Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi
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104 MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />
pela habilidade política em alcançar o poder, quase sempre<br />
fruto da astúcia e da má fé.<br />
O <strong>social</strong>ismo de Estado é o mais infame <strong>dos</strong> <strong>social</strong>is><br />
mos, e negado por to<strong>dos</strong> os <strong>social</strong>istas puros, porque afirma<br />
não o governo dado a to<strong>dos</strong>, não o Estado como a sociedade<br />
politicamente (no sentido genuíno do termo) organizada,<br />
mas, sim, de um monstruoso organismo prepotente,<br />
ao qual caberia a administração e o poder absoluto<br />
sem apelação contra a tirania. Seria a maneira mais tirânica<br />
de governar, que nenhum tirano do passado poderia<br />
sonhar em seus pesadelos. Em suma, o <strong>social</strong>ismo de<br />
Estado não passa de um pesadelo de um tirano enlouquecido.<br />
DA PROPRIEDADE<br />
65) Provamos, e ao nosso lado estão os mais sérios<br />
filósofos, que há uma propriedade justa e necessária. Em<br />
primeiro lugar é inevitável o direito à propriedade <strong>dos</strong><br />
bens de consumo, porque quem satisfaz suas necessidades<br />
se apropria necessariamente de bens.<br />
Quanto aos bens de producção, não é justo que aqueles<br />
que o obtêm pelo seu trabalho, deles não possam<br />
usufruir, desde que sua actividade não seja prejudicial ao><br />
bem colectivo, mas contribuam para desenvolver a producção<br />
em benefício de to<strong>dos</strong>. Ademais, o homem afirma-se<br />
quando os realiza e os que se congregam para realizá-los<br />
sentem a afirmação de si mesmos acentuada.<br />
A existência da família postula a justiça da propriedade<br />
privada.<br />
Negar a família é afrontar uma realidade que nenhum<br />
deficitário mental tem o direito de fazê-lo. Os próprios<br />
bolchevistas, que no início combateram a família, tiveram,<br />
O PROBLEMA SOCIAL 105»<br />
finalmente, que defendê-la. Hoje o lema <strong>dos</strong> "comunistas"<br />
russos é "Pátria, Família, Estado". Deus foi substituído<br />
pelo Estado, 9 por aqueles que se diziam seus adversários<br />
e que pretendiam aboli-lo.<br />
DO PRINCÍPIO DE NACIONALIDADE<br />
66) Demonstramos a improcedência das doutrinas,<br />
nacionalistas, hoje manejadas, sobretudo, por aqueles que<br />
mais combateram o nacionalismo e pregaram o internacionalismo.<br />
Tanto um como outro são extremos viciosos<br />
e fundam-se em erros.<br />
67) O sofisma fundamental do nacionalismo está em<br />
considerar como sinónimos nação, pátria e Estado.<br />
Já mostramos as diferenças e é mister repeti-las, bem<br />
como examiná-las, para evitar o erro palmar que tem<br />
custado e está custando bastante sangue e inquietação à<br />
humanidade.<br />
Diz-se nação, do que nasce, de uma população que tem<br />
sua origem fisiológica num conjunto de famílias, provenientes<br />
de uma unidade de origem, da qual provêm as diversas<br />
estirpes. Prescinde esse conceito do de território.<br />
Mas do conceito de território não prescinde o de pátria,<br />
que significa a terra onde se nasce, onde nasceram os pais,<br />
os ascendentes. Estado é o nome que se dá à autoridade<br />
politicamente organizada, ao organismo que rege a população.<br />
Se há pontos comuns entre esses três conceitos não<br />
são estes, porém, essenciais a to<strong>dos</strong>, pois um Estado pode<br />
ser composto de várias nações, como o Império Britânico,<br />
ou de várias nacionalidades, como os Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong><br />
e o Brasil, ou de uma nação, embora tenha desaparecido<br />
o Estado, como a Polónia do século XIX, ou conser-