parti<strong>dos</strong> eleitoralistas, que são acusadas de inércia, de

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