Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi
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MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />
os aspectos que estão de acordo com a teoria, daí actualizarem<br />
supinamente o factor económico, sem considerar<br />
o que coopera na formação do mesmo, e que actua conjuntamente<br />
com êle.<br />
Uma análise da filosofia e da economia marxistas, como<br />
fizemos, nos mostra à saciedade quanto os outros<br />
campos da análise decadialéctica oferecem exemplos de<br />
má apreciação, como seja o campo das oposições da<br />
razão, das suas antinomias, que os marxistas não captam,<br />
o das oposições da intuição, o que há de desconhecimento,<br />
etc, que não poderíamos examinar aqui, onde<br />
pretendemos, apenas, dar uma visão ampla dessa doutrina,<br />
dentro do <strong>social</strong>ismo em geral, sem entrar em pormenores,<br />
que implicam citações de passagens, a fim de<br />
justificar as afirmativas que teríamos de fazer.<br />
A análise dialéctica da dialéctica marxista já a fizemos<br />
em nossos livros anteriores e cremos, portanto, que<br />
o estudo <strong>dos</strong> aspectos, que acabamos de realizar, é suficiente<br />
para justificar nossa crítica, cujo intuito não é atacar,<br />
mas apenas mostrar o que há de positivo, a par do<br />
que há de abstracto em uma doutrina, que é defendida por<br />
seus sequazes, como a mais objectiva, a mais realista, a<br />
mais perfeita que o cérebro humano já foi capaz de construir<br />
e até insuperável, perene, eterna. Por isso, não é<br />
de admirar que os marxistas afirmem, com cândida convicção,<br />
que depois deles não há mais caminho para a Filosofia,<br />
que se reduz, dessa forma, apenas a repetir o<br />
que Marx disse. O marxismo assim tende a parar o pensamento,<br />
e a acabar com a sua própria dialéctica, pois<br />
não admite nenhuma contradição em si mesmo. Não se<br />
alterará, não será substituído.<br />
Como fecho final, a própria posição marxista é o desmentido<br />
mais cabal a si mesma. O marxismo, não admitindo<br />
sua superação, nega a sua própria dialéctica.<br />
O PROBLEMA SOCIAL 77<br />
Podem os marxistas fazer os maiores esgares, levantar<br />
a voz, blasfemos e revolta<strong>dos</strong>, arguir os mais subtis<br />
e bizantinos argumentos, mas o marxismo, negando a sua<br />
superação, nega-se a si mesmo.<br />
E se a aceitar, deverá reconhecer que foi uma filosofia<br />
aplicável ao proletariado da paleotécnica, mas insubsistente<br />
e superada para a neotécnica, e ainda mais para<br />
a biotécnica. Podem afirmar que Stálin ou Kruchev superaram<br />
Marx. Bem, isto já é outra coisa.<br />
E aqui, ante tal afirmação, eis que os dissidentes, os<br />
não-estalinistas, os não-kruchevistas, passam a vociferar<br />
uns contra os outros. E quando marxistas vociferam é<br />
melhor fechar os ouvi<strong>dos</strong>. O desaforo substitui a análise<br />
serena, segura e filosoficamente bem fundada. É o que<br />
poderemos esperar, quanto a nós, quando certos marxistas<br />
fanatiza<strong>dos</strong> leiam este livro, e não quanto aqueles que<br />
honestamente aceitam a sua doutrina. Estes meditarão<br />
sobre as nossas palavras, e se forem <strong>social</strong>istas sinceros<br />
e equilibra<strong>dos</strong>, hão de bem compreendê-las.