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Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi

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52 MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />

gam aos extremos de dar penas pesadíssimas aos namora<strong>dos</strong><br />

que se beijam em plena rua. Uma moral, levada aos<br />

extremos, depois de ter sido ridicularizada por tanto<br />

tempo.<br />

3) A contradição funcional é importantíssima. O<br />

autoritarismo fundamental da concepção marxista faz<br />

crescer os abusos de poder. Não são os adversários que<br />

os relatam. São eles mesmos. Leiam-se os relatórios<br />

de Stálin, e os últimos de Malenkov, Kruchev, que nos<br />

contam, em linhas gerais, o que ali se passava e passa. O<br />

princípio autoritário, inerente ao marxismo, levou-o ao<br />

excesso de poder que não pode afrouxar nem manter.<br />

Uma brutalidade leva a outra brutalidade e, nessa sequência,<br />

vivem milhões de seres humanos sujeitos a todas as<br />

lutas internas, que geram naturalmente o autoritarismo.<br />

É o absolutismo autoritário um <strong>dos</strong> factores mais<br />

importantes para levar todas as formas humanas às formas<br />

viciosas. Toda doutrina absolutamente autoritária<br />

está fadada ao malogro final, porque o autoritarismo, por<br />

seu carácter absolutista, tende ao vicioso e à destruição<br />

final. Toda a história prova essa afirmativa, que ora fazemos.<br />

Nenhuma ideia, nenhuma organização, que se<br />

tornou autoritária, sobreviveu ao próprio autoritarismo.<br />

Os abusos, que dela decorrem, destroem, mais dia menos<br />

dia, qualquer construcção.<br />

O autoritarismo marxista é uma contradição interna<br />

do marxismo, não como teoria, pois o marxismo é intrinsecamente<br />

autoritário, mas como factor de decomposição.<br />

E as formas viciosas decorrem desse espírito autoritário,<br />

do que não se livra mais e que o destruirá, afinal.<br />

4) Outra contradição destructiva encontramos no<br />

decurso da história. O marxismo não pode evitar de ser<br />

histórico e passar com a História. Os factos sucedem-se<br />

O PROBLEMA SOCIAL<br />

dentro de uma sequência que não o fortalece. As victórias<br />

obtidas são uma marcha apressada para a derrota final,<br />

como as de Hitler o aproximavam cada vez mais da<br />

derrota.<br />

Os progressos obti<strong>dos</strong> pela técnica permitiram que<br />

os países neotecniza<strong>dos</strong> pudessem conhecer uma melhoria<br />

de vida do trabalhador, vedada à Rússia paleotecnizada.<br />

Stálin queixava-se de ser a producção russa a mais<br />

cara do mundo, e de o país precisar manter-se afastado<br />

<strong>dos</strong> outros, com as fronteiras fechadas, porque não podia<br />

competir, em preços, com a producção <strong>dos</strong> países capitalistas.<br />

Se os marxistas realmente desejassem a paz, poderiam<br />

negociar com os outros povos. Mas como vender<br />

o que produzem, se é tão caro? Têm de viver de restrições<br />

de toda espécie, como sucede com todo país industrialmente<br />

mal desenvolvido.<br />

Os países neotecniza<strong>dos</strong>, como o são os Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>,<br />

Suécia, Holanda, Dinamarca, Noruega, etc, não conhecem<br />

movimentos marxistas ponderáveis. E, no entanto,<br />

nesses países, deveriam ter eclodido movimentos<br />

mais ferozes, segundo a norma marxista. Neste ponto,<br />

fazem estes os maiores malabarismos intelectuais para<br />

explicar os factos. Não podem, porém, negar estas observações:<br />

a) que o proletariado desses países vive num padrão<br />

de vida muitas vezes superior ao <strong>dos</strong> russos;<br />

b) que nesses países a capacidade de producção, per<br />

capita, é maior que a <strong>dos</strong> trabalhadores russos;<br />

c) que o proletariado desses países encontra meios<br />

fáceis de resolver os <strong>problema</strong>s económicos, e penetrar<br />

na producção, da qual a pouco e pouco se assenhoreiam,<br />

por formas cooperacionais.<br />

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