Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi
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80 MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />
b) fisiológicos ou<br />
c) psicológicos ou<br />
d) ecológicos, incluindo-se tudo o que constitui o circunscriptivo<br />
de sua existência, no ambiente em que vive<br />
ou<br />
e) histórico-sociais, incluindo-se, aqui, apenas os factores<br />
culturológicos.<br />
O homem não é apenas isso ou aquilo, mas o resultado<br />
da cooperação gradativa e da harmonia de to<strong>dos</strong><br />
esses factores. A sua realidade concreta funda as raízes<br />
em todas as esferas e campos de cada um desses ramos,<br />
que constituem o objecto de estudo de tantas disciplinas.<br />
2) Não há factores predominantes sempre, mas algumas<br />
vezes (non semper sed aliquando). E tal é verdade<br />
porque tais factores, sendo contingentes e ademais accidentais,<br />
e de intensidade variada, sua actuação é correspondentemente<br />
relativa. Desse modo, um factor, que é<br />
predominante nuns, pode não ser em outros, e o que hoje<br />
predomina e marca a direcção da actividade de uns pode<br />
não predominar amanhã e, consequentemente, não marcar<br />
a direcção <strong>dos</strong> actos humanos.<br />
3) O ser humano é heterogéneo e revela tipológica<br />
e caracterològicamente, uma variedade imensa de tipos e<br />
sub-tipos, to<strong>dos</strong> toma<strong>dos</strong> dinamicamente, com as variações<br />
correspondentes aos covariantes, que actuam para<br />
modificar a direcção, o vector.<br />
4) Dentro da heterogeneidade humana, é possível a<br />
classificação em tipos, segundo as semelhanças e a participação<br />
de determinadas perfeições, que nos explicam a<br />
origem próxima da diversidade humana e, consequentemente,<br />
da intencionalidade.<br />
5) O ser humano distingue-se especificamente <strong>dos</strong><br />
animais. É um ser capaz de criação cultural, portanto de<br />
O PROBLEMA SOCIAL 81<br />
estabelecer novos mo<strong>dos</strong> de vida e de adaptação ao ambiente<br />
circunscriptivo, em que vive, inclusive o histórico.<br />
6) O ser humano caracteriza-se ainda por sua capacidade<br />
de recusa (de dizer não). Essa recusa é, pois, positiva,<br />
e consiste em negar determinada atribuição a um<br />
sujeito; ou seja, recusar uma determinada atribuição.<br />
7) É o ser humano capaz não só de estabelecer hierarquias<br />
de valores, como também de escolher entre valores,<br />
preferindo estes e preterindo aqueles, sendo essa capacidade<br />
de actuação variante.<br />
8) Contém em si o ser humano, em graus potenciais,<br />
a possibilidade de realizar tudo quanto humanamente é<br />
possível, distinguindo-se os diversos indivíduos por possuírem,<br />
virtualmente, maior poder que outros, para tais<br />
actualizações.<br />
9) Transformando a si mesmo em objecto de especulação,<br />
pode o ser humano interrogar sobre o seu destino<br />
e estabelecer planos de actividade futura; ou seja,<br />
providenciar projectivamente o seu futuro.<br />
10) É êle capaz de dominar, contínua e progressivamente,<br />
as coisas, de construir instrumentos para exercer<br />
esse domínio pela ampliação de suas forças e de sua capacidade,<br />
conseguindo, assim, submeter as coisas à sua<br />
vontade, dispor cada vez mais do meio circunscriptivo,<br />
construindo a Técnica e a Ciência, por cuja combinação<br />
é capaz de exercer o domínio sobre o meio ambiente e<br />
adaptá-lo aos seus interesses.<br />
11) Por sua capacidade selectiva, por sua capacidade<br />
estimativa, pode empreender actos que frustrem a<br />
contingente imprescriptibilidade de certos factos naturais,<br />
pondo as leis cósmicas a seu serviço, mobilizando-as para<br />
dar rumos distintos aos acontecimentos, de modo a<br />
que estes possam servir aos seus desejos e corresponder