19.04.2013 Views

Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi

Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi

Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

112<br />

MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />

É perfeita, quando há plena cognição e consenso do<br />

fim; imperfeita, quando a cognição ou o consenso é deficiente.<br />

É positiva quando procede do acto; negativa quando<br />

realiza a suspensão do acto; é actual, quando pende formalmente<br />

do acto; é virtual, quando pendendo do acto,<br />

:influirá posteriormente. É explícita, quando o conhecido<br />

é tomado distintamente, e implícita, quando tomado<br />

«em algo geral querido.<br />

A acção humana, como toda acção, em si é indiferente,<br />

é honesta, pois no sentido clássico deste termo a<br />

honestidade está na indiferença. Contudo, quando usa<br />

■determina<strong>dos</strong> meios maus, embora para obtenção de efeitos<br />

bons, a acção deixa de ser honesta, porque os meios<br />

já não são indiferentes. Se usa meios maus para fins<br />

maus é ela vituperável. De uma acção, podem surgir<br />

efeitos bons ou maus, mas a acção, de per si, é honesta.<br />

Haverá desonestidade, quando há intenção de usá-la para<br />

obtenção de efeitos que deveriam ser despreza<strong>dos</strong>.<br />

Vimos que o acto voluntário elícito é aquele que procede<br />

imediatamente da vontade, e que nela é observada.<br />

Consideremos agora que há, quanto às possibilidades,<br />

a presença da contradição, o que não há em acto.<br />

Assim poderei daqui há pouco estar sentado ou em pé,<br />

mas quando estou sentado, não posso estar ao mesmo<br />

tempo em pé. Em acto, é impossível a contradição, o<br />

que não o é em potência. Ora, a liberdade humana con-<br />

.siste no poder fazer e no poder não fazer. Mas, quando<br />

faz isto, não pode ao mesmo tempo não fazer. A liberdade<br />

indica a antecedência de uma possibilidade contraditória,<br />

da qual o homem tem consciência e sem a qual<br />

não há liberdade. Quando se argumentou contra a liber-<br />

«dade, como o fizeram Schopenhauer, Spinoza, Leibnitz<br />

*e os deterministas, de que a agulha magnética poderia<br />

O PROBLEMA SOCIAL 113<br />

julgar que é livre em dirigir-se para o norte, ou a ventoinha<br />

em seguir a corrente do vento, tais argumentos<br />

pecavam pela falta de paridade, porque a ventoinha ou<br />

a agulha magnética não têm consciência de si, nem, consequentemente,<br />

<strong>dos</strong> possíveis contraditórios. Mas o homem<br />

tem-na. A diferença é, pois, muito grande, embora<br />

essa diferença não tenha sido suspeitada sequer por tão<br />

conspícuos filósofos.<br />

É preciso que se estabeleça claramente o que é liberdade<br />

física, que consiste na indiferença activa do agente,<br />

pela qual, da<strong>dos</strong> to<strong>dos</strong> os requisitos para agir, pode agir<br />

ou não agir. Se não pode recusar-se a agir, sua acção<br />

será necessária. Se faltar algum requisito, teremos a<br />

impotência. Deve haver a indiferença, pois do contrário<br />

a vontade estará determinada, e deve ser activa, porque<br />

uma indiferença passiva é apenas para receber muitas<br />

determinações.<br />

Eis uma das matérias onde se dão maiores controvérsias.<br />

Há os que negam ao homem a liberdade, e negam-na<br />

sempre os cesariocratas, e alguns empresários<br />

utilitários, estes mais por ignorância ou pelo desejo de<br />

conquistar uma posição de irresponsabilidade sobre o<br />

que fazem.<br />

Não podemos aqui tratar desta matéria em toda a<br />

sua extensão, pois já o fizemos em outros livros nossos,<br />

mas podemos, contudo, estabelecer alguns estu<strong>dos</strong>, que<br />

nos facilite a melhor compreensão da matéria.<br />

A palavra liberdade, do latim libertas, corresponde<br />

genericamente ao termo grego ethimon, e significa, nesse<br />

sentido, imunidade, isenção, solução de um vínculo,<br />

isenção da necessidade (de nec cedo, do não cedível, do<br />

que não pode deixar de ser). Nesse sentido, pode-se falar<br />

na liberdade <strong>dos</strong> pássaros voarem, das plantas crescerem,<br />

etc. É a liberdade de exercício, que tem o preso

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!