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Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi

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106 MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />

vando a nação e a pátria, embora mesmo sem o Estado,<br />

como a Áustria, a Alemanha, logo depois desta última<br />

guerra.<br />

68) É improcedente em sentido absoluto o princípio<br />

de nacionalidade. E o é porque se pode constituir uma<br />

nação pelo consenso de indivíduos, vin<strong>dos</strong> de várias nacionalidades,<br />

como o Brasil, e um país pode ser organinizado<br />

com povos de várias nacionalidades como a Suíça.<br />

Dizem alguns que se não é válido em sentido absoluto<br />

o é em sentido restrito. Mas demonstramos que seu<br />

fundamento não está nem na comunidade do território,<br />

nem na origem das estirpes, nem na língua, nem no ímpeto<br />

de independência.<br />

Demonstramos, sim, que o princípio das nacionalidades<br />

foi defendido, usado e abusado para satisfazer os<br />

apetites de poder de cesariocratas, que pretendiam justificar<br />

a sua sanha de domínio.<br />

O que há são pátrias e estas são reais e justificadas<br />

na História. Há Esta<strong>dos</strong> também, e também reais. Mas<br />

o abuso do ideal nacionalista é hoje mais a exploração de<br />

um fantasma que serve a interesses escusos, que não podem<br />

ser revela<strong>dos</strong> pelos seus defensores, mas que devem<br />

ser denuncia<strong>dos</strong> pelos que sabem para que fins se destinam.<br />

69) Os povos podem viver em paz. Mas para que<br />

tal aconteça é mister retirar o poder <strong>dos</strong> que fazem a<br />

guerra. Ou o poder se dissemina a to<strong>dos</strong>, de modo que<br />

ninguém o possua de tal modo que possa arrastar com<br />

suas mentiras, com sua propaganda organizada, com seus<br />

fetiches e com suas seducções, os incautos à guerra, ou<br />

então a paz não reinará entre os homens.<br />

A paz reinará entre os homens de boa vontade, quando<br />

houver número suficiente de homens de boa vontade.<br />

O PROBLEMA SOCIAL 107<br />

O homem sempre desejou a paz. Mas essa foi sempre<br />

perturbada pela paixão desenfreada, pela concupiscência<br />

<strong>dos</strong> bens alheios, pelo desejo insopitável de poder,<br />

que anima a to<strong>dos</strong> os complexa<strong>dos</strong> de inferioridade, pela<br />

inveja, pela incapacidade em realizar e o desejo de pilhar<br />

os possuidores em benefício <strong>dos</strong> que não foram capazes<br />

de realizar os bens de que careciam.<br />

70) É possível ao homem alcançar a sociedade internacional,<br />

aquela que defenda o interesse de to<strong>dos</strong> para<br />

o bem comum. Essa sociedade, porém, estabelecerá o<br />

fim do cesariocrata, e este não pode desejá-la.<br />

Uma pax romana, uma paz de Atila ou de Gengis<br />

Khan pode agradar a brutos, não a homens no sentido<br />

pleno do termo. O caminho da paz não pode ser o totalitarismo<br />

universal, o totalitarismo internacional.<br />

A soberania interna de um povo não impede o respeito<br />

ao interesse colectivo. Ademais as diferenças e a<br />

heterogeneidade humanas não são tais que obstaculizem<br />

de modo invencível o acordo entre os povos.<br />

E mais: não será possível estabelecer a paz entre os<br />

homens sem a sociedade internacional, porque nenhum<br />

país poderá alcançar a sua plenitude sem o apoio <strong>dos</strong><br />

outros.<br />

É outro desafio ao homem.<br />

O FACTOR ÚNICO<br />

71) Na penumbra, pouco percebemos as coisas, que<br />

mal se distinguem para nós, confusas umas com as outras.<br />

No entanto, à proporção que a luz surge, os objectos<br />

vão adquirindo seus contornos, sua nitidez, e nos é<br />

possível captar os limites que os cercam e os separam<br />

uns de outros.

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