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Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi

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92<br />

MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />

gue imediatamente, como o estimula a manifestar maior<br />

audácia em suas reivindicações.<br />

50) O processo corruptivo também é alimentado pela<br />

penetração sub-reptícia <strong>dos</strong> elementos de outros estamentos,<br />

que buscam ascender aos cargos e postos do estamento<br />

dominante, usando to<strong>dos</strong> os recursos que a astúcia<br />

humana ensina, para, com eles, abrirem as brechas,<br />

pelas quais possa penetrar o maior número, e também<br />

tornar mais fácil a concepção de direitos, que são naturalmente<br />

reivindica<strong>dos</strong> pelo estamento que anela o kratos<br />

político.<br />

Nesses momentos, surgem os compromissos políticos,<br />

que têm sempre um papel corruptivo crescente, oferecendo<br />

melhores condições para aumento daquele.<br />

51) A cosmovisão, com as suas decorrências possíveis,<br />

que apresentam distinções marcantes da concepção<br />

primeira e fundamental, sofre modificações sempre proporcionais<br />

a essas variações nos compromissos políticos<br />

e económicos, estes últimos com seus reflexos naqueles e<br />

nos jurídicos. A cosmovisão mantém-se pura formalmente,<br />

não materialmente. Assim, se formalmente se mantêm<br />

os postula<strong>dos</strong> primeiros, na prática os novos postula<strong>dos</strong><br />

são estabeleci<strong>dos</strong>. Posteriormente, são justifica<strong>dos</strong>,<br />

integrando-se na nova maneira de considerar o mundo<br />

(cosmovisão subordinadav, mas ao mesmo tempo modificativa<br />

da anterior). Não é inédito na História, e ao<br />

contrário, é constante, os concílios, as conciliações entre<br />

a nova maneira de ver o mundo e a anterior, incorporando-se<br />

a nova maneira na antiga, que a princípio resiste,<br />

cedendo, afinal, e justificando até, ante os fundamentos<br />

da cosmovisão teocrática, as reivindicações exigidas pelo<br />

estamento em ascensão. Não é, pois, de admirar que em<br />

nenhum ciclo cultural, nenhuma cosmovisão se mantenha<br />

pura e imutável através <strong>dos</strong> tempos. Há, sempre, conciliações,<br />

e estas são ratificadas por acor<strong>dos</strong> solenes, se-<br />

O PROBLEMA SOCIAL 93<br />

gundo as normas de sanccionar de cada cosmovisão cultural.<br />

Tais modificações são verificáveis em to<strong>dos</strong> os ciclos<br />

culturais, e têm elas suas razões no próprio dinamismo<br />

das interactuações entre os diversos tipos de estamento.<br />

52) A decadência do estamento se processa: a) pela<br />

perda constante do poder político, em consequência da<br />

perda do poder económico; b) pela mudança constante na<br />

cosmovisão, cujas corrupções accidentais alteram aos poucos<br />

as ideias fundamentais, com aderências suspeitas e<br />

muitas vezes sacrílegas; c) pela introducção constante de<br />

elementos caracterológicos de outros estamentos, que passam<br />

a ocupar posições de relevo, e que o perturbam, com<br />

modificações accidentais, muitas vezes temerárias, outras<br />

até sacrílegas; d) pela acção constante da oposição <strong>dos</strong><br />

estamentos adversos, que não encontram a resistência<br />

necessária e corrompem, sob vários aspectos, a tensão<br />

formada, que, enfraquecida, abre ensanchas a inovações<br />

perigosas, deletérias e corruptivas; e) pela estagnação, pela<br />

ausência de figuras capazes de manter a unidade, pela<br />

falta de maior dedicação aos misteres correspondentes,<br />

pela passividade, pela intolerância mal fundada, pela falta<br />

de uma exposição clara <strong>dos</strong> legítimos fundamentos, que<br />

não facilitam o respeito que lhe deve corresponder.<br />

53) A decadência do ciclo cultural, processa-se:<br />

a) pelo/ esgotamento das possibilidades e pela actualização<br />

de algumas, que transferem para o epimeteico<br />

outras não mais historicamente actualizáveis;<br />

b) pela estagnação que se verifica na capacidade<br />

criadora, pela ausência de exemplares capazes de abrir<br />

novas possibilidades;<br />

c) pela oposição e pelo antagonismo <strong>dos</strong> elementos<br />

adversos, que não encontram a resistência capaz de impedir<br />

a sua acção corruptiva;

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