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Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi

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84<br />

MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />

dientes a uma normal estabelecida pela totalidade, que<br />

estabelece a sincronia da actuação da mesma. Por outro<br />

lado, comprovou-se ainda que os termos da relação, que<br />

actuam sob o império da normal estabelecida pela actualidade,<br />

virtualizam o ímpeto de sua actuação particularizante,<br />

e que esta virtualidade constitui o conjunto das disposições<br />

prévias corruptivas de uma totalidade.<br />

23) Tais aspectos demonstram que a submissão <strong>dos</strong><br />

termos à totalidade não é absoluta, pois sempre se reserva,<br />

de modo real e evidente, um poder de actuação em oposição<br />

ao interesse do todo, o que não justifica, de modo<br />

algum, uma submissão total e absoluta, que seria contrária<br />

à realidade da condição humana. Contudo, é possível,<br />

graças ao estudo, impedir que as disposições prévias<br />

corruptivas actuem de modo maléfico à conveniência<br />

da totalidade, desviando-a para a actuação de outras,<br />

compatíveis com os interesses da totalidade (sublimações),<br />

como nos mostra a Psicologia, e que a Pedagogia<br />

tem de conhecer e estimular para o bem <strong>social</strong>.<br />

O CAMPO PSICOLÓGICO<br />

24) É inegável que o ser humano é, além de componente<br />

de uma sociedade, um indivíduo, e que há neste ímpetos<br />

individuais, que entram muitas vezes em choque<br />

com os interesses colectivos. Visualizar o homem apenas<br />

como indivíduo, e dar o valor superior a este aspecto, esquecendo<br />

o <strong>social</strong>, é abstractismo da pior espécie, como<br />

o será o inverso.<br />

25) O indivíduo tende normalmente a afirmar-se, e<br />

sua afirmação pode não convir ao interesse colectivo e<br />

contra este pugnar, e até pô-lo em risco. Contudo, não<br />

é justo considerar que tal risco é suficiente para justificar<br />

a negação pura e simples da individualidade, pois há<br />

caminhos e soluções capazes de resolver essa oposição,<br />

permitindo uma harmonização de interesses.<br />

O PROBLEMA SOCIAL 85<br />

26) O anseio de prestígio <strong>social</strong> tem sua raiz na afirmação<br />

individual e seu ímpeto revela uma força elementar,<br />

que é real e inegável. Ademais, o prestígio <strong>social</strong>; ou<br />

seja, o reconhecimento de uma superioridade por parte<br />

de seus sócios, companheiros, é uma realidade primária,<br />

que jamais deve ser virtualizada sob pena de falsearmos<br />

a realidade humana.<br />

27) Deve o homem ser considerado como um compositum,<br />

no qual actuam com intensidade factores de origem<br />

bionômica, psíquica, ecológica e histórico-<strong>social</strong>, e<br />

que o resultado é uma estructuração histórica, que nos<br />

pode explicar a heterogeneidade humana, sem necessidade<br />

de ocultarmos a realidade, com o desejo de homogeneizar<br />

violentamente o ser humano, o que seria violentar a<br />

sua natureza, que é o resultado do compositum entre o<br />

que nele é animal e do que nele é genuinamente humano.<br />

28) A nítida compreensão dessa realidade heterogénea<br />

é um desafio constante à inteligência humana, para<br />

que encontre uma solução vitoriosa e não a derrota do<br />

que há no homem, em benefício de um interesse que não<br />

corresponde senão parcialmente à realidade humana. A<br />

solução mais primária é a submissão de parte do homem<br />

a outra parte, vitoriando uma à custa da derrota da outra,<br />

quando a verdadeira conquista humana será a realização<br />

plena da vitória do homem, tornando cooperantes<br />

para um fim comum e benéfico os ímpetos que parecem<br />

inconciliáveis. O homem, como objecto de estudo<br />

para si mesmo, passa a ser a matéria mais importante<br />

da vida <strong>social</strong> e ética, e nunca, como hoje, o "conhece-te a<br />

ti mesmo" é o imperativo mais justo que se pode estabelecer.<br />

É mister que o homem estude a si mesmo e busque<br />

as soluções que solucionem, as soluções com vitórias<br />

sem derrotas do próprio homem. Até agora, registra a<br />

História, o homem nada mais fêz que derrotar uma parte<br />

de si mesmo em troca de uma mentirosa vitória de outra

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